Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia CONTECC’ 2015 Centro de Eventos do Ceará - Fortaleza - CE 15 a 18 de setembro de 2015 VIABILIDADE ECONÔMICA DO MILHO VERDE EM FUNÇÃO DE DIFERENTES DOSES DE ADUBAÇÃO JACKSON TEIXEIRA LOBO1 *, WITALO DA SILVA SA LES2 , YTA LO ROBERTO PEREIRA DAMACENO3 , JOSÉ FA BRICIO A LVES FEITOSA 4 , FELIPE THOMAZ DA CAMARA 5 1 Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE.Fone: (88) 99266-2592, [email protected] m Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE. Fone: (88) 99962-1046, [email protected] m 3 Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE. Fone: (88) 9468-6085, [email protected] 4 Discente Agronomia, UFCA, Crato-CE. Fone: (88) 99962-1046, [email protected] m 5 Professor adjunto Agronomia, UFCA, Crato-CE, [email protected] 2 Apresentado no Congresso Técnico Científico da Engenharia e da Agronomia – CONTECC’ 2015 15 a 18 de setembro de 2015 - Fortaleza-CE, Brasil RESUMO: O milho (Zea mays L.) é uma cultura de grande importância econômica, seu cultivo destinado à produção de milho verde tem aumentado consideravelmente. Baseado nisso, o presente trabalho tem como objetivo, avaliar a viabilidade econômica da produção de milho verde submetido a diferentes quantidades de adubos minerais. O experimento foi conduzido no Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade da UFCA, Crato-CE, e o milho utilizado foi um híbrido transgênico da Morgan, o 20A55, cultivado em Argissolo Vermelho Amarelo. O sistema de irrigação utilizado foi de microaspersão. O delineamento em blocos casualizados para as cinco adubações adotadas, com três repetições cada. As cinco doses de adubação de fundação e cobertura foram: 0, 50, 100, 150 e 200% da dose recomendada para a cultura. A colheita foi realizada aos 80 dias após a semeadura, quando a maior parte das plantas apresentava espigas no ponto ideal para consumo “in natura”. Todos os dados foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade. Os resultados evidenciaram que o tratamento com 100% da adubação recomendada apresentou os maiores acréscimos na receita e é, portanto o mais viável economicamente. PALAVRAS–CHAVE: Custos, lucros, receita, Zea mays L. ECONOMIC VIABILITY OF GREEN CORN IN DIFFERENT FERTILIZATION DOSES FUNCTION ABSTRACT: Corn (Zea mays L.) is a crop of great economic importance, its cultivation for the corn production has increased considerably. Based on this, the present study aims to assess the economic viability of corn production under different amounts of mineral fertilizers. The experiment was conducted at the Centre for Agricultural Sciences and Biodiversity UFCA, Crato-CE, and corn was used a transgenic hybrid Morgan, 20A55, grown in Alfissol. The irrigation system used was microaspersion. The randomized block design for the five adopted fertilization, with three repetitions each. The five founding fertilizer levels and coverage were: 0, 50, 100, 150 and 200% of the recommended dose for culture. Plants were harvested at 80 days after sowing, when most of the plants had spikes in the sweet spot for consumption "in nature". All data were submitted to analysis of variance and the comparison test of Tukey at 5% probability. The results showed that treatment with 100% of the recommended fertilization showed the largest increases in revenue and is therefore the more economically viable. KEYWORDS: costs, profits, revenue, Zea mays L. INTRODUÇÃO O cultivo de milho (Zea mays L.) para a produção de milho verde vem crescendo de forma significativa, principalmente em função de sua lucratividade; a comercialização em forma de grãos verdes possui valor muito maior, quando comparado ao tradicional grão seco. Além disso, essa exploração geralmente é conduzida em pequena escala, e sua produção absorve principalmente a mãode-obra familiar, que contribui para a geração de empregos no campo, particularmente na época da colheita, que é realizada manualmente (Cruz et al., 2006). São várias as aplicações para as quais as espigas de milho no estádio verde são comercializadas no Brasil, desde o consumo de espigas cozidas, assadas ou para processamento como mingau, pamonha, sorvete, bolos, entre outros (Santos et al., 2005). Quando se busca a maximização da produção são vários os fatores que podem influenciar o rendimento da cultura do milho, como o potencial produtivo do híbrido utilizado, as condições climáticas da região, a densidade de plantas, e as condições nutricionais e fitossanitárias do agroecossistema (Dourado Neto et al., 2003). Avanços tecnológicos no cultivo de milho, como a utilização de híbridos de desempenho elevado, alterações do espaçamento e densidade de semeadura, associados a melhorias da fertilidade do solo e práticas de adubação, tem proporcionando incrementos significativos em sua produtividade (Von Pinho et al., 2009). Diversos trabalhos demonstram o efeito positivo da adubação com NPK nos componentes de produção para a cultura do milho, com diversos benefícios sobre distintas características agronômicas, diâmetro caulinar, número de grãos/espiga, peso da espiga com e sem palha, rendimento de grãos pela cultura e, ainda, aumento na produção de massa de matéria seca da parte aérea (Gonçalves Júnior et al., 2007). A aplicação de determinada tecnologia influi, diretamente, nos custos de produção e determina, também, a produtividade da lavoura. Dessa forma, é necessário o acompanhamento dos custos que envolvem o sistema de produção, pois, durante levantamento das despesas, é possível identificar tanto elementos responsáveis pelo bom desempenho da lavoura, como os possíveis pontos de estrangulamento do empreendimento agrícola (Vasconcelos et al., 2002). Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo, verificar a viabilidade econômica da produção de milho verde em função das diferentes doses de adubação mineral. MATERIAL E MÉTODOS O presente trabalho foi realizado no Centro de Ciências Agrárias e da Biodiversidade da Universidade Federal do Cariri, Crato - CE, situando-se a 442 m de altitude, com latitude sul de 7º 14’ 3,4” e longitude oeste de 39º 22’ 7,6”, em um solo classificado como Argissolo Vermelho Amarelo. A constituição química na camada de 0-20 cm foram: pH (1:2,5 H 2 O): 6,0; P (melich-1): 3,0 mg dm-3 ; K: 0,13 mmolc dm-3 ; Ca: 5 mmolc dm-3 ; Mg: 6 mmolc dm-3 ; CTC: 35,35 mmolc dm-3 e V (%): 53. Utilizou-se o delineamento em blocos casualizados para as cinco doses de adubação em estudo, com três repetições para cada uma. A adubação de fundação e cobertura correspondeu aos valores de 0, 50, 100, 150 e 200% da dose recomendada para a cultura. A dose de adubação foi calculada com base na análise de solo e nas recomendação da Embrapa para a cultura do Milho (Embrapa, 2010). A adubação base (100%) utilizada na semeadura foi 100 kg ha-1 de sulfato de amônio, 135 kg ha -1 de Cloreto de Potássio e 650 kg ha -1 de superfosfato simples, e em cobertura foi utilizado 700 kg ha-1 de sulfato de amônio, parcelada em duas aplicações, a primeira entre V3 e V4 e a segunda entre V6 e V7. As variações das doses de adubação foram calculadas tomando por base as quantidades supracitadas. Cada parcela experimental continha quatro fileiras de milho espaçadas entre si em 0,8 m com cinco metros de comprimento, totalizando uma área de 16 m2 . O milho utilizado foi um híbrido transgênico da Morgan, denominado 20A55, com tecnologia Power Core. A semeadura foi realizada através da abertura de sulcos espaçados a 80 cm e a 10 cm de profundidade, com a deposição do adubo de fundação de acordo com os tratamentos. Após cobrir com aproximadamente 5 cm de solo o adubo depositado, procedeu-se a semeadura manual do milho adotando espaçamento de 30 cm entre covas, foram depositadas entre 2 e 3 sementes por cova e aos 20 dias após a semeadura (DAS) realizou-se o desbaste, deixando apenas uma planta por cova, o correspondente a uma população de 41.667 plantas ha -1 . O sistema de irrigação utilizado foi de microaspersão, com a vazão média por aspersor de 80L.h-1 e raio de 3 metros. Eles ficaram a uma altura de aproximadamente 60 cm do solo e espaçados a 3 metros entre micro e entre linhas, proporcionando uma lâmina de irrigação de aproximadamente 8,88 mm.h-1 , com o turno de rega sendo efetuado a cada dois dias. O manejo das plantas daninhas foi realizado no momento da primeira adubação de cobertura, com aplicação de glifosato, por meio de bomba costal, na dose de 2,5 L ha-1 (1.200 g ha -1 do ingrediente ativo). A colheita foi realizada aos 80 dias após a semeadura, quando a maior parte das plantas apresentava espigas no ponto ideal para consumo “in natura”. Todas as espigas colhidas da parcela experimental foram pesadas separadamente, devido à grande variação de tamanho dentro de cada parcela experimental. Em seguida foram separadas por tamanho, compreendendo quatro faixas (Refugo – Inferiores a 100 gramas; Pequenas – Peso entre 101 e 150 gramas; Médias – Peso entre 151 e 200 gramas; e Grandes – Superiores a 200 gramas). Esta escala foi selecionada em função da aceitação e comercialização das mesmas no mercado local de Juazeiro do Norte – CE. Os valores pagos para cada tamanho de espigas é de 0,20; 0,33 e 0,50 reais por espiga, para espigas pequenas, médias e grandes, respectivamente. Refugos não possuem valor comercial. A média dos preços praticados pela Ceasa é de R$ 48,00 o cento, considerando espigas grandes apenas. Os preços médios dos adubos para cálculo dos custos estão assim descritos: R$ 1120,00/t de Sulfato de amônio, R$ 956,00/t de Cloreto de Potássio e R$ 700,00/t de Superfosfato simples, sendo os custos com adubos de R$ 1480,06 ha-1 para a dose de 100%. Foram avaliadas as receitas provenientes por cada grupo de tamanho de espigas e a receita total proveniente da venda de espigas verdes. Os dados de receita foram submetidos à análise de variância e ao teste de comparação de médias de Tukey a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO Através da Tabela 1, podemos ver as receitas obtidas através da comercialização das espigas com tamanhos diferentes, ao analisar as receitas por tamanho verificou-se diferença estatística apenas para as espigas grandes, sendo a maior receita obtida pelo tratamento de 150% de adubação. Observando a receita total é perceptível o incremento da receita líquida com o aumento das doses de adubação até a adubação de 150%, porém esse aumento ocorre a taxas decrescentes, e para a dose de 200% ocorreu uma queda na receita, o que demonstra a redução na produção, o único valor que diferiu estatisticamente foi o correspondente a receita obtida sem adubação. Considerando apenas as espigas grandes, que possuem maior valor de mercado e, portanto contribuem em maior parte para o aumento da receita, pode-se verificar que o resultado de receita obtido com a dose de 200% teve uma redução de aproximadamente 50% quando comparada à receita da adubação de 150%, na receita total ocorreu redução de apenas 8,76%. Tabela 1- Síntese da análise de variância e do teste de médias para a receita obtida com espigas pequenas, médias, grandes e receita total. RECEITA Adubação Esp. Pequena Esp. Média Esp. Grande TOTAL R$ ha-1 R$ ha-1 R$ ha-1 R$ ha-1 0% 3472,2 c 1145,9 c 0c 4618,1 c 50% 0c 8250,1 c 8333,3 bc 16583,4 b 100% 1111,1 c 2750 c 16666,7 ab 20527,8 b 150% 555 c 916,6 c 19444,5 a 20916,7 b 200% 1111 c 8250 c 9722,3 abc 19083,4 b 130,24 69,81 37,16 13,92 C.V. (%) Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, não diferem entre si pelo teste de T ukey a 5% de probabilidade. A redução na receita com a dose superior de adubo pode estar associado a vários fatores, Zublena & Anderson (1994) verificaram que o uso de fertilizantes nitrogenados deve ser realizado adequadamente, tanto quanto as doses, quanto as épocas e posição de aplicação, quando mal manejados, esse fatores podem conduzir a uma redução da produtividade, ocasionada pela salinidade e toxidez por amônia. Para verificação da viabilidade econômica em função das distintas adubações, ou seja, para compreender qual adubação proporciona o melhor custo beneficio, realizou-se o calculo da diferença entre o custo com adubação de cada tratamento e a receita por ele produzida, comparando-se esses valores ao lucro obtido no tratamento onde não se utilizou adubação, temos os acréscimos na receita (Figura 1), onde ficou demonstrado que a adubação com 100% é a mais viável economicamente. Figura1- Acréscimo na receita em função do aumento das doses de adubo. Fonte: Elaborado pelos autores. CONCLUSÕES A utilização de doses superiores ao recomendado apresentou aumento na receita até o nível de adubação de 150%, com 200% houve um decréscimo. Porém considerando os custos para aquisição do adubo, o tratamento com 100% da adubação recomendada apresentou a maior lucratividade, portanto é o mais viável economicamente. REFERÊNCIAS Cruz, J. C.; Konzen, E.A.; Filho, I. A. 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Santos IC dos, Miranda GV, Melo AV de, Mattos RN, Oliveira LR, Lima JS & Galvão JCC. Comportamento de cultivares de milho produzidos organicamente e correlações entre características das espigas colhidas no estádio verde. Revista Brasileira de Milho e Sorgo, 4:4553, 2005. Vasconcelos, R. C. et al. Estimativa dos custos de produção de milho na safra agrícola 1998/1999 no município de Lavras - MG. Ciências Agrotecnológicas, Lavras, v. 26, n. 2, p. 283-291, 2002. Von Pinho, R.G.; Canedo Rivera, A.A.; Brito, A.H.; Lima, T.G. de. Avaliação agronômica do cultivo de milho em diferentes níveis de investimento. Ciência e agrotecnologia, v.33, n.1, p. 39-46, 2009, Zublena, J.P.; Anderson, J. R. Soil facts: Starer fertizers for corn com production. North Carolina Cooperative Extension Service, p.8, 1994.