Programa Plantas
do Nordeste
Número 15
October 2001
ISSN 1369-4227
M A N E J O S U S T E N TA D O D A
V E G E TA Ç Ã O L E N H O S A D A C A AT I N G A
Um Sistema de Informacão sobre
Plantas para a regiao Nordeste do Brasil
O desmatamento da vegetação da caatinga na região semi-árida
do Nordeste do Brasil apresenta um grande problema para a
comunidade rural. A intensa exploração desta vegetação,
principalmente a remoção de árvores, resulta na erosão do solo
tornando-o incapaz de fixar a vegetação. Isso provoca uma
redução ainda maior no nível de vida da comunidade local. Em
abril de 2001, a APNE e o RBG, Kew iniciaram um projeto de 4
anos junto aos pequenos produtores rurais e escolas locais,
financiado pelo Clothworkers’ Foundation, sobre o manejo
sustentado da vegetação lenhosa da caatinga, com ênfase na
produção de lenha para uso doméstico. Após um levantamento
botânico das áreas potenciais realizado pela Dra. Ana Maria
Giulietti, Dr. Ray Harley e Jair Virginio duas áreas da caatinga,
localizadas em estações experimentais do IPA, foram
selecionadas: uma em Serra Talhada e a outra em Sertania,
Pernambuco, das quais 4 espécies serão selecionadas para estudo
detalhado. Um dos objetivos do projeto é determinar quais das
técnicas de corte (corte a nível do solo, poda dos ramos, desbaste
da copa) são mais produtivas e adequadas para manter a
vegetação nativa em bom estado de conservação nas
comunidades rurais locais e, ao mesmo tempo, atender suas
necessidades no uso doméstico da lenha. Este projeto apresenta
características semelhantes ao projeto desenvolvido no
Zimbabwe, entre o KBG, Kew e organizações e comunidades
locais. Desta forma, espera-se obter o mesmo sucesso no
Nordeste do Brasil.
Durante uma avaliação do projeto IDT em setembro de 2000 pelo
DfID, uma das recomendações colocadas para a equipe do IDT
foi a realização de um processo de visualização e de
planejamento estratégico do projeto. Para esta finalidade, a
equipe do projeto realizou uma série de oficinas de trabalho,
seminários e reuniões internas entre dezembro de 2000 a maio de
2001, intermediados por um consultor local e que teve a
participação de representantes de todas as instituições envolvidas
no projeto. Os objetivos foram i) desenvolver uma estratégia para
os três últimos anos do projeto, ii) gerar, junto às instituições
parceiras, um maior entrosamento e envolvimento com as metas
do projeto e, iii) definir métodos e a criação de infra-estrutura
necessária que permitirão a sustentabilidade, em longo prazo, de
um centro de informação sobre plantas para o Nordeste do Brasil.
Dois documentos foram elaborados e formam uma síntese das
várias etapas ocorridas durante o processo de visualização e
planejamento estratégico.
Contatos: Frans Pareyn, APNE
[email protected], [email protected]
Dr Peter Gasson, RBG, Kew
[email protected]
Madeira para lenha de Auxemma oncocalyx na caatinga do Nordeste do Brasil
Foto: Peter Gasson
O primeiro documento, "Uma iniciativa inovadora de gestão e
divulgação de conhecimento sobre plantas", descreve o contexto
e a visão do projeto. O objetivo principal é criar um "Sistema"
para a divulgação, intercâmbio e a transmissão de informação
sobre o uso e o manejo de plantas na região Nordeste que irá unir
e, ao mesmo tempo, facilitar a integração de diversos grupos de
agentes e instituições da área. A população de baixa renda e de
pequenos agricultores da região foi identificada como a principal
beneficiária deste Sistema. O escopo do projeto foi definido para
incluir todo o conhecimento sobre plantas nativas ou plantas de
importância para a comunidade rural, e que não sejam culturas
agrícolas principais. O Centro, em implantação na UFPE, tem
como função principal promover e facilitar o desenvolvimento
deste Sistema e, ao mesmo tempo, organizar e disseminar
informações confiáveis e consistentes, numa linguagem acessível
que atenda à grande demanda por tais informações. Os principais
intermediários trabalhando com o Centro, e lidando diretamente
com as comunidades rurais, são os Agentes de ONG's, Órgãos
Públicos de Extensão Rural, Sindicatos dos Trabalhadores Rurais e
diversos Grupos Comunitários.
O segundo documento, "A caminho para o futuro do projeto IDT",
resume o novo planejamento estratégico do projeto. Este define a
matriz lógica do projeto, os serviços prioritários e a instituição
base do Centro. Além disso, define os componentes estratégicos
necessários para que o Centro e o Sistema operem de forma
sustentável, atuando na promoção do acesso e no uso de
informação sobre plantas, para o benefício da população rural de
baixa renda do Nordeste do Brasil. Estes incluem a) a capacitação
de pessoal na gestão de informações sobre a biodiversidade
vegetal e b) o desenvolvimento de novos métodos e serviços para
(i) a organização e a gestão da demanda por informações sobre o
uso e o manejo de plantas, como também da própria informação,
(ii) a disseminação efetiva desta informação e, (iii) o
monitoramento do impacto dos serviços de informações prestados.
Mais informações contactar: [email protected]
1
SiDT
Subprograma de Informação, Disseminação e Treinamento
Mensagem
DA PRESIDENTE
O último ano foi marcado por um intenso
conjunto de atividades, o que obrigou os que
fazem o dia-a-dia da APNE a dedicarem uma
força extra de trabalho. Neste momento,
gostaria de destacar os desenvolvimentos
mais significantes para o PNE, pois serão estes
que servirão como uma das bases para a
elaboração do Planejamento Estratégico em
processo de elaboração.
O projeto IDT, no seu terceiro ano de
funcionamento, passou por um intenso
processo de avaliação pelo DfID e, ao mesmo
tempo, foi analisado o papel da APNE em
relação a todos os projetos, em especial ao
IDT. No início de 2000, a APNE organizou um
grupo de especialistas que elaborou uma lista
de espécies endêmicas do bioma caatinga
para atender a uma demanda do MMA (veja
artigo página 5) e submeteu algumas
propostas para a FNMA (veja artigo página 3).
Além disso, foi aprovado verbas significantes,
através do RBG, Kew, para atividades de
coordenação e promoção do PNE pelo Rio
Tinto plc e, para o desenvolvimento de um
projeto em manejo sustentado das espécies
madeireiras da Caatinga (veja artigo página 1)
pela Clothworkers' Foundation.
O Diretor do RBG, Kew, Dr. Peter Crane, e o
"chairman" do PNE Group, Dr Simon Mayo,
participaram, juntamente com a APNE, das
atividades do LI Congresso Nacional da
Sociedade Botânica do Brasil e, de várias
reuniões com instituições parceiras do
Programa, incluindo ABC, British Council,
CNPq, DFID, EMBRAPA-CENARGEN, MCT e
MMA. Nesta oportunidade, Dr. Crane
reafirmou a posição da instituição em
desenvolver ações no Nordeste através do
PNE. Após a segunda avaliação do PNE feita
pelo CNPq em julho de 1999, as bolsas já
implantadas foram mantidas até junho de
2000 e as duas bolsas de gestão foram
prorrogadas até agosto de 2001. Esta
interação contínua entre a APNE e o CNPq
resultou ainda em busca de ajustes
necessários ao Programa, de alternativas para
a continuidade dos projetos, na aprovação de
nova carta de concessão de bolsas e na
instituição de uma comissão de avaliação do
Programa pelo CNPq. Foi ainda firmado um
convênio de cooperação com o IPA e ampliada
a área ocupada pela Associação nas
dependências desta instituição.
Em resumo, o Programa PNE, no último ano,
desenvolveu suas atividades com grande
sucesso e a APNE deu um grande passo na
melhoria de gestão do Programa e na
transmissão
de
maior
confiabilidade
institucional aos seus parceiros. Tal sucesso só
foi alcançado pelo esforço e trabalho de todos
envolvidos. Obrigada a todos!
Ana Maria Giulietti, President APNE
2
Foto: Marcelino Lima
Agricultores de Solânea-PB expõe para o Dr. Ambrósio Araújo Filho e para outros agricultores quais
os problemas para produzir forragem em sua propriedade, para posterior análise do grupo
CAPACITAÇÃO DE AGRICULTORES FAMILIARES
e o manejo sustentável de plantas nativas forrageiras
no agreste da Paraíba
A criação animal na região semi-árida é uma atividade importante que garante renda e
alimento para as famílias de trabalhadores rurais. Porém, uma característica marcante da
criação animal, em nível da agricultura familiar, é a diminuição gradativa da produção de
forragens, tornando difícil alimentar os rebanhos existentes. Vários fatores são
responsáveis por essa situação, entre eles, a minifundização dos sistemas, as altas taxas
de lotação animal e a criação de raças inadequadas para a região, além das secas que
assolam a região.
Trabalhar com a pastagem nativa sem agredir a biodiversidade local, e recuperar o solo
fortemente degradado em propriedades de agricultores familiares são dois desafios que o
Projeto IDT vem enfrentando em parceria com a AS-PTA na Paraíba e com os agricultores
familiares e suas organizações de base. Uma das ações pensadas foi a capacitação de um
grupo de agricultores experimentadores (A/E) no manejo correto de pastagem nativa, e a
divulgação desta proposta para outros pequenos agricultores da região. Desta forma,
esperamos que essa ação resulte em um aumento da quantidade e da qualidade da
forragem produzida, dando maior estabilidade aos sistemas de produção.
Dois trabalhos foram realizados. O primeiro na capacitação dos agricultores e na
divulgação de informações, como, por exemplo, (i) a visita de um grupo de A/E à
EMBRAPA-CNPC e do Pesquisador Ambrósio Araújo Filho (EMBRAPA) às comunidades
rurais do Agreste da Paraíba, (ii) a elaboração de um plano de formação de um grupo de
A/E em manejo de pastagem nativa, (iii) oficinas para discussão das propostas com Dr.
Ambrósio Filho junto aos A/E de quatro municípios, professores e estudantes universitários
e, (iv) dias de campo para a avaliação das iniciativas inovadoras. O outro trabalho, em
experimentação participativa, realizou a instalação de 19 áreas de exclusão de pastejo e
06 divisões de pastos durante o período de chuvas em propriedades de A/Es, PATAC e
Centro Agroecológico S. Miguel, além de várias iniciativas de arborização de espaços
forrageiros das propriedades rurais. Para apoiar este trabalho, o projeto realiza coleta,
herborização e identificação botânica de espécies forrageiras importantes para os
agricultores familiares, em convênio com o Departamento de Botânica da UFPB.
Até o momento, 20 pequenos agricultores já estão capacitados para treinar outros
agricultores a manejar plantas nativas forrageiras, valorizando e reconhecendo plantas do
estrato herbáceo. As ONG's PATAC e SASOP criaram um programa específico para tratar
do tema de manejo da vegetação nativa para fins de pastoreio, adaptando e aplicando a
metodologia em suas áreas de atuação e, em setembro de 2001, estaremos promovendo
um grande "workshop" na região do lago de Sobradinho, no Norte da BA, e outro no
agreste da Paraíba, reunindo pesquisadores, fazendeiros e agricultores familiares de outros
estados do Nordeste, com experiências inovadoras.
Contato: Marcelino Lima, CNIP/AS-PTA
[email protected] ou [email protected]
Propostas para o FNMA
O Ministério do Meio-Ambiente (MMA), através do FNMA, é
responsável pela implementação da Política Nacional do Meio
Ambiente no Brasil. Os recursos disponibilizados provêm do
Tesouro Nacional e do BID. Neste contexto são lançados editais
de demanda induzida para instituições governamentais e nãogovernamentais para a execução de projetos específicos.
No último ano, a APNE submeteu a proposta Manejo
Agrossilvopastoril na Serra do Ingá – plano de negócio para o
apoio à produção sustentada, juntamente com a FUNTEPE e a
APPR no distrito de Timorante. A proposta foi aprovada e, entre
outubro de 2000 e abril de 2001, realizaram-se os estudos do
potencial florestal e forrageiro, o levantamento sócio-econômico
e o estudo de mercado do local. O produto final, em fase de
análise e aprovação pelo IBAMA, constitui-se em um plano de
manejo florestal sustentado e um plano de negócios em fase de
negociação para financiamento através do Projeto Renascer. O
plano prevê o uso sustentável dos recursos naturais e a integração
das atividades produtivas dentro de um sistema agrossilvopastoril.
A APNE, em parceria com a IBAMA, participou também de um
edital para o estabelecimento de uma rede de sementes florestais
na caatinga. Esse projeto foi aprovado e o início de sua
implementação está previsto ainda para este ano. Mais
recentemente, a APNE participou do edital Programa Piloto de
Apoio a Pequenos Projetos, com a proposta Valorização da
Caatinga e seus Habitantes. As propostas estão sendo avaliadas
pelo FNMA e a proposta aceita será em breve anunciada.
Contato: Frans Pareyn, APNE
[email protected] ou [email protected]
Juazeiro (Ziziphus joazeiro) espécie selecionada para o projeto "Top Ten"
(veja Boletim no. 14)
Banco de Dados Central das
Plantas do Nordeste
MAIS DE 7.000
PLANTAS DO
NORDESTE NA
INTERNET
O CNIP, através de uma rede nacional e internacional de
especialistas da área de taxonomia vegetal, vem desenvolvendo a
revisão do Banco de Dados Central das Plantas do Nordeste, cuja
base de dados foi extraída dos resultados de um projeto anterior do
PNE coordenado pela Dra. Maria Regina Barbosa e Dr. Simon Mayo.
A primeira versão da listagem das plantas possuía 6.594 nomes
provisórios. Hoje, a equipe gerenciada pela Agente de Informação
do CNIP, Cíntia Gamarra, já conseguiu atingir 7.393 nomes, dos
quais 2.731 já foram revisados por taxonomistas. Da listagem
original, foram acrescidas 865 sinônimos e 1.113 nomes vulgares.
Esta ampliação só pôde ser efetuada com a adição de 34 novas
referências bibliográficas às 43 existentes.
Alguns descritores também tiveram as suas categorias ampliadas,
como o tipo de vegetação que passou de 8 categorias para 15, e
sobre 418 taxa foi descrito o hábito de crescimento da planta.
"Outras modificações ocorridas foram as que se referem à
distribuição geográfica. Antes havia apenas referências a seis Estados
do Nordeste, atualmente são citados dados sobre todos os estados
do Brasil", afirma Cíntia Gamarra.
A partir da revisão de cada família são retiradas listagens das
espécies por família e enviadas a um ou mais especialistas da família
em questão. Estes, após efetuarem a revisão, devolvem as tabelas
para que a equipe incorpore as correções à base de dados. O banco
de dados, contendo a listagem das plantas, encontra-se no
www.cnip.org.br.
Contatos: Cintia Gamarra e Alcioli G. dos Santos Jr, CNIP/UFPE
[email protected]
BOAS NOVAS
Encontram-se disponíveis para consulta pela internet,
www.cnip.org.br, o Banco de Dados Central das Plantas do
Nordeste, o sub-grupo das famílias já revisadas, os bancos de
dados de plantas medicinais e de leguminosas forrageiras da
Bahia, cujos dados são provenientes de dois projetos do PNE.
Estes bancos vêm precedidos de um texto informativo, e, ao
banco de plantas medicinais, foram incorporados textos e
imagens de algumas espécies e distribuídos em formato de CDROMs para pesquisadores da região.
Uma outra iniciativa do CNIP, é a criação de um banco de
imagens, que conta com mais de 2.000 imagens digitalizadas, 16
CDs de imagens doadas pelo RBG, Kew, Londres e quatro CDsROMs de autoria da Engenheira Florestal, Gerda Nickels, sobre as
plantas da caatinga do Nordeste do Brasil. Além disso, um
fotógrafo, Vinicius Lins Lubambo, foi contratado pelo CNIP para
fazer o registro de 65 espécies prioritárias para o projeto IDT.
Foto: Andrew McRobb
Entre outros serviços também disponibilizados, destacam-se: o
serviço de notícias do CNIP (http://www.cnip.org.br/cnip/
noticias.html); Fórum de discussões (http://www.cnip.org.br/
cgi-bin/xx0896/forum/Ultimate.cgi)
que
visa
promover
discussões sobre temas genéricos relevantes do IDT entre um
público maior na região.
3
Capacitação e Treinamento
SiDT
Subprograma de Informação, Disseminação e Treinamento
CURSO DE IDENTIFICAÇÃO DE GRAMÍNEAS
O PNE, vem promovendo, através do CNIP, um programa de treinamento
ministrado por especialistas de várias disciplinas. O primeiro foi o Curso
Internacional de Identificação Botânica de Gramíneas ministrado pelo
especialista Steve Renvoize e coordenado por Dra. Socorro Bona, numa
ação conjunta entre a EMBRAPA, UEPI, UFPI, APNE, e RBG, Kew. O curso
teve a duração de 10 dias e ocorreu entre 7 a 17 de Maio na UFPI,
enfatizando a identificação botânica das gramíneas forrageiras com maior
ocorrência no Nordeste. Foram 20 participantes de várias instituições da
região nordeste, distribuídos entre professores, pesquisadores, e
estudantes de pós-graduação. Sessões práticas foram intercaladas com
trabalho de campo e aulas teóricas. Além do aumento de conhecimentos,
o curso proporcionou intercâmbio de idéias e a criação e o fortalecimento
de vínculos entre profissionais com interesse em comum.
Foto: Steve Renvoize
Participantes do curso durante o trabalho de campo com Steve Renvoize e
Dra. Socorro Bona
CURSO EM NOMENCLATURA BOTÂNICA
O curso do Programa de Pós-Graduação em Nomenclatura Botânica no
Centro de Ciências Biológicas, (UFPE) entre 30 de julho a 3 de agosto de
2001, ministrado por Dr. Simon Mayo (RBG, KEW) e coordenado por Dra.
Kátia Porto (responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Biologia
Vegetal da UFPE).
O curso teve como objetivo tornar os estudantes aptos a utilizarem a
literatura botânica, familiarizando-os com a utilização das regras
necessárias para a interpretação dos aspectos nomenclaturais da taxonomia
vegetal, como, por exemplo, a colocação e mudanças dos nomes das
plantas e sinonímias. O curso foi realizado através de uma parceria entre a
UFPE e o projeto IDT. Cinco bolsas foram oferecidas, visando a participação
de estudantes de outros estados do Nordeste - foram 18 participantes,
incluindo estudantes dos estados da Bahia, Piauí e Amapá.
APERFEIÇOAMENTO DE PESSOAL
A equipe do CNIP vem participando de um processo de
aperfeiçoamento em serviços de informação. Para isso, em
agosto do ano passado foi formalizado um acordo entre a
UFPE e a Universidade de Southampton, RU, que possibilitou a
inscrição do Coordenador do CNIP, Eduardo Dalcin, no
Programa de PhD em Bioinformática da Universidade de
Southampton. Por sua vez, a Agente de Informação, Cíntia
Gamarra, freqüentou o curso de Data Mining ministrado no
Departamento de Informática da UFPE e, atualmente, está se
aperfeiçoando em bancos de dados pelo mesmo
Departamento.
Educação e Conscientização
Em julho de 2001, Gail Bromley, Gerente de Desenvolvimento
Educacional, RBG, Kew trabalhou por uma semana com a equipe do PNE
explorando iniciativas em educação ambiental no Nordeste do Brasil.
Existe a possibilidade de usar os trabalhos do PNE como projeto piloto em
comunidades locais, escolas e organizações voltadas à educação e
conscientização ambiental, dentro dos vários níveis do setor educacional.
Visitas ao Jardim Botânico e Science Space em Recife e o novo Jardim
Botânico em João Pessoa resultaram em uma discusão inicial sobre a
possibilidade de aplicar o trabalho do PNE utilizando os programas
educativos existentes nestes institutos. Estabelecer parceria com estas
instituições irá possibilitar que o PNE contribua com os programas
nacionais de educação ambiental, conservação e sustentabilidade. Uma
estratégia de divulgação e educação ambiental baseado nos trabalhos do
PNE está também sendo desenvolvida.
4
Entre 16 e 20 de julho, Gail participou da 10º Reunião Anual da Rede
Brasileira de Jardins Botânicos (RBJB) em João Pessoa e ministrou uma
série de oficinas temáticas ligadas à Educação e Conscientização da
Biodiversidade coordenadas por Dra. Tânia Sampaio do Jardim Botânico
do Rio de Janeiro. Gail desenvolveu tópicos sobre educação ambiental
relacionados à biodiversidade e desenvolvimento sustentável, treinamento
de professores e métodos de interpretação. Dois estudantes do PNE
receberam financiamento do DfID para participar do "workshop"
objetivando aumentar seus conhecimentos e compartilhar suas
experiências. Na última semana, Gail trabalhou ativamente com a equipe
do PNE na montagem do estande durante o Congresso Brasileiro de
Botânica em João Pessoa, onde o PNE mostrou atividades dos atuais
projetos, publicações e o Banco de Dados Central das Plantas do
Foto: Gail Bromley
Identificando árvores através de tato e olfato com os olhos vendados
Nordeste. Nesta oportunidade, os participantes puderam presenciar novos
métodos de ensino sobre educação ambiental através de jogos educativos
expostos no estande.
Em agosto, Gail retornou ao Brasil para participar do Fórum e Feira de
Ciência, ("Communicating Science"), promovido pelo British Council e
capacitar funcionários do Jardim Botânico de Recife na utilização de
metodologias dirigidas à educação e conscientização ambiental.
BOAS NOVAS
CONSERVAÇÃO do bioma da caatinga
Conforme artigo no último Boletim do PNE, o MMA lançou um projeto
em 1999 objetivando designar áreas para conservação do Bioma da
Caatinga do Nordeste do Brasil, usando, como um dos critérios, o alto
grau de espécies de plantas endêmicas da Caatinga. Para atender a este
propósito, a APNE foi convidada por um consórcio formado pela UFPE,
Fundação Biodiversitas e Conservation International para conduzir um
estudo da flora e fornecer uma lista de espécies de Angiospermas
endêmicas da Caatinga. Durante quatro meses, a equipe composta por
Dra. A. M Giulietti, Dr. R. M. Harley, Dr. E. Sampaio, Dra. M. J. Rodal, Dr.
L. P. de Queiroz, Dra. A. du Bocage, Dra. M. R. Barbosa e J. Virgínio
trabalhou no projeto, utilizando como base inicial a lista de 2200 espécies
extraídas do Banco de Dados Central das Plantas do Nordeste (veja artigo
página 3). A equipe desenvolveu trabalho de campo em Euclides da
Cunha, Canudos, Monte Santo, Jacobina e Campo Formoso (BA) para
tentar estabelecer os limites da caatinga e analisar as relações com a
floresta seca e os cerrados de altitudes. Além disso, foi elaborado um
trabalho sobre a Fitogeografia da Caatinga, representando uma análise
crítica da classificação proposta por Andrade-Lima ( 1981), juntamente
com uma revisão ampla da literatura.
Novo Centro de Documentação
Foi implantado o Centro de Documentação (CEDOC) com a
chegada de duas toneladas de livros e de material
bibliográfico doadas pelo RBG, Kew, Londres à Biblioteca do
Centro de Ciências Biológicas da UFPE. Estes e outros
materiais
bibliográficos
sobre
recursos
vegetais,
provenientes dos projetos do PNE e da literatura científica,
técnica e de extensão especializada, estão sendo mantidos
no CEDOC e disponibilizados a pesquisadores, estudantes e
técnicos envolvidos na área de recursos vegetais.
Doação
Gostaríamos de agradecer ao Sr. J.J. Childs de Dorset, RU o
contínuo apoio ao PNE. Em especial, queremos agradecer a
mais recente doação em janeiro de 2001. Muitíssimo
obrigado pelo apoio!.
Os resultados apresentados durante o "Workshop" do Bioma Caatinga no
CPATSA-EMBRAPA, em Petrolina, PE, em Maio 2000, causaram um
grande impacto na definição das áreas para conservação. Foi apresentada
a lista de 22 gêneros e 341 espécies endêmicos da Caatinga, o que
significa um grande avanço em relação a outras listas previamente
publicadas. A família com maior número de espécies endêmicas é
Leguminosae (77) e Cactaceae (37). Usando esses dados, foram
selecionadas 54 áreas prioritárias para conservação do Bioma da
Caatinga. Dessas, 18 foram consideradas como de extrema importância
para conservação, 14 de alta prioridade, 3 de média prioridade e 19
consideradas como de provável importância biológica, mas
insuficientemente conhecidas. As áreas foram assim distribuídas pelos
Estados do Nordeste: Bahia (14), Paraíba (11), Pernambuco (10), Ceará (8),
Rio Grande do Norte (6), Piauí (2), Minas Gerais (2) e Sergipe (1).
Um livro sobre a flora da Caatinga, com ênfase nos estudos sobre os
táxons endêmicos das várias famílias de Angiospermas, será publicado
contendo os tópicos discutidos no "workshop".
Flores de mandacaru (Cereus jamacaru) uma espécie selecionada para o projeto
"Top Ten" (veja Boletim no. 14) Foto: Andrew MacRobb
Novo Coordenador Geral
Frans Germain Corneel Pareyn foi
selecionado, em junho de 2001, pelo
Conselho Superior da APNE para
assumir o cargo de Diretor Técnico
Administrativo
Coordenador
da
Geral
Associação
do
e
Programa
Plantas do Nordeste (PNE), posição
anteriormente
ocupada
por
Jair
Virginio que hoje ocupa o cargo de Diretor de Produção e
Comercialização no IPA. Frans, 42, nasceu em Poperinge, na
Bélgica,
formando-se
em
Engenharia
Florestal
pela
Universidade Federal de Gent (RUG), em 1983.
Frans possui ampla experiência em gestão e administração de
Contato: Dr A.M.Giulietti e Dr R.M.Harley, APNE/UEFS/RBG, Kew
projetos nacionais e internacionais, trabalhando, por
[email protected], [email protected]
exemplo, com projetos em áreas de manejo florestal,
energéticos e madeireiros com a PNUD e IBAMA (Natal,
Flores de mandacaru (Cereus jamacaru) uma espécie selecionada para o
projeto "Top Ten" (veja Boletim no. 14)
Foto: Andrew McRobb
Recife) e PNUD-FAO. Também prestou serviço de consultoria
na República Dominicana num projeto conjunto com a FAO
na elaboração de dois planos de manejo florestal integrados
- o de melhoria da produção e o levantamento nacional de
consumo de lenha e carvão - e participou no treinamento de
técnicos em inventário e manejo florestal. Em um projeto
mais recente na Guiné-Bissau (FAO), ele ocupou o cargo de
Conselheiro Técnico principal para desenvolver sistemas de
manejo florestal para produção de lenha e carvão com a
participação de 20 comunidades rurais.
Sua experiência com o manejo da caatinga, e seus excelentes
contatos e articulações institucionais já estão trazendo
enorme benefício para a Associação, como, por exemplo, a
recente proposta sobre o Uso Sustentável dos Recursos
Florestais e Conservação da Biodiversidade da Caatinga para
o GEF através do UAP-NE. Desejamos a Frans felicidade e
muito sucesso.
Amélia Baracat, PNE, RBG, Kew
5
Seminário em
Pesquisa Colaborativa
VIII Congresso Botânico
da América latina
A Comissão Suíça de Pesquisa Colaborativa com Países em Desenvolvimento
anuncia o seminário internacional sobre
pesquisa colaborativa que será realizado
em Cartagena de Índias, Colômbia, entre
28 e 30 de novembro de 2001. O seminário
tem como objetivo proporcionar tanto
uma visão geral como as diversas trocas
de experiências adquiridas em pesquisas
colaborativas até o presente no contexto
da América Latina.
A Associação Latino-Americana de Botânica
(ALB), a Associação Colombiana de Botânica
e a Universidade Nacional de Colômbia
convidam a comunidade internacional de
Botânica para participar do VIII Congresso
Latino-Americano de Botânica que será
realizado no Centro de Convenções de
Cartagena de Índias, Colômbia, entre 13 e
18 de outubro de 2002.
Dr Jon-Andrid Lys
Tel: (41-31) 311-0601;
Fax: (41-31) 312-1678
[email protected]
[email protected]
Outras informações contactar Sr. Enrique
Forero, do comitê organizador
6
A Associação Plantas do Nordeste (APNE) é
uma organização non-governamental sem
fins lucrativos, criada em 1994 para
gerenciar e administrar o Programa Plantas
do Nordeste (PNE). A APNE é composta por
sócios e administrada por uma Assembléia
Geral e por um Conselho Superior, que são
responsáveis por estabelecer as diretrizes e
os objetivos do Programa. A atual Presidente
é a Dra. Ana Maria Giulietti ([email protected]) e
o Vice-Presidente, David Hassett,Diretor da
SBCI do Rio Grande do Norte e Santa
Catarina ([email protected]).
O PNE
Abreviações
ABC
A/Es
APNE
APPR
AS-PTA
BID
Caatinga
CNIP
CNPq
DfID
EMBRAPA
EMBRAPA-CENARGEN
EMBRAPA-CNPC
EMBRAPA-CPATSA
FAO
FNMA
FUNTEPE
GEF
IBAMA
IDT
IPA
MCT
MMA
ONGs
PATAC
PNE
PNUD
RBG, Kew
SASOP
SBCI
SIDT
UAP-NE
UEFS
UEPI
UFPB
UFPE
UFPI
A Associação Plantas do
Nordeste (APNE)
Agência Brasileira de Cooperação, Brasília-DF
Agricultores Experimentadores
ONG - Associação Plantas do Nordeste, Recife-PE
Associação dos Pequenos Produtores Rurais, Distrito de Timorante, PE
ONG - Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, Recife-PE
Banco Internacional de Desenvolvimento
Vegetação predominante da região semi-arida do Nordeste
Centro Nordestino de Informação sobre Plantas, na UFPE, Recife-PE
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, Brasília-DF
Departamento de Desenvolvimento Internacional do Governo Britânico
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - de âmbito nacional
Centro Nacional de Pesquisa de Recursos Genéticos e Biotecnologia
Centro Nacional para Pesquisa de Caprinos, Sobral-CE
Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido, Petrolina-PE
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação
Fundo Nacional do Meio-Ambiente
Fundo de Terras de Pernambuco
Fundo Global para o Ambiente
Instituto Brasileiro do Meio-Ambiente e dos Recursos Naturais
Projeto de Informação, Disseminação e Treinamento
Empresa Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, Recife-PE
Ministério de Ciência e Tecnologia, Brasil
Ministério do Meio-Ambiente, Brasil
Organizações Não-Governamentais
ONG - Programa de Aplicação de Tecnologias Adaptadas às Comunidades
Programa Plantas do Nordeste
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Jardim Botânico de Kew, Londres, Inglaterra
ONG - Serviço de Assessoria a Organizações Populares
Sociedade Brasileira de Cultura Inglesa
Subprograma de Informação, Disseminação e Treinamento, PNE
Unidade de apoio do MMA para o Nordeste
Universidade Estadual de Feira de Santana, Bahia
Universidade Estadual do Piauí
Universidade Federal da Paraíba
Universidade Federal de Pernambuco
Universidade Federal do Piauí
Royal Botanic Gardens, Kew
Centre for Economic Botany
Richmond, Surrey TW9 3AB
Tel: +44 (0) 20 8332 5213/5718
Fax: +44 (0) 20 8332 5740
Email: (initial).(surname)@rgbkew.org.uk
Internet: www.kew.org
Editor: Amélia Baracat
Editorial Assistance: Dr Simon Mayo,
Dr Hew Prendergast, Clive Beale.
Design: Media Resources, Kew
Printed by: MPS (London) Limited
é um programa de pesquisa
multidisciplinar direcionado à identificação
e ao uso sustentável dos recursos vegetais
do Nordeste Brasileiro. O PNE é composto
por três subprogramas interligados:
Biodiversidade, Botânica Econômica e
Informação, Disseminação e Treinamento
(SIDT). Os subprogramas de Botânica
Econômica e Biodiversidade executam a
parte de pesquisa científica básica e
aplicada sobre as plantas, enquanto o SIDT
é responsável pela divulgação de
informação sobre o uso e o manejo das
plantas da região Nordeste, beneficiando,
principalmente, a população de baixa
renda e de pequenos agricultores rurais da
região. O PNE levanta recursos para
financiar suas atividades e recebe o apoio
do CNPq, do Govêrno Britânico, do RBG,
Kew, da UFPE, de organizações públicas,
privadas e de indivíduos e é coordenado
pelo Engenheiro Florestal Frans Pareyn.
Associação Plantas do Nordeste (APNE),
Av. Gen San Martin, 1371, IPA - Bloco 7, Bonji
50761-000 Recife, PE, Brasil
Tel/fax: 55 (0) 81 3446 1486
e-mail: [email protected]
Website: www.plantasdonordeste.org
Boletim financiado por
Plants for Life Partnership
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Programa Plantas do Nordeste