UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA VASECTOMIA NO PLANEJAMENTO FAMILIAR: SEXUALIDADE MASCULINA PÓS-CIRURGIA Por: Amanda Fatima da Silva Neto Prof.ª Orientadora: MS. Fabiane Muniz Maricá 2015 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA VASECTOMIA NO PLANEJAMENTO FAMILIAR: SEXUALIDADE MASCULINA PÓS-CIRURGIA Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção especialista em Sexualidade Humana. Por: Amanda Fatima da Silva Neto do grau de AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus, meu primeiro, maior e eterno amor. Ele quem criou todas as coisas, é o único conhecedor do coração e da essência de cada ser. Por isso entende desejos. É, as necessidades portanto, o dono e da sexualidade humana. Agradeço a Claudia, minha irmã do coração e Presente de Deus. Obrigada pelo incentivo, por acreditar em mim, pelos ensinamentos força de sempre. transmitidos e DEDICATÓRIA Dedico este trabalho a Deus, pois sem Ele eu não estaria aqui, aos professores do IAVM e também às pessoas que procuram solução para relacionados à sexualidade. problemas RESUMO Esta pesquisa tem como objetivos fazer uma análise da sexualidade masculina de clientes cadastrados no planejamento familiar, que escolheram fazer a vasectomia como método contraceptivo. Por meio de questionários distribuídos a dez homens vasectomizados, objetivou-se analisar se o desejo sexual aumentou após o homem ser submetido ao procedimento de vasectomia, observar se os homens se preocuparam com a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e também verificar qual o nível de importância do sexo para esses homens, nosso objeto de estudo. A pesquisa deu ênfase ao estudo da sexualidade masculina e à visão cultural do conceito de vasectomia, que é um método contraceptivo simples e parte do planejamento familiar. Procurou-se analisar também as respostas da pesquisa de campo, dos dez clientes submetidos ao procedimento cirúrgico. Chegando-se então a conclusão de que a vasectomia não prejudica a sexualidade masculina, sendo, portanto, de grande importância sua divulgação e estímulo a fim de diminuir conceitos preconceituosos em relação ao método. Palavras-chave: sexualidade, planejamento familiar, vasectomia, desejo METODOLOGIA O presente estudo foi desenvolvido por meio das pesquisas bibliográfica, web gráfica e de campo. Autores foram pesquisados, a fim de esclarecer e elucidar conceitos. Segundo Malheiros (2007), a pesquisa bibliográfica levanta o conhecimento disponível na área, identificando as teorias produzidas, analisando-as e avaliando sua contribuição para compreender ou explicar o problema objeto da investigação. Na pesquisa de campo, o instrumento utilizado para a realização foi um questionário composto de dez questões e destinado a homens vasectomizados, de diversos tipos de religião, idade e número de filhos, que fizeram parte do planejamento familiar no município de Maricá, cidade do Rio de janeiro. Foram aplicados dez questionários: um para cada homem que escolheu a vasectomia como método contraceptivo. A aplicação dos mesmos foi realizada pela própria autora, em dias e horários combinados entre ela e os clientes nos meses dezembro de 2014 e janeiro de 2015, período de duração da pesquisa. Alguns o responderam pessoalmente. Neste caso, ao terminar de preencher, o cliente dobrava a folha e a colocava dentro de um envelope grande, onde estavam os demais questionários respondidos e dobrados. Outros, por motivo de trabalho, preferiram fazê-lo por e mail. Ao final da coleta desses dados, houve a avaliação de algumas especificações, tais como o desejo sexual após a vasectomia, o uso de camisinha para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e o nível de importância que os homens estabeleceram ao sexo, diante de opções apresentadas. A identidade dos clientes foi preservada. Os nomes dos principais autores e teóricos que foram utilizados para a realização deste trabalho foram as Apostilas IAVM (2014), Ana Paula Goulart Ribeiro (1995) e Halbe (1993). SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I - Sexualidade Masculina 09 CAPÍTULO II - Vasectomia 18 CAPÍTULO III – Sexualidade Masculina Após a Vasectomia: Uma Pesquisa de Campo 30 CONCLUSÃO 37 BIBLIOGRAFIA 39 WEBGRAFIA 41 ANEXOS 44 7 INTRODUÇÃO O tema desta monografia é Vasectomia no Planejamento Familiar: Sexualidade Masculina Pós-Cirurgia. Pretendeu-se estudar a questão central deste trabalho (se os homens tiveram aumento do desejo sexual após o procedimento de vasectomia). Percebe-se a importância da pesquisa e sua fundamental relevância, pois se objetivou contribuir para a diminuição de tipos semelhantes de discursos preconceituosos e assim diminuir atitudes que venham prejudicar a escolha dos homens pelo método contraceptivo denominado vasectomia; demonstrar aos pacientes/clientes, aos estudiosos de sexualidade e outras áreas, como funciona a sexualidade masculina e o que é o procedimento denominado vasectomia, baseado na Lei 9263/96, do Planejamento familiar. Por meio de estudo de campo, utilizaram-se questionários a fim de observar se o desejo sexual dos homens aumentou após a realização da vasectomia, visto que as chances de reprodução pós-procedimento é de apenas 0,2 % e consequentemente a preocupação com a reprodução diminui. Além disso, observou-se também se os homens utilizam preservativos para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e qual a importância que o homem dá ao sexo. Vimos na mídia apenas informações machistas e preconceituosas que subjugam a mulher e vangloriam o homem. Pouco se fala sobre a importância de escolhas como a vasectomia, por exemplo. Ser “macho” significa ter mais de uma parceira e uma vida sexual ativa. No momento em que o homem acredita no censo comum, no mito de que a vasectomia prejudica a masculinidade, ou até mesmo pela falta de informações em relação ao assunto, pode-se levar a mulher a escolher a laqueadura tubária, conhecida popularmente como ligadura de trompas, que é um método contraceptivo com mais riscos. A vasectomia é a esterilização cirúrgica, onde os canais deferentes, local por onde passam os espermatozoides, são cortados e amarrados. Após o procedimento, que dura cerca de meia hora, o homem volta para casa, necessitando de três a cinco dias de repouso e continuará com 8 desejo sexual, ereção e ejaculação. Simples e rápida, pode ser feita em ambulatório e com anestesia local. Como método contraceptivo definitivo para a mulher, há a laqueadura tubária. Neste caso, além de ser uma cirurgia com riscos, são necessários aproximadamente dois dias de internação, raquianestesia (anestesia onde a agulha é introduzida na coluna) e cerca de quarenta dias de repouso se associada à cesariana ou quinze dias se realizada isoladamente, de acordo com a Lei 9263/96, do Planejamento familiar. A jornalista Maria Lacerda de Moura é considerada uma das primeiras feministas do Brasil. Ela é um exemplo fidedigno a se destacar, devido a sua coragem e ousadia no início do século XX. Cumpriu mais do que um papel político, foi transformadora. Impactou o seu tempo mais do que uma feminista, pois foi educadora. Ela acreditou que poderia naquele momento, mudar realidades e reescrever a história de muitas mulheres. Com esta pesquisa espera-se também lutar contra ideais machistas que venham dificultar a vida das mulheres e diminuir atitudes que venham prejudicar a escolha do método para o homem e sim, incentivá-lo. Há fatores sociais, psicológicos e biológicos que podem interferir e causar disfunção sexual masculina. Como exemplo de fator biológico está a deficiência do hormônio denominado testosterona, responsável pelo impulso sexual. A carência deste hormônio no homem pode prejudicar a ereção masculina. Nota-se então que, a ereção pode ser dificultada por outros fatores e não pela vasectomia, pois este procedimento não interfere na vascularização e nas fases da resposta sexual. Apenas impedirá que os espermatozoides passem pelo ducto, misturem-se ao sêmen e, na ejaculação, encontrem os óvulos, formando assim uma ou mais vidas. Desta forma, este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro pretendeu-se analisar a sexualidade masculina e sua questão cultural. No segundo capítulo, por sua vez, explicou-se o que é o método contraceptivo vasectomia e como ele é realizado e por fim, no último capítulo, por meio de pesquisa de campo, procurou-se observar os dez questionários respondidos por dez clientes que escolheram a vasectomia como método contraceptivo e que, de acordo com a Lei 9263/96, do Planejamento familiar, foram submetidos a ela. 9 CAPÍTULO I SEXUALIDADE MASCULINA Este primeiro capítulo tem como objetivo falar sobre a sexualidade masculina. Para dar início a este assunto, falaremos sobre a influência da transmissão de ideais machistas e preconceituosos. Nota-se que o conteúdo disponibilizado pela mídia valoriza o homem e coloca a mulher em posição inferiorizada. Como exemplo, o uso de pequenas roupas para o gênero feminino em programas populares e palavras machistas em novelas, sendo que nada é feito para combater essas ideias. Tal situação pode incentivar ainda mais as práticas e as repetições desses ideais transmitidos. Ana Paula Goulart Ribeiro (1995) ao falar sobre a importância dos discursos transmitidos culturalmente cita Bakhtin quando o autor faz referência à polifonia ou conjunto de vozes. Seja da história, seja na cultura, essas vozes estão presentes em todo o discurso. “Nossas falas, isto é, nossos enunciados, estão repletos de palavras dos outros, caracterizadas, em graus variáveis, pela alteridade ou assimilação e por um emprego consciente ou decalcado”. (BAKHTIN apud RIBEIRO, 1995, p. 57). Como exemplo, pode-se destacar uma novela. Ela é um discurso que acontece após a conversa de várias vozes. Ao ser televisionado, tal discurso pronto será transmitido do emissor para o receptor. Aí está a possibilidade de influenciar. Os discursos presentes no dia a dia, ou seja, a polifonia ou o conjunto de vozes prontas estão presentes em cada discurso. A época, o meio social, o micro mundo (família, amigos, conhecidos) que vê o homem crescer e viver, sempre possui seus enunciados que servem de norma, dão o tom; são obras científicas, literárias, ideológicas, nas quais as pessoas se apoiam e às quais se referem. (Idem, 1995, p. 58). Através da mídia, ou seja, pela produção de discursos prontos e transmitidos para a grande massa, determinados assuntos podem ser banalizados ou até mesmo esquecidos. A mídia é um poder que pode incentivar ou desestimular certas atitudes e comportamentos. 10 Fonte: Google imagens www.diariodepernambuco.com.br (Novela Gabriela) Como o caráter é diversificado há homens que do sexo tiram seu sustento e suas inúmeras fantasias para muitos homens faz do pênis seu instrumento de prazer, onde só a cama é o mais importante espaço de satisfação sexual e a genital é seu único objetivo, infelizmente, muitas vezes se confunde o conceito de sexualidade com o do sexo propriamente dito. É importante salientar que um não necessariamente precisa vir acompanhado do outro, evidentemente, não levando em conta outras possibilidades como, carinho, beijos, carícia, cheiros, palavras amorosas e apimentadas (...). (POSTIGO, 2005, p. 13). Desde muito cedo, o menino ouve referencias às diferenças entre ele e uma menina, com o objetivo de direcioná-lo para o mais adequado desempenho de seu papel social. Antes mesmo de aprender o que pode ser, o menino recebe mensagens sobre o que não pode ser. Menino não chora é o enunciado clássico que a infância de cada um preserva na memória e que constitui em uma das primeiras tarefas a serem cumpridas pelo menino a fim de tornar-se um ‘verdadeiro homem’. (POSTIGO, 2000 apud MOREIRA, 2010, p.14). A sociedade espera um homem macho, sendo que essa masculinidade é medida pela capacidade sexual. No que diz respeito à impotência, Postigo (2010) destaca que: Ela pode começar abruptamente, geralmente após um grande trauma psicológico. Ou, ela pode se instalar gradualmente como resultado da depressão, ansiedade e estresse crônico. Além disso, em muitos distúrbios mentais, a libido sexual e a potência podem estar afetadas. Por outro lado, existe uma situação muito comum, que afeta no mínimo uma vez todos os homens adultos, particularmente, aqueles envolvidos em relações sexuais casuais, a qual é chamada de ‘ansiedade de 11 performance’, ou medo de falhar. Muitas sociedades esperam do homem um papel sexual agressivo, e consideram que a falha em executá-lo é vergonhosa. Então, a autoestima do homem pode ser afetada por uma impotência ocasional, e isto pode conduzir à ansiedade e a inibição de reflexos sexuais. (POSTIGO apud SABBATINI e CARDOSO, 2000, p. 25). O segundo ponto importante a se destacar é a igualdade de gêneros. Há vários trabalhos e leis destinadas à luta pela conquista da igualdade feminina. Na 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres realizada em Brasília, em 2011, os maiores objetivos foram discutir e elaborar políticas públicas voltadas à construção da igualdade, com a perspectiva de fortalecer a autonomia econômica, social e política das mulheres. Art. 1º - A 3ª Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, convocada pelo Decreto Presidencial de 15 de março de 2011, publicado no Diário Oficial da União, edição número 51, Seção 1, página 1, de 16/03/2011, terá o objetivo de discutir e elaborar políticas públicas voltadas à construção da igualdade, tendo como perspectiva o fortalecimento da autonomia econômica, social, cultural e política das mulheres, contribuindo para a erradicação da extrema pobreza e para o exercício pleno da cidadania das mulheres no Brasil. (3ª Conferência nacional de Políticas para as Mulheres, Brasília, 2011). Percebe-se que temos leis que valorizam a igualdade de gêneros e ao mesmo tempo pouca coisa é feita, visto que ideais preconceituosos continuam transmitidos pela mídia. Dessa forma, é possível influenciar na escolha do método contraceptivo, ao motivar mais a laqueadura do que a vasectomia, que fazem parte do Planejamento familiar, ou seja, o direito de ter ou não ter filhos. Vamos então à sexualidade. Alguns autores afirmam que a sexualidade é exercida desde a infância. É o caso de Claudia Ribeiro. Em artigo O Despertar da Sexualidade, da Revista Escola, a professora diz que crianças sentem prazer em explorar o corpo, em serem tocadas, acariciadas. “Elas experimentam a si próprias e ao entorno, vivenciam limites e possibilidades”, afirma Ribeiro (2015). Ela ainda fala sobre as fases do descobrimento da criança. 12 De modo geral, é possível falar em três ‘frentes de descobrimento’, que ocorrem paralelamente: a da dinâmica das relações afetivas, a do prazer com o corpo e a da identificação com o gênero. Tudo se inicia com a primeira percepção de prazer: o ato de mamar, uma ação que dá alívio ao desconforto da fome e que intensifica o vínculo afetivo, baseado na sensação de cuidado e acolhimento. (Idem. 2015). Segundo Freud, as fases do desenvolvimento da sexualidade são: oral, anal, fálica, latência e genital. É durante a infância que as crianças descobrem o próprio corpo. Eliana Marçal é psicóloga clínica e em artigo da Folha de Londrina explica cada uma dessas fases. Segundo ela a fase oral vai de 0 a 1 ano e é o momento onde as crianças têm na boca a região de maior prazer. O principal objeto de desejo é o seio da mãe. Já na fase anal que vai dos 2 a 4 anos, a criança tem como região do ânus, a de maior prazer. É quando a criança começa a ter noção de higiene. Na fase fálica que vai de 4 a 6 anos, a criança se volta para a região genital. Momento em que as crianças pensam que todos possuem um pênis. Segue ilustração da fase fálica: Fonte: educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com A fase de latência vai de 6 a 11 anos e é quando a libido da sexualidade passa a ser o que é socialmente aceito (atividades sociais e escolares). Segue ilustração: 13 Fonte: educacaoesexualidadeprofclaudiabonfim.blogspot.com A última fase é a genital, momento do início da adolescência. Nesta fase, há a retomada dos impulsos sexuais. Marzano (2015) declara que o sentido da vida amorosa está presente desde os primeiros dias da infância, até a fase adulta e à terceira idade. “As atitudes, gestos, vivências e ideias, preconceitos e superstições aprendidos na infância, serão utilizados correta ou incorretamente, na tentativa de ajustamento psicossexual e emocional do adolescente e, mais tarde, do adulto”. (MARZANO, 2015) Desde pequeno, o menino ouve que existe para ser superior à mulher, formar uma família patriarcal e dominar em esferas tais como econômica, política e social. O homem serve para dominar a mulher, que é considerada submissa, dominada e aprende que existe para ser delicada, esposa e mãe. Ele pode iniciar sua vida sexual desde cedo. Ela é criticada caso isso aconteça. Os papeis de gênero condizem com interpretações tradicionais do Brasil como tendo uma cultura machista. Muitos descreveram o machismo em termos de indiferença à família, distanciamento dos filhos, resistência a adversidades, assédio sexual, capacidade de beber muito, agressividade contra outros homens, dominação em relação às mulheres. (apud de Souza, 2000). Para Money (1981) há estereótipos, ou seja, valores determinados pela sociedade, que ainda insistem e fazem parte de alguns ensinamentos. 14 Se você é homem, pode seduzir garotas para provar a sua masculinidade, mas tem direito a uma noiva virgem; todas as suas relações com mulheres são intensamente coloridas de sexo, e as significativas são as que se limitam a sexo; você se gaba do prazer e das proezas sexuais em qualquer grupo de homens, e usa um vocabulário pudico e especial com mulheres, até mesmo sua esposa, e qualquer outra parceira sexual. (MONEY & TUCKER, 1981, pág. 14/15). Para Marzano (2005), os papeis sexuais são impostos pela cultura, como o sexo biológico foi determinado pela fecundação e pelos fatores endócrinos. Já de acordo com Giddens (1993), a sexualidade masculina acontece quando ‘os homens separam suas atividades sexuais das outras atividades da vida, onde são capazes de encontrar um direcionamento estável e integral’. De acordo com estudo realizado por Gomes na década de 20, o homem para ser considerado homem de verdade deveria iniciar sua vida sexual com uma prostituta e negar o homossexualismo. “Esses homens tinham medo de serem questionados na sua masculinidade”. O autor comenta ainda as inseguranças de ser homem devido à existência de uma sexualidade pela atração dos opostos e pelo medo da homossexualidade e da impotência. Em relação a essa insegurança masculina, o autor cita Roberto Damatta (1997). “Ser homem é receber de uma mulher o atestado ou a prova de que se é verdadeiramente ‘homem’”. (DAMATTA, apud GOMES, 2008). O homem apresenta um erotismo que enfatiza o visual e partes do corpo feminino, como podemos observar pelo grande número de revistas pornográficas. É o que comenta Celso Marzano (2015). Para ele, o erotismo masculino é mais visual, mais genital. Os homens procuram a nudez feminina, e conseguem se excitar facilmente com fotografias, estátuas e com literatura erótica pornográfica. O material pornográfico masculino consiste em um suceder contínuo de atos sexuais, sem necessidade de uma história, servindo apenas como acessório para a masturbação ou às preliminares. É muito valorizado o tamanho do pênis, grandes orgasmos e ejaculações exuberantes. (CEDES, 2014). 15 Ainda em relação a esse assunto, Goldemberg (2000) afirma: Talvez o machão esteja realmente em crise, mas é possível que até ele consiga sobreviver, só que será obrigado a coexistir com outras formas de ser homem. O que não sobrevive mais é um modelo hegemônico de masculinidade, com base na força, poder e virilidade, embora homens e (mulheres!) continuem alimentando esse ideal. (GOLDEMBERG, 2000) Vários fatores podem afetar a sexualidade masculina. Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), as disfunções sexuais se caracterizam pela incapacidade do indivíduo para participar do ato sexual com satisfação, cita Carmita Abdo. Essa dificuldade deve ser persistente ou recorrente, além de vivenciada como algo indesejável, desconfortável e incontrolável. Tais quadros constituem a grande maioria dos transtornos da sexualidade, manifestando-se por: falta, exemplificada pela disfunção erétil (falta de ereção, inibição do desejo sexual (desejo sexual hipoativo) e ausência de orgasmo; excesso, cujo exemplo é o impulso sexual excessivo; desconforto, representado pela ejaculação precoce (no homem); dor à relação que pode acometer tanto mulheres quanto homens. (ABDO, 2014) Segundo a Hype Science, a saúde emocional afeta a sexualidade, ou seja, o stress e o cansaço podem prejudicar a vida sexual e causar transtornos sexuais. De acordo com o site ABC da saúde, há também fatores biológicos, tal como o diabetes. As disfunções masculinas mais comuns são a erétil, conhecida como impotência e a ejaculação precoce. Mas há fatores como a baixa do hormônio denominado testosterona. Os médicos Gerson Lopes e Fabiane Vale citam o modelo de Helen Kaplan, que diz: “a maior parte dos distúrbios sexuais não se deve a traumas psíquicos profundos, mas a desajustamentos causados por desinformação e crise – às vezes passageiras – de convivência”. Daí os autores destacam a terapia sexual ensinada por Kaplan, ou seja, o uso integrado de experiências sexuais sistematicamente estruturadas e a exploração psicoterapêutica dos conflitos, por exemplo. Na terceira idade a sexualidade continua com fatores psicológicos, fisiológicos e sociais. Isso leva a crer, como aponta Freitag (2005), que “no 16 homem, as experiências sexuais agradáveis contribuem para que, psicologicamente, o interesse por sexo continue presente com o correr dos anos” (FREITAG, 2005, p. 68), independentemente de ser considerado jovem ou idoso pela sociedade. O autor relata que o impedimento para a prática sexual pode advir de doenças como hipertensão arterial, infarto do miocárdio, doenças coronarianas, bem como do diabetes tipo II, que costumava aparecer após os cinquenta ou sessenta anos. A incidência de diabetes tipo II já se estendeu aos jovens, devido à alimentação errônea do chamado fast food, rico em açúcar e gorduras. Para ele, o vício do cigarro constitui um dos fatores mais graves na diminuição da potência sexual, devido à ação vaso-constritora da nicotina. (Idem, grifo nosso). Para Freitag (2005), atualmente já é possível tratar a disfunção erétil (impotência) com medicamentos, mas a satisfação do ato sexual por si só não é tão importante para o idoso sem uma resposta de carinho e amizade profunda entre o casal. “O essencial é melhorar a qualidade do tempo de convivência, não a quantidade de relações sexuais”. (Idem, p. 69). Ao falarmos então de sexualidade masculina, e consequentemente da cultura influenciadora, caminha-se então para o significado da palavra. Cintia Favero, em artigo “O que é sexualidade”, da Info escola, relata que sexualidade é a busca de prazer, descoberta das sensações proporcionadas pelo contato ou toque, atração por outras pessoas (de sexo oposto e/ou mesmo sexo) com intuito de obter prazer pela satisfação dos desejos do corpo, entre outras características. “É diretamente ligada e dependente de fatores genéticos e principalmente culturais. O contexto influi diretamente na sexualidade de cada um”. (www. http://www.infoescola.com/sexualidade/o-que-e-sexualidade) Apesar de ainda prevalecer o protótipo tradicional do homem ativo, forte, capaz de realizar trabalho físico, de lutar na guerra e de penetrar o corpo da mulher, poucos são os que, efetivamente, conseguem cumprir plenamente essa expectativa. Dessa forma, nos diferentes contextos da vida, adaptam esse modelo tradicional de masculinidade, preservando o que lhe é possível e que lhe garanta o reconhecimento de seus pares. Por exemplo, em muitos ambientes em que os jovens incorporam em seu discurso novos paradigmas de masculinidade, quando se casam, reassumem o modelo aprendido de seus pais. (AVSC International/IPPF, 1999). 17 Atualmente, diz-se que a masculinidade está em crise. Sérgio Gomes da Silva aponta Focault (1986). “(...) O próprio termo sexualidade é um termo surgido no século XIX, portanto pertencente às sociedades modernas e pósmodernas”. Segundo Sérgio Gomes da Silva, não havia um vocabulário que desse conta da sexualidade de homens e mulheres, por isso o autor diz. “O que vai se estabelecer são normas da diferença sexual entre ambos”. O modelo de perfeição estava representado na anatomia masculina, onde a regra fálica distinguia perfeitamente o domínio de superioridade e inferioridade masculina e feminina respectivamente. Concebida como um homem invertido e inferior, a mulher será um sujeito “menos desenvolvido” na escala da perfeição metafísica. (Silva, 1999, http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S141498932000000300003&script=sci_arttext) Se a diferença entre os gêneros anteriormente voltava-se para a relação anátomo-fisiológica, com o two-sex-model, “o sexo político-ideológico vai ordenar a oposição e a descontinuidade sexuais do corpo” (...) justificando e impondo “diferenças morais aos comportamentos femininos e masculinos, de acordo com as exigências da sociedade burguesa, capitalista, individualista, nacionalista, imperialista e colonialista implantada nos países europeus. (COSTA, 1995, p. 110-111 apud SILVA, 1999). De acordo Com Haruo Okawara (1993), o sistema sexual inclui outros aspectos, tão fundamentais quanto à sexualidade genital: Identidade de gênero (convicção de pertencer ao sexo masculino ou feminino); papel sexual (comportamentos considerados típicos ou apropriados para o sexo masculino ou feminino numa determinada cultura); papel familiar e papel social; autoimagem corpórea; atratividade, sensualidade e erotismo; afeição, intimidade e amor; relacionamentos. A maneira como todos esses elementos se desenvolvem e se integram na personalidade de um indivíduo constitui a sua educação sexual. Sexo pode significar diferentes coisas para diferentes pessoas; para algumas, representa apenas uma forma de reprodução, para outras quer dizer comportamento, como o que adotam quando o corpo está excitado por certos estímulos físicos e psicológicos. No entanto, graças a uma compreensão mais ampla, a visão atual de educação sexual reconhece a sexualidade como parte integrante do desenvolvimento total da personalidade. (OKAWARA apud HALBE, 1993, p. 113) 18 CAPÍTULO II VASECTOMIA A vasectomia é um dos métodos contraceptivos do Planejamento familiar ou Reprodutivo que, Regulamentado pela Lei 9263/96. No Manual Técnico de Assistência ao Planejamento familiar, em sua 4ª Edição, o mesmo deve ser tratado dentro do contexto dos direitos reprodutivos, tendo, portanto, como principal objetivo garantir às mulheres e aos homens um direito básico de cidadania, previsto na Constituição Brasileira: o direito de ter ou de não ter filhos/as. Destaca ainda a importância dos profissionais de saúde realizar atividades educativas, clínicas e de aconselhamento, visando à saúde integral e a dupla proteção, prevenindo assim as doenças sexualmente transmissíveis, e levando em conta a porcentagem de falha e de arrependimento. Dentre as atividades estão orientar sobre gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis. Segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de um milhão de pessoas ao dia adquirem alguma DST. Isso reforça a importância da prevenção e da informação. O Planejamento familiar é assegurado pela Constituição Federal e pela Lei 9263/96. Art. 1º O planejamento familiar é direito de todo cidadão, observado o disposto nesta Lei. Art. 2º Para fins desta Lei entende-se planejamento familiar como o conjunto de ações de regulação da fecundidade que garanta direitos iguais de constituição, limitação ou aumento da prole pela mulher, pelo homem ou pelo casal. Parágrafo único - É proibida a utilização das ações a que se refere o caput para qualquer tipo de controle demográfico. Art. 3º O planejamento familiar é parte integrante do conjunto de ações de atenção à mulher, ao homem ou ao casal, dentro de uma visão de atendimento global e integral à saúde. 19 Parágrafo único - As instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde, em todos os seus níveis, na prestação das ações previstas no caput, obrigam-se a garantir, em toda a sua rede de serviços, no que respeita a atenção à mulher, ao homem ou ao casal, programa de atenção integral à saúde, em todos os seus ciclos vitais, que inclua, como atividades básicas, entre outras: I - a assistência à concepção e contracepção; II - o atendimento pré-natal; III - a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato; IV - o transmissíveis; controle das doenças sexualmente Art. 4º O planejamento familiar orienta-se por ações preventivas e educativas e pela garantia de acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para a regulação da fecundidade; Sobre os casos em que se permite a esterilização, diz a Lei: Art. 10. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: (Artigo vetado e mantido pelo Congresso Nacional - Mensagem nº 928, de 19.8.1997). I - em homens e mulheres com capacidade civil plena e maiores de vinte e cinco anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar, visando desencorajar a esterilização precoce; (Lei 9263/96) Segundo Arakén Irêrê Pinto (1993), o planejamento familiar é uma das mais importantes atividades da medicina preventiva e se caracteriza principalmente, pela profilaxia da morbimortalidade materno-infantil, e seu objetivo é o de proporcionar aos casais, em particular, as informações e os 20 meios necessários para que possam decidir de modo voluntário e consciente, sobre o número de seus filhos e a oportunidade em que os vão ter. Desta forma, o planejamento familiar é também, o instrumento para que se realize na prática, o princípio da paternidade responsável, cujo exercício conduz a que as famílias não tenham senão, os filhos que possam criar e educar condignamente (...). (...) Do ponto de vista médico-social, o planejamento familiar, ao permitir a limitação do número de filhos e/ou um maior espaçamento entre as gestações, contribui para uma substancial melhoria da saúde do grupo materno-infantil; reduz enormemente a incidência de gestações indesejadas e, em consequência, reduz também a ocorrência do aborto provocado. Proporciona ainda, sensível redução na incidência da gravidez de risco, em especial a que ocorre nos extremos da vida reprodutiva. Finalmente, numa visão micro social, permite que cada família possa compatibilizar o número de seus filhos com suas reais perspectivas de proporcionar-lhes alimentação, educação e cuidados de saúde adequada. (PINTO, apud HALBE, 1993, p. 627). Vários métodos contraceptivos fazem parte do planejamento familiar. Há a anticoncepção hormonal oral, a injetável, o Dispositivo Intrauterino (D.I.U.) e outros. Esses métodos são os considerados reversíveis. Há também os considerados como definitivos que são a esterilização feminina (laqueadura tubária) e a esterilização masculina (vasectomia). Então, dentre os métodos contraceptivos considerados definitivos e que fazem parte do planejamento familiar está a vasectomia. Segundo Porto (2001), a vasectomia consiste em secção e/ou oclusão do canal deferente, sendo um método seguro, eficaz e de fácil execução. Já para o dicionário Houaiss, o procedimento é o corte ou laqueadura dos canais pelos quais passam os espermatozoides, promovendo a esterilização masculina. Cortamse os ductos ou canais deferentes (tubos que conectam os testículos ao pênis). Isso faz com que seja impedida a passagem dos espermatozoides. A seguir, ilustração de como é a vasectomia: 21 Fonte imagem: Google imagens A vasectomia estabeleceu-se, nos últimos vinte anos, como método alternativo de esterilização definitiva no planejamento familiar. Por serem mínimas as complicações (Davis), tem boa aceitação nas diferentes camadas socioeconômicas (Blandy). A receptividade será tanto maior quanto melhor sejam compreendidos seus benefícios e os serviços de esterilização tornem-se acessíveis aos interessados. Em muitos países nos quais não há leis específicas que proíbam a contracepção cirúrgica (Afeganistão, México, Nepal, Noruega, Arábia Saudita, Sri Lanka), o procedimento é considerado permitido. Nos países onde os estatutos não são claros (Argentina, Bulgária, Paraguai, Peru e Uruguai), as leis ultrapassadas não foram objeto de regulamentação. Em Burma, Grécia, Portugal, Somália e Espanha existem codificações legais específicas que proíbem a esterilização cirúrgica, que no momento não são respeitadas. (...) O maior número de esterilizações foi praticado na Ásia, em especial na República Popular da China e na Índia. Nesta, a vasectomia já foi utilizada por cerca de 12 milhões de casais. 22 Um dos primeiros países a incorporar a esterilização voluntária no programa oficial de planejamento familiar, nos anos de 1960 foi a Índia. Nesse país são oferecidas compensações financeiras para que as pessoas se submetam à esterilização. Um levantamento feito em 1982 revelou que na China 12 milhões de casais (7% em idade fértil) utilizaram a vasectomia. Na Europa Ocidental, a esterilização voluntária está se tornando atualmente muito popular. Na Europa Oriental e na Rússia, as esterilizações ainda constituem eventos raros. (NETTO e NEVES, apud HALBE, 1993, p. 743). A primeira vasectomia animal foi realizada em 1823 por Sir Astley Cooper, que descreveu o procedimento: Em 1823 fiz a seguinte experiência em um cachorro: liguei e seccionei o ducto deferente de um lado e as veias e artérias espermáticas do outro lado. Notei então que o testículo no qual a artéria e veia foram ligadas atrofiou. Do outro lado, entretanto, onde somente o ducto deferente foi ligado, o testículo permaneceu normal. Em 1829, sacrifiquei o cão e encontrei o ducto deferente excessivamente alargado e cheio de sêmen, com alguma separação de suas extremidades, mas permeável desde o local da secção até a uretra. (NETTO e NEVES, apud HALBE, 1993, p. 743). Netto e Neves (1993) afirmam que em geral, quando o homem procura um serviço especializado, já encontra alguma informação sobre a vasectomia, embora nem sempre correta. Para isso, é importante que o casal compareça a entrevista, para que sejam aconselhados. Mesmo que estejam interessados em outro método de esterilização, ambos os métodos, masculino e feminino, devem ser discutidos detalhadamente, dizem os autores. De forma simples, o casal entenderá o que é o procedimento. Os autores destacam ainda que a cirurgia não é castração. Ouve-se falar que houve melhora no desempenho sexual dos homens. Depois da esterilização, o homem se torna estéril, mas não impotente. Não se conhece qualquer razão fisiológica pela qual a vasectomia afetaria o comportamento sexual. (Idem, 1993, grifo nosso). 23 Eles lembram ainda que a vasectomia afeta o desempenho sexual do homem e da mulher, de modo positivo. ‘O orgasmo é obtido em número muito maior de relações que antes da vasectomia’. (NETTO e NEVES apud HALBE, 1993, p. 744, grifo nosso). (...) com grande frequência, ouve-se falar que houve melhora no desempenho sexual do homem após submeter-se à vasectomia. Nos contato tardios mantidos com casais em que o homem submeteu-se à vasectomia, surpreendeu-nos a frequência com que a mesma afetou o desempenho sexual da mulher. O orgasmo é obtido em número muito maior de relações que antes da vasectomia. Houve até casos em que as mulheres afirmaram ter alcançado orgasmo pela primeira vez após a vasectomia do marido. Tem-se assim uma ideia do quanto interfere no relacionamento de um casal, o medo de uma gravidez não planejada ou mesmo indesejada. (Idem, 1993) Há poucas contraindicações para a realização da vasectomia. Segundo Netto e Neves (1993) as infecções cutâneas localizadas, como escabiose, ou infecções do trato genital, podem interferir no processo de cicatrização da incisão e devem, portanto, ser tratadas antes da operação. Os autores declaram que as afecções localizadas, que podem tornar difícil ou perigosa a operação, incluem: varicocele, hidrocele grande, hérnia inguinal, filariose e presença de tecido cicatricial, resultante de cirurgia anterior. Para Netto e Neves (1993) algumas moléstias sistêmicas também exigem precauções especiais e, possivelmente, hospitalização para a realização da cirurgia, da mesma forma que para outras intervenções cirúrgicas menores, como as coagulopatias, o diabetes e os casos de cardiopatias coronarianas recentes. Antes de realizarem a vasectomia, alguns homens podem questionar se ainda terão sêmen. Por isso, vamos entender como é a anatomia do sistema reprodutor masculino. A seguir, ilustração da anatomia do sistema reprodutor masculino: 24 Fonte: Google imagens No que diz respeito ao sistema reprodutor masculino, Netto e Neves (1993) explicam que os testículos são divididos em aproximadamente 250 compartimentos chamados lóbulos testiculares, e cada lóbulo é ocupado por um a quatro túbulos seminíferos envolvidos por tecido conjuntivo frouxo, rico em vasos e nervos. Segundo os autores, os túbulos seminíferos são túbulos retorcidos que terminam em fundo de saco, medindo cerca de 0,2 mm de diâmetro e de 30 a 70 centímetros de comprimento. (...) Assim, nestes túbulos, os espermatozoides são produzidos pelas células da linhagem germinativa ou espermatogônias e posteriormente atingem o epidídimo. Os ductos deferentes reúnem-se formando um tubo único, longo (4 a 6 metros), que se enovela sobre si mesmo formando o epidídimo. As células do epitélio epididimário criam condições favoráveis, para que os espermatozoides tornem-se móveis e férteis. Ao longo do epidídimo, os espermatozoides maturam-se, adquirem o flagelo e tormam-se capazes de fertilizar óvulos. Por fim, o epidídimo continua em um túbulo reto, de paredes espessas, que se dirige à uretra prostática, onde desemboca: o 25 ducto deferente. Este é caracterizado por uma parede espessa, cosntituída principalmente por músculo liso, e por uma luz estreita. Na sua porção terminal, antes de penetrar na próstata, o ducto deferente dilata-se, formando uma região chamada ampola, que recebe o ducto proveniente da vesícula seminal. Daí para diante, o ducto deferente penetra na próstata, e neste caminho intraprostático é chamado de ducto ejaculatório, que por sua vez, desemboca na uretra. (NETTO&NEVES, apud HALBE, 1993, p. 745). O sistema reprodutor masculino tem então: testículos, epidídimo, ductos deferentes, glândulas seminais, próstata, ducto ejaculatório e pênis. O último tem como função depositar os espermatozoides no interior da vagina. As gônadas masculinas, ou testículos, são os órgãos sexuais principais, pois produzem os gametas e os hormônios que definem as características sexuais secundárias. O epidídimo, o ducto deferente, as vesículas seminais, a próstata, as glândulas bulbouretrais, o escroto e o pênis são chamados de órgãos sexuais acessórios. O espermatozoide é a célula reprodutiva formada durante a gametogênese. Espermatozoides normais de seres humanos possuem 23 cromossomos. Cada testículo possui de 250 a 1.000 túbulos seminíferos que medem aproximadamente 150 a 250 de diâmetro e 30-70 centímetros de comprimento cada um, sendo o comprimento combinado dos túbulos de um testículo de aproximadamente 250 metros. (http://www.hmsj.com.br/centroreproducaohumana/sistema-reprodutor) Segundo Débora Meldau, no artigo “Pênis”, da Infoescola, o órgão é dividido em três partes: cabeça, corpo e raiz. “A glande e o prepúcio fazem parte da cabeça; o corpo é o prolongamento fálico; a raiz é a parte do pênis que está inserida dentro do corpo do homem”, aponta Meldau. A ereção do pênis é um processo hemodinâmico controlado por impulsos nervosos sobre o músculo liso das artérias do pênis e sobre o músculo liso das trabéculas que cercam os espaços vasculares dos corpos cavernosos. No estado flácido, o fluxo sanguíneo no pênis é pequeno, mantido pelo tônus intrínseco da musculatura lisa peniana e por impulsos contínuos de inervação simpática. A ereção acontece quando impulsos vasodilatadores do parassimpático causam o relaxamento dos vasos penianos e do músculo liso dos corpos cavernosos. (MERDAU, 2015) 26 Em artigo “Aparelho reprodutor masculino”, da Infoescola, Fabiane Santos Gonçalves faz a seguinte definição: Os órgãos do sistema reprodutor masculino produzem os gametas por meio da gametogênese e são anatomicamente moldados para inserir estes gametas no sistema reprodutor feminino para que haja fecundação e continuidade da espécie. As gônadas masculinas, ou testículos, são órgãos sexuais principais, pois produzem os gametas e os hormônios que definem as características sexuais secundárias. O epidídimo, ducto deferente, vesículas seminais, próstata, glândulas bulbouretrais, escroto e pênis são chamados de órgãos sexuais acessórios. (GONÇALVES, 2015) Paula Louredo também define o aparelho, em artigo Sistema reprodutor masculino, do Brasil Escola: No sistema reprodutor masculino, encontramos um par de testículos. Eles são as gônadas masculinas e se localizam no interior da bolsa escrotal (...). Após a formação dos espermatozoides nos túbulos seminíferos, eles são encaminhados através de ductos eferentes ao epidídimo, onde ganharão mobilidade e ficarão armazenados até serem eliminados na ejaculação. Quando o homem é estimulado sexualmente, os espermatozoides saem do epidídimo, através dos ductos deferentes, e são encaminhados até as glândulas seminais, e, em seguida, para a próstata. Tanto as glândulas seminais quanto a próstata são glândulas anexas que produzem substâncias que nutrem os espermatozoides. Depois de passar por essas glândulas anexas, o esperma ou sêmen é encaminhado à uretra, de onde será expulso. (Louredo, 2015) O cirurgião Pedro Araújo acredita que esse seja um dos grandes tabus associados à vasectomia. O líquido seminal, produzido na próstata e na vesícula seminal, continua sendo eliminado normalmente durante a ejaculação, apenas não apresentando o espermatozoide, que se degenera e é reabsorvido pelo próprio organismo. Com relação à função erétil ou potência sexual, também não há nenhuma influência. Os nervos e vasos responsáveis pela ereção peniana não estão envolvidos durante a cirurgia de vasectomia. 27 (http://pedroaraujo.site.med.br/index.asp?PageName=VASECT OMIA) A seguir, segunda ilustração do procedimento de vasectomia: Fonte: http://pedroaraujo.site.med.br/index.asp?PageName=VASECTOMIA De acordo com Sayyeda Frida Ahmed, na Apostila Métodos Anticoncepcionais do Curso de Pós-graduação em Sexualidade, do Instituto A Vez do Mestre, da Universidade Cândido Mendes, a cirurgia de vasectomia é feita com anestesia local em cima do escroto e não necessita de internação hospitalar. Cortam-se os ductos ou canais deferentes (tubos que conectam os testículos ao pênis). Isso faz com que seja impedida a passagem dos espermatozoides. O índice de falha é de 0,2% e é considerado método definitivo. De acordo com Netto e Neves (1993), para a realização da técnica cirúrgica, recomenda-se ao paciente que se banhe antes do procedimento, e utilize roupas limpas. Os autores declaram que a cirurgia é realizada em regime ambulatorial, em sala de pequena cirurgia, em hospitais, ambulatórios médicos ou consultórios que disponham de acomodações próprias e os cuidados de assepsia e antissepsia devem ser observados. Procede-se à anestesia local com xilocaína a 2%, sem adrenalina. O ducto deferente é identificado e mantido junto à 28 pele escrotal por meio de um gancho que facilita a apreensão do mesmo. Além desse método, podem ser utilizadas pinças de Allis ou Backhaus com a finalidade de apreensão do deferente. Uma vez anestesiada a pele, realiza-se incisão bilateral, de aproximadamente dois cm, sobre a região onde está aprisionado o deferente e o mesmo é exposto num ponto equidistante do anel inguinal externo e da junção epidídimo diferencial. Alguns preferem incisão única, mediana, com a qual julgam haver menos complicações. Efetua-se a ligadura do coto distal com categute 2-0 cromado. Entre os cotos interpõe-se a serosa, que originalmente revestia o deferente, de modo a manter separados os cotos. (...) sutura-se o plano musculocutâneo com pontos separados. (NETTO & NEVES apud HALBE, 1993, p. 745) Netto e Neves explicam que em casa, o paciente deve permanecer em repouso com bolsa de gelo sobre a região escrotal durante 4 a 5 horas, para prevenir o edema e minimizar o quadro doloroso e que o paciente também deve manter repouso, com os pés elevados, por cerca de quarenta e oito horas, evitando-se exercícios vigorosos durante os cinco primeiros dias após a cirurgia. Recomenda-se o uso de anti-inflamatórios por via oral durante uma semana. O tempo necessário para o desaparecimento dos espermatozoides, segundo Netto e Neves (1993) é diretamente proporcional à frequência de ejaculações, verificando-se que, após 10 ejaculações, os pacientes estão praticamente azoospérmicos. O controle da esterilização será feito então, através do exame espermograma, que devem ser realizados de quarenta e cinco a sessenta dias após a cirurgia. Se no exame constar azoospermia, o paciente é considerado estéril, afirmam Netto e Neves. Segundo eles, após trinta dias é necessário repetir o exame, a fim de confirmar o resultado anterior. Em relação a possíveis complicações, podem ocorrer descoloração da pele, contusão, tumefação e desconforto, que normalmente desaparecem após uma ou duas semanas, explicam NETTO e NEVES (1993). Segundo os autores, raramente ocorre hematoma, infecção, epididimite ou granuloma de espermatozoides e o hematoma escrotal ocorre em taxa inferior a 1% dos homens vasectomizados. 29 Cerca de metade a dois terços dos vasectomizados desenvolvem anticorpos espermáticos decorrentes da absorção dos espermatozoides (Blandy). Esses anticorpos têm sido apontados como causa da inibição da espermatogênese que ocorre nos primeiros meses após a vasectomia, inclusive ajudando o organismo a eliminar o excesso de espermatozoides do trato genital bloqueado. No entanto, os títulos de anticorpos se mantenham praticamente inalterados, a espermatogênese restabelece-se com o decorrer do tempo, e mesmo entre portadores de títulos altos de anticorpos, a fertilidade pode ser restabelecida com a recanalização do deferente. (NETTO & NEVES, apud HALBE, 1993, p. 747). Vasectomizado, o homem continuará com sua vida sexual normal. Ele terá ejaculação e sêmen, que é produzido na vesícula seminal. Segundo Gilmar Torquato, no site Ler Saúde, há a possibilidade de se fazer uma cirurgia para tentar a recanalização, embora seja difícil. “A capacidade fértil nunca mais será a mesma. A fabricação de espermatozoides é prejudicada. Quanto maior o tempo transcorrido após a cirurgia, menor a taxa de sucesso”. Ainda de acordo com o Instituto Paulista, um dos primeiros relatos de reversão de vasectomia ocorreu em 1915 e cerca de 2 a 6% dos pacientes acabam optando pela reversão, devido ao fato dos casais se separarem e constituírem nova família. Para Netto e Neves (1993), a reversão da vasectomia, ao contrário da operação original, deve ser realizada por cirurgiões altamente especializados e experientes, em hospital devidamente equipado. As razões do insucesso, segundo os autores, são: Granuloma espermático, obstrução proximal do deferente ou do epidídimo, desalinhamento dos cabos proximal e distal por ocasião da anastomose, vasectomia muito próxima ao epidídimo e com lesão associada do mesmo, e remoção de segmento muito extenso do deferente. Quanto menor o tempo entre a vasectomia e a reversão, melhor o índice de recanalização. (NETTO & NEVES apud HALBE, 1993, p. 748). 30 CAPÍTULO III SEXUALIDADE MASCULINA APÓS A VASECTOMIA: UMA PESQUISA DE CAMPO Pretendeu-se neste terceiro capítulo, analisar os dez questionários respondidos pelos clientes vasectomizados e observar três aspectos: o primeiro, se o desejo sexual, ou seja, a libido/a vontade sexual aumentou após a cirurgia de vasectomia. O segundo, se os clientes vasectomizados utilizam o preservativo para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e no terceiro, qual o nível de importância do sexo para os clientes, diante de cinco opções apresentadas. Os questionários foram respondidos por dez homens vasectomizados. Seguem respectivamente em ordem crescente de idade, religião e número de filhos: vinte e sete anos, católico, 3 filhos; trinta anos, católico, 3 filhos; trinta e dois anos, evangélico, 2 filhos; trinta e cinco anos, evangélico, 2 filhos; trinta e seis anos, evangélico, 2 filhos; trinta e seis anos, evangélico, 2 filhos; trinta e oito anos, católico, 2 filhos; quarenta e dois anos, evangélico, 4 filhos biológicos e 2 adotivos; quarenta e sete anos, católico, 2 filhos; cinquenta e seis anos, católico, 1 filho. Os clientes afirmaram que procuraram o serviço de planejamento familiar para realizar a vasectomia, por não desejarem mais ter filhos e para facilitar a esposa, sendo que um especificou também o anseio de cuidar mais de si. Em relação ao uso da camisinha para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, seis dos dez participantes, relataram não usar camisinha e quatro afirmaram utilizá-la. Vamos então falar sobre o perigo de não se utilizar o preservativo. O risco de engravidar é mínimo após a vasectomia, mas é de suma importância a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis, para que num futuro talvez até próximo, o fato de a vasectomia ser realizada, não venha a ser fator influenciador da transmissão 31 ou contaminação de DSTs. Carolina Lázari, Celso Granato e Jorge Sampaio relatam: As doenças sexualmente transmissíveis englobam diferentes enfermidades causadas por bactérias, vírus ou parasitas, que são transmitidas pelo contato vaginal, anal ou oral. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de um milhão de pessoas ao dia adquirem alguma DST. Destaca-se que algumas dessas doenças aumentam o risco de aquisição de HIV em pelo menos três vezes, o que reforça a importância do diagnóstico correto e do tratamento. (LÁZARI, GRANATO & SAMPAIO apud MACIEL & SILVA, 2015, p. 15). Celso Marzano (2015) declara que as pessoas tomam cuidado para não pegar uma gripe, para cuidar da pele e muitas outras coisas, mas que se esquecem da prevenção das doenças dos genitais que podem atingir a resposta sexual tanto física quanto psiquicamente. Tanto homens como mulheres devem estar atentos a vários detalhes do seu corpo que podem afetar direta e indiretamente toda a sua sexualidade. As respostas sexuais dependem de um equilíbrio da mente e corpo, ou seja, corpo sadio e mente sã são sinônimos de felicidade sexual. Os cuidados com a pele, como os dentes, com os cabelos são importantíssimos no jogo da atração e do amor. Mas não podemos nos esquecer das partes do nosso corpo que ficam geralmente escondidas sob as roupas, e que na hora do encontro sexual devem estar saudáveis para uma completa satisfação dos parceiros e a não transmissão de doenças. (MARZANO, 2015) Dentre as doenças sexualmente transmissíveis existentes estão o HPV, Vírus do Papiloma Humano; a Sífilis; o Cancro mole; o Herpes genital; a Gonorreia; a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) e muitas outras. Vamos falar dessas seis doenças. Pereyra, Guerra e Linhares explicam o que é o HPV. Segundo eles, sabe-se que verrugas genitais são conhecidas desde a antiguidade tendo sido citadas por muitos escritos gregos e romanos. Os autores afirmam que o homem é o único hospedeiro do HPV. Atualmente existem mais de 100 tipos 32 de HPV, alguns deles podem causar câncer, principalmente no colo do útero e no ânus. (http://www.aids.gov.br/tags/tagsportal/doencasexualmentetransmissivel) Falemos então a respeito destas doenças sexualmente transmissíveis. 1- HPV (Vírus Papiloma Humano) . Fonte: http://alvaleasaudeevida.blogspot.com.br/2012/02/hpv-no-homem-proteja-sevacinando.html Dados epidemiológicos publicados mostraram que 60 a 70% dos parceiros sexuais de mulheres infectadas apresentam-se positivos para HPV, mas um terço das mulheres com infecção genital baixa tem parceiros sexuais HPV negativo. (...) A prática comum de sexo orogenital pode ser o principal modo de transmissão em indivíduos sexualmente ativos. A presença de verrugas anogenitais em crianças sempre deve levantar a questão de um possível abuso sexual. (PEREYRA, GUERRA & LINHARES apud HALBE, 1993, p. 835). 2- Sífilis A Sífilis é uma doença bacteriana. Segundo Lázari, Granato e Sampaio (2015), a doença é divida em fases e é fundamental o rastreamento da infecção em pacientes assintomáticos, nas situações de exposição de risco e, sobretudo, na gestação. 33 Fonte: www.drbayma.com (...) Os principais meios de transmissão da sífilis são o contato sexual e a circulação placentária. (...) não tratada é uma doença crônica. Apesar de a lesão primária desaparecer espontaneamente, o treponema pallidum pode, nesta fase inicial, atingir o Sistema Nervoso Central. Nos dias atuais, a penicilina benzatina continua sendo a droga de eleição para o tratamento da sífilis. (NETO & TENÓRIO apud HALBE, 1993, p. 806). 3- Cancro mole O Cancro mole ou cancroide é caracterizado por uma úlcera, declaram Lázari, Granato e Sampaio. Fonte: saibasobredsts.blogspot.com Uma úlcera, habitualmente genital ou em qualquer local onde tenha ocorrido a inoculação do agente, rasa, de bordas regulares e elevadas, com fundo fibrinopurulento e habitualmente dolorosa. Pode haver mais de uma lesão, mais frequentemente em locais em que duas superfícies mucosas permanecem em contato, como os pequenos e os grandes lábios. 34 (LÁZARI, GRANATO & SAMPAIO apud MACIEL &SILVA, 2015, p. 78). 4- Herpes genital O Herpes genital causa lesão pelo vírus herpes simplex. Fonte: http://www.emforma.net/38137-herpes-genital São bastantes características, permitindo frequentemente o diagnóstico clínico. Trata-se de multiplicas pequenas lesões vesiculares, agrupadas, intensamente dolorosas, que a seguir se rompem, tornando-se exulcerações (...). A sorologia tem utilidade limitada, uma vez que os anticorpos podem demorar semanas para surgir após a primo-infecção. (Idem, 2015, p. 79). 5- Gonorreia No que diz respeito à Gonorreia, é uma doença sexualmente transmissível pela bactéria Neisseria gonorrhoeae, conhecida como gonococo, explica Terezinha Tenório. Fonte: www.jornallivre.com.br A morbidade da infecção gonocócica na mulher é maior do que no homem, podendo deixar como sequela, o comprometimento definitivo do futuro reprodutivo. (...) representa um problema de 35 saúde pública em várias regiões do mundo, agravado pelo surgimento de cepas bacterianas resistentes a vários antibióticos anteriormente eficazes. (...) o apelo à sexualidade, veiculado por vários canais de comunicação, não vem acompanhado da informação sobre as consequências da ‘liberalização sexual’. (TENÓRIO apud HALBE, 1993, p. 815). 6- AIDS (Síndrome de Imunodeficiência Adquirida) A AIDS é causada pelo vírus HIV. Segundo Lázari, Granato e Sampaio, todos os anos, entre 35 mil e 40 mil novos casos de infecção pelo HIV são diagnosticados no Brasil. Fonte: cartilhapacienterenal.cursoseconcursosnosite.com.br (...) os vírus HIV-1 e HIV-2 provocam uma infecção lenta e progressiva, com inexorável destruição do sistema imunológico que culmina com o surgimento de infecções oportunistas e neoplasias raras. Tal como definida atualmente, a forma clínica da AIDS é letal. (TENÓRIO & LEAL apud HALBE, 1993, p. 825). As cinco primeiras figuras mostram imagens masculinas, mas as doenças sexualmente transmissíveis podem contaminar homens e mulheres. Dos pesquisados em nosso estudo, nove clientes já voltaram a ter relação sexual e um ainda não. Ao serem perguntados se já tiveram ou se têm algum problema de disfunção sexual, nove clientes afirmaram que não tiveram ou não têm problema de disfunção sexual. Apenas um afirmou ter ejaculação precoce. 36 Quando perguntados se, após a vasectomia, aumentaram a quantidade de vezes que fazem sexo, quatro relataram que não, permanecendo, portanto, a mesma frequência. Já cinco clientes afirmaram que sim, aumentou. Apenas um comentou que diminuiu um pouco. Chegamos à segunda análise. Verificar se houve aumento do desejo sexual após a realização da vasectomia. Cinco clientes afirmaram que não. Dentre esses cinco, dois disseram que o desejo permaneceu o mesmo. Os outros cinco afirmaram que sim, aumentou o desejo sexual. A questão 10 visou observar o nível de importância que os clientes dão ao sexo, diante de cinco opções. Vimos que três clientes colocaram o sexo em segundo lugar, pois diante das opções, preferem comprar um carro. A maioria, ou seja, sete clientes mostraram que fazer sexo está em primeiro lugar e/ou dão maior importância ao sexo diante das opções apresentadas. 37 CONCLUSÃO A pesquisa visou contribuir para diminuir ideais preconceituosos e/ou machistas que porventura venham pregar a vasectomia como prejudicial à masculinidade. Sabemos que a mídia tem o papel de informar e entreter, mas ao mesmo tempo tem o poder de influenciar o receptor, no caso, o leitor e/ou telespectador e/ou ouvinte, à medida que transmite discursos prontos à população. O perigo está na possibilidade de tais discursos desestimularem a escolha da vasectomia por parte dos homens. A sociedade ensina às crianças os costumes culturais. De acordo com o que julga ser o correto, os conceitos são legitimados. Os meninos são, portanto, consequências de ensinamentos apregoadores que visam construir homens dominadores e mulheres dominadas. Na questão de saúde e ao pensarmos em políticas públicas capazes de oferecer direitos igualitários aos cidadãos está o planejamento familiar. Apesar de existir, a mídia pouco o incentiva. Principalmente no que diz respeito à vasectomia. No dia a dia, é muito comum ouvirmos mulheres relatarem que farão a laqueadura tubária ou ainda pedirem para tirar tudo, devido a falta de informações. Pouco se discute sobre a esterilização masculina e seus benefícios, visto que a mesma é vista por muitos homens como castração e causadora da impotência sexual. Junto a esses pré-conceitos, soma-se o medo e a falta de informações. Podemos concluir através da pesquisa de campo com dez questionários preenchidos por dez pacientes que se cadastraram no planejamento familiar, passaram por equipe multidisciplinar e que escolheram a esterilização masculina como método contraceptivo, que a vasectomia não aumenta o desejo sexual do homem, visto que a metade dos entrevistados relatou que o desejo aumentou e a outra metade afirmou que não, permanecendo a mesma Em relação à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, vejo como uma situação de suma importância. A pesquisa demonstrou que a maioria dos clientes vasectomizados, não se previne com o uso do preservativo, após o procedimento. Apesar de todos os clientes e casais serem 38 informados sobre o risco da transmissão e contaminação das doenças sexualmente transmissíveis. Em relação à prevenção, percebeu-se que a maioria não tem consciência da gravidade do caso. O planejamento familiar é um direito da população, garantido pela Constituição Federal e pela Lei 9263/96. Realmente é algo positivo, visto que dá a oportunidade às pessoas terem o número de filhos que quiserem. Por outro lado, esta pesquisa sugere novos estudos em relação às consequências que a esterilização pode oferecer às pessoas desajuizadas que não se previnem e que num futuro próximo ou distante, venham adquirir uma doença sexualmente transmissível, contaminar a/o parceiro (a) e consequentemente, caso não seja diagnosticado a tempo, venham desenvolver, por exemplo, câncer de colo de útero, ânus e pênis. Ao apresentarmos cinco opções aos clientes, notamos que a maioria vê o sexo, como uma prioridade: 70 % prefere o sexo. Comprar um carro foi a única opção que deixou o sexo em segundo lugar. Mas em apenas três ocasiões. Conclui-se então, que a vasectomia não prejudica a vida sexual do paciente. Não aumenta o desejo sexual, mas também não o diminui. Pelo contrário, o estudo demonstrou que no fato de não ter mais a preocupação de engravidar, há a melhora do desempenho sexual do homem e da mulher também. No estudo também se verificou que a quantidade de vezes que fazem sexo permaneceu a mesma. Percebe-se que o desempenho melhorou, pelo fator psicológico. Não é a quantidade, mas a qualidade sexual que aumentou. Como homens têm o sexo como a primeira opção, muitas mulheres também pensam dessa forma. Divulgar os benefícios da vasectomia na vida do casal oferecerá uma nova maneira de pensar o método contraceptivo da esterilização, diminuirá formas distorcidas de como o procedimento é feito e dará conforto à mulher, que muitas vezes é mãe, esposa, dona de casa e ainda trabalha fora. Ela exerce tantas funções e ainda tem de optar pela laqueadura que é um método de mais riscos e que exige mais tempo e cuidados de recuperação. Caminhemos então a favor da vasectomia. 39 BIBLIOGRAFIA ABDO, Carmita, Sexualidade Humana e seus Transtornos, 5ª edição, São Paulo, 2014. Apostila IAVM: Ahmed, Sayyeda Frida. Módulo I – Métodos Anticoncepcionais. Disciplina: Introdução ao Estudo da Sexualidade. Curso de Pós Graduação em Sexualidade à Distância. Rio de janeiro: UCAM/IAVM, 2014. 103 p CONSELHO Nacional dos Direitos da Mulher. Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres. III Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres: autonomia e igualdade para as mulheres. Brasília (DF); 2011. DAMATTA, Roberto. Tem pente aí? pp 31-49 In D Caldas (org) Homens. Editora SENAC, São Paulo. FREITAG, Luiz. Como transformar a terceira idade na melhor idade. Editora Alaúde, São Paulo, 2005. GOLDEMBERG, Mirian. O Macho em Crise: Um tema em debate dentro e fora da academia, pp 13-39, In M Goldemberg (org). Os novos desejos: das academias de musculação às agências de encontros. Editora Record, Rio de janeiro, 2000. HALBE, Hans. 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Sua participação é de extrema relevância. Seu nome não será divulgado. Obrigada por sua participação. • Idade: 32 • Religião: Evangélico • Quantos filhos você tem? 2 • Porque você procurou o Planejamento familiar? Exclusivamente para fazer a Vasectomia. • Agora que você fez a vasectomia, faz uso de camisinha para se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis? Não, pois só tenho uma Companheira e não identificamos até o momento nenhuma DST de acordo com exames periódicos • Já voltou a ter relação sexual? Sim • Já teve alguma vez ou tem algum problema de disfunção sexual? Ainda não • Após a vasectomia, você aumentou a quantidade de vezes que faz sexo? Normal Mesma Frequência • Após a realização da vasectomia, o desejo sexual aumentou? 48 Mesma Frequência • Numere de 1 a 5, o que você considera mais importante para você. (5) assistir a partida de futebol do seu time (2) fazer sexo (3) assistir um bom filme (1) comprar um carro (4) ir a um churrasco com amigos Ps.. A única coisa que mudou em minha vida foi à tranquilidade em ter relações sexuais com minha esposa sem se preocupar em ter mais filhos já que a probabilidade em não tê-los é bem alta e fisicamente parece que a bolsa escrotal fica em mais evidente causando um pouco de desconforto, pois as chances de ser "acertado" com pancadas são bem maiores, mas fora isso tudo normal! 49 ANEXO 4 Este questionário faz parte de uma pesquisa de campo para realização de um trabalho acadêmico do curso de pós-graduação de Sexologia da AVM/UCAM. Sua participação é de extrema relevância. Seu nome não será divulgado. Obrigada por sua participação. 1- Idade: 35 anos 2- Religião: evangélico_____________________________ 3- Quantos filhos você tem? 2 filhos___________________ 4- Porque você procurou o Planejamento familiar? Para não ter mais filhos 5- Agora que você fez a vasectomia, faz uso de camisinha para se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis? Não, sou casado. 6- Já voltou a ter relação sexual? Sim 7- Já teve alguma vez ou tem algum problema de disfunção sexual? Não 8- Após a vasectomia, você aumentou a quantidade de vezes que faz sexo? Normal 9- Após a realização da vasectomia, o desejo sexual aumentou? Sim 10- Numere de 1 a 5, o que você considera mais importante para você. (3) assistir a partida de futebol do seu time (5) fazer sexo (5) assistir um bom filme (5) comprar um carro (5) ir a um churrasco com amigos 50 ANEXO 5 51 ANEXO 6 Este questionário faz parte de uma pesquisa de campo para realização de um trabalho acadêmico do curso de pós-graduação de Sexologia da AVM/UCAM. Sua participação é de extrema relevância. Seu nome não será divulgado. Obrigada por sua participação. 1- Idade: ______36___________ 2- Religião: _evangélico____________________________ 3- Quantos filhos você tem? 2_______________________ 4- Porque você procurou o Planejamento familiar? Eu queria parar deter filhos. Por isso procurei o planejamento familiar. 5- Agora que você fez a vasectomia, faz uso de camisinha para se prevenir de doenças sexualmente transmissíveis? Sim. 6- Já voltou a ter relação sexual? Sim 7- Já teve alguma vez ou tem algum problema de disfunção sexual? Não 8- Após a vasectomia, você aumentou a quantidade de vezes que faz sexo? Não 9- Após a realização da vasectomia, o desejo sexual aumentou? Ficou a mesma vontade. 10- Numere de 1 a 5, o que você considera mais importante para você. (2) assistir a partida de futebol do seu time (1) fazer sexo (3) assistir um bom filme (5) comprar um carro (4) ir a um churrasco com amigos 52 ANEXO 7 53 ANEXO 8 54 ANEXO 9 55 ANEXO 10