Le Tourniquet - Nº 6
NESTA EDIÇÃO:
RENÉ LAVAND
Abril de 2006
ENTÃO, VOCÊ QUER
SER UM MÁGICO
Dan Paulus
Biografia
MMIKLOS
Perfil
NÃO META-SE COM
MEU TRUQUE MÁGICO
Dion Semeniuk
INSPIRAÇÕES DE MÁGICA
1 904200 600000
Dan Paulus
E MAIS:
ENTENDENDO A MÁGICA
Revista Eletrônica
EDITORIAL
Editorial
E d i
t o r i a l
Olá, amigo mágico!
Aqui estamos com mais uma edição da Le Tourniquet,
subindo a ladeira e contra o vento!
Apesar disso, creio que estamos fazendo um trabalho
de qualidade para que a arte Mágica cresça cada vez mais.
Nesta edição, como de costume, você encontrará
ótimos artigos. Entre eles está "Entendendo a Mágica", de
Scott Cram, em seu primeiro capítulo. Em "Não meta-se
com meu truque mágico", Dion Semeniuk vem falar sobre
os tradicionais "abelhudos" que sempre tentam estragar
o que seria uma grande diversão e fascinação.
Dan Paulus nos mostra como obter inspiração na
criação de um estilo mágico ou de efeitos em seu artigo
"Inspirações de Mágica". Simplesmente imperdível!
Trouxemos também um belo texto de Richard Tenace,
onde ele nos mostra como um mágico profissional deve
agir e que atitudes ele deve tomar em seu ato.
Na seção Biografia, você saberá um pouco mais sobre
a vida de René Lavand, um veterano da mágica. Temos
também o perfil de Mmiklos, mágico e usuário do fórum.
Voltamos a pedir que façam sugestões, críticas ou
comentários através do email [email protected].
Só assim saberemos como melhorar o conteúdo da
revista.
Um abraço a todos!
JimVerc
Expediente
Le Tourniquet - N° 6
Abril/2006
Editores
0b1iiZ/JimVerc
Artigos
JimVerc
0b1iiZ
Perfil
0b1iiZ
Diagramação
JimVerc
Logo Le Tourniquet
Cabala
Fotos
Corbis
Email:
[email protected]
03
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
Na
N maleta:
a m
a l e t a
Então, você quer ser um mágico
Richard Tenace
Inspirações de mágica
Dan Paulus
Não meta-se com meu truque mágico
Dion Semeniuk
Mmiklos
Perfil
Entendendo a mágica
Scott Cram
Piada e Cartum
Humor
René Lavand
Biografia
04
05
08
10
12
21
24
25
ARTIGO
ENTÃO, VOCÊ QUER
SER UM MÁGICO
H
Richard Tenace
á muitos anos eu tive um
encontro com um
mágico num clube de
mágica que foi assim:
me pedindo para ensiná-lo mais. Eu
disse a ele que não ensinaria nada até
que ele dominasse os dois movimentos
que eu ensinei a ele. Ele ficou pálido!
"Você conheceu o John," um
amigo mágico me perguntou, "o novo
cara?"
"Eu só quero aprender mais. Eu
não preciso trabalhar neles porque eu já
os conheço."
"Ainda não, mas o vi fazer um
truque com corda na semana passada,"
respondi.
"Você não aprendeu nada. Você
sabe como se faz mas não sabe
apresentá-los. Posso saber todos os
fundamentos do surf a partir de um livro
mas todo aquele conhecimento não
significa nada até que eu pratique e
realmente surfe."
"Ele está tendo problemas em
aprender algumas técnicas básicas com
cartas. Você poderia ajudá-lo?"
"Claro," eu disse.
Logo eu fui apresentado ao novo
cara. Prontamente pude dizer que ele
nunca se tornaria um mágico. Ele não era
muito amigável e tinha muita antipatia.
Ainda, deixei meus sentimentos de lado
e o ensinei como fazer um "double lift" e
uma contagem Elmsley. Ele queria saber
mais, mas eu disse que ele tinha de ir
para casa e praticar os movimentos e
depois me procurar na semana seguinte.
Na semana seguinte eu fui até o
John e perguntei como ele estava indo
com os movimentos. Ele disse que estava
entediado com eles e queria aprender
mais. Eu pedi a ele para me mostrar o que
aprendeu. Ele estava tão negligente
quanto na semana passada. Num
questionamento futuro eu descobri que
ele não havia praticado nada! Ele estava
Seu lamento agora tornou-se um
ataque febril. "Você tem de ensinar-me
mais! Eu quero aprender mais!"
"Eu não tenho que te ensinar
nada mas eu vou fazer um acordo
contigo. Eu só vou continuar a te ensinar
se você puder me responder uma
questão."
Ele olhou para mim por bastante
tempo e depois disse, "Vá em frente."
“Por quê você quer aprender
mágica?"
Ele disse, "É fácil. Eu quero
aprender como os truques são feitos e
depois impressionar as pessoas com o
que eu posso fazer."
Eu disse, "Eu aprecio sua
honestidade mas não vou mais te
ensinar. Você não quer aprender mágica,
05
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
só quer saber como é feito. Você não quer
ser um mágico ou um artista. Você quer
acalmar seu próprio ego sem
personalidade e abusar das pessoas com
sua mágica."
Ele me chamou de estúpido e foi
embora. Logo ele parou de ir aos
encontros.
Imaginei por muitas vezes se fui
áspero demais.
Quanto mais eu pensava nisso,
entretanto, mais percebia que
precisamos ser ásperos às vezes para
eliminar aqueles que ferem nossa arte.
Dentro dos círculos de mágica há
um grande debate sobre as diferenças
entre profissionais e amadores. Eu sinto
que a simples explicação de que o
profissional ganha dinheiro e o amador
não, é simplista demais. Eu acho que ser
um profissional significa agir como tal e
ter trabalho profissional ético não
importando se vai ganhar algum
dinheiro com sua apresentação. Assim,
tenho visto muitos amadores (do tipo
que não faz dinheiro) agirem como
profissionais e muitos profissionais (o
que ganha dinheiro) agirem como
amadores.
O que eu acho que realmente
caracteriza um profissional?
* Um profissional deve
trabalhar duro. Um profissional pratica
bastante. Um profissional especifica
uma certa quantidade de tempo para
ensaiar seu ato, movimentos, e a
apresentação todos os dias. Um exemplo
de artista que prendeu seu traseiro sua
carreira toda é Stephen King. Ele
escreveu cada dia do ano, exceto em seu
aniversário e no Natal.
06
* Um profissional deve ser
alguém que estuda sobre sua arte
freqüentemente. Ele lê livros e vê DVD's.
Eles pedem ajuda a outros artistas
quando precisam solucionar
magicamente um problema. Eles
estudam a história de sua arte e
aprendem sobre os gigantes que vieram
antes deles.
* Um profissional nunca
aprende algo na quarta-feira para
apresentá-lo na sexta-feira à noite.
Quando trabalho numa loja de mágica,
costumo ficar apavorado quando os
mágicos entram correndo querendo algo
novo para mostrar numa festa de
aniversário que vai acontecer em uma ou
duas horas.
* Um profissional acredita que
um “worker” (uma parte polida da
mágica profissional) deveria ser
ensaiada e trabalhada completamente
antes de ser exibida. Essa não é somente
a coisa certa a ser feita mas mostra
respeito para aqueles que pagam para
ver o que você pode fazer.
* Um profissional trata aqueles
que o assistem, pagantes ou não, com
respeito e amor. Eles nunca vêem sua
audiência como broncos ou tapados.
* Um verdadeiro profissional
tem a maior alegria por não enganar sua
audiência, mas por diverti-los.
* Um verdadeiro profissional
não pode imaginar a vida sem sua arte.
* Um verdadeiro profissional é
original. Não me refiro à criação de seus
próprios efeitos ou movimentos. Creio
que eles têm de criar suas próprias
rotinas baseadas em sua personagem.
Um profissional é um artista que tem
uma personalidade da qual as pessoas se
lembram e não apenas "um cara que faz
truques."
* Um profissional sabe que não
há atalhos para a excelência. Custa
sangue, suor e lágrimas conquistar algo
ARTIGO
que vale à pena. Se eu quiser aprender a
tocar, não começaria com as peças
complicadas de Mozart. Começaria com
escalas, canções simples e notas básicas.
Não aprenderia "Mary had a Little lamb,"
(Mary tinha um carneirinho) num dia e a
apresentaria num concerto já no dia
seguinte.
* Um profissional sabe que não
há um truque ou efeito que o faça um
astro. A única maneira de tornar-se um
astro é sendo um artista do
entretenimento.
* Um profissional é educado,
cortês, e um cavalheiro ou dama em
todas as ocasiões. Profissionais como
Penn & Teller quebram esta regra
freqüentemente. Eles podem sair dessa
porque essa é a maneira que suas
personagens agem. Não tenho problema
com isso, mas a menos que você seja tão
talentoso como eles, e tenha uma
personagem para se apoiar, não tente ser
como eles.
Esta lista não está completa por
quaisquer meios. Conforme você viu na
minha lista, eu espero que aqueles que
fazem mágica sejam originais, únicos e
especiais. É por isso que eu espero um
alto padrão. Eu creio que aqueles de nós
que estiveram na mágica há décadas
tenham a responsabilidade de treinar os
que estão aprendendo a serem os
melhores, para que trabalhem duro e
vejam a mágica como uma maneira de
tocar corações.
Eu também acho que temos a
mesma responsabilidade de afastar os
imbecis, os egomaníacos e os perdidos
de nosso posto. Não estou dizendo isso
como um esnobe mas como alguém que
ama a mágica. Se nosso negócio ainda
tem o respeito que merece do público
amador, isso vai ser adquirido por
aqueles na área que amam isso e não por
aqueles que abusam.
Eu sei que alguém ficará zangado
pela minha atitude de expulsar os
iniciantes da mágica que são imbecis ou
idiotas. Muitos dirão, "Quem é esse cara
que acha isso? Ele é o que estabelece
padrões de quem é mágico ou quem não
é?"
(Quando irritar pessoas tem sido
um impedimento para qualquer escritor
do Visions?)
Eu não estabeleço padrões de
excelência. A barreira já foi levantada
por grandes como Dai Vernon, Michael
Ammar, Dunninger, Blackstone,
Cardini, Colombini, Mullica, Malone,
Keller, Houdin, Houdini, Cervon,
Knepper, Elmsley, Maven e muitos,
muitos outros. Nem todos de nós vão
conquistar o mesmo nível de sucesso
que eles, mas, podemos todos ser os
melhores que pudermos.
Sempre tente ultrapassar a
barreira e nunca tente enfiar-se debaixo
dela.
Rich
FONTE:
www.online-visions.com (14/03/2006)
07
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
Por Dan Paulus
Conforme o encontro improvisado
chegava ao fim, a questão de inspiração e
criatividade apareceu. Como os mágicos
extraem a criatividade dos outros?
N
a semana passada eu
estive presente num
pequeno encontro no
qual apenas um punhado de mágicos
altamente inteligentes foi convidado.
Bem, eu suponho que eles eram
altamente inteligentes, principalmente
porque me convidaram.
Foi uma sessão mágica divertida,
casual e improvisada onde tudo pôde ser
discutido, mostrado, criticado e
compartilhado. Nada de genial, apenas
mais um fluxo sólido de consciência.
08
É uma questão interessante.
Certamente a principal fonte de
inspiração para muitos mágicos são os
estilos e técnicas vistos em outros atos
mágicos. Não há nada de errado com
isso, se conduz à criatividade mais
adiante sem roubar ou imitar.
Mas há outras fontes excelentes
para os mágicos além de outros mágicos.
Eu sugiro olhar as outras artes. Teatro,
drama, comédia, paródia, música,
dança, pinturas e literatura. Até filmes e
televisão podem inspirar a criatividade.
Não somente você conseguirá inspiração
ARTIGO
em abundância, mas prestará atenção
em fontes amplamente ignoradas pelos
mágicos, criando assim algum material
realmente original.
Eu consigo muita inspiração dos
comediantes, clássicos e modernos. O
timing de Jack Benny, a bobagem pura de
Steve Martin, o jogo de palavras de
Abbott & Costello ou o sarcasmo de
David Spade ou Dennis Miller.
Novamente, o objeto não é roubar os
comediantes, mas, preferencialmente,
deixar o humor invadir e inspirar minha
mágica e criar algo novo.
Um dos mágicos num encontro
do último final de semana, vamos
chamá-lo de Randy... porque este é seu
nome, disse que extraiu histórias e jogos
dramáticos para inspirar seu trabalho.
Eu o vi se apresentando para o público, e
posso ver que seu estilo tem uma
narrativa muito dramática.
David Copperfield disse que
muito de sua mágica inicial foi inspirada
pelas rotinas de dança de Fred Astaire.
Qualquer um que tenha visto seus
primeiros especiais da CBS certamente
lembrará da linda bengala dançante, ou
das pequenas atuações românticas de
Copperfield.
Tudo que cria emoção pode
inspirar a mágica. Tente isto como
experimento em criatividade. Tome a
próxima semana ou duas e permita-se
experimentar outros artistas fora da
mágica. Seja movido pela arte e beleza.
Escape nos mundos da música, dança ou
drama. Perca-se em livros de mistério e
intriga.
Permita-se rir de modo que seus
olhos fiquem marejados, sua respiração
solta e seu rosto dolorido.
Anote suas experiências e fique
de olho em como elas te afetam
emocionalmente. Quando as semanas se
passarem, tente criar experiências
parecidas com sua mágica. Coloque a
mesma paixão e criatividade em sua
mágica que os artistas que você viu
colocaram nas deles. Então tente mover
sua audiência com sua nova mágica.
Faça apenas uma vez, e um novo
mundo de criatividade e inspiração vai
abrir-se para você. Faça muitas vezes, e
você será uma inspiração para todos nós.
Seja Mágico,
Dan Paulus
FONTE: www.online-visions.com
09
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
E
m qualquer multidão
normalmente existe um
que acaba sendo o
destruidor expondo seu truque mágico.
Você sabe, o sujeito, e eu digo sujeito,
não menina, por uma razão, conforme
todas as minhas experiências, eu ainda
tenho que ter uma menina
comportando-se dentro do que eu estou
para descrever.
Assim lá está você, a ponto de
demonstrar este inacreditável truque
mágico para esta única pessoa ou talvez
até mesmo para uma multidão de
espectadores ansiosos. Você começa
balbuciando sua conversa, talvez
explicando haver misteriosos poderes ao
redor de todos nós, e você está a ponto de
demonstrar estes poderes a eles
exemplificando, fazendo a rotina da
Cédula Flutuante (The Floating Bill).
Então você pede para alguém lhe
emprestar uma cédula assim você pode
agora provar para sua audiência,
desconfiada, porém ansiosa no que você
quer dizer.
Então você prepara a posição e o
modo para o truque mágico que você
está a ponto a apresentar, você está
totalmente preparado, você tem todos na
palma de suas mãos, bem, com exceção
deste único indivíduo grosso, sim eu os
10
chamo "grosso", neste momento tem um
som agradável para isto. Eu tenho outros
nomes também, mas mantenhamos
taxado isto "G". Ok, você tem a cédula,
tudo está preparado... e lá vai você... o
cédula está lentamente levantando de
sua mão, todos começam olhar um
pouco mais a medida que eles realmente
não estão desconfiados, estão
começando agora a acreditar nos
misteriosos poderes que você falou mais
cedo.
Você é agora o começo do
espetáculo, a cédula está agora
movendo-se ao seu comando, para cima
ARTIGO
“...as pessoas que estavam lá, virão a você querendo ver
seus truques mágicos e estas são as pessoas que você
precisa!!! As pessoas que querem acreditar na mágica!!!!”
e para baixo, todos estão incrédulos,
Wow, isto é incrível.... e então... bam,
aqui vem o indivíduo, vai e dá na cédula
um golpe com sua mão tentando expor o
segredo, tentando roubar o espetáculo,
ser o destruidor, somente para provar
que não existe tal coisa na mágica! O que
você faz??? Bem, você o agarra pela
pescoço.... oh, espere um minuto, ponto
“G” , certo, o que você faz é muito
importante neste momento para manter
sua reputação intacta e manter as
pessoas que você teve apreciando o
truque mágico querendo que você faça
até mesmo mais, embora, eles possam
ter dúvidas no que você estava
justamente fazendo.
Melhor coisa a fazer.... é rir, não
importa o quanto envergonhado ou
exposto você possa sentir que o segredo
possa estar fora da bolsa, você o joga
junto como se nada aconteceu. Você diz
“Como eu posso fazer isto??”. Apenas
faça. Explique a eles, parece como se
alguns poderes diabólicos viessem, e
aponte ao indivíduo grosso, parece que
alguém não quer testemunhar este feito
surpreendente da mágica, e desculpe-se
a todos, pondo a responsabilidade no
indivíduo. Acreditem em mim, todos
estarão desapontados e transtornados
com este indivíduo por estragar o
espetáculo.
E então... você afasta-se... yep,
afaste-se.. você não quer tentar e
apresentar qualquer outro truque
mágico com o indivíduo grosso em sua
presença, pois você não se sentirá
confortável com suas rotinas a medida
que você sabe que o indivíduo tentará e
contará para todos que ele sabe como
você fez isto, ou, faz isto somente para
levar os refletores para longe de você.
Esta é a melhor coisa que você pode fazer
e acredite em mim, as pessoas que
estavam lá, virão a você querendo ver
seus truques mágicos e estas são as
pessoas que você precisa!!! As pessoas
que querem acreditar na mágica!!!!
*Dion Semeniuk é o dono de uma
popular loja de mágica on-line, Isto é
Mágica! Para aprender mais sobre
apresentação de truques mágicos, visite
http://www.thisismagic.com
Todos os direitos são de
www.thisismagic.com (2004)
FONTE: www.thisismagic.com
11
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
PERFIL
Mmiklos
B
em amigos, a LT tem o
prazer de trazer no Perfil
desta edição um dos
administradores do Fórum Mágico
Amador, o nosso respeitável e dedicado
amigo Mmiklos. Para quem já o conhece,
sabe o quanto este cara é esforçado e está
sempre disponível para ajudar os que
necessitam de seu conhecimento. Para
quem não o conhece, deixo aqui
disponível um pouco sobre o nosso
querido Mmiklos e suas opiniões.
Seu nome completo é Marcos
Miklos, nasceu em 03 de Junho de 1968
na cidade de São Paulo/SP, onde ainda
reside até hoje. Atualmente com 37 anos
de idade, Mmiklos trabalha como
consultor de empresas e palestrante e
não se considera um mágico, diz que
trabalha com Magia corporativa e usa
seu grande conhecimento da arte mágica
para tornar seu trabalho mais cativante e
de fácil memorização para seus clientes.
"É um diferencial competitivo e
agradeço por isso". É formado em técnico
em eletrônica e engenheiro eletrônico.
Além de consultor é também auditor de
Sistemas de Gestão da Qualidade
(ISO9000) e atua como auditor para o
setor automotivo, sendo qualificado
pelo IATF (International Automotive
Task Force) para desenvolver auditorias
representando de modo independente as
montadoras americanas, francesas,
italianas e alemãs. Para se ter uma idéia,
são uns 2500 auditores com este
credenciamento em todo o mundo. No
Brasil não chegam a 100. Com mais de
600 auditorias em mais de 250 empresas
no Brasil e exterior, acabou ficando
12
bastante conhecido no mercado o que
levou a abrir sua própria empresa de
consultoria e treinamento em 2003, a
Quality Results Consultoria e
Treinamento. E temos o orgulho de tê-lo
como ilustre membro de nossa
comunidade. Só para mostrar um pouco
de sua satisfação com isto, deixo aqui
sua resposta ao ser perguntado se faz
parte de alguma associação Mágica:
"Faço orgulhosamente parte da equipe de
administração do maior fórum de
mágica na língua portuguesa – O fórum
Mágico Amador".
Segundo ele começou nas Artes
Mágicas, bem velho, aos 33 anos, logo ao
abrir sua empresa de treinamento e
começar a buscar elementos diferenciais
de mercado. Na verdade, ele explica que
buscava quebra-cabeças e exercícios que
o auxiliassem a tornar os treinamentos
PERFIL
mais interessantes e ativos. Nos conta
que, andando pelo shopping Iguatemi,
encontrou uma loja muito antiga, "na
verdade quase que um quiosque", do rei
das mágicas. Chegando lá, deparou-se
com sombras do passado. Então, nos
conta uma pequena história de sua vida:
"Eu tinha um grande amigo do passado,
com meus 10 anos de idade. Ele tinha
um kit de mágicas que me deixava
maravilhado, mas, ele nunca me
ensinou seus segredos. Um dia, quando
ele resolveu ir a minha casa com seu kit
para me ensinar alguns, eu estava com
outros amigos e não lhe dei atenção. Sei
que ele ficou muito chateado comigo.
Nunca mais ele tocou no assunto
mágica. Aos 12 anos, durante uma visita
a um parente distante, achei em sua
estante o livro "Truques e Mágicas" do
Ling Fu, completamente amarelado,
quase que se dissolvendo... Fiquei
alucinado e ele ao perceber a cena, deume de presente. Fiz alguns números com
ele e seu destino acabou sendo uma
gaveta por anos. O tenho até hoje e
recentemente voltei a lê-lo."
ignorante ao falar com um amigo,
Ramon, "que é uma enciclopédia da
mágica". Fala ainda que em teoria foi
conhecendo seus ídolos numa
seqüência de oportunidades. E conclui:
"Um só nome, depois de tudo? Fitzkee.
Uma pessoa generosa, que cedeu seu
conhecimento através da trilogia. Um
gênio que te faz entender a mágica como
arte e ciência ao mesmo tempo. Fica
impossível terminar esta resposta sem
falar em Tamariz, vivi um sonho: vi
Tamariz ao vivo. Se tivesse mais um
espaço: Dai Vernon".
Quando indagado sobre os
mágicos que mais admira, responde:
"Vivo Tamariz sem dúvida alguma. Na
história? Ascanio nas mãos de Arnaud
Chevrier (Twins) do Vídeo Depot. Lógico
que poderia citar nomes indiscutíveis
m o d e r n o s c o m o A m m a r, A l d o
Colombini, Daryl, Jay Sankey ou grandes
nomes históricos como Houdini, Kellar
ou Carter, ou ainda os nomes da moda
Cyril takayama e Marco Tempest, mas
seria tão falso como um depósito de uma
moeda de meio dólar".
Sobre onde encontrou ajuda diz
nunca ter sido pretensioso ou orgulhoso,
buscava ajuda de onde viesse. Em sua
opinião, QUALQUER um poderia o
ensinar. A primeira pessoa que o ajudou
de modo definitivo foi o Seiji da
Acha difícil citar apenas um
mágico como influência. Pela sua
formação na área de exatas, diz que
sempre precisou de um bom
fundamento. Assim atirou-se na teoria, a
tal ponto que se sentia um absoluto
13
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
Netmágicas. Segundo ele: "Talvez ele
nem tenha consciência disso". Depois,
vieram inúmeros amigos do fórum,
dealers e tantos autores de livros e
protagonistas de filmes, que perdeu a
conta.
Acredita que a comunidade
mágica no Brasil é feita de gente madura
e de pessoas iludidas, não
necessariamente relacionando esta
atitude com a respectiva idade. "A
maioria dos mágicos vê o colega como
concorrente. Uma coisa que aprendi é
que devemos nos esforçar para ser
melhor que o mercado e não tentar
neutralizar o colega que está a nosso
alcance. O mercado é bem maior do que
aquele que nossos braços é capaz de
t o c a r. C a d a m á g i c o , a m i g o e
companheiro, não é um concorrente,
mas um apoio para nosso crescimento. E
mais, hoje, sucesso é relacionamento.
Network. Não se entra em uma empresa
ou canal de TV somente sendo bom.
Quem atua no mercado, sabe do que
estou falando. Tem que ter gente
torcendo por você e te ajudando sempre,
abrindo portas e apresentando
oportunidades. 90% de meus clientes
são conquistados por indicação. Não há
concorrência por preço (preço se
negocia dentro da realidade do
14
mercado). Existe um canal de
relacionamento que empresta confiança
de uma parte para outra". E para
terminar cita um exemplo da nossa
aviação: "Queria citar o comandante
Rolin, que agradecia a Deus pelos seus
concorrentes, que o faziam acordar
todos os dias com vontade de se superar.
Não me lembro dele ter comentado em
assassinar o Canhêdo ou qualquer outro
concorrente".
Sobre a mágica no Brasil diz que
falta maturidade para muitos Mágicos e
para o Público em geral. E que nós somos
os responsáveis por isso. "Vejo que após
uma certa parte da vida, muitas pessoas
já não mais se preocupam se tem alguém
observando suas roupas, a camisa para
fora ou se seu carro é novo. O melhor
prêmio é estar em paz consigo mesmo.
Enquanto o que os outros pensam fizer
diferença, qualquer um será seu inimigo
e jamais poderá dormir o sono dos
justos. Caso se esforçe e faça seu melhor,
isto por si só deveria ser motivo de
orgulho. Ganhar ou perder, são apenas as
facetas do jogo da vida e amanhã é uma
nova rodada. O mundo é muito grande e
sempre haverão melhores e piores... Isto
não pode ser motivo de alegria nem
tristeza. É só um fato, como a vida e a
morte. A quem queremos enganar??? É a
ilusão do show bizz, ilusão que se desfaz
no tempo como lágrimas na chuva. Uma
hora tem de se amadurecer. Viva ao
sabor dos anos. Afinal ficar mais velho
deveria ter alguma vantagem, não é?
Aprenda a rir como o Amador que ama e
não o profissional que chega em casa e
reclama do chefe..."
E vai mais longe ainda: "O Brasil
sepultou a arte circense, principal palco
de mágicos acessíveis ao grande público.
Hoje as crianças de classe média têm
acesso aos mágicos através de buffets
PERFIL
infantis mais sofisticados em festas de
aniversário ou David Blaine via TV a
cabo. De qualquer forma o mágico está
fora da realidade da população. Fica
difícil a este público diferenciar e julgar
por puro desconhecimento. Há muito
tempo existem os kits mágicos para dar a
seu filho para "FAZER MÁGICA" e não
para "SER MÁGICO". A internet
permitiu aumentar a quantidade de
pessoas que fazem mágica, o que tende a
melhorar a qualidade dos que virão a ser
mágicos. Sou honesto em dizer que
aquele que está preocupado que um
moleque faça a ambiciosa (e bem, por
sinal) estará fadado ao fracasso. Estará
preocupado em não ter nada mais novo e
criativo, exclusivo e impossível a
apresentar, e por isso um internauta lhe
fará sombra".
Acredita que fóruns como o MA,
são meios de encaminhar quem faz
mágica para que as faça dentro dos
preceitos da arte mágica e quem sabe
alguns venham a se tornar verdadeiros
mágicos. Entende o fórum como um
orientador para quem vai começar,
impedindo que ocorram desvios que
poderão trazer futuros arrependimentos.
E conclui que:
1) O público que contrata e
assiste não tem cultura suficiente para
discernir um mágico bom de um
inexperiente garoto.
2) Muitos mágicos buscam
intensivamente montar sua ROTINA e
executá-la como se estivessem com a
vida resolvida. O fato é que este mundo
veloz em que ontem já faz muito tempo,
uma rotina é insuficiente. Exemplifica:
"Imagino o Ruy (referindo-se a Ruy
Texas) repetindo sua ROTINA no mesmo
hotel, dia após dia. Com certeza perderia
o emprego". E elabora uma série de dicas
importantes:
“Aquele que tem sua rotina
baseada em números fortemente
difundidos está condenado a ser mais
um. Aquele que não conseguiu
aprimorar sua presença de palco, sua
personalidade, desenvolvendo números
e um estilo próprio, vai chiar sempre que
alguém repetir o mesmo vídeo onde ele
um dia aprendeu".
"Nossa capacidade de mostrar
nosso diferencial como profissionais
únicos é de responsabilidade nossa e
não do contratante, embora que
sonhemos todos os dias em encontrar
clientes que tenham esta capacidade de
discernimento".
"A internet vai aumentar,
gostemos ou não, e o básico será cada vez
mais disseminado. Somente um esforço
real para aprimoramento poderá fazerlhe frente. Esforço de entendimento
mais amplo incluindo teatro, literatura e
cultura em geral. Algo que está na
bagagem de vida de cada indivíduo e não
é possível se fazer um download".
"Mesmo o básico pode ser
diferente. Veja Michael Ammar fazendo
covilhetes. Falando que vai fazer um
misdirection e assim mesmo você sendo
conduzido como que por hipnose. Pare
de perguntar para a menina se ela quer
pegar as suas bolinhas. Além de humor
óbvio e pobre, é de péssimo gosto".
Acredita que o espaço cedido à
Mágica no Brasil é o espaço criado pelos
mágicos, assim como em todas as outras
profissões. E firmemente ressalta:
"Nunca o mercado veio à porta de um
profissional, pronto e ávido por entendêlo e contratá-lo. Na verdade se hoje os
mágicos se encurralaram dentro de
buffets e restaurantes, além do sonho de
15
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
consumo generalizado, a TV, isto é fruto
da forma como dirigiram suas próprias
carreiras. Vocês vão facilmente perceber
que há muitos mágicos em que o nível
cultural foi relegado a um segundo
plano. Não há o gosto pelo saber além da
própria mágica." E cita que estudou
história da arte, audiofilia, enologia, de
forma bem séria. "Isto tudo é muito
pouco. Ocorre do mágico se imaginar
como um jogador de futebol que um dia
“vai estourar a boca do balão...”. Bom,
este não é o perfil da maioria dos
jogadores, assim como, também não é o
dos mágicos. Temos que nos preparar
para sermos pessoas completas, pois
assim, a chance de nos tornarmos
profissionais completos
aumenta”.
Um mágico que se
prepara para montar uma
rotina e apresentá-la de
modo contínuo e
intensivo para quem esteja
disposto a contratá-lo
acaba reduzindo seu
próprio espaço. Ele tem
que aguardar até que sua
nova rotina esteja pronta, no ano que
vem... Óbvio que há diversas exceções,
mas temos uma maioria que age
exatamente deste jeito. Pergunto: quem
tem alguma meta perseguida e atingida
para aprender de modo consistente um
novo efeito e uma nova técnica a cada 15
dias. Como se dedica para que tenha a
capacidade de realizar o efeito de modo
limpo e transparente?"
Deixa um recado para os que
estão começando nas Artes Mágicas,
"Sejam melhores que tudo que está
disponível na internet. Sejam únicos.
Clones são descartáveis. Passam rápido.
Sejam mais do que mágicos. Sejam
ARTISTAS. Dominem a comunicação.
16
Tenham presença de palco. Conheçam
os fundamentos e não somente os
efeitos. Sejam criativos. Quem conhece,
inventa. Quem nada entende, copia até a
piada..."
Sua primeira apresentação foi
durante um treinamento, em Limeira/SP.
Diz que fez poucos números, entre eles o
estratosférico e uma rotina com um
baralho rádio. Diz que recorda até hoje o
quanto que suas mãos tremiam, a ponto
de ser quase impossível segurar o
baralho. E revela, "De vez em quando,
ainda tenho algumas recaídas, que
passam logo aos primeiros minutos de
contato com o público". Seu primeiro
efeito foi "o estratosférico", é um classico
para palco, onde o mágico
coloca 3 bolinhas numa
determinada ordem em
um tubo transparente, que
em seguida é coberto. Ao
descobri-lo esta ordem
teima em se modificar, até
que ele resolve dar cabo de
uma das bolinhas, que
desaparece em um lenço,
mantendo assim apenas
duas. Ao descobrir o tubo, mais uma vez
a bolinha teimosa está lá e a ordem
novamente se modificou.
A LT perguntou: Já aconteceu
algo errado em uma apresentação sua?
Alguém percebeu? E ele responde sem
hesitar: "Erros ocorrem. É normal. Você
não pode é desmoronar perante o erro.
Lembre-se que a não ser que seja uma
grande ilusão, que durante sua
execução, foi mais que anunciada,
normalmente o público não sabe o que
ocorrerá, portanto, é só seguir como se
tudo estivesse bem e criar
imediatamente uma justificativa para o
que está ocorrendo. O show tem de
continuar! Quando apenas se copia uma
PERFIL
rotina, fica bem mais difícil de sair
destas enrascadas. Posso dizer, sem
medo de errar, que mais de 90% dos
números que apresento, tem uma rotina
e argumento completamente diferente
do original, pois precisei adaptá-lo às
mensagens que queria passar. Assim,
modificá-lo mais uma vez não é nada tão
assustador. Faço isso inúmeras vezes,
sem nenhum constrangimento e o
público adora o efeito final. Comprei um
livro interessante chamado OUTS,
PRECAUTIONS & CHALLENGES de
CHARLES H. HOPKINS, que trata
justamente destas saídas honrosas. O
bom mágico sempre tem um plano B".
Ele dá algumas boas dicas para
quem vai fazer sua primeira
apresentação. " Seja doce. Respeite o
público. Se dê integralmente. Ele
perceberá. Torne-se seu amigo. O
público jamais deverá ser sua vítima.
Você não é melhor que o público. Ele é
tão melhor que você, que enquanto você
está trabalhando e suando frio, ele está
sentado, se divertindo e ainda colocando
defeito no que você faz. O público é seu
cliente. O público é rei. Agradeça
inicialmente a honra de ter tido a
oportunidade de entretê-los. Faça com
que eles tenham experiências pessoais
únicas. Aquelas que eles poderão contar
aos amigos e familiares e se sentir
especiais. Assim sendo, sorria! O alvo do
mágico é a alma de seu público. Não de
modo coletivo, mas de forma individual
e particular. Um toque na alma do
espectador faz de um efeito uma
experiência única e inesquecível. Para
ter acesso a esta região tão íntima, há um
caminho: o SORRISO é o convite e os
OLHOS são as portas de entrada.
AMBOS devem sorrir, não de modo
debochado, mas de modo tranqüilo e
respeitoso. A graça dos mágicos não está
nas piadas agressivas, mas na graça com
que o impossível brota de suas mãos e
seu olhar de admiração tal qual o que
deseja que nasça de forma natural na
faces dos que lhe assistem".
Recomenda que todo mágico
deve ter um baralho de ótima qualidade,
sem gimmick, novo e limpo, onde o
deslizamento ainda é conhecido e os
passes saem naturalmente.
Particularmente gosta do "Bicycle", "Bee"
e "Tally-ho". E ainda manda mais uma
dica para quem almeja viver de mágica:
"Tenha ética. É certo para todos que este
tema inclui a guarda dos segredos
mágicos. Agora respeito a uma idéia
inanimada é mais fácil. Ela é sempre
inofensiva e se vacilarmos, ela não
contra-ataca. Agora, ética deveria
também incluir o respeito a comunidade
mágica". Inclui:
"Respeito a qualquer colega (a
pessoa e seu trabalho), pois, nem todos
são Copperfield e já começaram com 15
17
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
anos de experiência. Nem todos tem
acesso aos melhores contatos e
ensinamentos. Cada um está em uma
localidade diferente, com culturas
diferentes. Muitos começaram em
quiosques de shopping. Eu comecei
assim. Muitos são jovens e acham que
podem conquistar o mundo. Muitos são
velhos e acham que já conquistaram o
mundo. Muitos fazem sucesso em seu
microcosmo e foram iludidos pelo meio.
Acham-se poderosos. Imbatíveis.
Muitos sentem-se protegidos pela
distância definida pelo teclado e tela.
Muitos tem mágoas e já apanharam
muito. Isto não é motivo para bater nos
outros que vem atrás. O crescimento
mágico é um crescimento técnico e
espiritual. Não adianta conhecer e
realizar os melhores efeitos e cuspir em
quem está em volta. Trabalho com
grandes empresas e os presidentes e
diretores destas, gente realmente de
SUCESSO, são raros os casos de
encontrar arrogância entre eles. Os mais
admiráveis e capazes, eram também os
mais simples e acessíveis. Ética não é só
guerra ao exposuré. Ética é paz na
comunidade".
Para aprender de maneira
proveitosa as Artes Mágicas fala: "como
já disse infinitas vezes, a resposta está no
conceito, na teoria, nos fundamentos,
18
ser plural e de um efeito que você tirou
de livros ou vídeos, crie o seu próprio.
Único. Com sua assinatura e sua alma".
Cita como vídeos indispensáveis as
séries "Lessons in Magic" do Tamariz e
"Encyclopedia of Cards Sleigths" do
Daryl. Já falando de livros, destaca a
trilogia de Fitzkee: "Showmanship",
"Trickbraim" e "Misdirection", além de
"Magic and Showmanship" de Henning
Nelms. Também reconhece como efeito
indispensável em um repertório "A carta
ambiciosa", mas, sugere: "contanto que
não se use aquele argumento batido que
eu tenho uma carta que é muito
ambiciosa... blá, blá, blá... E ainda
acrescente ao menos um novo passe,
com uma nova técnica todos os meses.
Isto se tornará um estímulo para você
evoluir SEMPRE". Cita ainda três sites de
internet que acha indispensáveis:
w w w. m a g i c o a m a d o r. c o m . b r,
w w w. m a g i c w o r l d w e b . c o m e
http://magic.about.com.
Quando perguntamos o que
poderia ser feito para melhorar a Arte
Mágica no Brasil? Bem... acho melhor
publicar na íntegra a sua resposta. "O
caminho é longo. Tomo a liberdade de
contar uma pequena história".
“Um pai, com seu filho super
ativo, tentava concluir um trabalho em
PERFIL
sua casa, porém, a bagunça que a criança
fazia extrapolava sua capacidade de
concentração. Ele então, já irritado com
o garoto, pega uma revista que vê a sua
frente e com o auxílio de uma tesoura,
corta a primeira figura que encontra. Era
o mapa mundi. Ele então, dá os retalhos
ao garoto e diz:
- Veja como o mundo está todo
despedaçado. Vá até a sala e conserte o
mundo, pedaço por pedaço e somente
volte aqui quando ele estiver todo
consertado.
O menino seguiu para a sala com
um tubo de cola e o pai já relaxava,
sabendo que teria ao menos uma hora de
paz para trabalhar. Passados 10 minutos,
chega o garoto, com o mundo em perfeito
estado. Consertado em cada fragmento.
O pai indignado, questiona o filho: Como conseguiu consertar o mundo tão
rapidamente? Você nem conhecia o
mundo? Como, me explique???
O garoto, responde ao pai: Verdade pai, eu realmente não conhecia
o mundo, mas notei que a página de trás
da figura tinha a figura de um Homem, e
este eu conheço bem. Assim, antes de
querer consertar o mundo, eu fui
consertar o Homem. Quando terminei o
conserto do Homem, o mundo já estava
consertado”.
"Moral da história: Antes de
querer mudar a mágica no Brasil, com
grandes movimentos, pergunto o que
cada um faz pela mágica local? Aquilo
que está ao alcance de seu braço? Como
faz com que cada expectador tenha uma
imagem positiva do mágico? Como faz
com que cada apresentação seja um
convite para uma próxima? O que fala
dos colegas que apareceram na TV?
Como reage quando alguém chega
entusiasmado, querendo aprender
mágica? Como trabalha este assunto
dentro de sua família e roda de amigos? É
humilde o suficiente para segurar seu
ego, quando no palco? É educado,
mesmo nas condições mais severas? É
dedicado, para tornar o impossível
realizável aos olhos da platéia? É
estudioso e melhora cada vez mais suas
habilidades? Tem a disciplina necessária
para entender os fundamentos da magia,
além da técnica? É generoso com os
amigos e a platéia? Respeita e valoriza os
mágicos com mais idade que tem mais a
lhe ensinar que um mísero DVD? Usa a
mágica gratuita e solidária, sem querer o
glamour das luzes? Em resumo, como
fazer com que a mágica seja 24 horas de
arte simples e agradável para si e quem
lhe rodeia?"
Sobre "Exposuré" tem uma
definição pessoal: "É a transferência de
um segredo mágico ou parte dele, de
modo livre e descuidado, a leigo de
quem que não se tem garantias de estar
compromissado com a ética e princípios
mágicos". E alerta: "Tristemente,
podemos encontrá-lo em todas as partes.
Fui na livraria cultura hoje e encontramse clássicos (sabem quais) disponíveis
para leitura, sem sequer a necessidade
de comprá-los. A cultura estaria
cometendo exposuré??? No mercado
mágico (SP) há uma intensa presença de
crianças e namoradas e amigos, que vem
19
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
“Mesmo o básico pode ser diferente. Veja Michael Ammar fazendo
covilhetes. Falando que vai fazer um misdirection e assim mesmo
você sendo conduzido como que por hipnose.(...)”
se avolumando a cada mês. Seria
exposuré? Muitos dos sites onde nós
todos compramos não tem o cuidado de
selecionar fotos e trabalhá-las de modo a
não expor os segredos".
Acredita que comunidades como
a nossa devem ser pautadas por um
ambiente de liberdade e democracia,
porém não anárquico. Deve ser acima de
tudo uma organização com alto nível de
capacidade administrativa. Capacidade
para administrar conflitos, idéias,
valores, tecnologias, culturas e gente
apaixonada e explosiva. E resumindo
tudo, o principal objetivo seria "Estar
entre amigos unidos por uma paixão em
comum, crescendo, ajudando e sendo
ajudado". Além disso tudo, diz que seria
relevante que o fórum fosse também um
meio para levar ao amadurecimento do
mercado. "Falo da relação entre
consumidores de produtos e os
vendedores. Este é um caminho longo e
acredito que uma melhor estruturação
da seção de review de produtos e um
contato mais próximo com os
fabricantes e distribuidores pode ser
muito útil. Este é um desafio que poderia
ser incrementado, com a colaboração de
todos e uma revisão na forma e critérios
para se avaliar os produtos".
Perguntamos, quais são os
eventos mais importantes para a
divulgação da mágica no Brasil? Ele nos
responde: “Não há um só milagre ou um
só evento. Cultura se constrói passo-apasso. Toda vez que um mágico amador
ou profissional está realizando um
efeito, ele está divulgando a mágica.
Óbvio que a TV poderia ser um veículo
essencial, porém, como tudo mais que
20
ela toca, o que vai ao ar, vai modificado
para o padrão televisivo e repetitivo. Não
se pode imaginar que as aparições da TV
mudarão o conceito mágico junto ao
público. O que teria maior chance?. Uma
atuação social mais intensa e em âmbito
nacional, como a dos Mágicos
Solidários".
Atualmente seu projeto, que de
acordo com ele deve durar pelos
próximos 5 anos, busca o
estabelecimento de uma posição sólida
no mercado de magia corporativa e
ampliação de suas competências
técnicas e artisticas para ser merecedor
desta posição. E agradece: "Gostaria de
agradecer a todos que tem a paciência de
ler meus textos e especialmente a todos
os membros do fórum que tem sido meus
professores e alunos, amigos e desafetos,
meus motivos de felicidade e fúria, as
pessoas com quem compartilho boa
parte de meu tempo e pensamentos".
Bem, em nome da Equipe LT e
dos Membros do Fórum Mágico Amador
agredeço imensamente a importante
presença do Mmiklos em nosso dia a dia.
Também gostaria de me desculpar com o
próprio Mmiklos pois tivemos que editar
muita coisa deste presente perfil, visto
que ficaria enorme de tanta informação e
conhecimento que este nobre colega
quis nos passar. Além de que, o objetivo
real da seção não seria este e sim
apresentar aos nossos amigos leitores,
um pouco mais dos nossos membros.
Porém, aconselhamos a todos que leiam
os tópicos postados pelo mesmo no
Fórum. A Revista LT mais uma vez
agradece e te deseja muita saúde, paz e
sucesso em sua vida pessoal e
profissional. Muito Obrigado!
ARTIGO
Entendendo
a
Mágica
Por Scott Cram
CAPÍTULO 1:
PONTOS DE PARTIDA
Comecemos pelo topo. O que é
mágica? Oops, caminho outra vez ao
topo. Eu tentarei novamente. O que é a
ARTE da mágica? Eu estou procurando
por uma definição do dicionário que seja
ampla e inclusiva, mas não tão ampla
que inclua qualquer coisa que
claramente não seja performance
mágica. Nós não estamos preocupados
aqui com os vários estilos, artistas,
desenhistas e os gostos diferenciados
nisso, mas o próprio campo.
Em sua recente série de livros “A
Arte do Assombro (The Art Of
Astonishment)”, Paul Harris se refere
aos mágicos como “guias para
assombro”. Reformulando isto para
aplicar a própria mágica, nós
escrevemos a definição como “uma
performance de assombro guiado”.
Hmm, isto pode aplicar-se a curandeiros
de fé e até mesmo alguns vigaristas
também. O objetivo deles, entretanto, é
mais o dinheiro que eles podem obter de
tais atos. Incluindo isto na definição
como “uma peformance em que os
espectadores são guiados a um estado de
assombro conforme em uma meta e de si
próprio”.
Mágica é usualmente feita como
entretenimento, assim isto deve
provavelmente ser incluído. O que sobre
mágica que é feito para ensinar conceitos
ou destacar um ponto? Mágica instrutiva
desvia de nosso propósito original de
mágica como arte, assim não será
incluída aqui. Então o que nós temos
agora? “uma performance de
entretenimento em que os espectadores
são guiados a um estado de assombro
como em uma meta e de si próprio”.
Malabarismo é entretenimento,
freqüentemente inclui momentos de
assombro, e isso é freqüentemente a
própria meta, assim como difere da
mágica? Malabarismo, apesar de difícil,
não progride no reino do impossível.
Assim, a definição que nós temos agora é
“uma performance de entretenimento
em que o mágico retrata realizações que
são vistas pelos espectadores como não
tendo nenhuma possível explicação de
forma que o mágico pode guiá-los a um
estado de assombro em uma meta e de si
próprio.”
Alguns podem criar a idéia de
apresentando atos difíceis, mas não
21
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
impossíveis, tal como distribuição
perfeita do bridge ou pôquer para incluir
em nossa definição. Eu acredito que a
maioria das audiências percebem tais
difíceis ou improváveis atos serem feitos
por habilidade. Para propósitos desta
discussão, eu pregarei estritamente para
a idéia do impossível. Tendo dito isto, eu
acredito que nós podemos considerar
nossa definição completa. OK, isto soa
acadêmico demais, e para nossos
propósitos, “assombro guiado”
provavelmente bastará a maioria das
vezes, porém ao menos nós podemos
agora começar de um denominador
comum.
Falando de pontos de partida,
qual é o “ponto de partida”, a origem, da
arte da mágica? Para responder essa
pergunta, nós teremos que voltar mesmo
antes que a mágica fosse vista como arte.
Visto que mágica é muitas vezes
comicamente chamada “a segunda mais
velha profissão”, isto voltará muito
distante.
Obviamente, qualquer origem
que antecede a história registrada, como
faz a origem da mágica, será no final das
contas somente teoria. Eu simplemente
terei que ir com teorias modernas onde
fatos não são verificáveis. A teoria mais
popular hoje é que assim que o homem
percebeu que poderia ilusoriamente
apresentar o impossível, começou a
fazer assim para ganhar poder e status
em cima de seus companheiros. Esta
teoria, entretanto, é menos aceita hoje.
Eugene Burger, um mágico de
Chicago, apontou várias falhas nesta
teoria. As duas observações mais astutas
são:
1) Neste momento na história, os
humanos ainda eram tribos nômades de
22
caçadores, cuja sobrevivência dependia
de agir como parte de um grupo. Status
individual não tinha função neste estilo
de vida.
2) Se a ilusão foi feita para ganhar
status, por que tantos praticantes foram
(pelo menos esses que nós temos
registros) mantidos separados, ou até
completamentre excluídos, do grupo?
Que teoria está lentamente
ganhando aceitação em lugar disto?
Uma origem do Xamanismo foi
proposta. Xamãs tiveram uma melhor
compreensão do que os outros das fases
da lua, o efeito do sol nas estações, ervas
medicinais, e assim por diante. Observe
que todo o conhecimento é, de um ponto
de vista de caçadores, completamente
prático. Porque havia uma compreensão
destas áreas, mas pouco ou nenhum
controle físico delas, as aplicações
especializadas dos Xamãs de seus
conhecimentos tenderam a ser
ritualistas.
Esta teoria reivindica que a
mágica em si não era tanto uma
ferramenta curativa como evidência das
qualificações dos Xamãs. A mágica não
era somente para assegurar o doente (e
seus amados) que estavam em boas
mãos, mas também aparentemente
oferecida como uma diversão única para
observadores. Até mesmo os primitivos
caçadores não poderiam gastar todo seu
tempo na sobrevivência básica e
instintos reprodutivos! São estes
curiosos observadores do Xamã quem eu
acredito verdadeiramente foram as
primeiras testemunhas para a mágica
como uma arte.
Embora muitos acreditem que a
mágica neste momento foram
simplesmente visões alucinógenas,
ARTIGO
historiadores mágicos acreditam que é
mais provável que primitivas
prestidigitações ou outra mágica física
eram usadas. As visões foram
originalmente teorizadas por causa da
proximidade e variáveis, condições
naturais nas quais a mágica foi
apresentada. Qualquer mágico de closeup moderno pode lhe falar que este não é
um fator limitante.
Quando veio a Era agrícola, e as
primeiras civilizações apareceram, a
mágica é acreditada por ter feito a
completa divisão. A própria cura
ritualista tornou-se a ocupação de
padres e espiritualistas, e o aspecto da
apresentação tornou-se uma arte
separada. Muitas civilizações antigas
têm registros do “Cups & Balls (Os
Covilhetes)”. O fato que tantas culturas
tiveram registros deste efeito sugere que
é uma influência dos dias
Xamãnisticos/nômades. Também sugere
que os Xamãs trocavam idéias quando
encontravam com tribos amigáveis
ocasionais. Wow!!! Convenções mágicas
pré-históricas! (O ato final de escolha?
Jay Marshall & “Lefty”).
Surpreendentemente, até mesmo
nesta fase, a palavra “mágica” ainda não
e s t a v a s e n d o e n v o l v i d a . Fe i t o s
impossíveis foram simplesmente
descritos como “práticas” de Artista: As
descrições incluíram “práticas
Xamãnisticas", “acetabularii” figurativamente traduzido: praticantes
de Cups & Balls (Os Covilhetes) -, e assim
por diante. A palavra em si veio no 6º
século A.C.. Um grupo de padres do Irã
chegou na Grécia. Os antigos Gregos
referiram-se a estes padres como
“magoi” (singular - magos). Esta palavra
veio em Latim, e eventualmente em
inglês como magi (singular - magus). Os
padres eram intérpretes de presságios e
sonhos. Os gregos viram isto como
evidência de poderes incomuns, e
chamaram seus atos estranhos "mágica”.
Ao longo da maior parte da Era
agrícola (fala sobre uma looonga
história!), a mágica era principalmente
usada pelos padres e espiritualistas.
Destas civilizações acima até o 19º
século, pouco mudou realmente. A
maioria dos mágicos até o 18º século
ainda vestiam os longos, fluentes
mantos de civilizações antigas. Logo
após as épocas escuras, os italianos
(Jonas, Androletti, Carlotti) pareciam ser
os melhores representantes da arte da
mágica. Em 1584, o primeiro livro de
mágica inglês, “O Descoberta da
Fe i t i ç a r i a ( T h e D i s c o v e r i e O f
Witchcraft)”, foi publicado revelando
muitos dos truques mágicos desses dias
(assim bem como nossos dias).
Um físico alemão chamado
Dobler, em 1840, inventou o que se
tornou a prestidigitação moderna. Foi
também em torno deste época que
Alexander Hermann, Bautier de Kolta e
Robert-Houdin trouxeram a arte da
mágica em sua encarnação moderna.
A medida que continuamos no
20º século, a maioria dos principais
pontos históricos são uma questão de
conhecimento público (graças ao
desenvolvimento de meios de
comunicação de massa). No início do
20º/ e fins do 19º século, os mágicos
apresentavam principalmente
espetáculos de variedades. Houdini
capturou a imaginação do público com
suas fugas e produção de espetáculos.
Apesar de haver muitos grandes mágicos
dos anos 20 aos anos 60, a arte como um
todo aparentava ir escondendo-se,
exceto das apresentações ímpar de
teatro/TV/cinema.
23
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
Felizmente, Mark Wilson trouxe isto de volta na frente da mente do público com
sua exibição regular, “A Terra Mágica de Alakazam (The Magic Land Of Alakazam)”, e
mais tarde seu especial “Circo Mágico (Magic Circus)”. Nos anos 70, uma década depois,
Doug Henning surpreendia audiências. Começando no final dos anos 70, David
Copperfield trouxe sua marca espetacular de mágica ao vivo para telespectadores ao
redor do mundo.
Minha intenção aqui foi lhe dar uma visão geral da história da mágica, então por
favor me perdoe por minhas breves descrições e pulos históricos grandes. Eu também
omiti algo mais. Você notará a definição anterior que eu propus:
"Uma performance de entretenimento em que o mágico retrata feitos impossíveis
que são vistos por espectadores como real de forma que o mágico pode guiá-los a um
estado de surpresa como em uma meta e de si próprio".
Esta definição não diz nada sobre estilos de performances, condições de
apresentação, os artistas particulares ou em algo assim. Isto é porque a história da arte da
mágica ainda está sendo escrita. Mágicos mais novos virão, e mudam o modo que nós
pensamos. Enquanto você lê isto, David Blaine (lembra-se seus especiais “Mágica de Rua
(Street Magic)” e “O Homem Mágico (Magic Man)”?) pode ou não pode estar fazendo
justamente isso. Constante revolução e aprimoramento são provavelmente apenas o que a
mágica necessita exatamente agora (e sempre!).
(Continuará na próxima edição.)
FONTES:
Magic World Magazine Nº 23, 24 e 25
http://members.cox.net/astonishment/main.html (Astonishment Site)
PIADA
REAÇÃO ATRASADA
Um mágico estava no palco se apresentando, quando chamou um
voluntário. Um homem aceitou e foi ao palco. O mágico disse a ele
para pegar uma marreta de 7 kg que estava perto de um bloco de
cimento e quebrar o bloco com a marreta, assim a audiência
saberia que a marreta era de verdade.
Então, o homem balançou a marreta com toda a sua força e
destruiu o bloco. O mágico agora disse ao homem para bater no
meio do seu rosto com a marreta. Horrorizado, o homem disse, "De
jeito nenhum. Isso provavelmente vai te matar". O mágico insistiu,
dizendo, "Eu ficarei bem... eu prometo, vá em frente." "Bem,", o
homem respondeu, "Tudo bem, aqui vou eu."
24
Novamente, o homem balançou a marreta e mirou no rosto do
mágico. O resultado foi muito sangrento. O nariz do mágico ficou
quebrado, dentes caíram, sangue para todo lado. Depois de 6
meses, o mágico estava deitado numa cama do hospital. Um olho
abriu-se, os dedos dobraram-se um pouco, o outro olho abriu-se, e
o mágico ficou sentado e disse, "Tãrã!”
CARTUM
BIOGRAFIA
René
sem sombra de dúvidas um
dos maiores ilusionistas da
Argentina e do mundo. Seu
verdadeiro nome é Héctor René
Lavandera, e nasceu em 24 de setembro
de 1928 em Buenos Aires. Depois se
mudou junto com sua família para
Coronel Suarez, e finalmente para
Tandil. René Lavand é um dos
verdadeiros artistas no mundo da
Mágica Close-up. Suas apresentações e
performances têm uma qualidade
poética e artística que nunca falha em
ganhar ovações de pé. René Lavand
alcançou o status lendário e é sem
dúvida um dos mágicos mais hábeis de
close-up do último século. Sua estatura é
até mais surpreendente se você
considerar que ele executa qualquer
coisa usando somente uma mão.
Assistindo a ele irá inspirar você
esforçar-se à excelência.
É
Mais de quatro décadas o
separam desde a primeira vez que pisou
um palco e 65 anos desde que um amigo
de seu pai lhe ensinou seu primeiro
truque de cartas. Desde menino lhe
agradavam os truques, e começou a
praticar, primeiro com as duas mãos, e
depois que um acidente automobilístico
lhe tirasse uma, aos 9 anos, seguiu
cativando público com uma mão só. Ele
mesmo explica que foi um autodidata
puro, já que não existiam livros de
mágica ensinando mágica com uma mão
só. René Lavand criou a Cartomagia do
zero, tendo que redefinir técnicas
altamente sofisticadas para
performances com uma só mão.
Ainda jovem começa a trabalhar
em um banco durante 10 anos, sem
deixar de lado seu maço de cartas, que o
acompanharia para todos os lados
sempre. Aos 32 anos debuta em Buenos
Aires na década de 60 nos Teatros
"Tabarís" e "O Nacional". Começam as
viagens internacionais e os shows de
televisão, tanto no país como fora. Na
televisão, no recordado programa "O
Show de Pinicho" de Juan Carlos
Mareco. Em 1961, através dos shows de
TV americanos de Ed Sullivan, Johnny
Carson e etc., deslumbra para mais de 50
milhões de telespectadores abrindo para
sua arte o maior mercado do mundo. A
partir de 1962 começa a trabalhar na
cidade de Nova Iorque e paralelamente
surpreende ao povo mexicano, atuando
25
LE TOURNIQUET 6 | ABR/2006
em teatros e na televisão azteca.
Gradualmente continua conquistando
todo o continente americano. Desde ali
não parou de trabalhar em muitos
teatros, até realizou shows no Magic
Castle de Hollywood, onde o mito Dai
Vernon, entre outros grandes mágicos,
apresentaram excelentes espetáculos.
Até que em 1983 pisa o velho mundo,
sendo descoberto pelos grandes
maestros espanhóis: Tamariz Martel,
Arturo de Ascânio e Navaz, que lhe
abrem as portas definitivamente para o
público europeu e asiático, percorrendo
ano após ano, quatro continentes. Mais
recentemente foi apresentado no World's
Greatest Magic (1995).
Também, entre suas
viagens realizou seminários,
academias para especializados,
conferências e publicou cinco
livros de técnicas para
especialistas em vários idiomas e
um livro de anedotas. Seu estilo é
o Close Up, e seu talento aplicado
cativou a espectadores de muitos
paises. É considerado por alguns
o maior mágico vivo da
Cartomagia. Talvez uma de suas
maiores virtudes seja o extraordinário
manejo das "pausas" ou silêncios
dramáticos, que só os grandes artistas
podem manusear.
Narrador de histórias fascinantes
durante o desenvolvimento de suas
ilusões, onde seus temas incluem amor,
vida e verdade. Ele reconhece a Rolando
Chirico e a Ricardo Martín como os
criadores das histórias de suas ilusões
mágicas. "... eles entendem
profundamente meu trabalho, minha
técnica e meu estilo pessoal...". Suas
apresentações ricamente poéticas e
técnicas originais foram o assunto de
vários livros e vídeos para mágicos,
incluindo "Magic From the Soul - 1993
(Mágica da Alma)" e "The Mysteries of
26
My Life - 1998 (Os Mistérios de Minha
Vida)".
O reconhecido centro mundial
de mágica, "Magic Castle" de Hollywood,
conta com ele entre seus mais
reconhecidos membros, tendo a honra
de fazer parte de seu "Hall da fama". Ali,
o grande professor Dai vernon o
considerou "A Lenda". Na sua longa,
distinta carreira, Senhor Lavand
recebeu incontáveis prêmios e
reconhecimentos por suas realizações
artísticas.
"Ilusionismo, ilusão, como soam
bem estas palavras! Me agradam mais do
que magia, magos, prestidigitação,
prestidigitadores. Me agradou o
termo por si só e também, em
minha opinião, é o que mais se
adapta para qualificar nossa arte,
pois somos precisamente isso:
criadores de ilusões. Ao que pode
no fazer chegar uma ilusão!..."
"Truques de cartas são,
para ele, um meio pelo qual ele
pode descobrir sua alma".
Realmente, René Lavand
apresenta mágica que é, imediatamente,
comovente, inspiradora e inesquecível.
Atualmente reside em Tandil
com sua esposa Nora, ensinando mágica
em um vagão de trem que adaptou para
salão de mágica, chamado por ele
mesmo "Pata de Ferro", e continua
viajando, porém não pensa abandonar a
seus filhos nem a seu lugar.
FONTES:
Magic World Magazine Nº 29
www.renelavand.com
www.mymagic.com
www.muhlenberg.edu/cultural/magic/SII/performe
rs.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Wikipedia (The Free
Encyclopedia)
Revista Eletrônica
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ENTENDENDO A MÁGICA