Robson da Silva Dias Metodologia de Previsão Carga de Longo Prazo Energia Elétrica de de Monografia apresentada como requisito para obtenção do grau de Graduado pelo Programa de Graduação em Engenharia Elétrica do Departamento de Engenharia Elétrica da UFC. Orientador: Prof. Tomaz Nunes Cavalcante Neto. Fortaleza, 5 de Julho de 2010 RESUMO O presente estudo propõe uma metodologia para a previsão de carga em uma distribuidora de energia elétrica através do consumo de energia da área que abrange a sua concessão. Para as previsões de carga de energia de longo prazo, são utilizados indicadores do desempenho da economia, como o PIB (produto interno bruto) nacional e estadual, densidade populacional, os dois racionamentos de energia dos anos de 1987 e de 2001, além da base de dados da variável em análise. O histórico dos valores de consumo de energia é a variável mais importante para modelar a carga em um horizonte de longo prazo (5 anos). Na modelagem da previsão, é utilizado um software chamado EVIES 5.1. Esse programa proporciona gerenciamento de dados, realização de análises estatísticas e econométricas, também gera previsões ou modelos de simulações, além de produzir gráficos e tabelas de alta qualidade. PALAVRAS-CHAVE: carga, consumo e previsões. ABSTRACT This study proposes a methodology for load forecasting in an electricity distribution network the power consumption of the area covering the grant. For the projected energy charge of long term, are used as indicators of economic performance such as GDP (gross domestic product) national and state population density, the two rationing of energy the years of 1987 and 2001, and the database of the variable in question. The historical values of energy consumption is the most important variable for modeling the load on a long-term horizon (5 years). In modeling the prediction is used a software called EVIES 5.1. This program provides data management, analysis and econometric statistics also generate forecasts or model simulations, and produce graphs and tables of high quality. Keywords: charge, consumption and forecasts. LISTA DE FIGURAS Figura 1: Etapas do Modelo de Previsão da Demanda ............................................. 30 Figura 2: Tipos de Variáveis para Análise Estrutural ................................................ 32 Figura 3: Fluxograma de Previsão ............................................................................ 49 Figura 4: Consumo por Classe desde 1973 .............................................................. 50 Figura 5: Consumo Total do Ceará desde 1973 ....................................................... 50 Figura 6: Carga Própria desde 1973 ......................................................................... 53 Figura 7: PIB Brasil 106 R$ desde 1973 .................................................................... 54 Figura 8: Crescimentos do PIB Brasil........................................................................ 54 Figura 9: PIB Ceará 103 R$ desde 1973 ................................................................... 55 Figura 10: Crescimentos do PIB Brasil...................................................................... 55 Figura 11: População do Ceará em Milhões desde 1973.......................................... 56 Figura 12: População do Brasil em Milhões desde 1973 .......................................... 56 Figura 13: Domicílios do Ceará desde 1973 ............................................................. 57 Figura 14: Curvas de Carga Realizada x Estimada desde 1973 ............................... 59 Figura 15: Carga Própria com Previsão dos 5 anos .................................................. 61 Figura 16: Possibilidades de Demanda e de Contratos da Distribuidora .................. 66 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Matriz de Análise Estrutural....................................................................... 41 Tabela 2: Resultados do Modelo E-Views................................................................. 52 Tabela 3: Quadro de Resultados da Regressão ....................................................... 58 Tabela 4: Coeficientes dos Parâmetros da Previsão ................................................ 58 Tabela 5: Carga Própria Estimada dos 5 anos.......................................................... 60 Tabela 6: Novas Cargas Projetadas para os 5 anos ................................................. 60 Tabela 7: Carga Própria Total no Horizonte Estimado .............................................. 61 Tabela 8: Perdas de Distribuição em % .................................................................... 62 Tabela 9: Mercado Projetado (GWh)......................................................................... 62 Tabela 10: Projeção da Carga Própria (GWh) .......................................................... 64 Tabela 11: Projeção da Carga Própria (MW médios) ................................................ 64 Tabela 12: Taxas de Crescimento da Demanda ....................................................... 65 Tabela 13: Montante de Energia (MW médios) ......................................................... 65 SUMÁRIO RESUMO ............................................................................................................ ii ABSTRACT ......................................................................................................... iii LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... iv LISTA DE TABELAS ........................................................................................... v 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 1.1 Previsão de Carga ........................................................................................... 9 1.2 Apresentação do Problema ........................................................................... 12 1.3 Motivações, Justificativas e Importância do Trabalho ..................................... 12 1.4 Objetivos do Trabalho ..................................................................................... 13 1.5 Metodologia e Estrutura do Trabalho .............................................................. 13 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE PREVISÃO DE DEMANDA ............ 15 2.1 Conceito de Previsão ...................................................................................... 15 2.2 Histórico do Surgimento da Previsão .............................................................. 15 2.3 Séries Temporais .......................................................................................... 16 2.4 Análise de Séries Temporais ........................................................................ 18 2.5 Redes Neurais Artificiais....................................................................................19 2.6 Classificação dos Métodos de Previsão de Demanda .................................. 20 2.6.1 Métodos Qualitativos ............................................................................. 22 2.6.2 Métodos Quantitativos ........................................................................... 24 3 PREVISÃO DE DEMANDA ............................................................................. 28 3.1 Características da Previsão de Demanda ...................................................... 28 3.2 Etapas de um Modelo de Previsão.................................................................. 30 3.3 Caracterização da Demanda ........................................................................... 31 3.3.1 Análise Estrutural .................................................................................. 31 3.3.2 Demanda Residencial ........................................................................... 33 3.3.2.1 Influência da População ................................................................ 33 3.3.2.2 Influência da Quantidade de Domicílios ........................................ 33 3.3.2.3 Influência do Consumo Médio por Residência .............................. 34 3.3.3 Demanda Industrial ............................................................................... 34 3.3.3.1 O Nível de Produção Industrial....................................................... 35 3.3.3.2 A Intensidade Energética ............................................................... 35 3.3.3.3 Os Consumidores Eletrointensivos ............................................... 35 3.3.4 Demanda Total de Energia Elétrica....................................................... 36 3.4 Metodologia de Previsão de Carga das Distribuidoras de Energia Elétrica .... 36 3.4.1 Cenários de Previsão ............................................................................ 37 3.4.2 Acompanhamento da Evolução da Demanda ....................................... 38 3.4.2.1 Identificação das Categorias Relevantes ....................................... 38 3.4.2.2 Identificação das Variáveis Explicativas ......................................... 40 3.4.2.3 O Tratamento das Séries Históricas ............................................... 41 3.4.3 Aplicação de Modelos Estatísticos de Previsão .................................... 42 4 RISCOS DEVIDO ÀS INCERTEZAS NA PREVISÃO ...................................... 44 4.1 Riscos na Previsão de Demanda ................................................................... 44 4.1.1 Impacto das Previsões de Demanda ..................................................... 44 4.1.2 Motivos de Desvios nas Previsões ........................................................ 45 4.2 Erros Originados do Modelo de Previsão ....................................................... 46 4.2.1 Modelos de Previsão ............................................................................. 46 4.3 A Natureza do Erro de Previsão ...................................................................... 47 5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 48 5.1 Critérios Metodológicos ................................................................................... 48 5.2 Previsão Adotada pela Distribuidora ............................................................... 49 5.3 Ferramenta Computacional ............................................................................. 51 5.4 Análise das Variáveis Explicativas .................................................................. 53 5.5 Descrição dos Passos da Previsão ................................................................. 57 5.6 Resultados da Previsão .................................................................................. 58 6 GESTÃO DE RISCOS DAS PREVISÕES E SUA APLICAÇÃO ....................... 63 6.1 Introdução ....................................................................................................... 63 6.2 Uso dos Meios Regulatórios ........................................................................... 63 6.2.1 Repasse às Tarifas ............................................................................... 63 6.3 Aplicação da Gestão de Riscos ...................................................................... 64 6.3.1 Previsão de Mercado ............................................................................ 64 6.3.2 Carga Própria Prevista .......................................................................... 64 6.3.3 Estratégia de Contratação ..................................................................... 65 6.3.4 Contratação Máxima ............................................................................. 65 6.3.4.1 Análise Gráfica dos Resultados ..................................................... 66 6.3.5 Penalidades........................................................................................... 66 6.3.5.1 Subcontratação .............................................................................. 66 6.3.5.2 Sobrecontratação ........................................................................... 67 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ........................ 68 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 70 1 INTRODUÇÃO 1.1 Previsão de Carga Em uma distribuidora de energia elétrica, a previsão do consumo é uma ferramenta de suporte essencial para a tomada de decisões e funções de controle do sistema elétrico de potência. Ela é também um recurso bastante utilizado na programação da geração, avaliação da segurança do sistema, planejamento para transações de energia, entre outros. A previsão pode ser desmembrada em quatro tipos: curtíssimo prazo, curto prazo, médio prazo e longo prazo. A diferença de uma para outra está na classificação do período de previsão. Para a previsão a curtíssimo prazo, o horizonte projetado de interesse é de alguns minutos até uma hora à frente. Para a previsão a curto prazo, estima-se uma faixa de 24 horas até uma semana à frente. Já na previsão a médio prazo, a faixa se estende a alguns meses. Finalmente, a previsão a longo prazo, de interesse para o trabalho, se refere a períodos superiores a um ano. A importância da previsão de consumo de energia elétrica transformou-se numa questão muito discutida recentemente. Depois de enfrentar o racionamento, em 2001, as empresas de energia elétrica se depararam com o desafio de se realizar uma previsão de carga mais exata possível. Um dos pilares desse desenho são as regras para a compra de energia pelas distribuidoras, que exigem altíssimo nível de exatidão nas previsões de carga. Em maior ou menor grau, todas as distribuidoras brasileiras precisaram aperfeiçoar o processo de elaboração das previsões, tendo em vista o novo modelo para o setor elétrico. O setor elétrico sempre trabalhou com dois grandes horizontes de previsão: o de longo prazo, necessário para viabilizar o planejamento da construção de usinas geradoras, e o de curtíssimo prazo, dependente de variáveis sobre as quais não é possível ter controle, como mudanças súbitas de temperatura. O novo modelo para o setor elétrico projetou um ambiente mais competitivo, em que a previsão de carga se tornou fator absolutamente crítico para as 9 distribuidoras. Isto porque a compra de energia passou a ser feita exclusivamente por meio de leilões, com base no critério do menor preço. Antes da realização de cada leilão, as distribuidoras têm de enviar ao Ministério de Minas e Energia (MME) as previsões de cargas para três cenários: início de fornecimento após cinco anos da contratação (A-5) , três anos(A-3) e um ano(A-1). Os ajustes na demanda e no consumo de energia são definidos pelas regras do mercado spot, cujos preços são mais altos do que os dos leilões regulares. As previsões de carga com cinco anos de antecedência têm por objetivo permitir ao governo o planejamento para licitações de novas usinas geradoras. Esses empreendimentos necessitam de um horizonte de planejamento bastante amplo, que se estende a até 20 anos. A busca da exatidão das previsões é vital porque a lei prevê que a distribuidora utilize 100% da energia que contratou, e as margens de variação permitidas são bem pequenas. Na prestação de contas anual à Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), caso a empresa tenha feito uma compra inferior em mais de 3% à energia distribuída, poderá incorrer em penalidades. O objetivo do governo, nesse quesito, foi estabelecer regras para assegurar que não falte energia. Em caso inverso, ou seja, se a distribuidora comprar energia a mais, ela somente pode repassar esse custo às tarifas se a margem de erro for de até 3%. Se tiver adquirido energia em um percentual acima deste, a distribuidora deve arcar com os custos sem transferi-los ao consumidor. Com essa regra, o governo quis garantir a menor tarifa possível. Em relação à estimação, a evolução das técnicas de modelagem de consumo de energia elétrica é marcante. No passado, extrapolações em linha reta de tendências históricas do consumo de energia serviram muito bem. Entretanto, com a introdução de mercados cada vez mais competitivos, com o surgimento de novas tecnologias e combustíveis alternativos (na oferta de energia e no uso-final), a partir das mudanças nos estilos de vida, tornou-se fundamental utilizar técnicas de modelagem que capturem o efeito de fatores tais como preços, renda, população, tecnologia e outras variáveis econômicas, demográficas, políticas e tecnológicas. 10 No caso do Brasil, após o processo de privatização da infra-estrutura iniciada na década de 90, nota-se uma grande preocupação atual em expandir e modernizar todos os segmentos ligados à energia elétrica, de forma a sustentar as projeções de crescimento do país. Ainda a partir do novo modelo, o planejamento da expansão do sistema realizado pelo MME, que tinha caráter indicativo passa a ser determinativo. Como a energia elétrica é um bem não estocável, este planejamento deve visar a uma antecedência de pelo menos dois anos em relação ao crescimento de consumo, tempo mínimo de maturação de uma usina termelétrica. Desta forma, previsões de crescimento de carga também darão subsídio a este planejamento estratégico. Ainda neste contexto, a separação dos modelos em classes de consumo (residencial, industrial, comercial e outras) se torna muito útil, uma vez que determinadas políticas podem atingi essas classes de maneira diferenciada, já que cada tipo de consumidor tem um comportamento específico e uma tarifa própria. De forma mais detalhada, o planejamento determinativo da expansão (PDE): o Definirá a estratégia para a expansão da geração e da transmissão, identificando os projetos (hidráulicas, térmicas e linhas de interconexão); o Definirá o montante de energia que deverá ser objeto de licitação, em complementação aos projetos individualizados; o Indicará o programa de expansão de referência, inclusive com o estabelecimento dos custos de referência dessa expansão que orientarão a licitação pelo mercado (montante de energia); o Indicará o elenco de usinas que poderão compor a licitação pelo mercado (montante de energia); o Indicará, a partir da consolidação dos mercados previstos pelas distribuidoras, a necessidade de contratos adicionais de suprimento, caso a demanda projetada seja superior às previsões de carga contratadas pelas concessionárias de distribuição. 11 1.2 Apresentação do Problema Os principais métodos de previsão de séries temporais mais utilizados requerem para sua aplicação o cumprimento de uma série de critérios que devem ser atendidos para que o método possa dar previsões aceitáveis para um determinado produto. Contudo, na prática os resultados obtidos são considerados aceitáveis e não ótimos. Sob este ponto de vista, a aplicação de qualquer método de previsão pode se tornar ainda mais inadequada e, com isso, grandes discrepâncias tendem a ser inevitáveis. A finalidade da realização de uma previsão pode desencadear em um problema com erros ainda maiores, pois geralmente a previsão é realizada e utilizada para fins de planejamento, na tentativa de prever o que vai acontecer e assim poder se preparar. São inúmeras as áreas que necessitam de planejamento, e com isso, previsão. Então, se a previsão for mal processada, os riscos são amplificados. A previsão ou forecast, nome comumente utilizado neste meio, incide diretamente na programação e planejamento dos recursos necessários (tais como matéria-prima e mão de obra, por exemplo). Quando se faz a previsão, e se esta não for aceitável, uma série de problemas pode ocorrer, desde uma falha na alocação dos recursos, tal como matéria-prima, a qual pode provocar a falta ou excesso de produção. Diante do exposto, encontrou-se o interesse para o desenvolvimento desta pesquisa, que se concentra basicamente no aperfeiçoamento das técnicas existentes para obtenção de previsões de carga. 1.3 Motivações, Justificativas e Importância do Trabalho A área de aplicações que envolvem previsões já justifica a importância em se estimar uma variável com maior precisão. Este foi um dos focos de interesse para o desenvolvimento deste trabalho, que abordou uma proposta de aliar uma combinação de previsões de séries temporais através de programas computacionais. Outro ponto importante na busca de aperfeiçoar novas técnicas de previsão que sejam mais robustas está relacionado ao fato da previsão ser uma ferramenta estratégica utilizada para fins de planejamento em diversos segmentos, os quais 12 requerem a construção de cenários futuros, seja para prever consumos, vendas, índices econômicos, etc. Neste projeto de pesquisa, por exemplo, o estudo de previsão está centrado na previsão de consumo de energia elétrica. 1.4 Objetivos do Trabalho Os principais objetivos deste trabalho são: • Desenvolver uma ferramenta que seja fundamental para a previsão de carga e que também seja simples e de fácil utilização por um usuário pouco familiarizado com os dados de carga em estudo. • Subsidiar na definição da estratégia de reforço e expansão do setor elétrico, de forma harmônica e integrada com o planejamento energético de longo prazo. • Definir os montantes de energia a contratar, para atendimento ao mercado da área de concessão. • Sinalizar a receita empresarial com a comercialização de energia para os consumidores cativos e disponibilização da rede de distribuição para os consumidores livres. 1.5 Metodologia e Estrutura do Trabalho Neste tópico é feito uma breve descrição sobre a metodologia e a estrutura do trabalho. Começando pela metodologia, este trabalho propõe o desenvolvimento de uma combinação linear de previsões obtidas a partir da resposta computacional, através do programa EVIEWS. Este programa agrupa diversas variáveis explicativas que ajudam na previsão da variável em que se quer estimar. Para promover o desenvolvimento nesta linha de pesquisa, são a seguir relatadas as etapas que foram seguidas para conclusão do projeto. 13 A etapa inicial deste trabalho foi o estudo de conceitos teóricos, acompanhado de uma revisão da literatura acerca da previsão, suas técnicas e aplicações, bem como questões voltadas à análise de séries temporais e os respectivos métodos existentes para previsão das mesmas. Este estudo foi resumido no Capítulo 2. Já no Capítulo 3 é apresentada a caracterização da demanda, uma descrição das principais classes de consumo e as principais variáveis que infuenciam nessas classes, assim como no consumo global. No Capítulo 4 são relatados os riscos associados à previsão e os principais motivos dos desvios. No Capítulo 5 é apresentado o estudo de caso para a previsão de carga. Também nesse tópico é comentado sobre o EVIEWS, suas funcionalidades. No Capítulo 6 é comentado sobre os riscos inerentes às previsões de demanda e seus impactos na distribuidora de energia elétrica, assim como a aplicação das ferramentas de gestão de riscos associados à previsão de demanda da concessionária no novo contexto regulatório brasileiro. Finalmente, o Capítulo 7 apresenta as conclusões obtidas através da previsão. 14 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA SOBRE PREVISÃO DE DEMANDA 2.1 Conceito de Previsão A previsão pode ser definida de várias maneiras. De acordo com Lima (2004), a previsão de uma série temporal é a determinação dos prováveis valores que serão assumidos pela variável de estudo, dentro de um horizonte máximo de tempo. Já Morettin e Toloi (2006) definem previsão como sendo alguma coisa que se quer ver antes que ela exista. Segundo eles, alguns autores acham melhor a palavra predição, como forma de indicar algo que deverá existir no futuro. Existem outros ainda que utilizam o nome projeção, já que o processo de previsão, segundo define Lima (2004), nada mais é do que uma extrapolação feita além do modelo temporal conhecido (neste caso a série temporal). Neste trabalho, o nome previsão foi o termo escolhido para tratar o assunto relacionado a previsões de séries temporais. 2.2 Histórico do Surgimento da Previsão As técnicas utilizadas para realização de previsões tiveram sua origem no século XIX, quando no meio científico utilizava o Determinismo Científico. Os adeptos do Determinismo Científico postulavam que, se em um determinado momento, fosse possível conhecer as posições e velocidades exatas de cada partícula do Universo, as Leis da Física deveriam ser capazes de fornecer o estado do Universo em qualquer momento do passado ou do futuro. O que seria possível através da criação de Modelos Matemáticos Determinísticos, que nada mais são que um conjunto de equações e inequações matemáticas, organizadas de forma que, ao serem inseridas as condições iniciais do sistema sob análise, seja possível obter as condições em um momento desejado. Os Modelos Determinísticos são úteis para certas situações, como pequenos sistemas físicos do nosso cotidiano. Entretanto, apresentam limitações. Demonstra-se que pequenas variações nas condições iniciais podem causar grandes perturbações na 15 condição final. Por isso, os Modelos Determinísticos são inadequados quando não é possível definir as condições iniciais com boa precisão. O golpe final nos Modelos Determinísticos ocorreu no início do século XX, com o avanço da Física Quântica. Para compensar as limitações das técnicas determinísticas, foram desenvolvidos Modelos Probabilísticos. Através desses Modelos, conhecendo a velocidade exata de uma partícula, é possível definir suas posições mais prováveis ou a probabilidade de uma determinada posição ocorrer. Os Modelos Probabilísticos mostraram-se úteis em outros setores do conhecimento humano. Por exemplo, atualmente um Modelo Probabilístico auxiliou na definição das metas e consumo de energia elétrica estabelecidas pelo Plano de Contingenciamento do Governo Federal, afetando diretamente a vida de boa parte da população brasileira. (Rodrigues, 2007) 2.3 Séries Temporais De acordo com Morettin e Toloi (2006), uma série temporal pode ser definida como um conjunto de variáveis estocásticas (probabilísticas) equiespaçadas e ordenadas no tempo. Já segundo Klein (1997), um sinal que depende do tempo e é medido em pontos particulares no tempo é sinônimo de uma série temporal. Do ponto de vista da previsão, Newbold (1995) definiu que uma série temporal seria uma seqüência cronológica de observações, de uma variável de interesse particular, que quando analisadas poderiam ajudar a previsão a partir das características passadas desta série. Sendo assim, tendo disponíveis os dados passados é possível iniciar o estudo de uma série temporal, levando em consideração uma abordagem matemática e estatística capaz de modelar equações que traduzam os mecanismos responsáveis pela geração desta série. Desta forma, pode-se investigar sua evolução e comportamento. 16 Também segundo Morettin e Toloi (2006), os principais objetivos da análise e estudo de séries temporais são: • Investigação do mecanismo gerador da série; • Realização de previsões de valores futuros a curto/longo prazo; • Descrição do comportamento da série através da verificação gráfica de características tais como: tendência, ciclo, sazonalidade e periodicidade. De acordo com Corrar (2004), os dados que constituem uma série temporal de demanda de energia elétrica podem sofrer a influência de diversos fatores, como: • Alterações macroeconômicas, como uma crise financeira internacional; • Mudanças no padrão tecnológico vigente; • Variações nas condições da natureza; • Fenômenos imprevisíveis. Os fatores acima citados determinam os componentes das séries temporais, que são: a) Tendência: É considerado o componente mais importante de uma série temporal. Consiste no movimento de direção geral que cobre um longo período de tempo e reflete as mudanças ocorridas nos dados de modo bastante consistente e gradual. Pode ser visualizado pela linha em torno da qual os dados flutuam. A tendência pode ser linear ou curvilínea (exponencial, polinomial, logística, etc.). Diz-se que existe tendência linear quando o movimento (crescente ou decrescente) é constante ao longo do tempo. Já a tendência exponencial, por sua vez, ocorre quando o movimento está associado a um expoente verificável ao longo do tempo. 17 b) Variações cíclicas: São conhecidas como variações que representam movimentos regulares em torno da reta ou da curva de tendência e referem-se às oscilações ao longo prazo. Os ciclos podem ser ou não periódicos, isto é, podem ou não seguir padrões análogos, depois de intervalos de tempos iguais. De modo geral, as variações cíclicas são difíceis de determinar, uma vez que tanto o período considerado, quanto à causa do ciclo, podem não ser conhecidos. c) Variações sazonais: São variações cíclicas de curto prazo (menos de um ano). Referem-se a movimentos de padrões regulares ou repetidos em torno da linha de tendência, em que os dados de uma série temporal parecem obedecer a períodos como meses, semanas, dias, etc. d) Variações irregulares: Referem-se aos deslocamentos esporádicos das séries temporais. Decorrem, normalmente, de causas naturais ou sociais, provocadas por eventos imprevisíveis e não periódicos chamados de ruídos, como: enchentes, greves, eleições, etc. 2.4 Análise de Séries Temporais Os principais itens analisados segundo Ferreira (2005) e Morettin e Toloi (2006) na análise de séries temporais são: • Investigar o mecanismo gerador da série temporal; • Realizar previsões de valores futuros da série: estas podem ser de curto prazo, como para série de vendas, produção ou estoque, ou a longo prazo, como para séries populacionais, de produtividade e de consumo; • Descrever o comportamento da série. Dessa forma, a construção do gráfico, a verificação da existência de tendências, ciclos e variações sazonais, a construção de histogramas e diagramas de 18 dispersão etc., podem ser ferramentas úteis para a análise das séries; Pelo exposto acima, fica nítido que, para começar a análise de uma série temporal, o ideal é realizar uma decomposição da série em componentes com características peculiares, como: tendência, ciclo e sazonalidade. A tendência de uma série mostra seu comportamento a longo prazo, já que através da extrapolação deste movimento, que pode ser crescente, decrescente ou de natureza estável, é possível estimar qual será a continuidade desta série. Já os ciclos podem ser revelados através das oscilações existentes na série. São intervalos periódicos não constantes e superiores à variação sazonal. Tais oscilações que podem ser de queda ou subida, de maneira suave ou brusca, acompanham a série ao longo da componente tendência. Por fim, a sazonalidade se evidencia de maneira semelhante ao ciclo, caracterizando-se também pelas variações positiva e negativa, porém ocorre de forma periódica. Assim, tem-se a diferença entre a sazonalidade e o ciclo, já que enquanto a sazonalidade é previsível pelo fato de ser periódica, o ciclo é imprevisível, pois se manifesta de modo inconstante. 2.5 Redes Neurais Artificiais Em termos intuitivos, redes neurais artificiais (RNAs) são unidades de processamento numérico, cuja arquitetura em camada produz um fluxo de informações com ou sem realimentação, possuindo uma estrutura de processamento de sinais com grande poder de adaptação e capacidade de representação de processos não lineares [Silva, 2003]. Entre as aplicacoes usuais das RNAs tem-se: reconhecimento e classificação de padrões, clustering ou agrupamento, previsao de series temporais, aproximação de funções, otimização, processamento de sinais, analise de imagens e controle de processos. 19 Uma rede neural se assemelha ao cérebro em dois aspectos [Haykin, 2001]: • O conhecimento é adquirido pela rede a partir de seu ambiente através de um processo de aprendizagem; • Forças de conexão entre neurônios, conhecidas como pesos sinápticos, são utilizados para armazenar o conhecimento adquirido. No processo de aprendizagem, generalização significa que a rede neural produzira uma saída desejada para valores de entrada não utilizados durante tal processo, sendo este constituído, geralmente, por meio de exemplos. O elemento básico de construção de uma RNA e o neurônio artificial, cuja descrição é o estagio inicial para o entendimento dos conceitos associados as estruturas de redes existentes. 2.6 Classificação dos Métodos de Previsão de Demanda Segundo Moreira (1998), é possível classificar os métodos de previsão segundo critérios variados, mas a classificação mais simples provavelmente é aquela que leva em conta o tipo de abordagem usado, ou seja, o tipo de instrumentos e conceitos que formam a base da previsão. Por esse critério, os métodos podem ser: a) Qualitativos - são métodos que se baseiam no julgamento de pessoas que, de forma direta ou indireta, tenham condições de opinar sobre a demanda futura, tais como gerentes, vendedores, clientes, etc. Este julgamento é feito com base em pesquisas de opinião, painéis e reuniões entre especialistas. Desse modo, não se apoiam em nenhum modelo específico, embora possam ser conduzidos de maneira sistemática. Sua aplicação é indicada em situações onde não há disponibilidade de dados históricos consistentes. b) Quantitativos - são aqueles que utilizam modelos matemáticos e estatísticos para que se cheguem aos valores previstos. Permitem 20 controle do erro, mas exigem informações quantitativas preliminares. A subjetividade dos analistas está na escolha do método que será utilizado, no qual são divididos em: Métodos causais - nos quais a demanda de um item ou conjunto de itens é relacionada a uma ou mais variáveis internas ou externas à empresa. Tais variáveis são chamadas de variáveis causais. A população, o PIB (Produto Interno Bruto), o consumo de certos produtos, etc. são alguns exemplos de variáveis causais. O que determina a escolha de uma determinada variável causal para a previsão da demanda é a sua ligação lógica com esta última. Caso se tenha uma boa estimativa desse valor, será possível obter a projeção desejada para um produto ou grupo de produtos em estudo. Séries temporais - a análise destas séries não exige além do conhecimento de dados passados da demanda ou de qualquer variável que se queira prever. A expressão série temporal indica apenas uma gama de valores da demanda tomados em instantes específicos de tempo, geralmente com igual espaçamento. A expectativa é a de que o padrão observado nos valores passados forneça informação adequada para a previsão de valores futuros da demanda. Ainda quantitativos, analisando têm-se as algumas duas subdivisões peculiaridades. Para dos os modelos métodos matemáticos causais, o predominantemente encontrado é a regressão da demanda sobre a(s) variável(eis) causal(is). Nela, tenta-se descobrir, utilizando pares de valores da demanda e da(s) variável(eis) causal(is), alguma relação que possa se expressa por uma equação matemática. De acordo com Moreira (1998), pode-se ter: 21 a) Regressão simples. É o caso em que se considera a demanda relacionada a apenas uma variável causal. b) Regressão múltipla. Quando consideradas duas ou mais variáveis causais supostamente ligadas à demanda. Já para as séries temporais, são usadas algumas classes de médias que podem ser tiradas de valores passados da demanda. Igualmente são muito úteis os modelos de decomposição das séries temporais, envolvendo a determinação da linha de tendência obtida por meio de uma regressão que considera o tempo como variável ligada à demanda. Valores previstos pela linha de tendência podem, então, ser corrigidos para responder por outras características da demanda. 2.6.1 Métodos Qualitativos Os métodos qualitativos são muito subjetivos e dependem da sensibilidade e da experiência do analista. São técnicas normalmente mais onerosas e que exigem maior trabalho e dedicação que os métodos quantitativos de previsão. Podem-se citar algumas técnicas qualitativas: a) Opinião de Executivos: Quando não há histórico do passado, como é o caso em novos produtos, a opinião de especialistas pode ser a única fonte de informações para preparar a Previsão de Demanda. A abordagem consiste em combinar sistematicamente a opinião de especialistas para derivar uma previsão. Combinar previsões individuais pode ser feito de diferentes formas. Uma pessoa pode ser responsável pela preparação das entrevistas com os executivos e diretamente desenvolver um modelo único baseado nos resultados das pesquisas (Nahmias, 1993). b) Opinião da Força de Vendas: Desenvolver previsões com base na opinião do pessoal envolvido diretamente com as vendas pode ser uma alternativa atraente. Afinal, esses indivíduos mantêm contato 22 diário tanto com os produtos da companhia quanto com os consumidores, conhecem o desenvolvimento histórico dos produtos e percebem as evoluções do mercado (Moreira, 1998). c) Indicadores Econômicos: Essa técnica baseia-se em indicadores econômicos, os quais definem condições vigentes durante um determinado período de tempo. As empresas podem descobrir a existência de uma relação direta, ou correlação, entre as vendas de alguns ou de todos seus produtos e essas condições. Quando isso for verdade, a disponibilidade de indicadores apropriados proporcionará à companhia meios de estimar quais serão suas vendas. Segundo Mayer (1990), são usados freqüentemente alguns indicadores: • renda per capita; • nível de emprego; • Produto Interno Bruto; • preços ao consumidor; • depósitos bancários; • produção industrial. d) Pesquisas com Clientes: A lógica de se tomar a opinião dos consumidores liga-se ao fato de que, na realidade, são eles que determinam a demanda. Com freqüência, o número de consumidores potenciais é excessivo para que seja realizada pesquisa de opinião particular. Nesses casos, procede-se por amostragem, conduzindo-se o que se denominam pesquisas de mercado, as quais requerem conhecimentos técnicos especializados e exigem cuidado no seu planejamento. Organizar a estrutura da pesquisa, os instrumentos de coleta dos dados, o plano de execução e interpretar os resultados exige a presença de especialistas no assunto. Tomados os devidos cuidados, entretanto, e possuindo a 23 empresa os recursos financeiros e/ou humanos para realizar uma pesquisa de mercado, o método pode dar resultados compensadores (Moreira, 1998). 2.6.2 Métodos Quantitativos Já os métodos quantitativos de previsão utilizam modelos estatísticos baseados em dados históricos e são agrupados em análise de séries temporais e modelos causais. A análise de séries temporais baseia-se na idéia de que dados relacionados com a demanda do passado podem ser úteis para prever a demanda futura, isto é, a tendência que gerou a demanda no passado permanecerá gerando a demanda no futuro. Os modelos causais admitem que a demanda esteja relacionada com algum fator fundamental ou fatores no meio ambiente, e que ocorrem relacionamentos de causa e efeito. a) Métodos causais: Segundo Ballou (2006) as premissas básicas das técnicas causais sustentam que o nível da variável de previsão é derivado do nível de outras variáveis relacionadas. Brito, Campos e Leonardo (2006) descrevem que as técnicas causais têm o objetivo de explicar as variações de demanda a partir de fatores externos. Geralmente, a técnica causal é indicada para previsões de longo prazo, sendo os métodos de regressões lineares e múltiplos os mais conhecidos. b) Séries temporais: Segundo Bowersox e Closs (2006), essas técnicas se concentram inteiramente em padrões e eventos históricos e alterações desses padrões para gerar previsões. São métodos estatísticos que utilizam dados históricos para “prever” o futuro, ou seja, utilizam a premissa que os padrões de demanda existentes continuem no futuro. 24 A equação de demanda pode ser representada como a relação entre a quantidade demandada (a variável dependente) e diversas variáveis independentes. Segundo Hill (2003), a análise das relações quantitativas entre variáveis econômicas é objeto da Econometria, ramo da Economia que reúne um conjunto de técnicas estatísticas para testar as teorias econômicas. A aproximação de uma equação de demanda usando os modelos causais envolve as seguintes etapas: a) Identificação das variáveis; b) Coleta de dados; c) Especificação do modelo de demanda; d) Estimação dos parâmetros do modelo e sua interpretação; e) Desenvolvimento de previsões (estimativas) baseadas no modelo. Para desenvolver um modelo estatístico de demanda, deve-se inicialmente identificar as variáveis independentes que possivelmente influenciam a quantidade demandada. Essas variáveis podem ser população, renda per capita, PIB. Poucas vezes se obtém uma equação de demanda empírica que contenha mais de seis ou sete variáveis independentes. A variável que estamos tentando prever é chamada de variável dependente (designada por Y). As variáveis utilizadas para prever o valor da variável dependente são conhecidas como variáveis independentes (tais como: X1, X2 e X3). Após a identificação das variáveis, a próxima etapa consiste em coletar dados sobre elas. Algumas vezes, os dados não estão disponíveis na forma desejada e isso pode exigir que algumas variáveis do modelo sejam novamente especificadas, ou que transformações sejam feitas para alterar os dados para a forma requerida. Em seguida, o próximo passo consiste em especificar a forma da equação ou do modelo, o qual indica a relação entre as variáveis independente e a variável dependente. A forma funcional especificada da relação da regressão a ser estimada normalmente é escolhida para refletir com o máximo de precisão as verdadeiras relações de demanda. Muitas alternativas e variações podem ser testadas. Em função de muitas vezes não existir uma razão a priori para se esperar que uma forma indique 25 a verdadeira relação melhor que outra, inúmeras variações geralmente são estimadas para se saber a melhor adequação entre os dados para as variáveis independentes com a dependente. Uma maneira para descobrir qual forma funcional deve inicialmente ser testada pode ser conseguida colocando-se em um gráfico tais relações, como a variável dependente ao longo do tempo (caso seja uma série temporal) e cada variável independente em relação à variável dependente. Os resultados dessa análise preliminar indicarão se uma equação linear é mais apropriada ou se curvas logarítmicas, exponenciais ou outras transformações são mais adequadas. Segundo Davis (2001), normalmente a análise de séries temporais é utilizada em situações de curto prazo, enquanto que a previsão causal é geralmente aplicada em planejamento de longo prazo. Os modelos de previsão que uma empresa deve adotar dependem de uma série de fatores, incluindo: 1. Horizonte de previsão; 2. Disponibilidade de dados; 3. Precisão necessária; 4. Disponibilidade de pessoal qualificado. Outra técnica que se enquadra no método quantitativo é a rede neural. As redes neurais representam uma área relativamente nova e crescente de previsão. Trata-se de uma técnica de inteligência computacional, inspirada no funcionamento dos neurônios dos seres humanos. Diferentemente das técnicas de previsão estatísticas mais comuns, como a análise de séries temporais e a análise de regressão, as redes neurais simulam o aprendizado humano. Desta forma, com o passar do tempo e com o uso repetido, as redes neurais podem desenvolver um entendimento dos relacionamentos complexos que existem entre as entradas e saídas de um modelo de previsão. Por exemplo, em uma operação de serviço, estas entradas devem incluir fatores tais como histórico de vendas, condições meteorológicas, horário do dia, dia da semana e o mês. As saídas seriam o número de clientes esperados em determinado dia e em determinado 26 período. Além disso, as redes neurais realizam cálculos muito mais rapidamente do que as técnicas de previsão tradicionais. Davis (2001) cita o caso de uma distribuidora de eletricidade americana que já utiliza redes neurais para prever, no curto prazo, as necessidades de energia com sete ou até dez dias de antecedência. Anteriormente, apenas previsões de médio prazo, ou seja, três meses à frente, eram possíveis de se obter com as técnicas tradicionais. As redes neurais podem ser divididas em duas categorias gerais: as supervisionadas e as não-supervisionadas. Nos modelos supervisionados, dados históricos são utilizados para “treinar” o software. Nos modelos não supervisionados, nenhum treinamento ocorre. Em vez disso, o software pesquisa e identifica padrões que existem em um determinado conjunto de dados. Como desvantagens apresentadas pelas redes neurais, até o momento, citam-se a impossibilidade de fornecer um intervalo de confiança para as previsões e o fato de não conseguirem prever com um horizonte maior que o mensal, em função da necessidade de grande quantidade de dados de entrada. 27 3 PREVISÃO DE DEMANDA 3.1 Características da Previsão de Demanda A Previsão de Demanda é utilizada com vários objetivos em empresas com ou sem fins lucrativos. Por ser usada no controle e no planejamento de operações, seus dados devem estar disponíveis de uma maneira passível de tradução para itens específicos de matéria-prima, tempo em equipamentos e habilidade de mão-de-obra específica. Segundo Nahmias (1993), existem algumas características da Previsão de Demanda, tais como: a) Previsões são, em geral erradas. Por mais estranho que possa parecer, provavelmente esta é a mais ignorada e importante propriedade de quase todos os métodos de previsão. Via de regra, as previsões são feitas com bases em informações conhecidas. As necessidades de recurso para a programação de produção e compras requer modificações se a Previsão de Demanda estiver imprecisa. O sistema de planejamento deveria ser suficientemente robusto para ter capacidade de antecipar erros de previsão. b) Uma boa previsão é mais que um simples número. Já que as previsões são usualmente erradas, uma boa previsão também inclui alguma medida para antecipar o erro da previsão. c) Previsões agregadas são mais exatas. De acordo com a estatística, a variação da média de um conjunto de valores é menor que a variação de cada variável isolada. Este fenômeno também se aplica na Previsão de Demanda. O erro em uma previsão de uma linha inteira de produtos é menor que o erro da previsão de um item individualmente. d) Quanto mais longo for o horizonte da previsão, menos exata ela será. Trata-se de uma propriedade quase intuitiva. Pode-se 28 prever o dia de amanhã com mais exatidão do que um dia no próximo ano. Existem vários métodos disponíveis para se obter uma previsão, tendo como premissa alguns fatores, entre os principais: a) Disponibilidade de dados e recursos. Há certos métodos, mais sofisticados, normalmente envolvendo modelos matemáticos, que exigem, além de dados numéricos com certa abundância, a presença de profissionais com conhecimento necessário para trabalhar com os modelos. Também a existência de computadores, dependendo do número e variedade dos produtos, será imprescindível. b) Horizonte de previsão. Certos métodos mostram-se melhores para previsões de longo prazo (vários anos no futuro), enquanto outros são normalmente aplicados às previsões para períodos mais curtos, como meses, semanas ou até dias. Os métodos de previsão possuem algumas características semelhantes entre si, destacando-se: a) Métodos de previsão de um modo geral assumem que as mesmas causas que estiveram presentes modelando a demanda, permanecerão no futuro, ou seja, o comportamento do passado é a base para inferências sobre o comportamento do futuro. b) Métodos não direcionam a resultados perfeitos, sendo a chance de erro tanto maior quanto maior for o horizonte de previsão. Isso acontece porque os fatores aleatórios, que nenhuma previsão consegue incorporar, passam a exercer cada vez mais influência. 29 Apesar disso, muitos métodos disponibilizam recursos para prever dentro de um intervalo de valores com certa precisão. Além do mais que há possibilidade de se controlar o erro da previsão de forma que, se ele aumentar expressivamente, se tenha a oportunidade de mudar para outro método mais adequado. 3.2 Etapas de um Modelo de Previsão De acordo com Dalvio F. Tubino (2006), o modelo de previsão da demanda pode ser dividido em cinco passos conforme mostra a figura abaixo. Objetivo do Modelo Coleta e Análise dos Dados Seleção da Técnica de Previsão Obtenção das Previsões Monitoração do Modelo Figura 1: Etapas do Modelo de Previsão da Demanda A primeira etapa serve para definir a razão pela qual será necessário prever; o produto que será previsto e o grau de confiabilidade desta previsão. A etapa seguinte consiste em coletar e analisar os dados históricos do produto, no sentido de identificar e desenvolver a técnica de previsão que melhor se adapte. Depois disso, define-se a melhor técnica de previsão que podem ser qualitativas, baseadas na opinião de especialistas e as quantitativas que consiste na análise de dados históricos através de modelos matemáticos. 30 Com a escolha da técnica de previsão, podem-se obter as projeções de demanda ou vendas futuras e, à medida que estas previsões forem sendo calculadas, deve-se comparar com as demandas reais alcançadas para que se possa efetuar um monitoramento do modelo, calculando o erro obtido. 3.3 Caracterização da Demanda 3.3.1 Análise Estrutural Segundo Buarque (2003), a análise estrutural é uma técnica utilizada no apoio aos estudos de elaboração de cenários e tem por objetivo mapear as variáveis que concorrem para a definição final da variável objeto de prospecção, fazendo a separação daquelas com maior poder de influência no sistema com as menos influentes. Essa técnica é bastante apropriada para a simulação prospectiva de variáveis complexas como é o caso da demanda de energia elétrica. Observando a técnica da análise estrutural, podemos estabelecer as seguintes definições para as variáveis envolvidas na formação da demanda de energia elétrica: a) Variáveis de resultados: É formado pelo conjunto de variáveis mais importantes por que dizem respeito ao objeto final dos cenários. Destacam-se as seguintes variáveis de resultados: - Demanda de energia elétrica: refere-se ao total de energia elétrica requisitada pelo mercado, que se desagrega principalmente em três grandes grupos: demandas residencial, industrial e comercial; - Demanda residencial de energia elétrica: está relacionada às necessidades de energia elétrica expressas ao mercado pelo conjunto de residências ligadas às redes de distribuição; - Demanda industrial de energia elétrica: por sua vez está ligada às necessidades de energia elétrica expressas ao mercado pelo conjunto de indústrias que compõem o setor produtivo; 31 - Demanda comercial de energia elétrica: está relacionada às necessidades de energia elétrica expressas ao mercado pelo conjunto de unidades comerciais e fornecedoras de serviços. b) Variáveis de ligação: Essas variáveis são conhecidas por influenciarem diretamente no comportamento das variáveis de resultados, mas que são ao mesmo tempo determinadas por outras. Essas variáveis medem os impactos das variáveis determinantes sobre as de resultados, por isso, são chamadas de ligação. Um exemplo bem claro é a variável consumo médio residencial. É uma variável de definição da demanda residencial e, ao mesmo tempo, mostra os efeitos da evolução da renda das famílias, da tecnologia dos equipamentos, dos hábitos de consumo. c) Variáveis determinantes: São definidas por exercerem grande influência sobre o comportamento das variáveis de ligação ou mesmo diretamente sobre a variável de resultado. São exemplos: os investimentos sociais em educação e saúde, a evolução das tarifas que deve expressar, no longo prazo, a evolução dos custos marginais. A Figura abaixo representa os três tipos de variáveis de forma esquemática. Figura 2: Tipos de Variáveis para Análise Estrutural 32 De acordo com o fluxograma acima, a demanda de energia elétrica é uma variável de resultado que depende de uma ampla gama de fatores que, na maioria dos casos, estão fora do controle dos agentes envolvidos, sejam eles consumidores ou supridores. Esta dependência assume contornos de grande complexidade, pois envolve variáveis interdependentes e com efeitos cruzados entre si, cobrindo desde variações climáticas até decisões de política energética, tecnológica, industrial. 3.3.2 Demanda Residencial A demanda de energia da classe residencial apresenta um universo de variáveis determinantes muito distintas das outras classes de consumo, sendo que algumas variáveis se mostram como resultantes do comportamento de outras. Sendo assim, configura-se numa rede de causalidade à semelhança de uma árvore com vários pontos de convergência e afunilamento de efeitos, gerando as variáveis de ligação, que se combinam mais à frente para produzir novas sínteses até o resultado final. 3.3.2.1 Influência da População A variável de grande importância no desempenho da demanda residencial de energia elétrica é a população. Esta variável possui relativo grau de autonomia, porém se comporta como função do ritmo de evolução das migrações determinadas pelos fatores de expulsão e atração, e das taxas de natalidade e mortalidade. As taxas de natalidade e mortalidade estão condicionadas pela evolução do grau de educação e renda das famílias, além da cobertura à saúde e das condições gerais relativas à qualidade de vida. 3.3.2.2 Influência da Quantidade de Domicílios Outra variável relevante na análise da demanda de energia elétrica residencial é a evolução do comportamento do número de domicílios ligados à rede de 33 distribuição. A variável número de domicílios com energia elétrica depende de outras duas, a evolução do estoque de domicílios (urbanos e rurais) e da taxa de atendimento, ou seja, do ritmo de ligação desses domicílios à rede de distribuição tornado-os unidades consumidoras. 3.3.2.3 Influência do Consumo Médio por Residência Finalizando, outra variável determinante do comportamento da demanda residencial de energia elétrica está relacionada ao consumo médio das residências ligadas à rede de distribuição. Esta variável reflete o nível de posse de equipamentos elétricos, por parte das famílias, assim como da intensidade de uso dos mesmos. Uma das variáveis relevantes que influenciam no consumo médio residencial é a evolução da renda. Quando este parâmetro se encontra em crescimento, gera reflexos positivos sobre o nível de aquisição de equipamentos, já a evolução das tarifas e dos preços em geral gera efeito contrário. A temperatura também tem uma grande influência no consumo médio residencial. Quando se tem altas temperaturas, há um aumento considerável no nível de consumo por consumidor devido ao maior uso de equipamentos eletrodomésticos, já temperaturas mais amenas refletem em um consumo médio mais baixo. O processo contínuo de avanço tecnológico, refletido na eficiência energética dos equipamentos, a implementação de campanhas de estímulo à economia e racionalização do uso, entre outras, diminuem a intensidade de uso dos equipamentos elétricos no interior das residências, reduzindo assim, a taxa de consumo médio residencial. 3.3.3 Demanda Industrial O comportamento da demanda de energia elétrica da classe industrial pode ser analisado em dois grupos bastante distintos do ponto de vista do consumo: o dos consumidores não intensivos em energia elétrica, que são a maioria e recebem a designação de tradicionais, e os consumidores intensivos em energia elétrica, 34 denominados especiais. Também apresenta uma gama de variáveis determinantes para a classe de consumo. 3.3.3.1 O Nível de Produção Industrial O desempenho do produto industrial é bastante influenciado pela própria dinâmica da economia nacional e, mais especificamente, pelas mudanças estruturais na formação do produto nacional. Desse modo, importa definir, em conformidade com as condições de contorno estabelecidas em cada cenário, a contribuição do produto industrial na formação do produto interno bruto. Todavia, vale registrar que a evolução da distribuição setorial de longo prazo do PIB brasileiro segue os padrões observados em todos os países em desenvolvimento. 3.3.3.2 A Intensidade Energética Outra variável de ligação, mais complexa e com uma extensa rede de relacionamentos, refere-se à intensidade de uso da energia elétrica na geração do produto industrial. Neste caso, esta variável agrega os efeitos de várias outras, com principal destaque para a evolução da eficiência energética dos processos de produção, a qual depende do ritmo de inovações tecnológicas. 3.3.3.3 Os Consumidores Eletrointensivos Entre os consumidores industriais de energia elétrica, um de grande peso é composto pelas grandes cargas, que são caracterizados por possuírem níveis de consumos de energia bem acentuados e os eletrointensivos, onde a energia elétrica é fundamental para o processo de produção. Alguns dos segmentos que fazem parte desse conjunto de consumidores, para efeito de estudos de comportamento da demanda futura de energia elétrica, são os seguintes gêneros indústrias: Cimento, Alumínio, Siderurgia (Aço e Gusa), Ferroligas, Papel, Celulose, Petroquímica, Soda-cloro, Pelotização e Cobre. 35 3.3.4 Demanda Total de Energia Elétrica A definição da dinâmica da demanda futura total de energia elétrica é analisada a partir da intensidade energética, isto é, da relação consumo de energia elétrica por unidade de PIB agregado. As principais classes que impactam na demanda total de energia são: residencial, industrial e comercial. 3.4 Metodologia de Previsão de Carga das Distribuidoras de Energia Elétrica Os principais objetivos das previsões de demanda das distribuidoras são: a) Definir os montantes de energia e potência elétricas a contratar, para atendimento ao mercado da área de concessão; b) Sinalizar a receita empresarial com a comercialização de energia para os consumidores cativos e disponibilização da rede de distribuição para os consumidores livres; c) Subsidiar os programas de investimento para reforço e expansão do sistema elétrico, bem como os de operação e manutenção; d) Apoiar as ações para redução das perdas de energia. A metodologia tradicional de previsão de carga das distribuidoras de energia elétrica brasileiras considera três atividades básicas: a) A elaboração de cenários da atividade econômica e do comportamento demográfico; b) O acompanhamento do desempenho histórico do mercado da área de concessão; c) A utilização de modelos estatísticos de previsão, associados com algum tipo de pesquisa direta, aplicada a grandes consumidores. 36 No estudo em análise, será apresentada a técnica para a previsão de carga utilizando dados da Companhia Energética do Estado do Ceará (COELCE). Será utilizada uma ferramenta computacional, Eviews 5.1, para realizar a estimativa de carga em um horizonte de 5 anos. Após a obtenção desses dados, são incorporadas as novas cargas, que se enquadram os Projetos do Governo do Estado e de iniciativa privada. 3.4.1 Cenários de Previsão No ponto anterior, na caracterização da demanda, ficou claro que o consumo de energia elétrica é influenciado por inúmeras variáveis interdependentes e com efeitos cruzados entre si, que podem ser desde variações climáticas até decisões de política energética, tecnológica, industrial. Com isso, é fundamental que seja elaborado diversos cenários da evolução do consumo de energia, tendo como ponto de partida um conjunto de condições básicas, com o intuito de facilitar as previsões de demanda. As análises e os estudos de cenários têm sido a cada dia uma forma crescente disseminada na área de planejamento estratégico, seja de grandes empresas ou de governos, por mostrar um referencial de futuros alternativos em face dos quais decisões serão tomadas. À proporção que aumentam as incertezas em quase todas as áreas, cresce também a necessidade de análise sobre as perspectivas futuras da realidade em que se vive e diante da qual se planeja. O método de cenários é uma tecnologia que incorpora vários instrumentos, várias técnicas de organização e sistematização de dados que se utiliza do conhecimento científico para lidar com eventos e processos e para construir tendências lógicas e consistentes. Entretanto, os estudos de futuro não estão limitados ao sentimento das pessoas. O estudo de cenário é uma arte que precisa de um grande empenho técnico para organizar, analisar e avaliar a probabilidade dos eventos e das alternativas e, ao mesmo tempo, simular, de forma racional, a consistência das suposições e das percepções de eventos futuros, segundo Schwartz (2003). 37 3.4.2 Acompanhamento da Evolução da Demanda O acompanhamento da evolução da demanda de uma distribuidora de energia elétrica corresponde ao conjunto de avaliações quantitativas e qualitativas de dados e informações de mercado. Assim, os analistas devem ter sempre condições de criar mecanismos para: a) Enumerar os fatos relacionados a desvios no comportamento do mercado; b) Verificar a regularidade ou não dos fenômenos observados; c) Apresentar uma explicação para as regularidades e seus desvios; d) Interpretar esses fatos; e) Identificar associações, determinações e causalidades verificadas entre as regularidades. A metodologia de análise de mercado deve permitir: • A identificação das categorias relevantes; • A identificação das variáveis explicativas do comportamento de cada categoria relevante; • O tratamento das séries históricas. 3.4.2.1 Identificação das Categorias Relevantes Esta fase tem como finalidade principal identificar as classes de consumo com maior importância para fins de energia consumida, ou seja, aquelas que têm uma parcela representativa tanto no consumo total como na receita da distribuidora. A apuração das categorias relevantes deve considerar os seguintes aspectos: a) Faixa de incerteza nas previsões, que indica a “probabilidade” de desvios significativos; 38 b) Impacto econômico esperado dos desvios, caso venham a ocorrer, em termos dos seguintes parâmetros: - Volumes comercializados, ou seja, compra e venda de energia no ambiente de contratação regulada e no de contratação livre; - Impactos tarifários, em função do repasse autorizado de custos de aquisição de energia às tarifas de suprimento. A fim de um melhor entendimento e estudo de cada classe de consumo, cujos desvios de projeção apresentem impactos econômicos significativos, deve-se identificar e analisar seus padrões de comportamento histórico. Esses padrões serão úteis como referencial para a análise de possíveis desvios que venham a ocorrer no futuro. A condição necessária para a identificação das classes relevantes requer vários mecanismos de análise de dados quantitativos. Um dos mecanismos utilizados são os Índices, que são parâmetros que possibilitam mensurar a importância de uma determinada classe no resultado da soma de todas as categorias que formam o montante de energia elétrica. Sabendo que o mercado de qualquer distribuidora é composto por diversas classes de consumo, é fundamental conhecer a representatividade de cada classe para diversos itens relativos à estrutura do mercado como, por exemplo: • Índice de participação do número de consumidores por classe no total; • Índice de participação de cada classe nas receitas; • Índice de participação de consumo de cada classe no total. 39 3.4.2.2 Identificação das Variáveis Explicativas Realizada a primeira etapa de definição das categorias relevantes, o próximo passo é estabelecer o grau de importância ou influência de cada classe no comportamento da demanda total, segundo a metodologia descrita a seguir. Esta etapa tem como objetivo identificar os fatores setoriais e sistêmicos que influenciam o comportamento de cada classe de consumo relevante. A confecção deste passo se dá pela montagem de uma matriz de classe onde são inclusos os fatores determinantes. A finalidade é de levantar uma lista homogênea de variáveis que explicam o comportamento da demanda. Essas variáveis facilitarão na análise e possibilitarão construir um banco de dados para apoiar nas reflexões e no acompanhamento quantitativo do mercado de energia. Sintetizando, a matriz de análise busca estabelecer dependências, tanto qualitativas quanto quantitativas, entre variáveis explicativas e dependentes e sua montagem se dá através de alguns pontos: • Análise da lista de variáveis para a seleção das que sejam consideradas mais relevantes pelas classes envolvidas no estudo; • Aplicação da ponderação das variáveis, ou seja, para cada incógnita deverá atribuir pesos de acordo com o nível de impacto esperado sobre o comportamento de cada classe de consumo. 40 A matriz pode ser elaborada de acordo com o modelo abaixo: Tabela 1: Matriz de Análise Estrutural Fatores Classe de consumo Residencial Industrial Comercial PIB Nacional PIB Estadual População Número de Domicílios Tarifa de Energia Eficientização Estímulo ao Consumo Renda Disponível Taxa de Câmbio Perdas Comerciais 3.4.2.3 O Tratamento das Séries Históricas Uma determinada série histórica deve apresentar consistência nos seus dados e também permitir uma análise do que se passou. Quando o analista se depara com séries temporais monetárias, o primeiro passo é depurá-la para que todos os seus valores fiquem em uma mesma base. Essa condição é indispensável para realizar comparação de dados. No caso do mercado de energia elétrica, para contornar as oscilações, as séries históricas passaram por um filtro. Um exemplo clássico de oscilação aconteceu no período de maio de 2001 a fevereiro de 2002, devido ao racionamento de energia, com isso, as séries do consumo das distribuidoras brasileiras foram consideravelmente afetadas. De uma forma geral, as séries permitem na montagem de tabelas e de gráficos, pelos quais permitirão ao analista encontrar relações entre as variáveis, possibilitando o estudo de: • Comportamento mensal dos consumos e comparativos entre inúmeros anos; 41 • Comportamento de toda a série histórica, tentando verificar se ocorreu alguma oscilação na trajetória de crescimento do consumo; • Consumo típico mensal; • Homogeneização de uma série, auxiliando em melhores comparações, devido a uma mesma base de análise; • Dados previstos e realizados; • Estrutura do consumo por classe; • Taxas de expansão anuais; • Taxas de crescimento mês a mês, doze meses sobre doze meses e mês de um ano de referência sobre os demais. A variável de controle, consumo total, pode obter um comportamento de expansão a taxas altas e estáveis, de modo a facilitar na estimação dos dados quando as outras incógnitas permanecem constantes. A segunda hipótese é ter um crescimento com variações acentuadas e sem padrão de comportamento, requerendo assim, um estudo mais minucioso das causas das perturbações. Outra possibilidade é ter um crescimento com variações cíclicas ao longo do tempo, tendo como exigência por parte do analista, a descoberta do fator cíclico para avaliar e prever se tal distúrbio permanecerá no futuro. 3.4.3 Aplicação de Modelos Estatísticos de Previsão A técnica de previsão adotada pelas distribuidoras é normalmente aplicar os modelos de regressão. Esta técnica possui uma vantagem de combinar, ao mesmo tempo, as séries temporais com as variáveis causais e tem como finalidade montar uma série como função do próprio dado histórico e também de outras variáveis explicativas. Em econometria, os modelos geralmente têm uma estrutura definida, em função de considerações teóricas. Uma das dificuldades do modelo está na estimação dos parâmetros. 42 A estratégia empregada para construir um modelo de regressão se dá inicialmente por um mais simples para, em seguida, serem incorporadas novas variáveis até que seja encontrado um modelo adequado e de menor erro. O principal desafio na elaboração não está tanto na escolha das variáveis a serem inseridas no modelo, mas sim nas defasagens temporais destas variáveis. Deve-se levar em consideração na definição do modelo adequado não apenas a significância dos parâmetros, mas também uma seqüência lógica entre as variáveis. Um exemplo bem claro está na demanda por um produto, que geralmente é afetado por seu preço. Aumentando o preço, espera-se uma redução na demanda, e vice-versa. Então, se o modelo de regressão de vendas em preço apresenta um coeficiente positivo para a variável preço, logo fica bem definido uma inconsistência no modelo. Resumindo, a escolha de um modelo de regressão não é satisfeita apenas no ajuste dos parâmetros adequado, e sim verificando se os coeficientes estimados estão coerentes. 43 4 RISCOS DEVIDO ÀS INCERTEZAS NA PREVISÃO 4.1 Riscos na Previsão de Demanda Toda previsão qualquer que seja ela, traz consigo um risco. Do ponto de vista operacional, o risco de modelo é o que se apresenta com maior importância, levando-se em conta o grau de incerteza envolvido no processo de previsão da demanda. Os impactos das previsões de demanda, assim como as possíveis causas dos desvios de previsão podem ser vistos com maiores detalhes abaixo. 4.1.1 Impacto das Previsões de Demanda Cada previsão de demanda de uma distribuidora de energia elétrica está associada a um risco que pode ser inicialmente avaliado a partir dos impactos que tais previsões provocam sobre algumas de suas principais operações: a) Vendas: A receita de uma distribuidora é alcançada a partir do mercado de vendas de energia previsto para o período tarifário assim como pela tarifa média da empresa. b) Expansão do sistema elétrico: Todo processo de planejamento da expansão da rede de distribuição começa com a previsão da demanda do seu mercado. As previsões sinalizam cenários do sistema elétrico que determinarão um programa de obras para a área de concessão. A tomada de decisão de por em prática esses programas de obras reflete os futuros custos financeiros, que, por sua vez, o nível tarifário da distribuidora. Analisando apenas a previsão do mercado de energia elétrica e o reflexo na tarifa, sabe-se que para uma previsão superior ao valor realizado, implicará em um grande volume ou antecipação de obras, indicando em um maior nível tarifário. Agora, se a previsão for inferior ao valor ocorrido, desencadeará em uma série de obras emergenciais, 44 de maior custo que a anterior, tendo assim, investimento e tarifas superiores ao que seria necessário. c) Aquisição do insumo energia elétrica: Analisando as regras de contrato de energia previstas para a nova sistematização do setor elétrico no Brasil, as distribuidoras tiveram um maior cuidado em obter previsões coerentes, assim como atingir a minimização do erro, devido às sanções. Essas penalidades estão em não reconhecer integralmente, por parte do regulador, os diversos custos de aquisição no repasse às tarifas, tendo como reflexo uma tarifa mais barata. d) Dimensionamento do insumo potência elétrica: Toda distribuidora precisa dimensionar a potência elétrica ou demanda máxima coincidente. Isso serve para que o seu sistema esteja capacitado para atender tantos os clientes cativos como os livres. Este último é um cliente que compra energia de fora, porém usa a rede de distribuição da empresa para ser atendido. 4.1.2 Motivos de Desvios nas Previsões Os inevitáveis desvios nas previsões de demanda têm origem nas inúmeras fontes de incertezas pertencentes ao modelo, onde se pode destacar: • Dados apurados: Probabilidade de erros de medição em variáveis; • Modelo: Inadequação na função, na defasagem e na distribuição dos erros; • Insumo: Oscilações anômalas na oferta de energia elétrica. Na visão da distribuidora, esses desvios nas previsões podem ser reduzidos através de um maior controle em relação aos dados históricos de consumo e de mais variáveis relevantes, assim como pelo processo de modelagem da previsão de demanda. 45 Os parâmetros básicos na montagem da previsão são os dados históricos de consumo, assim como as outras variáveis relevantes que interferem na demanda. Com isso, é de fundamental importância que as distribuidoras preservem pela qualidade dos dados de mercado e que promovam medidas no intuito de obter qualidade e disponibilização das outras séries relevantes. 4.2 Erros Originados do Modelo de Previsão Para cada modelo de previsão, tem-se um erro característico. A seguir detalharemos alguns tipos de previsão com as peculiaridades dos possíveis erros. 4.2.1 Modelos de Previsão a) Previsões de pontos e de intervalos: São previsões que prevêem apenas um número em cada período de previsão, enquanto as previsões de intervalos sinalizam uma faixa dentro do qual se espera que se situe o valor que se realizará. Geralmente essas 2 previsões fornecem uma mesma margem de erro. b) Previsões incondicionais e condicionais: Em previsão incondicional, os valores de todas as variáveis explicativas de previsão são conhecidos. Um exemplo disso é uma indústria cuja produção mensal P(t) esteja relacionada linearmente com duas variáveis Y1 e Y2, porém com atrasos de 2 e de 3 meses, respectivamente. P(t) = b0 + b1 Y1 (t-2) + b2 Y2(t-3) + ε(t) Essa equação pode ser utilizada para gerar previsões incondicionais de P(t) em tempos futuros de 1 e 2 meses. Para se prever o resultado de P(t) em 2 meses, será usado o valor corrente de Y1 e o valor do mês passado de Y2, sendo que esses 2 valores já são conhecidos. 46 Outro modelo de previsão é a condicional. Nele, os valores de uma ou mais variáveis explicativas não são conhecidas pelo analista, de tal forma que é necessário utilizar também previsões para gerar a estimativa de uma variável dependente. Pelo fato de estimar variáveis relevantes na modelagem da previsão, é incorporado incerteza no processo de previsão, gerando assim, uma margem de erro. Utilizando a equação anterior para estimar o valor de P(t) em 3 meses, seria necessário também fazer a previsão de Y1(t) um mês futuro, tornando a previsão de P(t) condicional em relação a variável Y1(t). 4.3 A Natureza do Erro de Previsão As previsões quando são oriundas de um modelo de regressão de uma só equação, estão sujeitas a alguns erros: a) A forma aleatória do processo da soma dos erros na modelagem de regressão linear faz com que as previsões tenham desvios dos valores corretos da série mesmo que toda a estrutura do modelo esteja perfeitamente especificada; b) A sistematização de previsão dos parâmetros do modelo gera um erro por serem dados aleatórios, sendo assim, podem oscilar em relação aos reais valores dos parâmetros; c) A previsão condicional através de sua metodologia traz consigo erros oriundos da estimação dos valores das variáveis explicativas em um intervalo em que está sendo realizada a previsão condicional; d) A própria equação mal elaborada, ou seja, a função não está coerente com a dinâmica das variáveis em análise. 47 5 ESTUDO DE CASO 5.1 Critérios Metodológicos Para a obtenção das previsões do mercado de energia da COELCE são considerados os seguintes pressupostos: 1. Análise histórica do mercado de energia lida (medida) a nível de classe e subclasse e tensão de fornecimento de 1973 até 2009; 2. Análise histórica dos requisitos totais (mercado + perdas) de energia elétrica; 3. Implantação e ampliação de cargas significativas; 4. Variáveis exógenas ao setor elétrico tais como: PIB Brasil, População, etc; 5. Programas do Governo Federal e Estadual; 6. Projetos habitacionais e de irrigação. A previsão do mercado de energia elétrica é calculada com base em modelos econométricos, utilizando o software Eviews 5.1, combinando a teoria econômica com técnicas estatísticas. Este método se baseia em uma estimação de relações causais entre as variáveis dependentes e fatores que afetam as variáveis independentes. Uma das vantagens do método utilizado é que permite conhecer os impactos separados de variáveis independentes - PIB, População, etc, sobre as variáveis dependentes. A previsão agregada das vendas físicas é obtida a partir da previsão da carga própria (requisito) retirando-se as perdas, que é determinada de acordo com a política da distribuidora. Na previsão, devem-se agregar eventos conhecidos que possam influenciar no comportamento de cada classe como, racionamento, implantação / ampliação de carga e saída de grandes clientes. 48 A seguir, é ilustrado o fluxograma da previsão de demanda. Foi adotada a previsão a partir da carga própria por ter uma melhor resposta de previsão e também por possuir um erro mínimo. Figura 3: Fluxograma de Previsão 5.2 Previsão Adotada pela Distribuidora Coelce No estudo em análise, serão avaliadas as previsões de consumo da distribuidora do Estado do Ceará no horizonte de 2010 a 2014. Os dados anuais de consumo serão medidos e abrangerá uma série histórica desde 1973 até 2009. Para a implementação prática foi utilizado um pacote de software denominado EVIEWS 5.1. O principal objetivo deste pacote será analisar as séries temporais de forma rápida, eficiente e com qualidade. A figura 4 mostra o consumo para as principais classes, onde pode ser verificado o efeito redutor decorrente do racionamento nos anos de 1987 e 2001, assim como a recuperação do consumo a partir de 2003. 49 Consumo por Classe - GWh 3.000 GWh 2.000 1.000 Residencial Industrial 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 - Comercial Figura 4: Consumo por classe desde 1973 Outra constatação que pode ser feita é no consumo industrial. A crise financeira internacional contribuiu para a redução de consumo no final do ano de 2008 e tendo uma repercussão ao longo do primeiro semestre de 2009, tendo como conseqüência, uma curva com consumo mais constante nos últimos 3 anos. Pode-se analisar também o comportamento do consumo total da distribuidora ao longo da série histórica. A figura a seguir descreve a dinâmica do consumo do Estado do Ceará. Consumo Total - Gwh 9.000 GWh 6.000 3.000 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 - Figura 5: Consumo Total do Ceará desde 1973 50 Na figura 5, fica bem nítida a mudança na curva do consumo devido ao efeito do racionamento, provocando uma considerável redução no consumo de energia elétrica. 5.3 Ferramenta Computacional O software Econometric Views, também chamado de E-Views, é um pacote estatístico desenvolvido por economistas e com a maioria de aplicações na Economia, mas pode ser usado em outras áreas. Ele é um programa comercial utilizado pela Coelce em que produz regressões e previsões, desenvolve relações estatísticas entre os dados e usa estas relações para prever valores futuros da série. As áreas onde o EViews pode ser útil são: previsão de vendas, análise de custos, previsões em análises financeiras, simulação e previsão macroeconômica, análise científica e avaliação de dados. A estimação de regressão do E-Views é feita utilizando a técnica de mínimos quadrados residual. Após a estimação da regressão linear utilizando os mínimos quadrados, pode-se fazer a análise dos resultados da previsão, porém devem ser detalhadas algumas estatísticas de ajuste para uma melhor compreensão do estudo: Os resultados gerados mostrados na tabela 2 são os seguintes: 1. Na parte superior aparecem algumas informações referentes ao tipo de método usado, o tamanho da amostra, data e hora em que foi gerado o modelo e quem é a variável dependente em questão. 2. O meio da tabela mostra informações a respeito dos coeficientes estimados na regressão: Valor do coeficiente, desvio padrão, estatística t e p-valor. 3. No final da tabela, aparecem as estatísticas de ajuste calculadas pelo E-Views. 51 As estatísticas de ajuste calculadas pelo E-Views são: • R2 - É a fração da variabilidade da variável dependente explicada pelas variáveis independentes. • R2 Ajustado - É a fração da variabilidade da variável dependente explicada pelas variáveis independentes ajustadas de acordo com o tamanho da amostra e número de parâmetros. • S.E. of regression - O erro padrão da regressão é uma medida resumo baseada na variância estimada dos resíduos. • Sum of Squares Residual - A soma de quadrados residual pode ser usada em uma variedade de cálculos estatísticos, e é apresentada separadamente por conveniência. • Log Likelihood - E-Views reporta o valor da função de logverossimilhança (assumindo erros normalmente distribuídos) avaliada nos valores estimados dos coeficientes. • Durbin-Watson Statistic - A estatística de Durbin-Watson (DW) mede a correlação serial nos resíduos. Como regra, DW deve estar perto de 2 para indicar ausência de autocorrelação ou ausência de correlação serial. • Akaike Information Criteria (AIC) - O AIC é freqüentemente usado na seleção de modelos. Modelos que apresentam os menores valores de AIC são os preferidos. • Schwarz Criterion (SC) - O Critério de Schwarz é uma alternativa ao AIC que impõe uma penalidade alta para coeficientes adicionais. • Prob(F-Statistic) e Prob - A estatística-F testa a hipótese de que todos os coeficientes de inclinação (excluindo a constante, ou o intercepto) são nulos. Tabela 2: Resultados do Modelo E-Views 52 5.4 Análise das Variáveis Explicativas A previsão da demanda total é obtida a partir de um modelo estatístico causal. Além de apresentar menor erro de previsão, o modelo reúne algumas variáveis explicativas como o próprio histórico de consumo, o PIB Brasil, além dos dois racionamentos. O fato do PIB Ceará não está presente no modelo é explicado pelo aumento no erro da previsão. A variável população também se enquadra no mesmo problema. O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma de todos os serviços e bens produzidos num período (mês, semestre, ano) numa determinada região (país, estado, cidade, continente). O PIB é expresso em valores monetários (no caso do Brasil em Reais). Ele é um importante indicador da atividade econômica de uma região, representando o crescimento econômico. Vale dizer que no cálculo do PIB não são considerados os insumos de produção (matérias-primas, mão-de-obra, impostos e energia). Carga Própria é definida como sendo a energia necessária para atender o mercado incluindo as perdas de distribuição. Sendo assim, o método de previsão será realizar a estimativa da carga própria para os próximos 5 anos e, em seguida, subtraise as perdas inerentes ao processo de distribuição de energia. Após a resposta da simulação do programa, deve-se adicionar o consumo das grandes cargas contidas no planejamento da concessionária. Para análise, segue abaixo gráfico da carga própria do Estado do Ceará. Carga Própria - GWh 10.000 5.000 2.500 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 0 19 73 GWh 7.500 Figura 6: Carga Própria desde 1973 53 Outro parâmetro relevante utilizado no modelo de previsão é o PIB Brasil. Na figura 7, tem-se os valores desde 1973 até 2009 realizado e, para os próximos 5 anos, foi feita uma estimação dos dados de acordo com os relatórios do Banco Central. PIB Brasil 106 R$ 106 R$ 3.600.000 2.600.000 1.600.000 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 600.000 Figura 7: PIB Brasil 106 R$ desde 1973 Observando o gráfico anterior, nota-se uma queda no PIB nacional no ano de 2009. Isso se deve a crise financeira internacional que atingiu vários países no mundo. A evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do país nos últimos anos foi marcada por um comportamento cíclico, de acordo com figura 8, alternando crescimentos anuais de 5,7% (2004 e em 2007) e de -0,2% (2009), sendo este ano impactado pela crise internacional. Para os próximos 5 anos foi projetado um crescimento tendo como base estudos de previsão do banco central. Variação do PIB Brasil (%) 5,7% 5,7% 5,1% 4,0% 3,5% 3,2% 4,1% 4,3% 4,2% 4,0% 2011 2012 2013 2014 1,1% -0,2% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Figura 8: Crescimentos do PIB Brasil 54 A variação do crescimento do PIB brasileiro é atribuída basicamente aos reflexos das crises internacionais, uma vez que nosso país é fortemente dependente de capitais externos e de produtos do exterior. Mesmo não utilizando o PIB Ceará, as populações estadual e nacional, assim como o número de domicílios do estado, seguem os gráficos para conhecimento. PIB Ceará 103 R$ 103 R$ 100.000 70.000 40.000 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 10.000 Figura 9: PIB Ceará 103 R$ desde 1973 Pode-se concluir que o PIB Ceará está em plena ascensão. A inclinação da curva fica bem acentuada a partir de 2005. A seguir, são mostradas as taxas de crescimento do PIB do Estado do Ceará. Para o ano de 2009, enquanto que o PIB Brasil recuou 0,2%, o PIB do Ceará apresentou um avanço de 3,1%. Para os outros anos, são projetadas expansões acima do avanço do PIB nacional. Variação do PIB Ceará (%) 9,7% 9,7% 8,2% 6,5% 4,3% 4,8% 3,6% 4,1% 7,0% 7,5% 2013 2014 3,1% 0,6% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Figura 10: Crescimentos do PIB Brasil 55 Em seguida, tem-se o perfil da população tanto estadual quanto nacional. Ambas têm um crescimento médio anual de 1,1%. População Ceará em Milhões 10 Milhões 8 6 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 4 Figura 11: População do Ceará em Milhões desde 1973 Na projeção da população estadual para os 5 anos, tem-se uma suavização no crescimento da população, ou seja, a curva apresenta um avanço mais contido. População Brasil em Milhões 220 180 160 140 120 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 100 19 73 Milhões 200 Figura 12: População do Brasil em Milhões desde 1973 Na projeção da população nacional para os 5 anos, também observa-se uma suavização no crescimento da população. 56 Outro comportamento para análise é o número de domicílios do Estado do Ceará. A taxa média de crescimento anual é de 2,4%. Número de Domicílios Ceará 3.000.000 2.500.000 2.000.000 1.500.000 1.000.000 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 19 73 500.000 Figura 13: Domicílios do Ceará desde 1973 5.5 Descrição dos Passos da Previsão Após a descrição das variáveis explicativas, procedeu-se a simulação da carga própria para os anos de 2010 até 2014. Usando o programa, criou-se 4 séries de dados, chamados: • CREQ – Representa a série histórica da carga própria desde o ano de 1973 até 2009; • PIBNOVO – Representa os dados do PIB Brasil realizados para os anos de 1973 até 2009 e estimados para os outros 5 anos; • RAC87 – Simboliza o racionamento ocorrido no ano de 1987; • RAC01 – Indica o outro racionamento que se deu no ano de 2001. Depois de criadas e atualizadas todas essas séries, fez-se a estimação de uma equação que leva em conta esses parâmetros citados acima. 57 Durante a simulação, os resultados ficaram mais ajustados quando se utilizou a defasagem para as variáveis CREQ e PIBNOVO. Também o erro padrão da regressão apresentou-se menor. 5.6 Resultados da Previsão Na tabela abaixo, têm-se os resultados gerados pela regressão linear: Tabela 3: Quadro de Resultados da Regressão Dependent Variable: LOG(CREQ) Method: Least Squares Date: 23/05/10 Time: 11:15 Sample (adjusted): 1974 2009 Included observations: 36 after adjustments Variable LOG(CREQ(-1)) LOG(PIBNOVO(-1)) RAC87 RAC01 R-squared Adjusted R-squared S.E. of regression Sum squared resid Log likelihood Coefficient Std. Error t-Statistic 0.931610 0.013555 6.872.896 0.076917 0.014096 5.456.530 -0.131910 0.040320 -3.271.553 -0.142045 0.041022 -3.462.635 Mean dependent var 0.997553 S.D. dependent var 0.997324 Akaike info criterion 0.039719 Schwarz criterion 0.050483 Durbin-Watson stat 6.717.171 Prob. 0.0000 0.0000 0.0026 0.0015 1.500.396 0.767787 -3.509.539 -3.333.593 1.893.574 Os principais pontos para a confecção da equação são os coeficientes das variáveis explicativas. Tabela 4: Coeficientes dos parâmetros da Previsão Variável LOG(CREQ(-1)) LOG(PIBNOVO(-1)) RAC87 RAC01 Coeficiente 0.931610 0.076917 -0.131910 -0.142045 58 Na modelagem utilizada, a série histórica da carga própria participa com o maior coeficiente, sinalizando ser a variável mais importante na previsão de demanda. Outra variável com peso no modelo é o PIB Brasil. Já o racionamento entra no modelo com um fator redutor de consumo, sendo explicitado através do coeficiente negativo. Outro ponto importante é S.E. of regression (erro padrão da regressão). O desvio do modelo de previsão adotado está em torno de 4%. Assim, a equação estimada para a carga própria será dada pela seguinte função: LOG(CREQ) = 0.931610*LOG(CREQ(-1)) + 0.076917*LOG(PIBNOVO(-1)) 0.131910*RAC87 - 0.142045*RAC01 Em seguida é gerado um gráfico com a série histórica da carga realizada até 2009 e outra aplicando, para o mesmo período, a equação estimada pela simulação. 17 16 15 14 .15 13 .10 .05 .00 -.05 -.10 1975 1980 1985 Residual 1990 1995 Ac tual 2000 2005 Fitted Figura 14: Curvas de carga realizada x estimada desde 1973 59 Nota-se uma boa estimação da equação, visto que a curva da carga própria simulada pela função (Fitted) está bem aderente à carga realizada (Actual), pois a reta de regressão estimada se ajusta aos dados realizados em 99,73%. Dessa forma, espera-se que a previsão para os próximos 5 anos esteja também muito próxima da carga realmente consumida. Após a simulação, a série de dados CREQ, onde se encontra a série histórica da carga própria desde o ano de 1973 até 2009, disponibilizará os dados previstos para os anos de 2010 até 2014. Segue a seguir os valores estimados pelo programa. Tabela 5: Carga Própria Estimada dos 5 anos 2010 2011 2012 2013 2014 Carga Própria - GWh 9.330 9.815 10.322 10.855 11.414 O próximo passo para previsão de carga é incorporar as novas cargas. Essa etapa faz parte do planejamento da distribuidora, tendo em um horizonte de 5 anos, o montante de consumo que será atendido pelo incremento de grandes cargas, como indústrias, comércios e projetos do governo estadual. De acordo com o planejamento da distribuidora em estudo, segue consumo para o horizonte de 5 anos. Tabela 6: Novas Cargas Projetadas para os 5 anos 2010 2011 2012 2013 2014 Novas Cargas - GWh 30 91 192 271 356 60 Somando a carga própria estimada pelo programa às novas cargas, tem-se a carga própria total. Abaixo, tem um resumo de cada segmentação e a carga própria total. Tabela 7: Carga Própria Total no Horizonte Estimado Carga Própria 2010 9.330 2011 9.815 2012 10.322 2013 10.855 2014 11.414 Unidade: GWh Novas Cargas 30 91 192 271 356 Total 9.361 9.905 10.514 11.125 11.770 A seguir, apresentaremos a curva da carga própria já com os dados estimados para o horizonte de 2010 até 2014. Carga Própria Prevista - GWh 12.000 10.000 6.000 4.000 2.000 20 13 20 11 20 09 20 07 20 05 20 03 20 01 19 99 19 97 19 95 19 93 19 91 19 89 19 87 19 85 19 83 19 81 19 79 19 77 19 75 0 19 73 GWh 8.000 Figura 15: Carga Própria com Previsão dos 5 anos Observa-se uma tendência de ascensão no consumo, fato que se iniciou logo após o racionamento de 2001. Com a carga própria já estimada, deve-se agora retirar as perdas, resultando no mercado de vendas de energia elétrica. 61 Abaixo, tem-se a meta das perdas para os próximos 5 anos. Tabela 8: Perdas de Distribuição em % 2010 2011 2012 2013 2014 Perdas de Distribuição (%) 12,07 12,05 12,02 12,00 11,95 Já estimada tanto a carga própria quanto as perdas, o mercado será a carga própria desconsiderando-se as perdas de distribuição, ou seja: Mercado = Carga Própria x [1- Perdas(%)] Tabela 9: Mercado Projetado (GWh) Carga Própria (GWh) 9361 9905 10514 11125 11770 2010 2011 2012 2013 2014 Perdas de Distribuição (%) Mercado Total (GWh) 12,07 8231 12,05 8712 12,02 9250 12,00 9790 11,95 10364 Para título de informação, o consumo estimado por classe é feito através da sazonalidade de cada atividade de consumo. Com o mercado projetado para cada ano, é calculada a participação anual de cada classe através de uma média dos últimos 5 anos, com isso, é encontrado o montante de consumo anual para cada classe. Após isso, é feita uma nova sazonalidade agora dentro de cada classe. O objetivo agora é encontrar a participação de consumo para cada mês. Também pegase uma amostra dos últimos 5 anos para se ter uma boa aproximação do perfil de consumo para os 12 meses do ano. Após isso, é encontrado o consumo mensal de cada classe. 62 6 GESTÃO DE RISCOS DAS PREVISÕES E SUA APLICAÇÃO 6.1 Introdução Um dos pilares do novo modelo do setor elétrico no Brasil é o tipo de contratação de energia para os consumidores através de leilões de mínimo custo, de modo a separar a compra de energia nova, objetivando a expansão da oferta, assim como a compra de energia existente, visando à renovação dos contratos que estão se encerrando. Além disso, ainda existem dois tipos de leilões de energia nova, o A-5 e A-3 (para suprimento de 5 e 3 anos após a compra, respectivamente), que incentiva o menor período de construção de determinadas usinas termoelétricas, mesmo a um preço maior que o de usinas que precisam de um prazo maior de construção, que são as hidrelétricas. 6.2 Uso dos Meios Regulatórios Através do Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004, são apresentados alguns instrumentos regulatórios que as distribuidoras de energia elétrica são obrigadas a cumprir no gerenciamento de riscos referentes ao mercado de energia, destacando o principal: • Todo agente de consumo está obrigado a contratar 100% de sua carga. Este Decreto propõe diretrizes para a contratação de 100% de toda a carga que está na área de concessão estabelecida pela União. 6.2.1 Repasse às tarifas Tendo como meta induzir a contratação eficiente, a principal limitação ao repasse às tarifas é que: • A distribuidora pode repassar os montantes contratados até 103% de sua carga própria. Este limite visa aumentar a segurança do 63 sistema de distribuição, já que reconhece a incapacidade de uma previsão perfeita da demanda, estabelecendo assim, o limite aceitável para erros nesta projeção, de modo a garantir que os contratos sejam no mínimo iguais à carga. 6.3 Aplicação da Gestão de Riscos Nesse estudo, são avaliadas as previsões de demanda da distribuidora e a estratégia desenvolvida para a declaração de suas necessidades de energia elétrica no horizonte de 2010 a 2014 no novo contexto regulatório brasileiro. 6.3.1 Previsão de Mercado As previsões do mercado de energia foram auferidas usando como referência o consumo medido histórico, o software de previsão EVIEWS 5.1 e informações relevantes da conjuntura econômica da área de concessão, assim como do país. 6.3.2 Carga Própria Prevista Considerando o mercado total e as perdas inerentes, a carga própria para a distribuidora, no cenário de referência, é apresentada na tabela abaixo. Tabela 10: Projeção da Carga Própria (GWh) ANO Cenário de Referência (GWh) 2010 9361 2011 9905 2012 10514 2013 11125 2014 11770 Transformando a carga própria (GWh) em MW médios, ou seja, multiplicando o consumo por 1000 e, em seguida, dividindo pela quantidade de horas do ano, tem-se: Tabela 11: Projeção da Carga Própria (MW médios) ANO Cenário de Referência (MW médios) 2010 1069 2011 1131 2012 1197 2013 1270 2014 1344 64 6.3.3 Estratégia de Contratação Estabelecendo a árvore de cenários, adotou-se o erro médio percentual, obtido no modelo de previsão da distribuidora (4%), de modo que foram definidas as trajetórias de taxas de crescimento. Tabela 12: Taxas de Crescimento da Demanda Ano Cenário alto Cenário de referência Cenário baixo 2010 9,8% 5,6% 1,4% 2011 10,0% 5,8% 1,6% 2012 10,1% 5,9% 1,6% 2013 10,3% 6,1% 1,9% 2014 10,0% 5,8% 1,6% O cenário de referência foi obtido pelo MW médio projetado para o horizonte de 5 anos na tabela 11. O cenário alto foi utilizando o erro de +4%, enquanto que o cenário baixo foi usando o erro de -4% na previsão de carga. 6.3.4 Contratação Máxima As possibilidades de contratação adicional futura, sem risco de penalidade, por sobrecontratação de 3% ficará: Tabela 13: Montante de Energia (MW médios) Ano 2010 2011 2012 2013 2014 Demanda Prevista 1069 1131 1197 1270 1344 Demanda Contratada 1101 1165 1233 1308 1384 % Carga 103% 103% 103% 103% 103% 65 6.3.4.1 Análise Gráfica dos Resultados Para os resultados encontrados, foram traçadas curvas-limite de contratação: MW médios Cenários de Previsão de Demanda (MW médios) 1600 1500 1400 1300 1200 1100 1000 2010 2011 Demanda Prevista 2012 2013 2014 Demanda Contratada Figura 16: Possibilidades de Demanda e de Contratos da Distribuidora 6.3.5 Penalidades 6.3.5.1 Subcontratação Se a distribuidora não estiver contratada na totalidade da demanda, então deverá solicitar o montante necessário no mercado de curto prazo da CCEE (Câmara de Comercialização de Energia Elétrica) pelo preço de liquidação das diferenças (PLD), sendo repassado aos clientes, através das tarifas, o menor valor entre o PLD e o valor de referência da energia comprada pela distribuidora (VR). Dessa forma, a distribuidora terá uma penalidade por ficar com os custos da compra de energia, não podendo passar para os consumidores finais. Também é aplicada uma penalidade no maior valor entre o VR e o PLD. Dessa forma, para cada MW médio abaixo de 100% da demanda, é cobrado um custo pela diferença da compra (PLD) e o repasse (menos valor entre o VR e o PLD), somando a multa, que é o maior valor entre o PLD e o VR. Penalidade Subcontratação (para cada MW médio) = PLD – Min [VR, PLD] + Max [VR, PLD]. 66 6.3.5.2 Sobrecontratação Já a contratação acima de 103% da demanda tem como conseqüência que a distribuidora ficará completamente com os custos de compra, também sem poder repassar à tarifa. Para cada MW médio acima de 103% da demanda, é incidido um custo pela diferença entre o preço de compra (VR) e de liquidação no mercado de curto prazo (PLD), caso este último seja inferior ao VR. Penalidade Sobrecontratação (para cada MW médio) = VR – PLD 67 7 CONCLUSÕES E SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS Neste trabalho apresentou-se uma metodologia para obtenção de previsões de demanda de energia elétrica. O método foi desenvolvido motivado pela atual sistemática de contratação de energia imposta às concessionárias. Nela, concessionárias são solicitadas a pré-contratar a demanda por energia em um período de três anos, dos quais o mais recente está sujeito a revisões e ajustes. Utilizando dados de 1973 a 2009, foram estimados modelos de demanda por energia elétrica, obtendo a previsão de demanda para o horizonte de 5 anos. Apesar da utilização no modelo, optou-se por não utilizar os dados de 2001 e 2002 na sazonalidade do mercado, uma vez que o racionamento de energia elétrica, iniciado em 01 de junho de 2001 e encerrado em 01 de março de 2002, alterou o comportamento dos consumidores, que tiveram de se adaptar às metas estipuladas pelo governo. Desta forma, a inclusão de tais dados comprometeria os resultados de estimação, devido à mudança no padrão de consumo das classes. O modelo matemático proposto no método, baseado em modelos matemáticos de regressão, combinado a informações subjetivas obtidas, gerou previsões consistentes subsidiando na tomada de decisão. A obrigatoriedade de se contratar energia por longo prazo com antecedência de 3 anos, de modo a atender 100% da sua demanda, impôs às distribuidoras de energia elétrica do Brasil o aperfeiçoamento de sua metodologia de previsão de demanda, assim como incorporar à tomada de decisão a análise dos riscos envolvidos. De um modo geral, cumpre ressaltar que o desenvolvimento de modelos de previsão é de interesse fundamental por parte dos diversos agentes do setor elétrico. As empresas de distribuição necessitam de maior precisão em suas previsões de demanda, a fim de reduzirem seus riscos. Para fins de planejamento, também necessitam desses estudos, como ferramentas de tomadas de decisão referentes à alocação de investimentos. Em suma, previsões de crescimento de demanda, como as realizadas neste estudo, poderão servir de subsídio ao planejamento estratégico do setor elétrico, e a metodologia aqui construída permite que tais previsões levem em consideração os efeitos do racionamento de 2001/2002 sobre a carga própria. As previsões para o 68 período em questão, por sua vez, corroboram a constatação recente de que após o racionamento os consumidores de todas as classes estão, aos poucos, retomando os seus antigos hábitos de consumo. É recomendável um aperfeiçoamento da análise de variabilidade das previsões de demanda para dar maior consistência ao método empregado. Também deve-se fazer uma melhor avaliação como ferramenta de mitigação de riscos do mecanismo de compensação de sobras e déficits (MCSD), complementando o conjunto de instrumentos à disposição das distribuidoras. 69 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Morettin, G. A, Toloi, C. M. Análise de series temporais. Edgar Blunher. São Paulo, 2006. Lima, F.G. Um método de análise e previsões de sucessões cronológicas unidimensionais lineares e não-lineares. São Paulo, 2004. Rodrigues, G.H.N. Reflexões sobre as Previsões do Futuro. São Paulo, 2007 Newbold, P., Statistics for Business & Economics, Prentice Hall, 4th edition, 1995 Corrar, L.J., THEÓPHILO, C. R. Pesquisa Operacional – Para decisão em contabilidade e administração. Atlas. São Paulo, 2004. Ferreira, L.M. Gestão da cadeia de abastecimento: Modelos de Previsão. São Paulo, 2005. Moreira, A. G,. Métodos de Previsão e suas Aplicações; São Paulo, 1998. Nahmias, T. H. , Técnicas de Previsão e Exemplos Práticos. São Paulo, 1993. Hill, R. 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