VII ENCONTRO ENSINO EM ENGENHARIA PROGRAMA COOPERATIVO A FORMAÇÃO DO EMPREENDEDOR Humberto Chiaini de Oliveira Neto - [email protected] Engenheiro Civil, M.Sc. pela UFF UNIPAC Barbacena MG Danilo Pereira Pinto - [email protected] Engenheiro Eletricista, D.Sc. Coppe - UFRJ UFJF – Faculdade de Engenharia RESUMO: Frente aos desafios surgidos com a globalização da economia, estruturas de diversos setores dentro da sociedade, estão se vendo obrigadas a corrigir rumos, no intuito de se adaptarem de modo positivo à nova sociedade que se desenha. O setor da educação, reconhecido como um dos principais pontos para o enfrentamento dessas mudanças, também se vê frente a reorganizações , no sentido de fornecer bases mais seguras de crescimento aos indivíduos na nova sociedade onde a informação é o insumo mais importante para qualquer atividade. Este trabalho procura sugerir novos meios didático – pedagógicos na condução dos estudantes da área tecnológica, de forma a muni-los de ferramentas adequadas para o enfrentamento das novas perspectivas e da enorme concorrência do mercado de trabalho. O objetivo é proporcionar ao aluno, uma educação que o torne mais criativo, mais desembaraçado e com maior autonomia, quer como empreendedor ou empregado. A estes meios de educar, poder-se-ia denominar Educação Empreendedora. Palavra Chave: Empreendedorismo, Prática Docente, Formação Profissional 1.INTRODUÇÃO Em virtude do cenário econômico atual, o mercado de trabalho vem se adaptando às novas exigências das empresas, acarretando inúmeras modificações nos mecanismos até agora em vigor. Estudam-se novas leis para o setor, novas relações empresa/empregado, novas modalidades de contrato de trabalho, além do fato de os índices de desemprego estarem muito altos em quase todo o mundo, sem perspectivas de reversão a curto prazo. Devido às alterações tecnológicas introduzidas na produção de um modo geral, a ONU até já cunhou uma expressão para definir o fenômeno : “crescimento sem emprego ”. Mesmo aqueles poucos empregos que estarão disponíveis, as exigências serão inúmeras, não só no campo da qualificação do pretendente, quanto do seu perfil pessoal. Frente a tal realidade, os meios de educação têm a responsabilidade de formar indivíduos capazes de se inserir em tal conjuntura e construírem seu sucesso. O fato da escassez do emprego formal e das exigências que se coloca para se alcançar os poucos que existem, aponta para um outro proceder nesta área : o empreendedorismo. Portanto, seja para conquistar um emprego formal ou para montar negócio próprio, o egresso das instituições de ensino tecnológico, têm de possuir, além de boa qualificação técnica, uma performance de atuação que contemple as exigências do mundo atual. Frente a este cenário, os objetivos que se pretende alcançar neste estudo, são os seguintes : I. Promover pesquisas no âmbito da educação, no sentido de se formular uma metodologia didático – pedagógica que permita ao aluno desenvolver um perfil que se adeqüe aos novos padrões do mercado de trabalho ( mais criativo, mais desembaraçado, maior autonomia ), além de qualificá-lo tecnicamente; II. Testar em sala de aula, as propostas originadas dos estudos relatados em I ; III. Promover convênios entre a universidade e empresas, no sentido de se buscar colaboração na formação do aluno ( seu futuro trabalhador ), com o intuito de se aliar a teoria à prática; IV. Incentivar e dar subsídios para o trabalho empreendedor (construção de empresas próprias), como alternativa de se obter o sucesso profissional. 2.CENÁRIO ATUAL ARISTÓTELES ( filósofo grego, 384-322 a. C. ) , fez a seguinte colocação : “ Há duas coisas nas quais se baseia o sucesso em qualquer lugar: a primeira é que a intenção e a meta da ação devem ser determinadas de forma correta; a segunda, é encontrar os meios que levam a essas metas. Assim temos de dominar ambos nas artes e nas ciências: a meta e o caminho para atingir a meta.” Efetivamente, passados mais de dois mil anos, a afirmação do filósofo em seu 7º livro “ POLITIKA” , é atual e se insere perfeitamente na questão da educação, onde para se atingir a meta de preparar pessoas para a vida profissional, há que se dominar e aperfeiçoar os meios de alcançar tal objetivo. Particularmente no ambiente atual, onde a economia globalizada e os mercados abertos aumentaram a concorrência em todos os setores, as questões ligadas à Educação têm de ser repensadas, no sentido de se agregar valores novos ao seu contexto , para que ela possa responder a tais desafios, visto que “ a Educação tem sido proclamada como uma das áreas-chave para enfrentar os novos desafios gerados pela globalização e pelo avanço tecnológico na era da informação. “ ( Gohn – 1999 ). A questão da informação na atualidade, é algo que caracteriza com grande força nossa sociedade. Tal aspecto, segundo TOFFLER, Alvin e TOFFLER Heidi (1996), assume um caráter importantíssimo, o que se evidencia quando os autores afirmam : “ Enquanto terra, trabalho, matérias-primas e capital foram os principais ‘ fatores de produção’ na economia da Segunda Onda do passado, o conhecimento – amplamente definido para incluir dados, informações, imagens , símbolos, cultura, ideologia e valores – é agora o recurso fundamental da economia da Terceira Onda”. Lembramos aqui que TOFFLER ( 1997 ) em sua obra ao dividir a história da humanidade em três grandes ondas, assim considera a questão : a era da Primeira Onda como tendo começado por volta do ano 8.000 a. C. , até cerca de 1650-1750 d. C. e se caracterizou pela revolução agrícola, onde começaram a surgir as primeiras aldeias e povoados, terras cultivadas e uma nova maneira de vida, diferente do que ocorria até ali, ou seja, a existência de pequenos grupos humanos muitas vezes migratórios . Tal onda ( a Primeira ) dominou soberanamente até 1650-1750, quando começou a perder força para a revolução industrial ( a Segunda Onda ) , que também modificou profundamente o ‘modus vivendi’ na terra. Lá, a vida que era do campo, passou a ser urbana e com as conseqüentes grandes alterações que ocorreram. O autor afirma em seus estudos, que o auge da Segunda Onda ocorre por volta de 1955 nos Estados Unidos, onde pela primeira vez o número dos colarinhos brancos e prestadores de serviços passou a ser maior que o número de operários. Naquela década o mundo assistiu à introdução do computador em larga escala, a aviação comercial a jato e outras inovações tecnológicas de grande impacto. Naquele momento o autor sugere que a Terceira Onda começou a ganhar força nos Estados Unidos e a partir daí ela chegou com alguma diferença de datas à maioria das nações industrializadas. TOFFLER ( 1997 ) , ainda afirma que o aspecto dominante da terceira Onda é a informação, caracterizando esta nova sociedade como a “Sociedade da Informação” , onde há a substituição da força muscular pela força mental como fator de produção. No entanto, ter informações pelo simples fato de possui-las, não garante que elas sejam usadas corretamente para se tomar decisões acertadas. Conforme BARABBA e ZALTMAN ( 1992 ), “ a vantagem competitiva está cada vez em ‘como’ as informações são usadas, em vez de ‘quem’ tem as informações”, sinalizando para a importância de se possuir e de se dominar a informação. No mesmo sentido GOHN ( 1999 ), coloca que : “ A Educação ganha importância na era da globalização porque o elevado grau de competitividade ampliou a demanda por conhecimentos e informação. Entretanto, a diferença entre hoje e ontem não é apenas quanto ao aumento da demanda, mas quanto à qualidade e ao tipo de educação a ser oferecida.” Portanto, dentro dos paradigmas emergentes no contexto da globalização, podemos ressaltar alguns pontos importantes no que diz respeito à educação : I – A Educação é área-chave para enfrentar os desafios da civilização globalizada II – No contexto atual, o conhecimento é o recurso fundamental da economia; III – Ter e saber usar o conhecimento é primordial. 3.PERFIL DO PROFISSIONAL NO NOVO MERCADO DE TRABALHO Tem-se verificado um aumento significativo de mudanças no âmbito do mercado de trabalho, podendo-se afirmar que está em crise. Como toda crise, duas vertentes podem ser observadas : as negativas, com implicações de alto custo social, mas também as positivas que estimulam inovações. Conforme coloca HOCHLEITNER ( 2000 ) : “ Cada pessoa pode, e deve, assumir a responsabilidade pelo seu futuro. A imaginação e a criatividade de cada indivíduo, aliadas a uma porção acrescida de responsabilidade social, são capazes de alterar modos de pensar e valores para poder superar mais facilmente as crises e os conflitos.” As empresas atualmente, face à competitividade que têm que apresentar no mercado, têm necessidade de possuir em seus quadros, profissionais com características que atendam ao ambiente econômico em que se inserem. Neste aspecto BARBIERE ( 1996 ) assim se expressa: “ Nesse contexto a empresa necessita de profissionais cujo perfil vai além da formação acadêmica tradicional e segmentada, exigindo atributos adicionais de caráter e comportamento, bem como a visão sistêmica de tecnologia, de mercado e de gestão.” Importante observar, que tais características implicam necessariamente em uma postura criativa por parte do profissional, para que tenha possibilidades de incorporar novas idéias, tenha velocidade mental, saiba trabalhar em equipe, tome decisões, incorpore e assuma responsabilidades, tenha auto – estima, sociabilidade e atue como cidadão. BULMAHN ( 2000 ) , Ministra da Pesquisa da República Federal da Alemanha, ao abordar esta questão, declara que: “Na sociedade de informação, não basta considerar definitivo o que se aprendeu uma vez. O aperfeiçoamento profissional será muito exigente. O desenvolvimento da técnica está sendo tão rápido que o conhecimento adquirido não pode ser usado por longo tempo. Aprender a vida toda não é apenas um ideal que se almeja, mas uma necessidade vital.” POLES ( 1999 ) ao pesquisar o mercado de trabalho para seu artigo na revista VEJA ( 20 de outubro de 1999, pág. 88 ) conclui que : “ Como bastam seis meses para que novas tecnologias comecem a ocupar o lugar daquelas utilizadas pelo especialista, para se manter em forma ele tem de estar constantemente aprendendo algo novo.” Todas estas questões apontadas pelos estudiosos, são características que devem compor a personalidade do indivíduo, pois a bagagem técnica dos candidatos a um lugar no mercado de trabalho ( quer como empregado ou empreendedor ), não difere muito umas das outras, além do fato de se poder treiná-los. Já a personalidade é algo que o indivíduo já traz consigo através de uma formação ao longo do tempo. Daí a importância das instituições de ensino tecnológico, quer em nível médio ou superior, em oferecer ao aluno valores novos para sua personalidade em formação, que coadunem com suas necessidades futuras. Ao discutir o futuro dos estudantes atuais no mercado de trabalho, FRANCO ( 2000 ) coloca que : “.... no futuro do emprego ou do trabalho, é certo que teremos cada vez menos ‘profissões’ e cada vez mais ‘profissionais’. O foco do mercado de trabalho está em constante evolução para buscar sempre a melhor pessoa , levando em conta toda sua formação humana, e não apenas o aprendizado especificamente técnico ... Hoje , e cada vez mais, é preciso antes de tudo ser. Mas ser o quê ? Ser humano ... Para um jovem estudante, é preciso dizer que o futuro que o espera depende menos do mundo e mais dele mesmo.” A revista VEJA ( 19 de outubro de 1994 – pág. 91 ) em sua seção “ESPECIAL”, apresenta o quadro a seguir, onde analisa o “perfil do profissional” através do tempo : - - Antes da década de 70 A experiência é ferramenta usada no comando. É acomodado. É dependente. É carreirista. É resistente à mudança. Seu salário é determinado pela empresa. Seu conhecimento é fruto da experiência profissional. - - - Entre as décadas de 70 e 90 O grau de escolaridade é sua ferramenta de comando. É confiante. Ë político. Procura ser criativo. Ajusta-se às mudanças. É muito competitivo. Seu salário é negociado com a empresa. Seu conhecimento - - Hoje em dia ( 1994 ) Sua performance é sua ferramenta de comando. É curioso. É independente. Gera mudanças. É cooperador. Seu salário é conquistado pela importância do seu trabalho. Seu conhecimento é fruto da aplicação prática da teoria. De hoje em diante - - - As realizações de sua equipe são a ferramenta de seu sucesso. É estudioso. Tem uma visão global das coisas. Lidera mudanças. É facilitador. Seu salário é conquistado pelo resultado de seu trabalho e de sua equipe. Seu conhecimento é fruto do é baseado na teoria acadêmica. Quadro 3A : Perfil do Profissional Fonte : Revista VEJA ( 1994 ) aprendizado contínuo. 4.EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA De maneira geral, os meios de formação acadêmica e profissional na área técnica têm como metodologia didático - pedagógica , posturas cujo enfoque prevê, para o aluno egresso de seus domínios, a obtenção de um emprego formal em empresas estatais ou privadas. Até a década de 1980 eram estes os pensamentos que orientavam as questões da educação tanto no Brasil quanto em outros países. SANTOS ( 1995 ) assim se expressa em relação a este tema : “ Pouca ou nenhuma ênfase – ou estímulo – foi destinada para orientar os estudantes a considerarem a opção de criar um negócio próprio. É natural que tenhamos um forte condicionamento do nosso meio cultural para considerar, em primeiro lugar, a ‘caça ao emprego’ sonhado.” Entretanto, a partir do início da década de 1980, a realidade na área do trabalho começou a se modificar frente às alterações ocorridas no meio produtivo. Novas tecnologias passaram a compor as linhas de produção, novos modelos gerenciais surgiram, tudo isto concorrendo para o enxugamento das estruturas empresariais, contribuindo para a eliminação de postos de trabalho. Apesar de tais alterações no cenário econômico mundial, o que a cultura brasileira ainda conserva é a idéia de que um bom emprego deve ser a meta do indivíduo para atingir sua realização pessoal e profissional. No entanto, a escassez de empregos promissores e seguros é uma realidade e tal fato não pode ser ignorado pelos meios de formação tecnológica, sob pena de se verificar mais à frente, falta de demanda aos seus cursos, o que, aliás, já vem diminuindo sensivelmente. PATI ( 1995 ) coloca que : “ Toda pessoa é fruto da relação constante entre os talentos e características que herdou e os vários meios que freqüentou durante a vida.” Portanto, sendo a escola um dos meios que o indivíduo freqüenta, é decisiva na formação de sua personalidade e poderá lhe imprimir características importantes para o sucesso profissional. As características do futuro profissional para atender ao perfil do novo mercado de trabalho, não pode ser alcançada através dos padrões de ensino verificados hoje na grande maioria das instituições de ensino tecnológico tanto a nível de ensino médio quanto superior. PEREIRA ( 1995 ) , apresenta dados que, embora retratando apenas criadores de empresas novas e em diversas áreas do conhecimento, nos remete a refletir sobre a realidade neste aspecto : “ .... segundo dados do Ministério da Indústria e Comércio, aproximadamente 80% das empresas criadas não chegam a atingir 2 anos de atividade e que apenas 10% conseguirão completar 5 anos de atividade, ou seja, são estas últimas aquelas que sobrevivem e se consolidam como empreendimentos bem sucedidos “. Com estes dados, pode-se observar que a qualidade dos empreendimentos são ruins o que necessariamente reflete a qualidade dos empreendedores. Embora os números mostrem problemas na área do empreendedorismo, SANTOS (1995) coloca que : “ os desafios para os empreendedores neste crepúsculo do século são ponderáveis , e não invencíveis.” A nosso ver, uma das maneiras de enfrentar tais problemas é fazê-lo através da Educação Empreendedora. 5.ELEMENTOS DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA Frente à conjuntura atual a educação empreendedora poderá trazer valores novos para aqueles que enfrentarão em breve o mundo do trabalho. O objetivo é muni-los de algumas ferramentas que os ajudarão na competição que irão enfrentar, quer como donos do próprio negócio ou empregados em empresas. FILLION ( 1991 c ), afirma que no campo da educação empreendedora, “ Os elementos essenciais parecem ser o desenvolvimento da imaginação e da criatividade, bem como a habilidade de canalizar energia para os objetivos que o empreendedor quer atingir.” Outro dado importante apontado como fundamental aos empreendedores, é o estudar continuamente . COLLINS E MOORE ( apud. FILLION – 1999 b ), afirmam que “ empreendedores de sucesso nunca param de aprender.” Tal aspecto, nos remete a refletir sobre o aprender a aprender, característica básica da educação empreendedora. Ainda FILLION ( 1991 a ) , faz três reflexões sobre a relação educador/educando na educação empreendedora : 1ª reflexão : “ O educador deverá adquirir a lógica do empreendedor e isso se faz seja pelo contato direto com os empreendedores, seja pelo estudo de empreendimentos, seja pela leitura de testemunhos e de vidas de empreendedores.” 2ª reflexão : “ A relação educador/educando recai mais sobre a maneira de ensinar do que sobre o assunto ensinado. Desenvolver os empreendedores é, primeiro, trabalhar sobre atitudes. ( ... ) pode-se dizer que o modelo de educação tradicional é inadequado para formar empreendedores porque condiciona à passividade”. 3ª reflexão : “ Temos necessidade de formar os empreendedores, pessoas autônomas e criativas, que serão capazes de definir a partir do não – definido, é esta a visão. (...) devemos formar a futura mão-de-obra para tornar-se mais inovadora. Assim, os indivíduos e as organizações terão melhor desempenho.” Portanto, observa-se que não se trata de introduzir matérias ou cursos novos nos programas já existentes. A proposta se volta fundamentalmente para a maneira de ensinar. É conduzir o educando a questionar mais e a relativizar os conteúdos , ao invés de fornecer respostas prontas, incentivando o educando a se desembaraçar sozinho. Quanto ao nível de ensino a que esta proposta possa se encaixar, somos de parecer que seria conveniente tanto ao ensino médio quanto ao superior. Entretanto FILLION ( 1991 a ) , afirma : “ Falar de educação empreendedora no secundário é falar do nível mais determinante para desenvolver o potencial empreendedor dos jovens. É nele que o processo de identificação e de aquisição de modos de aprendizagem própria tomarão forma.” GIBB ( apud CARAMÉS – 1995 ) , apresenta em seu trabalho, uma comparação entre abordagens de ensino convencional e empreendedora, o que pode ser visualizado no quadro a seguir : CONVENCIONAL Ênfase no conteúdo que é visto como meta EMPREENDEDOR Ênfase no processo Aprender a aprender Conduzido e dominado pelo instrutor Propriedade do aprendizado pelo participante O instrutor repassa o conhecimento O instrutor como facilitador e educando. Participantes geram conhecimento. Currículo e sessões fortemente programadas. Sessões flexíveis e voltadas para as necessidades. Objetivos de ensino impostos Objetivos de ensino negociados. Prioridade para o desempenho Prioridade para a auto - imagem geradora de desempenho Desenvolvimento de conjecturas e do pensamento Conjecturas e pens amento divergentes vistos divergente como parte do processo criativo. Ênfase no pensamento analítico e linear. Parte Envolvimento de todo o cérebro. Aumento da esquerda do cérebro. racionalidade do cérebro esquerdo através de estratégias holísticas , não lineares, intuitivas . Ênfase na confluência e fusão dos dois processos. Quadro 5A– Educação Convencional x Educação Empreendedora Fonte : GIBB apud CARAMÉS ( 1995 ) 6.MÉTODOS E TÉCNICAS FILLION ( 1991 a ) , frente às reflexões e estudos que realizou na área da educação para empreendedores, propõe como metodologia de ensino, algumas posturas que, resumidamente , são apresentadas no quadro a seguir. ETAPAS PARA O ENSINO EMPREENDEDOR 1 – Situar-se como docente COMENTÁRIOS 2 – Conhecer o mundo dos criadores e dos empreendedores 3 – Eliminar conformismo a pressão em relação ao 4 – Reforçar a autonomia e a liderança dos estudantes 5 – Ilustrar o ensino com exemplos da vida real. Cultivar a imaginação. 6 – Levar o estudante a definir por si mesmo situações, problemas e visões. 7 – Habituar o estudante a identificar aquilo que lhe interessa, motivá-lo a aprender. 8 – Ser aberto à realidade circundante. - O docente deve se situar em relação ao mundo do trabalho , procurando observar a configuração de diversos tipos de empreendimentos e empregos. Ler e acompanhar atividades dos empreendedores, convidando-os à sala de aula para explicarem de que maneira a matéria lecionada lhe foi e está sendo útil em suas vidas. - Aqueles que obtêm as melhores notas não são, necessariamente, aqueles que melhor aprenderam a aprender, a bem identificar e a definir o seu “saber – ser” . O papel do professor deverá, de preferência, consistir em respeitar, sustentar, reforçar as características pessoais, os elementos de diferenciação de cada um. - o estudante tem necessidade de ser reforçado no seu encaminhamento e de desenvolver um modelo que lhe seja próprio ; o seu. - Fornecer aos estudantes tanto quanto possível, exemplos de criadores, de empreendedores tirados da vida real. No sistema educativo atual, dá-se ao aluno muitos problemas de natureza analítica para resolver. É necessário promover um equilíbrio a esta questão , dando-lhe mais exercícios de criatividade para cultivar e desenvolver a imaginação. - Fornecer ao estudante trabalhos e exercícios para que sejam levados a efetuarem por si mesmos um encaminhamento . É necessário habituá-los a trabalhar sobre suas próprias idéias: fornecer -lhes exercícios para ajudá-los na estruturação de seus pensamentos, para tornar realistas e realizáveis os seus sonhos. - Aprender a questionar para conceber, aprender a aprender, tornam-se aqui elementos fundamentais no processo de educação empreendedora, porque é necessário que o aluno tome consciência daquilo que lhe interessa. - Os empreendedores são pessoas que devem ficar bem informadas sobre o que se passa ao seu redor . Eles devem ser formados pelo estudo da história, para compreender os contextos e ai compreender o seu, mas também para pensar em termos de cenários e alternativas para o futuro. - O empreendedor é uma pessoa prática que arma as ações concretas. Acontece que o ensino permanece teórico e não chega a obter esse tipo de espírito. Variando as estratégias pedagógicas, permitindo aos estudantes desempenharem um papel pró - ativo em relação à sua própria aprendizagem, não apenas o tira da passividade, mas cria-se condições para que eles tomem consciência de seus próprios meios, de seus talentos. Desenvolve-se o reflexo de imaginar o que seria feito e de fazê-lo em seguida. 10 – Tornar-se um docente empreendedor. - Mostrar iniciativa, sustentar as iniciativas. Instrumentalizar-se dentro destas idéias e tentar manter uma energia, um dinamismo com o qual os alunos poderão identificar -se. Quadro 6A – Metodologia para o ensino empreendedor Fonte : adaptado de FILLION ( 1991 a ) 9 – Gerar ocasiões para levar o estudante a agir. Com esta proposta, FILLION ( 1991 a ) , conclui afirmando : “ Para nós, educadores, o cliente é o aluno. Para bem desempenharmos nosso papel, devemos ter capacidade de adaptação às necessidades novas e diferentes”. 7.CONCLUSÕES As relações do mundo do trabalho, a escassez de empregos formais, a conjuntura econômica atual levam à necessidade de formação de empreendedores. Em contrapartida, a metodologia de ensino/aprendizagem empregada até hoje é a mesma de várias décadas. Em relação ao docente, espera-se que adquira maiores conhecimentos nas áreas didáticopedagógica , modificando posturas ultrapassadas de ensino, bem como a construção de uma relação educador/educando mais real em relação a sociedade hodierna, capacitando-o adequadamente para o fornecimento de bases seguras ao sucesso de seus educandos. Em relação ao corpo discente, contribuir para, além de uma sólida formação técnica, que se torne pessoas autônomas, criativas e inovadoras, requisitos básicos para o sucesso no novo mercado de trabalho que vem se desenhando. 8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARABBA, Vincent P. e ZALTMAN , Gerald, A Voz do Mercado – A Vantagem Competitiva da Utilização Criativa das Informações do Mercado , TRAD. Barbara Theoto Lambert, São Paulo, Makron Books, 1992, 314 p. BARBIERI, Flávio Eitor , O Engenheiro no Contexto da Globalização , Manaus, in XXIV COBENGE, 1996, pág. 269. BULMAHN, Edelgard , Século XXI , Cologne, in Revista Deutschland, n.º 6, Dezembro 1999/ Janeiro 2000 , pág. 60. CARAMÉS, Vera Rodrigues, O Ensino do Empreendedorismo nas Universidades – Um Estudo de Caso : UFJF , Trabalho realizado na Faculdade de Economia e Administração de Empresas da Universidade Federal de Juiz de Fora através de Bolsa de Iniciação Científica do CNPq, Juiz de Fora , 1995, 55p. 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