Máquinas de Indução - Características Operacionais
1. Introdução
As máquinas de corrente alternada, em particular as máquinas de indução foram
inventadas no século XIX por Nikola Tesla em torno do ano 1880.
O seu
desenvolvimento foi financiado originalmente por George Westinghouse (U.S.A.).
A
evolução foi bastante rápida e logo as máquinas de indução se tornaram o principal
tipo de conversor eletromecânico e favoreceu enormemente a proliferação dos
sistemas de corrente alternada.
Essa posição de liderança das máquinas de
indução nos mais diversos setores de atividade, particularmente na indústria é
mantida ainda hoje e deverá perdurar por bastante tempo.
As máquinas de indução são robustas construtivamente, apresentam elevado
rendimento e custo inicial baixo. Sua vida útil é projetada para período em torno de
20 anos, mas se for utilizada dentro das especificações de projeto podem durar
muito mais tempo.
As máquinas de indução possuem enrolamentos estatóricos distribuídos e localizados
em ranhuras ao longo do perímetro do entreferro de forma que a força
magnetomotriz de cada enrolamento é senoidalmente distribuída e se manifesta
principalmente no entreferro.
A combinação das forças magnetomotrizes das
diferentes fases é tal que produz uma fmm resultante, também senoidalmente
distribuída, de amplitude constante e que gira com velocidade constante em relação
à superfície do estator.
A velocidade de rotação das fmms e de todas as
quantidades espacialmente distribuidas giram à velocidade síncrona, que é definida
pelo número de pólos do estator e a frequência das tensões/correntes da fonte que
alimenta o motor. Assim, a máquina de indução alimentada diretamente de uma
rede de frequência fixa possui velocidade praticamente constante.
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A Fig. 01
1
apresenta uma vista esquemática em corte de uma máquina de indução de 4 pólos,
indicando a distribuição teórica de fluxo magnético ao longo do entreferro. A parte
móvel das máquinas de indução, o rotor, apresenta duas formas construtivas
distintas: o rotor enrolado, e o rotor em gaiola.
ωst2
ωst1
ωst3
ωst4
Fig. 1 – Caminhos de fluxo teórico em um motor de indução de 4 pólos
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2
Nos rotores enrolados a superfície do rotor é ranhurada e enrolamentos também
distribuídos são inseridos nas ranhuras.
Quando circula corrente em um
enrolamento do rotor, a força magnetomotriz resultante é senoidalmente distribuída
no espaço. Nas máquinas trifásicas, as mais comuns, existem três enrolamentos no
rotor, isolados elétricamente do núcleo.
Esses enrolamentos são normalmente
conectados em estrela e se fazem acessíveis por meio de anéis deslizantes. Nos
rotores em gaiola, que representam a esmagadora maioria de máquinas de indução,
o rotor também é ranhurado, onde são inseridos condutores na forma de barras,
que não possuem isolamento elétrico em relação ao material do núcleo magnético e
são curto-circuitados nas duas laterais, formando assim uma gaiola condutora sem
terminais de acesso externo à máquina, daí o nome rotor gaiola. Os rotores do tipo
gaiola são muito robustos devido a sua construção e suportam elevados esforços
elétricos e mecânicos.
2. O Princípio de Operação da Máquina de Indução.
Seja a figura a seguir que mostra o estator e o rotor de uma máquina de indução
genérica de forma extendida. Os condutores dos enrolamentos do estator não estão
representados, mas a força magnetomotriz resultante do estator é representada por
Fs. A força magnetomotriz resultante do estator Fs gira com a velocidade ws na
direção indicada. A ação da fmm Fs provoca o aparecimento de fluxo magnético
cujo caminho se completa envolvendo o rotor e atravessando o entreferro.
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3
Fs
ωs
Bs
Er
s tator
estator
rotor
Fig. 2 - Distribuição espacial de força magnetomotriz de estator, densidade de fluxo e tensão
induzida no rotor.
Observe que a onda de distribuição de densidade de fluxo gira em sincronismo e
está em fase com a onda de fmm, isto é, o máximo da fmm provoca máxima
densidade de fluxo.
A onda de densidade de fluxo atravessando o rotor, e girando
em relação a ele,
corta os condutores do rotor, gerando aí uma tensão que é
proporcional à velocidade relativa entre a fmm e o rotor. Isto vai causar tensões
induzidas nas barras do rotor.
Observe que a tensão induzida é proporcional à
velocidade relativa entre fmm de estator e o rotor. Como os vetores velocidade dos
condutores do rotor, densidade de fluxo magnético e o comprimento da barra do
rotor estão em quadratura no espaço, a
simplesmente
o
produto
das
amplitudes
tensão induzida em cada barra é
dessas
três
grandezas,
isto
é,
vbarra= v barra = vel.B.l . Observe que para um observador fixo no (ou no referencial
do) rotor a tensão induzida nas barras sofrerá uma variação senoidal ao longo do
tempo. Como a velocidade relativa entre a fmm do estator e o comprimento das
diversas barras ao longo da superfície do rotor são constantes, a tensão induzida em
cada barra em um dado instante de tempo é diretamente proporcional ao valor de
indução magnética a que a barra está sujeita.
Ocorre portanto uma distribuição
senoidal de tensão induzida ao longo da superfície do rotor.
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Essa distribuição
4
espacial senoidal de tensão induzida está em fase espacial e gira em sincronismo
com a distribuição espacial de fmm do estator, bem como com a distribuição
espacial de densidade de fluxo, conforme representado na Fig. 3.
Fr
Fs
ωs
Fig. 3 – Relação especial entre as fmms de estator e rotor.
Com o circuito do rotor fechado, as tensões induzidas vão provocar a circulação de
correntes.
Dado que a tensão em cada barra do rotor é senoidal ao longo do
tempo, também será a corrente induzida. Assim verifica-se que uma distribuição
espacial de fluxo, de amplitude constante, girando com velocidade constante ao
longo entreferro e cortando os condutores do rotor induz nestes o aparecimento de
tensões cujas amplitudes variam senoidalmente no tempo.
Levando em conta que o circuito do rotor é indutivo, em cada barra a corrente vai
estar atrasada da tensão correspondente de um determinado ângulo.
Ainda, da
mesma forma que no estator onde se tem uma distribuição senoidal de corrente
formando uma distribuição senoidal de fmm, também no rotor a distribuição senoidal
de corrente induzida vai provocar o aparecimento da força magnetomotriz do rotor.
Esta é senoidalmente distribuída no espaço, está atrasada da fmm do estator de um
ângulo correspondente a 90o elétricos mais um ângulo dependente da reatância de
dispersão do rotor conforme mostrado na Fig. 3.
A interação da fmm do estator
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5
com a fmm induzida no rotor resulta em conjugado eletromagnético que tende a
arrastar o rotor no sentido de rotação da força magnetomotriz do estator.
A esta altura é importante observar que a) A força magnetomotriz induzida no rotor
possui o mesmo número de pólos e se desloca à mesma velocidade que a fmm do
rotor, isto é, a velocidade síncrona; b) Todas as outras grandezas são senoidalmente
distribuídas e se deslocam à velocidade síncrona devido a ação da fmm do estator.
Isto leva à conclusão de que a fmm do estator governa o funcionamento da
máquina de indução.
A Fig. 4 mostra um diagrama de como as forças
magnetomotrizes de estator e rotor se comportam no espaço.
Matemáticamente o conjugado produzido por dois enrolamentos senoidalmente
distribuídos interagindo na mesma região do espaço é expresso por:
C e = KFs Fr sin ξ
Essa figura indica a condição onde o
Fs
escorregamento é muito elevado.
A
frequência das correntes e tensões
ωs
induzidas no rotor é quase igual à
tensão da rede e portanto a reatância
de
dispersão
do
rotor
é
elevada
fazendo com que a defasagem espacial
entre as duas componentes de fmm
seja grande. Mesmo que as correntes
sejam
elevadas
o conjugado será
pequeno.
Fr
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6
Essa figura indica uma condição de
escorregamento
intermediário,
mas
não muito baixo. A defasagem entre as
Fs
duas componentes de fmm já se torna
menor porque a reatância do rotor
ωs
diminuiu em função da diminuição da
frequência das tensões e correntes do
rotor.
Fr
Essa figura indica a condição de
Fs
funcionamento nominal do motor de
indução. A frequência das correntes e
tensões induzidas no rotor agora é
ωs
bem baixa, levando a uma reatância de
dispersão menos significante.
Nesse
caso o fator de potência do rotor é
quase unitário. O ângulo espacial de
defasagem é pouco maior que 90o e
conjugado nominal é produzido com
Fr
Fig.
correntes menores.
-
Conforme mencionado no texto, as tensões induzidas nos condutores do rotor e
consequentemente as correntes rotóricas são função da velocidade relativa entre o
campo magnético girante (que gira à velocidade síncrona) e a velocidade mecânica
do rotor. Essa velocidade relativa, normalizada pela velocidade síncrona recebe o
nome de escorregamento, e é uma das grandezas mais importantes na
compreensão da operação da máquina de indução. O escorregamento é dado por
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7
s=
ωs − ω r
ωs
Quando se trata de acionamento de motores de indução muitas vezes é utilizado o
termo velocidade de escorregamento. A velocidade de escorregamento ( ω sr ) é a
diferença absoluta entre a velocidade síncrona e a velocidade do rotor, isto é
ω sr = ω s − ω r
3. O circuito equivalente do motor de indução trifásico
O circuito equivalente de um motor de indução trifásico simétrico, balanceado, que
possui parâmetros de fases idênticos é apresentado na figura abaixo. No circuito
equivalente Vs corresponde à tensão aplicada à fase do motor, E1 é a força
contraeletromotriz e Rr/s corresponde a uma resistência fictícia que representa toda
a potência manipulada pelo rotor da máquina.
Rs e Rr são respectivamente as
resistências dos enrolamentos de estator e rotor por fase, Xls e Xlr correspondem às
reatâncias de dispersão do estator e do rotor, Xm corresponde à reatância de
magnetização da máquina e Rc representa as perdas no núcleo da máquina
(Histerese e Foucault). Uma forma alternativa do circuito equivalente é apresentada
na Fig. 6, onde a resistência fictícia do rotor Rr/s é explicitada em duas
componentes.
Ir
I as
Rs
I0
j X ls
Im
V as
E1
j Xm
j X lr
Ic
Rc
Rr
s
Fig. 5 – Circuito equivalente de um motor de indução polifásico, simétrico.
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8
Ir
I as
Rs
I0
j X ls
Im
V as
E1
j X lr
Rr
Ic
j Xm
(1-s) R r
s
Rc
Fig. 6 – Circuito equivalente do motor de indução explicitando a resistência rotórica e
a resistência fictícia cuja potência corresponde à potência convertida em mecânica.
Essa apresentação é usual para separar as perdas joule do rotor da potência
convertida em potência mecânica pela máquina. A partir do circuito equivalente o
diagrama fasorial das grandezas da máquina é obtido. O diagrama fasorial para um
dado ponto de operação é mostrado na Fig. 7.
Assim, dado o circuito equivalente com os seus parâmetros, se a máquina estiver
conectada em delta, a tensão de fase é igual à tensão de linha aplicada e este é o
valor de tensão utilizado nos cálculos. As correntes determinadas correspondem às
correntes de fase, portanto para se determinar as correntes de linha as correntes de
fase determinadas devem ser multiplicadas pelo fator
3 . No caso de uma máquina
conectada em estrela, deve-se considerar o valor da tensão de fase, portanto
dividindo o valor da tensão de linha pelo fator
3 . As correntes determinadas já
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9
V as
j X lsI as
I asR s
Ε1
Ias
φ
Ic
Ir
I0
λm
Im
Fig. 7 – Diagrama fasorial do motor de indução.
correspondem às correntes de linha dado que neste tipo de ligação corrente de linha
é igual à corrente de fase.
O circuito equivalente se presta para análise de regime permanente somente.
Permite determinar as correntes de estator, rotor e magnetização, rendimento, fator
de potência, conjugado eletromagnético desenvolvido para um determinado
escorregamento e outras grandezas relativas a operação da máquina. As seguintes
relações são importantes na análise de regime permanente da máquina de indução:
Rr 2
Ir
s
Potência que atravessa o entreferro:
Pa = 3
Potência perdida na resistência do rotor:
Pjr = 3R r I 2r = sPa
R r (1 − s) 2
Ir
s
Potência interna (Pa - Pjr)
Pi = 3
Conjugado interno
Ci = 3
Conjugado no eixo
C i − C av
Rr 2
Ir
s ωs
(av - atrito e ventilação)
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10
O fator de potência é determinado por meio da impedância equivalente. Para cada
escorregamento a máquina possui um valor de impedância equivalente diferente. A
Zr =
impedância do circuito do rotor
magnetização Z m =
Rr
+ jX lr , a impedância do ramo de
s
jX m R c
e a impedância de dispersão do estator Z s = R s + jX ls
Rc + jX m
formam a impedância equivalente Z eq = Zs +
Zr Zm
= Z eq ∠ϕ .
Zr + Zm
O fator de potência
é dado pelo cosseno do ângulo ϕ .
4. Aspectos relevantes na operação de motores de indução.
Conforme se observa pelo circuito equivalente, a corrente de estator corresponde à
soma fasorial entre a corrente do rotor e a corrente de excitação (I0) da máquina.
A figura a seguir mostra as amplitudes das correntes de estator, rotor e
magnetização calculadas em função da velocidade do rotor para um motor de 4
pólos, 60 Hz.
M otor de induç ão - c irc uito equivalente
120
100
Is
Correntes , A
80
Ir
60
40
20
Im
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
veloc idade do rotor - rpm
Fig. 7 – Amplitude das correntes de estator, rotor e magnetização vs. velocidade
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11
Tipicamente um motor de indução de 4 pólos opera no ponto nominal com
escorregamento em torno de 2-5%.
Um escorregamento de 10%
corresponde para um motor de 4 pólos, 60 Hertz, a uma velocidade
rotórica de 1620 rpm, enquanto 2% corresponde a 1764 rpm.
Um
“zoom”da figura acima é mostrado abaixo para esse intervalo de
escorregamentos. Observa-se que as correntes são bastante sensíveis ao
escorregamento.
Dado que as perdas joule rotóricas são diretamente
proporcionais ao escorregamento, motores de indução sempre devem
operar com o menor escorregamento possível.
Outro aspecto relevante
da análise pelo circuito equivalente é que na região de operação normal a
corrente de magnetização permanece aproximadamente constante.
Entretanto, ao longo de todo o intervalo de velocidades esse valor varia bastante
devido ao fato de que para tensão nominal aplicada e elevados escorregamentos a
corrente rotórica tem amplitude elevada e consequentemente a corrente de estator
provoca uma considerável queda de tensão na resistência do enrolamento do
estator, dessa forma reduzindo a capacidade de produção de fluxo da máquina, o
que se manifesta por uma menor corrente de magnetização e menor força contraeletromotriz. Esse aspecto pode ser observado na figura 9.
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M otor de induç ão - c irc uito equivalente
50
45
40
Is
Correntes , A
35
30
Ir
25
20
15
Im
10
5
0
1600
1620
1640
1660
1680
1700
1720
1740
1760
1780
1800
veloc idade do rotor - rpm
Fig. 8 – Zoom da figura 7 mostrando a região de escorregamento de 0-10%
M otor de induç ão - c irc uito equivalente
250
Tens ões , V
200
E1
150
100
Rs *Is
50
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
veloc idade do rotor - rpm
Fig. 9 – Força contra eletromotriz e queda na resistência do estator.
5. A característica de conjugado por velocidade.
A característica de saída mais importante do motor de indução é a sua curva de
conjugado por velocidade. A Fig. 9 mostra a curva típica de conjugado em função
da velocidade para um motor de indução.
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13
Curva de c onjugado por veloc idade
3
2.5
Conjugado - p.u.
2
1.5
1
operaç ão ins tável
0.5
operaç ão
es tável
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
veloc idade - rpm
Fig. 10 – Curva de conjugado por velocidade do motor de indução.
Quando acionando uma carga mecânica, em regime permanente, a uma
determinada velocidade, o conjugado no eixo do motor é exatamente igual ao
conjugado que a carga acionada exige.
Se o conjugado motor for maior que o da
carga ocorre aceleração até que uma velocidade superior seja atingida e o equilíbrio
de conjugados ocorra. Se o conjugado da carga se tornar maior que o do motor
ocorre uma redução na velocidade, com o respectivo aumento do conjugado do
motor para que o conjugado da carga seja contrabalançado.
A Fig. 10 mostra a
região de conjugado do motor onde é possível este tipo de operação. Observa-se
que operação estável ocorre para velocidades compreendidas entre a velocidade
síncrona e a velocidade correspondente ao conjugado máximo que o motor pode
fornecer. Para velocidades abaixo dessa a operação se torna instável e se o ponto
de operação ocorrer nessa região o motor é levado a velocidade zero ou situação de
bloqueio do rotor.
A curva de conjugado se extendendo ao segundo e quarto quadrantes é
apresentada na figura abaixo. Nos segundo e quarto quadrantes o motor opera em
regeneração.
Quando a máquina opera como gerador a porção da curva
correspondente se situa no quarto quadrante. Nessa condição o fluxo de corrente
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fica invertido, e portanto a queda de tensão na impedância do estator fica invertida.
Isto indica que a força eletromotriz (E1) durante a geração é maior que durante a
Circuito equivalente - Conjugado por velocidade
3
C
2
Conjugado - pu
1
0
n - rpm
-1
-2
-3
-4
-5
-2000
-1000
0
1000
2000
Velocidade - rpm
3000
4000
Fig. 11 – Curva de conjugado por velocidade se extendendo às regiões de frenagem e regeneração
operação motora para mesmos escorregamentos.
Portanto o fluxo de entreferro
também fica maior e isto é o que justifica o maior pico de conjugado quando
operando como gerador conforme observado na figura.
5.1 Fatores que influenciam a curva de conjugado por velocidade.
Diversos elementos influenciam a curva de conjugado por velocidade. Entre eles os
mais importantes são a resistência rotórica e a tensão aplicada. A Fig. 10 mostra as
curvas de conjugado por velocidade para resistência rotórica igual a 1 p.u. e 3 p.u.
respectivamente
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15
Curvas de c onjugado por veloc idade
3
Rr
Rr1
2.5
Conjugado - p.u.
2
1.5
1
Rr1 = 3.Rr
0.5
0
0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
veloc idade - rpm
Fig. 12 – Curvas de conjugado por velocidade para diferentes
valores de resistência rotórica
O efeito é de levar o pico de conjugado para valores de velocidade rotórica mais
baixos, ou seja para escorregamentos maiores. O valor do pico de conjugado não
se altera. Essa característica foi muito explorada no passado utilizando motores de
indução de rotor bobinado com resistência externa sendo conectada em série com
os enrolamentos do rotor para propiciar conjugados de partida elevados. Elevar a
resistência rotórica apresenta também a vantagem de diminuir o valor da corrente
de partida.
Enquanto a resistência rotórica elevada é benéfica para a partida,
durante a operação normal em velocidade de regime o seu valor deve ser baixo.
Isto porque as perdas joule no
rotor são diretamente proporcionais ao
escorregamento.
A outra grandeza que influencía acentuadamente a curva de conjugado por
velocidade é a
tensão aplicada.
O conjugado é proporcional ao quadrado da
corrente rotórica. Como para escorregamentos determinados a corrente de rotor é
proporcional à tensão aplicada segue que o conjugado é proporcional ao quadrado
da tensão.
A figura abaixo mostra as curvas de conjugado por velocidade para
tensões de 1 p.u, 0,7 pu e 0,5 pu.
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16
Curvas de conjugado por velocidade
3
2.5
Vs = 1 pu
Conjugado - pu
2
1.5
Vs=0.707 pu
1
Vs=0.5 pu
0.5
0
0
200
400
600
800
1000
1200
velocidade - rpm
1400
1600
1800
Fig. 13 - Curvas de T vs. n para diferentes tensões de estator.
A redução da tensão também é conveniente para reduzir os elevados picos de
corrente de partida dos motores.
Entretanto, enquanto a corrente cai
proporcionalmente à redução da tensão terminal, o conjugado cai com o quadrado.
A figura a seguir mostra como fica a redução de correntes e de conjugado quando a
tensão de estator é reduzida. Este é o motivo pelo qual sempre se usa a partida do
motor com tensão reduzida.
Ocorre a partida com tensão (e conjugado) reduzid0,
e na sequência, quando motor atinge determinada velocidade as tensões nos
enrolamentos são comutadas para o valor nominal.
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17
Curvas de conjugado e corrente por velocidade
5
Ia1
4.5
Conjugado, corrente - pu
4
3.5
Ia2
3
2.5
Ia3
2
1.5
1
0.5
0
0
200
400
600
800
1000
1200
velocidade - rpm
1400
1600
1800
Fig. 14 - Curvas de conjugado, corrente vs. velocidade para diferentes valores de tensão de estator.
Ainda, a partir do circuito equivalente é possível também determinar outras
grandezas de interesse da máquina tais como fator de potência e rendimento. A
curva de rendimento e do fator de potência do motor em estudo é apresentada na
figura abaixo.
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18
Motor de indução - Rendimento e fator de potência
0.9
0.8
0.7
0.6
0.5
fator de potência
0.4
rendimento
0.3
0.2
0.1
0
0
200
400
600
800
1000
1200
velocidade - rpm
1400
1600
1800
Fig. 15 – Curva de rendimento e fator de potência
Um zoom da região de operação estável mostrando o rendimento e o fator de
potência juntamente com o conjugado é apresentado na figura a seguir
Motor de indução - Rendimento e fator de potência
3
2.5
conjugado
2
1.5
1
fator de potência
0.5
rendimento
1400
1450
1500
1550
1600
1650
velocidade - rpm
1700
1750
1800
Fig. 16 - Fator de potência e rendimento para região de operação estável do motor de indução.
6. Acionamento do motor de indução - A partida.
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19
Quando o motor aciona uma carga mecânica, na velocidade de equilíbrio o
conjugado que o motor produz é equilibrado pelo conjugado resistente da carga. A
equação diferencial que rege o movimento do conjunto motor-carga é dada por
Te − Tcg = J
dω m
+ Bω m
dt
onde
Te
ÆConjugado produzido pelo motor - Nm,
Tcg
ÆConjugado resistente ou de carga - Nm,
J
ÆMomento de inércia das massas girantes – Kg.m2
B
ÆCoeficiente de atrito viscoso – Nms,
ωm
ÆVelocidade do eixo em rad/s
Para facilidade de análise, desprezamos a parcela do atrito viscoso na equação
acima, então
Te − Tcg = J
dω m
dt
A diferença entre os conjugados motor e de carga é chamada de conjugado de
aceleração. Quando o conjugado motor é maior que o de carga, ocorre variação de
velocidade no tempo (aceleração). Se o conjugado motor é menor que o conjugado
da carga o resultado é negativo indicando que a taxa de variação de velocidade no
tempo é negativa, ou seja, ocorre uma desaceleração. Quando os dois conjugados
são iguais o lado esquerdo da equação se torna igual a zero, como do lado direito o
momento de inércia não pode ser zero, então o termo em derivada é igual a zero.
Quando a derivada é igual a zero significa que a grandeza envolvida não varia no
tempo, ou seja, a velocidade permanece constante.
A figura a seguir mostra as
curvas de conugado por velocidade de um acionamento típico.
Nota-se que o
conjugado motor é sempre maior que o conjugado da carga, e portanto o sistema
vai acelerar a partir de zero. Quanto maior a diferença entre o conjugado motor e o
conjugado de carga mais rápido a velocidade de equilíbrio é atingida. Na curva a
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20
velocidade de equilíbrio corresponde ao ponto de intersecção entre as duas curvas
de conjugado.
Conjugado motor e conjugado de carga
180
160
140
conjugado motor
Conjugado - Nm
120
100
80
60
40
conjugado da carga
20
0
0
200
400
600
800
1000
1200
Velocidade - rpm
1400
1600
1800
Fig. 17 - Conjugado motor e conjugado de carga em um acionamento.
As curvas de conjugado de carga podem tomar diferentes formas.
A curva
apresentada na figura 17 acima, corresponde tipicamente a uma bomba ou
ventilador onde o conjugado resistente da carga varia com o quadrado da
velocidade. Quando a diferença entre o conjugado motor e o conjugado de carga
fica muito grande na região de aceleração, métodos para redução da corrente de
partida podem ser utilizados.
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Partida Estrela-Triângulo
Fig. 18 – Partida com chave estrela triângulo – motor em vazio
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Partida estrela-triângulo com carga
Fig. 19 – Partida com chave estrela triângulo – motor com carga
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Partida com chave compensadora – motor em vazio
Fig. 20 – Partida com chave compensadora – motor em vazio
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Partida com chave compensador – motor com carga
Fig. 21 – Partida com chave compensadora – motor com carga
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Partida suave ou soft switching – Motor sem carga
Fig. 22 – Partida suave. Motor sem carga
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Fig. 23 - Detalhes das formas de onda da corrente e da tensão. Partida suave.
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Partida suave – Motor com carga no eixo
Fig. 24 – Partida suave. Motor com carga no eixo
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Fig. 25 - Partida suave. Detalhe da corrente de fase
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Máquinas de Indução - Princípio de Operação