Perfil de Resultados – Proficiência Clínica
Área: Bioquímica
Rodada:Set /2012
Tema
AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA DA ATIVIDADE MUSCULAR
Elaborador
Nairo M. Sumita. Professor Assistente Doutor da Disciplina de Patologia Clínica da Faculdade de Medicina
USP. Diretor do Serviço de Bioquímica Clínica da Divisão de Laboratório Central – HC – FMUSP. Assessor
Médico em Bioquímica Clínica – Fleury Medicina e Saúde. Consultor Científico do Latin American
Preanalytical Scientific Committee (LASC) e membro do “specimencare.com” global editorial board. Diretor
Científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica / Medicina Laboratorial (SBPC/ML).
Análise das respostas e comentários dos participantes
A avaliação laboratorial da atividade muscular seja em decorrência de danos induzidos pela atividade física ou por uma doença
muscular específica é realizada através da medida da atividade de algumas enzimas plasmáticas e também pela medida das
concentrações de proteínas musculares. A seguir são descritos as características dos principais marcadores.
Aspartato amino transferase (AST)
A atividade da enzima aspartato aminotransferase encontra-se elevada em processos de acometimento muscular, hemólise, doenças
hepatocelulares agudas e crônicas (hepatites, câncer hepático, colestase). Apresenta elevada sensibilidade para diagnóstico de
doenças cardíacas, mas não é específico. Nesse sentido, o uso deste marcador foi abandonado, em razão da introdução de novos
marcadores com maior sensibilidade e especificidade.
Desidrogenase láctica (DHL)
A atividade da enzima desidrogenase láctica encontra-se elevada nas doenças do miocárdio, hemólise, doenças malignas, doenças
hepáticas, pulmão, músculo esquelético e rim. A DHL é composta pela união de quatro monômeros, que podem ser do tipo H
(miocárdio) ou M (músculo esquelético), o que resulta na possibilidade de formação de cinco isoenzimas. No infarto agudo do
miocárdio (IAM), os níveis séricos de DHL elevam-se entre 12 a 24 horas após o início do quadro, atingindo um pico numa fase mais
tardia do IAM, ao redor de 72 a 96 horas.
Aldolase
A enzima aldolase encontra-se presente em células musculares esqueléticas, coração, fígado, cérebro, pulmões, rins, intestino
delgado, eritrócitos e plaquetas. Trata-se de um exame útil no diagnóstico e monitoramento das doenças do tecido músculo
esquelético, tais como distrofia muscular de Duchenne, polimiosite e dermatopolimiosite. A prática do exercício físico eleva o nível de
aldolase que pode também estar elevado nas hepatopatias, pacreatites, neoplasias, infarto agudo do miocárdio. Devida a diferença de
massa muscular, os homens apresentam atividade cerca de 50% acima da encontrada em mulheres.
Mioglobina
A mioglobina é uma proteína presente no músculo esquelético e cardíaco. Não é possível distinguir a molécula originária do músculo
esquelético do cardíaco. Do ponto de vista funcional, a mioglobina liga-se ao oxigênio e tem a função garantir uma reserva de
oxigênio muscular. No IAM eleva-se precocemente após 30 minutos a 2 horas. A mioglobina é filtrado no glomérulo e excretado na
urina. No exame bioquímico da urina, utilizando-se a tira reagente, pode ser confundido com a hemoglobina. Os pacientes com
doença renal podem apresentar níveis elevados pela incapacidade dos rins em clarear esta proteína do sangue.
Creatina Quinase (CK)
O nível basal de CK é reflexo da massa muscular total do organismo e da atividade física. A CK apresenta três isoenzimas:
•
•
•
CK - MM: Predominante no músculo esquelético
CK - MB: Predominante no músculo cardíaco
CK - BB: Encontrada basicamente no cérebro, geralmente ausente nos indivíduos normais
A prática de exercício físico vigoroso pode causar dano à estrutura muscular com elevação dos níveis de CK no sangue.
CK-MB massa
A quantificação direta da enzima CK-MB ao invés da medida da atividade da enzima deu origem ao termo CK-MB massa. As
metodologias para dosagem da CK-MB massa não sofrem influência da macro CK.
Macro CK
A atividade enzimática da CK no sangue é de cerca de 96% para CK-MM e de 4% para a CKMB. O dímero BB é encontrado
basicamente no cérebro, e praticamente ausente no sangue periférico de indivíduos normais. Duas isoenzimas macromoleculares
podem, eventualmente, serem encontrados no sangue: macro CK tipo 1 e macro CK tipo 2. A tipo 1 é um complexo de CK-BB ou CKMM ligado a IgG ou IgA. A macro CK tipo 2 é um complexo oligomérico de origem mitocondrial. A presença destes complexos
macromoleculares pode induzir uma elevação crônica de CK em pacientes assintomáticos.
Troponinas T e I (cTnI e cTnT)
Tratam-se de moléculas que se ligam ao filamento fino (actina) da fibra muscular estriada, sendo fundamental no processo de
contração muscular por controlar a interação do filamento fino ao filamento grosso (miosina). As formas cardíacas das troponinas T ou
I são consideradas marcadores bioquímicos padrões no IAM.
Lactato
O lactato é um marcador do processo de respiração celular, sendo útil no diagnóstico da acidose láctica: hipóxia tecidual, exercício
físico intenso e miopatias severas. É produzido em excesso quando há um suprimento inadequado de oxigênio aos tecidos. A
dosagem do lactato antes e após exercício físico permite avaliar a capacidade respiratória celular.
O limiar de lactato representa uma intensidade de exercício na qual a concentração de sérica de lactato começa a aumentar
sistematicamente podendo ser determinado durante um teste de esforço físico graduado (esteira, bicicleta ergométrica).
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Área: Bioquímica
Rodada:Set /2012
Comentários adicionais:
Questão 2: Anulada. Houve um equívoco no enunciado, o correto seria: “Assinale a alternativa incorreta em relação às isoenzimas de
CK e a sua localização preponderante”. A opção a ser assinalada nesse contexto seria a alternativa de número 4.
Questão 4: A presença da isoenzima macromolecular denominada macro CK pode induzir a elevação crônica da atividade sérica da
CK em pacientes assintomáticos. Assim, quando a atividade da enzima aldolase, que também se encontra presente no músculo
esquelético, apresenta valor dentro do intervalo de referência, concomitante com a elevação da atividade da CK em pacientes
assintomáticos, sugere-se a pesquisa da macro CK.
Questão 9: A mioglobina é uma proteína presente no músculo esquelético e cardíaco. Os métodos laboratoriais atualmente
disponíveis que realizam a dosagem de mioglobina, não são capazes de distinguir a molécula originária do músculo esquelético do
cardíaco. Assim o encontro de um nível elevado de mioglobina sérica, mesmo num paciente com suspeita de infarto agudo do
miocárdio, não permite a confirmação do diagnóstico.
Questão 13: As formas cardíacas das troponinas T ou I são consideradas marcadores bioquímicos padrões no diagnóstico do infarto
agudo do miocárdio. Recentemente, a introdução dos métodos ultrassensíveis para a dosagem das troponinas possibilitou a detecção
precoce das elevações deste marcador num quadro de infarto agudo do miocárdio.
Questão 14: O lactato é formado principalmente após a quebra de glicose em condições anaeróbicas. Assim, a elevação do lactato
sérico é indicador de baixo nível de oxigênio a nível tecidual.
Referências
Bibliográficas:
•
ANDRIOLO. A. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP - EPM. 2ª ed. São Paulo:
Manole, 2008.
•
BRUNS, D.E.; ASHWOOD, E.R.; BURTIS, C.A. Tietz Textbook of Clinical Chemistry and Molecular
Diagnostics. 4th ed. St. Louis: Elsevier Saunders, 2006.
Respostas dos Participantes
Opções (%)
Resultado(s) aceito(s)
Opção 1
Opção 2
Opção 3
Opção 4
Questão 1
4.0%
90.7%
4.0%
1.3%
2
Questão 2
14.4%
42.4%
14.2%
24.9%
Anulada
Questão 3
6.4%
2.9%
83.1%
5.8%
3
Questão 4
4.0%
59.1%
10.4%
25.1%
2
Questão 5
86.7%
5.6%
1.3%
3.8%
1
Questão 6
4.0%
6.9%
86.9%
1.1%
3
Questão 7
90.2%
2.0%
3.1%
3.3%
1
Questão 8
2.9%
4.2%
86.0%
6.0%
3
Questão 9
9.1%
10.7%
62.2%
16.2%
3
Questão 10
9.1%
83.3%
2.0%
3.6%
2
Questão 11
81.1%
3.6%
0.4%
12.4%
1
Questão 12
1.1%
5.8%
2.4%
88.7%
4
Questão 13
0.9%
1.8%
75.8%
20.2%
3
Questão 14
15.1%
72.7%
6.0%
4.0%
2
Questão 15
3.3%
3.6%
3.1%
87.8%
4
Questionários Respondidos
450
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