FUNDAÇÃO INSTITUTO CAPIXABA DE PESQUISAS EM CONTABILIDADE, ECONOMIA E FINANÇAS – FUCAPE TATIANA AZEVEDO YEH COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China VITÓRIA 2015 TATIANA AZEVEDO YEH COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Administração de Empresas, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas – Nível Profissionalizante. Orientador: Mainardes VITÓRIA 2015 Prof. Dr. Emerson Wagner TATIANA AZEVEDO YEH COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE CONSCIENTE: um estudo comparativo entre Brasil x China Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Administração de Empresas, Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças (FUCAPE), como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas – Nível Profissionalizante. Aprovada em 10 de junho de 2015. COMISSÃO EXAMINADORA PROF. DR.: EMERSON WAGNER MAINARDES FUCAPE PROFª. DRª.:MÁRCIA JULIANA D’ANGELO FUCAPE PROF. DR.: FÁBIO MORAES DA COSTA FUCAPE Dedico esse trabalho ao meu amor Luis que nunca me deixou desistir. Dedico esse trabalho ao meu querido filho Thales, que com sua sabedoria me incentiva sempre a buscar crescimento. Dedico esse trabalho ao meu querido filho Pablo, que com suas palhaçadas nunca me deixou desanimar. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu amado marido Luis pelo apoio e compreensão na continuidade e finalização deste projeto e por nesse período ter sido pai e mãe dos nossos filhos. Agradeço aos meus queridos e abençoados filhos Thales e Pablo pela compreensão de deixamos de estar juntos por tantas horas, mas que com certeza serão recompensadas em dobro. Aos meus pais, pela construção dos meus valores e principalmente por todo suporte a agrados oferecidos pela minha mãe durante essa jornada. Aos colegas e professores do curso de Mestrado da Fundação Instituto Capixaba de Pesquisas em Contabilidade, Economia e Finanças, pelo crescimento, ajuda e esforço para que eu pudesse realizar este projeto. Ao meu professor orientador, Dr. Emerson, que me ensinou a ser mestre e me fez acreditar que este projeto poderia ser alcançado em tão pouco tempo. “Cuidar do planeta é acreditar no futuro da humanidade; quem ama cuida” Tatiana Azevedo Yeh RESUMO O objetivo deste trabalho foi comparar a associação das variáveis atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores externos e comportamento verde com o Comportamento de Consumo Ecologicamente Consciente (CCEC) de brasileiros e chineses. A metodologia escolhida foi a de pesquisa quantitativa e descritiva, com coleta de dados por meio de questionário adaptado do estudo de Zhao et al. (2014). A amostra contou com a participação de 1149 brasileiros e 632 chineses e utilizou-se, como métodos de análise, a estatística descritiva, o teste t e a regressão linear múltipla. Após as análises, identificou-se que, mesmo em países com culturas diferentes, o comportamento verde e os motivadores externos parecem estar diretamente associados ao CCEC. Além dessas duas variáveis, a eficácia percebida de consumo foi identificada como significativa para o CCEC dos brasileiros, e a preocupação ambiental foi identificada como significativa para o CCEC dos chineses. Tais resultados contribuem para o aumento do CCEC nesses países por meio de campanhas governamentais ou empresariais. Além disso, identificou-se que a realização de comportamentos verdes favorece a CCEC, de forma que se sugere estimular comportamentos verdes por meio de variadas ações. Palavras-chave: Comportamento verde. eficácia percebida preocupação ambiental. motivadores externos. atitude verde. de consumo. ABSTRACT The aim of this study was to compare the association of variables green attitude, perceived effectiveness of consumer, environmental concern, external motivators and green behavior with the Environmentally Conscious Consumer Behavior (ECCB) of Brazilian and Chinese. The chosen methodology was quantitative and descriptive research, with data collection through questionnaire adapted from the study of Zhao et al. (2014). The sample was attended of 1149 Brazilians and 632 Chinese. Used as analytical methods, descriptive statistics, Test t and multiple linear regression. By means of regression results, we found that even in countries with different cultures, green behavior and external motivators appear to be directly associated with the EECB. In addition to these two variables, it was identified the perceived effectiveness of consumer is significant to EECB of Brazilians and environmental concerns was identified as significant to the EECB of Chinese. These results contribute to increasing the EECB in these countries through government or corporate campaigns. Furthermore, the performance of green behavior founded as a way to favors EECB, so is suggest stimulate green behaviors through various actions. Keywords: green behavior, perceived effectiveness of consumer, environmental concern, external motivators, green attitudes. LISTA DE TABELAS Tabela 1: Estatística descritiva da amostra Brasil......................................................32 Tabela 2: Estatística descritiva da amostra China.....................................................36 Tabela 3: Comparação de médias com valor-p < 0,05..............................................39 Tabela 4: Análise descritiva dos comportamentos verde...........................................43 Tabela 5: Modelo obtido na regressão linear múltipla – variável dependente CCEC – Brasil...........................................................................................................................45 Tabela 6: Coeficientes estimados da variável dependente CCEC – Brasil................46 Tabela 7: Modelo obtido na regressão linear múltipla – variável dependente CCEC – China..........................................................................................................................49 Tabela 8: Coeficientes estimados da variável dependente CCEC – China...............49 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 10 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 14 2.1 COMPORTAMENTO DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE CONSCIENTE CCEC ........................................................................................................................ 14 2.2 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL ........................................................................... 15 2.3 MOTIVADORES EXTERNOS ............................................................................. 16 2.4 EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO (EPC) .................................................. 18 2.5 ATITUDE VERDE ................................................................................................ 19 2.6 COMPORTAMENTO VERDE ............................................................................. 20 2.7 MODELO PROPOSTO........................................................................................ 23 3 METODOLOGIA DE PESQUISA ........................................................................... 26 4 ANÁLISE DOS DADOS ......................................................................................... 30 4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS AMOSTRAS ............................................. 30 4.1.1 Estatística descritiva da amostra Brasil ................................................ 30 4.1.2 Estatística descritiva da amostra China ................................................ 34 4.2 COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE CADA VARIÁVEL ENTRE A AMOSTRA BRASIL E A AMOSTRA CHINA ................................................................................ 38 4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA ..................................................................... 44 4.3.1 Regressão linear múltipla – Brasil ......................................................... 45 4.3.2 Regressão linear múltipla – China ......................................................... 48 4.3.3 Comparação das regressões – Brasil x China ...................................... 51 5. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 57 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 60 APÊNDICE - 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO NO BRASIL ................................... 66 APÊNDICE - 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO NA CHINA ..................................... 70 Capítulo 1 1. INTRODUÇÃO Nos anos 70, houve uma expansão nos estudos sobre o escopo de marketing, que culminou com o surgimento de uma área do marketing voltada especificamente para fins sociais. Nessa área, uma das preocupações de maior destaque foi o meio ambiente, importante para atender às necessidades e desejos do consumidor em longo prazo (HUNT, 1976; PROTHERO, 1990). Foi o início do marketing verde, que naquela época dava ênfase a soluções políticas na resolução dos problemas ambientais e dos males sociais (ROBERTS, 1996; PEATTIE, 2010). Mas foi na década de 90 que um novo ciclo de estudos sobre as questões ecológicas ressurgiu. As questões ambientais estavam em voga, ocasionada em parte pelo aumento da exposição na mídia de programas referentes à degradação e desastres ambientais (ROBERTS, 1996; PEATTIE, 2010). Muitos consumidores se consideravam, na época, responsáveis pelas soluções dos problemas ambientais e diziam-se dispostos a mudarem seu comportamento e até pagarem mais caro por um produto verde. Tal cenário levou à adoção pelas empresas do marketing orientado ambientalmente, como forma de atender à necessidade dos clientes por produtos verdes e, ao mesmo tempo, agregar valor para a empresa (LAROCHE et al., 1996; ROBERTS, 1996). Isso levou ao aumento de pesquisas relacionadas ao Comportamento de Consumo Ecologicamente Consciente (CCEC), que desde então, têm atestado diversas variáveis (renda, idade, preocupação ambiental, conhecimento, valor percebido, cultura, atendimento das necessidades individuais frente às coletivas, status, estilo de vida, valores, disponibilidade de produtos verdes, custo dos 11 produtos verdes, dentre outras) (LAROCHE et al., 1996; ROBERTS; BACON, 1997; LAROCHE et al., 2002; CHEN; CHANG, 2013; KHARE et al., 2013; ZHAO et al., 2014). Assim, o objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses. Entenda-se aqui CCEC como comportamentos de consumo que levam em consideração a proteção do meio ambiente (comportamentos verdes) e que podem ser efetivados de diversas maneiras: atividades de conservação dos recursos naturais, como energia ou água; compra de produtos verdes; atividades de reuso ou reciclagem; escolha de embalagens recicladas. (PAÇO et al., 2013; LIN; HSU, 2013; ZHAO et al., 2014). Tanto fatores externos (custo e disponibilidade de produtos verdes, campanhas ambientais) quanto internos ao indivíduo (conhecimento, preocupação ambiental, valores) foram relacionados ao CCEC, ainda que em diferentes níveis de importância (CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002; ZHAO et al., 2014; LAGES; NETO, 2002; CHANG, 2011; RITTER et al., 2014; CARLSON et al., 1993). Mas cabe destacar que não basta a facilidade de encontrar produtos verdes para se realizar um CCEC; o consumidor deve perceber que ao comprar tal produto ele realmente contribuirá com o meio ambiente. Essa percepção é denominada de eficácia percebida de consumo (EPC). (GERSHOFF; FRELS, 2015; CHEN; CHANG, 2013; CARLSON et al., 1993). Quanto aos fatores internos, identificou-se que pessoas que realizem CCEC têm alto nível de preocupação ambiental. Preocupa-se ambientalmente uma pessoa a qual acredita que suas ações individuais fazem diferença na solução dos 12 problemas ambientais globais (AKEHURST et al., 2012). Além disso, apesar de muitos estudos identificarem alto nível de atitude verde para a realização de CCEC (propensão a se realizar um comportamento verde), não foi identificado o mesmo alto nível de realização do respectivo comportamento verde. Tal descompasso é chamado de gap entre atitude verde e comportamento verde (ZABKAR; HOSTA, 2013; LAROCHE et al., 1996; ZHAO et al., 2014; LAROCHE et al., 2002). Além dos fatores internos e externos, as diferenças culturais foram identificadas como importantes para entender o CCEC, mas poucos estudos foram realizados em países emergentes (ARBUTHNOT; LINGG, 1975; CHAN, 2001; CARRETE et al., 2012). Diante de tal contexto, esta pesquisa busca contribuir para a academia ao realizar um estudo comparativo entre dois países emergentes, mas com diferenças culturais relevantes, como a China e o Brasil (ARBUTHNOT; LINGG, 1975; CHAN, 2001; CARRETE et al., 2012; ZHAO et al, 2014; PEATTIE, 2010) Entender os fatores associados ao CCEC que afetam positivamente ou negativamente tal comportamento pode contribuir no desenvolvimento de políticas governamentais e empresariais que busquem não apenas estimular fatores positivos, mas também mitigar os efeitos dos fatores negativos, de forma a aumentar o CCEC (CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002). O entendimento dessa relação pode mostrar-se relevante para o desenvolvimento de práticas de marketing verde que efetivamente possam estimular o CCEC, tarefa que hoje em dia continua sendo difícil de alcançar (ZABKAR; HOSTA, 2013). Estruturalmente, este trabalho apresenta daqui: revisão de estudos que abordaram as variáveis estudadas: preocupação ambiental, motivadores externos, eficácia percebida de consumo, atitude verde e comportamento verde. Em seguida, a metodologia de pesquisa quantitativa descritiva utilizada e posterior análise dos 13 dados: estatística descritiva de cada amostra, teste t para comparação das amostras e regressão linear multivariada. E, por fim, são apresentadas as conclusões sobre as diferenças de CCEC entre a China e o Brasil. Capítulo 2 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 COMPORTAMENTO CONSCIENTE - CCEC DE CONSUMO ECOLOGICAMENTE Mesmo com a evolução acadêmica de pesquisas que buscaram relacionar os fatores internos ou externos que afetam o CCEC (preocupação ambiental, EPC, atitude verde, valores, campanhas verdes, estilo de vida, disponibilidade de produtos verdes) e de diversos estudos conseguirem identificar variáveis que estão relacionadas positivamente com o CCEC, o paradoxo de uma atitude verde não resultar em comportamento de consumo verde ainda não foi totalmente explicado (GRUBER; SCHLEGELMILCH, 2014; STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ZABKAR; HOSTA, 2013; LAROCHE et al., 1996; PAÇO et al., 2013; YOUNG et al., 2010; ZHAO et al., 2014). Buscar maior entendimento dos fatores que afetam o CCEC é base para o desenvolvimento de mensagens promocionais que sejam mais efetivas ao estimular o CCEC. Desde mensagens empresariais que busquem promover o CCEC individual (PRAKASH, 2002) até mensagens governamentais que busquem promover o CCEC coletivo (ARBUTHNOT; LINGG, 1975). Pelos diversos estudos analisados (GRUBER; SCHLEGELMILCH, 2014; STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ZABKAR; HOSTA, 2013; LAROCHE et al., 1996; PAÇO et al., 2013; YOUNG et al., 2010; ZHAO et al., 2014, ROBERTS; BACON, 1997; MINTON; ROSE, 1997; PINTO et al., 2011) espera-se que para realizar um CCEC a pessoa tenha alto nível de preocupação ambiental, tenha disponibilidade de produtos verdes para compra (motivador externo), seja informado dos seus benefícios para o meio ambiente (motivador externo), perceba que aquele produto 15 realmente colabora com o meio ambiente (EPC), tenha disposição para comprar comprá-lo (atitude verde) e finalmente realize a compra de um produto verde (comportamento verde). Considerando isso, as variáveis associadas ao CCEC analisadas neste estudo foram: preocupação ambiental, motivadores externos, eficácia percebida de consumo, atitude verde e comportamento verde. 2.2 PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL Assim, a primeira variável que pode ser associada ao CCEC é a preocupação ambiental, que, conforme citado anteriormente, representa a preocupação de que suas ações são relevantes para a solução dos problemas ambientais (AKEHURST et al., 2012). O conhecimento foi identificado como uma forma de aumentar o nível da preocupação ambiental, conforme estudo de Roberts e Bacon (1997), já que foi identificado, por eles, como o mais importante predecessor da preocupação ambiental. Outro fator identificado como importante para o aumento da preocupação ambiental é a exposição direta ao problema causado por alguma questão ambiental, como problemas de saúde causados pela poluição (LAGES; NETO, 2002). Apesar de diversos estudos identificarem a preocupação ambiental como fator positivo para a realização de CCEC (ROBERTS, 1996; STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ALBAYRAK et al., 2013), a significância estatística dessa relação apresentouse baixa ou moderada. Uma das causas dessa baixa significância apontada por Straughane Roberts (1999) é que pode ser mais significativo ao consumidor acreditar nas suas percepções sobre o quanto aquele produto realmente colabora com o meio ambiente (EPC) do que simplesmente preocupar-se com o meio ambiente. 16 Outro fator que afeta negativamente a preocupação ambiental, e que corrobora com a primeira, é o ceticismo, que representa a falta de confiança nas informações sobre os benefícios de um produto verde ou a descrença nas informações sobre os malefícios causados por algum tipo de comportamento não verde (KAUFMAN, 2013; CARRETE et al., 2012; ALBAYRAK et al., 2013; MATTES; WONNEBERGER, 2014; AKEHURST et al., 2012). Albayrak et al. (2013), em seu estudo, encontraram que o ceticismo diminui a significância da preocupação ambiental para o CCEC em 7,29%, em pessoas com alta preocupação ambiental e baixo ceticismo (ambientalistas). Mas ainda que haja fatores que possam diminuir a significância da preocupação ambiental para o CCEC, ela foi em geral associada positivamente ao CCEC, de forma que a preocupação ambiental é a base da primeira hipótese: H1a: Preocupação ambiental dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H1b: Preocupação ambiental dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. 2.3 MOTIVADORES EXTERNOS Motivadores externos podem ser entendidos como fatores externos ao indivíduo que podem facilitar ou não dificultar a realização de CCEC, por exemplo, campanhas ou incentivos governamentais, campanhas empresariais de produtos verdes e a facilidade de encontrar produtos ou serviços verdes (RITTER et al., 2014; GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011; CHAN et al., 2008; TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). Ritter et al. (2014), em estudo sobre as motivações para a compra de produtos verdes realizada no Brasil, identificaram que os consumidores verdes buscam por meio de campanhas melhor entendimento 17 sobre os benefícios que os produtos verdes oferecem. E Suresh (2014) citou a importância do governo na padronização da classificação de produtos verdes com o objetivo de facilitar o seu reconhecimento pelos consumidores. Diversos estudos buscaram identificar formas mais efetivas de se realizar campanhas verdes para estimular o CCEC (GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011; CHAN et al., 2008 TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). Green e Peloza (2014) identificaram que, para aumentar a eficácia das campanhas verdes, deve-se evidenciar ao consumidor, por exemplo, na compra de um carro movido a hidrogênio, tanto o benefício coletivo de ser ambientalmente correto e bom para a sociedade como um todo quanto o benefício individual de economia financeira pelo seu menor custo de deslocamento. Já Chang (2011) identificou que consumidores verdes, quando percebem campanhas de produtos verdes com alto apelo ecológico, desconfiam das empresas, são céticos quanto às informações passadas. Além da análise das campanhas verdes como motivadores externos, deve-se analisar também analisar a disponibilidade de produtos verdes. Sua falta favorece o aumento do gap entre uma atitude verde e a realização do respectivo comportamento verde (conforme explicado), afinal o consumidor pode ter altíssima disposição em comprar um produto verde, mas se o produto verde não estiver disponível, tal comportamento não terá como ser realizado. Ademais, segundo estudo de Young et al. (2010), o ideal é que se tenha mais de uma opção de produtos verdes para que tal variedade possa oferecer os diferentes tipos de opções que os produtos não verdes também oferecem, de maneira que quando uma pessoa realiza as etapas de escolha de um produto, como nas etapas de comparação de preço e qualidade,tais atributos possam ser oferecidos igualmente pelos produtos verdes e não verdes, tendo o atributo de ser 18 verde um benefício adicional que favorecerá sua escolha (YOUNG et al., 2010; CHANG, 2011; SURESH, 2014). Considerando a importância das campanhas empresariais e governamentais e a importância da disponibilidade dos produtos verdes para a realização do CCEC, desenvolveu-se a segunda hipótese: H2a: Motivadores externos dos brasileiros são positivamente associados ao seu CCEC. H2b: Motivadores externos dos chineses são positivamente associados ao seu CCEC. 2.4 EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO (EPC) Uma variável já muito identificada como importante para o CCEC é a EPC (STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; CHEN; CHANG, 2013; AKEHURST et al., 2012; ANTONETTI; MAKLAN, 2013). Este conceito representa a percepção do consumidor do quanto o seu comportamento de consumo vai favorecer positivamente ou menos agredir o meio ambiente (GERSHOFF; FRELS, 2015). Apesar de produtos verdes terem componentes favoráveis ao meio ambiente de alguma forma, consumidores não percebem muitos produtos como produtos verdes (GERSHOFF; FRELS, 2015). Identificar a percepção dos consumidores de que, ao realizar algum tipo de comportamento verde, pode colaborar com o meio ambiente, favorece o entendimento do CCEC (GERSHOFF; FRELS, 2015). Segundo Chen e Chang (2013), as empresas devem buscar o aumento da EPC informando melhor os consumidores sobre os benefícios dos seus produtos verdes para o meio ambiente. Além disso, a veracidade das informações apresentadas pelas empresas é condição necessária para evitar a desconfiança dos consumidores, que podem perder a fé nos produtos verdes (CHEN; CHANG, 2013; 19 CARLSON et al., 1993). Carrete et al. (2012) identificaram que há consumidores que desconfiam do governo e/ou de empresas que dizem ser amigas do meio ambiente, pois os percebem como sendo distribuidores de injustiças sociais e de degradação ambiental. Straughan e Roberts (1999) identificaram que a eficácia percebida de consumo (EPC) afeta positivamente o CCEC. Em seu estudo, ao considerar variáveis demográficas, os autores explicaram 6% do comportamento verde de consumo ecologicamente consciente, e, ao incluir a variável EPC em seu modelo, conseguiram explicar que 45% das variáveis demográficas, somadas à eficácia percebida de consumo, afetam positivamente o comportamento de consumo ecologicamente consciente. Akehurst et al. (2012) e Antonetti e Maklan (2013) também confirmaram a alta relevância da EPC para o CCEC. Diante da importância da EPC, formula-se a terceira hipótese desse estudo: H3a: EPC dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H3b: EPC dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. 2.5 ATITUDE VERDE A atitude verde representa a vontade de se realizar um comportamento verde; dizer que uma pessoa tem alta disposição de realizar um comportamento verde é dizer que ela tem alta atitude verde. A alta importância da atitude verde para o CCEC já foi apontada em diversos estudos (LAROCHE et al., 1996; LAROCHE et al., 2002; ARBUTHNOT; LINGG, 1975), e o que se busca atualmente é aprofundar o conhecimento acerca dos motivadores que tornem a atitude verde um comportamento verde (diminua o gap entre atitude verde e comportamento verde) 20 (ZABKAR; HOSTA, 2013; KIM, 2011; ZHAO et al., 2014; PAÇO et al., 2013; RITTER et al., 2014). Zabkar e Hosta (2013), ao analisarem a relação entre atitude verde e CCEC, identificaram que os consumidores realizam comportamentos verdes com mais facilidade quando associam tal atitude verde a algum tipo de status social (norma social). E Paço et al. (2013) demonstraram que consumidores preocupados com o futuro das novas gerações ou com valores sociais têm maior nível de atitude verde e respectivo comportamento verde. Chan (2011) identificou que por meio do conhecimento podem-se aumentar as atitudes verdes, e Tseng e Hung (2013) identificaram consumidores que mesmo com alta atitude verde de compra não percebiam todos os benefícios dos produtos verdes que estavam propensos a comprar. Mas Lages e Neto (2002) e Zhao et al. (2014) identificaram a atitude verde como a variável significativa apenas para a realização de comportamento verde de compra, não tendo identificado relação significativa com o comportamento verde de uso ou de reciclagem. Ainda assim, a atitude verde é aqui considerada como um fator que pode afetar o CCEC, elaborando-se a quarta hipótese: H4a: Atitude verde dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H4b: Atitude verde dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. 2.6 COMPORTAMENTO VERDE Em geral, categoriza-se o comportamento verde em três tipos: uso/reúso, compra e reciclagem (ZHAO et al., 2014). O comportamento do consumidor verde para reciclagem refere-se, por exemplo, à separação e destinação de garrafas PET a centros de coleta ou reciclagem. Os benefícios para a reciclagem de garrafas PET 21 são, entre outros: a diminuição do lixo sólido; menor gasto de energia, de emissão de poluentes e de poluição da água ao reusar do que fabricar (COELHO et al., 2011). Coelho et al. (2011) detectaram que apenas 54,8% das garrafas PET utilizadas no Brasil são recicladas efetivamente, e relacionou essa baixa taxa de reciclagem à falta de regulação governamental. O sistema de reciclagem no Brasil é realizado por sistemas informais (cooperativas ou pessoas autônomas) ou centros de coletas privados, similares aos encontrados na China (COELHO et al., 2011; ZHANG; WEN, 2014; NASCIMENTO et al., 2010). Apesar de a reciclagem não ser realizada pelo Governo em nenhum desses dois países, desde 2006, o governo da cidade de Beijing instituiu um plano piloto formal com a inauguração de 4400 pequenos centros de coletas de compra de recicláveis como forma de facilitar e incentivar a reciclagem de resíduos (ZHANG; WEN, 2014). Com relação ao comportamento verde de uso/reúso, pode-se citar a questão do uso de sacolas plásticas, que aumentam o volume de lixo e poluem a água, a terra e o ar (ASMUNI et al., 2015), como as garrafas plásticas (ZHANG; WEN, 2014). Em estudo realizado na Argentina, identificou-se que a adesão ao programa de cobrar pelo uso das sacolas plásticas nos supermercados, favoreceu a diminuição do uso de sacolas plásticas (JAKOVCEVIC et al., 2014). No estudo realizado na China por Chan et al. (2008), identificou-se alta intenção dos chineses em trazer suas próprias sacolas de casa ao irem ao supermercado. E Todorovic Fabro et al. (2007) identificaram que a baixa adesão dos brasileiros por esse sistema é a falta de conhecimento. Outro comportamento verde importante referente ao uso é a forma de uso do recurso água. O reúso da água é reconhecido como importante estratégia para 22 diminuição do desperdício de água e consequente manutenção do equilíbrio ambiental, contudo estudos realizados em países desenvolvidos identificaram que a taxa de reúso da água é baixa (ALMEIDA et al., 2010; FONSECA DA CRUZ; DUCA SILVA, 2015). Brasileiros relataram alta intenção (atitude verde) de tentar reduzir o uso da água, de plásticos, produtos químicos, óleo e energia (RITTER et al., 2014). E foram identificados como sendo mais afetados por normas sociais (valores coletivos, como o status social) do que por normas pessoais (valores pessoais) na realização de hábitos de redução de consumo de água (PINTO et al., 2011). Referente ao comportamento verde de compra, Tseng e Hung (2013) identificaram um gap entre a realidade e a percepção dos consumidores sobre os benefícios dos produtos verdes. Consumidores com atitude verde de compra perceberam menos benefícios do que os produtos verdes realmente ofereciam (TSENG; HUNG, 2013). Além disso, o alto preço e a baixa qualidade de produtos verdes foram identificados como barreiras para a realização do comportamento verde de compra (REBOUÇAS et al., 2013), salvo para consumidores que já compram produtos verdes, cujo preço e qualidade foram identificados como pouco relevantes (RITTER et al., 2014). Ademais, produtos verdes que geram algum retorno financeiro foram identificados como os mais efetivos para o desenvolvimento do mercado verde (KAUFMAN, 2013). Rebouças et al. (2013) identificaram que diferentes países realizam diferentes tipos de CCEC, ao verificarem disparidade entre amostras coletadas no Brasil e Canadá. Em tal estudo, foi constatado que o consumidor canadense possui mais CCEC que o brasileiro e constatou-se também maior relação positiva entre atitude verde e ação. Outros estudos comparativos identificaram que culturas diferentes levam a diferentes comportamentos verde de consumo (ARBUTHNOT; LINGG, 23 1975; LAROCHE et al., 2002).Como este estudo analisa duas amostras de culturas diferentes, Brasil e China, espera-se com a hipótese cinco verificar a associação entre comportamento verde e CCEC em ambas as culturas. Assim sendo: H5a: Comportamento verde dos brasileiros é positivamente associado ao seu CCEC. H5b: Comportamento verde dos chineses é positivamente associado ao seu CCEC. 2.7 MODELO PROPOSTO Na busca da identificação dos fatores associados ao comportamento de consumo ecologicamente consciente (CCEC), desenvolveu-se um modelo para este estudo, conforme mostrado na Figura 1. Figura 1 – Modelo proposto pelo autor de possíveis fatores que afetam o CCEC. Fonte: Elaboração própria. Este modelo foi inspirado na pesquisa de Zhao et al. (2014), conforme figura 2, realizada na província de Qingdao, na China, por meio de questionamento direto a 500 respondentes. Os autores propuseram um modelo teórico de comportamento de consumo verde e estudaram os efeitos das influências pessoais, das atitudes verdes e dos motivadores externos e internos para o comportamento de consumo verde. 24 Eles avaliaram em separado as diferenças significativas desses fatores nos três tipos de ações que representaram tal comportamento (compra, uso e reciclagem), por meio de análises de correlação e regressão. Figura 2 – Modelo proposto por Zhao et. al. (2014) sobre os possíveis fatores de influência do CCEC. Fonte: Zhao et al.(2014, p.144) O questionário original de Zhao et al. (2014) foi dividido em três sessões, conforme Quadro 1, além da solicitação de informação sobre gênero, idade, nível educacional, ocupação e renda familiar. Explicando o questionário de Zhao et al. (2014), na primeira sessão, buscou-se identificar o quanto as pessoas têm conhecimento sobre problemas ambientais e produtos verdes. Nessa sessão, foram apresentadas 8 questões de múltipla escolha. Na segunda sessão, Zhao et al. (2014) utilizaram a escala de Likert de 1 a 5, sendo 1 - discordo totalmente a 5 concordo totalmente. Essa segunda parte buscou analisar se EPC, atitude verde, preocupação ambiental e moderadores externos afetam o comportamento de consumo verde. Na terceira sessão, os autores buscaram identificar três tipos de comportamento de consumo verde: uso (1 - o uso de produtos descartáveis, 4 reúso de sacolas plásticas ou de papel e 5 - reúso da água), compra (2 - compra de lâmpadas econômicas e 3 - compra de eletrodomésticos mais econômicos) e reciclagem (6 – reciclagem). Com relação ao estudo realizado aqui, no questionário utilizado, excluiu-se a primeira sessão sobre o construto conhecimento e as 25 informações sobre nível educacional, ocupação e renda familiar, e utilizou-se apenas as outras duas sessões como meio para medir os construtos antecedentes ao CCEC (figura 1). SESSÃO I Conhecimento Verde 1 A definição de consumo verde: (1) Compra mundial de recursos para promover a circulação de recursos (2) Compra de produtos feitos por plantas industriais verdes (3) Compra de produtos de países subdesenvolvidos (4) Compra de produtos com baixo índice poluidor, menor custo de recursos, produtos recicláveis. 2 Reconheça o símbolo de certificação de produtos verdes (5 símbolos chineses são apresentados). 3 Quais problemas o CO² causa? (1) Aquecimento Global (2) Maré Vermelha (3) Chuva ácida (4) Diminuição da camada de ozônio 4 Proibição de detergente fosfatado é para prevenir: (1) Aquecimento Global (2) Maré Vermelha (3) Chuva ácida (4) Diminuição da camada de ozônio 5 Lâmpadas econômicas economizam mais energia que lâmpadas comuns em: (1) 10% (2) 30% (3) 50% (4) 70% 6 O principal objetivo da classificação do lixo é: (1) Prevenir proliferação de mosquitos (2) Reduzir o trabalho da limpeza (3) Reciclar e Reusar (4) Aumentar a renda pela venda de produtos reciclados 7 A temperatura do ar-condicionado no verão para prédios públicos não pode ser menor que: (1) 26º (2) 25º (3) 23º (4) 20º 8 A energia consumida por PIB no 11º ano em comparação ao ano 15º ano deve diminuir em: (1) 10% (2) 15% (3) 20% (4) 25% SESSÃO II Eficácia Percebida pelo consumo 1 Eu não posso fazer nada para ajudar no controle da poluição do meio ambiente. (R) 2 Meu comportamento pode ter efeito positivo ao meio ambiente ao comprar produtos verdes ou ecológicos. Atitudes 1 É mais conveniente comprar aparelhos do que repará-los. (R) 2 Os recursos consumidos por mim mesmo são poucos e não causam qualquer poluição para o meio ambiente. (R) 3 Não é preciso persuadir os outros para se envolverem com comportamento verde. (R) 4 É muito importante centralizar esforços na economia de água e energia de uso doméstico. 5 É muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde (ou ecológico). 6 Eu apoio o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”. Preocupação Ambiental 1 O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de ser perturbado. 2 A humanidade está abusando severamente do meio ambiente. 3 Todas as questões pertinentes à poluição me deixam desconfortáveis. Moderadores Externos 1 As campanhas publicitárias de produtos verdes têm efeito sobre minhas compras. 2 As campanhas do governo me induzem a me preocupar com o meio ambiente. 3 Eu acho facilmente produtos verdes para comprar. SESSÃO III Comportamento de consumo verde 1 Eu sempre uso produtos descartáveis. (R) 2 Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para poupar energia. 3 Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de energia. 4 Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão. 5 Eu sempre reúso água. 6 Eu sempre vendo/destino garrafas plásticas para o centro de reciclagem. Quadro 1: Questionário utilizado por Zhao et al. (2014) - Obs: as respostas da primeira sessão estão em itálico e em negrito. As perguntas invertidas estão identificadas com (R). Fonte: Zhao et al. (2014, p.144). Capítulo 3 3 METODOLOGIA DE PESQUISA Uma vez que o objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses, o método de pesquisa escolhido foi de caráter descritivo e quantitativo, com corte transversal. Duas populações foram estudadas, uma no Brasil e outra na China, e qualquer indivíduo estaria apto a participar, desde que residisse e consumisse no país (HAIR et al., 2005). Assim, as populações desta pesquisa representam, em número absoluto, a população com potencial de consumo em cada país. No Brasil, a amostra foi composta por 1149 respondentes, dos quais 195 foram alcançados por meio de e-mail, e o restante, por meio de rede social global. Na China, a amostra foi composta por 632 respondentes, dos quais 53 foram alcançados por meio de e-mail, e o restante, por meio de formulário impresso. Esse tipo de amostragem classifica-se por ser não probabilística por acessibilidade e conveniência. A coleta de dados foi realizada no Brasil mediante questionário eletrônico de autor resposta e na China por meio de formulário impresso. E foi realizada entre fevereiro e maio de 2015 (HAIR et al., 2005). A ferramenta utilizada para a coleta de dados foi baseada no questionário de Zhao et al. (2014) adaptado à realidade do Brasil e a da China. Foi preservado o modelo de respostas baseado na escala de Likert de 1 (discordo totalmente) a 5 (concordo totalmente). 27 O questionário aplicado nesta pesquisa foi composto por 21 afirmativas, conforme Quadro 1. A primeira afirmativa pedia a autoavaliação do respondente sobre seu próprio CCEC (que foi utilizada neste estudo como a variável dependente). A afirmação era “Eu me considero um consumidor ecologicamente consciente”, acompanhado de uma escala de concordância. As demais 20 afirmativas foram divididas nos construtos eficácia percebida de consumo (PEM), atitude verde (AM), preocupação ambiental (PRM), comportamento verde (CM) e motivadores externos (MEM) (mesmas afirmações dos construtos citados no Quadro 1). Também foi solicitado que a pessoa informasse o seu gênero, a sua idade (considerou-se apenas acima de 18 anos) e o país onde reside (questão de controle, pois caso surgissem respostas de outros países, elas seriam excluídas da amostra). Para facilitar o entendimento referente aos construtos, segue quadro 2 com apresentação das definições de cada construto, bem como seus respectivos códigos usados nas tabelas de resultados. Código do Construto Construto Definição do Construto PRM Preocupação Representa a preocupação de que suas ações são relevantes para a solução dos problemas ambientais (AKEHURST et al., 2012). Ambiental MEM Motivadores Fatores externos ao indivíduo que podem facilitar ou não dificultar a realização de CCEC, como campanhas ou incentivos governamentais, campanhas empresariais de produtos verdes e a facilidade de encontrar produtos ou serviços verdes (RITTER et al., 2014; GREEN; PELOZA, 2014; CHANG, 2011; CHAN et al., 2008; TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). Externos PEM AM Eficácia Percebida Consumo Atitude Verde de Representa a percepção do consumidor do quanto o seu comportamento de consumo vai favorecer positivamente ou agredir menos o meio ambiente (GERSHOFF; FRELS, 2015). Representa a vontade de se realizar um comportamento verde; dizer que uma pessoa tem alta disposição de realizar um comportamento verde, é dizer que ela tem alta atitude verde (LAROCHE et al., 1996; LAROCHE et al., 2002; ARBUTHNOT; LINGG, 1975). 28 CM Comportamento Verde Em geral, categoriza-se o comportamento verde em três tipos: uso/reúso, compra e reciclagem (ZHAO et al., 2014). Quadro 2: Resumo dos Construtos Fonte: Elaboração própria. As afirmativas do construto EPC buscam identificar o quanto as pessoas percebem que suas ações individuais podem colaborar para soluções dos problemas ambientais coletivos. A afirmativa “Eu não posso fazer nada para ajudar no controle da poluição do meio ambiente”. (R), é uma afirmativa que está invertida, portanto, na análise dos dados, inverteu-se o resultado para não comprometer a média do construto. O mesmo foi feito em todas as afirmações invertidas. Inversões também são encontradas nas afirmativas 1, 2 e 3 do construto atitude verde. As afirmativas desse construto buscam identificar o quão dispostas as pessoas estão para a realização do CCEC, mesmo que elas não realizem tal comportamento verde relacionado. Por exemplo, uma pessoa pode responder que concorda totalmente com o item 5 do construto, de que é muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde, mas não necessariamente ela seja uma pessoa que aja e colabore com tal comportamento verde. As afirmativas do construto preocupação ambiental busca identificar o quanto as pessoas estão preocupadas com o equilíbrio da natureza, poluição e outros problemas ambientais. O quanto elas percebem ou se incomodam com tais problemas. Diferente dos outros construtos, o construto comportamento verde são as próprias ações verdes do indivíduo. As afirmativas buscam identificar o quanto as 29 pessoas estão realmente realizando um comportamento de consumo verde, seja no uso dos recursos naturais, na compra de produtos verdes ou na reciclagem. As questões 1, 4 e 5 referem-se ao uso/reúso: se as pessoas têm hábitos de economia de água, de menor uso de produtos descartáveis ou reutilização de sacolas; ou seja, se as pessoas no seu dia a dia têm hábitos de economia de recursos. As questões 2 e 3 referem-se à compra: se a pessoa tem hábitos de compra de produtos verdes. Nesse estudo, isso foi evidenciado pela compra de produtos com maior eficiência energética, que busquem economizar energia. A última questão refere-se à reciclagem: se a pessoa tem hábito de reciclar produtos. Aqui se considerou apenas a questão de as pessoas separarem o seu lixo, de forma que as garrafas PET sejam destinadas a centros de reciclagem. No último construto, motivadores externos, buscou-se identificar a disponibilidade dos produtos verdes para as pessoas e os efeitos das campanhas verdes, tanto com relação às campanhas governamentais quanto com relação às campanhas privadas. Após tradução do questionário originalmente em inglês para o português e para o chinês, realizaram-se as adaptações necessárias a cada país e realizou-se a aplicação de um pré-teste com 15 brasileiros e 12 chineses para validação do questionário. Uma vez validado, no Brasil aplicou-se o formulário eletrônico, e na China realizou-se a sua impressão. O questionário aplicado em cada país encontra-se no apêndice 1 e 2. Utilizaram-se três técnicas de análise dos dados. Primeiro, a análise das estatísticas descritivas dos dados. Em segundo, utilizou-se o teste t para comparação das amostras. Por fim, utilizou-se a regressão linear múltipla em cada amostra, cuja variável dependente foi o CCEC, e as variáveis independentes foram as médias obtidas em cada construto (média por respondente das respostas das 30 variáveis de cada construto). Reforça-se que as respostas das afirmativas com sentido contrário foram invertidas para não prejudicar as médias dos construtos. Capítulo 4 4 ANÁLISE DOS DADOS Apresentam-se nesta sessão os resultados dos três métodos estatísticos utilizados. A análise da estatística descritiva (médias e desvio padrão) de cada país; a análise da estatística comparativa dos dois países (teste t); e a regressão linear múltipla de cada amostra. 4.1 ESTATÍSTICAS DESCRITIVAS DAS AMOSTRAS As estatísticas descritivas de ambas as amostras estão apresentadas na tabela 1 e na tabela 2, que representam as percepções médias dos respondentes brasileiros e chineses, respectivamente. A análise descritiva de cada amostra é realizada na seqüência. 4.1.1 Estatística descritiva da amostra Brasil Identifica-se pela Tabela 1 a percepção média da amostra brasileira com relação aos construtos analisados. Percebe-se que os brasileiros, apesar de terem alta percepção de que suas ações individuais de comportamento verde podem ajudar o meio ambiente (PEM, M=4,16), moderado nível de preocupação ambiental (PRM, M=3,83) e de atitude verde (AM, M=3,73) para o comportamento verde, ainda são médios realizadores de CCEC (CCEC, M=3,11). Com relação à uniformidade da amostra brasileira, pode-se notar que os construtos atitude verde (AM, DP=0,62) e comportamento verde (CM, DP=0,64) tiveram respostas com um maior nível de 31 consenso, enquanto as respostas dos construtos CCEC (CCEC, DP=1,04) e EPC (PEM, DP=0,88) foram as que obtiveram menor consenso. TABELA 1: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA BRASIL Código A1 A2 A3 A4 A5 A6 AM PR1 PR2 PR3 PRM PE1 PE2 PEM ME1 ME2 ME3 MEM C1 C2 C3 Afirmativas É mais conveniente comprar novos eletrodomésticos do que repará-los (INVERTIDA). Os recursos consumidos por mim mesmo são poucos e não causarão nenhuma poluição ao meio ambiente (INVERTIDA). Não é necessário convencer as pessoas para que se envolvam com o comportamento ecológico (INVERTIDA). É muito importante centralizar esforços na economia de água e energia de uso doméstico. É muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde (ou ecológico). Eu apoio o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”. CONSTRUTO ATITUDE VERDE O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de ser perturbado. A humanidade está abusando severamente do meio ambiente. Toda as questões pertinentes à poluição me chateiam. CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO Eu não posso fazer nada para ajudar o controle de poluição do meio ambiente (INVERTIDA). Meu comportamento pode ter efeito positivo ao meio ambiente por comprar produtos verdes ou ecológicos. CONSTRUTO EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO As campanhas publicitárias ao redor dos produtos verdes têm efeito sobre minhas compras. As campanhas do governo me induzem a me preocupar com o meio ambiente. Eu acho facilmente produtos verdes para comprar. CONSTRUTO MOTIVADORES EXTERNOS Eu sempre uso produtos descartáveis (INVERTIDA). Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para poupar energia. Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de energia. País N Média (M) Desvio Padrão (DP) Erro Médio BRASIL 1149 3,0888 1,36818 ,04036 BRASIL 1149 3,8207 1,14652 ,03382 BRASIL 1149 4,2010 1,31215 ,03871 BRASIL 1149 4,3281 1,10009 ,03245 BRASIL 1149 4,3655 1,02345 ,03019 BRASIL 1149 2,5901 1,56116 ,04606 BRASIL 1149 3,7324 ,62941 ,01857 BRASIL 1149 4,0940 1,15364 ,03403 BRASIL 1149 4,5466 ,94203 ,02779 BRASIL 1149 2,8494 1,56089 ,04605 BRASIL 1149 3,8300 ,84396 ,02490 BRASIL 1149 4,5022 1,00575 ,02967 BRASIL 1149 3,8277 1,21327 ,03579 BRASIL 1149 4,1649 ,88222 ,02603 BRASIL 1149 3,0801 1,23206 ,03635 BRASIL 1149 2,7781 1,29741 ,03828 BRASIL 1149 2,6519 1,20277 ,03548 BRASIL 1149 2,8367 ,84853 ,02503 BRASIL 1149 3,4569 1,00483 ,02964 BRASIL 1149 4,2776 1,14780 ,03386 BRASIL 1149 4,1645 1,14912 ,03390 32 C4 C5 Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão. Eu sempre reúso água. BRASIL 1149 3,8729 1,34457 ,03967 BRASIL 1149 2,5918 1,22601 ,03617 C6 Eu sempre vendo/destino garrafas pet BRASIL 1149 2,1967 1,36135 ,04016 para o centro de reciclagem. CM CONSTRUTO COMPORTAMENTO BRASIL 1149 3,4267 ,64319 ,01897 VERDE CCEC CCEC COMPORTAMENTO DE BRASIL 1149 3,1105 1,04971 ,03097 CONSUMO EFETIVAMENTE VERDE Fonte: Elaboração própria. Obs: INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM (construto atitude verde), PRM (construto preocupação ambiental), PEM (construto eficácia percebida de consumo), MEM (construto motivadores externos) e CM (construto comportamento verde). Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC. A preocupação ambiental (PRM, M=3,83) dos brasileiros mostrou-se moderada alta, indicando preocupação com o equilíbrio da natureza e com a forma como a humanidade está abusando do meio ambiente, mas não estão muito preocupados com a poluição. Buscar um alto nível de preocupação ambiental favorece a diminuição de hábitos de desperdício (PINTO et al., 2011). O construto de menor média obtida foi o de motivadores externos (MEM, M=2,83). Brasileiros declararam dificuldade em encontrar produtos verdes (ME3, M=2,65), declararam que as campanhas do governo não são tão importantes para estimular a preocupação ambiental deles (ME2, M=2,77) e que campanhas publicitárias verdes têm pouco efeito sobre suas compras (ME1, M=3,08). Os motivadores externos mostraram ser o construto dessa pesquisa que mais fornece direção para o aumento do CCEC dos brasileiros, já que tais fatores motivadores tiveram médias relativamente baixas. O construto no qual os brasileiros obtiveram média mais alta foi a EPC (PEM, M=4,16). Identificou-se que os brasileiros declaram ter alta EPC. E, conforme Straughan e Roberts (1999) e Chan (2001), a EPC é considerada uma das principais preditoras do CCEC. 33 Os brasileiros, com relação ao construto atitude verde, declaram ter moderada alta atitude verde (AM, M=3,73) para a realização do comportamento verde, todavia ainda não aceitam bem “punições” do tipo financeiras para a realização de comportamentos verdes, conforme observou-se na menor média encontrada na pesquisa sobre pagar para usar sacolas plásticas (A6, M=2,59). Evidenciou-se um gap entre atitude verde e comportamento verde. Eles declaram ter atitude verde para economia de água, contudo assumem que pouco realizam esse comportamento verde no mesmo patamar da atitude verde. Reconhecem que os recursos consumidos por eles mesmos podem causar poluição, entretanto não se preocupam muito com ela. Essa menor preocupação com a poluição pode ser decorrente da falta de exposição direta ao problema (LAGES; NETO, 2002). Com relação ao construto de comportamento verde (CM, M=3,42), os brasileiros declararam pouco realizarem reciclagem e pouco reusarem a água, mas declararam tentar comprar produtos de maior eficiência energética e reutilizar sacolas plásticas. Identificou-se que comportamentos verdes que necessitam de mudança de hábito ou que afetem o estilo de vida deles são pouco realizados (reciclagem / reúso da água / reparar produto com defeito), o que sugere que os brasileiros prezam o conforto frente ao CCEC (PINTO et al., 2011). Além da barreira do comodismo ou manutenção do estilo de vida, declararam ter pouca disponibilidade de produtos verdes e das campanhas publicitárias pouco influenciarem suas compras. De maneira geral, pode-se dizer pela análise descritiva que boa parte dos brasileiros demonstram preocupação com o meio ambiente, reconhecem a importância de atitudes verdes para o equilíbrio do meio ambiente, porém apenas buscam realizar comportamentos verdes que geralmente geram algum retorno 34 financeiro para eles. Identificou-se que o CCEC dos brasileiros é moderado, e cabe destacar que em 71% das afirmativas as médias encontradas foram acima de 3, e 33% foram entre 3 e 4 (moderadas altas) e 38% foram entre 4 e 5 (altas). E o restante das afirmativas teve médias menores, entre 2 e 3 (moderadas baixas). Observou-se que as médias encontradas foram, em sua maioria, moderadas. 4.1.2 Estatística descritiva da amostra China Na análise das respostas da amostra chinesa da Tabela 2, pode-se dizer que tais chineses assumem ser moderados realizadores de comportamento verde (CM, M=3,72) e que, em geral, mantém o mesmo nível médio a moderado para todos os outros construtos: preocupação com o meio ambiente (PRM,M=3,87), percepção sobre a eficácia que o comportamento verde individual pode colaborar para o equilíbrio do meio ambiente (PEM, M=3,82), influências do meio externo (MEM, M= 3,64) e atitudes verdes (AM, M=3,54). Referente ao consenso nas respostas dos construtos, identifica-se maior consenso na atitude verde (AM, DP=0,62) e no comportamento verde (CM, DP=0,68) e menos consenso no CCEC (CCEC, DP=1,08) e na EPC (PEM, DP=0,98). Das afirmativas com maiores médias, as duas primeiras referem-se ao construto atitude verde, e a terceira ao construto comportamento verde. As duas afirmativas com menores médias encontram-se no construto atitude verde. A maior média obtida foi do construto preocupação ambiental, com 3,83. Isso mostra que a maior parte dos chineses se preocupam com o equilíbrio da natureza, com o mau uso ambiental e chateiam-se com a poluição. A preocupação ambiental dos chineses foi declarada alta. Quanto maior o nível de preocupação ambiental, maior propensão em realizar comportamentos verdes diretamente relacionados com 35 o meio ambiente (reciclar, comprar produtos recicláveis ou que contenham matérias primas recicladas, e buscar mais informações sobre os produtos verdes) (MINTON; ROSE, 1997). Os motivadores externos obtiveram média de 3,64. A maior parte dos chineses declararam que campanhas publicitárias ao redor de produtos verdes influenciam suas compras, que campanhas governamentais os induzem a preocuparem-se com o meio ambiente e que eles têm facilidade de encontrar produtos verdes. Uma vez que a China passa por uma nova fase de crescimento de produtos verdes com qualidade (LEE, 2010), então, nem a pouca disponibilidade de produtos verdes nem a baixa qualidade dos produtos parecem ser barreiras para o CCEC de consumidores chineses (CHANG, 2011; RITTER et al., 2014). TABELA 2: ESTATÍSTICA DESCRITIVA DA AMOSTRA CHINA Código Afirmativas País A1 A2 A3 A4 A5 A6 AM PR1 PR2 PR3 PRM PE1 PE2 É mais conveniente comprar novos eletrodomésticos do que repará-los (INVERTIDA). Os recursos consumidos por mim mesmo são poucos e não causarão nenhuma poluição ao meio ambiente (INVERTIDA). Não é necessário convencer as pessoas para que se envolvam com o comportamento ecológico (INVERTIDA). É muito importante centralizar esforços na economia de água e energia de uso doméstico. É muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde (ou ecológico). Eu apoio o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”. CONSTRUTO ATITUDE VERDE O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de ser perturbado. A humanidade está abusando severamente do meio ambiente. Todas as questões pertinentes à poluição me chateiam. CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO Eu não posso fazer nada para ajudar o controle de poluição do meio ambiente (INVERTIDA). Meu comportamento pode ter efeito positivo ao N Média (M) Desvio Padrão (DP) Erro Médio CHINA 631 2,7163 1,40984 0,5612 CHINA 632 2,6962 1,28854 ,05126 CHINA 632 3,7104 1,55410 ,06182 CHINA 631 4,1727 1,09702 ,04367 CHINA 632 4,2184 1,03494 ,04117 CHINA 630 3,7810 1,32589 ,05282 CHINA 632 3,5454 ,62025 ,2467 CHINA 631 3,9810 1,30553 ,05197 CHINA 630 3,7746 1,19484 ,04760 CHINA 629 3,9046 1,17041 ,04667 CHINA 632 3,8745 0,92835 ,03693 CHINA 631 3,7068 1,36554 ,05436 CHINA 631 3,9525 1,18226 ,04706 36 ME3 meio ambiente por comprar produtos verdes ou ecológicos. CONSTRUTO EFICÁCIA PERCEBIDA DE CONSUMO As campanhas publicitárias ao redor dos produtos verdes têm efeito sobre minhas compras. As campanhas do governo me induzem a me preocupar com o meio ambiente. Eu acho facilmente produtos verdes para comprar. MEM CONSTRUTO MOTIVADORES EXTERNOS C1 C4 Eu sempre uso produtos descartáveis (INVERTIDA). Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para poupar energia. Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de energia. Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão. C5 Eu sempre reúso água. CM Eu sempre vendo/destino garrafas pet para o centro de reciclagem. CONSTRUTO COMPORTAMENTO VERDE PEM ME1 ME2 C2 C3 CHINA 632 3,8236 ,98248 ,03908 CHINA 632 3,7358 1,29051 ,05133 CHINA 631 3,4231 1,42652 ,05679 CHINA 630 3,8016 1,14192 ,04550 CHINA 632 3,6477 ,89745 ,03570 CHINA 628 3,2898 1,29608 ,05172 CHINA 630 4,1381 1,06318 ,04236 CHINA 632 3,7801 1,46075 ,05811 CHINA 632 3,6788 1,21258 ,04823 CHINA 631 3,2472 1,15843 ,04612 CHINA 629 3,3593 1,25099 ,04988 CHINA 632 3,5730 ,68560 ,02727 CCEC CCEC - COMPORTAMENTO DE CONSUMO CHINA 631 3,7274 1,08168 ,04306 EFETIVAMENTE VERDE Obs: INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM (construto atitude verde), PRM (construto preocupação ambiental), PEM (construto eficácia percebida de consumo), MEM (construto motivadores externos) e CM (construto comportamento verde). Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC. Fonte: Elaboração própria. A EPC (PEM, M=3,82) obteve média similar à preocupação ambiental (PRM, M=3,87). Apesar de boa parte dos chineses não se considerarem os responsáveis pela poluição e relatarem serem poucos os recursos consumidos por eles, eles percebem que podem fazer alguma coisa para ajudar o controle da poluição e que ao comprar produtos verdes podem colaborar com o meio ambiente. Apesar de outros estudos, como o de Zhao et al. (2014), determinarem baixa EPC entre os chineses, o resultado desta pesquisa demonstrou o contrário, que os chineses declaram ter alta EPC. Dentre todos, o construto atitude verde foi o que obteve a menor média (AM, M=3,54). Tal resultado deve-se principalmente ao fato de os chineses relatarem que os recursos consumidos por eles mesmos não seriam relevantes e não causariam poluição ao meio ambiente (A2, M=2,69) e também por eles relatarem menor 37 conveniência em reparar eletrodomésticos do que comprar (A1, M=2,71). Chineses com renda mais alta buscam mais conforto e não abrem mão dos interesses individuais em favor da coletividade (ZHAO et al., 2014). Por fim, no construto comportamento verde (CM, M=3,57), o comportamento verde de compra foi relatado como o mais realizado pelos chineses, seguido praticamente no mesmo nível pelo comportamento verde de uso e reciclagem. Estudo de Zhao et al. (2014) realizado na cidade de região metropolitana de Qindao (China - cidade considerada de 2001 até a data da pesquisa (2009), a cidade do ano em consumo verde) identificou maior comportamento verde de reciclagem, seguido de compra e, por último, de uso. Pode-se dizer que no geral os chineses têm moderado CCEC. Destaca-se apenas sua menor percepção de que recursos consumidos por eles mesmos não causem poluição, o que pode ser decorrente da falta de conhecimento sobre os problemas de poluição indiretamente relacionados ao uso de produtos que utilizem recursos naturais finitos e não renováveis. O conhecimento é reconhecido como determinante da atitude verde (CHAN, 2001). E pode-se dizer também que os chineses declaram realizar todos os três tipos de comportamento verde. É importante salientar que em 76% das afirmativas as médias encontradas foram entre 3 e 4 (moderadas altas). Apenas duas afirmativas tiveram médias menores que 3 (moderadas baixas), e 3 afirmativas tiveram média entre 4 e 5, consideradas altas. E identificou-se que todos os construtos obtiveram média acima de 3,5. Portanto, todos os construtos analisados estão com níveis médios relativamente altos. 38 4.2 COMPARAÇÃO DAS MÉDIAS DE CADA VARIÁVEL ENTRE A AMOSTRA BRASIL E A AMOSTRA CHINA Após análise das afirmativas de cada amostra, realizou-se o Teste T, conforme apresentado na Tabela 3, comparando as médias das amostras. Segue na seqüência a análise das afirmativas com médias estatisticamente diferentes (valor-p <0,05). Na análise dos construtos significativos, identificou-se que os brasileiros declararam maior atitude verde e EPC do que os chineses, enquanto os chineses declararam maior comportamento verde, motivadores externos e CCEC. Chineses afirmaram ter maior CCEC do que os brasileiros. Sugere-se que, apesar de as duas amostras serem de países em desenvolvimento, possivelmente existem diferenças culturais que expliquem o nível de CCEC dos dois países. Identificou-se que os chineses (CCEC, M=3,72) têm maior CCEC que os brasileiros (CCEC, M=3,11). Rebouças et al. (2013)identificaram que canadenses têm maior CCEC que brasileiros, diferença cultural também encontrada aqui. TABELA 3: COMPARAÇÃO DE MÉDIAS COM VALOR-P < 0,05 Código Afirmativas A1 A2 A3 A4 A5 É mais conveniente comprar novos eletrodomésticos do que repará-los (INVERTIDA). Os recursos consumidos por mim mesmo são poucos e não causarão nenhuma poluição ao meio ambiente (INVERTIDA). Não é necessário convencer as pessoas para que se envolvam com o comportamento ecológico (INVERTIDA). É muito importante centralizar esforços na economia de água e energia de uso doméstico. É muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento rumo ao comportamento verde (ou ecológico). CHINA Desvio Padrão (DP) 1149 3,0888 1,36818 631 2,7163 1,40984 BRASIL 1149 3,8207 1,14652 ,03382 CHINA 632 BRASIL 1149 4,2010 1,31215 ,03871 CHINA 632 BRASIL 1149 4,3281 1,10009 ,03245 CHINA 631 BRASIL 1149 4,3655 1,02345 ,03019 CHINA 632 País BRASIL N Média (M) Erro Médio Valorp ,04036 ,05612 ,000* 2,6962 1,28854 ,05126 3,7104 1,55410 ,06182 4,1727 1,09702 ,04367 4,2184 1,03494 ,04117 Eu apoio o sistema de “pagar para BRASIL usar sacolas plásticas”. CHINA 1149 2,5901 1,56116 ,04606 A6 AM CONSTRUTO ATITUDE VERDE 1149 3,7324 BRASIL 630 3,7810 1,32589 ,05282 ,62941 ,01857 ,000* ,000* ,004* ,004* ,000* ,000* 39 CHINA 632 3,5454 ,62025 ,2467 BRASIL 1149 4,0940 1,15364 ,03403 PR1 ,069 CHINA 631 3,9810 1,30553 ,05197 BRASIL 1149 4,5466 ,94203 ,02779 PR2 ,000* CHINA 630 3,7746 1,19484 ,04760 BRASIL 1149 2,8494 1,56089 ,04605 PR3 ,000* CHINA 629 3,9046 1,17041 ,04667 BRASIL 1149 3,8300 ,84396 ,02490 PRM CONSTRUTO PREOCUPAÇÃO ,305 CHINA 632 3,8745 0,92835 ,03693 Eu não posso fazer nada para ajudar BRASIL 1149 4,5022 1,00575 ,02967 PE1 o controle de poluição do meio ,000* CHINA 631 3,7068 1,36554 ,05436 ambiente (INVERTIDA). Meu comportamento pode ter efeito BRASIL 1149 3,8277 1,21327 ,03579 positivo ao meio ambiente por PE2 ,035* comprar produtos verdes ou CHINA 631 3,9525 1,18226 ,04706 ecológicos. CONSTRUTO EFICÁCIA BRASIL 1149 4,1649 ,88222 ,02603 PEM ,000* PERCEBIDA DE CONSUMO CHINA 632 3,8236 ,98248 ,03908 As campanhas publicitárias ao redor BRASIL 1149 3,0801 1,23206 ,03635 ME1 dos produtos verdes têm efeito sobre ,000* CHINA 632 3,7358 1,29051 ,05133 minhas compras. As campanhas do governo me BRASIL 1149 2,7781 1,29741 ,03828 ME2 induzem a me preocupar com o meio ,000* CHINA 631 3,4231 1,42652 ,05679 ambiente. Eu acho facilmente produtos verdes BRASIL 1149 2,6519 1,20277 ,03548 ME3 ,000* para comprar. CHINA 630 3,8016 1,14192 ,04550 CONSTRUTO MOTIVADORES BRASIL 1149 2,8367 ,84853 ,02503 MEM ,000* EXTERNOS CHINA 632 3,6477 ,89745 ,03570 Eu sempre uso produtos descartáveis BRASIL 1149 3,4569 1,00483 ,02964 C1 ,003* (INVERTIDA). CHINA 628 3,2898 1,29608 ,05172 Eu tento comprar lâmpadas com BRASIL 1149 4,2776 1,14780 ,03386 C2 ,010* melhor eficiência para poupar energia. CHINA 630 4,1381 1,06318 ,04236 Eu tento comprar aparelhos com BRASIL 1149 4,1645 1,14912 ,03390 C3 ,000* eficiência em consumo de energia. CHINA 632 3,7801 1,46075 ,05811 Eu sempre reúso sacolas plásticas ou BRASIL 1149 3,8729 1,34457 ,03967 C4 ,002* de papelão. CHINA 632 3,6788 1,21258 ,04823 BRASIL 1149 2,5918 1,22601 ,03617 C5 Eu sempre reúso água. ,000* CHINA 631 3,2472 1,15843 ,04612 Eu sempre vendo/destino garrafas pet BRASIL 1149 2,1967 1,36135 ,04016 C6 ,000* para o centro de reciclagem. CHINA 629 3,3593 1,25099 ,04988 CONSTRUTO COMPORTAMENTO BRASIL 1149 3,4267 ,64319 ,01897 CM ,000* VERDE CHINA 632 3,5730 ,68560 ,02727 CCEC - COMPORTAMENTO DE BRASIL 1149 3,1105 1,04971 ,03097 CCEC ,000* CONSUMO EFETIVAMENTE VERDE CHINA 631 3,7274 1,08168 ,04306 Obs: Comparação de médias com valor-p < 0,05(*). INVERTIDA = afirmativas invertidas. AM (construto atitude verde), PRM (construto preocupação ambiental), PEM (construto eficácia percebida de consumo), MEM (construto motivadores externos) e CM (construto comportamento verde). Apresenta também os resultados da afirmativa de CCEC. Fonte: Elaboração própria. O equilíbrio da natureza é muito delicado e fácil de ser perturbado. A humanidade está abusando severamente do meio ambiente. Todas as questões pertinentes à poluição me chateiam. Com relação ao construto preocupação ambiental, não foi encontrada diferença estatística significativa entre as duas amostras, mas em duas afirmativas encontraram-se diferenças. Na primeira, os brasileiros mostraram-se mais preocupados com o abuso da humanidade ao meio ambiente (PR2, BR=4,54, 40 CH=3,77), enquanto na segunda os chineses assumiram-se mais preocupados com os problemas ocasionados pela poluição (PR3, BR=2,84, CH=3,90). Pela maior convivência direta dos chineses frente aos problemas decorrentes (LAGES; NETO, 2002), era esperado esse maior nível de preocupação deles com a poluição. O construto que apresentou maior diferença foi o de motivadores externos (MEM, BR=2,83, CH=3,64). Em todas as afirmativas, os chineses obtiveram maior média. Tiveram maior percepção que campanhas publicitárias verdes têm efeito sobre suas compras (ME1, BR=3,08, CH=3,73), que campanhas do governo os induzem a preocuparem-se com o meio ambiente (ME2, BR=2,77, CH=3,42) e que têm mais facilidade de encontrar produtos verdes (ME3, BR=2,65, CH=3,80). Sugere-se que os brasileiros têm menos motivações externas que os chineses para a realização de CCEC. Em estudo realizado no Brasil por Ritter et al. (2014), identificou-se que, diferentemente do resultado deste estudo, brasileiros buscam campanhas que adicionem informações sobre produtos verdes e que tais campanhas favorecerão sua compra de produtos verdes, entretanto cabe destacar que a amostra selecionada era de consumidores os quais já realizavam comportamentos verdes, sugerindo assim que pessoas que já realizam comportamentos verdes são as mais afetadas por campanhas verdes. Já a China passa por uma segunda fase de produtos verdes, na qual os produtos verdes estão disponíveis com maior qualidade, e isso aumenta a confiança dos consumidores no consumo verde (CHEN; CHANG, 2013; LEE, 2010) e diminui a diferença entre um produto verde e não verde (REBOUÇAS et al., 2013). No construto EPC (PEM, BR=4,16, CH=3,82), a afirmativa de maior diferença mostrou que os brasileiros afirmam ter maior percepção da eficácia de suas ações 41 para ajudar a controlar a poluição (PE1, BR=4,50, CH=3,70). Segundo Zhao et al. (2014), chineses acreditam que é papel do governo e das empresas resolver os problemas causados pela poluição. Com relação à percepção do indivíduo de que ao realizar tal comportamento verde de compra ele estará colaborando positivamente com o meio ambiente, identificou-se maior nível entre os chineses (PE2, BR=3,82, CH=3,95). Na análise do construto atitude verde (AM, BR=3,73, CH=3,54), brasileiros declararam maior consciência do que os chineses de que os recursos consumidos por eles individualmente são relevantes e podem causar poluição ao meio ambiente (A2, BR=3,82, CH=2,69). E acreditam mais do que os chineses ser necessário convencer as pessoas a se envolverem com o comportamento ecológico (A3, BR=4,20, CH=3,71). Em contrapartida, os chineses apóiam mais o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas” do que os brasileiros (A6, BR=2,59, CH=3,78). Sugere-se que tal nível de aceitação dos chineses por esse sistema seja pelo fato de nos países da Ásia ele já ter sido implantado desde 2002 (Taiwan) e os consumidores já estarem habituados (norma social) com o comportamento verde de levar suas sacolas de casa quando vão aos supermercados (CHAN et al., 2008). No Brasil, a pesquisa realizada por Todorovic Fabro et al. (2007) identificou que o motivo de as pessoas não aderirem a esse sistema deve-se principalmente à falta de conhecimento dos problemas que as sacolas plásticas causam no meio ambiente, pois 76% dos pesquisados consideram a sacola item essencial nos supermercados. Além disso, os brasileiros assumem maior atitude verde do que os chineses ao dizer que “não é mais conveniente comprar novos eletrodomésticos do que repará-los” (A1, BR=3,08, CH=2,71), “é muito importante centralizar esforços na 42 economia de água e energia de uso doméstico” (A4, BR=4,33, CH=4,17) e “é muito importante, no cenário atual, um rigoroso direcionamento ao comportamento verde” (A5, BR=4,36, CH=4,21). Pode-se dizer que brasileiros têm maior atitude verde (A1, A2, A3, A4, A5), salvo com relação à atitude verde que ocasione alguma perda financeira (A6). Por fim, com relação ao construto comportamento verde (CM, BR=3,42; CH=3,57), conforme tabela 4, os chineses alegaram mais concordância com as afirmações, quando comparado aos brasileiros. O comportamento verde de compra é considerado geralmente o mais realizado (TODOROVIC FABRO et al., 2007; ZHAO et al., 2014), pois é o que geralmente oferece um benefício financeiro embutido (lâmpadas econômicas, aparelhos com melhor eficiência energética) (ZHAO et al., 2014, KAUFMAN, 2013; CARRETE et al, 2012) e não exige necessariamente uma mudança de hábito ou de estilo de vida (ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011). O comportamento verde mais realizado tanto pelos chineses quanto pelos brasileiros é o de compra, conforme tabela 4 (CCM, BR=4,22, CH=3,95). É descrito geralmente como o mais realizado por não exigir mudança de hábito ou estilo de vida e principalmente por oferecer um benefício de economia financeira (KAUFMAN, 2013; CHAN et al., 2007; ZHANG et al., 2007; CARRETE et al, 2012; BRADLEY, 2004; ABELIOTIS et al., 2010; PINTO et al., 2011). Mas os brasileiros relataram comprar mais lâmpadas econômicas (C2, BR=4,27, CH=4,13) e mais aparelhos com maior eficiência energética do que os chineses (C3, BR=4,16, CH=3,78). TABELA 4 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS TIPOS DE COMPORTAMENTO VERDE BRASIL x CHINA Médias Médias Códigos Afirmativas Brasil China Eu tento comprar lâmpadas com melhor eficiência para C2 4,2776 4,1381 poupar energia. 43 Eu tento comprar aparelhos com eficiência em consumo de energia. CCM COMPORTAMENTO VERDE DE COMPRA C1 Eu sempre uso produtos descartáveis (INVERTIDA). C4 Eu sempre reúso sacolas plásticas ou de papelão. C5 Eu sempre reúso água. CUM COMPORTAMENTO VERDE DE USO/REÚSO Eu sempre vendo/destino garrafas pet para o centro de C6 reciclagem. CRM COMPORTAMENTO VERDE DE RECICLAGEM Fonte: Elaboração própria C3 4,1645 3,7801 4,2210 3,4569 3,8729 2,5918 3,3072 3,9590 3,2898 3,6788 3,2472 3,4052 2,1967 3,3593 2,1967 3,3593 O segundo comportamento verde mais realizado tanto pelos chineses quanto pelos brasileiros é a do uso/reúso (CUM, BR=3,30, CH=3,40). Brasileiros disseram usar menos produtos descartáveis (C1, BR=3,45, CH=3,28) e reusar mais sacolas do que os chineses (C4, BR=3,87, CH=3,67), ao passo que os chineses relataram reusar mais água do que os brasileiros (C5, BR=2,59, CH=3,24). Não se pode inferir que brasileiros não reúsam água por desconhecimento; afinal, os brasileiros relataram alta atitude verde de intenção de economia de água aqui e em outros estudos (RITTER et al., 2014; PINTO et al., 2011). Mesmo que o nível de reúso de água não seja o ideal, sugere-se que pelo fato de o Brasil já ter passado por crises energéticas como em 2002 (LAGES; NETO, 2002), a exposição direta ao problema deva ter colaborado para tal nível médio de reúso de água identificado nesta pesquisa, bem como se espera que tal comportamento verde aumente em longo prazo (LAGES; NETO, 2002). Por último, tem-se o comportamento verde de reciclagem, que é o menos realizado pelas duas amostras (CRM, BR=2,19, CH=3,35). Identificou-se aqui o comportamento verde de maior diferença entre as amostras. Os chineses afirmaram reciclar mais garrafas pet do que os brasileiros. Zhao et al. (2014) também identificaram que o comportamento verde de reciclagem é muito realizado pelos chineses, sobretudo pelo retorno financeiro, fator descrito como muito importante 44 para a realização de CCEC (KAUFMAN, 2013; CARRETE et al., 2012). Como para a realização da reciclagem em geral necessita-se de mudança de estilo de vida, sugere-se que os brasileiros ainda não mudaram seu estilo de vida a favor do meio ambiente (ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011). Em suma, pode-se constatar que, apesar de assumirem moderada atitude verde e preocupação ambiental, e alta EPC, os brasileiros apresentam um gap entre atitude verde e a realização do comportamento verde de uso/reúso que não foi identificada entre os chineses. Sugere-se que esse gap decorra principalmente da pouca força de vontade dos brasileiros para realizar comportamentos verdes que gerem alguma perda financeira (apoiar sistema de pagar para usar sacolas plásticas) ou comprometam seu estilo de vida ou conforto (fazer reúso da água ou reciclar). Já os chineses apresentaram moderado nível em todos os construtos. A convivência direta com problemas ambientais sugere que desenvolver o CCEC tem se tornado cada vez mais importante tanto para os chineses (maior preocupação com a poluição) quanto para os brasileiros (alta compra de produtos com maior eficiência energética), porém percebeu-se também que os motivos para desenvolver CCEC entre os dois países parecem ser distintos, mormente devido ao comportamento e cultura bastante diferentes. Isso mostra que tentativas de desenvolver o CCEC em determinada sociedade devem levar em conta comportamentos e cultura da sociedade em questão. 4.3 REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA Após análise descritiva das amostras e comparação das mesmas (teste-t), realizou-se regressão linear múltipla para entender quais construtos estão associados ao CCEC de cada amostra. 45 4.3.1 Regressão linear múltipla – Brasil Na análise do modelo de regressão da amostra Brasil, conforme Tabela 5, o R² ajustado apontou 0,265, o que quer dizer que o modelo explica 26,5% da relação dos construtos significativos com o CCEC. No caso do Brasil, conforme Tabela 6 e figura 2, os construtos apontados como significativos para o CCEC dos brasileiros foram comportamento verde, motivadores externos e eficácia percebida de consumo (variáveis com p-valor < 0,05, conforme Tabela 6). Pode parecer um nível explicativo baixo, mas na área de estudo do comportamento ambiental, que é tão complexo, é um desafio incluir em apenas um modelo as diversas variáveis antecessoras do CCEC (PAÇO et al., 2012). TABELA 5: MODELO OBTIDO NA REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA – VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC – BRASIL Modelo R 3 ,516c Alterações Estatísticas Erro R² Padrão Variação Alteração Alterações R² Ajustado Estimado do R² F df1 df2 Sig. F ,267 ,265 ,90019 ,003 4,297 1 1145 ,038 DurbinWatson 1,974 c. Preditores: (Constant), CM, MEM, PEM d. Variável dependente: CCEC Método de estimação: Stepwise Testes de validez: - ANOVA: significativo, - Teste de Aleatoriedade: Suporta a hipótese de Aleatoriedade, - Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Suporta hipótese de aderência a distribuição normal, - Teste de Homocedasticidade: Suporta a hipótese de homocedasticidade Fonte: Dados da pesquisa. Conforme figura 2 e tabela 6, identificaram-se pela regressão da amostra brasileira os seguintes resultados das hipóteses: H1a: Preocupação ambiental dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. Foi rejeitada. H2a: Motivadores externos dos brasileiros são positivamente associados ao seu CCEC. Foi suportada. H3a: EPC dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. Foi suportada. 46 H4a: Atitude verde dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. Foi rejeitada. H5a: Comportamento verde dos brasileiros é positivamente associado ao seu CCEC. Foi suportada. TABELA 6: COEFICIENTES ESTIMADOS DA VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC – BRASIL Modelo ,166 3 Constante -,056 Comp. ,671 ,046 Verde Mot. ,204 ,034 Externos Eficácia Percebida ,069 ,033 de Consumo a. Variável Dependente: CCEC Fonte: Dados da pesquisa. Est. de Colinearidade ,411 14,562 ,000 ,581 ,762 ,486 ,395 ,369 ,803 1,246 ,165 6,087 ,000 ,138 ,270 ,311 ,177 ,154 ,871 1,148 ,058 2,073 ,038 ,004 ,134 ,264 ,061 ,052 ,822 1,217 Beta -,337 VIF Tolerância Erro Padrão Parcial B Sig. Correlação Part t 95% Intervalo de Confiança para B Zero-order Coeficientes Coef. não Padronizados padronizados Limite Inferior Limite Superior Coeficientes ,736 -,383 ,270 Com relação à H5a, o comportamento verde foi identificado como um dos construtos que afetam o CCEC dos brasileiros. Considerando que o comportamento verde de compra favorece um maior comportamento verde de uso, que, por sua vez, favorece um maior comportamento verde de reciclagem (ZHAO et al., 2014), e que os brasileiros assumem realizar alto comportamento verde de compra, moderado comportamento verde de uso e baixo comportamento verde de reciclagem, devemse buscar estímulos que principalmente aumentem a realização do comportamento verde de uso e reciclagem entre os brasileiros. Isso ocorre inicialmente por meio de incentivos financeiros (KAUFMAN, 2013; CHAN et al., 2007;ZHANG et al., 2007; CARRETE et al, 2012), de forma que em um segundo momento, tais comportamentos verdes passem a virar um hábito 47 (BRADLEY, 2004; ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011). De fato, comportamentos verdes, quando se tornam hábitos, favorecem o aumento do CCEC dos indivíduos, conforme estudo de Pinto et al. (2011). Figura 3: Construtos significativos para o CCEC dos brasileiros pelo resultado da regressão Brasil. Fonte: Elaboração própria. Conforme H2a, os Motivadores externos também foram associados à realização do CCEC. Assim, aumentar a disponibilidade de produtos verdes para os brasileiros favorecerá uma diminuição do gap entre a vontade de comprar um produto e a realização efetiva da compra dele (YOUNG et al., 2010). Sugere-se que campanhas empresariais devam enfatizar os benefícios reais de seus produtos verdes, sem exagero para não perder a credibilidade nos produtos verdes (CHEN; CHANG, 2013; LEE et al., 2010). E que campanhas governamentais devam buscar o aumento do conhecimento da população sobre como comportamentos de consumo não verdes (hábitos de desperdício, consumo exagerado) podem prejudicar direta ou indiretamente o meio ambiente (TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). A última variável identificada como associada ao CCEC para os brasileiros foi a EPC (H3a). Conforme estudo de Akehurst et al. (2012) realizado em Portugal, a EPC mostrou-se positivamente associada ao CCEC, resultado também encontrado em diversos outros estudos (GERSHOFF; FRELS, 2015; CHEN; CHANG, 2013; 48 STRAUGHAN; ROBERTS, 1999; ANTONETTI; MAKLAN, 2013). Aumentar a percepção dos brasileiros de que comportamentos verdes de uso/reúso e reciclagem são fundamentais para a manutenção de recursos naturais mostra ser fator importante para o aumento do CCEC dos brasileiros e diminuição do gap, por exemplo, entre a alta atitude verde de que é necessário economizar água e a baixa realização de comportamentos verdes de reúso da água identificado nesse estudo (GERSHOFF; FRELS, 2015). Ressalta-se que o Brasil viveu em 2014 uma crise hídrica, mas ainda assim foi identificado baixo comportamento verde de reúso da água (FONSECA DA CRUZ; DUCA SILVA, 2015). 4.3.2 Regressão linear múltipla – China Já o modelo de regressão da amostra chinesa resultou num R² ajustado igual a 0,249, demonstrando que o modelo explica 24,9% do CCEC, conforme Tabela 7. O modelo na amostra chinesa teve explicação semelhante ao modelo na amostra brasileira, porém com variáveis significativas diferentes. Percebe-se que, conforme Tabela 8 e figura 3, na China, os construtos associados ao CCEC foram o comportamento verde, a preocupação ambiental e os motivadores externos. TABELA 7: MODELO OBTIDO NA REGRESSÃO LINEAR MÚLTIPLA – VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC Alterações Estatísticas Modelo 3 R R² ,499c ,249 R² Ajustado ,245 Erro Padrão Estimado ,93985 Variação do R² ,011 Alteração F df1 df2 9,577 1 627 Alterações Sig. F ,002 DurbinWatson 1,995 c. Preditores: (Constant), CM, PRM, MEM d. Variável dependente: CCEC Método de estimação: Stepwise Testes de validez: - ANOVA: significativo, - Teste de Aleatoriedade: Suporta a hipótese de Aleatoriedade, - Teste de Aderência Kolmogorov-Smirnov: Suporta hipótese de aderência a distribuição normal, - Teste de Homocedasticidade: Suporta a hipótese de homocedasticidade Fonte: Dados da pesquisa. 49 TABELA 8: COEFICIENTES ESTIMADOS DA VARIÁVEL DEPENDENTE CCEC Coeficientes Construto Com. Verde Construto Preoc. Ambiental Construto Mot. Externos VIF Part Parcial Correlação Zeroorder Limite Superior Estatísticas de Colinearidade Tolerância Modelo 3 Constante Coef. Padronizados Limite Inferior Coeficientes não padronizados 95% Intervalo de Confiança para B B ,641 Erro Padrão ,219 Beta t Sig. 2,932 ,003 ,212 1,071 ,501 ,069 ,317 7,221 ,000 ,365 ,637 ,463 ,277 ,250 ,621 1,610 ,199 ,048 ,170 4,123 ,000 ,104 ,293 ,379 ,162 ,143 ,701 1,427 ,144 ,047 ,120 3,095 ,002 ,053 ,236 ,312 ,123 ,107 ,799 1,252 a. Variável Dependente: CCEC Fonte: Dados da pesquisa Conforme figura 4 e tabela 8, identificaram-se pela regressão da amostra chinesa os seguintes resultados das hipóteses: H1b: Preocupação ambiental dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. Foi suportada. H2b: Motivadores externos dos chineses são positivamente associados ao seu CCE. Foi suportada. H3b: EPC dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. Foi rejeitada. H4b: Atitude verde dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. Foi rejeitada. H5b: Comportamento verde dos chineses é positivamente associado ao seu CCEC. Foi suportada. 50 Figura 4: Construtos significativos para o CCEC dos chineses pelo resultado da regressão China. Fonte: Elaboração própria. O comportamento verde mostrou-se associado ao CCEC dos chineses (H5b). Uma vez identificado que os chineses assumem realizar os três tipos de comportamento verde (compra, uso e reciclagem), conforme também identificado no estudo de Zhao et al. (2014), pode-se dizer que os chineses estejam em uma segunda etapa de CCEC, não apenas por realizarem alto comportamento verde de compra, mas, especialmente, por realizarem moderado comportamento verde de uso e reciclagem, tipos de comportamentos verdes que necessitam de mudanças de hábitos para serem realizados. Contudo cabe ressaltar que, ainda que tais comportamentos verdes necessitem de mudança no estilo de vida, o fator financeiro tem sido um estímulo motivacional importante (YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011). A preocupação ambiental também foi identificada como um construto associado positivamente ao CCEC dos chineses (H1b). Apesar de alguns estudos relatarem o ceticismo sobre os benefícios reais dos produtos verdes como fator que diminui a preocupação ambiental (por exemplo, CARRETE et al., 2012), pode-se 51 dizer que, devido ao fato de a China passar por uma nova fase de produção de produtos verdes de qualidade (LEE, 2011), nesse estudo identificou-se alta percepção dos chineses de que seu comportamento verde de compra verde pode sim ter efeito positivo no meio ambiente. Os motivadores externos (H2b) foram identificados como um dos três construtos associados ao CCEC dos chineses. Ainda que a China passe por um momento de facilidade na obtenção de produtos verdes de qualidade (LEE, 2011), ainda é baixa a percepção dos chineses de que seu tipo de comportamento pode acarretar problemas ambientais, como a poluição. Percebe-se que campanhas ambientais devem buscar aumentar o conhecimento dos chineses sobre como hábitos de consumo exagerados e de desperdício colaboram direta e indiretamente com os problemas ambientais (TODOROVIC FABRO et al., 2007; LAGES; NETO, 2002). E as campanhas empresariais devem também buscar relacionar, além dos benefícios imediatos individuais, os benefícios coletivos ambientais em longo prazo ao optar-se pela compra de um produto verde (GREEN; PELOZA, 2014; CHEN; CHANG, 2013). 4.3.3 Comparação das regressões – Brasil x China Ao se comparar os resultados da regressão do Brasil com os resultados da regressão da China, conforme quadro 3 e figura 5, identificou-se que as hipóteses referentes aos construtos comportamento verde e motivadores externos foram suportadas tanto na regressão do Brasil quanto na regressão da China. As hipóteses referentes ao construto atitude verde foram rejeitadas nas duas amostras, de maneira que não foram relacionadas diretamente ao CCEC de nenhum país. As hipóteses dos construtos preocupação ambiental e EPC foram as que identificaram 52 diferenças entre os resultados da regressão do Brasil em comparação com os resultados da regressão da China. O Brasil suportou a hipótese H3a, e isso quer dizer que para aumentar o CCEC dos brasileiros sugere-se ser necessário estimular o aumento da EPC. Já a China suportou a hipótese H1b, o que quer dizer que para aumentar o CCEC dos chineses sugere-se ser necessário estimular o aumento da preocupação ambiental. Figura 5: Variáveis significativas para o CCEC de cada amostra, conforme resultados da regressão. Fonte: Elaboração própria. Hipóteses Brasil H1a – Preocupação ambiental dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H2a - Motivadores externos dos brasileiros são positivamente associados ao seu CCEC. H3a – EPC dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H4a – Atitude verde dos brasileiros é positivamente associada ao seu CCEC. H5a – Comportamento Resultados Regressão Brasil Foi rejeitada. Hipóteses China Foi suportada. H2b - Motivadores externos dos chineses são positivamente associados ao seu CCEC. Foi suportada. Foi suportada. H3b EPC dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. H4b - Atitude verde dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. H5b - Comportamento Foi rejeitada. Foi rejeitada. Foi suportada. H1b - Preocupação ambiental dos chineses é positivamente associada ao seu CCEC. Resultados Regressão China Foi suportada. Foi rejeitada. Foi suportada. 53 verde dos brasileiros é positivamente associado ao CCEC. verde dos chineses é positivamente associado ao seu CCEC. Quadro 3: Comparativo das Hipóteses Associadas Ao CCEC na Regressão Brasil e na Regressão China Fonte: Elaboração própria. Como os motivadores externos foram associados com o CCEC, pode-se dizer que campanhas governamentais, campanhas empresarias e disponibilidade de produtos verdes favorecem o CCEC dos chineses e dos brasileiros. Além disso, estimular a realização de um comportamento verde também favorecerá a realização de outros tipos de comportamentos verdes. Quando um comportamento se torna uma norma social ou um hábito, ele se realiza com mais frequência, e estímulos financeiros também favorecem a realização de tais comportamentos (BRADLEY, 2004; YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et al., 2010; PINTO et al., 2011). Com relação ao comportamento verde, conforme análise descritiva, identificou-se que brasileiros realizam maior comportamento verde de compra, seguido de moderado comportamento verde de uso/reúso e menor comportamento verde de reciclagem. Assim, para aumentar o CCEC dos brasileiros, deve-se incentivar comportamentos verde de uso/reúso, mas principalmente incentivar comportamentos verdes de reciclagem por meio de campanhas educativas, fornecimento de infraestrutura e, quem sabe, benefícios fiscais temporários.Já na China, identificou-se alto comportamento de compra e moderado comportamento de uso/reúso e reciclagem, sugere-se, então, estimular esses dois últimos tipos de comportamento para aumentar o CCEC. Favorecer o comportamento verde colabora para aumentar o CCEC tanto no Brasil como na China, assim como favorecer os motivadores externos. E como os brasileiros perceberam que as campanhas verdes influenciam moderadamente suas compras, as empresas busquem melhorar o entendimento sobre como tornarem 54 suas campanhas mais efetivas. Os brasileiros também perceberam que as campanhas governamentais não os induzem a se preocuparem com o meio ambiente, de forma que se sugere que governos busquem identificar se há ceticismo dos brasileiros às informações passadas pelos governos (desconfiança). Na China não se identificou evidências de tais dificuldades. Com relação ao motivador externo disponibilidade de produtos verdes, sugere-se tanto na China, mas especialmente no Brasil, estimular a produção de mais produtos verdes. Aqui o governo também poderia ter um papel importante ao oferecer benefícios para empresas que desenvolvem produtos verdes, diminuindo assim a barreira que a falta desses produtos oferece para a realização do CCEC, identificada sobretudo entre os brasileiros. Uma vez explicados os construtos das hipóteses que foram associadas ao CCEC tanto no Brasil quanto na China, cabe agora destacar as outras hipóteses que só foram relacionadas a um país. No Brasil, a EPC foi identificada como associada ao CCEC dos brasileiros, e na China a preocupação ambiental foi identificada como associada ao CCEC dos chineses. Assim, sugere-se estimular os brasileiros a aumentar a EPC e estimular os chineses a aumentar a preocupação ambiental.Sugere-se que uma forma de aumentar a EPC dos brasileiros é melhor informar os benefícios na realização de comportamentos verdes, enquanto sugerese que uma forma de aumentar a preocupação ambiental dos chineses é melhor informar como suas ações podem colaborar para o meio ambiente. Em resumo, percebe-se que o próprio comportamento verde é fator de estímulo para novos comportamentos verdes, talvez por desenvolver nas pessoas o hábito de sempre que for realizar um comportamento levar em consideração a questão ambiental. Sugere-se então que para o aumento de CCEC, independente 55 do país, sejam realizadas campanhas governamentais e empresariais que busquem estimular comportamentos verdes e aumentar a disponibilidade de produtos verdes. No entanto, conforme evidenciou-se neste estudo, outras variáveis mostraram-se potenciais influenciadoras do CCEC, mas não foram identificadas como comuns às diferentes culturas. Capítulo 5 5. CONCLUSÕES O objetivo deste estudo foi comparar a associação das variáveis atitude verde, eficácia percebida de consumo, preocupação ambiental, motivadores externos e comportamento verde com o CCEC de brasileiros e chineses. Por meio da análise descritiva e comparativa, identificou-se que os chineses apresentam maior CCEC do que os brasileiros, embora ambos apresentem moderado CCEC. Por meio da regressão linear múltipla, identificou-se que o comportamento verde, os motivadores externos e a EPC estão associados ao CCEC dos brasileiros e que o comportamento verde, os motivadores externos e a preocupação ambiental estão associados ao CCEC dos chineses. Como contribuição teórica, além de testar o modelo de Zhao et al. (2014), que se mostrou adequado para avaliar o CCEC em diferentes culturas, identificou-se um gap entre atitude verde e comportamento verde de uso entre os brasileiros, que assumiram a importância da atitude verde de economia de água doméstica e relataram baixo comportamento verde de reúso de água. Identificou-se também que brasileiros assumiram realizar pouco comportamento verde de reciclagem. Com relação ao comportamento verde de compra, assumiu-se ser alto entre os brasileiros. Percebeu-se, então, que os brasileiros assumem realizar comportamentos verdes que geram alguma economia financeira (compra de lâmpadas econômicas e aparelhos com maior eficiência energética), desde que não tenham de abrir mão do seu estilo de vida ou tenham de pagar mais por isso (não aceitam o sistema de “pagar para usar sacolas plásticas”). 58 Por meio da amostra chinesa, identificou-se que os chineses assumem realizar alto comportamento verde de compra e moderado comportamento verde de uso e reciclagem. No geral, eles obtiveram média moderada em todos os construtos: atitude verde, EPC, preocupação ambiental, comportamento verde e CCEC. Mas ainda se mostra relativamente baixa a percepção dos chineses de que os recursos consumidos por eles mesmos são relevantes e podem causar poluição ao meio ambiente, o que pode estar relacionado à percepção identificada por Zhao et al. (2014) de que os chineses acreditam que, devido à complexidade dos problemas ambientais, é papel das empresas e governo fornecerem soluções. Esse estudo sugere que campanhas governamentais, para serem mais efetivas, devam melhor informar como hábitos de desperdício podem prejudicar tanto os indivíduos quanto o meio ambiente. Aumentar o conhecimento sobre os problemas ocasionados por comportamentos não verdes favorecerá um maior CCEC (CHAN, 2001; CARRETE et al., 2012; LAROCHE et al., 2002). Por exemplo, demonstrar aos brasileiros os problemas que o uso de sacolas plásticas causa ao meio ambiente ou demonstrar aos chineses que os recursos consumidos por eles podem causar poluição. Sugere-se, ainda, que em casos de crises nas quais sejam exigidas mudanças de comportamento imediato, que seja implementado, em conjunto com as campanhas educativas, campanhas que afetem a renda do consumidor, pois essas ações são consideradas as mais efetivas (SURESH, 2014; KAUFMAN, 2013; YOUNG et al., 2010; ABELIOTIS et al., 2010; BRADLEY, 2004; PINTO et al., 2011). As campanhas de marketing verde também se mostram importantes para um maior CCEC. Sugere-se que as campanhas busquem demonstrar com clareza (CARLSON et al., 1993) e sem exagero (CHAN, 2011) os benefícios individuais e 59 ambientais que se têm ao comprar um produto verde (GREEN; PELOZA, 2014; PRAKASH, 2002; ZABKAR; HOSTA, 2013, SURESH, 2014). Reconhecer um produto verde, e seus reais benefícios, parece ser importante para o aumento de comportamentos verdes de compra (TSENG; HUNG, 2013). No Brasil, identificou-se baixa disponibilidade de produtos verdes, todavia a confusão ou desconhecimento do que são produtos verdes pode ter colaborado para tal resultado (CHEN; CHANG, 2013; TSENG; HUNG, 2013). Já na China, encontram-se produtos verdes com facilidade, mas, devido ao ceticismo dos primeiros produtos que não informavam corretamente os seus benefícios reais, é dever do marketing atentar para a veracidade das informações (ALBAYRAK et al., 2013; CARRETE et al., 2012; MATTES; WONNEBERGER, 2014). Esse estudo apresenta algumas limitações. A amostragem foi não probabilística (não permite generalização, mas fornece evidências) e não houve controle demográfico da amostra (local de moradia, renda, nível educacional entre outros), de forma que não se pode avaliar a existência de algum viés de alguma característica demográfica. Assim, sugere-se que futuras pesquisas realizem tal controle. Assim como a maioria dos estudos de comportamento verde realizadas na China, a amostra chinesa deste estudo também foi coletada em cidades desenvolvidas (Hong Kong – LEE et al., 2010; Qingdao - ZHAO et al., 2014; Pequim – CHAN et al., 2008; Taiwan – CHEN; CHANG, 2013; Taiwan – LIN; HSU,2013). Futuras pesquisas na China podem ser realizadas em outras cidades menos desenvolvidas para comparar com os resultados obtidos aqui. Futuros estudos podem ainda buscar aprofundar o entendimento sobre os tipos de comportamento verde e as barreiras para a realização de cada um, como, a barreira de falta de infraestrutura para a realização do CCEC de reciclagem. Nos 60 dois países, sugere-se investigar melhor o conhecimento acerca dos problemas causados pelo consumo exagerado, hábitos de desperdício e estilo de vida versus o CCEC. Referente aos tipos de comportamento verde, sugere-se investigar outros itens além dos pesquisados, como compra de produtos orgânicos, hábitos de economia de recursos (dar carona, usar bicicleta, melhor aproveitamento dos alimentos, cozinhar não mais que o necessário), reciclagem de papel, papelão e infraestrutura necessária. Por fim, a continuidade dos estudos em comportamento de consumo ecologicamente consciente pode trazer importantes contribuições, não somente para a academia como também para toda a sociedade. REFERÊNCIAS ABELIOTIS, Konstadinos; KONIARI, Christina; SARDIANOU, Eleni. The profile of the green consumer in Greece. International Journal of Consumer Studies, v. 34, n. 2, p. 153-160, 2010. AKEHURST, Gary; AFONSO, Carolina; MARTINS GONÇALVES, Helena. Reexamining green purchase behaviour and the green consumer profile: New evidences. Management Decision, v. 50, n. 5, p. 972-988, 2012. ALBAYRAK, Tahir; AKSOY, Safak; CABER, Meltem. 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APÊNDICES APÊNDICE - 1 – QUESTIONÁRIO APLICADO NO BRASIL 67 68 69 APÊNDICE - 2 – QUESTIONÁRIO APLICADO NA CHINA 这是一份有关响应绿行为的研究问卷,表明您同意由滴答选择该选项下面的语句度:这项研究的目的是 了解巴西和中国的绿色环保行为 性别:__________年龄:__________国家现居住地:_______________停留时间:____________ 项目 1 根据协议,您有下列语句的程度作出X: 我尽量买与功耗效率的设备 我每天消耗的资源是最小的,不会造成任何环境污 2 3 染 大自然的平衡是非常脆弱,容易心烦 4 我总是会将使用过的瓶子等资源到回收中心 5 我总是回用水。 6 我认为自己是一个生态意识的消费者 7 涉及到所有的污染问题让我不舒服。 8 我总是用一次性产品冷杉。 9 我总是用重复使用纸袋或塑料袋 这是非常重要的,以集中在水和能源家庭经济的努 10 11 12 13 力 我不能做任何事情来帮助环境控制污染。 围绕绿色产品的广告活动对我的购买产生影响。 人性被严重滥用的环境。 14 我支持系统“付费使用塑料袋。” 15 我很容易相信绿色产品购买。 16 政府活动促使我担心环境。 17 购买新设备更方便比解决这些问题。 18 我购买绿色产品的行为对环境会产生积极的影响 不同 部分不 不知 部分同 同 意 同意 道 意 意 71 在目前的情况下,严格的执行绿色行为(或生态) 19 20 21 是很重要的 我尽量买高效率的灯泡,以节约能源 没有必要说服人们参与环保节能