PÚBLICO, QUI 20 SET 2012 | ECONOMIA | 15 Mercados ignoram crise política e emprestam a Portugal a taxas mais baixas 50 O Governo tinha estipulado um investimento máximo de 50 milhões de euros na adaptação de uma base militar à aviação civil. Montijo era a solução mais consensual. Vai nascer um novo super-regulador dos transportes da fusão do INAC com o IMTT Raquel Almeida Correia O Governo decidiu fundir o Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) e o Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT), criando, assim, um novo super-regulador para a área dos transportes. Esta será uma das fusões previstas na nova leiquadro das entidades reguladoras, que o Governo está a preparar para dar resposta a uma das imposições da troika, que exige o reforço de poderes destas entidades. O PÚBLICO apurou que será criado um novo regulador a partir desta união de forças entre o INAC, que regula a aviação civil, e o IMTT, que fiscaliza o sector dos transportes terrestres. O executivo ainda não decidiu qual será o nome a atribuir ao supervisor que surgirá deste processo como uma entidade com controlo mais abrangente sobre a actividade dos transportes em Portugal. O Governo já tinha deixado transparecer, nas Grandes Opções do Plano 2013 (GOP), a intenção de alterar a forma como o sector é actualmente regulado. “No sector do transporte aéreo, e na sequência da sua liberação através das privatizações da companhia aérea de bandeira, TAP, e do gestor das infra-estruturas aeronáuticas, ANA, o actual INAC dará origem a um novo regulador com um conjunto de poderes bastante reforçado ao nível da regulação e supervisão do sector”, referia o documento. Além da venda da TAP e da ANA, que estão calendarizadas para este ano, o executivo também vai proceder à abertura de concessões a privados nos transportes terrestres. A ideia é começar a concessionar a operação de empresas como a Carris ou a Metro do Porto em 2013. E, por isso, com a saída progressiva do Estado do controlo destas entidades, tanto o INAC como o IMTT terão de se adaptar à nova realidade. Questionado pelo PÚBLICO sobre a intenção de fundir os dois reguladores, o INAC remeteu mais comentários para o Ministério da Economia, acrescentando apenas que “não conhece o documento das GOP para 2013, pelo que não poderá pronunciar-se sobre o seu conteúdo”. Também o IMTT recusou prestar esclarecimentos. Mais mudanças à vista A fusão do INAC com o IMTT não deverá ser a única prevista na nova lei-quadro das entidades reguladoras, que está nas mãos do secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino. O diploma tem como base um estudo que foi encomendado à consultora A.T. Kearney em Maio, também por exigência das autoridades externas. O prazo imposto na última revisão do programa de ajustamento é o último trimestre de 2012 para criar uma moldura legal para os supervisores mais importantes, como é o caso da Autoridade da Concorrência. Os restantes terão o enquadramento pronto até ao final do primeiro trimestre de 2013. Tal como o PÚBLICO noticiou no final de Julho, a nova lei trará alterações substanciais no modo de funcionamento das entidades reguladoras, a começar pelas remunerações que praticam. Tal como já O secretário de Estado da Administração Pública, Hélder Rosalino, tem nas mãos a lei-quadro dos regulafores aconteceu com as empresas do Estado e os institutos públicos, os seus presidentes vão passar a receber, no máximo, o mesmo salário que o primeiro-ministro, ou seja, 6850 euros por mês, incluindo despesas de representação. Além disso, as nomeações dos órgãos sociais serão muito mais controladas, passando a ser obrigatório que passem pelo crivo da Assembleia da República. Haverá ainda regras rígidas no que diz respeito à mobilidade profissional dos responsáveis máximos, já que estes ficarão impedidos, por um período de dois anos, de trabalhar no sector que supervisionaram. Cavaco dá luz verde à venda da TAP O Presidente da República promulgou na passada terça-feira o diploma de privatização da TAP, aprovado no início de Agosto em Conselho de Ministros. Os pressupostos da venda da transportadora aérea do Estado, que o Governo quer alienar ainda este ano, terão de ser publicados em Diário da República para que se avance para a próxima fase do processo. Cerca de uma dezena de investidores tiveram acesso ao memorando de informação que o Governo preparou sobre a privatização da empresa, mas apenas três apresentaram propostas não-vinculativas de compra. O milionário colombobrasileiro Germán Efromovich é um dos candidatos que fazem parte desse grupo, não se sabendo ainda os nomes dos restantes dois investidores. O executivo terá agora de lhes disponibilizar o caderno de encargos da venda, no qual constará toda a informação financeira sobre a TAP, bem como as condições em que a privatização será concretizada. Estava inicialmente previsto que o dia 7 de Novembro seria a data-limite para os investidores apresentarem a proposta final, mas o Diário Económico noticiou ontem que o Governo decidiu antecipar o calendário para Outubro, de modo a cumprir o objectivo de alienar a transportadora já este ano. Ontem, a empresa anunciou que atingiu em Agosto um recorde de passageiros, tendo a transportadora cerca de 1,072 milhões de pessoas nesse mês, o que significou uma subida homóloga de 3%. No acumulado do ano, a empresa regista um total de 6,8 milhões de passageiros. No entanto, os prejuízos no primeiro semestre aumentaram 14,6%, atingindo 112 milhões de euros e os capitais próprios estão negativos em mais de 500 milhões de euros. R.A.C. Mercados Paulo Miguel Madeira Emissão de dívida pública obteve resultados mais positivos, mesmo nos títulos que vencem após programa da troika Portugal conseguiu arrecadar ontem 2000 milhões de euros a curto prazo nos mercados de dívida pública, um valor acima do limite previsto e com juros em forte queda face a emissões anteriores, na sequência da descida de taxas que se tem vindo a verificar nos mercados secundários. Este resultado é um bom sinal para a perspectiva de regresso do país aos mercados no final do prazo de vigência do programa da troika, pois a emissão a 18 meses vence já após esse período. O programa de resgate financeiro de Portugal ascende a 78 mil milhões de euros e assegura as necessidades de financiamento do país até Setembro de 2013. Na emissão a ano e meio, emitiu 1291 milhões, com um juro de 2,967%, uma queda de 34,6% face aos 4,537% pagos na última emissão pelo mesmo prazo, a 4 de Abril. A procura foi de 2,4 vezes o montante colocado. Foram também colocados 709 milhões de euros em títulos a seis meses, com juros de 1,7%, uma queda de 25,8% face aos 2,292% pagos no leilão precedente com o mesmo prazo, a 18 de Julho. O responsável pelo mercado de dívida do Banco Carregosa, Filipe Silva, considera que esta emissão foi “um sucesso” e que a perspectiva de instabilidade política em Portugal “não afectou em nada” a operação. PUBLICIDADE