SNPTEE SEMINÁRIO NACIONAL DE PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DE ENERGIA ELÉTRICA GPT-21 19 a 24 Outubro de 2003 Uberlândia - Minas Gerais GRUPO II GRUPO DE ESTUDO DE PRODUÇÃO TÉRMICA E FONTES NÃO CONVENCIONAIS – GPT IMPLANTAÇÃO DE TURBOGERADORES A GÁS EM PRAZOS EMERGENCIAIS Mário Corrêa de Sá e Benevides* - Gerente de Suporte Técnico – Tractebel Energia S.A. Nilde Augusto Lopes de Oliveira – Gerente de Projetos – Tractebel Energia S.A. José Luiz Jannson Laydner – Gerente de Operação – Tractebel Energia S.A. Carlos Alberto de Verney Gothe – Gerente de Desenvolvimento de Negócios - Tractebel Energia S.A. RESUMO implantando e operando novas usinas em estados como Goiás e Tocantins, por exemplo. Este trabalho descreve o desafio da implantação de três unidades geradoras a gás, de potências entre 35 e 40 MW, em prazos emergenciais, o que exigiu a compra de equipamentos usados. Além de manutenções preventivas especiais e indispensáveis e da conversão de combustível e/ou freqüência, foram cruciais o planejamento e logística. A atuação direta da contratante foi fator fundamental para o sucesso do empreendimento: respeitada a modalidade “EPC” dos contratos firmados para a implantação das unidades, o efetivo gerenciamento da contratante é que possibilitou a consecução dos seus objetivos, adotando um conceito de “EPC Gerenciado”. PALAVRAS-CHAVE Geração a gás. Conversão de combustível. Conversão de freqüência. Logística. EPC gerenciado. 1.0 - INTRODUÇÃO A termelétrica William Arjona, localizada em Imbirussu, nas vizinhanças de Campo Grande, MS, Centro-sul do Brasil, integra o parque gerador da Tractebel Energia, concessionária privada de geração de Energia Elétrica, resultante da cisão da Eletrosul e posterior privatização da Gerasul. Em 2001, esta razão social mudou para Tractebel Energia S.A., não só para conter a marca da controladora, a Tractebel: esta mudança ocorreu em conseqüência da política de expansão de investimentos no Brasil e de desregionalização da empresa. Além da concessão de usinas no Sul e Centro-sul oriundas da privatização, empresas controladas pela Tractebel Energia já estão 2.0 - ESTRUTURA DA TRACTEBEL ENERGIA Com o intuito de melhor explicar o gerenciamento da implantação das três Unidades Geradoras em foco, este capítulo descreve resumidamente a organização e a forma de atuação da concessionária nas etapas de desenvolvimento, implantação e início da operação dos seus empreendimentos. As seguintes diretorias compõem o organograma da Tractebel Energia (das quais somente a “DF” é dirigida por um não-brasileiro): • • • • • • • Presidência (PRE); Administração (DA); Planejamento e Controle (DC); Finanças e Relações com Investidores (DF); Comercialização e Negócios (DN); Implantação de Projetos (DI); Produção de Energia (DP). As unidades e equipes integrantes dessas diretorias, majoritariamente oriundas da Eletrosul, atuam matricialmente em todas as etapas da implantação de novos projetos de geração térmica ou hidráulica, desde as fases de estudos de viabilidade e desenvolvimento do negócio até a sua operação. Tanto em empreendimentos surgidos de licitações específicas do Poder Concedente, onde a criação de uma Empresa de Propósito Específico, por força de Lei, é requerida, como naqueles implantados em nome * Rua Antônio Dib Mussi, 366 - CEP 88015-110 - Florianópolis - SC - BRASIL Tel.: (048) 221-7004 - Fax: (048) 221-7204 - E-MAIL: [email protected] 2 da própria Tractebel Energia, a estrutura acima descrita é a diretamente responsável pela sua implantação e posterior operação. 3.0 - IMPLANTAÇÃO DA TERCEIRA UNIDADE 3.1 Compromissos contratuais O edital de privatização da Gerasul tinha como obrigação a implantação de uma usina de até 150 MW em Campo Grande. As duas primeiras unidades, de potência nominal de 40 MW cada, foram adquiridas da Enersul ainda na etapa de montagem e entraram em operação em 1999. No momento em que o gasoduto Brasil-Bolívia tornou-se disponível, estas duas unidades existentes foram as primeiras no país a utilizar o gás natural dele proveniente: até então, operavam a óleo diesel. A implantação da Terceira Unidade de William Arjona, descrita a seguir, complementou o atendimento ao citado compromisso de privatização. Esta unidade, a exemplo das duas iniciais, pode hoje operar tanto a gás como a óleo, após a realização da conversão do seu sistema de combustível. 3.2 Estratégia de aquisição do turbogerador A etapa de desenvolvimento da implantação da Terceira Unidade da termelétrica ocorreu em 2001, quando a procura por turbogeradores a gás, mundialmente, era muito grande – o que significaria um prazo de fabricação incompatível com a data contratualmente exigida para sua entrada em operação comercial. Assim sendo, a solução era a compra de uma unidade usada. Após pesquisa junto a operadoras de termelétricas ao redor do mundo, foi adquirida uma unidade GE “Frame 6B” da Duke Energy El Salvador, de 40 MW de potência nominal. Esta unidade, que tinha cerca de 24 mil horas de operação, utilizava exclusivamente óleo diesel como combustível. 3.3 Estratégia de contratação da implantação Para implantação em prazo da ordem de 5 (cinco) meses, foi assinado um contrato de Engenharia, Suprimentos e Construção (“EPC – Engineering, Procurement and Construction”) com um consórcio formado pelas empresas Alstom Brasil, Alstom Indústria e Cobel, após negociações dirigidas pela Diretoria de Comercialização e Negócios (DN) da Tractebel Energia. Este contrato incluía a interconexão da Unidade à Subestação Imbirussu, da Enersul, como meio de sua conexão ao Sistema Nacional Interligado, mas eximia o consórcio contratado quanto ao desempenho do turbogerador, adquirido pela Tractebel Energia, como também excluía do escopo o transporte do equipamento e seus periféricos e sobressalentes de Acajutla, El Salvador, ao Brasil. 3.4 Implantação 3.4.1 Desmontagem A etapa de desmontagem na planta da Duke em El Salvador foi realizada por empresa local, supervisionada por profissionais das diretorias de Implantação de Projetos e Produção de Energia da Tractebel Energia, exercitando, desde aquele momento, a atuação integrada e matricial da sua organização. O prazo demandado foi de cerca de um mês. 3.4.2 Transporte A Tractebel Energia contratou diretamente a KNDeicmar para transportar a Unidade desde a planta em El Salvador até a termelétrica William Arjona, o que também levou cerca de um mês. 3.4.3 Montagem e Interconexão à SE Imbirussu Levando-se em conta que, praticamente, somente a construção das bases poderia ser feita anteriormente à chegada do turbogerador e seus periféricos, e somando-se a isto a grande procura por disjuntores, seccionadoras e pára-raios de estação que ocorria no mercado nacional naquele ano de 2001, a montagem e interconexão propriamente ditas da Terceira Unidade de William Arjona deram-se em cerca de um mês e meio: do início de julho a meados de agosto. Apenas para lembrar, tratava-se de equipamento usado, que exigiu, por exemplo, o recondicionamento de periféricos (motores, bombas, compressores) e a repintura do conjunto. 3.4.4 Conversão de Combustível Paralelamente à montagem, foi realizada a conversão de combustível da Unidade, que passou de operacional exclusivamente a óleo para bi-combustível, tendo sido este serviço realizado pela empresa argentina Capime, contratada extra-escopo do “EPC” de montagem e interconexão. 3.4.5 Estratégia de implantação Diante de todos esses fatores, para que houvesse total certeza de que o prazo limite de conclusão das obras, de 30 de agosto de 2001, seria rigorosamente atendido, as seguintes providências foram tomadas, dentre outras, com absoluto sucesso advindo da sua adoção: • Firme e permanente atuação da concessionária no gerenciamento do empreendimento, especialmente nas atividades e ações de planejamento físico e financeiro; • Adoção de uma Estrutura Analítica de Projetos, capaz de permitir o real controle do desenvolvimento e do progresso do empreendimento (ver figura 1, abaixo); • Atuação direta da contratante nas tarefas de logística, diligenciamento e inspeção; • Presença permanente de profissionais das unidades ligadas às diretorias de Implantação e Produção no campo (equipe residente da Obra). 3 03 EPC 03.01 CANTEIRO E ACAMPAMENTO 03.02 PROJETO 03.03 OBRAS CIVIS 03.04 03.04.01 03.04.01.01 MONTAGEM UNIDADE TURBO-GERADOR Turbo Gerador e Auxiliares 03.04.01.01.01 03.04.01.01.02 03.04.01.01.03 Desmontagem e Transporte Montagem do gerador Periféricos / Auxiliares 03.04.02 EQUIPAMENTO ELÉTRICO ACESSÓRIO 03.04.03 DIVERSOS EQUIPAMENTOS DA USINA 03.05 EQUIPAMENTOS (CIF) 03.06 COMISSIONAMENTO Figura 1 – Extrato da Estrutura Analítica de Projetos 3.5 Comissionamento e Conexão ao Sistema Nacional Interligado O comissionamento da Unidade 3 de William Arjona foi realizado em agosto de 2001. O comissionamento foi iniciado em 01 de agosto e concluído parcialmente, apenas com óleo diesel como combustível, em 17 de agosto. O comissionamento com gás natural foi retomado em 27 de agosto e encerrado em 30 de agosto do mesmo ano, cumprindo-se, portanto, a data limite estabelecida. As equipes de Implantação e Operação da Tractebel Energia participaram ombro a ombro com a do consórcio contratado, ainda que, contratualmente, a responsabilidade pela atividade a ele pertencesse. Com isto, além da segurança quanto à correção de montagens, interligações e instrumentação e controle, incluindo a parametrização da proteção e demais funções, a equipe de operação da Unidade iniciou suas atividades com pleno conhecimento de seus recursos. A conexão ao Sistema Nacional Interligado, efetivada com a sincronização e posta em marcha do turbogerador já devidamente interligado à SE Imbirussu, foi realizada em sintonia com a Enersul e sob a orientação do Operador Nacional do Sistema, ONS, encerrando com êxito esta etapa do empreendimento. 4.0 - IMPLANTAÇÃO DA QUARTA UNIDADE 4.1 Compromissos contratuais A Quarta Unidade de William Arjona foi implantada como compromisso de um contrato, obtido através de licitação, com a CBEE – Comercializadora Brasileira de Energia Emergencial, datado de 10 de janeiro de 2002, correspondendo, nos termos do contrato com a CBEE, à “Primeira Fase do Empreendimento”, com data de entrada em operação comercial estabelecida para 30 de abril de 2002. O contrato previa severas penalidades no caso do descumprimento daquela data. 4.2 Estratégia de aquisição do turbogerador Como se pode depreender da seção anterior, a exigüidade do prazo de implantação era ainda mais rigorosa que a vivenciada para a Terceira Unidade. Assim sendo, a Quarta Unidade de William Arjona foi também adquirida usada, sendo que a mesma usina da Duke Energy de El Salvador dispunha de uma outra “Frame 6B” da GE em condições semelhantes: a Duke havia optado pela geração por motores a óleo pesado no lugar das turbinas a óleo diesel, não havendo na localidade disponibilidade de gás natural. Já para a Tractebel Energia, a conversão para gás da turbina adquirida da Duke era – como foi – uma opção adequada, a exemplo da Terceira Unidade. 4.3 Estratégia de contratação da implantação Para evitar alguns dos riscos assumidos na implantação da Unidade anterior, a Tractebel Energia, desta feita, fez incluir no escopo do contrato EPC de implantação da Quarta Unidade de William Arjona as atividades de desmontagem e transporte, como também a de certificação, pela contratada, após inspeção, da operacionalidade e desempenho satisfatório do conjunto turbogerador, de potência nominal de 37 MW. A própria supervisão da conversão a gás foi incorporada ao contrato de implantação, assinada com o consórcio entre as empresas Alstom Brasil, Cegelec (ex-Alstom Indústria), Cobel e Capime. 4.4 Implantação 4.4.1 Desmontagem A desmontagem em El Salvador, agora sob a responsabilidade do consórcio contratado para a implantação, foi realizada no período de 29 de outubro a 28 de novembro de 2001, tendo a Tractebel Energia supervisionado a atividade, através de profissionais das suas diretorias de Produção e Implantação. 4.4.2 Transporte Realizado pela mesma KN-Deicmar, agora contratada pelo consórcio mencionado em 4.3, o transporte do turbogerador, seus periféricos e sobressalentes foi realizado no período de 29 de novembro de 2001 a 26 de fevereiro de 2002. 4.4.3 Montagem e interconexão à SE Imbirussu A experiência adquirida com a Terceira Unidade de William Arjona foi elemento de grande ajuda na montagem da Quarta Unidade, tendo favorecido também o fato de que ambas são do mesmo modelo e do mesmo fabricante. Desta vez, os problemas de mercado nacional encontrados para a interconexão da Terceira Unidade foram de menor monta. O prazo total de montagem e interconexão da Quarta Unidade foi de 2 meses. 4.4.4 Conversão de combustível Agora incluída no escopo do consórcio contratado, a conversão óleo-gás da Quarta Unidade foi item integrante do cronograma da obra, tendo sido satisfatoriamente concluída no prazo estabelecido: 23 de abril. 4.5 Estratégia de implantação A exemplo do ocorrido na implantação da Terceira Unidade, a participação em todas as fases das equipes de implantação e operação da Tractebel Energia foi 4 preponderante, especialmente na tomada de decisões e no planejamento estratégico e operacional dos trabalhos. Equipes residentes na obra reuniam-se diariamente para analisar em detalhe o desenvolvimento dos trabalhos, o acompanhamento do cronograma e as ações necessárias para correção de desvios e solução de problemas. Além dessas reuniões de campo, as de coordenação do empreendimento ocorreram, a princípio, quinzenalmente e, no último mês, passaram a ser semanais. 5.3 Estratégia de contratação da implantação A mesma estratégia adotada para a Unidade 4 foi empregada para implantar a Quinta Unidade: um único contrato EPC, assinado com o mesmo consórcio que ficou responsável pela implantação da Quarta Unidade, englobou todos os serviços, desde a desmontagem até o comissionamento, passando pela conversão a gás e incluindo a de freqüência. 5.4 Implantação 4.6 Comissionamento e conexão ao Sistema Nacional Interligado O comissionamento, uma vez mais com a participação direta das equipes da Tractebel Energia, foi realizado de 05 de março a 29 de abril de 2002. A ressaltar que a experiência dos profissionais de operação e manutenção da Tractebel Energia foi fator preponderante para o sucesso desta etapa, o que valeu também para as duas outras unidades em destaque neste artigo. O primeiro sincronismo da máquina, sob a orientação do ONS e com o acompanhamento da Enersul, em cuja SE Imbirussu a Unidade 4 foi interligada para acesso ao Sistema, ocorreu no dia 29 de abril de 2002, tendo a entrada em operação comercial ocorrido rigorosamente na data de 30 de abril de 2002, como devidamente atestado pela CBEE. 5.0 - IMPLANTAÇÃO DA QUINTA UNIDADE 5.1 Compromissos contratuais A Quinta Unidade foi implantada a partir do mesmo contrato com a CBEE que originou a implantação da Quarta Unidade, caracterizando a “Segunda Fase do Empreendimento” nos termos do contrato. Data contratual estabelecida para entrada em operação comercial: 30 de junho de 2002. Entretanto, razões relacionadas à conexão da Quinta Unidade ao Sistema Nacional Interligado não permitiram o melhor aproveitamento de paralelismos de atividades de implantação da Quarta e da Quinta Unidades, fazendo com que, novamente, o prazo de implantação fosse crítico. 5.2 Estratégia de aquisição do turbogerador Tomando-se como ponto pacífico de que a melhor estratégia seria a de adquirir equipamento disponível, pronto para uso – ou seja, usado e desativado -, as buscas neste sentido levaram a Tractebel Energia a comprar da Endesa chilena um turbogerador modelo frame 6B, de fabricação Alstom sob licença da GE, que utilizava exclusivamente óleo diesel como combustível. Como dificuldade adicional, previamente analisada, a Freqüência no Chile é de 50 Hz, exigindo a conversão da freqüência para 60 Hz. Mesmo com esta agravante, dado às características operacionais do equipamento e ao quadro apresentado naquele momento pelo mercado mundial, esta foi a melhor opção encontrada. 5.4.1 Desmontagem A desmontagem da Quinta Unidade se deu na planta da Endesa localizada em Curicó, no Chile, no período de 08 de fevereiro a 05 de março de 2002, sob a responsabilidade do consórcio e a supervisão da Tractebel Energia. 5.4.2 Transporte A mesma empresa que efetuou o transporte das Unidades 3 e 4 foi contratada pelo consórcio para levar o turbogerador e seus periféricos e sobressalentes de Curicó, no Chile, até Campo Grande, MS, Brasil. O prazo demandado foi de 40 dias. Entretanto, problemas havidos em estradas brasileiras no mesmo período em que equipamentos da obra estavam trafegando a caminho de Imbirussu levaram a Tractebel Energia a alertar à CBEE que possíveis atrasos por força maior poderiam ocorrer – o que acabou não acontecendo, dado à rapidez da tomada de decisões e a replanejamentos realizados de forma a compensar esses problemas. 5.4.3 Montagem e Interconexão à SE Imbirussu A montagem da Quinta Unidade de William Arjona foi realizada no período de 20 de abril a 28 de junho de 2002, incluindo a sua interconexão à SE Imbirussu, da Enersul. Problemas ocorridos com o prazo de fabricação de componentes nacionais, como o transformador elevador, por pouco não comprometeram o prazo final da obra. 5.4.4 Conversão de Combustível Realizada como item do cronograma geral da Obra, a conversão para gás natural da Quinta Unidade foi realizada pelo consórcio no período de 05 a 28 de junho de 2002. 5.4.5 HGPI (“Hot Gas Path Inspection”) A Quinta Unidade – terceira em objeto no presente trabalho e segunda fase do contrato com a CBEE – exigiu, para não comprometer seu desempenho e a potência nominal garantida de 35 MW, uma “Hot Gas Path Inspection - HGPI”, ou a inspeção do caminho dos gases pós-combustão, que incluiu a substituição de peças desgastadas (palhetas móveis, palhetas fixas de 1º e 2º estágios e peças de transição), realizada na mesma seqüência dos trabalhos de montagem e interconexão. 5 5.4.6 Conversão de Freqüência A conversão de freqüência representava caminho crítico para a consecução do prazo contratual com a CBEE. A adaptação da caixa redutora e o projeto e a fabricação de um novo painel de proteção digital, contratados pelo consórcio a empresas nos Estados Unidos, e a aquisição de um novo sistema de controle da Unidade, foram alguns dos muitos e complexos itens decorrentes da necessidade da conversão de freqüência, realizados em paralelo às atividades de campo e demais aquisições no Brasil e exterior. 5.5 Estratégia de implantação A exemplo dos casos anteriores, a Tractebel Energia participou ativamente de todas as fases, especialmente do gerenciamento dos trabalhos, com ênfase para as etapas da conversão de freqüência - que levou profissionais da empresa a realizarem, em conjunto com os do consórcio contratado, tarefas de diligenciamento e inspeção no Brasil e nos Estados Unidos, para assegurar o cumprimento de prazos, incluídos os da logística de fabricação, embalagem, transporte e importação. Uma política de bonificação da contratada foi também empregada, e com sucesso. 5.6 Comissionamento e conexão ao Sistema Nacional Interligado O comissionamento da Quinta Unidade foi realizado de 15 de maio a 30 de junho de 2002. Dado à compressão generalizada de prazos, muitas correções foram realizadas até o momento do sincronismo da máquina. A entrada em operação comercial foi atestada pela CBEE como acontecida às 5 horas de 1 de julho de 2002, não fazendo qualquer sentido de que essas cinco horas passadas da data limite de 30 de junho de 2002 fossem, para qualquer efeito, consideradas como atraso: a última etapa de implantação das três Unidades Geradoras da termelétrica William Arjona em regime de urgência foi, a exemplo das duas primeiras, um inquestionável sucesso. 6.0 - CONCLUSÕES As três unidades geradoras aqui em destaque foram completamente implantadas, desde a sua aquisição até a posta em marcha, em prazos de 5 a 6 meses cada uma. Ficou demonstrado que a implantação de Unidades Geradoras em termelétricas a gás natural em prazos emergenciais é possível, desde que especiais cuidados com as estratégias de aquisição, implantação e posta em marcha sejam tomados. A aquisição de máquinas usadas, desativadas e em condições de operação pode ser, em muitos casos, a única maneira de viabilização de prazos críticos para implantação. A adoção de contratos “EPC” de escopo tão completo quanto complexo é recomendável, desde que a atuação da contratante durante a implantação seja verdadeiramente ativa, especialmente na tomada de decisões e efetiva participação no planejamento, na logística e no acompanhamento dos itens mais críticos, como os relativos a fornecimentos e serviços especiais. Quando o reaproveitamento de máquinas usadas e desativadas se mostrar a melhor opção, a conversão de combustível e de freqüência e manutenções e adaptações preventivas e indispensáveis são alguns dos caminhos críticos, onde a atuação da contratante poderá fazer a diferença. Em qualquer caso, sempre que a equipe da contratante e futura operadora colocar sua experiência a serviço da atividade de comissionamento, tanto ela como a contratada obterão valorosos benefícios advindos da troca de vivências e do trabalho em parceria e em espírito de equipe, tanto quanto proporcionará o interrelacionamento das equipes de desenvolvimento, implantação, operação e manutenção durante todas as fases do empreendimento, com as naturais vantagens decorrentes. A estratégia de atuação efetiva da contratante no empreendimento em foco neste Informe Técnico foi preponderante para o seu êxito. Esta estratégia pode ser resumida na sigla “MEPC”, que corresponde a Managed Engineering, Procurement and Construction Contracts – Contratos de Engenharia, Fornecimento e Construção Gerenciados pela contratante. No caso específico, os benefícios decorrentes da contratação “chave na mão”, como as garantias ao empreendedor e a figura de um único interlocutor nas questões contratuais, foram agregados aos de real controle de custos, escopo e prazo. Tais vantagens não ficam restritas à contratante e à contratada: o usuário final e o sistema elétrico interligado também delas compartilham, na medida em que outro fundamental fator ficar igualmente garantido: a qualidade. 7.0 - COLABORADORES Os Engenheiros Carlos Fernando Bandeira Holme e Leandro Marcos Magri, da Tractebel Energia, colaboraram na elaboração deste Informe Técnico. 8.0 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Cunha, Carlos E. F. Planejamento Estratégico em Empresa Pública Versus Empresa Privada. Florianópolis, 1998. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) – Centro Tecnológico, UFSC. Müller, Benevides, Magri e Luz, Gestão Integrada de Obras e Contratos EPC para Implantação de uma Hidrelétrica de 450 MW, XVI SNPTEE, Campinas, SP, Brasil Documentação técnica e contratual do acervo da Tractebel Energia S.A.