FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM
CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE
TATIANA AZEVEDO YEH
COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE
CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China
VITÓRIA
2015
TATIANA AZEVEDO YEH
COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE
CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração de Empresas,
Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em
Contabilidade,
Economia
e
Finanças
(FUCAPE), como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Administração
de Empresas – Nível Profissionalizante.
Orientador:
Mainardes
VITÓRIA
2015
Prof.
Dr.
Emerson
Wagner
TATIANA AZEVEDO YEH
COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE
CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração de
Empresas, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia
e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em
Administração de Empresas – Nível Profissionalizante.
Aprovada em 10 de junho de 2015.
COMISSÃO EXAMINADORA
PROF. DR.: EMERSON WAGNER MAINARDES
FUCAPE
PROFª. DRª.:MÁRCIA JULIANA D’ANGELO
FUCAPE
PROF. DR.: FÁBIO MORAES DA COSTA
FUCAPE
Dedico esse trabalho ao meu
amor
Luis
que
nunca
me
deixou desistir.
Dedico esse trabalho ao meu
querido filho Thales, que com
sua sabedoria me incentiva
sempre a buscar crescimento.
Dedico esse trabalho ao meu
querido filho Pablo, que com
suas palhaçadas nunca me
deixou desanimar.
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu amado marido Luis pelo apoio e compreensão na continuidade e
finalização deste projeto e por nesse período ter sido pai e mãe dos nossos filhos.
Agradeço aos meus queridos e abençoados filhos Thales e Pablo pela compreensão
de deixamos de estar juntos por tantas horas, mas que com certeza serão
recompensadas em dobro.
Aos meus pais, pela construção dos meus valores e principalmente por todo suporte
a agrados oferecidos pela minha mãe durante essa jornada.
Aos colegas e professores do curso de Mestrado da Fundação Instituto Capixaba de
Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças, pelo crescimento, ajuda e
esforço para que eu pudesse realizar este projeto.
Ao meu professor orientador, Dr. Emerson, que me ensinou a ser mestre e me fez
acreditar que este projeto poderia ser alcançado em tão pouco tempo.
“Cuidar do planeta é acreditar no futuro da
humanidade; quem ama cuida”
Tatiana Azevedo Yeh
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi comparar a associação das variáveis atitude verde,
eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores externos e
comportamento verde com o Comportamento de Consumo Ecologicamente
Consciente (CCEC) de brasileiros e chineses. A metodologia escolhida foi a de
pesquisa quantitativa e descritiva, com coleta de dados por meio de questionário
adaptado do estudo de Zhao et al. (2014). A amostra contou com a participação de
1149 brasileiros e 632 chineses e utilizou-se, como métodos de análise, a estatística
descritiva, o teste t e a regressão linear múltipla. Após as análises, identificou-se
que, mesmo em países com culturas diferentes, o comportamento verde e os
motivadores externos parecem estar diretamente associados ao CCEC. Além
dessas duas variáveis, a eficácia percebida de consumo foi identificada como
significativa para o CCEC dos brasileiros, e a preocupação ambiental foi identificada
como significativa para o CCEC dos chineses. Tais resultados contribuem para o
aumento do CCEC nesses países por meio de campanhas governamentais ou
empresariais. Além disso, identificou-se que a realização de comportamentos verdes
favorece a CCEC, de forma que se sugere estimular comportamentos verdes por
meio de variadas ações.
Palavras-chave:
Comportamento
verde.
eficácia
percebida
preocupação ambiental. motivadores externos. atitude verde.
de
consumo.
ABSTRACT
The aim of this study was to compare the association of variables green attitude,
perceived effectiveness of consumer, environmental concern, external motivators
and green behavior with the Environmentally Conscious Consumer Behavior (ECCB)
of Brazilian and Chinese. The chosen methodology was quantitative and descriptive
research, with data collection through questionnaire adapted from the study of Zhao
et al. (2014). The sample was attended of 1149 Brazilians and 632 Chinese. Used as
analytical methods, descriptive statistics, Test t and multiple linear regression. By
means of regression results, we found that even in countries with different cultures,
green behavior and external motivators appear to be directly associated with the
EECB. In addition to these two variables, it was identified the perceived effectiveness
of consumer is significant to EECB of Brazilians and environmental concerns was
identified as significant to the EECB of Chinese. These results contribute to
increasing the EECB in these countries through government or corporate campaigns.
Furthermore, the performance of green behavior founded as a way to favors EECB,
so is suggest stimulate green behaviors through various actions.
Keywords: green behavior, perceived effectiveness of consumer, environmental
concern, external motivators, green attitudes.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Estatística descritiva da amostra Brasil......................................................32
Tabela 2: Estatística descritiva da amostra China.....................................................36
Tabela 3: Comparação de médias com valor-p < 0,05..............................................39
Tabela 4: Análise descritiva dos comportamentos verde...........................................43
Tabela 5: Modelo obtido na regressão linear múltipla – variável dependente CCEC –
Brasil...........................................................................................................................45
Tabela 6: Coeficientes estimados da variável dependente CCEC – Brasil................46
Tabela 7: Modelo obtido na regressão linear múltipla – variável dependente CCEC –
China..........................................................................................................................49
Tabela 8: Coeficientes estimados da variável dependente CCEC – China...............49
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 14
2.1 COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE CONSCIENTE CCEC ........................................................................................................................ 14
2.2 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................... 15
2.3 MOTIVADORES EXTERNOS ............................................................................. 16
2.4 EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO (EPC) .................................................. 18
2.5 ATITUDE VERDE ................................................................................................ 19
2.6 COMPORTAMENTO VERDE ............................................................................. 20
2.7 MODELO PROPOSTO........................................................................................ 23
3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 26
4 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 30
4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS AMOSTRAS ............................................. 30
4.1.1 Estatística descritiva da amostra Brasil ................................................ 30
4.1.2 Estatística descritiva da amostra China ................................................ 34
4.2 COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE CADA VARIÁVEL ENTRE A AMOSTRA
BRASIL E A AMOSTRA CHINA ................................................................................ 38
4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA ..................................................................... 44
4.3.1 Regressão linear múltipla – Brasil ......................................................... 45
4.3.2 Regressão linear múltipla – China ......................................................... 48
4.3.3 Comparação das regressões – Brasil x China ...................................... 51
5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 57
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60
APÊNDICE - 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO NO BRASIL ................................... 66
APÊNDICE - 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO NA CHINA ..................................... 70
Capítulo 1
1. INTRODUÇÃO
Nos anos 70, houve uma expansão nos estudos sobre o escopo de
marketing, que culminou com o surgimento de uma área do marketing voltada
especificamente para fins sociais. Nessa área, uma das preocupações de maior
destaque foi o meio ambiente, importante para atender às necessidades e desejos
do consumidor em longo prazo (HUNT, 1976; PROTHERO, 1990). Foi o início do
marketing verde, que naquela época dava ênfase a soluções políticas na resolução
dos problemas ambientais e dos males sociais (ROBERTS, 1996; PEATTIE, 2010).
Mas foi na década de 90 que um novo ciclo de estudos sobre as questões
ecológicas ressurgiu. As questões ambientais estavam em voga, ocasionada em
parte pelo aumento da exposição na mídia de programas referentes à degradação e
desastres ambientais (ROBERTS, 1996; PEATTIE, 2010). Muitos consumidores se
consideravam, na época, responsáveis pelas soluções dos problemas ambientais e
diziam-se dispostos a mudarem seu comportamento e até pagarem mais caro por
um produto verde. Tal cenário levou à adoção pelas empresas do marketing
orientado ambientalmente, como forma de atender à necessidade dos clientes por
produtos verdes e, ao mesmo tempo, agregar valor para a empresa (LAROCHE et
al., 1996; ROBERTS, 1996).
Isso levou ao aumento de pesquisas relacionadas ao Comportamento de
Consumo Ecologicamente Consciente (CCEC), que desde então, têm atestado
diversas variáveis (renda, idade, preocupação ambiental, conhecimento, valor
percebido, cultura, atendimento das necessidades individuais frente às coletivas,
status, estilo de vida, valores, disponibilidade de produtos verdes, custo dos
11
produtos verdes, dentre outras) (LAROCHE et al., 1996; ROBERTS; BACON, 1997;
LAROCHE et al., 2002; CHEN; CHANG, 2013; KHARE et al., 2013; ZHAO et al.,
2014).
Assim, o objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis
atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores
externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses. Entenda-se
aqui CCEC como comportamentos de consumo que levam em consideração a
proteção do meio ambiente (comportamentos verdes) e que podem ser efetivados
de diversas maneiras: atividades de conservação dos recursos naturais, como
energia ou água; compra de produtos verdes; atividades de reuso ou reciclagem;
escolha de embalagens recicladas. (PAÇO et al., 2013; LIN; HSU, 2013; ZHAO et
al., 2014).
Tanto fatores externos (custo e disponibilidade de produtos verdes,
campanhas ambientais) quanto internos ao indivíduo (conhecimento, preocupação
ambiental, valores) foram relacionados ao CCEC, ainda que em diferentes níveis de
importância (CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002; ZHAO et al., 2014;
LAGES; NETO, 2002; CHANG, 2011; RITTER et al., 2014; CARLSON et al., 1993).
Mas cabe destacar que não basta a facilidade de encontrar produtos verdes para se
realizar um CCEC; o consumidor deve perceber que ao comprar tal produto ele
realmente contribuirá com o meio ambiente. Essa percepção é denominada de
eficácia percebida de consumo (EPC). (GERSHOFF; FRELS, 2015; CHEN; CHANG,
2013; CARLSON et al., 1993).
Quanto aos fatores internos, identificou-se que pessoas que realizem CCEC
têm alto nível de preocupação ambiental. Preocupa-se ambientalmente uma pessoa
a qual acredita que suas ações individuais fazem diferença na solução dos
12
problemas ambientais globais (AKEHURST et al., 2012). Além disso, apesar de
muitos estudos identificarem alto nível de atitude verde para a realização de CCEC
(propensão a se realizar um comportamento verde), não foi identificado o mesmo
alto nível de realização do respectivo comportamento verde. Tal descompasso é
chamado de gap entre atitude verde e comportamento verde (ZABKAR; HOSTA,
2013; LAROCHE et al., 1996; ZHAO et al., 2014; LAROCHE et al., 2002).
Além dos fatores internos e externos, as diferenças culturais foram
identificadas como importantes para entender o CCEC, mas poucos estudos foram
realizados em países emergentes (ARBUTHNOT; LINGG, 1975; CHAN, 2001;
CARRETE et al., 2012). Diante de tal contexto, esta pesquisa busca contribuir para a
academia ao realizar um estudo comparativo entre dois países emergentes, mas
com diferenças culturais relevantes, como a China e o Brasil (ARBUTHNOT; LINGG,
1975; CHAN, 2001; CARRETE et al., 2012; ZHAO et al, 2014; PEATTIE, 2010)
Entender os fatores associados ao CCEC que afetam positivamente ou
negativamente tal comportamento pode contribuir no desenvolvimento de políticas
governamentais e empresariais que busquem não apenas estimular fatores
positivos, mas também mitigar os efeitos dos fatores negativos, de forma a aumentar
o CCEC (CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002). O entendimento dessa
relação pode mostrar-se relevante para o desenvolvimento de práticas de marketing
verde que efetivamente possam estimular o CCEC, tarefa que hoje em dia continua
sendo difícil de alcançar (ZABKAR; HOSTA, 2013).
Estruturalmente, este trabalho apresenta daqui: revisão de estudos que
abordaram as variáveis estudadas: preocupação ambiental, motivadores externos,
eficácia percebida de consumo, atitude verde e comportamento verde. Em seguida,
a metodologia de pesquisa quantitativa descritiva utilizada e posterior análise dos
13
dados: estatística descritiva de cada amostra, teste t para comparação das amostras
e regressão linear multivariada. E, por fim, são apresentadas as conclusões sobre as
diferenças de CCEC entre a China e o Brasil.
Capítulo 2
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 COMPORTAMENTO
CONSCIENTE - CCEC
DE
CONSUMO
ECOLOGICAMENTE
Mesmo com a evolução acadêmica de pesquisas que buscaram relacionar os
fatores internos ou externos que afetam o CCEC (preocupação ambiental, EPC,
atitude verde, valores, campanhas verdes, estilo de vida, disponibilidade de produtos
verdes) e de diversos estudos conseguirem identificar variáveis que estão
relacionadas positivamente com o CCEC, o paradoxo de uma atitude verde não
resultar em comportamento de consumo verde ainda não foi totalmente explicado
(GRUBER; SCHLEGELMILCH, 2014; STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ZABKAR;
HOSTA, 2013; LAROCHE et al., 1996; PAÇO et al., 2013; YOUNG et al., 2010;
ZHAO et al., 2014). Buscar maior entendimento dos fatores que afetam o CCEC é
base para o desenvolvimento de mensagens promocionais que sejam mais efetivas
ao estimular o CCEC. Desde mensagens empresariais que busquem promover o
CCEC individual (PRAKASH, 2002) até mensagens governamentais que busquem
promover o CCEC coletivo (ARBUTHNOT; LINGG, 1975).
Pelos diversos estudos analisados (GRUBER; SCHLEGELMILCH, 2014;
STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ZABKAR; HOSTA, 2013; LAROCHE et al., 1996;
PAÇO et al., 2013; YOUNG et al., 2010; ZHAO et al., 2014, ROBERTS; BACON,
1997; MINTON; ROSE, 1997; PINTO et al., 2011) espera-se que para realizar um
CCEC a pessoa tenha alto nível de preocupação ambiental, tenha disponibilidade de
produtos verdes para compra (motivador externo), seja informado dos seus
benefícios para o meio ambiente (motivador externo), perceba que aquele produto
15
realmente colabora com o meio ambiente (EPC), tenha disposição para comprar
comprá-lo (atitude verde) e finalmente realize a compra de um produto verde
(comportamento verde). Considerando isso, as variáveis associadas ao CCEC
analisadas neste estudo foram: preocupação ambiental, motivadores externos,
eficácia percebida de consumo, atitude verde e comportamento verde.
2.2 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL
Assim, a primeira variável que pode ser associada ao CCEC é a preocupação
ambiental, que, conforme citado anteriormente, representa a preocupação de que
suas ações são relevantes para a solução dos problemas ambientais (AKEHURST
et al., 2012). O conhecimento foi identificado como uma forma de aumentar o nível
da preocupação ambiental, conforme estudo de Roberts e Bacon (1997), já que foi
identificado, por eles, como o mais importante predecessor da preocupação
ambiental. Outro fator identificado como importante para o aumento da preocupação
ambiental é a exposição direta ao problema causado por alguma questão ambiental,
como problemas de saúde causados pela poluição (LAGES; NETO, 2002).
Apesar de diversos estudos identificarem a preocupação ambiental como fator
positivo para a realização de CCEC (ROBERTS, 1996; STRAUGHAN; ROBERTS,
1999; ALBAYRAK et al., 2013), a significância estatística dessa relação apresentouse baixa ou moderada. Uma das causas dessa baixa significância apontada por
Straughane Roberts (1999) é que pode ser mais significativo ao consumidor
acreditar nas suas percepções sobre o quanto aquele produto realmente colabora
com o meio ambiente (EPC) do que simplesmente preocupar-se com o meio
ambiente.
16
Outro fator que afeta negativamente a preocupação ambiental, e que
corrobora com a primeira, é o ceticismo, que representa a falta de confiança nas
informações sobre os benefícios de um produto verde ou a descrença nas
informações sobre os malefícios causados por algum tipo de comportamento não
verde (KAUFMAN, 2013; CARRETE et al., 2012; ALBAYRAK et al., 2013; MATTES;
WONNEBERGER, 2014; AKEHURST et al., 2012). Albayrak et al. (2013), em seu
estudo, encontraram que o ceticismo diminui a significância da preocupação
ambiental para o CCEC em 7,29%, em pessoas com alta preocupação ambiental e
baixo ceticismo (ambientalistas). Mas ainda que haja fatores que possam diminuir a
significância da preocupação ambiental para o CCEC, ela foi em geral associada
positivamente ao CCEC, de forma que a preocupação ambiental é a base da
primeira hipótese:
H1a: Preocupação ambiental dos brasileiros é positivamente associada ao seu
CCEC.
H1b: Preocupação ambiental dos chineses é positivamente associada ao seu
CCEC.
2.3 MOTIVADORES EXTERNOS
Motivadores externos podem ser entendidos como fatores externos ao
indivíduo que podem facilitar ou não dificultar a realização de CCEC, por exemplo,
campanhas ou incentivos governamentais, campanhas empresariais de produtos
verdes e a facilidade de encontrar produtos ou serviços verdes (RITTER et al., 2014;
GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011; CHAN et al., 2008; TODOROVIC FABRO
et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). Ritter et al. (2014), em estudo sobre as
motivações para a compra de produtos verdes realizada no Brasil, identificaram que
os consumidores verdes buscam por meio de campanhas melhor entendimento
17
sobre os benefícios que os produtos verdes oferecem. E Suresh (2014) citou a
importância do governo na padronização da classificação de produtos verdes com o
objetivo de facilitar o seu reconhecimento pelos consumidores.
Diversos estudos buscaram identificar formas mais efetivas de se realizar
campanhas verdes para estimular o CCEC (GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011;
CHAN et al., 2008 TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). Green
e Peloza (2014) identificaram que, para aumentar a eficácia das campanhas verdes,
deve-se evidenciar ao consumidor, por exemplo, na compra de um carro movido a
hidrogênio, tanto o benefício coletivo de ser ambientalmente correto e bom para a
sociedade como um todo quanto o benefício individual de economia financeira pelo
seu menor custo de deslocamento. Já Chang (2011) identificou que consumidores
verdes, quando percebem campanhas de produtos verdes com alto apelo ecológico,
desconfiam das empresas, são céticos quanto às informações passadas.
Além da análise das campanhas verdes como motivadores externos, deve-se
analisar também analisar a disponibilidade de produtos verdes. Sua falta favorece o
aumento do gap entre uma atitude verde e a realização do respectivo
comportamento verde (conforme explicado), afinal o consumidor pode ter altíssima
disposição em comprar um produto verde, mas se o produto verde não estiver
disponível, tal comportamento não terá como ser realizado.
Ademais, segundo estudo de Young et al. (2010), o ideal é que se tenha mais
de uma opção de produtos verdes para que tal variedade possa oferecer os
diferentes tipos de opções que os produtos não verdes também oferecem, de
maneira que quando uma pessoa realiza as etapas de escolha de um produto, como
nas etapas de comparação de preço e qualidade,tais atributos possam ser
oferecidos igualmente pelos produtos verdes e não verdes, tendo o atributo de ser
18
verde um benefício adicional que favorecerá sua escolha (YOUNG et al., 2010;
CHANG, 2011; SURESH, 2014). Considerando a importância das campanhas
empresariais e governamentais e a importância da disponibilidade dos produtos
verdes para a realização do CCEC, desenvolveu-se a segunda hipótese:
H2a: Motivadores externos dos brasileiros são positivamente associados ao seu
CCEC.
H2b: Motivadores externos dos chineses são positivamente associados ao seu
CCEC.
2.4 EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO (EPC)
Uma variável já muito identificada como importante para o CCEC é a EPC
(STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; CHEN; CHANG, 2013; AKEHURST et al., 2012;
ANTONETTI; MAKLAN, 2013). Este conceito representa a percepção do consumidor
do quanto o seu comportamento de consumo vai favorecer positivamente ou menos
agredir o meio ambiente (GERSHOFF; FRELS, 2015). Apesar de produtos verdes
terem componentes favoráveis ao meio ambiente de alguma forma, consumidores
não percebem muitos produtos como produtos verdes (GERSHOFF; FRELS, 2015).
Identificar a percepção dos consumidores de que, ao realizar algum tipo de
comportamento verde, pode colaborar com o meio ambiente, favorece o
entendimento do CCEC (GERSHOFF; FRELS, 2015).
Segundo Chen e Chang (2013), as empresas devem buscar o aumento da
EPC informando melhor os consumidores sobre os benefícios dos seus produtos
verdes para o meio ambiente. Além disso, a veracidade das informações
apresentadas pelas empresas é condição necessária para evitar a desconfiança dos
consumidores, que podem perder a fé nos produtos verdes (CHEN; CHANG, 2013;
19
CARLSON et al., 1993). Carrete et al. (2012) identificaram que há consumidores que
desconfiam do governo e/ou de empresas que dizem ser amigas do meio ambiente,
pois os percebem como sendo distribuidores de injustiças sociais e de degradação
ambiental.
Straughan e Roberts (1999) identificaram que a eficácia percebida de
consumo (EPC) afeta positivamente o CCEC. Em seu estudo, ao considerar
variáveis demográficas, os autores explicaram 6% do comportamento verde de
consumo ecologicamente consciente, e, ao incluir a variável EPC em seu modelo,
conseguiram explicar que 45% das variáveis demográficas, somadas à eficácia
percebida de consumo, afetam positivamente o comportamento de consumo
ecologicamente consciente. Akehurst et al. (2012) e Antonetti e Maklan (2013)
também confirmaram a alta relevância da EPC para o CCEC. Diante da importância
da EPC, formula-se a terceira hipótese desse estudo:
H3a: EPC dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC.
H3b: EPC dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC.
2.5 ATITUDE VERDE
A atitude verde representa a vontade de se realizar um comportamento verde;
dizer que uma pessoa tem alta disposição de realizar um comportamento verde é
dizer que ela tem alta atitude verde. A alta importância da atitude verde para o
CCEC já foi apontada em diversos estudos (LAROCHE et al., 1996; LAROCHE et
al., 2002; ARBUTHNOT; LINGG, 1975), e o que se busca atualmente é aprofundar o
conhecimento
acerca
dos
motivadores
que
tornem
a
atitude
verde
um
comportamento verde (diminua o gap entre atitude verde e comportamento verde)
20
(ZABKAR; HOSTA, 2013; KIM, 2011; ZHAO et al., 2014; PAÇO et al., 2013; RITTER
et al., 2014).
Zabkar e Hosta (2013), ao analisarem a relação entre atitude verde e CCEC,
identificaram que os consumidores realizam comportamentos verdes com mais
facilidade quando associam tal atitude verde a algum tipo de status social (norma
social). E Paço et al. (2013) demonstraram que consumidores preocupados com o
futuro das novas gerações ou com valores sociais têm maior nível de atitude verde e
respectivo comportamento verde. Chan (2011) identificou que por meio do
conhecimento podem-se aumentar as atitudes verdes, e Tseng e Hung (2013)
identificaram consumidores que mesmo com alta atitude verde de compra não
percebiam todos os benefícios dos produtos verdes que estavam propensos a
comprar.
Mas Lages e Neto (2002) e Zhao et al. (2014) identificaram a atitude verde
como a variável significativa apenas para a realização de comportamento verde de
compra, não tendo identificado relação significativa com o comportamento verde de
uso ou de reciclagem. Ainda assim, a atitude verde é aqui considerada como um
fator que pode afetar o CCEC, elaborando-se a quarta hipótese:
H4a: Atitude verde dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC.
H4b: Atitude verde dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC.
2.6 COMPORTAMENTO VERDE
Em geral, categoriza-se o comportamento verde em três tipos: uso/reúso,
compra e reciclagem (ZHAO et al., 2014). O comportamento do consumidor verde
para reciclagem refere-se, por exemplo, à separação e destinação de garrafas PET
a centros de coleta ou reciclagem. Os benefícios para a reciclagem de garrafas PET
21
são, entre outros: a diminuição do lixo sólido; menor gasto de energia, de emissão
de poluentes e de poluição da água ao reusar do que fabricar (COELHO et al.,
2011).
Coelho et al. (2011) detectaram que apenas 54,8% das garrafas PET
utilizadas no Brasil são recicladas efetivamente, e relacionou essa baixa taxa de
reciclagem à falta de regulação governamental. O sistema de reciclagem no Brasil é
realizado por sistemas informais (cooperativas ou pessoas autônomas) ou centros
de coletas privados, similares aos encontrados na China (COELHO et al., 2011;
ZHANG; WEN, 2014; NASCIMENTO et al., 2010). Apesar de a reciclagem não ser
realizada pelo Governo em nenhum desses dois países, desde 2006, o governo da
cidade de Beijing instituiu um plano piloto formal com a inauguração de 4400
pequenos centros de coletas de compra de recicláveis como forma de facilitar e
incentivar a reciclagem de resíduos (ZHANG; WEN, 2014).
Com relação ao comportamento verde de uso/reúso, pode-se citar a questão
do uso de sacolas plásticas, que aumentam o volume de lixo e poluem a água, a
terra e o ar (ASMUNI et al., 2015), como as garrafas plásticas (ZHANG; WEN, 2014).
Em estudo realizado na Argentina, identificou-se que a adesão ao programa de
cobrar pelo uso das sacolas plásticas nos supermercados, favoreceu a diminuição
do uso de sacolas plásticas (JAKOVCEVIC et al., 2014). No estudo realizado na
China por Chan et al. (2008), identificou-se alta intenção dos chineses em trazer
suas próprias sacolas de casa ao irem ao supermercado. E Todorovic Fabro et al.
(2007) identificaram que a baixa adesão dos brasileiros por esse sistema é a falta de
conhecimento.
Outro comportamento verde importante referente ao uso é a forma de uso do
recurso água. O reúso da água é reconhecido como importante estratégia para
22
diminuição do desperdício de água e consequente manutenção do equilíbrio
ambiental, contudo estudos realizados em países desenvolvidos identificaram que a
taxa de reúso da água é baixa (ALMEIDA et al., 2010; FONSECA DA CRUZ; DUCA
SILVA, 2015). Brasileiros relataram alta intenção (atitude verde) de tentar reduzir o
uso da água, de plásticos, produtos químicos, óleo e energia (RITTER et al., 2014).
E foram identificados como sendo mais afetados por normas sociais (valores
coletivos, como o status social) do que por normas pessoais (valores pessoais) na
realização de hábitos de redução de consumo de água (PINTO et al., 2011).
Referente ao comportamento verde de compra, Tseng e Hung (2013)
identificaram um gap entre a realidade e a percepção dos consumidores sobre os
benefícios dos produtos verdes. Consumidores com atitude verde de compra
perceberam menos benefícios do que os produtos verdes realmente ofereciam
(TSENG; HUNG, 2013). Além disso, o alto preço e a baixa qualidade de produtos
verdes foram identificados como barreiras para a realização do comportamento
verde de compra (REBOUÇAS et al., 2013), salvo para consumidores que já
compram produtos verdes, cujo preço e qualidade foram identificados como pouco
relevantes (RITTER et al., 2014). Ademais, produtos verdes que geram algum
retorno financeiro foram identificados como os mais efetivos para o desenvolvimento
do mercado verde (KAUFMAN, 2013).
Rebouças et al. (2013) identificaram que diferentes países realizam diferentes
tipos de CCEC, ao verificarem disparidade entre amostras coletadas no Brasil e
Canadá. Em tal estudo, foi constatado que o consumidor canadense possui mais
CCEC que o brasileiro e constatou-se também maior relação positiva entre atitude
verde e ação. Outros estudos comparativos identificaram que culturas diferentes
levam a diferentes comportamentos verde de consumo (ARBUTHNOT; LINGG,
23
1975; LAROCHE et al., 2002).Como este estudo analisa duas amostras de culturas
diferentes, Brasil e China, espera-se com a hipótese cinco verificar a associação
entre comportamento verde e CCEC em ambas as culturas. Assim sendo:
H5a: Comportamento verde dos brasileiros é positivamente associado ao seu
CCEC.
H5b: Comportamento verde dos chineses é positivamente associado ao seu CCEC.
2.7 MODELO PROPOSTO
Na busca da identificação dos fatores associados ao comportamento de
consumo ecologicamente consciente (CCEC), desenvolveu-se um modelo para este
estudo, conforme mostrado na Figura 1.
Figura 1 – Modelo proposto pelo autor de possíveis fatores que afetam o CCEC.
Fonte: Elaboração própria.
Este modelo foi inspirado na pesquisa de Zhao et al. (2014), conforme figura
2, realizada na província de Qingdao, na China, por meio de questionamento direto a
500 respondentes. Os autores propuseram um modelo teórico de comportamento de
consumo verde e estudaram os efeitos das influências pessoais, das atitudes verdes
e dos motivadores externos e internos para o comportamento de consumo verde.
24
Eles avaliaram em separado as diferenças significativas desses fatores nos
três tipos de ações que representaram tal comportamento (compra, uso e
reciclagem), por meio de análises de correlação e regressão.
Figura 2 – Modelo proposto por Zhao et. al. (2014) sobre os possíveis fatores de influência do CCEC.
Fonte: Zhao et al.(2014, p.144)
O questionário original de Zhao et al. (2014) foi dividido em três sessões,
conforme Quadro 1, além da solicitação de informação sobre gênero, idade, nível
educacional, ocupação e renda familiar. Explicando o questionário de Zhao et al.
(2014), na primeira sessão, buscou-se identificar o quanto as pessoas têm
conhecimento sobre problemas ambientais e produtos verdes. Nessa sessão, foram
apresentadas 8 questões de múltipla escolha. Na segunda sessão, Zhao et al.
(2014) utilizaram a escala de Likert de 1 a 5, sendo 1 - discordo totalmente a 5 concordo totalmente. Essa segunda parte buscou analisar se EPC, atitude verde,
preocupação ambiental e moderadores externos afetam o comportamento de
consumo verde. Na terceira sessão, os autores buscaram identificar três tipos de
comportamento de consumo verde: uso (1 - o uso de produtos descartáveis, 4 reúso de sacolas plásticas ou de papel e 5 - reúso da água), compra (2 - compra de
lâmpadas econômicas e 3 - compra de eletrodomésticos mais econômicos) e
reciclagem (6 – reciclagem). Com relação ao estudo realizado aqui, no questionário
utilizado, excluiu-se a primeira sessão sobre o construto conhecimento e as
25
informações sobre nível educacional, ocupação e renda familiar, e utilizou-se
apenas as outras duas sessões como meio para medir os construtos
antecedentes ao CCEC (figura 1).
SESSÃO I
Conhecimento Verde
1 A definição de consumo verde: (1) Compra mundial de recursos para promover a circulação de recursos (2)
Compra de produtos feitos por plantas industriais verdes (3) Compra de produtos de países subdesenvolvidos (4)
Compra de produtos com baixo índice poluidor, menor custo de recursos, produtos recicláveis.
2 Reconheça o símbolo de certificação de produtos verdes (5 símbolos chineses são apresentados).
3 Quais problemas o CO² causa? (1) Aquecimento Global (2) Maré Vermelha (3) Chuva ácida (4) Diminuição
da camada de ozônio
4 Proibição de detergente fosfatado é para prevenir: (1) Aquecimento Global (2) Maré Vermelha (3) Chuva ácida
(4) Diminuição da camada de ozônio
5 Lâmpadas econômicas economizam mais energia que lâmpadas comuns em: (1) 10% (2) 30% (3) 50% (4)
70%
6 O principal objetivo da classificação do lixo é: (1) Prevenir proliferação de mosquitos (2) Reduzir o trabalho da
limpeza (3) Reciclar e Reusar (4) Aumentar a renda pela venda de produtos reciclados
7 A temperatura do ar-condicionado no verão para prédios públicos não pode ser menor que: (1) 26º (2) 25º (3)
23º (4) 20º
8 A energia consumida por PIB no 11º ano em comparação ao ano 15º ano deve diminuir em: (1) 10% (2) 15%
(3) 20% (4) 25%
SESSÃO II
Eficácia Percebida pelo consumo
1 Eu não posso fazer nada para ajudar no controle da poluição do meio ambiente. (R)
2 Meu comportamento pode ter efeito positivo ao meio ambiente ao comprar produtos verdes ou ecológicos.
Atitudes
1 É mais conveniente comprar aparelhos do que repará-los. (R)
2 Os recursos consumidos por mim mesmo são poucos e não causam qualquer poluição para o meio ambiente.
(R)
3 Não é preciso persuadir os outros para se envolverem com comportamento verde. (R)
4 É muito importante centralizar esforços na economia de água e energia de uso doméstico.
5 É muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde (ou
ecológico).
6 Eu apoio o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”.
Preocupação Ambiental
1 O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de ser perturbado.
2 A humanidade está abusando severamente do meio ambiente.
3 Todas as questões pertinentes à poluição me deixam desconfortáveis.
Moderadores Externos
1 As campanhas publicitárias de produtos verdes têm efeito sobre minhas compras.
2 As campanhas do governo me induzem a me preocupar com o meio ambiente.
3 Eu acho facilmente produtos verdes para comprar.
SESSÃO III
Comportamento de consumo verde
1 Eu sempre uso produtos descartáveis. (R)
2 Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para poupar energia.
3 Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de energia.
4 Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão.
5 Eu sempre reúso água.
6 Eu sempre vendo/destino garrafas plásticas para o centro de reciclagem.
Quadro 1: Questionário utilizado por Zhao et al. (2014) - Obs: as respostas da primeira sessão estão em itálico e
em negrito. As perguntas invertidas estão identificadas com (R).
Fonte: Zhao et al. (2014, p.144).
Capítulo 3
3 METODOLOGIA DE PESQUISA
Uma vez que o objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis
atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores
externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses, o método
de pesquisa escolhido foi de caráter descritivo e quantitativo, com corte transversal.
Duas populações foram estudadas, uma no Brasil e outra na China, e qualquer
indivíduo estaria apto a participar, desde que residisse e consumisse no país (HAIR
et al., 2005). Assim, as populações desta pesquisa representam, em número
absoluto, a população com potencial de consumo em cada país.
No Brasil, a amostra foi composta por 1149 respondentes, dos quais 195
foram alcançados por meio de e-mail, e o restante, por meio de rede social global.
Na China, a amostra foi composta por 632 respondentes, dos quais 53 foram
alcançados por meio de e-mail, e o restante, por meio de formulário impresso. Esse
tipo de amostragem classifica-se por ser não probabilística por acessibilidade e
conveniência.
A coleta de dados foi realizada no Brasil mediante questionário eletrônico de
autor resposta e na China por meio de formulário impresso. E foi realizada entre
fevereiro e maio de 2015 (HAIR et al., 2005). A ferramenta utilizada para a coleta de
dados foi baseada no questionário de Zhao et al. (2014) adaptado à realidade do
Brasil e a da China. Foi preservado o modelo de respostas baseado na escala de
Likert de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente).
27
O questionário aplicado nesta pesquisa foi composto por 21 afirmativas,
conforme Quadro 1. A primeira afirmativa pedia a autoavaliação do respondente
sobre seu próprio CCEC (que foi utilizada neste estudo como a variável
dependente). A afirmação era “Eu me considero um consumidor ecologicamente
consciente”, acompanhado de uma escala de concordância. As demais 20
afirmativas foram divididas nos construtos eficácia percebida de consumo (PEM),
atitude verde (AM), preocupação ambiental (PRM), comportamento verde (CM) e
motivadores externos (MEM) (mesmas afirmações dos construtos citados no Quadro
1). Também foi solicitado que a pessoa informasse o seu gênero, a sua idade
(considerou-se apenas acima de 18 anos) e o país onde reside (questão de controle,
pois caso surgissem respostas de outros países, elas seriam excluídas da amostra).
Para facilitar o entendimento referente aos construtos, segue quadro 2 com
apresentação das definições de cada construto, bem como seus respectivos códigos
usados nas tabelas de resultados.
Código do
Construto
Construto
Definição do Construto
PRM
Preocupação
Representa a preocupação de que suas ações são relevantes
para a solução dos problemas ambientais (AKEHURST et al.,
2012).
Ambiental
MEM
Motivadores
Fatores externos ao indivíduo que podem facilitar ou não
dificultar a realização de CCEC, como campanhas ou incentivos
governamentais, campanhas empresariais de produtos verdes e
a facilidade de encontrar produtos ou serviços verdes (RITTER
et al., 2014; GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011; CHAN et
al., 2008; TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO,
2002).
Externos
PEM
AM
Eficácia
Percebida
Consumo
Atitude Verde
de
Representa a percepção do consumidor do quanto o seu
comportamento de consumo vai favorecer positivamente ou
agredir menos o meio ambiente (GERSHOFF; FRELS, 2015).
Representa a vontade de se realizar um comportamento verde;
dizer que uma pessoa tem alta disposição de realizar um
comportamento verde, é dizer que ela tem alta atitude verde
(LAROCHE et al., 1996; LAROCHE et al., 2002; ARBUTHNOT;
LINGG, 1975).
28
CM
Comportamento
Verde
Em geral, categoriza-se o comportamento verde em três tipos:
uso/reúso, compra e reciclagem (ZHAO et al., 2014).
Quadro 2: Resumo dos Construtos
Fonte: Elaboração própria.
As afirmativas do construto EPC buscam identificar o quanto as pessoas
percebem que suas ações individuais podem colaborar para soluções dos
problemas ambientais coletivos. A afirmativa “Eu não posso fazer nada para ajudar
no controle da poluição do meio ambiente”. (R), é uma afirmativa que está invertida,
portanto, na análise dos dados, inverteu-se o resultado para não comprometer a
média do construto. O mesmo foi feito em todas as afirmações invertidas.
Inversões também são encontradas nas afirmativas 1, 2 e 3 do construto
atitude verde. As afirmativas desse construto buscam identificar o quão dispostas as
pessoas estão para a realização do CCEC, mesmo que elas não realizem tal
comportamento verde relacionado. Por exemplo, uma pessoa pode responder que
concorda totalmente com o item 5 do construto, de que é muito importante, no
cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde, mas não
necessariamente ela seja uma pessoa que aja e colabore com tal comportamento
verde.
As afirmativas do construto preocupação ambiental busca identificar o quanto
as pessoas estão preocupadas com o equilíbrio da natureza, poluição e outros
problemas ambientais. O quanto elas percebem ou se incomodam com tais
problemas.
Diferente dos outros construtos, o construto comportamento verde são as
próprias ações verdes do indivíduo. As afirmativas buscam identificar o quanto as
29
pessoas estão realmente realizando um comportamento de consumo verde, seja no
uso dos recursos naturais, na compra de produtos verdes ou na reciclagem.
As questões 1, 4 e 5 referem-se ao uso/reúso: se as pessoas têm hábitos de
economia de água, de menor uso de produtos descartáveis ou reutilização de
sacolas; ou seja, se as pessoas no seu dia a dia têm hábitos de economia de
recursos. As questões 2 e 3 referem-se à compra: se a pessoa tem hábitos de
compra de produtos verdes. Nesse estudo, isso foi evidenciado pela compra de
produtos com maior eficiência energética, que busquem economizar energia. A
última questão refere-se à reciclagem: se a pessoa tem hábito de reciclar produtos.
Aqui se considerou apenas a questão de as pessoas separarem o seu lixo, de forma
que as garrafas PET sejam destinadas a centros de reciclagem.
No
último
construto,
motivadores
externos,
buscou-se
identificar
a
disponibilidade dos produtos verdes para as pessoas e os efeitos das campanhas
verdes, tanto com relação às campanhas governamentais quanto com relação às
campanhas privadas. Após tradução do questionário originalmente em inglês para o
português e para o chinês, realizaram-se as adaptações necessárias a cada país e
realizou-se a aplicação de um pré-teste com 15 brasileiros e 12 chineses para
validação do questionário. Uma vez validado, no Brasil aplicou-se o formulário
eletrônico, e na China realizou-se a sua impressão. O questionário aplicado em cada
país encontra-se no apêndice 1 e 2.
Utilizaram-se três técnicas de análise dos dados. Primeiro, a análise das
estatísticas descritivas dos dados. Em segundo, utilizou-se o teste t para
comparação das amostras. Por fim, utilizou-se a regressão linear múltipla em cada
amostra, cuja variável dependente foi o CCEC, e as variáveis independentes foram
as médias obtidas em cada construto (média por respondente das respostas das
30
variáveis de cada construto). Reforça-se que as respostas das afirmativas com
sentido contrário foram invertidas para não prejudicar as médias dos construtos.
Capítulo 4
4 ANÁLISE DOS DADOS
Apresentam-se nesta sessão os resultados dos três métodos estatísticos
utilizados. A análise da estatística descritiva (médias e desvio padrão) de cada país;
a análise da estatística comparativa dos dois países (teste t); e a regressão linear
múltipla de cada amostra.
4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS AMOSTRAS
As estatísticas descritivas de ambas as amostras estão apresentadas na
tabela 1 e na tabela 2, que representam as percepções médias dos respondentes
brasileiros e chineses, respectivamente. A análise descritiva de cada amostra é
realizada na seqüência.
4.1.1 Estatística descritiva da amostra Brasil
Identifica-se pela Tabela 1 a percepção média da amostra brasileira com
relação aos construtos analisados. Percebe-se que os brasileiros, apesar de terem
alta percepção de que suas ações individuais de comportamento verde podem
ajudar o meio ambiente (PEM, M=4,16), moderado nível de preocupação ambiental
(PRM, M=3,83) e de atitude verde (AM, M=3,73) para o comportamento verde, ainda
são médios realizadores de CCEC (CCEC, M=3,11). Com relação à uniformidade da
amostra brasileira, pode-se notar que os construtos atitude verde (AM, DP=0,62) e
comportamento verde (CM, DP=0,64) tiveram respostas com um maior nível de
31
consenso, enquanto as respostas dos construtos CCEC (CCEC, DP=1,04) e EPC
(PEM, DP=0,88) foram as que obtiveram menor consenso.
TABELA 1: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA BRASIL
Código
A1
A2
A3
A4
A5
A6
AM
PR1
PR2
PR3
PRM
PE1
PE2
PEM
ME1
ME2
ME3
MEM
C1
C2
C3
Afirmativas
É mais conveniente comprar novos
eletrodomésticos do que repará-los
(INVERTIDA).
Os recursos consumidos por mim mesmo
são poucos e não causarão nenhuma
poluição ao meio ambiente (INVERTIDA).
Não é necessário convencer as pessoas
para que se envolvam com o
comportamento ecológico (INVERTIDA).
É muito importante centralizar esforços na
economia de água e energia de uso
doméstico.
É muito importante, no cenário atual, um
rigoroso
direcionamento
rumo
ao
comportamento verde (ou ecológico).
Eu apoio o sistema de “pagar para usar
sacolas plásticas”.
CONSTRUTO ATITUDE VERDE
O equilíbrio da natureza é muito delicado
e fácil de ser perturbado.
A
humanidade
está
abusando
severamente do meio ambiente.
Toda as questões pertinentes à poluição
me chateiam.
CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO
Eu não posso fazer nada para ajudar o
controle de poluição do meio ambiente
(INVERTIDA).
Meu comportamento pode ter efeito
positivo ao meio ambiente por comprar
produtos verdes ou ecológicos.
CONSTRUTO EFICÁCIA PERCEBIDA
DE CONSUMO
As campanhas publicitárias ao redor dos
produtos verdes têm efeito sobre minhas
compras.
As campanhas do governo me induzem a
me preocupar com o meio ambiente.
Eu acho facilmente produtos verdes para
comprar.
CONSTRUTO
MOTIVADORES
EXTERNOS
Eu sempre uso produtos descartáveis
(INVERTIDA).
Eu tento comprar lâmpadas com melhor
eficiência para poupar energia.
Eu tento comprar aparelhos com
eficiência em consumo de energia.
País
N
Média
(M)
Desvio
Padrão
(DP)
Erro
Médio
BRASIL
1149
3,0888
1,36818
,04036
BRASIL
1149
3,8207
1,14652
,03382
BRASIL
1149
4,2010
1,31215
,03871
BRASIL
1149
4,3281
1,10009
,03245
BRASIL
1149
4,3655
1,02345
,03019
BRASIL
1149
2,5901
1,56116
,04606
BRASIL
1149
3,7324
,62941
,01857
BRASIL
1149
4,0940
1,15364
,03403
BRASIL
1149
4,5466
,94203
,02779
BRASIL
1149
2,8494
1,56089
,04605
BRASIL
1149
3,8300
,84396
,02490
BRASIL
1149
4,5022
1,00575
,02967
BRASIL
1149
3,8277
1,21327
,03579
BRASIL
1149
4,1649
,88222
,02603
BRASIL
1149
3,0801
1,23206
,03635
BRASIL
1149
2,7781
1,29741
,03828
BRASIL
1149
2,6519
1,20277
,03548
BRASIL
1149
2,8367
,84853
,02503
BRASIL
1149
3,4569
1,00483
,02964
BRASIL
1149
4,2776
1,14780
,03386
BRASIL
1149
4,1645
1,14912
,03390
32
C4
C5
Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de
papelão.
Eu sempre reúso água.
BRASIL
1149
3,8729
1,34457
,03967
BRASIL
1149
2,5918
1,22601
,03617
C6
Eu sempre vendo/destino garrafas pet
BRASIL 1149 2,1967 1,36135 ,04016
para o centro de reciclagem.
CM
CONSTRUTO
COMPORTAMENTO
BRASIL 1149 3,4267
,64319 ,01897
VERDE
CCEC CCEC
COMPORTAMENTO
DE
BRASIL 1149 3,1105 1,04971 ,03097
CONSUMO EFETIVAMENTE VERDE
Fonte: Elaboração própria.
Obs: INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM (construto atitude verde), PRM (construto preocupação
ambiental), PEM (construto eficácia percebida de consumo), MEM (construto motivadores externos) e
CM (construto comportamento verde). Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC.
A preocupação ambiental (PRM, M=3,83) dos brasileiros mostrou-se
moderada alta, indicando preocupação com o equilíbrio da natureza e com a forma
como a humanidade está abusando do meio ambiente, mas não estão muito
preocupados com a poluição. Buscar um alto nível de preocupação ambiental
favorece a diminuição de hábitos de desperdício (PINTO et al., 2011).
O construto de menor média obtida foi o de motivadores externos (MEM,
M=2,83). Brasileiros declararam dificuldade em encontrar produtos verdes (ME3,
M=2,65), declararam que as campanhas do governo não são tão importantes para
estimular a preocupação ambiental deles (ME2, M=2,77) e que campanhas
publicitárias verdes têm pouco efeito sobre suas compras (ME1, M=3,08). Os
motivadores externos mostraram ser o construto dessa pesquisa que mais fornece
direção para o aumento do CCEC dos brasileiros, já que tais fatores motivadores
tiveram médias relativamente baixas.
O construto no qual os brasileiros obtiveram média mais alta foi a EPC (PEM,
M=4,16). Identificou-se que os brasileiros declaram ter alta EPC. E, conforme
Straughan e Roberts (1999) e Chan (2001), a EPC é considerada uma das principais
preditoras do CCEC.
33
Os brasileiros, com relação ao construto atitude verde, declaram ter
moderada alta atitude verde (AM, M=3,73) para a realização do comportamento
verde, todavia ainda não aceitam bem “punições” do tipo financeiras para a
realização de comportamentos verdes, conforme observou-se na menor média
encontrada na pesquisa sobre pagar para usar sacolas plásticas (A6, M=2,59).
Evidenciou-se um gap entre atitude verde e comportamento verde. Eles
declaram ter atitude verde para economia de água, contudo assumem que pouco
realizam esse comportamento verde no mesmo patamar da atitude verde.
Reconhecem que os recursos consumidos por eles mesmos podem causar poluição,
entretanto não se preocupam muito com ela. Essa menor preocupação com a
poluição pode ser decorrente da falta de exposição direta ao problema (LAGES;
NETO, 2002). Com relação ao construto de comportamento verde (CM, M=3,42), os
brasileiros declararam pouco realizarem reciclagem e pouco reusarem a água, mas
declararam tentar comprar produtos de maior eficiência energética e reutilizar
sacolas plásticas. Identificou-se que comportamentos verdes que necessitam de
mudança de hábito ou que afetem o estilo de vida deles são pouco realizados
(reciclagem / reúso da água / reparar produto com defeito), o que sugere que os
brasileiros prezam o conforto frente ao CCEC (PINTO et al., 2011). Além da barreira
do comodismo ou manutenção do estilo de vida, declararam ter pouca
disponibilidade de produtos verdes e das campanhas publicitárias pouco
influenciarem suas compras.
De maneira geral, pode-se dizer pela análise descritiva que boa parte dos
brasileiros demonstram preocupação com o meio ambiente, reconhecem a
importância de atitudes verdes para o equilíbrio do meio ambiente, porém apenas
buscam realizar comportamentos verdes que geralmente geram algum retorno
34
financeiro para eles. Identificou-se que o CCEC dos brasileiros é moderado, e cabe
destacar que em 71% das afirmativas as médias encontradas foram acima de 3, e
33% foram entre 3 e 4 (moderadas altas) e 38% foram entre 4 e 5 (altas). E o
restante das afirmativas teve médias menores, entre 2 e 3 (moderadas baixas).
Observou-se que as médias encontradas foram, em sua maioria, moderadas.
4.1.2 Estatística descritiva da amostra China
Na análise das respostas da amostra chinesa da Tabela 2, pode-se dizer que
tais chineses assumem ser moderados realizadores de comportamento verde (CM,
M=3,72) e que, em geral, mantém o mesmo nível médio a moderado para todos os
outros construtos: preocupação com o meio ambiente (PRM,M=3,87), percepção
sobre a eficácia que o comportamento verde individual pode colaborar para o
equilíbrio do meio ambiente (PEM, M=3,82), influências do meio externo (MEM, M=
3,64) e atitudes verdes (AM, M=3,54).
Referente ao consenso nas respostas dos construtos, identifica-se maior
consenso na atitude verde (AM, DP=0,62) e no comportamento verde (CM,
DP=0,68) e menos consenso no CCEC (CCEC, DP=1,08) e na EPC (PEM,
DP=0,98). Das afirmativas com maiores médias, as duas primeiras referem-se ao
construto atitude verde, e a terceira ao construto comportamento verde. As duas
afirmativas com menores médias encontram-se no construto atitude verde.
A maior média obtida foi do construto preocupação ambiental, com 3,83. Isso
mostra que a maior parte dos chineses se preocupam com o equilíbrio da natureza,
com o mau uso ambiental e chateiam-se com a poluição. A preocupação ambiental
dos chineses foi declarada alta. Quanto maior o nível de preocupação ambiental,
maior propensão em realizar comportamentos verdes diretamente relacionados com
35
o meio ambiente (reciclar, comprar produtos recicláveis ou que contenham matérias
primas recicladas, e buscar mais informações sobre os produtos verdes) (MINTON;
ROSE, 1997).
Os motivadores externos obtiveram média de 3,64. A maior parte dos
chineses declararam que campanhas publicitárias ao redor de produtos verdes
influenciam suas compras, que campanhas governamentais os induzem a
preocuparem-se com o meio ambiente e que eles têm facilidade de encontrar
produtos verdes. Uma vez que a China passa por uma nova fase de crescimento de
produtos verdes com qualidade (LEE, 2010), então, nem a pouca disponibilidade de
produtos verdes nem a baixa qualidade dos produtos parecem ser barreiras para o
CCEC de consumidores chineses (CHANG, 2011; RITTER et al., 2014).
TABELA 2: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA CHINA
Código Afirmativas
País
A1
A2
A3
A4
A5
A6
AM
PR1
PR2
PR3
PRM
PE1
PE2
É mais conveniente comprar novos
eletrodomésticos do que repará-los (INVERTIDA).
Os recursos consumidos por mim mesmo são
poucos e não causarão nenhuma poluição ao meio
ambiente (INVERTIDA).
Não é necessário convencer as pessoas para que
se envolvam com o comportamento ecológico
(INVERTIDA).
É muito importante centralizar esforços na
economia de água e energia de uso doméstico.
É muito importante, no cenário atual, um rigoroso
direcionamento rumo ao comportamento verde (ou
ecológico).
Eu apoio o sistema de “pagar para usar sacolas
plásticas”.
CONSTRUTO ATITUDE VERDE
O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de
ser perturbado.
A humanidade está abusando severamente do
meio ambiente.
Todas as questões pertinentes à poluição me
chateiam.
CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO
Eu não posso fazer nada para ajudar o controle de
poluição do meio ambiente (INVERTIDA).
Meu comportamento pode ter efeito positivo ao
N
Média
(M)
Desvio
Padrão
(DP)
Erro
Médio
CHINA 631 2,7163 1,40984 0,5612
CHINA 632 2,6962 1,28854 ,05126
CHINA 632 3,7104 1,55410 ,06182
CHINA 631 4,1727 1,09702 ,04367
CHINA 632 4,2184 1,03494 ,04117
CHINA 630 3,7810 1,32589 ,05282
CHINA 632 3,5454
,62025
,2467
CHINA 631 3,9810 1,30553 ,05197
CHINA 630 3,7746 1,19484 ,04760
CHINA 629 3,9046 1,17041 ,04667
CHINA 632 3,8745 0,92835 ,03693
CHINA 631 3,7068 1,36554 ,05436
CHINA 631 3,9525 1,18226 ,04706
36
ME3
meio ambiente por comprar produtos verdes ou
ecológicos.
CONSTRUTO EFICÁCIA PERCEBIDA DE
CONSUMO
As campanhas publicitárias ao redor dos produtos
verdes têm efeito sobre minhas compras.
As campanhas do governo me induzem a me
preocupar com o meio ambiente.
Eu acho facilmente produtos verdes para comprar.
MEM
CONSTRUTO MOTIVADORES EXTERNOS
C1
C4
Eu sempre uso produtos descartáveis
(INVERTIDA).
Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência
para poupar energia.
Eu tento comprar aparelhos com eficiência em
consumo de energia.
Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão.
C5
Eu sempre reúso água.
CM
Eu sempre vendo/destino garrafas pet para o
centro de reciclagem.
CONSTRUTO COMPORTAMENTO VERDE
PEM
ME1
ME2
C2
C3
CHINA 632 3,8236
,98248
,03908
CHINA 632 3,7358 1,29051 ,05133
CHINA 631 3,4231 1,42652 ,05679
CHINA 630 3,8016 1,14192 ,04550
CHINA 632 3,6477
,89745
,03570
CHINA 628 3,2898 1,29608 ,05172
CHINA 630 4,1381 1,06318 ,04236
CHINA 632 3,7801 1,46075 ,05811
CHINA 632 3,6788 1,21258 ,04823
CHINA 631 3,2472 1,15843 ,04612
CHINA 629 3,3593 1,25099 ,04988
CHINA 632 3,5730
,68560
,02727
CCEC
CCEC - COMPORTAMENTO DE CONSUMO
CHINA 631 3,7274 1,08168 ,04306
EFETIVAMENTE VERDE
Obs: INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM (construto atitude verde), PRM (construto preocupação
ambiental), PEM (construto eficácia percebida de consumo), MEM (construto motivadores externos) e
CM (construto comportamento verde). Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC.
Fonte: Elaboração própria.
A EPC (PEM, M=3,82) obteve média similar à preocupação ambiental (PRM,
M=3,87). Apesar de boa parte dos chineses não se considerarem os responsáveis
pela poluição e relatarem serem poucos os recursos consumidos por eles, eles
percebem que podem fazer alguma coisa para ajudar o controle da poluição e que
ao comprar produtos verdes podem colaborar com o meio ambiente. Apesar de
outros estudos, como o de Zhao et al. (2014), determinarem baixa EPC entre os
chineses, o resultado desta pesquisa demonstrou o contrário, que os chineses
declaram ter alta EPC.
Dentre todos, o construto atitude verde foi o que obteve a menor média (AM,
M=3,54). Tal resultado deve-se principalmente ao fato de os chineses relatarem que
os recursos consumidos por eles mesmos não seriam relevantes e não causariam
poluição ao meio ambiente (A2, M=2,69) e também por eles relatarem menor
37
conveniência em reparar eletrodomésticos do que comprar (A1, M=2,71). Chineses
com renda mais alta buscam mais conforto e não abrem mão dos interesses
individuais em favor da coletividade (ZHAO et al., 2014).
Por fim, no construto comportamento verde (CM, M=3,57), o comportamento
verde de compra foi relatado como o mais realizado pelos chineses, seguido
praticamente no mesmo nível pelo comportamento verde de uso e reciclagem.
Estudo de Zhao et al. (2014) realizado na cidade de região metropolitana de Qindao
(China - cidade considerada de 2001 até a data da pesquisa (2009), a cidade do ano
em consumo verde) identificou maior comportamento verde de reciclagem, seguido
de compra e, por último, de uso.
Pode-se dizer que no geral os chineses têm moderado CCEC. Destaca-se
apenas sua menor percepção de que recursos consumidos por eles mesmos não
causem poluição, o que pode ser decorrente da falta de conhecimento sobre os
problemas de poluição indiretamente relacionados ao uso de produtos que utilizem
recursos naturais finitos e não renováveis. O conhecimento é reconhecido como
determinante da atitude verde (CHAN, 2001). E pode-se dizer também que os
chineses declaram realizar todos os três tipos de comportamento verde.
É importante salientar que em 76% das afirmativas as médias encontradas
foram entre 3 e 4 (moderadas altas). Apenas duas afirmativas tiveram médias
menores que 3 (moderadas baixas), e 3 afirmativas tiveram média entre 4 e 5,
consideradas altas. E identificou-se que todos os construtos obtiveram média acima
de 3,5. Portanto, todos os construtos analisados estão com níveis médios
relativamente altos.
38
4.2 COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE CADA VARIÁVEL ENTRE A
AMOSTRA BRASIL E A AMOSTRA CHINA
Após análise das afirmativas de cada amostra, realizou-se o Teste T,
conforme apresentado na Tabela 3, comparando as médias das amostras. Segue na
seqüência a análise das afirmativas com médias estatisticamente diferentes (valor-p
<0,05). Na análise dos construtos significativos, identificou-se que os brasileiros
declararam maior atitude verde e EPC do que os chineses, enquanto os chineses
declararam maior comportamento verde, motivadores externos e CCEC.
Chineses afirmaram ter maior CCEC do que os brasileiros. Sugere-se que,
apesar de as duas amostras serem de países em desenvolvimento, possivelmente
existem diferenças culturais que expliquem o nível de CCEC dos dois países.
Identificou-se que os chineses (CCEC, M=3,72) têm maior CCEC que os brasileiros
(CCEC, M=3,11). Rebouças et al. (2013)identificaram que canadenses têm maior
CCEC que brasileiros, diferença cultural também encontrada aqui.
TABELA 3: COMPARAÇÃO DE MÉDIAS COM VALOR-P < 0,05
Código Afirmativas
A1
A2
A3
A4
A5
É mais conveniente comprar novos
eletrodomésticos do que repará-los
(INVERTIDA).
Os recursos consumidos por mim
mesmo são poucos e não causarão
nenhuma poluição ao meio ambiente
(INVERTIDA).
Não é necessário convencer as
pessoas para que se envolvam com o
comportamento
ecológico
(INVERTIDA).
É
muito
importante
centralizar
esforços na economia de água e
energia de uso doméstico.
É muito importante, no cenário atual,
um rigoroso direcionamento rumo ao
comportamento verde (ou ecológico).
CHINA
Desvio
Padrão
(DP)
1149 3,0888 1,36818
631 2,7163 1,40984
BRASIL
1149 3,8207 1,14652 ,03382
CHINA
632
BRASIL
1149 4,2010 1,31215 ,03871
CHINA
632
BRASIL
1149 4,3281 1,10009 ,03245
CHINA
631
BRASIL
1149 4,3655 1,02345 ,03019
CHINA
632
País
BRASIL
N
Média
(M)
Erro
Médio
Valorp
,04036
,05612
,000*
2,6962 1,28854 ,05126
3,7104 1,55410 ,06182
4,1727 1,09702 ,04367
4,2184 1,03494 ,04117
Eu apoio o sistema de “pagar para BRASIL
usar sacolas plásticas”.
CHINA
1149 2,5901 1,56116 ,04606
A6
AM
CONSTRUTO ATITUDE VERDE
1149 3,7324
BRASIL
630
3,7810 1,32589 ,05282
,62941
,01857
,000*
,000*
,004*
,004*
,000*
,000*
39
CHINA
632 3,5454 ,62025 ,2467
BRASIL 1149 4,0940 1,15364 ,03403
PR1
,069
CHINA
631 3,9810 1,30553 ,05197
BRASIL 1149 4,5466 ,94203 ,02779
PR2
,000*
CHINA
630 3,7746 1,19484 ,04760
BRASIL 1149 2,8494 1,56089 ,04605
PR3
,000*
CHINA
629 3,9046 1,17041 ,04667
BRASIL 1149 3,8300 ,84396 ,02490
PRM
CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO
,305
CHINA
632 3,8745 0,92835 ,03693
Eu não posso fazer nada para ajudar BRASIL 1149 4,5022 1,00575 ,02967
PE1
o controle de poluição do meio
,000*
CHINA
631 3,7068 1,36554 ,05436
ambiente (INVERTIDA).
Meu comportamento pode ter efeito BRASIL 1149 3,8277 1,21327 ,03579
positivo ao meio ambiente por
PE2
,035*
comprar
produtos
verdes
ou CHINA
631 3,9525 1,18226 ,04706
ecológicos.
CONSTRUTO
EFICÁCIA BRASIL 1149 4,1649 ,88222 ,02603
PEM
,000*
PERCEBIDA DE CONSUMO
CHINA
632 3,8236 ,98248 ,03908
As campanhas publicitárias ao redor BRASIL 1149 3,0801 1,23206 ,03635
ME1
dos produtos verdes têm efeito sobre
,000*
CHINA
632 3,7358 1,29051 ,05133
minhas compras.
As campanhas do governo me BRASIL 1149 2,7781 1,29741 ,03828
ME2
induzem a me preocupar com o meio
,000*
CHINA
631 3,4231 1,42652 ,05679
ambiente.
Eu acho facilmente produtos verdes BRASIL 1149 2,6519 1,20277 ,03548
ME3
,000*
para comprar.
CHINA
630 3,8016 1,14192 ,04550
CONSTRUTO
MOTIVADORES BRASIL 1149 2,8367 ,84853 ,02503
MEM
,000*
EXTERNOS
CHINA
632 3,6477 ,89745 ,03570
Eu sempre uso produtos descartáveis BRASIL 1149 3,4569 1,00483 ,02964
C1
,003*
(INVERTIDA).
CHINA
628 3,2898 1,29608 ,05172
Eu tento comprar lâmpadas com BRASIL 1149 4,2776 1,14780 ,03386
C2
,010*
melhor eficiência para poupar energia. CHINA
630 4,1381 1,06318 ,04236
Eu tento comprar aparelhos com BRASIL 1149 4,1645 1,14912 ,03390
C3
,000*
eficiência em consumo de energia.
CHINA
632 3,7801 1,46075 ,05811
Eu sempre reúso sacolas plásticas ou BRASIL 1149 3,8729 1,34457 ,03967
C4
,002*
de papelão.
CHINA
632 3,6788 1,21258 ,04823
BRASIL 1149 2,5918 1,22601 ,03617
C5
Eu sempre reúso água.
,000*
CHINA
631 3,2472 1,15843 ,04612
Eu sempre vendo/destino garrafas pet BRASIL 1149 2,1967 1,36135 ,04016
C6
,000*
para o centro de reciclagem.
CHINA
629 3,3593 1,25099 ,04988
CONSTRUTO COMPORTAMENTO BRASIL 1149 3,4267 ,64319 ,01897
CM
,000*
VERDE
CHINA
632 3,5730 ,68560 ,02727
CCEC - COMPORTAMENTO DE BRASIL 1149 3,1105 1,04971 ,03097
CCEC
,000*
CONSUMO EFETIVAMENTE VERDE CHINA
631 3,7274 1,08168 ,04306
Obs: Comparação de médias com valor-p < 0,05(*). INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM
(construto atitude verde), PRM (construto preocupação ambiental), PEM (construto eficácia percebida
de consumo), MEM (construto motivadores externos) e CM (construto comportamento verde).
Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC.
Fonte: Elaboração própria.
O equilíbrio da natureza é muito
delicado e fácil de ser perturbado.
A
humanidade
está
abusando
severamente do meio ambiente.
Todas as questões pertinentes à
poluição me chateiam.
Com relação ao construto preocupação ambiental, não foi encontrada
diferença estatística significativa entre as duas amostras, mas em duas afirmativas
encontraram-se diferenças. Na primeira, os brasileiros mostraram-se mais
preocupados com o abuso da humanidade ao meio ambiente (PR2, BR=4,54,
40
CH=3,77), enquanto na segunda os chineses assumiram-se mais preocupados com
os problemas ocasionados pela poluição (PR3, BR=2,84, CH=3,90). Pela maior
convivência direta dos chineses frente aos problemas decorrentes (LAGES; NETO,
2002), era esperado esse maior nível de preocupação deles com a poluição.
O construto que apresentou maior diferença foi o de motivadores externos
(MEM, BR=2,83, CH=3,64). Em todas as afirmativas, os chineses obtiveram maior
média. Tiveram maior percepção que campanhas publicitárias verdes têm efeito
sobre suas compras (ME1, BR=3,08, CH=3,73), que campanhas do governo os
induzem a preocuparem-se com o meio ambiente (ME2, BR=2,77, CH=3,42) e que
têm mais facilidade de encontrar produtos verdes (ME3, BR=2,65, CH=3,80).
Sugere-se que os brasileiros têm menos motivações externas que os chineses para
a realização de CCEC.
Em estudo realizado no Brasil por Ritter et al. (2014), identificou-se que,
diferentemente do resultado deste estudo, brasileiros buscam campanhas que
adicionem informações sobre produtos verdes e que tais campanhas favorecerão
sua compra de produtos verdes, entretanto cabe destacar que a amostra
selecionada era de consumidores os quais já realizavam comportamentos verdes,
sugerindo assim que pessoas que já realizam comportamentos verdes são as mais
afetadas por campanhas verdes. Já a China passa por uma segunda fase de
produtos verdes, na qual os produtos verdes estão disponíveis com maior qualidade,
e isso aumenta a confiança dos consumidores no consumo verde (CHEN; CHANG,
2013; LEE, 2010) e diminui a diferença entre um produto verde e não verde
(REBOUÇAS et al., 2013).
No construto EPC (PEM, BR=4,16, CH=3,82), a afirmativa de maior diferença
mostrou que os brasileiros afirmam ter maior percepção da eficácia de suas ações
41
para ajudar a controlar a poluição (PE1, BR=4,50, CH=3,70). Segundo Zhao et al.
(2014), chineses acreditam que é papel do governo e das empresas resolver os
problemas causados pela poluição. Com relação à percepção do indivíduo de que
ao realizar tal comportamento verde de compra ele estará colaborando
positivamente com o meio ambiente, identificou-se maior nível entre os chineses
(PE2, BR=3,82, CH=3,95).
Na análise do construto atitude verde (AM, BR=3,73, CH=3,54), brasileiros
declararam maior consciência do que os chineses de que os recursos consumidos
por eles individualmente são relevantes e podem causar poluição ao meio ambiente
(A2, BR=3,82, CH=2,69). E acreditam mais do que os chineses ser necessário
convencer as pessoas a se envolverem com o comportamento ecológico (A3,
BR=4,20, CH=3,71). Em contrapartida, os chineses apóiam mais o sistema de
“pagar para usar sacolas plásticas” do que os brasileiros (A6, BR=2,59, CH=3,78).
Sugere-se que tal nível de aceitação dos chineses por esse sistema seja pelo
fato de nos países da Ásia ele já ter sido implantado desde 2002 (Taiwan) e os
consumidores já estarem habituados (norma social) com o comportamento verde de
levar suas sacolas de casa quando vão aos supermercados (CHAN et al., 2008). No
Brasil, a pesquisa realizada por Todorovic Fabro et al. (2007) identificou que o
motivo de as pessoas não aderirem a esse sistema deve-se principalmente à falta
de conhecimento dos problemas que as sacolas plásticas causam no meio
ambiente, pois 76% dos pesquisados consideram a sacola item essencial nos
supermercados.
Além disso, os brasileiros assumem maior atitude verde do que os chineses
ao dizer que “não é mais conveniente comprar novos eletrodomésticos do que
repará-los” (A1, BR=3,08, CH=2,71), “é muito importante centralizar esforços na
42
economia de água e energia de uso doméstico” (A4, BR=4,33, CH=4,17) e “é muito
importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento ao comportamento verde”
(A5, BR=4,36, CH=4,21). Pode-se dizer que brasileiros têm maior atitude verde (A1,
A2, A3, A4, A5), salvo com relação à atitude verde que ocasione alguma perda
financeira (A6).
Por fim, com relação ao construto comportamento verde (CM, BR=3,42;
CH=3,57), conforme tabela 4, os chineses alegaram mais concordância com as
afirmações, quando comparado aos brasileiros. O comportamento verde de compra
é considerado geralmente o mais realizado (TODOROVIC FABRO et al., 2007;
ZHAO et al., 2014), pois é o que geralmente oferece um benefício financeiro
embutido (lâmpadas econômicas, aparelhos com melhor eficiência energética)
(ZHAO et al., 2014, KAUFMAN, 2013; CARRETE et al, 2012) e não exige
necessariamente uma mudança de hábito ou de estilo de vida (ABELIOTIS et al.,
2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011).
O comportamento verde mais realizado tanto pelos chineses quanto pelos
brasileiros é o de compra, conforme tabela 4 (CCM, BR=4,22, CH=3,95). É descrito
geralmente como o mais realizado por não exigir mudança de hábito ou estilo de
vida e principalmente por oferecer um benefício de economia financeira (KAUFMAN,
2013; CHAN et al., 2007; ZHANG et al., 2007; CARRETE et al, 2012; BRADLEY,
2004; ABELIOTIS et al., 2010; PINTO et al., 2011). Mas os brasileiros relataram
comprar mais lâmpadas econômicas (C2, BR=4,27, CH=4,13) e mais aparelhos com
maior eficiência energética do que os chineses (C3, BR=4,16, CH=3,78).
TABELA 4 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS TIPOS DE COMPORTAMENTO VERDE BRASIL x
CHINA
Médias
Médias
Códigos
Afirmativas
Brasil
China
Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para
C2
4,2776
4,1381
poupar energia.
43
Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de
energia.
CCM
COMPORTAMENTO VERDE DE COMPRA
C1
Eu sempre uso produtos descartáveis (INVERTIDA).
C4
Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão.
C5
Eu sempre reúso água.
CUM
COMPORTAMENTO VERDE DE USO/REÚSO
Eu sempre vendo/destino garrafas pet para o centro de
C6
reciclagem.
CRM
COMPORTAMENTO VERDE DE RECICLAGEM
Fonte: Elaboração própria
C3
4,1645
3,7801
4,2210
3,4569
3,8729
2,5918
3,3072
3,9590
3,2898
3,6788
3,2472
3,4052
2,1967
3,3593
2,1967
3,3593
O segundo comportamento verde mais realizado tanto pelos chineses quanto
pelos brasileiros é a do uso/reúso (CUM, BR=3,30, CH=3,40). Brasileiros disseram
usar menos produtos descartáveis (C1, BR=3,45, CH=3,28) e reusar mais sacolas
do que os chineses (C4, BR=3,87, CH=3,67), ao passo que os chineses relataram
reusar mais água do que os brasileiros (C5, BR=2,59, CH=3,24). Não se pode inferir
que brasileiros não reúsam água por desconhecimento; afinal, os brasileiros
relataram alta atitude verde de intenção de economia de água aqui e em outros
estudos (RITTER et al., 2014; PINTO et al., 2011). Mesmo que o nível de reúso de
água não seja o ideal, sugere-se que pelo fato de o Brasil já ter passado por crises
energéticas como em 2002 (LAGES; NETO, 2002), a exposição direta ao problema
deva ter colaborado para tal nível médio de reúso de água identificado nesta
pesquisa, bem como se espera que tal comportamento verde aumente em longo
prazo (LAGES; NETO, 2002).
Por último, tem-se o comportamento verde de reciclagem, que é o menos
realizado pelas duas amostras (CRM, BR=2,19, CH=3,35). Identificou-se aqui o
comportamento verde de maior diferença entre as amostras. Os chineses afirmaram
reciclar mais garrafas pet do que os brasileiros. Zhao et al. (2014) também
identificaram que o comportamento verde de reciclagem é muito realizado pelos
chineses, sobretudo pelo retorno financeiro, fator descrito como muito importante
44
para a realização de CCEC (KAUFMAN, 2013; CARRETE et al., 2012). Como para a
realização da reciclagem em geral necessita-se de mudança de estilo de vida,
sugere-se que os brasileiros ainda não mudaram seu estilo de vida a favor do meio
ambiente (ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011).
Em suma, pode-se constatar que, apesar de assumirem moderada atitude
verde e preocupação ambiental, e alta EPC, os brasileiros apresentam um gap entre
atitude verde e a realização do comportamento verde de uso/reúso que não foi
identificada entre os chineses. Sugere-se que esse gap decorra principalmente da
pouca força de vontade dos brasileiros para realizar comportamentos verdes que
gerem alguma perda financeira (apoiar sistema de pagar para usar sacolas
plásticas) ou comprometam seu estilo de vida ou conforto (fazer reúso da água ou
reciclar). Já os chineses apresentaram moderado nível em todos os construtos.
A convivência direta com problemas ambientais sugere que desenvolver o
CCEC tem se tornado cada vez mais importante tanto para os chineses (maior
preocupação com a poluição) quanto para os brasileiros (alta compra de produtos
com maior eficiência energética), porém percebeu-se também que os motivos para
desenvolver CCEC entre os dois países parecem ser distintos, mormente devido ao
comportamento e cultura bastante diferentes. Isso mostra que tentativas de
desenvolver o CCEC em determinada sociedade devem levar em conta
comportamentos e cultura da sociedade em questão.
4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA
Após análise descritiva das amostras e comparação das mesmas (teste-t),
realizou-se regressão linear múltipla para entender quais construtos estão
associados ao CCEC de cada amostra.
45
4.3.1 Regressão linear múltipla – Brasil
Na análise do modelo de regressão da amostra Brasil, conforme Tabela 5, o
R² ajustado apontou 0,265, o que quer dizer que o modelo explica 26,5% da relação
dos construtos significativos com o CCEC. No caso do Brasil, conforme Tabela 6 e
figura 2, os construtos apontados como significativos para o CCEC dos brasileiros
foram comportamento verde, motivadores externos e eficácia percebida de consumo
(variáveis com p-valor < 0,05, conforme Tabela 6). Pode parecer um nível explicativo
baixo, mas na área de estudo do comportamento ambiental, que é tão complexo, é
um desafio incluir em apenas um modelo as diversas variáveis antecessoras do
CCEC (PAÇO et al., 2012).
TABELA 5: MODELO OBTIDO NA REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA – VARIÁVEL DEPENDENTE
CCEC – BRASIL
Modelo R
3
,516c
Alterações Estatísticas
Erro
R²
Padrão Variação Alteração
Alterações
R² Ajustado Estimado
do R²
F
df1
df2
Sig. F
,267
,265
,90019
,003
4,297
1 1145
,038
DurbinWatson
1,974
c. Preditores: (Constant), CM, MEM, PEM
d. Variável dependente: CCEC
Método de estimação: Stepwise
Testes de validez: - ANOVA: significativo, - Teste de Aleatoriedade: Suporta a hipótese de
Aleatoriedade, - Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Suporta hipótese de aderência a
distribuição normal, - Teste de Homocedasticidade: Suporta a hipótese de homocedasticidade
Fonte: Dados da pesquisa.
Conforme figura 2 e tabela 6, identificaram-se pela regressão da amostra
brasileira os seguintes resultados das hipóteses:

H1a: Preocupação ambiental dos brasileiros é positivamente associada ao
seu CCEC. Foi rejeitada.

H2a: Motivadores externos dos brasileiros são positivamente associados ao
seu CCEC. Foi suportada.

H3a: EPC dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. Foi
suportada.
46

H4a: Atitude verde dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC.
Foi rejeitada.

H5a: Comportamento verde dos brasileiros é positivamente associado ao seu
CCEC. Foi suportada.

TABELA 6: COEFICIENTES ESTIMADOS DA VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC – BRASIL
Modelo
,166
3 Constante -,056
Comp.
,671
,046
Verde
Mot.
,204
,034
Externos
Eficácia
Percebida
,069
,033
de
Consumo
a. Variável Dependente: CCEC
Fonte: Dados da pesquisa.
Est. de
Colinearidade
,411
14,562 ,000 ,581 ,762 ,486 ,395 ,369
,803
1,246
,165
6,087
,000 ,138 ,270 ,311 ,177 ,154
,871
1,148
,058
2,073
,038 ,004 ,134 ,264 ,061 ,052
,822
1,217
Beta
-,337
VIF
Tolerância
Erro
Padrão
Parcial
B
Sig.
Correlação
Part
t
95%
Intervalo
de
Confiança
para B
Zero-order
Coeficientes
Coef.
não
Padronizados
padronizados
Limite
Inferior
Limite
Superior
Coeficientes
,736 -,383 ,270
Com relação à H5a, o comportamento verde foi identificado como um dos
construtos que afetam o CCEC dos brasileiros. Considerando que o comportamento
verde de compra favorece um maior comportamento verde de uso, que, por sua vez,
favorece um maior comportamento verde de reciclagem (ZHAO et al., 2014), e que
os brasileiros assumem realizar alto comportamento verde de compra, moderado
comportamento verde de uso e baixo comportamento verde de reciclagem, devemse buscar estímulos que principalmente aumentem a realização do comportamento
verde de uso e reciclagem entre os brasileiros.
Isso ocorre inicialmente por meio de incentivos financeiros (KAUFMAN, 2013;
CHAN et al., 2007;ZHANG et al., 2007; CARRETE et al, 2012), de forma que em um
segundo momento, tais comportamentos verdes passem a virar um hábito
47
(BRADLEY, 2004; ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011).
De fato, comportamentos verdes, quando se tornam hábitos, favorecem o aumento
do CCEC dos indivíduos, conforme estudo de Pinto et al. (2011).
Figura 3: Construtos significativos para o CCEC dos brasileiros pelo resultado da regressão Brasil.
Fonte: Elaboração própria.
Conforme H2a, os Motivadores externos também foram associados à
realização do CCEC. Assim, aumentar a disponibilidade de produtos verdes para os
brasileiros favorecerá uma diminuição do gap entre a vontade de comprar um
produto e a realização efetiva da compra dele (YOUNG et al., 2010). Sugere-se que
campanhas empresariais devam enfatizar os benefícios reais de seus produtos
verdes, sem exagero para não perder a credibilidade nos produtos verdes (CHEN;
CHANG, 2013; LEE et al., 2010). E que campanhas governamentais devam buscar
o aumento do conhecimento da população sobre como comportamentos de
consumo não verdes (hábitos de desperdício, consumo exagerado) podem
prejudicar direta ou indiretamente o meio ambiente (TODOROVIC FABRO et al.,
2007; LAGES; NETO, 2002).
A última variável identificada como associada ao CCEC para os brasileiros foi
a EPC (H3a). Conforme estudo de Akehurst et al. (2012) realizado em Portugal, a
EPC mostrou-se positivamente associada ao CCEC, resultado também encontrado
em diversos outros estudos (GERSHOFF; FRELS, 2015; CHEN; CHANG, 2013;
48
STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ANTONETTI; MAKLAN, 2013). Aumentar a
percepção dos brasileiros de que comportamentos verdes de uso/reúso e reciclagem
são fundamentais para a manutenção de recursos naturais mostra ser fator
importante para o aumento do CCEC dos brasileiros e diminuição do gap, por
exemplo, entre a alta atitude verde de que é necessário economizar água e a baixa
realização de comportamentos verdes de reúso da água identificado nesse estudo
(GERSHOFF; FRELS, 2015). Ressalta-se que o Brasil viveu em 2014 uma crise
hídrica, mas ainda assim foi identificado baixo comportamento verde de reúso da
água (FONSECA DA CRUZ; DUCA SILVA, 2015).
4.3.2 Regressão linear múltipla – China
Já o modelo de regressão da amostra chinesa resultou num R² ajustado igual
a 0,249, demonstrando que o modelo explica 24,9% do CCEC, conforme Tabela 7.
O modelo na amostra chinesa teve explicação semelhante ao modelo na amostra
brasileira, porém com variáveis significativas diferentes. Percebe-se que, conforme
Tabela 8 e figura 3, na China, os construtos associados ao CCEC foram o
comportamento verde, a preocupação ambiental e os motivadores externos.
TABELA 7: MODELO OBTIDO NA REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA – VARIÁVEL DEPENDENTE
CCEC
Alterações Estatísticas
Modelo
3
R
R²
,499c ,249
R²
Ajustado
,245
Erro Padrão
Estimado
,93985
Variação
do R²
,011
Alteração
F
df1 df2
9,577
1 627
Alterações
Sig. F
,002
DurbinWatson
1,995
c. Preditores: (Constant), CM, PRM, MEM
d. Variável dependente: CCEC
Método de estimação: Stepwise
Testes de validez: - ANOVA: significativo, - Teste de Aleatoriedade: Suporta a hipótese de
Aleatoriedade, - Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Suporta hipótese de aderência a
distribuição normal, - Teste de Homocedasticidade: Suporta a hipótese de homocedasticidade
Fonte: Dados da pesquisa.
49
TABELA 8: COEFICIENTES ESTIMADOS DA VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC
Coeficientes
Construto
Com.
Verde
Construto
Preoc.
Ambiental
Construto
Mot.
Externos
VIF
Part
Parcial
Correlação
Zeroorder
Limite
Superior
Estatísticas
de
Colinearidade
Tolerância
Modelo
3 Constante
Coef.
Padronizados
Limite
Inferior
Coeficientes
não
padronizados
95%
Intervalo
de
Confiança
para B
B
,641
Erro
Padrão
,219
Beta
t
Sig.
2,932 ,003 ,212 1,071
,501
,069
,317
7,221 ,000 ,365
,637
,463 ,277 ,250
,621
1,610
,199
,048
,170
4,123 ,000 ,104
,293
,379 ,162 ,143
,701
1,427
,144
,047
,120
3,095 ,002 ,053
,236
,312 ,123 ,107
,799
1,252
a. Variável Dependente: CCEC
Fonte: Dados da pesquisa
Conforme figura 4 e tabela 8, identificaram-se pela regressão da amostra
chinesa os seguintes resultados das hipóteses:

H1b: Preocupação ambiental dos chineses é positivamente associada ao seu
CCEC. Foi suportada.

H2b: Motivadores externos dos chineses são positivamente associados ao
seu CCE. Foi suportada.

H3b: EPC dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. Foi
rejeitada.

H4b: Atitude verde dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC.
Foi rejeitada.

H5b: Comportamento verde dos chineses é positivamente associado ao seu
CCEC. Foi suportada.
50
Figura 4: Construtos significativos para o CCEC dos chineses pelo resultado da regressão China.
Fonte: Elaboração própria.
O comportamento verde mostrou-se associado ao CCEC dos chineses (H5b).
Uma vez identificado que os chineses assumem realizar os três tipos de
comportamento verde (compra, uso e reciclagem), conforme também identificado no
estudo de Zhao et al. (2014), pode-se dizer que os chineses estejam em uma
segunda etapa de CCEC, não apenas por realizarem alto comportamento verde de
compra, mas, especialmente, por realizarem moderado comportamento verde de
uso e reciclagem, tipos de comportamentos verdes que necessitam de mudanças de
hábitos para serem realizados. Contudo cabe ressaltar que, ainda que tais
comportamentos verdes necessitem de mudança no estilo de vida, o fator financeiro
tem sido um estímulo motivacional importante (YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et
al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011).
A preocupação ambiental também foi identificada como um construto
associado positivamente ao CCEC dos chineses (H1b). Apesar de alguns estudos
relatarem o ceticismo sobre os benefícios reais dos produtos verdes como fator que
diminui a preocupação ambiental (por exemplo, CARRETE et al., 2012), pode-se
51
dizer que, devido ao fato de a China passar por uma nova fase de produção de
produtos verdes de qualidade (LEE, 2011), nesse estudo identificou-se alta
percepção dos chineses de que seu comportamento verde de compra verde pode
sim ter efeito positivo no meio ambiente.
Os motivadores externos (H2b) foram identificados como um dos três
construtos associados ao CCEC dos chineses. Ainda que a China passe por um
momento de facilidade na obtenção de produtos verdes de qualidade (LEE, 2011),
ainda é baixa a percepção dos chineses de que seu tipo de comportamento pode
acarretar problemas ambientais, como a poluição. Percebe-se que campanhas
ambientais devem buscar aumentar o conhecimento dos chineses sobre como
hábitos de consumo exagerados e de desperdício colaboram direta e indiretamente
com os problemas ambientais (TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO,
2002). E as campanhas empresariais devem também buscar relacionar, além dos
benefícios imediatos individuais, os benefícios coletivos ambientais em longo prazo
ao optar-se pela compra de um produto verde (GREEN; PELOZA, 2014; CHEN;
CHANG, 2013).
4.3.3 Comparação das regressões – Brasil x China
Ao se comparar os resultados da regressão do Brasil com os resultados da
regressão da China, conforme quadro 3 e figura 5, identificou-se que as hipóteses
referentes aos construtos comportamento verde e motivadores externos foram
suportadas tanto na regressão do Brasil quanto na regressão da China. As hipóteses
referentes ao construto atitude verde foram rejeitadas nas duas amostras, de
maneira que não foram relacionadas diretamente ao CCEC de nenhum país. As
hipóteses dos construtos preocupação ambiental e EPC foram as que identificaram
52
diferenças entre os resultados da regressão do Brasil em comparação com os
resultados da regressão da China. O Brasil suportou a hipótese H3a, e isso quer
dizer que para aumentar o CCEC dos brasileiros sugere-se ser necessário estimular
o aumento da EPC. Já a China suportou a hipótese H1b, o que quer dizer que para
aumentar o CCEC dos chineses sugere-se ser necessário estimular o aumento da
preocupação ambiental.
Figura 5: Variáveis significativas para o CCEC de cada amostra, conforme resultados da regressão.
Fonte: Elaboração própria.
Hipóteses Brasil
H1a – Preocupação
ambiental
dos
brasileiros
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
H2a - Motivadores
externos
dos
brasileiros
são
positivamente
associados ao seu
CCEC.
H3a –
EPC dos
brasileiros
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
H4a – Atitude verde
dos
brasileiros
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
H5a – Comportamento
Resultados
Regressão Brasil
Foi rejeitada.
Hipóteses China
Foi suportada.
H2b - Motivadores
externos dos chineses
são
positivamente
associados ao seu
CCEC.
Foi suportada.
Foi suportada.
H3b
EPC
dos
chineses
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
H4b - Atitude verde dos
chineses
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
H5b - Comportamento
Foi rejeitada.
Foi rejeitada.
Foi suportada.
H1b - Preocupação
ambiental dos chineses
é
positivamente
associada
ao
seu
CCEC.
Resultados
Regressão China
Foi suportada.
Foi rejeitada.
Foi suportada.
53
verde dos brasileiros é
positivamente
associado ao CCEC.
verde dos chineses é
positivamente
associado
ao
seu
CCEC.
Quadro 3: Comparativo das Hipóteses Associadas Ao CCEC na Regressão Brasil e na Regressão
China
Fonte: Elaboração própria.
Como os motivadores externos foram associados com o CCEC, pode-se dizer
que campanhas governamentais, campanhas empresarias e disponibilidade de
produtos verdes favorecem o CCEC dos chineses e dos brasileiros. Além disso,
estimular a realização de um comportamento verde também favorecerá a realização
de outros tipos de comportamentos verdes. Quando um comportamento se torna
uma norma social ou um hábito, ele se realiza com mais frequência, e estímulos
financeiros também favorecem a realização de tais comportamentos (BRADLEY,
2004; YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et al., 2010; PINTO et al., 2011).
Com relação ao comportamento verde, conforme análise descritiva,
identificou-se que brasileiros realizam maior comportamento verde de compra,
seguido de moderado comportamento verde de uso/reúso e menor comportamento
verde de reciclagem. Assim, para aumentar o CCEC dos brasileiros, deve-se
incentivar comportamentos verde de uso/reúso, mas principalmente incentivar
comportamentos verdes de reciclagem por meio de campanhas educativas,
fornecimento de infraestrutura e, quem sabe, benefícios fiscais temporários.Já na
China, identificou-se alto comportamento de compra e moderado comportamento de
uso/reúso e reciclagem, sugere-se, então, estimular esses dois últimos tipos de
comportamento para aumentar o CCEC.
Favorecer o comportamento verde colabora para aumentar o CCEC tanto no
Brasil como na China, assim como favorecer os motivadores externos. E como os
brasileiros perceberam que as campanhas verdes influenciam moderadamente suas
compras, as empresas busquem melhorar o entendimento sobre como tornarem
54
suas campanhas mais efetivas. Os brasileiros também perceberam que as
campanhas governamentais não os induzem a se preocuparem com o meio
ambiente, de forma que se sugere que governos busquem identificar se há ceticismo
dos brasileiros às informações passadas pelos governos (desconfiança). Na China
não se identificou evidências de tais dificuldades.
Com relação ao motivador externo disponibilidade de produtos verdes,
sugere-se tanto na China, mas especialmente no Brasil, estimular a produção de
mais produtos verdes. Aqui o governo também poderia ter um papel importante ao
oferecer benefícios para empresas que desenvolvem produtos verdes, diminuindo
assim a barreira que a falta desses produtos oferece para a realização do CCEC,
identificada sobretudo entre os brasileiros.
Uma vez explicados os construtos das hipóteses que foram associadas ao
CCEC tanto no Brasil quanto na China, cabe agora destacar as outras hipóteses que
só foram relacionadas a um país. No Brasil, a EPC foi identificada como associada
ao CCEC dos brasileiros, e na China a preocupação ambiental foi identificada como
associada ao CCEC dos chineses. Assim, sugere-se estimular os brasileiros a
aumentar
a
EPC
e
estimular
os
chineses
a
aumentar
a
preocupação
ambiental.Sugere-se que uma forma de aumentar a EPC dos brasileiros é melhor
informar os benefícios na realização de comportamentos verdes, enquanto sugerese que uma forma de aumentar a preocupação ambiental dos chineses é melhor
informar como suas ações podem colaborar para o meio ambiente.
Em resumo, percebe-se que o próprio comportamento verde é fator de
estímulo para novos comportamentos verdes, talvez por desenvolver nas pessoas o
hábito de sempre que for realizar um comportamento levar em consideração a
questão ambiental. Sugere-se então que para o aumento de CCEC, independente
55
do país, sejam realizadas campanhas governamentais e empresariais que busquem
estimular comportamentos verdes e aumentar a disponibilidade de produtos verdes.
No entanto, conforme evidenciou-se neste estudo, outras variáveis mostraram-se
potenciais influenciadoras do CCEC, mas não foram identificadas como comuns às
diferentes culturas.
Capítulo 5
5. CONCLUSÕES
O objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis atitude
verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores
externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses. Por meio
da análise descritiva e comparativa, identificou-se que os chineses apresentam
maior CCEC do que os brasileiros, embora ambos apresentem moderado CCEC.
Por meio da regressão linear múltipla, identificou-se que o comportamento verde, os
motivadores externos e a EPC estão associados ao CCEC dos brasileiros e que o
comportamento verde, os motivadores externos e a preocupação ambiental estão
associados ao CCEC dos chineses.
Como contribuição teórica, além de testar o modelo de Zhao et al. (2014), que
se mostrou adequado para avaliar o CCEC em diferentes culturas, identificou-se um
gap entre atitude verde e comportamento verde de uso entre os brasileiros, que
assumiram a importância da atitude verde de economia de água doméstica e
relataram baixo comportamento verde de reúso de água. Identificou-se também que
brasileiros assumiram realizar pouco comportamento verde de reciclagem. Com
relação ao comportamento verde de compra, assumiu-se ser alto entre os
brasileiros.
Percebeu-se,
então,
que
os
brasileiros
assumem
realizar
comportamentos verdes que geram alguma economia financeira (compra de
lâmpadas econômicas e aparelhos com maior eficiência energética), desde que não
tenham de abrir mão do seu estilo de vida ou tenham de pagar mais por isso (não
aceitam o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”).
58
Por meio da amostra chinesa, identificou-se que os chineses assumem
realizar alto comportamento verde de compra e moderado comportamento verde de
uso e reciclagem. No geral, eles obtiveram média moderada em todos os construtos:
atitude verde, EPC, preocupação ambiental, comportamento verde e CCEC. Mas
ainda se mostra relativamente baixa a percepção dos chineses de que os recursos
consumidos por eles mesmos são relevantes e podem causar poluição ao meio
ambiente, o que pode estar relacionado à percepção identificada por Zhao et al.
(2014) de que os chineses acreditam que, devido à complexidade dos problemas
ambientais, é papel das empresas e governo fornecerem soluções.
Esse estudo sugere que campanhas governamentais, para serem mais
efetivas, devam melhor informar como hábitos de desperdício podem prejudicar
tanto os indivíduos quanto o meio ambiente. Aumentar o conhecimento sobre os
problemas ocasionados por comportamentos não verdes favorecerá um maior CCEC
(CHAN, 2001; CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002). Por exemplo,
demonstrar aos brasileiros os problemas que o uso de sacolas plásticas causa ao
meio ambiente ou demonstrar aos chineses que os recursos consumidos por eles
podem causar poluição. Sugere-se, ainda, que em casos de crises nas quais sejam
exigidas mudanças de comportamento imediato, que seja implementado, em
conjunto com as campanhas educativas, campanhas que afetem a renda do
consumidor, pois essas ações são consideradas as mais efetivas (SURESH, 2014;
KAUFMAN, 2013; YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004;
PINTO et al., 2011).
As campanhas de marketing verde também se mostram importantes para um
maior CCEC. Sugere-se que as campanhas busquem demonstrar com clareza
(CARLSON et al., 1993) e sem exagero (CHAN, 2011) os benefícios individuais e
59
ambientais que se têm ao comprar um produto verde (GREEN; PELOZA, 2014;
PRAKASH, 2002; ZABKAR; HOSTA, 2013, SURESH, 2014). Reconhecer um
produto verde, e seus reais benefícios, parece ser importante para o aumento de
comportamentos verdes de compra (TSENG; HUNG, 2013). No Brasil, identificou-se
baixa disponibilidade de produtos verdes, todavia a confusão ou desconhecimento
do que são produtos verdes pode ter colaborado para tal resultado (CHEN; CHANG,
2013; TSENG; HUNG, 2013). Já na China, encontram-se produtos verdes com
facilidade, mas, devido ao ceticismo dos primeiros produtos que não informavam
corretamente os seus benefícios reais, é dever do marketing atentar para a
veracidade das informações (ALBAYRAK et al., 2013; CARRETE et al., 2012;
MATTES; WONNEBERGER, 2014).
Esse estudo apresenta algumas limitações. A amostragem foi não
probabilística (não permite generalização, mas fornece evidências) e não houve
controle demográfico da amostra (local de moradia, renda, nível educacional entre
outros), de forma que não se pode avaliar a existência de algum viés de alguma
característica demográfica. Assim, sugere-se que futuras pesquisas realizem tal
controle. Assim como a maioria dos estudos de comportamento verde realizadas na
China, a amostra chinesa deste estudo também foi coletada em cidades
desenvolvidas (Hong Kong – LEE et al., 2010; Qingdao - ZHAO et al., 2014; Pequim
– CHAN et al., 2008; Taiwan – CHEN; CHANG, 2013; Taiwan – LIN; HSU,2013).
Futuras pesquisas na China podem ser realizadas em outras cidades menos
desenvolvidas para comparar com os resultados obtidos aqui.
Futuros estudos podem ainda buscar aprofundar o entendimento sobre os
tipos de comportamento verde e as barreiras para a realização de cada um, como, a
barreira de falta de infraestrutura para a realização do CCEC de reciclagem. Nos
60
dois países, sugere-se investigar melhor o conhecimento acerca dos problemas
causados pelo consumo exagerado, hábitos de desperdício e estilo de vida versus o
CCEC. Referente aos tipos de comportamento verde, sugere-se investigar outros
itens além dos pesquisados, como compra de produtos orgânicos, hábitos de
economia de recursos (dar carona, usar bicicleta, melhor aproveitamento dos
alimentos, cozinhar não mais que o necessário), reciclagem de papel, papelão e
infraestrutura necessária. Por fim, a continuidade dos estudos em comportamento de
consumo ecologicamente consciente pode trazer importantes contribuições, não
somente para a academia como também para toda a sociedade.
REFERÊNCIAS
ABELIOTIS, Konstadinos; KONIARI, Christina; SARDIANOU, Eleni. The profile of the
green consumer in Greece. International Journal of Consumer Studies, v. 34, n.
2, p. 153-160, 2010.
AKEHURST, Gary; AFONSO, Carolina; MARTINS GONÇALVES, Helena. Reexamining green purchase behaviour and the green consumer profile: New
evidences. Management Decision, v. 50, n. 5, p. 972-988, 2012.
ALBAYRAK, Tahir; AKSOY, Safak; CABER, Meltem. The effect of environmental
concern and scepticism on green purchase behavior. Marketing Intelligence &
Planning, v. 31, n. 1, p. 27-39, 2013.
ALMEIDA, Cecília M.; BORGES, D.; BONILLA, S. H.; GIANNETTI, B. F.Identifying
improvements in water management of bus-washing stations in Brazil. Resources,
Conservation and Recycling, v. 54, n. 11, p. 821-831, 2010.
ANTONETTI, Paolo; MAKLAN, Stan. Feelings that make a difference: how guilt and
pride convince consumers of the effectiveness of sustainable consumption choices.
Journal of Business Ethics, v. 124, n. 1, p. 117-134, 2014.
ARBUTHNOT, Jack; LINGG, Sandra. A comparison of French and American
environmental behaviors, knowledge, and attitudes12. International Journal of
Psychology, v. 10, n. 4, p. 275-281, 1975.
ASMUNI, Shahariah; HUSSIN, Nur Bashirah; KHALILI, Jamaliah; ZAIN, Zahariah
Mohd. Public Participation and Effectiveness of the no Plastic Bag Day Program in
Malaysia. Procedia-Social and Behavioral Sciences, v. 168, p. 328-340, 2015.
BRADLEY, Robert M. Forecasting domestic water use in rapidly urbanizing areas in
Asia. Journal of Environmental Engineering, v. 130, n. 4, p. 465-471, 2004.
CARLSON, Les; GROVE, Stephen J.; KANGUN, Norman. A content analysis of
environmental advertising claims: a matrix method approach. Journal of
Advertising, v. 22, n. 3, p. 27-39, 1993.
CARRETE, Lorena; CASTANO, Raquel; FELIX, Reto; CENTENO, Edgar;
GONZALEZ, Eva. Green consumer behavior in an emerging economy: confusion,
credibility, and compatibility. Journal of Consumer Marketing, v. 29, n.7, p. 470481, 2012.
CHAN, Ricky YK. Determinants of Chinese consumers' green purchase
behavior. Psychology & Marketing, v. 18, n. 4, p. 389-413, 2001.
CHAN, Ricky YK; WONG, Y. H.; LEUNG, Thomas KP. Applying ethical concepts to
the study of “green” consumer behavior: An analysis of Chinese consumers’
61
intentions to bring their own shopping bags. Journal of Business Ethics, v. 79, n.4,
p. 469-481, 2008.
CHANG, Chingching. Feeling ambivalent about going green. Journal of
Advertising, v. 40, n. 4, p. 19-32, 2011.
CHEN, Y; CHANG, C. Greenwash and green trust: The mediation effects of green
consumer confusion and green perceived risk. Journal of Business Ethics.114, 3,
489-500, May 6, 2013. ISSN: 01674544.
COELHO, T. M.; CASTRO, R.; GOBBO, J. A. PET containers in Brazil: opportunities
and challenges of a logistics model for post-consumer waste recycling. Resources,
Conservation and Recycling, v. 55, n. 3, p. 291-299, 2011.
FONSECA DA CRUZ, Ivelise; DUCA SILVA, Lidiane. Direito à saúde: água o bem
maior. FMU Direito -Revista Eletrônica, v. 29, n. 43, 2015.
GERSHOFF, Andrew D.; FRELS, Judy K. What makes it green? The role of centrality
of green attributes in evaluations of the greenness of products. Journal of
Marketing, v. 79, n. 1, p. 97-110, 2015.
GREEN, Todd; PELOZA, John. Finding the right shade of green: The effect of
advertising appeal type on environmentally friendly consumption. Journal of
Advertising, v. 43, n.2, p. 128-141, 2014.
GRUBER, Verena; SCHLEGELMILCH, Bodo B. How Techniques of Neutralization
Legitimize Norm- and Attitude-Inconsistent Consumer Behavior. Journal of
Business Ethics. 121, 1, 29-45, Apr. 8, 2014. ISSN: 01674544.
HAIR JR, Joseph F.; BABIN, Barry; MONEY, Arthur H.; SAMOUEL, Phillip.
Fundamentos de pesquisa em administração. Bookman, 2005.
HUNT, Shelby D. The nature and scope of marketing. The Journal of Marketing, p.
17-28, 1976.
JAKOVCEVIC, Adriana; STEG, Linda; MAZZEO, Nadia; CABALLERO, Romina;
FRANCO, Paul; PUTRINO, Natalia; FAVARA, Jesica. Charges for plastic bags:
motivational and behavioral effects. Journal of Environmental Psychology, v. 40,
p. 372-380, 2014.
KAUFMAN, Noah. Overcoming the barriers to the market performance of green
consumer goods. Resource and Energy Economics, v. 36, n. 2, p. 487-507, 2014.
KHARE, Arpita; MUKERJEE, Sourjo; GOYAL, Tanuj. Social influence and green
marketing: An exploratory study on Indian consumers. Journal of Customer
Behavior, v. 12, n.4, p. 361-381, 2013.
KIM, YEONSHIN. Understanding green purchase: The influence of collectivism,
personal values and environmental attitudes, and the moderating effect of perceived
consumer effectiveness. Seoul Journal of Business, v. 17, n. 1, p. 65-92, 2011.
62
LAGES, Natalia; NETO, Alcivio Vargas. Mensurando a consciência ecológica do
consumidor: um estudo realizado na cidade de Porto Alegre. Anais do 26º
ENANPAD, Salvador, BA, 2002.
LAROCHE, Michel; TOFFOLI, Roy; KIM, Chankon; MULLER, Thomas.The influence
of culture on pro-environmental knowledge, attitudes, and behavior: A Canadian
perspective. Advances in Consumer Research, v. 23, p. 196-202, 1996.
LAROCHE, Michel; BERGERON, Jasmin; BARBARO-FORLEO, Guido; TOMIUK,
Marc-Alexandre. Cultural differences in environmental knowledge, attitudes, and
behaviours of Canadian consumers. Canadian Journal of Administrative
Sciences/Revue Canadienne des Sciences de l'Administration, v. 19, n. 3, p.
267-282, 2002.
LEE, Kaman. The green purchase behavior of Hong Kong young consumers: The
role of peer influence, local environmental involvement, and concrete environmental
knowledge. Journal of international consumer marketing, v. 23, n. 1, p. 21-44,
2010.
LIN, Hsiu‐Yi; HSU, Meng‐Hsiang. Using social cognitive theory to investigate green
consumer behavior. Business Strategy and the Environment,
2013.http://doi.wiley.com/10.1002/bse.1820
MATTHES, Jörg; WONNEBERGER, Anke. The skeptical green consumer revisited:
Testing the relationship between green consumerism and skepticism toward
advertising. Journal of Advertising, v. 43, n.2, p. 115-127, 2014.
MINTON, Ann P.; ROSE, Randall L. The effects of environmental concern on
environmentally friendly consumer behavior: An exploratory study. Journal of
Business Research, v. 40, n. 1, p. 37-48, 1997.
NASCIMENTO, Luis Felipe; TREVISAN, Marcelo; FIGUEIRÓ, Paola S; BOSSLE,
Marilia B. PET bottle recycling chain. Greener Management International, v. 2006,
n. 56, p. 43-56, 2006.
DO PAÇO, Arminda; ALVES, Helena; SHIEL, Chris; FILHO, Walter Leal.
Development of a green consumer behavior model. International Journal of
Consumer Studies, v. 37, n. 4, p. 414-421, 2013.
PEATTIE, Ken. Green consumption: behavior and norms. Annual Review of
Environment and Resources, v. 35, n. 1, p. 195, 2010.
PINTO, Diego Costa; NIQUE, Walter Meucci; AÑAÑA, Edar Da Silva; HERTER,
Márcia Maurer. Green consumer values: how do personal values influence
environmentally responsible water consumption? International Journal of
Consumer Studies, v. 35, n.2, p. 122-131, 2011.
PRAKASH, Aseem. Green marketing, public policy and managerial strategies.
Business Strategy and the Environment, v. 11, n. 5, p. 285-297, 2002.
63
PROTHERO, Andrea. Green consumerism and the societal marketing concept:
marketing strategies for the 1990's. Journal of Marketing Management, v.6, n. 2, p.
87-103, 1990.
REBOUÇAS, Sílvia Maria Dias Pedro; REINALDO, Hugo Osvaldo Acosta; COSTA,
Josimar Souza. Mind the Gap: Um estudo cross-cultural sobre atitude, intenção e
comportamento de compra de produtos verdes. In: ENCONTRO DA ANPAD,
XXXVII, 2013, Rio de Janeiro.
RITTER, Ágata M.; BORCHARDT, Miriam; VACCARO, Guilherme L R; PEREIRA,
Giancarlo M. Motivations for promoting the consumption of green products in an
emerging country: exploring attitudes of Brazilian consumers. Journal of Cleaner
Production, 2014.
ROBERTS, James A. Green consumers in the 1990s: profile and implications for
advertising. Journal of business research, v. 36, n.3, p. 217-231, 1996.
ROBERTS, James A.; BACON, Donald R.Exploring the subtle relationships between
environmental concern and ecologically conscious consumer behavior. Journal of
Business Research, v. 40, n. 1, p. 79-89, 1997.
STRAUGHAN, Robert D.; ROBERTS, James A. Environmental segmentation
alternatives: a look at green consumer behavior in the new millennium. Journal of
consumer marketing, v. 16, n. 6, p. 558-575, 1999.
SURESH, G. A study of the constructive factors influencing green marketing in Tamil
Nadu. IUP Journal of Marketing Management, v. 13, n. 1, p. 45, 2014.
TODOROVIC FABRO, Adriano; LINDEMANN, Christian; CRISPIM VIEIRA, Saon.
Utilização de sacolas plásticas em supermercados. Revista Ciências do Ambiente
On-Line, v. 3, n. 1, 2007.
TSENG, Shih-Chang; HUNG, Shiu-Wan. A framework identifying the gaps between
customers' expectations and their perceptions in green products. Journal of cleaner
production, v. 59, p. 174-184, 2013.
YOUNG, William; HWANG, Kumju, MCDONALD, Seonaidh, OATES, Caroline J.
Sustainable consumption: green consumer behaviour when purchasing
products. Sustainable development, v. 18, n. 1, p. 20-31, 2010.
ZABKAR, Vesna; HOSTA, Maja. Willingness to act and environmentally conscious
consumer behaviour: can prosocial status perceptions help overcome the gap?
International Journal of Consumer Studies.37, 3, 257-264, May 2013. ISSN:
14706423.
ZHANG, Bing. Who will be more active in sustainable consumption? Evidence from
China. International Journal of Environment and Sustainable Development, v. 6,
n. 4, p. 389-404, 2007.
64
ZHANG, Hua; WEN, Zong-Guo. The consumption and recycling collection system of
PET bottles: A case study of Beijing, China. Waste management, v. 34, n. 6, p. 987998, 2014.
ZHAO, Hui Hui; GAO, Qian; WU, Yao Ping; WANG, Yuan; ZHU, Xiao Dong. What
affects green consumer behavior in China? A case study from Qingdao. Journal of
Cleaner Production, v. 63, p. 143-151, 2014.
APÊNDICES
APÊNDICE - 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO NO BRASIL
67
68
69
APÊNDICE - 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO NA CHINA
这是一份有关响应绿行为的研究问卷,表明您同意由滴答选择该选项下面的语句度:这项研究的目的是
了解巴西和中国的绿色环保行为
性别:__________年龄:__________国家现居住地:_______________停留时间:____________
项目
1
根据协议,您有下列语句的程度作出X:
我尽量买与功耗效率的设备
我每天消耗的资源是最小的,不会造成任何环境污
2
3
染
大自然的平衡是非常脆弱,容易心烦
4
我总是会将使用过的瓶子等资源到回收中心
5
我总是回用水。
6 我认为自己是一个生态意识的消费者
7 涉及到所有的污染问题让我不舒服。
8
我总是用一次性产品冷杉。
9
我总是用重复使用纸袋或塑料袋
这是非常重要的,以集中在水和能源家庭经济的努
10
11
12
13
力
我不能做任何事情来帮助环境控制污染。
围绕绿色产品的广告活动对我的购买产生影响。
人性被严重滥用的环境。
14 我支持系统“付费使用塑料袋。”
15 我很容易相信绿色产品购买。
16 政府活动促使我担心环境。
17
购买新设备更方便比解决这些问题。
18
我购买绿色产品的行为对环境会产生积极的影响
不同
部分不
不知
部分同
同
意
同意
道
意
意
71
在目前的情况下,严格的执行绿色行为(或生态)
19
20
21
是很重要的
我尽量买高效率的灯泡,以节约能源
没有必要说服人们参与环保节能
Download

YEH, Tatiana Azevedo. Comportamento de consumo