ISSN 2238-3077
AVALIE ENSINO MÉDIO
2012
Sistema de Avaliação Baiano da
Educação - SABE
REVISTA DA GESTÃO escolar
Ensino Médio
SEÇÃO 1
O desafio da gestão escolar:
avaliação e qualidade do ensino
EXPERIÊNCIA EM FOCO
Coordenadora de Avaliação
SEÇÃO 2
Gestão escolar: uma mudança de
paradigmas
SEÇÃO 3
Padrões de Desempenho
SEÇÃO 4
A escola e o contexto
SEÇÃO 5
Os resultados da avaliação
EXPERIÊNCIA EM FOCO
Diretora da DIREC 24
ENSINO MÉDIO
A
ISSN 2238-3077
Revista da Gestão Escolar
Sistema de Avaliação Baiano da Educação - SABE
AvalieEnsinoMédio
ENSINO MÉDIO
GovErnAdor
JAQUES WAGNER
viCE-GovErnAdor
OTTO ALENCAR
SECrEtário dA EduCAção
OSVALDO BARRETO FILHO
SuBSECrEtário
ADERBAL CASTRO MEIRA FILHO
ChEfE dE GABinEtE
PAULO PONTES DA SILVA
SuPErintEndÊnCiA dE ACoMPAnhAMEnto E AvAliAção do SiStEMA EduCACionAl
ENI SANTANA BARRETTO BASTOS
CoordEnAção dE ACoMPAnhAMEnto, AvAliAção E inforMAçõES EduCACionAiS
MARCOS ANTÔNIO SANTOS DE PINHO
CoordEnAção dE ACoMPAnhAMEnto E AvAliAção
FÁTIMA CRISTINA DANTAS MEDEIROS
EquiPE téCniCA dA AvAliAção
ADINELSON FARIAS DE SOUZA FILHO
EDILEUZA NUNES SIMÕES NERIS
GUIOMAR FLORENCE DECOLO CARVALHO
ÍNDIA CLARA SANTANA NASCIMENTO
LINDINALVA GONÇALVES DE ALMEIDA
NEIRE GOES RIBEIRO BRIDE
RITA DE CÁSSIA MOREIRA TRINDADE
ROGÉRIO DA SILVA FONSECA
SANDRA CRISTINA DA MATA NERI
Osvaldo Barreto Filho, Secretário da Educação do Estado da Bahia
PrEzAdoS(AS) EduCAdorES(AS),
é com muita satisfação que apresentamos à comunidade educacional a segunda edição das publicações
do Avalie Ensino Médio, avaliação externa realizada em parceria com o Centro de Políticas Públicas e
Avaliação da Educação da universidade de Juiz de fora (CAEd). nossa intenção é que estas publicações
sejam um canal de diálogo com as unidades escolares, como uma ferramenta importante à adoção de
medidas pedagógicas e administrativas que assegurem o direito subjetivo de aprender dos estudantes
do Ensino Médio. As publicações são compostas de três volumes: revista Pedagógica, revista da Gestão
Escolar e revista do Sistema de Avaliação.
A revista Pedagógica é destinada ao professor e traz informações sobre o resultado da escola e disciplina
avaliada, veiculando também a concepção, os fundamentos, os pressupostos da avaliação e alguns relatos
de experiências bem sucedidas.
na revista da Gestão Escolar são encontradas informações relativas aos resultados da escola nas
disciplinas avaliadas e dados contextuais direcionados aos gestores das instituições de ensino. A revista
traz, ainda, relato de práticas positivas de gestores no desenvolvimento do trabalho escolar.
A revista do Sistema de Avaliação é destinada às equipes gestoras da Secretaria da Educação. Ela
contextualiza o histórico do programa, com uma linha do tempo, trazendo também resultados gerais e
por diretoria regional, assim como artigos sobre temas educacionais e impressões de dirigentes do órgão
central sobre a avaliação.
As publicações ora apresentadas deixam as marcas do processo vivenciado por diversas pessoas, em
diferentes espaços geográficos deste estado e fora dele, no desafio de fazer da avaliação uma ferramenta
do processo de ensino, de aprendizagem e de gestão, por meio do Sistema de Avaliação Baiano da
Educação (SABE). Elas juntam-se a outras iniciativas do Governo do Estado da Bahia na busca por uma
educação em que os estudantes e educadores ressignifiquem as suas aprendizagens, seus processos
formativos e se reafirmem como sujeitos de direito, numa educação com características emancipatória
e inclusiva.
O desafio
da gestão
escolar
Avaliação e
qualidade do
ensino
PÁGINA 10
GESTÃO ESCOLAR
UMA MUDANÇA
DE PARADIGMAS
PÁGINA 16
sumário
EXPERIÊNCIA
EM FOCO
Coordenadora
de Avaliação
PÁGINA 14
A ESCOLA E O
CONTEXTO
PÁGINA 22
Padrões de
Desempenho
PÁGINA 19
EXPERIÊNCIA
EM FOCO
Diretora da
DIREC 24
PÁGINA 27
Os resultados
da avaliação
PÁGINA 26
1
O desafio da gestão escolar
Avaliação e qualidade do ensino
Cara Equipe Gestora, a Revista da Gestão Escolar oferece informações gerais sobre a participação
dos estudantes na avaliação e os resultados de proficiência alcançados, apresentando, de modo
sintético, os Padrões de Desempenho estudantil, além de discussões em prol de uma educação
de qualidade.
A cidadania está ancorada nas metas públicas de uma educação de qualidade. Isso
porque o indivíduo se torna cidadão não apenas quando o direito fundamental à vida
lhe é assegurado, mas também quando está capacitado ao exercício da democracia,
de modo a participar do destino da sociedade. Nesse sentido, a escola é uma das
instâncias de referência para a formação deste sujeito crítico e ativo, sendo o papel
formador um desafio para a gestão escolar. As atuais diretrizes federais propõem às
instituições públicas de ensino autonomia no seu processo de decisões, tanto do
ponto de vista pedagógico quanto financeiro.
Para garantir uma aprendizagem de qualidade, é preciso, antes de tudo, fazer um
diagnóstico da educação nas redes de ensino que indique quais ações educacionais
e gerenciais devem ser tomadas, função desempenhada pela avaliação em larga
escala. Para que as ações sejam concretizadas em prol da excelência do sistema
educacional, faz-se necessário que gestores, professores, estudantes e comunidade
10 Avalie Ensino Médio 2012
escolar conheçam, entendam e se apropriem de seus resultados. As informações
obtidas subsidiam a elaboração de políticas públicas voltadas à melhoria do processo
de ensino-aprendizagem e ao planejamento de propostas pedagógicas que possam
propiciar o avanço necessário.
Embora recente, a avaliação em larga escala no Brasil tem um respaldo legal. A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDB/96), em seu artigo 9º, inciso
VI, estabelece que cabe à União assegurar o processo nacional de avaliação do
rendimento escolar na Educação Básica e Superior, em colaboração com os sistemas de
ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade da educação.
Neste contexto, as principais avaliações no país são o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Básica (Saeb), o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e o Exame
Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), que integra o Sistema Nacional
de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Ao monitorar a qualidade do ensino, as
avaliações fornecem aos gestores um importante diagnóstico para embasamento de
políticas públicas educacionais nas instâncias federal, estadual e municipal.
A partir dessa perspectiva, a Secretaria da Educação, em parceria com o Centro de
Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora
(CAEd/UFJF), divulga os resultados do Sistema de Avaliação Baiano da Educação
(SABE). A Revista da Gestão Escolar oferece informações gerais sobre a participação
dos estudantes na avaliação e os resultados de proficiência alcançados, apresentando,
de modo sintético, os Padrões de Desempenho estudantil, além de discussões em
prol de uma educação de qualidade. Também são disponibilizados nesta Revista
depoimentos, baseados em relatos de experiência com o coordenador da avaliação
e com um diretor de regional, de modo a aproximar a apropriação dos resultados à
prática educacional.
Revista da Gestão Escolar 11
o SABE
o Sistema de Avaliação Baiano da Educação foi criado em 2007 e tem seguido o propósito de
fomentar mudanças em busca de uma educação de qualidade. Em 2012, o Avalie Ensino médio
avaliou os estudantes da 2ª série do Ensino médio e da 3ª série da Educação Profissional Integrada
ao Ensino médio (EPI) das escolas estaduais da Bahia nas áreas de conhecimento de Linguagem,
Códigos e suas tecnologias, matemática e suas tecnologias, Ciências humanas e suas tecnologias
e Ciências da Natureza e suas tecnologias. Na linha do tempo a seguir, pode-se verificar a trajetória
do Avalie Ensino médio e, ainda, perceber como se tem consolidado as informações sobre o
desempenho dos estudantes.
2008
2009
2010
233
233
233
unidades escolares
unidades escolares
unidades escolares
ABRANGÊNCIA: 233 unidades
escolares exclusivas de
Ensino médio e seus anexos.
ABRANGÊNCIA: 233 unidades
escolares exclusivas de
Ensino médio e seus anexos.
ABRANGÊNCIA: 233 unidades
escolares exclusivas
de Ensino médio.
SÉRIE AVALIADA: 1ª série
do Ensino médio
SÉRIE AVALIADA: 2ª série
do Ensino médio
SÉRIE AVALIADA: 3ª série
do Ensino médio
DISCIPLINAS ENVOLVIDAS:
interdisciplinar, com base na
matriz do Enem – 2008.
ÁREAS ENVOLVIDAS:
Linguagens, Códigos e
suas tecnologias, Ciências
humanas e suas tecnologias,
Ciências da Natureza e suas
tecnologias e matemática e
suas tecnologias, com base
na matriz do Enem – 2009.
ÁREAS ENVOLVIDAS:
Linguagens, Códigos e suas
tecnologias, Ciências humanas
e suas tecnologias, Ciências da
Natureza e suas tecnologias e
matemática e suas tecnologias.
PARTICIPANTES: estudantes,
professores e gestores.
PRODUTOS: boletins individuais
para os estudantes, relatórios
pedagógicos por escolas, por
diretoria regional e relatório
geral e técnico para a SEC.
PARTICIPANTES: estudantes,
professores e gestores.
PRODUTOS: boletins
individuais para os estudantes,
relatórios pedagógicos
por escolas, por diretoria
regional, relatório geral e
técnico para a SEC e revista
pedagógica do professor.
12 Avalie Ensino Médio 2012
Foi utilizada a avaliação
do Enem 2010.
PARTICIPANTES: estudantes,
professores e gestores.
AvAliE EnSino Médio trAJEtÓriA
2011
2012
1.006
1.011
unidades escolares
unidades escolares
ABRANGÊNCIA: 1.006
unidades escolares.
ABRANGÊNCIA: 1.011
unidades escolares.
SÉRIES AVALIADAS: 1ª série
do Ensino médio e 2ª série
da Educação Profissional
Integrada ao Ensino médio
SÉRIES AVALIADAS: 2ª série
do Ensino médio e 3ª série
da Educação Profissional
Integrada ao Ensino médio
ÁREAS ENVOLVIDAS:
Linguagens, Códigos e suas
tecnologias, Ciências humanas
e suas tecnologias, Ciências da
Natureza e suas tecnologias e
matemática e suas tecnologias.
ÁREAS ENVOLVIDAS:
Linguagens, Códigos e suas
tecnologias, Ciências humanas
e suas tecnologias, Ciências da
Natureza e suas tecnologias e
matemática e suas tecnologias.
PARTICIPANTES: estudantes,
professores e gestores.
PARTICIPANTES: estudantes,
professores e gestores.
Revista da Gestão Escolar 13
EXPERIÊNCIA EM FOCO
O que os estudos sobre os
resultados do Avalie possibilitam
A coordenadora de Avaliação da Secretaria
Em relação aos fatores que podem prejudicar o
da Educação da Bahia, Fátima Cristina Dantas
processo de avaliação, Fátima Medeiros destaca
Medeiros, considera a avaliação em larga escala
o pouco conhecimento sobre os objetivos das
um
informações
avaliações externas pelos profissionais que se
que possibilita aos profissionais da educação a
envolvem com a aplicação dos instrumentos.
identificação de elementos mais precisos que
Segundo a coordenadora, a falta de precisão das
estão dificultando o processo de aprendizagem
informações coletadas para a construção da base
dos estudantes.
de aplicação das provas e o desconhecimento dos
importante
instrumento
de
estudantes sobre a importância dessas avaliações
De acordo com Fátima, o Sistema de Avaliação
para a melhoria da sua aprendizagem também
Baiano da Educação tem contribuído muito
interferem para a obtenção de uma participação
para a identificação de situações que outras
mais consistente. “Se todos entendessem o quanto
avaliações externas não dão conta, como o
essas avaliações fornecem de dados e que são
reconhecimento do contexto educacional baiano,
por meio dessas pesquisas que políticas públicas
de especificidades sobre a gestão e sobre o clima
são implementadas, haveria mais participação e
escolar, bem como as condições de estudo e as
envolvimento de todos”, diz Fátima Medeiros.
perspectivas dos estudantes da Bahia. “De posse
dessas informações, os gestores podem propor
A coordenadora lamenta que ainda seja grande o
ações mais direcionadas às situações reveladas”,
número de pessoas, envolvidas com a educação,
afirma Fátima.
que não sabem utilizar as informações produzidas
A divulgação dos resultados é um elemento
desafiador, pois é nesse momento que os atores
envolvidos com a educação começam a perceber os
limites e possibilidades da avaliação em larga escala. Fátima Cristina Dantas Medeiros,
Coordenadora de Avaliação da Secretaria da Educação da Bahia
14 Avalie Ensino Médio 2012
pelas avaliações em larga escala para gerenciar e
para o replanejamento das ações. Por isso, “a
resolver os problemas apontados.
Secretaria tem promovido reuniões constantes
com os dirigentes regionais e gestores escolares
A divulgação dos resultados é, para Fátima, um
para tratar de aspectos relevantes do Avalie, as
elemento desafiador, pois é nesse momento que
formas de utilização e apropriação dos resultados,
os atores envolvidos com a educação começam a
em atendimento às solicitações”, revela Fátima.
perceber os limites e possibilidades da avaliação
em larga escala. Outro grande desafio, segundo
Segundo a coordenadora, a divulgação dos
Fátima, é transformar os dados revelados em
resultados na Bahia, este ano, pretende envolver
ações que resolvam ou minimizem os problemas
um número maior de professores, os projetos
identificados. “A observação e reflexão sobre o
estruturantes da Secretaria da Educação e os
que os estudantes não estão revelando aprender
estudantes. Por isso, a equipe da coordenação
e sobre o que tem dificultado a aprendizagem
de avaliação, salienta Fátima, estará envolvida em
deve despertar nos educadores o desejo de
reuniões com todos os profissionais que atuam
uma prática diferenciada”, afirma Fátima. Retirar
nos projetos implantados nas escolas, em visitas
a impressão que os professores têm de que a
as unidades de ensino, em reuniões sistemáticas
avaliação externa quer apontar falhas e identificar
com gestores regionais e escolares e com a oferta
culpados é também para Fátima algo que impede
de curso sobre apropriação de resultados para
um olhar mais acolhedor sobre os resultados.
professores. Os estudantes serão envolvidos, na
medida em que receberem, por meio dos boletins,
O Avalie, por ser um estudo longitudinal, tem
as informações sobre os resultados das suas
proporcionado uma grande discussão sobre
aprendizagens, conquistas e dificuldades.
as habilidades que os estudantes ainda não
consolidaram nas disciplinas avaliadas, sobre
“A utilização dos dados do Avalie por diferentes
os fatores que podem estar prejudicando a
instâncias,
aprendizagem, bem como o que possibilita a
dirigentes regionais e do órgão central da
permanência dos estudantes na escola, sobre a
Secretaria da Educação do Estado revela a
diferença da gestão escolar para a promoção de
preocupação e ação conjunta dos profissionais
um ambiente de aprendizagem e também o estudo
da rede para que esses dados contribuam na
do impacto de alguns programas implementados
condução de novas ações que estão sendo
pela Secretaria da Educação do Estado.
implementadas pelos projetos estruturantes da
projetos,
gestores
escolares
e
Secretaria, voltados para o Ensino Médio: Paip
Fátima acredita que, apesar de ainda haver
(Projeto de Monitoramento, Acompanhamento,
algumas resistências à avaliação externa, a
Avaliação e Intervenção Pedagógica), o Programa
rede de ensino já está mais informada sobre as
Ensino Médio em Ação (EM-Ação) e o Ensino
contribuições que ela traz, por isso muitas escolas
Médio com Intermediação tecnológica – EMITec”,
tem solicitado à Secretaria dados dos resultados
enfatiza a coordenadora.
Revista da Gestão Escolar 15
2
GESTÃO ESCOLAR
UMA MUDANÇA DE PARADIGMAS
A gestão escolar tem se tornado um tema cada
que um mero organizador da escola, no sentido formal
vez mais central para os debates que envolvem a
e administrativo do termo. Longe de não reconhecer
melhoria da qualidade da educação, no Brasil e no
a importância desse aspecto, qual seja, o logístico-
mundo. Sua centralidade reside na percepção de
administrativo, houve um processo de inclusão de
que existem características, relacionadas à própria
novas funções para a gestão escolar, sem excluir a
escola, capazes de produzir a melhoria do ensino
anterior, a administrativa, que sempre a caracterizou.
ofertado ao estudante. Uma dessas características
é a gestão escolar eficaz e comprometida,
Entre
condutora de processos de melhoria da qualidade
principalmente duas: o caráter pedagógico da
do ensino ofertado no âmbito da escola.
gestão e a construção de uma gestão democrática,
essas
novas
funções
se
destacam
conforme previsão da Carta Constitucional. O
Com a Constituição Federal de 1988, celebrada
enfoque pedagógico da gestão se fundamenta
como uma nova fase para a sociedade e
no reconhecimento do gestor escolar como um
para a escola brasileira, a gestão educacional
líder capaz de articular, junto aos demais atores
experimentou a formalização jurídica de um
escolares, uma liderança pedagógica que envolva
processo de mudança de paradigmas que vinha
a apropriação do currículo, o planejamento das
acontecendo há algum tempo. O gestor escolar
disciplinas − para cada área do conhecimento e
era percebido, essencialmente, como um ator
para cada etapa de escolaridade −, as avaliações
responsável pela administração – em sentido
escolares, chegando até mesmo a discussões
estrito – da escola, a partir de um viés burocrático,
relacionadas aos planos de aula dos professores.
organizacional e logístico, e tendo como base as
Trata-se não de uma intervenção do gestor
concepções de administração destinadas a outras
na autonomia do professor, mas, sim, de uma
instituições, e não, singularmente, à escola.
construção conjunta e articulada das diretrizes
pedagógicas da escola. O enfoque pedagógico
16 A mudança de paradigma da gestão ocorreu com a
da gestão tem se mostrado um fator associado a
percepção de que o gestor escolar deve ser mais do
bons desempenhos por parte dos estudantes.
Avalie Ensino Médio 2012
A construção de uma gestão democrática, mais
estando relacionados, portanto, ao clima escolar.
do que um elemento previsto pela Constituição, é
O clima escolar é um dos fatores que afetam o
uma forma de inserir, no processo de construção
desempenho dos estudantes, e as características
das diretrizes da escola, sejam elas administrativas
da gestão, a forma como é construída e conduzida,
ou pedagógicas, os diversos atores envolvidos
são elementos que o compõem. Um ambiente
e
os
propício à aprendizagem é capaz de impactar
professores, os pais, os estudantes, os funcionários
significativamente o desempenho dos estudantes,
e a própria comunidade que envolve a escola. A
devolvendo à escola a capacidade de produzir bons
democratização da gestão está envolvida com um
resultados a partir de suas próprias características.
interessados
nesse
processo,
como
processo de democratização mais abrangente,
da escola e da sociedade; o que significa ampliar
a participação de outros agentes no processo de
tomada de decisões que afetem a escola. Por meio
desta inclusão, o que se busca é o envolvimento
destes atores com a escola, percebendo-a como
um ambiente aberto e em constante construção
e aprimoramento. Por democratização da escola
e da gestão, tendo em vista a participação nas
decisões e a circulação da informação na, e sobre
a, escola, não se deve entender a transferência de
responsabilidade decisória por parte da gestão.
Qualificando os diferentes
enfoques da gestão escolar
A partir dos questionários respondidos pelos
diretores das escolas de Ensino Médio da Bahia,
cujas turmas de 2ª série foram avaliadas no Avalie
Ensino Médio 2012, foi possível caracterizar os
dois enfoques da gestão: o enfoque democrático
e aquele relacionado ao seu caráter pedagógico.
A intenção não é criar tipos distintos de gestores,
O gestor escolar continua sendo o responsável
visto que, na prática, esses dois aspectos estão, e
pela tomada de decisões e é isso o que se espera
é importante que estejam, altamente relacionados.
de sua função. No entanto, as decisões, quando
O que se espera, portanto, é destacar atitudes,
compartilhadas, adquirem um novo caráter, para o
expressas pela concordância com determinadas
gestor, para os demais participantes e para a escola
assertivas, ligadas a uma e a outra abordagem na
como um todo.
organização de índices para cada uma delas.
Tanto o enfoque pedagógico da gestão quanto a
Os indicadores utilizados na construção dos
gestão democrática são fatores que contribuem
índices, bem como as categorias de respostas
para a construção e para o estabelecimento
consideradas na análise, estão detalhados nas
de um ambiente favorável à aprendizagem,
tabelas 1 e 2 a seguir.
Revista da Gestão Escolar 17
• Tabela 1 – Indicadores utilizados no Índice do enfoque pedagógico da gestão
Indicadores – Frequência com que ocorre/diretor realiza
Elaboração da Proposta Pedagógica junto com os Professores.
Elaboração da Proposta Pedagógica junto com os Coordenadores
Elaboração da Proposta Pedagógica junto com os pais.
Elaboração da Proposta Pedagógica junto com os estudantes.
Elaboração da Proposta Pedagógica com os funcionários.
Implementação da Proposta Pedagógica
Discute questões relativas ao orçamento da escola com professores e coordenadores?
Discute questões pedagógicas com professores e coordenadores?
Grau de concordância
Visitas rápidas e sem horário fixo às aulas dos professores fazem parte da gestão que exerço.
Eu costumo dar conselhos para os professores, mesmo que o assunto não se relacione diretamente com a escola
ou com o ensino.
Quando consultado, eu ajudo os professores a tomarem decisões que dizem ou não respeito à escola e ao ensino.
Tenho a prática de acompanhar o desempenho dos estudantes desta escola.
A infrequência dos estudantes é investigada para se conhecer as razões da ausência.
Opções
(4 categorias)
Raramente
ou nunca,
algumas vezes,
frequentemente,
sempre
Opções
(3 categorias)
Concorda,
concorda muito,
discorda (um
pouco ou muito)
• Tabela 2 - Indicadores utilizados no Índice de gestão democrática
Indicadores - Grau de concordância
Cumpro com minhas funções com a ajuda de professores e/ou coordenadores.
O diálogo e a participação de outros atores escolares é a melhor forma de exercer a gestão.
Tomo minhas decisões depois de ouvir outros atores envolvidos com a escola.
O planejamento anual das atividades é feito coletivamente.
Os professores e os estudantes apoiam a gestão no cumprimento das regras da escola.
Tenho por norma consultar o Colegiado da Escola e ouvir as pessoas sobre as questões da escola.
O bom relacionamento é uma marca desta escola
Opções
(3 categorias)
Concorda,
concorda muito,
discorda (um
pouco ou muito)
As respostas foram organizadas de forma que, quanto maior a concordância do diretor com as assertivas
ou a frequência identificada em alguma ação, maior o valor do índice para cada diretor. Colocados numa
escala que vai de 1 a 10, as médias observadas nos dois índices estão na tabela 3 a seguir. Ao todo, 967
diretores responderam ao questionário.
• Tabela 3 - Média dos índices dos enfoques da gestão escolar
Índice do enfoque pedagógico da gestão
Índice de gestão democrática
Casos válidos
5,3
8,1
967
Fonte: Avalie Ensino Médio 2012 - tabulação CAEd
A média do índice de enfoque pedagógico é baixa, o que quer dizer que os diretores das escolas de
Ensino Médio consideradas tendem a discordar ou a não praticarem ações voltadas para esse perfil.
Por outro lado, o enfoque que caracteriza a gestão democrática na escola teve uma média elevada
entre os diretores das escolas do Ensino Médio que participaram do Avalie Ensino Médio em 2012.
Isso quer dizer que os diretores concordam com as atitudes que caracterizam, no nosso modelo, esse
enfoque. Vale notar, ainda, que o fato de os diretores concordarem ou não com as afirmativas que lhes
foram apresentadas no questionário não implica que eles privilegiem um ou outro perfil de gestão, ou o
democrático ou o pedagógico, e nem que eles, de fato, atuem de acordo com as afirmações que fazem.
18 Avalie Ensino Médio 2012
3
Padrões de Desempenho
Esta seção apresenta os Padrões de Desempenho agrupados em quatro níveis de acordo com
intervalos de desempenho dos estudantes na avaliação. Por meio desses Padrões, é possível
planejar e realizar ações voltadas aos estudantes a partir do nível em se encontram.
Os testes aplicados aos estudantes trazem uma medida de seu desempenho nas
habilidades avaliadas, denominada PROFICIÊNCIA. Os resultados de proficiência
obtidos foram agrupados em quatro PADRÕES DE DESEMPENHO – Muito crítico, Crítico,
Básico e Avançado. Esses Padrões proporcionam uma interpretação pedagógica das
habilidades desenvolvidas pelos estudantes e oferecem à escola o entendimento
a respeito do nível em que eles se encontram. Por meio deles é possível analisar
a distância de aprendizagem entre os estudantes que se encontram em diferentes
níveis de desempenho, do mais baixo ao mais elevado. É importante atentar-se para
os estudantes que estão nos Padrões mais baixos, pois são eles os mais vulneráveis à
evasão e ao insucesso escolar.
Os níveis de proficiência compreendidos em cada um dos Padrões de Desempenho,
para as diferentes etapas de escolaridade avaliadas, correspondem a determinados
intervalos de pontuação alcançada nos testes e estão descritos mais detalhadamente
na Revista Pedagógica desta Coleção. A seguir, são apresentados os Padrões de
Desempenho e suas respectivas caracterizações.
Revista da Gestão Escolar 19
Padrões de Desempenho Estudantil
Caracterização
Muito Crítico
Neste Padrão de Desempenho, o estudante demonstra carência de aprendizagem
do que é previsto para a sua etapa de escolaridade. Ele fica abaixo do esperado,
na maioria das vezes, tanto no que diz respeito à compreensão do que é abordado,
quanto na execução de tarefas e avaliações. Por isso, é necessária uma intervenção
focada para que possa progredir em seu processo de aprendizagem.
Crítico
O estudante que se encontra neste Padrão de Desempenho demonstra ter aprendido
o mínimo do que é proposto para o seu ano escolar. Neste nível ele já iniciou um
processo de sistematização e domínio das habilidades consideradas básicas e
essenciais ao período de escolarização em que se encontra.
Básico
Neste Padrão de Desempenho, o estudante demonstra ter adquirido um conhecimento
apropriado e substancial ao que é previsto para a sua etapa de escolaridade. Neste
nível, ele domina um maior leque de habilidades, tanto no que diz respeito à quantidade,
quanto à complexidade, as quais exigem um refinamento dos processos cognitivos
nelas envolvidos.
Avançado
O estudante que atingiu este Padrão de Desempenho revela ter desenvolvido
habilidades mais sofisticadas e demonstra ter um aprendizado superior ao que
é previsto para o seu ano escolar. O desempenho desse estudante nas tarefas e
avaliações propostas supera o esperado e, ao ser estimulado, pode ir além das
expectativas traçadas.
20 Avalie Ensino Médio 2012
Área do
conhecimento avaliada
INTERVALO NA ESCALA DE
PROFICIÊNCIA POR etapa
avaliada
2ª Série do Ensino
Médio
3ª série da
Educação
Profissional
integrada ao
Ensino Médio
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
até 400
até 400
Matemática e suas Tecnologias
até 450
até 450
Ciências Humanas e suas Tecnologias
até 450
até 450
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
até 500
até 500
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
400 a 500
400 a 500
Matemática e suas Tecnologias
450 a 550
450 a 550
Ciências Humanas e suas Tecnologias
450 a 550
450 a 550
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
500 a 600
500 a 600
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
500 a 600
500 a 600
Matemática e suas Tecnologias
550 a 650
550 a 650
Ciências Humanas e suas Tecnologias
550 a 650
550 a 650
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
600 a 700
600 a 700
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
acima de 600
acima de 600
Matemática e suas Tecnologias
acima de 650
acima de 650
Ciências Humanas e suas Tecnologias
acima de 650
acima de 650
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
acima de 700
acima de 700
Revista da Gestão Escolar 21
4
A ESCOLA E O CONTEXTO
Qualidade e composição
social das escolas
Um ensino de qualidade deve proporcionar aos estudantes a
oportunidade e os meios adequados para seu desenvolvimento
intelectual e pessoal, em múltiplas dimensões, levando em
consideração as características específicas de cada indivíduo e
suas diferentes necessidades. No entanto, sabemos que, entre a
concepção dos princípios e sua realização, existe um enorme caminho
a ser percorrido. As escolas não podem ser as redentoras de nossos
maiores valores; mas também não podemos superar esse desafio sem
a contribuição delas. Então a pergunta é: o que pode ser feito?
Parte desse desafio passa pela identificação dos efeitos que as
características de diversos grupos sociais podem ter sobre o
aprendizado dos estudantes em nosso sistema, e isso implica em
pensar também como essas características podem influenciar o trabalho
realizado nas escolas. Desse modo, estaremos caminhando para uma
compreensão das possíveis ações das escolas que podem dialogar
com essas influências, trazendo um melhor ensino e, ao mesmo tempo,
promovendo uma dimensão da justiça que cabe ao âmbito escolar.
A contribuição da avaliação educacional está em fornecer
algumas noções que nos ajudem a enfrentar esse desafio: quanto
o agregado das características dos estudantes influencia no
desempenho das escolas?
22 Avalie Ensino Médio 2012
Utilizamos um modelo de regressão hierárquica para estimar o
efeito das escolas sobre o desempenho de seus estudantes, e assim
obter uma medida de qualidade das escolas do sistema. A variável
dependente foi a proficiência do estudante em Matemática. Sexo,
cor/raça e um indicador de nível socioeconômico foram as variáveis
independentes no nível dos estudantes. Depois de estimarmos
o que seria a qualidade específica de cada escola utilizamos
variáveis de controle para saber o quanto dessa qualidade se
deve às características que os estudantes trazem para as escolas:
o agregado de estudantes do sexo feminino; o agregado de
estudantes autodeclarados pardos, pretos ou indígenas; e a média
do indicador de nível socioeconômico. A partir dessas informações,
medimos o efeito da composição social dentro de cada escola sobre
o coeficiente que representa a qualidade escolar.
Os estudantes compondo as escolas
Sabemos que aspectos culturais, econômicos e sociais (como a
escolaridade dos pais, a disponibilidade e utilização de recursos
associados ao estudo – livros, revista, hábitos de leitura etc. –, os
recursos básicos e as condições de moradia) podem proporcionar
vantagens ou desvantagens escolares. Seria interessante medir,
de algum modo, os impactos de tais características do conjunto
de estudantes para poder comparar de maneira mais adequada
o desempenho das escolas nas avaliações.
Revista da Gestão Escolar 23
Brasil - o que nos mostra a Prova Brasil.
Os resultados de nosso modelo para averiguar a importância das
características de composição dos estudantes sobre a qualidade
educacional mostram que, para o Brasil, a média do peso da
composição sobre a estimação do efeito das escolas gira em torno
de 42%. Em outras palavras, daquilo que seria a qualidade de
uma escola, em média, pouco menos da metade seria decorrente
de aspectos como o conjunto de indivíduos do sexo feminino, de
estudantes desprivilegiados e do nível socioeconômico destes
dentro daquela escola.
Houve uma tendência de o sistema estadual esboçar valores
médios levemente menores que o sistema municipal, como
podemos observar no gráfico 1. No entanto, a tabela 1 mostra que
esse peso pode variar de modo muito extremo; ou seja, enquanto
para algumas escolas, a composição pode fazer uma enorme
diferença na avaliação de seu desempenho (qualidade), para
outras, o argumento de que “tudo depende dos estudantes que
recebemos” praticamente não é válido.
Média e desvio padrão do peso da composição sobre a estimação da qualidade das escolas
50,0%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
40%
42,7%
44%
21,2%
18,4%
5ºEF
9ºEF
38%
20,5%
17,1%
5ºEF
9ºEF
SISTEmA ESTADuAL
SISTEmA muNICIPAL
DESVIO PADRÃO
mÉDIA
Fonte: Prova Brasil 2009.
24 Avalie Ensino Médio 2012
não são as grandes responsáveis pela maior parte
• Perspectivas
da qualidade das escolas. Em outras palavras, é
A noção mais evidente consolidada nesse breve
preciso repensar a gestão escolar para enfrentar
ensaio é a da necessidade de considerar os
seus desafios, cada vez mais consciente de que
fatores de composição das escolas, de modo a
sua atuação faz a diferença para melhorar a
avaliarmos de maneira adequada seus resultados
qualidade do ensino.
e efetuarmos comparações cada vez mais justas
com o contexto de cada uma dessas instituições.
Há um consenso de que as características mais
Isso não é possível sem um instrumento de
influentes, tanto do desempenho escolar quanto das
captação de informações contextuais sobre os
chances de progressão ao longo da trajetória escolar,
estudantes, porque somente através desse tipo de
são exatamente as condições socioeconômicas
dado podemos obter medidas e realizar análises
das famílias. Isso significa que a educação não
que deem conta dessa questão.
pode, isoladamente, mudar determinações socais,
mas melhorias absolutas do sistema educacional
Esses resultados também apontam para a
e melhorias relativas no acesso à educação de
necessidade de profundas reflexões sobre o
qualidade devem ser não só desejadas para todos os
papel de gestores e profissionais do sistema
estudantes igualmente, como buscadas ativamente
educacional diante das características de seus
pelo poder público e pelas escolas, responsáveis por
estudantes. É verdade que essas características
assumir a tarefa de contribuir para o desenvolvimento
têm um impacto importante; porém, em geral, elas
da educação no país.
Valor mínimo e máximo do peso da composição sobre a estimação da qualidade das escolas
Mínimo e máximo
por etapa / série
Sistema Municipal
Sistema Estadual
5° ano
9° ano
5° ano
9° ano
MÍNIMO
0,8%
1,2%
1,2%
1,0%
MÁXIMO
93,3%
90,4%
91,3%
85,6%
N° DE ESCOLAS
31805
14069
11688
17836
*Escolas com 10 ou mais estudantes. Quando a escola possui estudantes em ambas as etapas ela é exibida em ambos os totais.
Fonte: Prova Brasil 2009.
Revista da Gestão Escolar 25
5
Os resultados da avaliação
Nesta seção são apresentados os resultados dos estudantes desta escola na avaliação do Avalie Ensino Médio 2012.
Para uma interpretação apropriada do desempenho da escola, encontram-se a seguir os resultados de proficiência
média, participação e distribuição dos estudantes por Padrão de Desempenho; bem como análises contextuais, baseadas
nos questionários aplicados junto aos testes. Esses resultados têm como objetivo oferecer à escola um panorama do
desempenho dos estudantes avaliados em todas as etapas de escolaridade e áreas de conhecimento no ciclo 2012.
Legenda explicativa para o quadro de resultados de desempenho e participação
• Resultados: é explicitado o desempenho da escola e das
percebem casos mais extremos de desempenho, tanto
demais instâncias por disciplina e etapa de escolaridade.
para mais quanto para menos. Este dado indica o grau
• Edição: ano em que a prova foi aplicada e ao qual o resultado
de equidade dentro da escola, sendo muito importante,
se refere.
• Proficiência média: grau ou nível de aproveitamento
na avaliação.
• Desvio padrão: medida da variação entre as proficiências
individuais (ou seja, das diferenças de proficiência entre os
estudantes avaliados).
»» Considerando um caso hipotético, em que todos
os estudantes de uma mesma escola obtenham
exatamente o mesmo resultado no teste, o desvio
padrão é igual a zero, indicando que não houve
variação de proficiência dentre os estudantes daquela
escola. Valores menores de desvio-padrão indicam,
portanto, uma situação mais igualitária dentro da
escola, pois apontam para menores diferenças entre
os desempenhos individuais dos estudantes. Por outro
lado, valores maiores de desvio padrão indicam que
26 pois um dos maiores desafios da Educação é promover
o ensino de forma equânime.
• Nº previsto de estudantes: quantidade de estudantes
calculada para participar da avaliação antes da realização
da prova.
• Nº efetivo de estudantes: quantidade de estudantes que
realmente responderam aos testes da avaliação.
• Participação (%): percentual de estudantes que fizeram o
teste a partir do total previsto para a avaliação.
»» Este percentual é importante, pois quanto mais
estudantes do universo previsto para ser avaliado
participarem, mais fidedignos serão os resultados
encontrados e maiores as possibilidades de se
implementar políticas que atendam a esse universo de
forma eficaz.
os estudantes da escola constituem uma população
• % de estudantes por Padrão de Desempenho: percentual de
mais heterogênea do ponto de vista do desempenho
estudantes que, dentre os que foram efetivamente avaliados,
no teste, ou seja, mais desigual, de modo que se
estão em cada Padrão de Desempenho.
Avalie Ensino Médio 2012
EXPERIÊNCIA EM FOCO
Mobilização e diálogo
A paixão pela educação foi o que fez a professora
que está sendo ensinado aos nossos estudantes,
Anaide da Silva Fernandes escolher a área de
ou seja, o que eles estão aprendendo nas escolas
Educação. Formada em Letras, com especialização
de nossa regional. A partir da aferição do nível
em Literatura Brasileira e Planejamento e Gestão
de aprendizagem do estudante, podemos intervir
em Sistemas de Educação a Distância, a professora
pedagogicamente no sentido de melhorar o seu
atua, desde janeiro de 2012, como diretora da
desempenho acadêmico”.
Diretoria Regional de Caetité (DIREC 24). Para ela,
“trabalhar com a formação acadêmica de crianças,
Na DIREC 24, a mobilização para a realização
jovens, adultos e também idosos é o labor mais
das avaliações externas ocorre através de
prazeroso do universo. Por meio da educação
reuniões regulares com técnicos de diferentes
podemos humanizar o homem e a mulher”.
setores da DIREC e gestores das unidades
escolares, elaboração de documentos escritos e
o
disponibilização de informações no site da DIREC.
pensamento de muitos gestores da rede pública
Quanto à divulgação dos resultados, a professora
de ensino sobre as contribuições da avaliação
Anaide comenta que “assim que são divulgados os
externa para os processos de ensino e da
resultados do Avalie BA e/ou IDEB, convocamos
aprendizagem. Ela enfatiza que, “por meio da
uma reunião extraordinária com a equipe gestora
avaliação em larga escala, podemos perceber o
das UEE e o professor representante do Colegiado
A
professora
Anaide
compartilha
com
A partir da aferição do nível de
aprendizagem do estudante, podemos
intervir pedagogicamente no sentido de
melhorar o seu desempenho acadêmico Anaide da Silva Fernandes,
Diretora da Diretoria Regional de Caetité (DIREC 24)
Revista da Gestão Escolar 27
28 Escolar, com o objetivo de apresentar os resultados
participavam da oficina do Avalie, outro grupo
da Diretoria Regional de Educação, analisá-los e
da DIREC realizava oficinas com os estudantes,
pensar sobre um plano de intervenção pedagógica
tratando de temas como: apresentação e discussão
em cada UEE, de forma a melhorar o desempenho
de alternativas de convivência com o semiárido
acadêmico dos estudantes”.
brasileiro; ENEM; Avalie etc.
A professora Anaide descreve algumas propostas
Dialogar
de intervenção “após a participação de técnicos
professores sobre os indicadores internos e
da DIREC (projetos GESTAR e EM-Ação): na
externos das avaliações de nossas escolas,
Oficina de Apropriação dos Resultados do Avalie
buscando compreender quais são nossos pontos
2011, em Salvador, realizamos estudos com os
fracos e que medidas devem ser adotadas (a curto,
técnicos do NUPAIP e demais técnicos, que
médio e longo prazo) para melhorar o nível de
também acompanham as UEE, com o objetivo
aprendizagem dos estudantes da Rede Estadual”
de compreender melhor a metodologia do Avalie
vem sendo procedimentos adotados pela Diretoria
e analisar os resultados da DIREC, por área do
Regional de Caetité, como nos diz a sua diretora.
conhecimento. Depois nos deslocamos para as
Para 2013, a intenção é fortalecer a parceria com
escolas, a fim de realizar a oficina de apropriação
os municípios circunscritos à DIREC e firmar outra
dos resultados do Avalie com os professores e
com a Universidade do Estado da Bahia, Campus
outros representantes da comunidade escolar.
de Caetité, para a implementação de projetos que
Em algumas escolas, enquanto os professores
“visem melhorar o desempenho dos estudantes”.
Avalie Ensino Médio 2012
“com
gestores
escolares
e
com
rEitor dA univErSidAdE fEdErAl dE Juiz dE forA
HENRIQUE DUQUE DE MIRANDA CHAVES FILHO
CoordEnAção GErAl do CAEd
LINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA
CoordEnAção téCniCA do ProJEto
MANUEL FERNANDO PALÁCIOS DA CUNHA E MELO
CoordEnAção dA unidAdE dE PESquiSA
TUFI MACHADO SOARES
CoordEnAção dE AnáliSES E PuBliCAçõES
WAGNER SILVEIRA REZENDE
CoordEnAção dE inStruMEntoS dE AvAliAção
RENATO CARNAÚBA MACEDO
CoordEnAção dE MEdidAS EduCACionAiS
WELLINGTON SILVA
CoordEnAção dE oPErAçõES dE AvAliAção
RAFAEL DE OLIVEIRA
CoordEnAção dE ProCESSAMEnto dE doCuMEntoS
BENITO DELAGE
CoordEnAção dE dESiGn dA CoMuniCAção
JULIANA DIAS SOUZA DAMASCENO
rESPonSávEl PElo ProJEto GráfiCo
EDNA REZENDE S. DE ALCÂNTARA
BAHIA. Secretaria da Educação.
Avalie Ensino Médio – 2012/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.
v. 2 ( jan/dez. 2012), Juiz de Fora, 2012 – Anual.
ARAÚJO, Carolina Pires; MELO, Manuel Fernando Palácios da Cunha e; OLIVEIRA, Lina Kátia Mesquita
de; REZENDE, Wagner Silveira.
Conteúdo: Revista da Gestão Escolar.
ISSN 2238-3077
CDU 373.3+373.5:371.26(05)
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Revista da Gestão Escolar – PDF - Avalie Bahia