poderoso, o Movimento 969 nasceu no monastério de Masoyeim, em Mandalay, e é encabeçado pelo monge U Wirathu309. Fazendo discursos inflamados contra muçulmanos, o monge e seu movimento têm como objetivo a expulsão completa dos Rohingya do território de Myanmar. Quando se compreende qual é a vertente do budismo praticada em Myanmar, e qual o papel dos monastérios nesta tradição, fica mais fácil de compreender a grande influência e poder do movimento na sociedade. Na tradição da Theravada, vertente do Budismo praticada em Myanmar e uma das mais tradicionais e conservadoras, os monges ocupam um local central não apenas na vida religiosa das comunidades, mas em todos os ambitos sociais. Mary Fisher afirma que essa posição social de reverência aos monges nasce do fato de que eles são enxergados como figuras de autocontrole, bondade e inteligência. As pessoas comuns são compreendidas como sendo impróprias à prática da religião de forma independente, tendo sua participação limitada a suportar os monastérios na forma de dízimos aos monges, para só assim adquirir a possibilidade e o mérito para renascimentos, tão importantes para a crença budista. Com essa inserção e importância na sociedade, os monges tem grande influência nos rumos do país e na organização social, o que explica em grande parte o seu papel em disseminar o preconceito e violência contra os muçulmanos Rohingya. Os monges acreditam que a comunidade muçulmana do país representa uma ameaça ao país inteiro e a sua religião dominante. Conforme Francis Wade em sua análise das ondas de violência contra muçulmanos, o local de nascimento da movimentação xenófoba é justamente onde o mundo ocidental menos espera, um monastério, o de Moulmein mais especificamente, no sul do país. Foi neste monastério que nasceu o movimento 969, que é responsável por incentivar a violência contra os muçulmanos, de lá saem os adesivos que podem ser encontrados em diversas cidades de Myanmar, adesivos com o nome do grupo e que são compreendidos por muitos The monks who hate muslims 2. 309 Anais da 4ª Semana de Direitos Humanos da UFSC: Construção da Paz e Segurança Internacional 467