Introdução Era uma vez... um homem jovem demais para ser avô. Pelo menos era o que sentia o avô de 52 anos do recém nascido Rudah, que, por sua vez, parecia bem à vontade no papel de neto. Bem brasileiro, latino-americano, neto de um avô engenheiro, que se tornou especialista em marketing e estudante de filosofia. Nos últimos 11 anos tem trabalhado numa instituição que presta serviços de apoio às micro e pequenas empresas, e dedicou os últimos cinco a estudar e responder à seguinte questão: “por que a maioria das micro e pequenas empresas no Brasil não se torna rica?” O avô de Rudah intuía que a resposta desta pergunta não passava pela área técnica. Ou melhor, não dependia tãosomente das soluções técnicas como análise de custos, finanças, mercado, tecnologia, planejamento, etc., pois todos estes assuntos eram abordados de maneira eficiente na maioria dos programas que a instituição no qual trabalhava oferecia aos empresários e os resultados, ainda assim, sob o ponto de vista da riqueza, não apresentavam melhoras. JOEL FERNANDES Na verdade, a riqueza em si não era o foco da referida organização. As atenções da instituição eram voltadas para a gestão, com vistas especiais à sobrevivência das pequenas empresas. E o avô de Rudah percebia, ano após ano, que as empresas não cresciam de forma vigorosa de modo a se tornarem médias ou grandes. Não precisaria nem de pesquisa formal e estruturada para conhecer esta situação. Era possível observar “a olho nu”. E isto o incomodava. E o incomodava de tal forma que para ele era absolutamente inaceitável ver a realidade de a imensa maioria dessas empresas permanecerem no mercado, ao longo de muitos anos, apenas sobrevivendo para os seus donos terem uma opção de trabalho. Apenas faturando o suficiente para não fechar as portas. Sem criar riqueza substancial e duradoura. Sem buscar a liderança em seus segmentos. Sem inovar. Sem ditar tendências, ou ao menos segui-las. Sem acumular reservas de capital para financiar investimentos de expansão ou se equipar com tecnologias de vanguarda. Sem arriscar em novos produtos, ou em mercados dinâmicos. Os empresários não se tornavam executivos de suas próprias empresas. Um dia, em suas reflexões, o avô de Rudah se surpreendeu com a seguinte pergunta: se os empresários das pequenas empresas não são ricos, talvez porque não saibam o caminho a seguir, mas os consultores especialistas em pequenos negócios, que a eles dão consultoria, esses devem ser? A descoberta dessa investigação foi altamente constrangedora. Não encontrou entre todos que conhecia, e ele conhecia muitos, um só milionário. Todos eram tão “não-ricos”, quanto “não-ricos” eram os empresários a quem prestavam assessoria. E mais embaraçosa ainda se tornava a resposta na medida em que o próprio avô, na qualidade de empregado da instituição de apoio à pequena empresa, também não deixava de ser ele próprio um consultor especializado, e igual a esses, dependia do emprego para sobreviver. Não era rico. Trabalhava por obrigação, não por opção. Ele caiu na real. O avô de Rudah se deu conta de que, “simplesmente”, não sabia o que era ser rico e menos ainda EMPRESÁRIOS! RICO TAMBÉM VAI PARA O CÉU como se tornar uma pessoa rica. Como poderia ensinar a alguém aquilo que não conhecia? Decidiu aprender a ficar rico. Ele intuiu que tinha uma grande vantagem: não seriam os conhecimentos técnicos que tinha que o levariam ao destino da riqueza, óbvio. Isto o conduziu a outras disciplinas de conhecimento. Então o avô de Rudah desenvolveu um novo olhar para o seu problema. Um olhar até então jamais visto no mundo corporativo: a liberdade. Foi buscar neste tema óbvio a resposta para aquilo que o incomodava. Fez uma indagação incomum: “será que os empresários da pequena empresa tinham liberdade para se tornarem ricos”? A questão assim colocada se tornou o fio condutor de sua investigação. E é exatamente isto que o pai-do-pai do Rudah vem fazendo ao longo dos últimos anos. Estudando a “liberdade necessária para a criação da riqueza pessoal” a fim de compreender sua essência e então relatar aos empresários da pequena empresa. E mais. Como traduzir a questão da JOEL FERNANDES liberdade ao olhar próprio da cultura brasileira e quiçá latino-americana? Neste percurso foi necessário estudar vários pensadores de diferentes linhas de pensamento. Uma das abordagens estudadas o levou a um caminho singular. A da experimentação e, simultaneamente, observação de si mesmo, enquanto se torna livre. Podemos traduzir este caminho pela seguinte expressão: “fazer ver o que se mostra a partir de si tal como se mostra desde si”. Em palavras simples significa observar o que se apresenta a todo o momento para nós mesmos. É uma abordagem que trata, portanto, de relatar, e não de explicar. De relatar a doação da possibilidade da riqueza e do desejo que em nós essa possibilidade desperta. Após cinco anos de estudos desenvolveu e testou alguns conceitos em diferentes setores da economia, com diferentes grupos de empresários e diferentes regiões geográficas, cujos resultados foram surpreendentes. Nesse meio tempo nasceu o Rudah! Como ele gosta de preservar sua intimidade, não anunciou imediatamente para seus colegas o nascimento do neto. Mas uma idéia lhe ocorreu: concentrar suas energias para revelar ao filho de seu filho suas descobertas sobre como se tornar um empresário rico. Decidiu então iniciar, aos cinqüenta e dois anos, a própria experiência de alcançar a liberdade necessária para poder trabalhar por opção, e não mais por obrigação. Até então estava estudando a criação da riqueza pessoal. Agora faria em si próprio a “a busca da liberdade necessária para acumular a sua primeira pequena fortuna”. Iria vivenciar essa busca intencional, não na forma de patrimônio, como a aquisição de casas, carros e terrenos, mas em dinheiro disponível e aplicado no sistema econômico-financeiro que lhe proporcionasse uma renda suficiente para trabalhar por opção. Esta foi a definição de rico que o avô de Rudah traçou como meta de sua investigação. Acumular um dinheiro suficiente para poder trabalhar por opção e nunca mais por obrigação. Um milhão de EMPRESÁRIOS! RICO TAMBÉM VAI PARA O CÉU reais seria um valor emblemático para se definir uma pessoa rica. Poderia ser outro o valor? Poderia e pode. O foco é: alcançar a liberdade para se ter a possibilidade de escolher de verdade o que fazer na vida. E neste percurso iria ser um observador de cada gesto seu. Iria ao mesmo tempo observar a si próprio e ser o observado de si mesmo. Se tivesse êxito relataria a essência dessa jornada ao neto. Esta seria sua herança e sua homenagem ao filho-de-seufilho: O relato da essência da criação da primeira pequena fortuna. Contudo, o relato da “essência” não significa a descrição da história do avô tal qual ela aconteceu. Nem tampouco a apresentação de fórmulas do tipo “passo a passo para o Rudah alcançar o seu primeiro milhão de reais”. O avô sabe que a história dele jamais vai poder ser repetida por outra pessoa. Ele compreende que seria arrogância de sua parte se proclamasse ao seu neto ou aos empresários da pequena empresa a conhecida expressão “se eu consegui vocês também podem”. Ele sabe que a liberdade necessária para acumular a primeira pequena fortuna de filhos de ricos empresários é distinta da dos filhos de pais pobres ou da classe média, bem como é diferente para um jovem de vinte e cinco anos e seu avô de cinqüenta e dois. Está claro para o pai-do-pai do Rudah que cada qual tem que percorrer o curso próprio de sua história, o que é óbvio, mas que nem sempre parece, dada a ansiedade que existe para se conhecer a trajetória do “outro” que se deu bem na vida, como se isso, num passe de mágica, pudesse revelar a nós um segredo que nos daria um atalho para o êxito. O que jamais é verdade, pois cada um traz consigo um jeito só seu, inconfundível e insubstituível, de ver e viver o mundo. JOEL FERNANDES Por conta dessa compreensão o avô forçará o neto a caminhar o caminho. Dará pistas para ele buscar o conhecimento, ou mesmo confirmar por conta própria as informações disponibilizadas, pois sabe que a experiência em si é algo definitivo, de primeira mão, e é absolutamente intransferível. Daí a importância de relatar a essência, esta sim de acesso possível ao conhecimento de todos. A essência trata dos elementos primordiais, como a liberdade, a intencionalidade, a intuição, Deus, o amor, que permitem que as histórias aconteçam do jeito que acontecem. A compreensão da essência de sua jornada foi que permitiu ao avô ter a percepção clara e distinta da razão pela qual “empresário rico também vai para o céu”. Conhecendo a dinâmica das essências, tanto o Rudah quanto os empresários, poderão estudá-las, compreendê-las, e cada qual do seu jeito incorporá-las em seus propósitos de vir a se tornarem ricos. O avô do Rudah tem consciência que, sem esse conhecimento que irá repassar ao neto, ele levaria muitíssimo mais tempo para chegar ao mesmo resultado, ou talvez jamais chegasse à sua primeira pequena fortuna. Entretanto, com as informações que disponibilizará aumentará em muito a possibilidade de, num tempo razoável, o neto alcançar a sua liberdade pessoal e financeira, mesmo tendo nascido em família de renda média. Isto também aconteceria se sua origem fosse de família de baixa renda. EMPRESÁRIOS! RICO TAMBÉM VAI PARA O CÉU Portanto, caro Rudah, se você está lendo estas linhas é porque o pai-do-seu-pai teve êxito no seu desafio e a forma que ele escolheu para lhe contar a experiência vivida foi através de conversas com você ainda recém-nascido. Assim, desde cedo o avô iniciou conversas freqüentes, nada infantis, com o neto. Criou até uma história para envolver o Rudah nos diálogos, a qual deu o nome de “o mundo dos nós”. Mas... acho que estou me antecipando. Deixa que isto o próprio avô vai contar.