VI COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO SOBRE QUESTÕES CURRICULARES
BH, 4-6 SET. 2012
PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA
INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS
PROFESSORES
MANUELA ESTEVES ([email protected])
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO – UNIVERSIDADE DE LISBOA
PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA
INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES
• FINALIDADES:
• Articular currículo, acção profissional dos professores e
formação docente para fundamentar essa acção, a partir
de um olhar sobre o caso português
• Defender a tese de que é necessário promover a
racionalidade crítica como uma condição imprescindível,
embora não única, de responder aos desafios
contemporâneos no campo do currículo
PROMOVER A RACIONALIDADE CRÍTICA NA
INTERVENÇÃO CURRICULAR DOS PROFESSORES
• QUESTÕES:
• O que caracteriza o trabalho docente, hoje, em
Portugal?
• Que políticas curriculares prevalecem e como se situam
os professores em relação a elas?
• Que profissionalidade docente pode / deve a formação
estimular?
O QUE ESTÁ EM CAUSA?
Trabalho docente:
Permanências versus mudanças
Relação do prof c/ o currículo:
Submissão versus autonomia
Formação docente:
Tecnicidade versus criticidade
O TRABALHO DOCENTE COMO OBJECTO DE ESTUDO
PERMANENTE, INTERROGANDO:
• Aspectos comuns a
outras formas de trabalho
• Aspectos específicos do
trabalho docente
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 Ser uma acção sobre o outro
 Ser uma acção no contexto de
um grupo, uma interacção
 Envolver uma relação
pedagógica que escapa à
padronização e à
racionalização contínua
 Ocorrer num quadro de
finalidades contraditórias dos
sistemas educativos
 …
Uma organização
Tecnologias
Controlos
Objectivos
Divisão de trabalho
Burocracia crescente
…
O TRABALHO DOCENTE COMO OBJECTO DE ESTUDO
PERMANENTE
Se aceitarmos a definição do trabalho docente como
uma experiência social, entendida como capacidade
prática de combinar lógicas diferentes, e o sentido da
acção docente como heterogéneo, instável, produzido
pelos próprios actores (Dubet, 1999), então importa
regularmente revisitar o trabalho docente e examiná-lo,
porque não há uma definição universal nem
intemporal do mesmo, mas definições que em
diferentes tempos e lugares vão sendo construídas.
MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM
PORTUGAL: ENSINO NÃO SUPERIOR
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Alargamento dos deveres profissionais
Restrição de direitos adquiridos
Intensificação da carga de trabalho atribuída
Aumento do tempo de permanência diária na escola
Atribuição de novas responsabilidades de gestão
Novo sistema de avaliação do desempenho
Restrição administrativa do acesso aos escalões superiores da
carreira
• Precarização dos vínculos laborais
• Gestão das escolas mais autoritária e mais distante dos
professores
MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM
PORTUGAL: ENSINO SUPERIOR
• Adequação dos cursos e das unidades curriculares ao Processo de
Bolonha
• Restrições à contratação de novos docentes
• Sobrecarga de trabalho dos docentes que restam
• Maior valorização da função pedagógica, ainda que esta continue
secundária em relação à investigação
• Maior dependência das IES face às forças económicas e às lógicas
do mercado
• Menor democraticidade na administração e direcção das
instituições
• Corte dos salários e quebra do poder de compra dos docentes
(menos 25% em 2012 em relação a 2010)
MUDANÇAS EM CURSO NO TRABALHO DOCENTE EM
PORTUGAL
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Consequências
Aumento do mal estar, do stress e do burnout
Clima de desconfiança, medo e subserviência
Aposentação antecipada de dezenas de milhares de
professores
 Degradação da vida nas escolas
 Desincentivo à participação nas decisões curriculares e
em iniciativas de formação
 Mas também: reforço da ética profissional, da
solidariedade, da oposição crítica e da luta sindical
POLÍTICAS CURRICULARES
• DO COMBATE (REAL OU IMAGINADO) AO
INSUCESSO ESCOLAR (1989 – 2005)
À
• SUBMISSÃO AO IMPERATIVO FINANCEIRO DE
CORTAR NO INVESTIMENTO PÚBLICO EM
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO (2005 e seguintes)
POLÍTICAS CURRICULARES
• DO COMBATE (REAL OU IMAGINADO) AO
INSUCESSO ESCOLAR
 Reforma curricular de 1989 – predomínio, no discurso e
na prática, da racionalidade técnica; reforma do tipo
top-down; tentativa tímida de contextualização do
currículo
 Reorganização curricular de 2001– predomínio, no
discurso, das racionalidades prática e crítica:
flexibilidade; autonomia; competências dos alunos;
diferenciação pedagógica; predomínio, na prática, de
uma perspectiva normativa e recentralizadora
POLÍTICAS CURRICULARES
• SUBMISSÃO AO IMPERATIVO FINANCEIRO DE
CORTAR NO INVESTIMENTO PÚBLICO EM
EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO
 Revisão curricular a partir 2011 (e que continua…) –
mutilação do currículo nacional; abandono da noção de
competências a desenvolver pelos alunos; currículo
centrado nas matérias; multiplicação dos exames
nacionais; aumento do nº de alunos por turma;
imposição das soluções às escolas e aos professores
A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA
 Necessidade de formar, mais do que bons técnicos,
bons profissionais
“Exige-se ao profissional que saiba navegar na complexidade.
Estando fixados um «cabo» a atingir (missão, resultado esperado,
objectivos…) e as regras de navegação (eficiência, qualidade total,
performance global…), compete-lhe saber «tirar as distâncias»
(elaborar e conduzir um projecto), tendo em conta o campo de
forças e os constrangimentos diversos e, por vezes, opostos, que
constituem a complexidade” (Le Boterf, 1997)
A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA
 Necessidade de formar professores co-construtores do
currículo
 Capazes de discriminar entre concepções alternativas
 Livres para optarem entre essas concepções e responsáveis pelas
suas opções
 Capazes de criar ou recriar o currículo, desenvolvendo práticas
curriculares e didácticas coerentes com as opções feitas
 Competentes na avaliação dos seus alunos e na sua própria autoavaliação
 Participantes activos nas decisões políticas nacionais e
institucionais acerca do currículo
A FORMAÇÃO DOCENTE NUMA ENCRUZILHADA
 Necessidade de formar professores com uma posição
ética e deontológica sobre o seu papel numa sociedade
e numa escola democráticas
 Necessidade de enfrentar e contrariar as
consequências negativas das políticas relativas ao
trabalho dos professores e à sua formação
 Necessidade de rever o lugar e o papel da prática
profissional dentro dos currículos de formação dos
professores
 Em suma: necessidade de formar professores como
profissionais críticos e reflexivos
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Apresentação Questões Curriculares