O Céu é o Limite a saúde nas suas mãos MINISTÉRIO DA SAÚDE GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA Ano 5 - Nº 54 Outubro 2014 Mensal Gratuito jornal aude A da Director Editorial: Rui Moreira de Sá N G O L A Jornadas Científicas Especial Reabilitação multidisciplinar precoce Ébola Sob o lema "Uma visão de reabilitação multidisciplinar", o Cento de Medicina Física e de Reabilitação (CMFR) realiza as I Jornadas Científicas nos próximos dias 2 e 3 de Dezembro, em Luanda, com um programa científico de excelência. |3 Angola sem casos de Ébola mantém prontidão hospitalar Semana da Farmácia Angolana Muitos avanços, muitos desafios... No mês em que comemora o seu primeiro aniversário, a Ordem dos Farmacêuticos de Angola (OFA) afirma-se junto à classe e parceiros com o sucesso da sua 1ª Semana da Farmácia e Expo Farma que reuniu mais de 650 profissionais à volta de um programa científico de excelência. Na ocasião, o Bastonário, Boaventura Moura, lançou o nº 3 da revista da OFA que publica uma entrevista exclusiva ao Ministro da Saúde, José Van-Dúnem|8 e 10 Em Angola, as unidades de saúde estão de prontidão para o caso de receberem algum caso suspeito de doença do vírus Ébola. A reportagem do JS visitou um dos hospitais da capital, o Josina Machel, e percorreu o trajecto efectuado pelo doente eventualmente contaminado, bem como os passos que dá o profissional de saúde até chegar ao paciente para realizar os procedimentos adoptados pelo hospital. Zona de Isolamento Hipocoagulação no século XXI wc Arrecadação Sala de Serviço Sala de Paramentação Sala de Precaução de Contacto Sala de Descarte cama cama Entrada do Doente Entrada dos técnicos O essencial sobre os novos anticoagulantes orais.|4 O enfermeiro angolano Didi Ximbi, devidamente formado e equipado, está preparado para atender qualquer caso suspeito que chegue ao hospital Josina Machel “Soldados da Saúde” NA LINHA DA FRENTE A epidemiologista Angelina Odete Fila e o enfermeiro Didi Ximbi Yavo são dois dos "soldados da saúde" que estão na linha da frente do combate clínico ao temível vírus. Equipados com avental, casaco com capuz, calças, botas, sapatos, máscara e luvas, com base no seu conhecimento e experiência, vão receber os casos suspeitos e avaliá-los, impedindo o seu alastramento pela população. A incrível história da descoberta do Ébola O que é a dor? Sintoma ou consequência de doença, a dor não é apenas uma sensação mas sim um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados, devendo ser encarada segundo um modelo biopsicossocial. Actualmente, é consensual que deve ser eliminada, principalmente no caso de doentes crónicos ou terminais, onde esta é absolutamente não aceite. Saiba mais|14 PROVÍNCIAS Perguntas frequentes sobre a doença do vírus Ébola O Ébola no mundo Cuanza Norte notifica 554 novos casos de infecção por VIH-Sida nos primeiros nove meses deste ano. No Cuanza Sul, a assistência sanitária em Porto Amboim está condicionada pela degradação das estruturas do hospital municipal |16 e 18 actualidade 2 Outubro 2014 JSa QUADRO DE HONRA Empresas Socialmente Responsáveis Rui MoReiRa de Sá Director Editorial O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos e o desenvolvimento sustentável do país. [email protected] Angola e o Ébola As doenças transmissíveis, como a do vírus Ébola, sobre as quais existe um compreensível receio, levou o Jornal da Saúde a decidir publicar um “Especial Ébola” para fornecer toda a informação disponível à população, a profissionais da saúde e a voluntários que se apresentem para ajudar, no caso de haver em Angola uma infecção pelo vírus do Ébola, o que até agora não se verificou. O Jornal da Saúde contactou todos os intervenientes no processo de prevenção, despiste e tratamento de pessoas contaminadas pelo vírus do Ébola, e com responsáveis pelas instalações de saúde já de prontidão para qualquer eventual caso que possa surgir. Os doentes infectados pelo vírus do Ébola estão divididos em três grupos: os prováveis, os suspeitos e os confirmados. Por isso, quando a comunicação social cumpre o seu dever de informar a existência de um caso suspeito de contaminação é necessário ter em conta a elevada probabilidade de ser apenas um caso provável, pois a febre, arrepios, dores de cabeça e dores musculares são sintomas comuns a muitas doenças, como uma simples constipação. Os sintomas do Ébola incluem febre, dores de cabeça, nas articulações e musculares, fraqueza, diarreia, vómitos, dor estomacal, falta de apetite e, em alguns casos, hemorragia. Este vírus só é “transmi- tido por contacto directo com pessoas doentes, ou através do sangue ou outros fluidos corporais, tecidos, órgãos, secreções ou excreções de pessoas infectadas, tais como urina, fezes, vómito, saliva, suor, sémen, secreção vaginal, ou ainda através de ferimentos com objectos cortantes, ou perfurantes, como agulhas, bisturis, lâminas, tesouras e pinças contaminadas", segundo a Direcção Nacional de Saúde Pública. Angola pôs em prática um sistema de prevenção que inclui vigilância no aeroporto, onde a temperatura dos passageiros é medida no pavilhão auricular.As autoridades sanitárias colocaram também mesas de teste do Ébola, próximas dos locais de embarque e desembarque, nos aeroportos, nos postos fronteiriços terrestres e portos. Foram também tomadas medidas de rastreio nos meios de transportes oriundos de regiões com ocorrência de casos de ébola assim e montados postos avançados de atendimento em diversas localidades. O Jornal da Saúde de Angola procurou cumprir o seu objectivo de informar a população e os profissionais de saúde sobre as medidas tomadas pelas autoridades angolanas e estará sempre atento a avanços sobre este assunto. FICHA TÉCNICA Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel Bettencourt Mateus, decano da Faculdade de Medicina a UAN (coordenador), Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição Martins, Dra. Filomena Wilson, Dra. Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo, Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos. Director Editorial: Rui Moreira de Sá [email protected]; Redactora Principal : Magda Cunha Viana Redacção: Francisco Cosme dos Santos; Luís Óscar; Madalena Moreira de Sá; Mara Mota.Correspondentes provinciais: Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão (Cuanza Norte); Casimiro José (Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire) Publicidade: Eileen Salvação Barreto Tel.: + 244 945046312 E-mail: [email protected] Revisão: Sara Veiga; Fotografia: António Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Editor: Marketing For You, Lda - Rua Dr. Alves da Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota, Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935 432 415 / 914 780 462, [email protected]. Conservatória Registo Comercial de Luanda nº 872-10/100505, NIF 5417089028, Registo no Ministério da Comunicação Social nº 141/A/2011, Folha nº 143. 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Entre outros temas em debate, destaca-se a "importância da reabilitação respiratória em doentes com sequelas de lesão raqui-medular, AVc isquémico e hemorrágico, Fisioterapia na espasticidade, Neuroplasticidade, Hidrocefalia, intervenção psicopedagógica em pacientes com afecções neurológicas, importância da utilização de orteses em pacientes com Pci, importância do manuseio do traumatizado no local do acidente e incidência de fracturas em politraumatizados por acidente de viação". Serão ainda apresentados casos clínicos como a "lesão vertebro medular" e "Fisioterapia no amputado". De acordo com a directora-geral do cmFr,Armanda da conceição, "espera-se que os debates em torno dos temas das Jornadas traduzam a natureza científica que deve presidir a abordagem dos problemas e, em simultâneo, alertem para a necessidade de reabilita- DirEctOrA-gErAl, ArmANDA DA cONcEiçãO "O objectivo geral das Jornadas é alertar para a necessidade da reabilitação multidisciplinar precoce" ção precoce, com a actuação coesa de uma equipe multidisciplinar". Exposição técnica Em simultâneo, decorre a 1ª edição da Exposição técnicocientífica de Equipamentos, me- dicamentos e Serviços para reabilitação Física,que permitirá aos médicos e demais profissionais conhecerem os mais recentes avanços técnicos e científicos no sector dos medicamentos, equipamentos, tecnologia, dispositivos médicos e serviços. Cursos Pré-Jornadas - Dia 2 de Dezembro - CMFR Horário Cursos Formadores 9:00-10:30 10:30-10:40 Pausa 10:40 – 12:10H Desvios axiais do cotovelo e rigidez articular após-imobilização Alberto rosa 9:00-10:30 10:30-10:40 Pausa 10:40 – 12:10H tratamento do pé equino varum congénito pelo método de Ponseti Pedro miguel 13:00-14:30 14:30-14:40 Pausa 14:40 – 16:10H reabilitação do amputado nas fases pré e pós protésica maribel e maria Domingos 13:00-14:30 14:30-14:40 Pausa 14:40 – 16:10H como detectar lesão do PBO no recém-nascido Eduardo Dunn garcia Inscrições: Dra. isabel Alfredo 923339433 / Enf. gizela Abreu 923545310 /Vica canga 924758117 Núcleo científico-Pedagógico - centro de medicina Física e reabilitação, rua da Samba nº19, luanda. Horário: das 8:30H às 15:00H, de 2ª a 6ª a partir de dia 20 de Outubro até 20 de Novembro TAXAS Jornadas Científicas, dia 3 de Dezembro: Estudantes: 3.000 KZ Profissionais de saúde e outros: 5.000 KZ Cursos Pré-Jornadas, dia 2 de Dezembro: Preço de cada curso: 4.000 KZ inscrições limitadas (capacidade máxima para 50 formandos) Cursos Pré-Jornadas + Jornadas Científicas, dias 2 e 3 de Dezembro: Preço de 1 curso + Jornadas: 8.000 KZ 3 O Ébola já é um vírus “global” A Nigéria e o Senegal, países da África Ocidental, foram elogiados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) por terem posto fim ao surto do Ébola, depois de se registarem 21 casos e 8 mortes no total dos dois países. O primeiro, e até agora único caso declarado no mali, uma menina de dois anos, não sobreviveu à doença. Na mesma área geográfica, nos três países mais afectados pelo Ébola, a libéria, guiné-conacri e a Serra leoa, morreram 4.992 pessoas. Uma nota da OmS refere que “a reacção do Senegal (com um caso declarado e nenhuma morte) é um bom exemplo daquilo que um país deve fazer quando confrontado com um caso importado de Ébola”. Depois do Senegal,também a Nigéria (com 20 casos e oito mortos) conseguiu pôr fim à propagação do Ébola, após o cumprimento de 42 dias sem qualquer novo caso,período determinado pela OmS para a declaração do êxito no combate ao vírus. “A epidemia na Nigéria foi derrotada. É um êxito espectacular que mostra ao mundo que o Ébola pode ser contido”, afirmou rui gama Vaz, representante da OmS para a Nigéria. "Se um país como a Nigéria, cheio de problemas sérios de segurança, consegue fazer isto (...), então qualquer país no mundo com casos importados pode limitar a transmissão futura a um grupo reduzido de casos", afirmou a directora da OmS, margaret chan. Países mais afectados A presidente da libéria, Ellen Johnson Sirleaf, pediu uma resposta "do mundo inteiro" na luta contra uma doença que teve início na guiné-conacri mas "não conhece fronteiras". Na libéria morreram 2.413, entre os 6.535 casos registados. Na guiné-conacri, onde se registaram 997 mortes, foram infectadas 1.906pessoas. Na Serra leoa morreram 1500 pessoas entre os 5.235 casos. Nestes três países morreram 4.910 pessoas entre 13.676 casos registados. Europa e EUA Na Europa, terminou a quarentena das 11 pessoas que estiveram em contacto com a primeira infectada de Ébola em Espanha.todas estas pessoas receberam alta do hospital de madrid, onde estiveram sob vigilância 21 dias sem manifestar sintomas de infecção. Entre os que agora regressam à vida normal estão o médico e o marido de teresa romero, a auxiliar de enfermagem contagiada, que foi o primeiro caso de Ébola na Europa. Em Nova iorque, nos Estados Unidos, um médico que tratou pacientes com Ébola na África Ocidental foi este mês internado numa unidade de isolamento de um hospital nova-iorquino, tornando-se o primeiro caso registado na cidade.Ao todo, foram diagnosticados quatro casos de Ébola nos Estados Unidos: um liberiano, que morreu este mês num hospital do texas e duas enfermeiras que trataram dele e do médico de Nova iorque. Angola realiza o seu 1º Congresso Internacional de Toxicologia O Centro de Investigação e Informação de Medicamentos e Toxicologia (CIMETOX) realiza o 1º Congresso Internacional deToxicologia de 24 a 27 de Novembro próximo, em Malanje. O evento tem como objectivo abordar as questões mais importantes da toxicologia no desenvolvimento científico e seu impacto na vida económica e social do nosso país. De acordo com oVice-Presidente da comissão organizadora e Decano da Faculdade de medicina de malanje,André Pedro Neto,"o acontecimento constituirá uma oportunidade para trocar experiências entre os participantes numa perspectiva de ciência no domínio da saúde,ambiente e cultura, assim como para construir, fortalecer a amizade entre os profissionais da região e do mundo em geral e alcançar uma nova concepção da toxicologia em África. Temáticas -toxicologia,investigação.Educação e Sociedade. - Desastrestecnológicos e intoxicações massivas.Bioterrorismo e resposta NBQr (Nuclear-Biológico-Químico-radiológico). -toxicologia forense e drogas de abuso. - toxicologia Avançada e Novas tecnologias (Nanotoxicologia, transgénicos etoxicogenómica). - Animais Peçonhentos e Plantas tóxicas. - Pesticidas e Segurança Alimentar. -toxicologia Ambiental e Avaliação do risco. -toxicologia clínica etoxicovigilância. Perfil dos participantes toxicólogos e outros profissionais e técnicos relacionados com o campo da toxicologia fundamentalmente: médicos de clínica geral, pediatras, farmacêuticos, internistas, neurologistas, gastroenterologistas, nefrologistas, intensivistas, psiquiatras, psicólogos, sociólogos, enfermeiros, estomatologistas, epidemiologistas, bioquímicos, biólogos, químicos, veterinários, agrónomos, informáticos, bioestatísticos, criminalistas, nutricionistas, especialistas em alimentos e outros. Cursos pré-congresso - Actualização do Planeamento NBQr em situações de desas- tres massivos e de bioterrorismo. - Animais peçonhentos. caracterização de espécies venenosas.Actualização clínica e terapêutica dos acidentes por venenos de ofidios. - Avanço no diagnóstico e tratamento das intoxicações mais frequentes em Angola. - Estratégia para a prevenção dos acidentes provocados pela exposição aos pesticidas. - Actualização sobre alcoolismo agudo. Um problema em Angola. - O desenho experimental em nanotoxicologia. Mais informações: Universidade lueji A`Nkonde, Faculdade de medicina de malanje, centro de investigação e informação de medicamentos e toxicologia (cimetox). E-mail: [email protected] Facebook.com/cimetox.centrodetoxicologia tE. 251 235 531/ 2 / 3 /4tm. 912 225 301 / 912 225 304 / 943 002 006 / 934 607 575 www.ulan-cimetox.net Inovação 4 Outubro 2014 JSA Hipocoagulação no século XXI O que há de novo com os novos anticoagulantes orais? Miguel MeNDes Centro Hospitalar de lisboa Ocidental – Hospital de santa Cruz lisboa/Carnaxide, Portugal Desde que os antagonistas da vitamina K (aVK) foram introduzidos na clínica desde há mais de 6 décadas, a anticoagulação oral (ACO) crónica passou a integrar a medicação de vários grupos de doentes, como nos portadores de próteses valvulares mecânicas, de fibrilhação auricular (FA) isolada ou associada a valvulopatia, após enfarte do miocárdio anterior extenso (com ou sem trombo intracavitário), miocardiopatia dilatada, após embolia pulmonar ou trombose venosa profunda. A instituição de ACO no contexto de FA é um gesto terapêutico mandatório para diminuir a probabilidade de eventos embólicos, nomeadamente do acidente vascular cerebral (AVC). Sabemos actualmente que cerca de 1/5 dos AVCs isquémicos são atribuíveis à FA e que 5% dos doentes que estão em FA sofrem anualmente um AVC isquémico, percentagem que é mais elevada nos idosos. OsAVCs associados à FA estão relacionados com hospitalizações mais prolongadas, maior incapacidade residual e maior mortalidade. Uma percentagem importante dos AVCs criptogénicos também está associada a FA paroxística ou não diagnosticada. O estudo FAMA, realizado em Portugal continental, publicado em 2012, revelou uma prevalência média de 2,5% de FA na população acima dos 40 anos, atingindo valores de cerca de 7 e de 10%, respectivamente entre 70-79 e acima dos 80 anos. Apesar deste conhecimento estar razoavelmente difundido, há uma percentagem significativa de doentes que não estão anticoagulados por falta de prescrição médica, por patologias associadas que o contraindicam ou por má adesão à medicação. Até ao aparecimento dos novos anticoagulantes orais (NACO) no final da década passada, apenas estavam disponíveis os aVK, de que são exemplos a varfarina e o acenocumarol. Estes fármacos têm um início de acção lento, com um período de latência de pelo menos 2 a 3 dias e exigem monitorização frequente do seu efeito farmacológico através da realização de uma análise laboratorial, o INR(anteriormente designado como tempo de protrombina ou TP) para acertos da dose. Têm uma margem terapêutica estreita, oscilando facilmente entre a insuficiência terapêutica (risco de fenómenos embólicos) e o efeito excessivo (risco de hemorragia). A dificuldade de obter níveis terapêuticos estáveis com os aVK atribui-se em partes variáveis à má adesão dos doentes por toma irregular do fármaco, à necessidade do controlo laboratorial periódico, a diferenças genéticas na metabolização das moléculas e a interações significativas com várias classes de outros medicamentos (anti-inflamatórios, analgésicos, tuberculostáticos, antiepilépticos, antifúngicos, macrólidos, digoxina, amiodarona, dronedarona, diltiazem, verapamil, entre outros) e com a ingesta de vegetais ricos em vitamina K, como os brócolos, alface e couves. Novos anticoagulantes orais Os NACO, que actuam na cascata da coagulação por inibição da trombina (dabigatran) ou do factor Xa (rivaroxaban, apixaban e edoxa- ban), começaram por ser testados na prevenção da trombose venosa profunda e da embolia pulmonar no contexto pré-operatório de intervenções do foro ortopédico. Posteriormente foram ensaiados no contexto de FA não valvular em estudos randomizados com populações com dimensão superior à dezena de milhar, tendo demonstrado uma diminuição do AVC e dos episódios embólicos em cerca de 20%, com menores taxas de hemorragia cerebral, quando comparados com a varfarina. Os NACO só se comparam negativamente com a Varfarina em hemorragias digestivas, pelo que a sua prescrição deve serassociada à deum inibidor da bomba de protões. Os NACOs têm um início de acção curto (cerca de 3 horas) e mantêm o seu efeito durante 12 a 24horas. Embora não estejam isentos de interações farmacológicas, têm um efeito mais previsível que os aVK e não exigem monitorização laboratorial. O dabigatran tem uma eliminação renal em 80% pelo que não está habitualmente indicado, nas doses habituais do estudo Re-Ly, quando a taxa de filtração é inferior a 40 ml/min. O rivaroxaban e apixaban têm um metabolismo predominantemente hepático, pelo que têm menor risco quando prescritos em doentes com compromisso da função renal, mas recomenda-se pre- caução no contexto de doença hepática. O edoxaban tem uma eliminação equilibrada, sendo metabolizado em 50% em cada uma das vias principais. Cuidados a adoptar A decisão de iniciar ACO, com aVK ou com NACO, exige uma ponderação do risco embólico e o hemorrágico, com avaliação em simultâneo das pontuações obtidas por cálculo dos scores CHA2DS2VASC (risco embólico) e o HAS-BLED (risco hemorrágico), associada a uma avaliação da potencial adesão do doente à medicação. A ACO não deve ser iniciada sem que antes seja realizado o ensino do doente e, se possível, dos seus familiares mais próximos, relativamente à vigilância a observar com a nova terapêutica bem como com os cuidados a adoptar face a hemorragias visíveis ou a in- tervenções cirúrgicas, mesmo quando de baixo risco tal como nas extracções dentárias. Qualquer que seja o fármaco escolhido, mesmo no caso de um NACO que dispensa a realização periódica de estudo laboratorial, o doente deve ser seguido periodicamente, preferencialmente em clínica de ACO, para avaliação da adesão à medicação, observação clínica regular, rastreio de eventuais hemorragias, monitorização periódica do INR (apenas nos aVK) e da função renal ou hepática (nos NACOs). Sendo a adesão à terapêutica decisiva para se obter a desejada protecção dos AVCs e dos eventos embólicos relacionados com a FA, para mais em doentes polimedicados deve ser equacionada a escolha de um fármaco bem tolerado do ponto de vista digestivo e de toma única diária como, por exemplo, o rivaroxaban. Os NACOs, como anticoagulantes, embora mais seguros que os aVK, também têm risco hemorrágico inerente. Em situação de hemorragia deve ser adiada ou suspensa a toma seguinte e adoptadas as medidas gerais de 1ª linha recomendadas nestes casos: compressão mecânica, transfusão de eritrócitos e/ou de plaquetas. Nos casos mais graves poderá ser necessário recorrer a técnicas de hemodiálise (dabigatran), a infusão de complexo protrombínico ou de factores da coagulação. No contexto de uma cirurgia programada, deve interromper-se o NACO entre 24 a 72 horas antes, consoante o risco hemorrágico da intervenção e a função renal do doente. Em resumo... Em resumo, os novos anticoagulantes orais (NACO) são uma nova classe de fármacos anticoagulantes orais que provou ser mais eficaz, segurae cómoda - para os doentes e para os profissionais - relativamente aos aVK. Devem ser considerados como um contributo importante para tornar a anticoagulação oral (ACO) mais eficaz, com menor taxa de complicações e extensível a um número mais vasto de doentes. Sendo os NACO um grupo farmacológico heterogéneo, recentemente introduzido no merca- "Os Novos Anticoagulantes Orais (NACO) têm um início de acção curto (cerca de três horas) e mantêm o seu efeito durante 12 a 24 horas (...) Orivaroxaban tem um metabolismo predominantemente hepático, pelo que tem menor risco quando prescritos em doentes com compromisso da função renal" "...os Novos Anticoagulantes Orais (...) devem ser considerados como um contributo importante para tornar a anticoagulação oral mais eficaz, com menor taxa de complicações e extensível a um número mais vasto de doentes" "...os Novos Anticoagulantes Orais são uma nova classe de fármacos anticoagulantes orais que provou ser mais eficaz, segura e cómoda (para os doentes e para os profissionais) relativamente aos aVK. Devem ser considerados como um contributo importante para tornar a anticoagulação oral (ACO) mais eficaz, com menor taxa de complicações e extensível a um número mais vasto de doentes. do, em que não há ainda uma experiência clínica ampla, é recomendável melhorar o seu conhecimento por parte dos médicos e de outros profissionais de Saúde. As Clínicas de Anticoagulação são o enquadramento ideal para a introdução e monitorização desta terapêutica,mesmo para os doentes medicados com NACO, que dispensam a monitorização do INR. A selecção do grupo farmacológico (aVK ou NACO) e do medicamento em si deve levar em consideração o doente, no seu psiquismo, condicionantes económicas, patologias associadas e restante medicação em curso (interacções). JSA Outubro 2014 publicidade 5 ÉbolA 6 Angola sem casos de Ébola mantém profissionais de prontidão FRANCISCO COSME DOS SANTOS com MAGDA CuNhA VIANA Os profissionais de saúde estão na linha da frente do combate clínico a doentes infectados pelo temível vírus do Ébola. São estes médicos e enfermeiros que correm riscos, embora controlados, mas de elevada periculosidade, para despistar a infecção e, caso seja necessário, tratar de doentes contagiados com o vírus. Até ao momento, não surgiu nenhum caso, mas os profissionais de saúde do hospital Josina Machel, à semelhança de outros colegas em várias unidades de saúde do país, estão formados e equipados para lidar com casos suspeitos de contágio pelo vírus do Ébola, que já matou 4.992 pessoas e afectou 13.703, tendo havido a confirmação de infecção de metade dos doentes. O Jornal da Saúde visitou o hospital e percorreu o trajecto efectuado pelo doente eventualmente contaminado, bem como os passos que dá o profissional de saúde até chegar ao paciente para realizar os procedimentos adop- tados pelo hospital, de acordo com as directrizes do Ministério da Saúde e da OMS. A chefe de equipa, a epidemiologista Angelina Odete Fila, afirmou que, caso surja algum paciente suspeito de estar contaminado pelo vírus Ébola (DVE), o paciente entra por uma porta destinada especialmente a estes doentes. O suspeito não passa pela serviço de urgência, entrando directamente para a sala de “descarte” onde troca de roupa, sendo depois levado para a sala de “precaução de contacto” (isolamento). No caso de se confirmarem as suspeitas, o paciente fica na sala de isolamento à qual têm acesso apenas os profissionais devidamente formados e equipados para evitar o contágio, e onde o paciente é submetido a uma avaliação para a obtenção de um diagnóstico. Os profissionais envolvidos no atendimento e tratamento destes doentes – o médico, o enfermeiro e um auxiliar – entram na área destinada a esses pacientes por uma única porta que dá para a sala de serviço. Seguem depois para a sala de “paramentação” onde se despem e en- vergam o fato protector, luvas, máscaras e se munem de demais equipamento necessário para a não contaminação. O próximo passo é a entrada na sala de precaução de contacto onde têm o primeiro contacto com o doente. Angelina Odete Fila salientou que o fato de biossegurança (equipamento) é utilizado apenas pelo médico e o enfermeiro autorizados a actuar e seguir os procedimentos terapêuticos adequados. O hospital Josina Machel tem vindo a dar aos profissionais de saúde desta unidade hospitalar formação em biossegurança e epidemiologia, para que e possam responder às necessidades de infectados pelo vírus Ébola, sem se contaminarem. Os elementos da equipa que entram na sala de isolamento têm um auxiliar que os ajuda, depois do contacto com o doente, a despir o equipamento para tornar mais seguras as medidas de precaução. Angelina Fila afirmou não existir receio de contágio, uma vez que os profissionais estão preparados para controlar qualquer eventualida- Outubro 2014 JSA Hospital Josina Machel Entrada para as URGÊNCIAS de que possa surgir. A responsável salientou que quando é aberta a porta da sala de isolamento não existe nenhuma possibilidade de propagação do vírus porque este não se transmite pelo ar. A epidemiologista adiantou que para haver contaminação é necessário que haja um contacto directo com o paciente, ou através do sangue ou outros fluidos corporais, tecidos, órgãos, Entrada de casos suspeitos de Ébola para a zona/salas de isolamento secreções ou excreções de pessoas infectadas, ou ainda através de ferimentos com objectos cortantes, ou perfurantes. Na sala de isolamento – adiantou a responsável - as medidas de prevenção são as usuais: a lavagem constante das mãos e a desinfecção do pessoal e da área da sala de isolamento. Outro procedimento obrigatório é não ter qualquer contacto com um eventual cadáver de pessoa infectada. O lixo removido do quarto do paciente (sala de isolamento) e o fato de biossegurança, depois ser retirado pelo técnico (na sala de descarte), são encerrados num saco de plástico e colocados num contentor que é posteriormente recolhido por uma equipa especializada que procederá à sua incineração, adiantou a especialista. A fase em que o técnico despe o fato de protecção, após o contacto com o doente, é particularmente perigosa O enfermeiro Didi Ximbi Yavo demonstra aos leitores do Jornal da Saúde o protocolo a seguir e cuidados a ter na fase em que despe o fato protector, luvas e máscara, para que não fique contaminado após ter tido contacto com um doente suspeito da doença do vírus Ébola. Após utilização, o equipamento é encerrado num saco de plástico posteriormente recolhido por uma equipa especializada que procede à sua incineração. 7 Outubro 2014 JSA Z o na de Isolame nto Sala de Paramentação Sala de Serviço Local onde os técnicos se equipam com todos os materiais de biossegurança exigidos para se prevenirem contra a doença do vírus Ébola. É esta a primeira sala para onde os técnicos entram. Dá acesso à arrecadação e à sala de paramentação wc Entrada Principal cama cama Entrada do Doen te Sala de Precaução de Contacto (isolamento) Sala de Descarte Local por onde o doente entra para o hospital para chegar à sala de precaução de contacto (isolamento). É também nesta sala que os profissionais de saúde, depois de terem avaliado o paciente, se dirigem para retirar todo o equipamento de prevenção. Sala com duas camas, onde permanecem os pacientes quando estão a ser avaliados pelos profissionais de saúde e onde ficam até três dias no máximo depois de diagnosticados com a doença. os profissionais que vestem o fato Sem medo ANGELINA ODETE FILA, EPIDEMIOLOGISTA O paciente suspeito de estar contaminado com o vírus Ébola entra por uma porta específica para estes casos que dá acesso a uma sala de "descarte" onde troca de roupa, sendo depois levado para a sala contígua de "precaução de contacto" (isolamento). Não passa assim pelo serviço de urgência. Ver infografia acima. DIDI XIMBI YAVO, ENFERMEIRO "Não tenho medo porque os profissionais de saúde estão habituados a enfrentar muitas situações e receberam formação". Tem 19 anos de experiência profissional, que incluiu trabalho de campo na RDC, em 1996, a tratar de doentes infectados pelo Ébola. Queixa-se apenas da máscara que é “pesada e... muito quente”. Entrada dos técn icos Arrecadação Local onde se encontra todo o equipamento de biossegurança e também onde os profissionais se dirigem, depois de passarem pela sala de serviço, para retirarem o equipamento de protecção. "Os profissionais envolvidos no atendimento e tratamento destes doentes – o médico, o enfermeiro e um auxiliar – entram na área destinada a esses pacientes por uma única porta que dá para a sala de serviço. Seguem depois para a sala de “paramentação” onde se despem e envergam o facto protector, luvas, máscaras e se munem de demais equipamento necessário para a não contaminação" "No caso de se confirmarem as suspeitas, o paciente fica na sala de isolamento, durante o máximo de três dias, à qual têm acesso apenas os profissionais devidamente formados e equipados para evitar o contágio.Após esses período é transferido para outra unidade especial de isolamento" "São os resultados de um exame ao sangue denominado PCR (iniciais em inglês de Reacção em Cadeia da Polimerase) que confirmam se o doente está ou não infectado com o vírus do Ébola" EVENTOS 8 outubro 2014 JSA Semana da Farmácia Angolana e Expo Farma 2014 Muitos avanços, muitos desafios... Francisco cosme, magda cunhaViana e rui moreira de sá A criação da Ordem dos Farmacêuticos deAngola (OFA), em 2013, e a subsequente regulamentação da actividade, bem como o combate à contrafacção de medicamentos são importantes avanços do sector e contribuem fortemente para uma melhoria da saúde da população angolana. Uma forte conquista é,certamente, a formação de novos profissionais, que actualmente são 459. Contudo, este número de profissionais é insuficiente para uma população de cerca de 24,4 milhões. A política farmacêutica implementada no país é ainda recente - com pouco mais de quatro anos de existência – e são muitos, e ambiciosos, os desafios lançados. Os farmacêuticos pretendem acompanhar o desenvolvimento tecnológico e ser a porta de entrada do doente para o Serviço Nacional de Saúde. Por isso, querem aconselhar o cliente da farmácia e fornecer medicamentos em condições de excelência. A criação da farmácia galénica, onde os medicamentos são fabricados “in situ”, e a monitorização do transporte de medicamentos, com a devida refrigeração e armazenamento, constituem também desafios que o sector pretende vencer. Estas questões, e muitas outras, foram abordadas na Semana da Farmácia Angolana/ExpoFarma, realizada pela OFA, que decorreu este mês, em Luanda, sob o lema “Acesso ao Farmacêutico é Acesso a Saúde”. O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos de Angola, Boaventura Moura, afirmou, em entrevista ao Jornal da Saúde, que o evento constituiu uma oportunidade de promover o sector farmacêutico angolano e fortalecer as relações entre profissionais. O responsável referiu ainda que, de acordo com a política farmacêutica implementada no país em 2010, surgiu um forte crescimento do sector, com a colaboração de farmacêuticos, grossistas e retalhistas. Boaventura Moura sa- lientou o esforço feito na formação de farmacêuticos que passaram de 27 para 459, e sublinhou o crescente conhecimento relativamente ao processo que vai desde a aquisição à venda de medicamentos. “A garantia de qualidade da cadeia logística de produtos farmacêuticos e a especialização de todos os profissionais” é fulcral para que possam ser atribuídas res- ponsabilidades caso surja qualquer problema com um medicamento ou erro cometido no exercício da profissão, acrescentou. “Incutir nos quadros a necessidade de aplicação prática da política nacional de saúde, reactivar a produção de medicamentos no país, controlar, por registo, todos os produtos de índole farmacêutica que entram no território angolano, e educar as populações para um maior cuidado quando adquire medicamentos”são também preocupações da OFA discutidas durante o evento, de dois dias. A abertura do evento foi presidida pelo secretário de Estado Carlos Masseca, na presença de vários participantes do sector farmacêutico, de todas as Províncias do país, e de convidados nacionais e dos PALOP (Países Afri- canos de Língua Portuguesa), nomeadamente, de Cabo Verde, Moçambique, para além de Portugal e do Brasil. Durante a semana decorreu um “workshop”, jornadas técnicas e científicas de ciências farmacêuticas, e uma exposição de produtos farmacêuticos e equipamentos hospitalares, com a participação de 35 expositores de empresas nacionais e estrangeiras. pre coisas novas, que poderão posteriormente contribuir para a valorização da carreira de qualquer profissional”, frisou. A farmacêutica Violeta Chimuco Issenguel considerou muito oportuna a Semana da Farmácia Angolana/Expo/Farma, por constituir uma oportunidade para actualizar os profissionais sobre novos conceitos farmacêuticos já em vigor noutros países. “Os certames deste género contribuem para o desen- volvimento da classe farmacêutica do país por facilitarem também a obtenção de conhecimentos aprofundados sobre novas tecnologias farmacêuticas”, afirmou, em entrevista ao Jornal da Saúde. Violeta Issenguel considerou que eventos deste tipo fazem com que os profissionais estejam cada vez mais habilitados a responder às exigências do mercado, e que, além disso, constituem um incentivo para a humanização dos serviços prestados à popula- ção, em hospitais e farmácias, sejam públicas ou privadas. Dos assuntos apresentados no encontro, o que mais a preocupou foi o número de produtos farmacêuticos falsificados que entram em Angola. Já a abordagem à qualidade dos medicamentos foi o que destacou como tendo sido mais do seu agrado. A farmacêutica considerou que deveriam ter sido debatidas as farmácias hospitalares por também fazerem parte dos serviços de atendimento à população. A palavra aos farmacêuticos A Semana da Farmácia Angolana/Expo/Farma foi um evento de extrema importância porque serviu para elucidar os profissionais sobre o novo contexto farmacológico, que se observa noutros países, e que Angola pretende alcançar para fortalecer o sector, defendeu a farmacêutica Aida Cristina Mouraem entrevista, ao Jornal da Saúde O encontro veio contribuir também – sublinhou - para a valorização dos farmacêuticos, dando-lhes a possibilidade de se munirem de ferra- mentas que reforçarão as áreas técnicas e científicas do sector. Para esta profissional, o evento fomentou uma maior proximidade entre os vários intervenientes na área farmacêutica, ao envolver e incentivar a classe na luta pela mesma causa - a revitalização do sector farmacêutico do país. Com a ExpoFarma (feira de exposição farmacêutica) os expositores de farmacêuticos, distribuidores, e laboratórios, como a BIAL, a BAYER, e a BLUEPHARMA, foi possível ver e antever o desenvolvimento da inovação da farmacologia angolana, considerou Cristina Moura. De entre os vários debates, a farmacêutica destacou o tema que tratou da actuação farmacêutica, pois permitiulhe “aprender o verdadeiro papel e as funções que são atribuídas aos farmacêuticos”. “É bom estar presente nos eventos farmacêuticos de grande dimensão porque são uma mais-valia e uma oportunidade para aprender sem- JSA Outubro 2014 publicidade 9 EVENTOS 10 outubro 2014 JSA A opinião dos expositores Apolónia Ivânia Comercial da Cicci Angola país. Para isso contribuirá certamente a plataforma logística que já hoje nos permite responder às maiores carências de medicamentos . Actualmente estamos apenas presentes em Luanda, mas existe interesse na expansão para outras províncias". Nuno Cardoso Director da Bial em Angola "Grande oportunidade de negócios" “A Expo Farma é uma grande oportunidade de negócios que traz para o grupo a possível concretização de várias parcerias comerciais no mercado farmacêutico, além de promover os produtos que a distribuidora possui. Constitui ainda uma ocasião para uma aliança com novos clientes e outros grupos igualmente expositores. O futuro será promissor. O maior objectivo da empresa é crescer e contribuir para o bemestar e saúde dos angolanos, fornecendo medicamentos de alta qualidade que trarão melhorias significativas para os pacientes em todos hospitais e farmácias”. Amélia Armada Directora de Operações da Globomédica “Potenciar aproximação a novos clientes" “A Globomédica é uma empresa angolana que comercializa diversos equipamentos e medicamentos e que actua também na área de esterilização nos hospitais.A Expo Farma foi de extrema importância por ter sido uma ocasião para divulgar o nosso nome e potenciar uma aproximação a novos clientes. Serviu também para uma troca de experiências com outros expositores sobre o actual momento do mercado farmacêutico angolano, bem como para a formalização de vários intercâmbios com distribuidoras e laboratórios, o que facilitará posteriormente a escolha de políticas comerciais estratégicas. Sendo uma empresa pioneira no mercado, a Globomédica aposta na oferta de produtos de confiança, de forma transparente, utilizando uma conduta consistente de responsabilidade ética nas relações com clientes e colaboradores. Pretendemos uma afirmação no mercado que nos permita figurar entre as melhores empresas de distribuição de medicamentos do cêutico angolano, com vários produtos inovadores de excelente qualidade,destinados a tratar diversas doenças. Iremos também desenvolver formação para farmacêuticos e iniciativas para a educação das populações,no que se refere ao consumo de medicamentos”. "Crescimento superior a 10 por cento ao ano" Dulce Lubrano Directora Geral da Arifarme Medical “Apostamos em produtos inovadores" “A Arifarme Medical é uma empresa nova no mercado farmacêutico. A Expo Farma é um evento que oferece grandes oportunidades de negócios para o grupo e a possibilidade de intercâmbios entre os expositores, laboratórios, distribuidores, e clientes para a promoção dos produtos. O nosso Grupo surgiu para auxiliar o Estado angolano a suprir as dificuldades de abastecimento de medicamentos em todas as províncias do país. A empresa tem vários parceiros e está presente, entre outros locais, em Luanda, Namibe, Zaire, Cabinda e Cunene. Apostamos na introdução de produtos inovadores e seguros que possam vir a reflectir-se na saúde dos cidadãos e a preços acessíveis à população em geral. Futuramente, o grupo tenciona alargar a sua intervenção no mercado farmacêutico a áreas especificas como a estomatologia e oftalmologia, sem esquecer a eficiência e segurança, combinadas com os melhores preços”. "A Bial é uma empresa multinacional portuguesa, com noventa anos no mercado farmacêutico, 15 dos quais em Angola. A Expo Farma foi um evento muito importante para a Bial porque proporcionou várias oportunidades de negócios, bem como a proximidade com os farmacêuticos, médicos, clientes e outros grupos que apostam no mercado angolano dos medicamentos.A empresa formalizou vários negócios com alguns dos expositores presentes e com grupos de farmácias o que trará posteriormente à distribuidora novas políticas comerciais que vão ao encontro da exigência cada vez maior do mercado. Durante o evento promoveu as potencialidades do grupo, na área da formação de quadros na área de saúde, na área dos medicamentos e outras. Com um crescimento actual acima dos 10 por cento, o maior laboratório português de medicamentos tenciona crescer ainda mais no sentido de contribuir para melhorar a saúde da população de Angola, que é o mercado mais importante, dos mais de 50 em que já se encontra presente. Actualmente, a Bial tem uma subsdiária sedeada em Luanda, mas tem prestado serviços em várias províncias do país, entre as quais em Benguela e Huíla, privilegiando sempre a utilização dos recursos humanos angolanos". comercialização dos medicamentos.A população pode esperar do grupo Ecomar a garantia máxima de qualidade dos produtos e de transporte dos mesmos, dentro das normas da entidade reguladora angolana dos medicamentos.Actualmente a Ecomar está representada em Luanda e conta com uma filial em Benguela. Está também presente no Lobito, onde tenciona apostar mais para poder fornecer produtos e serviços de saúde a toda a população, tendo sempre em mente as exigências e as necessidades do mercado”. Luís Sanches Director comercial da Ecofarma “Esperamos um crescimento acima da média” “Para a Ecofarma, pertencente ao grupo Azinor, a ExpoFarma é uma importante oportunidade para expor produtos médicos e hospitalares. O evento serve para divulgar, e promover, todas as potencialidades do grupo ao público, mas particularmente aos clientes. O evento facilita a troca de experiências entre os expositores farmacêuticos e constitui uma oportunidade para formalizar vários intercâmbios e outras iniciativas que virão futuramente a potencializar o mercado farmacêutico em todas suas vertentes. Com representação em Luanda, a empresa pretende oferecer diversos serviços no ramo da saúde, para além dos habituas equipamentos médicos, e expandir o grupo para todo país. Espera-se da Ecofarma um crescimento acima da média para continuar a garantir ao povo angolano, medicamentos e equipamentos com elevada qualidade”. Isabel Brito Administradora da Ecofar “Garantia máxima de qualidade” Diogo Charneca Marketing manager da Omegapharma “Ferramenta indispensável" “A ExpoFarma é uma ferramenta indispensável para os investidores da área farmacêutica, pois oferece inúmeras oportunidades de negócios para os expositores e ajuda a nossa empresa na promoção dos produtos farmacêuticos e na relação comercial com novos clientes. Futuramente, ambicionamos tornar-nos fortes no mercado farma- “A ExpoFarma é uma grande oportunidade para a Ecofar que perspectiva alargar as suas linhas de acção e fazer crescer o grupo, assinando parcerias conjuntas de trabalho com o Ministério da Saúde, a Organização Mundial de Saúde e a Direcção Nacional dos Medicamentos e Equipamentos. Neste evento pudemos promover os nossos produtos, firmar acordos de parceria com outros expositores e angariar novos clientes. A Ecofar é uma empresa distribuidora que existe há 62 em Angola, noutras áreas, mas que se encontra há 12 anos no ramo da Manuel Rodrigues Administrador da Super Frescos “ Congregar todos os actores que intervêm nos medicamentos” “A Super Frescos é uma empresa de direito angolano que opera recentemente na área dos medicamentos, em Angola, e que comercializa produtos anti maláricos,entre as quais a água mineralAllshanti (significa "toda saúde"), com características medicinais e suplementares, lançada experimentalmente em Moçambique, Brasil, República Democrática do Congo e Guiné-Bissau. Para o grupo, a ExpoFarma é uma grande ferramenta para o mercado farmacêutico angolano porque vem a beneficiar e congregar todos os actores que intervêm nos medicamentos.Também serve para promover os produtos das empresas desta área e fornecer um leque de oportunidades, como a possibilidade de obtenção de novos clientes, a formalização de acordos e intercâmbios que envolvem o universo farmacêutico do país.A empresa dedica-se especialmente a produtos para a prevenção e erradicação da malária.Actualmente está representada em Benguela, no Lobito, mas conta expandir-se para todas as províncias, e transferir a sede para a capital. Da Super Frescos os angolanos podem esperar mais investimentos contra a malária. O grupo esta também firmado no mercado português e espanhol, onde conta com duas fábricas de engarrafamento de água mineral, tencionando futuramente ter uma fábrica de refrigerantes em Angola com base em frutas. Andrea Ferraz Directora-geral da He Farmacêutica “Formalização de acordos nacionais e estrangeiros” “Para a HE Farmacêutica a participação na ExpoFarma é muito importante, pois permite dois dias intensos de interação com vários dos seus clientes dispersos por todo o país, bem como conhecer novos potenciais clientes. Durante o evento, conseguimos promover e explicar devidamente boa parte dos produtos e marcas representadas pela HE Farmacêutica para os profissionais de saúde presentes que ainda não tinham conhecimento das mesmas. Criou-se também uma oportunidade para se formalizar novos acordos e parcerias comerciais. A HE farmacêutica é uma empresa de direito angolano especializada em representar e distribuir marcas internacionais de renome de produtos farmacêuticos na área da dermocosmética, puericultura, nutrição infantil entre outras. Desde 2011, têm vindo a desenvolver um trabalho diferenciado no mercado, nomeadamente com formação contínua a farmacêuticos e informação médica a especialistas de dermatologia, pediatria e medicina dentária. Perspectiva crescer e tornar o mercado cada vez mais competitivo fornecendo produtos farma- cêuticos de qualidade que visam melhorar a qualidade de vida da população. Actualmente com representação em Luanda, Benguela, Huambo e na Huíla,a empresa quer expandir a sua presença para todas as províncias. Mª Rosário Boavida Directora da Sanofi Angola “Incentiva profissionais a conhecerem produtos genéricos de qualidade ” “A Medley é uma empresa de genéricos de origem brasileira, presente há dois anos no mercado farmacêutico angolano. Medley é uma empresa do grupo Sanofi, sendo este um dos maiores laboratórios farmacêuticos do mundo e o número 1 em África . A Medley possui em Angola uma linha de genéricos direccionados para várias áreas terapêuticas ,nomeadamente: cardiologia, diabetes, anti infecciosos, antifúngicos, antitússicos, analgésicos, entre outros. Para a empresa, a ExpoFarma é um evento muito importante como facilitador na troca de experiências entre farmacêuticos, como incentivador dos profissionais desta área no sentido de virem a conhecerem e a actualizarem-se sobre o que de melhor se pode encontrar no nosso mercado. O evento é uma oportunidade para que os participantes venham conhecer a realidade da indústria farmacêutica, nomeadamente do conceito de laboratório, distribuidor, e de outras áreas do universo farmacêutico. Futuramente pretendemos continuar a crescer e trazer ao mercado angolano o que é necessário para melhorar a saúde das populações, com produtos de qualidade e ao alcance de todos as bolsas. Somos a única empresa de genéricos com produtos preparados para a ZONA IV como preconizam as nossas autoridades . Durante o evento fizemos vários intercâmbios com os outros expositores, promovemos um leque de produtos genéricos e de marca junto dos nossos actuais e futuros clientes, formalizámos acordos com novas empresas nacionais que contribuirão futuramente para o crescimento da empresa. O cliente pode esperar da Medley bons produtos genéricos, com a garantia de segurança e qualidade SANOFI . JSA Outubro 2014 publicidade 11 TOXICOLOGIA 12 outubro 2014 JSA Caminho a percorrer para tratamento de mordeduras de serpentes é longo e difícil Rui MoReiRa de Sá O CIMETOX - Centro de Investigação e Informação de Medicamentos e Toxicologia participou na semana de 24 a 26 de Outubro num seminário internacional sobre mordeduras de serpentes da Bio Snake Farm na cidade de Watamu, no Quénia. Esta foi a primeira vez que um país da África Austral se fez representar num encontro desta importância que teve a participação de especialistas internacionais. A vice Decana para os as- suntos científicos da Faculdade de Medicina de Malanje, e delegada angolana a este encontro, Paula Oliveira, afirmou "sentir-se muito honrada por poder estar com especialistas da área e trocar ideias e contactos para projectos futuros que o CIMETOX está a iniciar agora e que têm a ver com esta problemática que tanto aflige as populações rurais de Angola". Referiu ainda que há um caminho árduo a percorrer de educação e consciencialização, na medida em que as pessoas ainda usam trata- mentos tradicionais para as mordeduras de serpentes que podem causar infecções e originar demora na procurar de auxílio de um médico. Frisou que é importante que os profissionais de saúde saibam reconhecer os diferentes síndromes de intoxicação por mordeduras de serpentes para o seu tratamento correcto. Recorde-se que se vai realizar em Angola o 1º Congresso Internacional de Toxicologia, com um vasto programa científico, conforme notícia que pode ler na página 3 desta edição. Mordeduras de serpentes venenosas Existem muitas espécies de serpentes. A título de exemplo, nos Estados Unidos ocorrem por ano mais de 45 mil mordeduras de serpente, mas só oito mil são venenosas. A maior parte das mortes ocorre em crianças, idosos, pessoas que não são tratadas ou que são tratadas de forma imprópria. A mordedura de uma serpente venenosa nem sempre provoca sintomas de intoxicação. Cerca de 25 % de todas as serpentes da família dos crotalídeos e de 50 % das mordeduras de cobras e de serpentes-de-coral não injectam veneno. O veneno das serpentes é uma mistura complexa que contém proteínas que desencadeiam reacções prejudiciais. Pode afectar quase todos os órgãos do corpo de uma forma directa ou indirecta. O veneno da cobra-cascavel e de outras víboras lesa o tecido que rodeia a mordedura, provoca alterações nas células sanguíneas, evita que o sangue coagule e lesa os vasos sanguíneos, causando perdas através dos mesmos. Estas alterações podem provocar hemorragias internas e insuficiência cardíaca, respiratória e renal. O veneno das serpentes-de-coral afecta o sistema nervoso, mas provoca pouco dano no tecido que rodeia a mordedura. ROYAN TAYLOR O director da Bio Snake Farm, no Quénia, a segurar algumas serpentes Sintomas e diagnóstico Os sintomas da mordedura das serpentes venenosas variam muito, dependendo do tamanho e da espécie da serpente, da quantidade e da toxicidade do veneno injectado, da localização da mordedura, da idade e do tamanho da vítima e da presença doutros problemas de saúde na pessoa que sofre a picada. A maioria das mordeduras são na mão ou no pé. Os professores David Warell, David Wiliam e Royan Taylor extraem veneno de uma mamba verde PAULA OLIVEIRA A vice Decana para os assuntos científicos da Faculdade de Medicina de Malanje, Paula Oliveira, representou Angola no seminário internacional sobre mordeduras de serpentes que decorreu em Watamu, no Quénia, durante o qual esteve em contacto com especialistas da área e trocou "ideias sobre projectos futuros que o CIMETOX está a iniciar agora relacionados com esta problemática que tanto aflige as populações rurais de Angola" A temível mamba negra ( Dendroaspis polylepis) causadora de muitas mortes em África Tuberculose mamária é uma doença rara e de difícil diagnóstico Magda Cunha Viana A tuberculose mamária é rara, de difícil diagnóstico, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, nomeadamente africanos, asiáticos e da América do Sul, onde a doença tem prevalência, e ocorre em mulheres maioritariamente entre os 20 e os 40 anos. O médico deve estar sempre alerta para a doença quando se depara com pacientes com envolvimento mamário de evolução subaguda, com nódulos ou processo inflamatório com presença de fístulas e que não apresentem indícios de malignidade no exame histopatológico, principalmente em países subdesenvolvidos, segundo um estudo publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Vieira Lopes, que falava no Congresso da Clinica Girassol, não avançou o número de casos registados, mas salientou que a tuberculose da mama pode ser classificada como primária ou secundária, sendo que clinicamente se define em três formas: nodular, disseminada e esclerosante. Um dos sinais da doença é o aparecimento de um nódulo mamário, principalmente em mulheres mais idosas, sendo difícil diagnosticá-lo clinicamente através de exames radiológicos, pois pode ser confundido com o cancro da mama. Em mulheres jovens, frisou, a doença apresenta-se geralmente como um abcesso da mama de 3 a 4 milímetros. O diagnóstico definitivo só pode ser feito através da identifica- ção do agente etiológico, o Mycobacterium tuberculosis, por microscopia óptica directa ou por cultura do material aspirado. "Tendo em conta todo o diagnóstico diferencial, podemos dizer que em Angola os estudos feitos até agora não demonstram elevada incidência desta manifestação clínica de tuberculose, ", adiantou. TEMOs AO DIsPOR DOs NOssOs ClIENTEs UMA VAsTA GAMA DE sERVIçOs ClíNICOs NAs MAIs VARIADAs áREAs DE ATENDIMENTO HOsPITAlAR. PARA O CUMPRIMENTO DOs NOssOs sERVIçOs, POssUíMOs EqUIPAMENTO MODERNO E INsTAlAçõEs COM PADRãO TOPO DE GAMA. Rua Comandante Gika, nº 225, luanda -Angola Tel.: 226 698 000 / 226 698 415 / 226 698 416 FAX: 226 698 218 www.clinicagirassol.co.ao ESPECIALIDADES MÉDICAS - Dermatologia - Gastrenterologia - Medicina Interna - Medicina Intensiva - Nefrologia - Neurologia - Cardiologia - Endocrinologia - Hematologia Clínica - Reumatologia - Oncologia - Infecciologia - Fisioterapia - Psiquiatria - Hemoterapia ESPECIALIDADES CIRÚRGICAS - Neurocirurgia - Oftalmologia - Ortopedia - Cirurgia Plástica - Reconstrutiva e Estética - Cirurgia Pediátrica - Ginecologia – Obstétrica - Cirurgia Geral - Cirurgia Maxilofacial - Angiologia - Cirurgia Vascular - Urologia - Otorrinolaringologia - Cirurgia Cardiotorácica - Odontologia - Anestesiologia ESPECIALIDADES PEDIÁTRICAS - Neonatologia - Puericultura - Cirurgia Pediátrica - Cardiologia Pediátrica CONSULTAS EXTERNAS - Psiquiatria - Pneumologia - Fonoaudiologia - Maxilo Facial - Nutrição DOR 14 Outubro 2014 JSA Profissionais de saúde já não aceitam a permanência da dor Dor aguda A dor aguda é uma dor que, até certo ponto, tem consequências benéficas para o organismo. É um sinal de alarme que avisa da ocorrência de um traumatismo, uma queimadura, um derrame articular ou uma úlcera gástrica, por exemplo. Neste contexto, é um sintoma muito importante para o diagnóstico de várias doenças, sendo a principal causa de procura de cuidados de saúde pela população em geral.A importância da dor aguda está bem patente em doentes que padecem duma patologia rara, em que há uma deficiência congénita da sensibilidade dolorosa. Estes indivíduos, que não sentem dor, têm uma esperança média de vida muito inferior a um indivíduo normal, precisamente porque lhes falta esse mecanismo sinalizador que a dor representa. Embora a dor aguda seja útil em muitas circunstâncias, ela deve ser combatida por forma a não se perpetuar e a não se tornar eventualmente numa dor crónica.Além disso, existe um tipo de dor aguda que é provocada pela própria intervenção dos profissionais de saúde, por exemplo nos procedimentos de diagnóstico ou nas terapêuticas cirúrgicas, a chamada dor aguda pós-operatória. Neste caso, é fundamental controlar a dor, não só por razões éticas e para evitar o sofrimento desnecessário, A dor é um sintoma ou consequência de doença, sendo actualmente consensual que deve ser eliminada, principalmente no caso de doentes crónicos ou terminais, onde esta é absolutamente não aceite. São diversas causas da dor que poderão chegar, em casos extremos, à doença crónica ou terminal. Mas a dor é também um sintoma de situações patológicas que requerem cuidados de saúde.Independentemente do quadro clínico na qual se encaixa, a dor pode e deve ser tratada. O que é a dor? De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Association for the Study of Pain), a dor é uma experiência multidimensional desagradável, envolvendo não só um componente sensorial mas também um componente emocional, e que se associa a uma lesão tecidular concreta ou potencial, ou é descrita em função dessa lesão. Isto significa que: a dor não é apenas uma sensação mas sim um fenómeno complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados, devendo ser encarada segundo um modelo biopsicossocial; a dor é um fenómeno subjectivo, cada pessoa sente a dor à sua maneira (da minha dor só eu sei); não existem ainda marcadores biológicos que permitam caracterizar objectivamente a dor; não existe relação directa entre a causa e a dor; a mesma lesão pode causar dores diferentes em indivíduos diferentes ou no mesmo indivíduo em momentos diferentes, dependendo do contexto em que o indivíduo está inserido nesse momento; por vezes existe dor sem que seja possível encontar uma lesão física que lhe dê origem Como tratar a dor? O tratamento da dor deve ser feito fundamentalmente nos cuidados de saúde primários, ou seja, nos centros e postos de saúde. Estes profissionais de saúde estão habilitados a diagnosticar e tratar a grande maioria das patologias dolorosas (a título de exemplo, todos os estudos epidemiológicos indicam que a dor crónica mais frequente é a lombalgia ou seja as vulgares dores de costas), dispondo para o efeito de um vasto leque de opções terapêuticas, que vão desde os medicamentos analgésicos anti-inflamatórios não esteróides, até aos opióides fortes, ou outro tipo de tratamentos como a fisioterapia e outras terapêuticas com- plementares. Tão ou mais importante que o tratamento da dor é a prevenção da dor crónica, através por exemplo do tratamento adequado da dor aguda ou evitando os factores de risco associados às lombalgias que, como acima referido, são a principal causa de dor crónica. como também para reduzir o risco de complicações pós-operatórias como as infecções respiratórias ou as tromboses venosas dos membros inferiores, e ao mesmo tempo reduzir o tempo de internamento dos doentes. O mesmo se aplica à dor associada ao trabalho de parto. Dor crónica A dor crónica é geralmente definida como uma dor persistente ou recorrente durante pelo menos 3-6 meses, que muitas vezes persiste para além da cura da lesão que lhe deu origem, ou que existe sem lesão aparente. A dor crónica não tem qualquer vantagem para o doente, pelo contrário, para além do sofrimento que causa, tem repercussões na saúde física e mental do indivíduo, levando por exemplo a alterações do sistema imunitário com uma consequente diminuição das defesas do organismo e aumento da susceptibilidade às infecções. No campo da saúde mental, a dor crónica provoca frequentemente insónias, ansiedade, depressão, podendo mesmo levar ao suicídio. Há pois uma tendência actualmente para encarar a dor crónica não como um mero sintoma mas, muitas vezes, como uma doença por si só, com enormes repercussões sobre o indivíduo e a sociedade pelo sofrimento e custos sócioeconómicos que lhe estão associados. A dor no idoso TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA Os objectivos principais da terapêutica farmacológica são o controlo da dor e a melhoria da capacidade funcional e da qualidade de vida. O modo habitual do tratamento da dor em idosos é farmacológico e deverá ser balanceado em função dos riscos e dos benefícios. A efectividade do tratamento farmacológico é maior quando combinada com formas de tratamento não farmacológico. Devido à heterogeneidade dos idosos na resposta à terapêutica farmacológica a dose óptima e os efeitos secundários dos medicamentos são difíceis de prever. As doses devem ser ajustadas em avaliações frequentes, de modo a optimizar o controlo da dor e minimizar os efeitos secundários. O controlo da dor implica a utilização de associações medicamentosas que são potencialmente geradoras de efeitos colaterais. Contudo, a polimedicação pode ser necessária para minimizar os efeitos secundários específicos de cada fármaco. A combinação de pequenas doses de diferentes grupos de fármacos, com os ajustes apropriados às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas induzidas pela idade, permite obter o controlo da dor com menor risco de desencadear efeitos secundários. Orientações específicas para os profissionais de saúde 1. Os idosos com dor crónica moderada a intensa são candi- datos a tratamento farmacológico que segue os mesmos princípios e tipo de analgésicos que as pessoas mais jovens, mas com os ajustes necessários às suas particularidades. 2. Nos idosos que se apresentam mais sensíveis às reacções adversas, a maioria dos analgésicos são eficazes e relativamente bem tolerados quando usados com precaução, e o efeito analgésico obtido será o melhor indicador da dose e do ritmo de administração, não esquecendo que a via de administração deverá, sempre que possível, ser a me- nos invasiva, portanto a via oral. 3. O tratamento da dor em idosos deve ser orientado de acordo com a escada analgésica da OMS, tendo em consideração as particularidades dos idosos para os diferentes grupos de fármacos (Figura 1). FIG. 1 - Escada analGésIca modIFIcada para o tratamEnto da dor 1º Escalão Dor Ligeira analgésicos não opióides e/ou adjuvantes 2º Escalão Dor Moderada opióides fracos ou minor + analgésicos não opióides e/ou adjuvantes 3º Escalão Dor Intensa opióides fortes ou major+ analgésicos não opióides e/ ou adjuvantes 4º Escalão Dor não Controlada técnicas invasivas (analgésicos por via espinhal, bloqueios nervosos) Saúde Cuanza norte JSA outubro 2014 16 Cuanza Norte regista 554 novos casos de VIH-Sida em nove meses Autoridades da província têm projectadas acções de combate a novas infecções através da implementação de programas de sensibilização Diniz Simão Correspondente no Cuanza norte texto e fotografia As autoridades sanitárias da província do Cuanza Norte anunciaram que de Janeiro a Setembro deste ano foram notificados 554 novos casos de infecção por VIH-Sida, segundo o responsável local do Programa de Luta contra a pandemia, Mateus Manuel Gaspar. Em testes efectuados a um universo de 32.852 pessoas constam, entre os casos diagnosticados, 410 mulheres, 125 homens e 19 crianças, adiantou. Mateus Gaspar referiu que as autoridades da província têm projectadas acções de combate a novas infecções através da implementação de programas de sensibilização dos cidadãos, sobretudo no que diz respeito a métodos de prevenção, riscos e consequências da referida pandemia. Depois do lançamento do Programa de Luta contra a pandemia na província, em Maio de 2006, o Cuanza Norte passou a contar com centros de aconselhamento, testagem e acompanhamento de pessoas infectadas com VIH-Sida em todos os municípios. No período em referência não foi notificada qualquer morte relacionada com a doença Autoridades reforçam mobilização num alerta para riscos do VIH-Sida No âmbito destas iniciativas foram distribuídos, entre Junho e Agosto, 2.400 preservativos nos municípios de Bolongongo e Golungo-Alto. A iniciativa contou com o apoio da empresa de supervisão de saúde (SHS), e incluiu a testagem voluntária de 800 cidadãos, tendo sido detectados cinco casos positivos que mereceram o devido aconselhamento e posterior encaminhamento ao hospital para terapia com antirretrovirais. A mesma acção realizouse no município do Ngonguembo através de uma campanha de testagem voluntária e mobilização massi- va dos cidadãos relativamente aos riscos e consequências do VIH-Sida. Esta acção foi complementada pela distribuição de cerca de 600 preservativos masculinos. No âmbito da feira de saúde, promovida pelas autoridades sanitárias locais em parceria com a empresa SHSSoluções de Saúde, foram feitos testes de VIH-SIDA a 62 pessoas, todos com resultados negativos. Rita Oliveira, assistente da empresa SHS no município do Ngonguembo, e coordenadora desta acção, referiu que a mesma englobou a realização de 51 consultas diversas, e testes de malária a 51 munícipes, dos quais resultaram seis casos positivos, tendo ainda sido administradas vacinas contra a pólio, sarampo, tétano, febre-amarela e BCG a várias crianças da região. A feira visou promover a assistência médica à popula- ção na sede municipal do Ngonguembo, e aumentar os conhecimentos dos munícipes sobre cuidados primários de saúde e prevenção de várias doenças, adiantou a responsável. A comuna da Aldeia Nova, no município da Banga é outra das localidades que também reforçou o seu programa local de mobilização dos cidadãos contra o VIHSida e efectuou testes a voluntários, tudo no âmbito de uma parceria entre as autoridades sanitárias locais e a empresa de consultoria de saúde (SHS). No quadro da referida iniciativa, a sede da comuna já acolheu uma feira da saúde que incluiu a realização de uma campanha de testes contra a Sida a voluntários, que contou com a adesão de um número considerável de munícipes, não tendo sido registado qualquer caso positivo da doença. Esta acção foi ainda marcada pela realização de uma campanha massiva de mobilização dos cidadãos sobre a importância da prevenção, riscos e sintomas do VIH-Sida, acompanhada da distribuição de mais de 100 preservativos masculinos. A coordenadora técnica da empresa SHS, Nely Raquel, responsável pela iniciativa, referiu que a mesma foi promovida com a contribuição de funcionários de saúde pública e marcada pela realização de testes rápidos, precedidos da oferta de preservativos. Nely Raquel afirmou que, no quadro do reforço do referido programa, foram mobilizados no município da Banga, 30 agentes comunitários de saúde, coordenados por três supervisores e um gestor de cuidados, os quais, além da mobilização de combate ao VIH-Sida actuam na divulgação de informação aos munícipes relativamente aos cuidados primários de saúde e prevenção de doenças, nas comunidades, através da criação de aterros sanitários, construção de latrinas e outras medidas colectivas. Desde o lançamento do Programa de Luta contra a pandemia na província, em Maio de 2006, o Cuanza Norte conta actualmente com centros de aconselhamento e testagem voluntaria (CATV) de VIH/SIDA nos 10 municípios. Cidadãos preocupados com a ilegibilidade da caligrafia dos médicos Os cidadãos de Ndalatando, capital do Cuanza Norte, manifestam-se actualmente preocupados com a dificuldade de legibilidade da caligrafia adoptada pela maioria dos médicos na prescrição de medicamentos aos pacientes, situação que tem causado sérios transtornos na aquisição dos fármacos e em alguns casos na compra de medicamentos errados. Cidadãos de Ndalatando questionados sobre esta situação manifestaram a sua inquietação, visto que a caligrafia ilegível do médico pode conduzir à compra de medicamentos diferentes daqueles que estão prescritos e assim representar um atentado à saúde e vida do paciente. A mesma preocupação é também manifestada por enfermeiros e farmacêuticos que relatam problemas no atendimento, tas, para além de causar dificuldades aos ou orientação, de doentes devido à difi- enfermeiros e farmacêuticos na identificação correcta de medicamentos prescriculdade de decifrar a letra do médico. O enfermeiro Afonso José Francisco refe- tos, impede também que médicos de outras especialidades façam um diagnóstico riu que o problema da ilegibilidade da cacorrecto do quadro clínico do ligrafia em receitas médicas paciente. está a causar sérios “O A enfermeira Maria transtornos para os problema da Manuel defendeu a enfermeiros, farilegibilidade da caligrafia necessidade de os macêuticos, paem receitas médicas está a directores clínicos cientes e até causar sérios transtornos para de unidades sanimesmo médicos os enfermeiros, farmacêuticos, tárias abordarem que também enpacientes e até mesmo médicos o problema da cacontram dificulque também encontram ligrafia nas reudades em decifrar dificuldades em decifrar a niões clínicas, sobrea prescrição dos prescrição dos seus colegas”. tudo com os médicos seus colegas. estrangeiros, defendendo A letra ilegível em recei- mesmo a adopção de medidas conducentes à informatização das receitas médicas. Por sua vez, as farmacêuticas Zeza José Alberto Coelho e Eva da Conceição Félix referiram que várias vezes se recusaram a atender alguns clientes, devido à ilegibilidade da caligrafia do médico, obrigando-os a voltar ao clínico que escreveu a prescrição para identificar o nome dos medicamentos. Manifestaram-se também preocupadas com o facto de alguns adultos enviarem crianças à farmácia para comprar medicamentos, atitude que caracterizaram de irresponsável, por apresentar sérios riscos de troca de fármacos com possíveis danos para a saúde do paciente. Saúde Cuanza sul Jsa outubro 2014 18 Assistência Sanitária em Porto Amboim condicionada pela degradação das estruturas do hospital municipal Casimiro José | Porto amboim Correspondente no sumbe Texto e fotografia O hospital municipal de Porto Amboim,no município com o mesmo nome,na província do Cuanza Sul,necessita de uma reabilitação urgente e profunda,dado o estado avançado da degradação das estruturas,situação que preocupa os seus responsáveis em termos de segurança dos profissionais que aí trabalham, e dos pacientes. O director clínico do hospital Porto Aboim, Nelson João Cardoso Camilo, disse ao Jornal da Saúde que existe um plano para a reconstrução das instalações hospitalares, mas que, dada a sua dimensão, as obras dependem da cabimentação financeira, no âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP). “A reabilitação do nosso hospital é bem-vinda, mas o estado em que se apresenta a estrutura, associado às implicações do lençol de água no subsolo, seria desejável a construção de outras instalações”, frisou, acrescentando que não há muito tempo foi feita mais uma acção de reabilitação no referido estabelecimento hospitalar. Cardoso Camilo manifestou o receio de possíveis problemas, com as chuvas que se avizinham e solicitou às autoridades competentes uma intervenção pontual com vista a evitar que o pior aconteça. “Estamos a trabalhar com vidas humanas e não é bom que esse trabalho seja feito numa estrutura que não oferece confiança tanto para os pacientes, como para o corpo clínico e, por isso, uma intervenção pontual afigura-se como prioridade”, advertiu. Para prevenir outras situações decorrentes da degradação das infraestruturas do único hospital de referência, Nelson Camilo disse que as autoridades do município decidiram transferir os serviços de Banco de Urgências, Pediatria e Medicina geral para o Centro Materno-Infantil que, pela sua especifidade, não responde às exigências de um hospital para atender as necessidades das populações. Centro Materno-Infantil alberga actualmente os serviços de Banco de Urgência, Pediatria, Medicina Geral e Internamento “Tivemos que transferir os serviços essenciais para o Centro Materno-Infantil, como a única saída para mitigar os efeitos da degradação do Hospital municipal, mas é uma solução provisória porque o estabelecimento não tem as condições necessárias”, frisou. O responsável referiu que nas instalações degradadas do hospital municipal permanecem os serviços de ortopedia e maternidade, pelo facto de o centro não dispor de mais espaço para a sua instalação. Falta de médicos de especialidade Nelson Camilo referiu que outra preocupação que a unidade hospitalar enfrenta é a falta de médicos das especialidades de clínica geral, cuidados intensivos, ginecologia e obstetrícia, cardiologia, pneumologia e cirurgia, para responderem as necessidades dos pacientes. Outra situação apontada prende-se com a falta de pessoal auxiliar, como maqueiros, vigilantes, barbeiros, cozinheiros e catalogadores para o funcionamento cabal do hospital municipal. O director clínico referiu que o Centro Materno-Infantil dispõe de dois consultórios, três salas de internamento, salas de pré-partos e póspartos, berçário, laboratório de análises clínicas, duas casas de banho, uma farmácia e outras estruturas de apoio. Nelson Camilo defendeu, por outro lado, o apetrechamento dos postos de saúde da periferia como uma das saídas nElson João cardoso camilo, director clínico do hospital municipal de Porto Amboim, considera que a reabilitação do hospital é bemvinda. Contudo defende que face "ao estado da sua estrutura, associado às implicações do lençol de água no subsolo, seria desejável a construção de outras instalações” possíveis para descongestionar o afluxo de doentes ao hospital municipal. Necessidade de um novo Hospital Regional O responsável afirmou que a cidade de Porto Amboim liga o Norte ao Sul e, dada essa localização geográfica, deve beneficiar de uma unidade hospitalar de carácter regional, para responder às necessidades de cada momento. Disse ainda que “a cidade de Porto-Amboim clama por um hospital de referência, com carácter regional, porque se serve de uma estrada nacional que liga o norte ao sul do país e, daí, ser alvo de muitas solicitações, principalmente em casos de acidentes de viação e outros de várias origens”. Funcionamento do hospital de Porto Amboim O hospital municipal de Porto Amboim presta serviços de banco de urgência, medicina geral, pediatria, consultas pré-natais, geneobstetrícia, CATV, ortopedia, farmácia e laboratório de O hospital municipal de Porto Amboim, construído em 1940, reclama a reabilitação profunda, dado ao seu avançado estado de degradação EdnnEs Wassuca, Administradora do Município de Porto Amboim, advoga a construção de um novo hospital de referência no município análises clínicas. Possui um corpo clínico composto por 15 médicos, dos quais três são angolanos, 13 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 43 enfermeiros e 71 auxiliares hospitalares. Quanto ao abastecimento de fármacos e equipamentos, o director clínico assegurou que o hospital de Porto-Amboim não enfrenta dificuldades de maior, contando com o apoio do depósito provincial de medicamentos usando fornecedores contratados para o efeito. Apesar dos vários constrangimentos, Nelson Camilo, fez uma avaliação positiva quanto ao desempenho dos médicos e enfermeiros e garantiu que a chave para o sucesso vai incidir na formação contínua dos enfermeiros, a vários níveis, para responderem aos desafios do presente e do futuro. O director clínico revelou que os principais casos que dão entrada ao hospital municipal estão ligados a malária, doenças diarreicas e respiratórias agudas, traumas resultantes dos acidentes de viação, tuberculose, hiper- tensão arterial e febre tifoide. Administradora preocupada com o sector da saúde A administradora municipal de Porto Amboim, Ednnes Wassuca, manifestou-se preocupada com o avançado estado de degradação do hospital local que ameaça a integridade física dos pacientes e dos profissionais de saúde. Falando ao Jornal da Saúde, Ednne Wassuca considerou que o atendimento aos pacientes no hospital se tornou um desafio face aos eventuais problemas futuros caso eles não sejam resolvidos através da construção de uma nova infraestrutura. “As infraestruturas estão demasiado degradadas, mas somos obrigados a utilizá-las embora com grandes riscos”, alertou. Edne Wassuca disse que as autoridades competentes já têm conhecimento da situação, que se arrasta há vários anos, e considerou preocupante o facto de não constar do Programa de Investimentos Públicos (PIP) de 2015, por razões que desco- nhece. “Estamos preocupados porque, contra as nossas expectativas, a obra do hospital municipal não consta da empreitada do PIP de 2015, o que nos entristece”, lamentou. O défice no abastecimento da água potável às populações é outra preocupação apontada pela administradora de Porto-Amboim, facto que considerou estar na origem de várias doenças. “O nosso município, sobretudo nas áreas rurais, enfrenta uma estiagem de três anos. A falta de água causa várias doenças e, para contornar a situação, estamos a executar o programa operativo de mitigação dos efeitos da seca que consiste na construção de tanques reservatórios de água para abastecer as populações”, disse. O melhoramento do saneamento básico na cidade e nas zonas periurbanas foi apontado como algo que tem vindo a diminuir a propagação de doenças. Referiu que a rede sanitária do município de Porto Amboim conta com um hospital municipal com 95 camas para internamento, 3 Centros médicos e 15 postos de saúde. O município de Porto Amboim tem uma superfície de 3.311 quilómetros quadrados, com uma população estimada em 118.564 habitantes que vive maioritariamente da pesca, criação de gado e da agricultura. Administrativamente o município de Porto-Amboim está dividido em duas comunas, sendo a sede a de Capolo. SERVIÇOS DE SAÚDE COM ATENÇÃO HUMANA E PROFISSIONALISMO MÉDICO especialidades cirúrgicas especialidades clínicas uAngiologia uCardiologia uCuidados intensivos para adultos e crianças uDermatologia uEndocrinologia uEstomatologia uFisiatria uGastroenterologia uGinecologia uInfectologia uMaxilofacial uMedicina interna uNeonatologia uNeurofisiologia uNeurologia uNutrição uObstetrícia uOftalmologia uOrtopedia uOtorrinolaringologia uPediatria uPsiquiatria uPuericultura uReumatologia uUrologia u Angiologia u Cirurgia estética u Cirurgia estomatológica u Cirurgia geral u Cirurgia ginecológica e obstetra u Cirurgia maxilofacial u Cirurgia oftalmológica u Cirurgia video endoscópica u Neurocirurgia u Ortopedia e traumatologia u Otorrinolaringologia u Urologia serviços de meios de diagnóstico uLaboratório clínico uMicrobiologia uNeurofisiologia uEcografia simples, transcavitaria e Rx URGÊncIas 24 HoRas seRvIços de ambUlâncIa – consUltas – enfeRmaGem - InteRnamento contactos clínIca medItex Rua da Missão, nº 52 Ingombota, Luanda, Angola Tel: 923 640 227/ 928 616 506 928 616 507 E-mails: [email protected], [email protected], [email protected] GabInete estomatoloGIa medItex: Rua Ramalho Ortigão, nº21 Alvalade, Luanda, Angola Tel: 222 320 842 E-mails: [email protected] Raio X Monitores e Ventiladores Mecânicos Equipamentos para o Bloco Operatório Equipamento Post Mortem Equipamentos para Investigação Forense Materiais e Reagentes de Laboratório Redes de Gases Medicinais, Industriais e Vácuo Acessórios e Consumíveis para os Hospitais Oxigenoterapia ao Domicílio Geradores de Oxigénio e Azoto Gasosos Material para Desinfecção Hospitalar Consumíveis e Descartáveis UMA EQUIPA AO SERVIÇO DA SAÚDE Loja: Rua 1º Congresso do MPLA, nº 9 – 2º andar A P.O. Box: 2986-5204 Luanda, Angola Tel.: 222 391 466 / 222 397 278 Fax: 222 295 656 Armazém e Oficinas: Projecto Morara Viana II – Casa QF 5, Lote nº 19 Luanda, Angola Tel. / Fax: 222 295 656 E-mail: [email protected] Gabinete oftalmologia meditex: Edificio IRCA, Rua Amílcar Cabral nº 211, Ingombota, Luanda, Angola Tel: 222 371 665 E-mails: [email protected] ReSpoNSabilidade SoCial 20 A Vice-governadora provincial do Bié, Ana Maria Mvuayi, sublinhou a necessidade dos condutores cumprirem as regras de trânsito, em particular os motoristas das carrinhas abaixo de 20 lugares "que fazem o transporte de pessoas a altas velocidades" e os "motociclistas que não usam o capacete" outubro 2014 JSA O comissário Hilário Timóteo, comandante da Brigada Especial de Trânsito (BET), lembrou que os índices de sinistralidade rodoviária crescem de dia para dia, "ceifando vidas e perdendo-se futuros quadros valiosos que poderiam ter dado muito à nossa economia”. Agradeceu o apoio da BP Angola Campanha Nacional de Segurança Rodoviária lançada no Cuíto “Malembe, malembe”... devagar se vai ao longe rui moreira de sá Malembe, malembe é o lema das campanha nacional de prevenção rodoviária, lançada a 24 de Outubro, no Cuíto, Bié, numa cerimónia presidida pela Vice-governadora provincial, Ana Maria Mvuayi. A dirigente disse, em entrevista à margem do evento, "a BP Angola tem-se notabilizado na província, não só pelo apoio a esta campanha de transcendental importância, mas também pelo seu patrocínio a outros projectos de âmbito social, nomeadamente na área da educação". Na sua intervenção, Ana Mvuayi sublinhou a necessidade dos condutores cumprirem as regras de trânsito, em particular os motoristas das carrinhas com menos de 20 lugares "que fazem o transporte de pessoas a altas velocidades" e os "motociclistas que não usam o capacete". O comissário Hilário Timóteo, comandante da Brigada Especial de Trânsito (BET), em representação do comando geral da Polícia Nacional, lembrou que os índices de sinistralidade rodoviária crescem de dia para dia, "ceifando vidas e perdendose futuros quadros valiosos que poderiam ter dado muito à nossa economia". O comandante provincial da Polícia Nacional no Bié, comissário Eduardo Cerqueira, apelou a todos os angolanos para não ficarem como espectadores sentados na bancada à espera que a polícia resolva o problema da sinistralidade rodoviária. "Cada um de nós é um actor para a prevenção de acidentes, se- ja como condutor, seja como peão", sublinhou. De acordo com Eduardo Cerqueira, os factores humano, social, veículo e via andam todos interligados e concorrem para os acidentes. E exemplificou: "A utilização de veículos com vidros laterais dianteiros fumados, o excesso de álcool, de velocidade, a falta de prudência, do uso de capacete, são algumas das causas deste estado de coisas. É também essencial que o INEA tenha meios para tapar os buracos nas estradas. É ainda fundamental que os sobas reforcem a vigilância perante os constantes roubos das placas sinalizadoras que são subtraídas da via pública e levadas para casa dos prevaricadores - porque são fluorescentes, reflectem a luz e os seus lares parecem ter mais iluminação! ". Membros da Amotrang representados por moto taxistas, e inúmeros populares da área do Kukema, acompanharam entusiasmados o evento Ameaça ao desenvolvimento O director do departamento de desenvolvimento sustentável da BP Angola, Gaspar Santos, defendeu que "o lançamento do programa nacional contra o ex- cesso de velocidade e segurança rodoviária é de alta importância para a nossa nação em vias de crescimento, pois a perda de vida humanas e os danos materiais causados pela sinistralidade na estrada consti- tuem uma potencial ameaça para o desenvolvimento de Angola". Para este responsável "a segurança no trabalho é o primeiro valor da BP em Angola e a nível mundial", sublinhou. Gaspar Santos disse que a "frota de viaturas da BP Angola viaja mais de 1 milhão de quilómetros por ano para apoiar as operações no país e nós pretendemos manter os nossos passageiros, e todos os que partilham a via pública connosco, seguros". Ora, este esforço "exige um investimento na formação, disciplina e respeito ao regulamento do trânsito, razão pela qual a BP apoia a polícia Nacional e a Direcção Nacional de Viação e Trânsito no sentido de educar e regular os utentes da via pública, enquanto condutores e peões". A cerimónia de lançamento da campanha contou ainda com a actuação dos cantores Bessa Teixeira e Justino Handanga, uma peça teatral e um exercício na estrada que exemplificou a diferença na distância de travagem de um veículo que circule a 60 e a 100 quilómetros à hora e o perigo de atropelamento que representa para os pedestres. Estiveram ainda presentes , o juiz presidente em exercício do tribunal do Bié, Hélder Silva, membros do governo da província, membros do conselho consultivo do Ministério do Interior, do comando provincial, autoridades tradicionais, efectivos da polícia, do exército, escuteiros, membros da Amotrang representados por moto taxistas, e inúmeros populares da área do Kukema que acompanharam entusiasmados o decorrer do evento durante cerca de três horas. Gaspar Santos foi assessorado pelo conselheiro sénior José Luís Fernandes. JSA Outubro 2014 publicidade 21 SENhoR CoNSUMIDoR! FAçA AS SUAS COmpRAS, mAS pRESTE ATENçãO AO SEgUINTE: Certifique-se de que o preço afixado é o que vai pagar; Leia atentamente o rótulo e toda a informação relativamente ao produto. É muito importante; Toda a informação sobre o produto ou serviço deverá estar em língua portuguesa; Tenha em atenção as datas de produção e caducidade, para sua segurança; Verifique sempre a apresentação comercial do produto ou bem adquirido. Não deve estar danificado ou ter amolgadelas, Na compra de electrodomésticos, ou qualquer outro bem duradouro, solicite a garantia por escrito e teste-o sempre que possível, no estabelecimento comercial, antes de efectuar o pagamento; Verifique sempre a sua factura para se certificar daquilo que realmente pagou e conserve-a para o caso de reclamação; Reclame e denuncie sempre que necessário for: é um direito e dever do consumidor. MINISTÉRIO DO COMÉRCIO GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA A SUA ATITUDE FAZ UMA GRANDE DIFERENÇA ADQUIRA CONSCIÊNCIA DOS SEUS DIREITOS E DEVERES Contacte os nossos serviços: Sede: Edifício do Ministério do Comércio, 2º andar, ala direita.Tel.: 914545752 / 948680056 / 946813515 Nosso Centro: Rotunda do Gamek, 1º andar,Tel.: 916299902 Núcleo Provincial: Rua da Missão, edifício da Direcção Provincial do Comércio, 1º andar.Tel.: 923307251 Ou através do e-mail: [email protected] ou do Facebook: www.facebook.com/INADEC A revista da OFA é distribuía gratuitamente a todos os farmacêuticos, entre outros profissionais de saúde. Acessível online através do site: www.ordemfarmaceuticosangola.org Ébola 24 Outubro 2014 JSA A incrível história da descoberta do ébola Um dia, em Setembro de 1976, um piloto de uma companhia aérea belga entregou a uma equipa de cientistas, uma carta de um médico de Kinshasa, antigo Zaire, e um termos azul-brilhante.O recipiente continha uma amostra de sangue de uma freira de Yambuku, aldeia remota no norte do país, e que, subitamente,contraíra uma doença misteriosa,escrevia o médico, que pedia aos investigadores para a testarem para a febreamarela. Os investigadores desconheciam por completo o vírus com o qual estavam a lidar, e a dimensão da tragédia que poderia provocar. Peter Piot, então com 27 anos, integrava uma equipa de investigadores da cidade de Antuérpia, na Bélgica, que identificou o vírus do Ébola, em 1976, afirmou em entrevista à revista semanal alemã “Der Spiegel”. “Em 1976 descobri o Ébola – agora receio uma tragédia inimaginável” Actualmente, com 65 anos, e director da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, Piot recorda as condições de segurança da altura: "Não tínhamos ideia de que o vírus era tão perigoso, e não havia laboratórios de alta segurança na Bélgica. Vestíamos apenas as nossas batas brancas de laboratório e as luvas protectoras”. “Quando abrimos o termos, o gelo no interior do recipiente estava quase todo derretido e um dos frascos tinha-se partido. Sangue e pedaços de vidro flutuavam na água gelada. Retirámos o frasco que estava intacto e começámos a testar o sangue para patogéneos, utilizando os métodos habituais da altura”, adiantou Piot. Efectuaram testes para a febre de Lassa e tifoide mas ambos deram negativo. O que poderia ser então? “As nossas esperanças dependiam da possibilidade de isolar o vírus da amostra de sangue. Para isso – disse o cientista - injectámo-la em ratos de laboratório e outros animais. À primeira vista, e durante vários dias, nada aconteceu. Pensámos que talvez o elemento patogénico tivesse sido danificado por falta de refrigeração no termos. Mas depois, um após outro, os animais começaram a morrer. E morreram todos. Começámos então a recear que a amostra contivesse algo bastante mortífero”. Por essa altura chegaram de Kinshasa outras amostras do sangue da freira, que entretanto já tinha morrido. Quando estavam quase a examinar o vírus sob um microscópio de electrões, a Organização Mundial de Saúde deu-lhes instruções para enviar todas as amostras para um laboratório de alta segurança, em Inglaterra. “Mas o meu chefe da altura – relata Piot -, queria a todo o custo descobrir o que era aquele vírus. Pegou num frasco com a amostra do vírus para a examinar, mas a mão dele tremia de tal forma que o deixou cair. O frasco estilhaçou-se em cima do pé de um dos colegas!”. Aterrorizados, desinfectaram imediatamente tudo. “Felizmente – Piot lembrase bem – o colega tinha calçado grossos sapatos de cabedal. Não nos aconteceu nada”. Mas, por fim, a equipa conseguiu uma imagem do vírus, utilizando o microscópio de electrões. A primeira reacção ao verem a imagem foi: "Mas que raio é isto?” O vírus que tinham passado tanto tempo a pesquisar era muito grande, muito comprido e parecia uma lombriga. Não tinha qualquer semelhança com o vírus da febre-amarela, parecia-se mais com o mortífero vírus de Marburg que, tal como o Ébola, provoca febre hemorrágica. Na década de 60 do século XX, esse vírus causou a morte de vários técnicos de laboratório, em Marburg, na Alemanha. de onde viera o termos com a primeira amostra de sangue da freira belga - e em zonas limítrofes, centenas de pessoas tinham sido infectadas e morrido. O pequeno hospital missionário de Yambuku era dirigido por freiras belgas. Por isso, quando o governo belga decidiu enviar um especialista à localidade, Piot voluntariou-se de imediato. Com os seus 27 anos sentiase um pouco como o seu vam no hospital em Yumbuko costumavam dar injecções de vitaminas às mulheres grávidas, utilizando agulhas não esterilizadas. A equipa avisou----as do erro que estavam a cometer. Olhando para, trás Piot considera que talvez tenham sido demasiado cuidadosos na escolha das palavras, que não foram suficientemente convincentes. As freiras não cumpriram as regras e infectaram muitas mulheres em Piot, que nas últimas décadas se dedicou à investigação do VIH/SIDA e ao ensino, recorda que, na altura, não sabia nada sobre o vírus de Marburg. “Quando hoje conto aos meus alunos, eles acham que eu devo ter vindo da Idade da Pedra”, gracejou Piot. “Mas – adianta – a verdade é que tive que ir à biblioteca e procurar num atlas de virologia o que era o vírus de Marburg. Pouco tempo depois foi o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, de Atlanta, nos Estados Unidos (CDC) que anunciou que se tratava de um outro vírus aparentado com o Marburg. A equipa de investigadores soube entretanto que em Yambuku - localidade “herói de infância, o Tintim”. E tinha a esperança de encontrar algo totalmente novo, recorda. E assim foi. A equipa seguiu para a aldeia com os fatos protectores disponíveis na altura e luvas de latex. Sabiam que estavam a lidar com uma das doenças infecciosas mais mortíferas até então conhecida no mundo, e não sabiam que se transmitia através de fluídos corporais. Poderia transmitir-se por picada de mosquitos, por exemplo. Piot conseguiu sangue de cerca de 10 doentes infectados pelo vírus misterioso. O seu receio era picar-se acidentalmente com uma das agulhas, e ficar também infectado. “Em Junho, tornou-se claro, para mim, que havia algo de muito diferente naquele surto. Já não estava circunscrito, tinha-se espalhado para países maiores, devido à maior mobilidade de pessoas - o que acabaria por facilitar a sua propagação”, sublinhou. Mas, apesar de tudo, o cientista belga pensava que o vírus do Ébola não representava um problema tão grande, porque “os surtos eram sempre breves e localizados”. Por essa altura, a organização dos Médicos Sem Fronteiras fez soar o alarme. As freiras que trabalha- Yambuku. Infelizmente – sublinha Piot – no actual surto de Ébola, na África Ocidental, os hospitais cometeram, inicialmente, o mesmo erro. Ébola, o nome de um rio perto de Yambuku “Um dia reunimo-nos até altas horas da noite para discutir o assunto - tínhamos bebido um pouco. Não queríamos dar ao novo patogeneo o nome ´vírus de Yambuku´ porque iria estigmatizar a localidade para sempre. Havia um mapa pendurado na parede e o nosso líder da equipa norte-americano sugeriu-nos que procurássemos no mapa o rio mais próximo da localidade. Cerca das três ou quatro da manhã encontrámos um nome. Rio Ébola. Mas o mapa era pequeno e estava incorrecto. Soubemos depois que o rio mais próximo era outro. Mas ´Ébola´ é um bom nome, não é?”, interrogou Piot, recordando aqueles importantes dias. Da tragédia à epidemia Trinta e oito anos depois destes acontecimentos, Piot refere-se ao actual surto como o resultado de uma “tempestade perfeita: quando cada uma das circunstâncias é um pouco pior do que o normal e todas se unem para criar uma calamidade. E com esta epidemia, houve muitos factores que foram desvantajosos desde o início. Alguns dos países atingidos acabavam de sair de terríveis guerras civis, muitos dos seus médicos tinham fugido, e os seus sistemas de saúde colapsaram. Em toda a Libéria, por exemplo, havia apenas 51 médicos em 2010, e muitos deles morreram vítimas do Ébola”. O facto de o surto de Ébola ter começado nas regiões fronteiriças (densamente povoadas) entre a GuinéConacri, Serra Leoa e Libéria, também contribuiu para a catástrofe por essas populações terem grande mobilidade, tornando-se mais difícil do que o habitual encontrar quem esteve em contacto com pessoas infectadas. E, como os mortos são tradicionalmente enterrados nas localidades onde nasceram, havia cadáveres altamente contagiosos a viajar de um lado para o outro das fronteiras em carrinhas de caixa aberta e em táxis. O resultado foi o surgimento de focos da epidemia em diferentes locais. Em grandes cidades, especialmente em bairros de lata, é impossível encontrar quem esteve em contacto com infectados, defende Piot, preocupado com a Nigéria, onde há grandes cidades como Lagos e Porto Harcourt. Se o vírus chega a esses locais, o cientista considera que “seja uma catástrofe inimaginável”. O controlo da epidemia está perdido? Piot afirma-se como eterno optimista e diz que, actualmente, não há outra solução senão tentar tudo, absolutamente tudo. “Os Estados Unidos e outros países estão finalmente a ajudar – critica – mas a Alemanha e a Bélgica, por exemplo têm de fazer muito mais”. E alerta: “Deve ser bem claro para todos nós que isto já não é apenas uma epidemia mas sim uma catástrofe humanitária. Não precisamos apenas de voluntários médicos, mas também de peritos em logística, camiões, jipes e alimentos. Esta catástrofe pode desestabilizar regiões inteiras. Gostaria de pensar que seremos capazes de controlar a epidemia. Nunca imaginei que pudesse chegar a uma situação tão má”. Especialistas em equipamentos de imagiologia e electromedicina Farmácia, Material Hospitalar e Equipamentos Médicos Rua Cónego Manuel das Neves, 97, Luanda Tel.: 923329316 / 917309315 Fax: 222449474 E-mail: [email protected] VISÃO FUTURA Produtos Naturais, Suplementos Nutricionais e Prestação de Serviços, Lda TRATE DA SUA SAÚDE CONSUMINDO PRODUTOS NATURAIS VISÃO FUTURA A CERTEZA DE UMA VIDA SAUDÁVEL E CORPO LIMPO Rua Francisco Sotto Mayor Nº5,1º Dto, Bairro Azul- Luanda Email: [email protected] Telefones: 222- 350777/924-197014/933569506 ÉbOla 26 Outubro 2014 JSA Perguntas frequentes sobre a doença do virus Ébola 1.O que é a doença do vírus Ébola? A doença do vírus Ébola (até há pouco tempo conhecida como febre hemorrágica de Ébola) é uma doença grave, muitas vezes fatal, com uma taxa de mortalidade de até 90%. A doença afecta seres humanos e primatas não-humanos (macacos, gorilas e chimpanzés). Esta doença surgiu pela primeira vez em 1976, em dois surtos simultâneos, um numa povoação situada perto do rio Ébola, na República Democrática do Congo, e outro numa área remota do Sudão. A origem do vírus é desconhecida, mas, com base nas evidências disponíveis, os morcegos frugívoros da família Pteropodidae são considerados o hospedeiro natural mais provável do vírus Ébola. 2.Como é que as pessoas ficam infectadas com o vírus? No surto actual na África Ocidental, a grande maioria dos casos ocorreu como resultado de transmissão homem-a-homem. Geralmente, o início da cadeia de transmissão está associado a um primeiro contacto de um indivíduo com um animal infectado pelo vírus Ébola. A infecção ocorre por contacto directo, através de pele não íntegra ou membranas mucosas, com o sangue, ou outros fluidos corporais ou secreções (fezes, urina, saliva, sémen), de pessoas infectadas. A infecção também pode ocorrer se a pele não íntegra ou membranas mucosas de uma pessoa saudável entrarem em contacto com ambientes ou objectos contaminados com fluidos infecciosos de um doente, como roupa suja, roupa de cama ou agulhas usadas. Mais de 100 profissionais de saúde foram expostos ao vírus Ébola enquanto prestavam cuidados a pessoas infectadas. Este facto ocorre quando estes profissionais não utilizam equipamento de protecção individual (EPI) adequado ou não aplicam correctamente todas as medidas de prevenção e controlo de infecção ao cuidar dos doen- cimento de sintomas, é de 2 a 21 dias. O doente torna-se contagioso quando começa a apresentar sintomas. Não é contagioso durante o período de incubação. As infecções pelo vírus Ébola só podem ser confirmadas através de testes laboratoriais. tes. Os prestadores de cuidados de saúde, a todos os níveis do sistema de saúde (hospitais, clínicas e postos de saúde), devem ser informados sobre a natureza da doença, e o modo como ela é transmitida, e seguir estritamente todas as precauções de controlo de infecção recomendadas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) não recomenda que as famílias ou as comunidades cuidem nas suas casas dos indivíduos que se apresentem com sintomas da doença do vírus Ébola. Em vez disso, devem procurar tratamento num hospital ou centro especializado de tratamento com equipas de médicos e enfermeiros qualificados e equipados para tratar as vítimas do vírus Ébola. Se, no entanto, a única opção for cuidar de seu ente querido em casa, a OMS recomenda vivamente a notificação da autoridade de saúde pública local e a procura de treino adequado, equipamento (luvas e outro EPI) para o tratamento, instruções sobre a remoção e disposição adequada daquele equipamento e informação sobre como evitar novas infecções e a consequente transmissão da doença para si mesmo, outros membros da família ou da comunidade. Adicionalmente, a transmissão tem ocorrido na comunidade durante os funerais e rituais associados. As cerimónias fúnebres nas quais os enlutados têm contacto directo com o corpo da pessoa falecida têm desempenhado um papel signifi- "Os prestadores de cuidados de saúde devem ser informados sobre a natureza da doença e seguir estritamente todas as precauções de controlo de infecção recomendadas" cativo na transmissão do vírus Ébola. As pessoas falecidas devem ser manuseadas com vestuário de protecção e luvas, devendo ser sepultadas de imediato. A OMS aconselha fortemente que o falecido seja manuseado e sepultado por profissionais treinados, correctamente equipados. As pessoas permanecem infecciosas enquanto o vírus permanecer no seu sangue e secreções. Por esta razão, os indivíduos infectados recebem acompanhamento cuidadoso por parte dos profissionais médicos, sendo submetidos, antes de voltar para casa, a exames laboratoriais para garantir que o vírus já não se encontra em circulação. Quando os profissionais determinam que é seguro o indivíduo voltar para casa, este já não é infeccioso, não podendo portanto infectar qualquer outra pessoa na sua comunidade. No entanto, os homens que recuperaram da doença do vírus Ébola podem ainda transmitir o vírus para os seus parceiros sexuais através do sémen, até sete semanas após a recuperação. Por esta razão, é importante que estes homens se abstenham de manter relações sexuais durante pelo menos sete semanas após a recuperação ou, no caso de isto não ser possível, usem sempre preservativo durante as relações sexuais nas sete semanas após a recuperação. 3.Quem está mais em risco? Durante um surto, os indivíduos que apresentam maior risco de infecção são: os profissionais de saúde; os fa- miliares ou outros em contacto estreito com pessoas infectadas; e as pessoas que, ao participarem em cerimónias fúnebres, tiveram contacto directo com os corpos dos que faleceram. Mais dados serão necessários para compreender se alguns grupos de indivíduos, por exemplo, imunocomprometidos ou com outras doenças subjacentes, são mais susceptíveis à infecção pelo vírus. A exposição ao vírus pode ser controlada através da implementação de medidas de protecção em clínicas e hospitais, locais públicos de reunião ou em casa. 4.Quais os sinais e sintomas típicos da infecção? São sinais e sintomas típicos o aparecimento súbito de febre, a fraqueza extrema, dores musculares, dor de cabeça e dor de garganta. Seguem‐se vómitos, diarreia, exantema cutâneo, falência renal e hepática e, nalguns casos, hemorragias internas e externas. Os resultados laboratoriais incluem contagens baixas de glóbulos brancos e plaquetas e enzimas hepáticas elevadas. O período de incubação, ou intervalo de tempo entre a infecção e o apare- 5.Quando se deve procurar ajuda médica? Se alguém esteve numa zona geográfica onde existe doença do vírus Ébola ou em contacto com uma pessoa que tem ou é suspeita de ter a doença e começa a ter sintomas, deverá procurar ajuda médica imediatamente. Quaisquer casos de pessoas suspeitas de terem contraído a doença deverão, sem demora, ser declarados à unidade de saúde mais próxima. Uma pronta assistência médica é essencial para aumentar a probabilidade de sobrevivência. É igualmente importante controlar a disseminação da doença, sendo necessário iniciar de imediato os procedimentos de controlo da infecção. 6.Qual é o tratamento? Os indivíduos gravemente doentes necessitam de cuidados de suporte intensivos. Estão frequentemente desidratados e necessitam de fluidos intravenosos ou de reidratação oral com soluções de electrólitos. Actualmente, não existe tratamento específico para curar a doença. Com cuidados médicos adequados, alguns doentes recuperam. No sentido de controlar a disseminação adicional do vírus, as pessoas suspeitas de ter a doença, bem como os doentes confirmados, deverão ser isoladas de outros doentes e tratadas por profissionais de saúde usando precauções estritas de controlo da infecção. 7.O que posso fazer? Posso evitar a infecção? Existe uma vacina? De momento, não existe nenhum medicamento ou vacina licenciados para a doença do vírus Ébola, mas existem vários produtos em desenvolvimento. 27 JSA Outubro 2014 8.Formas de evitar a infecção e a transmissão Enquanto os casos primários de doença do vírus Ébola se devem ao manuseamento de animais infectados ou seus cadáveres, os casos secundários ocorrem por contacto directo com os fluidos corporais de doentes, através de práticas não seguras de manejo de casos ou dos cadáveres durante os funerais. Durante este surto, a maior parte dos casos de doença ocorreu por transmissão entre humanos. Há várias medidas que podem ser tomadas para ajudar a prevenir a infecção e limitar ou impedir a transmissão. — Compreender a natureza da doença, como é transmitida e como se pode evitar que continue a ser transmitida (para mais informação, ver por favor as “Perguntas frequentes sobre a doença do vírus Ébola” anteriores). —Ouvir e seguir as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde do seu país. —Se suspeitar que alguém seu conhecido ou da sua comunidade contraiu a doença do vírus Ébola, deverá imediatamente encorajá-lo e ajudá-lo a procurar tratamento médico adequado numa unidade de cuidados de saúde. —Se escolher cuidar de uma pessoa doente na sua própria casa, notifique os técnicos de saúde pública da sua intenção em fazê-‐lo para que estes possam fornecer-lhe formação e EPI apropriados (luvas, batas impermeáveis, botas ou sapatos fechados com protecções impermeáveis descartáveis, máscara e protectores oculares contra salpicos), assim como instruções sobre como cuidar adequadamente do doente, protegendo-‐se a si próprio e à sua família, e como descartar adequadamente o EPI depois de usado. NOTA: A OMS não recomenda cuidar em casa de doentes do vírus Ébola e aconselha vivamente os doentes e os seus familiares a procurarem cuidados profissionais num centro de tratamento. —Quando visitar doentes no hospital ou estiver a prestar cuidados domiciliários, é recomendado que lave as mãos com água e sabão sempre que tocar no doente, entrar em contacto com os seus fluidos corporais ou tocar em objectos ou superfícies nas suas imediações. —Todos os cadáveres de indivíduos que morreram da doença do vírus Ébola devem ser manuseados apenas utilizando EPI, sendo de imediato sepultados por profissionais de saúde pública treinados para a realização de práticas fúnebres seguras. Para além disto, todos os indivíduos devem minimizar os contactos com animais com elevado risco de infecção (i.e., morcegos frugívoros, primatas não‐humanos) nas áreas afectadas da floresta tropical. Se suspeitar que um animal está infectado, não lhe toque nem se aproxime. Os produtos derivados de animais (sangue e carne) devem ser muito bem cozinhados antes do seu consumo. 9. E os profissionais de saúde? Como se devem proteger quando estiverem a tratar os doentes? Os profissionais de saúde em tratamento de doentes com suspeita ou confirmação de doença do vírus Ébola têm um maior risco de infecção que outros grupos. Durante um surto, há um conjunto de medidas que podem, não só reduzir ou mesmo parar a dispersão do vírus, mas também ajudar a proteger os profissionais de saúde e outras pessoas em contexto profissional (unidades de saúde). Estas medidas são genericamente conhecidas por “precauções padrão e outras precauções adicionais” e são recomendações baseadas na evidência reconhecidas como úteis para evitar a disseminação de infecções. As perguntas e respostas que se seguem descrevem estas precauções em pormenor. 10. Os doentes com suspeita ou confirmação de infecção com o vírus Ébola devem ser isolados dos restantes doentes? Recomenda-se o isolamento de doentes com suspeita ou confirmação de infecção por vírus Ébola em quartos individuais de isolamento. Quando não houver disponibilidade de quartos de isolamento, é importante garantir que haja áreas destinadas a casos suspeitos e casos confirmados, separadas entre si e dos outros doentes. O acesso a estas áreas deve ser restrito, equipamento necessário deve estar estritamente dedicado a estas áreas, e pessoal médico e não médico deve ser escalado exclusivamente a quartos de isolamento e a de desinfecção à base de álcool ou sabão e água corrente, utilizando a técnica correcta, recomendada pela OMS. Sempre que as mãos estejam visivelmente sujas, é muito importante proceder à sua higiene usando sabão e água corrente. As soluções de desinfecção à base de álcool deverão encontrar-se disponíveis em todos os locais de prestação de cuidados de saúde (quer à entrada, quer nos quartos/zonas de isolamento de doentes); água corrente, sabão e toalhas descartáveis devem também encontrar-se sempre disponíveis. O técnico Didi Ximbi Yavo desinfecta as mãos e as luvas numa das salas da zona de isolamento preparadas para receber doentes suspeitos de terem contraído o vírus do ébola, no hospital Josina Machel, em Luanda áreas destinadas a estes doentes. São permitidas visitas nas áreas onde os doentes com suspeita ou confirmação de doença do vírus Ébola estão internados? Recomenda-se que não haja visitas nas áreas onde os doentes com suspeita ou confirmação de doença do vírus Ébola estão interna- "Se suspeitar que alguém da sua comunidade contraiu a doença do vírus Ébola, deverá imediatamente encorajá-lo e ajudá-lo a procurartratamento médico adequadonuma unidade decuidados de saúde" dos. Se isto não for possível, deve ser dado acesso apenas aos visitantes necessários ao bem-estar e cuidado de doentes, tais como aos pais de crianças internadas. 11. É necessária a utilização de equipamento de protecção individual na prestação de cuidados às pessoas infectadas? —Para além das precauções padrão na prestação de cuidados de saúde a qualquer indivíduo, os profissionais de saúde deverão empregar, de forma estrita, as medidas de controlo da infecção recomendadas, de forma a evitarem a exposição a sangue e fluidos infecciosos, ou a ambientes ou objectos contaminados, como, por exemplo, roupas de cama sujas ou agulhas usadas. —Todos os visitantes e profissionais de saúde deverão utilizar, escrupulosamente, um conjunto de equipamento designado de equipamento de protecção individual (EPI). O EPI deverá incluir, pelo menos, luvas, uma bata impermeável, botas ou sapatos fechados com protecções impermeáveis descartáveis, uma máscara e protecção ocular contra salpicos, sob a forma de óculos ou escudos faciais. 12.A higiene das mãos é considerada importante? A higiene das mãos é essencial e deverá ser realizada: — antes da colocação de luvas e do restante EPI, à entrada dos quartos/zonas de isolamento; — antes da realização de quaisquer procedimentos de limpeza ou de assepsia num doente; — após qualquer exposição potencial, ou efectiva, a sangue ou fluidos corporais de indivíduos infectados; — após se ter tocado (ainda que potencialmente) em superfícies contaminadas, utensílios ou equipamentos na proximidade de indivíduos infectados; e — após a remoção do EPI, aquando da saída da área de isolamento. É importante fazer notar que negligenciar a higiene das mãos após a remoção do EPI contribui para reduzir, ou mesmo, suprimir, a protecção oferecida por este equipamento. Na higiene das mãos deverá utilizar-se uma solução 13.Que outras precauções são necessárias nos locais de prestação de cuidados de saúde? Entre as precauções padrão, destaca-se a realização, em segurança, de injecções ou colheita de sangue, incluindo a gestão segura de objectos cortantes e perfurantes, a limpeza regular e rigorosa dos ambientes, a descontaminação das superfícies e equipamentos e a gestão de roupas de cama sujas e de resíduos. Adicionalmente, é importante garantir o processamento laboratorial seguro de amostras biológicas de doentes com infecção confirmada, ou suspeitos de doença por vírus Ébola, e o manejo, em segurança, dos cadáveres ou restos humanos para autópsia ou preparação para enterro. Quaisquer profissionais de saúde, ou outros profissionais, encarregados da realização destas tarefas relativamente a indivíduos suspeitos ou confirmados com doença do vírus Ébola deverão utilizar EPI adequado e seguir os procedimentos recomendados pela OMS. 14. O que dizer dos rumores sobre certos alimentos poderem evitar, ou mesmo tratar, a infecção? A OMS recomenda, com veemência, a procura junto das autoridades de saúde pública locais de aconselhamento de saúde credível sobre a doença do vírus Ébola. Como não existe, até ao presente, qualquer medicamento específico contra o vírus Ébola, o melhor tratamento disponível consiste no tratamento de suporte intensivo a nível hospitalar, providenciado por profissionais de saúde devidamente treinados, utilizando procedimentos ade- ÉbOla 28 quados de controlo da infecção. A infecção pode ser controlada através da adesão às medidas de protecção recomendadas. 15. De que forma a OMS protege a saúde durante os surtos? A OMS providencia aconselhamento técnico aos países e comunidades de forma a preparar uma resposta adequada face a um surto da doença do vírus Ébola. As acções da OMS incluem: — vigilância da doença e partilha de informação proveniente de diferentes regiões, no sentido da detecção rápida de novos surtos; — assistência técnica para investigar e conter ameaças à saúde quando estas ocorrem, tais como ajuda no terreno na identificação dos indivíduos doentes e na caracterização dos padrões de dispersão da doença; — aconselhamento sobre as opções de prevenção e de tratamento disponíveis; — destacamento de peritos e distribuição de materiais de apoio (tais como EPI para os prestadores de cuidados de saúde) quando estes são requisitados pelo país afectado; — emissão de comunicados para aumentar o nível de consciencialização so- bre a natureza da doença e as medidas de protecção da saúde a utilizar para o controlo da transmissão do vírus; e — activação de redes regionais ou globais de peritos, tendo em vista a prestação de assistência, se solicitada, e a mitigação de potenciais impactos na saúde a nível internacional e na disrupção das viagens e das trocas comerciais. em termos de saúde pública e a determinação da resposta mais adequada. 17. É seguro viajar durante um surto? O que aconselha a OMS? Durante um surto, a OMS revê regularmente a situação de saúde pública e pode, caso seja necessário, recomendar a imple- 16. Durante um surto, o número de casos "Durante um surto de Ébola, comunicados pelos a autoridade de saúde responsáveis do do país afectado comunica sector da saúde poo número de casos de de aumentar e didoença e de óbitos. Estes minuir? Porquê? números podem variar Durante um surto de diariamente". Ébola, a autoridade de saúde do país afectado comunica o número de casos de doença e de óbitos. Estes números podem variar diariamente. O nú- mentação de restrições a mero de casos inclui tanto viagens e ao comércio, inos casos suspeitos de formando as autoridades doença, como os que já nacionais sobre estas reforam confirmados labora- comendações, de modo a torialmente e, por vezes, que estas possam ser imsão comunicados separa- plementadas. A OMS endamente. Assim, os núme- contra-se actualmente a ros podem mudar entre ca- rever as recomendações sos suspeitos e confirma- sobre viagens e espera podos. der emitir novos conselhos Analisar, ao longo do muito brevemente. tempo, as tendências de Se bem que os viajantes evolução do número de devam estar sempre vigicasos, complementando lantes em relação ao seu escom informação adicional, tado de saúde e também ao é geralmente mais útil pa- daqueles que os rodeiam, o ra a avaliação da situação seu risco de infecção é mui- Outubro 2014 JSA to baixo, uma vez que a transmissão pessoa-apessoa resulta do contacto directo com fluidos corporais ou secreções de um indivíduo infectado. 18.É seguro viajar com pessoas com a doença do vírus Ébola? Tal como sucede com qualquer outra doença, é sempre possível que uma pessoa que tenha sido exposta ao vírus Ébola decida viajar. Se o indivíduo ainda não tiver desenvolvido sintomas (ver Pergunta Frequente nº 4), não pode transmitir a doença do vírus Ébola aos que o rodeiam. Se o indivíduo apresentar sintomas, deve procurar ajuda médica imediata logo que surjam os primeiros sinais de indisposição. Isto pode requerer a notificação da tripulação do avião ou do navio no qual viaje ou a procura de ajuda médica imediatamente após a chegada ao destino. Os viajantes que mostrem sintomas iniciais de doença do vírus Ébola devem ser isolados para prevenção de futuras transmissões. Embora o risco para os companheiros de viagem, numa situação deste tipo, seja muito baixo, a identificação e localização de contactos são recomendadas nestas circunstâncias. 19.É seguro viajar para a África Ocidental, em negócios ou para visitar família e amigos? O risco de um turista ou homem/mulher de negócios contrair a infecção com o vírus Ébola durante uma visita a áreas afectadas e desenvolver a doença após o regresso é extremamente baixo, mesmo que a viagem inclua a visita a áreas onde os primeiros casos foram comunicados. A transmissão requer o contacto directo com sangue, secreções, órgãos ou outros fluidos corporais de pessoas infectadas, vivas ou mortas, ou de animais, sendo que não é provável que o viajante típico se exponha a estes riscos. Em todo o caso, os turistas e viajantes são aconselhados a evitar todo este tipo de contactos. Se visitar a família ou amigos em zonas afectadas, o risco é igualmente baixo, a menos que mantenha contacto físico directo com uma pessoa doente ou que tenha morrido da doença. Neste caso, é importante notificar as autoridades de saúde pública e participar no rastreio de contactos. A identificação e localização de contactos são utilizadas para confirmar que a pessoa em causa não esteve exposta à doença do vírus Ébola e para evitar a propagação da mesma através de monitorização. 20.Conselhos gerais da OMS para viagens — Os viajantes devem evitar qualquer contacto com pessoas infectadas. — Os profissionais de saúde em viagem para áreas afectadas devem seguir estritamente as recomendações de controlo da infecção emitidas pela OMS. —Qualquer pessoa que tenha permanecido em áreas onde foram comunicados casos recentemente, deve estar ciente dos sintomas de infecção e procurar auxílio médico ao primeiro sinal de doença. —Os clínicos que prestam cuidados de saúde a viajantes que, regressando de áreas afectadas, apresentem sintomas compatíveis, são aconselhados a considerar a possibilidade de doença do vírus Ébola. —Se pretender obter conselhos adicionais sobre viagens, leia, por favor, a “Avaliação de risco de viagens e transportes: Recomendações para as autoridades de saúde pública e para o sector dos transportes”, em http://who.int/ith/updates/20140421/en/. Tradução de: Aida Esteves, Ana Abecasis, Celso Cunha, João Piedade e Ricardo Parreira do Instituto de Higiene e Medicina Tropical ‐ Universidade Nova de Lisboa Total de casos Espanha 1 caso EUA Mali 13 703 casos 4 920 mortes 1 casos (1 Morto) 4 casos (1 Morto) Senegal 1 caso Guiné-Conacri Nigéria Serra Leoa Ébola no Mundo Situação a 29 de Outubro de 2014. Não considera os casos na Alemanha, Reino Unido, França e Noruega. Fonte: OMS Libéria 1906 casos 997 mortes 5235 casos 1500 mortes 6535 casos 2413 mortes 20 casos 8 mortes JSA Outubro 2014 publicidade 29 Saúde mental 30 outubro 2014 JSA Jornadas de saúde mental a decorrer até 8 de Novembro para pôr fim a estigma Francsico cosme com magda cunha Viana As pessoas com problemas de saúde mental têm que viver não só com a doença e as consequências psíquicas, físicas e laborais que ela acarreta,como ainda com o preconceito e o estigma causados por deficiente informação de profissionais da saúde, de familiares,amigos e da comunidade em geral. MASSOXI VIGÁRIO Com a criação das redes de serviço de saúde mental foi possível efectuar uma reforma com reflexos na humanização dos serviços e na redução de pacientes internados no Hospital Psiquiátrico de Luanda RAQUEL MAHOQUE A OMS está a incentivar os governos dos países africanos a darem maior importância à área da saúde mental e a inclui-la nos seus programas A história, o diagnóstico e os tratamentos da doença mental têm passado por diversas teorias, desde os filósofos da antiga Grécia, à psicanálise de Sigmund Freud, chegando agora às neurociências. O cérebro tem ainda muito para ser explorado e explicado. Talvez por isso, por haver ainda um certo desconhecimento da comunidade científica e, por maioria de razão, da população em geral, o portador de uma doença mental seja por vezes colocado à margem pela comunidade. O ministro da Saúde, José Van-Dúnem afirmou, na abertura de uma conferência sobre saúde mental, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, sob o lema “Vivendo com a Esquizofrenia, um Desafio para a Sociedade”, que a saúde mental consta das prioridades do ministério que tutela. “A saúde mental é tão importante quanto a saúde física, pois ambas concorrem para o bem-estar dos indivíduos, famílias e da sociedade”, sublinhou. Na mensagem do diretor Profissionais de saúde e estudantes encheram o auditório para assistir à conferência sobre saúde mental, por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental que decorreu sob o lema “Vivendo com a Esquizofrenia, um Desafio para a Sociedade” Regional da OMS para África, Luís Gomes Sambo, lê-se que “a esquizofrenia se desenvolve frequentemente na adolescência ou na idade adulta precoce, havendo entre a população africana cerca de um por cento de pessoas com esta doença. Programa de saúde mental Por sua vez, a coordenadora do Programa Nacional da Saúde Mental, Massoxi Vigário, referiu em entrevista ao Jornal da Saúde que “o país está a cumprir todas as directrizes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e que “esta medida fará com que os profissionais e a sociedade encarem com mais atenção e responsabilidade a doença mental quando lidarem com os pacientes”. Para prevenir e evitar que esta doença atinja proporções alarmantes a responsável disse que o Sistema de Saúde Mental foi implementado a nível nacional, tendo sido criadas redes de saúde mental nas províncias de Malange, Benguela, Huambo, Huíla, Luanda e Cabinda. O programa de saúde mental tem como objectivo atender os pacientes nos desafiador de envelhecimento Novo suplemento alimentar para a pele A Visão Futura acabou de lançar no mercado um novo suplemento alimentar para a pele. De acordo com um comunicado da empresa, o Crystal Tomato Alisa "dá brilho e mantém o tom da pele". Funciona também "como um protector solar natural contra os raios UVA e UVB, anti‐oxidante, contém propriedades anti‐inflamatórias contra feridas e os danos UV, inibe a síntese de melanina, para prevenir a formação de manchas de pigmentação, reduz a melanina presente nas células para um efeito anti‐envelhecimento e anti‐foto do envelhecimento, incluindo as marcas escuras deixadas pela acne, as sardas, a pele escura nas axilas e manchas da pele devido à idade, evita danos ao DNA, promove o balanço do tom da pele, a tez radiante, protege e aumenta a eficácia de outros ingredientes activos e as suas funções". Segundo o distribuidor, basta tomar um comprimido por dia. Para mais informações: VISÃO FUTURA LDA. Rua Francisco Sotto Maior nº 5, 1º Dto – Ingombota, Luanda. Contactos: Tel. Fixo 00244 222 350 777 Tel. Móvel 00244 933 569 506 / 912 506 323 Email: [email protected] centros de saúde e nos hospitais mais próximos. “Com a criação das redes de serviço de saúde mental foi possível efectuar uma reforma com reflexos na humanização dos serviços e na redução de pacientes internados no Hospital Psiquiátrico de Luanda”, sublinhou. Em Angola já foram reintegrados no seio familiar mais de 200 doentes que estavam internados”, afirmou Massoxi Vigário. As redes de serviços de saúde mental permitem que os doentes sejam tratados sem terem de se deslocar a Luanda, e pôr fim à noção antiga de que devem estar internados em hospitais psiquiátricos. Fragilidade dos sistemas de saúde Já a representante de Angola no Comité Regional Africano da OMS (AFRO), Raquel Mahoque, disse ao Jornal da Saúde que a fragilidade dos sistemas de saúde de vários países africanos, bem como a falta de medicamentos, são a principal causa do tratamento deficiente destas doenças. A responsável sublinhou ainda que a Organização Mundial da Saúde está a incentivar os governos dos países africanos a darem maior importância a essa área e a reorganizar os seus programas de forma a inclui-la. Segundo a médica, os centros de saúde mental devem ser atribuídos às comunidades, dando formação e informação aos técnicos comunitários para que possam tratar e integrar os pacientes num primeiro esforço para reduzir os 80% da população africana com problemas de saúde mental que não tem acesso a medicamentos. JSA Outubro 2014 intoxicação alimentar 31 32 publicidade Outubro 2014 JSA