Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
EVASÃO ESCOLAR - PERSPECTIVAS DE AUTORES E ANÁLISE DO
PPP DE ESCOLA LOCAL
André Lopes Godinho1
André Pereira Teixeira Fernandes2
Paula Cristina Santos de Liz3
Fernanda Aparecida Meglhioratti4
Leyr Savioli Sanches Rodrigues5
1. Introdução
No Brasil, a evasão escolar é um grande desafio para as escolas, pais e
para o sistema educacional. Segundo dados do INEP (Instituto Nacional de Estudos
e Pesquisas Anísio Teixeira, 2009), de 100 alunos que ingressam na escola na 1ª
série, apenas cinco concluem o ensino fundamental, ou seja, apenas cinco terminam
a 8ª série (IBGE, 2007). Isso fere o que determina a legislação atual quanto à
responsabilidade que a sociedade tem sobre a educação da criança e do
adolescente que em seu art. 227 determina que:
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao
adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária,
além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação,
exploração, violência, crueldade e opressão. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL,
1988 art. 227)
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9394/96) e o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um número elevado de faltas sem
justificativa e a evasão escolar ferem os direitos das crianças e dos adolescentes.
Nesse sentido, cabe a instituição escolar valer-se de todos os recursos dos quais
disponha para garantir a permanência dos alunos na escola. Prevê ainda a
legislação que esgotados os recursos da escola, a mesma deve informar o Conselho
Tutelar do Município sobre os casos de faltas excessivas não justificadas e de
evasão escolar, para que o Conselho tome as medidas cabíveis.
Para o Ministro da Educação Fernando Haddad:
Uma das medidas para acabar com a evasão escolar é a reformulação da
educação no Brasil, principalmente do ensino médio. Há duas reformas
importantes em curso. A primeira é do sistema S (SENAC e SENAI), que
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terão que investir dois terços dos recursos para a oferta de cursos
profissionalizantes gratuitos para essa faixa etária de 15 a 18 anos. A outra
é a expansão da rede federal de ensino técnico profissional. Nós
precisamos associar o ensino médio com a educação profissional. Essas
medidas visam fazer com que os jovens vejam interesse em permanecer
na escola - explica o ministro, acrescentando que este ano o programa
“Mais Educação” está investindo recursos para ampliar a jornada escolar
para o segundo turno com o objetivo de tirar os estudantes da rua e do
tráfico de drogas. (Fonte: O Globo/ Agência Brasil)
Para Meksenas (1998, pag. 98) a evasão escolar dos cursos noturnos
aponta por sua vez, que esta se dá em virtude dos alunos serem "obrigados a
trabalhar para sustento próprio e da família, exaustos da maratona diária e
desmotivados pela baixa qualidade do ensino, muitos adolescentes desistem dos
estudos sem completar o curso secundário". Segundo o autor, essa realidade dos
alunos das camadas populares difere da realidade dos alunos da classe dominante
porque, com base em pesquisas realizadas em escolas francesas, enquanto os
filhos da classe dominante têm o tempo para estudar e dedicar-se a outras
atividades como, por exemplo, dança, música, línguas estrangeiras e outras; Os
filhos da classe dominada mal têm acesso aos cursos noturnos - sem possibilidade
alguma de frequentar cursos complementares e de aperfeiçoamento.
Para alguns autores, o fracasso escolar das crianças está restrito a fatores
externos, enquanto outros apontam a escola como responsável pelo desempenho
dos alunos das escolas públicas, tomando como base explicações que variam desde
o seu caráter reprodutor até o papel e a prática pedagógica do professor. Para
ARPINI,
[...] a evasão escolar especialmente no período noturno atinge
praticamente todas as escolas do Estado, tornando-se um problema social,
pois quando um adolescente é excluído do universo da escola, e do
trabalho, ele está, neste momento, sendo incluído no espaço social da
marginalidade e da delinquência. A forma como a sociedade organiza as
relações torna difícil fugir-se dessa lógica. [...] os adolescentes, ao não
vislumbrarem muitas possibilidades de futuro, agem como se ele não
existisse, vivendo sem projetos, sem planos, sem grandes sonhos, que lhe
são roubados pela sociedade. (ARPINI, 2003, p.54; 61).
Uma pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas (2009) e divulgada
no Jornal Nacional apontou que:
[...] ainda que os jovens convivam numa sociedade que exclui
cotidianamente e que precisam trabalhar para subsidiar sua sobrevivência
não se tem mais como ignorar a falta de interesse como grande motivo.
Segundo a pesquisa mais de 40% dos jovens que estão fora da escola
disseram que deixaram de estudar por falta de interesse, outros 27%
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apontam o trabalho e 11% responderam que o motivo foi à dificuldade de
acesso à escola. (JORNAL NACIONAL, 2009).
Para Brandão,
[...] o fator mais importante para compreender os determinantes do
rendimento escolar é a família do aluno, sendo que, quanto mais elevado o
nível de escolaridade da mãe, mais tempo a criança permanece na escola e
é maior o seu rendimento (BRANDÃO, 1983, p. 38-69).
Diferentemente dos autores que apontam a criança e a família como
responsáveis pelo fracasso escolar, autores ressaltam a responsabilidade da escola
afirmando que,
[...] o fenômeno da evasão e repetência longe está de ser fruto de
características individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem
a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros destes
diferentes segmentos da sociedade. (FUKUI in BRANDÃO et al, 1983).
Para BOURDIEU, a escola não leva em consideração o capital cultural de
cada aluno, e que
[...] os professores partem da hipótese de que existe, entre o ensinante e o
ensinado, uma comunidade lingüística e de cultura, uma cumplicidade
prévia nos valores, o que só ocorre quando o sistema escolar está lidando
com seus próprios herdeiros (BOURDIEU, 1998)
Dentro da escola, algumas vezes, o professor é apontado como produtor do
fracasso escolar. Para Rosenthal e Jacobson apud GOMES (1994, p. 114), a
responsabilidade do professor pelo fracasso escolar do aluno se deve às
expectativas negativas que este tem em relação aos seus alunos considerados
como "deficientes", os quais, muitas vezes, apresentam comportamentos de acordo
com o que o professor espera deles. Estes teóricos mostraram através de seus
estudos, que as expectativas, em geral, podem influenciar os fatos da vida cotidiana,
e que geralmente, as pessoas parecem ter a tendência a se comportar de acordo
com o que se espera delas. Assim, a expectativa que uma pessoa tem sobre o
comportamento de outra, acaba por se converter em realidade. A este fenômeno, os
autores denominaram como "profecia auto-realizadora" ou "Pigmaleão Sala de
Aula".
Para PICADO,
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Não bastasse a escola receber um aluno cercado de graves problemas,
esse aluno na escola ainda se depara com inúmeras situações como salas
superlotadas, equipamentos deteriorados, falta de professores e
professores que faltam. E o professor com uma condição de trabalho
inadequada e estressante, desvalorizado pessoal e socialmente, com
baixos salários, mal preparado faz com que “perante essa realidade, muitos
professores vivem permanentemente ansiosos face ao que lhes é exigido e
ao que, através da sua formação e das suas características pessoais, eles
realmente podem dar. (PICADO, 2005, p. 20).
Como se pode ver, a literatura existente sobre o fracasso escolar aponta
que, se por um lado, há aspectos externos à escola que interferem na vida escolar,
há por outro, aspectos internos da escola que também interferem no processo sócioeducacional da criança ou adolescente, e quer direta ou indiretamente, acabam
excluindo a criança ou adolescente da escola, seja pela evasão, seja pela
repetência.
Em síntese, discutir a questão do fracasso escolar é muito mais do que
apontar um ou outro responsável. Como bem lembra CHARLOT,
[...] a problemática remete para muitos debates que tratam "sobre o
aprendizado, obviamente, mas também sobre a eficácia dos docentes,
sobre o serviço público, sobre a igualdade das "chances", sobre os
recursos que o país deve investir em seu sistema educativo, sobre a
"crise", sobre os modos de vida e o trabalho na sociedade de amanhã,
sobre as formas de cidadania. (CHARLOT, 2000, p.14).
Tomando como base os problemas levantados o que fazer diante da
problemática da evasão escolar? A maneira como a escola organiza suas atividades
escolares e a atitude da família frente aos estudos escolares de seus filhos pode
ocasionar o abandono da escola pelo indivíduo? Qual o papel da escola e da
família? Quais são as instituições responsáveis diretamente pela formação políticosocial da criança e adolescente? Pode-se afirmar que a família não se importa com a
educação dos filhos quando estes retornam à escola após tê-la abandonado uma
vez? O que pensa a escola, a família e a criança ou adolescente a respeito da
evasão escolar? Objetivamente, o que estas instituições têm feito diante da criança e
adolescente que evadem?
As respostas para questões de cunho tão específico demandaria estudos
mais aprofundados na área, porém a análise de fatos locais pode ser realizada de
forma eficaz, para o entendimento e possíveis ações que possam ajudar a melhorar
o desenvolvimento dos alunos no decorrer do ano letivo, diminuindo os índices de
evasão escolar. Deste modo, o artigo tem por objetivo o levantamento de dados
relevantes, acerca dos principais problemas dos alunos que acarretam na evasão
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escolar a partir da análise do PPP de uma escola da região de Cascavel e o
confronto com a literatura da área, mediante a análise de diversos autores que
podem servir como subsídio para posteriores trabalhos de intervenção.
2. Fundamentação Teórica
Os estudos recentes mostram a dificuldade em se estabelecer metas e
padrões que realmente se mostrem eficientes em trabalhos que evitem a evasão
escolar.
Não é raro tomar-se o fracasso escolar como causa da evasão. Por mais
infeliz que tenha sido, porém, a experiência ou o desempenho do sujeito no
aprendizado, dificilmente essa acusação, na verdade, procede. Na
realidade, os que abandonam a escola o fazem por diversos fatores, de
ordem social e econômica principalmente, e que, em geral, extrapolam as
paredes da sala de aula e ultrapassam os muros da escola (FONSECA,
2005, p.32).
COLCLOUGH (1980) relata as características substantivas das populações
e da educação nos países menos desenvolvidos. Enfatizam que a escolaridade nos
países ricos é relativamente padronizada, de tal forma que as variações da
qualidade da escola não são muito menos marcadas do que as variações do nível
sócio-econômico. Nestas circunstâncias, não é de se surpreender que o ambiente
cultural e de aprendizagem fornecido pela família tenha um efeito fortemente
dominante sobre os produtos escolares.
De acordo com BRANDÃO (1986), há um consenso entre todos os estudos
examinados, não importa qual é a metodologia adotada, a respeito da importância
do nível sócio-econômico do aluno para explicação de seu desempenho, o que está
ligado à educação dos pais, renda da família, ao estado nutricional e de saúde do
aluno e muitas vezes a frequência durante a pré-escola.
NIDELCOFF (1983) ressalta que é fato incontestável que a escola brasileira
é seletiva. Os aspectos pedagógicos do funcionamento da escola, isto é, currículos,
programas, critérios de avaliação, interação professor-aluno são considerados uma
das características mais fortes do aspecto seletivo da educação brasileira, isto se
comprova facilmente ao estabelecer um confronto entre fracasso escolar e a origem
social da clientela envolvida.
A nossa Constituição Federal deixa claro, em seu art. 208, que a Educação
passa a ser direito de todos independente de idade e, nas disposições transitórias,
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são definidas metas e recursos orçamentários para a erradicação do analfabetismo
que também aparece como meta no artigo 214:
A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração plurianual,
visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em seus diversos
níveis e à integração das ações do poder público que conduzam à:
I- erradicação do analfabetismo,
II - universalização do atendimento escolar; (BRASIL, 1988, p.141)
A esse respeito Schwartzman (2008) assim se posiciona:
No início da década de 1980, muitas crianças no Brasil não tinham acesso à
escola, e o número de analfabetos era grande. Na década de 1980, o
sistema educativo se expandiu, e o analfabetismo extremo apresentou uma
redução. Hoje, quase totalidade das crianças tem acesso à escola, o
analfabetismo absoluto está quase totalmente restrito a pessoas mais
velhas das regiões mais atrasadas e a escolaridade média da população
vem aumentando. No entanto, a partir de 1990, houve notável crescimento
no nível de escolaridade da população brasileira, embora não tenha sido
suficiente para atingir a metade dos jovens entre quinze a dezessete anos
afastados da escola. A educação média, cuja matrícula cresceu fortemente
ao longo dos anos 90, está estagnada a um nível inferior a 50% de
cobertura. Menos da metade dos jovens entre 15 e 17 anos está no Ensino
Médio, e quase a metade dos que estão nesse nível tem 18 anos ou mais,
sobretudo em cursos noturnos, e com forte tendência a abandonar a escola
antes de concluir esse ciclo de estudos. Existem dois problemas interrelacionados que têm sido até que impossíveis de enfrentar. O primeiro tem
a ver com altas taxas de retenção a abandono escolar, sobretudo a partir
dos 13-14 anos de idade, que afeta principalmente as populações de renda
mais baixa. O segundo é a baixa qualidade da educação no país. As duas
coisas são fortemente inter-relacionadas (SCHWARTZMAN, 2008, p.10).
Segundo Ferreira (2000, p. 24), “a evidência empírica sugere fortemente que
a educação continua sendo a variável de maior poder explicativo para a
desigualdade brasileira”. Todavia, uma pesquisa realizada por Freire (1982), explicita
que há pouca clareza a respeito do valor da escolarização e qual é a sua real
participação na formação do cidadão para a sociedade, sendo que esses jovens e
adultos foram a muito excluídos socialmente dos bancos escolares e que trazem
consigo marcas profundas dos processos passados e reflexos de uma sociedade
injusta e excludente, sendo que vários deles já não acreditam em mais nada, nem
na própria escola; a considerar suas falas, que apesar de dizerem que a escola é
muito importante e que oferece condições de um futuro melhor, na prática, isso não
se concretiza, ao examinar os altos índices de evasão escolar. Para ALMEIDA,
É interessante observar também a influência dos graus de instrução na
variação dos níveis de emprego e remuneração. Indicadores estatísticos
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mostram que cada ano de estudo formal aumenta 15% na empregabilidade
e 11% no salário. Em 2001, por exemplo, um trabalhador com até quatro
anos de estudos ganhava R$ 359. Tendo o ensino de Segundo Grau
completo, o salário pulava para R$ 563. E se tivesse curso superior com
pós-graduação, o salário poderia ultrapassar R$ 3.000. Já, no ano de 2004,
o perfil de contratações apontava que 98% das vagas preenchidas nas
empresas de regiões metropolitanas eram ocupadas por trabalhadores com
11 anos ou mais de estudos, evidenciando a seletividade do mercado e a
preferência das empresas por melhores níveis de escolaridade dos seus
empregados (ALMEIDA, 2007, p. 15).
Segundo LOLIS e LIMA (1997), existem diversas causas da evasão escolar,
sendo mudança de endereço, trabalho, distância do colégio, não quer estudar,
problemas com professor e diretor, cuidar da casa e família, falta de material escolar,
entre outros.
A evasão escolar como conseqüência da necessidade de aumento da renda
familiar tem seus maiores índices nos meses que antecedem o Natal, pois a oferta
de trabalho temporário nesta época do ano é muito grande. A ex-chefe do
Departamento de Ensino de Primeiro Grau da Secretaria da Educação do Paraná,
Zélia Marochi dizia que,
“[...] Os diretores e professores têm o dever de conversar com os pais e, se
for preciso, relatar aos conselhos tutelares as causas do abandono escolar”,
dizia ainda que “Não podemos permitir que as crianças do Paraná se
tornem repetentes por causa do trabalho temporário. Lugar de criança é na
escola. Este é o „trabalho‟ da criança. (O ESTADO DO PARANÁ, 1997,
p.13).
Outro elemento a ser considerado, quando se busca a melhoria do ensino, é
o entendimento que a tarefa educativa se constituiria em um âmbito muito maior,
denominado de “ideal pedagógico” pelo autor; sendo que a busca deste, implica no
trabalho centrado na perspectiva da formação de: “homens críticos, livres e criativos
até mesmo a partir de condições sociais, políticas e econômicas adversas”
(AZANHA, 1993, p. 43).
Considerando os aspectos referentes à temática evasão escolar, buscamos
a seguir verificar e comparar os índices de evasão presentes no Projeto Político
Pedagógico tanto do Ensino fundamental quanto do Ensino Médio de uma escola
estadual do Paraná.
3. Dados do Projeto Político Pedagógico do Colégio Estadual Wilson Joffre
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O Colégio Estadual Wilson Joffre oferece os Cursos de Ensino Fundamental,
Ensino Médio Regular, PROEJA, Formação de Docentes, Educação Profissional
Integrado e Subsequente e Educação a Distância. A presente pesquisa destinou-se
a averiguar os dados referentes à evasão escolar nos cursos do Ensino
Fundamental e Médio. Para tanto se fez a análise de gráficos que apresentam os
índices correspondentes a alunos matriculados, aprovados, transferidos, desistentes
e reprovados durante os anos de 2004 a 2008.
Resultados de 5ª à 8ª séries: 2004 a 2008
800
700
600
Matriculados
500
Aprovados
400
Transferidos
300
Desistentes
200
reprovados
100
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
O gráfico acima se refere aos resultados de 5ª a 8ª séries e apresenta um
baixo índice de evasão escolar, uma vez que a procura pela instituição é muito
disputada e quem consegue uma das poucas vagas quer preservá-la até a
conclusão do curso. Quando analisado o gráfico do Ensino Fundamental, este não
tem como ser comparado com a evasão no período noturno, uma vez que o curso é
ofertado apenas no período vespertino.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Resultados Ensino Médio 1ª Série - Diurno
400
350
300
Matriculados
250
Aprovados
200
Transferidos
150
Desistentes
100
Reprovados
50
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Resultados Ensino Médio 1ª Série - Noturno
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Matriculados
Aprovados
Transferidos
Desistentes
Reprovados
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Quanto ao Ensino Médio, o mesmo é ofertado nos períodos matutino e
noturno. No período da manhã, desde 2005, praticamente não ocorre evasão
escolar. O diferencial do alunado que frequenta o período noturno é que estes
apresentam faixa etária mais avançada, e em sua maioria, são trabalhadores que
deixam o estudo em segundo plano, fazendo com que os índices de evasão
aumentem também devido aos estímulos negativos como excesso de faltas e notas
baixas.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Resultados Ensino Médio 2ª Série - Diurno
300
250
Matriculados
200
Aprovados
150
Transferidos
Desistentes
100
Reprovados
50
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Resultados Ensino Médio 2ª Série - Noturno
160
140
120
Matriculados
100
Aprovados
80
Transferidos
60
Desistentes
40
Reprovados
20
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Ao analisar os resultados das segundas séries, percebe-se que no período
matutino os índices continuam baixos, no entanto o noturno apresenta um
crescimento significativo e gradativo da evasão escolar no período de tempo
analisado.
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Resultados Ensino Médio 3ª Série - Diurno
250
200
Matriculados
Aprovados
150
Transferidos
100
Desistentes
Reprovados
50
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Resultados Ensino Médio 3ª Série - Noturno
160
140
120
Matriculados
100
Aprovados
80
Transferidos
60
Desistentes
40
Reprovados
20
0
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: PPP Colégio Wilson Joffre
Comparando os resultados com os gráficos anteriores, percebe-se que não
ocorre evasão na terceira série, nem no período matutino, nem no período noturno.
A principal razão deste resultado deve-se ao fato de que muitos são alunos com
pretensão de dar continuidade aos estudos, ingressando em uma universidade ou
pelo simples fato de obtenção da certificação de conclusão do Ensino Médio.
4. Resultados e Discussões
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Os dados representados nos gráficos são referentes aos alunos
matriculados, aprovados, transferidos, reprovados e desistentes no período de 2004
a 2008 fornecidos pelo Colégio Estadual Wilson Joffre.
Como sugerido na literatura, diversos fatores influenciam direta e
indiretamente o desempenho e permanência do aluno no ensino regular, e na
maioria, os fatores se ligam a questões financeiras e sociais, não sendo estas
adaptadas pelas entidades de ensino para possibilitar ao aluno alfabetização
eficiente qualificando-o para o mercado de trabalho.
É possível observar que no Ensino Fundamental e Médio (matutino), o
índice de evasão escolar é insignificante quando comparado ao Ensino Médio
Noturno.
Fatores
associados
aos
problemas
sócio-econômicos
acabam
influenciando não só a qualidade do ensino como também na permanência deste
educando na escola. Assim, para ARROYO (2001, p. 21) “Um reconhecimento mais
rigoroso da realidade de nossa escola é condição necessária para combater essa a
evasão e reinventar, dia a dia, a escola necessária”, que esteja atenta e preparada
para receber e atender o aluno jovem, adulto ou idoso respeitando suas
especificidades, afim de que este permaneça na escola até completar sua
escolarização e tenha condições de prosseguir nos estudos se assim o quiser.
Para PATTO (1996), numa sociedade de classes, ao se falar em evasão
escolar, evidencia-se uma intenção “velada” de abster o poder público e a classe
dominante (que mantém esse poder) de sua culpa por terem negado o direito à
educação, bem como o acesso às demais condições básicas de sobrevivência
(saúde, alimentação, saneamento básico, moradia digna) às camadas populares. No
entanto, quando se fala em exclusão, alguém chama para si a responsabilidade pelo
não acesso. Portanto, no discurso oficial, se o aluno evade, ele o faz por conta
própria, sendo ele o único responsável por continuar vivendo em condições
precárias, trabalhando em subempregos, recebendo baixos salários, enfim, é
responsável por sua ignorância e seu fracasso, enquanto a classe dominante e o
poder público continuam “[...] reafirmando as deficiências da clientela como a
principal causa do fracasso escolar” (PATTO, 1996, p. 51), utilizando-se de
justificativas preconceituosas que consideram o aluno pobre como “carente cultural”
e desinteressado.
5. Considerações Finais
Atas do Evento Os Estágios Supervisionados de Ciências e Biologia em Debate II
Considerando os dados analisados percebe-se que as pesquisas realizadas
sobre as evasões são coerentes com os autores pesquisados e a realidade da
escola. Observando o índice de evasão percebe-se que a maior freqüência
encontra-se no ensino noturno onde o alunado provém de classes menos
favorecidas e o aluno é trabalhador. Neste sentido, aqui se configura um indicativo
de extrema relevância para o plano de ação da instituição, buscando identificar e
enfrentar os fatores internos que contribuem para afastar esse estudante do espaço
escolar. A falta de políticas públicas para essa problemática, que tenha como
intencionalidade o enfrentamento das raízes do problema e não suas conseqüências
é uma das fragilidades do sistema que afeta diretamente a organização do trabalho
escolar. Ou seja, não serão apenas a reorganização dos cursos por blocos de
disciplinas ou outras medidas afins, suficientes para formar o trabalhador, o qual
precisa de educação pública de qualidade que lhe garanta o acesso aos bens
sociais e culturais historicamente produzidos e acumulados pela humanidade, dentre
eles, o conhecimento.
Espera-se que o trabalho proposto possa servir de subsidio para a escola
de forma a somar com os dados da mesma e de diversos autores, possibilitando o
desenvolvimento de atividades que possam diminuir ou amenizar a evasão escolar
através de ações programadas de acordo com as necessidades de seus alunos.
6. Referências
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