FUNÇÃO DE RESPOSTA DO MILHO VERDE IRRIGADO À ADUBAÇÃO NITROGENADA E POTÁSSICA EM TERESINA, PI M. Simeão1; M. J. L. Oliveira1; A. E. S Oliveira2; K. S. Alves2; F. E. P. Mousinho3 RESUMO: Este trabalho objetivou a avaliar a resposta produtiva do milho verde à aplicação deadubação nitrogenada e potássica. O experimento foi realizado no Colégio Agrícola de Teresina (CAT/UFPI). O milho verde AG 1051 foi instalado em um delineamento experimental em blocos ao acaso com parcelas subdivididas, sendo os tratamentos primários doses de adubação nitrogenada (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha-1) na forma de uréia e os secundários quatro doses de potássio (0, 60, 120, e 180 kg ha-1) na forma de cloreto de potássio, com quatro repetições. O experimento foi irrigado por um sistema de irrigação por aspersão fixo, sendo o turno de rega diário e as lâminas baseadas na evapotranspiração da cultura. Nas condições do estudo o máximo rendimento estimado, 10466 kg.ha-1, foi obtido com uma aplicação de 130,9 kg ha-1 de nitrogênio e 4 kg ha-1, de potássio. A superfície de resposta do rendimento de milho verde em função da adubação nitrogenada e potassica, mostrou que o nitrogênio teve um efeito mais significativo do que a adubação potassica no rendimento de espigas de milho verde. Palavras -Chave: Produtividade, Zea mays L., Função de Produção PRODUCTIVITY OF MAIZE COBS GREEN IN FUNCTION OF NITROGEN AND POTASSIUM ABSTRACT: This study aimed to analyze the productivity of ears of corn under different levels of nitrogen and potash. The experiment was conducted at Agricultural College Teresina (CAT / UFPI). The cultivation of corn was installed in a randomized complete blocks with split plots being the primary treatment doses of nitrogen fertilization (0, 75, 150, 225 and 300 kg ha 1 ) as urea and secondary four doses of potassium fertilizer (0, 60, 120, and 180 kg ha -1) in the form of potassium chloride, with four replications. The experiment was irrigated by a sprinkler irrigation system, and the daily irrigation frequency and depths based on crop evapotranspiration. Under the conditions of the study the maximum estimated yield, 10,466 kg ha-1 was obtained with an application of 130.9 kg ha-1 nitrogen and 4 kg ha-1 potassium. The response surface of the green corn yield as a function of nitrogen and potassium, showed that nitrogen had a more significant effect than potassium fertilization on yield of corn.The response surface of the corn yield as a function of nitrogen and potassium, showed that nitrogen has a more significant effect than the potassium fertilizer on yield of corn. KEYWORDS: Productivity, Zea mays L., Production Function 1 Aluno de Engenharia Agronômica – DEAS/CCA -Universidade [email protected] 2 Aluno de Mestrado em Agronomia – CCA – Universidade Federal do Piauí 3 Engenheiro Agrônomo, Professor Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI Federal do Piauí, Teresina-PI, M. Simeão et al. INTRODUÇÃO O milho (Zea mays L.) é um dos alimentos vegetais importantes para a humanidade, devido a sua elevada produtividade, valor nutritivo e pelas diversas formas de utilização na alimentação humana e animal, in natura e na indústria de alta tecnologia. Embora os números relativos à produção de milho-verde sejam mais modestos do que os relativos à produção de grãos, seu cultivo no Brasil cresce a cada ano devido ao valor agregado ao produto e seus derivados (VIEIRA, 2007). O mercado de milho para alimentação humana é promissor, em especial na região Nordeste do País, onde o cultivo de milho-verde ocorre, atualmente, durante todo o ano, em sistema irrigado. Os maiores produtores mundiais de milho-verde são os Estados Unidos, seguidos da Nigéria e da França, sendo esta a detentora das maiores produtividades de milho-verde (VIEIRA, 2007). No Piauí, a maior produção e o consumo de milho verde ocorrem na Grande Teresina, região formada por treze municípios piauienses e do município maranhense de Timon (SEPLAN-PI, 2002), com uma população superior a 1,2 milhão de habitantes. Nessa região, na estação chuvosa (janeiro/maio), o milho é cultivado em condições de sequeiro, com o uso principalmente de variedades e híbridos duplos não indicados especificamente para produção de milho-verde; no período de junho/dezembro, são utilizados cultivos irrigados por aspersão convencional, com uso predominante de híbridos duplos com versatilidade de uso. A cultura do milho direcionada para a comercialização de espigas verdes no período de entressafra demanda a utilização de irrigação e de um sistema de produção mais tecnificado, no qual a adubação nitrogenada e potássica desempenham papel de suma importância, estando entre os fatores que mais influenciam a produtividade dessa cultura. O N, juntamente com o K, são os nutrientes mais extraídos por essa cultura (COELHO, 2007). Assim, quando se desejam produtividades elevadas, torna-se necessário complementar a quantidade nitrogênio e potássio através da adubação (COELHO et al., 1992, AMADO et al., 2002). Para a produção de espigas verdes, o N tem sido responsável pelo aumento do seu rendimento, sendo seu efeito influenciado também por outros fatores, como genotípicos e ambientais. Trabalhos têm demonstrado o efeito da adubação nitrogenada sobre a produtividade de espigas para consumo verde. Silva et al. (2000) encontraram produtividade máxima de 11700 kg ha-1 de espigas verdes comerciais com palha com a aplicação de 151 kg ha-1 de N. Com adubação nitrogenada de 120 kg parcelada aos 25 e 45 dias, Silva & Silva (2003) obtiveram produtividade de 10900 kg ha-1 de espigas empalhadas. Por sua vez, produtividade mais elevada, da ordem de 21,4 t ha-1 de espigas verdes com palha, foi obtida por Cardoso et al. (2010), com a aplicação de 160 kg ha-1 de N. Este trabalho teve como objetivo avaliar resposta do milho para a produção de espigas verdes à adubação nitrogenada e potássica . MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na área experimental do Colégio Agrícola de Teresina (CAT), vinculado à Universidade Federal do Piauí, em Teresina - PI, situado a 5º 05’ 21’’ de latitude Sul e 42º 48’ 07’’de longitude Oeste. M. Simeão et al. O solo da área experimental é classificado como Argissolo vermelho-amarelo (EMBRAPA, 1999). O preparo do solo foi constituído de uma gradagem cruzada a uma profundidade aproximada de 0,25m. A cultura do milho AG1051 foi implantada em um espaçamento entre fileiras de 0,9m e uma população de 3 plantas por metro linear, A adubação foi realizada de acordo com a recomendação da análise de solo para a cultura, exceto a adubação potássica e nitrogenada que foi aplicada de acordo com os tratamentos, sendo dividida em três aplicações sendo 1/3 na semeadura e o restante em doses iguais aos 10 e 40 dias após a germinação. O sistema de irrigação utilizado foi por aspersão convencional fixo, com aspersores espaçados 12 x 12m, e vazão média de 0,6m³ h-1 a uma pressão de operação de 20mca. O turno de rega foi diário e as lâminas calculadas com base na evapotranspiração da cultura, sendo para isto utilizada a evapotranspiração de referência que estimada diariamente pelo método de Penmam-Monteith e os coeficientes de cultivo para cada fase fenológica da cultura. O delineamento experimental foi em blocos ao acaso com parcelas subdivididas sendo os tratamentos primários doses de adubação de nitrogênio (0, 75, 150, 225 e 300 kg ha -1) na forma de uréia e os secundários quatro doses de adubação potássica (0, 60, 120, e 180 kg ha-1) na forma de cloreto de potássio. A partir dos dados do rendimento de espigas de milho verde em função das doses de nitrogênio e potássio foram realizadas análises de regressão visando obter um modelo matemático que melhor representasse a variação do rendimento do milho em função das doses de nitrogênio e potássio aplicadas para a obtenção da superfície de resposta da produtividade de milho verde em função da adubação nitrogenada e potássica. RESULTADOS E DISCUSSÃO A analise de variância do rendimento de espigas de milho verde (Tabela 1) mostrou que apenas a interação entre doses de nitrogênio e doses de potássio foi significativa a 5% pelo teste F. Após a análise de regressão o modelo que melhor se ajustou aos dados de rendimento de milho verde em função da adubação nitrogenada e potássica foi o descrito na equação 01, sendo um modelo raiz quadrada. Para este modelo o coeficiente de determinação foi 0,9279, considerado alto. Y=4769,503-43,6973N+6,7934K+1000,124N0,5-26,5521K0,5 (01) em que: Y= rendimento dop milho verde (kg ha-1); N= nitrogênio (kg ha-1); K=potássio (kg ha-1) A superfície de resposta do rendimento de milho verde em função da adubação nitrogenada e potássica, Figura 1, mostrou que o nitrogênio tem um efeito mais significativo do que a adubação potassica, fato evidenciado pela maior curvatura da linha do fator dose de nitrogênio na superfície de resposta. De acordo com o modelo escolhido o máximo rendimento do milho seria obtido com a aplicação de 130,9 kg ha-1 de nitrogênio e 4 kg ha-1, de potássio, resultando em um rendimento máximo de 10466,2 kg ha-1 de milho em espiga M. Simeão et al. CONCLUSÕES Nas condições do estudo o máximo rendimento estimado, 10466 kg.ha-1, foi obtido com uma aplicação de 130,9 kg ha-1 de nitrogênio e 4 kg ha-1, de potássio. A superfície de resposta do rendimento de milho verde em função da adubação nitrogenada e potassica, mostrou que o nitrogênio teve um efeito mais significativo do que a adubação potassica no rendimento de espigas de milho verde. Tabela 1. Analise de variância de produtividade de espigas sem palha de milho verde em diferentes doses de adubação nitrogenada e potássica F.V. G.L. S.Q. Q.M. F Blocos 3 15237226.71 5079075.57 0.8608 ns Dose de N (Ta) 4 29108156.80 7277039.20 1.2333 ns Resíduo-a 12 70804118.25 5900343.18 Parcelas 19 115149501.76 Dose de K (Tb) 3 17122233.54 5707411.18 2.4616 ns Int. TaxTb 12 56583784.44 4715315.37 2.0337 * Resíduo-b 45 104336119.79 2318580.43 Total 79 293191639.55 MG = 5734.43 CV% = 20.35 DMS = 2872.80 * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < .05) ns não significativo (p >= .05) Figura 1. Superfície de resposta do rendimento de espigas de milho verde, kg ha-1, em função das doses adubação nitrogenada e potássica, kg ha-1, REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMADO, T. J. C.; MIELNICZUK, J.; AITA, C. Recomendação de adubação nitrogenada para o milho no RS e SC adaptada ao uso de culturas de cobertura do solo, sob sistema plantio direto. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, MG, v. 26, n. 1, p. 241-248, 2002. CARDOSO, M. J.; SILVA, A. R.; GUIMARÃES, L. J. M.; PARENTONI, S. N.; SETUBAL, J. W. Produtividade e espiga verde de milho sob diferentes níveis de nitrogênio. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), p. S3786-S3789, 2010. M. Simeão et al. COELHO, A. M.; FRANÇA, G. E.; BAHIA FILHO, A. F. C.; GUEDES, G. A. A. Doses e métodos de aplicação de fertilizantes nitrogenados na cultura do milho sob irrigação. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Campinas, v. 16, p. 61-67, 1992. COELHO, A. M. Manejo da adubação nitrogenada na cultura do milho. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 11p. (Embrapa Milho e Sorgo. Circular Técnica, 96), 2007. EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: EMBRAPA, Rio de Janeiro, 1999. 412p. SECRETARIA DE PLANEJAMENTO DO ESTADO DO PIAUÍ ( SEPLAN-PI ). O grande Piauí que queremos: relatório de consulta à sociedade. Teresina: SEPLAN, 2002. 158 p. SILVA, P. S. L.; DINIZ FILHO, E. T.; GRANJEIRO, L. C.; DUARTE, S. R. Efeitos de níveis de nitrogênio e da aplicação de deltametrina sobre os rendimentos de espigas verdes e de grãos de milho. Revista Ceres, Viçosa, MG, v. 47, p. 75-87, 2000. SILVA, P. S. L.; OLIVEIRA, F. H. T.; SILVA, P. I. B. Efeitos da aplicação de nitrogênio e densidades de plantio sobre os rendimentos de espigas verdes e de grãos de milho. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 21, p. 452-455, 2003. SILVA, P. S. L.; SILVA, P. I. B. Parcelamento da adubação nitrogenada e rendimento de espigas verdes de milho. Horticultura Brasileira, Brasília, DF, v. 21, p. 150-153, 2003. VELOSO, M. E. C.; DUARTE, S. N.; DOURADO NETO, D.; MIRANDA, J. H.; SILVA, E. C.; SOUZA, V. F. Doses de nitrogênio na cultura do milho, em solos de várzea, sob sistema de drenagem subterrânea. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, Sete Lagoas, v. 5, n. 3, p. 382-394, 2006. VIEIRA, M. A. Cultivares e população de plantas na produção de milho- verde.2007. 78 f. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.