Informativo da Prevenção Boletim das Coordenações de Prevenção em Segurança Pública / DEPRO / Secretaria Nacional de Segurança Pública / MJ Ano 2 Número 5 Março de 2010 Guarda Municipal de Curitiba usa Teatro de Fantoches para prevenir a violência para seis equipes, a nossa agenda é sempre cheia, pois a demanda cresce a cada ano. Passamos por uma capacitação técnica com profissional da área cênica e por cursos para elaboração dos bonecos, criação de história, textos, técnicas de manipulação e interpretação”, ressalta o gerente de Organização da Defesa Comunitária da Secretaria de Defesa Social de Curitiba, supervisor GM II Antônio Carlos Alves de Andrade. Foto: Arquivo/Secretaria de Defesa Social de Curitiba Olhos atentos, expressões de surpresa e sorrisos. Aglomeradas ao lado de uma tenda de teatro de bonecos, crianças de Curitiba divertem-se e interagem com fantoches da Guarda Municipal, aprendendo sobre medidas de combate à violência, higiene pessoal, educação no trânsito, educação ambiental, defesa civil e outros assuntos. A experiência é considerada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) como sendo uma boa prática, no que diz respeito a ações de prevenção da violência. Apresentado principalmente em escolas da rede pública de ensino, o Teatro de Fan- toches da Guarda Municipal de Curitiba já percorreu diversas cidades do Paraná e chegou a ser convidado a se apresentar no Distrito Federal e em outros estados e a treinar guardas municipais em Vitória/ES e em Canoas/ RS. Somente em 2009, o projeto registrou um público de 51.752 pessoas, em um total de 266 apresentações. e conceitos. “O teatro é uma linguagem poderosa, com alto poder de síntese, rica de possibilidades estéticas e capaz de proporcionar impacto diversificado. Por isso, ele tem sido um instrumento eficaz para transmitir mensagens educativas para todas as faixas etárias, conscientizando e promovendo a paz”, diz o secretário. De acordo com o secretário municipal de Defesa Social de Curitiba, Itamar dos Santos, as peças do teatro de fantoches permitem sensibilizar tanto o público infantojuvenil quanto o adulto, colaborar com a formação cidadã e com a mudança de atitudes O projeto Teatro de Fantoches conta atualmente com seis equipes da Guarda Municipal de Curitiba, sendo cada equipe formada por, no mínimo, três profissionais, que assumem o papel de atores, roteiristas e produtores. “Mesmo ampliando de uma Ao todo, o teatro dispõe de seis bonecos, tendo como personagens principais o Guarda Léo e Guarda Rita. O sucesso do projeto proporcionou inovação e aperfeiçoamento no equipamento utilizado, como a aquisição de tendas retráteis, fáceis de montar e desmontar, e aparelhagem de som. Por ter um baixo custo, a iniciativa é de fácil replicação. O orçamento gira em torno de R$ 3.500 para implantação do teatro, considerando que são necessários três microfones, uma barraca (2mx2m), uma mesa de som, uma caixa acústica, um toca CD e seis bonecos. As atividades do Teatro de Fantoches iniciaram-se em 1990, quando a Guarda Municipal de Curitiba passou a receber a visita de alunos da rede municipal de ensino. Na época, os guardas apresentavam uma peça de fantoche com apenas dois personagens: o guarda, então sem nome, e o menino Leleco, manipulados atrás de uma cortina branca, que servia de palco. O desafio foi aumentando quando os agentes começaram a fazer apresentações nas instituições de ensino Foto: Arquivo/Secretaria de Defesa Social de Curitiba e a notícia ia se espalhando de escola em escola. Com o passar dos anos, foram surgindo demandas por diversas temáticas, tais como prevenção da saúde, e parcerias com outros órgãos, a exemplo da Secretaria Municipal da Saúde. Além das escolas, os guardas municipais levaram os fantoches para creches, instituições filantrópicas e associações de moradores, incluindo dentre os personagens um médico e uma cidadã. Projeto previne a reincidência de casos de violência doméstica contra a mulher O Serviço de Educação e Responsabilização para Homens Autores de Violência Doméstica contra a Mulher (SERH), sediado em Nova Iguaçu-RJ, atendeu, de outubro de 2008 a dezembro de 2009, 674 homens, dos quais 95% foram encaminhados pela Justiça e os outros 5% aderiram espontaneamente ou foram conduzidos por Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher. Trata-se de uma política de segurança pública desenvolvida pela Prefeitura de Nova Iguaçu, em parceria com o Instituto de Estudos da Religião (ISER) e o Centro de Estudos, Atenção e Referência para Homens (CEAH), tendo 90% dos recursos financiados pelo Ministério da Justiça, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). O projeto atende à demanda do artigo 35 da Lei Maria da Penha, indicando que a União, o Distrito Federal, os estados e os municípios poderão criar e promover, no limite das respectivas competências, centros de educação e de reabilitação para os agressores. homens passaram e do trabalho da equipe. As atividades do SERH abrangem moradores de Nova Iguaçu, Mesquita, São João de Meriti e Nilópolis, existindo a possibilidade de ampliar a área de atuação para mais três municípios fluminenses. A equipe é formada por 14 profissionais das áreas de Psicologia, Pedagogia, Serviço Social, Educação, Ciências Sociais e Saúde, sendo sete facilitadores e sete estagiários. De acordo com o psicólogo e diretor do Serviço de Educação e Responsabilização para Homens Autores de Violência Doméstica contra a Mulher, Fernando Acosta, são feitas, inicialmente, entre três e cinco entrevistas, a depender das necessidades. “Além de aplicar um questionário pré-grupo, essas entrevistas servem também para que o homem crie um vínculo com o Serviço como referência na vida dele. A gente explica, já na entrevista, que, se ele estiver perdendo o controle, que nos procure, para que possamos tomar providência e prevenir para que a violência não aconteça”, diz Acosta. Ao aderir ao SERH, o autor de violência doméstica passa por três etapas: entrevistas preliminares, para descobrir o que esse homem pensa a respeito da violência que ele praticou e qual o perfil sócio-econômico e demográfico dele; grupo reflexivo, em que se estabelece um compromisso de convivência e não violência ativa com esses homens; e, por último, o grupo focal, que é uma metodologia de avaliação do processo que esses Nessas entrevistas, além de responder os questionário e criar o vínculo com o SERH, o homem escolhe um dos quatro horários disponíveis para os grupos, que podem ser feitos pela manhã, tarde, noite ou aos sábados. Depois de decidir qual o horário ao qual se adéqua, ele adere a um grupo, composto por uma média de dez a 14 homens, e participará de 20 encontros. Os temas a serem discutidos variam de grupo para grupo, a depender das propostas dos participantes. “Eles podem sugerir qualquer assunto, mas o que a gente não abre mão é do tema de violência entre parceiros íntimos e masculinidade. Normalmente, são discutidos temas relacionados aos direitos e à saúde sexual e reprodutiva, como métodos contraceptivos, doenças sexualmente transmissíveis, paternidade, maternidade, cuidado com os filhos, trabalho e profissão. A gente também discute ciúmes, controle da mulher e suposta infidelidade, que é um dos fatores associados à prática da violência”, ressalta Fernando Acosta. Além dessas temáticas, os grupos reflexivos discutem a Lei Maria da Penha, para que os integrantes saibam o que diz a legislação e quais são as medidas protetivas da mulher, entendam a realização do próprio grupo, que está previsto em lei e que é entendido, ao mesmo tempo, como uma punição imposta pela Justiça e como uma possibilidade de reabilitação, em que o homem passa por um processo de transformação. Processo reflexivo O papel da equipe do SERH é justamente facilitar o diálogo e o processo de responsabilização e de reflexão. O objetivo é possibilitar que esses homens se transformem, entendam o porquê de terem praticado violência e parem de praticá-la. O grupo reflexivo de gênero, com abordagem responsabilizante, faz com que a pessoa volte o olhar para si mesmo, conecte seus diálogos internos e entre em contradições em relação às suas idéias, pensamentos e sentimentos. Do total de homens atendidos entre outubro de 2008 a dezembro do ano passado, 332 deles participaram de grupos reflexivos. “Acham que a gente está tratando desses homens, que a gente está fazendo um processo psicoterápico ou psicoanalítico, mas estamos fazendo um processo reflexivo. É claro que, se você vai voltar o olhar sobre si mesmo e vai mexer com a sua subjetividade, com as suas representações psíquicas, com seu psicológico, com suas emoções, tudo isso é colocado em discussão, mas não em processo terapêutico. Não se trata de uma terapia em grupo, muito menos de uma terapia do indivíduo no grupo. O grupo é um processo reflexivo cujo conteúdo é realizado pelos próprios participantes. Ele é pedagógico e serve para facilitar o processo. A gente trabalha na pedagogia dialógica ou pedagogia da pergunta, do Paulo Freire, com a teoria feminista de relações de gênero e teoria sistêmica, entendendo aquele indivíduo enquanto sistema, mas que é também um subsistema da relação homem-mulher, que, por sua vez, é um subsistema da família, que é um subsistema de outros sistemas sociais e assim por diante”, explica o diretor do SERH. O Serviço de Educação e Responsabilização trabalha também o padrão de relação que os homens tem com as mulheres que eles agrediram, com os filhos, com o seu empregado ou empregador, com líderes religiosos e comunitários e com toda sua rede de relações. Depois de tudo isso, é feito o grupo focal, para verificar o impacto do serviço na vida desse homem, avaliar se o serviço está tendo resultado e encontrar onde está a falha. Coordenado por uma equipe de pesquisadores que não participaram do atendimento, o grupo focal aplica questionários, com roteiro semiestruturado. Tal etapa é importante para melhorar o trabalho. Um dos principais resultados observados pelo grupo focal é a desistência nos casos em que não houve obrigatoriedade de participação no SERH. O problema de abandono do programa é um dos assuntos que entram em discussão no Conselho Consultivo do SERH, que se reúne duas vezes por ano e ajuda a estimular juízes a encaminharem os autores de violência doméstica ao serviço de responsabilização. Além de juízes e profissionais do SERH, o Conselho é composto por representantes da Senasp e da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), por conselheiras, superintendentes de defesa da mulher, integrantes do movimento feminista, delegadas, promotores, defensores, pesquisadores de universidades e membros de ONGs que trabalham com homens. Com o grupo focal, também é possível perceber quando um homem precisa repetir o processo. O fato é comunicado ao juiz, que o reencaminha ao Serviço de Educação e Responsabilização para Homens Autores de Violência Doméstica contra a Mulher. “Isso acontece com dois ou três homens por grupo e, muitas vezes, eles aceitam. Eles percebem que o processo está ajudando na relação com a companheira, com os filhos e com colegas de trabalho. Eles dizem que aprenderam a conversar e a pensar e comentam que lá é diferente, pois ali ele não está sendo reduzido a um agressor, a um criminoso. Eles costumam falar que lá (no SERH), eles são vistos como pessoa. Não rotulamos esses homens. Nosso papel não é de polícia nem de Justiça, é de atendimento, de reeducação”, enfatiza Acosta. Segundo a coordenadora geral das Ações de Prevenção da Secretaria Nacional de Segurança Pública, Cristina Villanova, em 2007, o projeto foi financiado com recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, em parceria com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. “Em 2008, ficou definido, no Ministério da Justiça, que o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) ficaria responsável pela análise e aprovação de projetos desta natureza. Em breve, a SPM e o MJ publicarão Portaria para ampliação da parceria”, diz Villanova. Programa de prevenção à violência em Caxias do Sul atendeu quase 28 mil pessoas em 2009 O município de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, tem uma experiência que mostra como a estreita relação entre escola, poder público e comunidade pode auxiliar na solução de problemas relacionados à segurança. Com o Programa Comissões Internas de Prevenção de Acidentes e Violência Escolar (Cipave), a Prefeitura Municipal, através das Secretarias de Educação e de Segurança Pública e Proteção Social, tem conscientizado a comunidade escolar sobre noções de cidadania e construção de uma cultura de paz. Por meio do Programa Cipave, são produzidos e distribuídos folders e outros materiais informativos, com dicas de prevenção de acidentes e combate à criminalidade. Os alunos das escolas da rede municipal de ensino também contam com palestras e atividades lúdicas e artísticas dentro e fora das salas de aula. O programa conta com a colaboração do Corpo de Bombeiros, Polícia Militar, Guarda Municipal e do Setor de Fiscalização de Trânsito, que coordenam, respectivamente, os eixos de prevenção de incêndios e primeiros socorros; segurança e violência escolar; conservação do patrimônio público e prevenção de acidentes de trânsito. Segundo a responsável pelos projetos de Prevenção da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, Celita Zandonadi, em 2009, as ações do Cipave contemplaram 27.833 pessoas. “O total de atendimentos pelos eixos de ação foi de 24.773, incluindo pais, alunos, professores e comunidade em geral. Foram capacitados 90 professores na área de Prevenção da Violência e Construção de uma Cultura de Paz e 150 pelo Ministério Público. Outras 200 pessoas foram capacitadas pelo Programa de Prevenção à Violência de Caxias, no plenário da Câmara, e 2.200 crianças assistiram à peça teatral „O Ó do Borogodó‟”, revela Zandonadi. Foto: Arquivo/Secretaria de Segurança Pública e Proteção Social de Caxias do Sul Outro projeto de prevenção da violência realizado nas escolas e nas comunidades de Caxias, desenvolvido paralelamente ao Cipave, é “A Guarda Municipal integrando a Rede de Proteção e Inclusão Social: na busca da Cidadania ao Jovem em Situação de Risco”. Trata-se de um conjunto de atividades interdisciplinares oferecidas pelas secretarias municipais, para atender a demanda de pessoas que se encontram em situação de risco e vulnerabilidade social. De acordo com o secretário de Segurança Pública e Proteção Social de Caxias do Sul, Roberto Louzada, o objetivo da iniciativa é desenvolver ações mediadoras de conflitos e que motivem a convivência pacífica e democrática, por meio de medidas sócioeducativas. “A Guarda Municipal de Caxias do Sul promove, desde 2007, oficinas sobre substâncias psicoativas, orientação sexual, violência infantojuvenil e conceitos em segurança urbana nas escolas. Também são discutidas questões como formação da Rede de Proteção e Inclusão Social e métodos de identificação, mediação e encaminhamento de crimes. Esse trabalho é feito por agentes da Guarda Municipal capacitados no curso de Gestão em Segurança Urbana”, explica o secretário. Em 2007, o projeto piloto “A Guarda Municipal integrando a Rede de Proteção e Inclusão Social” atendeu aproximadamente dois mil alunos de escolas do município. Em 2008 e 2009, o programa selecionou 32 escolas e atingiu mais de três mil crianças e adolescentes. “Os alunos e a comunidade escolar tiveram participação efetiva no desenvolvimento das ações, garantindo êxito ao trabalho. Foram realizados „pedágios educativos‟, com distribuição de folders informativos, realização de palestras, confecção de camisetas temáticas, teatro, brincadeiras cooperativas e caminhadas pela paz”, salienta Louzada. As cartilhas educativas do Cipave e do projeto “A Guarda Municipal integrando a Rede de Proteção e Inclusão Social” podem ser consultadas no Portal Segurança com Cidadania (www.segurancacidada.org.br), no link da „Prevenção‟. São Leopoldo aposta no Programa Comunidade Segura para garantir maior segurança Para prevenir a violência e a criminalidade em São Leopoldo/RS, a Secretaria Municipal de Segurança Pública conta com o Programa Comunidade Segura, através do qual são desenvolvidas ações multisetoriais e garantido o acesso da sociedade à gestão da segurança urbana. A iniciativa também possibilitou a readequação das funções da Guarda Municipal como agente de cidadania e a eficácia do sistema de segurança local. O projeto, implantado com apoio da Senasp, através de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública, é realizado desde maio de 2005, nos bairros com maior índice de violência e vulnerabilidade social da cidade de São Leopoldo, no Estado do Rio Grande do Sul. São realizadas oficinas de prevenção para jovens e disponibilizado, nos plantões das delegacias, um Serviço de Acolhimento às Pessoas Vítimas de Violência, com o trabalho conjunto de policiais e estagiários de Psicologia e Serviço Social. Além disso, a experiência tem como eixos norteadores a modernização das ferramentas de prevenção da criminalidade e a capacitação da Guarda Municipal. Através do projeto, os agentes da Guarda Municipal foram treinados em gerenciamento de crises; prevenção e repressão à exploração sexual infanto-juvenil; promoção da participação social, diversidade étnica e valorização da cultura local; violência doméstica, de gênero e nas escolas; prevenção ao uso de substâncias psicoativas; planejamento de ações no espaço público e preservação ambiental. O „Comunidade Segura‟ trouxe resultados satisfatórios para os moradores de São Leopoldo, como a diminuição dos índices de roubo e furto qualificado e redução da participação de jovens em atos infracionais. De acordo com o secretário de Segurança Pública de São Leopoldo, Carlos Sant‟Ana, isso se deve principalmente ao policiamento municipal comunitário preventivo, em que os guardas municipais passaram a agir junto à comunidade e a promover a mediação de conflitos, mantendo o respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos. “Buscamos contrapor à cultura da violência o desenvolvimento de uma cultura de paz, que está intrinsecamente relacionada à prevenção e à resolução não violenta de conflitos e traduz-se em uma cultura baseada num conjunto de valores e compromissos como o respeito a todos os direitos individuais e humanos; a promoção e vivência do respeito à vida e à dignidade de cada pessoa sem discriminação ou preconceito; a rejeição a qualquer forma de violência; o respeito à liberdade de expressão e à diversidade cultural; a prática do consumo responsável; a tolerância e solidariedade e o empenho na prevenção de conflitos”, diz Sant‟Ana. É importante destacar que o Programa „Comunidade Segura‟ está sustentado no Plano Municipal de Segurança Urbana, que foi construído democraticamente, após 18 audiências públicas com a população local e várias reuniões com setores da sociedade civil organizada. O Plano é a base formal teórica do Programa, constituindo-se em um conjunto de medidas que ajudam a tornar a realidade do município participativa, solidária e mais segura. “O projeto prevê a articulação da Secretaria Municipal de Segurança Pública com as demais secretarias e coordenadorias da administração municipal, além das polícias estaduais e federais. Encontra-se ainda em estudo a constituição de uma rede com a segurança privada legal, buscando a maximização dos recursos e do potencial de ação da segurança pública. O principal produto desse eixo é o Gabinete de Gestão Integrada de Fiscalização e Segurança Urbana, que reúne onze secretarias municipais com poder de polícia administrativo e representantes das Polícias Civil, Militar, Federal e Rodoviária Federal, além do Corpo de Bombeiros, Conselhos Tutelares Locais e o Ministério Público Estadual. O objetivo é discutir e encontrar soluções em conjunto para os problemas de violência e criminalidade o município”, ressalta o secretário. Projeto ‘Sexo, Drogas e... Diálogo!’ vai contemplar este ano mais de mil alunos em Vitória Fotos: Arquivo/Secretaria de Segurança Urbana de Vitória Oficinas temáticas sobre prevenção da violência, do uso indevido de drogas e das doenças sexualmente transmissíveis, sempre com foco nas relações intrafamiliares, culturais e valores éticos e morais. É assim que a Guarda Municipal de Vitória/ES conseguiu interagir e conquistar a confiança de alunos de cinco escolas de ensino fundamental espalhadas na região capixaba, principalmente na Grande São Pedro, área contemplada pelo Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci). Com o Projeto „Sexo, Drogas e... Diálogo!‟, gerenciado pela Secretaria de Segurança Urbana de Vitória, os guardas municipais da capital do Espírito Santo vão às escolas, em meio à carga horária das disciplinas regulares, para conversarem com as crianças. Durante um semestre letivo, uma dupla de agentes acompanha cada turma em encontros periódicos, fazendo com que os alunos reflitam sobre suas ações, contribuindo para uma mudança de comportamento e formando jovens mais conscientes. A ideia é prevenir violências e reduzir as consequências do uso de drogas no meio social, familiar e escolar. De acordo com a gerente de Ações de Prevenção à Violência do município de Vitória, Raphaella Schmitd Ferreira, em 2009, mais de 500 alunos foram contemplados diretamente com o projeto. A estimativa é de que, este ano, as ações beneficiem mais de 1.000 alunos. “Por meio do trabalho integrado, o grupo busca contribuir para a melhoria do diálogo entre o poder público, comunidade escolar e as famílias atingidas direta ou indiretamente pelo projeto. Além das oficinas em sala de aula, os agentes participam de reuniões com a comunidade escolar, de modo a envolver os responsáveis pelos alunos, o conselho de escola e demais atores no contexto pedagógico”, explica Raphaella. Os agentes selecionados para atuarem nas salas de aula participaram de um curso de capacitação de 200 horas, acerca de temáticas como bases conceituais e históricas sobre o fenômeno da drogadição, o uso de substâncias psicoativas por crianças e adolescentes, política de redução de danos e o seu papel complementar nas ações de prevenção, detecção do uso abusivo de substâncias psicoativas e práticas pedagógicas. Para Raphaella Schmitd, a aproximação dos operadores de segurança com os alunos e demais membros da comunidade escolar é condição indispensável para a construção de um novo paradigma de segurança. “Para além de dados quantitativos, acreditamos que a atuação da Guarda Municipal em estratégias preventivas e comunitárias, contando para tanto com a mobilização dos órgãos de gestão urbana e social da própria administração e organizações comunitárias, da sociedade civil e da iniciativa privada em torno de uma política articulada, multisetorial e participativa de ação local, representa um substancial avanço no desenvolvimento do trabalho integrado com os órgãos e equipamentos públicos em prol da prevenção comunitária da violência”, diz a gerente. O Projeto “Sexo, Drogas e... Diálogo!” foi criado em 2006, resultado do gradual envolvimento do município de Vitória na temática da prevenção à violência e à criminalidade, e, em 2007, passou a receber recursos financeiros do Ministério da Justiça. Como o tema do uso/abuso de substâncias psicoativas envolve outros setores além da Segurança Pública, o projeto prevê o envolvimento das Secretarias Municipais de Saúde e de Educação, por meio do Fórum Permanente de atenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas da Região Metropolitana da Grande Vitória. Pará conta com capacitação e Rede Comunitária de Segurança para prevenir a violência Foto: Eduardo Campos O Governo do Pará, com o apoio do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), tem inovado suas ações de prevenção da violência e criminalidade. A Polícia Militar incluiu, no currículo dos cursos de formação de soldados e de oficiais, o tema do policiamento comunitário. Antes de se tornar um soldado, o aluno faz um módulo do Curso de Promotor de Polícia Comunitária, enquanto que os aspirantes a oficiais passam pelo Curso de Multiplicador de Polícia Comunitária. A iniciativa dá-se por conta de um acordo de cooperação técnica firmado junto à Senasp. Nos últimos três anos, foram capacitados, no Pará, cerca de 5.200 pessoas, dentre profissionais da área e moradores da comunidade. De acordo com o coordenador de Polícia Comunitária do Pará, coronel PM Osmar Costa Júnior, no mês de maio, estarão se formando 1.300 novos policiais militares no estado, que irão, antes de atuarem nas ruas, fazer um Curso de Promotor de Polícia Comunitária, lado a lado com líderes comunitários e outros cidadãos interessados no assunto. “O curso é descentralizado, ocorrendo paralelamente em dez municípios do Pará, com 40 horas/aula. Inserir o módulo de Polícia Comunitária ainda na formação do policial é algo inovador e isso tem sido referência para outros estados do Brasil, que, percebendo a importância da ação, já estão fazendo o mesmo. A ideia é prosseguir com os esforços que estão sendo feitos pelo Governo Federal, que já inaugurou o Projeto Territórios de Paz nos bairros Guamá e Terra Firme, em Belém”, diz Costa Júnior. Existem no Pará quatro bases fixas de Polícia Comunitária e outras duas para serem inauguradas ainda no mês de abril. Foi elaborado também um projeto, que está em processo de análise pela Senasp, para aquisição de 19 bases móveis. Além da preocupação com capacitação e infraestrutura, há uma grande mobilização social, promovida pelo Projeto „Segurança Cidadã‟. Criado pela Secretaria de Segurança Pública do Pará, o projeto conta com ações integradas com outras Secretarias Estaduais para a prevenção da criminalidade. As atividades do „Segurança Cidadã‟ são focalizadas em escolas, centros comunitários, associações religiosas e grêmios estudantis. O projeto atende principalmente o público infanto-juvenil, atuando na prevenção e combate ao uso das drogas e à violência. Também há ações na área de educação para o trânsito, educação ambiental, cidadania e prevenção de acidentes domésticos. Segundo o coronel Costa Júnior, dentre as ações de prevenção da violência no Pará está a Rede Comunitária de Segurança, através da qual é feita a mobilização entre a polícia, a sociedade e outros órgãos envolvidos para solucionar determinados problemas que aparecem. “Quando descobrimos algum problema específico da comunidade, fazemos uma capacitação de 10 horas/aula com o público envolvido. Um bom exemplo a ser citado é o do enfrentamento do problema de furto de veículos no comércio, em que reunimos e capacitamos flanelinhas. Também fizemos um trabalho de prevenção em relação ao crime conhecido como „saidinha de banco‟, que a polícia registrou ter vitimado 270 pessoas em 2009. Fizemos então uma Rede Comunitária de Segurança Bancária, unindo todos os órgãos envolvidos na área, que inclui a Polícia Federal, Associação das Empresas de Vigilância Patrimonial, Associação de Bancos, Sindicato dos Funcionários de Bancos, Secretaria de Economia de Belém, Guarda Municipal e Companhia de Trânsito. Falta agora avaliar se essas mudanças estão sendo efetivas”, explica o coordenador. Outra Rede Comunitária criada foi a de „Festas e Bares‟, com o objetivo de reduzir o número de roubos que ocorrem no entorno das „festas de aparelhagens‟, tradicionais em Belém. “Reunimos DJs, músicos, apresentadores de rádio e TV, policiais civis e militares, Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Delegacia do Meio Ambiente e Batalhão de Polícia Ambiental. Promovemos uma discussão com todos esses órgãos envolvidos direta ou indiretamente com a organização das festas, com a segurança dos cidadãos que delas participam e com os problemas causados por elas, tais como som alto e entrada de adolescentes em ambientes inadequados”, ressalta Costa Júnior. Os projetos apresentados pelo coordenador denotam que há uma prioridade para as ações de prevenção participativa, que seguem os parâmetros conceituais de Polícia Comunitária disseminados nacionalmente pela Senasp. Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis em Sergipe adquire maior confiança da sociedade O Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), da Polícia Civil de Sergipe, tem alcançado resultados positivos no que diz respeito à prevenção e combate aos crimes cometidos contra mulheres, homossexuais, idosos, crianças e adolescentes. Paralelamente aos trabalhos de investigação policial, os profissionais que atuam no DAGV são capacitados a realizarem um atendimento diferenciado, com foco nos Direitos Humanos, e ajudam a conscientizar a população sobre as precauções necessárias para se evitar casos de agressões domésticas e discriminação por gênero, idade, raça ou orientação sexual. Apoiada pela Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), a iniciativa tem adquirido cada vez mais confiança da sociedade, tanto que o número de denúncias tem aumentado gradativamente. Segundo a coordenadora do DAGV, delegada Georlize Teles, no caso de violência contra a mulher, por exemplo, o número de queixas aumentou de 1.600, no ano de 2008, para 2.901, em 2009. Só no ano passado, foram instaurados 600 inquéritos policiais. “As estatísticas registradas refletem uma reação do público feminino, que já deixa claro que não aceita qualquer tipo de violência e sabe dos direitos que lhe são assegurados. Isso é fruto de um rigoroso trabalho de prevenção. Para comemorarmos o Dia Internacional da Mulher, por exemplo, nossas equipes saíram às ruas e distribuíram panfletos, cartilhas e adesivos a motoristas, para conscientizá-los sobre o assunto”, diz a coordenadora. Um dos projetos inéditos do Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis que vem se destacando é o “DAGV Itinerante: Justiça e Segurança Cidadãs Acessível a Todos”. Trata-se de uma unidade móvel Fotos: Arquivo/SSP de Sergipe que leva o serviço de excelência para localidades de Sergipe que ainda não contam com os atendimentos voltados aos grupos vulneráveis. O objetivo é consolidar as políticas públicas de segurança, potencializando a capacidade do cidadão de atuar de forma positiva na prevenção da criminlidade. Georlize Teles explica que o ‘DAGV Itinerante‟ realiza um processo de esclarecimento e conscientização dos diferentes tipos de violência, com palestras e exibição de filmes e documentários sobre violência doméstica, lei de proteção dos grupos vulneráveis, ações desenvolvidas pelo Departamento, dentre outros temas. “Em um ônibus adaptado e equipado com toda estrutura necessária, as equipes do DAGV percorrem municípios do interior sergipano, para levar informação e realizar audiências de mediação, atendendo ocorrências de menor potencial ofensivo e estimulando o diálogo”, explica a delegada. Para a coordenadora substituta das Ações de Prevenção em Segurança Pública da Senasp, Cátia Simone Gonçalves Emanuelli, o DAGV alcançou tal nível de satisfação por conta do atendimento diferenciado e pela estrutura oferecida à população. “Em 2004, foi encaminhado um projeto à Senasp para implantação do Centro de Atendimento a Grupos Vulneráveis. Hoje, o centro adquiriu status de departamento dentro da Secretaria de Estado da Segurança Pública, graças aos esforços dos profissionais que lá trabalham. Trata-se de um projeto pioneiro no Brasil, a partir do qual outros Estados se interessaram e implantaram projetos semelhantes”, destaca Cátia Emanuelli. A temática de atendimento aos seguimentos em situação de vulnerabilidade ganhou, nos últimos anos, uma importância maior no âmbito da segurança pública. “Antes as ações eram voltadas à repressão qualificada do crime e iniciativas como esta eram deixadas para segundo plano, mas a Senasp mudou essa realidade e inovou, implementando nos Estados o trabalho da prevenção da violência, focado principalmente nesses seguimentos vulneráveis, atuando no combate aos crimes que podemos chamar de “invisíveis”, já que ocorrem no interior dos lares, geralmente permeado por um ambiente de dominação, coerção psicológica e agressões físicas. As mulheres, por exemplo, sentem-se mais protegidas e mais fortalecidas para irem à delegacia e relatarem o que está acontecendo em suas casas, porque os profissionais estão capacitados para oferecerem um atendimento humanizado e conforto psicológico”, salienta a coordenadora da Senasp. Experiência de policiamento comunitário de SP é premiada em Londres A experiência da Base Comunitária de Segurança do Jardim Ranieri, na região do Jardim Ângela (zona sul de São Paulo), foi eleita uma das cinco melhores práticas de policiamento comunitário no mundo. O prêmio foi entregue em Londres, durante a In- Foto: Lemos Pita tegrated Service Delivery Conference, conferência internacional promo- vida pela Agência de Aprimoramento Profissional do Reino Unido (National Policing Improvement Agency), entre os dias 24 e 26 de março. A filosofia de policiamento comunitário empregada pela Diretoria de Polícia Comunitária e Direitos Humanos da Polícia Militar do Estado de São Paulo (DPCDH/PMSP) na Base do Jardim Ranieri está sendo difundida para o restante do Brasil, com o apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Inaugurada em fevereiro de 1999, a Base tem realizado um trabalho totalmente integrado com a comunidade e conseguido transformar a imagem repressiva da polícia. Segundo o coordenador do Plano de Implantação e Acompanhamento de Programas Sociais de Prevenção da Violência da Senasp, coronel Erisson Lemos Pita, que integrou a equipe brasileira convidada a participar do evento e da premiação, o grande sucesso da Base Comunitária de Segurança do Jardim Ranieri está na interação entre a polícia e os moradores do bairro. “Nós acreditamos que essa é uma das ferramentas de busca da paz social. A Base Ranieri mostra o sucesso do envolvimento da polícia, da comunidade, dos órgãos governamentais, mídia, igreja, associações de moradores e comerciantes. A região já chegou a ser considerada, pela ONU, como a mais violenta do mundo e hoje ele é uma prova de que as ações da Polícia Comunitária possibilitam diminuir os índices de criminalidade”, diz Lemos Pita. Seguindo o lema “Combater a Violência com Inteligência”, os policiais da Base Ranieri participam de trabalhos sociais, realizam visitas periódicas em domicílio, ministram palestras em escolas, participam das festividades locais e dispõem de uma biblioteca comunitária e de um telecentro. A biblioteca é administrada pelos próprios policiais da base e tem sido um dos locais mais procurados pelas crianças para realizarem pesquisa e trabalhos escolares. A iniciativa tem estimulado o público infanto-juvenil a criar o hábito da leitura e ajudado a evitar a evasão escolar. Esta edição do Informativo foi elaborada exclusivamente para divulgar projetos apoiados pelas Coordenações de Prevenção em Segurança Pública da Senasp e pelos entes federados. O boletim continua aberto ao recebimento de informações sobre projetos de prevenção em segurança pública desenvolvidos por Estados, DF e Municípios. Para contribuir com as próximas edições, envie sua sugestão de pauta para o e-mail [email protected] Coordenação Cristina Gross Villanova Erisson Lemos Pita Gerência de conteúdo João Amurim Textos e diagramação Danielle Azevedo Souza Secretaria Nacional de Segurança Pública Ministério da Justiça O conteúdo deste informativo pode ser acessado através do Portal de Segurança com Cidadania (www.segurancacidada.org.br) ou pela intranet do Ministério da Justiça, no link „Informativos‟: „SENASP‟.