1 FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DO ESTADO DE SÃO PAULO SEBASTIÃO RONALDO DE OLIVEIRA FILHO ESTUDO DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Estudo de Caso na Rede de Informações de Crédito São Paulo 2005 2 SEBASTIÃO RONALDO DE OLIVEIRA FILHO ESTUDO DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Estudo de Caso na Rede de Informações de Crédito Dissertação apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do titulo de Mestre em Administração de Empresas. Campo de Conhecimento: Gestão da Cadeia de Suprimentos, Logística e Operações. Orientador: Prof. Dr. João Mário Csillag São Paulo 2005 3 OLIVEIRA FILHO, Sebastião Ronaldo. Estudo da Gestão da Cadeia de Suprimentos - Estudo de Caso na Rede de Informações de Crédito / Sebastião Ronaldo de Oliveira Filho – 2005. 173 f. Orientador: João Mário Csillag Dissertação (mestrado) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo. 1. Gestão de Relacionamentos. 2. Redes de Suprimentos. 3. Informação. 4. Crédito. I. Oliveira, Ronaldo. II. Dissertação (mestrado) – Escola de Administração de Empresas de São Paulo. III. Título. 4 SEBASTIÃO RONALDO DE OLIVEIRA FILHO ESTUDO DA GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Estudo de Caso na Rede de Informações de Crédito Dissertação apresentada à Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas, como requisito para obtenção do titulo de Mestre em Administração de Empresas. Campo de Conhecimento: Gestão da Cadeia de Suprimentos, Logística e Operações. Data de Aprovação: __/__/____ Banca Examinadora: Prof. Dr. João Mário Csillag (Orientador) FGV-EAESP Prof. Dr. José Roberto Montes Heloani FGV-EAESP Prof. Dr. Alexandre Reis Graeml CEFET-PR 5 AGRADECIMENTOS A Escola de Administração de Empresas de São Paulo, que desde o CEAG tem orientado minha carreira e que me transformou no profissional que sou e que pretendo sempre ser, confiante em vencer os desafios da vida. Agradeço aos professores, com quem tive a honra de trabalhar e o privilégio de receber seus ensinamentos. Aos honoráveis Professores membros da banca, José Roberto Montes Heloani e Alexandre Reis Graeml, e aos Professores Luis Carlos Dí Sério, Henrique Corrêa, expresso a minha gratidão. Agradecimento ao Sr. Elcio Aníbal de Lucca, Sr. Líbio Seixas, Sr. Ricardo Loureiro, Sr. Alexandre Figueiredo, Sr. Ivan Franzolim, Sr. Nilson Amado dos Santos, e aos demais colegas da Serasa pela ajuda e o tempo precioso dispensado. Agradecimento especial ao Professor João Mário Csillag, meu orientador, pela confiança depositada, tempo investido e afetuoso acompanhamento e a colega Natércia Carona, que muito me ajudou durante a jornada de construção das “perguntas” que eu tanto buscava. E agradeço à minha pequena família, minha esposa Marta e ao pequeno Bernardo, pela paciência de ver o marido e pai sempre estudando ou escrevendo. 6 Resumo Atualmente, a globalização dos mercados consumidores tem feito com que as empresas procurem ampliar suas vendas de produtos e serviços para consumidores ao redor de todo o mundo. O crédito para pessoas físicas e jurídicas figura hoje em dia como grande fator para a melhoria das condições financeiras a população e do país. Entretanto, a ausência de dados e informações no mercado a respeito dos consumidores, aumenta a incerteza e o risco no momento da venda de produtos e serviço e gera problemas como a inadimplência e a fraude, o que por sua vez, implica em um aumento dos custos de venda. Tais riscos propiciaram o surgimento de empresas de serviços de dados, especialistas em coleta e garantia das informações sobre consumidores e empresas, bem como na análise deste tipo de informação com uma orientação voltada aos clientes que possuem essa necessidade. O propósito dessa pesquisa é ampliar os conhecimentos sobre os relacionamentos nessa rede de informações e como esse mercado se desenvolveu a atualmente interage no Brasil. A pesquisa se aplica à Gestão das Cadeias e Redes de Suprimentos, visto que os relacionamentos envolvem ligações laterais, retroalimentação, trocas mútuas com os diversos atores. É proposto um diagrama do valor das informações de crédito nos processos de compra, tendo sido entrevistadas empresas clientes e fornecedores em vista a enfatizar a evolução da rede de relacionamentos que tais informações envolvem. A pesquisa apresenta os principais aspectos de desempenho dessa rede de suprimentos e sua cadeia produtiva, tendo sido analisado, dentro de um caso de estudo, o tratamento dado às informações, e seu processo de coleta e distribuição. Os resultados da pesquisa demonstram que existem benefícios nesse tipo de estudo, junto às estratégias de relacionamentos, dentro de uma Rede de Suprimento voltado à informação. Palavras-chave: Gestão de Relacionamento, Crédito, Bureau, Informações de Crédito, Cadeia de Valor. 7 Abstract Nowadays, consumer market globalization has urged companies to broaden their sales of goods and services to consumers all around the world. Credit availability, bor for consumers and companies, is a key success factor for improving financial standards of countries and their people. Notwithstanding, the lack of consumer information data in the market increases sales uncertainties and risks. It may increase default and frauds, thus leading to increasing sales costs. This scenario has favored the development of information companies (Credit Bureau), which are specialized in gathering and assuring trustful information on consumers and companies, as well as, the analysis of such information tailored to their customers' needs. The aim of this paper is to access the connections make up an information network and how information market has developed and currently interacts in Brazil. This paper relates to supply and network chain management, once it accesses horizontal liaisons, retro-feeding and mutual data exchange among a variety of players. After a series of company, clients and suppliers, interviews for evaluating their information networks, this paper proposes a value diagram for credit information in the buying process. This research presents the main performance features of both information supply and productive chains, by analyzing a case study o a company's process of capturing, analyzing and distribution of information. The conclusion of this paper states the positive outcomes of an analysis of a company's information supply chain network for their commercial relationships strategy. KEY-WORDS: Relationship Management, Credit, Bureau, Credit information, Value Chain. 8 Lista de Tabelas e Ilustrações Esquemas Esquema 1 – Diagrama de Venn de teorias abordadas durante a pesquisa. ...........19 Esquema 2 – Hélice Dupla, ilustrando as forças sobre setor/produto. ......................45 Esquema 3 – Análise das forças competitivas. .........................................................52 Esquema 4 – Elementos das Parcerias e Relacionamentos. ....................................55 Esquema 5 – Níveis de Pesquisa de Gestão de Cadeia de Suprimentos .................57 Esquema 6 – Diagrama FAST Organização Fornecedora de Informações de Crédito ..................................................................................................................................81 Esquema 7 – Diagrama FAST Organização Focal, Bancos de Dados de Informações de Crédito..................................................................................................................82 Esquema 8 – Diagrama FAST Organização Cliente, usuária de Informações de Crédito ·.....................................................................................................................83 Esquema 9 – Esquema da Rede pesquisada. ..........................................................84 Esquema 10 – Cadeia de Suprimentos de uma empresa de informações................96 Esquema 11 – Fluxo detalhado de produção de informação a partir de dados e seus fornecedores. ..........................................................................................................100 Esquema 12 – Etapas para o desenvolvimento de produtos ..................................101 Ilustrações Ilustração 1 – Comparativo entre a Porcentagem do PIB em Crédito.___________ 22 Ilustração 2 - Expansão da Rede Bancária. _______________________________ 24 Ilustração 3 - Empréstimos feitos em Reais no Brasil. _______________________ 25 Ilustração 4 – Quantidade de clientes de Empréstimos feitos no Brasil. _________ 25 Ilustração 5 – Intensidade de contato entre consumidor e serviço _____________ 38 Ilustração 6 – Cadeia Comercial ________________________________________ 41 Ilustração 7 - Os cinco degraus de resultados trazidos pela inovação tecnológica________________________________________________________ 48 Ilustração 8 - O modelo de Venkatraman. ________________________________ 51 Ilustração 9 – Dinâmica do feedback positivo. _____________________________ 63 Ilustração 10 – Tipo de Bibliografia_____________________________________ 171 Ilustração 11 – Anos de Publicação.____________________________________ 171 Ilustração 12 – Rede de Suprimentos da Informação de Crédito______________ 173 9 Tabelas Tabela 1 – Segmentos de Crédito no Brasil _______________________________ 26 Tabela 2 – Cobertura das Informações de Crédito no Brasil. _________________ 27 Tabela 3 - Organizações burocráticas e as organizações de redes. ____________ 42 Tabela 4 – Comparativo das Operações Internas e Externas _________________ 44 Tabela 5 – Definições do conhecimento científico __________________________ 65 Tabela 6 - Paradigmas e referenciais de análise,___________________________ 68 Tabela 7 - Estratégias das pesquisas sociais. _____________________________ 73 Tabela 8 - Maiores Fornecedores de Informações de Crédito no Brasil, 2002.____ 76 Tabela 9 - Perspectivas para ampliação e modernização do setor de telecomunicações.___________________________________________________ 77 Tabela 10 - Tabela de Entrevistados por Empresa _________________________ 85 Tabela 11 - Tabela de Fases de Análise. _________________________________ 87 Tabela 12 - Missão, Negócio e Política da Qualidade._______________________ 94 Tabela 13 – Estratégias Anuais ________________________________________ 95 Tabela 14 - Segmentação de Clientes __________________________________ 106 Tabela 15 – Canais de Comunicação com Clientes. _______________________ 107 Tabela 16 – Quadro dos fornecedores de informação, bens e serviços. ________ 112 Tabela 17 - Quadro de meios de Comunicação com Fornecedores e Indicadores de desempenho.______________________________________________________ 113 10 Sumário CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO................................................................................... 12 CAPÍTULO 2 O PROBLEMA DA PESQUISA......................................................... 15 2.1 2.2 RELEVÂNCIA DO TEMA .......................................................................................... 18 OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ............................................................................... 19 CAPÍTULO 3 REVISÃO TEÓRICA ......................................................................... 21 3.1 O CRÉDITO NO BRASIL .......................................................................................... 21 3.1.1 Aspectos Econômicos do Crédito e das informações de Crédito no Brasil..... 23 3.1.2 As Informações e Custo de Transação........................................................... 28 3.1.3 Assimetria de Informações ............................................................................ 30 3.1.4 Informação de Crédito.................................................................................. 32 3.1.5 O conceito de Serviço de Informações e Banco de Dados de Crédito ............ 37 3.2 CADEIAS E REDES DE SUPRIMENTOS ...................................................................... 39 3.2.1 Estratégias de Operações ............................................................................. 40 3.2.2 Estratégia tecnológica .................................................................................. 45 3.2.3 Cadeias e Redes de Suprimento da Informação............................................. 53 CAPÍTULO 4 METODOLOGIA ............................................................................... 64 4.1 O CONHECIMENTO CIENTÍFICO .............................................................................. 64 4.2 O MÉTODO DA PESQUISA ....................................................................................... 71 4.3 EXECUÇÃO DA PESQUISA ....................................................................................... 74 4.3.1 Perguntas e Proposições............................................................................... 74 4.3.2 Unidade de Análise e Fronteiras do Estudo de Caso..................................... 75 4.3.3 Lógica entre Dados e Proposições – Instrumentos e Coleta de Dados........... 78 4.3.4 Critérios de Interpretação, Tratamento e Análise dos Dados. ....................... 86 CAPÍTULO 5 CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO FOCAL, SEUS CLIENTES E FORNECEDORES. ................................................................................... 89 5.1 ORGANIZAÇÃO FOCAL ........................................................................................... 89 5.1.1 História e Caracterização............................................................................. 89 5.1.2 Valores da Empresa...................................................................................... 94 5.2 OPERAÇÕES........................................................................................................... 96 5.2.1 Captação de dados ....................................................................................... 97 5.2.2 Processamento.............................................................................................. 98 5.2.3 Armazenagem ............................................................................................... 99 5.2.4 Disponibilização........................................................................................... 99 5.3 O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS ................................................ 100 5.4 CLIENTES DA EMPRESA ....................................................................................... 105 5.4.1 Relacionamento da Organização Focal com seus os clientes ...................... 107 5.5 FORNECEDORES DA EMPRESA .............................................................................. 110 5.5.1 Relacionamento da Organização Focal com os Fornecedores .................... 114 5.6 ANÁLISE DOS RELACIONAMENTOS COM A ORGANIZAÇÃO FOCAL .......................... 117 5.6.1 Os Clientes e a Organização Focal............................................................. 117 5.6.2 Os Fornecedores e a Organização Focal .................................................... 120 5.7 ANALISANDO OS RELACIONAMENTOS DA REDE DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO ..... 124 CAPÍTULO 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 126 11 6.1 CONFRONTO DAS VISÕES DAS ORGANIZAÇÕES ..................................................... 126 6.1.1 A Organização Focal e seus fornecedores................................................... 126 6.1.2 A Organização Focal e seus clientes........................................................... 129 6.2 SÍNTESE DA ANÁLISE ........................................................................................... 130 6.2.1 Convergências ............................................................................................ 130 6.2.2 Divergências............................................................................................... 131 6.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE RELAÇÕES EMPÍRICAS E TEÓRICAS ENCONTRADAS ......... 132 CAPÍTULO 7 7.1 7.2 7.3 CONCLUSÕES E LIMITAÇÕES ................................................... 137 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ................................................................................... 146 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ................................................................................... 147 SUGESTÕES DE PESQUISAS FUTURAS .................................................................... 148 CAPÍTULO 8 BIBLIOGRAFIA............................................................................... 151 CAPÍTULO 9 ANEXOS ........................................................................................... 158 9.1 9.2 9.3 ANEXO A – QUESTIONÁRIOS ................................................................................ 159 ANEXO B – ANÁLISE DA BIBLIOGRAFIA ............................................................... 171 ANEXO C – MAPA DE UMA REDE DE INFORMAÇÕES DE CRÉDITO .......................... 172 12 CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO O propósito desta pesquisa é contribuir tanto para o acúmulo de conhecimento acadêmico quanto para a melhoria de práticas no mundo empresarial que reflitam no avanço do crédito e do País. Para isso foram pesquisados dados sobre gerenciamento de cadeias de suprimento e relacionamentos entre os elos da cadeia focando no mercado de informações de negócios. Além disso, são agregadas informações macroeconômicas sobre crédito voltado para a problemática da inadimplência e a assimetria de informações. O foco principal é o conjunto de relacionamentos dos elos da cadeia de suprimento das informações de crédito e como essas relações evoluem se comportam e se modificam ao longo dessa cadeia até o consumidor da informação. O resultado dessa pesquisa mostra que existe espaço para entendimento da cadeia de informações e que pode ser aplicada a outros segmentos em que os produtos/serviços se comportem de forma semelhante. A metodologia utilizada é do estudo de caso, sendo o objeto do estudo de caso uma empresa brasileira do ramo de serviços de informações de crédito. Esta dissertação é composta por nove capítulos. Além da Introdução, seguem-se os capítulos de “Problema de Pesquisa”, “Revisão Teórica”, “Metodologia de Pesquisa”, “Resultados da Pesquisa Empírica”, “Análise dos Resultados”, “Conclusões, Limitações e Sugestões”, “Bibliografia” e “Anexos”. No capítulo “Problema de Pesquisa” são apresentados os temas e as tendências empíricas e teóricas que têm despertado interesse no meio acadêmico junto ao setor de informações de crédito e sua abordagem em relação com o acesso ao crédito propriamente dito, quanto na abordagem de redes, tendência essa que justifica a importância e a relevância de desenvolver estudos que tenham utilidade tanto para o meio acadêmico, quanto para o meio empresarial e financeiro. 13 No capítulo “Revisão Teórica” são apresentados os referenciais, conceitos, modelos e teorias considerados mais importantes e/ou mais recentes em cada uma das grandes áreas de estudo sobre informações de crédito e cadeias de suprimentos e que orientam à presente pesquisa. Primeiro, serão pesquisados os tópicos relativos à Gestão de Cadeia de Suprimentos, Estratégia de Operações e Tecnológica, e estudados os relacionamentos entre os atores, onde são levantados aspectos das teorias organizacionais. São descritos também os aspectos do conceito do crédito e do compartilhamento de informações e como tais relacionamentos afetam a sociedade e a economia do país, sendo estudados ainda modelos internacionais de uso de informações de crédito, bem como seu histórico. O capítulo 4 trata da metodologia de pesquisa, começando por apresentar os atuais conceitos de conhecimento cientifico de forma a definir os paradigmas a partir dos quais são decididos os métodos e desenho de pesquisa. É definido em detalhes que se trata de um estudo de caso, enfocando o processo de coleta de dados e a metodologia adotada no sentido de ampliar os conhecimentos científicos sobre o tema. Os resultados da pesquisa empírica e do estudo de caso são descritos no capítulo 5. Primeiramente é considerada a Organização Focal, apresentado o histórico, a sua caracterização como empresa, estratégia e valores. Em seguida, detalha os relacionamentos e mostra-se como a rede de suprimentos e seus atores se posicionam e interagem para efeitos de pesquisa sobre relacionamentos. Depois se discorre na perspectiva da Organização Focal, sobre os relacionamentos desta com os atores selecionados: fornecedores e clientes. São apresentados os dados coletados com os clientes e fornecedores sobre os relacionamentos destes com a Organização Focal, apresentando-se separadamente cada um deles. Recorre-se com freqüência, nesse capítulo, a transcrições das entrevistas, que ilustram e reforçam de maneira inequívoca algumas das informações colhidas. No capítulo 6 é apresentada à análise dos dados coletados por meio do método comparativo. Na primeira seção são confrontadas as respostas entre a 14 Organização Focal e as empresas entrevistadas com o intuito de evidenciar as convergências e as divergências, e o que de fato acontece. Na segunda seção, são comparadas as respostas das empresas de diferentes portes em relação à Organização Focal, para detectar possíveis interferências da variável dimensão associada a poder. Por último, são tecidas considerações sobre as relações entre a pesquisa empírica e a pesquisa teórica desenvolvidas neste estudo de caso. No capítulo 7, é encerrado o estudo de caso elaborado com o objetivo de conhecer como são desenvolvidos e mantidos relacionamentos entre atores em redes de suprimentos de informações de crédito. Na primeira seção são respondidas as perguntas de pesquisa. Os resultados verificados indicam que a posição central dentro da rede em um ambiente altamente capilarizado possibilita o melhor controle sobre os outros atores dentro da rede de suprimentos. Além disso, os resultados demonstram que os relacionamentos da rede em informações de crédito apresentam às peculiaridades não presentes em outras redes de suprimentos e alguns aspectos específicos do segmento que devem ser analisadas à luz da teoria revelando novos conhecimentos. Nas seções seguintes expõem-se algumas limitações do estudo de caso e, finalmente, sugerem-se caminhos para futuros trabalhos de pesquisa que podem fortalecer enriquecer e complementar a abordagem de Relacionamentos em Redes de Suprimentos nos mercados de informações de crédito. O capítulo 8 descreve a bibliografia consultada. No capítulo 9, são apresentados os anexos: do protocolo de estudo de caso, questionários aplicados e análise gráfica do tipo e atualidade da bibliografia revista. 15 CAPÍTULO 2 O PROBLEMA DA PESQUISA Com a evolução da economia nacional, a palavra crédito vem cada dia se destacando nos discursos do governo e em jornais de grande circulação (ROCHA, 2004, CARVALHO, 2004, BAUTZER, 2004, ROCHA, 2005). O acesso ao crédito é uma necessidade das empresas e pessoas físicas, entretanto implica em um risco de perda do capital emprestado, pelas empresas e instituições financeiras. Conforme Miller (2003), as empresas de informações de crédito são elementos críticos no suporte do moderno sistema financeiro, pois permitem acesso rápido e acurado, sobre informações dos emprestadores potenciais e por isso facilitam o acesso ao crédito. Para Akerlof (1970) e Biderman (1996) a assimetria de informações sobre os consumidores aumenta a incerteza e, por conseguinte, os custos do capital e o risco e Barth (2004), confirma que a probabilidade de inadimplência influencia a taxa de juros do país e os custos bancários, sendo que no Brasil isso pode ser verificado através dos altos spreads bancários (ABRÃO, 2004). Nos últimos 30 anos, em conseqüência das instabilidades econômicas do país, do crescimento da economia e dos mercados de consumo e do uso da internet como canal de compra e venda, os índices de inadimplência e fraude cresceram em tamanho (PINHEIRO E MOURA, 2001). Muitas empresas e bancos brasileiros começaram a necessitar cada vez mais de uma estrutura que fornecesse informações sobre as empresas e consumidores, como maneira de diminuir as incertezas e os riscos durante o processo de venda de produtos e serviços. Segundo Shapiro e Varian (1999) e Hagel e Singer (1999) a nova economia da informação se move através da economia de redes, conforme o maior número de 16 usuários tem acesso à internet e a produtos e serviços. Em um mercado cada vez mais exigente de dados, tais empresas estruturam suas cadeias produtivas e de suprimentos, construindo redes de coleta de informações, a fim de proporcionar um conhecimento maior sobre os mercados, os consumidores e sua capacidade de pagamento. Nesse ambiente de negócios altamente dinâmico, os relacionamentos dentro das cadeias de suprimentos influem diretamente no sucesso dessas empresas, sendo isso fator essencial para a competitividade (LAMBERT, COOPER E PAGH, 1998). Pode se acrescentar também que os relacionamentos de redes de informações, geram o feedback positivo dos clientes, o que fortalece o fornecedor forte e enfraquece o fraco, levando a resultados extremos (SHAPIRO E VARIAN; 1999). Para Slack e Lewis (2001) os clientes e a concorrência ditam as formas como as empresas devem orientar suas estratégias de operações e dessa maneira estruturar seus recursos e suas cadeias e redes de suprimento. Partindo desse argumento, pode se afirmar que é fato que as empresas de cadastro se multiplicaram e cresceram em tamanho, e na quantidade de dados sobre consumidores e empresas do país, com a finalidade de suprir tal demanda, porém várias delas são de propriedade dos bancos e varejistas, o que representa uma extensão de suas próprias cadeias de suprimentos. Esse trabalho também busca entender tal fenômeno. As informações sobre negócios no Brasil são pouco exploradas em termos de conhecimentos teóricos e trabalhos acadêmicos, de organização de fontes de informações e produtos/serviços de informação (BORGES, 1998: p.12). Ademais, o Brasil investe pouco em produtos e serviços de informação, sendo que as empresas ainda não percebem, ou percebem pouco, as vantagens de se fazer negócios tendo como insumo a informação. 17 A problemática desse trabalho é verificar como as empresas de dados e informações comerciais estruturaram suas cadeias ou redes de suprimento no Brasil, buscando o entendimento de como os atores operacionalizaram todos os relacionamentos de modo a evoluir ao longo do tempo ampliando cada vez mais o número de dados para seus clientes. Um dos focos será verificar como os relacionamentos ocorrem dentro da cadeia de suprimentos da informação de crédito e de que forma o aumento de fornecedores favorece o aumento de clientes, conforme a teoria de feedback positivo (SHAPIRO E VARIAN, 1999: p.15). Análises comparativas e características especiais presentes nesse tipo de serviço e cadeia de suprimentos serão verificadas. Considerando a importância e a atualidade do tema crédito e informações de crédito, para a economia do país, o problema proposto é aberto abaixo e dividido em outras perguntas que deverão ser partes da pergunta principal pesquisada: Como se apresentam os relacionamentos da Cadeia de Suprimentos das empresas de informações de crédito? Desdobramento: • Quais são os relacionamentos dessa cadeia de suprimentos e os fatores a influenciam? • Quais as características desses relacionamentos? • Como é a distribuição de poder dentro dessa cadeia de suprimentos? • Como o sucesso dos relacionamentos entre os atores influencia o sucesso da empresa de serviços de informação de crédito? • Como a elaboração dos produtos de informação e sua modularização, influem na Cadeia de Suprimentos de serviços de informação de crédito? 18 2.1 Relevância do tema Até o momento, muitos artigos têm sido escritos sobre crédito e inadimplência segundo aspectos econômicos e suas relações frente à economia nacional. Conforme Pinheiro e Moura (2001), atualmente busca-se entender os riscos da assimetria de informações, para reduzir o custo do crédito e expandir os volumes de concessão de crédito privado no Brasil. Sob o foco de cadeia e redes de suprimentos, existem vários artigos que esclarecem sobre as cadeias produtivas de indústrias e empresas de serviços e seus relacionamentos. (HARLAND, LAMMING, COUSINS, COOPER, SLACK, METZER, SVENSSON). Devido à atualidade do tema no Brasil, são encontradas poucas pesquisas teóricas e artigos a respeito de cadeias de suprimentos de empresas de informações de crédito, atuantes na geração de informações para transações comerciais. Foram pesquisadas as bases disponíveis na Biblioteca da Fundação Getúlio Vargas, EAESP, entre elas Ebsco, Emerald e o Jstor. Tal atividade é exercida por um número pequeno de organizações, sendo importante o entendimento e classificação da cadeia de suprimentos mapeada. Somado a isso, com os mercados atingidos pela internet, é cada vez mais importante avaliar o fluxo e o sigilo da informação sobre pessoas e empresas, e sua veracidade e sigilo. Esse tipo de organização é responsável por um dos mais valiosos bens da economia atual, que são as informações sobre situações de crédito de empresas e pessoas, e por isso possui uma responsabilidade dentro do escopo legal e no desenvolvimento do país, através da concessão ou bloqueio de crédito para pessoas ou empresas. 19 2.2 Objetivos da Investigação O objetivo dessa pesquisa é o entendimento dos relacionamentos num fluxo de informações de crédito e se essas cadeias de suprimentos de informações se comportam conforme a teoria de cadeias de suprimentos já estabelecida. Espera-se que o estudo aqui proposto possa contribuir tanto para o acúmulo de conhecimento acadêmico quanto para a melhoria de práticas no mundo empresarial, que interfiram no avanço do acesso ao crédito, do setor financeiro e do País. Esse projeto se faz importante, pois busca compreender como os fornecedores e distribuidores de informações de crédito se inter-relacionam, em função da teoria de cadeias de suprimento e analisando como esse relacionamento pode ser afetado, sendo que tal cadeia afeta diretamente a capacidade de crédito do país sendo identificados os gargalos nessas relações. Através do Diagrama de Venn, do Esquema 1, é possível apresentar quais as teorias que são abordadas durante a pesquisa e nas quais se busca um maior entendimento. Através de um estudo de caso é apresentado como uma empresa, através de sua estratégia de operações e de sua estratégia tecnológica, aliada a uma cadeia e rede de suprimentos, conseguiu atingir o sucesso, atendendo as necessidades dos mercados, em relação à assimetria de informações. Cadeias e Redes de Suprimentos Assimetria de Informações Estratégia de Operações e Tecnologia Esquema 1 – Diagrama de Venn de teorias abordadas durante a pesquisa. Fonte: Adaptado pelo Autor 20 Objetivos Específicos a) identificar as principais características dos relacionamentos e o fluxo das informações de crédito, mapeando seu fluxo; b) descrever como são desenvolvidos e mantidos tais relacionamentos; c) descrever e analisar a importância estratégica dos relacionamentos sincronizados, ligando-a a distribuição e fluxo da cadeia de suprimentos de informações de crédito; d) aplicar as análises e a lógica da teoria de gestão de redes e cadeias de suprimento às cadeias financeiras de crédito para descrever o fluxo de informações e eventuais dificuldades sentidas em relacionamentos entre os atores, identificando possíveis diferenças encontradas na literatura do tema, sobre as indústrias e empresas de serviço em geral. 21 CAPÍTULO 3 REVISÃO TEÓRICA Nesse capítulo são apresentados os conceitos chave que orientam essa pesquisa como o Crédito e as Cadeias de Suprimento de informação. Em um primeiro momento, são descritos conceitos sobre crédito, sua a situação no Brasil, aspectos econômicos, a assimetria de informações e o papel das informações de crédito. A seguir são apresentados os principais conceitos sobre, operações, desenvolvimento tecnológico e cadeias e redes de suprimento e como isso se interliga com as informações de crédito. 3.1 O Crédito no Brasil Entende se por crédito a cessão de mercadoria, serviço ou importância em dinheiro, para pagamento futuro. Portanto, ao disponibilizar a terceiro uma determinada mercadoria, mediante o compromisso, formal (contrato) ou informal, de reembolso no futuro, está se vendendo à crédito. Quando disponibilizado a um terceiro uma importância em dinheiro mediante o compromisso, formal ou informal, de pagamento no futuro, está se emprestando à crédito. Porém, quando é vendido ou emprestado a crédito, normalmente, o valor a ser devolvido não é o mesmo, sendo esse acréscimo de um valor denominado custo do crédito. Um aspecto importante na economia moderna é que o crédito não possui apenas uma relação com instituições financeiras, podendo existir uma relação direta da indústria com o comerciante ou mesmo da indústria com seus fornecedores de insumos dos produtos e serviço. 22 Conforme dados do Banco Central do Brasil e do Banco Mundial, a oferta de crédito no Brasil apesar de ter crescido nos últimos anos ainda é muito modesta e esta muito aquém do que mostram os dados de outras nações do mundo. O Brasil ainda é um país onde o financiamento de crédito é muito restrito. Segundo dados do Banco Central do Brasil, em 2004, o dinheiro disponível para empréstimo equivale a 26,7% do PIB, enquanto que nos Estados Unidos o índice é de 140%, na Coréia do Sul de 110% e no Chile a oferta é de 65% do PIB, conforme a Ilustração 1 abaixo. Porcentagem do PIB em Crédito em 2004 27 % Brasil 65 % Chile 100 % Coréia 140 % EUA Ilustração 1 – Comparativo entre a Porcentagem do PIB em Crédito. Fonte: Banco Mundial. Adaptado pelo Autor. Para Costa e Nakane (2003), “o governo poderia e deveria encarregar-se de reformas regulatórias (para permitir que os mercados financeiros funcionem de modo mais uniforme) e das políticas direcionadas à expansão do acesso a esse mercado financeiro. Essas políticas direcionadas devem visar à participação eficiente dos grupos excluídos nos mercados financeiros. Isso direcionaria o foco para uma revisão de incentivos em lugar do simples financiamento público de um programa especial.”. Apesar das relações entre a assimetria de informações e do crescimento econômico, não nos cabe nessa pesquisa fazer uma análise econômica das razões por que o crédito disponível é mais baixo no Brasil do que em outros países, mas sim analisar o fluxo de informações e como através do entendimento dessa cadeia de atores e seus relacionamentos, entender como estes se comportam e como os agentes de empréstimos poderiam ter mais informações e dessa forma, mais 23 segurança em seus negócios e menor risco de crédito, possibilitando um maior crescimento da economia do país. 3.1.1 Aspectos Econômicos do Crédito e das informações de Crédito no Brasil Segundo Pinheiro e Moura, (2001) até 1994, quando a inflação se tornou mais baixa, contra os níveis estratosféricos existentes, o sistema financeiro do Brasil estava baseado no ganho financeiro e nas receitas com floating. Para Miller (2003), a oferta de crédito no Brasil cresceu de forma espantosa nos anos de estabilidade econômica e fez com que muitos tomadores não tivessem um planejamento financeiro efetivo, conseqüentemente a inadimplência foi um dos resultados desse cenário. Quando se iniciou o período de baixa inflação e estabilidade econômica, muitos bancos faliram durante essa fase de adaptação e mudança. Um dos exemplos citados é que o governo brasileiro foi obrigado a injetar US$ 8 bilhões no Banco do Brasil a fim de cobrir gastos e evitar a falência da instituição. Conforme Pinheiro e Moura (2001), desde o Plano Real, a situação de 104 bancos foi resolvida, evitando a quebradeira por diferentes meios: quarenta e duas instituições foram liquidadas, sete foram incorporados a outras instituições, sendo que dez foram transformadas em instituições não-financeiras, onze passaram de bancos universais para instituições financeiras especializadas e trinta e quatro, passaram por transações de fusões e compras. Entretanto, para Costa e Nakane (2003), apesar da redução do número de instituições financeiras, o fornecimento de serviços financeiros não caiu na última década, mas se manteve em grande parte estável (Ilustração 2). Devido a fatores como a automação bancária e correspondentes bancários, houve alguma expansão de novas formas de pontos de fornecimento de serviço, pois conforma o gráfico, o número de agências permanece estável de uma maneira geral, enquanto os caixas eletrônicos e os correspondes crescem quase que exponencialmente. Também é colocado pelos autores, um aumento na presença de algumas instituições 24 financeiras pequenas, incluindo cooperativas e instituições de micro finanças, embora estas também continuem numericamente pouco relevantes. 25 Milhares 20 22,4 17,4 17,2 16,6 16,3 15 16,8 16,7 17 12,2 10 5 16,4 14,5 16,2 16 3,4 4,6 6,8 5,5 7,7 0 1994 1995 1996 Agências 1997 1998 1999 Caixas Eletrônicos 2000 2001 2002 Correspondentes Ilustração 2 - Expansão da Rede Bancária. Fonte: Banco Central. Adaptado pelo Autor. O forte acesso ao crédito, principalmente, por pessoas físicas, aliada à falta de experiência e conhecimento na análise de potenciais clientes das instituições, gerou problemas financeiros gigantescos. Segundo Pinheiro e Moura (2001), em janeiro de 1995, para cada real de empréstimos normais, os bancos lançavam, em média, R$ 0,08, ou seja 8%, para empréstimos vencidos e não pagos, entretanto, em janeiro de 1997, esse valor já havia aumentado para R$ 0,18, ou seja 18%, o que representa um aumento de 125%. Somado a isso, houve uma aceleração notável do setor de micro finanças no Brasil a partir do final dos anos 90 (Ilustração 2), devido à criação e regulamentação de novas formas institucionais, as OSCIPS (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) e as SCMS (Sociedades de Crédito ao Micro empreendedor), ao lançamento de um programa de micro crédito de larga escala pelo BNB, “CREDIAMIGO”, e ao apoio financeiro a tais instituições, oferecido pelo BNDES (Costa e Nakane. 2003). 25 140 129,3 Milhares de R$ 120 101,8 100 80,3 80 40 20 72 51 60 49,8 25,5 1,9 2,7 6,3 1994 1995 1996 0 31,8 10,2 16,9 8,4 0 1997 1998 1999 2000 Principais Fornecedores de Microcrédito 2001 2002 CrediAmigo Ilustração 3 - Empréstimos feitos em Reais no Brasil. Fonte: Banco Central, Adaptado pelo Autor. 200 175,4 180 Milhares de Clientes 160 139,6 140 107,3 120 100 76,2 80 60 85,3 46,6 40 20 119 3,2 4,4 7,9 1994 1995 1996 0 14,7 0 1997 58 35,3 21,8 1998 1999 2000 Principais Fornecedores de Microcrédito 2001 2002 CrediAmigo Ilustração 4 – Quantidade de clientes de Empréstimos feitos no Brasil. Fonte: Banco Central, Adaptado pelo Autor. Essa explosão da bolha do crédito e sua assim chamada por Pinheiro e Moura (2001) de experiência desastrosa, teve como conseqüência que muitos bancos fossem compelidos a reestruturar suas áreas de crédito, tentando introduzir novas políticas e procedimentos, para tratar os seus novos clientes e ampliar o conhecimento acerca do risco de crédito de seus clientes. A respeito do conhecimento sobre os clientes de crédito no Brasil, estes possuem uma característica que diferencia o mercado de crédito brasileiro de outros 26 países, pois este se divide em três segmentos (PINHEIRO E MOURA, 2001), que diferem no que diz respeito ao tamanho típico do empréstimo e à natureza e quantidade de informações sobre os tomadores utilizadas pelos credores, conforme tabela 1. Segmento Características Mercado de Varejo Com um número de solicitações de empréstimos muito alto, sendo que o tamanho do empréstimo é baixo, com taxas de juros altas e com o processo de tomada de decisão de automatizado crédito e bastante baseado descentralizado, essencialmente em informações negativas e terceirizadas. Mercado de Middle-Market Onde bancos e empresas baseiam suas decisões em informações coletadas internamente, e normalmente obtidas a partir de um relacionamento já existente junto aos tomadores. Essas informações permanecem privativas e possuem uma péssima qualidade, pois muitas das informações contidas nos balanços desses tomadores constam, algumas vezes, sonegação fiscal e práticas contábeis ineficientes. Tais dados fazem com que as informações confiáveis sobre o fluxo de caixa entre a empresa e tomador se tornem extremamente valiosas para avaliar sua efetiva capacidade de pagamento. Mercado de Grandes Corporações Possuem uma área contábil bem estruturada e com Nacionais e Estrangeiras informações de conhecimento público. Nesse segmento de mercado, há poucos tomadores, mas os empréstimos tendem a ser maiores e as taxas de juros mais baixas do que em outros segmentos. Tabela 1 – Segmentos de Crédito no Brasil Fonte: PINHEIRO E MOURA, 2001. Adaptado pelo Autor. Somado a isso, o mercado brasileiro é classificado pelos agentes econômicos, pessoas físicas e jurídicas, previamente cadastrados na Receita Federal, e que para seu correto funcionamento são denominados, Cadastro de Pessoas Física (CPF) e Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Atualmente o Brasil conta com 143,3 milhões de Cpfs (BACEN, 05/2005) e 4,9 milhões de Cnpjs 27 (IBGE 2002), sendo estes responsáveis por 52,5 milhões de cartões de crédito e por 73,9 milhões de contas correntes que por sua vez realizam seus negócios através de 1.518 milhões de transações de cartões de crédito que representam 103 bilhões de reais (BACEN, 05/2005) e 155,66 milhões de cheques compensados e que representam 81,27 bilhões de reais (BACEN, 05/2005). Seria impossível, quando não, dificultoso, para cada empresa manter e atualizar dados de todas as pessoas físicas e jurídicas do Brasil. Torna-se de extrema importância analisar essa quantidade enorme de dados e verificar quais são as informações mais relevantes através de um método de inteligência do negócio. Segundo dados do Banco Mundial, no Brasil a abrangência das informações de crédito possui uma cobertura média, sendo que são considerados a facilidade de acesso e qualidade das informações disponíveis em fornecedores de informações públicos e privados. Informação de Crédito (2004) Indicador Cobertura de Registros Públicos de Crédito (a cada 100 proponentes per capita) 78 Cobertura dos Bureaus Privados (a cada 1000 proponentes per capita) 425 Index de Informação de Crédito 6 Tabela 2 – Cobertura das Informações de Crédito no Brasil. Fonte: Banco Mundial Nota: O Index de Informação de Crédito mede o escopo, acesso e qualidade da informação de crédito disponível nos fornecedores públicos e privados. Entre 0-6, com valores maiores do que isso indica que mais informação de crédito esta disponível nos registros públicos e privados. Para Miller (2003), Japelli e Pagano (2000) e Shi (1996), as empresas de informações de crédito, são vitais para correto funcionamento dos modernos sistemas financeiros, principalmente em razão dos volumes acima citados, e pela sua capacidade de centralizar de forma eficiente os dados provenientes de várias fontes, sendo esse seu principal foco do negócio. 28 A partir desse foco permanente, a empresa pode ampliar conhecimentos a respeito da base de dados gerando novas informações como scores comportamentais, análises diversas sobre perfis de pagamento e mesmo geomarketing. Muitas informações novas podem ser descobertas, garantindo a vida do negócio e a inovação constante. Conforme Prahalad e Hamel (1997) a capacidade da empresa criar seu futuro é sua principal vantagem estratégica frente aos seus competidores. Sendo importante considerar que existe hoje a necessidade de se pensar em meios inovadores e novas maneiras de fornecer e ofertar crédito com segurança possibilitando um crescimento da economia brasileira. 3.1.2 As Informações e Custo de Transação Conforme Williamson (1981), as transações são as menores unidades econômicas utilizadas, para medir as empresas, sendo que os custos de transações aparecem quando um bem ou serviço é transferido através de áreas separadas dentro da empresa ou entre organizações, sofrendo alguma transformação ou agregado de valor. Muitos autores colocam que os custos de transação se estendem aos custos de produção, naqueles em que as trocas, ou os trade offs, são reconhecidos. Conforme Commons (1931, in Williamson, 1987, p. 4) os custos de transação vão além de uma preocupação com tecnologia, produção ou distribuição, sendo algo relativo às despesas em um exame comparativo dos custos, e do planejamento, adaptação, monitoramento e acompanhamento das metas propostas pela governança corporativa. Os custos de transação fazem com que as empresas tenham uma visão funcional e dessa forma gera uma empresa voltada à racionalidade. Para Williamson (1987), há um conflito entre os custos de produção e os preços de mercado, sendo que a redução dos custos possibilita um aumento da margem de lucro pós transação. Os custos de transação, como citados por Williamson (1987), são resultados de todas as adaptações que sofre a transação ao 29 longo de seu caminho dentro da linha de montagem, no caso, por exemplo, de manufatura. Pode se considerar que a informação deve ser encarada como uma transação e por isso possui alterações de seu custo ao longo de suas transformações e valor agregado. As transações são, conforme Williamson (1987), descritas como: incertas, contadas pela sua freqüência, duráveis de acordo com o investimento aplicado. As conseqüências disso nos relacionamentos humanos dentro das organizações são de pressão junto aos indivíduos e de forma a ocasionar um estado de preocupação imediata e em curto prazo. Para Slack e Lewis (2002), os custos de transações têm sido usados por economistas a fim de justificar os mercados quando estes apresentam falhas. Se o preço de um produto ou serviço no mercado, mais os custos de transação for maior do que produzir internamente, então faria sentido que esse serviço ou produto continuasse a ser feito internamente. Caso contrário justificaria que ele fosse feito ou fabricado por terceiros. Esses aspectos não levam em conta os referenciais do valor estratégico para a terceirização. Outro conceito importante, em contrapartida, conforme Varian e Shapiro (2002), e que é visto no mundo web, é que o custo de se produzir informação é muito alto, sendo o custo de distribuição e reprodução, muito baixo. Coletar as informações de diversos bancos de dados pode ter um custo altíssimo, entretanto para se copiar todas essas informações e enviá-las via web para milhões de usuários, custam poucos centavos. Aliado a isso, os consumidores possuem diferentes percepções de preço a respeito das informações, isso relativo a seu negócio e também das transações em que essas informações são necessárias. Considera Shapiro e Varian (1999), que o custo da informação deve estar de acordo com seu valor e como o consumidor verifica isso, e não em relação ao seu custo real de produção. Um exemplo claro disso corresponde aos custos de 30 produção de um software, que são extremamente altos, por envolver custos de pessoal e desenvolvimento. Entretanto, a produção física de um CD, ou o envio de um arquivo via internet, que contem esse software, é extremamente barata. 3.1.3 Assimetria de Informações Conforme Akerlof (1970), Shi (1996) Miller (2003) o maior problema existente na concessão de crédito é a assimetria de informações, entre aqueles que emprestam o capital e os tomadores desses empréstimos. Akerlof, em 1970 (MILLER, 2003), foi o primeiro a reconhecer o fator crítico que a assimetria de informações significava em muitos mercados, incluindo o mercado de crédito. Akerlof (1970) concluiu que os mais importantes fatores entre as negociações de produtos são: a incerteza e a confiança entre os atores no mundo dos negócios. Segundo Akerlof (1970), Shi (1996), Douat e Gonzalez (2002), Chun (2003), Miller (2003) e Staten (2002), a assimetria de informação ocorre quando, durante uma transação comercial, um dos agentes envolvidos detém alguma informação de maneira exclusiva. Por exemplo, uma empresa que deseja um empréstimo ou comprar determinado bem ou serviço, tem melhor nível de informação acerca de sua própria saúde financeira do que o banco ou a empresa a qual recorre, solicitando produtos e serviços. Douat e Gonzalez (2002) e Azevedo e Shikida (2003) colocam que são dois os tipos de informações assimétricas, conforme sua ocorrência antes ou depois das transações econômicas: i) Ex-ante ou a priori, mais conhecida como seleção adversa, e que expressa o oportunismo do agente (tomador) num comportamento précontratual, visto que este possui informações que o emprestador não tem e as oculta para aumentar sua chance de receber o empréstimo. 31 ii) Ex-post ou a posteriori, chamado risco moral, e que ocorre quando o tomador desvia o crédito para outras atividades de alto risco, aquém da previamente contratada, sendo que esta oferece maiores retornos ao investimento, mas que conseqüentemente pode comprometer o pagamento da dívida. O surgimento das empresas de Bancos de Dados de informações ou Credit Bureaus procura lidar com falha de mercado acima citada, provendo os emprestadores de embasamento e controle do risco. Akerlof (1970) cita os custos econômicos da desonestidade e a dificuldade de identificar a qualidade tanto em bens quanto em serviços. Conforme o autor, em um mercado onde existem negociantes honestos e desonestos, ambos são tratados como desonestos, aumentando o custo dos negócios, o que ele chamou de custo da desonestidade. Akerlof (1970) cita que esse custo é recorrente em paises em desenvolvimento, que não possuem suas economias bem estruturadas, sendo que pode se fazer um paralelo disso com as altas taxas de juros dos empréstimos no Brasil em decorrência da alta taxa de inadimplência. Conforme Padilla e Pagano (2000) e Chu (2003), quando um devedor ficar inadimplente, seu credor irá comunicar a todos os potenciais fornecedores de crédito a sua inadimplência, de tal forma que o primeiro ficará sem crédito no mercado. Isto gera incentivos para que os tomadores permaneçam adimplentes. Stein (2002), Staten (2000) e Douat e Gonzalez (2002) evidenciam a importância do compartilhamento de informação para o bom funcionamento dos mercados de crédito. O surgimento das empresas de bancos de dados de informações a respeito dos tomadores, fornece aos bancos e às empresas de varejo informações capazes de incrementar o poder de predição sobre a qualidade de crédito dos tomadores, uma vez que o mercado de empréstimos e de bens de 32 consumo é notadamente marcado por diferenças ou falhas nos níveis de informação entre tomadores e fornecedores de recursos. Os estudos sobre estas possíveis falhas entre níveis de informação nos diversos mercados têm mostrado resultados bastante interessantes, tendo, inclusive propiciado o prêmio Nobel de economia de 2001 a três pesquisadores, George Akerlof (University of Califórnia, Berkeley), Michael Spence (Stanford University) e Joseph Stiglitz (Columbia University) da chamada “teoria da informação assimétrica”. Esses pesquisadores proporcionaram ferramentas para a análise desses casos, e que podem ser estendidas desde o mercado financeiro, chegando até o agrícola, conforme colocado por Azevedo e Shikida (2003). 3.1.4 Informação de Crédito É importante citar, antes dos conceitos sobre informação de crédito, o conceito de negócio baseado em informação ou o infomediário, conforme apresentado por Hagel e Singer (1999:19). Para os autores, o intermediário é aquele que facilita a troca entre as partes que desejam fazer negócio e é remunerado por isso. O conceito mais antigo, que é o baseado em trocas já beneficiava aqueles que ajudavam a quem quer vender a achar que deseja comprar. O crescimento da internet e a proliferação de novos serviços e de modelos negócios, bem como da distância entre comprador e vendedor, fez com que surgisse um novo tipo de intermediário que se baseia em tratar grandes quantidades de informação com atualização constante, o infomediário (HAGEL e SINGER, 1999: 19). Para os autores os infomediários se tornam catalisadores que permitem a maior agilidade e confiança entre as partes em uma negociação. Albertin e Moura (2004, p.33) classificam os infomediários como empresas que coletam informações de consumidores e seus hábitos de consumo, para conseguir os padrões de compra e busca um entendimento melhor dos clientes, 33 podendo coletar tais dados em websites ou de empresas em geral para vender a seus consumidores. As empresas de informações de crédito, nesse sentido, são infomediários de hábitos de consumidores, tanto de hábitos de pagamento como de débitos, vendendo à seus consumidores finais, compostos basicamente por outras empresas, a possibilidade de saber o risco de pagamento do seu cliente final. Para Castells (2001), o termo informacional, quando indica as empresas como informacionais, coloca o atributo de uma espécie específica de organização social focada na geração, processamento e transmissão da informação tornam-se as fontes fundamentais de produtividade e poder, em conseqüência das condições tecnológicas desenvolvidas ao longo do tempo. Para Castells (2001), a sociedade informacional permeia todas as esferas das atividades produtivas, sendo que sua estrutura está baseada em redes, o que explica o conceito de sociedade de rede. Um exemplo prático disso são os leilões de consumidores em que todos os usuários trocam suas informações sobre produtos novos e usados em também de informações do comprador e do vendedor. Para Mentzer (2001) existem temas específicos quando se trata de conduzir negócios de forma eletrônica como à velocidade, a conectividade, visibilidade de informação, estrutura de mercado e incerteza. Nesse caso, o item mais importante para o estudo envolve a visibilidade da informação de crédito. Segundo o autor, a possibilidade da cadeia de suprimento visualizar a informação, pode trazer benefícios a todos seus componentes através do correto gerenciamento de demandas, sendo isso atualmente uma fonte de vantagem competitiva. Pode-se dizer, contudo, que o excesso de informações, quando não ajustado e estruturado, pode trazer confusão e incapacidade de se decidir corretamente. 34 Apesar da classificação de infomediário ser nova (HAGEL e SINGER, 1999: 19), as empresa de informações de crédito atuam como infomediários desde muito tempo atrás. Sendo que o primeiro banco de dados de informações do Brasil foi fundado em 1955, em Porto Alegre no Rio Grande do Sul pela Câmara de Dirigentes Lojistas local. Também chamados Registros de Informações de Crédito, ou mesmo Credit Bureau, conforme Efing (2002) seriam “um conjunto de anotações informativas sobre pessoas para orientarem procedimentos comerciais. Visam a facilitar ou a impedir a realização de negócios e a concessão de créditos”. Segundo Pinheiro (2001), os CIRs (Credit Information Registries) no Brasil, são bancos de dados de informações principalmente de dívidas, classificadas pejorativamente como “negras”, ou negativas, coletadas de registros legais, de empresas de comércio e também os registros de cheques devolvidos (devido à ausência de fundo financeiro em conta) do Banco Central. Conforme citado anteriormente o processo de concessão de crédito envolve vários riscos e sua minimização envolve o uso da informação sobre os tomadores. Uma das maiores dificuldades encontradas no percurso inicial de uma negociação comercial é o processo de análise de crédito, que pode partir de um banco ou empresa. É importante ter um maior conhecimento do consumidor, seus hábitos de consumo, capacidade e métodos de pagamento mais utilizados, as últimas compras efetuadas, entre outros dados que poderão influenciar uma nova aquisição, de forma a minimizar ou controlar os riscos (Douat e Gonzalez, 2002). Listas ou bases de dados internas dos dados de consumo podem ser utilizadas como pesquisa de marketing, buscando entender o perfil desse cliente que já comprou algum produto ou serviço, conforme explicitado por Kotler (1974). Um processo de venda nem sempre é iniciado contando-se com a existência de dados. No cadastramento de novos clientes, as empresas partem de uma ficha em branco ou coletam-se dados iniciais que possibilitam um registro, que garanta a veracidade das informações pessoais, evitando dessa forma o risco de 35 pagamentos por falta de capital ou a ocorrência de fraudes por indivíduos que não são quem eles dizem ser. O risco de crédito, pela ausência de informações, ou a chamada a assimetria de informações (AKERLOF, 1970) sobre o comprador, muitas vezes encarece o valor do produto e faz com que o crédito disponível no mercado diminua, conforme Douat e Gonzalez (2002). Insere-se nesse instante a necessidade da existência de bancos de dados centralizados que possam assegurar a origem das informações e dar mais garantia ao vendedor, fornecendo outros dados de bases de consumo desse cliente desconhecido e possibilitando a diminuição do risco de crédito e assim a taxa de juros paga pelos compradores (DOUAT E GONZÁLES, 2002). Tais Bancos de dados reconhecidos pelo Código do Consumidor em seu capitulo V são chamados “bancos de dados de cadastros de consumidores”. Há uma grande diferença e uma evolução natural e gradual quando se evolui dos dados para informação, para conhecimento e só então a sabedoria (KOTLER, 1999, p.116). Os dados são processados em informações que se transformam em conhecimento e mais tarde se tornam sabedoria, ou a possibilidade de decisão, a respeito de determinado mercado ou perfil de cliente. Corrêa (2002, p.467) afirma que a “Nova Economia” esta cada vez mais apoiada por produtos e ativos intelectuais, sendo estes, intensivos em informação e conhecimento, mais do que produtos físicos. A evolução contínua de produtos de uma empresa de informações de crédito necessita de um trabalho constante de pesquisa e análise, dos dados que fazem parte de sua base. O processamento dessas informações possibilita a geração do conhecimento e indicadores na gestão dos aspectos de crédito do mercado brasileiro. Análises estatísticas, métodos de score, datamining são amostras das inovações que esse segmento vem criando e oferecendo aos seus clientes, partindo das grandes massas de dados e informações. Uma característica importante a respeito do mercado de informações é que o segmento de informações de pessoas físicas é naturalmente maior do que o de 36 pessoas jurídicas, uma vez que o número de pessoas é muito superior ao número de empresas. No Brasil, considerado ainda um país emergente, esse segmento se revela ainda maior, visto que a população possui uma tendência clara para o crescimento do crédito à pessoa física. O mercado brasileiro sempre esteve acostumado a utilizar informação de dívidas, ou denominadas negativas, enquanto os países com maior concessão de crédito, como EUA e Inglaterra, já utilizavam amplamente como ferramentas de avaliação as informações positivas, alimentadas pelas próprias pessoas e empresas que vão solicitar crédito ou financiamento, ou também alimentado pelas empresas através de reciprocidade (DOUAT E GONZALEZ, 2002). A reciprocidade de dados das empresas e dos clientes amplia e garante a segurança da autenticidade das informações sobre novos consumidores. Por esse método empresas de bancos de dados de grande porte fazem à armazenagem de dados básicos de clientes, como suas informações cadastrais (nome completo, filiação, idade, estado civil, profissão, endereço particular e endereço comercial, telefones etc.), hábitos de pagamento, últimas compras e outras informações genéricas que são enviadas às empresas que desejam abrir um cadastro para esse novo cliente, garantindo para essa pessoa ou organização o acesso facilitado ao crédito de produtos e serviços (DOUAT E GONZALEZ, 2002). As informações de crédito são insumos para a construção de políticas e processos de concessão de crédito, sendo que as políticas de crédito primeiramente usadas, basicamente por abordagem, utilizam regras, que de acordo com a quantidade e valor das anotações e dados cadastrais, classificam o cliente em um determinado perfil de risco, conforme Pinheiro e Moura (2001). Esses tipos de ordenação possibilitam uma avaliação de perfil do cliente ao risco desejado pela empresa e até que ponto esta aceita perder o negócio. Confirma-se, que as empresas de bancos de dados de informações de crédito, ou chamados Credit Bureaus, apóiam o processo de crédito, 37 possibilitando aos consumidores acesso a bens ou serviços através das diversas formas de pagamento além do dinheiro, como os cheques, o parcelamento e o financiamento, entre outros (MILLER, 2003). 3.1.5 O conceito de Serviço de Informações e Banco de Dados de Crédito Podemos afirmar, partindo dos conceitos de Corrêa (2002, p.51), que as organizações que fornecem informações de crédito ao mercado podem ser consideradas empresas de serviço, pois elas seguem os aspectos de: • Simultaneidade - Os serviços de crédito só podem ser consumidos de maneira imediata, pois a informação cadastral e de adimplência estão em constante alteração. Pessoas e empresas mudam, alteram seus telefones, contratos sociais e mesmo situação financeira. Segundo Varian e Shapiro (1999) “a informação é como ostra: tem mais valor quando fresca”. Alguns pontos para os quais deve se atentar; as informações de crédito possuem um tempo de validade muito curto, visto que a informação de amanhã não possui mais validade. Seu consumo é imediato, pois as mudanças podem ocorrer a qualquer momento. De acordo com Corrêa (2002, p.56), esse tipo de produto pode ser caracterizado como um serviço, pois a informação não é estocável, conforme o gráfico de prazos de validade, a informação de crédito tem validade de horas. • Participação do cliente - Conforme Corrêa (2002, p. 57), a participação do cliente cada vez mais ocorre de forma remota, com acessos por telefone e internet, ou seja, apesar de ser um serviço, as informações de crédito fluem até o cliente utilizando sistemas eletrônicos e de comunicações. Entretanto a internet favorece a interação do cliente com o serviço. A capacidade que o consumidor tem de inserir novos dados proporciona uma interatividade que favorece toda a rede de usuários que acionam o serviço, pois alimenta os bancos de dados com novas informações sobre os solicitantes de crédito. A informação fornecida aprimora o conhecimento sobre o banco de dados. Corrêa (2002, p.58), diz que o fluxo de informações do cliente para o prestador de serviço tem um peso muito maior. O grau de contato entre o cliente e o processo do produto ou serviço pode ser 38 crucial na percepção de valor do cliente, pois quanto menor o contato, mais ele concentra sua percepção em aspectos pequenos, devido ao curto período de interação. Enquanto que se o contato for maior, a avaliação é mais distribuída (CORRÊA, 2002). A interação possui também um aspecto importante, conforme a Ilustração 5 de Corrêa (2002, p.60). As empresas de informações de crédito possuem uma extensão de contato alta, com uma riqueza de informações trocadas de média a alta, pois o envio dos dados varia de acordo com o nível de relacionamento com o cliente. Historicamente nem sempre foi assim. Nos primórdios desse serviço as informações eram fichas em um grande arquivo e de acordo com as solicitações de empréstimo bancário, eram solicitadas ao arquivo central e enviadas via serviço do correio até a agência bancária que solicitou. De acordo com a situação cadastral em que o solicitante se encontrava, existiam fichas de diferentes cores, verde, para OK, azul, para intermediário e vermelho para inadimplência. A ficha nesse momento histórico pode ser considerada um produto, pois para Corrêa (2002) pode “cair no pé”. Quanto ao termo “cair no pé”, será descrito a seguir no item intangibilidade. Ilustração 5 – Intensidade de contato entre consumidor e serviço Fonte: CORRÊA, 2002. Adaptado pelo Autor. 39 • Intangibilidade - O conceito de intangibilidade dos serviços pode ser avaliado de acordo com a existência física de um produto, tangível, palpável, segundo Corrêa (2002), “cai no pé”. Se pensar que as informações de crédito poder ser impressas em um papel e enviadas ao cliente, como citado anteriormente e que acontecia no passado, pode se afirmar que as informações de crédito são um produto. Uma seqüência de caracteres é de fato um produto e não um serviço. Entretanto devido aos avanços da tecnologia os relacionamentos passaram a utilizar cada vez mais os meios eletrônicos, como telefonia, fax e internet. As informações de crédito são acessadas via sistemas à longa distância. Conforme Corrêa (2002), a mais importante característica de diferenciação é relativa à avaliação de desempenho, pois isso é o que realmente importa para o gerenciamento da operação. Existem outras definições de outros autores sobre a questão de serviço e produto, listadas abaixo: • A service is a personal performance (Levitt, 1972). • A service is a product which is a process (Henkoff, 1994; Shostack, 1987). • Services are processes involving customer contact (Chase, 1978). • A service is a deed, act or performance (Berry, 1980). No caso das informações de crédito, o mais importante item e objetivo de mensuração e de avaliação de desempenho, é a disponibilidade. Esta representa claramente que se trata de um serviço, pois o cliente necessita acesso às informações em seu sistema. A necessidade do cliente é de acesso às informações, por isso pode se pensar nestas como um serviço, acessível vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana. 3.2 Cadeias e Redes de Suprimentos Inicia-se o tema cadeias de suprimentos introduzindo anteriormente as estratégias operacionais e tecnológicas e como elas afetam os produtos, estendendo se além da empresa. A empresa e sua cadeia de suprimentos devem se juntar em um eixo comum, como uma entidade orgânica e que envolvem um empreendimento conjunto (FINE 1999; ALBERTIN E MOURA, 2004). 40 3.2.1 Estratégias de Operações Conforme Slack e Lewis (2001, p.4), a Estratégia de Operações deve conciliar os requerimentos de mercado com as capacidades de recursos de operações. Devese diferenciar o Gerenciamento de Operações, da Estratégia de Operações, por referenciarem diferentes níveis. Assim: • Operações nem sempre são operacionais, pois o Gerenciamento de Operações tem dimensão estratégica; • Operações não são limitadas à manufatura, podendo se referir à produção de ambos, produtos e serviços em qualquer tipo de operação que estas sejam com ou sem finalidades lucrativas; • Operações são parte da organização onde os requerimentos de mercado e as capacidades dos recursos da organização terão de ser conciliados, sendo esse o objetivo principal da Estratégia de Operações; Para Slack e Lewis (2001), a Estratégia de Operações se refere às transformações: • dos processos produtivos do negócio como um todo; • das suas relações com partes da corporação ; • das suas relações externas com os fornecedores. Estratégia se refere, à competitividade do ambiente em que a empresa está inserida e como ela muda, apoiando as operações ao encontrar e ultrapassar tais desafios. Também se refere ao desenvolvimento a longo prazo, dos recursos operacionais e processos que fornecem a base para a vantagem sustentada do negócio. 41 Harland (1999) coloca que as pressões sofridas pelas empresas, fazem com que estas busquem cada vez mais maneiras de adicionar valor, tanto na melhoria da performance de seus produtos, como através do desenvolvimento de pacotes de serviços, modificando a gestão de operações. As relações de organizações através da web, focadas nas operações e co-operações entre empresas, são denominadas rede interorganizacional, ou seja, a extensão da gestão de operações para fronteiras fora da empresa. As organizações modernas, principalmente as de informação, possuem uma extensa rede de relações com clientes e fornecedores. Para encontrar as vantagens competitivas, como qualidade, dependência, custo e flexibilidade, as empresas têm de se externalizar, mover além de suas fronteiras (Hayes e Wheelwright, 1984, in Harland, 2001, p.656), conforme abaixo (Ilustração 6). Ilustração 6 – Cadeia Comercial Fonte: HAYES E WHEELWRIGHT, 1984. Adaptado pelo Autor. 42 Conforme Savage (1990) há um caminho a ser alterado e que é demonstrado pelo comparativo entre as tradicionais organizações burocráticas e as modernas organizações de redes, o que revela qual o modelo evolutivo que as empresas atuais podem seguir (tabela 3). Dimensões Organizações Organizações de Burocráticas redes Tarefas críticas Físico mental Relações Hierárquica Consumidor a consumidor Níveis Muitos Poucos Estruturas Funcionais Times multidisciplinares Fronteiras Fixa Permeável Confiança Integração vertical Outsourcing e competitiva Estilo de alianças Autocrática Participativa Adequação e tradição Compromisso e gerenciamento Cultura resultados Pessoas Homogênea Diversa Foco Eficiência Inovação estratégico Tabela 3 - Organizações burocráticas e as organizações de redes. Fonte: SAVAGE, 1990. Adaptado pelo Autor. Segundo Varian e Shapiro (1999) a mudança do conceito de economia de escala para economia de redes, afeta diretamente a forma como as empresas crescem e atingem o sucesso. Segundo esse conceito, a economia de escala se baseia no aumento de produtividade, ou seja, quem tiver mais escala ira fornecer melhores produtos e mais baratos. Os autores indicam que tanto o sucesso e 43 quanto o fracasso na economia de redes serão ocasionados de acordo com as expectativas dos consumidores e pela sorte, e também pela capacidade da empresa em formar alianças estratégicas e pelo valor básico do produto ou serviço. Para Harland (1999), quando as empresas externalizam suas operações formando alianças externas em uma cooperação interorganizacional, então a estratégia de operações passa a ser uma estratégia de rede de suprimentos, conforme a tabela 4. 44 Estratégia de Operações Estratégia de Redes de Suprimentos No consumidor final e em cada ator da rede de suprimentos: Preço e Custo Velocidade de entrega Flexibilidade Qualidade do produto Inovação Amplitude Qualidade do Serviço - Acesso - Competência - Cortesia - Comunicações - Credibilidade - Segurança - Conhecimento Prioridade competitiva Nas Operações: Preço e Custo Dependência Flexibilidade Qualidade Estrutura Capacidade - tamanho, volume, timing. Facilidades Equipamentos e sistemas de produção Fontes internas e externas Capacidade - tamanho, volume, timing. Configuração dos atores da rede de suprimento Configuração das facilidades da rede de suprimento frota, prédios, materiais Fazer ou comprar (make-or-buy) Infra-estrutura Políticas de recursos humanos Políticas de recursos humanos de redes de suprimentos Sistemas da Qualidade Controle e planejamento da produção Desenvolvimento de novos produtos Organização Medidas de Performance Sistemas da Qualidade de rede de suprimentos Controle e planejamento das operações de redes de suprimentos Desenvolvimento de novos produtos e serviços Organização em rede Medidas de Performance Tabela 4 – Comparativo das Operações Internas e Externas Fonte: HARLAND, 1999, p. 664. Adaptado pelo Autor Para Fine (1999) existem ciclos de verticalização e integração migrando para a horizontalização e modularização em ciclos que podem variar dependendo do segmento que a empresa atua. Conforme o Esquema 2, a empresa pode passar por ciclos em que é interessante manter todas suas operações internas e com o passar 45 do tempo, por outros, nos quais deve manter sua principal competência a favorecer a cadeia ou rede de suprimentos a qual pertence. Esquema 2 – Hélice Dupla, ilustrando as forças sobre setor/produto. Fonte: FINE 1999, p. 58. 3.2.2 Estratégia tecnológica Um dos aspectos mais importantes para se compreender o significado da inovação nos negócios atuais e como as informações fluem através dos processos de negócio é o fato de que muitas empresas têm um planejamento formal de estratégia tecnológica. Algumas organizações não o fazem de forma sistematizada, mas mesmo assim, acabam por ter um planejamento informal, que subsidia a decisão de investir ou não numa nova tecnologia, bem como o momento em que se fará tal investimento. As inovações na tecnologia aplicada a negócios estão revolucionando continuamente o modo de realização de todas as transações que ocorrem em sociedade. 46 Cada transação gera dados que precisam ser coletados, tratados, armazenados e distribuídos com precisão e velocidade, sendo que esses dados organizados de modo a fazer sentido, constituem-se em informações que devidamente processadas produzem conhecimento. O conhecimento produzido pelas inovações na tecnologia da informação está provocando profundas mudanças nos mercados, nas indústrias, nos produtos, serviços e suas cadeias produtivas. Vasconcellos (1990, p. 8) afirma que “planejamento estratégico da tecnologia é um conjunto de atividades e procedimentos que tem por finalidade delinear o plano estratégico para a variável tecnológica”. Segundo o autor, tal plano deverá explicitar, entre outras, definições referentes a sete diferentes aspectos (pg. 8-11): 1. Fontes de tecnologia: a inovação pode vir de diversas fontes: clientes, concorrentes, fornecedores, institutos de pesquisa, universidades e pesquisa própria; 2. Mecanismo de aquisição de tecnologia: licenciamento, aquisição da empresa que detém a tecnologia, associação ou aliança tecnológica, contratação para o desenvolvimento da tecnologia, joint-ventures e equipe própria; 3. Alocação de esforço de P&D entre os tipos de atividade: pesquisa aplicada, desenvolvimento, engenharia, assistência técnica, análises e testes de rotina; 4. Alocação de recursos de P&D para aprimoramento, os quais devem distribuir-se entre aperfeiçoamento dos produtos atuais e desenvolvimento de novos produtos e processos; 5. Fontes de recurso para P&D (externas e internas), definindo-se a evolução do montante de recursos e a participação esperada dos recursos próprios, mapeando-se as oportunidades de incentivos, subsídios e programas de apoio em geral; 47 6. Nível de liderança tecnológica, tanto em termos geográficos (mundial, nacional e, acrescente-se, até mesmo em âmbito local) como em termos de políticas quanto ao momento de adoção de novas tecnologias; 7. Tecnologias estratégicas, identificando-se aquilo cujo domínio é um pré-requisito para que se atinjam os objetivos da empresa em termos de competitividade. 3.2.2.1 Resultados da inovação tecnológica Para se compreender melhor quais são os resultados da introdução de novas tecnologias em negócios, pode-se adotar modelo da Ilustração 8, na qual os cinco degraus representam à forma pela qual normalmente se observa o amadurecimento no uso de tecnologias: 1. Custos: em seus primeiros passos na introdução de inovações tecnológicas, as empresas geralmente visam à redução de custos, seja na automação de processos (eliminação de mão-de-obra), seja pelo aumento da eficiência operacional (redução de desperdícios, menor capital de giro etc.); 2. Qualidade: uma vez consolidados os ganhos obtidos via redução de custos, normalmente começa a haver crescente preocupação no sentido de que é possível, com o uso de novas tecnologias, melhorar a qualidade dos produtos e serviços oferecidos ao mercado; 3. Tempo: a próxima etapa dos ganhos trazidos pela tecnologia refere-se aos prazos, tanto no time to market (desenvolvimento de produtos/serviços) como nos ciclos de produção; 4. Flexibilidade: a flexibilização do processo produtivo facilita o atendimento sintonizado às necessidades de mercado, através da maior customização no mix de produtos e serviços; 5. Inovação em produtos e serviços: é principalmente nesta fase que se consolidam os ganhos de competitividade. Inovando em produtos e serviços, a empresa estabelece novos padrões em termos de expectativas dos clientes, obrigando a concorrência a acompanhá-la. 48 Flexibilidade Qualidade Custo Inovação Tempo Ilustração 7 - Os cinco degraus de resultados trazidos pela inovação tecnológica Fonte: adaptado de Noble (1995), Bolwijn & Kumpe (1990) e Slack (1993). 3.2.2.2 Fatores Competitivos e o Desenvolvimento de Novos Produtos Conforme Clark e Whellwright (1993), a essência dos problemas de desenvolvimento de produtos pode ser definida como uma falha de performance entre as práticas correntes, que foram pedidas pelos consumidores e pelo mercado, ou entre os projetos e objetivos traçados. O problema fundamental é projetar e desenvolver algo que “completará” a lacuna entre a performance atual e os requisitos do novo produto. Se o sistema de desenvolvimento existente já atende aos requisitos, então o problema do desenvolvimento é trivial. Se não, os as empresas devem procurar alternativas que conduzirão ao nível de desempenho desejável sendo que desempenho do desenvolvimento de produto está baseado no tripé time-to-market/ produtividade/qualidade, além dos requisitos de mercado que se tornam qualificadores. Conforme Cheng (2000), a dimensão estratégica de desenvolvimento no âmbito da empresa é a permanente tentativa de articular as necessidades do mercado, as possibilidades da tecnologia e as competências da empresa. Pode ser considerada sob o aspecto da Gestão de Portfólio dos produtos, nos seus três objetivos: 1. O alinhamento estratégico dos projetos com a estratégia do negócio; 2. A consideração dos recursos disponíveis; 3. O balanceamento entre os projetos sob critérios diversos, particulares a cada empresa. 49 Clausing (1994) e Clark e Wheelwright (1993) alertam para o mesmo fato de o processo de desenvolvimento do produto ser a mais alta prioridade para o sucesso da empresa. A orientação das empresas em busca da efetividade no desenvolvimento de produto é responsabilidade da alta gerência, e deve passar necessariamente pelo estabelecimento de estratégias de posicionamento no mercado e pela implementação de práticas ou procedimentos que maximizem o desempenho do processo de desenvolvimento (GRIFFIN, 1997) e da Cadeia de Suprimentos (FINE 1999). Muitas práticas têm sido adotadas por empresas neste sentido e mencionadas nos trabalhos dos seguintes estudiosos: Clark (1993); Clausing (1994); Brown e Eisenhardt (1995); Griffin (1997); Juran (1997); Baxter (1998), Mazur (2000); Cooper (1999) e Cheng (2000), dentre outros. São procedimentos que tratam de diversos itens, tais como a estratégia do desenvolvimento do produto, a sobreposição de fases durante o projeto, a inovação, as formas de gerenciamento, a interfuncionalidade, proximidade com os de padrões clientes, a comunicação, multidisciplinaridade o envolvimento e com fornecedores, o aprendizado e treinamento, o uso de ferramentas, a qualidade e importância dos protótipos, o controle das etapas do desenvolvimento e finalmente o uso de agentes facilitadores. Segundo demonstram os resultados da pesquisa realizada por Griffin (1997), a melhoria do processo de desenvolvimento não é alcançada somente com a adoção de uma só prática extensivamente, mas com o uso de várias delas, paralelamente. As ações imediatas implantadas pelas empresas que buscam uma posição de destaque estão sendo direcionadas para as mudanças no gerenciamento do desenvolvimento de produtos e serviços, processos e aprimoramento de suas relações com fornecedores, através do desenvolvimento de uma eficaz cadeia de suprimentos (FINE 1999). 50 A modularidade, também é importante sendo uma a estratégia para organizar produtos e processos complexos eficientemente. Um sistema modular é composto de unidade (ou módulos) que são desenhados independentemente, mas ainda funcionam como um TODO integrado conforme, Baldwin e Carliss (1997). Fine (1999) cita a Engenharia Sincrônica como um modelo no desenvolvimento de produto e que pode consolidar as três dimensões da cadeia de suprimentos, produto ou serviço, processos e fornecedores. Essa metodologia leva em conta algumas etapas conforme abaixo: 1. Analise do projeto arquitetônico dos processos e produtos, identificando problemas fundamentais; 2. Desmembramento do produto e dos processos nas suas partes componentes, ou subsistemas e identifique as interações em cada um deles e entre si; 3. Alinhamento das exigências de projeto efetivo do produto com as do projeto do processo e da estrutura organizacional; 4. Explorar as alternativas para o projeto efetivo do produto básico e para os processos de fabricação; 5. Estimativa de inicial de custos da adoção de várias opções de processos; 6. Estimar inicialmente as exigências de prazos para a execução de diferentes opções de projeto; 7. Identificar e atenuar quaisquer gargalos do processo de Engenharia Sincrônica; 8. Gerenciar o processo de elaboração do projeto com equipes multifuncionais, trabalhando de forma síncrona; 9. Alinhar os incentivos referentes ao projeto, de modo que as opções excludentes associadas com a seleção dos projetos alternativos sejam exercidas sob uma perspectiva global, relacionada com o ciclo de vida do produto. 51 3.2.2.3 Modelos conceituais para análise de competitividade Venkatraman (1994) identifica cinco graus de impactos resultantes da inovação. Tal modelo foi concebido para analisar a Tecnologia de Informação, mas sua aplicabilidade é mais ampla e explica também outras inovações tecnológicas. Duas dimensões combinadas definem o impacto da tecnologia nos negócios: o grau de transformação e a amplitude dos benefícios potenciais (Ilustração 8). À medida que aumenta cada uma destas dimensões, amplia-se o impacto. O autor destaca uma linha divisória entre dois níveis: 1. Evolucionários: impactos mais limitados, que requerem poucas mudanças nos processos de negócio. Equivalem às “inovações incrementais” de Freeman (1984) 2. Revolucionários: impactos mais significativos, que demandam mudanças fundamentais nas rotinas organizacionais (estratégias, estrutura, processos e habilidades). Refere-se às “inovações radicais” e, mais raramente, às “revoluções tecnológicas” de Freeman (1984). Grau de transformação nos negócios Alto Níveis revolucionários Níveis evolucionários Baixo Amplitude de benefícios potenciais Alto Ilustração 8 - O modelo de Venkatraman. Fonte: Venkatraman (1994) O modelo de Venkatraman (1994) também explica a forma pela qual a tecnologia pode, em determinadas circunstâncias, trazer profundas transformações no negócio, tanto em termos de mix de produtos e serviços como no que se refere à amplitude do mercado. 52 No modelo das cinco forças de Porter (1989) o posicionamento estratégico de uma empresa resulta da combinação de cinco forças competitivas (Ilustração 10): 1. Concorrentes: refere-se à rivalidade existente entre a empresa e os demais players do setor; 2. Ingressantes: diz respeito à possibilidade de que novos players se interessem pelo setor; 3. Fornecedores: relaciona-se ao poder de pressão daqueles que antecedem a empresa na cadeia produtiva; 4. Compradores/clientes: como os fornecedores, os compradores/clientes podem ter menor ou maior poder de pressão; 5. Substitutos: conforme a organização produza bens e serviços menos ou mais facilmente substituíveis, altera-se a ameaça de substitutos. Pressões competitivas Novos entrantes Conc Forne cedores orrentes Empresa Clientes Produtos substitutos Esquema 3 – Análise das forças competitivas. Fonte: Porter(1989), Adaptado pelo autor Vários outros autores propõem modelos alternativos para entendimento da competitividade, tais como Bolwijn e Kumpe (1990), Albrecht (1995), Treacy & Wiserma (1995), Porter e Millar (1997). Para Slack e Lewis (2001, p. 404) diferentes mercados com diferentes grupos de consumidores e comportamentos de competidores poderão produzir diferentes as gama de variáveis para a competitividade. 53 Para Fine (1999) as estratégias competitivas tem vida curta, pois toda vantagem competitiva é temporária, sendo que a velocidade evolutiva de um segmento determina a perecibilidade dessa vantagem. A flexibilidade e a capacidade de inovar e gerar vantagem competitiva constantemente deve orientar a estratégia das empresas atuais. Para o autor a competição no futuro de dará não pelo melhor produto ou fabricante, mas pela melhor cadeia ou rede de suprimentos, o que deverá ser visto a seguir. 3.2.3 Cadeias e Redes de Suprimento da Informação Conforme Cooper, Lambert e Pagh (1997), cadeia de suprimentos é a integração de processos-chave, desde os consumidores finais até os fornecedores, que disponibilizam produtos, serviços e informações e agregam valor aos consumidores e a outros stakeholders. Além disso, para Cooper, Lambert e Pagh (1997), o escopo da cadeia de suprimentos, deve ser definido pelo número de empresas envolvidas. Para Slack e Lewis (2001), as cadeias de suprimento podem ser definidas como organizações que sucessivamente obtêm matérias primas, transformam-nas em bens intermediários, em produtos acabados e finalmente entregam ao cliente. Para o autor, em grandes organizações existem centenas de ramos das unidades produtivas interligadas e que atravessam a operação propriamente dita, sendo que esse conjunto de ligações e ramos compõe a cadeia de suprimentos. Conforme Slack e Lewis (2001), a administração os relacionamentos dentro da cadeia entre os ramos é questão chave para o sucesso do negócio e como a organização enfrenta a questão da terceirização ou de fazer internamente, de fazer 54 ou comprar. Para os autores, a construção de uma cadeia ou rede de suprimentos deve passar pela ponderação entre: • A organização deve fazer tudo internamente ou deve terceirizar tudo? • A organização deve terceirizar as atividades triviais ou deve terceirizar até as atividades centrais? Dentro dessas questões, um fator importante na ponderação sobre fazer ou comprar é como a organização se relaciona com seus os fornecedores, pois podem ser usados vários fornecedores na terceirização ou um único, como também, podese optar por um relacionamento de parceria ou de pressão. Em uma perspectiva de rede a contratação ou a fabricação interna pode ser influenciada pelo entendimento de que cada transação é como um simples evento em um relacionamento envolvido por uma rede. Uma nova transação poderia acontecer com alguém de quem se tem uma história de bom relacionamento ou alguém que possui laços com outros de quem está conectado. Esse tipo de conexão pode apresentar custos mais baixos do se espera, em uma analise mais simples de custeio para terceirização. Muito tem se escrito em tempos recentes sobre o que envolve a pesquisa de relacionamentos entre empresa e seus fornecedores como, blocos estratégicos (NOHRIA E GARCIA PONT, 1988), redes estratégicas de suprimentos (JARILLO, 1988), aprendizado em alianças (HAMEL, 1990), confiança interorganizacional (GULATI, 1995a; ZAHEER & VENKATRAMAN, 1995), e rede de recursos (GULATI, 1999). Para Kumar (1996), os relacionamentos benéficos e duradouros são baseados em confiança e parceria e não em medo e pressão. Para o autor, a confiança esta ajustada na dependência das relações entre a empresa e seus fornecedores. 55 Esquema 4 – Elementos das Parcerias e Relacionamentos. Fonte: SLACK E LEWIS (2001; p. 181) Adaptado pelo autor. Para Corrêa (2002) e Jarillo (1993), as redes estratégicas de suprimentos são arranjos deliberados de longo prazo, entre organizações distintas, mas relacionadas que visam o lucro. Estes arranjos permitem a estas organizações na rede ganhar ou sustentar vantagem competitiva vis-à-vis junto a seus concorrentes fora da rede, através da otimização de custos operacionais ou redução dos custos de coordenação. Para Slack e Lewis (2001) existem atitudes que ocorrem nos relacionamentos que podem ser modificadas por ações junto aos fornecedores, conforme o Esquema 4. Gulatti, Nitin e Zaheer (2000) colocam que os aspectos estratégicos mais importantes para entender as redes dentro das organizações são: 1) Estrutura industrial incluindo o grau de competição e as barreiras de entrada: 56 2) Posicionamento interno da indústria incluindo grupos estratégicos e barreiras à mobilidade; 3) Recursos e capacidade inimitáveis da organização; 4) Terceirização e Custos coordenados; 5) Restrições dependentes e dinâmicas e benefícios. Para Mentzer (2001) as cadeias de suprimentos estão formadas quando três ou mais organizações são ligadas diretamente por um fluxo de um ou mais produtos, serviços, finanças ou informação de uma fonte até o consumidor. Tal definição pode ser encarada como simplista, pois qualquer uma da empresas atuais não consegue realizar ou produzir todos os recursos necessários necessitando de fornecedores dos mais diversos tipos. Segundo Fine (1999), não existe competência mais importante do que o projeto de uma cadeia de suprimentos superior, sendo essa do consumidor final até as fontes de matérias primas. De acordo com Harland (1999), uma rede de relações que resulta em um foco de operações e cooperação, pode ser chamada de rede inter-organizacional. Para Harland (1996), os níveis de relacionamento entre os atores dentro de uma cadeia de suprimentos podem ser diferentes e identifica quatro contextos de pesquisa diferentes, conforme o Esquema 05: • a cadeia de suprimentos interna que integra funções do negócio envolvidas no fluxo de materiais e informações; • o gerenciamento de relacionamento entre a empresa e fornecedores imediatos; • o gerenciamento de uma cadeia de negócios incluindo todos os fornecedores e clientes; • o gerenciamento de uma rede de negócios interconectados por diferentes processos e atividades na criação de valor para o cliente. 57 Esquema 5 – Níveis de Pesquisa de Gestão de Cadeia de Suprimentos Fonte: HARLAND, 1996, p.66, tradução do autor. Conforme Harland (1996) em sua composição gráfica, os dois níveis iniciais não são considerados uma cadeia de suprimentos, sendo esses níveis de análise e internos e não envolvem um conjunto de relacionamentos. Para o nível subseqüente, Harland (1996) apresenta a cadeia de forma linear e seqüencial, não incluindo relacionamentos laterais. Esse modelo de cadeia de suprimentos possui diversos estudos nos quais são analisadas as curvas de demanda e oferta e seus efeitos. Fine (1999) e Slack e Lewis (2001) citam duas Leis que são efeitos das curvas de oferta e demanda entre cliente e fornecedores: a Lei da Ampliação da Volatilidade, também conhecida como Efeito Chicote ou Efeito Forrester, e a Lei da Ampliação da Velocidade Evolutiva. 58 A Lei da Ampliação da Volatilidade é o fenômeno do aumento das distorções de demanda e de estoques à medida que se aproxima dos elos a montante da cadeia, ou seja, se afasta do consumidor final. Esse fenômeno apresenta desafios na esfera dos relacionamentos na medida em que se espera que as oscilações de demanda sentida por quem atende o consumidor final sejam as mais fieis e rapidamente possíveis, transmitidas para os elos a montante. Por sua vez, estes vão respondendo com a rapidez e flexibilidade ajustadas a essas variações. A Lei da Ampliação da Velocidade Evolutiva é o fenômeno do aumento de necessidade de mudança e evolução à medida que se aproxima dos elos mais a jusante da cadeia, ou seja, os mais próximos do consumidor final. Os desafios, aqui, são no âmbito da inovação e rapidez no suprimento de novos produtos/serviços. No nível quatro, existem as redes de suprimentos que conforme Harland (1996: p. 67): “(...) a rede de organizações que estão envolvidas, através de ligações a jusante e a montante, nos diferentes processos e atividades que produzem valor na forma de produtos ou serviços para as mãos do consumidor final”. Slack e Lewis (2001, p.194) afirmam que é importante pensar as operações da empresa na perspectiva de rede de suprimentos, pois aspectos internos se modificam em razão dessa disposição. Segundo o autor a partir da perspectiva de rede de suprimentos são incentivados outros seis aspectos das operações: • Entendimento das forças competitivas • Entendimento das forças cooperativas • Identificação de relacionamentos particularmente significantes • Promoção de foco no longo prazo • Confronta as operações com as opções de desenhos dos recursos estratégicos 59 • Enfatiza a natureza operação para operação dos relacionamentos de negócio Para Slack e Lewis (2001, p.192), as redes de suprimento são interrelacionamentos de operações independentes, sendo que cada relação de uma para a outra pode implicar em distorções. Considera que essas distorções podem ser consideradas em ambas as maneiras quantitativa e qualitativa. As distorções quantitativas são causadas pela necessidade de gerenciamento do estoque entre as operações de redes e distorções qualitativas ocorrem do erro de interpretação do que o mercado deseja através da rede de suprimentos e que são transmitidas para dentro da cadeia. Existem forças dentro de uma cadeia ou rede de suprimento que possibilitam uma vulnerabilidade do negócio e um risco de que a operação trabalhe com o objetivo do sucesso da rede (SVENSSON, 2000, p.732). Existem várias correntes de discussão sobre as forças dentro das redes e cadeias de suprimento como: • poder e dependência (Cartwright, 1959; Emerson, 1962); • risco e incerteza (Knight, 1921; Ganesan, 1994); • disponibilidade (Sandler, 1963; Frankel, 1988); • conflito (Lusch, 1978; Rosenberg e Stern, 1971); • controle (Pfeffer e Salancik, 1978); • racionalidade e custos (Willianson). Uma maneira proposta pelo autor de minimizar as instabilidades dinâmicas das redes de suprimento é o compartilhamento de informações sobre estoque entre a empresa e seus fornecedores (Slack e Lewis, 2001, p.210). Através desse compartilhamento, é melhorado o entendimento da dinâmica do sistema, e alcançar uma melhor eficiência operacional, diminuindo as flutuações de preço, melhorando as previsões de demanda. 60 Para Gulati (1999), dependendo da posição da organização dentro da rede ela é provida de informações valiosas que possibilitam uma vantagem estratégica e a possibilidade de agir antes de seus competidores. As organizações atualmente são vistas como conectadas umas as outras em múltiplas redes de recursos e informações, isso devido ao aumento das estratégias de redes. Tais ligações se baseiam em complexas relações onde coexistem a competitividade e a cooperação (GULATI, 1999). A existência de interdependência dos negócios das empresas possibilita que existe uma necessidade de cooperação entre as empresas a fim de atingir objetivos individuais e mútuos que são o sucesso de ambos os negócios (SVENSSON, 2000, p.733). Nesse sentido as empresas de informação de crédito são fornecedores do conhecimento sobre os novos compradores ou novos clientes fornecendo os subsídios para empresas adaptarem suas vendas e formas de pagamento. Segundo Sampson (2000, p.733) existe uma variação nas empresas de serviço, que de acordo com Slack e Lewis (2001, p.210), implicam que os próprios clientes serem fornecedores de informações sobre consumo, o que pode ser identificado nas redes de suprimentos de informações de crédito. O compartilhamento de informações dos negócios na era digital surgiu e evoluiu com a viabilização e a redução significativa das restrições tecnológicas, antes existentes e que foram modificadas pelo surgimento da infra-estrutura e comunicação pública (ALBERTIN E MOURA, 2004). Também conforme o autor, os negócios na nova “Era Digital” e sua infra-estrutura foram criados de forma evolutiva, baseados nos aplicativos em tecnologia da informação e comunicação, se iniciando com os computadores de grande e pequeno porte, os ambientes de rede de 61 comunicação, os sistemas de informações e sistemas integrados de gestão, as integrações entre empresas, pessoas e governo, até se chegar à Internet. Para Fine (1999) o mapeamento de uma cadeia ou rede de suprimentos deve passar pelo conhecimento e acompanhamento da velocidade evolutiva dos seus elementos da cadeia e do segmento. Isso busca identificar através dos mapas estáticos das empresas envolvidas para onde o segmento se encaminha através das inovações tecnológicas do setor. Conhecer a velocidade do setor, e sua cadeia de suprimento, e compara-la com outros setores pode ser uma maneira de buscar uma vantagem competitiva, mesmo que temporária. No universo do comércio eletrônico, levando em conta as características de rede das cadeias de suprimento do mundo da informação e sua necessidade de capilaridade, é apresenta a Lei de Metcalfe (CASTELLS, SHAPIRO E VARIAN), sendo Robert Metcalfe o inventor da tecnologia das redes de área local (LAN) conforme descrito abaixo: “O valor da rede eleva-se como o quadrado do número de usuários. Se existirem n usuários em uma rede e o valor da rede de acordo com cada um dos usuários for proporcional ao número de outros usuários do serviço, então o valor total da rede, para todos os usuários é proporcional a n x(n-1) = n2 - n. Isso significa que se o valor de um único usuário for US$1,00 para cada outro usuário na rede, então uma rede de tamanho 10 terá valor total de US$100. Em contrapartida, uma rede de tamanho de 100, terá um valor de US$10.000,00, logo um aumento de dez vezes no tamanho da rede conduz a um aumento de centenas de vezes o valor dela”. Segundo essa premissa, quanto maior a quantidade de usuários, mais essa rede tem valor e por isso aumenta de modo exponencial em uma razão quadrada, ou seja, o valor da rede se eleva com o quadrado do número de usuários (CASTELLS, SHAPIRO E VARIAN). 62 Conforme Shapiro e Varian (1999), a principal diferença entre a economia de bens duráveis e da economia da informação é que na primeira as economias de escala definem a competitividade da empresa, enquanto que na economia da informação esta é definida pela força das redes onde a recomendação dos clientes, ou o que o autor chama de positive feedback, impulsiona a vantagem competitiva sobre a economia de escala. O feedback positivo se baseia na percepção dos clientes sobre qual é o melhor produto e tecnologia que esta presente na rede e como esse cliente influencia seu grupo de influência. Quando o cliente e seu grupo identificam produtos compatíveis, os fornecedores deste serviço ou produto se tornam cada vez mais fortes, enquanto que seus concorrentes passam a ficar cada vez mais fracos (SHAPIRO E VARIAN, 1999). Isto se dá, pois os clientes que desejam compartilhar da mesma rede com seu grupo precisam que suas informações sejam lidas pelo mesmo software ou base de dados, e trocadas de forma através dos membros da rede. Um exemplo citado por Shapiro e Varian (1999) é o das linhas ferroviárias e cabos telefônicos, onde as ligações se dão de forma física nos nós da rede. Entretanto nas redes virtuais os nós da rede se dão de forma imperceptível e invisível apesar de serem críticas para as estratégias competitivas da empresa. Conforme a Lei de Metcalfe, e independentemente da rede ser física ou virtual, a principal lei que rege a economia da informação, ou também chamado de exterioridade da rede, coloca que o valor de estar conectado a uma rede depende do número de pessoas já conectadas a ela. Os usuários são motivados pelo desejo profundo de optar pela tecnologia que ira permanecer no mercado. Segundo Shapiro e Varian (1999): “mantendo constante todas as outras variáveis, é melhor estar conectado a uma grande rede ao invés de estar conectado a uma pequena rede”. 63 O efeito do feedback positivo leva a situações extremas, onde o resultado é apenas um vencedor, ou conforme os autores “the winners takes all” conforme a Ilustração 9. Conforme o a exterioridade de rede se apresenta, o fornecedor forte se torna mais forte e o mais fraco vai assumindo a posição de perdedor. Ilustração 9 – Dinâmica do feedback positivo. Fonte: SHAPIRO E VARIAN (1999; p. 208) nossa tradução. A dinâmica do feedback positivo age conforme o padrão do ciclo de vida de um produto partindo de lançamento, crescimento e saturação. A grande mudança que a economia da informação impõe é que exista uma mesma curva, só que invertida, do concorrente menos privilegiado, e que se torna perdedor. 64 CAPÍTULO 4 Metodologia Nesse capítulo são discutidos os atuais conceitos existentes sobre o conhecimento científico e as formas de como será proposta a pesquisa e os métodos utilizados para sua conclusão. É apresentado o método, desenhos, perguntas e proposições do trabalho, unidades de analises e as fronteiras do estudo, além das formas de coletas de dados e instrumentos utilizados. 4.1 O Conhecimento Científico Segundo Vergara (1997), a ciência é uma das formas de acesso ao conhecimento humano, sendo sua atividade básica a pesquisa, sendo que a ciência busca oferecer explicações acerca de um fenômeno. Para Lakatos e Marconi (2001), o conhecimento científico é real, pois lida com fatos e/ou ocorrências, ou seja, lida com as situações existentes que se manifestam de algum modo. Conforme os autores o conhecimento científico possui diversas definições: 65 Conhecimento Descrição Contingente Proposições e hipóteses têm sua veracidade ou falsidade testada e avaliada através da experiência e não apenas pela racionalidade, como ocorre com o conhecimento filosófico. Sistemático Possui uma ordem lógica e forma um sistema de idéias e teoria, e não, conhecimentos dispersos e desconexos. Verificável Pois suas afirmações e hipóteses podem ser comprovadas cientificamente. Falível Não possui caráter definitivo, absoluto ou final. Tabela 5 – Definições do conhecimento científico Fonte: Lakatos e Marconi (2001, p.80). Adaptado pelo autor. Para Trujillo (1974, in LAKATOS e MARCONI, 2001: p.80) entende por ciência não apenas uma visão, mas uma forma sistêmica de se analisar e se verificar um fenômeno: “A ciência é todo um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. Para Lakatos e Marconi (2001), a ciência nasce da necessidade do homem de conseguir explicar e entender a complexidade do universo e a diversidade de fenômenos que nele se manifestam. Tal necessidade levou ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas e a uma classificação, quer de acordo com sua ordem de complexidade, quer de acordo com seu conteúdo: • Objetos ou temas • Diferença de enunciados • Metodologia empregada. As ciências possuem, segundo Lakatos e Marconi (2001): • Objetivo e finalidade – deve existir uma preocupação em distinguir as características comuns ou as leis gerais que regem determinado eventos. • Função – melhoria dos conhecimentos em relação ao homem e o mundo em que ele vive. 66 • Objeto, que está subdividido em: o Material – o que pretende se estudar, analisar, interpretar ou verificar; o Formal – o enfoque específico de acordo com as várias ciências que estudam o mesmo objeto. Conforme Popper (1978), em sua questão sobre a falseabilidade, o conhecimento científico difere das especulações pseudocientíficos e metafísicos porque suas teorias são testáveis, ou seja, a ciência evolui colocando suas teorias em risco de serem refutadas, sendo esse conhecimento acumulativo e passível de revoluções. Sempre existem lacunas que a curiosidade humana aliada ao conhecimento científico visam esclarecer. Ou seja, os conhecimentos vão lentamente se acumulando de forma a gerar grandes mudanças através de avanços que podem ser refutados, e que para serem conhecimento cientifico devem resistir à refutação. Goode e Hatt (1972) afirmam que nenhuma quantidade de pensamento, não importa quão lógica seja a idéia apresentada e a facilidade de sua compreensão, pode substituir uma cuidadosa verificação empírica baseada em dados reais e capazes de ser comprovada. Dai a importância em se saber como o instrumento de coleta de dados se comporta numa situação real através do pré-teste. Para Khun (1975) a produção do conhecimento se dá por meio de revoluções científicas e assim ocorre o progresso na ciência. Pode se referir a isso como um paradigma que é aceito e que durante um período são aprofundados seus conhecimentos até o ponto em que a própria ciência não consegue mais explicar as brechas e lacunas pela teoria existente. A partir desse momento esse paradigma, não responde mais as questões colocadas e uma teoria científica que o refuta, revoluciona o conhecimento até então estabelecido. A isso Kuhn chamou de revolução científica ou ciência extraordinária. De acordo com noções dos autores acima citados, o homem busca no conhecimento científico, forma de analisar a luz de algum método, os paradigmas estabelecidos em sua maneira de ver o mundo. Algumas das teorias atuais de 67 analise de paradigmas como o pós-positivismo, a teoria critica, o construtivismo e o pós-modernismo, são maneiras de como os principais paradigmas são atualmente analisados à luz da ciência. Segundo Guba e Lincoln (in DENZIN, cap. 6 1994) os paradigmas baseiam se em três pilares: • Ontológico – Quais são a forma e natureza da realidade e o que há para saber e conhecer dela? • Epistemológico – Qual é a relação entre o observador e o observado? • Metodológico – Como é que o pesquisador vai à procura do que quer conhecer e como é que ele constrói o conhecimento? De acordo com as pressupostos básicos citados sobre o tema é colocado que: 68 Póspositivismo Construtivismo Teoria Pós- Crítica modernismo Realismo histórico: Realismo Ontologia crítico: Relativismo: realidade “real” realidades captada de específicas forma construídas imperfeita e localmente probabilística realidade Relativismo: virtual realidade “formatada” virtual por valores “formatada” por culturais, micro- políticos, narrativas econômicos etc. Dualista / Epistemologia objetivista Transacional / modificada: subjetivista: Resultados Resultados provavelmente criados verdadeiros Transacional Transacional / / subjetivista: subjetivista: Resultados Resultados mediados mediados por por valores discursos Experimental, com métodos Metodologia quantitativos e Dialética e Dialética e Desconstrução, qualitativos, Hermenêutica Dialógica genealogia verificação de hipóteses. Tabela 6 - Paradigmas e referenciais de análise, Fonte: Adaptado de Guba; Lincon (cap.6 in DENZIN, N. 1994). De acordo com os autores, existem implicações práticas na pesquisa, que são conseqüências de uma adoção do paradigma pós-positivista, conforme abaixo: • Objetivo da pesquisa: explicação, predição e controle. • Natureza do conhecimento: hipóteses com leis ou fatos prováveis. • Acumulação de conhecimento: adição de leis, fatos, relações. 69 • Critérios de validação e qualidade: rigor, confiabilidade, objetividade e validade interna e externa. • Papel dos valores: excluídos, não influenciam. • Ética na pesquisa: extrínseca. • Papel do pesquisador: contribuinte desinteressado. • Treino: técnicas quantitativas e qualitativas, teorias substantivas. Conforme Whetten (2003) e Sutton e Staw (2003), existe a pesquisa científica e sua forma de estruturação possui funções claras. Para Whetten (2003) alguns passos são necessários para uma melhor compreensão do que constitui uma contribuição teórica. Seguindo os passos do autor, é feita a seguinte incursão de acordo com as perguntas colocadas no decorrer de uma análise em uma pesquisa científica: • O que? – representa o que a teoria irá discorrer sobre, quais as variáveis, construtos e conceitos deverão embasar a teoria e sua explicação, lógica e encadeada de idéias sobre o tema. • Como? – Como representa qual o relacionamento entre as diversas descobertas que o autor encontrou em sua busca por dados, variáveis e construtos. Mostra o inter-relacionamento entre os dados, e as explicações de como tais dados se conectam. • Por quê? – a questão que explica a causa do ocorrido, a razão da pesquisa científica. Buscar entender que através do ocorrido (o que?) e das razões sobre como os dados se relacionam (como?) pode chegar à conclusão de tal fenômeno ocorre devido a uma explicação logicamente embasada. Segundo o Whetten (2003), existe também uma relação com o meio externo nessa pergunta, “Por que outras pessoas se interessariam por essa pesquisa de campo?”. Isso reflete uma busca por uma estrutura já vigente, da necessidade das outras pessoas e colegas. • Quem, onde e quando? – tais perguntas servem para diminuir a generalização do modelo científico. Restringir o modelo de forma a conseguir exprimir mais pontualmente onde o fenômeno estudado ocorreu, sua data e quem estava lá. Uma das perspectivas que o pesquisador pode incorrer se não pensarem corretamente nesses 70 pontos, é de que se tal fenômeno ocorre também em pontos diferentes do pesquisado e em épocas diferentes. Restringir a pesquisa melhora os resultados da pesquisa, pois nenhuma pesquisa aberta e genérica é fácil de ser respondida. Conforme Whetten (2003) as contribuições teóricas são feitas através de melhorias, ou ampliações dos conhecimentos já existentes. Alguns pontos como a identificação de anomalias e fenômenos que necessitem ser comprovados e a relação com as variáveis que entendem essa anomalia. Entretanto cabe lembrar, conforme o autor, que nem só de dados é feita uma teoria, há uma necessidade da inter-relação e uma lógica de encadeamento nos dados apresentados, enfim há de se buscar um entendimento final da teoria e que somente um conjunto bem estruturado de dados é capaz de proporcionar. O “porque” é sem sombra de dúvida a mais importante indagação dentro do processo de busca científica. Nessa questão difícil de ser respondida residem os aspectos de análise e entendimento que buscam dos dados. Poderão no sentido de explicar o fenômeno, utilizar-se de metáforas e gestalts a fim de dar outros ângulos para a explicação. A delimitação da teoria e da pesquisa é importante para confirmar o “porque”, provar as teorias, testar o construto alterando as condições delimitadoras iniciais e podendo se aplicar o modelo antigo. Assim tem se uma verificação do modelo e de como ele pode ser comprovado. Para Whetten (2003) deve existir um modelo de ferramenta crítica e que deve alimentar ciclos de feedback para as teorias científicas, pois segundo o autor os escritores e pesquisadores necessitariam de: • Melhores propostas de crítica de pesquisa através de vários ângulos e que analisem a completude da teoria proposta no texto; • As críticas devem ser embasadas de forma consistente; • Deveriam ser propostas correções e alternativas de maneira a ampliar a capacidade teórica do escritor; 71 Além disso, segundo Whetten (2003), pode existir uma seqüência de questões de maneira a avaliar a teoria científica e como esta se estrutura e análises relativas à atualização (o que é novo?), o que contem o texto e sua importância (e daí?), qual a lógica seguida (por que dessa forma?), qualidade da estrutura (bem feito?), qualidade da escrita (bem elaborado?), qual o interesse atual no assunto (por que agora?) e quem são os interessados nesse tipo de assunto (a quem importa?). Para Sutton e Staw (2003) é possível verificar que a pergunta, o que é teoria científica é muito complicada de se explicar, sendo mais fácil de explicar o que não é. Os autores alegam que a negativa é mais fácil do que a afirmativa e nesse caso pode se dizer que teoria científica não é ou não são: • Referências não é teoria – servem apenas para embasar a pesquisa; • Dados não é teoria – explicam a teoria, mas não é ela; • Lista de variáveis e construto não são teoria – eles estruturam o porquê, mas não respondem, apenas indicam; • Diagramas não são teoria – possibilitam uma melhor visualização, mas também não explicam o porquê apenas apresenta; • Hipótese não é teoria – ela afirma o que o fenômeno ou anomalia e o motivo, mas não explica também o porquê; 4.2 O Método da Pesquisa O método segundo Vergara (1997) é o caminho no qual o pesquisador, através de uma lógica consegue efetuar sua pesquisa. Segundo o autor, existem três grandes métodos: a) Hipotético-dedutivo b) Fenomenológico c) Dialético Método Hipotético-dedutivo, herança do positivismo, deduz a partir da formulação de hipóteses que devem ser testadas e analisadas, buscando uma regularidade e racionamento entre os elementos em estudo. 72 O método fenomenológico, e oposto à corrente positivista, considera que os fenômenos só podem ser entendidos a partir do ponto de vista das pessoas que o estão vivendo e experimentando, e, portanto segundo Vergara (1997) tem caráter transcendental e subjetivo. Entende se que o homem, ou a pessoa que se pretende analisar um fenômeno, possui crenças, paradigmas e valores e que por isso influencia pesquisa com esses fatores. O método dialético, igualmente oposto à corrente positivista, analisa as teorias de acordo com suas transformações e vê as coisas em constante movimento, estando focada no processo e no entendimento das interações do processo e suas ações recíprocas. Para que a pesquisa seja válida e verdadeira, porém, é necessário um conjunto de atividades sistemáticas e racionais chamadas método (LAKATOS; MARCONI, 2001) e que é descrito a seguir, conforme o Método Indutivo: • Observação dos fenômenos – etapa em que são observados os fatos ou fenômenos e analisados, a luz da descoberta de sua causa ou causas; • Descoberta da relação entre eles – através da comparação são encontradas aproximações entre os fatos e fenômenos buscando descobrir uma relação constante entre eles; • Generalização da relação – a partir da descoberta da relação precedente, é feita uma generalização sobre a relação encontrada; As metodologias de pesquisa variam conforme os vários autores existentes. Conforme Vergara (2000, p.46), de acordo as pesquisas se classificam quanto aos fins e quanto aos meios de investigação. Conforme o gráfico de Yin (1994), abaixo, as estratégias de pesquisa podem ser definidas de acordo com o tipo de pergunta e questão que se deseja responder, bem como de acordo com a extensão de controle do pesquisador e o grau de enfoque. No gráfico são analisadas as cinco principais estratégias das pesquisas sociais: experimentos, levantamentos, análises de arquivos, pesquisas históricas e estudos de casos. 73 Estratégia Forma da Questão Exige controle Focaliza de Pesquisa sobre eventos acontecimentos comportamentais? contemporâneos? Experimento como, por que. sim sim Levantamento quem, o que, onde, não sim quantos, quanto. Análise de arquivos quem, o que, onde, não sim/não quantos, quanto Pesquisa histórica como, por que. não não Estudo de Caso como, por que. não sim Tabela 7 - Estratégias das pesquisas sociais. Fonte: Cosmos Corporation, citado por YIN (2003: p.24). Conforme Yin (1994), o estudo de caso é a estratégia para analisar casos e acontecimentos contemporâneos e que não podem manipular comportamentos relevantes. A pesquisa proposta nessa dissertação busca o pós-positivismo, pois verifica hipóteses e as estabelece como fatos, agregando e acumulando conhecimento (DENZIN, 2000) aos estudos já existentes sobre cadeias de suprimento ampliando mais uma perspectiva que é a informações de crédito e o fluxo dessas informações sendo consideradas como o produto final. Trata-se de uma pesquisa exploratória e empírica. Exploratória, pois avança sobre um terreno pouco conhecido, procurando mapeá-lo, que são as empresas de informação sobre pagamentos e dados cadastrais no Brasil. Empírica porque pretende fazê-lo através do estudo de casos reais e baseados em dados empíricos, coletados durante a pesquisa de campo junto a esses casos. Além disso, existem poucos estudos científicos no país, acadêmicos ou profissionais sobre as empresas de informações de crédito com vistas à cadeia de suprimentos e por isso a escolha de uma pesquisa exploratória que permitirá aprofundamento do tema trazendo conhecimentos e aumentando a compreensão do assunto através dos relacionamentos entre essas empresas e seus fornecedores. 74 4.3 Execução da Pesquisa No trabalho o método usado foi o estudo de caso, pois este leva compreensão ao assunto de forma a demonstrar da maneira mais real possível às teorias propostas. Segundo Yin (1994, p. 27-32), o estudo de caso deve ser escolhido quando se examinam casos contemporâneos dentro de seu contexto de vida real e possui a capacidade de lidar com uma vasta variedade de evidências, podendo ser estas, documentos, artefatos, entrevistas e observações. A pesquisa bibliográfica deve compreender o levantamento de referências sobre esse tipo de indústria estudado junto à mídia de negócios e às publicações acadêmicas na área de gestão. Foram pesquisados periódicos nacionais e estrangeiros. Devido à novidade do tema, a pesquisa abrangeu desde o surgimento das primeiras empresas desse tipo de indústria, ou seja, aos 30 últimos anos. 4.3.1 Perguntas e Proposições De acordo com o levantamento e revisão teórica realizada as perguntas foram modificadas de acordo com a pergunta principal formulada: Como se apresentam os relacionamentos na Cadeia de Suprimentos das empresas de informações de crédito? Sendo elaboradas perguntas específicas a partir da pergunta principal e da revisão teórica. Perguntas específicas: Q1 - Quais são os relacionamentos dessa cadeia de suprimentos e os fatores a influenciam? Q2 - Quais as características desses relacionamentos? Q3 - Como é a distribuição de poder dentro dessa cadeia de suprimentos? Q4 - Como o sucesso dos relacionamentos entre os atores influencia o sucesso da empresa de serviços de informação de crédito? 75 Q5 - Como a elaboração dos produtos de informação e sua modularização, influem na Cadeia de Suprimentos de serviços de informação de crédito? 4.3.2 Unidade de Análise e Fronteiras do Estudo de Caso Esse estudo se refere aos relacionamentos e mapeamento da rede de uma empresa de serviços voltado à economia da informação e dá a importância da dinâmica de relacionamento, do cooperativismo, da parceria na busca do sucesso da rede conforme defendido por diversos autores (SLACK E LEWIS, 2003, SKOJETTLARSEN, 1999; VARIAN E SHAPIRO, 1999; CÔRREA E CAON, 2002). Não foram incluídos na pesquisa os processos de captação, desligamento, ou ruptura dos relacionamentos vigentes, sendo a pesquisa focada em “fotografar” essa rede e entender sua disposição. Quanto às fronteiras do estudo foram identificados os principais participantes das redes de suprimento da informação de crédito, com intuito de definir a Organização Focal seus relacionamentos e sua delimitação. Tal identificação foi feita por meio de técnica de observação indireta, observação participante e análise de dados secundários como estudos feitos sobre as informações de crédito, listagens apresentadas em associações do setor e órgãos governamentais: • ALACRED – Associação Latino Americana de Bureau de Crédito • Banco Central do Brasil • Febraban – Federação Brasileira dos Bancos • World Bank Institute – Instituto Banco Mundial de Pesquisa sobre Sistemas de informações de Crédito 76 Como critérios de seleção, foram considerados, em primeiro lugar, o volume de transações da empresa, como espelho de representatividade e importância no cenário nacional, e em segundo lugar, o grau de disponibilidade de acesso a dados, conforme dados de 2002 do Relatório do Banco Mundial (KUMAR, 2005). Tabela 8 - Maiores Fornecedores de Informações de Crédito no Brasil, 2002. Fonte: KUMAR, 2005, p.364. Adaptado pelo autor. De acordo com esses critérios, foi selecionada a empresa de grande porte, líder no seu segmento de mercado, que concordou, em colaborar na pesquisa permitindo acesso às suas instalações, entrevistas gravadas e disponibilização alguns de dados. Em uma segunda etapa foi conduzida uma entrevista com um Diretor da empresa selecionada na etapa anterior, e várias entrevistas em profundidade com Gerentes de Relacionamentos de clientes e Fornecedores de Informação. O objetivo foi apresentar a proposta de pesquisa mais detalhadamente e mapear a rede de suprimentos ao redor da Organização Focal com a finalidade de escolher atores muito importantes para a empresa e com os quais a empresa mantém relacionamentos colaborativos que considera bem–sucedidos, quer pela duração, quer pela satisfação nos resultados. Foi escolhido com a finalidade de delimitação da pesquisa um grupo de clientes e formado pelas empresas de telefonia, fixa e móvel. Devido à privatização feita na 77 década de 90, este grupo se tornou rapidamente um grande cliente e fornecedores das empresas de informações de crédito. A privatização do Sistema Telebrás em 1998 (ANATEL), através de leilões das Áreas de concessão possibilitou aos brasileiros um maior acesso aos meios de comunicação, como telefones fixos e celulares. Conforme a tabela 15, pode se verificar o aumento vertiginoso do número de terminais em todo o país, sendo que os telefones fixos dobraram de 1998 até 2003 e de aparelhos celulares aumentaram em 4500 % sobre o número de 1998. Conforme Shapiro e Varian (1999, p.204), o aumento vertiginoso se revela em função da economia de redes que proporciona um aumento devido ao feedback positivo de usuários do serviço, e a necessidade dos não participantes da rede, de fazerem parte desta, resultando em um crescimento exponencial dos participantes. Comunicações – Metas dos serviços (valores acumulados em milhões) Ano 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Telefonia fixa (terminais instalados) 16,5 18,8 22,1 27,8 35,0 40,5 45,1 49,6 53,8 58,0 Telefonia móvel (acessos em servido) 2,7 4,6 7,4 15,0 21,5 29,2 37,5 45,5 52,5 58,0 Telefonia de uso público (telefones) 0,4 0,5 0,6 0,7 0,9 1,0 Comunicação de dados (usuários) 2,5 3,5 5,0 7,0 9,0 12,0 16,0 21,0 28,0 37,0 TV por assinatura (assinantes) 1,8 2,5 2,6 2,8 4,0 5,6 1,2 1,4 1,5 1,6 7,6 10,1 13,1 16,5 Tabela 9 - Perspectivas para ampliação e modernização do setor de telecomunicações. Fonte: ANATEL A Organização Focal da qual se insere o estudo de caso será a Serasa, criada em 1968 pelos Bancos com a finalidade de centralizar informações e com o objetivo de racionalizar custos administrativos, obtendo incrementos qualitativos de especialização. A Serasa é uma empresa de análises e informações econômicofinanceiras e cadastrais para apoiar decisões de crédito e de negócios. Nesta última década, estendeu sua atuação para todos os setores da economia, participando ativamente no apoio à maioria das decisões de crédito e de negócios tomadas em todo o Brasil. A Serasa foi à primeira organização de origem totalmente brasileira a 78 conquistar, em 1995, o Prêmio Nacional da Qualidade, que confere às ganhadoras a condição de Empresa Classe Mundial. Em 2000, a Serasa tornou-se a primeira empresa a receber o PNQ pela segunda vez. Com o maior banco de dados sobre pessoas, empresas e grupos econômicos do país, a Serasa participa ativamente no respaldo à maioria das decisões de crédito e de negócios tomadas em todo o Brasil, respondendo on-line/real-time, a mais de 2,5 milhões de consultas por dia, demandadas por mais de 300 mil clientes diretos ou indiretos. 4.3.3 Lógica entre Dados e Proposições – Instrumentos e Coleta de Dados Para Marconi e Lakatos (1985) é importante validar os instrumentos e a forma para ter uma interligação com o que foi proposto pela pesquisa. Para Yin (2003) os estudos de caso são possíveis de serem analisados a partir da coleta de evidências que podem ser: documentos, registros, entrevistas, observação direta, observação participante e artefatos físicos. A coleta de tais evidências possibilita a resposta da pergunta principal e as perguntas subjacentes e validando o construto e sua confiabilidade. A pesquisa se inicia com o levantamento e revisão bibliográfica sobre os temas que se interliga dentro dessa pesquisa que são: o crédito e as informações de crédito, as cadeias e redes de suprimentos, a tecnologia da informação e os relacionamentos. Foi dado uma grande importância para explicar o tema crédito e seu fluxo de negócio por se tratar de um tema fora da esfera de gestão de operações e aos relacionamentos dentro das cadeias e redes de suprimentos. Entretanto não foi negligenciado nenhum dos outros conhecimentos e teorias que auxiliam nas respostas que o tema exige. O objetivo da revisão bibliográfica é buscar a maior quantidade de teoria sobre o tema possível de ser coletada e processa e a partir daí, avaliar a melhor maneira de se coletar as evidências. 79 A abordagem utilizada durante a revisão bibliográfica foi o método dedutivo, que segundo Lakatos e Marconi (1985) serve para explicar o conteúdo das premissas. Foram levantados artigos dos principais periódicos no Brasil e no exterior buscando um entendimento das teorias a respeito do tema escolhido. Todas as teorias coletadas através da literatura foram dispostas de forma lógica para abranger o tema pesquisado, sendo que através de uma abordagem comparativa foi possível analisar outros mercados em relação às empresa de informação de crédito. Outra metodologia de coleta de evidências foi obtida através, do que chamou Yin (2003) de observação participante, pois o autor dessa pesquisa era funcionário da Organização Focal e por isso participante ativo dos eventos que estão sendo estudados, com acesso aos grupos de trabalhos, a clientes e fornecedores, de forma que permitiu a participação em eventos e grupos até então inacessíveis à pesquisa científica. Esse método de coleta de evidências possui suas vantagens e desvantagens visto que ao mesmo tempo trás à luz informações até então não possíveis de serem coletadas, pode por outro lado trazer pontos de vista tendenciosos, ou mesmo sua função de participante exigir mais atenção em relação a sua função de observador. O autor em todo momento busca a isenção do fato de ser participante e tenta analisar as causas e as relações dentro da rede de suprimento de informações buscando uma “fotografia” ou imagem no seu todo. Para elaboração do questionário sobre o fluxo das informações de crédito e da analise dos relacionamentos foi utilizada e técnica de analise funcional de sistemas ou pela sigla FAST. Conforme Csillag (1995), o desenvolvimento de diagramas FAST usando a Técnica de Análise Funcional de Sistemas, facilita a identificação dos pontos mais importantes a serem levantados durante a pesquisa e a linha que se pretende seguir ao inter-relacionar as diferentes funções envolvidas no fluxo. 80 A Técnica de Análise Funcional de Sistemas se baseia em construir um processo no qual escolhido o principal objetivo, do topo para baixo é colocada à pergunta “como?” e de baixo para cima, a pergunta “por quê?”. Como por exemplo: como captar informações de crédito? Acionando os fornecedores desse tipo de informação. Para que acionar os fornecedores de informações de crédito? Para captar as informações de crédito. Foram criados três fluxos através da Técnica de Análise Funcional de Sistemas, um focando os fornecedores de informação, outro para a empresa estudada e ainda mais um focado nos clientes da empresa. O processo inicia-se com o fluxo do fornecedor da informação e como a estratégia de se interligar aos bancos de dados centralizados esta alinhada a sua estratégia de divulgação e recuperação, como o fluxo de inicia. Nessa etapa são identificados atores de relevância dentro da cadeia, com credibilidade e eficiência, e como as informações se desenrolam em seu fluxo até a empresa como estas são importantes de serem captadas. No segundo processo, focado na empresa estudada, este se inicia com a elaboração da estratégia de liderança em que a quantidade de usuários e de informações, além disso, a elaboração de produtos cada vez mais alinhada a expectativa do cliente são segmentados no fluxo. Foca-se a integração e a gestão operacional da informação vinda de fornecedores seus processos internos de analise, tratamento e armazenagem da informação de crédito e o que é importante para a manutenção dos clientes. No terceiro fluxo, focado no cliente, inicia-se com a estratégia de identificação de compradores de produtos e criação de cadastro, para isso a assimetria de informação tem de ser minimizada e por isso é importante a colaboração baseada na confiança na informação, pois ela será o insumo básico para que a transação seja efetuada. Conforme abaixo seguem os fluxos: 81 Esquema 6 – Diagrama FAST Organização Fornecedora de Informações de Crédito 82 ( # $ # $ % " ! " ' & Esquema 7 – Diagrama FAST Organização Focal, Bancos de Dados de Informações de Crédito. 83 Esquema 8 – Diagrama FAST Organização Cliente, usuária de Informações de Crédito. Foram elaborados a partir dos Esquemas acima os questionários que estão no Anexo A. 84 Os diagramas FAST orientaram a forma com as entrevistas foram estruturadas e como as respostas eram buscadas durante o processo com o entrevistado. A pesquisa de campo deve compreender entrevistas em cinco empresas, da indústria de serviços e que consomem e são fornecedoras de informação. Em cada empresa deverá ser entrevistado um profissional que tiver conhecimento da evolução da cadeia produtiva e das estratégias das empresas e participação nas operações e relacionamento direto com a Organização Focal. Além disso, do maior fornecedor de informação de crédito, que são os Cartórios de Letras e Protesto do Brasil, foi escolhido um profissional dessa rede de fornecimento de informações e que possui contato com os outros Cartórios através dos grupos de discussão dessas entidades. Esquema 9 – Esquema da Rede pesquisada. Fonte: elaborado pelo autor Nessa etapa foram usadas técnicas de observação direta e intensiva além de coletadas evidências através da observação dos participantes e foram feitas entrevistas estruturadas com a empresa, clientes e fornecedores de acordo com a tabela 10 abaixo. 85 Empresa Cargo do Entrevistado Organização Focal Diretor de Produtos Gerente de Segmento Bancos Gerente de Segmento Seguros Gerente de Segmento Telecom Gerente de Captação de Dados Gerente de Produtos Credit Bureau Empresa Cliente 01 Gerente Financeiro Empresa Cliente 02 Gerente Financeiro Empresa Cliente 03 Gerente Financeiro Empresa Cliente 04 Gerente Financeiro Empresa Fornecedora 1º Tabelião Gerente de Relacionamento Tabela 10 - Tabela de Entrevistados por Empresa Fonte: Elaborado pelo autor. Foram realizadas 12 entrevistas, totalizando mais de 10 horas de gravações e conversas com as pessoas relacionadas. Foi utilizada a técnica de coleta de evidências documentais conforme Yin (2003), sendo coletados relatórios estatísticos e de qualidade, brochuras, folhetos de produtos e além das informações públicas nos sites das organizações, todas as informações não confidenciais de modo a validar as informações passadas pelos entrevistados. Além dessa coleta de dados, utilizou-se a técnica de observador participante, sendo o autor participante de várias reuniões com clientes e fornecedores de informações, bem como o entendimento da busca de novas informações para novos produtos solicitados por clientes. 86 4.3.4 Critérios de Interpretação, Tratamento e Análise dos Dados. A partir das entrevistas foram comparadas as respostas dos grupos da Organização Focal, fornecedores e clientes usando a metodologia de comparação através da convergência de várias fontes de evidências além da revisão teórica. Conforme Yin (2003) é necessário uma metodologia de análise de dados que deve consistir em examinar e categorizar, tendo em vista as proposições iniciais do estudo. A idéia é que as informações e evidências coletadas até o momento sejam categorizadas e ordenadas a fim de buscar uma melhor compreensão sobre o tema proposto. Busca-se analisar os padrões gerados e os conceitos destes, confrontando-os com a literatura até o momento pesquisada, de modo que se amplie o conhecimento acerca do assunto. Para Yin (2003) a adequação do padrão, em caso de analises descritivas, é relevante já que o padrão previsto de variáveis específicas é definido antes da coleta dos dados. O estilo adotado para o resultado da pesquisa foi o da narrativa simples com as inserções dos dados, e entrevistas coletadas, sendo apresentados sub-capítulos sobre cada um dos grupos de entrevistados. A pesquisa e a análise do estudo das evidências foi dividida em quatro fases distintas: • Análise isolada dos dados de cada entrevista/empresa; • Análise comparativa dos dados de entrevista/empresa; • Análise conjunta da totalidade dos dados • Conclusões. 87 Fase Objetivo da Análise Fase 1 Organização Focal Conhecer a Organização Focal e seus Clientes e seus Relacionamentos Grupo de Clientes Conhecer o Grupo de Relacionamentos Grupo de Fornecedores Conhecer o Grupo de Fornecedores e seus Relacionamentos Fase 2 Organização Focal e Evidenciar as relações e divergências Focal e Evidenciar as relações e divergências Clientes Organização Fornecedores Fase 3 Todas as Organizações Analisar da Rede de Relacionamentos e conseqüências Fase 4 Conclusões Tabela 11 - Tabela de Fases de Análise. Fonte: Carona (2004) e adaptado pelo autor. Durante a fase inicial foram coletadas as evidências, tanto as entrevistas gravadas e transcritas, com documentos e dados coletados nas várias empresas, a fim de buscar um conhecimento maior sobre cada uma das organizações apresentadas. As metodologias de observação participante a o Fluxo FAST serviram como suporte na identificação de todos os relacionamentos das empresas envolvidas, e como eles se desenrolam. Houve um levantamento histórico para as organizações apresentadas, sendo que tal narrativa foi ampliada para a Organização Focal. Para as outras organizações 88 envolvidas coloca-se um breve historio de maneira e entender o contexto em que estão. Na segunda fase foram confrontadas as informações, a respeito de como cada uma dessas empresas se relacionavam suas divergências e aspectos do fluxo de informações que foi até então mapeado. Para cada relacionamento direto da Organização Focal com um grupo de clientes, ou fornecedores, apresenta-se a análise em separado. Na terceira fase são feitos os comparativos entre todas as informações de todas as empresas de forma a se ter uma visão holística desses relacionamentos e dessa rede e a partir daí obter as generalizações, padrões e categorizações. Na quarta e última etapa partimos do método de triangulação (YIN, 2003) que contribui para a validação interna e externa da pesquisa, sendo essa metodologia constituída baseada nas comparações de padrões coletados e aliada à revisão bibliográfica e teórica sobre o tema, resultando nas conclusões da pesquisa. 89 CAPÍTULO 5 Caracterização da Organização Focal, seus clientes e fornecedores. Neste capítulo são colocados os dados coletados na pesquisa. Inicialmente é apresentada a empresa estudada, seu histórico, a sua caracterização, estratégia e valores, e metodologia de desenvolvimento de produtos e serviços. Em seguida, é disposta de forma mais detalhada a rede de suprimentos e como se posicionam os atores selecionados, para efeitos de pesquisa sobre relacionamentos e da disposição da rede de suprimentos. A seguir são colocados, na perspectiva da Organização Focal, os relacionamentos desta com os atores selecionados: fornecedores e clientes e vice e versa. Finalmente, estabelece-se uma comparação entre os dados coletados e as informações provenientes dos diferentes atores. 5.1 Organização Focal 5.1.1 História e Caracterização Na década de 60, apesar da modernização constante dos serviços bancários, muitas instituições possuíam custos extremamente elevados e redundantes de manutenção de suas áreas de cadastro. Além disso, de muitas fontes não serem oficiais e comprometiam a credibilidade da informação e sua qualidade. Houve em 1964, uma proposta, entre as instituições financeiras da época, para fundar uma instituição que centralizasse as áreas de cadastros dos bancos e que pudesse elaborar estudos e análises econômicas. Entretanto, devido às 90 turbulências políticas da época houve um adiamento, sendo a organização fundada no dia 26 de junho de 1969. A Serasa iniciou atividades através de um modelo de cooperação com competitividade, permitindo aumentos na qualidade dos serviços através da especialização e da produtividade e tudo isso culminando em uma redução de custos para os bancos que tinham de manter Áreas de Análise internas em cada uma de suas unidades. No dia de sua fundação foram assinalados os objetivos da empresa: 1. Redução dos custos ao eliminar a repetição de trabalhos idênticos em diversos bancos; 2. Aumento da eficiência em vista da especialização pela adoção de análises financeiras complexas envolvendo a empresa analisada e seu ramo; 3. Primeiro passo para a criação de um cadastro nacional e futuro serviço de controle de responsabilidades; O mercado da Serasa era, em 1968, constituído de 53 bancos, seus donos e clientes e que aumentaram para 67, em 1971. No ano de 1969 foram feitas 5.000 (cinco mil) análises de balanço de empresas, um mercado ainda não explorado naquele momento e que atendia os clientes da Serasa. Para isso foram contratados jovens recém formados em economia e administração de empresas e um professor para orientá-los. Em 1969, a Serasa comprovou a necessidade de sua existência, pois de 32 empresas tinham falido ou requerido concordata e as análises feitas internamente apontaram com bastante antecedência o risco, classificando como “grave” e “moderado”, sendo que apenas quatro das 32 empresas informadas tinham sido apontadas como de risco pelos bancos e informantes. Em 1978, a Serasa possuía 600 funcionários e foram abertas, na época, 26 agências nas capitais e nas cidades mais importantes dos Estados até 1979. Em 10 anos a empresa havia produzido 180 mil fichas cadastrais em papel, acumulando dados financeiros de 40 mil empresas e coletou dados capazes de permitir o inter-relacionamento de 250 mil nomes de acionistas, sócios, diretores e 91 gerentes de empresas cadastradas. As informações restritivas naquela data eram cinco milhões e quinhentas mil. Apesar de não possuir concorrentes diretos e ter um mercado cativo, a Serasa passou a atender, com a anuência dos acionistas, outros setores da economia como comércio, indústria e empresas prestadoras de serviço. O processo continuava de forma manual, sendo impressas fichas de papel, porém com sofisticação, pois cada ficha podia conter três balanços padronizados, submetidos à sintética análise horizontal e vertical. Foram incluídos gráficos no modelo para permitir a visualização das apreciações analíticas. Durante essa gestão, as papeletas começaram a ser substituídas por microfichas emitidas por computador e atualizadas diariamente. A Serasa ofereceu, durante esse período, um serviço de unificação da retaguarda dos bancos acionistas que nessa fase totalizavam 106, especialmente às instituições que não possuíam processamento de dados. A produção de fichas cadastrais se elevou para 60 mil, aumentando em 30% a produção de análises de empresa e foram instalados aparelhos de Telex nas filias de modo a coletar mais rapidamente informações, como falências e concordatas e dar mais segurança aos dados restritivos das análises de empresas. A coleta para o fornecimento de dados de informações de débitos passou a ser feita nos bancos, cartórios e empresas e, pouco depois, no Fórum, verificando a distribuição das ações. Até aquele momento, as informações eram a matériasprimas necessárias para as análises de balanço como base para a avaliação de empresas. Durante esse período ouve a transição da empresa, de um processo manual e artesanal das fichas para o primeiro CPD, em 1982. Na época foram definidos os objetivos sociais da empresa, sua organização e a execução de sistemas visando ao aperfeiçoamento à padronização dos serviços bancários em geral. 92 À medida que a empresa progredia, exigiam-se melhoramentos no sistema de computação sendo o tele processamento um passo importante, pois os clientes podiam acessar ON LINE o cadastro de dados restritivos da empresa. No início alguns bancos hesitaram nessa forma de conexão, se adaptando em seguida a nova realidade. Foram criados nessa época os primeiros produtos com um foco em informação: • Concentre – Consulta a Central de Restrições • Achei – Arquivo de Cheques Irregulares. Foi criada a Central de Restrições, um acesso ON LINE ao cadastro da Serasa com a possibilidade de atualização, capaz de cobrir 2600 municípios. O banco de dados registrava 220.000 empresas em seu cadastro, além de 550.000 pessoas ligadas a essas empresas. Nessa época já operavam em mais de 200 bancos, sendo que as agências já estavam em 35 e 42 postos avançados. Foram criados então os primeiros produtos: o Concentre – Consulta a Central de Restrições e o Achei – Arquivo de Cheques Irregulares. Durante as últimas décadas a Serasa, iniciou um processo de expansão sem precedentes, tanto nas áreas de tecnologia como organizacionais. Foram feitos investimentos em gestão da qualidade e no desenvolvimento de novos produtos e soluções com um foco mais inovador e pioneiro, levando em conta as necessidades de mercado e as capacidades internas da empresa, cada vez mais voltada a resultados. Em particular em 1999, a empresa empreendeu uma estratégia bem-sucedida de atacar nichos de mercados, pouco explorados e com carência de informações de crédito, adaptadas a realidade do cliente. Para tanto, foram contratados novos funcionários com perfil em marketing e tecnologia para tais desenvolvimentos com foco em conhecimento. Foram criados os Pilares da Gestão Empresarial, sendo estes: • Estrutura Foco-Matricial Bipolar; • Planejamento e Gestão Estratégica; 93 • Processo de Qualidade Serasa. Durante esse período a Serasa, tornou-se o maior Banco de dados da América Latina, com a enorme responsabilidade de coletar, processar, armazenar e disponibilizar agilmente informações sobre pessoas físicas e jurídicas de qualquer parte do Brasil. O número de funcionários durante o período dobrou sendo atualmente por volta de 2000 integrantes. Foi criado um modelo de gestão baseado nos modelo de Planejamento e Gestão Estratégica que visa uma metodologia de desenvolvimento de Projetos e Produtos, com acompanhamento da concorrência e das necessidades do Mercado. Foram efetuados avanços em diversas áreas como acesso aos produtos via Internet, produtos de Informação como Relato (Relatório de Empresas) e o Credit Bureau (Relatório comportamental de pessoas físicas), incentivando a reciprocidade de dados por parte dos clientes. Além disso, foram disponibilizadas soluções em plataformas de decisão como, Modelos de Scoring, Autorizador de Crédito e Gestor de Crédito e ainda um produto que é um passo na direção da identificação e segurança por meio de criptografia digital, os Certificados Digitais, com isso a Serasa tende a se tornar o “Cartório Virtual” para transações de internet. Tal serviço confere à empresa de informação, uma posição de empresa geradora de conhecimento capaz de apoiar as decisões e os negócios de seus clientes, para que estes sejam bem sucedidos. A capacidade de avaliar os proponentes em relação ao mercado como um todo propicia à empresa uma visão privilegiada e possibilita o aumento do conhecimento das capacidades de pagamento da massa de dados do banco. Através do uso de bancos de informações de crédito, foi possível gerar o conhecimento necessário a respeito de determinado cliente, definindo seu poder de compra e a melhor forma de pagamento tanto para este, que paga, como para a empresa que recebe. 94 5.1.2 Valores da Empresa A Serasa utiliza-se de um modelo de gestão baseado nos modelo de planejamento e gestão estratégica visando uma metodologia de desenvolvimento de projetos e produtos com acompanhamento da concorrência e das necessidades do mercado. A alta direção da empresa é a principal promotora do estabelecimento, desenvolvimento, disseminação e manutenção da Visão, da Missão, do Negócio e da Filosofia, bem como dos objetivos estratégicos permanentes, validados anualmente durante o planejamento estratégico, chamado internamente de PLANESER. Os ciclos estratégicos anuais curtos permitem flexibilidade e possibilidade de mudanças nos rumos de negócio. Visão Informações Serasa em cada negócio Negócio Soluções em Informação Missão Oferecer soluções em informações com Qualidade centradas no Cliente, em especial no apoio a decisões de negócio, com prioridade ao mercado de crédito, buscando a excelência. Política da Qualidade Alinhar a Gestão da Empresa ao Modelo de Gestão do Prêmio Nacional da Qualidade Normatizar os Processos da Empresa Segundo o Sistema ISO Tabela 12 - Missão, Negócio e Política da Qualidade. Fonte: Serasa 95 Ano Mensagem alinhada a estratégia 1990 Ano do cliente 1991 Modernizando para atender melhor 1992 Ano da qualidade 1993 Competência para a Qualidade 1994 Ser Serasa 1995 Ser Serasa com Qualidade Rumo ao Novo Milênio 1996 Ser Serasa – Classe Mundial - Com Qualidade Rumo ao Novo Milênio 1997 Ser Serasa – Classe Mundial - Qualidade Consolidada e Vanguarda Tecnológica na Era da Globalização 1998 Estratégia Consolidando para a Nova Era 1999 Ocupação de Espaços & Otimizando Ampliando a Liderança 2000 Competitividade com Qualidade e Criatividade em Tecnologia com Objetividade 2001 Tecnologia da Informação com Ética a Serviço do Cidadão 2002 Ser Serasa, Comunicando com Qualidade, Integra a Tecnologia da Informação de Crédito. 2003 Ser Serasa/Ética, Informação e Tecnologia da Informação ao Cidadão. 2004 O Ano de Vendas Tabela 13 – Estratégias Anuais Fonte: Serasa Conforme o Diretor entrevistado, todos se envolvem nas decisões sobre a estratégia da empresa, sendo que o ciclo estratégico da empresa privilegia as sugestões vindas de todos os níveis e culmina em um grande debate na alta direção sobre os melhores caminhos que a empresa deve seguir: “... todo mundo se envolve, e todo mundo deveria se envolver...”. No caso dos fornecedores e a rede de suprimentos e de como devem evoluir seu relacionamento, as decisões são tomadas sempre com a aprovação da alta gerência. “... como nossa estrutura esta meio achatada isso acaba culminando na alta direção...”. 96 A conforme outros entrevistados: “... os valores da empresa são declarados em todas a paredes da organização e todos são envolvidos nas sugestões de melhoria do processo de gestão.”. 5.2 Operações Conforme o fluxo do Esquema 10, uma vez os dados captados, torna-se necessário armazená-los, de forma física, com fichas em papel ou da forma digital, com bancos de dados. Atualmente, o desenvolvimento das tecnologias da informação fez com que todas as empresas optassem pelo uso de computadores com grandes bases de dados de forma a facilitar o acesso às informações. Os dados relativos às dívidas (restritivos) devem ter um tratamento específico, sendo enviados para a base em campos exclusivos. O Esquema 10 mostra o macro processo de operações e da cadeia de suprimentos da empresa de informações da Serasa. Processamento Armazenagem Disponibilização Clientes Fornecedores Captação de Dados Esquema 10 – Cadeia de Suprimentos de uma empresa de informações. Fonte: Serasa, Adaptado pelo Autor. A distribuição das informações deve seguir os parâmetros desejados pelos clientes e atender o maior número de meios de transmissão possível, por exemplo, internet, fax, telefone, etc. Conforme o fluxo do macro processo do 97 Esquema 10, cada uma das etapas possui aspectos de performance diferentes e por isso devem ser analisada de forma independente. 5.2.1 Captação de dados Envolve o estabelecimento e manutenção de canais de acesso (automatizados ou manuais) aos provedores de documentos ou registros eletrônicos. A captura de dados deve ser capaz de coletar dados variados e em diferentes tipos de formatos, como papel, jornal, relatórios, fichas, ou arquivos eletrônicos dos mais diferentes formatos como planilhas e textos. Para esse processo a flexibilidade é a prioridade, pois possibilita concentrar vários tipos de informações e posterior padronização para um formato que possa ser utilizado pelos clientes. A captação pode possuir células para o processamento em massa dos tipos variados da informação e capacidade de ampliá-las em casos de aumento dos dados enviados. Conforme Corrêa (2002), em serviços a velocidade é um importante aspecto, pois existe a perecibilidade. Um dado “negativo” deve ser inserido imediatamente à sua chegada visto que o cliente deve saber da situação imediata do originário do dado. Para o caso inverso isso também é verdade, pois uma determinada pessoa que quitou seus débitos deve ter rapidamente sua situação regularizada para que seja aceita sua proposta de crédito. Para que isso aconteça rapidamente são necessários processos claros com regras rígidas de trabalho para que erros de inserção de dados não ocorram. Deve se lembrar nesse momento à famosa regra do processamento de dados, o GIGO, garbage-in garbage-out, na qual a inserção de dados incorretos pode espalhar o erro por outros pontos da rede, onde o dado será utilizado. As regras para a garantia da qualidade dos dados, a serem inseridos na Base, devem ser rígidas e qualquer dado que apresente alguma dúvida da sua veracidade deverá ser deixado de lado até sua completa confirmação, evitando que 98 a empresas possa prejudicar alguém ou alguma outra empresa. Esse erro poderia colocar em xeque todas as informações enviadas pela empresa e a credibilidade de suas informações. A garantia da qualidade do dado capturado deve ser a prioridade do processo da empresa de serviços de informações, seu core business. Durante esse processo também são conectados os fornecedores, pois estes devem enviar seus dados para a organização de diversas maneiras, internet, linha dedicada, lote de dados, disquetes, etc. A organização nesse sentido provê a maior quantidade de meios de acesso possíveis de forma a captar todas as informações de fornecedores que desejarem enviar. Isso é claro levando em conta os aspectos de qualidade, já discutidos anteriormente. 5.2.2 Processamento Envolve as atividades de crítica, validação, análise, formatação dos dados, conforme as características de cada produto. O processamento dos dados garante a padronização das informações e a eliminação de erros sistêmicos como duplicidade, inconsistências de caracteres, criação de índices e regras de posição e agrupamento de informações. O processamento é onde também são executadas tarefas de geração de relatórios sobre inadimplência de diversos meios de pagamento e apresentados em veículos de mídia, análise de correlações com uso das ferramentas estatísticas como relatórios de score e datamining. No processamento a principal prioridade é a escala e a escalabilidade. Os sistemas devem ter capacidade de absorver o processamento de uma determinada massa de dados e possuir também uma maneira de ampliar e diminuir essa capacidade de acordo com as demandas de informação do mercado. Os recursos devem possuir a característica de poderem ser aumentados de acordo com o aumento da captação e inserção dos dados. 99 Para isso a infra-estrutura deve ser flexível e podem utilizar grandes fornecedores de computadores e unidades de processamento, que serão usadas como um back up para momentos de pico. 5.2.3 Armazenagem Toda informação de crédito que possui valor agregado deve ser integrada às bases de informação de cada produto, conforme critérios preestabelecidos, e deve estar disponível para utilização pelos clientes. O processo de armazenagem deve conjugar a escala e a flexibilidade. Os bancos de dados devem ter a capacidade de armazenar dados de diversos tipos, de pessoa físicas e jurídicas, por tempo muito longo, que pode variar de segundos a décadas, tudo isso ininterruptamente. Além disso, todas estas informações devem estar disponíveis para uso imediato e a qualquer momento, sendo que empresa deve ter a escalabilidade para aumentar rapidamente suas bases de dados em razão de alterações no cadastro ou sazonalidades de mercado. 5.2.4 Disponibilização Envolve os processos informatizados que permitem a utilização da informação a partir de sistemas de consultas, associados a um conjunto de meios de comunicação que integram o ambiente dos clientes ao ambiente da Serasa. A disponibilização dos dados para os clientes deve ter como principal prioridade o aspecto de flexibilidade, pois cada ponto de venda deseja acessar os dados ou informações, ou mesmo uma decisão, de maneiras diferentes. Os acessos aos dados devem ser em um formato que possibilite uma análise rápida e ágil do 100 crédito do cliente, possivelmente integrado com as soluções já existentes e ampliando os conhecimentos da empresa dos perfis de crédito. A escalabilidade de acesso representa uma flexibilidade para que em caso de aumento da consulta de dados de mercado, o processo como um todo, tenha como dar vazão cada vez mais informações, aumentando sua capacidade e absorvendo os picos de consumo. () # &) ) #) '% # ( ) ) $ ( * - . '% ( +#, (# / & & 1 2 %#* ' $ ! % ! % # &' " (%# ( ' ' + #" $ 0 & ! " " # ! Esquema 11 – Fluxo detalhado de produção de informação a partir de dados e seus fornecedores. Fonte: Serasa O Esquema 11 apresenta o processo de produção da informação, desde os vários fornecedores de dados até a obtenção das bases de informação de cada produto e os meios de acesso a vários segmentos de clientes. Um mapa completo da rede de informações esta disponível no Anexo C. 5.3 O Desenvolvimento de Produtos e Serviços A organização possui uma Metodologia de Desenvolvimento baseada em etapas que um projeto deve seguir. Entretanto, antes de ser iniciar um projeto a 101 organização realiza pesquisas junto a clientes, concorrentes, fornecedores, novas tecnologias e o ambiente interno e externo, conforme o Esquema 12. Tais pesquisas têm como objetivo identificar as reais necessidades do mercado e novas oportunidades ainda não supridas. Durante essa etapa são feitas pesquisas e podemos construir a Matriz QFD (Quality Function Deployment) (Cheng, 2002) a fim de identificar os fatores deficientes no processo de desenvolvimento de produto. Dinâmica de Mercado Pesquisa & Desenvolvimento Inovações Tecnológicas Ambiente Interno/Externo Anteprojeto Requisitos e Necessidades do Cliente Projeto do Produto Fases Gerenciamento do Desenvolvimento do Produto Desenvolvimento de Sistemas Projeto Lançamento/ Implantação Esquema 12 – Etapas para o desenvolvimento de produtos Fonte: Serasa. Adaptador pelo Autor. São listados abaixo alguns indicadores de desempenho para que os projetos de produtos sejam avaliados ao longo de seu decorrer e no pós-venda após a implantação. • Previsto X Realizado • Volume de projetos • Custos dos projetos • Tempo dos projetos • Grau de inovação atingido • Retorno financeiro de novos produtos • Tempo de break even de novos produtos 102 • % de contribuição de novos produtos • Não conformidade nos projetos • Quantidade de alterações nos projetos • Eficiência e eficácia dos projetos • Avaliação reversa do grau de conhecimento dos projetos em andamento A partir desse momento é que são abertas todas as fases do projeto de desenvolvimento de produtos divididas em: Anteprojeto, Projeto do Produto, Desenvolvimento do Produto, Desenvolvimento de Sistemas e Lançamento e Implantação. Cada fase citada, entretanto pode ser aberta em outras atividades de forma a estruturar melhor o processo e dessa maneira assegurar a criação de novos produtos e serviços, bem como processos. Antes da Fase de Anteprojeto são colhidas informações sobre Requisitos e Necessidades do Cliente isso poderá gerar novos produtos ou melhorias em produtos já existentes, sendo feito um Monitoramento do Ambiente interno e externo. No caso interno podemos citar o acompanhamento, através do Call Center, Apoio Técnico e Áreas Negociais, que mantém contato direto com o cliente. No caso do ambiente externo, existe uma Área de Pesquisa e Desenvolvimento, voltada à descoberta de novas tecnologias que visa analisar qualquer inovação que possa agregar ou prejudicar o negócio da empresa, além disso, existe uma Área de Pesquisa de Mercados que analisa constantemente o mercado e a concorrência, sendo capaz de identificar possíveis ameaças ou oportunidades. Tais Áreas alimentam a Fase de Anteprojeto identificando, através dos requisitos de Mercado, as necessidades dos clientes de um novo produto, serviço ou processo. A partir da decisão de abertura de um novo projeto, a fase de Anteprojeto é aberta, através de uma Diretriz Estratégica do Produto feita pelas lideranças da empresa e juntamente com o levantamento de dados de mercado e uma análise 103 econômica preliminar, para mostrar a viabilidade financeira do novo produto ou serviço. Na fase de Anteprojeto é reunido um grupo multidisciplinar chamado Grupo de Dinamização de Projeto ou GDP, no qual se inserem diversos profissionais com capacidades complementares que se ocuparão das diversas fases do projeto. Iniciado o Projeto do Produto, é feito, pelo GDP, um Plano de Recursos que serão usados para as operações de desenvolvimento e produção e também um Plano de Marketing, especificando nicho de mercado ao qual o produto ou serviço se destina, e um Plano de Treinamento, tanto para agentes internos envolvidos na comercialização do novo produto, quanto para os clientes que o utilizarão. Paralelamente, o GDP, detalha o Projeto Operacional, de como funcionará a Solução no dia a dia. Também é feita a especificação do Projeto Técnico, ou seja, como deverá ser realizado e desenvolvido operacionalmente esse produto. Nesse momento são especificados os processos de desenvolvimento e as etapas de criação (Projeto Técnico) e como o sistema se comportará em sua operacionalização e no seu processo diário (Projeto Operacional). Na fase de Desenvolvimento do Produto, o Plano de Recursos, dá origem a contratação ou instalação de infra-estrutura de acordo com as necessidades apresentadas e acordadas pelo GDP. O Plano de Marketing dá origem à Campanha de Lançamento e o Plano de treinamento à elaboração de material de treinamento. Todos os dados sobre o produto ou serviço são também normatizados, de forma a fazerem parte da cultura de qualidade da empresa. A fase de desenvolvimento de sistemas, de acordo com a natureza do Projeto pode acontecer de forma simultânea ao Desenvolvimento de Produtos se não depender de infra-estrutura e contratações de recursos. Nesta fase, é feito um Planejamento de Sistemas para que o novo produto, e sua implantação, não afetem 104 sistemas já existentes. No caso de empresas de informações de crédito uma parada ou pane nos serviços, representa a parada de todos os negócios da empresa. Para isso são criados Comitês que reúnem “pessoas chaves”, dentro do processo de operação e produção e que podem dizer se o novo sistema desse serviço afetará os demais que estão atualmente em operação. Inicialmente é feito um Comitê de Especificação, para verificar o grau de impacto das especificações nos sistemas internos, após isso poderá ser feito um Comitê Técnico com a finalidade de identificar impeditivos de origem técnica e de ordem física, como aumento de capacidade de operação ou armazenagem, e além desse, existe também um Comitê de Informática, que analisa requisitos para plataformas que poderão estar frente aos usuários e suas implicações técnicas. Apesar dos inúmeros Comitês, a principal idéia é dar ciência as diversas áreas ainda não envolvidas no desenvolvimento do novo produto, que existirão mudanças, e possibilitar a estas que possam alertar sobre alguma irregularidade que possa vir a ocorrer, ou mesmo sugestões que possam vir a melhorar o desempenho do acesso a informações pelo cliente. Após os Comitês é feito o Projeto Final de Sistemas, seu Desenvolvimento, seguido dos vários testes de sistemas necessários. Teste Técnico, feito pelos desenvolvedores, Teste de Produtos, feitos pela Área de Produtos e o Teste Piloto, feito internamente, mas simulando acesso por um suposto cliente. Nesse momento poderão ser feitas adequações, pois de acordo com os testes poderão ser identificadas inconsistências no resultado esperado. É realizado um Comitê de Mudanças para verificar as mudanças que poderão acontecer na implantação final e assim, poderão ser feitas mais alterações e adequações ou então colocado o produto em produção. Na Etapa final é feito o Lançamento do Produto ou Serviço, com treinamento das diversas Áreas envolvidas e feita à divulgação para o mercado. 105 5.4 Clientes da Empresa Para melhor entender as necessidades do mercado e antecipar-se às oportunidades, a Serasa utiliza como critério de segmentação o tipo e o porte da organização, conforme a Tabela 14. Essa segmentação considera: o nível de utilização dos produtos e serviços, as especificidades da dinâmica do negócio e os atributos de serviços valorizados do ponto de vista de cada um desses grupos de clientes. No caso de empresas não-financeiras, além do porte, são considerados segmentos por ramo de atividade na indústria, no comércio e em serviços, para se conhecer melhor seus requisitos específicos. As entidades de classe são parceiras que aumentam a capilaridade e a abrangência de atuação como canal de distribuição dos produtos, principalmente para pequenas empresas em todo o País. 106 MAPEAMENTO E SEGMENTAÇÃO DE MERCADO Médio Porte SEGMENTOS ATUAIS Empresas (Indústrias, Comércio e Serviços). Grande Porte SEGME CARACTERÍSTICAS NTOS ATUAIS • Grande rede de agências • Cobertura nacional • Grande volume de transações • Alçadas de decisão descentralizada • Departamento de crédito centralizado • Mercado de pessoas físicas e jurídicas • Média rede de agências • Cobertura regional • Mercado: middle marketing e PF • Volume médio de transações Instituições Financeiras PORTE CARACTERÍSTICAS • Filiais • Atuação regional/nacional • Médio volume de transações • Sistemas de decisão de crédito • Sistemas de gestão adm./financeiro • Padronização de procedimentos • Atuação regional • Estrutura de informática variada • Baixo volume de transações • Decisão de crédito por profissionais • Baixa padronização de procedimentos • Atuação centralizada • Baixo grau de informatização • Baixo volume de transações • Decisão de crédito subjetiva • Pequena rede de agências • Decisão de crédito centralizada • Pequeno volume de transações • Cobertura local • Atuação focada em nichos PJ Entidades • Concentração de associados de peq. porte • Estrutura de informática variada de Classe • Boa estrutura adm. e comercial • Alguns serviços próprios de informações • Atuação regional Segmentos Potenciais/Novos Novas • Áreas de marketing, informações gerenciais, planejamento estratégico e de investimento, para oportunidades atividades de planejamento de novos mercados, referenciação com concorrentes, elaboração de potenciais nos cenários e análise de riscos de investimentos. Outras aplicações em gestão de portfólios de crédito, clientes atuais compra e venda de carteiras, estruturação de fundos de recebíveis, avaliação de fornecedores e terceirizados etc. Expansão no Mercado Internacional Pequeno Porte Tabela 14 - Segmentação de Clientes Fonte: Serasa Além disso, são utilizados métodos de pesquisa das necessidades dos clientes conforme canais de acesso e de contato, apresentados na tabela 15. O desenvolvimento de oportunidades futuras fundamenta-se numa abordagem tridimensional de crescimento, envolvendo os seguintes eixos: expansão da base, fidelização de clientes e agregação de valor. 107 CANAL Call Center DESCRIÇÃO • Atendimento 24h por dia, 7 dias por semana e 365 dias por ano Grupos de Trabalho com Clientes Acompanhamento dos Clientes Eventos e Seminários Próprios Pesquisas • Novos Clientes • Ex-Clientes • Painel de Mercado • Painel de Clientes Follow-up de Clientes • Reunião com clientes para avaliação de requisitos, características de produtos e serviços Monitoração do Relacionamento com Clientes Comitê de Mercado e Comitê de Vendas • Visitas e ligações telefônicas • Realização de eventos e seminários com empresas e especialistas • Avaliação do acesso e do entendimento das informações e serviços agregados • Imagem institucional • Avaliação do produto contratado • Identificação das causas da rescisão • Tamanho do mercado potencial e alvo, market share, penetração e concorrência. • Registro de dúvidas, reclamações e sugestões de clientes e acompanhamento de fluxo interno até o retorno final ao cliente • Processo de monitoração das áreas que mantêm relacionamento com clientes Reunião periódica das áreas comerciais e de produtos Tabela 15 – Canais de Comunicação com Clientes. Fonte: Serasa 5.4.1 Relacionamento da Organização Focal com seus os clientes A Estratégia de expansão é oferecer um serviço de qualidade e com infraestrutura de acordo com as necessidades do mercado. Sendo que a empresa busca captar empresa com processos voltados a concessão de crédito e em sua estratégia busca oferecer soluções customizadas por grupos específicos de clientes. Os relacionamentos da Organização Focal com seus clientes são iniciados pela Área Comercial em conjunto com as Áreas de Produtos, que visam identificar necessidades especificas de informações de crédito dos clientes e assim compreender quais são as informações já estruturadas e quais as informações faltantes e que podem ser captadas. Conforme a tabela 14, a Organização Focal dispõe de diversos canais de comunicação direta com seus clientes de maneira a captar suas necessidades, identificar oportunidades e identificar possíveis pontos de alerta de insatisfação ou concorrência, monitorando desta forma seu mercado. Conforme já disposto no Capítulo 4, foi escolhido um grupo clientes, composto pelas operadoras de telefonia, que também são fornecedores de informação, tanto 108 da cadeia de informação de crédito quanto da própria organização focal, uma vez que utilizam grandes quantidades de informações de crédito para suas vendas e também enviam grandes volumes de informações sobre clientes em débito. Como esse grupo de clientes praticamente aumentou exponencialmente suas consultas de crédito, houve uma necessidade de expansão para um atendimento específico, para isso foram contratados três profissionais especificamente para o setor que exigia uma diferenciação. Destes, dois voltados aos contatos comerciais e um voltado para as estratégias do segmento e necessidades especificas. “Tais clientes exigem constantes customizações e possuem grande capilaridade devido a sua área de cobertura nacional, bem como atendimento em todos os pontos do Brasil, desde seus Call Centers até lojas em Shopping Centers”. Além disso, as necessidades de novas informações foram buscadas no mercado, conforme: “... alguns produtos são alimentados por dados do próprio grupo, pois há uma necessidade de troca de informações entre essas empresas do grupo de Telecom, para saber quem é inadimplente ou não.”. Como para os clientes existem poucas empresas que prestam esse tipo de serviço e é importante possuir uma contingência, pois todo seu sistema de vendas esta ancorado pelas informações de crédito. Segundo os entrevistados, em conseqüência dessa contingência os clientes recorrem aos concorrentes que poderão ser influenciados de forma positiva, por problemas na operação do líder de mercado. A disponibilidade e a infra-estrutura nesses casos são cruciais para a manutenção da posição de liderança. Além da disponibilidade, com a evolução desse mercado de venda de aparelhos celulares, e call centers de atendimento, essa empresas possuem os processos de decisão de crédito agilizados e também com grande volume de transações por segundo. 109 “... esses clientes possuem necessidades especificas devido às próprias necessidade dos consumidores que possuem urgência de tempo, o que impõe uma maior automação de processos e informatização e que a decisão de crédito ocorra no ponto de venda...”. “... a Serasa customiza suas soluções de maneira a fazer o que o cliente deseja certo que existem casos que ele precisa de tudo pra ontem, então acabamos negociando o prazo, pois como são muitas operadoras e também, muitas necessidades, cada uma diferente da outra, temos de tentar o que dá pra fazer de forma rápida e eficiente...”. “... tudo que esta fora da prateleira à gente vai até o cliente pra ver qual é necessidade dele, e transformar essa necessidade em requisitos, então toda essa parte de desenvolvimento é muito próxima do cliente, quer dizer, detecta a necessidade, ai são feitas reunião de trabalho pra especificação daquela necessidade e pra fazer uma solução sob medida, pois daí não estamos mais falando de produto. Daí estamos falando de uma solução que pode pegar o ciclo de crédito, pode pegar uma etapa modular do ciclo de crédito. Você identifica isso quando faz uma parceria com o cliente...”. “... o grande problema ou característica desse segmento é que eles vivem de sazonalidade, pois eles fazem promoções de acordo com os grandes períodos de compras como dia das mães, dia dos namorados, dia dos pais e Natal. Isso faz com que todos os clientes na véspera dessas datas venham com projetos mirabolantes de mudanças de formas de consulta e como eles são em muitos, acabam gerando um gargalo na nossa área de desenvolvimento...”. Conforme todos os entrevistados da empresa os grandes volumes desse segmento ocorrem durante os grandes eventos de compras anuais, que são: o dia das mães, o dia dos namorados, o dia dos pais e o Natal. Durante esses períodos não são permitidas mudanças nos sistemas, pois afetam exatamente o período de 110 pico do consumo de informação de crédito. Qualquer alteração que necessita ser feita tem de ser implantada com pelo menos com duas semanas de antecedência da data e alguns casos, como o Natal, em pelo menos um mês. Isso se reflete na possibilidade de uma alteração afetar os sistemas e dessa forma diminuir a disponibilidade para clientes. Um fato dessas proporções afetaria a credibilidade do sistema e beneficiaria diretamente o concorrente, que é a contingência dos clientes. Um fato interessante sobre esse aspecto, é que qualquer problema que ocorra com a empresa principal é detectado automaticamente pelo concorrente direto visto as consultas de informação mudam seu curso, indo para estes. O concorrente acaba sabendo em tempo real quando ocorrem problemas de ordem operacional dentro da empresa principal. “... hoje, com os sistemas e a integração, com as empresas, o fluxo de dados é instantâneo e qualquer coisas e interfira nesse fluxo, faz com ele seja redirecionado, se eu não tenho a informação e outro tiver o fluxo muda imediatamente. Tudo hoje é muito rápido, principalmente por que o consumidor final, que é a pessoa que esta comprando o produto do meu cliente, também não que esperar por uma decisão de crédito que demore mais que 5 minutos...”. 5.5 Fornecedores da Empresa As empresas de informação de crédito captam seus dados junto a órgãos oficiais ditos públicos e privados. Como oficiais estão os como distribuidores judiciais, cartórios de protesto, juntas comerciais, Banco Central, publicações oficiais e registros públicos. Outra parte das informações é obtida junto aos bancos e empresas privadas, bem como escritórios de contabilidade e mesmo com as próprias empresas que enviam seus dados espontaneamente, a fim de obter maior exposição. Nesse tipo de negócio, a empresa, normalmente, necessita de postos avançados de captação de dados de cartórios e distribuidores locais, a fim de cobrir todo o território nacional. Conforme Kumar (1996), a confiança no processo de trabalho e a relação com os fornecedores são importantes para que a informação seja fidedigna e que a credibilidade do resultado seja total. O conceito de 111 dependência dessas fornecedoras de informação para a empresa faz com que exista uma confiança mútua e um relacionamento entre ambos, semelhante ao que as empresas automotivas possuem com seus fornecedores de peças. Os fornecedores da empresa são divididos em quatro categorias. • Institucionais Ativos - Regidos por contrato ou convênio específico. • Institucionais Passivos - Sem vínculo obrigatório de fornecimento de informações • Bens e Serviços - Regidos por contrato no qual são especificados os requisitos para entrega do produto ou prestação do serviço • Parcerias - Regida por contrato ou acordos para o aprimoramento e desenvolvimento de processos. Para finalidade da pesquisa será concentrado esforço para entender a rede de informações de crédito e que está nas relações entre as duas primeiras categorias de fornecedores, pois as duas outras se referem a processos de suporte e que não envolvem o processo principal da organização que será estudado. QUADRO GERAL DE CLASSIFICAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DOS FORNECEDORES E PARCEIROS CRITÉRIO TIPO DE ENTIDADE / PRODUTOS E SERVIÇOS QUE ORGANIZAÇÃO ENTREGAM Institucionais Cartórios e Distribuidores Judiciais Protesto de títulos, Ações Judiciais. Ativos Juntas Comerciais Dados Societários de Empresas Banco Central Cadastro Emitentes Cheques sem fundos Regidos por Instituições Financeiras e Pendências Bancárias e Financeiras e contrato ou Empresas Clientes Comportamento Comercial de Clientes convênio Diários Oficiais dos Estados Publicações de Atas e Demonstrações específico. Contábeis, Intimações de processos judiciais. INSS – Ministério da Previdência Cadastro de Óbitos CRCs – Conselhos Regionais Verificação do Profissional que assina as Contabilistas Demonstrações Contábeis Institucionais Clientes em Geral Demonstrações Contábeis, Instrumentos Passivos Societários de Empresas e Cadastro de Clientes Sem vínculo Empresas e Pessoas Físicas Informações Cadastrais, Demonstrações obrigatório de Cadastradas na Serasa Contábeis, Instrumentos Societários fornecimento de Escritórios de Contabilidade Demonstrações Contábeis, Instrumentos informações Societários de Empresas e Cadastro de Clientes 112 Comissão de Valores Mobiliários Entidades de Classes Empresariais Jornais de Grande Circulação Bens e Serviços - Regido por contrato no qual são especificados os requisitos para entrega do produto ou prestação do serviço Parcerias - Regida por contrato ou acordos para o aprimoramento e desenvolviment o de processos. Telecomunicações Equipamentos de Telecomunicações Equipamentos e Serviços de Informática Serviços de Segurança Predial/Pessoal Limpeza Predial Manutenção Ar Condicionado Conservação e Manutenção Predial Serviço de Entrega e Postagem PAT-Vale/Refeições Saúde e Previdência Referências Internacionais em Tecnologia de Crédito Referência Internacional em Telemática Consultorias Informações e Demonstrações Contábeis de Empresas de Companhias Abertas Relatórios e publicações setoriais Publicações de interesse para a área de tecnologia, crédito, negócios e setorial e Demonstrações Contábeis. Internet, Renpac, Topnet, DDN 0800 e circuito internet Talkers e Roteadores Hardware e software, servidores, impressão e Pc´s e servidores. Empresas de Segurança e Transporte de Valores Empresas de limpeza Diagrama Empresa terceirizada Correios Serviços de Vales, Seguro saúde RMA – Risk Mangement Association (EUA), NACM (EUA) e ICM (Inglaterra) Forrester (EUA). Tecnologia de crédito: Eduardo Altman (NYU-EUA), DCA Consultores (EAESPFGV), Octa Plus (IME-USP). Gestão: McKinsey, A T Kearney, Fundação Vanzolini e W. Quality. Instituições Financeiras - CEDI Bancos Tabela 16 – Quadro dos fornecedores de informação, bens e serviços. Fonte: Serasa. Os processos com fornecedores são monitorados por um conjunto específico de indicadores, que podem indicar a ocorrência de inconsistências ou mesmo insatisfações e sugestões de melhoria, conforme abaixo na tabela 17: 113 VERIFICAÇÃO DE REQUISITOS E COMUNICAÇÃO COM FORNECEDOR Serventias Públicas (Cartórios, Distribuidores Judiciais e Juntas Comerciais). Instituições Financeiras e Empresas INSTITUCIOAL FORNECE DORES FORNECE DORES DE BENS E SERVIÇOS MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DO FORNECEDOR E ENTREGÁVEIS FORMAS DE COMUNICAÇÃO • Verificação da Completeza e Consistência dos dados • • Acompanhamento do prazo de entrega dos registros e Certidões Plurinominais Feedback de clientes como antecipação para atualização de dados. Comparativo de preços praticados x Tabelas de taxas Oficiais Feedback do fornecedor e sugestões de melhorias Verificação sistêmica da consistência dos dados entregue • • • • • • • • • • Acompanhamento da freqüência das entregas de arquivos de atualização • • Estatísticas dos movimentos de arquivos recebidos • • Verificação da legibilidade dos documentos em papel ou eletrônicos e da completeza dos dados. Monitoramento dos prazos de entrega dos Correios, mediante avaliação dos relatórios de emissão e recebimento de correspondências. Conferência física e inspeção dos materiais recebidos e respectivas documentações Pesquisa de satisfação com fornecedores Relatório das atividades desenvolvidas por consultorias • • • • • • Devolução, por correspondência ou meios eletrônicos, de dados incompletos ou divergentes, para correção. Contato telefônico e pessoal para negociar o cumprimento do prazo oferecendo recursos técnicos. Contatos telefônicos, pessoal e por correspondência (ofício), mencionando evento concreto. Contatos telefônicos, pessoal e por correspondência (ofício). DDG Exclusivo – linha 0800 – para Cartórios e Distribuidores Devolução diária de inconsistências, por meios eletrônicos estabelecidos em convênio, para correção. Contato telefônico, pessoal e por correspondência pedindo informações sobre a irregularidade na freqüência de entrega de arquivos de atualização. Disponibilização de relatórios, on-line, para os conveniados avaliarem o resultado dos arquivos entregues e periodicidades. Contato pessoal e telefônico Correspondências, Circulares, e Correio Eletrônico. • Reuniões periódicas de acompanhamento e feedback • Eventual devolução do material fora das especificações, com a ocorrência relatada na própria nota fiscal. Envio de resultados de pesquisa dos fornecedores Reuniões de feedback • • Tabela 17 - Quadro de meios de Comunicação com Fornecedores e Indicadores de desempenho. Fonte: Serasa. 114 5.5.1 Relacionamento da Organização Focal com os Fornecedores Conforme descrito anteriormente, o nascimento da Serasa se deu de forma cooperativada, conforme Bedrikow (2001), o que favorece o surgimento de um comportamento mais voltado à parceria e a união para atingir os benefícios do grupo. Os relacionamentos são feitos todos de maneira formal, pois muitos são órgãos públicos o que exige uma tratativa especial desses casos de forma a não infringir nenhuma lei, um exemplo citado foram às leis de licitações que deve ser seguida a fim de se obter as informações de crédito de determinados órgãos. Além disso, conforme os entrevistados é importante para a “Serasa seguir sempre o Código de defesa do Consumidor por possuir dados de pessoas físicas e jurídicas.”. Além disso, disponibiliza meios específicos para contatos com essas instituições em todo os país como linhas 0800 e canais para sugestões de melhorias. “... quando o fornecedor é público a expectativa é de que se consiga ter a totalidade, em termos de abrangência, quando eu falo de órgão público, eu digo que em um país que você trata por unidade federativa, você tem aí, vários estados, várias cidades e politicamente, do ponto de vista administrativo, cada um tem sua legislação própria e estrutura própria. E eu falo em abrangência, eu tenho percorrer cada uma das cidades, cada um dos municípios...”. “... no caso da iniciativa privada, é um pouco mais diferente, eu defino quem eu quero ter como parceiro, então essa escolha é muito mais próxima como uma indústria, ou uma empresa de comércio comum...”. ““... quando a informação é da iniciativa privada eu sempre estabeleço o máximo de qualidade sempre atendendo uma necessidade de produtos, você vê, 115 nós temos ai uma linha de produtos, gerentes de produtos, que apresentam os requerimentos e aquilo que eu vou captar de entidade privada, eu estabeleço as regras que servem especificamente para atender aqueles requisitos. Existe uma dificuldade em quando se trata dos órgãos públicos conforme os depoimentos dos entrevistados, pela falta de flexibilidade das modificações ou mesmo imposições que possam ser necessárias. Os órgãos públicos possuem regras próprias de seu grupo e por isso não são flexíveis quanto aos requisitos de mercado ou solicitados pelas empresas. “... no caso órgão público eu tenho pouca gestão sobre o processo...”. Para o caso de empresas privadas e que enviam informações, estas devem seguir algumas normas de qualidade das informações, pois segundo os entrevistados existem filtros e maneiras de bloquear as informações com inconsistências, entretanto a Serasa sempre avisa aos fornecedores que algo esta acontecendo, visto que o fluxo de informações começa a ser bloqueado, por erro, ou completeza de informações. “... quando você fala do privado, o banco de dados estabelece as regras de como tem de vir às informações. Todos os requisitos são definidos pelo banco de dados e as condições também de como deve ser atendido...”. “... em todo produto, a base do produto, a matéria prima é a informação, que tem que vir de algum lugar, ser tratada e enviada, para um ou alguns destinatários, nesse sentido é preciso visualizar a cadeia produtiva para estabelecer o melhor processo...”. “... os fornecedores tendem a ser envolvidos no processo desenvolvimento de produtos, por que nós colocamos pra esse fornecedor a nossa necessidade, que é a 116 necessidade do mercado, somadas as característica nossa próprias, que são os sistemas e a estrutura de organização, de modo que ele pode alterar ou ajustar alguma coisa do nível de informação para nós...”. Um exemplo citado por um dos entrevistados foi que em reunião com a DATAPREV, para incorporar uma informação em um produto para os clientes, houve uma melhora no nível de informação, sendo que foi possível melhorar o processo de identificação do consultado, trazendo mais informações pertinentes. ““... os fornecedores são envolvidos nos desenvolvimentos de novos produtos e processos para os clientes, no caso de algum processo que nós não conheçamos internamente, a gente busca um fornecedor para poder no apoiar no desenho dessa estrutura...” “... novas informações necessitam de novos fornecedores...”. “... é importante o compartilhamento e informações entre as seguradoras para saber quantos seguros de vida a pessoa tem...”. “... o desenvolvimento de novas informações envolve mudanças dos processos dos fornecedores, pois estes têm de gerar essa informação em um determinado padrão, que muitas vezes nós temos liberdade de determinar esse padrão, outras vezes não temos a liberdade de negociar esse padrão, mas nós podemos pelo menos negociar a periodicidade de envio dessa informação...”. Para a Organização Focal os fornecedores são parceiros que de acordo com sua necessidade de informações são ou não impostas e as maneiras como estes se integram à rede. O que os entrevistados puderam passar durante a pesquisa, é de que de acordo com a necessidade do fornecedor são impostas regras de integração. Muitos fornecedores de informação são empresas buscando expor informações 117 sobre seus inadimplentes ao mercado, o que as torna usuárias desse serviço em especial, diferente do padrão de fornecimento de peças para indústria, por exemplo. O que se vê nesse caso, de empresas provadas, é que elas necessitam ser fornecedoras de informação a fim de expor seus inadimplentes e recuperar dívidas vencidas, sendo isso também um serviço prestado pelo banco de dados. Já no caso de órgãos públicos, a Organização Focal não possui uma maneira de impor seu processo de trabalho, mas busca uma relação de parceria de modo a facilitar suas operações internas de captação e armazenamento. 5.6 Análise dos relacionamentos com a Organização Focal 5.6.1 Os Clientes e a Organização Focal O grupo de clientes do segmento de Telecom escolhido é formado por 4 empresas, sendo duas voltadas à telefonia móvel e duas voltadas à telefonia fixas. Tais empresas se expandiram a partir da privatização e atualmente são responsáveis por 28 milhões de usuários móveis e 11 milhões usuários fixos e representando 44 % do mercado móvel e 28 % do mercado fixo. Tais empresas consultam informações de crédito diariamente acessando os bancos de dados da empresa mais de 40.000 consultas por dia e mais de 3.700 blocos de informações também enviados por dia. Os relacionamentos dessas empresas com a Organização Focal partem de final de 99, devido à privatização e se expandiram de acordo com o crescimento da planta de telefonia no país. Foram desenvolvidos vários produtos voltados especificamente para o segmento como o PEFIN TELECOM, Scoring Telecom para Telefonia Fixa e Móvel, Autorizador de Crédito Telecom, e com as empresas móveis 118 foram criados produtos em parceria, como consulta Achei via Celular e Autorizador de Crédito Móvel. Nos relacionamentos dos clientes do segmento pesquisado com a Organização Focal, existe um relacionamento comercial, baseado na confiança, visto que a Serasa possui excelência em seu serviço. Existe um reconhecimento e certa admiração por parte dos clientes pelos serviços de qualidade que empresa presta e pelos prêmios conquistados. Todos os clientes entrevistados colocam a Organização Focal como seu maior fornecedor de informação apesar de utilizarem outros fornecedores de informação de crédito, como contingência. Conforme os entrevistados, eles necessitam das informações para a manutenção do processo de venda. As informações de crédito são cruciais nas decisões sobre os consumidores nos pontos de venda e no telemarketing e sua automatização cobre todo o processo. Todas as empresas entrevistadas afirmam gastar mais de um milhão de reais por ano com processos de decisão de crédito. Todos foram unânimes em afirmar que as informações de crédito influem nas estratégias de vendas e que a área de vendas influi na decisão de crédito. Conforme um dos entrevistados, “... é questão de sobrevivência, para qualquer empresa, ter um processo de análise de risco (inadimplência e fraude) que suporte as tomadas de decisão, tanto na concessão quanto na aquisição de bens. Toda empresa, principalmente as áreas de marketing, vendas e novos negócios estar alinhado com a área que cuida dos riscos de crédito...”. Um dos grandes fatores que envolvem a contratação do serviço é sempre a preocupação pela abrangência. Para os clientes é importante que outras empresas do segmento façam parte da rede de informações e que os dados sobre os consumidores estejam sempre atualizados cobrindo o maior número de empresas possível. Conforme a Lei de Metcalfe (SHAPIRO E VARIAN, 1999) os clientes 119 buscam redes onde existe um número já considerável de informações de outros clientes que fazem parte da rede. A disponibilização do serviço e o risco de dependência de apenas um só fornecedor podem colocar em risco as vendas dessa empresa, por isso, conforme a pesquisa, elas possuem acesso a outras bases de dados de modo a minimizar o risco operacional de queda no acesso a informações. Para os clientes o preço de consulta também é um fator muito importante de integração a rede. Como as informações são consultadas em grandes quantidades e volumes, o preço tende a ser tornar um fator determinante ao seu acesso. Conforme a pesquisa mostrou a qualidade e a disponibilidade e preço são os fatores determinantes quando se pensa no acesso ao serviço. Existe também o medo de deixar existir apenas um fornecedor de informações, isso poderia acarretar um monopólio e um aumento de preço, por isso muitas empresas usam todos os fornecedores. Uma das empresas apresentou que desenvolve escores internos, conforme um dos entrevistados de Telefonia Móvel, ”... preferimos desenvolver scores internos para não possuir uma dependência total do banco de dados e integrar com minhas informações internas...”. Muitas dessas empresas utilizam plataformas que possibilitam, através do uso de informações internas e cruzamento de bases de dados compradas, minimizarem o acesso aos bancos de dados externos e dessa maneira minimizar os custos. Há de considerar que isso possibilita que o conhecimento sobre o perfil de risco do consumidor ideal passe a se manter dentro da empresa e não mais junto aos bancos de dados. Finalmente, e de acordo com os entrevistados, um motivo importante para querer manter a Organização Focal como fornecedora são a sua solidez, ou seja, é 120 vista como uma empresa que não se espera que apresente problemas financeiros, e a sua pontualidade no pagamento. 5.6.2 Os Fornecedores e a Organização Focal Os Cartórios de Registro de Protesto são órgãos públicos e que formam uma rede de 3070 Cartórios de Protestos espalhados pelo país. No Brasil, o primeiro Cartório de Protesto nasce junto com a promulgação do Código Comercial de 1850, que no título XVI (artigos 354 a 427), e que regulava as letras, notas promissórias e créditos mercantis. De acordo com o artigo 1º, da Lei nº. 9.492/1997: "Protesto é o ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência de obrigação originada em títulos ou outros documentos de dívida". Aos cartórios e ao tabelião de protestos compete realizar todos os atos relacionados com o protesto cambiário, sendo que autorização para o exercício da função de notário é concedida pelo Poder Público, após o candidato ser submetido a concurso público de provas e títulos, realizado pelo Poder Judiciário, com a participação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados e do Colégio Notarial. Para a inscrição no concurso público é necessário que o candidato tenha capacidade civil, seja brasileiro, bacharel em direito e comprove conduta condigna para o exercício da profissão. O candidato aprovado em primeiro lugar no concurso público receberá a delegação para trabalhar em um único município, não podendo exercer essa função fora dele. No caso dos fornecedores analisados eles são muitos e não centralizados, o que por sua vez não facilita a coleta de informações, por outro lado, não possibilita a concorrência de um grande grupo. Além disso, por serem unidades independentes, 121 possuem níveis tecnológicos diferentes o que permite que ocorra uma defasagem tecnológica em algumas unidades. Outro fator importante é que possuem plataformas diferentes e processo de tratamento de informações diferentes o que dificulta a integração entre eles. Tal desenho do grupo, que reflete uma desintegração, possibilita que a Organização Focal faça um trabalho de centralização e padronização dessas informações, que são de alto valor para o mercado de crédito e possibilitam a minimização da assimetria de informações (AKERLOF, 1970). Para essas Instituições o valor do negócio esta na dívida que o cliente final deseja receber, por isso ele recorre ao serviço e paga pelas custas de protestar um título não pago. Quando o devedor busca pagar seus débitos, o cliente é então ressarcido do valor. Algumas iniciativas em alguns estados, particularmente São Paulo, tentam mudar isso, para que às custas sejam pagas pelo devedor apenas e somente na quitação de seu débito. Quando perguntados sobre o relacionamento com a Organização Focal todos reconhecem que se integram tecnologicamente com ela e que atualmente possuem um a parceria, segundo o entrevistado: “... há um comum acordo, um sistema de computação, um sistema que se encaixa com o da Serasa...”. “... todos os cartórios enviam dados para a Serasa...”. “... antigamente era uma relação em forma de certidão que a gente mandava em papel, daí Serasa disse que precisava digitar tudo aquilo lá, daí mudou, hoje é disquete que vai...”. 122 “... foi um entendimento do cartório e a Serasa sobre o sistema usado para que fosse feito o envio das informações...”. Os relacionamentos vêm de longa data, pois conforme o entrevistado, desde muito tempo já existe esse envio de informações para a Serasa. Os acordos com os Cartórios são feitos de forma separada de acordo com os grupos existentes, por estado, no caso o Instituto de Cartório de São Paulo que reúne os 10 Cartórios de protesto. Além disso, eles se relacionam em grupo formado pela Anoreg. Em seu relacionamento com a Serasa, há certo temor de que ela venha a acabar com seu negócio visto sua capacidade de centralização da informação, seu tamanho, volume de negócios e reputação. Existe a grande preocupação entre esses fornecedores de que os bancos de dados de crédito venham a destruir seu negócio, conforme a ATA da Assembléia Geral Extraordinária realizada no dia 29 de março de 2005, na cidade de Brasília, DF, na sede da ANOREG/BR: “Abordando o item 1 da Ordem do Dia falou sobre o Projeto de Lei de iniciativa do Executivo que Normatizar o funcionamento dos Bancos de Dados, no Brasil, envolvendo a nossa competência a ponto de eliminar totalmente o instituto do protesto de títulos; advertiu que ao invés da estatização anteriormente temida, poderemos ser eliminados lentamente com a exclusão gradativa das nossas atribuições; comunicou que tomou a providência de encaminhar, em nome do Instituto, uma sugestão à Casa Civil da Presidência da República, solicitando a exclusão de determinados artigos constantes do anteprojeto; conclamou os colegas que tenham amigos com prestígio político que solicitem a eles ajuda no sentido de auxiliar para que tenhamos sucesso nessa nova batalha...”. 123 É sentido que existe um receio de que os bancos de dados venham a substituir o negócio dessas entidades e elas buscam enfrentar isso como uma ameaça de vida ou morte para seu negócio. “O Secretário Geral... falou sobre o Projeto do Executivo, e o do das micro e pequenas empresas, chamando a atenção da sua gravidade e alertando que teremos que lançar mão de determinadas estratégias para sobreviver...”. Além disso, conforme o entrevistado havia comentários de que a Serasa estaria “baixando títulos” sem a anuência do cartório, e que fere diretamente o modelo de negócio desses fornecedores, e devido a isso foi feita uma reunião de emergência para avaliar o ocorrido, sendo que a Organização Focal informou que não ocorria esse tipo de situação, a fim de tranqüilizar os seus fornecedores. Nota-se que existe uma relação mais de conflito, do que de parceria e que isso pode ser identificado nos documentos da ANOREG e nos comentários dos entrevistados. Atualmente trabalham em parceria, mas estão a discutir se esta vale a pena e suas implicações. “Ingressando em Assuntos Gerais foi indagado do plenário se o Banco de Dados deveria ser feito exclusivamente pelo Instituto ou com parceria? A grande maioria decidiu que deveria ser pela forma de parceria.” “O serviço gratuito para os credores é uma grande saída, haja vista o que aconteceu em São Paulo, onde o movimento aumentou. O presidente colocou em votação a proposta de os tabelionatos de protesto de títulos passarem a não cobrar os emolumentos do credor no momento da apresentação dos títulos para protesto, só o fazendo posteriormente, ou seja: quando do pagamento do título pelo devedor, quando da retirada do mesmo antes do prazo do protesto ou quando do cancelamento do registro. Somente os representantes dos Estados do Espírito Santo, do Piauí e do Rio Grande do Sul votaram contra a proposta.” 124 O modelo de negócio desse tipo de instituição, acima mencionado, contrapõe o modelo adotado pelos bancos de dados visto que essas organizações obtêm sua remuneração adicionando ao pagamento da dívida por parte dos devores, sendo a consulta a sua base gratuita. “... hoje nós temos o site www.protesto.com.br onde dão todas as informações se a pessoa tem protesto em algum cartório de São Paulo, e é gratuito e se você entra no site você sabe. Você não vai saber o que foi protestado, mas você vai saber se você teve protesto no primeiro, no segundo, ou qual cartório com consulta gratuita...”. “... esta se começando a fazer um banco de dados de protesto de todo o território nacional...”. “... A Serasa é parceira, pois todo mundo consulta a Serasa. Antigamente as pessoas falavam “ tá com culpa no cartório”, hoje já na cabeça da população é “pô tô no SPC, tô na Serasa!”...” Nota-se que tal noção de que a rede de informações das empresas de crédito já se disseminou na população e por isso é sentida pelos fornecedores. Tais demonstrações incidem na dissolução da parceria, pois essa se torna concorrente e não mais de ajuda mútua ou mesmo uma parceria, sendo que existem vários conflitos de interesse desses órgãos com a Organização Focal e seu segmento, conforme verificado nas Atas da ANOREG. 5.7 Analisando os Relacionamentos da Rede de Informações de Crédito 125 A empresa, em sua estratégia de captação e relacionamento com fornecedores, trabalha de maneira atingir toda e qualquer informação que seja importante aos seus clientes. Todos se envolvem na estratégia da rede de suprimentos, desde a área de mercado e as áreas de produtos, sendo que se inicia de uma avaliação da oportunidade e por isso deve ser decidido pela alta direção. Apresenta-se o Fluxo detalhado no Anexo C, onde a empresa centraliza em si as informações de todos os fornecedores existentes, utilizando para isso sua extensa rede de agência e outros meios tecnológicos de acesso. Através de uma abrangente rede de fornecedores e clientes, as informações fluem entre os nós dessa estrutura chegando a seus clientes finais. Conforme pesquisado, entre a Organização Focal, clientes e fornecedores, os relacionamentos são mantidos sobre as políticas da ajuda mútua e do “ganhaganha”. Apesar dos fornecedores temerem os relacionamentos com a empresa foco, no longo prazo, eles acreditam que atualmente esse relacionamento é de parceria. São relacionamentos mantidos por contratos e acordos para o compartilhamento de informações com todos os fornecedores e clientes, que também enviam informações sobre inadimplência. Essa extensa rede de informações é baseada em relacionamentos dentro que são ora contratuais legais, como os órgãos públicos, ora transacionais comerciais, como os com empresas privadas. Ambos atingem objetivos específicos participando da rede e obtém a exposição necessária para suas informações. Por sua vez a Organização Focal cada vez mais aperta os nós da rede, o que a torna essencial a todos, pois cada empresa que trabalha com crédito, possui um risco de negócio e deseja diminuir sua assimetria de informações, necessitando dessa maneira se relacionar com as empresas de bancos de dados. Geralmente buscam a maior rede, com maior abrangência onde possam ter uma visão privilegiada de todos os seus consumidores. 126 CAPÍTULO 6 Análise dos Resultados A partir dos dados coletados e das entrevistas é apresentado um quadro de como essa rede de apresenta e como o relacionamentos entre os atores se estabelece. São detectadas algumas divergências entras as visões entre os atores e como o fluxo da informação se comporta. 6.1 Confronto das Visões das Organizações 6.1.1 A Organização Focal e seus fornecedores Para Organização Focal “os fornecedores dão o contorno de como a empresa pode atuar no mercado” sendo que a disponibilidade, custo e a política de divulgação são fatores que delimitam ou aumentam a capacidade da empresa, por isso são importantes na elaboração da estratégia de captação. Conforme os entrevistados da Organização Focal, um exemplo dessa delimitação de trabalho seria o caso os cartórios, que possuem um custo de distribuição de suas informações e por isso influem de forma direta na estratégia de preços o produto final. A Organização Focal privilegia o aspecto abrangência, para captar todas essas informações do mercado e no caso dos fornecedores pesquisados, vai a cada município coletando esses dados dessas instituições a fim de possuir uma total cobertura do país. Tal serviço poderia ser feito por essas instituições originalmente possuidoras do dado, e que poderiam se beneficiar por sua abrangência, entretanto, por se tratar de organizações públicas e independentes há uma desagregação do grupo e que beneficia a Organização Focal. Conforme verificado por se tratar de um 127 grupo muito heterogêneo tecnologicamente e culturalmente, enfrentam problemas e conflitos internos que impactam diretamente em sua integração como grupo e centralizador de informações. A Organização Focal faz com que todos os seus relacionamentos com fornecedores sejam extremamente formais, com contratos e atas, devido ao modelo de negócio e que atravessa vários aspectos jurídicos e por isso há certo distanciamento quanto ao relacionamento. Atualmente o que existe é uma parceria que já dura muito tempo. Foi verificado, entretanto, que existe uma desconfiança espalhada entre os fornecedores sobre como a evolução do negócio de informações está acontecendo e qual sua posição dentro dessa rede no futuro. Constatou-se que para os fornecedores de informação entrevistados, existe um conflito de interesses, pois os produtos da Organização Focal estão cada vez mais se aproximando do negócio destes e por isso temem serem colocados de lado no mercado de informações de crédito. Nesse sentido verificou-se a montagem de grupos específicos dos fornecedores para estudar o assunto e determinar uma estratégia. Para seus fornecedores de informação, a Organização Focal invade cada vez mais sua competência, visto que começa a aumentar e melhorar as formas como o cliente pode inserir os dados diretamente em suas bases. A Organização Focal controla as informações que entram em sua base de forma a melhorar a qualidade das informações internas, sendo que investe na integração das bases de dados de órgãos públicos. No caso de órgãos públicos, a Serasa possui pouca gestão sobre seus processos, visto que se constituem de autarquias e por isso não podem ser alteradas. Cabe assim a alternativa da empresa, de se adaptar as condições de fornecimento e captar as informações necessárias e seus produtos. No caso de empresas privadas existe uma forte orientação de impor uma maneira correta de se trabalhar, e que facilita a coleta e identificação de inconsistências. 128 Como a empresa é a maior do mercado de informações de crédito e com maior número de relacionamentos com clientes, apesar de impor maneiras de captação, conhece melhor suas necessidades e prove soluções adequadas. Os bancos de dados de crédito possuem, para seus clientes, o controle das informações de crédito e que por sua vez, privilegia a posição da Organização Focal. Para os fornecedores públicos, não enviar dados à Organização Focal pode comprometer o sucesso de seu cliente final, desde que este pode acreditar que seu dado, apesar do processo legal de protesto, não irá possuir a devida exposição, visto que a empresa não faz parte da rede de informações de crédito. Os parceiros públicos estão baseados em relacionamentos de longo prazo. No caso de clientes da iniciativa privada existe uma rotatividade pequena sendo que estes participam dos produtos que eles consomem. Muitas das informações fornecidas pelos clientes vão fazer parte de produtos que este próprio pode vir a consumir, ou no caso consultar, em um futuro. As reuniões com fornecedores privados e públicos são sempre formais, sendo que existem atas e são deixados bem claros quais os objetivos que pretendem atingir. São trocadas e alavancadas nas reuniões entre a empresa e fornecedores as competências: • jurídicas: sobre o uso da informação e suas implicações legais; • de tecnologia: como a informação pode ser enviada, processada, armazenada e consultada, com segurança contra invasão, ou alteração. 129 6.1.2 A Organização Focal e seus clientes Segundo os entrevistados “A busca da empresa é pela capilaridade, pois a questão que o fluxo de informação enfrenta são os custos de se chegar aos pequenos clientes”. Atualmente os grandes clientes possuem suas próprias infraestruturas e o pequeno cliente busca novas maneiras de conseguir acessar essas informações com um custo razoável e que não afete seu negócio. É importante a abrangência na captação dos dados, pois isso possui relação direta com a cobertura que a Organização Focal possibilita à seus clientes. Quanto aos clientes, estes acreditam que mantidos os requisitos básicos, de abrangência, disponibilidade e preço, isso são indicadores suficientes para manutenção do relacionamento. Outro item importante identificado é de que existe uma preocupação contínua com o desenvolvimento de produtos e a identificação das necessidades dos clientes consumidores da informação de crédito. Conforme os entrevistados, existe uma preocupação em facilitar a vida do cliente, agregando informações internas, com o intuito de se tornar um facilitador para as áreas de crédito e cobrança das empresas clientes. Existe toda uma metodologia de desenvolvimento de produtos na qual são identificados aspectos de mercado, concorrência e de planejamento para atender as necessidades dos clientes. Os clientes contribuem com o desenvolvimento de novas soluções de crédito e participam ativamente dos rumos que as soluções tomam. É claro que existe para isso um relacionamento de geração de conhecimento mútuo e um transacional que ocorre na forma de degustação de produtos ou mesmo de forma a ter o serviço gratuito quando ele é implantado pela primeira vez. 130 Quando a informação é necessária para novos produtos, há um desenvolvimento de índices de qualidade a fim de que isso não impacte nos produtos já existentes. É importante lembrar que como se trata de um banco de dados, todas as informações e programas estão dentro de um CPD, que deve estar interligado, então a preocupação para que tudo esteja sempre operacionalmente em perfeitas condições é extremamente importante. 6.2 Síntese da Análise Durante a análise dos resultados das entrevistas são confirmados alguns trechos que são reforçados a seguir: 6.2.1 Convergências • A forma cooperativada com que Organização Focal foi iniciada privilegiou sua base de dados com uma quantidade de informações que inicialmente nenhuma base de dados do Brasil já teve. • A Organização Focal possui uma estratégia forte baseada na credibilidade e qualidade e que é reconhecida por seus fornecedores e clientes, sendo que estas empresas sentem que podem confiar e trabalhar com ela. • A Organização Focal, devido às características do negócio possui uma cultura voltada à legalidade dos relacionamentos e dos fluxos de informação o que favorece o comprometimento dos fornecedores e clientes envolvidos nessa rede. • Devido ao caráter legal do negócio há uma formalidade nos relacionamentos e na parceria com a Organização Focal, sendo os interesses dos parceiros respeitados e não existem conflitos declarados. • Para a Organização Focal é essencial a qualidade de seus serviços e informações visto que esse aspecto é um dos principais pilares da estratégia da Organização Focal. 131 • A Organização Focal preocupa-se com sua infra-estrutura de serviços sendo esta reconhecida por seus fornecedores e clientes como de ponta e de alto padrão. • A Organização Focal trabalha de forma a centralizar em si os relacionamentos com clientes e fornecedores de modos a agregar valor ao processamento das informações. • A rede de agências e os relacionamentos da Organização Focal possibilitam uma maior capacidade de coleta e catação de dados, e que cobre a maior parte da área geográfica do país. Entretanto os fornecedores de informação são em maior número e possuem uma maior capilaridade na coleta de dados em todo país, apesar de não serem integrados e informatizados como um todo. • A Organização Focal tende a estreitar seus relacionamentos com as empresas privadas e que são clientes de consulta. O tratamento diferenciado através dos segmentos de mercado e as melhorias de produtos a esses mercados demonstram essa tendência. • A Organização Focal possui indicadores operacionais internos e que são partilhados com seus clientes e fornecedores a fim de manter os níveis de qualidade e de informação. 6.2.2 Divergências • Há uma divergência quanto à visão que a Organização Focal acredita que seus fornecedores e clientes possuem a respeito dela, sendo que a reputação forte e os altos níveis de qualidade, que são reconhecidos pelos fornecedores e clientes como pontos fortes, causa medo nos fornecedores de que esta possa crescer demais e ocupar o lugar deles no mercado de informações de crédito. • A Organização Focal acredita em parceria, mas parte dos fornecedores já se organiza para avaliar as vantagens no relacionamento com esta e se estes não deveriam se unir em um banco de dados único com informações de crédito. 132 • Os fornecedores acreditam que a Organização Focal esta mais focada no sucesso do seu negócio do que no sucesso da rede como um todo, particularmente na continuidade de seu negócio. • A formalidade que a Organização Focal busca em seus relacionamentos afeta os clientes, sendo que estes acreditam que a empresa não se preocupa com seu sucesso, mas sim com a manutenção de seu negócio. • Os clientes, ao mesmo tempo, que possuem a necessidade de fazerem parte da rede da Organização Focal, verifica-se um medo e uma ameaça de monopólio da informação de crédito por parte da Organização Focal, pelo tamanho e crescimento. Desta forma essas empresas mantêm relacionamentos com concorrentes e enviam as informações para eles também. 6.3 Considerações sobre Relações Empíricas e Teóricas Encontradas Conforme verificado na literatura, durante a revisão teórica, dentro das redes o poder e a capacidade de exposição influem muito na quantidade de clientes e fornecedores que serão “forçados” a participar desta. Conforme Varian e Shapiro, o feedback positivo faz com que o forte se torne mais forte e o fraco simplesmente desapareça. De acordo com a teoria do feedback positivo, temos que a Organização Focal já partiu de uma estrutura e base de dados pré-existente formada de forma cooperada em parceria com os Bancos. Isso propiciou com que o processo de feedback se iniciasse muito mais rapidamente e que irrompeu em uma aumento vertiginoso dos clientes e dos acessos à rede de dados. Na revisão teórica ficou constatado que a sobrevivência de uma empresa se baseia na capacidade desta se relacionar com aqueles que lhes fornecem recursos e se relacionar com seus clientes, para fornecer recursos para eles necessários (SLACK E LEWIS, 2003, HARLAND, 1999). Em uma economia baseada na 133 informação seu fluxo acontece de forma cada vez mais veloz e por isso o tempo para tomar uma decisão ou uma alteração de estratégia deve ser ágil (FINE, 1999, PRAHALAD E HAMEL, 1997). A Organização Focal, através de seu ciclo estratégico anual, privilegia a flexibilidade, a qualidade e a manutenção da infra-estrutura existente de maneira a atingir o sucesso. O desafio que Organização Focal hoje enfrenta, são como não comoditizar seus serviços, visto que a popularização da microinformática e o aumento da capacidade de armazenamento e processamento têm feito com que empresas comecem a construir bancos de dados e a competir em nichos específicos. A queda da barreira de entrada tem feito com que a Organização Focal busque novas alternativas e conhecimentos para se manter como líder de mercado. Conforme a hélice dupla de Fine (1999) (Esquema 2), pode ser posicionado o momento atual do segmento de informação de crédito em que existem pressões para a desintegração. É identificado que a Organização Focal possui uma posição privilegiada dentro da complexa rede de informações. Conforme Corrêa (2002) as redes de fornecimentos de serviços são tão ou mais complexas que as redes de operações que produzem produtos. Para Fine (1999), nos setores de alta velocidade evolutiva as cadeias são complexas, abrangendo muitas empresas, tecnologias, serviços e capacidades. Quando foi aplicado um questionário sobre estratégia de futuro (PRAHALAD E HAMEL, 1997) verificou-se através da alta direção uma preocupação com a definição das regras do segmento e com olhos voltados para o futuro do negócio da informação de crédito. Apesar, de detectado que existe uma preocupação maior com a eficiência operacional em detrimento do desenvolvimento de novos negócios, isso se deve a busca de uma maior qualidade que o empreendimento necessita. É comprovado que existe uma busca em estar à frente dos concorrentes e ditar as regras do mercado, mantendo sua maior competência que é a de gerar conhecimento a partir das informações coletadas dos diversos fornecedores e clientes da rede. 134 Verifica-se junto à Organização Focal que ela é o elo forte da rede, pois, conforme Corrêa (2002), o elo forte de uma rede de serviços é aquele que gera as iniciativas de gestão e também se torna responsável pelos elos. A existência de uma busca por um estilo de parceria “ganha-ganha” reforça a gestão do elo forte sobre os demais participantes e isso é verificado dentro dos relacionamentos da Organização Focal com seus fornecedores. Ela busca melhorar a exposição das informações através da rede e dos clientes, sendo que possui a maior abrangência de dados do mercado. A Organização Focal transita de uma rede do tipo 4 – rede rotinizada e de Alto Grau de Influência para uma rede de Tipo 2 – Rede Dinâmica e de Alto Grau de Influência (HARLAND, 2001a). O tipo 4, ou Rede Rotinizada e de Alto Grau de Influência evoluiu no início de suas operações tendo trabalhado de forma cooperada em condições estáveis e com capacidade de influência, sendo que esta constituiu seu processo inicial através de uma otimização de seus processos operacionais, desenvolvimentos a partir dos fluxos internos e na maturação de seus relacionamentos com seus principais clientes e donos, que são os Bancos. Durante essa fase a organização buscou diferenciais competitivos e a legitimidade através do reconhecimento público e de prêmios da qualidade. No caso do tipo 2, as empresas trabalham num ambiente dinâmico caracterizado principalmente pela competição por meio da inovação, o que torna a integração de recursos humanos e a captura de conhecimento fundamentais. Lidam, ainda, com problemas ligados à otimização de fluxo de informação. Pode ser observado durante a pesquisa que a empresa esta atualmente focada em melhorar sua qualidade e investe na inovação através do conhecimento que permita captar cada vez mais informações e influenciar a rede. A Organização Focal deparou-se com problemas como a distribuição das informações no país e a melhor forma de trazer os dados para a rede, sendo que houve uma influência desta na integração de 135 fornecedores e em sua informatização. Além disso, desenvolveu toda uma metodologia de projeto de produtos voltada à identificação de oportunidades e inovações, investindo pesado nesses pontos e buscando dar o rumo para o segmento. Verificou-se que a Serasa ajudou na automatização dos cartórios espalhados pelo país, dos quais, muitos não eram informatizados, isso auxiliou a própria empresa no recebimento dos dados e sua tratativa posterior, pois esse quando enviados em arquivos, não precisavam ser manualmente digitados. Apesar de se relacionar de maneira positiva e influenciar seus fornecedores a melhorar seus processos, em alguns casos, como os órgãos públicos, é difícil uma empresa privada impactar em órgãos do governo e em seus processos de trabalho, pois estes são regidos por normas governamentais. Um ponto importante que pode ser citado sobre os produtos e serviços das empresas de informação de crédito, é que estas se baseiam na garantia, na segurança que a empresa imprime às suas informações e como os clientes vêem isso (KUMAR, 1996). Os clientes devem confiar nos dados para tomar sua decisão, significa que deve confiar que toda a rede de fornecimento da Organização Focal e seus fornecedores enviaram informações corretas, o que, caso contrário colocaria em dúvida a credibilidade da empresa. Conforme Slack e Lewis (2001), a evolução dos produtos por processos deve seguir as necessidades do mercado, no caso da Organização Focal, esta seguiu as exigências do mercado de Bancos, e por isso desenvolveu seus processos e produtos de forma a atender principalmente esse segmento. Em seguida, de acordo com suas prioridades integrou outros segmentos, ampliando clientes e fornecedores. A oferta de produtos e serviços cada vez mais comoditizados, em mundo de meios eletrônicos como a internet, em que dados começam a trafegar em velocidade cada vez mais vertiginosas, fazem com as informações se tornem mais fáceis de 136 captar e armazenar. Entretanto, o que garante a eficácia da informação/produto, nesse caso, são sua garantia e confiabilidade e que o nome da Organização Focal possibilita junto a seus fornecedores e através de sua rede de suprimentos. Aliado a isso as informações de crédito possuem alta perecibilidade e com alto custo de captação devido ao grande número de fornecedores, o que faz com que novos entrantes tenham dificuldades para atingir a escala necessária e se integrar com os inúmeros fornecedores existentes. Como a Organização Focal atende todo o mercado, quanto maior a rede, mais capilarizada e aprimorada a forma de atendimento, desta forma ela conhece seus clientes, seus hábitos, e características, sendo maiores as oportunidades de oferecer novos produtos que satisfaçam as necessidades especificas de cada consumidor ou segmento. 137 CAPÍTULO 7 Conclusões e Limitações Os resultados da pesquisa demonstram que os relacionamentos dentro de uma rede de informações de crédito ocorrem de acordo com as teorias levantadas na literatura de redes de suprimento. Algumas características diferenciam aspectos pela lógica da economia da informação e em que os relacionamentos com fornecedores devem ser maximizados quantitativamente para cobrir toda a rede, diferentemente de outros segmentos que selecionam um número determinado de parceiros. A assimetria de informação faz com que clientes busquem se aliar à maior rede de dados. Assim gerando, através do feedback positivo, um aumento exponencial de participantes e usuários do serviço, o que distorce as relações de poder dentro da rede. Aliado a isso o fator tecnológico faz com que o dono da maior capacidade de análise dos dados possa ver melhor as oportunidades dentro da rede e gerar conhecimento. A assimetria de poder e a centralização dos relacionamentos, por outro lado, criam uma barreira que se não for bem resolvida pode criar problemas em conquistar a confiança entre os fornecedores. Essa desconfiança pode ter como conseqüência a criação de concorrentes ou mesmo a desintegração da rede de informações de crédito. Partindo das perguntas inicialmente feitas, são elaboradas as conclusões sobre as Organizações de informações de Crédito e seus relacionamentos. Q1 - Como se apresentam os relacionamentos da Cadeia de Suprimentos das empresas de informações de crédito? O estudo revelou que o negócio da Organização Focal é o serviço de acesso às informações de crédito, sendo baseado em uma rede de suprimentos destes dados, visto que possui grande quantidade de ligações com fornecedores e clientes, de ambos os lados, a montante e a jusante. 138 Conforme verificado durante pesquisa, os relacionamentos se dispõem em uma grande rede, formato este que se deve ao modelo do negócio, exigindo grande capilaridade e um alto número de fornecedores e clientes. Estes estão dispostos em uma ampla área geográfica que cobre todo o país. A Organização Focal coleta e distribui as informações de crédito de inúmeras fontes e origens e por isso mantém relacionamentos, ora comerciais, ora de parceria, sempre buscando o sucesso da rede como um todo. Esse conceito de rede de informações envolve um aspecto importante e característico das empresas na economia da informação no que se refere ao desenho dos relacionamentos com fornecedores, pois a Organização Focal não pode se dar ao luxo de escolhê-los. Esta precisa que todos os fornecedores disponíveis façam parte de sua rede e enviem suas informações para que o sistema tenha credibilidade. Assim, cada vez mais usuários devem acessar, e por sua vez, também remeter suas informações para o banco de dados da empresa, gerando um feedback positivo. Os negócios baseados em informação exigem grande capilaridade de fornecedores e também grande capilaridade de distribuição. Em ambas as situações a Organização Focal fica como ponto central da rede e essa posição privilegiada influi diretamente no poder e no direcionamento da rede de suprimentos. Os relacionamentos são de parceria, mas com conflitos de interesse, pois ocorrem pela necessidade destes fornecedores e clientes de fazerem parte de uma grande rede de clientes usuários. Por um lado, a grande exposição das informações de credito recebidas dos fornecedores facilita o pagamento de débitos de devedores, por outro, os clientes desejam diminuir seus riscos de negocio e assimetria de informações, consultando dados de seus consumidores. A Organização Focal possui um poder de convencimento visto que detém o banco de dados e os relacionamentos com grande número de clientes, o que favorece a entrada de novos fornecedores. Por sua vez a grande quantidade de 139 fornecedores favorece também que mais clientes desejem fazer parte da rede, gerando dessa maneira um grande feedback positivo, citado anteriormente. Além disso, a Organização Focal legitima sua liderança dentro da rede através de uma estratégia em que busca a credibilidade, qualidade e reconhecimento público. Como possui um foco muito capilarizado, valida frente a fornecedores e clientes sua reputação, baseada na confiança em suas operações internas, pois como possui premiações nacionais e internacionais, confirma a qualidade e a confiabilidade de seu negócio. A pesquisa verificou que como nó central da rede de informação, a Organização Focal, se torna geradora de conhecimento e valor agregado pela capacidade de absorver as informações de crédito como um todo e processa-los. Possui uma visão privilegiada da rede, detendo o relacionamento com os fornecedores e clientes e por isso entende o valor de cada um destes, e quais informações são mais valiosas ou menos importantes. Q2 - Quais são os relacionamentos dessa rede de suprimentos e os fatores a influenciam? Os relacionamentos da rede de informações de crédito da Organização Focal evoluíram em duas etapas: Primeira fase: Estratégia e Excelência Durante essa fase a Organização Focal trabalhava exclusivamente com o objetivo de suprir de informações de crédito para seus donos de forma cooperativada, por isso seus relacionamentos eram restritos aos fornecedores oficiais e a seus próprios donos. Essa estratégia privilegiou a construção de uma infra-estrutura sólida, com investimentos e a qualificação dos processos 140 operacionais, de captação, armazenamento e processamento, sendo apenas informações disponibilizadas para os bancos acionistas. Essa fase é marcada por um profundo aprendizado e a consolidação dos relacionamentos com os fornecedores oficiais, estabelecendo sua integração com a rede que existia. A empresa constituiu nessa fase sua legitimidade e a reputação necessária para sua entrada no mercado. Foram implantadas práticas de qualidade, processos estruturados de contatos, sendo nesse período montada a rede de agências em todo o país, que proporcionou uma expansão nos relacionamentos com seus fornecedores. Segunda fase: Estratégia de Expansão e Administração Nessa fase a Organização Focal já possuía a legitimidade, reputação e confiança passando a oferecer ao mercado seus serviços, inicialmente a outros bancos e depois a outros segmentos, como varejo e telecom, entre outros. Nessa etapa, a Organização consolidou sua rede, e deu inicio a um processo de feedback positivo, pois todo o mercado começou a fazer parte desta rede de informações, constituindo novos relacionamentos comerciais, baseados no poder de informação que a base de dados existente garantia. Atualmente a Organização Focal, possui relacionamentos de fornecimento de informações de crédito a montante, com bancos e empresas privadas, cartórios, juntas comerciais, Associações de Comércio, escritórios e contabilidade, a Justiça e também as próprias pessoas (Anexo C). 141 Os fornecedores de informações são coletores ou intermediários de grande abrangência e capilaridade entre as pessoas físicas e jurídicas. Estão distribuídos por todo país e, por obrigação de lei ou por motivo de melhor ajudar seu cliente final, alimentam o sistema da empresa de centralização de informações. A pesquisa revelou que o desenvolvimento de novos fornecedores e novas informações esbarram nos problemas legais e de relacionamento com os órgãos de registro que entendem a Organização Focal como seu concorrente. Verificou-se que tais relacionamentos com fornecedores são mantidos pela rede já construída tanto estrutural como pela legitimidade obtida por reconhecimento público. A jusante existe dois tipos de relacionamentos: os distribuidores e os clientes finais. Os clientes finais utilizam de modo intensivo as informações, podendo ser também coletores e fornecedores. Isso faz com que sejam criados ciclos de consultas e alimentações constantes de informações, que gera maior acumulo do conhecimento sobre a inadimplência e fraude por parte da Organização Focal. Q3 - Quais as características desses relacionamentos? Existem três tipos de relacionamentos: Os relacionamentos junto aos fornecedores oficiais possuem um caráter de atrito sendo esses baseados na legalidade do fornecimento e não em um acordo mútuo que envolva uma parceria amigável e participativa. Como há uma divergência nos modelos de negócio e de remuneração, pode haver um risco a ambos os negócios havendo prejuízo a ambas as organizações. A Organização Focal nesse caso deve se adaptar para captar essas informações, pois possui pouca ou nenhuma gestão sobre os processos destes fornecedores. Os relacionamentos com fornecedores privados ocorrem de forma transacional comercial, pois tais clientes buscam dentro da capilaridade da rede da 142 Organização Focal uma maior capacidade de exposição de suas informações de inadimplência. Neste caso tais empresas devem adaptar seu envio de dados para a Organização Focal da forma imposta por ela. Os fornecedores de informações privadas também influem na estratégia de captação da cadeia de forma a tentar buscar a maior capilaridade possível e por isso buscam diretamente a Organização Focal, e eliminam um intermediário do fluxo de informações, e que seriam os fornecedores pesquisados. Os relacionamentos com clientes e distribuidores são de caráter comercial e baseado no atendimento das necessidades identificadas de cada um. Nesse caso a Organização Focal se adapta aos clientes desenvolvendo novos produtos ou serviços para cada grupo ou segmento de negócio. Q4 - Como é a distribuição de poder dentro dessa cadeia de suprimentos? A pesquisa mostrou que o poder e o controle dentro da rede de informações iniciam naquele que possui a maior quantidade de informações. Conforme a teoria de redes, o ator que fica entre os elos trocando seus dados e conhecimentos, possui uma melhor visão do todo e por isso maior poder dentro da cadeia. Conforme a Lei de Metcalfe (SHAPIRO E VARIAN, 1999) o valor da rede de informações de crédito eleva-se com o quadrado do número de usuários que acessa essa rede. Para a empresa de informações é então importante que alguns dos principais clientes de um segmento façam parte de sua rede, alimentando e consultando sua base, pois isso, conforme a teoria do feedback positivo faz com os outros players se agrupem nessa rede de informações. Como a Organização Focal possui como donos os Bancos privados, ela iniciou sua rede com os maiores fornecedores privados de informações de crédito do país. Este fato possibilitou o aumento exponencial de suas consultas, a partir de sua abertura para o mercado e sua posição como líder. 143 Pode se considerar que o serviço de informações de crédito é fundamentado em alguns pré-requisitos básicos como disponibilidade, confiabilidade e flexibilidade, e a manutenção desses itens garante a liderança da rede, até o aparecimento de outra tecnologia ou concorrente, com competências inovadoras. O tamanho da Organização Focal e de sua rede de captação causa certo desconforto nos seus fornecedores oficiais, sendo que esses atualmente se encontram desunidos com fontes de dados espalhadas e com menos poder por não possuírem um foco em resultados financeiros. Porém aparece uma tendência nítida nestes, de buscar defesas para seu negócio, sendo que tal grupo, se unido, pode vir a ser um grande concorrente, das mesmas proporções que a Organização Focal. Tais fornecedores tentam impor uma estratégia baseada numa limitação legal a fim de que todos os débitos tenham de passar anteriormente por eles para depois serem encaminhados à Organização Focal e outras empresas do gênero. Para a Organização Focal existe um trabalho de parceria em conjunto com seus fornecedores, buscando favorecer o cliente final, dos próprios fornecedores e que desejam ter seus débitos pagos. Estes fornecedores são detentores de uma determinada classe ou tipo de informação que é parte do relatório completo de informações de crédito. Comparativamente, na indústria automotiva, são fabricantes de apenas um item em todo o automóvel. Importante lembrar que se apenas um fabricante faz aquele tipo de item, e interrompe seu fornecimento, os veículos não podem ser vendidos e ficam nos pátios. Verifica-se que o fluxo de informação não poderia ser interrompido por falta desse tipo específico de dado, entretanto tem como conseqüência a diminuição da credibilidade da informação e o aumento da assimetria e do risco de negócio da empresa cliente. Isso assegura a importância que o relacionamento com os fornecedores oficiais representa, para a Organização Focal. 144 Verifica-se que a cadeia de informação possui uma relação extremante semelhante à indústria do ponto de vista de fornecimento e escassez, mas não em face à quantidade e ao poder de escolha de fornecedores. Q5 - Como o sucesso dos relacionamentos entre os atores influencia o sucesso da empresa de serviços de informação de crédito? Verificou-se durante pesquisa que os relacionamentos são mantidos de forma a buscar o sucesso dos atores. O sucesso da Organização Focal em seu trabalho de centralização da informação impõe aos fornecedores níveis de qualidade cada vez mais altos, o que pode ser uma indicador da expansão dos níveis qualitativos e por conseqüência melhor nível operacional. Quanto aos clientes, sua melhor qualificação e a troca de informações, através da reciprocidade e dos envios de informações de cunho restritivo, garantem a manutenção de altos níveis de qualidade e que beneficiam o processo através da identificação de possíveis falhas internas durante a concessão de crédito. Conforme verificado, a ampliação da base de telefonia no Brasil teve como um dos principais aspectos a possibilidade de analisar seu mercado consumidor partindo dos Bancos de Dados das empresas de crédito. Seu aumento exponencial pode ser refletido pela identificação e busca de novas e inovadoras soluções para classes que foram identificadas como com maior risco de crédito, nesse caso as empresas celulares puderam optar pelo meio de pagamento antecipado, chamado de pré-pago. Verifica-se que a mensuração do risco, melhora o conhecimento e por isso possibilita criar produtos específicos voltados a esses clientes. Verificou-se por parte da empresa focal um alto interesse durante a elaboração da estratégia de buscar inovações, fornecendo produtos cada vez mais voltados para os clientes e buscando novas informações, através de novos fornecedores. 145 Q6 - Como a elaboração dos produtos de informação e sua modularização, influem na Cadeia de Suprimentos de serviços de informação de crédito? A Serasa foi fundada de modo cooperativado para ser desde sua fundação a centralizadora de informações de crédito dos bancos. Anteriormente esse processo de Análise de Cadastro era realizado internamente pelas instituições financeiras. Isso revelou-se ser muito interessante, visto que foram diminuídos custos e através da centralização, foi possível aumentar a capacidade de processamento de informação, melhorando assim a expertise do negócio. Devido ao valor estratégico desse tipo informação, esse serviço foi criado e mantido inicialmente fechado para os bancos privados e seus processos de concessão. Posteriormente foram abertos os bancos de dados para o mercado. Com a evolução do negócio, a empresa focou na criação de novos produtos e formas de ampliar seus resultados, criando métodos e processos internos para que isso ocorresse. Dessa maneira concluí-se que a empresa possui uma metodologia de desenvolvimento que possibilita a elaboração de produtos e serviços e seus processos de apoio. A metodologia conforme pesquisado, analisa as dimensões de produto, serviço, o processo produtivo e os processos adjacentes. Tal metodologia possui as etapas semelhantes às fases determinadas por Slack e Lewis (2001) e Fine (1999), sendo que esta leva em conta o desenvolvimento de fornecedores e da cadeia como um todo. A criação dos produtos baseados em informação de crédito proveniente de inúmeros fornecedores possibilita a maior modularização de produtos e permite uma flexibilização de acordo com a necessidade dos clientes. A centralização viabiliza várias maneiras de tratar uma mesma informação, criando módulos e modalidades diferentes por clientes, segmento e tipo de cliente e mesmo, meio de acesso. 146 Essa modularização favorece principalmente aos clientes, pois permite a cada grupo possuir produtos voltados ao nível de informação desejado e também a melhor utilização da informação armazenada. A informação de crédito possibilita a modularização e a evolução dos níveis de informação e por isso também diferenciação de custos ao cliente. Verificou-se que através da conciliação dos recursos operacionais e dos requerimentos de mercado foi possível no último período o desenvolvimento de produtos e processos cada vez mais alinhados com as necessidades dos novos clientes quanto à flexibilidade e inovação tecnológica. A maior evolução se deu nos processos dos produtos, principalmente em sua elaboração e distribuição, além dos novos meios de acesso dos clientes, como a internet, por exemplo. 7.1 Implicações Gerenciais O estudo verificou o modelo desse negócio e de sua rede de fornecedores de informações, que pode ser encontrado atualmente no mundo virtual como os grandes portais de busca como Google ou de comparativos de preço como Buscapé. A centralização da informação envolve a infra-estrutura e a legitimidade do negócio, através da busca por inovação e qualidade, o que atrai fornecedores e clientes e por isso gera um feedback positivo. O feedback positivo gerado pela economia de rede força com que relacionamentos sejam mais tênues e mesmo assim em grande quantidade. Além disso, a construção da rede envolve a ampliação e manutenção de relacionamentos, pois conforme a lei geral das redes e do feedback positivo, só os fortes e bem relacionados sobrevivem. 147 Fica claro que a empresa influencia seus fornecedores e trabalha com um estreito relacionamento, só que essas relações não estão dentro do escopo de projeto de produtos e sim em um nível estratégico, visto que as informações são a matéria prima essencial do negócio. Então se analisam também os aspectos de cadeia de suprimentos, ou seja, essa dimensão é levada em consideração, apesar de fora do desenvolvimento de produtos. Pode se dizer que esses avanços foram causados, nas últimas décadas de existência da empresa por um foco voltado para Estratégia de Operações, determinado pelo desenvolvimento de novos produtos e processos para atender as novas demandas de um novo mercado e a busca da empresa por resultados, em razão da abertura da Serasa em sua última fase. Além disso, conclui-se que a evolução do modelo cooperativado da Serasa, através da centralização de coleta de informações de diversos fornecedores confiáveis, análise e distribuição das mesmas trouxe grandes vantagens não só para os bancos, mas para o mercado de credito como um todo. As mudanças e avanços das Estratégias de Operações abriram várias alternativas, como a aumento de capacidade, informatização e processamento de dados, abertura para outros mercados, desenvolvimento de novos produtos e processos cada vez mais flexíveis que transformaram a empresa na maior base de dados da América Latina e uma das maiores do mundo. 7.2 Limitações da pesquisa Uma das limitações de pesquisa foi a não abrangência da rede de fornecedores e clientes pesquisados, pois conforme verificado durante o trabalho a impossibilidade de atingir todos os atores dessa rede, e por isso esse estudo é 148 restrito a um grupo de clientes e fornecedores em sua abrangência da rede de suprimentos das informações de crédito. Outra limitação surge por se tratar de um estudo de caso que revela a visão que apenas aquela empresa possui em relação a seus clientes e fornecedores e vice e versa. Com a possibilidade de inclusão de outros fornecedores e mesmo de vários grupos de clientes poderia ser possível coletar diferentes visões, que forneceriam uma melhor visualização dessa e de outras redes de informação de crédito. Uma terceira limitação pesa-se no fato de que muitas informações são de cunho sigiloso, por revelarem estratégias e abordagens frente a clientes e fornecedores, bem como estes atores competem pelo mercado. Conforme verificado existem vários conflitos de interesses dentro dos relacionamentos e por isso muitas estratégias e passos futuros do segmento podem estar sendo planejados pelos atores dessa rede e não foram revelados. 7.3 Sugestões de Pesquisas Futuras As redes de informação e seu fluxo são cada vez mais intensos, dentro dos negócios na “nova economia”, e por isso o tema do relacionamento com fornecedores de informação não se esgotam, sendo este inovador e instigante. Os resultados desta pesquisa são idênticos em outros pontos da rede de informações de crédito ou em outras redes de financeiras? Que outros tipos de relacionamentos contribuem ou podem contribuir, e como, para o sucesso de redes de suprimento da informação? Além de confrontar os resultados obtidos frente a outras cadeias de outras empresas similares, poderia supor pesquisas em empresa que possuem grande 149 fluxo de dados e informações como grandes portais de pesquisa na internet e também instituições financeiras que baseiam seu negócio no fluxo de dados, como as empresas de cartões de crédito. Essa pesquisa pode avaliar a existência de similaridades e gargalos nos fluxos e possibilitar uma melhor compreensão de como essas empresas mantêm seus relacionamentos com fornecedores e clientes. Tudo isso possui o intuito de impulsionar o ciclo do crédito no Brasil e melhorar os aspectos de acesso às populações de menos favorecidas aos serviços financeiros. Como aspectos do relacionamento influem no fluxo de informação de crédito e em outras informações? Sabe-se que envio de informações de consumidores e de consumo são previstas a acontecer dentro em breve pelas empresas, entretanto esbarram o receio de envio de informações para a concorrência e também em aspectos legais, como sigilo, privacidade, entre outros. Entretanto, os relacionamentos entre empresas com consumidores e estes com grandes redes, como a internet, favorecem esse tipo de fluxo de dados e sua analise futura. Cada empresa detém uma pequena base de dados de hábitos de consumo e de pagamento de seus clientes, e que paulatinamente vem sido integrada a rede de computadores, um exemplo disso são as empresas de cartão de crédito. É de se pensar que tais bases poderão ser exigidas ou enviadas no futuro para órgãos do governo ou mesmo para empresas de crédito e que possam ser feitas analises sobre hábitos de pagamento e de consumo, melhorando assim os fluxos econômicos do país. Como se diferenciam os relacionamentos nas redes de informações de crédito em paises com melhores índices de concessão de crédito? Sabemos que em outros países existe um maior fluxo de informação e também de concessão de crédito. Todavia seria feito um levantamento de como o fluxo de informações e os relacionamentos entre os diversos atores ocorrem e comparálos à realidade brasileira de maneira a buscar identificar pontos fortes e oportunidades. Além disso, seria identificado como tais redes estão dispostas e 150 seus principais atores. Tal pesquisa poderia auxiliar no aumento dos índices de concessão de crédito e na minimização dos riscos causados pela assimetria de informação, bem como na diminuição das índices de inadimplência e taxas de juros. 151 CAPÍTULO 8 Bibliografia ALACRED, Associación Latino americana de Burós de Crédito http://www.alacred.com.br/ - 23 de junho de 2005. AKELOFF, George A. The Market for Lemons: quantitative uncertainty and market mechanism. 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PARTE 3 – Informações sobre a Cadeia de Suprimentos e os relacionamentos e sua Manutenção de Relacionamentos 1- Até que ponto da cadeia de suprimentos e fornecedores é conhecido totalmente pela sua empresa? 2- Quantos níveis ou etapas existem em sua cadeia de suprimentos? 3- Possui uma integração com os fornecedores? 4- Os fornecedores melhoram o processo ou cadeia produtiva se integrando? 5- A empresa incentiva às melhorias nos fornecedores? Manutenção e Contribuição 1- Foram criados indicadores de desempenho? Quais? 2- Todos os resultados são conhecidos por ambas às partes? 3- Considera esses resultados sinônimos de sucesso? 160 4567- Como é que este relacionamento beneficiou a rede? Como é mensurado o sucesso? Como é mensurado o benefício da Rede Como é mensurado e se toda a rede esta sendo beneficiada? Expansão e Administração 1- Os distribuidores assumem relação com os clientes? 2- A empresa influi no processo e nos meios de entrega dos distribuidores? Fornecedores de Informação 1- Quais são as principais informações de crédito? Como se classificam? 2- Quais são os fornecedores principais? Como se classificam? 3- Quem são e quantos fazem parte da rede de Informações de Crédito? 4- Quem são e quantos não fazem parte da rede de Informações de Crédito? 5- Os fornecedores de informação seguem os mesmo critérios que os fornecedores normais de insumos? 6- Qual é base de captação? 7- A base de captação é suficiente para os clientes? 8- Qual a medida de captação? Quais os indicadores? 9- Como a Qualidade do processo e a exatidão da informação enviada pelo fornecedor influencia o relacionamento? Em casos de baixa qualidade, qual a medida tomada? Exploração, Seleção e Negociação. 1- Quais os mecanismos de contato e relacionamento entre a organização e seus fornecedores? 2- Que critérios foram decisivos para a seleção final? Houve simetria? 3- Que foi feito para estabelecer a comunicação e a confiança entre as organizações? (visitas entre organizações, auditorias externas,...). 4- A informação dada e requerida foi muito profunda e detalhada? Exemplos. (Sobre níveis de detalhamento, transparência,...). 5- Que expectativas foram criadas nessa fase acerca da outra organização? (qualidade, facilidade, resposta livre). 6- Os parceiros selecionados são os atuais? Se não, o que aconteceu? 7- Quem participou do desenvolvimento dos acordos? (equipes multidisciplinares formadas por próprios colaboradores, contratação de equipe externa especializada em parcerias, consultorias...). 8- Quantas pessoas envolvidas? (De cada organização) 9- A dedicação dessas pessoas foi integral ou acumulavam funções? 10- Qual foi o tipo de sistema de tomada de decisões adotado? (unanimidade, última palavra dada a um líder eleito ou um juiz externo,...). 11- O ambiente era estritamente formal ou havia incentivo à informalidade? 12- Se sim, que tipo de situações foram criadas para estimular a interação informal? (Almoços, imersão em hotéis por mais do que um dia, treinos conjuntos,...). 13- Que tipos de competências as organizações trouxeram para a parceria? 14- Ocorreram conflitos de interesses? Como foram resolvidos? 15- Ocorreram animosidades entre os grupos? Como foram resolvidos? 16- Existe algum mecanismo para gerar e controlar os compromissos entre as partes? 17- Foi redigido contrato formal? De que tipo? 161 18- Que clausulas foram incorporadas para sua defesa? 19- Houve troca efetiva de conhecimento resultando em aprendizado para as organizações? (Dê exemplos como adoção de práticas) 20- Foram alinhadas as competências das organizações envolvidas? (Dê exemplos) 21- Houve sinergia na expansão de conhecimento resultando em processos inovadores para o setor? (Dê exemplos) 22- Ocorreram mudanças estruturais? Quais? (Implantação de sistemas de TI, novos departamentos, novos escritórios, contratações, demissões,...). 23- (Em resumo) Que ordem de investimentos foram feitos? (Tangíveis intangíveis). 24- Houve alteração de objetivos em relação aos inicialmente estabelecidos? 25- Algum dos elos se tornou refém? (único comprador / fornecedor, dependente tecnologia,...). 26- Foi montado algum sistema de detecção de problemas? 27- As organizações dispõem de autonomia para resolver isoladamente problemas, ou existe um sistema de resolução de problemas? (equipe que reúne sempre que solicitado,...). 28- Existem canais de sugestões e melhorias? 29- Responder o questionário de acordo a pontuação correspondente: 1. Concordo totalmente 2. Concordo em parte 3. Não discordo e não concordo 4. Discordo em parte. 5. Discordo totalmente 1) 2) 3) 4) 5) 6) 7) 8) 9) 10) 11) 12) 13) 14) 15) 16) 17) 18) 19) 20) 21) Questões 1 2 3 4 5 As áreas internas da empresa estão conectadas entre si formando uma rede interna possibilitando a troca de dados relacionados com o negócio da empresa em tempo real As áreas internas da empresa estão conectadas por uma rede interna baseado em tecnologia de informação tradicional As áreas internas da empresa estão conectadas por uma rede interna baseado em tecnologia de informação (intranet – web service) Existem áreas internas da empresa que estão se utilizando de maneira mais eficaz da rede interna de informações Existem áreas internas da empresa que não estão se utilizando da rede interna de informações devido a inadequação do sistema aos seus processos atuais de trabalho A rede de informações internas é global sem restrições de acesso aos funcionários A empresa está conectada com principais fornecedores e intermediários compartilhando e integrando os dados de interesse desses elos A empresa tem total controle das informações e de seu fluxo em ambos os sentidos Existe uma estratégia global de integração através do desenvolvimento de rede interna A estratégia de Tecnologia de Informação está atrelada à visão e missão da empresa Existem indícios de economias de custo decorrente da rede interna Existem provas claras de economias de custo decorrente da rede interna Existem evidencias da melhoria de percepção dos clientes quanto aos produtos devido à utilização da rede interna Existem provas claras da melhoria e minimização dos tempos de processos internos devido à utilização da rede interna Tem havido progressos consideráveis na rede de informação envolvendo fornecedores e intermediários Houve expansão da rede de informação em direção aos fornecedores Houve expansão da rede de informação em direção aos clientes finais Houve expansão da rede de informação em ambas as direções A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativa de melhoria técnica A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativas econômicas A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativa em termos de recursos 162 humanos A rede de integração foi (está sendo) articulada da empresa para os fornecedores A rede de integração foi (está sendo) articulada dos fornecedores para a empresa Os riscos desta integração são altos Os riscos desta integração são médios Os riscos desta integração são baixos Os riscos serão minimizados por contratos fortes Os riscos serão minimizados por transparência e parcerias Os riscos serão minimizados por coalizões Os maiores riscos recairão para a empresa Os maiores riscos recairão sobre os fornecedores A integração a frente da cadeia produtiva é uma realidade A integração a frente da cadeia tem severa resistência A integração a frente da cadeia já é sucesso Os benefícios da integração da cadeia à frente, traduzem-se em uma melhora de percepção 35) dos clientes. Os benefícios da integração da cadeia à frente, traduzem-se em uma melhora de na gestão da 36) rede distribuidora. 22) 23) 24) 25) 26) 27) 28) 29) 30) 31) 32) 33) 34) Produtos e Processos 1- Quanto tempo uma inovação ou novo produto leva do esboço ao uso regular pelo cliente? 2- Quais os novos produtos que precisam de novas informações? Quais os tipos de informações e quais os novos fornecedores? 3- O desenvolvimento de produtos envolve o desenvolvimento de processos? 4- O desenvolvimento de produtos envolve o desenvolvimento de processos em fornecedores? 5- O desenvolvimento de produtos envolve o desenvolvimento da cadeia produtiva? 6- Os fornecedores são envolvidos no desenvolvimento de produtos e processos? 7- O distribuidor é envolvido no desenvolvimento de produtos e processos? 8- Os clientes são envolvidos no desenvolvimento de produtos e processos? 9- Responder o questionário de acordo a pontuação correspondente: 1. Concordo totalmente 2. Concordo em parte 3. Não discordo e não concordo 4. Discordo em parte. 5. Discordo totalmente Questões 1 2 3 4 5 1 O produto da empresa é considerado modular 2 O produto é concebido desde o seu princípio dentro dos conceitos de modularização 3 Os módulos têm facilitado sobremaneira o desenvolvimento de cada sistema 4 Os módulos têm facilitado tanto o desenvolvimento como a seleção dos fornecedores 5 A modularização está em seu limite máximo na empresa 6 O produto da empresa possui um nível médio de modularização 7 O produto da empresa poderia estar mais modularizado 8 A modularização é uma preocupação local e não global 9 O meu nível de modularização local é maior que o dos concorrentes 10O meu nível de modularização local é o maior dentro da corporação 11O nível de modularização atingida a nível local é função das habilidades e características locais dos recursos existentes 12O nível de modularização atingida a nível local é função das habilidades e características locais de gestão 13A arquitetura dos processos internos da empresa é desenvolvida em função da modularidade 163 do produto 14A arquitetura dos processos internos da empresa possui alto nível de compatibilidade com a modularização do produto 15A arquitetura dos processos internos da empresa possui baixo nível de compatibilidade com a modularização do produto 16A arquitetura dos processos internos da empresa possui nível médio de compatibilidade com a modularização do produto 17Os investimentos em tecnologia visam à compatibilidade com os processos de modularização do produto 18Os investimentos em tecnologia reduziram devido à modularização do produto 19A compatibilidade e conectividade entre a modularização do produto e dos processos internos possuem alto nível de integração 20A compatibilidade e conectividade entre a modularização do produto e dos processos internos possuem baixo nível de integração 21A compatibilidade e conectividade entre a modularização do produto e dos processos internos possuem nível médio de integração 22A modularização tem proporcionado uma melhor definição e seleção de fornecedores 23A modularização tem proporcionado uma redução acentuada no número de fornecedores 24A modularização tem proporcionado trocas de informações mais precisas entre empresa e fornecedores 25A modularização tem proporcionado um nível de integração entre empresa e fornecedores mais intensa 26Existem problemas de segurança na conectividade entre empresa e fornecedores 27Existem problemas de qualidade na conectividade entre empresa e fornecedores 28Existem problemas de confiabilidade na conectividade entre empresa e fornecedores 29Existem problemas de velocidade na conectividade entre empresa e fornecedores 30Existem problemas de recursos tecnológicos na conectividade entre empresa e fornecedores 31Existem problemas de custos das tecnologias envolvidas na conectividade entre empresa e fornecedores 32Ordene em ordem de importância os problemas na conectividade entre empresa e fornecedores Segurança _____ Qualidade _____ Confiabilidade _____ Velocidade _____ Disponibilidade de recursos tecnológicos ______ Custo _______ Reconhecimento / Estratégia do caso 1- O projeto da cadeia de suprimentos e fornecedores influi na estratégia? 2- Qual é a importância da cadeia de suprimentos em sua estratégia? 3- Existe alguma estratégia subjacente á formação deste relacionamento com fornecedores? Qual? (o que levou á decisão interna de estabelecer um relacionamento como este?). 4- Que níveis hierárquicos da empresa se envolveram nessa decisão? (Há envolvimento e incentivo da liderança de topo?). 5- Que critérios foram considerados para a identificação de potenciais parceiros? (Reputação, credibilidade, atração, concorrentes...). 6- Como você classificaria a visão que a gerência sênior tem do futuro em relação à visão dos concorrentes? Convencional reativa Distintiva e com os olhos no futuro 7- Que problema esta absorvendo mais atenção da gerência sênior? Reengenharia dos processos centrais Regeneração das estratégias centrais 164 8- Dentro do setor, os concorrentes vêem sua empresa como uma empresa que define mais do que segue as regras? Principalmente segue as regras Principalmente define as regras 9- Que tarefa executamos melhor: melhoria da eficiência operacional ou criação de negócios fundamentalmente novos? Principalmente eficiência operacional Principalmente Desenvolvimento de novos negócios 10- Que percentual dos esforços de desenvolvimento de vantagens concentre-se em alcançar nossos concorrentes versus criar vantagens competitivas? Principalmente alcançar os concorrentes Principalmente criar vantagens novas no setor 10- Até que ponto a agenda de transformação é definida com base nas ações dos concorrentes versus a visão particular da empresa do futuro? Principalmente direcionada pelos concorrentes Principalmente direcionada pela visão da empresa 11- Até que ponto a gerência sênior, é um engenheiro de manutenção trabalhando no presente, ou é um arquiteto projetando o futuro? Principalmente engenheiro Principalmente arquiteto Questionário Cliente Questionário de Cliente usuário de Informações Parte 1 – Informações sobre a Empresa 1234- Nome: Cargo que Ocupa: Departamento / Área Tempo na Empresa Parte 2 – Sobre o Relacionamento com Empresas de Bancos de Dados de Crédito Responder o questionário de acordo a pontuação correspondente: 165 5. Concordo totalmente 4. Concordo em parte 3. Não discordo e não concordo 2. Discordo em parte. 1. Discordo totalmente O sucesso é mensurado com indicadores Os indicadores de desempenho criados se referem aos dados de mercado como market share Os indicadores de desempenho criados se referem aos dados de resultados financeiros como faturamento O aumento das receitas é sinônimo de sucesso. A diminuição das despesas com inadimplência é sinônimo de sucesso. A relação entre o aumento das receitas e a diminuição das despesas com inadimplência são sinônimos de sucesso. O controle dos riscos de crédito e fraude influencia positivamente as despesas com inadimplência e fraude Inadimplência Baseado em informações de crédito é possível impedir a entrada de possíveis inadimplentes Baseado em informações de crédito é possível identificar os inadimplentes A empresa agrega conhecimento sobre a inadimplência A empresa é capaz de identificar possíveis inadimplentes A empresa é capaz de identificar possíveis processos inadimplentes A empresa é capaz de controlar a inadimplência Fraude Baseado em informações de crédito é possível impedir a entrada de possíveis fraudadores Baseado em informações de crédito é possível identificar os fraudadores Baseado em informações de crédito é possível identificar novas fraudes A empresa agrega conhecimento sobre a fraude A empresa é capaz de identificar possíveis fraudadores A empresa é capaz de identificar possíveis processos de fraude A empresa é capaz de controlar a fraude Cobrança Baseado em informações de crédito é possível localizar inadimplentes da empresa Baseado em informações de crédito é possível cobrar inadimplentes da empresa O envio de informações dos inadimplentes é importante para cobrarem inadimplentes Receitas Através do controle das fraudes é possível diminuir as perdas de evasão Através do controle da inadimplência é possível diminuir as perdas de evasão O controle das fraudes e da inadimplência possibilita a diminuição de despesas O controle das fraudes e da inadimplência possibilita o aumento das receitas O controle das fraudes e da inadimplência possibilita o aumento dos lucros Informações de Crédito As informações de crédito são importantes no momento da compra Todos os clientes são solicitados a informar seus dados básicos É feito um cadastro dos clientes São acessadas informações externas sobre o cliente 1 2 3 4 5 166 São acessados Bancos de Dados de informações de Crédito São montados sistemas de decisão de aceitação São montados processos específicos para apoio à decisão de aceitação É importante confirmar os dados e a identidade do cliente É importante identificar positivamente o cliente Sem a identificação positiva não é possível à venda dos produtos ao cliente Parte 3 – Informações sobre Sistemas de Crédito 1. 2. 3. 4. 5. A Organização utiliza informações de crédito em seus negócios? Utiliza mais de uma fonte de informações de crédito? Qual o valor da informação de crédito para o seu negócio? Qual a importância do conhecimento de informações sobre o comprador? Qual a importância do conhecimento da origem das informações sobre o comprador? 6. A Organização deixa de fazer negócios de acordo com a informação de crédito? 7. A Organização faz negócios mesmo sem informações de crédito sobre o proponente? 8. Existe um processo estruturado de concessão de bens e/ou serviços em sua empresa? 9. A Organização investe no aperfeiçoamento do sistêmico de decisão de crédito? 10. Qual o valor ou faixa de valor que a Organização investe em sistemas de decisão em reais R$: ( ) 0 - 10.000 ( ) 10.000 - 50.000 ( ) 50.000 - 100.000 ( ) 100.000 - 500.000 ( ) 500.000 - 1.000.000 ( ) acima de 1.000.000 11. Acima de qual valor de vendas ou empréstimo a Organização recorre a sistemas de informações? 12. Que tipo de meio de pagamento A Organização recorre a Sistemas de informações? 13. Existe algum processo de exclusão para pessoas com informações negativas? 14. Existe algum processo de classificação para pessoas com informações negativas e/ou positivas? 15. A Área de Vendas influi nas decisões sobre o perfil de vendas e de Crédito? 16. Quão importantes são paras as estratégias de vendas e fabricação, estão alinhadas as políticas de crédito e de informações? 17. Qual é seu maior fornecedor de informações para crédito? ( ) Associação Comercial ( ) BC ( ) Equifax ( ) Serasa ( ) SPC 167 ( ) Outro Questionário Fornecedor Questionário de Fornecedor de Informações de Crédito Parte 1 – Informações sobre o Entrevistado e a Organização: 12345678- Nome de Entrevistado: Cargo que Ocupa: Departamento / Área Tempo na Organização Nome da Empresa Fundação e Desenvolvimento Tipo de Informações de Crédito Organização: Clientes Finais da Organização Parte 2 – Sobre o Relacionamento com Empresas de Bancos de Dados de Crédito Responder o questionário de acordo a pontuação correspondente: 1. Concordo totalmente 2. Concordo em parte 3. Não discordo e não concordo 4. Discordo em parte. 5. Discordo totalmente Indicadores de Sucesso 1 2 3 4 5 Afirmação O sucesso é mensurado com indicadores Existem indicadores de desempenho criados se referem sucesso da organização O aumento das receitas é sinônimo de sucesso. Os indicadores de desempenho criados se referem aos dados de resultados financeiros, como faturamento. O sucesso dos clientes finais é mensurado pela organização A organização esta empenhada no sucesso de seus clientes finais O sucesso da Rede é mensurado com indicadores É possível medir o sucesso da rede de divulgação de informações A rede de Bancos de dados influencia o sucesso do cliente final Divulgação das Informações Recebidas A organização envia dados para bancos de dados de informações de crédito O relacionamento com bancos de dados de informações de crédito é importante para estratégia da organização É importante para a organização fazer parte das redes de bancos de dados de informações de crédito É importante para a organização possuir grande capilaridade para divulgação de suas informações de crédito Sem grande divulgação dos dados o sucesso do cliente final fica comprometido 168 A organização avalia a capilaridade dos bancos de dados de informações de crédito antes de enviar as informações de seus clientes É importante para a organização divulgar as informações recebidas de seus clientes A organização divulga as informações recebidas de seus clientes nos meios oficiais As empresas de Informações de Crédito influenciam as maneiras de envio das informações de crédito As empresas de Informações de Crédito influenciam a Estratégia de sua organização As empresas de Informações de Crédito apóiam os processos internos de sua organização As informações são processadas ou organizadas depois de recebidas de seus clientes finais A organização busca conhecimento a partir das informações recebidas de seus clientes A organização realiza estudos a fim de entender as informações enviadas pelos clientes finais É importante identificar positivamente o cliente final e a solução de seu problema Integração entre as Redes As áreas internas da empresa estão conectadas entre si formando uma rede entre organizações possibilitando a troca de dados relacionados com o negócio da empresa em tempo real As áreas internas da empresa estão conectadas por uma rede entre organizações baseado em tecnologia de informação tradicional As áreas internas da empresa estão conectadas por uma rede entre organizações baseado em tecnologia de informação (intranet – web service) Existem áreas internas da empresa que estão se utilizando de maneira mais eficaz da rede entre organizações de informações Existem áreas internas da empresa que não estão se utilizando da rede entre organizações de informações devido a inadequação do sistema aos seus processos atuais de trabalho A rede de informações internas é global sem restrições de acesso aos funcionários A empresa está conectada com principais fornecedores e intermediários compartilhando e integrando os dados de interesse desses elos A empresa tem total controle das informações e de seu fluxo em ambos os sentidos Existem indícios de economias de custo decorrente da rede entre organizações Existem provas claras de economias de custo decorrente da rede entre organizações Existem evidencias da melhoria de percepção dos clientes quanto aos produtos devido à utilização da rede entre organizações Existem provas claras da melhoria e minimização dos tempos de processos internos devido à utilização da rede entre organizações Tem havido progressos consideráveis na rede de informação envolvendo fornecedores e intermediários Houve expansão da rede de informação em direção aos fornecedores Houve expansão da rede de informação em direção aos clientes finais Houve expansão da rede de informação em ambas as direções A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativa de melhoria técnica A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativas econômicas A viabilização da expansão teve (está tendo) forte justificativa em termos de recursos humanos A rede de integração foi (está sendo) articulada da empresa para os fornecedores A rede de integração foi (está sendo) articulada dos fornecedores para a empresa Os riscos desta integração são altos Os riscos desta integração são médios Os riscos desta integração são baixos 169 Os riscos serão minimizados por contratos fortes Os riscos serão minimizados por transparência e parcerias Os riscos serão minimizados por coalizões Os maiores riscos recairão para a sua organização Os maiores riscos recairão sobre os clientes que forneceram os dados A integração a frente da cadeia produtiva é uma realidade A integração a frente da cadeia tem severa resistência A integração a frente da cadeia já é sucesso Os benefícios da integração da cadeia à frente, traduzem-se em uma melhora de percepção dos clientes. Os benefícios da integração da cadeia à frente, traduzem-se em uma melhora de na gestão da rede distribuidora. Relacionamento e Credibilidade A credibilidade é importante para o relacionamento com empresas de bancos de dados de crédito Existem mecanismos de contato e relacionamento entre a organização e seus fornecedores São feitas visitas entre organizações, auditorias externas para estabelecer a comunicação e a confiança entre as organizações A qualidade da informação dada e requerida sempre foi muito profunda e detalhada com bons níveis de detalhamento e transparência As expectativas criadas nessa fase acerca da outra organização quanto a qualidade, facilidade foram supridas Quem participou do desenvolvimento dos acordos? (equipes multidisciplinares formadas por próprios colaboradores, contratação de equipe externa especializada em parcerias, consultorias...). A dedicação dessas pessoas foi integral As pessoas que se dedicaram ao projeto acumulavam funções O ambiente era estritamente formal Foram criadas para estimular a interação informal como almoços, imersão em hotéis por mais do que um dia, treinos conjuntos Ocorreram conflitos de interesses Ocorreram animosidades entre os grupos Existe algum mecanismo para gerar e controlar os compromissos entre as partes Foi redigido contrato formal Que clausulas foram incorporadas para sua defesa? Estratégia e Liderança Existe uma estratégia global de integração através do desenvolvimento de rede entre organizações A estratégia de Tecnologia de Informação está atrelada à visão e missão da empresa Existe uma estratégia clara na organização voltada a divulgação de informações de crédito Existe um busca pela Excelência em processos e informações A estratégia da organização esta voltada a ela se tornar líder em seu segmento Parte 3 – Informações sobre Relacionamentos 170 1- Quais empresas de Bancos e Dados de Crédito possuem relacionamento com sua empresa. Classifique esses relacionamentos com ordem numérica de 1 à 6: ( ( ( ( ( ( ( ) Associação Comercial de São Paulo ) Banco Central ) Câmara de Dirigentes Lojistas ) Equifax ) Receita Federal ) Serasa ) Outro : ______________________________ 2- Ocorreram conflitos de interesse? Como foram resolvidos? 3- Foi redigido contrato formal? De que tipo? 4- Que cláusulas foram incorporadas para sua defesa? 171 9.2 Anexo B – Análise da Bibliografia Nesse anexo são dispostos gráficos que apresentam a atualidade das fontes de pesquisa consultadas e os principais tipos de referências bibliográficas utilizadas durante o trabalho. Internet 5% Dissertação 21% Livros 5% Artigos 69% Ilustração 10 – Tipo de Bibliografia Elaborado pelo Autor 25 15 12 11 10 5 23 21 20 2 10 5 2 0 Antes de de 90 1990 a Livros Artigos de de 1996 a 2001 a 1995 2000 2005 Ilustração 11 – Anos de Publicação. Elaborado pelo Autor 172 9.3 Anexo C – Mapa de uma Rede de Informações de Crédito 173 Ilustração 12 – Rede de Suprimentos da Informação de Crédito Fonte: Adaptador pelo Autor