27/09/2013 ISPOR 4th Latin America Conference Buenos Aires – Argentina 13 de setembro de 2013 Como medir utilidade e envolver o público no processo de Avaliação de Tecnologias de Saúde (ATS) “O envolvimento do público no processo de ATS: experiências mundiais proposições para sua ampliação ” Aline Silveira Silva1 Marisa da Silva Santos2 Rosangela da Silva Santos2 Monica Cintra2 1Ministério da Saúde do Brasil, 2Instituto Nacional de Cardiologia 1 Silva, Aline Silveira. O envolvimento do público no processo de Avaliação de Tecnologias em Saúde: experiências mundiais e proposições para sua ampliação no Brasil. 2013. 172 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Rio de Janeiro, 2013. 1 27/09/2013 Envolvimento do Público e de Pacientes (PPI) na ATS • Permite uma avaliação mais precisa sobre o valor das tecnologias (GAGNON ET AL, 2011). • Confere maior transparência e legitimidade às tomadas de decisão. • Lei 12.401/2011 oficializa o envolvimento da sociedade civil no processo de incorporação de TS no Brasil (CNS, CP e AP, dependendo da relevância). • No entanto, essa participação ainda é incipiente no Brasil. 3 • Pacientes têm direito a voz e complementam a perspectiva médica (HAILEY, 2005). • Construção compartilhada do conhecimento. – Metodologia que considera a experiência cotidiana dos atores envolvidos (VASCONCELOS, 2001). – Conflito: Evidência científica x Evidência prática. • Participação social é a base constitutiva da democracia (ESCOREL & MOREIRA, APUD LESSA, 2010). • Controle social (BRASIL, 2006). – Existem inúmeros referenciais em políticas oficiais que institucionalizam o envolvimento social na saúde (p.ex: CF, Leis 8080/90 e 8.142/90). – Define espaços de participação na Política Pública de Saúde. 4 2 27/09/2013 Objetivo • Sintetizar o conhecimento, experiências e estratégias sobre o PPI nas ATS no mundo. • Apontar linhas de ação para subsidiar a promoção de melhores práticas participativas . 5 Resultados Experiência Internacional • 83 estudos: 41 pré-selecionados. • Oito estudos preencheram todos os critérios de inclusão e foram incluídos. • Provenientes do Canadá (05/08) e Reino Unido (03/08). • Também exploraram experiências de outros 8 países (Alemanha, AUS, Dinamarca, Escócia, EUA, FRA, Holanda, Nova Zelândia). 6 3 27/09/2013 Resultados Experiência Internacional Tipo de público - maioria (6/8) adotou o conceito de “público” do HTA program (UK) = pacientes, cuidadores, cidadãos e grupos representantes. • GAUVIN ET AL (2010) - 06 tipos de público em 02 categorias: – Sociedade ou leigos: cidadãos, grupos representantes de cidadãos e representantes eleitos. – Diretamente afetados por uma condição ou TS: pacientes, usuários de serviço e grupos representantes. • MENON ET AL (2011): pacientes e público possuem diferentes papéis, não compartilham a mesma perspectiva e deveriam ser considerados separadamente nas ATS. • STANISZEWSKA ET AL (2011): analisou 2 RS, estudos raramente apresentavam descrição clara do tipo de participantes. 7 Resultados Experiência Internacional Nível de envolvimento - maioria adotou o conceito de • GAUVIN ET AL (2010): diferentes públicos podem ser envolvidos em diferentes domínios em níveis diferentes de envolvimento (informação, consulta e participação). • De acordo com os estudos analisados, PPI na ATS se dá principalmente nos níveis de “consulta” e “participação”. • GANGNON ET AL (2011): atividades relacionadas à “consulta” foram maioria entre os estudos (14/24 consulta e 10/24 participação). • Somente STANISZEWSKA ET AL (2011) considerou o modelo de 8 OLIVER ET AL (2008): consulta, colaboração e controle. 4 27/09/2013 Resultados Experiência Internacional Iniciativas (1): • Clima cultural e político é favorável, tendência internacional. • Estilo aberto de trabalho e cultura de inovação em organizações de ATS podem facilitar a participação do público. • Oferecer treinamento e suporte incentiva a participação. • Lacuna perspectiva profissional x público decisões insatisfatórias, é preciso ampliar base de evidências. 9 Resultados Experiência Internacional Iniciativas (2): • Blogs e literatura cinza podem fornecer informações sobre perspectivas da comunidade não disponíveis na publicada. • Muitas contribuições do público renderam considerações importantes, acrescentaram resultados e forneceram dados às ATS. • Agências influentes incentivam envolvimento. 10 5 27/09/2013 Resultados Experiência Internacional Dificuldades (1): • Recrutamento dos participantes requer tempo e recursos adicionais. • Colaboração com grupos representantes (pouco dispostos a aceitar evidências e envolvimento com indústria ameaça a credibilidade científica e autonomia política). • Público leigo (difícil compreender, acompanhar discussões linguagem, desconhecimento). 11 Resultados Experiência Internacional Dificuldades (2): • Influência da SBE (quantitativo) x desvalorização PPI (qualitativo). • Falta clareza em relação ao conceito de participação, modelos teóricos, o que limita apreensão e defesa da ideia. • Faltam evidências que confirmem que o PPI torna as ATS e decisões políticas mais eficazes. 12 6 27/09/2013 Resultados Experiência Brasileira Audiência e Consulta Pública sobre Feridas • Em 2010, DECIT iniciou o envolvimento da sociedade por meio da Audiência Pública sobre o Estudo de Tecnologias Terapêuticas para Feridas e posterior CP. • Não houve participação direta de pacientes, mas sim de representantes de empresas, universidades, SES, associações e sociedades interessadas no tema e profissionais de saúde. • Foi a primeira vez que se utilizou audiência e CP na fase de obtenção de dados para ATS. • A experiência foi enriquecedora e abriu portas para mais iniciativas de PPI. 13 Pesquisa de opinião - Audiência Pública 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% n=25/40 Figura - Desempenho da Audiência Pública sobre o Estudo de Tecnologias Terapêuticas para Feridas Fonte: SILVA ET AL, 2011. 7 27/09/2013 Resultados Experiência Brasileira Consultas Públicas da CONITEC • Recomendações emitidas pelo Plenário são submetidas a CP por 20 dias (exceto urgência da matéria - 10 dias). • Levantamento de dados dos 19 relatórios finais de incorporação (disponíveis em 03/01/13) – Temas com maior n° de contribuições: “Traztuzumabe para CA de mama”, “Biológicos para AR e psoríase”, “Fingolimode para esclerose múltipla”, “Toxina Botulínica para bexiga hiperativa”, “Ranibizumabe para DMRI” e “Palivizumabe para a prevenção da infecção pelo vírus sincicial respiratório”. – Tipos de contribuições mais freqüentes foram de IE e empresas, seguidas por IS/hospital e associações de pacientes. 15 Tipo de participação CP - CONITEC 2012 5 4 3 2 1 0 Figura 4 - Tipo de participação nas consultas públicas - CONITEC 2012. Fonte: Elaboração própria. Baseado nas informações disponibilizadas pela CONITEC. Disponível em: http://portal.saude.gov.br/portal/saude/Gestor/area.cfm?id_area=1611. Acessado em: 03/01/2013. 8 27/09/2013 Discussão Experiência internacional • A comunidade ATS ainda é cautelosa em relação ao PPI. Mas há consenso de que é uma exigência ético-política, pois adiciona dimensões cruciais não cobertas pelas medidas clínicas e econômicas tradicionais. • Há uma tensão entre as lógicas da SBE e a do PPI. 17 Discussão Experiência internacional • No UK, potenciais interessados são alertados e convidados a apresentarem seus interesses de diversas maneiras. • Experiências semelhantes em outros 09 países. • O campo está em expansão, mas há poucas experiências arraigadas. • Experiências existentes estão em países onde a democracia é um regime de tradição. 18 9 27/09/2013 Discussão Experiência brasileira • Já existe a iniciativa (CP e AP da CONITEC, assento do CNS, iniciativas do DECIT). • Dificuldade em nosso contexto, também relatada por vários estudos, é o tempo (CONITEC - prazo de 180 dias). • Não temos PPI em fases de grande participação nas organizações internacionais: identificação e seleção de TS para avaliação (priorização). • Consulta na fase final do processo (revisão e apelos), apenas. • CONITEC e o DECIT: disseminação e informação, por meio da publicação no site organizacional e no SISREBRATS. • PPI na ATS exige aprendizagem política, para que seja possível uma construção compartilhada de conhecimentos. 19 Proposições • Acesso aberto nos sites para receber sugestões de pesquisa. • Divulgação de tópicos para ATS e recebimento de contribuições. • Inquéritos ou algum tipo de análise das necessidades e vontades do público já envolvido com o controle social do SUS. • Maior interação com o CNS e seus fóruns. • CONITEC e DECIT: adequar linguagem ao público e promover atividades de educação popular. • Divulgação de manuais, diretrizes, consultas públicas em andamento, boletins informativos, websites. • Utilização das redes sociais para esclarecer sobre riscos e benefícios de TS divulgadas na mídia. 20 10 27/09/2013 Conclusão • Os contextos de participação, apesar de reconhecidos e normatizados, ainda colocam grandes desafios. • É promissora a participação na definição de tópicos para avaliação e obtenção de informações éticas e sociais de implementação de TS. • Limitações: Idioma, poucos estudos. • Principal contribuição: mapeamento das possibilidades de PPI na ATS. 21 Referências Gagnon MP et al. Introducing patients' and the public's perspectives to health technology assessment: A systematic review of international experiences. Int J Technol Assess Health Care. 2011 Jan;27(1):31-42. Vasconcelos EM, organizador. A saúde nas palavras e nos gestos: reflexões da rede educação popular e saúde. São Paulo: Hucitec; 2001. p. 73-99. Lessa, IJ. Gestão participativa e participação social: um estudo a partir da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (2003 – 2007) / Iris Jordão Lessa. Rio de Janeiro: s.n., 2010. 119 f., graf. Gauvin FP et al. "It all depends": conceptualizing public involvement in the context of health technology assessment agencies. Soc Sci Med. 2010 May;70(10):1518-26. Menon D, Stafinski T. Role of patient and public participation in health technology assessment and coverage decisions. Expert Rev Pharmacoecon Outcomes Res. 2011 Feb;11(1):75-89. Staniszewska S et al. The GRIPP checklist: strengthening the quality of patient and public involvement reporting in research. Int J Technol Assess Health Care. 2011 Oct;27(4):391-9. Silva AS et al. Introducing society into the HTA field: a Brazilian experience. 2011. In: 8th Annual Health Technology Assessment International (HTAi) meeting, 2011, Rio de Janeiro. 11 27/09/2013 Muito obrigada. [email protected] 12