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Primeiro Seminário Nacional de Pós-Graduação em Relações Internacionais
ABRI – Associação Brasileira de Relações Internacionais
12 e 13 de Julho de 2012 – Brasília/DF
Revisado em agosto/setembro de 2012
Governança: Poder e Hierarquia
Governança e Instituições Internacionais
GUERRA FRIA E MOVIMENTO SINDICAL INTERNACIONAL: A RELAÇÃO
ENTRE A CIA (AGÊNCIA DE INTELIGÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS) E A CIOSL
(CONFEDERAÇÃO INTERNACIONAL DE ORGANIZAÇÕES SINDICAIS LIVRES)
Eduardo Magalhães Rodrigues
Mestre em Relações Internacionais pelo Programa San Tiago Dantas
UNICAMP, PUC-SP E UNESP
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Resumo
O artigo pretende, sob a ótica da Teoria Crítica coxiana, analisar as influências da
superpotência Estados Unidos sobre a ex-CIOSL (Confederação Internacional de
Organizações Sindicais Livres). Isto é, quais foram as determinações do período da
Guerra Fria sobre a antiga CIOSL no período entre 1949 a 1969. No estudo será
destacado a ascendência principalmente da AFL-CIO (Central Sindical dos Estados
Unidos: American Federation of Labor and Congress of Industrial Organizations) em
relação à CIOSL, inclusive da Agência de Inteligência dos Estados Unidos, a CIA.
Quer dizer, durante a primeira metade da Guerra Fria, como ocorreram as
determinações ideológicas dos Estados Unidos junto ao movimento sindical
internacional.
Palavras-chave
AFL-CIO, sindicalismo norte-americano, movimento sindical internacional, CIOSL,
CIA, hegemonia, Teoria Crítica, Rober Cox
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Sumário
Resumo
02
1.
Introdução
04
2.
Estrutura Sindical Internacional
04
3.
O Pensamento Coxiano
05
3.1 As bases da Teoria Crítica de Robert Cox
05
3.2 A Teoria Crítica e as Relações Internacionais
06
4.
Sindicalismo Internacional e a primeira Guerra Fria (1949-1969)
07
4.1.
A relação genética entre Guerra Fria e movimento sindical internacional 08
4.2.
CIOSL/ORIT, AFL-CIO, a CIA e demais entidades internacionais afins
10
Bibliografia
14
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1. Introdução
No capítulo 2 é apresentada a estrutura sindical mundial em seus diversos níveis.
Em seguida, capítulo 3, debatemos sobre o pensamento de Robert Cox com vistas a
utilizá-lo para nossa discussão sobre o movimento sindical internacional. Por fim, no
capítulo 4, tecemos as considerações que nos fazem crer na influência direta entre
organismos estatais norte-americanos, notadamente a CIA, além de a central
sindical AFL-CIO na criação e funcionamento da CIOSL i, demonstrando sua forte
ligação com a Guerra Fria, principalmente no período de 1949 a 1969.
2. Estrutura Sindical Internacional
Atualmente, o movimento sindical internacional é composto por quatro diferentes
níveis: mundial, regional, setorial e por empresa (Caire, 2000: 22-24). Há ainda o
que chamo de nível parassindical, composto por entidades internacionais e cuja
missão está diretamente relacionada aos trabalhadores. No nível mundial há as
CSMs (Centrais Sindicais Mundiais) que abrangem todos os trabalhadores do globo,
seja qual for o seu setor de atuação. Uma delas é a FSM (Federação Sindical
Mundial – WFTU: World Federation of Trade Unions) e a outra a CSI (Confederação
Sindical Internacional – ITUC: International Trade Union Confederation), ex-CIOSL
(Confederação Internacional de Organizações Sindicais Livres), muito mais
poderosa do que a primeira. No nível regional a principal é a CES (Confederação
Europeia de Sindicatos), criada em 1973 (ETUC – European Trade Union
Confederation). Há outras entidades regionais em nível internacional, mas estas são,
na verdade, departamentos continentais ou das CSMs ou das FSIs (Federações
Sindicais Internacionais), sem autonomia
jurídica e
política. Setorialmente
encontramos as FSIs (Federações Sindicais Internacionais). Essas são as
organizações sindicais mundiais mais antigas. A primeira delas, a FITIM (Federação
Internacional dos Trabalhadores na Indústria Metalúrgica), foi fundada em 1893. As
FSIs mais robustas estão de alguma forma vinculadas à CSI, especialmente em
termos ideológicos. No nível por empresa há os Comitês ou Redes Mundiais de
Trabalhadores. Os CMTs são organizações sindicais globais de trabalhadores e que
existem e atuam no nível de uma mesma empresa, ou seja, de uma mesma
transnacional. Entre suas vantagens, os CMTs têm um grande potencial de
conquistas devido sua natureza enxuta e sua organização em rede.
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3. O Pensamento Coxiano
Para investigarmos nosso objeto de estudo, a influência da Guerra Fria sobre a
formação
da
CIOSL,
utilizaremos
o
referencial
da
Teoria
Crítica,
mais
especificamente, do ideário de Cox.
3.1
As bases da Teoria Crítica de Robert Cox
O materialismo histórico constitui a essência da análise de Cox sobre as Relações
Internacionais. Na elaboração de sua Teoria Crítica são fundamentais não só os
conceitos de Marx, mas também os de um dos maiores marxistas do século XX: o
italiano Antonio Gramsci. Para Cox, o materialismo histórico é a melhor base da
Teoria Crítica. Os critérios dessa análise são basicamente quatro, os quais
discutimos a seguir.
•
Dialética: a própria realidade é constituída por contradições, isto é, dialética.
Sendo a mudança, justamente por isso, possível. Uma teoria que pretenda
conhecer e explicar a realidade não pode compreendê-la linear e
estaticamente.
•
Imperialismo: a relação entre os Estados não são iguais, não há
horizontalidade. Alguns Estados possuem sim maior poder que outros e
nesse caso há uma relação verticalizada. Os Estados Unidos, por exemplo,
subordinam a maior parte dos Estados existentes.
•
Estado-Sociedade Civil: O Estado é resultado dos interesses particulares
existentes na Sociedade Civil, das contradições nela presentes. Os grupos
que formam a Sociedade Civil, também conforme o pensamento gramsciano,
buscam tornar-se socialmente hegemônicos apropriando-se do Estado. Há,
portanto, uma relação intrínseca entre Sociedade Civil-Estado e todas as
outras relações econômicas, políticas, jurídicas, culturais e ideológicas
presentes na sociedade.
•
Processo produtivo e poder. Como visto acima, existe uma relação mútua
entre processo produtivo e poder político. As formas histórico-particulares
incorporadas pelo complexo Estado-Sociedade Civil são, também, fruto do
desenvolvimento do processo produtivo.
Enfim, para a Teoria Crítica: a ação nunca está livre de valores, não é neutra, possui
um propósito. Não existe para si mesma e nem está separada da ideologia, do
tempo e do espaço. Nenhuma teoria representa a si mesma: foi produzida em
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determinado tempo. Assim, deve ser vista mais como uma ideologia. Teoria e
ideologia são inseparáveis. Essa é uma das bases da Teoria Crítica. Não é somente
a ação ou a teoria que, ao tentar resolver ou interpretar um problema exercem
impacto sobre este. Os problemas, por sua vez, também causam perturbações na
ação e na teoria. Ambos refletem e são mutuamente refletidos. Não é possível uma
teoria sobre um sistema fechado, que não muda. Os objetivos, portanto, podem
mudar com a passagem do tempo. Dito de outra maneira, o ideário (neo)realista é,
na perspectiva coxiana, destinado à solução de problemas. Quer dizer, problemsolving theory: a realidade é permeada por fatos neutros, preexistentes, regulares,
livres de valores e independentes. Nada melhor e mais ajustado do que isso para se
fundamentar determinado status quo: o sistema geral não muda, somente apresenta
problemas que devem e podem ser resolvidos. É o oposto do mundo visto como um
complexo onde a transformação ativa é característica medular. A Teoria Crítica
questiona a própria ordem ao querer saber o que levou àquela hegemonia.
3.2
A Teoria Crítica e as Relações Internacionais
Para Cox, uma dada ordem hegemônica é composta por uma estrutura histórica
tripartite: forças sociais, formas estatais e ordens mundiais. A primeira delas
representa o processo produtivo ou forças de produção. A segunda, os EstadosNacionais e Subnacionais. A última expressa o complexo Estado-Sociedade Civil.
Em cada uma dessas três esferas atuam instituições que são combinações entre o
nível das ideias e das capacidades materiais. Ideias são ideologias, teorias, culturas,
costumes, tradições etc. Capacidade material é tudo aquilo, como o próprio nome
diz, viabiliza a atuação concreta, incluindo-se o desenvolvimento tecnológico. A
relação entre os três níveis e esferas é recíproco e mútuo. Não há, a priori, domínio
de um sobre o outro ou vice-versa. O equilíbrio dessa relação constitui a ordem
hegemônica. Quando há um desequilíbrio entre o conjunto das estruturas históricas:
forças sociais (forças de produção), formas estatais (Estados) e ordens mundiais
(Estado-Sociedade Civil) e o conjunto das instituições (ideias + capacidades
materiais), há igualmente um desequilíbrio dentro da ordem hegemônica
estabelecida, o que pode levar à composição de uma nova. São na verdade, as
instituições, portanto, as entidades responsáveis pela manutenção ou mudança das
ordens hegemônicas. São elas que alteram, ou não, o equilíbrio entre as três esferas
que tipificam as relações internacionais. Ainda conforme Cox, seguindo Gramsci, a
hegemonia não significa supremaciaii, mas sim o resultado de consensos concebidos
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por processos de institucionalização e construção de legitimidade que viabilizam as
classes dominantes. Também para contribuir com a manutenção da ordem
hegemônica, as várias instituições presentes na Sociedade Civil ajudam a criar os
comportamentos e expectativas necessários à sustentação do status quo. São as
escolas, as igrejas, a mídia, a família e os sindicatos. Essa lógica ajuda a entender a
ação do Estado Norte-Americano nas operações da AFL-CIO, da ex-CIOSL e no
restante do movimento sindical internacional e nacionais. O mundo bipolar, fruto da
Segunda Guerra, e a consequente Guerra Fria tem como uma de suas
características, no que se refere ao mundo sindical, a direta e intensa influência do
governo dos Estados Unidos na criação da CIOSL, via AFL-CIO. Por parte do
governo dos Estados Unidos a influência ocorreu via CIA, principalmente. O mesmo
fez a ex-URSS. As superpotências da Guerra Fria expandiram suas respectivas
hegemonias para além de suas fronteiras, utilizando-se para isso de todas as
ferramentas, ou melhor dizendo, instituições. Inclusive, sublinhamos novamente, as
sindicais. Outros Estados foram então, impactados pelas ações dos EUA e antiga
URSS. A isso Gramsci chama de revolução passiva. Seguindo o raciocínio, para a
Teoria Crítica de Cox, apoiada substancialmente em Gramsci, as organizações
internacionais são instrumentos fundamentais para a ampliação da ordem
hegemônica. E é justamente nesse ponto que elaboramos nossa ideia central: o
governo federal dos Estados Unidos, por meio de suas instituições políticas estatais,
bem como pela criação, financiamento e cooptação de outros tipos de instituições da
Sociedade Civil (entidades sindicais) tenta expandir sua ordem hegemônica. Tais
instituições, estatais e civis, têm caráter eminentemente internacional e passam a
atuar de maneira efetiva e regular em organizações sindicais de outros Estados,
com o claro objetivo de difundir e incutir a hegemonia estadunidense. A origem da
CIOSL foi determinada, ou ao menos baseada essencialmente, durante a disputa
hegemônica pelas superpotências da Guerra Fria, pela vontade dos Estados Unidos.
4. Sindicalismo Internacional e a primeira Guerra Fria (1949-1969)
A Guerra Fria e o movimento sindical internacional moderno não só nasceram no
mesmo período, mas estão, desde seus respectivos surgimentos, intimamente
relacionados. São, no mínimo, irmãos gêmeos. Por isso é realmente muito provável
que organizações estatais com fins ideológico, militar e de comunicação dos
Estados Unidos estabelecessem relações, ou mesmo intervenções, normalmente
nomeadas parcerias ou convênios, com entidades sindicais estadunidenses e, na
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sequência, com as de outros países.
O movimento sindical internacional moderno é resultado direto das articulações e
estratégias políticas das superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial
em sua luta pela hegemonia mundial. Os Estados Unidos e a ex-URSS atuaram em
todos os campos possíveis para defenderem seus pontos de vista e a área sindical
foi um deles. Sem meias palavras: o nascimento do movimento sindical internacional
moderno foi fruto da Guerra Fria. A CIA, nesse contexto, exerceu papel fundamental
para a formatação do movimento sindical internacional moderno, notadamente via a
já mencionada ex-CIOSL (hoje CSI), e AFL e depois AFL-CIO.
4.1A relação genética entre Guerra Fria e movimento sindical internacional
Mesmo tendo sido a ex-URSS invadida pelas forças do Eixo, em 1941 alguns
sindicatos soviéticos fizeram contato com entidades sindicais britânicas e
estabeleceram as primeiras conversações no sentido de se formar uma nova
organização sindical internacional global iii. Foi então que em novembro de 1943 a
central sindical britânica TUC – Trades Unions Congress – convidou 71
organizações sindicais para um encontro mundial, marcado para ocorrer em 1944 e
objetivando discutir a criação de uma nova entidade sindical global. O evento foi
postergado para 1945, em Londres, onde 204 delegados de 53 organizações
sindicais, nacionais e internacionais, representando 60 milhões de trabalhadores,
estiveram presentes. A ausência mais significativa foi a da estadunidense AFL que
se recusava a compartilhar qualquer tipo de reunião com os sindicalistas soviéticos iv.
Entretanto, outra importante entidade sindical estadunidense, a CIO – Congress of
Industrial Organizations – não só participou do evento, como também foi a principal
mediadora entre os dois grupos dominantes do encontro. Um dos grupos era o
liderado pelos soviéticos, o Conselho Central da União Sindical da URSS (All Union
Central Council of Trade Unions), e o outro o dos britânicos, liderados pela TUC, que
tinham sob sua orientação os belgas, holandeses, nórdicos e suíços. Além dessas
entidades sindicais, havia um terceiro grupo formado pelos franceses da CGT, os
chineses com a Federação Chinesa (ACFTU – All-China Federation of Trade
Unions) e a Confederação de Trabalhadores da América Latina. Desse encontro,
cria-se um comitê cuja responsabilidade é a organização de um congresso sindical
mundial para a constituição da nova entidade sindical internacional. Em outubro de
1945 na cidade de Paris nasce assim a FSM (Federação Sindical Mundial – WFTU:
World Federation of Trade Unions). Nesse evento participaram representantes de 67
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milhões de trabalhadores de 56 organizações nacionais e 55 países, além de outras
20 organizações sindicais internacionais. Seu primeiro presidente eleito é o
representante do TUC inglês, Walter Citrine e o secretário-geral, L. Saillant da CGT
francesa. Assim, de acordo com a ocupação dos seus dois cargos mais importantes,
a FSM, no momento de sua criação, ainda não está dominada pelos soviéticos. Além
da AFL ter ficado de fora, a então CISC (Confederação Internacional dos Sindicatos
Cristãos – IFCTU: International Federation of Christian Trade Unions) igualmente
resolve não se fundir à jovem FSM. Durante o próprio congresso de fundação da
FSM se constituem as posições político-sindicais baseadas no modelo de divisão
ideológica da Guerra Fria que se iniciava: de um lado a superpotência capitalista,
Estados Unidos, pressionando pelos ideais liberais e de outro a superpotência
soviética defensora de seu peculiar modelo socialista/comunista. No congresso, os
sindicalistas soviéticos pregavam um movimento atrelado ao Estado. Por exemplo,
defendiam a concepção de que as FSIs não deveriam ser autônomas em relação à
FSM, mas na verdade, simples departamentos de sua estrutura, o que se
consolidou. Não fazendo parte da FSM, a AFL instala, em 1946, uma representação
em Bruxelas e, por meio de Irving Brown, procura a partir de então, agrupar em
torno de si os chamados sindicatos “livres”. Por parte da URSS, dois meses após o
lançamento do Plano Marshall em julho de 1947 pelos Estados Unidos, os soviéticos
criam o Cominform: Communist Information Bureau. Seu propósito era coordenar as
ações dos partidos comunistas europeus. Aprofunda-se, portanto, a Guerra Fria com
o exacerbamento do combate ideológico. Essa situação na política externa
internacional será diretamente refletida no movimento sindical internacional. Ainda
dentro da FSM, mas contando também com a participação de entidades de
trabalhadores não filiadas a ela, sindicatos pró-Plano Marshall organizam em março
de 1948 uma conferência. Reúnem-se assim, as centrais sindicais da Grã-Bretanha,
Bélgica, Holanda, Luxemburgo, Escandinávia, Suíça, a AFL e a CIO dos Estados
Unidos, além das organizações sindicais filiadas à CISC, a francesa FO, os cristãos
da Confederação Geral Italiana do Trabalho (fundada em 1944) e sindicatos
alemães. O encontro foi claramente contrário aos comunistas que rechaçavam o
Plano Marshall. Entretanto, o Comitê Executivo da FSM, dominado pelos soviéticos,
chineses e franceses rejeitam a proposta em sessão de janeiro de 1949. O grupo
perdedor (TUC inglês, a Central dos Países Baixos - NVV; a CIO e mais as centrais
sindicais da Noruega, Nova Zelândia, Dinamarca, Áustria, Austrália, Suécia, Bélgica
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e Suíça) deixa a sessão e se desfiliam da FSM. Em dezembro do mesmo ano ocorre
o 1º Congresso da CIOSL com a presença de entidades sindicais de 53 países
representando 48 milhões de trabalhadores. Claramente se vê aqui a forte influência
da Guerra Fria na criação e divisão do movimento sindical internacional moderno.
Interessante observar o fato de que, antes da criação da CIOSL, as parcerias
sindicais ocorriam, fundamentalmente, entre URSS, EUA e Inglaterra; o que
reproduzia a Aliança da Segunda Guerra Mundial. Depois, com a criação da CIOSL
e da FSM, o cenário sindical internacional também passou a refletir a oposição
URSS X EUA, característica da Guerra Fria. A reprodução das divisões e parcerias
da política externa pelo movimento sindical internacional corrobora a ideia de uma
grande influência, ou mesmo determinação, da Guerra Fria no sindicalismo global.
Segundo Cox, as organizações internacionais possuem determinadas características
quando desenvolvem o papel de defensoras de visões hegemônicas. Tais
particularidades se ajustam perfeitamente às organizações sindicais em debate,
entre elas a CIOSL: incorporam as ideias que facilitam a expansão da ordem
mundial hegemônica; são produto da ordem mundial hegemônica, tendo o apoio do
Estado-hegemônico; ideologicamente legitimam as normas da ordem mundial ao
desenvolverem ideias para serem seguidas pelas forças sociais e políticas de outros
países (em nosso caso, os sindicatos dos países periféricos); cooptam as elites dos
países periféricos – novamente, em nosso caso, as lideranças sindicais de todas as
partes do mundo e neutralizam as ideias contra hegemônicas. Isso ocorre, no caso
da CIOSL e no período em que estamos estudando a entidade (1949 a 1969), na
medida em que a organização é contrária a qualquer iniciativa política que classifica
como sendo diversa de seus princípios, mesmo que não estivessem atreladas ou
relacionadas ao domínio soviético. Cox afirma que o sindicalismo estadunidense,
desde a Segunda Guerra, é uma ferramenta internacional para a expansão do
capitalismo a partir do interesse dos Estados Unidos e para isso, subordinando o
movimento sindical de outros países.
4.2
CIOSL/ORIT, AFL-CIO, a CIA e demais entidades internacionais afins
Durante a Guerra Fria e até hoje, apesar de algumas mudanças, estabeleceu-se, em
nível mundial, uma complexa rede de entidades sindicais globais, por iniciativa dos
Estados Unidos, que possibilitaram enorme influência e poder de seus pontos de
vista sobre o sindicalismo de vários países, contribuindo assim para a construção da
hegemonia estadunidense no planeta. vDuas agências governamentais dos Estados
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Unidos tiveram papel preponderante na articulação sindical internacional: a CIA vi e a
USAIDvii. Entre elas e as principais organizações sindicais dos Estados Unidos e
internacionais criou-se uma ampla rede de colaboração. Uma das entidades é a
AIFLDviii. Esta possuía estreitas ligações com a CIA e a USAIDix, cujo patrocínio era
realizado por corporações transnacionais estadunidenses x. Segundo seu primeiro
diretor executivo (1961-1966), Serafino Romualdi, não lhe faltava recursos xi. Seu
Conselho Diretor era preenchido tanto por líderes sindicais como empresários de
transnacionais com sede nos Estados Unidos xii, uma mistura, no mínimo, com claros
conflitos de interesses. Controlada pela CIAxiii e financiada pelo USAID, a AIFLD, sob
o nome de “ação cívica” desenvolvia a política trabalhista dos Estados Unidos na
América Latina, entre elas propaganda geral, projetos de educação, habitacionais,
cooperativas de crédito, serviços comunitários etc xiv. Mantinha ainda, no estado da
Virgínia, a famosa escola sindical de tempo integral Front Royal Institute e mais 11
centros sindicais em capitais latino-americanas que atendiam 19 países xv. Outra
organização fundamental para compreendermos a ligação entre o governo dos
Estados Unidos, especificamente a CIA, e o movimento sindical internacional, no
caso, a CIOSL, é a ORITxvi. Esta colocava em prática a missão sindical da CIOSL na
América Latina. No Brasil a ORIT apoiava, no pré-golpe de 1964, por exemplo, o
MSDxvii. Internacionalmente, segundo Dreifuss xviii, a ORIT era também “(...) reflexo da
AFL-CIO (...)” cujo “(...) objetivo principal (...) foi sempre ‘lutar contra o comunismo e
promover o sindicalismo democrático’. Ela pregava ‘a reforma no sistema capitalista
existente, negando a existência de antagonismos de classe’, ao mesmo tempo
destacando os Estados Unidos como um exemplo das recompensas que o sistema
poderia conferir às classes trabalhadoras e ao trabalho organizado”. Interessante
para nosso propósito reproduzir a nota de Dreifuss (2008) em sua referida obra xix:
“(...) Além disso, a ORIT, na realidade, forma apenas um elo em uma vasta cadeia
de agências e organizações que compõem a rede imperialista que tenta controlar e
manipular o trabalhismo latino-americano. Seus métodos variam e, às vezes,
parecem trabalhar para finalidades contrárias, mas o objetivo central continua sendo
o abafamento de movimentos de classe trabalhadora militante de esquerda e a
promoção do sindicalismo no estilo norte-americano ou, no mínimo, de formas
cristãs amenas ou social-democráticas. A rede é vasta e engloba órgãos nacionais e
internacionais. Uma lista parcial inclui a Aliança para o Progresso e a USAID, a OEA
e o BID, a International Trade Secretariats xx, a AFL-CIO, as seções trabalhistas de
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todas as embaixadas americanas no hemisfério, fundações particulares como a
International Development Foundation (IDF), o Council on Latin America, Inc. e a
CIA”. Vinculados a essas organizações estatais e sindicais estão lideranças que
tomaram a frente na internacionalização da proposta sindical estadunidense, entre
elas, destacamos George Meanyxxi, Irvin Brownxxii e Jay Lovestonexxiii, além de
Serafino Romualdxxiv e J. Peter Gracexxv. A AFLxxvi precede o próprio governo dos
Estados Unidos na luta da Guerra Fria, pois a CIA somente é criada em 1947 e a
AFLxxvii já atuava no cenário sindical mundial apoiando a política liberal antes dessa
data. Em um primeiro momento a aliança se dava entre AFL e a OSS (Office of
Strategic Services)xxviii. Apesar de a relação ser negada formalmente pela AFL-CIO,
inclusive na pessoa de seu então presidente George Meany e seu ativo braço
direito, Irving Brown, a conexão da CIA é reconhecida. Nesse ponto é fundamental
fazermos um parêntesis para identificarmos Brown com um pouco mais de atenção,
personagem essencial da relação da CIA com o movimento sindical internacional.
Durante a maior parte de sua vida trabalhou intensamente, em nível internacional,
para a difusão das ideias liberais, leia-se anticomunistas, no movimento sindical por
todo o mundo. Além de agente da CIA foi dirigente sindical da AFL-CIO de 1945 até
1986. Organizou e participou de inúmeros projetos e operações com o intuito não só
de criar sindicatos anticomunistas, como também tomar os que não defendessem a
ideologia liberal, além de contribuir ativamente organizando golpes contrários a
governos populares na América Latina. A lista de suas contribuições é abundante.
Citamos algumas:
•
Apoiou, inclusive financeiramente, a criação da FOxxix (Force Ouvrière) – a
oposição sindical da Confédération Générale du Travailxxx em 1945, além de
ter participado, na França, de outros sindicatos anticomunistas;
•
Em 1949 apoiou a dissidência da FSM para então se criar a CIOSL;
•
Em 1950 contribuiu estrategica e financeiramente para a criação da
anticomunista federação sindical italiana CISL, tendo feito o mesmo também
na Grécia;
•
Nesse mesmo ano foi escolhido membro do Comitê Executivo do CCF
mundial (Congress for Cultural Freedom), braço cultural do governo dos
Estados Unidos, estruturado via CIA, e que serviu como ferramenta para o
que ficou conhecido como Cultural War da Guerra Friaxxxi.
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•
Em 1952 já possuía fama mundial por suas ações políticas anticomunistas xxxii;
•
Entre 1951 e 1953 a CIA lhe subvencionou com 1 milhão de dólares por ano
(valores da época) – sendo que em 1954 o valor foi de 1,6 milhão;
•
Participou ativamente e ainda subsidiou movimentos anticomunistas na
Algéria, Chile entre outros.
•
Em 1962 funda com Jay Lovestone, o American Institute for Free Labor
Developmen (AIFLD) para a América Latina.
Por suas inestimáveis contribuições pela “liberdade”, em 1988, foi condecorado pelo
então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, outro grande defensor da
“liberdade”, com a Medalha Presidencial da Liberdade. Cox, por exemplo, cita que
em uma reunião secreta ocorrida em 08 de janeiro de 1968 na cidade de Nova
Iorque, cujo conteúdo veio a público, Meyer Bernstein, diretor de Relações
Internacionais do Sindicato dos Metalúrgicos dos EUA reconhece que era sabido
antes de maio de 1967 o apoio da CIA aos programas sindicais. A relação entre a
AFL e o governo dos EUA se aprofundou com a fusão da primeira com a CIO em
1955. George Meany, tinha não só muito espaço na política externa do governo
federal como também recursos para a AFL-CIO. Na década de 50 o prestígio e
recursos de Meany eram tão abundantes que em 1953 ele conseguiu impedir que o
TUC inglês elegesse um representante para a direção executiva da CIOSL,
colocando na entidade seus aliados: Israeli Histadrut, Omer Becu (como secretáriogeral) e ainda o já mencionado seu braço-direito Irving Brown no staff da CIOSL.
Sempre que questionado sobre o recebimento de recursos da CIA e da USAID,
Meany, negava veementemente. Entretanto, o peso exercido sobre a CIOSL é
inegável. Entre 1959-1961 o papel de defensor do capitalismo exercido pela AFLCIO tornou-se mais claro com a criação da AIFLD xxxiii (American Institute for Free
Labor Development). Contando em sua criação com abundantes recursos é um
braço da AFL-CIO para a América Latina. Uma de suas vantagens é de poder atuar
livremente sem as restrições de uma entidade sindical internacional. Segundo Cox,
entre os financiadores da entidade estão a ITT, Kennecott Copper Corp., The
Anaconda CO., The United Fruit Co., the First National City Bank e o Chase
Manhattan Bank. Para o ex-agente da CIA, Philip Agee, a AIFLD era um centro
sindical controlado pela CIA e financiado pela USAID. Esse poder adquirido pela
AFL-CIO, especialmente durante a administração de Meany permite compreender o
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campo amplo de influência nas mãos da central sindical estadunidense. Cox nos
oferece ainda mais análises sobre fatos extremamente importantes que fortalecem a
relação AFL, CIA e consequentemente junto à CIOSL. Com o intuito de contribuir
para a “construção de sociedade livres” na América Latina, a AFL-CIO junto com a
CIA conspiraram pela derrubada de Arbenz na Guatemala em 1954, ação
financeiramente apoiada pela United Fruit Co. Em 1963-64 a AIFLD participou do
golpe que derrubou Goulart da presidência do Brasil. William Doherty (identificado
no presente texto como agente da CIA e diretor da PTTWI), e também diretor do
Departamento de Projetos Sociais da AIFLD e posteriormente seu diretor executivo,
afirmou em entrevista em 12 de julho de 64 que o que ocorreu em 01 de abril não só
foi planejado como com meses de antecedência e que muitos dos líderes sindicais
pró-golpe no Brasil foram de fato formados pela AIFLD. Novamente aqui é possível
entender o interesse, por parte da AFL-CIO, em dominar a CIOSL: usá-la como
ferramenta internacional para expandir o ideário liberal entre os trabalhadores.
Apesar de a origem da CIOSL estar diretamente vinculada à Guerra Fria, à AFL-CIO
e às nefastas atividades sociais, econômicas, culturais e políticas da CIA é
primordial deixar claro que o presente estudo diz respeito a um período que vai de
1949 com a própria fundação da CIOSL até 1969, isto é, a configuração da CIOSL
nesse período, não corresponde necessariamente com a atual CSI. Nessa data a
AFL-CIO se desfilia da CIOSL devido ao acirramento ainda maior das divergências
ideológicas. A gota d´água foi o apoio do todo-poderoso presidente da AFL-CIO,
George Meany, dado à guerra no Vietnã promovida pelos Estados Unidos xxxiv. Além
disso, a CIOSL tinha de mostrar alguma autonomia e independência, principalmente
aos seus membros europeus frente ao poder político exercido por Meany na
entidade, isso fez com que a CIOSL dificultasse um pouco as incursões da AFL-CIO.
Há, portanto, inúmeras indicações das ligações entre a CIA e a CIOSL. Sejam elas
via AFL-CIO (especialmente) ou por meio da AIFLD ou ainda devido seus dirigentes
que acumulavam cargos entre tais organizações, referimo-nos aos citados George
Meany (principalmente), mas também Irvin Brown, Jay Lovestone e Serafino
Romualdi.
Bibliografia
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CANCELLI, Elizabeth. Intelectualidade e Poder: inconformidade na Guerra Fria.
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DREIFUSS, René Armand. 1964: A Conquista do Estado – Ação Política, Poder e
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RODRIGUES, Eduardo M. A Importância da Organização Internacional dos
Trabalhadores em Empresas Transnacionais – 2000 a 2010: O Comitê Mundial de
Trabalhadores da Daimler AG. Anais do Terceiro Encontro Nacional da Associação
Brasileira de Relações Internacionais, 2011.
SANTOS, Boaventura de S. (org.). Trabalho o Mundo: Os Caminhos do Novo
Internacionalismo Operário. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 2005.
SPALDING Jr, Hobart A. U.S. and Latin America Labor: the dynamics of imperialist
control. In: J. Nash ed., Ideology and social change in Latin America. New York,
Gordon and Breach, 1977.
TIME. The most dangerous man, 1952.
WORLD FEDERATION OF TRADE UNIONS. Report of Action: 2006-2010 – Action
Speaks. Athens, 2011.
i
Em inglês, ICFTU: International Confederation of Free Trade Unions.
Uma dada classe social pode exercer a hegemonia, mas para que isso seja possível, não é necessário o poder
absoluto. Normalmente deve-se fazer concessões às classes não-hegemônicas para o consentimento do domínio social
por uma determinada classe. Por exemplo, a social-democracia, historicamente, impede a destruição do capitalismo
enquanto modo de produção hegemônico ao suavizar as condições para as classes trabalhadoras. Isso obviamente
ocorre se a Sociedade Civil está suficientemente organizada para exigir um “contrato social”. Caso contrário, a classe
dominante, pela coerção, obriga a aceitação de sua hegemonia sem concessões.
iii
A primeira CSM foi a CISC (Confederação Internacional dos Sindicatos Cristãos). Sua fundação ocorreu em 1920 sob
a filosofia cristã enquanto uma alternativa ao movimento sindical secular na Europa. Teve sua denominação alterada
para CMT em 1968 (Confederação Mundial do Trabalho) até desaparecer quando em 2006 se fundiu com a CIOSL,
compondo a, até hoje, CSI.
iv
Desde os primórdios do atual quadro das CSMs fica patente a aversão comunista da AFL.
v
O exame sobre as funções, articulações e vínculos entre organizações sindicais e governamentais dos Estados Unidos
e de vários outros países foi baseada principalmente em Dreifuss (2008) páginas 324 a 338.
vi
Central Inteligence Agency.
vii
USAID: United States Agency for International Development http://www.usaid.gov/ criada em 1961 durante a
administração Kennedy. Tem o objetivo de desenvolver programas de assistência em todo o mundo. Segue orientação
da Secretaria de Estado dos EUA.
viii
American Institute for Free Labor Development foi fundada em 1962 sob os auspícios da AFL-CIO por meio de
recursos do governo dos Estados Unidos, via USAID. Em 1997 se funde com a AAFLI (Asian-America Free Labor
Institute) e a AALC (African-American Labour Centre) constituindo a American Center for International Labor Solidarity
www.solidaritycenter.org.
Dreifuss (2008) página 334.
x
Anaconda CO., Pan American Airways, I.T.T., EBASCO e Merck&Co. Dreifuss (2008), página 334.
xi
Dreifuss (2008), página 334: “auspiciosa instituição com um orçamento de muitos milhões de dólares e ramificações
em praticamente todos os países da América Latina e da região do Caribe”.
xii
Alguns membros do Conselho Diretor da AIFLD: George Meany, Serafino Romualdi e J.P. Grace (já referidos), Joseph
Beirne (colaborador das operações trabalhistas da CIA e diretor da Post, Telegraph and Telephone Workers
International - PTTWI), William C. Doherty Jr (diretor da PTTWI), Charles Brinckerhoof (diretor-presidente da Anaconda
CO.), William M. Hickey (presidente da United Corporation), R.C. Hill (diretor da Merck and Co), Juan C. Trippe (diretorpresidente da Pan American World Airways) e Henry S. Woodbridge (diretor-presidente da Tru-Temper Copper
Corporation). Dreifuss (2008, página 335).
xiii
Serafino Romualdi era, cumulativamente, diretor da AIFLD e da CIA. Além disso,o também já referido William Doherty
Jr era diretor da PTTWI e agente da CIA. Ver Dreifuss (2008) página 335.
xiv
Dreifuss (2008), páginas 335 e 336.
xv
Dreifuss (2008), páginas 337 e 338.
xvi
ORIT: Organização Regional Inter-Americana de Trabalhadores (Interamerican Regional Organization). Era uma das
regionais continentais da ex-CIOSL. Em 2006 com a fusão desta e a CMT (Confederação Mundial do Trabalho) foi
constituída a CSI (Confederação Sindical Internacional). Atualmente a correspondente da ex-ORIT é a CSA
(Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas) fundada em 2008. A ORIT foi criada em 1951
por Serafino Romualdi (já qualificado no presente estudo como diretor da AIFLD e da CIA). Segundo nota de Dreifuss
(2008) página 332: a ORIT “(...) operava como um dos principais mecanismos para as operações trabalhistas da CIA,
que mantinha considerável controle sobre ela”.
xvii
MSD: Movimento Sindical Democrático, controlado pelo complexo IPES/IBAD (Instituto de Pesquisa e Estudos
Sociais/Instituto Brasileiro de Ação Democrática) tratava-se de um movimento sindical anticomunista e extremamente
radical cujos líderes políticos (diretos e indiretos) eram Adhemar de Barros (governador de São Paulo), Herbert Levy
(líder da UDN e empresário paulista, Carlos Lacerda etc) – Dreifuss (2008) página 331.
xviii
Dreifuss (2008) página 332.
xix
Spalding (1977).
xx
É a denominação para as atuais FSIs (Federações Sindicais Internacionais) em inglês GUFs: Global Unions
Federations http://www.global-unions.org utilizada no período da Guerra Fria: em português Secretariados Profissionais
Internacionais (SPIs), em inglês: International Trade Secretariats.
xxi
Geroge Meany foi presidente da AFL de 1952 e 1955. Tendo sido um dos principais articuladores de sua fusão com a
CIO em 1955, tornou-se o primeiro presidente de AFL-CIO, cargo que exerceu até 1979. Foi também diretor da AIFLD e
da CIOSL (Dreifuss, 2008 – página 335). Durante a Segunda Guerra trabalhou para o NLRB (National Labor Relations
Board).
Irvin Brown foi dirigente da AFL-CIO de 1945 a 1986 e agente da CIA.
xxiii
Era também agente da CIA. Antes havia sido membro do Partido Socialista e do Partido Comunista dos Estados
Unidos (1919-1929). Entre 1944 a 1957 foi Secretário Executivo do Comitê para Sindicatos Livres da AFL e entre 1963 a
1974 diretor do departamento de Assuntos Internacionais da AFL-CIO.
Já identificado no presente trabalho.
xxv
Presidente do poderoso grupo empresarial W.R. Grace Corporation, do Comitê da Aliança para o Progresso e, em
1962, da AIFLD.
xxvi
Até o final do presente subcapítulo, utilizamos como referência para nossas análises Cox (1996).
xxvii
A AFL foi fundada em 1886.
xxviii
A OSS foi a agência de inteligência dos EUA (espionagem) que precedeu a CIA e operou durante a Segunda
Guerra.
ii
ix
xxii
xxiv
xxix
Desde sua fundação até 1986 Irving Brown participa de todos os congressos anuais da FO.
Isso, por exemplo, facilitou o embarque de mercadorias dos EUA nos portos franceses, controlados por sindicatos da
CGT.
xxxi
Cancelli (2004) pág. 114.
xxxii
Em 17 de março de 1952 a revista TIME publica uma matéria sobre Irving Brown onde descreve suas ações
sindicais anticomunistas em vários países, cujo título é The Most Dangerous Man: “O Homem mais perigoso”. A matéria
pode ser acessada pelo link http://www.time.com/time/magazine/article/0,9171,816103-1,00.html .
xxxiii
Desde 1997 foi transformada na American Center for International Labor Solidarity, mais conhecida como Solidarity
Center.
xxxiv
O apoio de Meany aos Estados Unidos era total. Não só em relação às suas políticas, mas também à sua ideologia,
conforme citação de Dreifuss (2008) sobre discurso de Meany em 1965, pág. 336: “(...) Nós cremos no sistema
capitalista e somos membros da sociedade capitalista. Somos dedicados à preservação desse sistema, que traz
recompensas aos trabalhadores...Não estamos dispostos a permutar o nosso sistema por nenhum outro”.
xxx
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