Terça-feira 24 de março de 2015 Jornal do Comércio - Porto Alegre Geral 23 Editora: Paula Sória Quedi [email protected] funcionalismo Estado é pressionado a chamar concursados Em audiência pública, sindicatos ligados à segurança pública conseguiram marcar reunião na Casa Civil para hoje Isabella Sander [email protected] Uma audiência pública na manhã de ontem na Assembleia Legislativa lotou as galerias do Teatro Dante Barone com integrantes de sindicatos e associações relacionados à Brigada Militar, à Polícia Civil, ao Corpo de Bombeiros, à Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) e ao Instituto-Geral de Perícias (IGP), bem como de profissionais que foram aprovados no último concurso da categoria. A pressão para que o governo do Estado estabelecesse um cronograma de convocações gerou frutos. Durante a tarde, foi agendada uma reunião dos representantes dos concursados com o chefe da Casa Civil, Márcio Biolchi, a ser realizada hoje. Após serem chamados pelo ex-governador Tarso Genro (PT) e até mesmo passarem por exames admissionais, os 2.650 aprovados em concurso público não puderam assumir seus postos, pois o atual governador, José Ivo Sartori (PMDB), cancelou o chamamento. A audiência pública foi organizada pela Comissão de Segurança e Serviços Públicos da Assembleia. O encontro foi proposto pelos parlamentares Manuela d’Ávila (PCdoB), Bombeiro Bianchini (PPL), Stela Farias (PT), Jeferson Fernandes (PT) e Pedro Ruas (P-Sol). O secretário estadual de Segurança Pública, Wantuir Jacini, não compareceu na audiência e não justificou sua ausência. Entretanto, mandou seu representante, o tenente-coronel Luiz Porto, diretor de Gestão e Estratégia da pasta. “Temos que construir uma solução, e essa solução está começando aqui na audiência, com diálogo, ouvindo os deputados e a comissão”, afirma Porto. A reivindicação da categoria de que um cronograma de nomeações seja formulado, porém, não parece estar no horizonte do governo do Estado. “Seria no mínimo leviano da nossa parte dizer que vai haver um calendário, isso ou aquilo. Nós construiremos a solução com muita tranquilidade, seriedade e sobriedade, levando em conta as dificuldades financeiras do Rio Grande do Sul, mas também o direito das pessoas CLAITON DORNELLES/JC Desfalque é de 14,5 mil policiais militares e 5,7 mil agentes civis a esse emprego e a necessidade dos gaúchos de mais segurança”, destacou Porto. O concurso chamaria, ao todo, 650 policiais civis e 2 mil policiais militares, sendo 1,6 mil para policiamento ostensivo e 400 para o Corpo de Bombeiros. Aposentadoria de servidores aumenta déficit; 1.200 aguardam resposta do pedido de benefício O grande ponto alardeado pelas entidades é o fato de que a defasagem dos efetivos das corporações aumenta a cada dia. Na Brigada Militar, a estimativa é de que faltem 14,5 mil policiais. Na Polícia Civil, o desfalque seria de 5,7 mil. Esse número se refere a agentes que se aposentaram nos últimos anos e não foram repostos. Com a decisão recente do governo de proibir que a tropa faça horas extras, muitos profissionais que já estavam aptos a se aposentar solicitaram a reserva. Conforme o deputado Nelsinho Metalúrgico (PT), 200 policiais militares e 120 policiais civis se aposentaram desde o início do ano, e 1,2 mil pediram para se aposentar. O diretor da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) garantiu que a aposentadoria dos servidores preocupa o Estado, mas que o governo teve pouco tempo para criar soluções. Segundo a deputada Manuela d’Ávila (PCdoB), a necessidade de recuperação do efetivo, que, com o concurso, supriria somente um quinto do déficit, torna a convocação urgente. “A realidade mostra que, se o governador acha que são necessários cortes, na área da segurança e da saúde eles não podem acontecer”, pondera. A parlamentar revela que há uma perspectiva de que metade do efetivo da Polícia Civil possa se aposentar nos próximos seis anos. Comparado ao que o governo anterior investia em segurança pública, houve um corte de 18% nos gastos. Em relação ao que estava previsto para a pasta em 2015 antes do anúncio de cortes de 21% em cada setor, a redução foi de 31%, o que representa R$ 193 milhões a menos no orçamento. O presidente da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (Abamf), Leonel Lucas, que representa os policiais militares, ressalta que a entidade está preocupada, pois o governo, até o momento, não havia acenado com nenhuma oferta. “Mesmo durante a audiência pública, o governo trouxe apenas uma pessoa da Susepe, uma da SSP e um único deputado da base do governo, de uma bancada de 55 parlamentares, em que a base é maioria. Isso demonstra uma total falta de responsabilidade de Sartori com a segurança pública”, critica. A categoria prometeu acampar em frente ao Palácio Piratini e procurar o Ministério Público e o Tribunal de Justiça, a fim de buscar medidas legais para a situação. Saúde Mortes por tuberculose caem 20,7% em dez anos no País Secretaria de Viamão confirma O Ministério da Saúde divul- antecipação, em três anos, das casos. Em segundo lugar, vem dois casos de meningite viral gou ontem novos números do metas dos Objetivos do Milênio Cuiabá, com 98,7 casos/100 mil. cenário da tuberculose no País. Os dados são alvissareiros. Conforme a pasta, nos últimos dez anos, o Brasil reduziu em 22,8% a incidência de casos novos da doença e em 20,7% a taxa de mortalidade. Em 2014, a incidência de tuberculose no Brasil foi de 33,5 casos por 100 mil habitantes, contra 43,4 por 100 mil em 2004. A taxa de mortalidade de 2013 foi de 2,3 óbitos por 100 mil habitantes, abaixo dos 2,9 óbitos para a mesma proporção registrados em 2003. Os novos números foram anunciados pelo ministério em alusão ao Dia Mundial de Combate à Tuberculose, celebrado hoje. Os dados mostram uma da Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2015. O número de casos novos teve redução de 12,5%, passando de 77.694, em 2004, para 67.966, em 2014. O desafio agora será reduzir em 95% os óbitos e em 90% o coeficiente de incidência da doença até 2035. Uma das medidas será a priorização das populações mais vulneráveis, por meio de ações intersetoriais como inclusão em programas como o Bolsa Família e outras iniciativas de assistência social. Os dados apontam que Porto Alegre continua como a capital com a maior incidência da doença no País, com 99,3 casos por 100 mil habitantes. Em 2015, foram diagnosticados 1.452 novos O Rio Grande do Sul, por sua vez, é o sexto estado no ranking nacional, com 42,4 casos da doença a cada 100 mil pessoas. A descentralização do tratamento para a atenção básica pode ser apontada como uma das causas da redução nos índices da doença. O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza gratuitamente o tratamento contra a tuberculose. Para atingir a cura, o paciente deve realizá-lo durante seis meses, sem interrupção. Em Porto Alegre, o percentual de desistência do tratamento chega a 26,2% conforme a Secretaria Municipal de Saúde. A OMS estima que, atualmente, existem no mundo 9 milhões de casos novos da doença. A Secretaria Municipal de Saúde de Viamão, na Região Metropolitana, confirmou mais dois casos de meningite no município. As ocorrências, registradas na Escola Municipal de Ensino Fundamental Apolinário Alves dos Santos, foram classificadas como meningite viral. Na semana passada, dois alunos do Colégio Pró-Futuro de Ensino Fundamental, localizado em Águas Claras, também em Viamão, foram contaminados com meningite meningocócica bacteriana tipo B. Uma das crianças acabou falecendo. Ontem, uma equipe de saúde compareceu ao colégio Apolinário para prestar esclarecimentos e orientações aos pais, alunos e professores. A diretoria da escola suspendeu as aulas no turno da tarde. A secretaria fará uma limpeza de rotina na escola como medida para tentar evitar novos contágios. Uma vez que os casos ocorridos na escola Pró-Futuro foram de meningite bacteriana, a adição de duas novas ocorrências aos registros não configura surto ou epidemia da doença. Para que isso seja declarado, são necessários três casos com ligação. A transmissão da meningite é semelhante à da gripe, por meio de secreções nasais e orais. A viral é menos agressiva que a bacteriana, com taxa de mortalidade bem mais baixa e com resolução espontânea na maioria dos casos.