jornal Escolar | Junho de 2013 | Número 26 Físico Carlos Fiolhais deu uma aula na nossa escola Pág.07 DestaqueS Nesta Edição UA na nossa escola para apresentar oferta formativa Palestra sobre o centenário do nascimento de Álvaro Cunhal Três alunos severenses nas Olimpíadas de Física Pág. 2 Alunos arrecadam medalhas na fase regional de natação - desporto escolar Pág. 3 Atividades de Enriquecimento Curricular Págs. 4 e 5 JI Pessegueiro Workshop “Vestir Bonecas” em parceria com o CAESV Pág. 5 E muito mais... Três projetos de alunos severenses selecionados para o concurso Jovens Cientistas e Investigadores Nove alunos da nossa escola viram selecionados três projetos para o 21.º Concurso - de Jovens Cientistas e Investigadores 2013, inserido na 7ª Mostra Nacional de Ciência, que decorreu entre 30 de maio e 1 de junho no Museu da Eletricidade de Lisboa. Os projetos a concurso foram “Estudo da intensidade e estabilidade das redes wireless” na área científica Engenharias, da autoria de Marta Pereira, Davide Cruz e Tiago Figueiredo; “Telégrafo caseiro” na área científica Física, de André Almeida, Fábio Castro e Bruno Pereira; e “Despoluidores de palmo e meio”, da autoria das alunas Micaela Capela, Cláudia Domingues e Carla Tavares. Simulacro de incêndio na EB de Pessegueiro do VougaPág.04 7 de junho em grande À semelhança do ano transato, o Agrupamento de Escolas de Sever do Vouga promove um Sarau no dia 7 de junho, pelas 21h00, com marchas populares, teatro e música. No mesmo dia, e numa iniciativa de “Dia aberto”, vão decorrer exposições, experiências laboratoriais, jogos de matemática, pedy paper, lan party, momentos musicais Jobra e demonstração de Tai Chi Chuan. Jornal Escolar Junho 2013 | página 2 Secundário Departamento da UA na nossa escola apresenta ofertas formativas Sendo um dos objetivos da Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga “contribuir para a formação integral dos alunos”, procurando orientá-los não só a nível pessoal, mas também numa perspetiva futura de prosseguimento de estudos, decorreu na tarde do dia 8 de maio, no auditório da escola, uma sessão de sensibilização e divulgação das ofertas formativas do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática (DETI) da Universidade de Aveiro. Palestra Esta sessão, na qual participaram os discentes do 10.º, 11.º e 12.º anos do curso Científico-humanístico de Ciências e Tecnologias, foi organizada pelas professoras Carla Faria, Flora Ferreira e Isabel Bastos, em articulação com o DETI, na pessoa do professor Paulo Pedreiras. Espera-se que esta iniciativa possa ter contribuído para uma reflexão individual sobre a preparação do futuro profissional dos nossos alunos. Prof.as Carla Faria, Flora Ferreira e Isabel Bastos Centenário do nascimento de Álvaro Cunhal No âmbito das comemorações do centenário do nascimento de Álvaro Cunhal (1913-2013), subordinadas ao lema ”Vida, pensamento e luta: exemplo que se projeta na atualidade e no futuro”, decorreu na tarde do passado dia 2 de maio, numa sala repleta de alunos do 9.º ano (turmas A, B, C, D e E) e do curso científico de Línguas e Humanidades (11.º C e 12.º D), uma palestra sobre a vida e obra de tão marcante figura do século XX português. Organizada e dinamizada pela subcoordenação de História, em articulação com a Comissão das Comemorações do Centenário de Álvaro Cunhal, esta palestra teve como orador convidado o professor Manuel Rodrigues, membro do Comité Central do PCP e elemento responsável, junto deste organismo, pelas referidas comemorações do centenário. Tendo em consideração a personalidade que foi Álvaro Cunhal e a sua multifacetada intervenção no plano político, social, cultural e artístico, a organização desta palestra, para além da evocação e projeção da grande personalidade que foi Álvaro Cunhal, constituiu igualmente uma oportunidade única para que os nossos alunos pudessem refletir sobre um acontecimento de grande relevância nacional, indissociável de um longo período de vida da sociedade portuguesa e de questões, problemas e perspetivas que marcam o nosso tempo e se projetam no futuro. Prof. Mário Silva Olimpíadas de Física Três alunos severenses na etapa regional No dia 20 de abril, os alunos Adriana Gradim (11.ºA), André Gradim (11.ºB) e Daniela Morence (11.ºA), participaram na etapa regional 2013 das Olimpíadas da Física, que decorreram no Departamento de Física da Universidade de Coimbra. Pretendeu-se desenvolver o gosto pela Física, promovendo o contacto com situações experimentais concretas, e proporcionar a aproximação dos alunos participantes ao contexto universitário. Foi um dia intenso e repleto de atividades. No período da manhã realizaram-se as provas teórico-experimentais. Durante a tarde, visitou-se o Gabinete de Física e o Museu da Ciência (Chimico) da Universidade de Coimbra. Após a sessão de encerramento, foi entregue aos alunos o respetivo certificado de participação. Seguem-se impressões das alunas participantes: - “Foi uma experiência muito enriquecedora. Apesar de não termos regressado com um prémio, penso que o prémio maior foi termos tido a iniciativa de participar e de representar a nossa escola. Aconselho todos os alunos que possam a inscrever-se, porque é, sem dúvida, uma experiência única. (…) houve convívio, trabalho, cooperação e alegria.” Adriana Gradim – 11.ºA - “Para mim o mais importante foi ter conhecido a universidade, assim como os museus. O convívio e toda a experiência foi muito positiva. Diverti-me e aprendi imenso. O dia ficará para sempre na minha memória.” Daniela Morence – 11.º A Prof. Flora Maria Barros Ferreira Jornal Escolar Junho 2013 | página 3 Desporto Escolar - Natação Alunos medalhados na fase regional À semelhança do que tem acontecido nestes últimos 6 anos, a Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga viu-se, mais uma vez, representada na fase Regional de Natação do Desporto Escolar, realizada em Coimbra, no dia 27 de abril. Depois de vermos apurados 9 alunos para a fase final CLDE de Aveiro, onde tivemos vários nadadores a subir ao pódio, conseguimos o apuramento de 4 para a Fase Regional, sendo eles a Ana Rodrigues (7.ºA), o Miguel Silva (8.ºB), o Tiago Tavares (8.º F) e o Rodolfo Pereira (10.ºD). Esta participação é considerada a maior participação de sempre de alunos da nossa escola, numa fase regional de apuramento para os nacionais. Esta última competição apenas não está ao alcance dos nossos atletas por questões de idade, pois os 3 medalhados ainda não se encontram no escalão que dá acesso aos nacionais. Fica porém, a promessa de um contínuo trabalho por parte de todos os envolvidos no processo (alunos, professores e encarregados de educação), para que de futuro possamos ter algum representante nos nacionais de natação do desporto escolar. Os resultados obtidos pelos nossos alunos primaram pela excelência, como poderão demonstrar os dados seguintes: Ana Rodrigues (1.º 200E, 1.º 100B, 1.º 50B), Miguel Silva (2.º 100L, 1.º 100B, 2.º 200L), Tiago Tavares (3.º 100L, 2.º 50M) e. Rodolfo Pereira (9.º 100L). Estes alunos representaram ainda a região de Aveiro, ajudando-a a alcançar o 1.º lugar em termos absolutos, pelo que todos os intervenientes estão de parabéns pelo desempenho, enaltecendo a modalidade e a escola que representam. De salientar que o Desporto Escolar de Natação ao fazer parte integrante do Projeto Educativo do Agrupamento, assim como do seu Plano Anual de atividades, pretende envolver todos os alunos da escola proporcionando-lhes oportunidades de prática de atividades físicas e desportivas ao nível extracurricular. Através do Desporto Escolar, os alunos têm oportunidade de participar de uma forma voluntária, regular e gratuita no grupo/equipa em funcionamento nesta escola, (nos respetivos treinos e competições inter-escolas), podendo desta forma complementar a atividade curricular, com a atividade desportiva extracurricular de acordo com as motivações dos alunos. Para além de contribuir para o processo formativo dos alunos, o Desporto Escolar assume-se ainda como meio de deteção de talentos desportivos, encaminhando-se para clubes federados aqueles que revelam potencialidade em alguma vertente desportiva. Num concelho onde os investimentos vão de encontro com a paixão desportiva nacional, o futebol, é com muito orgulho que verifico o sucesso alcançado pelos nossos nadadores, particularmente quando as condições das infraestruturas desportivas para a prática da natação não se comparam com as dos nadadores de outras escolas. Prof.ª Ana Paula Calvo O dia da Europa assinalado na Agricultura em modo biológico nossa escola O Dia da Europa ou dia da União Europeia é assinalado todos os anos neste agrupamento e dinamizado pelo Clube Europeu e os professores de Geografia, com o propósito de desenvolver atividades que relembrem a cidadania Euro- peia. O dia da Europa é uma data comemorativa, celebrada anualmente na Europa, pela primeira vez em 1986, recordando o 9 de maio de 1950, data em que o então ministro dos Negócios Estrangeiros francês Robert Schuman propôs a criação de uma federação europeia. Essa proposta ficou conhecida como a Declaração Schuman e é considerada o embrião da atual União Europeia. Na escola Básica Secundária de Sever do Vouga os alunos aplicaram num velho ramo de uma árvore (simbolizando o velho continente) as bandeiras da Europa. Utilizaram também uma escada de madeira em que cada degrau simbolizava os sucessivos alargamentos da União Europeia. Em contexto de sala de aula os debates aconteceram com a exploração da questão “ Que Europa (s)?” e a construção de puzzles e jogos interativos sobre Europa. Profs. Ana Carla Dias, Ana Paula Silva, Arlete Ribeiro e Hernâni Soares No passado dia 23 de maio deslocou-se a esta escola o Prof. Alexandrino, a fim de elucidar os alunos do 8º Ano e 11º Ano, turma C, sobre a agricultura em modo biológico. Referiu os aspetos relevantes que distinguem a agricultura convencional da agricultura biológica, não deixando de apontar um dos problemas, a criação de condições para escoar a produção, que passa pela organização dos produtores e pela melhoria das redes de distribuição e comercialização. Sendo ainda embrionária no concelho e tendo sido pioneiro o palestrante, nesta prática de cultivo, expôs nesta sessão aos alunos a sua experiência pessoal, perspetivando uma das potencialidades para a região. Assim, sensibilizou o público-alvo para esta prática agrícola que garante a sustentabilidade, reduzindo o impacte ambiental uma vez que fomenta práticas ecológicas. Profs. Ana Carla Dias, Ana Paula Silva, Arlete Ribeiro e Hernâni Soares Jornal Escolar Junho 2013 | página 4 EB Pessegueiro do Vouga Simulacro de incêndio Dia 22 de maio de 2013, pelas dez horas, realizou-se um simulacro de incêndio na Escola Básica de Pessegueiro do Vouga. Este teve como objetivo testar os meios existentes e preparar a comunidade escolar para lidar com um caso de incêndio na escola,bem como aferir procedimentos a adotar perante uma situação de incêndio. Este simulacro foi devidamente preparado em estreita colaboração e parceria com os Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga. Duas máquinas de produzir fumo simularam um incêndio nas entradas da escola e do jardim de infância. Foi realizada uma comunicação telefónica para o 112 e, como não temos sistema de deteção de fumo, uma assistente operacional deu o alerta tocando a campainha com alguma persistência. As assistentes operacionais, professores e alunos seguiram as instruções previstas num plano de evacuação de emergência da escola e em poucos minutos, todos os utilizadores da escola estavam concentrados no ponto de encontro da escola, em segurança. Depois do alerta, os Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga chegaram ao local. Foi-lhes indicado que havia dois feridos, um no jardim de infância e outro na escola e, após ser efetuado a verificação nos pontos de encontro (reunião), constatou-se que estava uma criança desaparecida, provavelmente no interior da escola. Esta situação também foi de imediato comunicada aos bombeiros Os feridos foram assistidos pelos bombeiros que iniciaram a sua intervenção, fizeram a verificação dos diferentes espaços da escola, encontraram a criança desaparecida e eliminaram os fumos. Algumas crianças mostraram ansiedade, nervosismo, houve mesmo choro, até porque um amigo estava desaparecido. Os adultos tentaram acalmar as crianças e dois bombeiros juntaram-se ao grupo para ajudar a colmatar o nervosismo causado pelo momento. Após estas intervenções foi dada ordem para que as crianças voltassem à escola. Durante o simulacro estiveram estrategicamente distribuídas equipas de observadores, de forma a ser efetuados registos de acontecimentos, pontos fortes e fracos relacionados com o simulacro. Procedeu-se a um briefing final, entre as crianças, professores e assistentes operacionais bem como com as diferentes autoridades presentes, comandante, adjunto e outros elementos da corporação dos Bombeiros Voluntários de Sever do Vouga, elementos da direção do agrupamento de escolas, presidente da junta de freguesia, elementos da GNR, entre outros, de forma a serem discutidas e sinalizadas algumas situações que devem ser alvo de reflexão e algumas propostas de melhoria que muito contribuirão para aperfeiçoar o Plano de Segurança. Um bombeiro apresentou a todos os presentes o equipamento que usam para entrarem num local de incêndio. Também mostrou a diferença dos equipamentos e a quem se destinam (INEM e Bombeiros). No fim de toda a apresentação um bombeiro perguntou às crianças: Quem quer ir para bombeiro? Os dedos no ar foram muitos! Concluindo, temos que salientar o civismo, a forma pacífica e a colaboração demonstrada por todos os envolvidos nesta operação, salientando o comporta- mento exemplar das nossas crianças. Agradecemos a todos os presentes e em particular aos Bombeiros de Sever do Vouga que também testaram o seu comando. Educadoras Celeste Madail e Fernanda Morais Atividades de Enriquecimento Curricular No âmbito das Atividades de Enriquecimento Curricular, sob a coordenação do Centro Social Paroquial Maria da Glória, realizaram-se nas escolas do 1º ciclo de Dornelas, Vala (Silva Escura) e Pessegueiro do Vouga, dinâmicas relativas ao Dia da Mãe, que se comemorou no primeiro domingo do mês do maio, dia 5. Realizamos as atividades de forma articulada entre duas disciplinas, nomeadamente as Expressões (Artes) e o Inglês, coadjuvando diferentes conhecimentos, aprendizagens e experiências. Sob a orientação da professora de Expressões (Artes), as crianças decoraram uma caixinha de madeira (caixinha de jóias) com a técnica do guardanapo. Em simultâneo, com o auxílio das professoras de Inglês e Artes elaboraram uma flor postal onde retrataram em cada pétala os adjetivos que melhor definem a mãe, escrevendo-os, na frente e verso respetivamente em inglês e português. Para ti mãe... Foi muito gratificante ver o entusiasmo e o brilho nos olhos, com que as nossas crianças levaram para casa a prendinha elaborada por elas. “A criança reconhece a mãe pelo sorriso”. Leon Tolstoi Um dia muito feliz para todas as mães do mundo! Profs. Catarina Vasconcelos e Ricarda Martins Jornal Escolar Junho 2013 | página 5 JI Sever do Vouga e o Programa Integrado de Atividades Artísticas e Culturais do CAESV “Vestir Bonecas”workshop de costura No âmbito de mais um projeto dinamizado no Jardim de Infância de Sever do Vouga, demos mais uma vez luz verde ao Programa Integrado de Atividades Artísticas e Culturais do Centro das Artes do Espetáculo de Sever do Vouga (CAESV),com um Workshop de costura “Vestir Bonecas”. Medindo com a fita métrica o tecido que cortou e costurou D. Maria foi explicando como ganhou a máquina de costura que estava a usar para a feitura do vaporoso vestidinho que vestirá a boneca. Tesoura, dedal, linhas e a agulha giravam nos seus dedos habilidosos enquanto nos ia contando como era ser menina no seu tempo. In illo tempore quando levava para a escola a merenda numa saquinha de pano quase igual às que gostosamente fez e nos ofereceu e pede amorosamente que façamos o mesmo com elas, assim pouparemos o ambiente e a bolsa e perpetuaremos na memória dos tempos os costumes de outrora. Em alegre convívio, degustamos o pão que vinha dentro da saquinha e viajamos nas asas da memória. O vestidinho amarelo é um pretexto para falarmos da nossa infância, dos brinquedos e das brincadeiras. A oportunidade para essa viagem ao passado está ali. Não é possível desligar a memória e os afetos das “coisas”. O ato de brincar é universal, diz respeito a todos os cantos e recantos do mundo e atravessa a infância de todas as gerações, desde sempre e até sempre. Através dos brinquedos, dos jogos, e da sua história, pode-se saber não só o presente das sociedades, mas também o seu passado. Uma parte importante do capital cultural de cada grupo étnico reside no seu património lúdico enriquecido pelas sucessivas gerações e ao mesmo tempo ameaçado de adulteração e desaparecimento. Mas as memórias da infância, remetem-nos também para todos aqueles que, condicionados pelo modo de vida ou subsistência não tiveram tempo de ser criança. Apetece-nos clamar e convidá-lo para fazer uma viagem no tempo e no espaço deste palco de recordações, suscitado pelo vestidinho amarelo e partilhar da poesia de Fernando Pessoa.....”A criança que fui chora na estrada deixei-a ali quando vim ser quem sou; mas hoje, vendo o que sou é nada quero ir buscar quem fui onde ficou.” Educadoras Lina Vareiro e Graça Ribeiro Oficina de Escrita Carta de um marinheiro da armada de Vasco da Gama Ilha das Cores, 24 de abril de 1490 Amada mãe, Vida de marinheiro é difícil. Não só porque passo dias a fio a trabalhar (a minha função é limpar os aposentos do senhor Vasco da Gama), mas também porque de noite não consigo dormir, ou porque estamos a passar por locais de muita turbulência, ou porque simplesmente vivo com o medo de me acontecer alguma coisa. Mas nem tudo são coisas péssimas, há acerca de duas semanas, não me recordo bem da data, fomos dar à costa de uma pequena ilha deserta. Por aí ficámos durante dois ou três dias, mas deu para relaxar um pouco e reunir forças para suportar a viagem que ainda falta. A ilha era muito verde, com vários lagos, e muito bonita, do mais bonito que vi em anos! É, para mim, difícil de descrever, pois não tenho palavras, de noite o céu estava cheio de pintinhas reluzentes e, certa noite (uma daquelas em que dormi) sonhei! Sonhei contigo a cozinhar em nossa casa, com os meus irmãos a correr por toda a parte. Sinto mesmo muito a vossa falta, é como se tivesse um buraco no meu peito e a ideia de sucumbir nunca desaparece. A única maneira que encontro de me manter vivo é ter a esperança de te poder voltar abraçar. Vivo para isso. Com muito amor, João Pinho Carolina Rodrigues, 9.º C Liberdade Quero voar sobre Portugal Quero nadar pelo seu mundo Quero gritar neste areal Quero lutar pelo meu país Mas sem ser obrigada Eu só quero ser feliz Atividades de Enriquecimento Curricular Europe Day em Cedrim No âmbito das Atividades de Enriquecimento Curricular, sob a coordenação do Centro Social Paroquial Maria da Glória, realizou-se na escola do 1º ciclo de Cedrim, na quinta-feira dia 9 de maio, atividades lúdicas para celebrar o dia da Europa. A tarde de sol ajudou nesta “viagem” pela Europa onde os alunos foram convidados a escolher uma bandeira europeia para colorir e descobrir os nomes dos países em inglês. No final das atividades as crianças tiveram a oportunidade de expor as suas bandeiras pintadas e com o respetivo nome em inglês na parte de trás da bandeira, nos canteiros do recinto escolar. Prof. Luísa Henriques Quero escolher o meu amado E quero-o ao meu lado Quero ganhar o nobel da paz Quero partilhar o meu pão Com as crianças do mundo E o meu vinho com o povo desta nação Quero ver caras alegres Por todos os continentes Quero acabar com a fome Mas preciso da tua ajuda Eu não mando em ti, que és livre. Para dizeres sim ou não O 25 de abril salvo-te da opressão Jeanice Martins 8ºD Jornal Escolar Junho 2013 | página 6 Oficina de Escrita A Floresta Mágica Era uma vez, num sítio muito longínquo, um lenhador que morava numa floresta mágica. Por que razão essa floresta tinha em si magia? A verdade é que o único ser humano que pensava ter descoberto essa floresta era o lenhador e, por achar que só ele podia usufruir de tão belo sítio, o chamava e sentia mágico. A floresta estava repleta de árvores de todas as cores e feitios. Delas desabrochavam folhas com um misto de coloração que irradiavam como o sol nas águas cristalinas do belo lago que fazia parte dessa magia. Os animais que aí habitavam cantarolavam lindas cantigas e todos eles gostavam muito do lenhador. Mas, um dia, já ao cair da tarde, estavam todos os animais da floresta reunidos com o lenhador à volta de uma fogueira que os aquecia do frio gélido que se fazia sentir quando, de repente, e para surpresa de todos, de uma nuvem caiu um raio que abriu um enorme buraco. Desse buraco saiu uma bela princesa com os cabelos claros ao vento e que espalhava uma enorme beleza. Todos ficaram surpreendidos e espantados com tamanha formosura. No primeiro minuto, a felicidade por esta inesperada visita contagiou todos os habitantes da floresta. Mas, de repente, o lenhador caiu em si!!! Apercebeu-se de que o segredo da floresta mágica deixava agora de ser só seu. A princesa tinha descoberto aquilo que de mais valioso ele tinha na sua vida: a floresta mágica. Assim, levantou-se e correu velozmente para dentro da floresta, querendo que tudo isto não fosse mais do que um sonho. A princesa, apercebendo-se do sentimento que invadia o coração do lenhador, correu ao se encontro e disse-lhe: – Lenhador, não fiques atormentado com a minha presença. Apenas estou de visita e nunca irei contar este segredo a ninguém. A floresta mágica continuará para sempre a ser conhecida unicamente por ti. O lenhador, ao ouvir as palavras da princesa, repensou a sua posição e disse: – Olha princesa, há momentos pensei que me estavas a tirar o meu segredo, mas agora concluo que toda a gente deve vir conhecer esta floresta. A magia e a alegria que todos os bichinhos, todas as árvores, todas as plantas me dão, têm que ser repartidas por todas as pessoas. Esta partilha é que me vai fazer feliz. Princesa, peço-te que a todos os sítios onde vás transmitas a mensagem de que aqui existe uma local mágico que todos devem visitar. Ao ouvir estas palavras, a princesa ficou tão comovida que disse: – Assim seja…vou cumprir o teu desejo! E assim foi. A floresta mágica recebeu tantos visitantes que o lenhador, por não ter mãos a medir, teve que pedir à princesa para ir viver com ele na magia daquele lugar. Maria Eduarda Loureiro, 5º A A Amizade É ter alguém em quem confiar. Não interessa a idade; Basta ser verdadeira e tolerar. É apoiar… sem nada pedir em troca. Nos bons e maus momentos, Sem mentira nem baldroca. Sem amizade… A vida torna-se triste e solitária. Basta um único amigo, Para a animar. Às vezes sentimo-nos sozinhos, Com muita gente em redor. Escolhemos maus caminhos Sem reparar no que temos de melhor. A amizade… É um paraíso… E os amigos um tesouro precioso. Nos lábios trazem um sorriso… E coração caloroso. Na amizade há paixão, respeito e emoção. É como ter o mundo na palma da nossa mão! Gonçalo Veiga Simão Correia, 5ºC Alunos de Biologia 12.ºano em ação Técnicas de Reprodução Medicamente Assistida Técnicas acessórias: PGD e Crioconservação de gâmetas e embriões Tanto o diagnóstico genético de pré-implantação (ou PGD) como a Crioconservação de gâmetas e embriões são técnicas acessórias no campo da reprodução medicamente assistida que não permitem o desenvolvimento completo dos embriões, pois apenas contribuem para outras técnicas com a fertilização in vitro. Os casais que utilizam estas técnicas não têm de ser obrigatoriamente inférteis. Em relação ao diagnóstico genético de pré implantação, este consiste na deteção de doenças geneticamente transmissíveis em células de embriões para prevenir que o futuro ser humano manifeste as referidas doenças, ou seja, pretende prevenir que os filhos tenham doenças provenientes de gerações anteriores (pais, avós, etc.). Para se proceder à análise das células dos embriões, primeiro é preciso que haja uma estimulação dos ovários para a produção de oócitos II. De seguida é feita a recolha dos oócito II e do esperma. Utilizando a ICSI, o oócito é fecundado e há a formação de embriões. Três dias depois, são retiradas uma ou duas células do embrião que serão analisadas. Se não forem detetadas doenças, o embrião é implantado no útero da mulher. O público-alvo desta técnica são casais com risco de transmitir alterações cromossómicas ou doenças genéticas, casais com historial clínico de aborto recorrente, pessoas em que ocorreu fracasso de implantação após várias tentativas de fertilização in vitro e mulheres de idade avançada (quanto mais tarde têm filhos, mais riscos há para a mãe e para o filho, ou seja, este tem grandes probabilidades de nascer com deformações). Mas tal como praticamente tudo, o PGD tem vantagens e desvantagens. As vantagens são o facto de não afetar o embrião aquando da recolha de células e a redução do risco de a criança ter doenças hereditárias provenientes dos pais e da restante famílias. As desvantagens são o facto de demorar vários meses (por causa dos ciclos ovários) a executar. Como esta técnica envolve a manipulação de embriões, vão surgir problemas éticos tais como: - A utilização da PGD para fins não médicos (seleção do sexo, cor dos olhos); - A criação de novos seres para salvar outros (dadores de medula). A Crioconservação de gâmetas e embriões consiste na conservação de espermatozoides e embriões por congelamento a baixas temperaturas (-196ºC). Tal como a PGD, esta técnica tem vantagens tais como a permissão da conservação dos gâmetas e embriões por longos períodos de tempo (já se utilizaram embriões com 13 anos de idade), o facto de permitir a mulheres contaminadas com Sida (HIV) ter filhos sem terem relações sexuais pois se assim não fosse o risco de contaminar o parceiro seria enorme. Também permite a mulheres que têm de se submeter a quimioterapia\radioterapia ou que não possuem ovários, ter filhos;a dadora e recetora de gâmetas não precisam de estar a ser tratadas aos mesmo tempo, ou seja, a dadora pode congelar os seus gâmetas e a recetora pode recebe-los anos depois, ao contrário de há alguns anos atrás que como não havia congelamento dos gâmetas eles só sobreviviam horas e não anos. As desvantagens desta técnica são no caso da conservação de oócitos II, como são células de grandes dimensões é difícil congelá-las sem as danificar. No caso de a mãe ter HIV pode transmitir ao filho a doença aquando o seu nascimento. Os Problemas éticos levantados são: - deverá haver um limite de tempo para a conservação dos gâmetas\embriões? -será aceitável a maternidade depois dos 50 anos? -será ético a utilização de Barrigas de aluguer? -será ético a utilização desses gâmetas por mães solteiras e casais homossexuais? Para mais esclarecimentos pode consultar: http://www.ivi.pt/tratamientos/diagnostico-genetico-pre-implanta%C3%A7ao-dgp_126.aspx http://www.ivi.pt/tratamientos/ preserva%C3%A7%C3%A3o-da-fertilidade_138.aspx Ana Mendes, Daniela Rodrigues e Márcia Pereira, 12.ºA Jornal Escolar Junho 2013 | página 7 Professor da Universidade de Coimbra na nossa escola Grande Aula com Carlos Fiolhais “O futuro está nos genes: física, biologia e medicina” genoma humano que se tornou uma realidade e que tem implicações em várias áreas, designadamente na saúde. Conhecer o genoma permite uma personalização de métodos e procedimentos, possibilita uma maior precisão e rigor nos diagnósticos, um maior controlo dos riscos, bem como a possibilidade do indivíduo adotar comportamentos preventivos. A professora Flora Ferreira efetuou a candidatura à iniciativa Grandes Aulas, do programa “O Mundo na Escola”, do Ministério da Educação. O programa tem como objetivo aproximar a comunidade escolar dos profissionais das várias áreas do saber que no presente ano letivo se centra na ciência e como tal as Grandes Aulas visam levar às escolas grandes especialistas que esclareçam, mas também e sobretudo que despertem a curiosidade dos alunos. A Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga recebeu no passado dia 2 de maio o professor de física da Universidade de Coimbra Carlos Fiolhais para uma Grande Aula intitulada “O futuro está nos genes: física, biologia e medicina”, no âmbito do programa do Ministério da Educação “O Mundo na Escola”. A sala polivalente foi o palco desta Grande Aula à qual assistiram largas dezenas de alunos, incluindo uma turma vinda do agrupamento de Vale de Cambra. “Venho falar-vos de algo que tenho em comum com os morangos, com os kiwis e com os mirtilos, pois fazemos parte do mundo vivo”, iniciava assim Carlos Fiolhais o tema que o trouxe a esta Grande Aula em Sever do Vouga, os genes e o código genético, a contribuição da física para a descoberta da estrutura da molécula de ADN e para a descodificação do genoma humano. A aula começou com os alunos da escola, Filipa Silva, Cláudia Domingues, Carla Tavares e Carlos Correia, que extraíram o ADN do morango e do kiwi, explicando o processo aos presentes. O professor universitário prosseguiu a aula explicando que o ADN é o que nos distingue e que a descoberta da estrutura da molécula do ADN é um feito científico com 60 anos. Mais recente, e com grandes repercussões para a ciência, é a descodificação do código da vida, ou seja, do genoma humano, uma descoberta do século XXI que resultou de um projeto iniciado em 1999 e que foi concluído em 2003. “No ADN está escrita a nossa história, a história de cada um”, afirmava Carlos Fiolhais, o primeiro português a conhecer o seu genoma. A descodificação do genoma de cada indivíduo “não é uma previsão do futuro, não é astrologia”, referia o professor universitário, perante uma plateia atenta, mas sim “um conhecimento profundo das características que distinguem cada indivíduo, um conhecimento das probabilidades de desenvolver certas doenças”, no entanto, frisou o físico, “nem tudo se centra nos genes”. Hoje, a decifração do genoma é um processo que custa menos de 1000 dólares, estando ao alcance de muitos indivíduos, contrariamente ao custo da primeira leitura de um genoma humano que rondou os 10 mil dólares. Carlos Fiolhais sublinhou nesta grande aula a importância da interdisciplinaridade, do contributo das várias ciências em projetos tão cruciais como o da descodificação do A professora Flora Ferreira fez um balanço muito positivo da Grande Aula com o físico Carlos Fiolhais, sublinhando a especial relevância sobretudo para os alunos do ensino secundário dos cursos científicos que, certamente, “ficam com a perspetiva de que há uma ligação entre as várias ciências, de que o conhecimento se desenvolve com interdisciplinaridade, contrariamente ao que, por vezes, possam pensar. Esta aula foi muito importante para os alunos poderem alargar horizontes e perceberem a importância do trabalho em equipa. O professor Carlos Fiolhais tem uma enorme capacidade de cativar os alunos e penso que mesmo para os mais novos e até para os que não são da área das ciências foi fácil entender o que foi apresentado”. A diretora do agrupamento de escolas, professora Rosário Tavares: “A vinda do professor Carlos Fiolhais à nossa escola foi uma boa notícia, conseguiu-se trazer aqui um cientista de renome e proporcionar uma aula diferente que abre perspetivas e estimula o conhecimento científico nos alunos. Os alunos saíram daqui mais despertos, mais conscientes da importância que a ciência tem. A escola procura desenvolver e valoriza as atividades que trazem até aos alunos especialistas de áreas como a ciência, pois penso que é muito importante fazer esta ligação entre o Ensino Secundário e o Ensino Superior, no sentido em que ajuda os alunos a perspetivar melhor os caminhos que querem trilhar e quanto mais cedo se começa a preparar esse caminho mais sucesso se consegue obter”. Alunos Depois da aula, os alunos inquiridos afirmaram ter gostado da experiência de uma aula diferente, sublinhando que gostavam de ter possibilidade de descodificar o seu genoma, não mostrando qualquer receio. Alguns alunos frisaram ainda que conhecer o seu código genético possibilitaria a adoção de comportamentos preventivos, mediante a probabilidade de desenvolver algum tipo de doença. Entre os professores Ressalva-se a importância deste tipo de iniciativas sobretudo para mostrar aos alunos a crucialidade do trabalho em equipa, de que uma ciência não é estanque, ou seja, o desenvolvimento do conhecimento requer interdisciplinaridade. Por outro lado, enaltece-se ainda a possibilidade de contactar com grandes especialistas e desmistificar certas ideias, como a de que os cientistas são pessoas distantes. Jornal Escolar Junho 2013 | página 8 Um dia na Escola dos grandes No passado dia 24 de maio, recebemos, na nossa escola, a Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga, escola sede deste Agrupamento, os alunos do 4.º ano de escolaridade, a pretexto de virem conhecer a escola que frequentarão, no próximo ano letivo, e perceberem um pouquinho da sua dinâmica. Começaram a chegar, por volta das 12 horas, transportados gratuitamente pela TRANSDEV – a quem, desde já, muito agradecemos, deixando, aqui, expresso, publicamente, o nosso bem-haja, à pessoa do Sr. Engenheiro André Leitão–, acompanhados por alguns funcionários e alguns professores do 4.º ano de escolaridade, a quem (não só a estes, mas a todos, nomeadamente, aos professores de Física e Química, Educação Física, Música (da JOBRA), funcionários da escola sede, colegas e Direção) agradecemos pelo apoio que nos deram na concretização desta atividade a que nos propusemos. Aguardávamo-los na receção da escola. À chegada, nos rostos, traziam um misto de agitação, entusiasmo, euforia, espanto e surpresa. Acalmados os ânimos e feitas as apresentações, dirigimo-nos à cantina, pois as barriguitas começavam a reclamar! E assim podemos mostrar-lhes o funcionamento deste espaço. Depois seguiram-se várias atividades: desde algumas experiências nos Laboratórios a jogos no Gimnodesportivo, atividades artísticas, tais como: um interessante momento musical, proporcionado pelos nossos colegas do ensino articulado, e, ainda, como se prepara um espetáculo teatral, agora graças aos alunos do Clube de Teatro e à sua professora Mª José Aguiar. Novamente, hora de calar as barriguitas, à qual se seguiu uma visita guiada pelo recinto escolar, com experimentação de instrumentos musicais! Delícia das delícias! Pensamos terem-se revelado, ali, talentos musicais! O futuro o confirmará, certamente! Terminamos, agradecendo o momento tão enriquecedor e ternurento que estes nossos colegas mais novos nos proporcionaram! Foi com enorme agrado que os recebemos. Ajudaram-nos a recordar tempos tão bons, em que os exames ainda não eram uma grande preocupação! Esperamos que as Associações de Estudantes vindouras transformem esta atividade numa tradição! O NOSSO MUITO, MUITO OBRIGADA A TODOS! Presidentes da Direção e da Assembleia Geral da Associação de Estudantes, Marta Graça e Catarina Carvalho A opinião dos meninos... No dia 24 de maio fomos visitar a Escola sede do Agrupamento. Esta visita foi organizada pela Associação de Estudantes da Escola Básica e Secundária de Sever do Vouga. De um modo geral, adorámos todas as atividades: O teatro, onde assistimos ao ensaio da peça “A Branca de Neve” em que quatro dos atores eram ex-colegas da nossa escola; no polivalente ouvimos a atuação dos alunos de música da Jobra, com alguns colegas conhecidos a cantar; no laboratório estivemos a construir pega monstros; na continuação da visita à escola, passámos na sala de música onde fomos convidados a experimentar tocar violoncelo. Foi uma visita muito enriquecedora em que ficámos a conhecer um pouco da escola que iremos frequentar no próximo ano letivo. Esta visita deixou-nos com muita vontade de começar a estudar lá. Gostámos de tudo, até do almoço e do lanche. Por tudo isto, queremos agradecer à Associação de Estudantes pela oportunidade que nos deu e pedir que nos próximos anos, se continue com esta iniciativa. A turma do 4º ano do 1ºCEB da Vala, Silva Escura Obrigada. Crónica “Se não neutralizarmos a decadência, ficaremos sem amanhã” (D. Pearce, Di6) Cairão máscaras no face a face? Em tempos “politicamente incorretos”, pensava-se que algumas culturas, raças, credos, evitavam olhar as pessoas nos olhos, subterfúgio para escamotearem a verdade, ou para facilmente enganarem nas suas tramas de persuasão. Isto, ainda no vernáculo popular, obrigava o incauto a dividir o olhar, tanto pelo ardiloso como pela transação em si (ou sobre a besta de carga em cujo lombo assentava a mercadoria negociada), dando origem a aforismos que estão no índex de esmeradas organizações defensoras dos direitos dos primeiros. Hoje, constata-se que apenas as aparências se “civilizaram”- a realidade permanece imutável como os milénios. Olhar de frente, nos olhos, é prática que tem vindo a decair e que pode estar a caminho da extinção. Quem desvia ou oculta o seu olhar – quando não o faz por timidez, recato ou excesso de humildade – sabe bem que nele reside muita da verdade capital que se quer omitir. Vezes sem conta, fomos confrontados com a expressão “face do poder”, quase sempre numa perspetiva de incomensurável desproporção de forças, exatamente no domínio em que o antagonista nunca tem uma só face, e quando a tem, “desvia o olhar” do incómodo. Numa nação que, à entrada do último quartel do século passado, gerou uma revolução democrática quase sem derramamento de sangue, e contagiou, em tempo real, “volte-faces” políticos em toda a Europa do Sul (Grécia, Espanha, Itália), seria por demais expectável que, aí, os direitos à opinião e sua manifestação permanecessem inalienáveis, quer contra imposições superiores, quer contra tíbias autocensuras. Aliás, bastaria ao observador externo este “pequeno” detalhe, para reconsiderar qualquer aprovação do sucesso interno da “tal” revolução. Mas nunca houve “troikas” nesse campo, nem nunca haverá. No entanto, com o afunilar discreto dos mecanismos de controlo social, assistimos a ensaios de maquilhagem desse inquestionável de direito. Não estão em causa os raides violentos e desesperados de grupos semiclandestinos, tipo “black-block”, que ultrapassam em muito a esquadria da chamada “legalidade democrática” (chavão necessário, que podia dar a mão à velha ideia de Estado de Direito). Esses, por segurança nos limites excedidos dos seus atos, usam as máscaras de “Guy Fawkes”, apanágio histórico seiscentista do conspirador falhado, recuperado para o cinema no célebre “V”. O que é inquietante é ver humildes trabalhadores manifestarem-se com as mesmas máscaras sobre o rosto, ocultando tam- bém o seu olhar, no qual transpareceria não tanto o desespero de causa, mas a causa do mesmo, onde são evidentes os sinais de cansaço, esforço e sacrifício, de injustiça e incompreensão. O motivo é invariável, assumido friamente perante as câmaras – o medo de represálias laborais. É este desajustamento no “ajustamento” que escapa à compreensão – oficialmente, esta espécie de “bullying” não existe, mas é comummente sonegado ou até aceite. Tem como proteção uma máscara de poder, que age como ferro em brasa feudal, indelével. Como se diz, também por via popular, na velha “ferradura” democrática, os extremos tocam-se, e das duas uma – ou as máscaras caem e permitem, de uma vez, a transparência que resulta do exercício da Liberdade no Direito, ou se passam de vez para o lado “errado”, aquele que menos se espera. Tudo depende do dia em que caísse uma máscara maior, a norte da Cidade-luz. Dúvidas já não restam; restam apenas alguns minutos de compensação, antes da meia-noite, para acabar a caça ao tesouro. Desta vez não há quadros, não há ouro “extra”, não há solução “afinal” (até porque os “agentes” são outros). Só os eleitos podem ganhar. Pudesse o gelo negro quebrar… Goethe também pediu mais luz, só que depois expirou. Prof. João Carlos Jornal Escolar do Agrupamento de Escolas de Sever do Vouga, suplemento distribuído com o jornal Terras do Vouga N.º 26, junho 2013 Colaboradores deste número: Adriana Gradim, Ana Carla Dias, Ana Mendes, Ana Paula Calvo, Ana Paula Silva, Arlete Ribeiro, Carla Faria, Carolina Rodrigues, Catarina Vasconcelos, Celeste Madail, Daniela Morence, Daniela Rodrigues, Fernanda Morais, Flora Ferreira, Gonçalo Veiga Simão Correia, Graça Ribeiro, Hernâni Soares, Isabel Bastos, Jeanice Martins, João Carlos, Lina Vareiro, Luísa Henriques, Márcia Pereira, Maria Eduarda Loureiro, Mário Silva, Ricarda Martins. Responsável por edição: Licínio Cardoso | Contacto: [email protected] Diretora: Rosário Tavares