O Céu é o Limite
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 5 - Nº 54
Outubro
2014
Mensal Gratuito
jornal
aude
A
da
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
N
G
O
L
A
Jornadas Científicas
Especial
Reabilitação
multidisciplinar
precoce
Ébola
Sob o lema "Uma visão de reabilitação multidisciplinar", o
Cento de Medicina Física e de
Reabilitação (CMFR) realiza as I
Jornadas Científicas nos próximos dias 2 e 3 de Dezembro, em
Luanda, com um programa
científico de excelência. |3
Angola sem
casos de Ébola
mantém
prontidão
hospitalar
Semana da Farmácia
Angolana
Muitos avanços,
muitos desafios...
No mês em que comemora o seu
primeiro aniversário, a Ordem
dos Farmacêuticos de Angola
(OFA) afirma-se junto à classe e
parceiros com o sucesso da sua
1ª Semana da Farmácia e Expo
Farma que reuniu mais de 650
profissionais à volta de um programa científico de excelência.
Na ocasião, o Bastonário, Boaventura Moura, lançou o nº 3 da
revista da OFA que publica uma
entrevista exclusiva ao Ministro
da Saúde, José Van-Dúnem|8 e 10
Em Angola, as unidades de saúde estão de prontidão para o caso de receberem algum caso suspeito de doença do vírus Ébola. A reportagem do JS
visitou um dos hospitais da capital, o
Josina Machel, e percorreu o trajecto
efectuado pelo doente eventualmente contaminado, bem como os passos
que dá o profissional de saúde até chegar ao paciente para realizar os procedimentos adoptados pelo hospital.
Zona de Isolamento
Hipocoagulação
no século XXI
wc
Arrecadação
Sala de Serviço
Sala de Paramentação
Sala de
Precaução
de Contacto
Sala de
Descarte
cama
cama
Entrada
do Doente
Entrada
dos técnicos
O essencial sobre os novos anticoagulantes orais.|4
O enfermeiro angolano
Didi Ximbi, devidamente
formado e equipado, está
preparado para atender
qualquer caso suspeito
que chegue ao hospital
Josina Machel
“Soldados da Saúde”
NA LINHA DA FRENTE
A epidemiologista Angelina Odete Fila e o
enfermeiro Didi Ximbi Yavo são dois dos "soldados da saúde" que estão na linha da frente
do combate clínico ao temível vírus. Equipados com avental, casaco com capuz, calças,
botas, sapatos, máscara e luvas, com base no
seu conhecimento e experiência, vão receber
os casos suspeitos e avaliá-los, impedindo o
seu alastramento pela população.
A incrível história
da descoberta do Ébola
O que é a dor?
Sintoma ou consequência de
doença, a dor não é apenas uma
sensação mas sim um fenómeno
complexo que envolve emoções
e outros componentes que lhe
estão associados, devendo ser
encarada segundo um modelo
biopsicossocial. Actualmente, é
consensual que deve ser eliminada, principalmente no caso de
doentes crónicos ou terminais,
onde esta é absolutamente não
aceite. Saiba mais|14
PROVÍNCIAS
Perguntas frequentes sobre
a doença do vírus Ébola
O Ébola
no mundo
Cuanza Norte notifica 554 novos
casos de infecção por VIH-Sida
nos primeiros nove meses deste
ano. No Cuanza Sul, a assistência sanitária em Porto Amboim
está condicionada pela degradação das estruturas do hospital
municipal |16 e 18
actualidade
2
Outubro 2014 JSa
QUADRO DE HONRA
Empresas Socialmente Responsáveis
Rui MoReiRa de Sá
Director Editorial
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
[email protected]
Angola e o Ébola
As doenças transmissíveis, como a do vírus Ébola, sobre as quais
existe um compreensível receio, levou o Jornal da Saúde a decidir
publicar um “Especial Ébola” para fornecer toda a informação disponível à população, a profissionais da saúde e a voluntários que se
apresentem para ajudar, no caso de haver em Angola uma infecção
pelo vírus do Ébola, o que até agora não se verificou.
O Jornal da Saúde contactou todos os intervenientes no processo
de prevenção, despiste e tratamento de pessoas contaminadas pelo vírus do Ébola, e com responsáveis pelas instalações de saúde já
de prontidão para qualquer eventual caso que possa surgir.
Os doentes infectados pelo vírus do Ébola estão divididos em três
grupos: os prováveis, os suspeitos e os confirmados. Por isso,
quando a comunicação social cumpre o seu dever de informar a
existência de um caso suspeito de contaminação é necessário ter
em conta a elevada probabilidade de ser apenas um caso provável,
pois a febre, arrepios, dores de cabeça e dores musculares são sintomas comuns a muitas doenças, como uma simples constipação.
Os sintomas do Ébola incluem febre, dores de cabeça, nas articulações e musculares, fraqueza, diarreia, vómitos, dor estomacal, falta
de apetite e, em alguns casos, hemorragia. Este vírus só é “transmi-
tido por contacto directo com pessoas doentes, ou através do
sangue ou outros fluidos corporais, tecidos, órgãos, secreções ou
excreções de pessoas infectadas, tais como urina, fezes, vómito,
saliva, suor, sémen, secreção vaginal, ou ainda através de ferimentos com objectos cortantes, ou perfurantes, como agulhas, bisturis, lâminas, tesouras e pinças contaminadas", segundo a Direcção
Nacional de Saúde Pública.
Angola pôs em prática um sistema de prevenção que inclui vigilância no aeroporto, onde a temperatura dos passageiros é medida
no pavilhão auricular.As autoridades sanitárias colocaram também mesas de teste do Ébola, próximas dos locais de embarque e
desembarque, nos aeroportos, nos postos fronteiriços terrestres
e portos. Foram também tomadas medidas de rastreio nos meios
de transportes oriundos de regiões com ocorrência de casos de
ébola assim e montados postos avançados de atendimento em diversas localidades.
O Jornal da Saúde de Angola procurou cumprir o seu objectivo de
informar a população e os profissionais de saúde sobre as medidas
tomadas pelas autoridades angolanas e estará sempre atento a
avanços sobre este assunto.
FICHA TÉCNICA
Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel Bettencourt Mateus,
decano da Faculdade de Medicina a UAN (coordenador), Dra. Adelaide Carvalho, Prof. Dra. Arlete Borges,
Dr. Carlos (Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição Martins,
Dra. Filomena Wilson, Dra. Helga Freitas, Dra. Isabel
Massocolo, Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim Van-Dúnem,
Dra. Joseth de Sousa, Prof. Dr. Josinando Teófilo, Prof.
Dra. Maria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected];
Redactora Principal : Magda Cunha Viana
Redacção: Francisco Cosme dos Santos; Luís Óscar;
Madalena Moreira de Sá; Mara Mota.Correspondentes
provinciais: Elsa Inakulo (Huambo); Diniz Simão (Cuanza
Norte); Casimiro José (Cuanza Sul); Victor Mayala (Zaire)
Publicidade: Eileen Salvação Barreto Tel.: + 244
945046312 E-mail: [email protected] Revisão:
Sara Veiga; Fotografia: António Paulo Manuel (Paulo dos
Anjos). Editor: Marketing For You, Lda - Rua Dr. Alves da
Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota, Luanda, Angola, Tel.:
+(244) 935 432 415 / 914 780 462, [email protected]. Conservatória Registo Comercial de Luanda
nº 872-10/100505, NIF 5417089028, Registo no Ministério da Comunicação Social nº 141/A/2011, Folha nº
143.
Delegação em Portugal: Beloura Office Park, Edif.4 - 1.2
- 2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247 670
Fax: + (351) 219 247 679
E-mail: [email protected]
Director Geral: Eduardo Luís Morais Salvação Barreto
Periodicidade: mensal
Design e maquetagem: Fernando Almeida;
Impressão e acabamento: Damer Gráficas, SA
Transportes: Francisco Carlos de Andrade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares.
Audiência estimada: 100 mil leitores.
Parceria:
www.jornaldasaude.org
actualidade
Outubro 2014 JSa
CMFR
Jornadas Científicas alertam para a
reabilitação multidisciplinar precoce
Sob o lema "Uma visão de
reabilitação multidisciplinar", o Cento de Medicina
Física e de Reabilitação
(CMFR) realiza as I Jornadas Científicas nos próximos dias 2 e 3 de Dezembro, em Luanda.
Entre outros temas em debate,
destaca-se a "importância da
reabilitação respiratória em
doentes com sequelas de lesão
raqui-medular, AVc isquémico
e hemorrágico, Fisioterapia na
espasticidade, Neuroplasticidade, Hidrocefalia, intervenção
psicopedagógica em pacientes
com afecções neurológicas,
importância da utilização de
orteses em pacientes com Pci,
importância do manuseio do
traumatizado no local do acidente e incidência de fracturas
em politraumatizados por acidente de viação". Serão ainda
apresentados casos clínicos
como a "lesão vertebro medular" e "Fisioterapia no amputado".
De acordo com a directora-geral do cmFr,Armanda da
conceição, "espera-se que os
debates em torno dos temas
das Jornadas traduzam a natureza científica que deve presidir a abordagem dos problemas e, em simultâneo, alertem
para a necessidade de reabilita-
DirEctOrA-gErAl, ArmANDA DA cONcEiçãO "O objectivo geral das
Jornadas é alertar para a necessidade da reabilitação multidisciplinar precoce"
ção precoce, com a actuação
coesa de uma equipe multidisciplinar".
Exposição técnica
Em simultâneo, decorre a 1ª
edição da Exposição técnicocientífica de Equipamentos, me-
dicamentos e Serviços para reabilitação Física,que permitirá aos
médicos e demais profissionais
conhecerem os mais recentes
avanços técnicos e científicos no
sector dos medicamentos, equipamentos, tecnologia, dispositivos médicos e serviços.
Cursos Pré-Jornadas - Dia 2 de Dezembro - CMFR
Horário
Cursos
Formadores
9:00-10:30
10:30-10:40 Pausa
10:40 – 12:10H
Desvios axiais do cotovelo
e rigidez articular
após-imobilização
Alberto rosa
9:00-10:30
10:30-10:40 Pausa
10:40 – 12:10H
tratamento do pé equino varum congénito pelo método
de Ponseti
Pedro miguel
13:00-14:30
14:30-14:40 Pausa
14:40 – 16:10H
reabilitação do amputado nas
fases pré e pós protésica
maribel e maria Domingos
13:00-14:30
14:30-14:40 Pausa
14:40 – 16:10H
como detectar lesão do PBO
no recém-nascido
Eduardo
Dunn garcia
Inscrições: Dra. isabel Alfredo 923339433 / Enf. gizela Abreu 923545310 /Vica canga 924758117
Núcleo científico-Pedagógico - centro de medicina Física e reabilitação,
rua da Samba nº19, luanda.
Horário: das 8:30H às 15:00H, de 2ª a 6ª a partir de dia 20 de Outubro até 20 de Novembro
TAXAS
Jornadas Científicas, dia 3 de Dezembro:
Estudantes: 3.000 KZ
Profissionais de saúde e outros: 5.000 KZ
Cursos Pré-Jornadas, dia 2 de Dezembro:
Preço de cada curso: 4.000 KZ
inscrições limitadas (capacidade máxima para 50 formandos)
Cursos Pré-Jornadas + Jornadas Científicas, dias 2 e 3 de Dezembro: Preço de 1 curso +
Jornadas: 8.000 KZ
3
O Ébola já é um vírus “global”
A Nigéria e o Senegal, países da África Ocidental, foram elogiados pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) por terem posto
fim ao surto do Ébola, depois de se registarem 21 casos e 8 mortes no total dos
dois países.
O primeiro, e até agora único
caso declarado no mali, uma
menina de dois anos, não sobreviveu à doença. Na mesma
área geográfica, nos três países
mais afectados pelo Ébola, a libéria, guiné-conacri e a Serra
leoa, morreram 4.992 pessoas.
Uma nota da OmS refere
que “a reacção do Senegal (com
um caso declarado e nenhuma
morte) é um bom exemplo daquilo que um país deve fazer
quando confrontado com um
caso importado de Ébola”.
Depois do Senegal,também a
Nigéria (com 20 casos e oito
mortos) conseguiu pôr fim à propagação do Ébola, após o cumprimento de 42 dias sem qualquer
novo caso,período determinado
pela OmS para a declaração do
êxito no combate ao vírus.
“A epidemia na Nigéria foi
derrotada. É um êxito espectacular que mostra ao mundo
que o Ébola pode ser contido”,
afirmou rui gama Vaz, representante da OmS para a Nigéria.
"Se um país como a Nigéria,
cheio de problemas sérios de
segurança, consegue fazer isto
(...), então qualquer país no
mundo com casos importados
pode limitar a transmissão futura a um grupo reduzido de casos", afirmou a directora da
OmS, margaret chan.
Países mais afectados
A presidente da libéria, Ellen Johnson Sirleaf, pediu uma
resposta "do mundo inteiro" na
luta contra uma doença que teve início na guiné-conacri mas
"não conhece fronteiras".
Na libéria morreram 2.413,
entre os 6.535 casos registados. Na guiné-conacri, onde
se registaram 997 mortes, foram infectadas 1.906pessoas.
Na Serra leoa morreram 1500
pessoas entre os 5.235 casos.
Nestes três países morreram
4.910 pessoas entre 13.676 casos registados.
Europa e EUA
Na Europa, terminou a
quarentena das 11 pessoas
que estiveram em contacto
com a primeira infectada de
Ébola em Espanha.todas estas
pessoas receberam alta do
hospital de madrid, onde estiveram sob vigilância 21 dias
sem manifestar sintomas de
infecção. Entre os que agora
regressam à vida normal estão o médico e o marido de
teresa romero, a auxiliar de
enfermagem contagiada, que
foi o primeiro caso de Ébola
na Europa.
Em Nova iorque, nos Estados Unidos, um médico que
tratou pacientes com Ébola
na África Ocidental foi este
mês internado numa unidade
de isolamento de um hospital
nova-iorquino, tornando-se o
primeiro caso registado na cidade.Ao todo, foram diagnosticados quatro casos de Ébola
nos Estados Unidos: um liberiano, que morreu este mês
num hospital do texas e duas
enfermeiras que trataram dele e do médico de Nova iorque.
Angola realiza o seu 1º Congresso
Internacional de Toxicologia
O Centro de Investigação e
Informação de Medicamentos e Toxicologia (CIMETOX) realiza o 1º Congresso Internacional deToxicologia de 24 a 27 de Novembro próximo, em Malanje.
O evento tem como objectivo
abordar as questões mais importantes da toxicologia no desenvolvimento científico e seu impacto na vida económica e social
do nosso país.
De acordo com oVice-Presidente da comissão organizadora
e Decano da Faculdade de medicina de malanje,André Pedro Neto,"o acontecimento constituirá
uma oportunidade para trocar
experiências entre os participantes numa perspectiva de ciência
no domínio da saúde,ambiente e
cultura, assim como para construir, fortalecer a amizade entre
os profissionais da região e do
mundo em geral e alcançar uma
nova concepção da toxicologia
em África.
Temáticas
-toxicologia,investigação.Educação e Sociedade.
- Desastrestecnológicos e intoxicações massivas.Bioterrorismo
e resposta NBQr (Nuclear-Biológico-Químico-radiológico).
-toxicologia forense e drogas de
abuso.
- toxicologia Avançada e Novas
tecnologias (Nanotoxicologia,
transgénicos etoxicogenómica).
- Animais Peçonhentos e Plantas
tóxicas.
- Pesticidas e Segurança Alimentar.
-toxicologia Ambiental e Avaliação do risco.
-toxicologia clínica etoxicovigilância.
Perfil dos participantes
toxicólogos e outros profissionais e técnicos relacionados
com o campo da toxicologia
fundamentalmente: médicos de
clínica geral, pediatras, farmacêuticos, internistas, neurologistas, gastroenterologistas, nefrologistas, intensivistas, psiquiatras, psicólogos, sociólogos, enfermeiros, estomatologistas,
epidemiologistas, bioquímicos,
biólogos, químicos, veterinários,
agrónomos, informáticos, bioestatísticos, criminalistas, nutricionistas, especialistas em alimentos e outros.
Cursos pré-congresso
- Actualização do Planeamento
NBQr em situações de desas-
tres massivos e de bioterrorismo.
- Animais peçonhentos. caracterização de espécies venenosas.Actualização clínica e terapêutica dos acidentes por venenos de ofidios.
- Avanço no diagnóstico e tratamento das intoxicações mais
frequentes em Angola.
- Estratégia para a prevenção
dos acidentes provocados pela
exposição aos pesticidas.
- Actualização sobre alcoolismo
agudo. Um problema em Angola.
- O desenho experimental em
nanotoxicologia.
Mais informações: Universidade lueji A`Nkonde, Faculdade
de medicina de malanje, centro
de investigação e informação de
medicamentos e toxicologia
(cimetox). E-mail: [email protected]
Facebook.com/cimetox.centrodetoxicologia
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Inovação
4
Outubro 2014 JSA
Hipocoagulação no século XXI
O que há de novo com os novos
anticoagulantes orais?
Miguel MeNDes
Centro Hospitalar de lisboa Ocidental –
Hospital de santa Cruz
lisboa/Carnaxide, Portugal
Desde que os antagonistas da
vitamina K (aVK) foram introduzidos na clínica desde há
mais de 6 décadas, a anticoagulação oral (ACO) crónica
passou a integrar a medicação de vários grupos de doentes, como nos portadores de
próteses valvulares mecânicas, de fibrilhação auricular
(FA) isolada ou associada a
valvulopatia, após enfarte do
miocárdio anterior extenso
(com ou sem trombo intracavitário), miocardiopatia dilatada, após embolia pulmonar
ou trombose venosa profunda.
A instituição de ACO no
contexto de FA é um gesto
terapêutico mandatório para diminuir a probabilidade
de eventos embólicos, nomeadamente do acidente
vascular cerebral (AVC). Sabemos actualmente que cerca de 1/5 dos AVCs isquémicos são atribuíveis à FA e que
5% dos doentes que estão
em FA sofrem anualmente
um AVC isquémico, percentagem que é mais elevada
nos idosos. OsAVCs associados à FA estão relacionados
com hospitalizações mais
prolongadas, maior incapacidade residual e maior
mortalidade. Uma percentagem importante dos AVCs
criptogénicos também está
associada a FA paroxística
ou não diagnosticada.
O estudo FAMA, realizado em Portugal continental,
publicado em 2012, revelou
uma prevalência média de
2,5% de FA na população
acima dos 40 anos, atingindo valores de cerca de 7 e de
10%, respectivamente entre
70-79 e acima dos 80 anos.
Apesar deste conhecimento estar razoavelmente
difundido, há uma percentagem significativa de doentes que não estão anticoagulados por falta de prescrição
médica, por patologias associadas que o contraindicam
ou por má adesão à medicação.
Até ao aparecimento dos
novos anticoagulantes orais
(NACO) no final da década
passada, apenas estavam
disponíveis os aVK, de que
são exemplos a varfarina e o
acenocumarol.
Estes fármacos têm um
início de acção lento, com
um período de latência de
pelo menos 2 a 3 dias e exigem monitorização frequente do seu efeito farmacológico através da realização de uma análise laboratorial, o INR(anteriormente
designado como tempo de
protrombina ou TP) para
acertos da dose. Têm uma
margem terapêutica estreita, oscilando facilmente entre a insuficiência terapêutica (risco de fenómenos embólicos) e o efeito excessivo
(risco de hemorragia).
A dificuldade de obter níveis terapêuticos estáveis
com os aVK atribui-se em
partes variáveis à má adesão
dos doentes por toma irregular do fármaco, à necessidade do controlo laboratorial periódico, a diferenças
genéticas na metabolização
das moléculas e a interações
significativas com várias
classes de outros medicamentos (anti-inflamatórios,
analgésicos, tuberculostáticos, antiepilépticos, antifúngicos, macrólidos, digoxina, amiodarona, dronedarona, diltiazem, verapamil,
entre outros) e com a ingesta
de vegetais ricos em vitamina K, como os brócolos, alface e couves.
Novos anticoagulantes
orais
Os NACO, que actuam na
cascata da coagulação por
inibição da trombina (dabigatran) ou do factor Xa (rivaroxaban, apixaban e edoxa-
ban), começaram por ser
testados na prevenção da
trombose venosa profunda
e da embolia pulmonar no
contexto pré-operatório de
intervenções do foro ortopédico. Posteriormente foram
ensaiados no contexto de FA
não valvular em estudos
randomizados com populações com dimensão superior à dezena de milhar, tendo demonstrado uma diminuição do AVC e dos episódios embólicos em cerca de
20%, com menores taxas de
hemorragia cerebral, quando comparados com a varfarina. Os NACO só se comparam negativamente com a
Varfarina em hemorragias
digestivas, pelo que a sua
prescrição deve serassociada à deum inibidor da bomba de protões.
Os NACOs têm um início
de acção curto (cerca de 3
horas) e mantêm o seu efeito
durante 12 a 24horas. Embora não estejam isentos de
interações farmacológicas,
têm um efeito mais previsível que os aVK e não exigem
monitorização laboratorial.
O dabigatran tem uma eliminação renal em 80% pelo
que não está habitualmente
indicado, nas doses habituais do estudo Re-Ly, quando a taxa de filtração é inferior a 40 ml/min. O rivaroxaban e apixaban têm um metabolismo predominantemente hepático, pelo que
têm menor risco quando
prescritos em doentes com
compromisso da função renal, mas recomenda-se pre-
caução no contexto de
doença hepática. O edoxaban tem uma eliminação
equilibrada, sendo metabolizado em 50% em cada uma
das vias principais.
Cuidados a adoptar
A decisão de iniciar ACO,
com aVK ou com NACO,
exige uma ponderação do
risco embólico e o hemorrágico, com avaliação em simultâneo das pontuações
obtidas por cálculo dos scores CHA2DS2VASC (risco
embólico) e o HAS-BLED
(risco hemorrágico), associada a uma avaliação da
potencial adesão do doente
à medicação. A ACO não deve ser iniciada sem que antes seja realizado o ensino
do doente e, se possível, dos
seus familiares mais próximos, relativamente à vigilância a observar com a nova
terapêutica bem como com
os cuidados a adoptar face a
hemorragias visíveis ou a in-
tervenções cirúrgicas, mesmo quando de baixo risco tal
como nas extracções dentárias.
Qualquer que seja o fármaco escolhido, mesmo no
caso de um NACO que dispensa a realização periódica
de estudo laboratorial, o
doente deve ser seguido periodicamente, preferencialmente em clínica de ACO,
para avaliação da adesão à
medicação, observação clínica regular, rastreio de
eventuais hemorragias, monitorização periódica do
INR (apenas nos aVK) e da
função renal ou hepática
(nos NACOs). Sendo a adesão à terapêutica decisiva
para se obter a desejada protecção dos AVCs e dos eventos embólicos relacionados
com a FA, para mais em
doentes polimedicados deve ser equacionada a escolha de um fármaco bem tolerado do ponto de vista digestivo e de toma única diária como, por exemplo, o rivaroxaban.
Os NACOs, como anticoagulantes, embora mais
seguros que os aVK, também têm risco hemorrágico
inerente. Em situação de hemorragia deve ser adiada ou
suspensa a toma seguinte e
adoptadas as medidas gerais
de 1ª linha recomendadas
nestes casos: compressão
mecânica, transfusão de eritrócitos e/ou de plaquetas.
Nos casos mais graves poderá ser necessário recorrer a
técnicas de hemodiálise (dabigatran), a infusão de complexo protrombínico ou de
factores da coagulação.
No contexto de uma cirurgia programada, deve interromper-se o NACO entre
24 a 72 horas antes, consoante o risco hemorrágico
da intervenção e a função renal do doente.
Em resumo...
Em resumo, os novos anticoagulantes orais
(NACO) são uma nova classe de fármacos anticoagulantes orais que provou ser mais eficaz,
segurae cómoda - para os doentes e para os
profissionais - relativamente aos aVK. Devem
ser considerados como um contributo importante para tornar a anticoagulação oral (ACO)
mais eficaz, com menor taxa de complicações e
extensível a um número mais vasto de doentes.
Sendo os NACO um grupo farmacológico heterogéneo, recentemente introduzido no merca-
"Os Novos Anticoagulantes Orais (NACO) têm um início
de acção curto (cerca de três horas) e
mantêm o seu efeito
durante 12 a 24 horas (...) Orivaroxaban
tem um metabolismo predominantemente hepático, pelo
que tem menor risco
quando prescritos
em doentes com
compromisso da função renal"
"...os Novos Anticoagulantes Orais (...)
devem ser considerados como um
contributo importante para tornar a
anticoagulação oral
mais eficaz, com menor taxa de complicações e extensível a
um número mais
vasto de doentes"
"...os Novos Anticoagulantes Orais são
uma nova classe de
fármacos anticoagulantes orais que provou ser mais eficaz,
segura e cómoda
(para os doentes e
para os profissionais)
relativamente aos
aVK. Devem ser
considerados como
um contributo importante para tornar a anticoagulação
oral (ACO) mais eficaz, com menor taxa
de complicações e
extensível a um número mais vasto de
doentes.
do, em que não há ainda uma experiência clínica ampla, é recomendável melhorar o seu conhecimento por parte dos médicos e de outros
profissionais de Saúde. As Clínicas de Anticoagulação são o enquadramento ideal para a introdução e monitorização desta
terapêutica,mesmo para os doentes medicados com NACO, que dispensam a monitorização do INR. A selecção do grupo farmacológico
(aVK ou NACO) e do medicamento em si deve
levar em consideração o doente, no seu psiquismo, condicionantes económicas, patologias associadas e restante medicação em curso
(interacções).
JSA Outubro 2014
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5
ÉbolA
6
Angola sem casos
de Ébola mantém
profissionais
de prontidão
FRANCISCO COSME DOS SANTOS
com MAGDA CuNhA VIANA
Os profissionais de saúde estão na linha da frente do
combate clínico a doentes infectados pelo temível vírus
do Ébola. São estes médicos
e enfermeiros que correm
riscos, embora controlados,
mas de elevada periculosidade, para despistar a infecção
e, caso seja necessário, tratar
de doentes contagiados com
o vírus.
Até ao momento, não surgiu
nenhum caso, mas os profissionais de saúde do hospital
Josina Machel, à semelhança
de outros colegas em várias
unidades de saúde do país,
estão formados e equipados
para lidar com casos suspeitos de contágio pelo vírus do
Ébola, que já matou 4.992
pessoas e afectou 13.703, tendo havido a confirmação de
infecção de metade dos
doentes.
O Jornal da Saúde visitou o
hospital e percorreu o trajecto efectuado pelo doente
eventualmente contaminado, bem como os passos que
dá o profissional de saúde até
chegar ao paciente para realizar os procedimentos adop-
tados pelo hospital, de acordo com as directrizes do Ministério da Saúde e da OMS.
A chefe de equipa, a epidemiologista Angelina Odete
Fila, afirmou que, caso surja
algum paciente suspeito de
estar contaminado pelo vírus
Ébola (DVE), o paciente entra
por uma porta destinada especialmente a estes doentes.
O suspeito não passa pela
serviço de urgência, entrando directamente para a sala
de “descarte” onde troca de
roupa, sendo depois levado
para a sala de “precaução de
contacto” (isolamento).
No caso de se confirmarem as suspeitas, o paciente
fica na sala de isolamento à
qual têm acesso apenas os
profissionais devidamente
formados e equipados para
evitar o contágio, e onde o paciente é submetido a uma
avaliação para a obtenção de
um diagnóstico.
Os profissionais envolvidos no atendimento e tratamento destes doentes – o médico, o enfermeiro e um auxiliar – entram na área destinada a esses pacientes por uma
única porta que dá para a sala
de serviço. Seguem depois
para a sala de “paramentação” onde se despem e en-
vergam o fato protector, luvas, máscaras e se munem de
demais equipamento necessário para a não contaminação. O próximo passo é a entrada na sala de precaução de
contacto onde têm o primeiro contacto com o doente.
Angelina Odete Fila salientou que o fato de biossegurança (equipamento) é utilizado apenas pelo médico e
o enfermeiro autorizados a
actuar e seguir os procedimentos terapêuticos adequados.
O hospital Josina Machel
tem vindo a dar aos profissionais de saúde desta unidade
hospitalar formação em biossegurança e epidemiologia,
para que e possam responder
às necessidades de infectados pelo vírus Ébola, sem se
contaminarem.
Os elementos da equipa
que entram na sala de isolamento têm um auxiliar que
os ajuda, depois do contacto
com o doente, a despir o
equipamento para tornar
mais seguras as medidas de
precaução.
Angelina Fila afirmou não
existir receio de contágio,
uma vez que os profissionais
estão preparados para controlar qualquer eventualida-
Outubro 2014 JSA
Hospital Josina Machel
Entrada para
as URGÊNCIAS
de que possa surgir.
A responsável salientou
que quando é aberta a porta
da sala de isolamento não
existe nenhuma possibilidade de propagação do vírus
porque este não se transmite
pelo ar. A epidemiologista
adiantou que para haver
contaminação é necessário
que haja um contacto directo
com o paciente, ou através
do sangue ou outros fluidos
corporais, tecidos, órgãos,
Entrada de casos suspeitos
de Ébola para a zona/salas
de isolamento
secreções ou excreções de
pessoas infectadas, ou ainda
através de ferimentos com
objectos cortantes, ou perfurantes.
Na sala de isolamento –
adiantou a responsável - as
medidas de prevenção são as
usuais: a lavagem constante
das mãos e a desinfecção do
pessoal e da área da sala de
isolamento. Outro procedimento obrigatório é não ter
qualquer contacto com um
eventual cadáver de pessoa
infectada.
O lixo removido do quarto
do paciente (sala de isolamento) e o fato de biossegurança, depois ser retirado pelo técnico (na sala de descarte), são encerrados num saco
de plástico e colocados num
contentor que é posteriormente recolhido por uma
equipa especializada que
procederá à sua incineração,
adiantou a especialista.
A fase em que o técnico despe o fato de protecção, após o contacto com o doente, é particularmente perigosa
O enfermeiro Didi Ximbi Yavo demonstra aos leitores do Jornal da Saúde o protocolo a seguir e cuidados a ter na fase em que despe o fato protector, luvas e máscara, para que não fique contaminado
após ter tido contacto com um doente suspeito da doença do vírus Ébola. Após utilização, o equipamento é encerrado num saco de plástico posteriormente recolhido por uma equipa especializada
que procede à sua incineração.
7
Outubro 2014 JSA
Z o na de
Isolame
nto
Sala de Paramentação
Sala de Serviço
Local onde os técnicos se equipam
com todos os materiais de
biossegurança exigidos para se
prevenirem contra a doença do vírus
Ébola.
É esta a primeira sala para onde os
técnicos entram. Dá acesso à
arrecadação e à sala de paramentação
wc
Entrada
Principal
cama
cama
Entrada
do Doen
te
Sala de Precaução de
Contacto (isolamento)
Sala de Descarte
Local por onde o doente entra para
o hospital para chegar à sala de
precaução de contacto (isolamento).
É também nesta sala que os
profissionais de saúde, depois de
terem avaliado o paciente, se dirigem
para retirar todo o equipamento de
prevenção.
Sala com duas camas, onde
permanecem os pacientes quando
estão a ser avaliados pelos
profissionais de saúde e onde ficam
até três dias no máximo depois de
diagnosticados com a doença.
os profissionais que vestem o fato
Sem medo
ANGELINA ODETE FILA, EPIDEMIOLOGISTA
O paciente suspeito de estar contaminado com
o vírus Ébola entra por uma porta específica para estes casos que dá acesso a uma sala de "descarte" onde troca de roupa, sendo depois levado
para a sala contígua de "precaução de contacto"
(isolamento). Não passa assim pelo serviço de
urgência. Ver infografia acima.
DIDI XIMBI YAVO, ENFERMEIRO
"Não tenho medo porque os profissionais de
saúde estão habituados a enfrentar muitas
situações e receberam formação". Tem 19
anos de experiência profissional, que incluiu
trabalho de campo na RDC, em 1996, a tratar
de doentes infectados pelo Ébola. Queixa-se
apenas da máscara que é “pesada e... muito
quente”.
Entrada
dos técn
icos
Arrecadação
Local onde se encontra todo
o equipamento de
biossegurança e também onde
os profissionais se dirigem,
depois de passarem pela sala
de serviço, para retirarem o
equipamento de protecção.
"Os profissionais envolvidos no atendimento e tratamento destes doentes –
o médico, o enfermeiro e
um auxiliar – entram na
área destinada a esses pacientes por uma única porta que dá para a sala de serviço. Seguem depois para a
sala de “paramentação”
onde se despem e envergam o facto protector, luvas, máscaras e
se munem de demais
equipamento necessário
para a não contaminação"
"No caso de se confirmarem as suspeitas, o paciente fica na sala de isolamento, durante o máximo de
três dias, à qual têm acesso
apenas os profissionais devidamente formados e
equipados para evitar o
contágio.Após esses período é transferido para
outra unidade especial de
isolamento"
"São os resultados de um
exame ao sangue denominado PCR (iniciais em inglês de Reacção em Cadeia da Polimerase) que
confirmam se o doente está ou não infectado com o
vírus do Ébola"
EVENTOS
8
outubro 2014 JSA
Semana da Farmácia Angolana e Expo Farma 2014
Muitos avanços, muitos desafios...
Francisco cosme,
magda cunhaViana
e rui moreira de sá
A criação da Ordem dos Farmacêuticos deAngola (OFA),
em 2013, e a subsequente regulamentação da actividade,
bem como o combate à contrafacção de medicamentos
são importantes avanços do
sector e contribuem fortemente para uma melhoria da
saúde da população angolana.
Uma forte conquista é,certamente, a formação de novos
profissionais, que actualmente são 459. Contudo, este número de profissionais é insuficiente para uma população
de cerca de 24,4 milhões.
A política farmacêutica implementada no país é ainda
recente - com pouco mais de
quatro anos de existência – e
são muitos, e ambiciosos, os
desafios lançados. Os farmacêuticos pretendem acompanhar o desenvolvimento
tecnológico e ser a porta de
entrada do doente para o
Serviço Nacional de Saúde.
Por isso, querem aconselhar
o cliente da farmácia e fornecer medicamentos em
condições de excelência. A
criação da farmácia galénica, onde os medicamentos
são fabricados “in situ”, e a
monitorização do transporte de medicamentos, com a
devida refrigeração e armazenamento, constituem
também desafios que o sector pretende vencer.
Estas questões, e muitas
outras, foram abordadas na
Semana da Farmácia Angolana/ExpoFarma, realizada
pela OFA, que decorreu este
mês, em Luanda, sob o lema
“Acesso ao Farmacêutico é
Acesso a Saúde”.
O bastonário da Ordem
dos Farmacêuticos de Angola, Boaventura Moura, afirmou, em entrevista ao Jornal
da Saúde, que o evento
constituiu uma oportunidade de promover o sector farmacêutico angolano e fortalecer as relações entre profissionais. O responsável referiu ainda que, de acordo
com a política farmacêutica
implementada no país em
2010, surgiu um forte crescimento do sector, com a colaboração de farmacêuticos,
grossistas e retalhistas.
Boaventura Moura sa-
lientou o esforço feito na formação de farmacêuticos
que passaram de 27 para
459, e sublinhou o crescente
conhecimento relativamente ao processo que vai desde
a aquisição à venda de medicamentos.
“A garantia de qualidade
da cadeia logística de produtos farmacêuticos e a especialização de todos os profissionais” é fulcral para que
possam ser atribuídas res-
ponsabilidades caso surja
qualquer problema com um
medicamento ou erro cometido no exercício da profissão, acrescentou.
“Incutir nos quadros a
necessidade de aplicação
prática da política nacional
de saúde, reactivar a produção de medicamentos no
país, controlar, por registo,
todos os produtos de índole
farmacêutica que entram no
território angolano, e educar
as populações para um
maior cuidado quando adquire medicamentos”são
também preocupações da
OFA discutidas durante o
evento, de dois dias.
A abertura do evento foi
presidida pelo secretário de
Estado Carlos Masseca, na
presença de vários participantes do sector farmacêutico, de todas as Províncias do
país, e de convidados nacionais e dos PALOP (Países Afri-
canos de Língua Portuguesa),
nomeadamente, de Cabo
Verde, Moçambique, para
além de Portugal e do Brasil.
Durante a semana decorreu um “workshop”, jornadas técnicas e científicas de
ciências farmacêuticas, e
uma exposição de produtos
farmacêuticos e equipamentos hospitalares, com a
participação de 35 expositores de empresas nacionais e
estrangeiras.
pre coisas novas, que poderão posteriormente contribuir para a valorização da
carreira de qualquer profissional”, frisou.
A farmacêutica Violeta
Chimuco Issenguel considerou muito oportuna a Semana da Farmácia Angolana/Expo/Farma, por constituir uma oportunidade para
actualizar os profissionais
sobre novos conceitos farmacêuticos já em vigor noutros países.
“Os certames deste género contribuem para o desen-
volvimento da classe farmacêutica do país por facilitarem também a obtenção de
conhecimentos aprofundados sobre novas tecnologias
farmacêuticas”, afirmou, em
entrevista ao Jornal da Saúde.
Violeta Issenguel considerou que eventos deste tipo fazem com que os profissionais
estejam cada vez mais habilitados a responder às exigências do mercado, e que, além
disso, constituem um incentivo para a humanização dos
serviços prestados à popula-
ção, em hospitais e farmácias,
sejam públicas ou privadas.
Dos assuntos apresentados no encontro, o que mais a
preocupou foi o número de
produtos farmacêuticos falsificados que entram em Angola. Já a abordagem à qualidade dos medicamentos foi o
que destacou como tendo sido mais do seu agrado.
A farmacêutica considerou que deveriam ter sido debatidas as farmácias hospitalares por também fazerem
parte dos serviços de atendimento à população.
A palavra aos farmacêuticos
A Semana da Farmácia Angolana/Expo/Farma foi um
evento de extrema importância porque serviu para elucidar os profissionais sobre o
novo contexto farmacológico, que se observa noutros
países, e que Angola pretende alcançar para fortalecer o
sector, defendeu a farmacêutica Aida Cristina Mouraem
entrevista, ao Jornal da Saúde
O encontro veio contribuir
também – sublinhou - para a
valorização dos farmacêuticos, dando-lhes a possibilidade de se munirem de ferra-
mentas que reforçarão as
áreas técnicas e científicas do
sector.
Para esta profissional, o
evento fomentou uma maior
proximidade entre os vários
intervenientes na área farmacêutica, ao envolver e incentivar a classe na luta pela mesma causa - a revitalização do
sector farmacêutico do país.
Com a ExpoFarma (feira
de exposição farmacêutica)
os expositores de farmacêuticos, distribuidores, e laboratórios, como a BIAL, a
BAYER, e a BLUEPHARMA,
foi possível ver e antever o desenvolvimento da inovação
da farmacologia angolana,
considerou Cristina Moura.
De entre os vários debates,
a farmacêutica destacou o tema que tratou da actuação
farmacêutica, pois permitiulhe “aprender o verdadeiro
papel e as funções que são
atribuídas aos farmacêuticos”.
“É bom estar presente nos
eventos farmacêuticos de
grande dimensão porque são
uma mais-valia e uma oportunidade para aprender sem-
JSA Outubro 2014
publicidade
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EVENTOS
10
outubro 2014 JSA
A opinião dos expositores
Apolónia Ivânia
Comercial
da Cicci Angola
país. Para isso contribuirá certamente a plataforma logística que
já hoje nos permite responder às
maiores carências de medicamentos .
Actualmente estamos apenas
presentes em Luanda, mas existe
interesse na expansão para outras províncias".
Nuno Cardoso
Director da Bial
em Angola
"Grande
oportunidade
de negócios"
“A Expo Farma é uma grande
oportunidade de negócios que
traz para o grupo a possível concretização de várias parcerias comerciais no mercado farmacêutico, além de promover os produtos que a distribuidora possui.
Constitui ainda uma ocasião para
uma aliança com novos clientes e
outros grupos igualmente expositores.
O futuro será promissor. O
maior objectivo da empresa é
crescer e contribuir para o bemestar e saúde dos angolanos, fornecendo medicamentos de alta
qualidade que trarão melhorias
significativas para os pacientes
em todos hospitais e farmácias”.
Amélia Armada
Directora de Operações
da Globomédica
“Potenciar
aproximação
a novos clientes"
“A Globomédica é uma empresa
angolana que comercializa diversos equipamentos e medicamentos e que actua também na área
de esterilização nos hospitais.A
Expo Farma foi de extrema importância por ter sido uma ocasião para divulgar o nosso nome
e potenciar uma aproximação a
novos clientes. Serviu também
para uma troca de experiências
com outros expositores sobre o
actual momento do mercado farmacêutico angolano, bem como
para a formalização de vários intercâmbios com distribuidoras e
laboratórios, o que facilitará posteriormente a escolha de políticas comerciais estratégicas.
Sendo uma empresa pioneira no
mercado, a Globomédica aposta
na oferta de produtos de confiança, de forma transparente, utilizando uma conduta consistente
de responsabilidade ética nas relações com clientes e colaboradores.
Pretendemos uma afirmação no
mercado que nos permita figurar
entre as melhores empresas de
distribuição de medicamentos do
cêutico angolano, com vários produtos inovadores de excelente
qualidade,destinados a tratar diversas doenças. Iremos também desenvolver formação para farmacêuticos e iniciativas para a educação
das populações,no que se refere ao
consumo de medicamentos”.
"Crescimento superior a 10 por cento
ao ano"
Dulce Lubrano
Directora Geral
da Arifarme Medical
“Apostamos em
produtos
inovadores"
“A Arifarme Medical é uma empresa nova no mercado farmacêutico. A Expo Farma é um
evento que oferece grandes
oportunidades de negócios para
o grupo e a possibilidade de intercâmbios entre os expositores, laboratórios, distribuidores, e clientes para a promoção dos produtos.
O nosso Grupo surgiu para auxiliar o Estado angolano a suprir as
dificuldades de abastecimento de
medicamentos em todas as províncias do país.
A empresa tem vários parceiros
e está presente, entre outros locais, em Luanda, Namibe, Zaire,
Cabinda e Cunene.
Apostamos na introdução de
produtos inovadores e seguros
que possam vir a reflectir-se na
saúde dos cidadãos e a preços
acessíveis à população em geral.
Futuramente, o grupo tenciona
alargar a sua intervenção no mercado farmacêutico a áreas especificas como a estomatologia e
oftalmologia, sem esquecer a eficiência e segurança, combinadas
com os melhores preços”.
"A Bial é uma empresa multinacional portuguesa, com noventa
anos no mercado farmacêutico,
15 dos quais em Angola.
A Expo Farma foi um evento muito importante para a Bial porque
proporcionou várias oportunidades de negócios, bem como a
proximidade com os farmacêuticos, médicos, clientes e outros
grupos que apostam no mercado
angolano dos medicamentos.A
empresa formalizou vários negócios com alguns dos expositores
presentes e com grupos de farmácias o que trará posteriormente à distribuidora novas políticas
comerciais que vão ao encontro
da exigência cada vez maior do
mercado.
Durante o evento promoveu as
potencialidades do grupo, na área
da formação de quadros na área
de saúde, na área dos medicamentos e outras.
Com um crescimento actual acima dos 10 por cento, o maior laboratório português de medicamentos tenciona crescer ainda
mais no sentido de contribuir para melhorar a saúde da população de Angola, que é o mercado
mais importante, dos mais de 50
em que já se encontra presente.
Actualmente, a Bial tem uma
subsdiária sedeada em Luanda,
mas tem prestado serviços em
várias províncias do país, entre as
quais em Benguela e Huíla, privilegiando sempre a utilização dos
recursos humanos angolanos".
comercialização dos medicamentos.A população pode esperar
do grupo Ecomar a garantia máxima de qualidade dos produtos
e de transporte dos mesmos,
dentro das normas da entidade
reguladora angolana dos medicamentos.Actualmente a Ecomar
está representada em Luanda e
conta com uma filial em Benguela. Está também presente no Lobito, onde tenciona apostar mais
para poder fornecer produtos e
serviços de saúde a toda a população, tendo sempre em mente as
exigências e as necessidades do
mercado”.
Luís Sanches
Director comercial
da Ecofarma
“Esperamos um
crescimento acima
da média”
“Para a Ecofarma, pertencente ao
grupo Azinor, a ExpoFarma é uma
importante oportunidade para
expor produtos médicos e hospitalares. O evento serve para divulgar, e promover, todas as potencialidades do grupo ao público, mas particularmente aos
clientes. O evento facilita a troca
de experiências entre os expositores farmacêuticos e constitui
uma oportunidade para formalizar vários intercâmbios e outras
iniciativas que virão futuramente
a potencializar o mercado farmacêutico em todas suas vertentes.
Com representação em Luanda,
a empresa pretende oferecer diversos serviços no ramo da saúde, para além dos habituas equipamentos médicos, e expandir o
grupo para todo país. Espera-se
da Ecofarma um crescimento acima da média para continuar a garantir ao povo angolano, medicamentos e equipamentos com
elevada qualidade”.
Isabel Brito
Administradora
da Ecofar
“Garantia máxima
de qualidade”
Diogo Charneca
Marketing manager
da Omegapharma
“Ferramenta
indispensável"
“A ExpoFarma é uma ferramenta
indispensável para os investidores
da área farmacêutica, pois oferece
inúmeras oportunidades de negócios para os expositores e ajuda a
nossa empresa na promoção dos
produtos farmacêuticos e na relação comercial com novos clientes.
Futuramente, ambicionamos tornar-nos fortes no mercado farma-
“A ExpoFarma é uma grande
oportunidade para a Ecofar que
perspectiva alargar as suas linhas
de acção e fazer crescer o grupo,
assinando parcerias conjuntas de
trabalho com o Ministério da
Saúde, a Organização Mundial de
Saúde e a Direcção Nacional dos
Medicamentos e Equipamentos.
Neste evento pudemos promover os nossos produtos, firmar
acordos de parceria com outros
expositores e angariar novos
clientes. A Ecofar é uma empresa
distribuidora que existe há 62 em
Angola, noutras áreas, mas que se
encontra há 12 anos no ramo da
Manuel Rodrigues
Administrador
da Super Frescos
“ Congregar todos os
actores que intervêm
nos medicamentos”
“A Super Frescos é uma empresa
de direito angolano que opera recentemente na área dos medicamentos, em Angola, e que comercializa produtos anti maláricos,entre as quais a água mineralAllshanti (significa "toda saúde"), com características medicinais e suplementares, lançada experimentalmente em Moçambique, Brasil,
República Democrática do Congo e Guiné-Bissau.
Para o grupo, a ExpoFarma é uma
grande ferramenta para o mercado farmacêutico angolano porque
vem a beneficiar e congregar todos os actores que intervêm nos
medicamentos.Também serve para promover os produtos das empresas desta área e fornecer um
leque de oportunidades, como a
possibilidade de obtenção de novos clientes, a formalização de
acordos e intercâmbios que envolvem o universo farmacêutico
do país.A empresa dedica-se especialmente a produtos para a
prevenção e erradicação da malária.Actualmente está representada em Benguela, no Lobito, mas
conta expandir-se para todas as
províncias, e transferir a sede para
a capital. Da Super Frescos os angolanos podem esperar mais investimentos contra a malária. O
grupo esta também firmado no
mercado português e espanhol,
onde conta com duas fábricas de
engarrafamento de água mineral,
tencionando futuramente ter
uma fábrica de refrigerantes em
Angola com base em frutas.
Andrea Ferraz
Directora-geral
da He Farmacêutica
“Formalização de
acordos nacionais
e estrangeiros”
“Para a HE Farmacêutica a participação na ExpoFarma é
muito importante, pois permite
dois dias intensos de interação
com vários dos seus clientes dispersos por todo o país, bem como conhecer novos potenciais
clientes.
Durante o evento, conseguimos
promover e explicar devidamente
boa parte dos produtos e marcas
representadas pela HE Farmacêutica para os profissionais de saúde
presentes que ainda não tinham
conhecimento das mesmas.
Criou-se também uma oportunidade para se formalizar novos
acordos e parcerias comerciais.
A HE farmacêutica é uma empresa de direito angolano especializada em representar e distribuir
marcas internacionais de renome
de produtos farmacêuticos na
área da dermocosmética, puericultura, nutrição infantil entre outras. Desde 2011, têm vindo a desenvolver um trabalho diferenciado no mercado, nomeadamente
com formação contínua a farmacêuticos e informação médica a
especialistas de dermatologia, pediatria e medicina dentária.
Perspectiva crescer e tornar o
mercado cada vez mais competitivo fornecendo produtos farma-
cêuticos de qualidade que visam
melhorar a qualidade de vida da
população.
Actualmente com representação
em Luanda, Benguela, Huambo e
na Huíla,a empresa quer expandir
a sua presença para todas as províncias.
Mª Rosário Boavida
Directora
da Sanofi Angola
“Incentiva profissionais a conhecerem
produtos genéricos
de qualidade ”
“A Medley é uma empresa de genéricos de origem brasileira, presente há dois anos no mercado
farmacêutico angolano.
Medley é uma empresa do grupo
Sanofi, sendo este um dos maiores laboratórios farmacêuticos
do mundo e o número 1 em
África . A Medley possui em Angola uma linha de genéricos direccionados para várias áreas terapêuticas ,nomeadamente:
cardiologia, diabetes, anti infecciosos, antifúngicos, antitússicos,
analgésicos, entre outros.
Para a empresa, a ExpoFarma é
um evento muito importante
como facilitador na troca de experiências entre farmacêuticos,
como incentivador dos profissionais desta área no sentido de virem a conhecerem e a actualizarem-se sobre o que de melhor
se pode encontrar no nosso
mercado. O evento é uma oportunidade para que os participantes venham conhecer a realidade
da indústria farmacêutica, nomeadamente do conceito de laboratório, distribuidor, e de outras áreas do universo farmacêutico. Futuramente pretendemos
continuar a crescer e trazer ao
mercado angolano o que é necessário para melhorar a saúde
das populações, com produtos
de qualidade e ao alcance de todos as bolsas.
Somos a única empresa de genéricos com produtos preparados
para a ZONA IV como preconizam as nossas autoridades .
Durante o evento fizemos vários
intercâmbios com os outros expositores, promovemos um leque de produtos genéricos e de
marca junto dos nossos actuais e
futuros clientes, formalizámos
acordos com novas empresas
nacionais que contribuirão futuramente para o crescimento da
empresa. O cliente pode esperar
da Medley bons produtos genéricos, com a garantia de segurança
e qualidade SANOFI .
JSA Outubro 2014
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TOXICOLOGIA
12
outubro 2014 JSA
Caminho a percorrer para tratamento
de mordeduras de serpentes é longo e difícil
Rui MoReiRa de Sá
O CIMETOX - Centro de Investigação e Informação de
Medicamentos e Toxicologia
participou na semana de 24
a 26 de Outubro num seminário internacional sobre
mordeduras de serpentes da
Bio Snake Farm na cidade de
Watamu, no Quénia.
Esta foi a primeira vez que
um país da África Austral se
fez representar num encontro desta importância que teve a participação de especialistas internacionais.
A vice Decana para os as-
suntos científicos da Faculdade de Medicina de Malanje, e
delegada angolana a este encontro, Paula Oliveira, afirmou "sentir-se muito honrada por poder estar com especialistas da área e trocar ideias
e contactos para projectos futuros que o CIMETOX está a
iniciar agora e que têm a ver
com esta problemática que
tanto aflige as populações rurais de Angola".
Referiu ainda que há um
caminho árduo a percorrer
de educação e consciencialização, na medida em que as
pessoas ainda usam trata-
mentos tradicionais para as
mordeduras de serpentes
que podem causar infecções
e originar demora na procurar de auxílio de um médico.
Frisou que é importante que
os profissionais de saúde saibam reconhecer os diferentes
síndromes de intoxicação por
mordeduras de serpentes para o seu tratamento correcto.
Recorde-se que se vai realizar em Angola o 1º Congresso Internacional de Toxicologia, com um vasto programa científico, conforme
notícia que pode ler na página 3 desta edição.
Mordeduras
de serpentes
venenosas
Existem muitas espécies de serpentes. A título de exemplo, nos
Estados Unidos ocorrem por ano mais de 45 mil mordeduras
de serpente, mas só oito mil são venenosas. A maior parte das
mortes ocorre em crianças, idosos, pessoas que não são tratadas ou que são tratadas de forma imprópria.
A mordedura de uma serpente venenosa nem sempre provoca
sintomas de intoxicação. Cerca de 25 % de todas as serpentes
da família dos crotalídeos e de 50 % das mordeduras de cobras e
de serpentes-de-coral não injectam veneno. O veneno das serpentes é uma mistura complexa que contém proteínas que desencadeiam reacções prejudiciais. Pode afectar quase todos os
órgãos do corpo de uma forma directa ou indirecta.
O veneno da cobra-cascavel e de outras víboras lesa o tecido
que rodeia a mordedura, provoca alterações nas células sanguíneas, evita que o sangue coagule e lesa os vasos sanguíneos,
causando perdas através dos mesmos. Estas alterações podem
provocar hemorragias internas e insuficiência cardíaca, respiratória e renal. O veneno das serpentes-de-coral afecta o sistema nervoso, mas provoca pouco dano no tecido que rodeia a
mordedura.
ROYAN TAYLOR O director da Bio Snake Farm, no Quénia, a segurar algumas serpentes
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da mordedura das serpentes venenosas variam
muito, dependendo do tamanho e da espécie da serpente, da
quantidade e da toxicidade do veneno injectado, da localização
da mordedura, da idade e do tamanho da vítima e da presença
doutros problemas de saúde na pessoa que sofre a picada. A
maioria das mordeduras são na mão ou no pé.
Os professores David Warell, David Wiliam e Royan Taylor extraem veneno de uma mamba verde
PAULA OLIVEIRA A vice Decana para os assuntos científicos da
Faculdade de Medicina de Malanje, Paula Oliveira, representou
Angola no seminário internacional sobre mordeduras de serpentes que decorreu em Watamu, no Quénia, durante o qual
esteve em contacto com especialistas da área e trocou "ideias
sobre projectos futuros que o CIMETOX está a iniciar agora
relacionados com esta problemática que tanto aflige as populações rurais de Angola"
A temível mamba negra ( Dendroaspis polylepis) causadora de muitas mortes em África
Tuberculose mamária é uma doença rara e de difícil diagnóstico
Magda Cunha Viana
A tuberculose mamária é rara, de
difícil diagnóstico, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento, nomeadamente africanos,
asiáticos e da América do Sul, onde a doença tem prevalência, e
ocorre em mulheres maioritariamente entre os 20 e os 40 anos.
O médico deve estar sempre
alerta para a doença quando se depara com pacientes com envolvimento mamário de evolução subaguda, com nódulos ou processo inflamatório com presença de fístulas
e que não apresentem indícios de
malignidade no exame histopatológico, principalmente em países
subdesenvolvidos, segundo um estudo publicado na Revista Brasileira
de Ginecologia e Obstetrícia.
Vieira Lopes, que falava no
Congresso da Clinica Girassol,
não avançou o número de casos
registados, mas salientou que a
tuberculose da mama pode ser
classificada como primária ou secundária, sendo que clinicamente
se define em três formas: nodular,
disseminada e esclerosante.
Um dos sinais da doença é o aparecimento de um nódulo mamário,
principalmente em mulheres mais
idosas, sendo difícil diagnosticá-lo
clinicamente através de exames radiológicos, pois pode ser confundido com o cancro da mama.
Em mulheres jovens, frisou, a
doença apresenta-se geralmente
como um abcesso da mama de 3 a 4
milímetros.
O diagnóstico definitivo só pode ser feito através da identifica-
ção do agente etiológico, o Mycobacterium tuberculosis, por microscopia óptica directa ou por
cultura do material aspirado.
"Tendo em conta todo o diagnóstico diferencial, podemos dizer que em Angola os estudos feitos até agora não demonstram
elevada incidência desta manifestação clínica de tuberculose, ",
adiantou.
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DOR
14
Outubro 2014 JSA
Profissionais de saúde já não aceitam a permanência da dor
Dor
aguda
A dor aguda é uma dor
que, até certo ponto, tem
consequências benéficas
para o organismo. É um sinal de alarme que avisa da
ocorrência de um traumatismo, uma queimadura,
um derrame articular ou
uma úlcera gástrica, por
exemplo.
Neste contexto, é um sintoma muito importante
para o diagnóstico de várias doenças, sendo a principal causa de procura de
cuidados de saúde pela população em geral.A importância da dor aguda está
bem patente em doentes
que padecem duma patologia rara, em que há uma
deficiência congénita da
sensibilidade dolorosa.
Estes indivíduos, que não
sentem dor, têm uma esperança média de vida muito
inferior a um indivíduo
normal, precisamente porque lhes falta esse mecanismo sinalizador que a
dor representa.
Embora a dor aguda seja
útil em muitas circunstâncias, ela deve ser combatida por forma a não se perpetuar e a não se tornar
eventualmente numa dor
crónica.Além disso, existe
um tipo de dor aguda que é
provocada pela própria intervenção dos profissionais
de saúde, por exemplo nos
procedimentos de diagnóstico ou nas terapêuticas cirúrgicas, a chamada dor
aguda pós-operatória. Neste caso, é fundamental controlar a dor, não só por razões éticas e para evitar o
sofrimento desnecessário,
A dor é um sintoma ou consequência de doença, sendo actualmente consensual que deve ser eliminada, principalmente no
caso de doentes crónicos ou terminais, onde esta é absolutamente não aceite.
São diversas causas da dor que poderão chegar, em casos extremos, à doença crónica ou terminal. Mas a dor é também um
sintoma de situações patológicas que requerem cuidados de saúde.Independentemente do quadro clínico na qual se encaixa,
a dor pode e deve ser tratada.
O que é a dor?
De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor (International Association for the Study of Pain),
a dor é uma experiência multidimensional desagradável, envolvendo não
só um componente sensorial mas também um componente emocional, e
que se associa a uma lesão tecidular
concreta ou potencial, ou é descrita em
função dessa lesão.
Isto significa que: a dor não é apenas
uma sensação mas sim um fenómeno
complexo que envolve emoções e outros componentes que lhe estão associados, devendo ser encarada segundo
um modelo biopsicossocial; a dor é um
fenómeno subjectivo, cada pessoa sente a dor à sua maneira (da minha dor só
eu sei); não existem ainda marcadores
biológicos que permitam caracterizar
objectivamente a dor; não existe relação directa entre a causa e a dor; a mesma lesão pode causar dores diferentes
em indivíduos diferentes ou no mesmo
indivíduo em momentos diferentes,
dependendo do contexto em que o indivíduo está inserido nesse momento;
por vezes existe dor sem que seja possível encontar uma lesão física que lhe dê
origem
Como tratar a dor?
O tratamento da dor deve ser feito
fundamentalmente nos cuidados de
saúde primários, ou seja, nos centros
e postos de saúde.
Estes profissionais de saúde estão
habilitados a diagnosticar e tratar a
grande maioria das patologias dolorosas (a título de exemplo, todos os
estudos epidemiológicos indicam
que a dor crónica mais frequente é a
lombalgia ou seja as vulgares dores de
costas), dispondo para o efeito de um
vasto leque de opções terapêuticas,
que vão desde os medicamentos
analgésicos anti-inflamatórios não
esteróides, até aos opióides fortes, ou
outro tipo de tratamentos como a fisioterapia e outras terapêuticas com-
plementares.
Tão ou mais importante que o tratamento da dor é a prevenção da dor
crónica, através por exemplo do tratamento adequado da dor aguda ou
evitando os factores de risco associados às lombalgias que, como acima
referido, são a principal causa de dor
crónica.
como também para reduzir
o risco de complicações
pós-operatórias como as
infecções respiratórias ou
as tromboses venosas dos
membros inferiores, e ao
mesmo tempo reduzir o
tempo de internamento
dos doentes. O mesmo se
aplica à dor associada ao
trabalho de parto.
Dor
crónica
A dor crónica é geralmente
definida como uma dor
persistente ou recorrente
durante pelo menos 3-6
meses, que muitas vezes
persiste para além da cura
da lesão que lhe deu origem, ou que existe sem lesão aparente.
A dor crónica não tem
qualquer vantagem para o
doente, pelo contrário, para além do sofrimento que
causa, tem repercussões na
saúde física e mental do indivíduo, levando por exemplo a alterações do sistema
imunitário com uma consequente diminuição das defesas do organismo e aumento da susceptibilidade
às infecções.
No campo da saúde mental, a dor crónica provoca
frequentemente insónias,
ansiedade, depressão, podendo mesmo levar ao suicídio. Há pois uma tendência actualmente para encarar a dor crónica não como
um mero sintoma mas, muitas vezes, como uma doença por si só, com enormes
repercussões sobre o indivíduo e a sociedade pelo
sofrimento e custos sócioeconómicos que lhe estão
associados.
A dor no idoso
TERAPÊUTICA
FARMACOLÓGICA
Os objectivos principais da terapêutica farmacológica são o
controlo da dor e a melhoria da
capacidade funcional e da
qualidade de vida.
O modo habitual do tratamento da dor em idosos é farmacológico e deverá ser balanceado
em função dos riscos e dos benefícios. A efectividade do tratamento farmacológico é
maior quando combinada
com formas de tratamento não
farmacológico.
Devido à heterogeneidade dos
idosos na resposta à terapêutica farmacológica a dose óptima e os efeitos secundários dos
medicamentos são difíceis de
prever. As doses devem ser
ajustadas em avaliações frequentes, de modo a optimizar
o controlo da dor e minimizar
os efeitos secundários.
O controlo da dor implica a utilização de associações medicamentosas que são potencialmente geradoras de efeitos colaterais. Contudo, a polimedicação pode ser necessária para
minimizar os efeitos secundários específicos de cada fármaco. A combinação de pequenas
doses de diferentes grupos de
fármacos, com os ajustes apropriados às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas
induzidas pela idade, permite
obter o controlo da dor com
menor risco de desencadear
efeitos secundários.
Orientações específicas para
os profissionais de saúde
1. Os idosos com dor crónica
moderada a intensa são candi-
datos a tratamento farmacológico que segue os mesmos
princípios e tipo de analgésicos
que as pessoas mais jovens,
mas com os ajustes necessários às suas particularidades.
2. Nos idosos que se apresentam mais sensíveis às reacções
adversas, a maioria dos
analgésicos são eficazes e relativamente bem tolerados
quando usados com precaução, e o efeito analgésico obtido será o melhor indicador da
dose e do ritmo de administração, não esquecendo que a via
de administração deverá,
sempre que possível, ser a me-
nos invasiva, portanto a via
oral.
3. O tratamento da dor em idosos deve ser orientado de acordo com a escada analgésica da
OMS, tendo em consideração
as particularidades dos idosos
para os diferentes grupos de
fármacos (Figura 1).
FIG. 1 - Escada analGésIca modIFIcada para o tratamEnto da dor
1º Escalão
Dor Ligeira
analgésicos não
opióides e/ou adjuvantes
2º Escalão
Dor Moderada
opióides fracos ou minor + analgésicos não
opióides e/ou adjuvantes
3º Escalão
Dor Intensa
opióides fortes ou major+ analgésicos não
opióides e/ ou adjuvantes
4º Escalão
Dor não Controlada
técnicas invasivas
(analgésicos por via espinhal, bloqueios nervosos)
Saúde Cuanza norte
JSA outubro 2014 16
Cuanza Norte regista 554 novos casos de VIH-Sida em nove meses
Autoridades da província têm projectadas acções de combate a novas infecções através da implementação de programas de sensibilização
Diniz Simão
Correspondente no Cuanza norte
texto e fotografia
As autoridades sanitárias da
província do Cuanza Norte
anunciaram que de Janeiro a
Setembro deste ano foram
notificados 554 novos casos
de infecção por VIH-Sida, segundo o responsável local do
Programa de Luta contra a
pandemia, Mateus Manuel
Gaspar.
Em testes efectuados a um
universo de 32.852 pessoas
constam, entre os casos diagnosticados, 410 mulheres,
125 homens e 19 crianças,
adiantou.
Mateus Gaspar referiu que
as autoridades da província
têm projectadas acções de
combate a novas infecções
através da implementação de
programas de sensibilização
dos cidadãos, sobretudo no
que diz respeito a métodos de
prevenção, riscos e consequências da referida pandemia.
Depois do lançamento do
Programa de Luta contra a
pandemia na província, em
Maio de 2006, o Cuanza Norte passou a contar com centros de aconselhamento, testagem e acompanhamento
de pessoas infectadas com
VIH-Sida em todos os municípios.
No período em referência
não foi notificada qualquer
morte relacionada com a
doença
Autoridades reforçam
mobilização num alerta
para riscos do VIH-Sida
No âmbito destas iniciativas foram distribuídos, entre
Junho e Agosto, 2.400 preservativos nos municípios de
Bolongongo e Golungo-Alto.
A iniciativa contou com o
apoio da empresa de supervisão de saúde (SHS), e incluiu
a testagem voluntária de 800
cidadãos, tendo sido detectados cinco casos positivos que
mereceram o devido aconselhamento e posterior encaminhamento ao hospital para terapia com antirretrovirais.
A mesma acção realizouse no município do Ngonguembo através de uma
campanha de testagem voluntária e mobilização massi-
va dos cidadãos relativamente aos riscos e consequências
do VIH-Sida. Esta acção foi
complementada pela distribuição de cerca de 600 preservativos masculinos.
No âmbito da feira de saúde, promovida pelas autoridades sanitárias locais em
parceria com a empresa SHSSoluções de Saúde, foram feitos testes de VIH-SIDA a 62
pessoas, todos com resultados negativos.
Rita Oliveira, assistente da
empresa SHS no município
do Ngonguembo, e coordenadora desta acção, referiu
que a mesma englobou a realização de 51 consultas diversas, e testes de malária a 51
munícipes, dos quais resultaram seis casos positivos, tendo ainda sido administradas
vacinas contra a pólio, sarampo, tétano, febre-amarela
e BCG a várias crianças da região.
A feira visou promover a
assistência médica à popula-
ção na sede municipal do
Ngonguembo, e aumentar os
conhecimentos dos munícipes sobre cuidados primários
de saúde e prevenção de várias doenças, adiantou a responsável.
A comuna da Aldeia Nova, no município da Banga é
outra das localidades que
também reforçou o seu programa local de mobilização
dos cidadãos contra o VIHSida e efectuou testes a voluntários, tudo no âmbito de
uma parceria entre as autoridades sanitárias locais e a
empresa de consultoria de
saúde (SHS).
No quadro da referida iniciativa, a sede da comuna já
acolheu uma feira da saúde
que incluiu a realização de
uma campanha de testes
contra a Sida a voluntários,
que contou com a adesão de
um número considerável de
munícipes, não tendo sido
registado qualquer caso positivo da doença.
Esta acção foi ainda marcada pela realização de uma
campanha massiva de mobilização dos cidadãos sobre
a importância da prevenção,
riscos e sintomas do VIH-Sida, acompanhada da distribuição de mais de 100 preservativos masculinos.
A coordenadora técnica
da empresa SHS, Nely Raquel, responsável pela iniciativa, referiu que a mesma
foi promovida com a contribuição de funcionários de
saúde pública e marcada pela realização de testes rápidos, precedidos da oferta de
preservativos.
Nely Raquel afirmou que,
no quadro do reforço do referido programa, foram mobilizados no município da
Banga, 30 agentes comunitários de saúde, coordenados
por três supervisores e um
gestor de cuidados, os quais,
além da mobilização de
combate ao VIH-Sida actuam na divulgação de informação aos munícipes relativamente aos cuidados primários de saúde e prevenção
de doenças, nas comunidades, através da criação de
aterros sanitários, construção de latrinas e outras medidas colectivas.
Desde o lançamento do
Programa de Luta contra a
pandemia na província, em
Maio de 2006, o Cuanza Norte conta actualmente com
centros de aconselhamento
e testagem voluntaria
(CATV) de VIH/SIDA nos 10
municípios.
Cidadãos preocupados com a ilegibilidade da caligrafia dos médicos
Os cidadãos de Ndalatando, capital do
Cuanza Norte, manifestam-se actualmente preocupados com a dificuldade de
legibilidade da caligrafia adoptada pela
maioria dos médicos na prescrição de
medicamentos aos pacientes, situação
que tem causado sérios transtornos na
aquisição dos fármacos e em alguns casos
na compra de medicamentos errados.
Cidadãos de Ndalatando questionados
sobre esta situação manifestaram a sua
inquietação, visto que a caligrafia ilegível
do médico pode conduzir à compra de
medicamentos diferentes daqueles que
estão prescritos e assim representar um
atentado à saúde e vida do paciente.
A mesma preocupação é também manifestada por enfermeiros e farmacêuticos
que relatam problemas no atendimento, tas, para além de causar dificuldades aos
ou orientação, de doentes devido à difi- enfermeiros e farmacêuticos na identificação correcta de medicamentos prescriculdade de decifrar a letra do médico.
O enfermeiro Afonso José Francisco refe- tos, impede também que médicos de outras especialidades façam um diagnóstico
riu que o problema da ilegibilidade da cacorrecto do quadro clínico do
ligrafia em receitas médicas
paciente.
está a causar sérios
“O
A enfermeira Maria
transtornos para os
problema da
Manuel defendeu a
enfermeiros, farilegibilidade da caligrafia
necessidade de os
macêuticos, paem receitas médicas está a
directores clínicos
cientes e até
causar sérios transtornos para
de unidades sanimesmo médicos
os enfermeiros, farmacêuticos,
tárias
abordarem
que também enpacientes e até mesmo médicos
o
problema
da cacontram dificulque também encontram
ligrafia
nas
reudades em decifrar
dificuldades em decifrar a
niões clínicas, sobrea prescrição dos
prescrição dos seus
colegas”.
tudo com os médicos
seus colegas.
estrangeiros, defendendo
A letra ilegível em recei-
mesmo a adopção de medidas conducentes à informatização das receitas médicas.
Por sua vez, as farmacêuticas Zeza José
Alberto Coelho e Eva da Conceição Félix
referiram que várias vezes se recusaram a
atender alguns clientes, devido à ilegibilidade da caligrafia do médico, obrigando-os a voltar ao clínico que escreveu a
prescrição para identificar o nome dos
medicamentos.
Manifestaram-se também preocupadas
com o facto de alguns adultos enviarem
crianças à farmácia para comprar medicamentos, atitude que caracterizaram de
irresponsável, por apresentar sérios riscos
de troca de fármacos com possíveis danos
para a saúde do paciente.
Saúde Cuanza sul
Jsa outubro 2014 18
Assistência Sanitária em Porto Amboim condicionada
pela degradação das estruturas do hospital municipal
Casimiro José | Porto amboim
Correspondente no sumbe
Texto e fotografia
O hospital municipal de Porto
Amboim,no município com o
mesmo nome,na província do
Cuanza Sul,necessita de uma
reabilitação urgente e profunda,dado o estado avançado da
degradação das estruturas,situação que preocupa os seus
responsáveis em termos de
segurança dos profissionais
que aí trabalham, e dos pacientes.
O director clínico do hospital
Porto Aboim, Nelson João
Cardoso Camilo, disse ao Jornal da Saúde que existe um
plano para a reconstrução
das instalações hospitalares,
mas que, dada a sua dimensão, as obras dependem da
cabimentação financeira, no
âmbito do Programa de Investimentos Públicos (PIP).
“A reabilitação do nosso
hospital é bem-vinda, mas o
estado em que se apresenta a
estrutura, associado às implicações do lençol de água no
subsolo, seria desejável a
construção de outras instalações”, frisou, acrescentando
que não há muito tempo foi
feita mais uma acção de reabilitação no referido estabelecimento hospitalar.
Cardoso Camilo manifestou o receio de possíveis problemas, com as chuvas que se
avizinham e solicitou às autoridades competentes uma intervenção pontual com vista
a evitar que o pior aconteça.
“Estamos a trabalhar com
vidas humanas e não é bom
que esse trabalho seja feito
numa estrutura que não oferece confiança tanto para os
pacientes, como para o corpo
clínico e, por isso, uma intervenção pontual afigura-se como prioridade”, advertiu.
Para prevenir outras situações decorrentes da degradação das infraestruturas do
único hospital de referência,
Nelson Camilo disse que as
autoridades do município
decidiram transferir os serviços de Banco de Urgências,
Pediatria e Medicina geral para o Centro Materno-Infantil
que, pela sua especifidade,
não responde às exigências
de um hospital para atender
as necessidades das populações.
Centro Materno-Infantil alberga actualmente os serviços de Banco de Urgência,
Pediatria, Medicina Geral e Internamento
“Tivemos que transferir os
serviços essenciais para o
Centro Materno-Infantil, como a única saída para mitigar
os efeitos da degradação do
Hospital municipal, mas é
uma solução provisória porque o estabelecimento não
tem as condições necessárias”, frisou.
O responsável referiu que
nas instalações degradadas
do hospital municipal permanecem os serviços de ortopedia e maternidade, pelo
facto de o centro não dispor
de mais espaço para a sua instalação.
Falta de médicos
de especialidade
Nelson Camilo referiu que
outra preocupação que a unidade hospitalar enfrenta é a
falta de médicos das especialidades de clínica geral, cuidados intensivos, ginecologia
e obstetrícia, cardiologia,
pneumologia e cirurgia, para
responderem as necessidades dos pacientes.
Outra situação apontada
prende-se com a falta de pessoal auxiliar, como maqueiros, vigilantes, barbeiros, cozinheiros e catalogadores para o funcionamento cabal do
hospital municipal.
O director clínico referiu
que o Centro Materno-Infantil dispõe de dois consultórios, três salas de internamento, salas de pré-partos e póspartos, berçário, laboratório
de análises clínicas, duas casas de banho, uma farmácia e
outras estruturas de apoio.
Nelson Camilo defendeu, por
outro lado, o apetrechamento dos postos de saúde da periferia como uma das saídas
nElson João cardoso camilo, director clínico do hospital municipal de Porto Amboim,
considera que a reabilitação do hospital é bemvinda. Contudo defende que face "ao estado da
sua estrutura, associado às implicações do lençol de água no subsolo, seria desejável a construção de outras instalações”
possíveis para descongestionar o afluxo de doentes ao
hospital municipal.
Necessidade de um
novo Hospital Regional
O responsável afirmou
que a cidade de Porto Amboim liga o Norte ao Sul e, dada essa localização geográfica, deve beneficiar de uma
unidade hospitalar de carácter regional, para responder
às necessidades de cada momento. Disse ainda que “a cidade de Porto-Amboim clama por um hospital de referência, com carácter regional,
porque se serve de uma estrada nacional que liga o norte
ao sul do país e, daí, ser alvo
de muitas solicitações, principalmente em casos de acidentes de viação e outros de
várias origens”.
Funcionamento
do hospital
de Porto Amboim
O hospital municipal de
Porto Amboim presta serviços de banco de urgência,
medicina geral, pediatria,
consultas pré-natais, geneobstetrícia, CATV, ortopedia,
farmácia e laboratório de
O hospital municipal de Porto Amboim, construído em 1940, reclama a reabilitação profunda, dado ao seu avançado estado de degradação
EdnnEs Wassuca, Administradora do Município de Porto Amboim, advoga a construção de
um novo hospital de referência no município
análises clínicas. Possui um
corpo clínico composto por
15 médicos, dos quais três são
angolanos, 13 técnicos de
diagnóstico e terapêutica, 43
enfermeiros e 71 auxiliares
hospitalares.
Quanto ao abastecimento
de fármacos e equipamentos,
o director clínico assegurou
que o hospital de Porto-Amboim não enfrenta dificuldades de maior, contando com
o apoio do depósito provincial de medicamentos usando fornecedores contratados
para o efeito.
Apesar dos vários constrangimentos, Nelson Camilo, fez uma avaliação positiva
quanto ao desempenho dos
médicos e enfermeiros e garantiu que a chave para o sucesso vai incidir na formação
contínua dos enfermeiros, a
vários níveis, para responderem aos desafios do presente
e do futuro.
O director clínico revelou
que os principais casos que
dão entrada ao hospital municipal estão ligados a malária, doenças diarreicas e respiratórias agudas, traumas
resultantes dos acidentes de
viação, tuberculose, hiper-
tensão arterial e febre tifoide.
Administradora
preocupada com
o sector da saúde
A administradora municipal de Porto Amboim, Ednnes Wassuca, manifestou-se
preocupada com o avançado
estado de degradação do hospital local que ameaça a integridade física dos pacientes e
dos profissionais de saúde.
Falando ao Jornal da Saúde, Ednne Wassuca considerou que o atendimento aos
pacientes no hospital se tornou um desafio face aos
eventuais problemas futuros
caso eles não sejam resolvidos através da construção de
uma nova infraestrutura. “As
infraestruturas estão demasiado degradadas, mas somos obrigados a utilizá-las
embora com grandes riscos”,
alertou.
Edne Wassuca disse que
as autoridades competentes
já têm conhecimento da situação, que se arrasta há vários anos, e considerou preocupante o facto de não constar do Programa de Investimentos Públicos (PIP) de
2015, por razões que desco-
nhece. “Estamos preocupados porque, contra as nossas
expectativas, a obra do hospital municipal não consta da
empreitada do PIP de 2015, o
que nos entristece”, lamentou.
O défice no abastecimento
da água potável às populações é outra preocupação
apontada pela administradora de Porto-Amboim, facto
que considerou estar na origem de várias doenças. “O
nosso município, sobretudo
nas áreas rurais, enfrenta
uma estiagem de três anos. A
falta de água causa várias
doenças e, para contornar a
situação, estamos a executar
o programa operativo de mitigação dos efeitos da seca
que consiste na construção
de tanques reservatórios de
água para abastecer as populações”, disse.
O melhoramento do saneamento básico na cidade e
nas zonas periurbanas foi
apontado como algo que tem
vindo a diminuir a propagação de doenças.
Referiu que a rede sanitária do município de Porto
Amboim conta com um hospital municipal com 95 camas para internamento, 3
Centros médicos e 15 postos
de saúde.
O município de Porto Amboim tem uma superfície de
3.311 quilómetros quadrados, com uma população estimada em 118.564 habitantes que vive maioritariamente
da pesca, criação de gado e da
agricultura.
Administrativamente o
município de Porto-Amboim
está dividido em duas comunas, sendo a sede a de Capolo.
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adultos e crianças
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Ingombota, Luanda, Angola
Tel: 222 371 665
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ReSpoNSabilidade SoCial
20
A Vice-governadora provincial do Bié, Ana Maria Mvuayi, sublinhou a necessidade dos condutores
cumprirem as regras de trânsito, em particular os motoristas das carrinhas abaixo de 20 lugares
"que fazem o transporte de pessoas a altas velocidades" e os "motociclistas que não usam o capacete"
outubro 2014 JSA
O comissário Hilário Timóteo, comandante da Brigada Especial de Trânsito (BET), lembrou que
os índices de sinistralidade rodoviária crescem de dia para dia, "ceifando vidas e perdendo-se futuros quadros valiosos que poderiam ter dado muito à nossa economia”. Agradeceu o apoio da
BP Angola
Campanha Nacional de Segurança Rodoviária lançada no Cuíto
“Malembe, malembe”... devagar se vai ao longe
rui moreira de sá
Malembe, malembe é o lema das campanha nacional
de prevenção rodoviária,
lançada a 24 de Outubro, no
Cuíto, Bié, numa cerimónia
presidida pela Vice-governadora provincial, Ana Maria Mvuayi. A dirigente disse,
em entrevista à margem do
evento, "a BP Angola tem-se
notabilizado na província,
não só pelo apoio a esta
campanha de transcendental importância, mas também pelo seu patrocínio a
outros projectos de âmbito
social, nomeadamente na
área da educação". Na sua
intervenção, Ana Mvuayi
sublinhou a necessidade
dos condutores cumprirem
as regras de trânsito, em particular os motoristas das carrinhas com menos de 20 lugares "que fazem o transporte de pessoas a altas velocidades" e os "motociclistas
que não usam o capacete".
O comissário Hilário Timóteo, comandante da Brigada Especial de Trânsito
(BET), em representação do
comando geral da Polícia Nacional, lembrou que os índices de sinistralidade rodoviária crescem de dia para dia,
"ceifando vidas e perdendose futuros quadros valiosos
que poderiam ter dado muito
à nossa economia".
O comandante provincial
da Polícia Nacional no Bié,
comissário Eduardo Cerqueira, apelou a todos os angolanos para não ficarem como espectadores sentados na
bancada à espera que a polícia resolva o problema da sinistralidade rodoviária. "Cada um de nós é um actor para
a prevenção de acidentes, se-
ja como condutor, seja como
peão", sublinhou.
De acordo com Eduardo
Cerqueira, os factores humano, social, veículo e via andam todos interligados e concorrem para os acidentes. E
exemplificou: "A utilização de
veículos com vidros laterais
dianteiros fumados, o excesso de álcool, de velocidade, a
falta de prudência, do uso de
capacete, são algumas das
causas deste estado de coisas.
É também essencial que o
INEA tenha meios para tapar
os buracos nas estradas. É
ainda fundamental que os sobas reforcem a vigilância perante os constantes roubos
das placas sinalizadoras que
são subtraídas da via pública
e levadas para casa dos prevaricadores - porque são fluorescentes, reflectem a luz e os
seus lares parecem ter mais
iluminação! ".
Membros da Amotrang representados por moto taxistas, e inúmeros populares da área do Kukema, acompanharam entusiasmados o evento
Ameaça
ao desenvolvimento
O director do departamento de desenvolvimento
sustentável da BP Angola,
Gaspar Santos, defendeu
que "o lançamento do programa nacional contra o ex-
cesso de velocidade e segurança rodoviária é de alta
importância para a nossa
nação em vias de crescimento, pois a perda de vida
humanas e os danos materiais causados pela sinistralidade na estrada consti-
tuem uma potencial ameaça para o desenvolvimento
de Angola". Para este responsável "a segurança no
trabalho é o primeiro valor
da BP em Angola e a nível
mundial", sublinhou.
Gaspar Santos disse que
a "frota de viaturas da BP
Angola viaja mais de 1 milhão de quilómetros por ano
para apoiar as operações no
país e nós pretendemos
manter os nossos passageiros, e todos os que partilham a via pública connosco, seguros". Ora, este esforço "exige um investimento
na formação, disciplina e
respeito ao regulamento do
trânsito, razão pela qual a
BP apoia a polícia Nacional
e a Direcção Nacional de
Viação e Trânsito no sentido
de educar e regular os utentes da via pública, enquanto
condutores e peões".
A cerimónia de lançamento da campanha contou ainda com a actuação
dos cantores Bessa Teixeira
e Justino Handanga, uma
peça teatral e um exercício
na estrada que exemplificou
a diferença na distância de
travagem de um veículo que
circule a 60 e a 100 quilómetros à hora e o perigo de
atropelamento que representa para os pedestres.
Estiveram ainda presentes , o juiz presidente em
exercício do tribunal do Bié,
Hélder Silva, membros do
governo da província,
membros do conselho consultivo do Ministério do Interior, do comando provincial, autoridades tradicionais, efectivos da polícia, do
exército, escuteiros, membros da Amotrang representados por moto taxistas, e
inúmeros populares da
área do Kukema que acompanharam entusiasmados o
decorrer do evento durante
cerca de três horas.
Gaspar Santos foi assessorado pelo conselheiro sénior José Luís Fernandes.
JSA Outubro 2014
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21
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Ébola
24
Outubro 2014 JSA
A incrível história da descoberta do ébola
Um dia, em Setembro de
1976, um piloto de uma companhia aérea belga entregou
a uma equipa de cientistas,
uma carta de um médico de
Kinshasa, antigo Zaire, e um
termos azul-brilhante.O recipiente continha uma amostra
de sangue de uma freira de
Yambuku, aldeia remota no
norte do país, e que, subitamente,contraíra uma doença
misteriosa,escrevia o médico,
que pedia aos investigadores
para a testarem para a febreamarela.
Os investigadores desconheciam por completo o vírus com o qual estavam a lidar, e a dimensão da tragédia que poderia provocar.
Peter Piot, então com 27
anos, integrava uma equipa
de investigadores da cidade
de Antuérpia, na Bélgica,
que identificou o vírus do
Ébola, em 1976, afirmou em
entrevista à revista semanal
alemã “Der Spiegel”.
“Em 1976 descobri o Ébola – agora receio uma tragédia inimaginável”
Actualmente, com 65
anos, e director da Escola de
Higiene e Medicina Tropical
de Londres, Piot recorda as
condições de segurança da
altura: "Não tínhamos ideia
de que o vírus era tão perigoso, e não havia laboratórios
de alta segurança na Bélgica.
Vestíamos apenas as nossas
batas brancas de laboratório
e as luvas protectoras”.
“Quando abrimos o termos, o gelo no interior do recipiente estava quase todo
derretido e um dos frascos tinha-se partido. Sangue e pedaços de vidro flutuavam na
água gelada. Retirámos o
frasco que estava intacto e começámos a testar o sangue
para patogéneos, utilizando
os métodos habituais da altura”, adiantou Piot.
Efectuaram testes para a
febre de Lassa e tifoide mas
ambos deram negativo.
O que poderia ser então?
“As nossas esperanças dependiam da possibilidade de
isolar o vírus da amostra de
sangue. Para isso – disse o
cientista - injectámo-la em
ratos de laboratório e outros
animais. À primeira vista, e
durante vários dias, nada
aconteceu. Pensámos que
talvez o elemento patogénico
tivesse sido danificado por
falta de refrigeração no termos. Mas depois, um após
outro, os animais começaram a morrer. E morreram todos. Começámos então a recear que a amostra contivesse
algo bastante mortífero”.
Por essa altura chegaram
de Kinshasa outras amostras
do sangue da freira, que entretanto já tinha morrido.
Quando estavam quase a
examinar o vírus sob um microscópio de electrões, a Organização Mundial de Saúde
deu-lhes instruções para enviar todas as amostras para
um laboratório de alta segurança, em Inglaterra.
“Mas o meu chefe da altura – relata Piot -, queria a todo
o custo descobrir o que era
aquele vírus. Pegou num frasco com a amostra do vírus para a examinar, mas a mão dele tremia de tal forma que o
deixou cair. O frasco estilhaçou-se em cima do pé de um
dos colegas!”.
Aterrorizados, desinfectaram imediatamente tudo.
“Felizmente – Piot lembrase bem – o colega tinha calçado grossos sapatos de cabedal. Não nos aconteceu
nada”.
Mas, por fim, a equipa
conseguiu uma imagem do
vírus, utilizando o microscópio de electrões. A primeira
reacção ao verem a imagem
foi: "Mas que raio é isto?”
O vírus que tinham passado tanto tempo a pesquisar
era muito grande, muito
comprido e parecia uma
lombriga. Não tinha qualquer semelhança com o vírus
da febre-amarela, parecia-se
mais com o mortífero vírus de
Marburg que, tal como o
Ébola, provoca febre hemorrágica. Na década de 60 do século XX, esse vírus causou a
morte de vários técnicos de
laboratório, em Marburg, na
Alemanha.
de onde viera o termos com
a primeira amostra de sangue da freira belga - e em
zonas limítrofes, centenas
de pessoas tinham sido infectadas e morrido.
O pequeno hospital missionário de Yambuku era dirigido por freiras belgas. Por
isso, quando o governo belga decidiu enviar um especialista à localidade, Piot voluntariou-se de imediato.
Com os seus 27 anos sentiase um pouco como o seu
vam no hospital em Yumbuko costumavam dar injecções de vitaminas às mulheres grávidas, utilizando agulhas não esterilizadas. A
equipa avisou----as do erro
que estavam a cometer.
Olhando para, trás Piot considera que talvez tenham sido demasiado cuidadosos
na escolha das palavras, que
não foram suficientemente
convincentes. As freiras não
cumpriram as regras e infectaram muitas mulheres em
Piot, que nas últimas décadas se dedicou à investigação
do VIH/SIDA e ao ensino, recorda que, na altura, não sabia nada sobre o vírus de
Marburg.
“Quando hoje conto aos
meus alunos, eles acham
que eu devo ter vindo da
Idade da Pedra”, gracejou
Piot. “Mas – adianta – a verdade é que tive que ir à biblioteca e procurar num
atlas de virologia o que era o
vírus de Marburg. Pouco
tempo depois foi o Centro de
Controle e Prevenção de
Doenças, de Atlanta, nos Estados Unidos (CDC) que
anunciou que se tratava de
um outro vírus aparentado
com o Marburg.
A equipa de investigadores soube entretanto que
em Yambuku - localidade
“herói de infância, o Tintim”. E tinha a esperança de
encontrar algo totalmente
novo, recorda.
E assim foi.
A equipa seguiu para a aldeia com os fatos protectores disponíveis na altura e
luvas de latex. Sabiam que
estavam a lidar com uma
das doenças infecciosas
mais mortíferas até então
conhecida no mundo, e não
sabiam que se transmitia
através de fluídos corporais.
Poderia transmitir-se por picada de mosquitos, por
exemplo.
Piot conseguiu sangue de
cerca de 10 doentes infectados pelo vírus misterioso. O
seu receio era picar-se acidentalmente com uma das
agulhas, e ficar também infectado.
“Em Junho, tornou-se
claro, para mim, que havia
algo de muito diferente naquele surto. Já não estava
circunscrito, tinha-se espalhado para países maiores,
devido à maior mobilidade
de pessoas - o que acabaria
por facilitar a sua propagação”, sublinhou.
Mas, apesar de tudo, o
cientista belga pensava que
o vírus do Ébola não representava um problema tão
grande, porque “os surtos
eram sempre breves e localizados”.
Por essa altura, a organização dos Médicos Sem
Fronteiras fez soar o alarme.
As freiras que trabalha-
Yambuku.
Infelizmente – sublinha
Piot – no actual surto de
Ébola, na África Ocidental,
os hospitais cometeram, inicialmente, o mesmo erro.
Ébola, o nome de um
rio perto de Yambuku
“Um dia reunimo-nos até
altas horas da noite para discutir o assunto - tínhamos
bebido um pouco. Não queríamos dar ao novo patogeneo o nome ´vírus de Yambuku´ porque iria estigmatizar a localidade para sempre. Havia um mapa pendurado na parede e o nosso líder da equipa norte-americano sugeriu-nos que procurássemos no mapa o rio
mais próximo da localidade.
Cerca das três ou quatro da
manhã encontrámos um
nome. Rio Ébola. Mas o mapa era pequeno e estava incorrecto. Soubemos depois
que o rio mais próximo era
outro. Mas ´Ébola´ é um
bom nome, não é?”, interrogou Piot, recordando aqueles importantes dias.
Da tragédia à epidemia
Trinta e oito anos depois
destes acontecimentos, Piot
refere-se ao actual surto como o resultado de uma
“tempestade perfeita: quando cada uma das circunstâncias é um pouco pior do
que o normal e todas se
unem para criar uma calamidade.
E com esta epidemia,
houve muitos factores que
foram desvantajosos desde
o início. Alguns dos países
atingidos acabavam de sair
de terríveis guerras civis,
muitos dos seus médicos tinham fugido, e os seus sistemas de saúde colapsaram.
Em toda a Libéria, por exemplo, havia apenas 51 médicos em 2010, e muitos deles
morreram vítimas do Ébola”.
O facto de o surto de Ébola ter começado nas regiões
fronteiriças (densamente
povoadas) entre a GuinéConacri, Serra Leoa e Libéria, também contribuiu para
a catástrofe por essas populações terem grande mobilidade, tornando-se mais difícil do que o habitual encontrar quem esteve em contacto com pessoas infectadas.
E, como os mortos são tradicionalmente enterrados nas
localidades onde nasceram,
havia cadáveres altamente
contagiosos a viajar de um
lado para o outro das fronteiras em carrinhas de caixa
aberta e em táxis. O resultado foi o surgimento de focos
da epidemia em diferentes
locais.
Em grandes cidades, especialmente em bairros de
lata, é impossível encontrar
quem esteve em contacto
com infectados, defende
Piot, preocupado com a Nigéria, onde há grandes cidades como Lagos e Porto Harcourt. Se o vírus chega a esses locais, o cientista considera que “seja uma catástrofe inimaginável”.
O controlo
da epidemia
está perdido?
Piot afirma-se como eterno optimista e diz que, actualmente, não há outra solução senão tentar tudo, absolutamente tudo.
“Os Estados Unidos e outros países estão finalmente
a ajudar – critica – mas a Alemanha e a Bélgica, por
exemplo têm de fazer muito
mais”.
E alerta: “Deve ser bem
claro para todos nós que isto
já não é apenas uma epidemia mas sim uma catástrofe
humanitária.
Não precisamos apenas
de voluntários médicos, mas
também de peritos em logística, camiões, jipes e alimentos.
Esta catástrofe pode desestabilizar regiões inteiras.
Gostaria de pensar que seremos capazes de controlar a
epidemia. Nunca imaginei
que pudesse chegar a uma
situação tão má”.
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ÉbOla
26
Outubro 2014 JSA
Perguntas frequentes
sobre a doença do virus Ébola
1.O que é a doença
do vírus Ébola?
A doença do vírus Ébola (até
há pouco tempo conhecida
como febre hemorrágica de
Ébola) é uma doença grave,
muitas vezes fatal, com
uma taxa de mortalidade
de até 90%. A doença afecta seres humanos e primatas
não-humanos (macacos,
gorilas e chimpanzés).
Esta doença surgiu pela
primeira vez em 1976, em
dois surtos simultâneos,
um numa povoação situada
perto do rio Ébola, na República Democrática do Congo, e outro numa área remota do Sudão.
A origem do vírus é desconhecida, mas, com base
nas evidências disponíveis,
os morcegos frugívoros da
família Pteropodidae são
considerados o hospedeiro
natural mais provável do vírus Ébola.
2.Como é que as pessoas
ficam infectadas com
o vírus?
No surto actual na África
Ocidental, a grande maioria dos casos ocorreu como resultado de transmissão homem-a-homem. Geralmente, o início da cadeia
de transmissão está associado a um primeiro contacto
de um indivíduo com um
animal infectado pelo vírus
Ébola.
A infecção ocorre por
contacto directo, através de
pele não íntegra ou membranas mucosas, com o
sangue, ou outros fluidos
corporais ou secreções (fezes, urina, saliva, sémen),
de pessoas infectadas. A infecção também pode ocorrer se a pele não íntegra ou
membranas mucosas de
uma pessoa saudável entrarem em contacto com
ambientes ou objectos contaminados com fluidos infecciosos de um doente,
como roupa suja, roupa de
cama ou agulhas usadas.
Mais de 100 profissionais de saúde foram expostos ao vírus Ébola enquanto prestavam cuidados a
pessoas infectadas. Este
facto ocorre quando estes
profissionais não utilizam
equipamento de protecção
individual (EPI) adequado
ou não aplicam correctamente todas as medidas de
prevenção e controlo de infecção ao cuidar dos doen-
cimento de sintomas, é de
2 a 21 dias. O doente torna-se contagioso quando
começa a apresentar sintomas. Não é contagioso durante o período de incubação.
As infecções pelo vírus
Ébola só podem ser confirmadas através de testes laboratoriais.
tes. Os prestadores de cuidados de saúde, a todos os
níveis do sistema de saúde
(hospitais, clínicas e postos
de saúde), devem ser informados sobre a natureza da
doença, e o modo como ela
é transmitida, e seguir estritamente todas as precauções de controlo de infecção
recomendadas.
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) não recomenda que as famílias ou as
comunidades cuidem nas
suas casas dos indivíduos
que se apresentem com
sintomas da doença do
vírus Ébola. Em vez
disso, devem procurar tratamento num
hospital ou centro especializado de tratamento com equipas de
médicos e enfermeiros
qualificados e equipados
para tratar as vítimas do vírus Ébola. Se, no entanto, a
única opção for cuidar de
seu ente querido em casa, a
OMS recomenda vivamente
a notificação da autoridade
de saúde pública local e a
procura de treino adequado, equipamento (luvas e
outro EPI) para o tratamento, instruções sobre a
remoção e disposição adequada daquele equipamento e informação sobre como
evitar novas infecções e a
consequente transmissão
da doença para si mesmo,
outros membros da família
ou da comunidade.
Adicionalmente, a transmissão tem ocorrido na comunidade durante os funerais e rituais associados. As
cerimónias fúnebres nas
quais os enlutados têm contacto directo com o corpo da
pessoa falecida têm desempenhado um papel signifi-
"Os
prestadores de
cuidados de saúde
devem ser informados
sobre a natureza
da doença
e seguir estritamente
todas as precauções
de controlo de infecção
recomendadas"
cativo na transmissão do vírus Ébola. As pessoas falecidas devem ser manuseadas com vestuário de protecção e luvas, devendo ser
sepultadas de imediato. A
OMS aconselha fortemente
que o falecido seja manuseado e sepultado por profissionais treinados, correctamente equipados.
As pessoas permanecem
infecciosas enquanto o vírus
permanecer no seu sangue e
secreções. Por esta razão, os
indivíduos infectados recebem acompanhamento cuidadoso por parte dos profissionais médicos, sendo
submetidos, antes de voltar para casa, a exames laboratoriais para garantir
que o vírus já não se encontra em circulação.
Quando os profissionais determinam que é seguro o indivíduo voltar para casa, este
já não é infeccioso, não podendo portanto infectar
qualquer outra pessoa na
sua comunidade. No entanto, os homens que
recuperaram da doença
do vírus Ébola podem
ainda transmitir o vírus
para os seus parceiros
sexuais através do sémen, até sete semanas
após a recuperação. Por esta razão, é importante que
estes homens se abstenham de manter relações
sexuais durante pelo menos sete semanas após a recuperação ou, no caso de isto não ser possível, usem
sempre preservativo durante as relações sexuais nas sete semanas após a recuperação.
3.Quem está mais
em risco?
Durante um surto, os indivíduos que apresentam maior
risco de infecção são: os
profissionais de saúde; os fa-
miliares ou outros em contacto estreito com pessoas
infectadas; e as pessoas que,
ao participarem em cerimónias fúnebres, tiveram contacto directo com os corpos
dos que faleceram.
Mais dados serão necessários para compreender se
alguns grupos de indivíduos, por exemplo, imunocomprometidos ou com
outras doenças subjacentes, são mais susceptíveis à
infecção pelo vírus.
A exposição ao vírus pode
ser controlada através da
implementação de medidas
de protecção em clínicas e
hospitais, locais públicos de
reunião ou em casa.
4.Quais os sinais e sintomas típicos da infecção?
São sinais e sintomas típicos o aparecimento súbito
de febre, a fraqueza extrema, dores musculares, dor
de cabeça e dor de garganta.
Seguem‐se vómitos, diarreia, exantema cutâneo, falência renal e hepática e,
nalguns casos, hemorragias
internas e externas.
Os resultados laboratoriais incluem contagens
baixas de glóbulos brancos
e plaquetas e enzimas hepáticas elevadas.
O período de incubação, ou intervalo de tempo
entre a infecção e o apare-
5.Quando se deve procurar ajuda médica?
Se alguém esteve numa zona geográfica onde existe
doença do vírus Ébola ou
em contacto com uma pessoa que tem ou é suspeita
de ter a doença e começa a
ter sintomas, deverá procurar ajuda médica imediatamente.
Quaisquer casos de pessoas suspeitas de terem contraído a doença deverão,
sem demora, ser declarados
à unidade de saúde mais
próxima. Uma pronta assistência médica é essencial
para aumentar a probabilidade de sobrevivência. É
igualmente importante controlar a disseminação da
doença, sendo necessário
iniciar de imediato os procedimentos de controlo da infecção.
6.Qual é o tratamento?
Os indivíduos gravemente
doentes necessitam de cuidados de suporte intensivos. Estão frequentemente
desidratados e necessitam
de fluidos intravenosos ou
de reidratação oral com soluções de electrólitos. Actualmente, não existe tratamento específico para curar
a doença.
Com cuidados médicos
adequados, alguns doentes
recuperam.
No sentido de controlar
a disseminação adicional
do vírus, as pessoas suspeitas de ter a doença, bem
como os doentes confirmados, deverão ser isoladas de
outros doentes e tratadas
por profissionais de saúde
usando precauções estritas
de controlo da infecção.
7.O que posso fazer?
Posso evitar a infecção?
Existe uma vacina?
De momento, não existe nenhum medicamento ou vacina licenciados para a
doença do vírus Ébola, mas
existem vários produtos em
desenvolvimento.
27
JSA Outubro 2014
8.Formas de evitar a infecção e a transmissão
Enquanto os casos primários de doença do vírus Ébola se devem ao manuseamento de animais infectados ou seus cadáveres, os
casos secundários ocorrem
por contacto directo com
os fluidos corporais de
doentes, através de práticas
não seguras de manejo de
casos ou dos cadáveres durante os funerais. Durante
este surto, a maior parte dos
casos de doença ocorreu
por transmissão entre humanos. Há várias medidas
que podem ser tomadas
para ajudar a prevenir a infecção e limitar ou impedir a
transmissão.
— Compreender a natureza da doença, como é
transmitida e como se pode evitar que continue a ser
transmitida (para mais informação, ver por favor as
“Perguntas frequentes sobre
a doença do vírus Ébola” anteriores).
—Ouvir e seguir as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde do seu
país.
—Se suspeitar que alguém seu conhecido ou da
sua comunidade contraiu a
doença do vírus Ébola, deverá imediatamente encorajá-lo e ajudá-lo a procurar tratamento médico adequado numa unidade de
cuidados de saúde.
—Se escolher cuidar de
uma pessoa doente na sua
própria casa, notifique os
técnicos de saúde pública
da sua intenção em fazê-‐lo
para que estes possam fornecer-lhe formação e EPI
apropriados (luvas, batas
impermeáveis, botas ou sapatos fechados com protecções impermeáveis descartáveis, máscara e protectores oculares contra salpicos), assim como instruções
sobre como cuidar adequadamente do doente, protegendo-‐se a si próprio e à sua
família, e como descartar
adequadamente o EPI depois de usado. NOTA: A
OMS não recomenda cuidar
em casa de doentes do vírus
Ébola e aconselha vivamente os doentes e os seus familiares a procurarem cuidados profissionais num centro de tratamento.
—Quando visitar doentes no hospital ou estiver a
prestar cuidados domiciliários, é recomendado que lave as mãos com água e sabão sempre que tocar no
doente, entrar em contacto
com os seus fluidos corporais ou tocar em objectos
ou superfícies nas suas
imediações.
—Todos os cadáveres
de indivíduos que morreram da doença do vírus
Ébola devem ser manuseados apenas utilizando EPI,
sendo de imediato sepultados por profissionais de
saúde pública treinados para a realização de práticas
fúnebres seguras.
Para além disto, todos os
indivíduos devem minimizar os contactos com animais com elevado risco de
infecção (i.e., morcegos frugívoros, primatas não‐humanos) nas áreas
afectadas da floresta tropical. Se suspeitar que um animal está infectado, não lhe
toque nem se aproxime. Os
produtos derivados de animais (sangue e carne) devem ser muito bem cozinhados antes do seu consumo.
9. E os profissionais
de saúde?
Como se devem proteger
quando estiverem
a tratar os doentes?
Os profissionais de saúde em
tratamento de doentes com
suspeita ou confirmação de
doença do vírus Ébola têm
um maior risco de infecção
que outros grupos. Durante
um surto, há um conjunto
de medidas que podem,
não só reduzir ou mesmo
parar a dispersão do vírus,
mas também ajudar a proteger os profissionais de saúde
e outras pessoas em contexto
profissional (unidades de
saúde). Estas medidas são
genericamente conhecidas
por “precauções padrão e
outras precauções adicionais” e são recomendações
baseadas na evidência reconhecidas como úteis para
evitar a disseminação de infecções. As perguntas e respostas que se seguem descrevem estas precauções em
pormenor.
10. Os doentes com suspeita ou confirmação de
infecção com o vírus Ébola devem ser isolados dos
restantes doentes?
Recomenda-se o isolamento de doentes com suspeita ou confirmação de infecção por vírus Ébola
em quartos individuais
de isolamento. Quando
não houver disponibilidade de quartos de isolamento, é importante
garantir que haja áreas
destinadas a casos suspeitos e casos confirmados, separadas entre si e dos outros
doentes. O acesso a estas
áreas deve ser restrito, equipamento necessário deve
estar estritamente dedicado
a estas áreas, e pessoal médico e não médico deve ser
escalado exclusivamente a
quartos de isolamento e a
de desinfecção à base de álcool ou sabão e água corrente, utilizando a técnica
correcta, recomendada pela OMS. Sempre que as
mãos estejam visivelmente
sujas, é muito importante
proceder à sua higiene usando sabão e água corrente.
As soluções de desinfecção
à base de álcool deverão
encontrar-se disponíveis
em todos os locais de prestação de cuidados de saúde
(quer à entrada, quer nos
quartos/zonas de isolamento de doentes); água corrente, sabão e toalhas descartáveis devem também
encontrar-se sempre disponíveis.
O técnico Didi Ximbi Yavo desinfecta as
mãos e as luvas numa das salas da zona
de isolamento preparadas para receber
doentes suspeitos de terem contraído
o vírus do ébola, no hospital Josina
Machel, em Luanda
áreas destinadas a estes
doentes.
São permitidas visitas nas
áreas onde os doentes com
suspeita ou confirmação de
doença do vírus Ébola estão
internados?
Recomenda-se que não
haja visitas nas áreas onde
os doentes com suspeita ou
confirmação de doença do
vírus Ébola estão interna-
"Se
suspeitar que
alguém da sua
comunidade contraiu a
doença do vírus Ébola,
deverá imediatamente
encorajá-lo e ajudá-lo a
procurartratamento
médico adequadonuma
unidade decuidados
de saúde"
dos. Se isto não for possível,
deve ser dado acesso apenas
aos visitantes necessários ao
bem-estar e cuidado de
doentes, tais como aos pais
de crianças internadas.
11. É necessária a utilização de equipamento de
protecção individual na
prestação de cuidados às
pessoas infectadas?
—Para além das precauções padrão na prestação
de cuidados de saúde a
qualquer indivíduo, os profissionais de saúde deverão
empregar, de forma estrita,
as medidas de controlo da
infecção recomendadas, de
forma a evitarem a exposição a sangue e fluidos infecciosos, ou a ambientes ou
objectos contaminados,
como, por exemplo,
roupas de cama sujas
ou agulhas usadas.
—Todos os visitantes e profissionais de
saúde deverão utilizar, escrupulosamente, um conjunto de equipamento designado de
equipamento de protecção
individual (EPI). O EPI deverá incluir, pelo menos, luvas,
uma bata impermeável, botas ou sapatos fechados com
protecções impermeáveis
descartáveis, uma máscara
e protecção ocular contra
salpicos, sob a forma de óculos ou escudos faciais.
12.A higiene das mãos é
considerada importante?
A higiene das mãos é essencial e deverá ser realizada:
— antes da colocação de
luvas e do restante EPI, à
entrada dos quartos/zonas
de isolamento;
— antes da realização de
quaisquer procedimentos
de limpeza ou de assepsia
num doente;
— após qualquer exposição potencial, ou efectiva,
a sangue ou fluidos corporais de indivíduos infectados;
— após se ter tocado (ainda
que potencialmente) em superfícies contaminadas,
utensílios ou equipamentos
na proximidade de indivíduos infectados; e
— após a remoção do EPI,
aquando da saída da área de
isolamento.
É importante fazer notar
que negligenciar a higiene
das mãos após a remoção do
EPI contribui para reduzir,
ou mesmo, suprimir, a protecção oferecida por este
equipamento.
Na higiene das mãos deverá utilizar-se uma solução
13.Que outras precauções são necessárias nos
locais de prestação de
cuidados de saúde?
Entre as precauções padrão,
destaca-se a realização, em
segurança, de injecções ou
colheita de sangue, incluindo a gestão segura de objectos cortantes e perfurantes, a
limpeza regular e rigorosa
dos ambientes, a descontaminação das superfícies e
equipamentos e a gestão
de roupas de cama sujas e
de resíduos.
Adicionalmente, é importante garantir o processamento laboratorial seguro de amostras biológicas
de doentes com infecção
confirmada, ou suspeitos de
doença por vírus Ébola, e o
manejo, em segurança, dos
cadáveres ou restos humanos para autópsia ou preparação para enterro. Quaisquer profissionais de saúde,
ou outros profissionais, encarregados da realização
destas tarefas relativamente
a indivíduos suspeitos ou
confirmados com doença
do vírus Ébola deverão utilizar EPI adequado e seguir os
procedimentos recomendados pela OMS.
14. O que dizer dos
rumores sobre certos
alimentos poderem
evitar, ou mesmo tratar,
a infecção?
A OMS recomenda, com
veemência, a procura junto
das autoridades de saúde
pública locais de aconselhamento de saúde credível
sobre a doença do vírus
Ébola.
Como não existe, até
ao presente, qualquer medicamento específico contra o vírus Ébola, o melhor
tratamento disponível consiste no tratamento de suporte intensivo a nível hospitalar, providenciado por
profissionais de saúde devidamente treinados, utilizando procedimentos ade-
ÉbOla
28
quados de controlo da infecção. A infecção pode
ser controlada através da
adesão às medidas de protecção recomendadas.
15. De que forma a OMS
protege a saúde durante
os surtos?
A OMS providencia aconselhamento técnico aos
países e comunidades de
forma a preparar uma resposta adequada face a um
surto da doença do vírus
Ébola.
As acções da OMS incluem:
— vigilância da doença e
partilha de informação
proveniente de diferentes
regiões, no sentido da detecção rápida de novos surtos;
— assistência técnica para
investigar e conter ameaças
à saúde quando estas ocorrem, tais como ajuda no
terreno na identificação
dos indivíduos doentes e
na caracterização dos padrões de dispersão da
doença;
— aconselhamento sobre
as opções de prevenção e
de tratamento disponíveis;
— destacamento de
peritos e distribuição de
materiais de apoio (tais
como EPI para os prestadores de cuidados de saúde) quando estes são requisitados pelo país afectado;
— emissão de comunicados para aumentar o nível
de consciencialização so-
bre a natureza da doença e
as medidas de protecção da
saúde a utilizar para o controlo da transmissão do vírus; e
— activação de redes regionais ou globais de peritos, tendo em vista a prestação de assistência, se solicitada, e a mitigação de
potenciais impactos na
saúde a nível internacional
e na disrupção das viagens
e das trocas comerciais.
em termos de saúde pública e a determinação da resposta mais adequada.
17. É seguro viajar durante um surto? O que
aconselha a OMS?
Durante um surto, a OMS
revê regularmente a situação de saúde pública e
pode, caso seja necessário, recomendar a imple-
16. Durante um surto,
o número de casos
"Durante
um surto de Ébola,
comunicados pelos
a autoridade de saúde
responsáveis do
do país afectado comunica
sector da saúde poo número de casos de
de aumentar e didoença e de óbitos. Estes
minuir? Porquê?
números podem variar
Durante um surto de
diariamente".
Ébola, a autoridade de
saúde do país afectado
comunica o número de
casos de doença e de óbitos. Estes números podem
variar diariamente. O nú- mentação de restrições a
mero de casos inclui tanto viagens e ao comércio, inos casos suspeitos de formando as autoridades
doença, como os que já nacionais sobre estas reforam confirmados labora- comendações, de modo a
torialmente e, por vezes, que estas possam ser imsão comunicados separa- plementadas. A OMS endamente. Assim, os núme- contra-se actualmente a
ros podem mudar entre ca- rever as recomendações
sos suspeitos e confirma- sobre viagens e espera podos.
der emitir novos conselhos
Analisar, ao longo do muito brevemente.
tempo, as tendências de
Se bem que os viajantes
evolução do número de devam estar sempre vigicasos, complementando lantes em relação ao seu escom informação adicional, tado de saúde e também ao
é geralmente mais útil pa- daqueles que os rodeiam, o
ra a avaliação da situação seu risco de infecção é mui-
Outubro 2014 JSA
to baixo, uma vez que a
transmissão pessoa-apessoa resulta do contacto directo com fluidos corporais ou secreções de um
indivíduo infectado.
18.É seguro viajar com
pessoas com
a doença do vírus
Ébola?
Tal como sucede com qualquer outra doença, é sempre possível que uma pessoa que tenha sido exposta
ao vírus Ébola decida viajar. Se o indivíduo ainda
não tiver desenvolvido
sintomas (ver Pergunta
Frequente nº 4), não
pode transmitir a doença do vírus Ébola aos
que o rodeiam. Se o indivíduo apresentar sintomas, deve procurar ajuda
médica imediata logo que
surjam os primeiros sinais
de indisposição. Isto pode
requerer a notificação da
tripulação do avião ou do
navio no qual viaje ou a procura de ajuda médica imediatamente após a chegada
ao destino. Os viajantes que
mostrem sintomas iniciais
de doença do vírus Ébola
devem ser isolados para
prevenção de futuras
transmissões. Embora o
risco para os companheiros de viagem, numa situação deste tipo, seja
muito baixo, a identificação e localização de contactos são recomendadas
nestas circunstâncias.
19.É seguro viajar para
a África Ocidental,
em negócios ou para
visitar família
e amigos?
O risco de um turista ou
homem/mulher de negócios contrair a infecção
com o vírus Ébola durante
uma visita a áreas afectadas
e desenvolver a doença
após o regresso é extremamente baixo, mesmo que
a viagem inclua a visita a
áreas onde os primeiros
casos foram comunicados.
A transmissão requer o
contacto directo com sangue, secreções, órgãos ou
outros fluidos corporais de
pessoas infectadas, vivas ou
mortas, ou de animais, sendo que não é provável que
o viajante típico se exponha a estes riscos. Em todo o caso, os turistas e viajantes são aconselhados a
evitar todo este tipo de contactos.
Se visitar a família ou
amigos em zonas afectadas, o risco é igualmente
baixo, a menos que mantenha contacto físico directo
com uma pessoa doente ou
que tenha morrido da doença. Neste caso, é importante
notificar as autoridades de
saúde pública e participar
no rastreio de contactos. A
identificação e localização
de contactos são utilizadas
para confirmar que a pessoa em causa não esteve exposta à doença do vírus Ébola e para evitar a propagação
da mesma através de monitorização.
20.Conselhos gerais
da OMS para viagens
— Os viajantes devem evitar
qualquer contacto com pessoas infectadas.
— Os profissionais de saúde
em viagem para áreas afectadas devem seguir estritamente as recomendações de
controlo da infecção emitidas pela OMS.
—Qualquer pessoa que tenha permanecido em áreas
onde foram comunicados
casos recentemente, deve estar ciente dos sintomas de infecção e procurar auxílio médico ao primeiro sinal de
doença.
—Os clínicos que prestam
cuidados de saúde a viajantes que, regressando de
áreas afectadas, apresentem
sintomas compatíveis, são
aconselhados a considerar a
possibilidade de doença do
vírus Ébola.
—Se pretender obter conselhos adicionais sobre viagens, leia, por favor, a “Avaliação de risco de viagens e
transportes: Recomendações para as autoridades de
saúde pública e para o sector
dos transportes”, em
http://who.int/ith/updates/20140421/en/.
Tradução de: Aida Esteves, Ana
Abecasis, Celso Cunha, João Piedade e Ricardo Parreira do Instituto de Higiene e Medicina Tropical ‐ Universidade Nova de
Lisboa
Total de casos
Espanha
1 caso
EUA
Mali
13 703 casos
4 920 mortes
1 casos (1 Morto)
4 casos (1 Morto)
Senegal
1 caso
Guiné-Conacri
Nigéria
Serra Leoa
Ébola
no Mundo
Situação a 29 de Outubro de 2014.
Não considera os casos na Alemanha,
Reino Unido, França e Noruega.
Fonte: OMS
Libéria
1906 casos
997 mortes
5235 casos
1500 mortes
6535 casos
2413 mortes
20 casos
8 mortes
JSA Outubro 2014
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29
Saúde mental
30
outubro 2014 JSA
Jornadas de saúde mental a decorrer
até 8 de Novembro para pôr fim a estigma
Francsico cosme
com magda cunha Viana
As pessoas com problemas
de saúde mental têm que viver não só com a doença e as
consequências psíquicas, físicas e laborais que ela acarreta,como ainda com o preconceito e o estigma causados
por deficiente informação de
profissionais da saúde, de familiares,amigos e da comunidade em geral.
MASSOXI VIGÁRIO Com a criação das redes de serviço de saúde
mental foi possível efectuar uma reforma com reflexos na humanização dos serviços e na redução de pacientes internados
no Hospital Psiquiátrico de Luanda
RAQUEL MAHOQUE A OMS está a incentivar os governos dos
países africanos a darem maior importância à área da saúde
mental e a inclui-la nos seus programas
A história, o diagnóstico e os
tratamentos da doença
mental têm passado por diversas teorias, desde os filósofos da antiga Grécia, à psicanálise de Sigmund Freud,
chegando agora às neurociências.
O cérebro tem ainda
muito para ser
explorado e explicado.
Talvez por isso, por haver
ainda um certo desconhecimento da comunidade científica e, por maioria de razão,
da população em geral, o
portador de uma doença
mental seja por vezes colocado à margem pela comunidade.
O ministro da Saúde, José
Van-Dúnem afirmou, na
abertura de uma conferência sobre saúde mental, por
ocasião do Dia Mundial da
Saúde Mental, sob o lema
“Vivendo com a Esquizofrenia, um Desafio para a Sociedade”, que a saúde mental consta das prioridades do
ministério que tutela.
“A saúde mental é tão
importante quanto a saúde
física, pois ambas concorrem para o bem-estar dos
indivíduos, famílias e da sociedade”, sublinhou.
Na mensagem do diretor
Profissionais de saúde e estudantes encheram o auditório para assistir à conferência sobre saúde mental, por ocasião do
Dia Mundial da Saúde Mental que decorreu sob o lema “Vivendo com a Esquizofrenia, um Desafio para a Sociedade”
Regional da OMS para África, Luís Gomes Sambo, lê-se
que “a esquizofrenia se desenvolve frequentemente na
adolescência ou na idade
adulta precoce, havendo entre a população africana cerca de um por cento de pessoas com esta doença.
Programa
de saúde mental
Por sua vez, a coordenadora do Programa Nacional
da Saúde Mental, Massoxi
Vigário, referiu em entrevista ao Jornal da Saúde que “o
país está a cumprir todas as
directrizes da Organização
Mundial de Saúde (OMS) e
que “esta medida fará com
que os profissionais e a sociedade encarem com mais
atenção e responsabilidade
a doença mental quando lidarem com os pacientes”.
Para prevenir e evitar que
esta doença atinja proporções alarmantes a responsável disse que o Sistema de
Saúde Mental foi implementado a nível nacional,
tendo sido criadas redes de
saúde mental nas províncias
de Malange, Benguela,
Huambo, Huíla, Luanda e
Cabinda.
O programa de saúde
mental tem como objectivo
atender os pacientes nos
desafiador de envelhecimento
Novo suplemento alimentar para a pele
A Visão Futura acabou de lançar no mercado um novo suplemento alimentar para a pele. De acordo com um comunicado da
empresa, o Crystal Tomato Alisa "dá brilho e mantém o tom da
pele". Funciona também "como um protector solar natural contra os raios UVA e UVB, anti‐oxidante, contém propriedades anti‐inflamatórias contra feridas e os danos UV, inibe a síntese de melanina, para prevenir a formação
de manchas de pigmentação, reduz a melanina presente nas células para um efeito anti‐envelhecimento e anti‐foto do envelhecimento, incluindo as marcas escuras deixadas pela acne, as sardas, a pele escura
nas axilas e manchas da pele devido à idade, evita danos ao DNA,
promove o balanço do tom da pele, a tez radiante, protege e aumenta a eficácia de outros ingredientes activos e as suas funções".
Segundo o distribuidor, basta tomar um comprimido por dia.
Para mais informações:
VISÃO FUTURA LDA.
Rua Francisco Sotto Maior nº 5, 1º Dto – Ingombota,
Luanda. Contactos: Tel. Fixo 00244 222 350 777
Tel. Móvel 00244 933 569 506 / 912 506 323
Email: [email protected]
centros de saúde e nos hospitais mais próximos. “Com
a criação das redes de serviço de saúde mental foi possível efectuar uma reforma
com reflexos na humanização dos serviços e na redução de pacientes internados
no Hospital Psiquiátrico de
Luanda”, sublinhou.
Em Angola já foram reintegrados no seio familiar
mais de 200 doentes que estavam internados”, afirmou
Massoxi Vigário.
As redes de serviços de
saúde mental permitem que
os doentes sejam tratados
sem terem de se deslocar a
Luanda, e pôr fim à noção
antiga de que devem estar
internados em hospitais psiquiátricos.
Fragilidade
dos sistemas de saúde
Já a representante de Angola no Comité Regional
Africano da OMS (AFRO),
Raquel Mahoque, disse ao
Jornal da Saúde que a fragilidade dos sistemas de saúde de vários países africanos,
bem como a falta de medicamentos, são a principal
causa do tratamento deficiente destas doenças.
A responsável sublinhou
ainda que a Organização
Mundial da Saúde está a incentivar os governos dos
países africanos a darem
maior importância a essa
área e a reorganizar os seus
programas de forma a inclui-la.
Segundo a médica, os
centros de saúde mental devem ser atribuídos às comunidades, dando formação e
informação aos técnicos comunitários para que possam tratar e integrar os pacientes num primeiro esforço para reduzir os 80% da
população africana com
problemas de saúde mental
que não tem acesso a medicamentos.
JSA Outubro 2014
intoxicação alimentar
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O que é a dor? - Jornal da Saúde