Profª Adriana Moraes A Revolução Inglesa do século XVII marca o início da Era das Revoluções Burguesas, na medida em que cria condições para o desenvolvimento acelerado do capitalismo. A Revolução Francesa, cabe definir o perfil ideológico desses movimentos, por seu caráter liberal e democrático. REVOLUÇÃO FRANCESA: nome dado ao conjunto de acontecimentos que, entre 5 de Maio de 1789 e 9 de Novembro de 1799; alteraram o quadro político e social da França; inicia com a convocação dos Estados Gerais e a Queda da Bastilha e se encerra com o golpe de estado do 18 Brumário de Napoleão Bonaparte; questionavam o Antigo Regime (Ancien Régime) e a autoridade do clero e da nobreza. influenciada pelos ideais do Iluminismo e da Independência Americana (1776); está entre as maiores revoluções da história da humanidade; deu início à Idade Contemporânea.; aboliu a servidão e os direitos feudais e proclamou os princípios universais de "Liberdade, Igualdade e Fraternidade" (Liberté, Egalité, Fraternité), frase de autoria de JeanJacques Rousseau. A sociedade: ► era estratificada e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o clero que também tinha o privilégio de não pagar impostos. Abaixo estava a nobreza formada pelo rei, sua família, condes, duques, marqueses e outros nobres que viviam de banquetes e muito luxo na corte. E o terceiro estado -trabalhadores, camponeses e burguesia - que sustentava toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento de altos impostos. Pior era a condição de vida dos desempregados que aumentavam em larga escala nas cidades francesas. A economia: 1787 : reação dos notáveis franceses - clérigos e nobres - contra o absolutismo, que se pretendia reformar e para isso buscava limitar seus privilégios. Luís XVI convocou a nobreza e o clero para contribuírem no pagamento de impostos, na Assembleia dos Notáveis. Ideia refutada. Não percebendo que seus privilégios dependiam do Absolutismo, os notáveis pediram ajuda à burguesia para lutar contra o poder real - era a Revolta da Aristocracia ou dos Notáveis (1787-1789). Eles iniciaram a revolta ao exigir a convocação dos Estados Gerais para votar o projeto de reformas. Ministro Jacques Necker, convocou a Assembleia dos Estados Gerais, instituição que não era reunida desde 1614. As riquezas eram mal distribuídas; a crise produtiva manufatureira estava ligada ao sistema corporativo, que fixava quantidade e condições de produtividade. Isso descontentou a burguesia. A crise agrícola que ocorreu devido ao aumento populacional e a queda na produção alimentícia decorrentes das geadas que abatiam a produção. Os deputados dos três estados eram unânimes em um ponto: desejavam limitar o poder real. O rei mandou abrir a sessão inaugural dos Estados Gerais e, em seu discurso, advertiu que não se deveria tratar de política, isto é, da limitação do poder real, mas apenas da reorganização financeira do reino e do sistema tributário. 1789, e transformaram-se na Assembleia Nacional, jurando só se separar após a votação de uma constituição para a França - Juramento da Sala do Jogo da Péla. Em 9 de julho de 1789, juntamente com muitos deputados do baixo clero, os Estados Gerais autoproclamaram-se Assembleia Nacional Constituinte. Ministro Necker foi demitido pelo rei e em razão disso, a população de Paris se mobilizou e tomou as ruas da cidade. O rei decidiu reagir fechando a Assembléia, mas foi impedido por uma revolta popular em Paris, reproduzida a seguir em outras cidades e no campo. A burguesia parisiense estabeleceu um governo provisório local, a Comuna. Este governo organizou a Guarda Nacional, uma milícia burguesa para resistir um possível retorno do rei. A bandeira dos Bourbons foi substituída por uma tricolor (azul, branca e vermelha), que passou a ser a bandeira nacional. A Queda da Bastilha em 14/07/1789 marca o início do processo revolucionário, pois a prisão política era o símbolo da monarquia francesa. ►A Revolução Francesa pode ser subdividida em três períodos: Assembleia Nacional Constituinte Convenção Nacional ou Período do Terror Diretório O regime feudal e senhorial foi abolido e suprimido o dízimo. Daí por diante, a igualdade jurídica seria a regra. A venda de cargos públicos e a isenção tributária das camadas privilegiadas foi proibida. Ocorreu a elaboração de uma Constituição. Aprovava-se a solene "Declaração dos direitos do Homem e do Cidadão”. Durante o processo revolucionário, grande parte da nobreza deixou a França, porém a família real foi capturada enquanto tentava fugir do país. O governo desapropriou os bens da Igreja, colocou-os à venda e, com o produto, emitiu bônus do tesouro, os assignats, que valeram como papel-moeda, logo depreciado. As propriedades da Igreja passaram às mãos da burguesia, restando aos camponeses as propriedades menores, que puderam ser adquiridas mediante facilitações. Em 1790, foi votada a Constituição Civil do Clero, separando Igreja e Estado e transformando os clérigos em assalariados do governo, a quem deviam obediência. Os clérigos deveriam jurar a nova Constituição. Os que o fizeram ficaram conhecidos como juramentados; os que se recusaram passaram a ser chamados de refratários e engrossaram o campo da contra-revolução. 1790: o Estado administra todos os bens da Igreja Católica, e é aprovada a Constituição Civil do Clero, por intermédio da qual os padres católicos passam a ser funcionários públicos; ocorre a primeira reunião da Assembleia Legislativa; sucedem-se os motins de Paris provocados pela fome; a França declara guerra à Áustria; dá-se o ataque ao Palácio das Tulherias; a família real é presa. Os nobres fugiam e se refugiavam no exterior, planejando à distância organizar violentamente uma revanche armada. Eram apoiados pelos Estados Absolutistas como Áustria e Prússia, que viam o resultado do movimento revolucionário francês como perigoso para os seus domínios. Após a tentativa frustrada de fuga da família real para a Áustria, os países que até então apoiavam a França lançaram a Declaração de Pillnitz restauração da monarquia francesa como um projeto de interesse comum a todos os Estados europeus. A segunda fase da revolução, da Convenção Nacional, assumiu o lugar da Assembleia Nacional em 20 de setembro de 1792, dois dias depois foi proclamada a República. Criação de um novo calendário. O dia 22 de setembro de 1792 era o primeiro dia do ano I da República. Nas reuniões, os jacobinos e outros radicais sentavam-se na parte mais alta, por isso eram chamados de Montanha. Os girondinos, moderados, sentavam à direita da presidência das sessões. Ao centro, na região mais baixa, ficavam os deputados do Pântano ou Planície, formados por burgueses sem posição política previamente definida. A denominação de jacobinos pois reuniamse inicialmente no Convento de São Tiago dos dominicanos (do nome Tiago em latim: Jacobus e do francês Saint-Jacques). Seus membros defendiam mudanças mais radicais que os girondinos: eram contrários à Monarquia e queriam implantar uma República. Esse grupo era apoiado por um dos setores mais populares da França - os sans-cullotes - e, juntos, lutaram por outras mudanças sociais depois da revolução. Os girondinos, eram os deputados de um departamento do interior da França, a Gironda, área próspera da costa atlântica, representavam os interesses comerciais e a visão de mundo da burguesia ilustrada, que oscilava entre a monarquia constitucional e a república. A posição deles a favor da conciliação com a monarquia os levou à perdição quando a França foi invadida e encontraram-se os documentos comprometedores da ação do rei. Defendiam uma Monarquia Constitucional e se enfraqueceram politicamente com a tentativa de fuga de Luís XVI. Eram formados por representantes da alta, média e baixa burguesia. Países europeus, temendo que o exemplo francês se propagasse em seus territórios, formaram a Primeira Coligação, unindo Inglaterra, Áustria, Prússia, Holanda, Espanha, Rússia e Sardenha. A início França foi novamente invadida. Teve a Convenção Montanhesa (1793-1794) com a supremacia dos jacobinos, liderados por Marat, Hébert, Danton, Saint-just e Robespierre e marcada pela atuação popular. Com a crise econômica, as divisões políticas e insatisfações gerais a República girondina não conseguiu fazer frente às necessidades do país. Pressionada pelos sans-culottes, foi derrubada. Abaixo dele estava o Comitê de Salvação Nacional, responsável pela segurança interna e o Tribunal Revolucionário, destinado a julgar os contra-revolucionários. Em meio ao clima de agitação, a Convenção adotou medidas que favoreciam a população: Lei do Preço Máximo tabelou preços e salários; aboliu a escravidão nas colônias; obrigou o ensino público e gratuito; acabou com os privilégios feudais ; vendeu os bens da Igreja. As dificuldades econômicas e militares, a ameaça de invasões estrangeiras, o assassinato de líderes populares levaram Robespierre a perder o apoio da população. Durante o governo montanhês, a radicalização política atingiu o seu máximo. O assassinato de Marat (ídolo dos sansculottes) por uma jovem girondina causou grande nos jacobinos e no povo. A liderança de Danton, considerada excessivamente moderada, foi sobrepujada pela de Robespierre. Teve início o período do Terror, que foi de junho de 1793 a julho de 1794. Tribunal Revolucionário prendeu mais de 300 mil pessoas e condenou à morte 17 mil. Em meio ao clima de agitação, a Convenção adotou medidas que favoreciam a população: Lei do Preço Máximo tabelou preços e salários; aboliu a escravidão nas colônias; obrigou o ensino público e gratuito; acabou com os privilégios feudais ; vendeu os bens da Igreja. As dificuldades econômicas e militares, a ameaça de invasões estrangeiras, o assassinato de líderes populares levaram Robespierre a perder o apoio da população. A burguesia aproveitou e se reorganizou. Em 27 de julho de 1794 (9 do Termidor), os líderes da Montanha foram presos. Dois dias depois, Robespierre e Saint-Just, entre outros, foram guilhotinados. O movimento, chamado reação termidoriana- volta ao poder da alta burguesia. A Convenção Termidoriana (1794-1795) anulou várias decisões montanhesas, como a Lei do Preço Máximo. Foi o responsável por elaborar a nova Constituição, que manteria a burguesia livre de duas grandes ameaças: a República Democrática Jacobina e o Antigo Regime. A nova constituição, de 1795 -Constituição do Ano III- estabeleceu o voto censitário nas eleições legislativas. O poder executivo foi exercido por um diretório, com cinco membros eleitos pelos deputados. O novo governo era autoritário e fundamentado numa aliança com o exército (então restabelecido após vitórias realizadas em campanhas externas). Em 1796 a burguesia enfrentou a reação dos Jacobinos e radicais igualitaristas. chamada Conspiração dos Iguais, um movimento que propunha a "comunidade dos bens e do trabalho", cuja atenção era voltada a alcançar a igualdade efetiva entre os homens. Segundo Graco Babeuf , a única maneira de ser alcançar esse ideal era através da abolição da propriedade privada. A revolta foi esmagada pelo Diretório, que decretou pena de morte a todos os participantes da conspiração, e o enforcamento Babeuf. Externamente o Diretório teve de lutar na Europa Ocidental e na Suíça, além de Malta, Egito e Síria. Foi aí que se destacou a figura de Napoleão Bonaparte, um talentoso oficial do exército que bem jovem se tornou uma das principais figuras da história francesa.