XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. MODELO CONCEITUAL DE INDICADORES RELATIVOS DE SUSTENTABILIDADE NO SETOR DE ELETRICIDADE Simone Sartori (UFSC) [email protected] Caroline Gibim (UFSC) [email protected] Lucila Maria de Souza Campos (UFSC) [email protected] As questões de sustentabilidade tornaram-se um elemento-chave para garantir a sobrevivência das empresas no médio e longo prazo, e contribuir para a sua capacidade de gerar valor (ambiental, econômico e social) para os stakeholders. Por conseguinte, um dos debates mais importantes em direção ao desenvolvimento sustentável é a avaliação da sustentabilidade e o desempenho das operações empresariais. Desta forma, este trabalho propõe um conjunto de indicadores relativos ou rácios de sustentabilidade que permita comparações entre as empresas do setor de eletricidade com relação ao desempenho dos indicadores ambientais, econômicos e sociais. Os indicadores da Global Reporting Initiative (GRI) foram identificados e analisados seguindo os seguintes passos: (i) ambiental, econômico e social; (ii) dados em falta; (iii) entradas (numerador) e saídas (denominador); e (iv) identificação do indicadores relativos de acordo com literatura e o setor de eletricidade. A amostra consistiu de 29 relatórios de empresas dos países com o maior PIB no mundo em 2012. A maior contribuição da presente pesquisa é a introdução de 14 indicadores relativos, considerando as dimensões ambiental, social e econômico, aplicável para a avaliação e comparação de duas ou mais empresas (ou um grupo), com atividades semelhantes - geração de eletricidade. Palavras-chave: Indicadores relativos de sustentabilidade, Eletricidade, Global Reporting Initiative XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1. Introdução Em 1987, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (WCED) definiu o desenvolvimento sustentável como o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. A discussão sobre a sustentabilidade tomou uma direção em 1992, no Rio de Janeiro, com a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD). A Agenda 21 foi um dos principais resultados, no qual foi estabelecida a importância de cada país a se comprometer a refletir sobre os problemas socioambientais e as soluções. Atualmente, a sustentabilidade continua um assunto importante dada as evidências que a atividade humana sobre o sistema Terra está seguindo uma trajetória insustentável (GUPTA; HARNISCH, 2014). Ehrlich e Ehrlich (2013) destacam a gravidade do problema: “para dar suporte a atual população de sete bilhões (com atuais negócios, as tecnologias e padrões de vida) é necessário em torno de metade de um planeta adicional”. A importância crescente da pesquisa sobre o assunto se reflete na quantidade pesquisas disponíveis literatura (HAY et al., 2014). Ao longo da última década, houve um aumento da pressão sobre as empresas visando ampliar o foco para a sustentabilidade e responsabilidade no desempenho dos negócios para além do desempenho financeiro (LEE, SAEN, 2012). Além disso, devem ser ativas no processo de transição para o desenvolvimento sustentável (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013). Ao acompanhar o seu desempenho em relação as dimensões ambientais, econômicas e sociais, é possível avaliar a pertinência dos objetivos de sustentabilidade e identificar as lacunas e pontos críticos. Por sua vez, o desafio é combinar os indicadores das dimensões ambientais, econômicas e sociais em uma única estrutura e apresentar os resultados da avaliação quantitativa para os tomadores de decisão de forma clara (ERECHTCHOUKOVA; KHAITER, 2013). Os indicadores são reconhecidos como uma ferramenta poderosa no fornecimento de informações sobre o desempenho dos países e o desempenho empresarial em áreas como meio ambiente, desenvolvimento econômico, desenvolvimento social ou tecnológico (SINGH et al., 2012). Embora é importante avaliar a sustentabilidade com um amplo conjunto de 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. indicadores, pode ser difícil para a comparações entre as empresas com base num grande número de medições de desempenho. Com o objetivo de contribuir para as pesquisas na área de sustentabilidade, esse trabalho apresenta um conjunto de indicadores relativos de sustentabilidade como ferramenta metodológica para a avaliação do setor de eletricidade. Portanto, o uso de indicadores relativos (ou rácios), que é a análise da relação entre duas variáveis, é escolhido a fim de facilitar a análise comparativa do desempenho, padronizar os resultados das empresas (BOBINAITE, 2015) e neutralizar o efeito do tamanho das empresas (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). Justifica-se a importância do setor de eletricidade no cenário internacional, dado que estimativas apontam para a triplicação do consumo de energia ao longo do século XXI (GEO 5, 2014). Atualmente, a eletricidade é um dos recursos mais importantes para o desenvolvimento econômico de um país, e ao mesmo tempo uma das preocupações mais relevantes em todo o mundo devido ao esgotamento rápido de combustíveis não renováveis, o aquecimento global e a mudança climática (BREEZE, 2014) Ao mesmo tempo em que esse setor funciona como um motor de desenvolvimento social e econômico, produz um alto nível de impacto devido ao rápido esgotamento de combustíveis não-renováveis, aquecimento global e a mudança climática (LIRA-BARRAGAN et al., 2014). 2. Revisão de literatura A sustentabilidade empresarial pode ser considerada uma estratégia de negócios e de investimento que busca utilizar as melhores práticas de negócios para atender e equilibrar as necessidades das partes interessadas atuais e futuras (ARTIACH et al., 2010). A avaliação de desempenho empresarial mede a extensão ao qual uma empresa abraça os fatores econômicos, ambientais e sociais em suas operações e, finalmente, o impacto que exercem sobre a empresa e a sociedade. O próprio processo de avaliação de sustentabilidade pode ajudar a identificar situações que podem ser melhorados, especialmente quando os elementos de sustentabilidade (ou seja, os indicadores) podem ser distinguidos e comparados (MORI; CHRISTODOULOU, 2012). Existem várias razões pelas quais a avaliação da sustentabilidade é importante: 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. a) A contribuição da empresa para a intenção e os princípios do desenvolvimento sustentável (BAUMGARTNER, 2008); b) Realizar comparações, identificar tendências e futuros possíveis (BOSSEL, 1999); c) Encontrar práticas adequadas e aplicáveis que possam ajudar a reduzir o impacto negativo de qualquer problema na sociedade de forma mais eficiente e realista (ESTRADA; YAP, 2013); Um dos métodos mais comuns para a avaliação de desempenho é o uso de indicadores. Os indicadores demandam informações específicas, qualitativas ou quantitativas, no que diz respeito ao resultado financeiro e não-financeiro e, geralmente comparáveis e capazes de demonstrar a mudança cronologicamente (GRI, 2011). Os indicadores são definidos como variáveis, parâmetros, medidas estatísticas, etc. (VELEVA; ELLENBECKER, 2001). O seu papel é indicar o progresso em direção ou para longe de alguns objetivos comuns, a fim de aconselhar o público e os tomadores de decisão acerca dos principais impactos e o desempenho da sustentabilidade. Os indicadores permitem a identificação de opções sustentáveis ao comparar produtos e organizações, classificar as empresas do mesmo setor e avaliar o progresso para o desenvolvimento sustentável de um setor (AZAPAGIC; PERDAN, 2000). A esse respeito, é recomendado o uso de indicadores absolutos ou relativos. Os indicadores absolutos e relativos podem ser expressos em unidades naturais (massa ou volume) e em unidades monetárias (STANIŠKIS; ARBAČIAUSKAS, 2009). Os indicadores relativos permitem observar as mudanças dos valores específicos em relação a um denominador comum, por exemplo, poluição emitida por unidade de produção. Veleva e Ellenbecker (2001) propuseram as seguintes etapas para o entendimento e coleta dos indicadores: a) Unidade de medida: números, quilogramas, toneladas, dólares, por cento, hora, etc; b) Tipo de medição: a quantidade pode ser absoluta (ex.: energia utilizada por ano em kWh) ou quantidade relativa (energia utilizada em relação à unidade de produto); c) Período de medição: o período de cálculo pode ser fiscal, ano civil, meses, etc; d) Limites: determina até onde uma empresa deseja mensurar os indicadores (instalações, ciclo de vida de um material ou produto, etc). 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Combinar os indicadores das dimensões ambientais, econômicas e sociais e avaliar esses indicadores em conjunto é uma prática para medir a sustentabilidade em uma escala muito maior do que os indicadores individuais. 3. Método Os indicadores relativos propostos para a avaliação da sustentabilidade empresarial considera a estrutura de diretrizes da Global Reporting Inititave (GRI). Inicialmente, foram identificadas as organizações que elaboraram relatórios de sustentabilidade, publicados no website http://database.globalreporting.org/. A análise compreende os relatórios publicados em 2013 (dados referentes à 2012) em todos os continentes. A busca totalizou 4320 relatórios em 36 setores (Figura 1). Os setores de “Serviços financeiros, Energia e Utilitários” apresentam maior relevância frente ao total de relatórios divulgados no website GRI. Figura 1 – Relatórios de sustentabilidade GRI (2012)1. Para a determinação da amostra, delimitou-se: (i) o setor de energia, dada representatividade dos relatórios divulgados pelas empresas mundiais; (ii) as empresas pertencentes ao grupo dos países com os maiores PIBs em 2012, pois essas economias representam 80% da economia global (WORLD BANK, 2014); (iii) O nível de aplicação ( A+, B+, A ou B); (iv) idioma inglês ou português. Foram excluídas da amostra holding e aquelas com múltiplas atividades e operações. As 29 empresas incluídas na amostra final pertencem ao setor de eletricidade, sem nenhuma forma outra forma de serviço (aquecimento, fornecimento de água ou gás). 1 Estão representados os setores que representam 2% ou mais em relação ao total de relatórios de sustentabilidade. 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. A segunda etapa da pesquisa corresponde à identificação dos critérios e os respectivos indicadores divulgados nos relatórios. As diretrizes da GRI são formadas por 79 indicadores de sustentabilidade, organizada nas categorias econômica, ambiental e social. Apenas os indicadores essenciais foram considerados, pois são considerados relevantes e de interesse dos stakeholders (GRI, 2011). Os resultados foram tabulados na planilha Excel e minerados conforme o nome do indicador e dimensão ambiental, econômico e social. 4. Resultados 4.1 Indicadores divulgados A Figura 2 apresenta o percentual dos indicadores divulgados para as dimensões econômica, ambiental, social. Considerando o total de indicadores quantitativos identificados nos relatórios, 7 indicadores atingiram 100% de resposta. O maior nível de resposta está, respectivamente, na dimensão econômica, ambiental e social. Figura 2 – Indicadores de sustentabilidade divulgados pelas empresas da amostra Os resultados apontam para problemas a respeito da padronização e quantidade do conteúdo, o que torna difícil comparar o desempenho das empresas em relação alguns indicadores ou do amplo conjunto de dados. O uso de variáveis de proxy podem ser consideradas quando os dados são escassos ou faltantes (NARDO et al., 2008). 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Assim, para o indicador EC2 foi considerado “investimentos realizados em pesquisa e desenvolvimento (P&D) para a geração de energia sustentável e inovação no setor”, uma vez que as empresas reportam esse dado. Para os indicadores LA10, LA13, LA14, EN3, EN8, EN16, EN22, EN23 os dados foram retirados dos relatórios de 2011 e 2013. Para o indicador LA7 usou-se a proxy da Organização Internacional do Trabalho (http://www.ilo.org/global/topics/lang--en/index.htm). Por fim, foram eliminadas as variáveis com dados faltantes acima de 10%. Schaefer (1997) recomenda o ponto de corte de até 5%, Bennett (2001) discute que um ponto de corte acima de 10% conduz a resultados tendenciosos. Como resultado, a amostra final totalizou em 20 variáveis. 4.2 Proposta de indicadores relativos de sustentabilidade A incorporação apropriada de rácios pode ser implementada ao separar o numerador e o denominador, no qual, trata-se o input como o numerador e o output como o denominador (DYSON et al., 2001). Para as 20 variáveis, os rácios foram determinados para cada um dos indicadores selecionados com base nas relações estabelecidas na literatura e usualmente apresentados pelo setor de eletricidade. Seis indicadores comuns foram colocados junto, uma vez que são apresentados de forma integrada nos procedimentos tradicionais de uma empresa (AZAPAGIC, MILLINGTON, COLLETT, 2006), resultando em três novos indicadores: (i) EN28+SO8+PR9 = valor monetário de multas resultantes da resultantes da não conformidade com leis e regulamentos (Aspecto Conformidade); (ii) EN3+EN4 = Consumo de energia direta e indireta (Aspecto Energia); e, (iii) EN16+EN17 = Total das emissões diretas e indiretas de gases causadores do efeito estufa (Aspecto Emissões). Os indicadores relativos foram formados, totalizando 14 rácios de sustentabilidade, apresentados a seguir. (1) Intensidade em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Os investimentos em capital humano e social não apenas são relevantes para a geração atual, mas também têm impacto sobre o bem-estar futuro (UNECE, 2014). P&D compreende o trabalho criativo realizado de forma sistemática, a fim de aumentar o estoque de conhecimento e o uso deste conhecimento para elaborar novas aplicações (OCDE, 2001). Considera-se (Figura 3): Figura 3 –Sub-indicador intensidade em P&D 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. (2) Investimentos para benefícios das comunidades e economias locais. As empresas contribuem para as suas comunidades fornecendo empregos, salários e benefícios, ademais, realizam contribuições na forma de infraestrutura, patrocínios e doações (por exemplo, contribuições financeiras para escolas, hospitais, áreas de lazer, centros esportivos, etc.) (GRI, 2011). Trata-se de uma estratégia de investimento social como meio de adicionar valor ao negócio e contribuir para sustentabilidade local. É considerado (Figura 4) (KRAJNC; GLAVIC, 2005): Figura 4 – Sub-indicador investimentos em comunidades e economias locais (3) Conformidade com as leis e regulamentos. Uma visão estreita da abordagem da conformidade reconhece que as corporações precisam demonstrar que eles cumpram a lei (SCHALTEGGER; BURRITT, 2006). Além das consequências financeiras diretas (penalidades e multas), a não conformidade representa um risco para a reputação da empresa, lealdade da comunidade e satisfação dos clientes (GRI, 2011). Esse trabalho considera (Figura 5) (MAINALI; SILVEIRA, 2015): Figura 5 –Sub-indicador de conformidade com leis e regulamentos 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. (4) Intensidade de energia consumida. A energia é um insumo fundamental para o desenvolvimento econômico e social de um país. Quanto maior o consumo de energia, maior o stress colocado sobre o ambientel, que ultrapassa fronteiras (IAEA, 2005). A pegada ambiental da organização é parcialmente moldada por sua escolha de fontes de energia (hídrica, carvão, gás natural, solar, geotérmica, eólica, biomassa, nuclear, entre outras). É considerado, Figura 6, (ANDRADE SILVA; GUERRA, 2009): Figura 6 – Sub-indicador intensidade de energia consumida (5) Intensidade no consumo de água. A disponibilidade dos recursos hídricos para atender à demanda humana tem emergido como um problema global, tanto para o ambiente e o desenvolvimento. A geração de eletricidade requer grandes quantidades de água, portanto, exerce substancial pressão sobre os recursos hídricos e dos ecossistemas (LIU et al., 2015). É considerado (Figura 7) (FENG et al., 2014; LIU et al., 2015): Figura 7 –Sub-indicador intensidade no consumo de água 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. (6) Intensidade das emissões de gases de efeito estufa. As emissões de gases de efeito estufa são a principal causa de mudança climática e são regulamentadas pela Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (UNFCC) e pelo subsequente Protocolo de Kyoto (GRI). A intensidade das emissões de gases de efeito estufa mostra a quantidade de emissões emitidas em relação a uma unidade de produção econômica (IAEA, 2005; ROOS et al., 2012), em relação à população (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2013) ou em relação à quantidade do uso ou produção da eletricidade (FENG et al., 2014). Considerase (Figura 8): Figura 8–Sub-indicador intensidade das emissões de gases de efeito estufa (7) Geração de resíduos sólidos. O armazenamento e a disposição inadequada de resíduos podem levar à contaminação de corpos d'água e do solo por meio do escoamento superficial e lixiviação. Os resíduos gerados podem ser apresentados em termos absolutos (toneladas), indicando a escala do problema, e em termos de resíduos gerados por unidade de energia produzida, o que permite que medir os efeitos da redução. É considerado (Figura 9) (IAEA, 2005; SHARMA; BALACHANDRA, 2015): 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 9 –Sub-indicador da geração de resíduos sólidos (8) Volume total de derramamentos. O derramamentos de substâncias químicas, óleos e combustíveis podem ter impactos negativos significativos no entorno, potencialmente afetando o solo, a água, o ar, a biodiversidade e a saúde humana (GRI, 2011). O esforço sistemático para evitar derramamentos de materiais perigosos está diretamente vinculado ao cumprimento da legislação por parte da organização, seus riscos financeiros devido a perdas de matérias primas, custos de remediação e o risco de medidas regulatórias, assim como danos à reputação (GRI, 2011). É considerado (Figura 10) (KRAJNC, GLAVIC, 2005): Figura 10 –Sub-indicador volume de derramamentos (9) Treinamento e Desenvolvimento. Esse indicador se refere à manutenção e melhoria do capital humano por meio de treinamento, elemento fundamental para o desenvolvimento organizacional (GRI, 2011). Vários indicadores podem descrever o estado da educação e treinamento, por exemplo, despesas e recursos, taxas de graduação, anos completos de 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. estudo, média de treinamento, etc. É considerado (Figura 11) (MEDEL-GONZÁLEZ et al., 2014): Figura 11 – Sub-indicador treinamento e desenvolvimento (10) Rotatividade de empregados. A rotatividade resulta em mudanças no capital humano e intelectual da organização e pode impactar a produtividade, com implicações diretas em custos. Esse indicador se refere aos trabalhadores contratados e aqueles que deixam a organização (voluntariamente, demissão, aposentadoria, morte) em relação à força de trabalho total. É considerado (Figura12) (ICHEME, 2005): Figura 12 – Sub-indicador rotatividade de empregados (11) Liberdade de associação e barganha. A liberdade de associação é um direito humano conforme definido por declarações e convenções internacionais, especialmente as Convenções Fundamentais da OIT nº 87 e 98 (GRI, 2011). A melhoria das relações de confronto (empresa-trabalhador) beneficia os trabalhadores e cria um mercado estável (LI et al., 2014). Mutual ganhos de negociação podem ser alcançadas baseadas em princípios 12 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. que separam os negociadores do problema e se concentram em fornecer ganhos para ambos os lados. É considerado (Figura 13): Figura 13 –Sub-indicador liberdade de associação e barganha (12) Saúde e segurança. A referência para a saúde e segurança no trabalho implica que as empresas devem seguir prevalecendo às normas regulamentares para minimizar o risco de acidentes e danos à saúde. Isso incentiva as empresas a respeitar a capacidade dos trabalhadores e retirar-se em situações de risco iminente, grave para a saúde ou segurança (OECD, 2011). É considerado (Figura 14): Figura 14 – Construção do sub-indicador saúde e segurança (13) Diversidade e igualdade de oportunidade. Esse indicador fornece uma medida quantitativa da diversidade dentro de uma organização, visão do capital humano da mesma e permite comparações entre a diversidade no público interno como um todo (GRI, 2011). O gênero como um conceito não só destaca a sua posição dominante, mas também ajuda a desempacotar seu apelo e oferecer alternativas (YOUNG, 2015). Considera-se (Figura 15): Figura 15 –Sub-indicador diversidade e igualdade de oportunidade 13 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. (14) Igualdade de remuneração. Esse indicador apresenta a remuneração em relação ao trabalho entre homens e mulheres num mesmo cargo ou atividade. A igualdade também pode ser visto como um importante fator de bem-estar, uma vez que o bem-estar das pessoas é fortemente influenciado pela sua posição em relação a um grupo de pares (UNECE, 2014). Considera-se (Figura 16): Figura 16 –Sub-indicador igualdade de remuneração Uma vez que os indicadores relativos foram identificados, o próximo passo é análise dos dados e apresentação dos resultados, que será apresentado num trabalho futuro. De modo geral, as três dimensões tornam-se complementares entre si e contribuem para uma abrangente análise da sustentabilidade no setor de eletricidade. 5. Conclusão As duas principais contribuições feitas por esta pesquisa são: (i) definir um conjunto de indicadores relativos de sustentabilidade, o que permite a formação de uma base de 14 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. comparação e benchmarking no setor de eletricidade; (ii) a multidimensionalidade, isto é, a abordagem permite avaliar a prosperidade econômica, a qualidade ambiental e a equidade social. Destaca-se que muitos dos indicadores podem ser aplicados em outros setores, uma vez que a toda a produção de bens e serviços requer recursos, e consequentemente gera impactos sobre o sistema Terra como um todo. Para trabalhos futuros, sugere-se a aplicação de ferramentas de inteligência artificial para validar empiricamente os resultados da análise, portanto, refinar o modelo e contribuir para uma melhor compreensão das implicações do setor de eletricidade. 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