cadernos ufs - filosofia KIERKEGAARD, LEITOR DE ROUSSEAU E DA REVOLUÇÃO FRANCESA: UMA BREVÍSSIMA ANÁLISE DE TRECHOS SELECIONADOS DOS DIÁRIOS E DA RESENHA DUAS ERAS Márcio Gimenes de Paula Doutor em Filosofia Professor adjunto do DFL/UFS Resumo: O objetivo deste artigo é investigar a interpretação que Kierkegaard possui de Rousseau. Para atingir tal meta, analisaremos aqui, de modo especial algumas porções dos Diários e a resenha literária Duas Eras do autor dinamarquês. Palavras-chave: Kierkegaard, Rousseau, literatura, estética, educação. Abstract: The aim of this article is to investigate the interpretation of Kierkegaard has about Rousseau. To accomplish this, we will analyze here, especially some portions of the Journals and Papers and the book review Two Age of Danish author. Keywords: Kierkegaard, Rousseau, literature, aesthetics, education 83 cadernos ufs - filosofia PALAVRAS INTRODUTÓRIAS Em 1846, o filósofo dinamarquês Søren Aabye Kierkegaard (1813-55) escreveu uma resenha à novela Duas Eras de sua compatriota Thomasine Gyllembourg-Ehrensvärd (1773-1856). Tal novela aborda as mudanças ocorridas na sociedade pós-Revolução Francesa, notadamente na mentalidade das pessoas e no aspecto político. A resenha de Kierkegaard aborda tais aspectos, acrescentando-lhes ainda sua visão sobre o indivíduo e a crítica da multidão. O objetivo desse artigo é abordar algumas referências de Kierkegaard a Rousseau, notadamente aquelas que aparecem nos Diários do pensador de Copenhague. Através de uma leitura atenta de tais trechos dos diários e da referida resenha, pretende-se observar, de modo mais efetivo, algumas posições políticas e sociais do autor dinamarquês. KIERKEGAARD, LEITOR DE ROUSSEAU: ANÁLISE DE PEQUENOS TRECHOS DOS DIÁRIOS O pensador de Copenhague possuía, em sua biblioteca particular, duas obras de Rousseau: As Confissões (em dinamarquês) e o Emílio (o original francês e a tradução dinamarquesa). A tradução norte-americana de parte dos Diários de Kierkegaard- do casal Hong- possui cinco referências a Rousseau. Todas elas, entretanto, são repletas de desdobramentos filosóficos mais profundos. Nas duas primeiras citações, o pensador dinamarquês faz referência ao Emílio de Rousseau. Na terceira citação, aos Devaneios do viajante solitário. Por fim, em suas duas últimas referências, surgem As Confissões. Devese notar aqui que são trechos de um diário, que possuem o tom característico e sintético de tal tipo de anotação. A primeira anotação do Diário trata do célebre episódio da confissão do vigário saboiano no Emílio. Rousseau descreve, no livro IV da referida obra, como o jovem Emílio, que havia ido se confessar, termina por ouvir a confissão do padre: 84 Aí deu-me a entender que depois de ter acolhido minhas confissões queria fazer-me as suas. Confiarei a vosso coração, disse-me abraçando-me, todos os sentimentos do meu. Vós me vereis, senão tal como sou, ao menos tal como me vejo. Quando tiverdes conhecido minha inteira profissão de fé, quando conhecerdes bem o estado de minha alma, sabereis porque me estimo feliz, e se pensardes como eu sabereis também o que deveis fazer para sê-lo. Mas tais confissões não são coisa de um momento; é preciso tempo para vos expor tudo o que penso acerca da sorte do homem e do verdadeiro valor da vida: escolhamos uma hora e um lugar cadernos ufs - filosofia propício para nos entregarmos sossegadamente a essa conversa.1 Para Kierkegaard, o vigário que se confessa acredita que a fé não deve colocar problemas insolúveis sobre os ombros humanos. Seu intuito é ilustrar, com tal episódio, que a fé é um grande tronco e que as demais coisas são apenas acessórios, tal como os galhos de uma frondosa árvore. Aqueles que possuem maior erudição não devem ilustrar tanto a sua fé a ponto de que essa não possa ser compreendida pelo homem mais simples2. Na segunda anotação, o pensador dinamarquês, usando-se da história de Emílio e Sofia, tenta abordar a espinhosa questão do perdão. Aqui aparecem boas diferenças entre a concepção kierkegaardiana e a de Rousseau. Para o pensador franco-suíço, os motivos que fazem com que o ato de perdoar seja tão difícil, surgem notadamente para a parte ofendida. Para Kierkegaard, Rousseau teria a propensão de achar que todo homem caminha naturalmente para o bem e aprecia aquilo que é bom. Dessa forma, perdoar conteria, em si mesmo, um certo compactuar com o engano, o erro e o anti-natural. O conceito kierkegaardiano de dever amar e de próximo difere fundamentalmente da concepção de Rousseau. Já na terceira anotação kierkegaardiana dos Diários, aparece a obra Os devaneios de um viajante solitário. Kierkegaard cita um curioso trecho da referida obra: Apresentam-se aqui duas questões para serem examinadas, ambas muito importantes. A primeira, quando e como se deve a outrem a verdade, já que não se a deve sempre. A segunda, se há casos em que se pode enganar inocentemente. Esta segunda questão está perfeitamente resolvida, sei-o muito bem; de maneira negativa, nos livros, onde a mais austera moral nada custa ao autor, de forma positiva, na sociedade, onde a moral dos livros é considerada palavra frívola impossível de praticar. Deixemos, portanto, essas autoridades que se contradizem e procuremos, através de meus próprios princípios, resolver, para mim, essas questões.3 Tal trecho da obra de Rousseau parece possuir uma clara conexão ao conceito kantiano de verdade. Para Kierkegaard, entretanto, convém observar que a verdade humana só existe na medida em se liga à verdade divina, tal como 1 2 3 ROUSSEAU, 1968, p. 304. Kierkegaard, ao contrário de Nietzsche, possui especial atenção com o homem comum. Em favor dele será destinada sua polêmica final com a Igreja dinamarquesa e muitos dos seus escritos. ROUSSEAU, 1986, p.56. 85 cadernos ufs - filosofia ele explica na sua obra pseudonímica Migalhas Filosóficas. E ele, embora sendo um autor que usou de múltiplos pseudônimos, não acredita num engano inocente rumo à verdade. No seu entender, a farsa rumo à verdade é proposital e com um objetivo bem definido. Todavia, tal como Rousseau, ele julga que há uma incomensurável distância entre os autores de livros e suas vidas, daí advindo sua proposta existencial e de morrer por uma idéia. Por fim, na quarta e quinta anotações, Kierkegaard tece um elogio às Confissões e ao próprio ato de se confessar do pensador. Aqui cabe, aliás, uma curiosa observação que também Kierkegaard se confessou nos seus Diários e em outras obras de sua autoria. Essa era a época das confissões na literatura e na filosofia, assim como era também a época difícil para se compreender o quanto havia de confissão, de ironia e mesmo de mentira em tudo isso. Na estratégia pseudonímica kierkegaardiana, há um projeto delineado e um objetivo a se alcançar. Para o autor de Copenhague, Rousseau escandalizou-se com o cristianismo, como todo autêntico cristão deveria fazê-lo. Entretanto, no seu entender, ele não compreendeu a verdadeira esfera da fé, visto que não compreendeu a questão do sofrimento. Por ser um ignorante acerca das verdades cristãs, Rousseau está tal como Sócrates, que por não possuir nenhum saber não poderia ser tomado como culpado de nada. O estatuto de ignorante aqui é extremamente importante para Kierkegaard. Aquele que ignora pode se defender com a ironia, tal como fez Sócrates. Não se trata, portanto, de alguém que sabe o que é o cristianismo e o recusa abertamente (tal como Feuerbach, por exemplo). Antes, trata-se daquele que nada sabe, mas que acha a solução para tal problema na sua auto-suficiência. A vida de Rousseau, no entender kierkegaardiano, espelha, de uma ou de outra maneira, o como é difícil um homem morrer pela verdade. Não fortuitamente, o prólogo do quinto livro do Emílio, onde seu jovem pupilo conhecerá Sofia, bem poderia ser tomado como uma espécie de profissão de fé do filósofo: Eis-nos chegado ao último ato da juventude mas não ainda ao desenlace. Não é bom que o homem fique só. Emílio é homem é nós lhe prometemos uma companheira. É preciso dar-lha. Esta companheira é Sofia. Onde se abriga? Onde a encontraremos? Para encontrá-la é preciso conhecê-la. Saibamos primeiramente como é e julgaremos melhor onde reside; e quando a tivermos achado ainda não estará tudo terminado. 4 KIERKEGAARD COMO CRÍTICO LITERÁRIO Conforme já foi observado aqui, a resenha Duas Eras de Kierkegaard surge em 1846, mais especificamente no dia 30 de Março. Tratava-se de uma rese- 86 4 ROUSSEAU, 1968, p. 423 cadernos ufs - filosofia nha à obra de igual nome de autoria de Madame Thomasine Gyllembourg (1773-1856). A referida autora era mãe de Heiberg, famoso hegeliano da Dinamarca dos tempos de Kierkegaard. Ela também escrevera anteriormente um romance intitulado A História de todos os dias. Tal romance também foi objeto da análise kierkegaardiana na obra Dos Papéis de alguém que ainda vive (1838). Nela Kierkegaard critica abertamente a obra de Andersen enquanto romancista e tece elogios a Gyllembourg. Assim sendo, Duas Eras não é a primeira resenha literária de Kierkegaard e nem o seu primeiro contato com a referida autora. Além da análise da obra propriamente dita, Kierkegaard tecerá um diagnóstico de duas eras diferentes: a era da Revolução Francesa e a nossa era (e a dele, nos idos de 1846, na Dinamarca). Deve-se atentar aqui primeiramente para duas coisas: a palavra diagnóstico e para a própria palavra era. A palavra diagnóstico, no seu original grego, significa aquilo que é conhecido por meio de uma análise acurada. Uma vez feito tal procedimento, o médico- e aqui situa-se a melhor tradição hipocrática- pode determinar ao doente o remédio adequado para sua enfermidade. Em outras palavras, Kierkegaard, está inserido dentro da concepção medicinal grega que, a rigor, também inclui Sócrates e sua filosofia. A metáfora médica é iluminada tanto pela ironia como pela capacidade literária kierkegaardiana. Já a palavra era possui em Kierkegaard uma idéia de fundo religioso. Ela tem ligações com o espírito religioso dos primeiros pais da Igreja e até mesmo com os antigos profetas israelitas. Trata-se de uma idéia que se fundamenta na concepção de que houve uma outra era melhor e que agora, no presente momento, vive-se uma era de total corrupção dos antigos valores. Assim sendo, deve-se sempre voltar ao passado. Quer seja pela idéia de arrependimento e conseqüente perdão (como faziam os profetas israelitas), quer seja por meio de uma nostalgia dos primevos tempos do cristianismo (como gostavam de lembrar os pais da Igreja). De qualquer forma, deve-se empreender uma espécie de terapia de busca no tempo. Um caminho rumo à um paraíso perdido. Kierkegaard anuncia uma catástrofe (novamente uma palavra grega, prenunciadora do final de uma tragédia) que ocorre em sua era e tenta, dentro de toda a sua estratégia comunicativa, constituir-se como um corretivo à era presente. Sua leitura da história não é revolucionária e nem reacionária. Sua proposta é realizar, baseando-se em pressupostos cristãos, uma leitura crítica da história humana. Entretanto, mesmo não sendo um revolucionário, ele ressalta a importância da Revolução Francesa, pois naquele tempo as pessoas tinham, ao menos, paixão. Já o seu tempo (nosso tempo?) é completamente desprovido de paixão, sendo apenas um tempo especulativo. A história divide-se no tempo da Revolução Francesa e no pós- Revolução Francesa. O que caracteriza a era presente é a ausência de entusiasmo (outra palavra grega, que significa ter em si um théos) e o excesso de intelectualismo. O cristianismo torna-se um momento do sistema hegeliano e ele precisa ser 87 cadernos ufs - filosofia explicado e devidamente digerido por todos. Tal situação é bastante diferente dos tempos apostólicos, onde o indivíduo optava pelo cristianismo, explicando-se existencialmente diante dele. Além disso, a era presente se caracteriza por ser a era da massa, tempo onde o indivíduo é relegado a um segundo plano, tal como ocorria na Grécia pré-socrática. Os movimentos revolucionários de cunho socialista também não enxergaram, segundo Kierkegaard, a importância do indivíduo. No seu modo de entender, o cristianismo concorda com o socialismo no fato de que todos os homens são iguais. Entretanto, na perspectiva cristã, há um Deus que é o inteiramente outro de todos os iguais. O autor dinamarquês se recusa a aceitar a idéia da abolição desse Deus para o favorecimento de um suposto reino de iguais que existiria na massa de proletários. O socialismo, na visão kierkegaardiana, nivela os homens de um modo rasteiro. As concepções políticas, conservadoras ou revolucionárias, sempre privilegiaram o número e a opinião (palavras inaceitáveis para qualquer filósofo).O culto do número e da opinião representam o fim do indivíduo e a figura cristã do próximo, tão bem estudada por Kierkegaard, notadamente nas Obras do Amor. Sem entrar na análise propriamente literária da resenha Duas Eras5, a obra revela duas coisas bastante caras ao pensamento kierkegaardiano: a repetição e a ambigüidade. O primeiro conceito é uma importante chave para a compreensão de toda a obra kierkegaardiana. Aliás, Kierkegaard dedicou um ensaio exclusivo a tal temática: a obra A Repetição, publicada em 1843, sob o pseudônimo de Constantin Constantius. Na célebre divisão kierkegaardiana dos três estádios, a repetição jamais ocorreria no estádio estético, pois esse sempre exige a novidade. Ela seria necessária no estádio ético, que se pauta sempre no conhecido e no usual. Já no estádio religioso, ela seria uma reapropriação, superando o estético (que a dispensa completamente) e o ético (que a torna obrigatória). Já a ambigüidade é extremamente importante no pensamento de Kierkegaard na medida em que ele é um autor irônico, de estratégia pseudonímica e com discursos e outras obras que podem ser lidas num púlpito religioso ou no ouvido da mulher amada. O livro de Gyllembourg divide-se em duas partes: a primeira trata da época da revolução, já a segunda trata da época atual (época de Kierkegaard). A época da revolução possui ainda a paixão, a época atual não possui entusiasmo e caracteriza-se pelo intelectualismo. Para entender melhor tal atmosfera (palavra também cara ao léxico kierkegardiano), deve-se sempre ter em mente que a primeira parte do romance possui uma paixão que provém da interioridade dos seus personagens, enquanto a segunda caracteriza-se por uma exterioridade e mede-se pela opinião alheia. O amor entre as personagens, presente na 88 5 Maiores informações podem ser obtida em: NUN, Katalin. Thomasine Gyllembourg’s Two Ages and her Portrayal of Every Life em Kierkegaard and his contemporaries, J. Stewart (org.), W. de Gruyter, Berlin, 2003. cadernos ufs - filosofia primeira parte do romance, evidencia um interior que torna-se exterior, manifestando-se em algo concreto, isto é, na pessoa que se ama. Kierkegaard julga esse ato como o mais importante da esfera humana, aquilo que é mais alto- e difícil- de realizar. O que é possível, então, retirar de uma observação atenta de tal romance? Note-se, que a era presente, supostamente fundada sobre a ética e a filosofia, afasta de si a paixão, coisa que a filosofia grega jamais desprezou. Mais grave ainda do que a dissolução do indivíduo na figura do coletivo e o fim do entusiasmo é uma espécie de domesticação da paixão, que ocorre nas diversas esferas da sociedade. A era da revolução que caracterizou-se pela ação é trocada pela era presente e seus cálculos. Deve-se notar aqui a crítica kierkegaardiana ao enciclopedismo hegeliano e à idéia, tão bem expressa pelo pensador alemão, de que a filosofia é tal como a ave de Minerva, que trabalha após todos os barulhos do dia terem cessado. Outro dado curioso para a análise de Kierkegaard é o conceito de público. Segundo ele, tal conceito não existia na Grécia antiga. Há uma crítica severa aqui para todos aqueles que pautam seu posicionamento baseando-se numa suposta opinião pública. Não se trata de uma crítica à idéia de algo público, mas sim ao excesso de publicidade. No seu modo de entender, o público é algo abstrato: “Mas o público é uma abstração. Adotar a mesma opinião que esses homens, e estes homens mais precisamente, é estar consciente de correr os mesmos perigos que eles [...] Adotar a opinião do público é uma consolação falaciosa, pois o público tem realidade in abstracto” 6. A crítica kierkegaardiana à era presente é, portanto, sempre baseada numa certa leitura da filosofia grega (notadamente a filosofia socrática) e em sua concepção cristã. Trata-se de uma revisão crítica que sempre acaba, de um modo ou de outro, por criticar os seus próprios fundamentos. A época presente é, no entender do pensador de Copenhague, pouco dialética, antes é especulativa. O sistema, que não compreende nunca o todo, parece ser uma espécie de tagarelice incapaz de ouvir o silêncio da interioridade do indivíduo. Deve-se tomar o devido cuidado para não confundir dialética (que Kierkegaard sempre usou) com especulação, objeto da sua crítica dialética. CONSIDERAÇÕES FINAIS: ROUSSEAU E AS “DUAS ERAS” Kierkegaard admirava sobejamente dois pensadores da tradição francesa que sempre tinham coragem de se confessar: Rousseau e Montaigne. A despeito de suas dissemelhanças com Rousseau, notadamente em sua crítica ao conceito de princípio associativo e, inderetamente, portanto, ao Contrato Social. Todavia, tal como observei aqui, a idéia de interioridade e de indiví- 6 KIERKEGAARD, S.A, 1979 , p. 211. 89 cadernos ufs - filosofia duo, também tão cara a Rousseau, talvez possa se constituir num laço efeti- vo para tal aproximação. Não se trata de comparação ou de competição entre os pensadores, mas de um ato de paixão pela coragem do filosofar. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: KIERKEGAARD, S.A. Søren Kierkegaard’s Journals and Papers v.3 (H-R). Tra- dução de Edna H. Hong e Howard V. Bloomington: Indiana University Press,1975. KIERKEGAARD, S.A. Œvres Complètes vol. 8 (Trois Discours sur des circonstances supposées/ Quatre articles/ Un Compte rendu littéraire). Trad. de P.H. Tisseau e Else-Marie Jacquet-Tisseau. Paris: Éditions de l’Orante,1979. ROUSSEAU, Jean-Jacques. As Confissões v. I/II. Tradução de Fernando Lopes Graça, prefácio de Jorge de Sena. Lisboa: Relógio d’Água, 1988. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Os devaneios do caminhante solitário. Tradução de Fúlvia Maria Luiza Moretto, 2ª edição, UNB/Hucitec, Brasília/São Paulo,1986. ROUSSEAU, Jean-Jacques. Emílio ou da educação. Tradução de Sérgio Milliet, Difel, São Paulo, 1968. 90