41, 41, J EU(R S O ..HRA OU ORAÇÃO ASPIRINA é contra gripes, constipações e dres de .cabeça A SPIRINA é rápida e bem tolerada. Em cada casa, ASPIRINA. ASPIRINA há só uma, a da Bayer! Ostentando a bandeira das Nações Unidas, o navio - grua ý<Dunkuerque», quando em 1957 procedia a trabalhos de desobstrução no canal de Suez. e CANA.L DI SUEIZ Por JEAN DANES O arranjo militar Imposto a egípcios e israelitas pela tenacidade do «mágico» Kissinger deverá permitir a rea. bertura do Canal_ do Suez, brutalmente encerrado por Nasser em 1967. Desde essa data, Os 161 quilómetros dessa «via marí. tima real», concebida pelo francés Ferdinand de Lesseps e inaugurada em 1890, permaneceram mortos, ficaram assoreados e, finalmente, transformaram-se numa frente de guerra. Em 1966, tltimo ano da sua completa exploração, o canal, nacionlilzado por Nasser em 1956, foi utilizado por 21 250 navios - dos quais 9 930 petroleiros -, ou seja, uma mé. dia de 56 por dia. Esses navios transportaram 176 miEm cima: durante a recente guerra israelo-drabe, um soldado israelita observa as posições militares n< Canal de Suez A direita: ponte flutuante construída sobre as águas do canal, no decurso do último conflito entre árabes e israelitas. lhões de toneladas de petróleo e 66 milhões de toneladas de outras mercadorias, o que representou, no total, 14% do tráfego marítimo mundial. Nesse ano, o Egipto arrecadou 209 milhões de dólares. Desde 1967 até hoje, e sem contar com os inevitáveis aumentos de tráfego e direitos de passagem, o Egipto perdeu, pelo menos, 1500 milhões de dólares. O Egipto não foi a única ,vitima desse golpe de Nasser. O canal reduzia os trajectos marítimos entre a Europa e os países do Levante de 44% em média, o trajecto de Odessa a Bombaim de 66%, de Londres ao Golfo Pérsico de 50% e de Roterdão a Tóquio de 25%. O desvio pelo Cabo da Boa Esperança aumentou entretanto o custo do transporte, deu origem à construção de petroleiros gigantes, e, acrescido da taxa de fretes, provo. cou o declínio das escalas de Adem e Djibouti e de portos como Triest e Marselha, agra. vou o défice da balança de pagamentos de numerosos países industriais (20 milhões de libras esterlinas por mês para o Reino Unido, por exemplo). A Comissão das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento CNUCED calculou em sete mil milhões de dólares o custo para a comunidade internacional das consequências económicas resultantes do encerramento do canal para o período que vai de meados de 1967 a fins de 1971, e de 1,7 milhões o custo anual, depois dessa data. No passado dia 16 de Outubro, em plena guerra, o Presidente Sadat declarava-se pronto a reabrir «imediatamente» o canal à navegação internacional e anunciava qike havia dado ordens de preparar sem demora o seu desassoreamento a «partir do dia imediato ao da libertação da sua margem oriental». De facto, o Egipto pretende não apenas, com a reabertura do canal ganhar dinheiro, mas tambéín garantir á. sua segurança pelo interesse das potencias pelo normal funciona. mento do canal. Por outro lado, o Egipto tem planos grandiosos no que respeita ao Sinal que espera recuperar na totalidade. O Ministro egípcio da Reconstru,ão, Osman Ahmed Osman, pretende industrializar o Sinal, ex. plorar as suas riquezas mineiras e petroliferas e instalar ali camponeses, e abri-lo ao turismo. Prevê, ainda, abrir sob o canal, três túneis, sendo um para permitir a irrigação do Sinal e os dois outros para a passagem de comboios e 4utomóveis. Reabrir o canal, é a vontade do 'Egipto, mas qual canal? Antes do seu encerramento, o canal podia receber navios de 70000 toneladas. A óptica dos transportes marítimos modificou-se em - seis anos, e o canal apenas pode interessar a navios de mais de/70 000 toneladas, cada vez mais numerosos hoje. O tamanho médio dos navios que devem sair dos estaleiros no decurso do primeiro semestre, de 1974, é de 154 000 toneladas, e será de 163 000 toneladas no segundo semestre, e de 212 000 toneladas em 1976. O Egipto terá de escolher entre três soluções: 1 - Repor em condições essa via aquática, sem a modificar (duração dos, traba.lhos: 6 a 8 meses;, custo: 10 milhões de dólares). 2- Aprofundar o canal para permitir a passagem de navios de 150 000 toneladas (duração dos trabalhos: pelo menos, 2 anos; custo: 'desconhecido). 3 - Alargar e aprofundar o canal para permitir a passagem de petroleiros gigantes de 250000 toneladas (duração dos trabalhos: :4 anos; custo provãvel: mais de 1000 milhões de dólares). Na realidade, a escolha situa-se entre a primeira solução, a mais rápida e menos custosa, e ,terceira, quenAcessitaria. de maciça assistência internacional Os observadores pensam que, para eviPAGINA 3 Obtida através do satélite americano «Gemini XI» mostra a zona onde se tem desenrolado o conflito do Médio Oriente. Biblioteca do Arq. Hist. dQ Moç. N.o_ V ý Cota -A HISTORIA TORMENTOSA o CANAL tar a ingerência estrangeira, o Cairo que tem pressa de voltar a encher os seus cofres, adoptará a primeira solução. Alargamento e aprofunda. mento são, no entanto, seriamente encarados para uma fase ulterior e provavelmente longínqua. Em todo o caso, as autoridades egípcias pediram já «empréstimos» e preços a empresas oeste-alemãs e nipõnicas para repor o canal em funcionamento, O Japão prometeu já um empréstimo de 140 milhões de dólares. Os trabalhos a realizar são colossais: os taludes foram abatidos e minados, diversos navios obstruem o canal, uma ponte flutuante e várias móveis foram afundadas e cidades onde vivia um milhão de pessoas terão de ser reconstrufdas: Port Tewflk, Port Fouad e El Kantara estão totalmente destruídas. O Suez está mais de 50% álestruJdo, e Port Said e Ismaília estão 30% destuidos. . Depois do Egipto, é a URSS quem mais interesse tem na reabertura do canal. Para os seus navios, o trajecto de Odessa a Bombaim ficaria reduzido de 12 000 para 4182 milhas marítimas. Para a sua Marinha de Guerra, sobretu. do, que poderia reforçar-se e ser fácil e rapidamente reabastecida nas águas vizinhas da China. A URSS tem presente no Mediterrâneo de 96 a 100 navios de guerra, e a esquadra soviética poderia facilmente passar do Mar Negro para o Oceano Indico, o que lhe permitiria aumentar a sua Influéncia no Golfo Pérsico e no sub-continente indiano, onde, os seus interesses e as suas ambições económicas são grandes. Mesmo a reposição do canal em condições de utilização segundo a primeira solução interessa á URSS, que não possul superpetroleiros e poucos cargueiros de muito grande tonelagem. (Copyright AFP) POR EDOUARD PELLISSIER Foi a 7 de Junho de 1967 que os primeiros soldados israelitas se lançaram completamente vestidos às águas acolhedoras do Canal do Suez enquanto os restos do exército egípcio fugiam em desordem para escapar ao cativeiro. Orgulho do Império Britônico, nacionalizado em 1956 por)ka.ser com uma grande gargalhada, o canal do Suez tornou-se em «via morta». O Egipto perdia de um só golpe uma receita anual avaliada em muitos milhares de francos, ou seja, 60% das suas receitas em divisas. Para a' Europa. o desvio do tráfego marítimo paraa o Cabo da Boa Esperança custava ainda mais caro: mais de 22 milhares de milhões de francos em seis anos. Um novo capitulo se inscrevia assim na história tormentosa do Canal. DESDE OS FARAÓS ATÉ NAPOLEAO m Inaugurado em 17 de Novembro de 1869 pela Imperatriz Eugénia, esposa de Napoleão III, na presença dos soberanos da Austria, da Prússia e dos Países Baixos, o canal de Ferdinand Lesseps, maravilha da técnica europeia, abria ao mundo Uma embarcação atra-,easa o Suez em direcção à margem oriental, transportando abastecimentos para o Terceiro Exé4rcito egípcio, cercado no Sinai. uma rota marítima que os faraós haviam utilizado uns 2000-àuns antes de Cristo. Destruido pelos Assírios, reconstruido uma primeira vez pelo Faraó Néchau com o emprego de 200 000 escravos, o canal ligou em primeiro lugar o Mar Vermelho ao Nilo. Duas trirremes podiam cruzar-se de frente. Obstruido pela areia, reaberto durante dois séculos -pelos Romanos, foi de novo abaidonado antes que o conciuistador árabe Amurou o tire do seu sono cerca do ano 640 para assegurar o abastecimento., de Meca e Medina de trigo. Cem anos mais tardé, o canal ficou de novo inutilizado em conseqúência de um conflito inter-árabe. A descoberta da rôta do Cabo pelos portugueses representa- um duro golpe para o comércio veneziano que procurará sem êxito submeter ao Sultão do Cairo um novo plano para a abertura do Canal. Em 1789, a França, que pretende fazer dobrar o joelho ao Impérito Britânico, sonha ressuscitar esta via marítima que a aproximaria da tndia. Levado ao Egipto por Bonaparte, o arquitecto Lepère estuda a possibilidade de estabelecer um canal de Bubaste ao Suez. O seu relatório é publicado em 1809 sob o *título de «Memorial sobre a comunicação do Oceano Indico ao Mediterrâneo pelo Mar Vermelho e Istmo do Suez». Mas a destruição da esquadra francesa em Aboukir arruina os planos ambiciosos de Bonaparte. Amigo de. infância do Quediva Mehemet Ali, Ferdinand de Lessepa, que era filho do Agente Geral da França no Egipto, pega no Memorial de Lepère, e obtém o direito -de fundar uma sociedade universal encarregada de. construir um canal marítimo e de o explorar durante 99 anos. Os trabalhos duram 10 anos. Assim que o canal é aberto, os ingleses decidem assegurar o seu controlo. Primeiramente, o Primeiro Ministro Disraeli compra as acções do ýQuediva, em 1875. Sete anos mais tarde, apesar dos protestos de Lesseps, os ingleses desembarcam no istmo e utilizam o canal para as suas operações militares que os tornam senhores do Egipto. A Convenção de Constantinopla, assinada em, 1888, previa o livre acesso de todos os navios, tanto em tempo de paz, como em tempo de guerra, mas a Grã Bre: tanha proclamou-se «protectora» efectiva do Canal e ali permaneceu durante 74 anos. UMA IMPORTANCIA ESTRAT£GICL A ocupação, do Egipto seguiu-se a reconquista do Sudão e a anexação do Uganda. Durante a I Guerra Mundial, uma operação germano-turca procura conquistar o canal, enquanto a Inglaterra, para garantir a sua segurança estende a sua zona de influência ao Próximo Oriente. A II Guerra Mundial confirma a importância estratégica do Canal que permite ao exército britânico colocar rapidamente as suas forças entre a - Asia, o Próximo Oriente o a Africa Oriental. Em vão, procura por sua vez o Marechal Romnimel apoderar-se do Suez. É vencido em El Aldmein a 23 de Outubro de 1942. A segunda metdtle do Século XX vê instaurar-se a hegemonia de dois «Grandes": nRSS e USA. Estas duas po tências farão recuar o exército franco-britânico que havia desembarcado em Port Said e avançava ao longo do canal nacionalizado por Nasser. Fechado, o canal não mais é acessível aos navios, desde Outubro. de 1956 a Abril de 1957, o que provoca uma grande crise económica na Europa, subitamente privada de petróleo. Em 1967, pelo contrário, o encerramento do Canal do Suez cai sobre uma Europa melhor armada para enfrentar esta nova crise. Para solucionar o problema do desvio para a rota do Cabo da Boa Esperança, os armadores haviam, com efeito, aumentado a tonelagem das suas frotas, transportando assim de uma só vez um volume triplo ou quádruplo. O INTERESSE SOVIÉTICO Em fins de 1971, a média dos navios cisternas e dos cargueiros mistos em serviço e em estaleiro excediam 200 000 toneladas de arqueação e não podiam utilizar o canal, devido à sua profundidade presente. O transporte de petról-o por «condutas» estava igualmente em desenvolvimento. No total, mais de 260 milhões de toneladas eram despejadas todos os anos directamente do MediterrTâneo. No entanto, não há dúvidas de que o Canal do Suez terá de ser preparado para se adaptar à evolução do tráfego marítimo. O envio pela França e pela Itália de numeroso equipamento para a Arábia Saudita e Irão, de acordo com os últimos contratos assinados, abre brilhantes perspectivas ao Canal. Mas, mais ainda do que a Europa, a URSS, que não possui senão uma frota comercial de pequenas e médias unidades, está interesseda na reabertura do Canal que reduziria de doN tercos o trajecto de Bombaim a Odessa. Do ponto de vista estraféqico, o canal oferece à esquadra russa as vantaqens que oferecia anteriormente à esauadra britânica. Estas facilidades não deixam, contudo, de levantar sérios problemas aos americanos. Mas o regresso à paz no Próximo Oriente e a reconciliação 'dos americanos com os árabes valem bem a reabertura do canal. (Copyright AFP). e NOTA DA REDACCÃO OI recentemente noticiado terem sido encomendados a um estaleiro do Brasil, por empresas de pesca de Angola e Moçambique, uma série de dez embarcações destinadas ao transporte de camarão (a noticia referia apenas transporte e não pesca), no valor aproximado de 65 mil contos. Apenas no que a Moçambique diz respeito, já não tem conta o número de vezes em que, através da Imprensa, se tem feito referência a compra e encomenda de barcos para a pesca do camarão. E tantas têm sido elas que, a darem-se todas como seguras, Moçambique deverá ter aquilo a que se podará,chamar com propriedade uma das maiores frotas camaroeiras. Daqui a conclusão igualmente lógica de uma abundante existência de camarão, pressuposto que não corresponde à verdade, pelo pienos no que se refere! ao abastecimento do mercado interno. Alguma coisa está, portanto, errada. ' É claro que a exportação canalizará para o exterior a maior quantidade do camarão pescado. Porém, com tantos barcos como os que têm sido anunciados, era de esperar que a apanha desse para todos, o que não tem acontecido. Entre nós, o camarão é apresentado como se de um artigo de importação se tratasse, dada a sua raridade e preço, não obstante haver uma tabela oficial fixando as margens máximas da sua comercialização. Ainda não há mui to tempo uma senhora encontrou num supermercado da capital camarão a 120$00 o quilo. Manifestando a sua, estranheza, visto que a referida tabela o fixa em qualquer coisa como 55$00, recebeu de um empregado do estabelecimento a explicação de que se tratava de artigo comprado por preço bastante alto apenas para satisfazer os amigos 1 E como eles têm de ganhar alguma coisa ... Concordamos inteiramente com as exportações, porquanto a situação económica de Moçambique resultante dos reduzidos meios de pagamento, sobre o exterior, aconselha o seu incremento, tanto quanto possível.Mas também entendemos que não se devem pôr de lado os legítimos interesses do mercado interno, já tão carecido de uma vasta, gama de artigos, quer de importação quer de produção local. Aliás, com tantos barcos, era de esperar que a pesca desse para os outros e também para nós. Olrector: Eng.- Rogério de Moura. Alncias Notic : Franca Press. IntAr Nationes e Dias da Silva, Proriedad: Tempográfica, SARL Redacçã. Administraç.o 0 Oficinas: Av. Afonso de Albuquerque. 1017.A e 2 (Prédio invicta). Telefone 261911213. Caixa Postal 2917 - Lourenço Marques. 111hW 1:f- e Canal de Suez .. . Nota da Redacção ......8 A Redacção .. ........6 Semana .0........ A situação em Moçambique largamente tratada pelo Chefe do Governo - Não se pode ensinar na Universidade nos intervalos de actividades rendosas - Para quem devem ser os 30 mil contos? - Na Metrópole: papel de jornal isento de direitos Na Metrópole:' quanto custa a renda de casa. Internacional .... .. .Sexo e salário na Europa - Fran. ça: conversações no âmbito da ONU - Os Estados Unidos a perder em vantagem?Estados Unidos: levantadas as restrições às exportações de capitais - Para garantir o fornecimento de petróleo. Os Estados Unidos planeiam invadir Abu Dhari Zâmbia e os transportes na Africa Austral. Maçonaria ....... 19 : Quixote ou o direito ao sidnho 22 Pprspectiva (As eleições inglesas) ... ..... . . 24 Pop----------. 26 A água'que se bebe Boane. 30 Jesus Cristo Superstar .... 32 Artes e Letras ..... . 37 Serviço de Urgência e Reanimaçio .-.-.-------.-.---42 Gigante volta a Lisboa .... 48 Passatempo .... .. . 63 Tempo Desportivo .... 57 Factos e Fotos ... .. . -62 Opinião . .-.. . . 04 50 CONTOS HA QUATRO ANOS Senhor Director, Mais uma vez venho junto de V. Exa. rogar a fineza da publicação desta carta. Fui de férias à Metrópole, em Maio de 71, foi-me autorizado transferência de dinheiro para eu poder gozar uma férias sem dificuldade; mas acontece que ainda hoje tenho em meu poder uma ordem de transferência no valor de 50400$00, emitida em 14 de Julho de 1971, que ainda não me foi paga. A **O FOT «Descontracção», de Artur Moreira do Vale, Administrador do Concelho de Marracuene, Vila Luísa, é a melhor foto dos nossos leitores, esta semana. Como habitualmente o seu autor tem direito a uma assinatura de «Tempo» ao longo dos próximos 3 meses. Tenho pedidp informações ao respectivo Banco, dizem-me que não há cobertura; pqra que autorizaram se não tinham cobertura? Foi para ficar a negociar com o meu dinheiro? Eu sou um humilde empregado e sinto-me explorado por quem não conheço; será que se pode brincar com o povo desta maneira? Já escrevi em 12 de Agosto de 1973, a Sua Excelência o presidente do Conselho de Ministros; pedindo para me esclarecer: recebi uma resposta muito simpática, mas nada se modificou; diz o sr. Presidente que foi prestada a melhor atenção, informando que o assunto tinha sido enviado ao Ministério do Ultramar. Em 6 de Dezembro de 73, escrevi pedindo informações ao Ministério do Ultramar e até à data não recebi resposta. Eu vivo desde 1955 numa zona que hoje é deveras enervante, mas há quem, bem instalado em poltronas, tenha lucros com "o dinheiro que tanto me custou a ganhar. Antônio de Sousa Amarai TEMPO É DINHEIRO Senhor Director, Espero de V.Ex., o máximo de compreensão pela maçada que com certeza lhe estou a dar, mas as circunstâncias, pelos motivos em que me vi envolvido obrigam-me a recorrer à conceituada revista «Tempo» da qual V. Exa. é digno director, e eu assíduo leitor e grande admirador. Hoje mesmo me dirigi aos S.M.A.E. com o objectivo de receber certa importância em dinheiro referente a um depósito feito quando de uma ligação de electricidade por mim pedida. Tudo estaria bem se não se tivesse dado o caso de ter esperado, sem que motivo algum o justificasse a não ser comodismo e aquela falta de interesse que se nota nos funcionários públicos para com aquele povo anónimo que é e será semprg a base principal da sua sobrevivéncia nos lugares que ocupam, duas horas e cinco minutos para que o meu caso fosse resolvido. Será que se pode chamar a Isto eficiência? Será que esses funcionários que para mim olhavam disfarçadamente e sorriam entre si com um sorriso comprometedor não se lembrariam que eu trabalho, que o meu tempo é dinheiro e que não tinham o direito de «gozar» por verem o meu desespero, o meu sistema nervoso alterado e talvez por verem em mim vontade de ser mal. criado (felizmente o fui)? Porque a educação que recebi é superior a todos esses olhares cotb'lrometedores e a esses sorrisos que entrêlsi trocavam. Senhor Director: Gostaria que, caso fosse possível, se publicasse na secção de cartas ao Direc. tor, não digo a minha carta na integra, mas sim algo baseado nisto para bem de todos que, como eu, têm mais que fazer, e que não são funcionários com décimo terceiro mês, nem chá às dez e que de ar condicionado às vezes nem nos cinemas. Nelson Figueiredo Matos MOSQUITOS Senhor Director, Tomo a liberdade de lhe roubar alguns minutos na leitura desta missiva agradecendo o espaço que V. Exa. tem a bondade de ceder aos leitores da revista «Tempo». Mosquitos, muitos mosquitos, biliões, triliões de mosquitos é o meu, perdão, o nosso tema. Vivo (entenda-se vivemos) no Bairro Prof. Silva Cunha. Ai de nós, quando a noite chega... Fora de casa, procura-se o ar fresco e logo somos atacados, picados, fuzilados, trespassados por mosquitos ferozes. Há as crianças, essas infelizes que ainda não adquiriram a prática de dar aquela tapadinha que espanta, que doi, que esmaga o inimigo. Há os pobres, esses que não nce"qqi<m <l o ir exterior, porque no Interior ar não falta e mosquitos também. liá os mais ubatustados .. basta comprimir o dedo sobre o carapuçozinho e Pff... Pff o mosquito cai. Há os ... bem, há os que não ligam nenhuma A saúde, aos mosquitos, etc., etc. Por tão pouco, de que pode advir mui. to, peço, brado, suplico, a alguém de direito, que mande pôr uns pozinhos nas águas estagnadas do Infulene, uns Pffs... Pffs... frequentes e umas notas oficiosas a curto prazo aos utentes de terrenos que não capinam nem mandam capinar. Oliveira FAZER ... OU EMPATAR Senhor Director: Acabo de ler um artigo na revista «Tempo» n., 172 com o titulo em rubrica que, dada a teoria que defende, me fez rir a bom rir e me levou, acto continuo a escrever estas linhas, que agradeço sejam publicadas, caso V. Exa. não veja qualquer inconveniente nisso Afirma o subscritor do artigo que a burocracia é o menos. O pior são as dificuldades e entraves que os funcionários põem na sua execução. Em seguida, aponta os inconvenientes que disso advém para o contribuinte. Neste ponto, até me parece que há algo de verdade nas afirmações acima, mas também não é menos verdade que o contribuinte muitas, das vezes, apenas tem em conta o facto de não ser atendido acto imediato. à sua chegada ao «guichet», não atentando nos montões de serviço que os funcionários quase sempre têm em mãos para executar e que não podem protelar, alguns de muita responsabilidade e que não admitem, ou não deveriam admitir, interrupções por tudo e por nada. Por outro lado, duma mane.ira geral, o funcionário que atende o contribuinte não tem poderes para dar a tal resposta desejada ao mesmo. Para tal, têm os assuntos que ser estudados e despachados por outros funcionários. E tudo isto leva o seu. tempo, conforme os casos, claro ! Sugere mais adiante o autor do artigo que se crie um centro de mentalização de pessoas que se candidatem a funcionários, a exemplo dos centros de aperfeiçoamento profissional. Ora, é aqui que se encontra o fulcro da questão! É uma sugestão extraordiná. ria, não há mesmo dúvida nenhuma! Mas o pior ... é o pior! O que é necessário é estar-se em condições para o fazer! Quando nos propomos dar sugestões de tamanha responsabilidade deveremos constatar se temos os pés bem assentes!... A verdade é que todos nós sabemos que há uma grande crise de funcionários. Porquê? A razão é bem evidente !!! Já lá vai o tempo em que para se ser funcionário era preciso ter excepcionais aptidões ou a tradicional «cuhha». Ser funcionário era um «luxo». Desde então, as coisas foram mudando até á situação actual. Hoje, dadas as dificuldades no seu recrutamento, lança-se mão dos que vão aparecendo. Eu fui funcionário es. pecializado durante sete anos. Como tenho três .filhos a sustentar senti a ne. cessidade de:procurar outros rumos e fui trabalhar para uma entidade privada. Sabe? Enbora mal, comecei, logo de inicio, a ganhar mais uns 50% do que ganhava, num ramo de que não percebia patavina. Com a vantagem ainda de o ordenado ser reãjustad4 amiúde, ou seja, quase todos os anos. Peío' exposto, lamenta-se mas não se vê outra solução senãoirmo-nos governando com a «Prata da Casa» como soe dizer-se. Seguindo a teoria ,do autor do artigo seria «andar o carro à frente dos bois»,. :'Haveria r8paàrtições desertas poi quem possui ýa tal 4estrýza, aperfeiçoamento e mentalização, isto é, as chamadas aptidões, prpcura outros caminhos melhor remunerado por que, hoje em dia, a ideia, de sacerdõci, e sentido altruísta vai-se extinguindo em face da,; necessidas a ue pode m p ios eximir-nos. Para se poder aplicar a teoria do au. tor do artigo é preciso estruturas, pagarem-se mentos e reajustá-los a a permitir ao funcioná subida vertiginosa do.à se vem processand', e tqepois sim. Então po tal selecção desejada. Com os meus respeitos -me subscrevo. ENCARGO PARA G Embora muito se tenh nue batendo nesta tecla, tudo continua aumenta E nós, «Zé», só sabemos tomar uma atitude das estão ao nosso alcance, Vejamos um exemplo: uma Empresa de Cinen Marques e em relação taxa do. selo, de Defesa bilhetes de espectáculo anunciar que chamava com o aumento do ref Mas será assim? Eu explico porquê. - Há os bilhetes de cinema er teia» e 22$00 o «balcão» D. N. - 1$00 ýe os m claro, para 21$00 e 23$ pouco tempo, serem arr 22$50, plateia e balcão, Depois de novos aument -se ao preço de 25$00 balcão, isto, antes de a 1 ano (52 números) 0 meses (26 0números) remodelarem-se vigor o novo aumento do selo D. N. Vem melhores vencientão o dito aumento do selo, mais 1$50 miúde de molde e não 2$50 uma vez que o Diploma que rio fazer face à determina este aumento veio alterar um to de vida que anteriormente publicado, creio que em tc., etc. 1965 cuja taxa era de 1$00, e eis que a der.se-á fazer a referida Empresa, na mesma altura faz passar a vigorar nos seus cinemas os os cumprimentos preços de 27$50 (aumento de 2$50) para a plateia mantendo os 30$00 para o bal«Forasteiro» cão. Concluindo: se a dita Empresa diz chamar «a si» o encargo com o aumento UEM ? do seló; então como é que logo fez passar os preços de plateia de 25$00 para 27$50? Não é isto um aumento de 2$50? .a batido e conti. Se tivermos em conta que qualquer pIaa verdade é que teia dum cinema tem pelo menos o doido e à grande. bro dos lugares que qualquer balcão, barafustar, mas chega-se à conclusão que uma vez que que por vezes houve um aumento de 2$50 nos lugares não o fazemos, da plateia, tal, suplanta, se todos os biainda há pouco lhetes - plateia e balcão - fossem apelas de Lourenço nas sobrecarregados com 1$50 como a Lei ao aumento da agora prevê. a Nacional, para Finalizando com um exemplo: se a tos públicos, fazia dos os bilhetes dum cinema com 1200 a si o encargo lugares, 800 plateia e 400 balcão, fosse erido selo. acrescida a taxa de 1$50 daria mais creio que não e 1 800$00. Em contrapartida, aplicando-se cerca de 8 anos um aumento de 2$50 nos 800 lugares da am a 20$00 «pia- plateia a receita sobe para mais 2000$00. . Veio o selo de Há por conseguinte uma margem, - luesmos passaram, cro ? - de 200$00. Por conseguinte, eu 00 para passado não consigo compreender como uma Emredondados para presa nesta situação, diz chamar a si um respectivamente. encargo, que está mais na origem dum os, encontravamaumento das suas receitas. plateia e 30$00 gora entrar em Um Leitor Distrito de L. Marques 490$00 250$00 Outros Distrits (via sêrea) 605$00 210$0 Se o pedido de inscrição não for acompanhado da importância respectiva, o primeiro numero serã remetido à cobrança pelo valor total da assinatura. DESEJO SER ASSINANTE DA REVISTA wTEMPO» A PARTIR d dia ........................ da próxima semana Nome .................................................................................................................................... .. M orada .................................................................................................................................... Localidade ............................................................................................................................... vale do correio anual Envio por o valor correspondente a uma assinatura cheque semestral r. Director, É a primeira vez que me dirijo a V. Ex., na qualidade de Director da revista «Tempo». Por isso, antes de mais, apresento-lhe os meus sinceros cumprimentos e felicitações pela orientaçção que tem dado a este semanário. Não estou de acordo, porém, com um artigo aparecido no último número de «Tem. po» n.o 177, de 3 de Fevereiro de 1974, página 62, sob o título «Falando de Objectividade». Sinto-me no direito de fazer um breve comentário ao mesio dado que me toca directamente. - O sr. Ferreira Simões, profundo conhecedor da lógi. ca de Gõrgias e autor do referido artigo, Ignora as mais elementares regras duma sã hermenê'utica e respeito pela pessoa humana, existente aqui e agora. Tira, por isso, uma frase do contexto geral e toca a sofisticar. «O homem é a medida de todas as coisas». Há, sim, uma aparente generalização na carta em causa. O contexto, todavia, é muitíssimo claro. Três vezes afirmo: «tenho a impressão que certos jornalistas ... ; o mal disto está, precisamente, na parcialidade de alguns jornalistas ...; e alguns membros da sociedade civil» (junto en. vio um recorte para que possa conferir). Saber ler - eis a questão. - Não percebo muito de jornalismo mas, talvez, mais do que o sr. Ferreira Simões percebe «da influência dos raios «laser» na cultura do amendoim!» Uma coisa sei: o jornalista deve ser - ou não o seja - objectivo, sincero, coerente e educado. Há um exagero na afirmação do sr. Ferreira Simões. Eu não percebo muito, logo, não percebo nada. Será verdade? - É verd.ade que há liberdade de imprensa. Eu pensava que houvesse menos. Na car. ta ao sr. Guilherme de Melo eu dizia: «Não lhe respondo publicamente porque não gosto de ofender ninguém e também porque Os meios de informação são intocáveis e condicionados por mil e um factores». Ele, gentilmente, respondeu-me: «E se lha Ira. bliquei, foi apenas para lhe provar que, ao contrário do que nela afirma os meios de Informação não são tão intocáveis nem tão condicionados por mil e um factores como supõe. E, segundo, que até me pode responder publicamente pela simples razão de que não ofende quem quer. Mas só quem pode». Não há liberdade absoluta? Mas onde se encontra essa liberdade? Há, certamente, uma liberdade relativa, até mais cio que pensava. ~~~ o nada e o tudo existe ama gama infinita de valores. O sr. Ferreira Simões acha que «esta informação» é grave e mentirosa. Quem é que diz a mentira? Eu não, certamente. O sr. Ferreira Simões exagera ao afirmar o que afirmou e é injusto. - Não é verdade que eu tenha dito que todos os padres são santos. Disse, claramente, que alguns erram mas que devem ser tratados e respeitados como os demais cidadãos, nas mesmas circunstâncias. (pode conferir) A generalização, neste caso, foi cometida pelo sr. Ferreira Simões, «por muito que isso lhe pese». - Tenho a impressão que o sr. Ferreira Simões confunde verdade com opiniões, sentimentos e pontos de vista pessoais. Um milhão de opiniões nunca dará uma verdade. Logo, as opiniões, os sentimentos, os pontos de vista pessoais podem e devem ser discutidos em particular como processo cognoscitivo, como hipótese de trabalho. 'As verdades, pelo contrário, devem ter livre circulação. Não há generalização, neste caso. Terá o sr. Ferreira Simões um conceito diferente de verdade? Neste caso, não é possível d,4alogar. - A ideia que o sr. Ferrei- ra Simões tem do cristão é característica da Idade Média. Identifica substância com acidentes. Pensa «que não existe progresso moral nem ético-juridico e que, portanto, tudo quanto fez o romano ou o grego ou o judeu vetero-testamentário é e há-de ser paradigma da acção individual, racional e internacional para todo o sempre>. Desconfio que ele tenha escrito sobre o assunto apenas" para «picar» e ver a reacção. Estou pronto para escrever sobre o que é o cristão, actualmente. Publicam ? - É9 falso que tenha sido eu quem deu origem ao diferendo. Confusão entre causa e efeito! A causa foi o artigo «Vendilhões do Templo» e o ter publicado a minha carta sem prévia autorização. - É extremamente grave que um profissional, conhecedor da arte de informar, tenha citado uma frase minha alterada (positivamente). Veja bem como está escrita e aprenda a citar as coisas como o autor as escreveu e não c=o lhe pareceu que seria melhor para os seus fins apologéticos. Afinal, fiquei a saber que se quis enumerar entre os não objectivos. - Conclusão: Sabia muito bem que é tempo perdido dialogar com alguns jornalistas. Quando alguém lhes observa No alto do monte, acocolada junto ao tu o onde docoria a sua existncia desde que fora votada ao ostracismo, a velha sibila olhava Delfos, particularmente a praça e o templo, de cujo oráculo fora a mais célebre pitonisa, quando. com grande espanto, reparou no homem que subia a v tente da encosta na sua dirc~ Era a primeir ves «Filho meu, atende à minha sabedoria: á minha razio inclina o teu ouvido. Para que conserves os meus avisos e os teus lábios guardem o conhecimento.» (Provérbios 5. 1-2) que tal facto, verdadeiramente is61it, se verificava. desde que fora ecoaraçada pelos sacerdotes do templo e pela popuao de Delfos. O desconhecido. trazendo no olhcr o cansaço de longas cminhadas in&utiferas e uma indizível ang~süa, corria mundo em busca da verde, desde que sobre ele fora lnada uma estra maldição por um homem transportando uma cruz às costas, ao qual recusara um pouco de doscanso ~ sombra da sua casa Depois de ter consultado em Defos o mais famoso oráculo, que no conseguiu rsponder dúvida que o atormentava. alguém lhe falou na antiga sibila, a melhor entre todas quantas até e~tao tnham srvido o templo. Por isso ele ali estava condenado emboa a mais um fracasso- A pitonisa não soube responder-lhe; tamb6m a ela o mostrou inacesivel a verdado que o deeconhecido procurava. E, conquanto o n0 diga Par Lagarvis 6 natural que a antiga sibila lhe tenha respondido: procure o or. Arnndo Ferreira Vau, import6rito defensor da verdade, da objectividade, e do outsm coisas mais. Provavolment., s6 ele lhe poderá responder, pois que, enutea váras tem a apreciável e raia virtud do sabor ler, intespretar os textos e penei=r o segredo das coioas. .Rerut cognoscere causan, como diria Vigflio. Embora não totalmente destituída de uns certos lai-1 vos de marinismo (o que de resto é humano, entenda-se), a carta que o Sr. Armindo qualquer coisa que no esta bem, refugiam-se nos ataques pessoais ou no anedótico mas não resolvem os problemas postos. Proclamam-se vitimas, pessoas de verticalidade, de hombridade e duma ética perfeitissima. Acusam os opositores de «bichos de conta», quando afinal, o que dizem dos outros é próprio deles. Eles é que são tudo isso e mais alguma coisa. É hora, sr. Director, de cirurgiarmos o sistema óptico, as cataratas, a miopia, o estigmatismo, as lentes brancas e de cor, enfim, tudo quanto impede a certos jornalistas de apreender a verdade das palavras que deviam ser a nossa lente de contacto com os ou. tros. Espero a publicação da presente carta. Por 'ela exerço o direito de resposta conferido pela lei, que todos conhecemos. Se a resposta exceder a extensão do artigo que a provocou, agradeço que me seja cnviada a conta relativa à parte excedente. De V. Exa. Muito atenciosamente Armindo Ferreira Vaz Ferreira Vaz dirigiu ao director deste semanário e que atrás transcrevemos, está na realidade bastante bem escrita. Por ela verifico que o seu autor deve ser pessoa inteligente (embora cometa o erro de quase me julgar um completo imbecil), alfabeta e que, abstraindo o facto de não ser como eu profundo conhecedor da lógica de Górgias, nem por isso deixa a lógica por mãos alheias. O seu processo argumentativo desenvolve-se com inteira liberdade, afastando-se nalguns casos e sem qualquer cerimónia da questão de fundo por mim levantada no texto anterior. No raciocinio que a norteou, a facúndia do sr. Armindo Ferreira Voz excedeu-se, ramificou-se, fugiu ao cerne da questão e acabou desabro. chando em flores de retórica que me teriam enternecido, não fora o despropósito da sua dialéctica. É certo que há frases que não podem ou não devem ser apreciadas fora do contexto em que se inserem, sob pena de se adulterar o seu verdadeiro significado. No entanto, nem sempre isso acontece. Tal é o caso da frase do sr. Armindo Ferreira Vaz por mim transcrita e glosada. Tratava-se de uma afirmação feita de forma inequívoca («... liberdade há, o que falta é que os jornalistas a usem objectivamente») cujo sentido se mantinha incólume, mesmo quando afastada do resto do texto. A circunstância de mais adiante se fazer referência a «certos jornalistas», «alguns jornalistas» e «alguns membros da sociedade civil», em conexão com aspectos nem sempre relacionados com objectividade, significa apenas que ai se não generalizou, mas não invalida a generalização anteriormente feita. Se eu escrever «os comerciantes são uns ladrões» e depois acrescentar «tenho a impressão que certos comerciantes andam muito interessados no açambarcamento da cebola», continuará de pé a acusação que lhes é feita, reconhecendo-se embora que nem todos se dediquem a açambarcar a referida herbácea. Creio que a analogia está claramente exposta. ,Eu não escrevi (saber ler - eis a questão) que o sr. Armindo Ferreira Vaz nada percebe de jornalismo. Afirmei apenas - e volto a repeti-lo - que ele mostra ignorar por completo o que são os «meandros da profissão de jornalista». Há uma grande distância separando as duas afirmações. O sr. Armindo Ferreira Vaz pode até ser catedrático, ter estagiado no «Washington Post», que isso em nada viria alterar o seu conhecimento do «status quo" do nosso jornalismo (quando falo em meandros, é óbvia que me refiro aos nossos) e das limitações que o condicionam. Esta conclusão tiro-a das suas afirmações. Nada tenha a ver com o intercâmbio epistolar que o sr. Armindo Ferreira Voz teve com o jornalista Guilherme de Meio, nem com as afirmações ou esclarecimentos por este produzidos. Sempre disse que era uma questão entre eles, sobre a qual me não competia nem compete fazer quaisquer considerações. Também não vou prender-me a dissecar arduamente o vocábulo liberdade. Os conceitos variam. É certo que entre o nada e o tudo existe uma vasta mas não infinita gama de valores. Porém, depois desta tirada, ficamos na mesma. De um subalimentado não se pode dizer que enche a barriga, apenas porque come uma tijela de arroz dia sim dia não. O sr. Ferreira Voz não disse que todos os padres são santos nem eu afirmei tal coisa. Parti apenas do principio de que o imaginasse. Vejo, porém, que não imagina. Certo. Não manifestei qualquer ideia sobre o cristão nem tão pouco falei de cristãos. Disse apenas que o sr. Armindq Ferreira Vaz é católico, posto que ele próprio o confessa, e referi alguns dos mandamentos da Santa Madre Igreja. Nem todos os cristãos são católicos. A afirmação do sr. Armindo Ferreira Voz é gratuita, na medida em que nada havia no meu texto que permitisse semelhante ilação. Quando muito, ele é que julga que eu tenho aquela ideia. Mas se lhe dá gosto supor que eu imagino ser o comportamento do cristão de hoje o mesmo do da Idade Média ou do tempo das catacumbas, nem sequer me oponho. É um prazer ver as pessoas felizes 1 Da minha parte não há qualquer confusão entre causa e efeito. O sr. Armindo Ferreira Voz acha que a primeira não surgiu em consequência da sua carta mas sim do artigo «Vendilhões do Templo». Está no seu direito. Contudo, aquilo que aponta como efeito (a sua carta) não é de qualquer forma uma consequência obrigatória do referido artigo. A publicação deste não implica necessariamente o aparecimento de qualquer carta. E sem esta, a questão não teria surgido. O seu esquema dedutivo autoriza-me a afirmar que se ,a avó do jornalista Guilherme de Meio não tivesse nascido, aquele artigo jamais viria a ser escrito. Logo, ai temos a causa recuada no tempo. E, continuando por ai fora, ainda chegaríamos à conclusão de que a culpada foi a cobrai Jamais cometeria a indignidade de alterar pTopositadamente uma transcrição, de forma a melhor servir os meus fins, apologéticos ou não. A solene advertência do sr. Armindo Ferreiro Vaz levou-me a verificar ainda não tinha dado por isso que a última frase que dele transcrevi peca por alteração de uma palavra, erro que se ficou devendo a um engano involuntário («errare humanum est») e que ele aponta como intencional. Diga-se, no entanto, que o sentido da frase permaneceu intacto. Não saiu de modo algum prejudicado, face às considerações que se lhe seguiram e que teriam sido exactamente as mesmas (foram-me sugeridas pelo original) caso não se tivesse dado o referido lapso. De resto, o sr. Armindo Ferreira Vaz não desconhece que o que estava em causa era a sua afirmação, o espírito da frase que se transcreveu e não o seu revestimento vocabular. Agarrar-se tão sofregamente a um pormenor destituído de qualquer importância, faz-me 0u r que lhe escassearam gumentos. Queira no entanto aceitar as minhas desculpas pelb engano cometido. Não conheço o sr. Armindo Ferreira Vaz. Ignoro se é míope, se sofre de estigmatismo ou de descolamento da retina. De igual modo ignoro também, se ua óculos, lentes de contacto, brancas ou de cor. As minhas são de facto de cor. Com elas corrijo a miopia simples com a qual coexisto há anos e consigo uma acuidade visual 10/10. Mas sempre lhe afirmo que sea miopia ocular é de facto incómoda, a mental é bem mais grave, posto que para essa ainda não se descobriram lentes que lhe sirvaml E por aqui me detenho, pois que o espaço e o tempo não abundam. Fique o sr. Armindo Ferreira Vaz ciente de que lhe não levei a mal o ter-se afastado do «leit motiv» da questão. Também não pense que alinho nas fileiras da clerofobia pelo facto de não emparceirar com a clerocracia. Apenas entendo que a Igreja não deve interferir, como sempre tem procurado, muitas vezes com sucesso, com os assuntos de natureza civil, coarctando desse modo algumas liberdades individuais. Também vale a pena relembrar que a virgiliana frase «Ab uno disce omnespoderá encaixar muito bem na «Eneida», mas fora dela quase nunca corresponde à verdade. É que, de facto, por um não se conhecem os outros. Daí, o perigo da generalização. Fr~ Simões 'li A SITUAiO EM MOCAMBIODE largamente tratada pelo chefe do Governo Moçambique e a situação que este Estado atravessa ocuparam grande parte da importante comunicação do Chefe do Governo central, Prof. Marcello Caetano, feita há dias na Conferência Anual da A.N.P. Após ter apreciado a situação na Guiné e em Angola, disse o Presidente do Conselho, sobre Moçambiýque: «Quanto a Moçambique é também notável o esforço realizado. nos úlimos anos em matria' de comunicações, aproveitam ento de energia, fomentaagrícola e industrial e educação popular. "A construção da gigantesca barragem de Cabora Bassa fez enraivecer o inimigo. A obra vem trazer riqueza a todo o vale do Zambeze e mesmo a todo o sul de Moçambique. Se nos anos iniciais uma parte da energia produzida tem de ser vendida à Africa do Sul, porque sem esse cliente imediato- -não teriamos maneira de por enquanto a consumir toda, ainda resta o bastante para fomentar desde já, no nosso território,- o aproveitamento de novas fontes produtivas. «E quando as Forças Armadas julgavam ter dominado o principal reduto da subversão, lá para o Norte, em Cabo Delgado, e no Niassa, junto à Tanzânia, surgiram as guerrilhas, vindas da Zâmbia, no distrito de Tete, a tentar-nos im:>edir de levar por diante Cabora Bassa. «Não o consequiram. A obra de Cabora Bassa, bem defendida, prossegue ao ritmo previsto e segundo os programas estabelecidos. '«Mas as guerrilhas não desistiram. Habilmente instruidas e comandadas por técnicos estrangeiros, orientadas segundo planos concebidos por um estado-maior inteligente, as guerrilhas e cada guerrilha é um pequeno grupo, de meia dúzia, quando muito, de guerrilheiros- infiltram-se no nosso terreno, dão golpes inesperados aqui e acolá para logo desaparecerem, inquietam, perturbam, destroem, criando um clima de insegurança naturalmente indesejável. «Já temos onze anos de experiência desta luta nos vários teatros de operações. Em Manica e Sofala, como nos outros lugares, não perderemos o domínio da situação. Sem nervosismo. Com serenidade. Mas também com iniciativa e ousadia. «Serenidade tanto mais necessária quanto se sabe que o inimigo procura agora, desesperadamente, cavar um fosso entre brancos e pretos. Se a obra de Cabora Basa o exaspera, a obra espiritual de consolidação da sociedade multirracial portuguesa, o progresso inegável em Moçambique da política da autonomia participada, enfurece-o. Enquanto que no seio do partido terrorista as cisões se sucedem e são contínuas as defecções dos maiorais que voltam a Portugal e aderem às nossas ideias, entre os habitantes é cada dia mais claro que estamos no rumo certo. A fraterna colaboração de raças não convém ao inimigo: ele há-de fazer tudo para tentar criar a desconfiança, d cizânia, o ódio até, entre elas. Mas sabemos o que quer - e não nos deixaremos levar pela sua vontade. O SISTEMA DE PAGAMENTOS «0 novo surto terrorista coincide porém com um período de dificuldades económicas da Província. Há quem acuse o novo sistema de pagamentos interterritoriais de ser causa delas. Não é verdade. O sistema revela-as apenas: não as cria. «0 antigo sistema era insustentável. A dívida das provincias aos exportadores metropolitanos de bens e serviços - os chamados «atrasados- havia assumido um volume tal que, a deixar correr mais algum tempo, se tornaria em problema insolúvel. «Graças ao novo sistema procurou-se que quem vende a uma província ultramarina tenha assegurado o pagamento da mercadoria nas condições normais do mercado. E estamos a pagar os atrasados, não com a pressa desejada, mas com a prudência indispensável: orque foi preciso ir mobilizdndo uma soma enorme de recursos para o pagamento e porque o lançamento súbito de vinte e quatro milhões de contos no mercado metrooolitano -e que estarão totalmente pagos até ao fim do corrente ano- teria agravado tremendamente a inflação. «Mas agora cada província tem de fazer o seu orçamento cambial e só pode desoender em moeda do exterior as disponibilidades que dela obtenha. "Angola está prestes a passar a fase transitória de restrições que é resultante do peso dos atrasados. Infelizmente Moçambique não tem os mesmos recursos. E dai uma sensação penosa de carências que arrasta o desânimo. «O Governo de Lisboa tem acompanhado com atenção desvelada esta situação. Era ponto assente, desde que tomei conhecimeno do problema, que a Metrópole faria todo o possível para auxiliar Moçambique. E se esse auxilio não foi anunciado mais cedo é porque não é coisa fácil - como se calculará e de mais a mais em época de preocupações e incertezas como a deste começo de ano, encontrar e mobilizar os milhões de contos em que tem de se concretizar a ajudu. «Pode porém a população de Moçambique estar certa de que o Governo Central não a esquece, nem a desampara. Do trabalho do Chefe dp Governo e de alguns dos seus Minfstros, uma grande parte, todos os dias, é consagrada ao Ultramar. A sua defesa militar e diplomática, a sua economia, as suas necessidades correntes, absorvem, sabe Deus como, os cuidados de quem governa. E são fonte de muitas das matares inquietações que perturbam o dia e tiram de noite 'o sono. «Há frentes de batalha silenciosas e discretas onde porém os golpes são duros e também, se sofrem feridas. É bom que se tenha consciência disso. É bom que não se ignore nem minimize, por exemplo, o esforço quotidiano da Diplomacia portuguesa, que incansavelmente, em condições por vezes bem difíceis, desenvolve nas chancelarias e nas assembleias actividade esclarecedora da nossa política ultramarina e procura obter soluções favoráveis ou mitigar atitudes hostis nas resoluções internacionais. «Mas há ou não uma politica ultramarina em marcha? «As vezes aparece quem o ponha em dúvida. Com aquela cegueira dos que não querem ver. «Certas pessoas só acreditom nas mutações espectaculares. Mesmo quando sejam só mudanças de cenário. Masimpacientam-se com 01 o trabalho sério que se procura fazer em verdade e prolundidade. «A última Peforma Constitucional, no titulo referente ao Ultramar, lançou as bases de uma transformação que está em marcha.» E, logo a seguir, disse o Prof. Marcello Caetano: «As províncias ultramarinas, chamem-se ou não estados, ficaram com poderes e instituições que delas fazem autênticas regiões autónomas, em melhor posição que a maior parte dos estados federados. «Então por que motivo se não consagrou logo a comunidade portuguesa concebida como estado federal? «Devo dizer que, ao con' trario de alguns patriotas mal esclarecidos, não considero que a fórmula da federação dos territórios portugueses numa união ou comunidade como a dos Estados Unidos da América ou como o Brasil, tenha alguma coisa de condenável do ponto de vista nacional. "Estados federais são fórmulas jurídicas de descentralizaçao política - como os estados regionais do tipo que adoptamtros na Revisão Constitucional de 1971, mas estes mais simples na estrutura e mais económicos no funcionamento - que existem em grande número por esse Mundo, sem prejudicar o sentimento nacional dos povos que as adoptam. "Eu mesmo preconizei essa fórmula ai por 1962 quando, a título muito reservado, fui ouvido sobre o assunto pelo Dr. Salazar, na minha qualidade de Conselheiro de Estado e antigo Ministro das Colónias. "Alguém, abusivamente, divulgou, quando assumi o Governo, esse documento reservado, decerto no intento de me comprometer aos Dlhos dos que pensavam identificar-se o bom patriolismo com a política de integraçao. EM 1962 EU PENSAVA QUE VALIA A PENA P6R DE PÉ A CONSTRUÇAO FEDERAL. HOJE SEI QUE NAO É ASSIM «A verdade é que não tenho de me envergonhar do voto emitido há dez anos, nem o repudie. Mas em política eas cricunstãncias contam muito, contam às vezes deoisivamente. Em 1962 eu pensava que valia a pena pôr de pé a construção federal - com a sua complexidade, sobrepondo 6rgãos federais aos órgãos dos estados federados e reduzindo a pr¿pria Metrópole a um destes - porque ela seria aceite pacificamente pelo Mundo e nos permitiria vencer as guerrilhas desajudadas por uma vez do auxílio externo e do apoio das Nações Unidas. «Hoje sei que não é assim. As guerrilhas e os seus aliados. As Nações Unidas e as que andam desunidas, não aceitai'ao outra solução política que não seja a entrega do poder aos movimentos terroristas, com expulsão, imediata ou a curto prazo (como sucedeu em Madagáscor e no Zaire) dos brancos residentes nos territórios. «O problema não é jurídico: não reside já em escolher entre dependência ou independência, entre Estado Unitário ou Estado Federal. É puramente político. Está posto por essa gente toda - aberta ou encobertamente - em termos racistas. E está posto no dilema - pretos ou brancos. «Mesmo os que vêm coni pezinhos de lã dizer que farão acordos amistosos para deixar os brancos ficar onde estão, no fundo têm o pensamento de, mais tarde ou mais cedo, fazer a africanização dos bens estrangeiros e reivindicar a Africa para os pretos. Os exemplos são hoje já tão numerosos e concludentes qiue não sei como ainda existe quem alimente ilusões. Não é a Africa para os africanos que se quer porque há milhares de africanos brancos e amarelos lá nascidos e às vezes arreigados em várias geraçães. Os brancos e os asiáticos não são, porém, desejáveis nesses regimes nacional-racistas. E é isto que não podemos aceitar. Qualquer evolução que se processe sob a égide de Portugal nas províncias ultramarinos há-de ter como condição essenciá1 a prossecução da convivência pacifica de todas as raças e o acesso &s funções em razão da capacidade e dos méritos, e não pela cor dd pele.» "NÃO SE PODE ENI NA UNIVERSIDADE NOS INTERVALOS ACTIVIDADES -afirmou o Ministr Np Universidade «precisamos de gente qualificada, não a seleccionando por conceitos ideológicos e sectários mas pela capacidade, pela Inteligência e pela seriedade, e que não - utilizem a escola para propaganda de ideais politicos, quaisquer que sejam, a não ser um comum a todos -Amor á Pátria» - afirmou o prof. Veiga Simão no importante e significativo discurso, fundamentalmente dedicado à análise da acção dos professores universitários, que pronunciou durante a cerimó. nia da tomada de posse dos novos reitor e vice-reitor da Universidade de Luanda. Entre as individualidadés presentes ao acto encontravam-se o ministro do Ultra. mar e o governador-geral de Angola. Após um rasgado elogio ao reitor cessante, prof. Ivo Soares, e de ter desejado felicidades nas suas novas funções aos empossados, o ministro da gENDOSI o Veiga Simão Educação entrou dtircctýrn na referida análise, afíri do ser urgente regulame a base incluída na Lei do tema Educativo no espirit qual «é obrigação do Goví proporcionar aos profess do ensino superior, e em pecial aos do univesit condições que favoreçan estimulem a sua dedicaçãç tegral e, sempre que posíi a dedicação exclusiva à do, cia e b pesquisa cientfi NEM DIREITAS, NEM ESQUERDAS -I PAGINA 12 Consciente da 1realidadý,que Vivemos iug 1 q é a tr :própria para dms l ssos « decisivos neste pdominio e a iencararmos co oragem decisão, quaso.r que ýejam as dificuldade . É I que hoje pode 'dizer-se dos professores universitários, e còm justiça, que, ou rsão excepcionalmente bem pagos pelo trabalho fugidio que rea* liamn (tantas vezes ocupando simultaneamente lugares de, alta responsabilidades pública e privada, usufruindo de remunerações que não se, enquadram na harmonia scial .que desejamos) e com a mesma crua verdade, pode dizer-se também -quçem Portugal não pagamos o suficiente àt inteligência dedicada ao Bem Comum, e não criamos o incen tivo necessário para que os jovens abracem a carreira Ulniversitária de modo a pnsarem exclusivamente nIa. E aqui não é problema de direitas ou de esquerdas que tantas vezes -infelizmente se associam em complementaridade de lucros de uma sociedade que dizem servir ou repudiar. qu assunto que vale por si só, sem classificações ideológicas e podexige uma tomada de posição de conscincia perante o Povo que servimos e que não acredita nem nos que proclamando ideais socialistes, pretendem usufruir benefcios à custa de mecanismos capitalistas, nem nos que, à sombra de ideais pretensamente sagrados, pretendm governar-se como ca pitalistas de «outras épocas». UMA' MINORIA Admito que na Universidade haja professres em dedicação exclusiva, em dedicação tegral e ainda outros que exerçam as suas funções em tempo parcial. Compreendo que em face das actuais es truturas socials muitos destes qltimos afirmem que ao desenvolverem sa actividade privada se aperfeiçoam em ensinamentos práticos, os quais podem ser úteis ao ensino. as certo também que seria possível à Universidade, através de contratos firmados entre os seus departamentos e as entidadesrpúblicas ou priSvadas, participar em programas de desenvolvimento e de inovaço tenológica, em projectos e esquemas de realiza. ções de obras, em acções de assistência médica dentro dos quadros de um sistema nacioa semana nal de saúde pública, cujos médicos e outros técnicos não poderiam exercer funções particulares, etc.... e, assim, a própria Universidade poderia proporcionar, através dos seus serviços, uma prática desejável para os seus professores. Querendo colocar-me, como devo, no intemporal e não me referir a ninguém, eu sei, e Nom amargura, o que se pas'sva com alguns, uma minoria é certo, no meu tempo de estudante, de professor e agora ... de Ministro. E penaliza-me porque ainda sou dos que vêem a carreira universitária como um fim em si própria a oferecer um amplo campo de realizações humanas-e científicas para a vida do Homem. ALIMENTAR A CONTESTAÇÃO É por isso que sofro quando me afirmam que professores não dão as aulas a que são obrigados por lei, faltando indisciplinadamente aos seus compromissos perante o Estado, perante os estudantes e a sociedade em geral (Mas todos recebem os vencimentos ao fim do mês). Quando, por circunstâncias alheias à sua vontade, não puderem dar as suas aulas têm obrigação de as escrever pormenorizadamente e oferecê-las aos seus discípulos! Não posso compreender que umüi professor não esteja, fora das horas normais, á disposição dos alunos para os esclarecer e que perante dúvidas de julgamento nos exames não receba o aluno e lhe demonstre os seus erros aconselhando-o e informando-o. Não posso compreender o professor que não faculte elementos de estudo aos alunos, quer indicando livros de texto, quer publicando notas, quer editando livros ... E não se poderá hoje dizer que ser# difícil essa edição pois o Ministério da Educação Nacional responsabilizar-se-á por ela e pagará condignamente ao seu autor. Não posso compreender os professores que não acompanham dia a dia os seus assistentes, ajudando-os vigorosamente nos trabalhos de doutoramento e, em colaboração com eles, não colhem elementos para um juizo mais perfeito, mais humano, mais consciente dos que estudam e querem estudar. Dar duas ou três aulas por semana, de 45 minutos, pedir aos assistentes para classificar pontos e interrogar alunos no fim ao ano, não é instruir e muito menos educar. Isto é alimentar a ýontestação destrutiva da UniVersidade. Isto não é autoridade a impor-se pelo exemplo! -E permitam-me este desabafo, pois tenho autoridade moral para o afirmar porque na minha vida de assistente, de professor e de reitor foi sempre fácil ao estudante falar comigo: o meu Gabinete ou a minha casa estiveram sempre abertos, de dia e até de noite, à conversa fraterna, ao diálogo esclarecedor, ao conselho amigo Quantos estudantes me ensinaram a saber compreender melhor a missão que me incumbia; e nunca renunciei /ã decisão em consciência e à autoridade que o lugar me conferia ... MEDIDAS DISCIPLINARES NAO BASTAM Se quisermos vencer a contestação destrutiva e impedir a politização sectária da Universidade não basta tomar as medidas disciplinares necessárias, é urgente que o professor seja educador. Nem tão pouco essas medidas podem servir de protecção aos que não cumprem o seu dever. A contestação tem de ser vencida em alma aberta ao serviço da juventude. As Universidades têm população escolar demasiada ... Decerto; é preciso pôr em marcha o plano trienal de expansão aprovado pelo Governo... É necessário melhorar remunerações Decerto, vamos para a dedicação exclusiva. São necessárias novas instalações ... Com certeza; há um programa definitivo e ajudem-me em soluções de emergência. A minha obrigação é servir os anseios legítimos da Universidade. Como Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho ainda há dias afirmou nesta merina sala, os meios financeiros atribuidos ao Ministério de Educação Nacional têm de ser bem administrados, pois deles pode resultar muito bem ou muito mal. Cabe ao Ministro da Educação Nacional a obrigação indeclinável de ser um zelador inclemente e sé-lo-ei. Neste caso o problema é simples. Os professores da Universidade não devem permitir que deles se possa dizer que usufruem exagerados vencimentos pelo trabalho que nela realizam, cumprindo exemplarmente a sua função; antes, eu estou convencido de que tem direito a melhores remunerações quando não cederem às tentações do exterior. Neste sentido , estamos a orientar os nossos estudos e propostas ao Governo. E torna-se também urgente, dada a descentralização a que procedi, rever todos os processos de administração universitária pois é inconcebível que agentes de ensino não recebam as suas remunerações na altura devida; estou na disposição de tomar, para eliminar dificuldades que tenham surgido, medidas excepcionais imediatas e promulgar outras de carácter permanente que resolvam em definitivo situações deplorás e que desprestigiam a ersidade e o Governo. REFERÊNCIA AS FORÇAS ARMADAS Mais adiante, e referindo-se aos problemas do ensino no Ultramar, o ministro acentuou : «Há. pessoas que em nome da unidade nacional e ao mesmo tempo endereçando palavras especiais às forças armadas, entendem que o desenvolvimento cultural e, educacional nas províncias ultramarinas deve marchar segundo regras que dizem não dever ser as da Metrópole gostava de saber porquê mas não se atrevem a afirmar quais são. Todos estamos de acordo em que o tecnicismo não pode sobrelevar a humanismo, em que há que atender a circuns. tancialismos regionais e pontos de partida diferentes, mas espero que todos estejamos também de acordo em que o português nos campos e savanas, o português nos grandes meios urbanos ou o português nas cidades do caniço, têm todos os mesmos direitos. É que as forças armadas defendem a igualdade para todos os portugueses - e esta é a única política a que o povo adere.» Antes de terminar o seu a vários títulos significativo discurso, o prof. Veiga Simão, como que resumindo parte das considerações feitas, teve ainda oportunidade para afirmar: «Enfim, há pessoas mais preocupadas com outras coisas do que com a Universidade que já as serviu, e esperamos que não se esqueçam de a servir». PÁGINA 13 PENA REMIVEL PARA O PADRE MARIO DE MACIEIRA DA LIXA Após 34 audiéncias de j'ul. gamento, foi lida pelo Colectivo do Tribunal Plenário Criminal do Porto a sentença re. ferente ao caso do Padre Mário Paes de Oliveira, pároco de Macieira de Lixa, julgado pela segunda vez por actividades subversivas 2 contrárias à segurança do Estado e duas vezes defendido pelo advogado e deputado portuen. se à Assembleia Nacional, dr. José da Silva. Os crimes de que era acusado o Padre Mário, detido pela D.G.S., teriam sido cometidos através de homilias proferidas em 1 de Janeiro do ano passado, na igreja da respectiva paróquia. O Tribunal deu apenas como provado que, consciente. mente e dolosamente, o pároco dtvulgou noticias tenden. ciosas e alarmantes, susceptveis de causar alarme e inquietação pública, e por isso o condenou na pena de um ê's, de prisão, substitudo por multa à razão de 20 escudos por dia, mais um mês de multa à mesma taxa, suspensão de todos os direitos políticos por espaço de três anos, 440 escudos de imposto de Justiça e 800 escudos de procuradoria. A pena, com excepção da suspensão de direitos políticos, como é evidente, foi dada como expiada. O advogado do réu, dr. José .4a1 Silva, que não assistiu à 4oitura ão acórdão por ter que seguir para Lisboa, anunciara que recorreria da sentença, no caso de esta ser condena. Iória. Tem cinco dias para o fazer. O padre Mário de Oliveira foi, ontem mesmo, restituído à liberdade. METRÓPOLE: UANTO CUSTA A RENDA DA CASA As famílias com menos de três contos de rendimento familiar mensal gastam mais de 20 por cento do seu rendimento com o aluguer da casa - revelou o inquérito habitacional à região de Lisboa, realizado no âmbito dos estudos preparatórios da revisão do Plano Director da Região de Lisboa. A análise dos dados do inquérito foi levada a cabo dividindo os rendimentos por vários patamares, verificando-se, assim, que no grupo até três contos mensais podem encontrar-se despesas de 39 por cento, 23 por cento e 20,73 por cento dos rendimentos mensais - até um conto, de '1 a 2 contos e de 2 a 3 contos, respectivamente. Para os rendimentos familiares superióoes a 3 contos e inferiores a 5 contos, a despesa média com o aluguer é de 17,4 por cento, enquanto para os rendimentos familiares de 5 a 7 contos, a despesa desce para uma médias-de 14,6 por cento. Como a gr :le maioria da população da região de Lisboa tWmán rendimentos fami- liares mensais inferiores a 7000$00, podemos afirmar que o inquérito, realizado por amostras distribuídas por diversos estratos habitacionais, detectados e corrigidos por fotografia aérea, permitiu concluir que a maioria das famílias da região de Lisboa despende mais de 15 por cento dos seus salários familiares com o pagamento da renda da casa. Para os rendimentos superiores a 7 contos mensais, apesar de os patamares serem cada vez mais amplos de 7 a 10, de 10 a 15 e de 15 a 20 contos, as variações em percentagem são mínimas. Assim, de 7 a 20 contos, os patamares respectíivos são de 11,8, de 10,9 e de 10 por cento, o que coresponde a variações mínimas entre os três patamares referidos. No último patamar, em que os salários mensais são superiores a 20 contos e até aos 30 contos, o aluguer da casa ati nge mais do que 8,79 por cento. NA METRÓPOLE PAPEL DE JORNAL ISENTO DE DIREITOS Um diploma recentemente aprovado pelo Conselho de Ministros veio isentar de direitos o papel de jornal destinado a ser utilizado nas publicações periódicas. Até agora, só se achava isento de direitos o papel destinado à imprensa diária. Mas a medida acisía referida parece aplicar-se apenas ã Metrópole. Em Moçambique, o papel de jornal destinado à impren. sa diária também se acha isento de direitos, mas o papel consumido por todas as ou. tras publicações periódicas, incluindo, portanto, os semanários, paga 7,5% de direitos. Se a modida agora decidida pelo Conselho de Ministros, em relação à Metrópole, se justifica e se filia na espectacuhr subida de peços do papel e nas dificuldades que todas as publicações estão a atravessar, parece-nos que a sua extçnsão ao Ultramar seria uma decisão da mais elementar justiça. e * _ li Fábrica de Condutores Eléctricos de Moçambique MANGA * BEIRA Repr.s.ntant.s da CELCAT - Fábrica'Nacional de Condutor.. Eléctricos, 8. A. R. L. i.nternaci ti al Os salários femininos continuam a ser notoriamente inferiores aos masculinos até mesmo na velha Europa. A Suécia é o pais onde as diferenças são menos marcadas, a Grã-Bretanha um dos países onde são mais fortes. Um boletim difundido pela «Manpower. apresenta o panorama da desigualdade salarial do seco nalguns países europeus. Na Bélgica, o salário médio feminino corresponde a 83% do mascuino, na Dinamarca a 74%, na Alemanha Federal a 65%, na Holanda a 60%, na Noruega a 75%, na Austria a 67%. Este valor é mais alto na Suécia, 88%, muito baixo na Grã-Bretanha, 58%. Para dar um termo de comparação: nos EUA, o salário da SEXO E SAIARIO NA EUROPA mulher vale 87% do masculinot mas no Japão apenas 50%. Dos países analisados, a Suécia é o que apresenta uma maior percentagem de mulheres da população activa: 40,7%. A mesma percentagem é elevada em países como a Dinamarca (40%), Austria (40,1%), França, (37,6%), Japão (38%), EUA (37%). Muito abaixo em Espanha (19,8%), Irlanda (24,5%), Itália (26,6%), Holanda (25,5%) e Portugal (23,7%). Uma outra análise, exclusivamente referida à Alemanl a, permite ver a distribtiição dos sexos pelos diferentes ramos económicos. Assim, enquanto 70% do pessoal das organizações sem fim lucrativo é feminino, os homens predominam largamente na construção (94%), nos transportes (82%), na indústria e no artesanato (70%), na segurança social (61%). Na banca e nos seguros a situação é mais equilibrada (54% de homens), rigorosamente equilibrada no comércio. Resta saber que, na Alemanha, as mulheres já predominam num outro sector: as profissões liberais (57%). O que este estudo não esclarece é a posição relativa dos dois sexos (hierarquia, tipo de trabalho e qualificação, etc.), dentro de cada ramo. TRABALHO FEMININO EM FRANÇA Prevê-se que em 1985, existirão em França mais 2 000 000 de mulheres activas do que em 1970. Este aumento é sensivelmente igual ao previsto para a população activa masculina (2 100 000). A proporção de mulheres na população activa aumentará pois, passando de 35,6% em 1970 para 37,5% em 1985. Por outro lado, as mulheres estão mais facilmente sujeitas ao desemprego do que os homens. A percentagem das mulheres na procura de emprego era de 37% em 1964-1968. Evoluiu para 43% em Março de 1972 e para 49% em Março de 1973 FRANÇA: CONVERSACOES NO AMBITO DA ONU Michel Jobert, ministro dos Negócios Estrangeiros francês, expôs aos seus colegas da C. E. E. que quando se tratar de dar uma resposta da C. E. E. ao convite do Presidente Nixon para a conferência de 11 de Fevereiro em Washington o Governo francês é partidário de uma conferência mundial, no ãmbito das Nações Unidas, para procurar uma solução à crise petrolífera. Soube-se de fonte francesa que esta sugestão constitui uma das ideias básicas de um plano, em cinco pontos, que o ministro francês exporá ao Conselho dos Ministros dos Nove. A vantagem desta conferência seria, segundo se acentua nos meios da delegação francesa, não comportar a criação de uma frente comum dos grandes consumidores ricos, nem implicar choque entre estes e os paises .produtores de petróleo. O âmbito das Nações Unidas permitiria, ainda, assoaar os países em vias de desenvolvimento, especialmente africanos, na solução de uma crise de que suportam igualmente as repercussões, pois o aumento dos preços do petróleo lhes deve pesar mais, ainda, do que aos países ricos. e PÁGINA 16 internacional ESTADOS UNIDOS: LEVAINTADAS AS RESTRICOES AS, EPORTACOES DE CAPITIIS O Presidente Nixon cumpriu uma das suas promessas: falando há dias em Washington afirmou que tinham sido levantadas as restrições impostas à exportaçáo de capitais dos Estados Unidos, em cumprimento da promessa que fizera quando o dólar foi desvalorizado em 1973. Os departamentos governamentais emitiram uma série de comunicados explicando que a abolição das restrições se impunha à luz dos recentes progressos verificados na balança de pagamentos americana e da forte posição do dólar nos mercados de câmbios. O presidente Nixon emitiu uma ordem reduzindo a zero a taxa de igualizaçao de juros, que recaia sobre os investimentos dos residentes americanos em acções e obrigações no estrangeiro. Por seu turno, o Departamento do Comércio anunciou a abolição das restrições aos investimentos directos no estrangeiro e o sistema de reservas federais suspendeu as suas medidas voluntárias destinadas a restringir os empréstimos e investimentos ao estrangeiro por bancos e outras instituições financeiras americanas. Além da melhoria da situação da balança de pagamentos e do fortalecimento do dólar, o Departamento do Tesouro dá uma terceira razão para o levantamento dos controles, deýclarando que a medida foi igualmente tomada para se evitar restrições oficiais à exportação de capitais para pontos críticos num momento em que a, posição das balanças de pagamentos de muitos países sofreu alterações drásticas devido ao impacto da alta dos preços de petróleo. OS ESTADOS UNIDOS A PERDER EM VANTAGEM ? O comandante-chefe da Marinha americana na Europa, almirante Woth Bagley, declarou que os Estados Unidos perdem progressivamente as suas vantagens políticas e estratégicas no mundo. O almirante Bagley que comanda a VI Esquadra americana asseverou que os Estados Unidos enfraquecem as suas forças nucleares convencionais no momento em que a União Soviética .reforça o símbolo do martelo na sua bandeira». A armada soviética acrescentou- tem uma vantagem numérica «monumental- no Mediterrâneo (93 navios contra 40) e no golfo Pérsico (40 contra 3). Previu o almirante americano que será a força naval que determinará, em definitivo, a influência política internacional dos dois países. SUBMARINOS AMERICANOS VIGIAM AS COSTAS SOVIÊTICAS Os Estados Unidos mantêm, há vários anos, uma frota de submarinos junto à costa soviética para vigiarem a actividade dos submarinos nucleares soviéticos -revela o jornal «Washington Post». O jornal compara a presença desses submarinos com as missões dos aviões de espionagem -U-2» que sobrevoaram a União Soviética nos anos cinquenta, até ao dia em que um deles foi abatido e o piloto capturado. Por duas vezes, submarinos americanos foram perseguidos por unidades navais soviéticas, mas conseguiram escapar à tentativa feita para os encurralar e capturar. A vigilância submarina passou a ter cada vez maior importância para os Estados Unidos, depois que o navio espião «Pueblo» foi capturado ao largo da costa da Coreia do Norte em 1968, o que mostrou a vulnerabilidade das unidades de superficie utilizadas nessa actividade. : Os Estados Unidos estabeleceram planos eventuais para ocuparem o emirato minúsculo de Abu Dhabi, no golfo Pérsico, a fim de garantirem fornecimentos de petróleo - afirmou o destacado comentador egípcio Mohamed Hassanein Heykal. No seu artigo semanal no jornal oficioso «Al Aharam», de que é director, Heykal diz que o plano para invadir. Abu Dhabi estava incluido na política de Washington empregar a força,. se fosse necessário, contra o embar, go árabe do petróleo. «Ignoro a razão por que. os Estados Unidos escolheram Abu Dhabi... Contudo, garanto a veracidade da minha noticia» - escreve o articulista. Segundo Heykal, os Estados Unidos conseguiram evitar os ofeitos do embargo árabe do petróleo devido às companhias norte americanas que possuem a maior PAGINA 17 PARA GARANTIR OS FORNECIMENTOS DE PETROLEO OS ESTADOS UNIDOS PLANHIAM INVADIR ABU DHARI -segundo o AI Ahram «OS ESTADOS UNIDOS ENCORAJAM O AUMENTO DOS PREÇOS DO PETRÓLEO» Heykal assevera ainda que os Estados Unidos tinham também encorajado «o jogo do aumento dos, preços do petróleo, visto serem o maior e mais forte associad6, das go?» - pergunta o articulista. Os Estados Unidos exerceram grande pressão para levantar o embargo árabe de petróleo, não por considera* ções económicas, mas simplesmente porque Washington o considerava um insulto político - observou o comentador. A referência de'Heykal à política norte americana em relação ao petróleo árabe está incluída' no seu artigo acerca da estratégia de Washington no Próximo Oriente, que, afirma, incluía a expulsão da União Soviética da área. 1500 MILHARES DE TONELADAS DE PETRÕLEO CHINES PARA O JAP1O A China acedeu em fornecer ao Japão um milhão e quinhentas mil toneladas de petróleo bruto, durante o ano em curso - anuncia em noticia de Pequim a agência noticiosa nipónica Kyodo, sem acrescentar pormenores. ESCANDALO PETROLFERO EM ITALIA A crise do petróleo pode vir a descobrir um dos maiores escândalos de corrupção da Itália. Segundo a agência italiana Ansa, certas companhias petrolíferas são acusadas de terem pago uns 20 mil milhões de liras para a corrupção de altos funcionários e falsificação dos números fornecidos ao Governo, quanto à verdadeira situação energética italiana, isto para conseguirem uma boa alta de preços. Há já várias individualidades citadas pela justiça, indica a agência, citando designadamente Albonetti, presidente da Unione Petrolifera, que agrupa cinco companhias particulares. Segundo parece, o Governo, que tomou medidas severas da economia da gasolina, foi enganado por meio de cifras que tomavam mais sombria a situação energética do que realmente era. O inquérito abrange as contas bancárias de diversos funcionários. AS MAIORES SOCIEDADES PETROLIFERAS INTERNACIONAIS EM 1972 A revista «Entreprise» publicou, num dos seus números mais recentes, uma enumeração das doze maiores sociedades petrolíferas internacionais e respectivas actividades, do qual extraímos o quadro a seguir. Como se pode verificar, apenas três sociedades europeias, a Royal Dutch Shell, a BP e a CFP, ocupam posições cimeiras, sendo as restantantes dos Estados Unidos. Volume de vendas Lucros N.o de empregados (em milhões de dólares) <miliares) Exxon 20300 1 500 141 Royal Dutch Shell 13 600 675 174 Mobfl Ou 9100 574 75 Texaco 8600 889 76 Gulf Ol 6 200 197 57 SOCAL 5800 547 41 B.P. 5700 175 Standard Oil (Ind.) 4 500 374 46 Continental Oil 3400 170 38 Atlantic Richfield 3300 195 27 Tenneco 3200 203 27 C.F.P. 2600 150 internacional Ensinava um proiessor de Economia - muito propenso a definições categóricas que causassem impacto pelo conteúdo paradoxal de que aparentemente se revestiam - que a indústria mineira era, no fundo, uma indústria de transportes. Sem pretender analisar o fundamento ou desacerto dessa afirmação, convenha-se que na Zâmbia ela tem particular aplicação. Pais interior, dependendo completamente dos vizinhos para chegar aos portos de mar, a política de transportes é determinante para o seu progresso pois que toda a economia assenta na exploração das incomensuráveis jazidas de cobre (90 por cento do total das exportações). No tempo em que o pais (sob colonização inglesa) estava integrado na Federação da Africa Central - Rodésia do Sul, Rodésia do Norte (actualmente a Zâmbia) e Niassalândia (hoje Malawi) - era servido por um sistema ferroviário compreendido no Rhodesia Railways, empresa estatal cuja sede administrativa se encontrava em Salisbury. Ascendendo à independéncia ZAMBIA E OS TANSPITES NA AFRICA plltica, a Zâmbia crou-a sua própria empresa de transportes ferroviários (a Zambia Railways) confiando a especialistas canadianos a sua administração. A autonomia desta empresa estatal era, no entanto, muito relativa dado que não possuia material circulante de tracção que assegurasse o trânsito necessário, além de continuar a depender da boa vontade dos vizinhos para encaminhar os seus produtos até aos portos de mar. E em um desses vizinhos existia a autoridade detestada e contestada de Ian Smith. Para chegar ao Atlântico (porto do Lobito) através do Katanga e de Angola, o problema não apresentava (nem tem apresentado) dificuldades de maior. Mas o acesso ao Indico (porto da Beira), obrigava a um trajecto através da Rodésia o que implicava uma sujeição insuportárvel e um risco que não se queria correr, Foi nesta situação que o presidente Kaunda decidiu estabelecer uma ligação ler-' roviária com Dar-es-Saldm, na Tanz&nia. A iniciativa, porém, veio a ser vetada, AUSTRAL primelrO--p1õs te'cnTcos e 11nanceiros da Comunidade britânica, depois pelos especialistas do Banco Mundial. Surgiu então o apoio da República Popular da China, e o Caminho de Ferro LusakaDar-es-Salam entrará brevemente em funcionamento. A TANZAM (ou TANZARA, como outros lhe chamam) já assentou a via no troço tanzaniano, decorrendo agora os trabalhos na zona fronteiriça zambiana, precisamente aquela que apresenta maiores dificuldades técnicas por atravessar uma zona muito montanhosa implicando, portanto, a necessidade da construção de elevado número de pontes e túneis. Em 9 de Janeiro de 1973, o regime de lan Smith decidiu encerrar a fronteira Rodésia-Zómbia, justificando essa medida como represália ao apoio dado por Kaúnda aos movimentos de libertação do Zimbabwé. Confirmaram-se, portanto, os previstos riscos do trajecto rodesiano, e embora as autoridades de Salisbury tenham posteriormente decidido revogar essa precipitada decisão, Lusdka entendeu que devia encarar as dificuldades de frente, abrindo uma nova possibilidade ao escoamento dos seus produtos', através do Malawi com destino aos portos moçambicanos da Beira e de Nacala. O dr. Banda, presidente do Malawi, pretende aproveitar a presente situação para transformar a estrada que liga a Zâmbia ao Malawi. Kiaunda afirma que a solução actual é apenas transitória, mas a verdade é que aceitou entrar em negociaçõe§ (ao que parece muito bem encaminhadas) para concretização da ideia do dr. Hastings Banda. E compreende-se que assim seja. A política de transportes da Zâmbia - instrumento base do progresso do pais - poderá ter um leque de opções muito mais vasto se, continuando a recusar contactos com Sallsbury, puder contar com as infra-estruturas de quatro portos de mar: Lobito, Beira, Nacala e Dar-es-Salam. A Rodésia, situada no coração da Africa Austral e em seguro crescimento económico, tem BULAWAIO como seu mais importante centro comercial: aí se realiza a TRADE FAIR RHODESIA, onde Portugal estará presente. Pela via da exportação pensamos no cre!Ncimento da sua empresa. Leve os seus produtos além fronteiras! Consulte-nos! Existimos para o apoiar. TRADE FAIRi RHODESIA 1974 BULAWAIO DE 26 DE ABRIL A 5 DE MAIO SERVIÇO COMERCIAL. P. 7 DE MARÇO .8.- ANDAR C. P. 1831 - Telef. 27204 INSCREVA-SE ATÉ 10 DE MA O 005 R.V.. 1o . . L. M ARQUES ,C ios aIOi CECOM ÉRCIO QUANDO A MAÇONARIA DESAFIOU A AUTORIDADE DOS PAPAS PAGINA 19 Desde que a Igreja Católica alicerçou o seu poder como religião institucionalizada, colidindo, por conseouinte, com interesses já então estabelecidos, teve de enfrentar, como é natural, inúmeras situações históricas que lhe foram bastante adversas. Para vencer tais obstáculos viu-se na necessidade de recorrer às mais variadas armas, conforme o campo de luta escolhido pelos seus adversários.. Quando a Maçonaria se disseminou pelo mundo fora, criando suas próprias zonas de influência e dai desafiando a legitimidade dos dogmas defendidos pelos católicos apostólicos romanos, os Papas, investidos de toda a autoridade eclesiástica que lhes é conferida, exortaram os seus fiéis seguidores a combaterem Inflexivelmente, com todos os meios disponiveis, os mentores e praticantes daquela poderosa sociedade secreta. Com esse fim determinado, foram mandadas publicar várias bulas papais. O texto que se segue traça uma breve retrospectiva, historiando os esforços dos representantes máximos da Igreja Católica, na tentativa de anularem os efeitos da cactividade perniciosa planificada e difundida desses conventiculos francomaçónicos». A maior parte dos elementos aqui divugados. foram colhidos da obra de M. Borges Grainha «História da Maçonaria em Portugal». FINALIDADES ESSENCIAIS DOs PEDREIOS-LIVIIES No artigo primeiro da «Constituição da Maçonaria Portuguesa», decretada em 1840, estabelece-se que «a Ordem da Maçonaria Lusitana é uma Associação de homens livres que tem por fim o exercício da beneficiência, a prática de todas as virtudes e o estudo da moral universal, das ciências e das artes». Interpretando o espírito prevalecente neste e nos outros termos constitucionais, o «irmão» Ed. Quartier-la-Tente afirma que esta-sociedade «tem contribuído para dar importância e força à oipinião pública, investindo-a numa missão fiscalizadora; tem balhado para fazer recor cer os direitos do poder vil, para impor a tolerâi em matéria religiosa e F afirmar o carácter laico Estado. Ela tem consta: mente lutado para elími de todas as regras de reito e de todas as mani tações jurídicas, o elem religioso, herdeiro do mento mágico que prevalb nas sociedades primitivas. que respeita ao direito 1 ticular ela não tem cess de proporcionar as retori de legislação que condu ao triunfo de um. dos s princípios fundamentais, principio da igualdade. cEm direito público, r especialmente, tem sidc MAÇONARIA terrível adversário do abso- fazer face aos novos termos lutismo e tem favorecido históricos que ameaçavam com todas as suas forças o as estruturas até então funiÚ estabelecimento e aperfeiçoa- cionais. Nesta conjuntura mento do sistema parlamen- surgiu a organização dos tar. No domínio internacio- Frarc-maçons (Pedreiros-linal, em que as suas ten- vres), mais conhecida pela dências cosmopolitas encon- Maçonaria que, inicialmente, tram a sua aplicação mais aparentava vir a ser apenas natural, tem prestado incal- uma associação de classe culáveis serviços; elevando- mas que, devido sobretudo -se acima das pátrias, não ao seu ritualismo subjectipodia deixar de combater a vante, redundou, na maior política egoísta que apon- parte das vezes em meras fava em todo o estrangeiro manifestações de diletantisum inimigo natural; pregava mo e compadrio. Claro que a aliança universal; era isto não obstou a que tivesse advers&ria da guerra. A .Ma- desenvolvido uma actividade çonaria não ditava dogmas profícua em vários campos aos seus adeptos; contenta- onde exerceu influência. va-se com formular o ideal Vivia-se uma época em que eles deviam esforçar-se que à Igreja, detentora de por executar e que se resuimenso poder espiritual e mia nestas palavras: Frater- temporal, interessava uma nidade, Liberdade, Igualda- representatividade digna do de, Tolerância e Beneficiên- seu poderio. Para provar ao cia.», mundo a sua capacidade de Como se pode verificar, realização, para chamar a neste texto laudatório está atenção do povo sobre a claramente exposto o antaenorme influência da sua pregonismo maçónico a qual- sença, nada melhor que a quer manifestação' de reli- monumentalidade das obras giosidade, assim se com- arquitectónicas. Iniciaram-se preendendo a ofensiva de- então a construção de várias sencadeada pelos militantes catedrais que, ainda hoje, católicos, perpetuam o espírito de reNo confronto que se pro- ligiosidade pelo mundo fora. longou por cerca de dois No decurso da edificação séculos, a Maçonaria, em dessas obras monumentais, virtude da sua própria cons- algumas das quais duraram tituição orgânica secreta. e um século ou mais para sepelo 'carácter essencialmente rem ultimadas, engendraramsubversivo que revelava no -se as estruturas básicas das exercício das suas activida- associações que passariam des, foi perdendo, pouco a depois a denominar-se franpouco, muitos dos elementos co-maçonarias. dos seus quadros directivos, Segundo observa Borges descobertos e condenados Grainha e como é, aliás, de pelas suas práticas conside- fácil apreensão ao observarcdas atentórias dos interes- dor atento, «tais confrarias ses viaentes. Defendendo-se ou associações de construda eventualidade duma der- tores, com o andar do temrota total e qubsequente des- po, foram perdendo a sua fruição, a Maçonaria adoptou grandeza porque as edificaentão a táctica da diversifi- ções góticas, que levavam caçao de frente subdividin- anos e até séculos a consdo-se em vários grupos de truir, foram cedendo o passo interesses diferenciados que, às construções da Renascenquebrando a coesão e uni- ça e às da Arte Moderna fõrmidade anteriores, se dis- que exigiam menos tempo e p rsou, cindindo-se antago- menor número de operários nizando-se entre si e plas- para a sua conclusão. Outra matdo-se em ulteriores or- causa contribuiu para a ganizações com interesses transformação dessas sociemais ou menos afins, mas dades de construtores. Desabsolutamente divorciadas de séculos, estes aceitaram do esoterismo aue havia como seus auxiliares, alquns caracterizado a Maçonaria. patronos civis ou eclesiástiORIGENS, SIMBOLOGIA E PESTAS SOLSTICIAIS No período de transição do feudalismo para o capitalismo, caracterizado por transformações radicais no tipo de relações de produção, caldearam-se os condicionaiismos propiciatórlos da formação de agrupamentos com interesses afins, para cos, mas, principalmente desde os fins do século XVI e princípios do XVII, as lojas, no intuito de ganhar importância para a associação, foram iniciando alguns homens eminentes pela sua riqueza ou ciência, embora estranhos à profissão, por Isso chamados Maçoas Aceites, ficando aos construtores a designação de Maçons Antigos». Estas foram, sucintamente expostas, as origens da Maçonaria. Quanto à simbologia em que se identificava, não representa mais que o corolário duma permanente convivência com os elementos da natureza a que os construtores eram obrigados por necessidades do oficio, denunciando assim a origem arquitectónica, bem como a sua base científica e matemático-astronómica. O compasso aberto sobre o esquadro com a linha de prumo pendente, as denominações de loja,, oficina, trabalhos, obreiros, salário. prancha e peça de arquitectura são alguns exemplos demonstrativos do que acabamos de afirmar, no que se refere à arte de construção. Os três pontos das abreviaturas maçónicas dispostos em triângulo ('.) são uma representação -esquemática do esquadro. O sol envolvendo o símbolo da Providência e as estrelas que ornamentam os diplomas e os templos maçónicos, indicam a sua feição astronómica. Dai provêm igualmente as posições em loja: o Venerável ao Oriente, onde nasce o sol, o primeira Vigilante ao sul, onde o sol marca o meio-dia e o segundo Vigilante no poente, onde o sol desaparece. Por aqui se pode ver que, na verdade, tem fundamento o termo constitucional da Maçonaria que exorta os seus adeptos à compreensão científica da natureza. Aliás, até as suas principais festas são nos soIsticios (Natal e S. João); nelas se devem celebrar os efeitos do sol na vegetação terrestre e na vida de todos os seres. Nisto está a Maçonaria de acordo com as festas religiosas dos Gregos e dos Romanos, cujas divindades não significavam mais do que as diversas manifestações da vida terrestre. Compreende-se pois que, esta comunhão telúrica aliada à não sujeição a dogmas que se não discutem e à defesa de princípios apenas demonstráveis pelas leis científicas, suscitassem a adversidade das religiões institucionalizadas. A s s i m surgiram as Bulas papais a que nos vamos referir... PRIMEIRA BULA COMINAT6RIA: CONSITrUAO APOSTóLICA .1IN EMINENTI. Só depois de vinte anos de propaganda maçónica é que o Vaticano achou por bem iniciar a sua luta contra essa -organização secreta. A partir da regência do Papa Clemente XII, muitos foram os ataques desferidos contra a temível seita. Segundo vários estudiosos poderíamos seguir a história da vida maçónica através da leitura das bulas cominatórias dos Papas. Recordemos algumas. Em 24 de Abril de 1738, Clemente XII publicou, -a Constituição Apostólica «In Eminenti»., na qual é atacada pela primeira vez a Sociedade dos Franc-Maçons, passados apenas 21 anos após a sua fundação. Eis alguns trechos dessa Encíclica em que se define claramente o processo de luta desencadeado pela Igreja: «Chegou ao nosso conhecimento, pelo rumor público, a extensão, o contágio e os progressos, cada dia mais rápidos, de certas sociedades, assembleias ou conventiculos, chamados de «Libýeri muratori» ou de «Franc-Maçons», ou de qualquer outra designação, segundo a variedade das línguas. Nestas sociedades, homens de todas as religiões e seitas, tendo uma aparência de honestidade natural, liqados entrsi por um pacto tão rigoroso como impenetrável, seguindo leis e estatutos que para seu uso fizeram, se obrigam, com juramento terrivel feito sobre a Biblia e debaixo das penas mais aterradoras, a guardar com um silêncio iaviolável as práticas secretas da sua sociedade... «Por isso considerando os grandes males que resultam ordinariamente desta espécie de sociedades ou conventiculos, não só para tranqúilidade dos Estados, mas também para a salvação das almas, considerando quanto estas sociedades estão em desacordo com as leis canónicas.... «Nós resolvemos condenar as ditas sociedades ou reuniões de Franc-Maçons. Por isso ordenamos, em virtude da santa obediência, a todos e a cada um dos fiéis de Jesus Cristo, que nenhum deles, sob qualquer pretexto, tenha o atrevimento de entrar nas ditas sociedades, nem de as propagar, de as favorecer, de as receber ou ocultar em sua casa, de tomar algum grau e assistir às suas reuniões, etc. «Mais ordenamos que todos os Bispos e Prelados e os Inquisidores procedam e se informem contra os transgressores, de qualquer éstado, condição ou dignidade que sejam, e os reprimam, e castiguem com as penas merecidas, como gravemente suspeitos de heresia. Cumprindo à letra o que fora ordenado por decisão papal, os zeladores dos interesses da Igreja foram descobrindo vários praticantes maçónicos. Transcrevemos, por curiosidade, parte do auto lido na igreja do Convento de S. Domingos em 21 de Junho de 1744, condenando em Portugal os três primeiros pedreiros-livres: «João Coustos (40 anos) por introduzir e praticar nes'ta corte a seita dos pedreiros-livres condenada pela Sé Apostólica, condenado a quatro anos de galés (este não abjurou nem levou hábito). -Alexandre Jacques Mouton (40 anos) e João Tomás Bruslé (46 anos) por seguirem a seita dos pedreiros-livres, condenados a cinco anos para fora do Patriarcado." Movimentando várias influências, entre as quais o primeiro ministro inglês, Duque de New-Castle, e o próprio Rei Jorge II de Inglaterra, João Custon conseguiu obter a liberdade, embarcando no seu navio «O diamante», então ancorado no Tejo, em Outubro de 1944. Da sorte dos outros dois prisioneiros, não conseguimos obter elementos esclarecedores. NOVAS BULAS, ENCICLICAS E EXCOMUNHÕES PONTIFICIAS O sucessor de Clemente XII, Bento XIV, treze anos depois, em 18 de Maio de 1751, volta de novo à caraT contra a Maçonaria, censurando-a pela sua tolerância em matéria religiosa e pelo seu segredo. Eis as suas palavras na Constituição Apostólica Próvida: «Entre os muitos e poderosos motivos da proibição e condenação da Franc-Maçonaria, enunciados pelo meu antecessor, se deve destacar o de que, nas sociedades e conventiculos desta espécie, homens de todas as religiões e seitas se associam entre si, donde se depreende bem quão -grae alteração pode receber a pureza da Religião Católica. «Um outro motivo é tirado do pacto estreito e impenetrável do segredo pelo qual se oculta tudo o que se faz nesta espécie de conventiculos..." Pio VII, em 13 de Setembro de 1821, setenta anos depois da bula doutro seu antecessor, publica a Constituição Apostólica, Ecelçiam a Jese Chrtsto, em que condena os Carbonários nestes termos: «E necessário lembrar aqui uma sociedade formada recentemente que tem feito progressos extensos e profundos na Itália e noutros países e que, embora dividida em muitos ramos e tomando diferentes nomes segundo a sua diversidade, pela comunidade dos sentimentos e dos crimes e pelo pacto que os liga'é uma só em realidade, a sociedade dos que apelidam comummente com o nome de Carbonérios. Os preceitos de moral que estabelece a Sociedade dos Carbonários não são menos horríveis, embora ela se gabe de exigir dos seus sectários que amem e pratiquem a caridade e todas as outras virtudes... Ela ensina que é permitido matar os que violarem o juramento de guardar segredo; e, ainda que Pedro, o príncipe dos apóstolos, ordena aos Cristãos que sejam submissos, por amor de Deus, ao rei como chefe de Estado e aos governantes como delegados do rei, ainda que o apóstolo S. Paulo mande que todos se submetam aos seus superiores, esta sociedade contudo ensina que é honroso excitar sedições para despojar do poder os reis e os que governam, e ousa chamar a todos, indistintamente, tiranos...» Em 13 de Março de 1825, Leão XII publica a Encíclica Quo Gravlora, em que diz: «Entre as sociedades secretas é necessário mencionar particularmente aquela que se chama Unlversit&ria por que tem o seu assento e o seu estabelecimento em muitas Universidades, onde os, jovens são guiados por mestres que não tratam de os instruir, mas de os perverter, iniciando-os nos mistérios desta sociedade, que se podem chamar mistérios de iniquidade, preparando-os para todos os crimes.» Em 21 de Maio de 1829, Pio VIII, na Encíclica Tréditi incentiva os fiéis nos seguintes termos: «Entre todas estas sociedades secretas resolvemos indicar - vos principalmente. uma, formada recentemente, cujo fim é corromper a juventude que cursa os Ginásios e os Liceus. Como se sabe que as palavras dos mestres são muito poderosas para formar o coração e o espírito dos alunos, trata-se de dar à juventude mestres depravados, que a conduzam pelos caminhos de Baal e por doutrinas que não são de Deus." O Papa Gregório XVI, prossegue a luta, afirmando, na sua Encíclica Mirari de 15 de Agosto de 1832: «A divina autoridade da Igreja é atacada, os seus direitos aniquilados, sujeita a considerações terrestres, reduzida a uma vergonhosa escravidão, e entregue, por uma profunda injustiça, ao ódio dos povos. A obediência devida aos Bispos foi desfeita e os seus direitos calcados aos pés." Pio IX, em 9 de Novembro de 1846 concita os católicos contra o espírito científico que norteava os maçónicos, na sua Encíclica Qui pluribus: «Não hesitam em arrogar-se o nome de filósofos, como se a filosofia, cujo objecto é procurar estudar a verdade da ordem natural, devesse rejeitar com desdém tudo o que Deus supremo e clemente se dignou revelar aos homens para sua verdadeira felicidade e salvação. Ninguém ignora essa guerra terrível que contra o edifício da fé católica maquina essa raça de homens unidos entre si por uma criminosa associação: tiram das trevas as opiniões mais monstruosas e as espalham por todos os espíritos com o auxilio da mais funesta publicidade." Finalmente, Leão XIII, que, ao subir ao sólio pontifício já encontrou o antigo Estado Temporal dos Papas reduzido ao palácio do Vaticano, percebe que os Estados civis se vão separar da Igreja e assim o declara, atribuindo esse facto aos maçons, na célebre encíclica Humanum genus. de 20 de Abril de 1884: "A seita dos Franc-Maçons, embora lhe custe um longo e aturado trabalho, propõe-se reduzir a nada, no seio da sociedade civil, o magistério e a autoridade da Igreja para o que trata de vulgarizar e defender incessantemente a necessidade de separar a Igreja do Estado.» E assim chegamos ao termo desta longa transcrição das bulas papais condenatórias da actividade maçónica. Para terminar o artigo, gostaríamos apenas de apresentar aos nossos leitores um trecho da obra de Borges Grainha já citada, onde se esquematiza a acção da Maçonaria na história de Portugal, a partir do reinado de D. João V. A MAÇONARIA EM PORTUGAL DO ABSOLUTISMO AO LIBERALISMO Prosseguindo no seu texto laudatório Borges Grainha afirma, a dado passo da sua obra, que «a humanidade, no seu andar, tem frequentes retrocessos; o seu caminho é de "zigue-zagues e por isso necessita te/sempre quem esteja de atalaia para a fazer avançar. Essa atal.kh 6 o espírito revolucionário do progresso que é o lemq da Maçonaria... «Assim, no tempo de D. João V a Maçonaria luta com a Inquisição. Com o governo do Marquês de Pombal ela e<o país a ançam a jatfos passos, :%as com a subida ao trono de D. Maria vem um grande retrocess o que'à Maçonaria trata de combater apesar das perseguições de Pina Manique e dos governantes estrangeiros até, 1817. «Em 1820 a Maçonaria e o pais avançam de novo com os seus filiados Fernandes Tomás, Silva Carvalho, Borges Carneiro e outros, havendo cortes libérrimas onde se estabeleceu uma Constituição liberalíssima. Mas em 1823 volta o retrocesso com o ressurgimento do absolu-. tismo de D. João VI e mvs ainda com o perjúrio de 4. Miguel em 1828. "Em 1834 a Maçonaria e o pais avançam outra vez e em 1836 mais ainda com o predomínio das ideias de Passos Manuel, Grão Mestre da Maçonaria do Norte. Mas, apesar dos tempos serem em definitivo o constitucionalismo, havendo liberdade no parlamento e na imprensa, contudo o retrocesso vai-se declarando depois de 1862 com a morte de José Estevão e doutros homens da época revolucionária e com a traição dos antigos combatentes liberais com Casal Ribeiro que, sendo ministro da marinha, entregou aos jesuítas o Seminário de Sernache e o de Macau. Esse retrocesso depois de 1870, vai-se tornando vergonhoso até chegarmos à época anterior à revolução de 5 de Outubro, em que o pais tinha caldo na ditadura do Franquismo e na sujeição ao Jesuitismo." Nas notas finais da obra de Borges Grainha, fervoroso defensor dos propósitos maçónicos, afirma-se que o Ministro da Marinha que entregou aos Jesuítas os Seminários de Sernache e de Macau não foi Casal Ribeiro, como se escreveu na história do Colégio de Campolide, em latim, mas sim Carlos Bento de Sousa, como se lê no «Mensageiro do Coração de Jesus", 1903, pág. 663, embora talvez o fizesse por influência do primeiro, que foi Ministro várias vezes e era irmão carnal de Carlos Caldeira que foi o intermediário deste negócio. (Vid. pág. XXXVIII do Prólogo da «História do Colégio de Campolide» traduzido por M. Borges Grainha, Coimbra, 1913). ''Ii'''' Se o homem por vezes não cerrasse soberanamente os olhos, acabaria por deixar d ver aquilo que vale a pena ser visto. R~N CLAR Imparta, antes de mais, dizê-lo ainda uma vez: quem subscreve estas linhas não é critico, nem especialista, e só aspira à condição de espectador disponível, ao entusiasmo do apaniguado a que se refere Carlos Porto, para distnguir tais estados do exercício isento e implacável de uma critica de facto. Como se vê, menos falsa modéstia do que apelo a um relativo e descomprometido conforto. Posto o que e embora pareça que um dos motivos que terá contribuído para que parte da critica lisboeta hostil a Avilez com ele se haja reconciliado, assente precisamente na escolha do texto de Jamiaque (1), eu creio que sobre este repousam as maiores debildades do espDèc ulo. Vçmas devagar: não é um 4nau texto, faz prova de umiz notável ciência de palco, mas é desigual e não explora até ao fundo as possibilidades doassunto, alternando os momentos de autêntica poesicr e emotividade, com as mais monoc6rdicas e charras banalidades, nunca alcançando mobilizar o espectador de uma ponta à outra, com aquela força envolvente e irretorquível dos grandes textos. Tem-se mesmo, por vezes, a sensação de que o personagem-actor excede o papel e isso é particularmente visível (e confrangedor) no caso de Santos Manuel que, em várias das ocasiões de esplêndida comoção a que arrasta o seu D. Quixote, se vê forçado a sancioná-las de mornas platitudes. Para lá deste prévio reparo, o discurso dramático de Jamiaque historia uma série de transformações, ou transfigurações, se se preferir. Assim, tomando como divisa o verso de Char em epigrafe, a lúcida loucura do visionário projectará o seu sonho sobre a realidade, impondo-lho. E nem o ridículo ou a força lograrão algo contra a imperturbável e genuína dignidade investida pelo cavaleiro. O seu percurso irá, portanto, modificar. de sentido, gestos, actos e pessoas; ao cabo, desde a pobre e desolada Maritorna, à estalajadeira o mesmo ao antipático duque, ninguém voltará a ser igual a si próprio. Sancho institui a contrapartida dialéctica do engenhoso fidalgo da Mancha, a realidade prática e saudável participando do sonho consubstanciado pelo segundo. E esta oposição vai resolver-se através da síntese que agencia transmudar o gordo escudeiro em D. Quixote. Mas noutro D. Quixote, num D. Quixote que - da morte do primeiro tornado obsoleto pelo seu idealismo inconciliável com a vida recupera o sonho de que se alimenta toda a prática verdadeiramente humana. Matéria bastante, pois e contra todas as deficiências anotadas-, para solicitar a imaginação e as virtualidades de qualquer encenador que exija de si mais do que mera carpintaria teatral. Deste ponto de vista penso que a proposta cénica de Avilez tenha resultado em pleno' num espectáculo rico de cor e movimento, quer dimensionando com eficiência o texto e as suas longuras à vivacidade de um ritmo que logo as atenua ou anula, quer emprestando a devida ênfase às passagens mais subtis ou significativas. Eminentemente visual, a encenação descobre, desde a lenta placidez dos moinhos humanos, às delicadas alusões. bergmanianas suscitadas- pelos saltimbancos da morte, ou pelo 'final do segundo acto e ainda pelo gosto coreqgráfico que a marca, uma rara inventiva e uma sincera inquietação a testemunharem o espírito criador que as promove. Como é natural, e a partir das contrariedades já de sobejo conhecidas até à escassez de tempo para uma perfeita adaptação ao novo espaço cénico, com todo o peso das responsabilidades acumuladas, a Companhia disso se ressentiu na estreia, vindo todavia a recompor-se nos espectáculos subsequentes. O nível das primeiras interpretações afigurou-se-me elevadamente profissional. Nunca será demais, porém, designar a soberba personagem laboriosamente erigida por Santos Manuel, a nobre alure que opõe ao assédio das situações de troça e grotesco, ou ainda o prestígio e o alicerçado apoio que lhe oferece a magnífica réplica de Ruy de Matos, um escudeiro bem à medida do suserano. Releve-se também o prestimoso tributo assegurado pela clara prolação de Zita Duarte, a beleza angustiada - visível, mesmo no anonimato da figuração- de Isabel de Castro, o débito de João Vasco e o jogo corporal de António Marques que tem no Trifaldino um admirável esboço de rábula. O saldo deste primeiro espectáculo do TEC aponta, pois, para o brio profission,'l e para a generosidade de uma sólida -e homogénea equipa e para o escopo imaginativo que sobre ela prevalece, animando-a e dinamizando-a. Não desejaria, como fecho, enfeitar o chapéu de Avilez com plumas que, não lhe competindo, só contribuiriam para o apoucar. Com as limitações que possam ser-lhe imputadas, dir-se-á apenas que ele, a sua acção e a sua ousada juventude, constituem uma das mais articuladas linhas de força operando no sentido de upna autêntica e válida renovação do Teatro em Portugal. Facto que me parece bem mais reconfortante e assinalável do que pretender-se, gratuita e levianamente, entronizá-lo ao lado de Peter Brook, Trevor Nunn ou Strehler. A verdade é que a grandeza do Piccolo, do TNP, ou da RSC não acrescentam, nem tiram, à importância do TEC. E esta mesmo sem a muleta das falsas hipérboles desprestigiantes - nunca será demais encarecê-la. I.L (1) Possivelmente. p-"la¶ conotaçôes progressistas que o esmaltam. Acontece é que o texto «reacrioná. rio» (sic) de Gombrowicz não serviu menos as concepções de Avilez. O sistema de segurança ocidental encontra-se ameaçado de ruína iminente e, para a precipitar, contribuíram, de maneira decisiva, os últimos acontecimentos que, em cadeia, se sucederam depois de 6 de Outubro. O agravamento das relações entre os Estados Unidos e os seus aliados europeus vem-. -se processando a uma cadência pouco tranquilizadora, nele avultando dois epis6dios relevantes: a recusa dos europeus a deferirem o pedido americano para colaborarem na ponte aérea de auxilio a Israel; e a recente recusa dos primeiros a aceitarem a tese americana da formação de uma frente económica e monetária do Ocidente, para enfrentar a crise energética e o seu aspecto mais premente, o encarecimento do preço dos combustíveis provindos dos países árabes. Recusando-se a colaborar na ponte aérea, os europeus deram um -golpe mortal na Aliança Atlântica, declinante há muito. Não correspondendo ao plano americano para criar uma frente antiárabe, a fim de obviar aos efeitos do embargo petrolífero, aprofundaram o fosso que já os separava dos Estados Unidos nos domínios da economia. Muito contribuiu para esse agravamento a recente iniciativa da França ao negociar a questão dos fornecimentos de petróleo, à margem dos Estados Unidos e dos seus parceiros do Mercado Comum, enviando o seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Michel lobert, à Arábia Saudita e ao Koweit, países com os quais fez transacções que a colocaram numa posição singular em que, de resto, foi logo secundada por outros países europeus do Mercado Comum, a Gra-Bretanha, a Itália, a Alemanha Ocidental, e na Ásia pelo Japão. A França deixou há muito de pertencer à NATO, ainda no tempo do general De Gaulle, que apresentava esse facto como testemunho dá sua independência em relação a um aliado demasiado poderoso para a sua solidariedade não ser tomada à conta de tutela. Nos conselhos da Aliança Atlântica, à qual nominalmente continuou a pertencer, e dos países do Mercado Comum, a França separou-se dos seus aliados ostensivamente o como, no tempo do general De Gaulle, proclama que tem razão contra os outros e que, ao agir assim, o faz de conformidade com interesses seus e alheios. A tradição do general continua a pesar na política, sobretudo na política externa francesa, a qual enveredou há muito por uma senda nacionalista, segundo o modelo dos nacionalismos anteriores à segunda guerra mundial. A concepção de uma Europa federada, para desempenhar no novo equilíbrio de forças mundial o papel de terceira grande, capaz de dirimir os diferendos dos grandes como tal reconhecidos -Estados Unidos e União Soviética- foi posta de parte e ninguém hoje fala. O Mercado Comum, desde a assinatura do tratado de Roma, não ultrapassou o estado original de uma união aduaneira e, mesmo assim, as rivalidades dos seus componentes superaram sempre o princípio da unidade que devia inspirá-los. O Mercado Comum agrícola não passou de uma aspiração irrealizável. O debate travado recentemente em Bruxelas sobre o auxilio às regiões dos Nove, menos favorecidas, o qual devia constituir a prova da sua capacidade de compreensão e sacrifício, foi pretexto para azedas recriminações. A República Federal Alemã ofereceu, por último, a verba que de começo lhe fora pedida e o seu governo recusou (cerca de mil milhões de dólares). O ingresso da Grà Bretanha na Europa dos Seis, transformada em Europa dos Nove, foi saudado como um indício de salvação, indício logo desmentido. Europeu da melhor tradiçâo, o representante britânico na comissão dos Nove, Cristopher Soames, genro de Churchill, era de longa data um ardoroso paladino da unidade europeia. Na previso da debandada dos países consumidores que, em busca de fornecimentos de petróleo por qualquer preço e em, quaisquer condições, davam já mostras, para o conseguirem, de renunciar aos seus interesses vitais, Soames, no fim de Janeiro dirigiu um apelo aos Nove do Mercado Comum, o qual não foi ouvido. Dizia ele então: «Se, para resolver o problema do petróleo nos não unirmos e não agirmos em comum, o prejuízo que dessa falta de unidade e solidariedade resultará, não será apenas económico, mas político. Se entrarmos numa competição para trocar petróleo por dinheiro, por armas ou por artigos manufactúrados - e é grande a tentação de o fazermos - acabaremos por abandonar a nossa independência e renunciar aods nossos interesses vitais. Nós, ingleses, não podemos esquecer que a nossa economia é a mais vulnerável da Europa, e que seremos os mais prejudicados por essa orientação. Se deixarmos os nossos parceiros do Mercado Comum, sentiremos em breve as consequências de um tal erro as quais, para a Grá-Bretanha, serão catastróficas». Para os países europeus do Mercado Comum e para aqueles que pertencem simultaneamente à Aliança Atlântica, aproximam-se horas em que o seu destino entrará numa viragem. Renunciar ao sistema de segurança atlântica e à solidariedade ocidental, fundamentos da sua sobrevivência nos últimos vinte anos, é iniciar uma marcha no desconhecido pois nada têm para substituir, em prazo previsível, aquele sistema. A sua dispersão coincide com crises nacionais de grande amplitude em todos eles. Os governos que ocupam neste momento o poder, na França, na Grã-Bretanha, na Alemanha e na Itália, atravessam uma crise que, provocada em cada um deles A EUROPA NUMA IRAGEM por motivos específicos, se agrava incessantemente em todos. Na França anuncia-se a substituição do chefe do governo Messmer, figura apagada na V República, por Giscard d'Estaing, o que equivale à substituição de um político da velha guarda de gaullista por um técnico reputado que tem consolidado a sua posição na gerência di pasta que maiores dificuldades oferece. Giscard é um manobrador ambicioso, que aspira à presidência da República e que será candidato à sucessão do actual presidente, tendo probabilidades de ver satisfeita a sua ambição. No meio das suas dificuldades e incertezas, a França, ou pelo menos os seus políticos, pensam sobretudo na próxima eleição presidencial a qual, para muitos, se reveste de maior importância - a falta de carburantes. A Grá-Bretanha, cujas estruturas económicas são mais vulneráveis do que as dos seus parceiros do Mercado Comum, atravessa um momento crucial da sua história. Para o superar, apela para as energias e para a firmeza de um povo com provas dadas em épocas extremamente difíceis. A recordação. do comportamento épico dos ingleses duas vezes neste século, a qual constitui um incentivo forte para que acreditem nas suas próprias virtudes e confiem na perenidade destas. Mas não pode negar-se que a crise actual é, para o povo inclês, das mais árduas de todos os tempos. Na Alemanha Ocidental o chanceler Brandt reconhece que a Ostpolítica se encontra em apanne» e que dela não extraiu os resultados que esperava; e a Itália revela os primeiros sintomas de uma' erupção das forças da extrema direita as mesmas que há precisamente meio século, adoptaram o fascismo como nica alternativa para a desordem que reinava naquele pais. PINSPICTIVA .it . ,. .! ., EM DEPÓSITOS A PRAZO A MAIS DE UM ANO C 1 ANO E 1 DIA ) e mealheiro iaperativo dá mais. dá-lhe ainda a uantage.m de ramprar a preços inopertivas em todos os seitares Eamerinis de Ponari. n." 1046173 publicad no Wtiolflim Oficialb de Moçambique l. Siric. n.130 de 8 de Novembro de 1973 O GRUPO era defesa do O'0u e PÁGINA 27' O quinto concerto da série «Experiência e Expressão Musical» aconteceu no passado dia 10, em mais uma organização de Joe Ira gança, esse moço saudavelmente een ado na revelação de novos valores da nossa música. Este quinto concerto aconteceu sob os auspícios de «S. Miguel», uma vez que se nao realizou, como até aqui vinha acontecendo, .no cinema «Dicca», mas naquele teatro da avenida «24 de Julho- . / ,'Segundo joe Bragança, essa mudança de local «fi,cou-se devendo muito especialmente à montagem t6cnica e musicaL j1 Miguel» parece condições acúst zando o especté Na verdade, c ção excelente, ju o quinto concer ficiou com esta Uma 'outra in giu neste quin «pop». Os espe que lotaram a Se é verdade que o quarto concerto pauco eu nada nos trouxe de novo, ío é menos verdade que.este último foi mito superior. podendo mesmo considerar-se um bom espctí cula. Quanto mais míe fosse pela autêntica tempestade de som dos «Storm, que se deram-. a luxo - raro, entre nós - de dar <sl ». é que o «S. Miguel~- encontraram o ter melhores palco já pronto para o esicas. valori- pectáculo. Não houve Iocuculo». ção, os intervenientes foramom sonoriza- -se apresentando, dentro da ulgamos que ordem programada, dando to só bene- desde logo inicio à sua mudança. actuação, o que contribuiu .ovação sur- para evitar demoras escusato concerto ectadores - outro lado, com a paciência sala do .'S. daquele público geralmente 0OGRUPO e xi de fesw ao co U 5ini or) "0GRUPO (=O .............. m das, não se colidindo, por PÁGINA 28 ruidoso e menos habituado a apresentações e introduções, por mais que estas se mostrem necessárias e plausíveis. - Por outro lado - acrescentou Joe Bragança- pracuramos, com este sistema. criar maior interesse no páblico. e até, exigir dele uma correspondência mais acentu~dts aos espectáculos. . de resto, o que está a fazer-se nos grandes paises em espectáculos cong6neres.. Quanto às explicações que deviam ser feitas e relacionadas com o espectáculo, elas constavam de um bem elaborado programa que o público encontrou à sua espera, distribuído pela sala. O QUE FOI O V CONCERTO Foi Alan. um jovem vocalista sul-africano - porquê tantas dificuldades e tanta burocracia relacionadas com a sua actuação?L.. - quem abriu o espectáculo. E fêlo da melhor maneira. Interpretando composições de Cat Stevens e outros, o jovem cançonetista conseguiu interessar e prender a assistência que o ovacionou calorosamente. E com justiça. De resto, os comentários da -malta» presente foram totalmente favoráveis à actuação de Alan que, com trabalho e perseverança, pode vir a dar que falar. «Alta Tensão» actuou a seguir. E, contrariamente ao que esperávamos, a sua actuação foi mesmo muito jeitosa, mostrando já uma maior independência interpretativa e até criativa. Sem dúvida, «Alta Tensão» segue o caminho certo, isto é, mesmo tocando números de conjuntos estrangeiros, até pela escassez ou inexistência de composições originais, pode fazê-lo, sim, mas imprimindo-lhes um cunho pessoai. Foi o que aconteceu. Contudo, apesar disso, continuamos na nossa: "Alta. Tensão» é sobretudo um conjunto de «boite», onde por certo agradará em cheio. Depois do intervalo, actuaram Ricardo e Poitvant, dois moços que baseiam o seu repOrtório nas baladas de «Crosby, Still, Nash and Young». Pessoalmente, julgamos .que o -duo - aliás. acompanhado por dois ou três jovens- não cumpriu cem por cento. Sentimo-los nervosos, desligados, e de «Crosby, Still, Nash and Young» nem a recordação nos ficou. O que não quer dizer que eles não tenham possibilidades. Têm-nas. Mas será necessário muito trabalho e muita vontade para alcançarem o lugar pretendido. Finalmente, este V Concerto da Série «Experiência e Expressão Musical» encerrou duma forma espectacular, com «chave d'ouro», o que se fica devendo à excepcional actuação dos POR 308 THOMAS A maioria dos entusiastas da música popular dirá, sem a menor hesitação, que Hoagy Carmichael compôs «Stardust-, canção reconhecida internacionalmente com um clássico no género. Entretanto, muitos desses provavelmente reflectirão um pouco antes de citar o nome do compositor de <The Nearness of You», "Lazybones» ou "Ole Buttermilk Sky», também da autoria de Charmichael. Hoagland Carmichael, que comemorou o seu- 74." aniversário, compôs sozinho ou de parceria, mais de 35 canções de grande êxito, mas provavelmente, ele próprio será o primeiro a contestar isto. Na sua primeira tentativa de uma autobiografia, «Stardust Road», explicou ele: «Ninguém escreve melodias. Elas são encontradas por alguém; escondem-se nas notas musicais, à espera de que alguém as descubra encontram-se ali há séculos, e uma pessoa transformar-se-á num compositor no dia em que as descobrir». Carmichael advertiu também que se alguém encontrar uma boa melodia e os seus dedos não se desviarem do caminho, esta sairá de seu esconderijo em dez minutos. Ainda que Hoagy tenha conseguido encontrar «Stardust» em dez minutos, três anos se passaram antes que a sua canção se projectasse como um sucesso. Foi somente quando o . maestro Isham Jones a gravou, com um solo de violino, que a canção se tornou popular. Hoagy aprendeu a tocar piano de ouvido. Na sua cidade natal, Bloomington, no estado de Indiana, sentava-se ao lado da mãe, Lyda Carmichael, que tocava música popular num cinema local, na época do cinema mudo. Hoagy apurou o ouvido. pelas suas frequentes visitas" aos locais frequentados por músicos negros, onde estes o GRUPO do o0C5u D idor eM defesa ao PAGINA 29 «Storm», que levaram o público até ao melhor do «hard rock music» («Deep Purple», «Rare Erzth» e outros. Magistrais interpretações de Fou, na bateria, todo ritmo e genica; de Steve, ex-«Melting Pot» (que o serviço militar dissolveu), certo e sabedor, correspondendo inteiramente ao que dele se esperava; e desse espantoso Zeca Carvalho, viola-solo, donde arrancou sons verdadeiramente «tempestuosos», sublinhados com largos aplausos da assistência, que acompanhou atentamente as interpretações deste categorizado trio. Sem dúvida alguma, -Storm» foi uma aliciante passavam os seus momentos de folga cantando e tocando música folclórica. Esses músicos e as suas primeiras incursões no «jazz» viriam a exercer uma influência duradoura em Carmichael. A música circense e as marchas de John Philip Sousa também contribuíram para a formação musical de Hoagy. Yamais perdia os concertos da banda de Sousa e procurava reproduzir as marchas no piano. Mas, talvez a influência decisiva na vida de Hoagy tenha sido Reggie Duval, que parecia fazer tudo errado ao piano, mas sempre com grande êxito musical. Com Duval, Carmichael aprendeu a tocar pela beleza da música, para si próprio, e não comercialmente. -Nunca toque nada que não seja direito», dizia-lhe Duval, «você talvez não obtenha grandes lucros, mas em compensação ficará em paz consigo mesmo.» Seguindo este conselho, tempestade de som, que merece ser «bisada». -VI CONCERTO E MINI-WOODSTOCK Entretanto, em Março ou Abril terá lugar o último concerto da temporada e da série «Experiência e Expressão Musical», após o que se seguirá um interregno relativamente longo para se proceder aos preparativos, algo complexos, inerentes à primeira manifestação «pop» ao ar livre, no género do grandioso festivdl de Woodstock, e que se prolongará por dois dias, se tudo correr de acordo com os planos dos jovens organizadores. Assim, durante alguns meses, a organização de joe Hoagy viria um dia a aprender a tocar direito, e ainda assim ganhar dinheiro. «Stardust» já lhe proporcionou mais de 250 000 dólares em direitos autorais. Quando terminou o colégio, ingressou na Universidade de Indiana, de onde saiu com um diploma de bacharel em Direito. Talvez mais importante ainda para ele tenha sido a oportunidade de travar conhecimento com Bix Beiderbecke, um tocador de cornetim em franca ascensão e que viria a transformar-se num legendário baluarte do 'jazz», apesar de sua morte ,prematura aos 28 anos. Bix não era colega de estudos de Hoagy; os seus caminhos cruzaram-se devido à paixão de ambos pelo «jazz». O relacionamento entre eles, embora breve, floresceu com base no respeito mútuo e na afeição. Em 1965, Hoagy escreveu uma segunda autobiografia e nela se refere ao talento Bragança trabalhará sem 'descanso no sentido de poder oferecer à juventude lourençomarquina - e não só, pois se o festival se realizar será um aliciante chamariz para a juventude dos territórios vizinhos - um verdadeiro espectáculo de música «pop», que, em princípio, deverá contar com a participação de dois conjuntos de renome internacional. Os seus nomes estão, de momento, no segredo dos deuses. Mas podemos adiantar que qualquer deles conseguirá apaixonar todo o mundo e atrair muitos milhares de/pessoas... Para já, foram encetadas as resnectivas «demarches», que estão' a ter o apoio ofimusical de Bix. Muitos anos após a morte de Bix, Hollywood produziu um filme baseado na sua vida, na qual Hoagy apareceu. Os .dois tocavam juntos, mas Hoagy continuava mergulhado nos livros - quàndo não eram de música, eram de Direito. O seu grupo, «The Wolverines», gravou a primeira composição de Hoagy, Riverboat Shuf1fle». Posteriormente escreveria outras, inclusive «Boneyard Shuffle» e «Washboard Blues». Mas chegaria o dia em que Hoagy, então um jovem assistente de advocacia, ao ouvir os sons de «Washboard Blues» penetrarem pela janela aberta de seu escritório abandonaria de imediato, o Direito para se dedicar inteiramente à música. O primeiro passo de Hpagy foi ingressar numa orquestra; pouco tempo depois, formou o seu próprio conjunto, que interpretava principalmente composições suas. cial, para, possivelmente em Novembro, a juventude de Moçambique e da África Austral poder assistir, em território moçambicano, ao primeiro Woodstock africano, em espectáculo inédito,-, e francamente válido, que, naturalmente, não deixará de incluir o nosso melhor folclore bem como a apresentação dos nossos melhores conjuntos musicais. Em suma: vão ser dois dias de música, paz e amor. A música, a paz e o amor que Moçambique também tem para oferecer a todos. Esperemos que sim F. R. WOODSTOCK Gradativamente, foi firmando a sua reputação como compositor. Encorajado por este sucesso inicial, partiu para Hollywood com três composições inéditas, «Stardust» entre elas. Nada conseguiu. Mais tarde, entretanto, valendose do êxito de -Lazybones«Memphis in June» e outras, retornou a Hollywood, aparecendo como actor e cantor. Muitos talvez se lembrem da sua interpretação como Cricket, um pianista de cabaré, do filme «To Have and Havo Not», com Humphrey Bogart Hoagy Carmichael é compositor, cantor, pianista, actor e advogado. Ele não gosto de ser conhecido como o compositor de apenas um sucesso. Mas, «Stardust» b a primeira palavra que nos vem à mente sempre que o nome de Carmichael é citado. 0 OGRUPO oauio =n defesa aoe Di~~aé produtos qui<oa que weom no trat~mto da dqua. Ao fundo, à esque~rda: a garafa contm a d~i PAGINA 31 que um habitante de Boane trouxe à nossa Redacção A AGUA SUJA QUE SE BEBEU Em DlOAM Pessoa residente na vila de Boine veio à «Tempocom uma garrafa contendo um liquido barrento. Vinha mostrar à gente a' esquisita beberagem que a Junta local oferecia para o consumo dos habitantes, para a indústria e para o comércio daquela vila. Ficámos a saber que todos os anos na época das cheias do rio Umbelúzi a pobre Boane era obrigada a emporcalhar o seu delicado estômago com água tão barrenta que não ficava nada a invejar àquela que os animais do mato encontram nos bebedoiros de águas paradas. Soubemos ainda que nos tempos em que o liquido era fornecido pelos SMAE aquilo não era assim mas uma delícia e as vacas andavam todas gordinhas. Ora a Junta local tomara a rédea do fornecimeno da água e a partir daí todos os anos pelas cheias do Umbelúzi era o mesmo espectáculo: barro dissolvido que caia nos vasos debaixo das torneiras. Imediatamente pensámos que ali ou havia exagero ou qualquer coisa andava a funcionar muito mal. Pelo sim, pelo não, pusemo-nos em campo. Nada de novo a não ser aquilo que já supúnhamos. Vejamos: Ainda há pouco Lourenço Marques ficou sem água e quando ela saia durante um curto período de tempo o liquido era qualquer coisa de incomodar sensibilidades delicadas. Mais: os que têm boa memória sabem que todos os anos em Janeiro e Fevereiro é sempre a mesma história. A água ou falta ou sai barrenta. Porquê? O rio Umbelúzi, que é o rio donde nos vem a água que bebemos, tem as suas cheias durante esses meses. O resto depende das chuvas que caem com mais ou menos intensidade agravando mais ou menos as cheias Neste ano elas foram graves devido às preciDitações fortes quer, em Moçambique quer na Africa do Sul e Suazilândia. É preciso explicar que a água do rio quando é puxada do leito entra tal e qual está nos tanques de filtragem. Quanto mais suja ela se apresenta mais detritos ficam presos nos filtros, maior é a sedimentação nos tanques, menor é o tempo necessário para criar uma camada na base interior desses mesmos tanques. Ora os detritos, os produtos da sedimentação, não podem ficar eternamente presos, depositados. Têm de ser removidos o que se faz suspendendo o fornecimento da água e procedendo à limpeza dos filtros e dos tanques. A lama -porque de lama se tratadurante os actos de lavagem escapa-se para os tubos de distribuição e quando o trabalho está pronto o liquido limpo que entra neles empurra-os e volta a ficar escuro saindo assim nas torneiras. Foi apenas isto o que se passou em Boane que não recebe água fornecida pelos SMAE mas detém suas próprias instalações de tratamento. Um serviço particular a cargo da Junta local. É isto o que se regista todos os anos por alturas das cheias do Umbelúzi. Apenas uma particularidade: O tanque, com uma capacidade de 150 m3, para satisfazer as necessidades de consumo tem de ser enchido duas vezes por dia. Com um raciocínio simples chegaremos logo à conclusão de que quanto maior for o consumo menor é a possibilidade de sedimentação das águas dentro dos tanques. Imaginemos que misturamos areia num copo de água. Para que essa areia se deposite no fundo do copo é necessário um tefnpo maior ou menor. Num tanque de fornecimento de água passa-se o mesmo. E quanto menor for a sedimentação maior será a tonalidade escura do liquido. Boane ultrapassou a capacidade do seu tanque que, quando foi posto em fundonamento, fornecia água durante três dias uma vez cheio. Como dissemos hoje é necessário enchê-lo duas vezes para o consumo de um dia. Por esta ,azão pensa-se na construção 'de um depósito com 500 m3 que serviria de reserva. Esta é a verdade sobre a água suja que foi fornecida em Boane durante uns três dias. A pessoa que -veio à «Tempo» com uma garrafa tinha simplesmente recolhido o líquido que, vindo do tanque, empurrava os sedimentos entrados na canalização em virtude da limpeza que estava sendo efectuada. Aliás, as entidades administrativas avisaram com antecedência que o fornecimento iria ser cortado. Simplesmente, como não existe tanque de reserva, o tal que se pensa construir se se obtiver a necessária autorização do Governo, as coisas andaram mal e tinham mesmo que andar. Limitações deste tipo não são apenas de Boane mas registam-se em todo o lado. Se vier alguém perguntar se em qualquer cidade do mundo quando o rio que fornece a água está cheio e lamacento as pessoas so obrigadas a ficar sem água ou a consumir água barrenta (mesmo que se garanta que não é prejudicial) ou não sei responder. No caso da negativa direi apenas que há técnicas e técnicas e se na Dinamarca por exemplo. não encontrássemos nenhum problemas id&ntico ao de Boane ou ao de Lourenço Marques todos os anos pelas cheias do Umbelúzi. a minha resposta seria que nós não somos dinamarqueses e isso já diz muito. Só resta acrescentar que a água de Boane (como a de Lourenço Marques) é tratada com produtos químicos tais como sulfato de alumínio, cal, cloro, carboneto de sódio, etc. Albino Magaia .. . 1. : .. ...........> E/s ir O::R 1U P 0 ein clefesa aO consulniaor offiffimeoffimm~ PÁGINA 38 Propositadamente, o para que o leitor se interrogue e os interrogue, se colocaram em epigrafe os versos do famoso pré-romântico inglês. Que tigres ardem acesos? Em que florestas da noite? Que haverá de terrível em determinadas simetrias? Que estranhas realidades - irmas dos punhais alados e das ilusórias criações da mente escaldante a que alude a personagem de Shaitespeare- serão estas? De que país provêm? Se o apelo rítmico logo nos seduz e alicia, vários mistérios se lhe entrelaçam e o complicam. dificultando a clara percepção do objecto criado que, assim, se nos dá e furta a uma exaustiva fruição. 0 QUALIDADE POÉTICA Dir-se-á que a arte moder-a, a com ela a poesia, terá levada esta opacidade quase sempre prevalecente no objecto criado, até aos derradeiros limites, lá onde uma cabal compreens8o é totalmente inviável. Que pretende dizer-nos hoje um poeta português dos mais notáveis - A. Ramos Rosa-quando escreve, em «A Construção do Corpo»: A fonte na parede. Alta no [braço. A chuva cminhando. O jornal aceso. São três braços, três palavras [numa página. Ou este outro -Herberto Helder- num poema que se situa, porventura, entre os mais definitivos da mais moderna poesia de Língua Portuguesa («Elegia Múltipla»): Ouvi dizer que os mortas res[piram com luzes iransfor[modas. Que têm os olhos cegos co[mq sangue. Este corria, assombrado. Os mortos devem ser puros. Ouvi dizer que reepiram Correm pelo orvalho dentro, [e depois estendem-se. (...) Curiosamente e antes que se intente uma indagação ao nível do sentido, qualquer destes textos se nos comunica de imediato como mensagem de um tipo especial e cujas características aparecem também implícitas em Blake, num soneto de Cames, ou numa «carta» de Sã de Miranda. Quer isto dizer que, para lá de tudo quanto possa separá-los, há -entre todos eles um vinculo comum imediatamente apreensível a que chamaremos a sua qualidade poética e que por sua vez os distingue de outros tipos de discurso. Categoria poética, «dado imediato, densidade própria, qualidade primeira, anterior à apreensão de qualquer significação lógica» - como lucidamente observou o já referido Ramos Rosa, num ensaio fundamental para a compreensão do fen6meno poético-, lugar de encontro, não obstante isso e a partir dai, tudo se separa, afasta e diverge. * SER E SIGNIFICAR Do mesmo passo que tal se processa, também o mundo em que vivemos se vai tornando, com o avanço da ciência e das técnicas, portanto do conhecimento em geral, um universo extremamente complexo e compartimentado, dificultado pela sua exacerbada especialização, exercendo, naturalmente, sobre as várias artes uma influência análoga. Certos tipos de relato característicos dos Sédulos XVI e XVII, com a sua linearidade psicológica, tantas vezes tão saborosa e aliciante, seriam hoje inviáveis, depois de Freud e Yung; e nenhum escritor cometeria agora a veleidade de bater-se com estes Mestres em seu próprio terreno, sob pena do ridículo. Recuando, rarefazendo-se o seu espaço, a arte moderna procura em si mesma o. seu objecto, institui-se ela própria em assunto. Daí a pintura sobre a Pintura, a poesia acerca de Poesia; a sobrevalorização do desenho, da forma e da cor na pintura, o primado da palavra e da sua organização no poema. Dai que um Picasso tome como ponto de partida as «Meninas» de Velasquez um dos maiores quadros jamais pintados - para empreender, numa sério de estudos fulgurantes, a destruição e violentação sistemática das formas, das cores, dos volumes, investindo na tarefa toda a ênfase demoníaca da sua inspiração. Dai que, frustrando o leitor, sempre ansioso por descobrir nas coisas um significado, uma história, um sinal decifrável - um grande poeta contemporâneo de língua inglesa tenha escrito, precisamente num poema sobre poesia, que o poema. não deve significa, mas ser. Isto é, instituindo-se em seu próprio objecto, a manifestação artística assume o carácter cerrado de um cosmos vivo e diferenciado, recusando as aberturas comuns ao discurso lógico. 0 A INPESSOALIDADE O choque foi gradual e progressivo, embora com momentos de sobressalto e confusão. Pessoa, inventor de Caeiro, Alvaro de Campos e Ricardo Reis, promotor da ampla liberdade rítmica que a nossa poesia passaria a disfrutar a partir dele, terá de esperar pela presença a fim de ser recuperado. Oriundo do romantismo, o irlandês Yeats, um dos grandes inovadores da poesia neste século, experimentará os sinais da mudança e os apelos do tempo, optando por uma linguagem radicalmente oposta aos elaborados adornos da sua primeira fase. Em 1916 o público inglês de ouvido aferido aos embalos sugestivos e cativantes de Blake ou Wordsworth, sentir-se-á chocado pela aspereza oralista e descoordenada que lhe inflinge o «Prufrock» de T. S. Eliot. Sem que déssemos por tal, insinuará o Dr. Leavis - ao mesmo tempo que consagra à moderna Poesia inglesa a sua mais fecunda base teórica - sem que o percebêssemos, o mundo é nossa volta transformou-se profundamente, e não é mais o rudo da caleche que escutamos; porque não .adxnitir, pois que a poesia do Sr. Eliot entra em sintonia com o pulsar do mundo actual, que nela, ecoam o apito das fábricas, o vozear e o estrépito do tráfico nas ruas pejadas, o ritffio novo dos motores de explosão? Na poesia, pois é dela que fundamentalmente v i m o s curando, embora numa situação de referência com as demais congéneres, a charneira da fractura, logo indiciada no princípio deste excurso, deve situar-se sobre o Je est un Autre de Rimbaud, equivalente ainda ao agora sou impessoal de Mallarmé e a todo o programa do Simbolismo francês. Com o simbolismo a oposição sujeito/objecto tende a neutralizar-se. Como pertinentemente não deixou de o sublinhar Ramos Rosa, o poema deixa de- assinalar uma exterioridade para se constitui como criação aut6noma em que a linguagem se torna independente e como que absoluta, e o seu conteúdc já não depende, do assuntr O GRUP O ;i exldefesa' do eMI PAGINA 39 ARS POETICA Um poema deve ser palpável e silente Como um fruto redondo, Surdo Como o medalhão antigo ao polegar, Silencioso como a gasta pedra De capitéis onde cresceu o musgoUm poema deve ser destituído de palavras Como o voo das aves. Um poema deve ser imóvel no tempo Como sobe a lua, Abandonando, como a lua desprende Ramo a ramo as árvores envoltas na noite, Abandonando, como a lua deixa para trás o inverno, Lembrança a lembrança a mente.. Um poema deve ser imóvel no tempo Como sobe a lua. Um poema deve ser igual a: ARCHIBALD MACLEISH Não verdade. Para toda a história da mágoa Um portal vazio e uma folha de plátano, Para o amor A erva inclinada e duas luzes sobre o marUm poema não deve significar, Mas ser. ARCHIBALD MACLEISH (tradução de R. K.) 0 GRUPO enI defesadoXg 4 ou arumonto que o estruturava mas ionfunde.5e com todos os acidentes sonoo e sem&nticos que se integram na sua verdadeira substância. # PROPOSTA ABERTA Iludindo uma leitura convencional e ao contrário de fechar-se sobre o seu pr6prio sentido - como poderia deduzir-se da nossa prévia interrogação - a partir dai o poema abre um leque de sentidos, convida o leitor, pela natureza ambígua do seu conteúdo, a participar da própria aventura criadora, institui-se em proposta inesgotável e aberta. A sua infinita clareza, por paradoxal que se nos afigure, decorre da sua obscuridade. Uma mesma constante, um mesmo eixo, subjaz e suporta toda a aventura da arte moderna: a sua fundamental ambiguidaãe. A obra de arte está a converter-se, cada vez mais - segundo Umberto Eco, filósofo da est6tica-, desde Joyce at6 & música serial, desde a pintura informal aos filmes de Antonioni, em obra aberta, ambíqua, que tendo a sugerir, nã& um mundo de valores ordenado e univoco. mas um mostruário de significados, um «campo- de possibilidades, e para consegui-lo 6 preciso uma intervenção cada vez mais activa, uma opçáo operativa por parte do leitor ou do espectador. Quando um Poeta, Lourenço de Carvalho - e cito-o por me parecer que, entre nós, se situa entre aqueles que melhor exemplificam o que tenho procurado convir -, escreve: teu ser 6 de fome obstinado e lento mordendo calado no meu bojo imenso navio sem pátria com nome de vento 1 onde te navego por dentro lá dentro. ao contrário de obstinar-se em confundir-nos, por intermédio de combinações e jogos de palavras (de resto a organizaçáo da linguagem poética estrutura-se sempre de molde a violar as normas y da linguagem comum), ou de, pela natureza obscura do discurso resultante, nos vedar o seu acesso, ao invés de tudo isso, ele solicita-nos e desafia-nos, pelo que há precisamente de difuso e impreciso, mas sugestivo, na sua mensagom, a que participemos da sua aventura criadora, a/que sejamos capazes de - desencadeada a imaginação - ler no texto, não as vivências privativas do poeta, mas tudo quanto na sua voz possa corporizar, inflectir, celebrar os caminhos da nossa experiência. Temos assim que, instituindo uma mais intima e aturada *relação entre criador e leitor, o dito da poesi moderna não reside na sua imediata intelegibilidade, mas na infinita possibilidade de leituras e significados que faculta e solicita. Em sua natureza obscura, portanto. Nota - No próximo caorigens no intuito de con. derno de astes & letras e tribuirmos para facultar como possível ilustração uma vi-ão aproximativa dos pontos de vista expen. das várias tendências que didos no artigo acima, ten- .caracterizam a Poesia da cionamos proporcionar ao primeira metade deste séleitor uma selecção de tex. culo. tos de diversos autores e T. S. ELIOT Eu só uso Jrn ZAMBEzE Fabricada pelos pr~ocsss mais modernos a farinha Zambeze faz a massa ide zpara o seu pão. Farinha Zambeze-le e macia-ton o seu pão mais saboroso. Farinha Zmbeze moera Um Banco para mais de meio milhâo de pessoas A melhor maneta de ser imediatamente atendido no Banco do Hospital Central Miguel Bombarda é aparecer lá de maca. A maior parte dos doentes são obrigados a perder tempo numa bicha para efeitos de identificação exaustiva. Será esta, por ventura, uma obrigação que faz com que os aspectos secundários sejam tornados primordiais. PÁGINA 43 Texto de ALBINO MAGAIA Aqueles que um dia tiveram que solicitar os serviços do Banco de Socorros do Hospital Central Miguel Bombarda sabem como é oxasperante o ritmo que as coisas tomam naquele dopartamento hospitalar para primeiros socorros o reammação. Um ritmo lento, uma inopwca aflitiva, longai esperas que fazem chorar mamãs do bebés ao colo e tornam mais forte a voz do pais nervosos. Ali onde um médico faz turnos de 24 ho~a íeguidas, onde as complicações de uma população citadina de mais de meio milhão de pessoas acabam fatalmente, onde há falta de pessoal e o mesmo médico que faz as tais vinte o quatro horas seguidas de serviço tem de ser pediatra. ortopedista, etc. mesmo que soja apenas um oftalmologista. ali tinha que foçoecnento andar qualquer maL E ~.4a. Associação dos Dadores de Sangue, próxiino da Cadeia Central: esta, como outras coletividades humanitárias, prestam serviços gratuitos para pequenos curativos o ,in. dP4M.a d. Row u ma asheaa q_>,ra o nosso sobrecarreoado Banco de Socorros. Em cima: Posto de Socorros da Cruz do Oriente, no Alto Maé: efectuam-se aqut pequenos curativos gratuitamente. Um melhor apetrechamento contribuiria para prestar socorros de certa gravidade mas que não exigissem intervenção cir 'rgica. Em baixo: a Sociedade Humanitária Cruz do Oriente mandou edificar este moderno prédio como modo de anga'irar proventos que serão aplicados na reestruturação dos seus serviços. No rés-do-chão vai funcionar um posto de socorros durante vinte e quatro horas o que constituirá a melhor ajuda para descongestionar o Banco do Hospital Central onde nem só pessoas gravemente feridas aparecem para receber os primeiros socorros. Ali, surgem também pessoas que foram mordidas por um cão, DANCO' OE Um banco de socorros urgentes tem de ser um departamento, ágil, operante e sem pelas burocráticas postas à frente das observações clínicas. No Banco do Hospital Central a primeira coisa que cai com sabor de balde de água é aquela bicha, por vezes bem grande, onde a gente tem de di er o nome, a profissão, a i4ade, o número do bilhete de identidade e acaba assinando o papel. Tudo lento. Exasperante. É aqui que as mamás começam a ficar com ar de drama e os papás, nervosamente, dão uma voltinhas como se estivessem numa jaula. Para fugir a esta bicha, é preciso chegar-se lá com aspecto de meio cadáver. E se o sujeito já nem pode andar, necessitando ser transportado numa maca, então o passaporte é quase mágico e as portas batentes abrem-se de par em par e entra na enfermaria de tratamentos, no banco propriamente dito. Simplesmente o que está mal é que uma doença pode ser grave e não manifestar-se externamente em falta de movimentos. O tempo enorme que se perde a fazer uma bicha para fomecer elementos de identificação um dia será fatal para quem estiver gravemente doente sem que tenha as pernas partidas nem a cabeça ensanguentada. Nem chega a entender-se bem para que é que vai servir ao médico a profissão do individuo doente, o número do bilhete de identidade, a morada e o resto se o que a pessoa pretende é ser observada, tratada, para o que basta o nome para efeitos de chamada. A Identificação exaustiva far-se-ia depois. Não seria mais inteligente e mais prático ? * MÉDICOS PARA TUDO Sem pretender de modo nenhum pôr em causa a competéncia profissional dos médicos do Hospital não podemos porém deixar de mencionar isto: O Banco tem um médico de serviço todos os dias. Este médico, escalado de entre o peasoai do llospital, entra às oito (da manhã) e só sal do servi. ço vinte e quatro horas dePAGINA 45 MEDICO PARA CONSULTAR TODAS AS DOENCAS pois ou seja ás oito do dia seguinte. Puro heroismo. E para quem conhece o movimento de doentes que de minuto a minuto solicitam os serviços urgentes do Hospital Central Miguel Bombarda, não deixa de embasbacar pensar como é que uma pessoa (um médico é uma pessoa) pode trabalhar vinte e quatro horas seguidas mesmo alegando que há um quarto para o descan. so dos médicos. Não justifica nada. Mas o pior ainda não é isto. O pior é que o médico de serviço tem de fazer um pouco de tudo, tem de ser pediatra, oftalmologista, ginecologista, etc. independentemente do ramo da sua especialidade. Num sarcasmo muito cru diríamos que têm «sorte» os que vão para a sala de reani. mação porque são assistidos por um clínico da especialidade do mal que têm. A Reanimação - já que falámos dela - também tem algo que se lhe diga. Enquanto que o Banco sacrifica um médico durante vinte e quatro horas, a Reanimação não tem médico permanente. Quando aparece um caso a pedir intervenção urgente o médico (ortopedista, em caso de fractura, cirurgião, em caso de lesões internas, etc.) é mandado chamar pelo telefone. * DE QUEM SERÃO AS CULPAS ? Pessoas bem conhecedoras do movimento daquele Banco afirmam que a inoperância de serviços não se aplica aos turnos que são feitos pelos médicos do Hospital da Universidade. Sem que possamos garantir que sim ou que não apenas podemos registar com agrado esta fama dos médicos que exercem a profissão naquele estabelecimento hospitalar. Quanto ao resto, o mau nome que se tem criado à volta do nosso único Banco de socorros - nunca é demais frisar que a população que requer os seus serviços é de mais de meio milhão de pessoas - a única explicação plausível para tal fenômeno é a carência de pessoal médico de que sotre o Hospital Central Miguel Bombarda. Essa carência tem seus efei. tos em quase toda a actividade do hospital. Assim, as consultas são, como é sabido, feitas em determinados dias e não diariamente. Na parte de tarde nunca há consultas no hospital até porque os médicos só trabalham num único período: o da manhã. Excepção feita para qualquer caso extraordinário. De noite, o mesmo médico que entrou às oito da manhã é que fica encarregado de superintender em TODAS as enfermarias do Hospital. Quer dizer: as suas obrigações não terminam no banco de socorros, onde trabalha 24 horas seguidas, mas estendem-se a todo o hospital. Se algum dos doentes precisar de ser observado urgentemente por um médico é o clínico escalado para o Banco quem faz essas observações. É mesmo perfeitamente claro que as coisas tinham que marcar um ritmo lento e exasperante num hospital onde o médico tem de ser herói. * OUTRAS AGRAVANTES Imaginemos que há um atropelamento na estrada de Marracuene; que um serviçal vai para casa e encontra-se no caminho com «mabandido» que o maltratam; que dois fulanos metem-se em pancadaria grossa e um fica gravemente ferido; que um rapazinho é mordido por um cão. que um operário corta o dedo com uma serra; etc. Qualquer destes casos, como é óbvio, acaba no Banco de Socorros do Hospital Central,, Porquê ? A primeira razão será porque a maior parte das pessoas não se pode dar ao luxo de solicitar os serviços de um médico particular por razões de todos conhecidas. A segun. da porque apesar de haver várias instituições humanitárias aptas a prestar socorros de pequena monta as pessoas ou não conhecem essas insti. tuições ou não confiam nos seus serviços preferindo o Banco. A Cruz do Oriente, com dois estabelecimentos, um no Alto Maé e outro na Baixa, aCruz Vermelha, o Posto de Socor- ros da Associação dos Dadores de Sangue, os postos das instituições missionárias, estão aptos a curar pequenos ferimentos. Pelas razões que apontámos pouca gente, todavia, solicita os serviços destas casas. Por outro lado, de noite, apenas o Banco funciona como posto de socorros. Os estabelecimentos das instituições humanitárias fecham as portas depois das dezanove horas. É por isso que também é de noite que o Banco regista maior movimento. Que acontece ? Acontece que sobrecarrega. -se o pessoal do hospital com pequenos tratamentos que podiam ser feitos num daqueles postos se por ventura de noite funcionassem. Na bicha que tem de ser feita no Banco antes dos tratamentos a fim de se proceder à identificação dos doentes, gente com arranhadelas, com dores de cabeça, com vómitos, com febres, com tonturas, enfim, com todas as espécies de doenças e seus sintomas exteriores, misturam-se. Não é preciso dizer que quem deu 'uma queda e torceu um pé e quem bebeu um liquido qualquer por engano, dos dois, este necessita mais urgência de tratamento que aquele. E é deste modo que ficam prejudicados os doentes mais graves porque em Lourenço Marques não há de noite nenhum outro lado para o tratamento de doenças que não o Banco. * VENCIMENTO DOS MÉDICOS E OUTRAS COISAS Não há dúvida pois que precisa-se de uma reestruturação do funcionamento do nosso maior hospital porque a marcha de tartaruga que se nota no Banco não é senão um reflexo da escassez de médicos nos quadros do Miguel Bombarda. Também é indilscutível que um médico particular tem maiores proventos que um médico adido àquele estabelecimento. Vejamos: Um gerente de uma firmazihha qualquer da cidade tem vencimento superior ao auferido por um médico oficial. Como sintoma disto, muitos dos médicos do hospital são, simultaneamente proprietários de uma clínica. Não po,. dem ser culpados uma vez que do hospital poucos proventos lhes vêm. Hierarquica. mente os médicos do Miguel Bombarda estão divididos em «médicos de L.I, médicos de 2.*», etc. A cada uma destas classes corresponde um vencimento. Ora é absurda esta divisão uma vez que nem sequer se baseia em matéria de competência profissional mas em antigidade. O resultado é o que se vê: clínicas particu. lares em toda a cidade. Sendo certo e grave que o pessoal do Hospital não é suficiente é urgente uma reesiruturação nem que seja necessário admitir médicos em regime de «part-time». Um estabelecimento hospitalar burocratizado mesmo nas coisas secundárias, uma política de vencimentos que não sabe atrair pessoal especializado, um Banco para mais de meio milhão de pessoas a funcionar com um única mé dico a fazer turnos d.- vinte e quatro horas seguidas, uma sala de Reanimação sem uma equipa médica permanente, tudo isto, enfim, em nada abona a favor das entidades respansáveis pelo bem-estar público em matéria de saúde. Algo terá de ser feito com a urgência que as circunstânelas o exigem. Também um auxilio em dinheiros às instituições humanitárias para que elas se apetrechem o mais completo possivel não é de esquecer. Os postos de socorros da Cruz do Oriente, das missões, etc. serviriam para deslocar o movimento de feridos sem gravidade aliviando o Banco do Hospital Central. Por outro lado aquelas instituições deviam tornar mais conhecidos os serviços que prestam. Estamos numa época em que até para fazer um bem gratuitamente como é o caso daquelas organizações, é necessário fazer publicidade. A BELEZA DA MULHER EM MOÇAMBIQUE ,É PREOCUPAÇÃO DOMINANTE DA "LANCOME" Visitaram Moçambique dois directores da "LANCOME" Constituía motivo de interesse ouvir as declarções dos Srs. Robert Salmon, Director-Geral Adjunto e Georges Markens, Director de Expor . Assim começou por nos dizer o Sr. R. Salmon: «Fiquei bastante entusiasmado quando soube que vinha a Moçambique, uma terra que não conhecia. Sinceramente, fiquei surpreendido pelo acolhimento e gentileza das pessoas, pelo modernismo da cidade de L. Marques. Claro que estamos muito interessados em confirmar a elegância das mulheres de Moçambique e o seu interesse pelos bons produtos de beleza!» Insistimos com o Sr. R. Salmon para que nos falasse do trabalho realizado em Moçambique nelos Agentes locais dos Produtos «LANCõME» (Casa Hofali). «Pois estamos, efectivamente, satisfeitos com todo o esforco aue os nossos Asyentes em Mocambiaue têm feito. Devo acre.centar cue tpm sido feito um trabalho maravilbnso, anesar das naturais dificuldades existentes. Ainda mais: se compararmos a qualidade de trabalho desenvolvido pelos nosso.q representAntes aoui (onde o número de clientes potenciais é r-trito) e o trabalho realizado noutros pases, verificamos que a nossa opinião de que em Moçambique se está fazendo um trabalho maravilhoso no respeitante à divulgação e prestigio dos nossos produtos, fica absolutamente comprovada.» Em linhas gerais, gostaríamos que falasse acerca da gama de produtos «LANCÔME». «A «LANCÔME» possui uma linha de produtos muito dinâmica. Todos os produtos são elaborados em laboratórios com os mais altos recursos técnicos, tornando assim possível a preferência feminina pelos produtos «LANCõME». Quis o Sr. Georges Markens, Director de Exporta-, acrescentar o seguinte: «Nós esforçamo-nos por dar ao produto um carácter especialmente científico, muito mais até do que um carácter publicitário. A publicidade da «LANCÕME» é feita, especialmente, pela opinião verbal das nossas clientes. Quando uma mulher compra um produto nosso, sabemos que permanecerá fiel à nossa marca.» A publicidade é 'um Investimento... «Sim, é de facto um óptimo investimento. Nas pázinas dos princinais iornais e revistas do mundo. tambhm Ânarece publicidade da «LANCOME». Mas urna das nossas maiores preocupações é termos nos diversos países do mundo em que trabalhamos, pessoas que estejam completamente formadas dentro da nossa disciplina, que conhecendo o produto, sabem aconselhar o produto.» Como complemento disso, existe o facto de enviarem sistematicamente para todo o mundo, vossos representantes. «Sim, ao longo dos anos temos sempre enviado esteticistas da nossa Escola de Paris, para aconselhar, para explicar como os nossos produtos devem ser usados. Um outro pormenor queria frisar: quando criamos um produto, no ano seguinte não fazemos «sair» esse mesmíssimo produto com outra etiaueta para (aparentemente) possuirmos uma gama infindável de produtos. Há cuem use esse sistema. Nós não. Possuímos uma assistência suficientemente longa para sabermos até que ponto o produto está aprovado. E ao longo dos anos nós (naturalmente) transformamos, modernizamos, em funcão das pesquisas clínicas e hosDitalares aue vão sendo feitas em todo o mundo.» Olls o Sr. Robert Salmon acrescentar:. «N#4s preferimos lançar menos produtos, mas produtos cuja «perr GINA 46 1! | formance» técnica seja absolutamente indiscutível. Fazemos *sempre promessas inferiores ao resultado. Algumas das nossas concorrentes fazem o contrário. O que para nós é importante, como há pouco disse o Sr. Markens, é o facto de uma cliente adquirir um produto «LANCõME» e permanecer enfeitiçada e fiel a esse produto.» Gostaríamos Sr. Salmon, que desse uma panorâmica ao leitor, do que é em traços gerais, a firma «LANCOME». «Bom, a «LANCÕME» é uma firma que de há 10 anos para cá tem progredido de 25% a 30% por ano. Hoje, o dinamismo da nossa Empresa faz com que tenhamos aproximadamente 3 mil pessoas a trabalhar para nós no mundo inteiro. Estamos satisfeitos pois verificamos que as nossas concorrentes têm anualmente, aDenas um crescimento de 15% a 16%. A «LANCÕME» desde a América do Norte à América do Sul, da Ásia à África, do Médio Oriente aos Países do Leste, na Europa, tem consolidado posições extremamente imnortantes. Pn.qso dizer nue a firma «LANCÕME» e as firmas satélites como «LA ROCHE», são firmas que na Europa represeftam a 1.a posição.» E certo que abriram recentemente uma filial na Africa do Sul? «Abrimos de facto uma nossa filial na Africa do Sul. Isso prova o interesse pela «LANCÔME» nesta região de África. Eu penso até que Moçambique tem perspectivas extraordinárias no futuro. E a nossa vinda aqui é um testemunho do grande interesse que os Industriais franceses, e nós em particular, têm por esta terra.» Quis o Sr. Markens referir um pormenor técnico que julgou imteressante: «Todas as marcas do mundo seguem as tendênciaes da moda e particularménte nos países ouentes onde são absolutamente necessários cremes hidratantes. Nós vendemos cremes hidratantes, todo o mundo vende cremes hidratantes, faz-se muita publicidade a esses cremes -hidratantes aue, afinal, são simplesmente cremes humidificantes, apenas trazendo um pouco de bem-estar à sunerficie da pele. ^Ora a «LANCÕME» trabalhou durante anos para obter um creme perfeito que não somente traga humidade ao exterior, mas tambhm penetre nos tecidos Drofundos de mondo que o creme também tenha ai a sua ae o. Chamamos a esse creme «HIDRIX», visto que tínhamos já um creme muito perfeito, um creme de alimento que se chamava «NUTRIX». Criando o «HIDRIX» associámos à qualidade nutritiva a qualidade hidratante. Assumimos assim uma enorme responsabilidade chamando-lhe hidrante. Os nossos produtos têm sido usados em clínicas. Possuímos laboratórios farmacêuticos. Temos testes científicos que provam que o produto é verdadeiramente hidrante. Existe (como resultante) uma confiança mútua entre nós e as nossas clientes.» A linha de Produtos «LANCOME» é completa? «Efectivamente nós somos uma firma completa. Fazemos produtos de tratamento que são extremamente perfeitos, produtos de maquilhage, cuja segurança e qualidade é indiscutível e produtos de perfumaria, porque na realidade os franceses têm a tradicional tentação de fazer perfumes. Nós não só possuímos a tentação, como fazemos mesmo. A mulher trata da pele, maquilha-se e perfuma-se. Daí a originalidade da «LANCõME» em relacão às outras firmas é a de manter um perfeito equilíbrio entre os vários produtos.» Texto de Cipriano Caldelra ý Fotos «Hinguém nos deu fadlidades» Ricardo Ramel ý,ý4 VEDýETISMO E A VU[GARIDADE de <Em termos de futuro, duas únicas opções se apresentam ao Gabriel Estêvão Mondjane que, de um momento para o outro, passou à condição de cabeça de casal: continuar a expor a sua estatura à curiosidade alheia ou dedicar-se, com a mulher, à lavoura. «Esta última possibilidade - a da lavoura - paree ser, de resto, aquela que mais entusiasma o Gabriel Mondjane e a Maria Inácia, apostados em tirar da terra fértil do Gigante, o arroz, a mandioca e o amendoim. <A seu pedido, o repórter estabeleceu contacto com o Secretário Provincial da Agricultura, eng. Martins Santareno, que admitiu a hlp6tese dos Mondjane virem a ser ajudados com umou dois bois, uma charrua e sementes. <Talvez pela primeira vez, oferece-se ao Gabriel Mondiane a oportunidade de viver como um bore.. Era Isto que <Tempo» escrevia há deis meses, em reportagem que assinalava o regresso de Mondiane é sua terra, l casado, e com Meias bem concretas sobre o seu futuro: fixar-se definitivamente no mtodedkar-se à lavoura, longe dos olhares curesos do públk. PAGINA 50 À direita: «Tenho que voltar a exibir a minha estatura» A DIFICULDADE DE SER UM HOMEM COmum * NÃO PODE SER NORMAL Dois meses após o seu regresso à terra natal, Gabriel Estêvão Mondjane volta apressadamente à Europa acompanhado da mulher, para mais uma série de exibições públicas metido na roupagem do «homem mais alto do mundo». Que teria levado o gigante a retornar assim rapidamente à vida que ele tão acerbamente criticara, aliás com bons motivos? Que teria provocado o abandono dos projectos de actividade agrária na sua terra, com as alentadoras pers. pectivas de algumas facilidades iniciais ? - Sinceramente, vou à Europa completamente desiludido com tudo o que vim encontrar na minha terra. Tenho de voltar a exibir a minha estatura em feiras, porque infelizmente só encontrei dificuldades ao querer ser um homem comum e levar uma vida normal. Sendo assim, resta-me explorar o único trunfo que possuo: a minha estatura. Pelo menos não estarei a enganar-me a mim próprio, No fundo destas palavras, pronunciadas em estado de profunda emoção, ficam escondidas algumas amargas verdades que ele não quis deliberadamente confessar. Foi efectivamente com muito tacto e uma certa dose de diplomacia, que «Tempo» conseguiu arrancar de Gabriel Mondjane, as dolorosas con. fidências que dátaram certamente o novo rumo de sua vida. «FACILIDADES» BEM DIFICEIS No quarto da pensão onde Gabriel e Maria Inácia estiveram hospedados em Lourenço Marques, desde as vésperas da partida para Lisboa, os repórteres foram encontrar o mesmo casal unido desta vez diante da adversidade. A narração que depois escutaríamos, enquadrar- se - ia numa terceira fase da vida do gigante. A primeira, que seria a vida obscura do homem comum do interior; a segunda, a descoberta da sua anormalidade e subsequente exploração comercial; e a terceira, a actual, que culminava com a sua segunda partida para a Europa. -Os primeiros dias em Manjacaze foram na verdade agradáveis - toma a palavra Maria Inãcia - e tudo fazia prever a concretização do nosso sonho: dedicarmonos inteiramente à lavoura e tirar da terra o nosso sustento. Mas, sinceramente, as dificuldades começaram logo a surgir. E é seguidamente Gabriel Mondjane quem intervém: - A propriedade é de minha família e nela poderiamos facilmente plantar arroz, mandioca ou amendoim. O terreno tem cerca de sete hectares e fica a aproximadamente trinta quilómetros de Manjacaze. Eu e a Maria Ináeia estávamos dispostos a trabalhar e investir todas as nossas modestas economias. Aliás, acentua Gabriel, a utilissima intervenção do repórter de «Tempo» junto das entidades oficiais, após o contacto de Manjacaze, contribuiria decisivamente para reforçar a ideia da fixação deles à terra. Tinha sido através dessa intervenção, que se havia ficado com uma prumessa eocreta de facilidades, quanto às primeiras necessidades da lavoura: sementes, charrua e uma ou duas cabeças de gado bovino. -Foram-nos mandados dois sacos de arroz para semente, julgo que por iniciativa de um elemento responsável dos Serviços de Agricultura e Florestas de João Belo, sede da repartição distritaL O resto - segundo nos informaram viria depois. Mas - tal como descreve o casal - não com tanta facilidade como seria de esperar. Aliás, de facilidades não se falou nem mais uma vez na repartição respectiva em Man. jacaze. Tudo, afinal, eram dificuldades e complicações. * MAS, QUE SUSTO! - Em Manjacaze, diziam-nos que sim senhor, que facilitariam a cedência do tractor e que nos arranjariam os bois, mas que teríamos que pagá-los. Quando vimos a estimativa desses encargos, apanhámos um grande susto. É que teríamos que pagar animais pelo preço normal, pagar uim pesado aluguer da charrua, pagar o combustível, etc. Em suma, nenhumas facilidades teríamos se quiséssemos empreender a tarefa. Mas tudo se arranjaria, se não fosse o facto de se ter verificaío um percalço que nos Iria arrumar completamente. Trata-se do misterioso desaparecimento de uma carteira de bolso de Gabriel Mondjane, que continha praticamente todas as economias do casal: cerca de 40 contos. E com ela desapareceram também importantes documentos e apontamentos que agora lhe fazem bastante falta. - Para as nossas deslocações à machamba - declara Gabriel, secundado pela es. posa - utilizávamos o «jeep» do sr. Mesquita. Foi com ele que viajámos iuma vez mais naquele dia em que eu levava o dinheiro todo na carteira. E acrescentam : - Pedimos ao sr. Mesquita para nos deixar no restaurante a fim de tratarmos de diversos assuntos e mais tarde nos vir buscar. Depois dele partir é que notei a falta da carteira. Pensei que a tivesse deixado no «jeep», uma vez que a levava comigo quando me sentei no carro. Foi por 1sso que não nos preocupámos Imediatamente com o assunto. Mas quando o sr. Mesquita voltou verificámos que assim não acontecera. Não encontriámos de facto explicação Para o seu desaparecimento, no curto traJeeto entre a sada do carro e a entrada no restaurante. Entretanto, toi o facto apresentado às autoridades competentes de Manjacaze segundo afirma Mondjane que desconhecia, na altura em que com ele falámos, quais as diligências em curso, com vista ao reaparecimento da carteira perdida. * PARA ESQUECER Com a situação financeira gravemente comprometida em consequência deste incidente e sem qualquer possibilidade de obter ajuda (perderam na carteira o endereço de uma pessoa amiga que estava disposta a prestar-lhes auxilio em caso de necessidade), os planos teriam forçosamente que tomar outro rumo. De qualquer forma, todo o ambiente que rodeava a estada dos Mondjane na sua terra, lhes começava a parecer de certa maneira hostil, contrariando-lhes naturalmen. te os planos inicialmente traçados de se fixarem sossegados na terra. Por outro lado, a época de algumas sementeiras chegava ao fim e só lhes restava aguardar melhor ocasião para cultivar. Tudo isso, agravado pela necessidade de ganhar o seu sustento, levou os Mon. diane a decidirem-se pelo regresso imediato ao modo de vida anterior. - Além disso, o sr. Chora escrevia-nos frequentemente de Lisboa a lamentar a minha ausência - declara Gabriel - pedindo-me para voltar. Promete-me muito melhores condições de trabalho do que anteriormente. E Gabriel Mondjane acrescenta : -É por isso que vamos de abalada para a Metrópole, pelo menos até fins do corrente ano, altura em que o tempo lá começa a esfriar e- terminam as feiras... e Onumero certo para o seu pé.. ,::.: pé d mei i dentemente D ê ai or. .. . . . . i.. a o. seu . . i . i .: -(B A N COiDE:Fo a prazo mínimo de 1iano e@ii) liii iiiiiiiiiiiii iiiiiiiiiiiiiiiiiiin o n o sso B a n co , vo cê o bté m ii! ii !! i @ i iii i i iiiiiii iiii iiii iii i i i i ii i iiii iia m a io ta x d e Ju o 7 ! i i i!i i i i iiiiiiiiiiiiii!iiiil i!! iiii iiii alqueriiii ii qu seja a, quantia depositada o.. s e ........................... c r e s c e rá::::::: o:: : In...... i;i iiii ii}l:d iiiiii: ) : s :iii t Os juros,@i,iii seã ao eetamn e!!!iiiiii no termoiii:iii doi.i: prazo: dos depósitos :::: ::::::::::::::: :: :::: :::: :::: :::::: :: :: :: ::: :::Mi !!iii!i~ ~~ DE FOI'.' ¿i ii iiii: :i;i: :: i !iiii=i ii:iN[=iiii:iii}=i:iii)::i:ii::i:i}:i:! ::i:ii:ii?!! i@ i :f::i::V~ M: PAGINA 53 a-. 7 M0 'ESTY EMP- O.'O cEMHETGoS /EtZ~1 icM O'L'~.~2 " "_____..._______ _ .___ ... __ P,~Qca~4' apvs-. -~ 7TT'L VEZ /' ~l/ ga~t~~Y o . QUE N$70 ESPE ~. 7q aTE<a PE7A/7E 'PO.~QÚE £ksEb9 ~AlaS QUE O MPS COAI bW ~. LQÚCO~ .,- -.--' HO/WEI'1 VO~NLUrARe/W/V7~Z-~T 7EP ' /-Ti f4 862 ASTRL[lii I (SEMANA DE 24 DE FE CARNEIRO (21 de Março a 20 de Abril) AMOR - No 1 dia 24 as cir cunstâncias não serão as mais desejáveis; no entanto, tire partido do que se lhe oferecer. Estreite os laços familiares. Tenha cuidado, no dia 28, com certas atracções sentimentais que poderão não ser duráveis; tenha consciência disso e, por conseguinte, mantenha-se prudente e moderado. Terá oportunidade de estabelecer, no dia 2, contactos muito úteis. Divirta-se calmamente. TRABALHO - Cumpra seriamente as suas obrigações no dia 25, não se mostre negligente: um erro que possa cometer poderá ser orerEREIRO A 2 DÉ MARÇO) der uma opinião, no dia 26. No dia 27 deverá observar uma atitude discreta no que respeita a uma pessoa que confiará em si: controle as suas reacções. Um certo acontecimento poderá obrigá-lo a modificar as suas intenções: domine o seu nervosismo. TRABALHO - A influência do primèiro Quarto da Lua deverá ser-lhe proveitosa. Um favor que prestou terá o reconhecimento e o apoio sincero daqueles a quem ele foi prestado. Não se entregue a despesas impensadas: seja previdente. Evite atitudes aventureiras. SAÚDE - Satisfatória. Vigie entretanto, os seus impulsos. GÊMEOS (22 de Maio a 21 de Junho) judicial. O primeiro Quarto da Lua AMOR - Terá no dia 1 abrir-lhe-á novas pers. tendência a Inpectivas no que se refere às suas terpretar mal as esperanças ou ambições realizáveis, palavras ou atiSAODE - Excelente vitalidade; tudes das pesporém, não cometa Imprudências, soas que o cercam, cometendo assim certos erros TOURO (21 de Abril a 21 de Maio) psIcológicos de lamentar: tenha cuidado com Isso. Poderá ser obAMOR Es- jecto de maledicência à qual não teja atento aos terá necessidade de dar maior imque lhe são ca- portância do. que aquela que ela ros e preocupe-s tem. Cuidado com as suas reaccom os seus proções. A influência do primeiro blemas partícula. Quarto da Lua no dia 1 exercer-seres. Demonstre a sua afeição e o -à -sobre novas e Interessantes relaseu carinho. Talvez tenha de defen. ções que encetará. TRABALHO - Um certo resultado quetenha obtido não deverá ser tomado como definitivo: por conseguinte, evite correr o menor risco. Aja com ponderacão. Se atravessa um período de dificuldadas financeiras, proceda a um estudo minucioso da sua situação. SAÚDE - Boa, mas o seu estado psíquico será instável. Controlese. CARANGUEJO (22 de Junho a 22 de Julho) O AMOR - Ressentir-se-á, talvez no principio da , semana, de grande lassidão ou sensações depressivas. Afaste-se de toda a agitação e faça o possível por descansar. No dia 27 deixe aos outros o cuidado de tomar iniciativas; no que lhe diz respeito, lute contra uma tendência para formular acusações injustas. Se surgir o imprevisto, mantenha-se calmo. TRABALHO - Se submeterem à sua apreciação quaisquer documentos, não negligencie qualquer detalhe, por menos importante que lhe pareça. Certa proposta, aparentemente favorável, ser-lhe-á prejudicial. Não confie inteiramente nas outras pessoas no que respeita às suas intenções ou projectos. Esteja atento aos acontecimentos em curso. SAODE - Não cometa excessos. Vigie a sua saúde psíquica. LEÃO (23 de Julho a 23 de Agosto) AMOR - Tome nota das ideias criativas que lhe surgirem; sobretudo no dia 24. Nesta data, se pratica desportos obterá grande satisfação neste campo. É possivel que desaponte, involuntariamente alguém que ama. Lute contra uma tendência para a indterença. No dia 27, afaste motivos de desentendimento. Poderá sentir uma grande atracção no dia 2: analise bem os seus sentimentos ... TRABALHO - Talvez surja o imprevisto, colocaido-o perante um dilema desconcertante: estude lucidamente a situação e as circunstâncias por ele determinadas. Terá oportunidade de actuar como árbitro num diferendo: este «papel» adaptar-se-lhe-á perfeitamente. O primeiro Quarto da Lua no dia 1 serlhe-á favorável. SAÚDE - Forte vitalidade. Controle os seus impulsos ou reacções. VIRGEM (24 de Agosto a 23 de Setembro) SAMOR - O ambiente famlliar poderá estar um pouco perturbado. No dia 24, principalmente, evite a agitação ou o nervosismo. Se possível, nesta data, mantenha-se em casa. No dia 26 não tome partido com muita veemência no que se refere a um assunto do qual não possui tn ½% os elementos. Poderá estar 4nclInado à agressividade: cuidado c-'t os seus impulsos. Com o primeiro 1 ýE L- LUZ <,; / TOS l/2ýS 1,1 MMVMAT ~~' j TV2Q 5S'U acVV-EE~/ os EST/V~ p,~OV7OV~q FZ.5V7~ -2~ PAGINA 55 r &2M .. - 71 rLMOS "-G ize-s >~ ~~~jj4 F~vae! LT~'32 V~ lOD55YYD/5/~EQa 5 M~OS VE 7~R~47N7' Quarto da Lua, será encetada uma preciosa amizade. TRABALHO - Terá de lutar contra uma tendência para a instabilidade, tanto no que se refere ao trabalho como em outros aspectos. Não corra riscos: informe-se. É possível que alguém lhe faça uma exigência exagerada: controle rigorosamente as suas reacçôes. Seja prudente. SAÚDE - Tome as precauções indispensáveis, tenha cuidado 1 BALANÇA (24 de Setembro a 23 de Outubro) A MOR - É possível que um dos seus familiares cometa um erro que será a origem de um problema familiar com o qual terá de se preocupar seriamente e que exigirá uma solução rápida e prudente. Na realidade, notar-se-á no seu ambiente e também no que se refere ás suas actividades, um certo desassossego: mantenha a calma e seja compreensivo. TRABALHO - Antes de prosseguir numa realização que lhe interessa, procure uma base sólida informe-se e documente-se minuciosamente. Sob influência do primeiro Quarto da Lua, prossiga Os seus objectivos com tenacidade: a sua liberdade de acção estará favorecida. SAÚDE - Prováveis acidentes, no caso de viajar, sóbretudo nos dias 24 e 25. ESCORPIÃO (24 de Outubro a 22 de Novembro) AMOR - Não deixe que os sen timentos obscureçam a razão, principalmente no dia 24: mantenha uma atitude prudente. Não se entregue a despesas desnecessárias. Poderá estar inclinado, sobretudo no dia 28, a adoptar soluções extremas que lhe poderiam ser altamente prejudiciais: pense naqueles que ama e nas suas responsabilidades. Preocupe-se, no dia 2, com os seus problemas afectivos ou familiares. TRABALHO - Terá de lutar contra uma tendência para a Instabilidade. No dia 26, não assine nada sem ver bem e documente-se com segurança antes de tomar qualquer compromisso ou de tomar qualquer decisão. A partir do dia 1, em principio, as suas inspirações serão boas: leve Isso em linha de conta. SAÚDE - Cuidado com o seu estado psíquico: não cometa excesaos. SAGITARIO (23 de Novembro a 21 de Dezembro) AMOR - As suas aspirações mais profundas poderão encontrar incompreensão ou indiferença, no dia 24: lute contra impressões pessimistas. Um amigo procurará fazê-lo participar de um projecto que o deixará perplexo: estude calmamente o que lhe apresentarem e reflicta. Não responsabilize aqueles que ama pela fase de incerteza que actualmente atravessa: seja compreensivo! TRABALHO - Mostre o seu realismo e sangue-frio: desse modo poderá sobreporse às dificuldades que se apresentarem. Com o primeiro Quarto da Lua no dia 1, ser-lhe-á, sem dúvida permitido transpor uma etapa decisiva: mantenha-se optimista e dinâmico. SAÚDE - Equilíbrio psíquico instável. Controle os seus impulsos. CAPRICORNIO (22 de Dezembro a 20 de Janeiro) AMOR - Cuiodado com uma posição que tem vindo a defender sem admitir os argumentos do lado contrário: controle as suas palavras, no dia 25; no dia 26, tal como na véspera, encontrará dificuldade em comunicar as suas ideias e manter-se-á numa obstinação pertinaz. Lute contra uma tendência para o nervosismo. Cuidado com graves desentendimentos. Apele para a prudência inerente ao seu signo zodiacal. TRABALHO - Terá de estar preparado para uma certa alteração Inevitável: Informe-se minuolosamente e tome em linha de conta os acontecimentos presentes. O primeiro Quarto da Lua no dia 1, permitir-lhe-á aperceber-se de pers pectivas reconfortantes: mostre-se optimista e compreensivo. SAÚDE - Atenção! Não cometa excessos nem Imprudências. AQUÁRIO (21 de Janeiro a 18 de Fevereiro) ~ AMOR - Talvez o convidem a participar de um projecto que virá ao encontro das suas convicções pessoais: evite discussões mas mantenha uma recusa delicada. Terá de usar de calma e objectividade a fim de acalmar a Irritacão de um familiar ou amigo: utilize argumentos prudentes e realistas. Preocune-se com os seus problemas afectivos e familiares: na rea- d lidade, oderá s-nir à sua volta uma certa perturbação; esforce-se por dissipar uma tensão aborrecida. TRABALHO - É pQSMvel que faça uma descoberta num campo que o tenta presentemente.1Nb4namismo e energia animá-lo-ão por influência do primeiro Quarto da Lua: aproveite-os. SAÚDE - Controle o seu nervosismo. Cuidado com imprudências. PEIXES (19 de Fevereiro a 20 de Março) AMOR - Poderá apresentar-se, no princípio da semana, uma oportunidade dý dar concretiza ção a uma esperança que lhe é cara: mantenha-se atento e observe objectivamente a atitude daqueles que ama. Talvez participe com entusiasmo numa obra humanitária à qual tem estado ligadó: as suas Intenções serão favorecidas. Procure, no dia 2, a ocasião de manifestar a sua ternura àqueles que ama ... TRABALHA - A evolução dos contecimentos presentes e exteriores pode condioionar as decisões que pensava tomar: conserve a prudência e o realismo que lhe são peculiares. Cuidado com correntes contraditórias que poderão circular, em muitos aspectos, no ia 28. Não corra riscos: informe-se. SAÚDE Tome precauções; evite todos os excessos. 6 7 e 9 70 11 12 13 U4 I5 1 2 3 4 5 6 7 10 Horizontais: 1- Espécie de torre em que os Persas expunham os cadáveres para os abutres os devorarem; pesadelo durante o sono. 2- Utensílio para puxar a cinza do forno; homem mau, patife. 3- Desafogado; desgraça; animal crustáceo parasita da baleia. 4-Descoberta; cada um dos fios metálicos que numa pilha conduzem a corrente eléctrica, partindo dos polos; no reinado de, no tempo de. 5- Que estala facilmente, molusco gastrópode; unidade de peso que, na China, tem valor monetário. 6- Pref. equivalente a com; nome próprio masc., de origem grega, que significa ,conversador, charlatão; sentimento que nos impele para o objecto dos nossos desejos; pref. designativo de intensidade, repetição. 7- Crustáçeo asélido de água doce; um gosto no meio de muitos dissabores (fig.). 8- Banco de Crédito Comercial e Industrial (sigla); última refeição tomada à noite. .9- Livro de mérito científico ou clássico- nome com que foi canonizado, no séc. VII, o abade de Savaú'r. 10- Preposição; porco; fogueira onde antigamente se queimavam os cadáveres; letra. 11- Pequena quantidade (fig.); cruel, desumano; ligam. 12-Espécie de ganso; Deus; atilho. 13- Frouxo, gasto; colocar o bacelo na manta, aconchegando-o com a terra, no lugar onde há-de deitar raízes. 14 - Cebola albarrã; pião pequeno. 15- Tributo; género de plantas resinosas. Verticais: 1-Moeda que os antigos metiam na boca dos defuntos para pagar a Caronte, barqueiro dos infernos; coisa intrincada. 2- ,%creção das mucosas; moreia. 3- Lançar ou espetar o arpão; certa bebida usada nas índias Orientais; vem de cima. 4-Família de línguas indianas dravidicas; difícil de entender; exactamente assim. 5- Fragrãncia; suco branco segregado por alguns vegetais; substáncia escura oriental para as sobrancelhas das senhoras. 6- Concreação no dedo dos gotosos; substância gordurosa análoga ao éter e ao álcool. escavar; abreviatura muito usada em cálculos astronômicos para designar antes do meio dia. 7- Mordedura (poét.); espécie de junco da índia de que se fazem assentos para cadeiras. 8 - Borracha de apagar letras, riscos, etc.; parte de um órgão implantado num tecido. 9 - Nenúfar; alcunha afrontosa. 10 - Antes de Cristo; a parte mais grossa do mastro ou do mastaréu; volto, num banho de tinta, qualquer tecido ou meada; divindande grega que presidia às sementeiras e era patrono dos rebanhos e dos pastores. 11-Pedaço de qualquer coisa. nome próprio masculino, de origem teutónica, que significã lança de Deus; estragado. 12- 502 romanos; que dura três anos; hora canõnica que se canta ou recita antes das vésperas. 13- Sobrinho de David e general de Absalão (Blbl.); género de plantas umbeliferas; tornar incomunicável (como a ilha em relação ao continente). 14- Tributar; apupo, zombaria. 15- Fingimento; atraso, dilação. SOLUÇÃO DO PROBLEMA ANTERIOR Horiz. e Vert.) 1- Doma, M, djim. 2-Ala, cua, aro. 3- Carda, algor. 4- 0, tubular, A. 5-Lar, R, car. 6- De, ágape, Io. 7-Iam, N, R.T.P. 8- A, revolta, R. 9- Cerne, fonte. 10-Avo, ulo, sim. 11-Bazo, A, tolo. O"MATOUNHA anda preocupado. Gostava de saber o melhor dia da semana e a hora mais favorável em que os seus amiguinhos já com os deveres da escola todos feitos, possam dedicar toda a atenção para o ouvir. Assim gostaria que dessem as vossas sugestões preenchendo o talão abaixo e o enviem para a Caixa Postal, 605 - Lourenço Marques; habilitam-se desta forma ao sorteio de 3 cartões de bolachas. Beijinhos do Rói-Rói CHAU COMPANHIA INDUSTRIAL DA MATOLA - - - --- - -- - - I NO M E ............................................................................................... * M O RADA ................................................................................ [ 2.' feira ................ horas . 3, feia ............... horas O 4." feira ................ horas o 5.1 feira ................ horas O 6.' feira ...... . horas 1 Súbado ................ horas E] Domingo .............. horas Assinala com um X o dia da semana e escreve 1 a hora que preferes. I, 2 3 4 5 PAGINA 57 LA NO NORTE O atletismo no distrito de Nampula no "fica" apenas na capital Em Nampula, o atletismo, segundo todas as apar#ncías, parece vingar. Muitas boas vontades estão empenhadas no mesmo (que de outra maneira nio se conseguiria) mas podemos dizer seguramente que na base de tão din&mica acção está Luís Correia. «Tempo» publica (ao que julgamos) a primeira tabela de recordes de atletismo do distrito de Nampula. Uma série de fotografias das úl. timas provas realizadas no estádio municipal e noutros pontos testemunham um pou. co a actividade referida. Queremos referir ainda que, por certo, pela primeira vez, também vemos na tabela de recordes distritais a inclusâo de representantes de outras terras além da tradi. cional capital de distrito. E assim vemos, por exemplo, Antônio Enes, Moma, Eráti, Fernão Veloso, Mossuril, Mogincual, Ribáuè. O que não sucede em distritos corno L. Marques e Beira onde há atletismo. INFANTIS MASCULINOS S 60m ................ 250 mi ............ 1000 i ........ 50 m barreir. Altura ............ Peso (3). Lanç. de bola Triatlo ............ 6Om ................ 250 m ............ 50 i barreir. Altura ............ Lanç. de bola Triatlo ............ Eugénio Paulo (EPM) .................................... 9s José Santos (EIC) ........................................ 42s 1/10 Boane Assane (EIC) ........................................ 3.40.00 João Pereira (LAGC) ......................................10 s 2/10 Vietor Lopes (LAGC) .................. 1,25 mn Jorge Bravo (LAGC) ........................................ 7,86 m José dos Santos (EPM) ........................... ..42,40 m Mário Oliveira (EPM) ............................. 775 pontos FEMININOS Lurdes Alexandre (EPF) .................... Graça Dias (Indiv.) ....................... Marina Mendes (Indiv.) ......................... Lurdes Alexandre (EPF) .................. Lurdes Alexandre (EPF) ........................ Lurdes Alexandre (EPF) ................................ 95 47s 8/10 10 s (R.N.) 1,20 ro 32,88 m 791 pontos INICIADOS, MASCULINOS O .80 m 300 ma planos 700 ms planos 80 m barreir. Altura ............ Vara ............ Comprimento Triplo ............ Peso (5). Disco (1) Dardo (600) Martelo ( 5) Triatlo ........... Toné Caetano (Ind,. e Norberto Francisco Huniberto Bernardes (EIC) ................... Carlos Ferreira (EIC) ............................ João Mendes (ind.) Henrique Chinlah (EPM) ................... Joaquim Martins (EIC) ................................ Joaquim Martins (EIC) .......................... Rui Rodrigues (EIC) . ................................. António Moutinho (EIC) ............................... Carlos Ferreira (EIC) .................................... Joaquim M artins (EIC) .................................... Luís Monteiro (EIC) ....................... . Carlos Ferreira (EIC) .................................... los 8/10 45 s 2.14.8/10 14 s 2/10 1,42 mi 2ý20 ms 4,94 m 10,48 m 11,78 m (RP) 18,30 m 34,73 m 18,84 m 577 pontos F E M1 N I NOS 80m ................ Lina Morgado (LAGC) ................................... 13 s 4/10 Peso (3) Anabela Mesquita (Ind.) ..................... ...8,82 m 100 m ............ 200 o ............ 400 m ............ 800 in ............ 1500 i . 3000 m. 110 no barreir. Altura ........... Comprimento Vara ............ Triplo ............ Peso (6). Disco (1,3) Dardo (800) Triailo. JUVENIS MASCULINOS Antônio Góls (EIC) ........................................ Alcindo Cumba (Ind.) ...................... Nelson Reis (LAGC) ...................... José Pinheiro (EPNacala) ........................ Nelson Reis (LAGC) ...................................... Henrique Alfredo (Ind.) ................................ Is miael Aruno (ETC) ........................................ Alcindo Cumba (Ind.) .................................... Alcindo Cuiaba (Ind.) .................................... Antônio Bernardino (EIC) ............................ Antónilo Bernardino (EIC) ............................ José Moutinho (EIC) ........................ J3aé Martinho (LAGC) .................................... Antnilo Moutinho (EIC) .......................... Aleindo Cumba (Ind.) .................... ... 11s 8/10 25sa 8/10 1.03.4/10 2.33.8/10 5.38.00 12.45.8110 1,62m 5,24m 2,30 o 10,93 m 12,42 (1W) 26,80 no 31,49 a 192 pontos JUNIORES MASCULINOS 200 m ............ Alcindo Cumba (Ind.) ..................... 25 s /10 110m Iarreir. Leonel Raimundo (Ind.) .................... 18. 7/10 Vara ............ J3sô Ribeiro (EIC) ............................................ 2,50 ia Disco (1) Loanel Rainmundo (EIC) ................ 24,44 ia Dardo (800) Antônio Moutinho (EIC) ................................ 29 34 m TriatIo Leonel Raimundo (EIC) ................................ 20U pontos SENIORES M AS C U LI NOS 100 ro ............ 200 m ............ 400 m ............ 800 m ........... 1500 ........ 5000 ....... 10 000 m ... 110 om barreir. 400 mo barreir. 3 000 o obst. 4X100 ........... 4X200 . 4X 400 ............ Altura. Vara ............ Comprimento Triplo ............ Dardo (800) Martel.(7.257) Disco (2) Peso (7,257) Hugo Santos (A. Enes) .................................... Carlos Chabacar (Morna) ................................ Cabral Samuel (Eráti) ....................... Cabo Essimela (F. Veloso) ............................ Rafael Abudo (A. Enes) ................................ Assane Bralmo (A. Enes) ........................... Assane Braimo (A. Enes) ............................ Alfredo, Antunes (Mogincual) ........................ Manuel Antônio (Mogincual) ..: ................ Rodrigues Macedo (Ribauè) ......................... Age, Cipriano, Saldanha, Santos (A. Enes) Cha, José, Dias, Braimo (M nia) ............... Massangula, Mateus, Tarije, Ocaise (Eráti) Valentim Adamo (F. Veloso) ........................ Assane Ali (Nampula) .............................. Alfredo linis (Mogincual) ..... ........... C aetano (Eráti) ............................................... Selemane tkmade (Mossur.l) ..................... Agapito Garcia (F. Veloso)........... João Rodrigues (Nampula) ............ Luis Correia (Nampula) ................... 11 a 2/10 23 s 2110 52 s 6/10 2.05 s 8110 4.19 s 2110 16.28 s 2110 ;7.14 s 4/10 13s 9/10 1.02 s 8/10 9.18s 9/10 48s * IA2 s 2/10 3.52 s 6/10 1,75 m 2,89 ms 5,97 a 12,48 ma 49,50 m 2168 a 30,20 m 10,88 ia. 24 HORAS A NADAR (POR ESTATETAS A secção de natação dos «alvi.negros» pretende levar a efeito uma ideia de certo modo curiosa. Naturalmente que o âmago do propósito não visa satisfazer qualquer curiosidade (pelo facto de o acharmos curioso) mas, logicamente, servir a natação. Ora trata-se de organizar e levar por diante uma prova (por estafetas) denominada %4 horas a nadar. Supomos dar bem a Ideia da Iniciativa reproduzindo aqui um texto tipo.circular divulgado por aquela secção de natação. A sua redacção tem um «sabor próprio» para um «fim próprio». Aqui vai, como o Desportivo anuncia as suas 24 has a nadar. O Desportivo, de certo, mas, reconhecemos Alguns dias afastados de Lourenço Marques perdemos a noticia do dia-a-dia. Não que as novidades sejam habitualmente «novas»; na realidade isto é quase um virar de disco e escutar a mesma míeica. Ainda hi momentos por exemplo, ouvimos na rádio (mal) que grassa a indisciplina no basquetebol laurentino. O comentador um camarada de imprensa preconizava soluções de permeio com (muitos) conselhos. Avaliámos, de longe, que a situação devia ser mesmo grave. e Ainda sobre o caso anterior. Demos então por nós a Pensar deste modo: pois é, só que, simplesmente: a) Casos de indisciplina no basquetebol laurentino são frequentes; b- Nunca têm faltado boas palavras e sábios conselhos; c) A modalidade tem associações, regras e regulamentos. o «dedo e o entusiasmo» do dedicado Leonel Gomes, «L. Marques vai mostrar que sabe nadar compare. cendo no dia 2/3 a partir das 10.30 e durante 24 horas na piscina do Desportivo a fim de tomar parte na «grande prova» que a secção de natação deste cluL-, vai pôr em movimento. A inscrição aberta a todo o cidadão será feita no local e no própri:) momento em que o concorrente queira particIpar, terá para Isso que ser capaz de fazer uma piscina a nadar, e se tiver confinça nas suas possibilidades poderá inscrever-se para percorrer mýis p'scinas visto que cada inseriDamos estes dados para resumir. Eles são todavia suficientes para admitirmos ter de pear urgentemente em novas soluções para discipli*m a modalidade. Se é que, bem entendido, há. realmente, interesse em disciplinar. No que não estamos bem certos. Não vamos tentar fazer qualquer relação de soluções a pôr em prática, mas um dos meios importantes, raramente usado, não podíamos deixar de referir. Prendese com os clubes. O leitor tente recordar-se dos casos que conheça em que os clubes se tenham antecipado aos castigos associativos ou, por si, agravado estes. A discinliní no desporto tem, primeiramente, de ser defendida pelos clubes. Se estes a sacrificarem a resultados de jogos; a esque'cem em favor de hipôteses de campeonatos, nada feito. E quase nada é feito. Dai o que se sabe. Quem é que auer a disciplina desportiva? ção gratuita poderá ir de 1 a 12 piscinas, isto várias vezes durante as 24 iho',ts e consoante as vagas na lsta de inscrição. Será que L. Marques vai mostrar realmente que sabe nadar comparecendo em grande número a esta pro. va ? Algumas casas comerciais col ibotrim par.t contemplar o esforço dos participantes. Assim, haverá taças para o mais jovem e mais idOso que compatreçam e perfaçam no total o mínirio de 400 metros (12 piscinas). Taça ao nadador masculino e feminino não federados que fizerem maior distância e em menos tempo. Sempre pensámos que foi muito mal achado a extinção da associação (ou coisa que o valha) que regulava a realização de provas de futebol" de equipas populares, de clubes africanos, como então se dizia. Bem, o mal achado foi, principalmente, já que as regras do jogo eram outras, não termos conseguido apetrechar essas (e outras) colectividades, dinamizando-as seguindo uma óptica que, necessariamente, não era, então, ontem, a mesma dum Sporting, dum Desportivo, dum Ferroviário. Nem ontem nem hoje. Do facto cremos ter-se ressentido (bastante) o futebol de Mç>çambique. A decisão foi «machadada». Pensamos. o .Um dia destes, por graça, dizia-nos uma pessoa ligada a estas andanças «desportivas»: sabe, qualquer dia vou pôr um anúncio no jornal para saber o paradeiro das «comissões» revisoras do diploma legislativo 3043. Tem graça (para quem conhece o assunto) e não ofende. , Prémios aos melhores 100 m dos concorrentes não federados e por escalões . etários: 6/9, 10/19, 20/29, 30/39, 40/60 anos. Prémios-surpresas a quem estiver em prova a determinada hora ou determinada matragem; estes serão atribuídos no final depois de se abrir os sobrescritos fornecidos pela casa qt. ' os prémios. Uma firma da especialidade fornecerá durante as 24 horas, bebidas quentes cu frias aos participantes. Pois é assim que o clube promotor da iniciativa a anuncia. Revelando-a damos o nos. so beneplácito. realmente, o caso? em que pé está o Recentemente um dos nossos clubes ocupou-se de assunto «piscina». Não faltou quem situasse conjuntamente os aspectos competitivo e recreativo, isto é, estabelecesse coexistência «pacífica» entre o recreio e a competição desportiva. Não acreditamos. Nem por «milagre» nem por decreto. Cautela, as faltas de realismo pagam-se. É voz corrente a crise no atletismo laurentino. Não haverá optimismo na acusação? Qual é o sector desportivo que, entre nós, não está em crise? A crise não é (apenas) no atletismo. É- uma situação (que se prolonga) na educação física e desportos moçambicanos. Para quê disfarçá-la? Agoatinho de Campos Decorre já a vòtação para eleger os desportistas MAIS POPULARES DE MOÇAMBIQUE. Hoje como ontem os leitores :-estão-nos dando o seu Ipneplácito (a este concurso) num testemunho de ter cabimento a escolha dos MAIS POPULARES do nosso desporto. Voltamos a publicar hoje novos cupões ao mesmo tempo que recordamos as (muito simples) normas de partici. p4ção e regulamento. NORMAS A TER EM CONTA Como Já dissemos mantemos, de uma maneira geral, os esquemas anteriores e que têm merecido a contordãnci dos lertores, Vejamos: a) Serãõ eleitos pelos leitores do «Tempo»: «O Desportista de Moçam. bique mais popular do ano 73» e «A Desportista de Moçambique mais Popular do ano 73». b) A votação será feita mediante os cup~es a publicar semanalmente no «Tempo». e) «Os mais populares», os que obtiverem maior nümero de votos, serão premiados pelo «Tempo» em nome dos Leitores (pois a escolha é destes). A seu tempo revelaremos o plano de prémios. d) Há um regulamento próprio para a votaçIlo. e) O critério de escolha (de votação) é livre. É mesmo escolha. ARTIGO 1.' - A votação será feita mediante os cupõs insertos semanalmente no «Tempo», durante dez semana § 1.0 - Os cupões deverão ser preenchidos com letr legível, devidamente recortados e enviados para: DESPOI TISTAS MAIS POPULARES - Caixa Postal 2917 - Lourel ço Marques, ou entregues nas instalações do «Tempo», n Av. Afonso de Albuquerque, 1078-A e B («Prédlo Invicta» Lourenço Marques. § 2., - Cada cupão corresponde a UM VOTO. § 3.0 - Cada leitor poderá entregar o número d cupões que quiser. ART.° 2.0 - Só poderão ser votados (as) os praticante desportivos inscritos oficialmente nas diversas Associaçõe desportivas (Distritais ou Previnciais) do Estado de M< çambique ART., 3.0 - Só poderão ser votados Os DESPORTISTA que ainda se encontram em actividade oficial em Moçau bique. § único - Exceptuam-se aqueles que estejam hoje a inactividade ocasional devida a acidente ou ausentes d prática desportiva por cumprimento do serviç_o militai ART.o 4.1 - A votação diz respeito ao ano transact (1973). ART., 5. (transitório) - Prémios. O plano de Prémio é objecto de texto próprio a publicar oportunamente. ,ART. 6.' - Os casos omissos neste regulamento será resolvidos: por um Júri a nomear oportunamente, fazend, sempre dele parte um representante dos LEITORES V TANTES. A DESPORTISTA MAIS POPULAR VOTO PARA M odalid ... ..................................... . . ................. Cu ................ ........................ .................................. N om e . ................ ........................ ...................... M o r a d a ------ ...----------------------------. .. .. . .. .. . .. .. . .. .. . .. .. . Localidade ..... .............. ............ ................... isentos de impostos Cbrimos nova Delegacão na Malhangalene a alternativa do futuro e começar já! O BCA começou há anos. Hoje oferece a experiência dum trabalho dia-a-dia conquistado. Investimos na indústria, no comércio, na agricultura. Apoiamos e colaboramos com a iniciativa privada. Entrámos no Ultramar investindo. Permanecemos em Moçambique desenvolvendo. Estamos prontos para o futuro. A sua alternativa é começar já. Na MALHANGALENE tem mais uma presença do BCA para o servir. SASSOCIADO DO: Banco PortuguUs do AtIAntico Banco do Algarve *arclays Bank International Limited UniIo de Bancos Brasileiros Bnk of Lisbon and South Africa Accepting Bank of Rhodesia PAGINA 63 VI 2 1 PRIMEIRA SESSÃO DO HOT CLUBE DE MOÇAMBIQUE (Em organização) Com a partfi1pação ae dez nstru-mentistas, em vez de vinte como se esperava, e com a sala completamente cheia de, «fãs», realizou-se no domingo passado numa das salas da capital, a primeira sessão do Hot destinada à angariação de fundos. 0 público correspondeu inteiramente, não só pelo agradável número de presenças como pela exuberante manifestação de apoio e incitamento aos solistas, criando uma admirável atmosfera JazzIstica. O programa foi preenchido de maneira in-1 formal pela actuação de vários músicos locais salientando-se a verdadeira «batalha» de baterias em que intervieram Akino, Pereira e Mundinho. Ao agradecer a todos os músicos a sua participação e à gerência da e<Alta" Roda», pela cedência das salas, a organização informa que o Hot Clube de Moçambique será em breve uma realidade com a homologação dos seus estatutos. CONCURSO DUAS VIAGENS A METRÓPOLE De acordo com o regulamento, realizou-se no passado dia 15, pelas 18 horas, na Red4cção deste semanário, a extracção% do prêmio respeitante ao nosso concurso «Duas Viagens à Metrópole», que beneficiou a concorrente Ana Paula das Neves Antpnes Campos, moradora na Machava, na Rua da Bungavileas, talhão 48 n.° 526. Nas duas imagens pode ver-se à esquerda, o administrador ,d2 Concelho, entre o director do «Tempo» e o representante da P.S.P., conferindo o cupão n.* 12413, daquela concorrente, e à direita, procedendo à assinatura do mesmo. A extracção foi feita com a máquina de sorteios do Rádio Clube de Moçambique, que gentilment.3 a cegeu para o efeito. A contemplad temh as duas viagens de ida e volta à Metrópole à sua disposi,ão, podend, dspor delas quando o desejar, dentro do prazo de um ano. Numa cerimónia realizada no dia 19, no Gabinetcdetrabalho do GovernadorGeral, Eng.o Pimentel dos Santos, tomou posse do cargo de Director do Centro de Informação Áe Turismo, o Dr. Amaro Monteiro. Estiveram presentes ao acto o Secretário-Geral de Moçambique, Secretário Provincial de Educação, Secretário Provincial de Planeamento e Finanças, Secretário Provincial de Comércio e Indústria, Governador do Distrito de Lourenço Marques, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Lourenço Marques e outras entidades. PAGINA 64 ' . opiniao A MULHER E O TRABALHO MA notícia que publicámos na! nossa edição de 10 do corrente sobre a exclusão ilegal e arbitrária de todas as candidatas a um oncurso documental para o provimento de lugares de professores das Escolas Elementares de Agricultura, enquanto que eram admitidos todos os candidatos ao mesmo concurso, dá-nos bem a ideia da situação discriminatória em -que aind« vive a mulher trabalhadora. Se 6 verdade que não somos oniginais, nem por isso o problema deixa de merecer um pouco a atenção dos responsáveis. Como então dissemos, no referido concurso documental - repare-se que se tratava de um concurso documental, portanto, sem prestação de quaisquer provas, baseado apenas nos documentos entregues pelos candidatos- aconteceu esta coisa espantosa: todos os concorrentes do sexo masculino, sem excepção, foram admitidos todos os concorrentes do sexo feminino, igualmente sem excepção. foram excluídos. Sem qualquer justificação, como, de resto, seria curial e a pr6pria- Lei- determina Mais ainda: algumas das concorrentes (elas) apresentaram classificações e condições superores a muitos dos concorrentes (eles). Pois nem para disfarçar, se permitiu a admissão de uma ou duas senhoras foram todas excluídas. fcto, indiscutivelmente lamentável O ,~ medida até em que lesa dir&cta-\, mente interesses de pessoas em pleno gozo dos seus direitos civis e. politicos. prejudica elementos de uma classe profissional já tão mal entendida e tão mal paga - a dos professores práos - parece-mo sobretudo importante e revelador, como sintoma, Na realidade, isto acontece em 1974. E. se é verdade- que, durante muitos anos, fomos um país legalmente mis6gino e arreigado a conceitos machistas de tipo medieval - as mulheres não podiam ocupar certos cargos, nem desempenhar determinadas funções., não tinham entrada na carreira judicial, por exemplo, na diplomacia, nem uma s6 ascenderar alguma voa à dignidade de membro do Gverno -, as coisas mudarm muito nos últimos cinco anos. A careira da magistratura foi aberta às mulheres, diversa legislação que impedia a entrada ou o acesso de mulheres foi alterada e uma senhora foL no Governo de Marcello Caetano, pela primeira vez neste pais, membro do Governo, ao mesmo tempo que aumentava o contingente de mulheres não só nos órgãos e instituições da Administração, mas na participação da vWa pública. LARO que o problema não é apenas portuguis, como já disse. Mas a situação da mulher, e especialmente da mulher trabalhadora, está em plena e acelerada evolução. E não me parece que devamos ficar para trás. Há mais de 500 milhões de mulheres trabalhadoras no Mundo dos nossos dias, o que representa um terço das forças produtivas do trabalho. O âmbito restrito do lar, o mito da dona de casa. tão cómodo e tão caro ao bom macho latino, já não se adapta às -realidades dos nossos dias. A velhinha Ideia de que o lugar da mulher era em casa foi decididamente posto em causa com a revolução Industrial, quedeu ao trabalho doméstico uma 6ptica ou um conceito «não produtivo». Depois. com ai duas grandes guerras e, principalmente, com a rápida evolução das moderna$ sociedades de consumo e com a ine"itabilidado de suprir os rendimentos familiares, corroídos pela Inflação g .pelas novas necessidades que criadas --or esse tipo de vida, a integração da mulher no mundo do trabalho foise-tomando uma realidade. E é certo que as desigualdades persisteam o número de mulheres trabalhadoras aumenta diariamente aos mais diversos níveis e está hoje & volta dos 25% da população total Nos pais.. desenvolvidos, a mulher trabalha cada vez menos na agricultura o nas Indústrias de manufactura, onde o baixo preço do sou trabahe era aproveitado até & medula, croscendo, em.contraparlida. o número das que trabalham no comrcio, nas pr s~sães liberais e nos serviços - saúde, educação, sé.uro bancos, etc. Ainda em situação discri minatória. mas invadindo tudo. Segundo um estudo recente d O.C.D.E.. o salário da mulher corre ponde apenas a 60% do salário mas~ lino, mas isso não so deve apenas medidas discriminat6rias: os homens ais da arranjaram, talvez como último recursi uma salda - atiram-nas para tarefas qu lhes eram tradicionalmente reservada na escala das classificações profissionra geralmente mais mal pagas. A Metrópole. onde a integração mulher na sociedade activa estev durante algum tempo desfasada em situação de atraso, em relaçã pelo menos às camadas mais evoluíde da população de Moçambique. c, m< vimento tem-se acelerado exponencia mente nos últimos anos. ospecialmenl entre as camadas mais jovens. Constituindo 52% da população-ot (a estatística desmente o mito das td sete mulheres para cada homem) e 51 da população em idade activa, ela constituem já 20% da população activi com profissão, o que, se 6 ainda baix< representa uma revolução silenciosa irreversível. 5 serviços constituem o sector qu recebe mais mulheres trabalhadora -cerca de 44,3%. Seguem-se-lhe indústria, com 28,4% e a agricultur< sector onde elas começaram por ser cor sentidas e depois aproveitadas em larg escala, que não ocupa hoje senão cerc de 18% de mão-de-obra feminina. Perdi-mo um bocado na estatstic< que laimento não ter ou não conheci em relação a Moçambique, mas r idei que pretendia dar era a de que as aO oas se estão a transformar rapidameni a que, mais do que sério e ilegal problema do tal concurso para profess< re das Escolas Elementares de Agricu' tura merece a atenç4o de quem de & reito. Como ficou, está torto. RUI CAITAXAN, INTIER ...e porque o whisky se sentia só... a krest criou a soda alegre, mexida, efervescente e borbulhante. Soda Krest dá vida ao seu Whisky. Soda, só da krest ! 12,51,11 1%