CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau
ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal
ARLETE DA SILVA
VALORES HUMANOS E TRANSFORMAÇÃO
NUM CONTEXTO TRANSPESSOAL
Campinas/SP.
2008
II
CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau
ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal
ARLETE DA SILVA
VALORES HUMANOS E TRANSFORMAÇÃO
NUM CONTEXTO TRAPESSOAL
Monografia apresentada no Curso de PósGraduação em Psicologia Transpessoal Lato
Sensu do CESBLU – Centro Educacional de
Blumenau & ALUBRAT – Associação
Brasileira de Transpessoal como requisito
para obtenção do título de Especialista em
Psicologia Transpessoal.
Campinas/SP.
2008
III
Agradeço a Deus e as Hierarquias Divinas
que tornam possível a realização
de obras na Terra.
IV
SUMÁRIO
Folha de Rosto ............................................................................................................... II
Agradecimento ............................................................................................................. III
Sumário ........................................................................................................................ IV
Lista de Gráficos .......................................................................................................... VI
Lista de Quadros ........................................................................................................ VII
Lista de figuras .......................................................................................................... VIII
Resumo ......................................................................................................................... IX
Introdução .................................................................................................................... 01
Capítulo I - Psicologia Transpessoal .......................................................................... 10
1. Contextualização ..................................................................................... 10
2. Abraham Maslow .................................................................................... 14
3. Pierre Weil ............................................................................................... 20
Capítulo II - Abordagem Integrativa Transpessoal ................................................. 25
1. Sistematização ...................................................................................... 26
1.1. Conceito de unidade .......................................................................... 28
1.2. Conceito de vida ................................................................................ 29
1.3. Conceito de ego ................................................................................. 31
1.4. Estado ou níveis de consciência ........................................................ 33
1.5. Cartografias da consciência ............................................................... 38
1.6. Aspecto dinâmico: eixo experiencial e evolutivo .............................. 41
2. Técnicas utilizadas na didática transpessoal ......................................... 46
Capítulo III – A Dimensão do Feminino e na Psicologia Transpessoal .................. 53
Capítulo IV – Educação e Valores Humanos ............................................................ 79
1. Educação e valores – Abraham Maslow ............................................... 85
V
2. Educação Sathya Sai Baba: sobre valores humanos para crianças e
jovens .........................................................................................................83
3. Educação para o Ser Integral ................................................................ 88
Capítulo V - Trajetória Metodológica ....................................................................... 96
1. Coleta de dados ..................................................................................... 98
2. Análise de conteúdo ............................................................................ 100
2.1. Pré-análise ....................................................................................... 100
2.2. Exploração do material .................................................................... 102
2.3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação .......................... 102
2.4. Codificação ...................................................................................... 102
2.5. Descrição dos dados obtidos ............................................................ 102
Capítulo VI - Análise e Interpretação dos Resultados ........................................... 104
1. Classificação e categorização dos dados obtidos ............................... 104
2. Tratamento, inferência e interpretação dos resultados ....................... 114
2.1. Reflexões das interpretações ........................................................... 133
Considerações Finais ................................................................................................. 138
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 148
Anexos ......................................................................................................................... 151
1. Depoimentos .............................................................................................. 151
2. Quadro da classificação ............................................................................. 168
3. Quadro das categorias prévias ................................................................... 185
4. Quadro das categorias finais ...................................................................... 202
Apêndices .................................................................................................................... 218
1. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (frente) ............... 218
2. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (verso) ................ 219
VI
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico nº 1: Aspecto Dinâmico .................................................................................... 27
Gráfico nº 2: Cartografia da Consciência ...................................................................... 39
Gráfico nº 3: Eixo Evolutivo e Estados de Consciência ................................................ 45
Gráfico nº 4: Sete Etapas de Desenvolvimento ............................................................. 50
VII
LISTA DE QUADROS
Quadro nº 1: Quadro da Classificação Inicial .............................................................. 106
Quadro nº 2: Quadro das Categorias Prévias ............................................................... 110
Quadro nº 2: Quadro das Categorias Finais ................................................................. 113
VIII
LISTA DE QUADROS
Figura nº1 : Pirâmide das Necessidades de Maslow ..................................................... 17
Figura nº 2: Corpo Teórico ............................................................................................ 26
Figura nº 3: Articulação da Teoria e da Técnica ........................................................... 27
IX
RESUMO
SILVA, Arlete da. Valores humanos e transformação num contexto transpessoal.
Campinas/SP. : CESBLU – Centro de Estudo Superior de Blumenau & ALUBRAT –
Associação Luso Brasileira de Transpessoal, 2008. 219p.
A presente monografia versa sobre a Psicologia Transpessoal aplicada à
educação sob o enfoque da Didática Transpessoal, segundo a Abordagem Integrativa
Transpessoal desenvolvida pela Dra. Vera Saldanha. Os princípios da Psicologia
Transpessoal caracterizam-se pela visão antropológica do homem enquanto ser biopsico-sócio-cultural-espiritual e cósmico e estudo da consciência. A Abordagem
Integrativa Transpessoal apresenta aspectos estruturais delineados pelo seu corpo
teórico que inclui conceito de vida, ego e unidade, estados e cartografia da consciência;
aspecto dinâmico constituído pelo eixo experiências (REIS) e evolutivo; e dinâmica
integrativa articulada em sete etapas: reconhecimento, identificação, desidentificação,
transmutação, transformação, elaboração e integração. Sua aplicação é transdisciplinar e
destina-se às áreas da saúde, educação e instituições. Este é um trabalho de conclusão da
Pós Graduação em Psicologia Transpessoal por meio de uma pesquisa qualitativa
segundo o método da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin, que se mostrou
satisfatório e adequado para explorar e delinear os conteúdos implícitos nos
depoimentos dos alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal do
CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT – Associação
Luso Brasileira de Transpessoal – Campinas/SP., que tiveram seu processo de
aprendizagem pautado pela Abordagem Integrativa Transpessoal. Objetivamos
identificar transformações ocorridas, relações com a Abordagem Integrativa
Transpessoal, emergência de valores do Ser e manifestações do arquétipo do feminino
nos alunos ao final do curso. Constatou-se significativo processo de transformação,
revelando auto-conhecimento, desenvolvimento e aprimoramento pessoal e profissional,
com mudanças saudáveis nas relações interpessoais. Verificou-se emergência de valores
do Ser, postulados por Maslow, revelando mudanças onde os alunos se percebem mais
plenos de amor S, metamotivados, com percepção ampliada, melhor visão de futuro e
conexão com a espiritualidade. Observaram-se emergência de qualidades do feminino
reveladas em expressões e trocas com perspectivas amorosas, cooperativas e intuitivas.
Surgiram dados relevantes quanto a Abordagem Integrativa, validando esta didática na
aprendizagem extrínseca e intrínseca, corroborando com práticas interdisciplinares.
Todos os objetivos da pesquisa foram alcançados e podemos concluir que o curso
ofereceu aos alunos não só uma nova abordagem profissional, mas também uma
educação integral que propiciou desenvolvimento psicológico, humano, ético e
espiritual.
Palavras-chave: Psicologia Transpessoal, Didática Transpessoal, educação,
transdisciplinaridade, valores humanos, feminino, espiritualidade.
1
INTRODUÇÃO
Ao refletirmos sobre a realidade globalizada que temos hoje no planeta,
percebemos que cada vez mais se descortina diante do homem e das sociedades a
carência de valores e processos de transformação no âmbito individual e coletivo.
Não é mais segredo que chegamos a um momento crítico da humanidade,
momento este que está colocando em jogo o destino do ser humano e do próprio
planeta. Observamos nas últimas décadas a emergência da necessidade na mudança de
paradigma1.
Diferentes correntes filosóficas têm apresentado teorias que revelam um novo
olhar da ciência sobre o homem e das diferentes realidades existentes, denunciando a
fragmentação e nos convidando a caminhar em direção à unidade.
Um ser humano é a parte do todo, por nós chamado de ‘Universo’ - uma
parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta a si próprio, a seus
pensamentos e emoções como algo separado do restante – como um tipo de
ilusão de óptica da consciência (Eistein, A. in Vaughan, F. 1985, p. 13).
Temos observado uma cultura emergente que propõe a renovação social por
meio da transformação dos seres que a compõem, por meio de mudanças profundas na
consciência individual e coletiva, num processo ascendente rumo a uma nova
mentalidade. Surge uma cosmo visão que integra conquistas atuais da ciência, com
heranças culturais antigas advindas do campo científico, filosófico e tradições
religiosas.
Nossos meios de comunicação veiculam diariamente fatos relacionados à
violência, destruição, guerras, corrupção, doenças, exploração desregrada, desrespeito,
agressão, miséria, fome, crueldades, enfim um planeta cheio de chagas, necessitando de
1
Paradigma é um modelo ou padrão. Segundo Moraes; la Torre (2004), um paradigma rege a maneira
como pensamos e o modo como usamos nossa lógica. São os parâmetros que regem nossos pensamentos
e ações.
2
cuidados e mudanças resgatando valores humanos e apropria humanização de pessoas e
sociedades.
Observamos uma insatisfação geral e continuamente surgem pessoas buscando
formas diferentes de realizar, usando de muita criatividade, às vezes com parcos
recursos, deixando claro o desejo de mudança e transformação. Um número cada vez
maior de seres buscam a unidade essencial do ser, visando despertar seus valores
essenciais na tentativa de contagiar outros seres na convivência, atuação pessoal e
profissional, a buscar uma forma mais harmônica e plena de relacionamento a níveis
pessoal, profissional, social e planetário.
Riane Eisler (1994) nos fala sobre o momento atual em termos de valores
masculino e feminino de uma forma que pode perfeitamente ser extrapolada para todos
os níveis atuais: “É uma época empolgante – uma época de crise e oportunidades, uma
época a que os teóricos denominam período de desequilíbrio e, portanto, de
transformação potencial dos sistemas” (Eisler in Zweig, 1994, p. 92).
Nesse contexto, a Psicologia tem se revelado uma área de conhecimento
emergente com significativa importância no âmbito dos novos saberes revelados no
século XX, impôs se como disciplina autônoma e foi reconhecida no meio acadêmico.
No esforço de legitimar-se enquanto ciência, a Psicologia Ocidental inicia sua
trajetória numa perspectiva experimental, surge a “primeira força”2 da psicologia
denominada Behaviorismo3. A seguir teremos no trabalho de Sigmund Freud, a
“segunda força” denominada Psicanálise4. Ao longo da maior parte do século XX essas
duas forças permaneceram soberanas na psicologia ocidental.
2
Ver Weil, P. et al. Pequeno tratado de psicologia transpessoal. Petrópolis : Vozes, 1978, p. 29.
Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.187.
4
Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.2.
3
3
Em meados da década de 1950, nos Estado Unidos, a Psicologia Humanista5
surge como a “terceira força” da Psicologia, ampliando o enfoque de suas antecessoras,
trazendo como campo de investigação da Psicologia o Potencial Humano.
Na década de 60 do século XX, surge a Psicologia Transpessoal como
“desmembramento” da Psicologia Humanista. Anunciada por Abram Maslow em 1968,
quando lança a segunda edição de seu livro “Introdução a Psicologia do Ser”e
oficializada por Abram Maslow,Vitor Frankl, Stanilav Grof, James Fadiman e Antony
Suthi, em 1968 e este evento foi anunciado por Antony Sutch em seu artigo
Transpersonal Psychology.
O modelo Transpessoal dedica-se ao estudo e aplicações dos diferentes estados
da consciência em direção à unidade fundamental do ser, reconhece o significado das
dimensões espirituais da psique e apresenta uma cosmo visão da realidade. O
transpessoal é uma transformação do ser para uma melhor pessoa melhor, contribuindo
assim para uma sociedade melhor.
A visão de mundo na Transpessoal é um todo integrado, em harmonia, formando
uma rede de inter-relações de todos os sistemas existentes no Universo. Nesse sentido,
considera o que é, o que foi e o que será, trazendo para o universo da psicologia um
novo paradigma. “Um novo Paradigma implica um princípio que sempre existiu, mas
do qual não nos apercebíamos” (Marilyn Fergusom in Silva, 2004, p. 47).
O movimento transpessoal congrega diversas disciplinas e apresenta interrelação com a transdisciplinaridade6, uma vez que integra o conhecimento comum a
várias disciplinas em torno de uma temática.
5
Ver FRICK B. W. Psicologia Humanista. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.
Transdisciplinaridade definido por Assmann (1998, p 182) como enfoque científico e pedagógico que
torna explícito o problema de que um diálogo entre diversas disciplinas e áreas científicas implica
necessariamente uma questão epistemológica (Silva, 2004, p. 70). Segundo Nicolescu (1999), o prefixo
“trans” indica ao mesmo tempo entre, através e além de qualquer disciplina.
6
4
Compreendemos que a transdisciplinaridade pode ser uma diretriz extremamente
eficaz, no processo educacional contemporâneo. Esta abordagem garante um processo
de aprendizagem criativa, auto-organizadora onde, o elemento norteador é o aluno e o
aprender obedece a um fluxo. Segundo Moraes e la Torre (2004) cada viajante descobre
o caminho ao caminhar, determinando a escolha da rota a cada instante. Este
pensamento converge para o novo paradigma da Educação no século XXI, que será
abordado no Capítulo IV desta monografia.
O curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Lusa Brasileira
de Transpessoal, coordenado pela Dra. Vera Saldanha, está em consonância com este
novo paradigma e destina a formar profissionais de diferentes áreas. Além de ser uma
especialização em Psicologia Transpessoal, a didática utilizada é a Didática
Transpessoal da Abordagem Integrativa Transpessoal, desenvolvida e defendida na tese
de doutorado da Dra. Vera Saldanha pela Universidade de Campinas em 2007.
Observamos algumas características relevantes, não só na didática utilizada no
curso, mas também no próprio processo de aprendizagem, onde se fez “alinhar” de
forma precisa e criativa o paradigma da Transpessoal e da transdiciplinaridade. Além de
coordenar durante todo o processo a aprendizagem extrínseca e intrínseca7.
Enquanto alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, nos
submetemos à Didática Transpessoal e ao final do curso, no último módulo, houve um
momento de reflexão promovido pela coordenadora do curso pautado pela seguinte
questão:
Como vocês se sentem ao final do curso de Pós Graduação em Psicologia
Transpessoal?
7
Ver gráfico nº 11: Didática Transpessoa (Saldanha, 2006, p. 226).
5
O que ouvimos a seguir, como resposta a questão proposta, foi uma enxurrada de
depoimentos e falas pessoais e breves, mas plenas de citações de mudanças,
transformações, curas, aprimoramentos sob vários aspectos.
Foi unânime e enfático que o curso trouxe o resgate e a emergência de valores
do ser, ampliação de consciência, sentido de unidade, mudanças e transformações
saudáveis.
Durante a discussão percebemos no grupo uma ânsia por compartilhar e
expandir os benefícios individuais e coletivos trazidos pelo curso. A coordenadora
sugeriu uma pesquisa para um trabalho de conclusão de curso sobre o tema e
espontaneamente perguntou entre os presentes aqueles que teriam interesse em assumir
este projeto.
Entre os 35 alunos do curso 10 pessoas manifestaram interesse em
explorar esta questão. Formou-se então uma equipe constituída por: Adriana Cabello,
Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo, Marly Adame, Nora
Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de Freitas, Rosangela Aparecida
Rinaldi, Sandra Sepulveda e Solange Zecchini. Na mesma data o grupo se reuniu e
estabeleceu um cronograma de trabalho.
1 - pesquisa bibliográfica;
2 - coleta de dados;
3 - análise de conteúdo;
4 - reflexões e interpretações do grupo;
5 – considerações finais individual;
6 – apresentação final da monografia individual.
As etapas seriam realizadas em encontros da equipe na Alubrat-Campinas
durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que
haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas foram compartilhadas entre
6
todos da equipe, com comunicação e envio de material produzido no período entre um
encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado
entre todos.
O trabalho final de cada um poderia variar na apresentação física, considerações
finais, refinamento na correção das normas acadêmicas, notas de rodapé, gráficos e
seguir de complementos individuais. Contudo todos os trabalhos seriam constituídos
dos mesmos capítulos e com os mesmos dados de pesquisa.
Sentimos-nos mobilizados para estarmos por meio deste trabalho contribuindo
para explorar e conhecer os efeitos produzido nos educando pela Abordagem Integrativa
da Psicologia Transpessoal, que pautada por um processo de aprendizagem teóricoprático mobiliza processos de auto-conhecimento, auto-cura, expansão de consciência,
emergência de valores e virtudes do ser, enfim, de promover a evolução do ser
humano/divino .
Refletimos sobre a importância de validar a metodologia da Abordagem
Integrativa Transpessoal de Vera Saldanha, para que não seja considerada esotérica ou
mística pela sociedade “normótica”. Uma vez que, a jovem abordagem busca
compreender e desenvolver o ser bio-psico-social-cultural-espiritual, vem como
resposta a um novo tempo, com novas exigências, frente a uma realidade expandida e
quântica, é contextualizada e fundamentada em parâmetros acadêmicos e científicos
desde o século XIXX.
William James (1842-1910) psicólogo americano notável e um dos percussores
da Psicologia Transpessoal, apresentou-nos “A Psicologia da Consciência” (Fadman,
1986), com conceitos e pesquisas sobre comportamento e consciência humana
envolvendo aspectos biológicos, psíquicos, sociais e experiências advindas de diferentes
estados de consciência, tidas até então como “religiosas”.
7
Nossa intenção é que a aplicação dessa abordagem seja cada vez mais difundida,
para oportunizar as múltiplas transformações exigidas pelo atual momento planetário.
Este trabalho trata, portanto, da travessia de profissionais, de transformações
potenciais que levaram alunos de um curso de pós-graduação em Psicologia
Transpessoal em direção à unidade fundamental do ser.
A motivação inicial fundamentou-se num questionamento e investigação para
identificar quais transformações se processaram no universo pessoal, individual,
profissional e coletivo dos alunos. E, se tais mudanças estavam relacionadas com o
curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal.
Estabelecemos como objetivos:
1. Objetivo geral:
- identificar se ocorreu transformações nos formandos da Pós Graduação em Psicologia
Transpessoal e possíveis relações com a didática utilizada.
2. Objetivos específicos:
- descrever transformações que possam ter ocorrido;
- identificar se ocorreu transformações no âmbito pessoal;
- identificar se ocorreu transformações no âmbito profissional;
- verificar possível relação entre as transformações ocorridas e a didática utilizada;
- observar se as transformações promoveram emergência dos valores do Ser; (Maslow)8;
- perceber se há manifestação de virtudes e valores no âmbito do arquétipo do feminino.
Após realizarmos a introdução do tema, justificativa e objetivos, definimos que a
metodologia escolhida seria a.análise de conteúdo segundo Bardin. A questão
apresentada aos depoentes fora: Descreva como você se percebe ao final do Curso em
Psicologia Transpessoal.
8
Ver MASLOW A. H.. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca, [s.d.], p.189.
8
Os depoentes foram 29 alunos, regularmente matriculados, no curso de Pós
Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu, turma de2006-2007 do CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Luso Brasileira
de Transpessoal. Ver anexo 1.
No capítulo I estaremos tecendo considerações sobre a Psicologia Transpessoal,
apresentaremos um breve histórico, conceitos e abrangência dessa abordagem.
Ressaltamos as contribuições de Maslow e percussores no Brasil como Pierre Weil,
Márcia Tabone e Vera Saldanha.
Contemplamos no capítulo II, aspectos relevantes da Abordagem Integrativa
Transpessoal de Dra. Vera Saldanha. Apresentamos um breve histórico, sua
sistematização com os conceitos teóricos básicos aspectos estruturais e as principais
técnicas utilizadas.
Discorreremos no capítulo III, sobre a dimensão do feminino enquanto arquétipo
e correlações com a Psicologia Transpessoal, destacando contribuições de Leloup,
Woolger e Maturana.
Ressaltamos no capítulo IV, aspectos relevantes da educação e sua importância
aos valores humanos que norteiam diferentes sociedades. Trata-se de um contexto onde
a Didática Transpessoal tem muito a corroborar para despertar criatividade, potencial e
emergência de valores S, aprimorarem relacionamentos no contexto educacional e
social.
A trajetória metodológica está apresentada no capítulo V. Nele discorreremos
sobre a metodologia da análise de conteúdo segundo Bardin, revelamos princípios
elementares dessa metodologia e nossa trajetória na análise de conteúdo.
Já no capítulo VI, com base nos dados obtidos pela análise de conteúdo,
apresentaremos a classificação, categorização, tratamento, inferência, interpretação dos
resultados e reflexões das interpretações.
9
Nas considerações finais estão apresentadas as conclusões e reflexões da autora
em particular deste trabalho, pois o conteúdo dos demais capítulos é resultado de um
trabalho e realizado em equipe, conforme citado anteriormente.
Ao final, apresentamos as referências bibliográficas, anexos e apêndices.
10
CAPÍTULO I
PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Talvez na próxima geração de psicólogos mais jovens esperançosamente
libertos das proibições e resistências universitárias, haja alguns que ousarão
investigar a possibilidade de haver uma realidade lícita, que não está exposta
aos cinco sentidos, uma realidade que pode ser percebida e conhecida
somente quando somos passivamente receptivos em vez de ativamente
inclinados a conhecer. É um dos desafios mais excitantes postos à
psicologia. Carl Rogers.
1. Contextualização
Enunciado pela primeira vez, na área da Psicologia, por Carl Gustav Jung, em
1916, o termo transpessoal, utilizando a palavra überperson e uberpersönlich, em 1917,
cujos respectivos significados são supra pessoa e supra pessoal.
Coube a Maslow, a explicitação dos princípios básicos da Psicologia
Transpessoal enunciada no ano de 1968, no prefácio da Segunda edição de seu livro
“Toward a Psychology of Being”, momento em que ocupava a presidência da
Americam Psychological Association e presidente do Conselho do departamento de
Psicologia de Brandeis University (gestão de 1968/69).
Foi em 1968 que Antony Sutich anunciou a Psicologia Transpessoal como a
quarta força da psicologia, resultante do desdobramento da Psicologia Humanística,
publicando no jornal “Journal of Humanistic Psychology um artigo entitulado
Transpersonal Psychology na Emergeng Force.
Inicialmente
o
termo
utilizado
era
Psicologia
Transhumanistica
(Transhumanistic Psychology), mas foi realmente em início de 1968 que o termo
Transpessoal foi usado em substituição ao de “Transhumanistic” e como opção em
relação a outros diferentes termos como os de “Ortho-Psychology” ou “SelfPsychology”.
11
Além de Abrahan Maslow e Antony Sutich, também participavam deste
movimento Viktor Frankl, Stanislav Grof e James Fadiman.
É importante salientar que em nenhum momento o aspecto pessoal foi ou deve
ser excluído em sua importância, mas sim ampliado. O prefixo “trans”9 vem justamente
para trazer esse sentido de ampliação, de integração, reconhecendo o Ser em sua
Unidade, além de seus comportamentos, pensamentos e emoções.
Para Wilber a transpessoal traz um aspecto de complementaridade dos diversos
pontos de vista e que a definição fica muito melhor se vista como integradora dos “três
olhos do conhecimento”, ou seja, sensorial, introspectivo-racional e contemplativo, o
que a diferencia das outras disciplinas onde se define em um desses aspectos e ignora o
resto.
Provavelmente é por esse aspecto que Weil correlacione a transpessoal com a
transdiciplinaridade que é onde ocorre o encontro de várias disciplinas do conhecimento
em torno de uma temática comum. “A transdisciplinaridade transforma a arrogância
do saber na humildade da busca” (Dambrósio in Silva, 2004, p. 66).
O movimento transpessoal, integrando textos das mais diversas disciplinas
dentre elas Filosofia, Física, Antropologia, Sociologia, Neurologia, Biologia entre
outras, se dedica à inclusão e ao estudo das experiências transpessoais, fenômenos
correlatos e suas aplicações.
A experiência transpessoal, segundo Walsh e Vaughan pode definir-se como
“aquela em que o senso de identidade ou do eu ultrapassa (trans + passar = ir
além) o individual e o pessoal a fim de abarcar aspectos da humanidade, da
vida, da psiquê e do cosmo” (Walsh e Vaughan in Saldanha, 2006, p. 11).
A psicologia Transpessoal é o estudo e prática psicológica dessas experiências
na saúde, educação, organizações, instituições, incluindo não só sua natureza,
9
O prefixo “trans” indica aquilo que está ao mesmo tempo, entre, através e além (Nicolescu, 1999, p. 46).
12
variedades, causas, efeitos e seu desenvolvimento, bem como a sua manifestação na
filosofia, arte, cultura, educação, religiões, etc.
Vera Saldanha, em sua tese de doutorado (2006), cita a definição de Pierre Weil
para a Psicologia Transpessoal como:
Um ramo da Psicologia especializada no estudo dos estados de consciência,
lida mais especificadamente com a “Experiência Cósmica” ou estados ditos
“Superiores” ou “ampliados” da consciência. Estes estados de consciência
consistem na entrada numa dimensão fora do espaço-tempo tal como
costuma ser percebida pelos nossos cinco sentidos. É uma ampliação da
consciência comum com visão direta de uma realidade que se aproxima
muito dos conceitos de física moderna (Weil in Saldanha, 2006, p. 12).
Assim, a Psicologia Transpessoal apresenta pressupostos diferenciados no
campo da Psicologia, explora diferentes estados da consciência, aspectos ontológicos, a
dimensão Sef, valores e potenciais evolutivos, bem estar bio-psico-socio-espiritual,
inclui na experiência humana sua dimensão espiritual.
Resultante de um movimento iniciado nos Estados Unidos, particularmente na
Califórnia, na década de 1960, a Psicologia Transpessoal tornou-se conhecida pela
denominação da “quarta força” em psicologia, após o Behaviorismo, a Psicanálise e a
Psicologia Humanista. Entretanto lembramos que encontramos que os postulados da
Psicologia Transpessoal foram anteriormente explorados no trabalho de Willian James
(1842-1910) denominado de “A Psicologia da Consciência” (Fadman, 1986).
O Behaviorismo, “primeira força”, contempla principalmente os aspectos
comportamentais do ser humano, porém nega o valor da introspecção e rejeita tudo o
que não pode ser mensurável, replicável ou observável pelos cinco sentidos.
A psicanálise, “segunda força”, amplia esses conhecimentos e traz o conceito de
inconsciente por Sigmund Freud onde ele utilizava a analogia do iceberg, onde sua parte
visível corresponderia a apenas um terço do todo e a parte submersa corresponderia a
instintos, pulsões que determinavam o comportamento e motivações mais profundas do
ser humano e era justamente essa parte submersa que Freud chamou de inconsciente.
13
A Psicologia Humanista, terceira força, surge como oposição à orientação
mecanicista e reducionista dos movimentos anteriores, também conhecida como
“Movimento do Potencial Humano”, englobando as habilidades de mudanças e
crescimentos individuais, ampliando assim seu enfoque perante as teorias acima citadas.
Para a Psicologia Transpessoal o homem é visto como um ser bio-psico-social,
cósmico e espiritual, restabelecendo a possibilidade de viver a unidade fundamental
homem-cosmos, ampliando aspectos do desenvolvimento psíquico que já eram
contemplados pelos segmentos anteriores da psicologia, porém de forma mais limitada.
O reconhecimento da existência do nível transpessoal da consciência e das
experiências ligadas a esse nível, entendidas como aspectos intrínsecos da
natureza humana e de que todo indivíduo tem o direito de escolher ou de
modificar o seu “caminho” para atingir os objetivos transpessoais, foi
fundamental para o desenvolvimento da “quarta-força” (Tabone, 1988, p.
99).
De acordo com Tabone (1988) a Psicologia Transpessoal oportuniza a união da
moderna pesquisa científica da consciência com a tradição espiritual “viva” tanto
ocidental quanto oriental.
Como conseqüência dessa aceitação e da importância atribuída à dimensão
espiritual da vida humana, vários psicólogos humanistas passaram a se
interessar por uma série de estudos até então negligenciados pela Psicologia
Humanistas, tais como: o êxtase, as experiências místicas, a transcendência,
a consciência cósmica, a teoria e a prática de meditação e a sinergia
interindividual e interespécies (Grof in Tabone, 1988, p. 99).
Entendendo-se por tradição espiritual “viva” aqueles conhecimentos ligados ao
self que não foram contaminados por desejos “egóicos” e por hierarquias de poder e, por
isso, mantêm-se até os dias de hoje, com certa “pureza” de valores espirituais.
Não podemos deixar de lembrar que a “institucionalização” das tradições
espirituais, tanto ocidental quanto oriental, foi o que provocou a perda do seu sentido
transcendental original. Levando a uma inversão de valores, uma vez que, aquele que
deveria ser o “veículo”, o representante da tradição, passou a ser o “centro” ocupando
14
espaço mais importante do que a própria transmissão da tradição, gerando distorções
pela predominância de aspectos “egóicos” humanos.
Todas as tradições não corrompidas têm em comum a visão integradora do
homem, do universo e da sua própria integração homem-universo. Portanto, o interesse
nos princípios originais das tradições espirituais, é motivado pela constatação da própria
ciência que, no princípio, desenvolveu-se numa linha materialista e que à medida que
aperfeiçoou novos métodos e aparelhos verificou que a consistência da matéria é
ilusória e que, na realidade, o que existe são partículas energéticas, atômicas e
subatômicas, e o vazio, que é na verdade o campo universal da consciência pura
(Tabone, 1988).
A seguir discorreremos brevemente sobre alguns ícones da Psicologia
Transpessoal.
2. Abraham Maslow
Psicólogo norte americano, no início de sua carreira foi inspirado pela
psicanálise, interessou-se pela psicologia experimental e social e foi um estudioso da
psicologia da Gestalt (Fadman, 1986). Considerado um dos fundadores da Psicologia
Humanista e Percussor da Psicologia Transpessoal.
O grande diferencial de Abraham Maslow para uma Psicologia mais ampla e
humanisticamente orientada, é de proporcionar elementos a uma psicoterapia e a uma
educação capazes de resgatar os aspectos saudáveis do ser, os quais dão significado,
riqueza e valorização da vida.
Quanto mais aprendemos sobre as tendências naturais do homem, mais fácil
será dizer-lhe como ser bom, como ser feliz, como ser fecundo, como
respeitar-se a si próprio, como amar, como preencher as suas mais altas
potencialidades (Maslow, [s.d.], p. 29).
Além dos mecanismos de defesa descritos pela psicanálise, Maslow acrescenta a
dessacralização, um mecanismo de defesa do ego o qual ele denominou de “Complexo
15
de Jonas”. Percebe uma recusa do indivíduo em realizar suas plenas capacidades ao
evitar a responsabilidade que seria exigida por uma maior conscientização e expressão
do real (Maslow, 1996).
Maslow afirmava que o homem seria um ser com habilidades, capacidades e
poderes adormecidos e que o adormecimento acontece não só por termos aspectos
patológicos, mas também por bloquearmos esses elementos saudáveis inerentes a todo e
qualquer ser. A impossibilidade, ou dificuldade, de expressarmos nossa criatividade e
de atualizarmos nossos potenciais como ser humano realizado, traz como conseqüência
as neuroses. “Sem o transcendente e o transpessoal, ficamos doentes, violentos e
niilistas, ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de algo “maior do que
somos”, que seja respeitado por nós próprios e as que nos entreguem num novo sentido
[...] (Maslow, [s. d.], p. 12).
Essa é uma reflexão que podemos dizer ser bem atual, basta olharmos a situação
do nosso planeta, onde vivemos as violências em seus diversos aspectos, guerras
declaradas ou não declaradas, porém concretas, acontecendo ao nosso redor, às
injustiças, a situação precária em que grande maioria da população vive atualmente, a
fome, entre outras carências e violências.
Faz-se mister lembrarmos que os enfoques pioneiros do campo transpessoal
incluem polaridades imanentes e transcendentes do continuum da consciência humana e
sua aplicação prática auxilia o homem no direcionamento do processo de integração de
si mesmo através dos níveis pessoais e transpessoais de sua natureza.
Há dois conjuntos de forças puxando o indivíduo, não uma apenas. Além
das pressões no sentido do desenvolvimento e da saúde, existem também
pressões regressivas, geradas pelo medo e a ansiedade, que o empurram para
a doença e a fraqueza. Não podemos avançar para um “alto Nirvana” nem
retroceder para um “baixo Nirvana” (Maslow, [ s.d.], p. 197).
A valorosa e imensurável contribuição de Maslow para a Psicologia
Transpessoal teve um caráter importantíssimo para a fundamentação dos princípios
16
básicos da mesma, desenvolveu estudos com caráter acadêmico científico cujos
principais postulados apresentaremos objetivamente a seguir (Fadman, 1986).
a) auto-atualização: ao estudar e analisar a vida, valores, e atitudes de pessoas
consideradas saudáveis e criativas, define como auto-atualização a capacidade do
indivíduo em usar e explorar plenamente seus talentos, capacidades, potencialidades e
habilidades. Não seriam pessoas perfeitas, mas aquelas que apesar das limitações
persistem nos objetivos.
Não existem seres humanos perfeitos! Pode-se encontrar pessoas que são
boas. Realmente muito boas, na verdade excelentes. Existem, na realidade,
criadores, videntes, sábios, santos, agitadores e instigadores. Este fato, com
certeza, pode nos dar esperança em relação ao futuro da espécie, mesmo
considerando que pessoas desse tipo são raras e não aparecem às dúzias. E,
ainda assim, estas mesmas pessoas às vezes podem ser aborrecidas,
irritantes, petulantes, egoístas, bravas ou deprimidas. Para evitar a desilusão
com a natureza humana, devemos antes de mais nada abandonar nossas
ilusões a este respeito (Maslow in Fadman, 1986, p. 264).
Para Maslow a auto-atualização é um processo que se revela quando as pessoas
experimentam a vida de modo intenso, pleno, desinteressado, com plena atenção e total
absorção da experiência; suas escolhas visam o crescimento; sintonização com a
natureza interior, o self; revelam honestidade e assumem responsabilidades sobre seus
próprios atos; confiam em si mesmas e são capazes de realizar escolhas “melhores”;
desenvolvimento contínuo das próprias habilidades; experiência de experiências
culminantes; reconhecer e trabalhar as próprias defesas.
b) experiências culminantes: são momentos felizes e excitantes na vida de todas as
pessoas, normalmente emergem a partir da experiência do amor, vivência junto à
natureza e contato com a arte.
[...] Nestes momentos, estamos mais integrados, inteiros, conscientes de nós
mesmos e do mundo. Em tais momentos pensamos, agimos e sentimos mais
claro e acuradamente. Amamos e aceitamos mais os outros, estamos mais
livres de conflitos interiores e ansiedades e mais capazes de usar nossas
energias de modo construtivo (Maslow in Fadiman, 1986, p. 265).
17
Ao legitimar essas experiências, que Maslow criou um novo referencial
conceitual na psicologia, pois é fato que até então a psicologia não reconhecia
fenômenos dessa natureza sem a isenção de um traço patológico ou de superstição de
massa.
c) experiência platô: trata-se de uma experiência que envolve uma mudança
fundamental na atitude do ser, afeta a visão de mundo, emerge uma consciência mais
ampliada. Maslow identifica estas características em indivíduos que passam pela
iminência da morte.
d) a transcendência da auto-atualização: é um aspecto observado por Maslow nas
pessoas auto-atualizadas que transcenderam. Suas experiências místicas ou culminantes
são as mais importantes de suas vidas, denotam caráter holísco, unitivo, são inovadores,
originais, sintetizadores, humildes e honestos. Normalmente revelam saúde psicológica,
produtividades e capacidade de integrar-se ao essencial.
d) hierarquia de necessidades: para Maslow existem necessidades, que para o ser
humano, quando não satisfeitas, podem desencadear desajustamento psicológico, é o
que ele denominou “doenças de carência”. Por outro lado, a satisfação dessas
necessidades promove cura e saúde. As necessidades descritas por ele são:
Fogira nº1: Pirâmide das necessidades de Maslow
Fonte: www.pedrassoli.psi.br, acesso em 24/06/2008.
18
e) metamotivação: está relacionada à satisfação do que Maslow denominou de
metanecessidades, onde o indivíduo apresenta senso de justiça, perfeição, beleza,
verdade, etc. e busca satisfazer tais necessidades. É o tipo de motivação mais comum
nas pessoas auto-realizadas, refere-se a ideais ou metas em relação a algo ou alguém,
inclui um sentido de identidade, carreira meritória, compromisso com valores tão
essenciais quanto às necessidades básicas. Porém se revela como um contínuo de tais
necessidades. A não satisfação das metamotivações ocasiona as metapatologias, que se
refere à falta de valores, sentido ou realização na vida.
f) queixas e metaqueixas: as queixas são manifestações que denunciam que as
necessidades básicas não foram satisfeitas, enquanto que as metaqueixas se referem à
carência de satisfação das metanecessidades. Tais queixas revelam que o ser humano
luta pelo seu crescimento e saúde, ao mesmo tempo, que podem ser um termômetro para
se avaliar a qualidade de vida de uma comunidade.
g) motivação de Deficiência e do Ser: motivação de Deficiência (D) inclui necessidade
de mudar o estado atual de algo por estar insatisfatório ou frustrante para o indivíduo.
Enquanto que a motivação do Ser (S) refere-se ao prazer, satisfação e alegria de no
presente o indivíduo busca uma atividade de crescimento ou metamotivação, cuja
gratificação tem o fim em si mesma.
h) cognição de Deficiência e do Ser: o indivíduo movido pela cognição de deficiência
(D) tem seus objetivos voltados para satisfazer necessidades para atingir objetivo
resultante. Quando estas necessidades são fortes, o indivíduo tende a orientar sua
percepção e pensamento de maneira a ter consciência no ambiente, apenas dos aspectos
relacionado à satisfação de tal necessidade.
Por outro lado, na cognição do Ser (S) o indivíduo na sua percepção permanece
desprovido de interesses pessoais, não julga, compara, avalia e nem distorce, é mais
rica, plena e completa. Existe um senso de valorização do que é com uma postura
19
contemplativa ou observação passiva, ao mesmo tempo, o indivíduo pode agir e até
alterar a realidade.
i) valores de Deficiência do Ser: embora pouco explorado por Maslow os valores de
Deficiência (D), os define como uma condição humana dualista, individualizada,
pragmática, que controla e julga. Movidos pelos valores de Deficiência o indivíduo
percebe e reage em termos pessoais.
Muito diferente, os valores do Ser (S) são intrínsecos10 e supremos na natureza
humana. Nas experiências culminantes ocupam o lugar dos valores pessoais e são
tomados como representantes do mundo. Entre os valores S anunciados por Maslow
temos: verdade, bondade, beleza, totalidade, transcendência, vivacidade, unicidade,
perfeição, necessidade, inteireza, justiça, ordem, simplicidade, riqueza, tranqüilidade,
alegria e auto-suficiência (Maslov, [s. d]).
j) amor de Deficiência e do Ser: amor de Deficiência (D) é o amor por aquele que supre
uma necessidade, o amor é intensificado na medida da satisfação da carência, seja ela de
estima, sexo, atenção, gratificação, etc. Enquanto que o amor do Ser (S) é pela essência
do Ser do outro, compreende a uma dimensão incondicional, é rico, satisfatório,
duradouro e tende a provocar experiências culminantes.
k) eupsiquia: termo utilizado por Maslow para designar uma sociedade “ideal”,
constituída por indivíduos psicologicamente saudáveis e auto-realizadores, capazes de
buscar o desenvolvimento pessoal, realização pessoal e profissional.
l) sinergia: termo foi utilizado inicialmente por Ruth Benedict, professora de Maslow e
significa ação combinada (cooperação) e harmonia interpessoal, ou de elementos, que
resulta num efeito global maior que se os elementos ou indivíduos separados. Também
pode se referir ao próprio indivíduo, como unidade entre o pensar-sentir-agir.
10
Advindos da natureza interior do indivíduo.
20
Maslow apresentou uma teoria da motivação e do desenvolvimento humano que
representam pressupostos básicos da Psicologia Transpessoal, apresenta uma visão
psicológica, filosófica, educacional e espiritual, permeada pelo biológico e institucional.
Observa-se em seu trabalho a interdependência entre indivíduo e sociedade
saudável/patológico como uma unidade indivisível. Nesse contexto, sugere como
aspectos relevantes a psicoterapia, o auto-conhecimento e a educação como principais
fatores de saúde em uma sociedade.
Aponta como desafio humano na vida particular, nas instituições e na sociedade,
resgatar o sagrado na educação, uma vez que esta deve ser mais do que uma somatória
organizada de disciplinas, disponibilizando informações. Há que se estabelecer relações
saudáveis entre educador, educando e saber, resgatando um sentido profundo do
sagrado. Declara que necessitamos de um sistema permeado de valores humanos no
qual possamos acreditar e devotar (Maslow, [s.d.]).
3. Pierre Weil
Além de Maslow outros ícones trouxeram valorosas contribuições para a
Psicologia Transpessoal, dentre eles Pierre Weil, um dos percussores desta abordagem
no Brasil.
Pierre Weil é um ser notável, especial para nós. Primeiro, pela extensão e
profundidade de sua obra na Pedagogia; na Psicologia das organizações, do
trabalho, das relações humanas, dos testes, das avaliações; do Psicodrama;
da Transpessoal; da Tanatologia (abordagem sobre morte) e da educação
para paz. (Saldanha, 2006, p. 79).
Abordaremos na seqüência, de maneira sintética, porém, sem o intuito de
desmerecer ou desvalorizar a importância de sua contribuição para a Psicologia
Transpessoal, pois, com certeza, Pierre Weil produziu conhecimento, que é hoje,
material para muitas pesquisas em temas significativos em diversos segmentos como na
educação, saúde, relações interpessoais e educação para a paz. Também evidenciaremos
alguns conceitos de Maslow que foram explorados por Weil.
21
Em sua trajetória, Weil criou vários testes como o Inventário de Inteligência não
Verbal (INV), escreveu vários livros voltados para o relacionamento interpessoal,
psicodrama, organizações, orientação vocacional, consciência, regressão, Psicologia
Transpessoal, entre outros temas, tornando-se referência nacional e internacional.
Foi um dos precursores do psicodrama no Brasil, onde escreveu um dos
primeiros livros com o prefácio do próprio Moreno. Foi um dos redatores na fase do
anteprojeto para a criação do Curso de Psicologia em universidades brasileira e dos
Conselhos Regionais. Ocupou uma cátedra de Psicologia Social na Universidade
Federal de Belo Horizonte e, em 1978, em Psicologia Transpessoal, nessa mesma
universidade.
Doutorou-se em Psicologia na Sorbonne, em 1972, com a tese em Psicologia
Transpessoal “Esfinge, estrutura e símbolo do homem” com menção honrosa. Segundo
Weil [...] “a esfinge seria um modelo de estrutura do ser humano e das ciências
humanas [...] a esfinge clássica é composta de quatro partes: o boi, o leão, a águia e o
homem” (Weil, 2001, p. 56).
Desenvolveu outros trabalhos focando a sexualidade, a psique e os estados não
usuais da consciência, entre eles, as experiências culminantes, Nessa incursão à área da
consciência, Pierre Weil aliou a sua formação cientifica às buscas pessoais.
É, sobretudo, a partir das descrições de experiências da consciência cósmica
que se pode ter uma idéia do que se trata, confrontando estas experiências,
consegue-se aos poucos formar uma imagem sincrética da experiência,
embora em linguagem que nem sempre traduz inteiramente a natureza e a
intensidade do fenômeno (Weil, 1997, p. 23).
Em 1978, Weil preside o IV Congresso Internacional e desenvolve o trabalho
desse novo ramo da Psicologia, a transpessoal. Foi convidado a lecionar essa disciplina
no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Autor de
22
muitos títulos e pesquisas nessa área, organizador e apresentador do curso de
Transpessoal, intitulado Cosmodrama, hoje ampliado como “A Arte de Viver a Vida”.
Além de co-organizador e presidente de Congressos Internacionais de
Transpessoal, membro-fundador e presidente de honra de Associações de Psicologia
Transpessoal, entre elas a Alubrat (Associação Luso Brasileira de Transpessoal).
Um dos fundadores da Universidade Holística Internacional de Brasília, a
UNIPAZ com o apoio de Monique Thoenig (da Universidade Holística de Paris) e de
Jean Yves Leloup, psicólogo, Phd em Transpessoal, autor de inúmeros títulos nessa
área.
No ano de 1988 elabora uma teoria sobre a gênese da destruição da vida no
Planeta e sobre os princípios e abordagens que possibilitam um novo método de
Educação para a Paz, utilizando-se, para esse modelo, da linguagem da Psicologia
Transpessoal (Weil, 2001).
A trilogia integrativa de três aspectos da Paz, propostas por Weil nos seus
programas educativos são:
a) a Paz consigo próprio (Ecologia e Consciência individual), sobre os planos do corpo,
das emoções e do espírito;
b) a Paz com os outros (Ecologia e Consciência Social), sobre os planos da economia,
da sociedade e política e da cultura;
c) a Paz com a natureza (Ecologia e Consciência do Universo), sobre os planos da
matéria, da vida e da informação.
Segundo Saldanha, (2006), Pierre Weil estabelece uma analogia entre as
Hierarquias de Necessidades e Valores de Maslow com as Necessidades e Valores
evidenciadas em cada Centro do Desenvolvimento Humano nesse referencial. As
necessidades fisiológicas e de segurança são correlacionadas ao primeiro centro vital; as
necessidades de amor e afeto, ao segundo; as necessidades de estima relacionadas ao
23
terceiro; as de auto-realização, onde já incluem valores como verdade, bondade, beleza
e justiça estão relacionadas ao quarto centro vital. A meta necessidades de Maslow
relaciona-se ao quinto, sexto e sétimo centro vital considerado os três centros
superiores.
Podemos sugerir que, talvez, o sétimo centro vital esteja relacionado ao que
Maslow denomina como indivíduos meta realizado e transcendente; aqueles que
vivenciam, com maior freqüência, experiência culminante no mais alto grau, o da
unidade ou consciência cósmica, e elas são prioridades em suas vidas, assim como a
vivência dos valores que se relacionam a esse nível.
Weil (1989) afirma que, de acordo com o estado de consciência, cada indivíduo
tem uma percepção da realidade. Os indivíduos podem perceber a mesma realidade de
forma diferente, o que gera crenças, valores e atitudes distintas em relação a si próprias
e ao mundo externo.
[...] o mundo chamado exterior físico, biológico e social podem ser vividos
em esdado de consciência de vigília ou em estado de consciência de sonho.
Em estado de vigília os níveis de realidade serão percebidos tais quais os
conhecemos; no estado de sonho, um latido de cachorro se transforma em
uma sirene [...] (Weil, 1989, p. 33).
Por generalização, podemos dizer que se diferentes estados de
consciência permite ao homem diferentes percepções de uma mesma realidade, o
mesmo paradigma se aplica à produções cientifica.
Se nossa percepção da realidade difere conforme o nosso estado de
consciência, forçosamente a nossa ciência difere também conforme o nosso
estado de consciência. Como o afirma Charles Tart (1975), a nossa ciência
clássica é uma ciência elaborada por pessoas em estado de consciência de
vigília e fundamentada nos cinco sentidos e no raciocínio formal [...]
dominado pelos instintos, pelas emoções e pela mente ( Weil, 1989, p. 3334).
Nesse contexto, a PsicologiaTranspessoal se presentifica em um momento de
transição e integração de saber em uma nova etapa da ciência e do conhecimento
humano. Longe de ser uma teoria concluída e hermética, é uma disciplina jovem e com
24
certeza faz parte das pesquisas de ponta sobre o desenvolvimento da mente humana,
com promissoras perspectivas.
Assim sendo, não podemos deixar de citar a grande contribuição que Vera
Saldanha, psicóloga contemporânea, que nos traz contribuições significativas no sentido
de validar a Psicologia Transpessoal como ciência.
Baseada nos estudos, pesquisas e observações dos principais ícones da
Psicologia Transpessoal, entre eles Maslow, Weil, Snailav Grof, Charles A. Tart
Assagioli, Moreno, Fadman, Jean-Yves Leloup, entre muitos outros11, Vera Saldanha
sistematizou e desenvolveu uma didática chamada Abordagem Integrativa Transpessoal,
onde contempla em seu aspecto dinâmico os eixos evolutivo (sete etapas) e experiencial
(R.E.I.S) e no aspecto estrutural nos traz o Corpo Teórico Transpessoal, com seus cinco
elementos: Conceito de Unidade, Conceito de Vida, Conceito de Ego, Estados de
Consciência e Cartografia da Consciência. A Abordagem Integrativa será apresentada
com seus principais pressupostos no capítulo II.
Vera Saldanha ministrou vários cursos de Formação em Psicologia Transpessoal
em vários estados brasileiros e no exterior. Recentemente esse curso foi ampliado e
reconhecido pelo MEC e transformado em Pós-Graduação Lato Sensu, onde se utiliza
da didática por ela desenvolvida, trazendo os conceitos da Psicologia Transpessoal de
forma teórico vivencial.
11
Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006).
25
CAPÍTULO II
ABORDAGEM INTEGRATIVA TRANSPESSOAL
A Brisa do alvorecer tem segredos para lhe contar, não volte a dormir. Você
tem de pedir o que realmente deseja. Não volte a dormir. As pessoas estão
cruzando o limiar da porta onde os dois mundos se tocam... A porta está
totalmente aberta... Não volte a dormir. Rumi.
A Abordagem Integrativa Transpessoal foi desenvolvida a partir da experiência
pessoal e profissional de Vera Saldanha, que após 15 anos ministrando cursos no Brasil
e no exterior sentiu a necessidade de criar um trabalho de forma sistematizada tanto na
teoria quanto na prática.
Esse sistema foi desenvolvido de maneira que desse suporte e sustentação ao
processo educacional e facilitasse a compreensão daquilo que fosse vivenciado durante
seus cursos. O que? Como? Onde? Por quê?
Construiu-se um sistema com conceitos da Psicologia Transpessoal, ampliandoos e os apresentando de forma estrutural e dinâmica, para que pudesse ser utilizado na
saúde, nas instituições, na área clínica, educacional e que também permitisse clarear
quais os conceitos que subsidiam a fala, a escuta e intervenções num processo
terapêutico, educacional e de auto-conhecimento. A elaboração deste conhecimento em
psicologia passou a ser denominado Abordagem Integrativa Transpessoal, e sua forma
de ensiná-la Didática Transpessoal.
No processo de elaboração da Abordagem Integrativa ocorreu a emergência de
novos conceitos que já estavam implícitos, porém não evidenciados. Dentre eles o eixo
experiencial e eixo evolutivo inerentes à prática transpessoal, assim como o principio da
transcendência12.
O prefixo "trans" significa "através de" e "muito além de", assim o principio de
transcendência indica um impulso em direção ao despertar espiritual que perpassa a
12
Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006).
26
humanidade do ser, a própria pulsão da vida, de morte e para além delas. O principio de
transcendência envolve a natureza psicológica, descrita por Freud, ampliada por
Maslow e por Pierre Weil (Saldanha, 2006).
1. Sistematização
A Abordagem Integrativa Transpessoal é composta por dois aspectos básicos, o
estrutural e o dinâmico.
O aspecto estrutural é composto por cinco elementos que formam o corpo
teórico da Abordagem Integrativa Transpessoal. São eles: conceito de unidade, conceito
de vida, conceito de ego, cartografia da consciência e estados de consciência.
Simbolicamente representados da seguinte maneira:
Conceito de Unidade
Conceito de Ego
Cartografia da
Consciência
Conceito de Vida
Estados de Consciência
Figura nº 1: Corpo teórico
Fonte: Saldanha, 2006, p. 107.
Os cinco elementos que compõem o corpo teórico da Psicologia Transpessoal
simbolicamente correspondem à espinha dorsal e cabeça, dando estruturação e
sustentação ao trabalho transpessoal, que visa o desenvolvimento pleno do Ser.
Conceito de vida e de ego, cartografia da consciência e estados de consciência são
27
sustentados pelo conceito de unidade. Todo processo terapêutico visa resgatar a unidade
do ser.
Enquanto aspecto dinâmico é composto por dois elementos, sendo eles: eixo
evolutivo e eixo experiencial. Graficamente estão apresentados a seguir e
simbolicamente representam a interdependência entre experiência e processo o
evolutivo.
Eixo Evolutivo
Eixo Experiencial
Gráfico nº 1: Aspecto dinâmico
Fonte: Saldanha, 2006, p.107.
Todos esses elementos articulados pelo terapeuta ou educador por meio de
diferentes técnicas, formam a base da Abordagem Integrativa e podemos representar
metaforicamente esta dinâmica com símbolo da pirâmide ou a forma geométrica do
triângulo. A teoria e a técnica ocupariam a base da pirâmide e o terapeuta ou educador
ocuparia seu ápice. Observemos a figura abaixo.
Terapeuta
Teoria
Figura nº 2: Articulação da teoria e da técnica
Fonte: Saldanha, 1999, p. 40.
Técnica
28
1.1. Conceito de unidade
A base da Psicologia Transpessoal é a unidade fundamental ou da não
fragmentação do ser, de onde partem e para onde convergem todos os recursos desta
abordagem. Para melhor compreendermos esse conceito, podemos conceituar unidade
como a propriedade indivisível do ser e a vivência desse estado permitem ao indivíduo
experimentar estados de paz, confiança, entrega, resultando em estados de desapego,
serenidade e harmonia.
Quando abordamos a unidade cósmica, referimo-nos ao fim da dualidade,
das polaridades. É o todo, é o absoluto, é a plena luz. Nesse nível, inexiste
tempo e espaço. É um eterno agora, um eterno ser-único, indivisível. E,
simbolicamente, é a cabeça e a espinha dorsal desse corpo teórico (Saldanha,
1999, p. 42).
Parafraseando Saldanha (1999), o conceito da física moderna descreve uma
visão não fragmentada do ser, mostra que o todo contém as partes e que as partes
contêm o todo. Nós contemos o todo e estamos contidos nele. “Ken Wilber adota o
termo absoluto para designar essa Unidade. [...] pode ter diferentes nos, tais como:
Brahma, Deus, Inteligência Suprema e outros. Na teoria psicanalítica Bion inclui no
seu referencial, de forma similar, o termo absoluto” (Saldanha, 1999, p. 43).
Segundo Saldanha (1999) Jung dizia que as religiões se desenvolvem como meio
para os homens conhecerem as potencialidades de ação e pensamento inerentes à
verdadeira estrutura da psique humana, ao que ele denominou arquétipos. Victor Frankl
um dos fundadores da Psicologia Transpessoal diz:
Saúde mental e salvação: dois objetivos bem diferentes, e para atingi-los,
dois processos bem diferentes, mas quanto aos subprodutos, aos efeitos
colaterais, não intencionais, desses processos, acontece algo interessante.
Sem demasiado esforço, a religião contribui indubitavelmente muito para a
saúde mental, ao oferecer ao homem a segurança, o sentimento de estar
ancorado no absoluto. E estranhamente algo de comparável acontece em
qualquer genuíno processo de psicoterapia. Pois embora a psicoterapia,
como tal, não tente nem deva influir na vida religiosa de seu paciente, um
dos subprodutos de um bom tratamento psicoterapêutico é o
restabelecimento no homem de um vínculo com a divindade (Frankl in
Saldanha, 1999 p. 44).
29
Quando o indivíduo ignora que ele faz parte da unidade, ele se apega aos objetos
de prazer e passa a ter medo de não tê-los, medo de perdê-los ou medo de não reavê-los,
manifesta estados desarmônicos e experimenta sentimentos de tensão e ansiedade, o que
pode provocar uma baixa resistência imunológica levando às doenças auto-imunes,
patologias cardíacas, síndromes mentais entre outras.
Não ficar apegado a situações ou atitudes circunstanciais, ou seja, identificado
com a rotina diária como sendo a única realidade, permite ao indivíduo vivenciar esse
sentimento de unidade e desenvolver uma percepção mais ampla e adequada para a sua
vida.
Quando o homem reconhece essa dimensão espiritual, resgata a sua inteireza e
vivencia o sentimento de unidade com o cosmo, isto gera um estado mais harmonioso e
de paz, levando-o a novas reflexões sobre o conceito de vida.
1.2. Conceito de vida
O que é vida? Segundo Pierre Weil é um pulsar contínuo no qual nascer, morrer
e renasce, fazem parte de um processo. Possibilita mudar ou ainda, rever valores e
crenças do indivíduo, o qual é um ser transformador de energia em um sistema
evolutivo com eterna continuidade. “[...] a matéria viva é ela mesma um transformador
de energia [...]. O corpo vivo é uma máquina que transforma a soma de energia
recebida em outras manifestações dinâmicas equivalentes” (Jung in Weil, 1989, p. 15).
Conceituar vida é algo complexo, pois não sabemos definir onde, exatamente,
ela se inicia ou termina, basicamente, o que caracteriza a vida na visão transpessoal é a
dimensão atemporal. Saldanha (2006) utilizou o referencial de Weil para conceituar
vida num contexto transpessoal.
1. Existem sistemas energéticos inacessíveis aos nossos cinco sentidos, mas
registráveis por outros níveis de percepção.
2. Tudo na natureza se transforma e a energia, que a compõe, é eterna
3. A vida começa antes do nascimento e continua depois da morte física.
4. A vida mental e a vida espiritual formam um sistema suscetível de se
desligar do corpo físico.
30
5. A vida individual é inteiramente integrada e forma um todo com a vida
cósmica.
6 - A evolução obtida durante a existência individual continua depois da
morte física.
7. A consciência é energia, que é vida, no sentido mais amplo: não apenas a
vida biológica, física, mas também a da natureza, a do espírito, a vidaenergia, infinita nas suas mais diferentes expressões. A vida, que é eterna,
ilimitada, que sempre existiu. Desconhecemos sua origem e nem sequer
podemos imaginar, de forma concreta, o seu fim; é inesgotável, uma fonte
que jorra incessantemente, na suas mais diferentes manifestações (Saldanha,
2006, p. 112).
Sob o aspecto psicológico, a vida é pautada por duas etapas inerente a todo ser
vivo em seu processo de evolução que são a morte e o renascimento. Morrer e renascer,
a vida é pautada desta verdade, morre a flor para nascer o fruto, morre a lagarta para
nascer a borboleta, morre o rio para renascer no mar. “Em Transpessoal a morte é a
transição, a passagem de uma forma para outra, acrescendo elementos de maior
alcance na escala universal e mantendo a essência indivisível do elemento anterior que
consiste na vida em si própria” (Saldanha, 2006, p.112).
Ao apresentar o conceito de vida, Saldanha (1999), inclui aspectos teóricos de H.
Kubler Ross, a qual nos apresenta em cinco etapas as experiências em vida dos
indivíduos diante da morte, seja ela emocional ou física.
1. Negação, não-aceitação.
2. Revolta, sofrimento e cólera.
3. Barganha: na tentativa de nos enganarmos, agarramo-nos a algo que nos
pareça importante, fazemos propostas de trocas entre vida e morte,
debatemo-nos.
4. Depressão: por constatarmos que algo se esvai, exaure irreversivelmente.
5. Aceitação: ao elaborarmos a morte, vivenciando-a com todas os seus
matizes e a sutilezas, a magia se dá (Saldanha, 1999, p. 47-8).
Observamos que o conceito de vida nos convida a entrar em contato com tudo
que a vida pode nos oferecer, e nesse contexto, todas as experiências estão a serviço do
processo de desenvolvimento e evolução do ser.
[...] Quando vencemos nossas vicissitudes e apegos, o nosso ego ilusório,
vivenciamos toda a plenitude, ressurgindo a vida por detrás da morte. Essa é
a vida plena e abundante, que nos nutre a cada instante, é uma força que está
além das aparências, além dos fatos circunstanciais; algo que, simplesmente,
é, com presença, força e poder; inerente em todo processo de aprendizagem,
inclusive na morte, a qual testemunha permanentemente o caráter efêmero
31
da existência humana ao mesmo tempo que nos desperta a procurar o que
não está submetido ao nascimento e a morte (Saldanha, 2006, p.113).
1.3. Conceito de ego
Na psicologia transpessoal, o ego se caracteriza como um constructo mental,
ilusório, que tem a tendência de solidificar a energia mental em uma barreira, a qual
separa o espaço em duas partes: eu e o outro. É necessário, instrumenta a realidade e a
psique, é responsável pelo processo secundário13. No entanto, não representa a
totalidade das experiências humanas; em algumas delas precisa dissolver-se a fim de
que o indivíduo se torne um com tudo, sentindo seu ser essencial.
O eu transpessoal é uma consciência em evolução que se manifesta além dos
elementos biopsíquicos e sociais que caracteriza a personalidade, integrando níveis
evolutivos superiores, elementos perenes, espirituais, universais e cósmicos, os quais
constituem a individualidade, que é o ser essencial e integral. (Assagioli, 1993).
A proposta da psicologia transpessoal é permitir que do “velho ser humano”
nasça o novo ser, aquele que é sábio, aquele que vivencia a unidade cósmica. Ele sente
que faz parte dela e que ela está contida nele e que há uma interdependência entre as
coisas e os seres no universo. É nessa ruptura com a dualidade rígida que permite
redimensionar o conceito do ego.
Fala-se muito da necessidade de "matar" o ego, mas é preciso que tenhamos
clareza quanto a esse processo de morte, pois, trata-se de uma profunda transformação
onde ocorre uma ampliação de consciência, mudando a percepção da realidade, que é na
verdade essa reconecção que se faz com o ser essencial. Muitas vezes esse processo de
morte do ego, é confundido, e o indivíduo entende que é preciso destruí-lo, onde ocorre,
na verdade a negação do ego.
13
Processo primário e secundário são termos da teoria psicanalítica (Brenner, 1987).
32
Leloup (1997) diz que quando o ser é capaz de transitar entre luz e sombra, ele
integra as polaridades e Maslow (s.d.), afirma que o que nos faz adoecer é a negação de
nossas potencialidades que é a natureza essencial do ser.
Na Psicologia Transpessoal o trabalho de morte e renascimento traz ao ser, a
possibilidade de conectar com suas experiências, dando-lhe sentido à vida, integrando
suas polaridades, transcendendo o ego, e vivenciando o que existe. As funções do ego
passam a ter uma importância relativa, seu aspecto interior adquire maior valor, e o
indivíduo torna-se saudável, e vive a totalidade de seu ser.
Segundo Leloup (1997), o estado mental que antecede a criação do ego, é
chamado de "unidade indiferenciada", que é esse espaço amplo, livre, luminoso que está
ligado a uma inteligência primordial e é chamado de indiferenciado, justamente por não
haver consciência desse espaço. Quando os processos do ego adquirem supremacia e
controlam sua psique, há perda de si mesmo, de sua natureza essencial.
Observamos que Saldanha (2006) nos apresenta o processo de construção do ego
se dá em cinco etapas:
1. Dualidade: quando tomamos consciência de um eu no espaço amplo,
solidificamos esse eu e deixamos de sentir-nos um só com esse espaço
mental, gerando o eu e o outro separado. É a primeira etapa do
desenvolvimento do ego.
2. Sensação: a dualidade cria a possibilidade de projetar no outro a sensação
de que ele nos é agradável ou desagradável, ou ainda que somos indiferentes
ao outro.
3. Reações impulsivas: a partir da constatação da sensação, segue-se a ela a
reação impulsiva correspondente: apego ao que é agradável, repulsa ao
desagradável e neutralidade ao indiferente. Até esse estágio, o processo é
instintivo. Quanto mais o indivíduo estiver identificado com suas sensações
e reações impulsivas, limitado aos cinco sentidos como canais sensoriais
perceptivos, mais sua reação será autômata.
4. Conceito intelecto: a quarta etapa do desenvolvimento psicológico do ego
envolve a ação do intelecto, que torna a estrutura do ego mais aperfeiçoada e
mais forte. Apenas o processo instintivo é insuficiente para a segurança do
ego, o qual necessita do intelecto para oficializar sua situação, julgando,
classificando como certo, errado, bom, mal e assim por diante.
O intelecto oficializa a situação do ego, pondo-lhe um nome de eu, o eu da
personalidade, estabelece rótulos como, por exemplo: eu não gosto, eu
gosto, eu sei, etc. Ao estabelecer o conceito, diminuem-se as chances de o
indivíduo viver a experiência direta, plena e verdadeira, visto que existe o
pré-conceito, a pré suposição.
5. Mente Consciente: para manter os processos instintivos e intelectuais, o
ego necessita de um mecanismo ativo e eficaz. São as emoções e os
33
pensamentos discursivos que, desordenados e em constante movimento,
alimentam e sustentam histórias e a novela do ego; justificam plenamente, as
percepções instintivas; geram reações egóicas, protegem; entretêm;
alimentam e inflam, através da identificação com os conceitos e emoções
suscitados e, até mesmo retardam ou obstruem a evolução do ser. Ele não
consegue mais diferenciar o que é realidade e o que é projeção (Souza, 1982
in Saldanha, 2006, p. 115).
Além das cinco etapas temos o subproduto do ego que é a auto-imagem, que
ocorre da identificação do ego com a emoção que se estrutura e se solidifica e que passa
a agir como uma identidade separada do ego. A auto-imagem se alimenta da energia do
ego e ele vai se impregnando da auto-imagem, ela não é mais ela. Passa a agir como se
fosse outra pessoa e a sua capacidade de percepção e apreciação de si, do outro e do
mundo a sua volta fica limitada. Há uma fragmentação e o indivíduo não acessa o
supraconsciente e não vivencia a sua essência verdadeira (Saldanha, 2006).
Um ego rígido, que alimenta uma auto-imagem forte, por melhor que esta
seja, tornará o indivíduo robotizado, uma pessoa que se identifica com a
idéia de si mesmo e, não, com a realidade dos seus sentimentos, experiências
e ações. A vida fica dividida entre imagem e realidade, entre o que se pensa
que é e o que se é de fato (Saldanha, 2006, p. 117).
As técnicas transpessoais têm como função restaurar essa comunicação entre os
fragmentos do ser e trabalhar no desapego das imagens que ele criou. Isso possibilita o
resgate de suas potencialidades, criatividade favorecendo a aprendizagem e o
desenvolvimento humano.
Um indivíduo em contato com ele mesmo vive de forma flexível a vida como ela
é não tem a necessidade da auto-imagem ou de um ego rígido que lhe diga o que fazer e
o que ele é. Se sua mente está sem idéias rígidas, preconceito ou ordens, ela está em
contato direto com a experiência real do mundo, vive o momento presente, sente, pensa
e age, vive uma vida saudável em diferentes níveis.
1.4. Estados ou níveis de consciência
O que é consciência?
Parafraseando Saldanha (2006) encontramos as
contribuições de Grof. Para ele a consciência é a manifestação de uma inteligência que
34
se expressa pelo o universo e por tudo o que existe. Nós somos um campo infinito de
consciência além do tempo, espaço, matéria e causalidade linear. Esses estados
incomuns de consciência são manifestações da psique humana, e as emergências destes
estados podem ter fins terapêuticos.
Esses estados ou níveis de consciência representam uma perna e um pé na
estrutura do corpo teórico da Abordagem Integrativa, é o trânsito entre as mais
diferentes dimensões da consciência. São eles que direcionam o processo para a
percepção das diferentes realidades, e as ampliam.
É justamente este caminhar entre os níveis de consciência que faz desta
abordagem diferente das demais psicoterapias. A Psicologia Transpessoal reconhece,
pesquisa e trabalha com esses diferentes níveis, os percebe como parte da natureza
humana.
A terminologia usada para estados de consciência era “estado de expansão de
consciência” e “estado alterado de consciência”, enquanto que hoje é mais usado
"estado modificado de consciência" ou "experiências humanas excepcionais ou
incomuns". Nas mais recentes pesquisas transpessoais, temos quatro estados de
consciências e dois intermediários: consciência de vigília, consciência de sono,
consciência de sono profundo e plena consciência (consciência cósmica). Entre um
nível e outro ocorrem vários estados, sendo que podemos destacar como facilitador do
processo transpessoal o estado de devaneio que fica entre o estado de vigília e o sono
profundo, e o estado de despertar entre sono profundo e consciência cósmica.
Pierre Weil afirma que "a percepção da realidade é em função do estado de
consciência do indivíduo" (Saldanha, 1999 p. 57).
a) estado de consciência de vigília: neste estado o EEG (eletroencefalográfico), registra
ondas cerebrais beta, de14 a 26 ciclos por segundo em média. Aqui as funções do ego
são predominantes. O indivíduo percebe o mundo tridimensional através de sua mente,
35
suas emoções, seus cinco sentidos. É aquele estado em que estamos despertos,
trabalhando.
b) estado de consciência devaneio: neste estado o EEG registra ondas cerebrais alfa de 9
a 13 ciclos por segundo, é alcançado através do relaxamento. Neste estado as imagens
são desconexas, criativas, literárias, artísticas, científicas e administrativas. Também,
neste estado o indivíduo está totalmente aberto para perceber o agora, está propício à
livre associação, e suas idéias devem ser anotadas imediatamente, pois podem
desaparecer no estado de vigília.
c) estado de consciência sonho: este é o estado REM (rapid eyes movement),
movimentos rápidos dos olhos, momento em que o indivíduo está sonhando. Temos em
média quatro sonhos por noite. Freud foi um dos primeiros a se dedicar a estudar os
sonhos, tudo o que ele pesquisou veio a ser confirmado por Kleitman e seu discípulo
Aserinsky nas pesquisas em neurologia. Para ele todo o conteúdo trazido ao consciente,
são motivações e desejos do inconsciente, e aquilo que for manifestado por vir de seu
inconsciente individual e, em alguns casos à própria filogênese.
Para a transpessoal o trabalho com sonhos é muito amplo, podendo esta
linguagem ser usada de muitas formas: técnicas de incubação de sonho, livrar-se de
pesadelos, sonhos lúcidos, encomendar ou modificar sonhos, grafismo e ainda a
ampliação dos mesmos. Para os senóis, habitantes da Malásia (considerado o grupo de
menor índice de agressividade), o sonho é uma forma importante de cura. Todas as
manhãs o grupo se reúne para contar seus sonhos, o que é ouvido atentamente por todos,
pois eles acreditam que enquanto dormem podem ajudar os membros doentes da tribo a
se curarem14.
14
Ver Macieira, 2004, p.135-152.
36
d) estado de consciência sono profundo: o cérebro emite neste estado ondas delta de 1 a
4 ciclos por segundo; aqui o indivíduo entra num estado de inconsciência total, ele
perde contato com o mundo externo.
Segundo pesquisas recentes ao entrarmos num nível de superconsciência, o ego
desaparece e a consciência retorna à própria fonte. Swami Rama, um iogue hindu,
submeteu-se a um processo de pesquisa pela Menninger Foundation, apresentando
registro de ondas delta em pleno estado de vigília, ele estava desperto e consciente de
tudo o que se passava ao seu redor. Ele afirmou que existem outros estados de expansão
de consciência mais sutis e que não são detectáveis por aparelhos encelográficos até o
momento presente, ano 1976 (Saldanha, 2006).
Estado de consciência de despertar: É a saída do entorpecimento, o indivíduo
acorda para a vida, é o despertar do observador de si mesmo. Neste estado se
desenvolve a reflexão, a percepção da essência do ser, e ocorre também a
desidentificação deste indivíduo com aquilo que ele projeta; suas emoções, sua mente,
seus papéis, e seu corpo. O relaxamento, a meditação e os exercícios com orientação
transpessoal são alguns dos recursos utilizados para levar o ser a este estado de
despertar.
Estado de consciência cósmica ou plena consciência:
[...] as características deste nível foram descritas no início do século , na área
da saúde, por W. James e R. Bucke, e catalogadas como inefabilidade,
caráter paradoxal, desaparecimento da dimensão tempo-espaço, não
projeção da mente sobre objetos , superação da dualidade sujeito-objeto
(unidade) - ou estado não-dual, vivência de uma luz radiante que impregna o
espaço, experiência energética de iluminação interior, vivência da vacuidade
plena, vivência do amor indescritível, sentimento de viver a realidade como
ela é, desaparecimento do medo da morte, vivência da eternidade,
descoberta do verdadeiro sentido da vida e sentido do sagrado (Saldanha,
1999 p. 60)
As expressões utilizadas para denominar este estado de consciência são:
samádhi, satori, nirvana, sétimo céu, sétimo paládio (cabala sepher hazolar), sétima
37
morada( Tereza D'Avila), experiência culminante(Maslow), experiência transcendental,
experiência de êxtase e experiência transpessoal (Saldanha, 2006 p. 121).
Neste estado o indivíduo experimenta o despertar de sua verdadeira
sabedoria, o verdadeiro amor, sua disponibilidade de auxílio ao outro, um estado pleno
de bem-aventurança, é ser um com a unidade. A pessoa que experimenta este estado de
consciência passa a ter uma significava mudança em seu sistema de valores,
compreende que tudo vem do criador, e não do ser criado. É experienciar ser todo
absoluto. Muitos fatores podem provocar a experiência do estado de expansão da
consciência, em Saldanha (1999 p. 62-3 ) temos:
1) Isolamento sensorial e sobrecarga sensorial;
2) Biofeedback;
3) Treinamento autógeno;
4) Música e canto;
5) Improvisação teatral, principalmente, o psicodrama que desencadeia uma
conscientização dos papéis e dos jogos, através de uma realidade suplementar;
6) As estratégias de tomadas de consciência que convidam a voltar sua atenção aos
antigos modos de pensamento;
7) Auto-assistência e assistência mútua: incitam a voltar à atenção para os próprios
processos de consciência. Eles desenvolvem a idéia de que a mudança depende de si e
de que podemos escolher o nosso comportamento pela introspecção colaborando com
forças mais elevadas;
8) Hipnose e auto-hipnose;
9) Meditação: zen, budista, tibetana, ioga;
10) Koans, histórias sufis, danças, histórias dervixes;
11) Seminários destinados a romper o transe cultural e a abrir o indivíduo para novas
escolas;
38
12) Diário a respeito dos sonhos: os sonhos são os melhores modos de se obter
informações provindas de uma região que ultrapassa o campo da consciência comum;
13) Teosofia, sistemas de pensamentos inspirados em Gurdjieff;
14) Psicoterapias contemporâneas, como a logoterapia de Victor Frankl, a terapia
primal, o processo de Fischer-hoffman, a terapia da Gestalt, psicoterapia transpessoal,
as quais permitem penetrar suavemente nas estruturas de reconhecimento ou nas
mudanças de paradigma;
15) A ciência do espírito: aborda a aproximação para a cura e autocura;
16) Inúmeras disciplinas e terapias corporais como: hatha Yoga, Tai-Chi-Chuan, AiKido, Karate, Jogging, dança, entre outras;
17) Experiências intensas de mudança pessoal e coletiva;
18) Visualizações.
Essas práticas podem alterar o estado de consciência do indivíduo, e algumas
formas de identificar se há alterações, é observando: a respiração, o movimento dos
olhos, a boca, a postura, o tônus muscular, a pupila, a voz.
Para a Abordagem Transpessoal, é fundamental o trabalho com os diferentes
níveis de consciência, pois, quando o indivíduo expande sua consciência para além do
estado de vigília acessando o supraconsciente, ele consegue ir à origem de seus conflitos
e à solução dos mesmos, aprende a não excluir nem supervalorizar, mas sim integra-los.
1.5. Cartografias da consciência
Alguns autores classificaram as informações de outros estados de consciência
além do estado de vigília, definindo diferentes cartografias ou mapa da consciência. Se
os estados de consciência são uma perna e um pé da estrutura do corpo teórico da
transpessoal, a cartografia é a outra perna e pé desta estrutura.
De forma geral os autores apontam três níveis ou dimensões mentais, o primeiro
com conteúdos autobiográficos, desde o nascimento até o momento atual do indivíduo;
39
o segundo as vivências intra-uterinas inclusive o nascimento, e o terceiro o que antecede
a vida intra-uterina e além da existência biológica.
Para Freud os conteúdos que emergiam eram relacionados a partir do
nascimento, se um indivíduo trazia qualquer conteúdo intra-uterino ele interpretava
como fantasia, embora ele reconhecesse em seus escritos que havia uma relação muito
estreita entre vida intra-uterina e a vida psíquica após o nascimento. A cartografia
representada por Freud: consciente; pré-consciente e inconsciente. Enquanto que para
Jung incorporou em sua teoria, aspectos que chamou de inconsciente coletivo, além do
inconsciente pessoal (Saldanha, 1999, p. 65).
A psicologia transpessoal, reconhece a cartografia acima citada, e vai além
acolhendo a de Kenneth Ring, que elaborou um mapa da consciência baseado no
trabalho de pesquisa de Stanislav Grof, Timoty Leary, Robert More e outros,
apresentado por Weil (1989) como uma perspectiva transpessoal da consciência.
Podemos olhar este trabalho como para uma estrutura piramidal, do alto para base, onde
encontramos regiões pessoais e regiões transpessoais da consciência.
Superconsciente
Inconsciente Extraterreno
Inconsciente Filogenético
Inconsciente Transindividual
Ontogentico
Psicodinâmico
Regiões Transpessoais da
Consciência
Pré-consciente
Vigília
Inconsciente pessoal
Gráfico n° 2: Cartografia da Consciência
Fonte: Weil et al, 1978, p58.
Regiões Pessoais
da Consciência
40
a) consciência de vigília: é o cotidiano; o agora é regido pelo tempo linear. A maioria
das pessoas se mantém neste estado.
b) pré-consciente: ligado ao estado de vigília, pode ser acessado facilmente a partir de
uma evocação simples.
c) inconsciente psicodinâmico: corresponde ao inconsciente freudiano. São conteúdos
ligados a experiências, sentimentos, pulsões, desde o nascimento até o momento da vida
atual. Região da mente bastante investigada pela psicanálise ortodoxa.
d) Inconsciente ontogenético: Nesta região encontramos fenômenos intra-uterinos e
processos de nascimento e morte. Representa a zona de transição do nivel pessoal para o
transpessoal.
e) inconsciente transindividual: é o primeiro dos domínios transpessoais, experiências
com elementos que transcendem o ego; identificação com outras pessoas ou tipos
universais; experiências ancestrais, encanações de vidas passadas, experiências coletivas
e raciais e experiências arquetípicas.
1. ancestral: exploração de sua linhagem genética, reviver vida de seus ancestrais.
2. encarnações passadas: experiências vivas, cenas ou fragmentos de cenas num outro
tempo e lugar da história, compreensão da lei do Karma.
3. experiências coletivas e raciais: aqui o indivíduo traz a experiência de uma tradição
cultural e de educação que nada tem haver com a educação e cultura dele no presente
momento.
4. Experiências arquetípica: aqui surge a idéia do inconsciente coletivo. Constitui-se de
símbolos universais da experiência humana, arquétipos ou imagens primordiais.
f) inconsciente filogenético: neste domínio somos levados a experienciar além da forma
humana. Aqui parecemos encontrar o nosso próprio desenvolvimento, a seqüência
evolutiva do planeta. Não é só um conhecimento intelectual, vivenciamos a consciência
evolutiva dos reinos animal, vegetal. Vivenciamos a consciência planetária.
41
g) inconsciente extraterreno: experiências para além do nosso planeta; experiências fora
do corpo; encontro com seres espirituais. Podem ocorrer também relatos de fenômenos
de percepção extra-sensorial, telepatia, clarividência, clariaudiência, escritas automática
e incorporação por espíritos.
h) superconsciente: êxtase existencial. O indivíduo tem uma percepção ampla da
realidade, sentimentos de compaixão. Há uma compreensão da unidade.
i) Vácuo: é o estado de o puro ser; não há palavras para definir esta vivencia; é a fusão
da pequena mente com a mente cósmica. Saldanha ao citar Gof nos diz: [...] “o vácuo é
vivenciado como subjacente a todo criação, além do tempo e do espaço, além do bem e
do mal” (Saldanha, 2007, p. 127).
A linha demarcatória de um nível consciencial para o outro é muito flexível,
permitindo que um interpenetre o outro, e nos mostre, que inconsciente e consciente são
dimensão de uma mesma realidade.
A Psicologia Transpessoal acredita que no processo natural de evolução do ser
humano, é necessário trabalhar e integrar à área clínica e educacional esses níveis de
consciência.
1.6. Aspecto dinâmico: eixo experiencial e evolutivo
Compreendemos
como
aspecto
dinâmico
da
Abordagem
Integrativa
Transpessoal, dois eixos, o experiencial composto pelo REIS – razão, emoção, intuição
e sensação e pelo evolutivo que abordaremos ainda neste capítulo. Há uma inter-relação
entre esse aspecto dinâmico e o estrutural, em diferentes níveis e graus, que dá o suporte
teórico às técnicas, à Didática Transpessoal e à conduta do psicoterapeuta, do educador
ou facilitador de orientação transpessoal.
Iniciaremos falando sobre o eixo experiencial que integra razão, emoção,
intuição e sensação (REIS). Imagine uma linha horizontal com uma linha vertical que se
cruzam ao meio, a linha vertical diz respeito ao eixo evolutivo e a linha horizontal, ao
42
eixo experiencial. Para isso se faz necessário compreender um pouco da tipologia
junguiana citado por Vera Saldanha:
[...] as quatro funções psíquicas mencionadas por C. G. Jung: razão, emoção,
intuição e sensação. Ao estudá-las ele assegurou à intuição sua legitimidade
como função psíquica. Com base em sua teoria, há testes de validação
científica que podem aferir esses elementos na personalidade, sua
intensidade, tendências e aptidões correlacionadas a cada uma delas. Jung
denominou essas funções bússola da psique, acrescentando uma tipologia e
extroversão e introversão que poderia acompanhá-las em maior ou menor
grau, no nível interno ou no relacionamento interpessoal. Segundo Jung,
para que o indivíduo alcançasse seu desenvolvimento pleno, teria de passar
por um processo de individuação onde desenvolveria igualmente e de forma
convergente todas essas funções. A essas funções de direcionamento
psíquico: razão-emoção-intuição-sensação, chamaremos nesse texto, r.e.i.s
(Saldanha, 1999, p. 71-2).
Observa-se que dependendo da abordagem psicológica, essas funções são mais
enfatizadas. Na psicanálise, por exemplo, a ênfase é mais na razão e emoção e nas
terapias corporais, sensação e emoção. Na Transpessoal há a integração desses quatro
elementos de forma vivencial, ou seja, é a vivência dessas quatro funções que dão o
caráter experiencial que é uma das características básicas desse enfoque, além do
trabalho com os níveis do inconsciente superior.
Dentro de um processo terapêutico, por exemplo, o discurso racional, linear do
indivíduo é transformado em experiência através das quatro funções: na razão o
indivíduo descreve um fato; na emoção o indivíduo traz o sentimento que acompanha o
fato; na intuição ele faz livre associação, insights e na sensação, o indivíduo descreve
como o corpo sente o fato, qual o sintoma, e ele é o sintoma. Esse processo de
estimulação dessas funções psíquicas leva o indivíduo a uma percepção ampliada da
realidade e se percebe o que está de fato por traz da sua fala.
A Abordagem Integrativa Transpessoal percebe R.E.I.S. da seguinte forma:
RAZÃO (R) representa a função do sentir e pensar; o indivíduo percebe o
universo interno e externo através de idéias e conceitos, ex: isto é branco ou preto
43
(pensamento), é agradável ou desagradável (sentimento). Esta é uma função importante
que deve ser integrada a outros níveis no processo de desenvolvimento deste indivíduo.
EMOÇÃO (E) é um elemento essencial no processo evolutivo do indivíduo.
Para Jung:
Parafraseando Maslow, tanto as emoções negativas quanto as positivas devem
ser reconhecidas e trabalhadas para o desenvolvimento do ser. Maturana diz que as
emoções fazem parte de dinâmicas corporais específicas e que essas se expressam em
diferentes domínios de relações e segue dizendo que “todo sistema racional emerge
como um sistema de coordenação, tendo como base as emoções vividas no instante que
estamos pensando”, e que não é a razão e sim a emoção que nos leva a ação. (Maturana
in Saldanha, 2006, p. 130). Ainda segundo Maturana, o amor é uma emoção, sem a qual
não seria possível viver.
O amor é a emoção central na história evolutiva humana desde o início, e
toda ela se dá como uma história em que a conservação de um modo de vida
no qual o amor, a aceitação do outro como um legítimo outro na
convivência, é uma condição necessária para o desenvolvimento físico,
comportamental, psíquico, social e espiritual normal da criança, assim como
para a conservação da saúde física, comportamental, psíquica, social e
espiritual do adulto (Maturana, 1998, p. 25).
Dentro da abordagem integrativa, ressaltamos a condição essencial do amor, por
permitir a vivência no eixo experiencial e evolutivo trazendo a energia necessária para o
desenvolvimento psíquico facilitando a aprendizagem. Há que se ressaltar, porém, que
se o indivíduo estiver fragmentado, altamente identificado com o aspecto emocional,
dificultará ou até mesmo impedirá a integração de outros aspectos da personalidade.
INTUIÇÃO (I), em sua etimologia, in-tueri significa ver dentro, abertura do olho
interno, aquele que permite ver aquilo que a visão normal não percebe. Para Jung a
intuição é como a sensação, irracional. Na sensação é a percepção consciente através do
corpo e a intuição é uma percepção vinda do inconsciente.
44
Segundo Assagioli (1993) há vários tipos de intuição, as sensoriais, as de idéias,
as estéticas, as religiosas, as místicas e as científicas. Autenticidade é uma característica
específica da intuição, e também uma outra forma de conhecimento que vai além do
racional. Para ele “[...] a intuição mais que a qualidade do objeto, capta a essência do
que é” (Assagioli, 1993, p. 79).
Para a transpessoal, a intuição tem sua origem no supraconsciente e caracteriza
um dos diferenciais da abordagem integrativa.
SENSAÇÃO (S), para Abordagem Transpessoal a sensação é fundamental para
o desenvolvimento dos aspectos psico-espirituais, se percebe a realidade através dos
órgãos dos sentidos, é de extrema relevância. Para Moreno, aprendemos, crescemos e
nos transformamos no corpo, pois é nesse corpo que evoluímos, que a cultura se
manifesta e que nos expressamos vários aspectos: racional, emocional, intuitivo e
experiencial.
Para Maslow, o corpo é “Território do Sagrado, a corporificarão da
transcendência. Sem corpo não há alma, pois esta necessita deste para expressar-se e
sem alma o corpo biológico não tem animação, em ambas as hipóteses não é ser
humano” (Saldanha, 2006, p. 134).
Quando um indivíduo não permite expressar-se através de suas funções
psíquicas ou fica identificado com elas, sua percepção fica limitada e o leva a um estado
de fragmentação, impedindo-o de vivenciar sua própria experiência, de ir além dela,
aprimorar-se, e ser em plenitude.
Diante disso, podemos dizer que a Abordagem Integrativa Transpessoal,
independente da área de aplicação, nos aponta que aos estimularmos o eixo experiencial
(REIS), estamos possibilitando ao ser, processos de desidentificação, ampliação da
percepção e consciência, permitindo a emergência de seu desenvolvimento e ativação
do eixo evolutivo.
45
O Eixo Evolutivo é caracterizado por uma ampliação da consciência onde o
indivíduo ascende da dualidade para a unidade. Surge uma nova percepção, ele
consegue dar uma nova resposta para suas questões, há uma ascensão rumo à Ordem
Mental Superior.
Eixo Evolutivo
Eixo Experencial
R.E.I.S
Sentido da Experiência
Unidade
Gráfico nº 3: Eixo evolutivo e estados de consciência
Fonte: Saldanha, 2006, p. 143.
Como vimos o eixo experiencial promove a integração entre as funções
psíquicas (R.E.I.S.), e essa congruência estimula o eixo evolutivo que promove uma
ampliação das percepções de si mesmo, do outro e do ambiente. Surge o que o ser tem
de mais positivo, construtivo, saudável.
Se observarmos a figura do eixo experiencial como uma linha horizontal sendo
cortada ao centro por uma linha vertical, eixo evolutivo terá o formato de uma cruz
formando quatro quadrantes, cada um representando uma fase ou estágio. Essas fases
são extremamente dinâmicas, contínuas e estão interconectadas em vários níveis, e vale
lembrar que essa representação tem função meramente didática para facilitar a
compreensão desses conceitos teóricos.
Um conflito não é solucionado no mesmo nível em que foi criado, é necessário
acessar um nível superior para encontrar novas respostas. A transpessoal traz inúmeros
46
recursos para que o próprio indivíduo possa acessar esses recursos dentro de si, desta
forma permitir a emergência da ordem mental superior, ou seja, o eixo evolutivo.
Para Maslow (s.d), além das necessidades básicas, este indivíduo necessita
buscar seus aspectos transcendentais, algo que está dentro dele, e isto faz parte do
desenvolvimento inserido em seu processo psicoterapêutico e educacional.
O eu menor identificado com os papéis, com as máscaras do cotidiano o torna
uma expressão muito limitada do ser ilimitado que é. É como se esse “ser” se
esquecesse de quem ele é em essência. A desidentificação desses papéis, dos conflitos
que se dá através da estimulação do eixo experiencial, auxilia na emergência do eixo
evolutivo ou ordem mental superior em seus diversos níveis, propiciando ao indivíduo
encontrar novas respostas, ou seja, fazer a transmutação, transformação, elaboração e
integração. Quando há essa emergência o indivíduo compreende, tanto em nível pessoal,
planetário e cósmico a importância de sua existência no Universo. Sua existência
começa a fazer sentido, passa a se sentir em comunhão com o todo e a estabelecer
relações saudáveis interna e externamente, vivendo a plenitude da dimensão humana.
Os dois elementos eixo experiencial e eixo evolutivo resgatam a unidade
fundamental do ser. Somente apreendendo sua própria unicidade é que o
indivíduo se sente inserido no todo. Estar no todo e sentir o todo em si é
estar integrado, pleno, desperto! Estar na condição onde você nunca deixou
de ser, em sua natureza mais genuína e essencial (Saldanha, 1999, p. 80).
2. Técnicas utilizadas na didática transpessoal
A Abordagem Integrativa da Psicologia Transpessoal se utiliza de uma gama
de recursos que envolvem técnicas de intervenção verbal, imaginação ativa,
reorganização simbólica, dinâmica integrativa (sete etapas)15 e recursos auxiliares ou
adjuntos como elementos facilitadores dos processos de aprendizagem, auto
conhecimento, expansão de consciência que facilitam a emergência da ordem mental
superior na busca do ser integral. A seguir discorreremos sobre esses recursos.
15
Ver Saldanha, 2006.
47
A intervenção verbal é utilizada como forma de auxiliar no vínculo
facilitador – aprendiz. A verbalização como contato inicial define expectativas e
estabelece os vínculos.
É muito importante a postura do facilitador que deve possuir treinamento
adequado para fazer as intervenções pertinentes, verbais ou não, além de cultivar em si a
dimensão transpessoal, ouvindo o aprendiz sem julgamento ou censura, num nível de
transcendência, pois sua postura é percebida pelo aprendiz, o que pode causar um
bloqueio no processo de comunicação e aprendizagem.
É
fundamental
que
o
educador,
facilitador
ou
terapeuta
esteja
constantemente buscando um auto-aperfeiçoamento com ser a nível transpessoal além
de conhecer a teoria e a prática.
A finalidade da intervenção verbal é a escuta amorosa, ou seja, acolher o
posicionamento do aprendiz como ele se apresenta no momento, sem julgamento e
oportunizar sua caminhada evolutiva no seu próprio ritmo.
Outro
procedimento
técnico
utilizado
na
Abordagem
Integrativa
Transpessoal é a imaginação ativa, trabalhada através de exercícios relacionados aos
conteúdos propostos. Utiliza-se da possibilidade do inconsciente de formar imagens
mentais que podem trazer a tona conteúdos do inconsciente. Os exercícios estimulam a
presença da ordem mental superior, que representa o eu superior, o núcleo saudável e
equilibrado do indivíduo. Segundo Saldanha (2006):
Nessas jornadas de imaginação, com imagens gerais definidas pelo educador
(sábio, fonte, árvore, montanha, etc.) o educando, em estado de consciência
ampliado, está mais receptivo para acolher, perceber, sentir, intuir os
conteúdos do nível supraconsciente. Tal fato facilita os insights e uma
compreensão mais ampla de sua realidade, que não seria experienciada ou
captada se ele se mantivesse somente no estado de vigília. Todos esses
exercícios são precedidos e facilitados por uma pequena sensibilização ou
então relaxamento simples: contato com respiração, temperatura do ar que
expira e inspira, contrações fortes do corpo seguidas por descontrações
(Saldanha, 2006, p.153).
48
A reorganização simbólica é a denominação de mais uma técnica em
Transpessoal que organiza os conteúdos internos em todos os níveis numa seqüência
adequada. Envolve a imaginação ativa e possibilita o indivíduo ampliar suas percepções
e perspectivas de vida, de futuro e do todo. Facilita a identificação de núcleos que
bloqueiam o crescimento pessoal, como crenças e paradigmas a respeito de suas
dificuldades pessoais. Ativa a intuição e os processos inconscientes favorecendo a
concretização dos anseios.
A dinâmica interativa compõe-se de exercícios que dinamizam diferentes
conteúdos do inconsciente nos vários estados de consciência, um dos trabalhos que mais
exigem do terapeuta ou educador em termos de preparação e de formação clínica
conteúdos emergidos através de um aprofundamento e uma elaboração do paciente são
evidenciados através de sete etapas específicas. Estas sensibilizadas por meio de um
nível imaginário e vivencial podem acontecer em diálogos durante as jornadas de
fantasia, imaginação ativa, exacerbação de sintomas, grafismo, psicodrama transpessoal,
trabalho corporal, representação simbólica etc.
São exercícios que acontecem em sete etapas:
a) reconhecimento: é o momento do desconforto, onde não se tem clareza do que está
acontecendo, constitui num momento da mobilização interna que pode ser desencadeada
por fatores internos e/ou externos. Nesta fase o terapeuta acolhe o paciente, promove
exacerbação de sintomas para clarificar a situação.
b) identificação: pensamentos e sentimentos, sensações físicas, são expressos pelo
individuo na identificação com o elemento personagem ou situação evidenciada na
primeira etapa. Contextualiza-se o sintoma o que facilita a identificação: Quando?
Como? Onde? Com quem? Para que? Para quem? O que? A emoção é intensificada
propositalmente oportunizando uma catarse ab-reativa, a liberação dos sentimentos
acontece de forma intensa, articulam-se técnicas utilizando cores, som e movimento
49
corporal, até atingir a catarse da integração, propiciando a saída de uma situação
dolorosa e permitir a entrada numa terceira etapa.
c) desidentificação: só ocorre após o reconhecimento e identificação. É o descentrar-se
por meio de uma inversão de papeis na vivência em paralelo de caráter associativo de
oposição, distanciamento ou ampliação favorecendo o desprendimento, emergindo o
discernimento crítico e a reflexão, o indivíduo experimenta a inteireza, emergem
aspectos de individualidade, permitindo novas experiências.. Esse processo propicia
uma passagem para a próxima etapa. Ate aqui didaticamente, foi vivenciado o eixo
experiencial (R.E.I.S).
d) transmutação: momento em que acontece a liberação de uma condição de apego e
percepção de outras possibilidades, diferentes níveis de consciência estão interagindo
neste instante conflito e da solução. O individuo cria condições por meio de insights e
elaborações para promover o acontecimento da próxima etapa, é o momento mágico;
onde o nível do supraconsciente se manifesta. As funções de percepção passam a ser
advindas da intuição, nada é inteiramente bom ou mal, certo ou errado.
e) transformação: a situação anterior de conflito e transformada vista com outro olhar
muda-se o direcionamento da mente chegando à etapa seguinte.
f) elaboração: há clareza mental, a situação já e outra, há uma apreensão global da
situação e a presença do eixo evolutivo. Consolida-se a mudança sob perspectiva da
apreensão do verdadeiro conhecimento pessoal.
g) integração: neste momento o individuo integra todo o processo no aqui e agora,
prevalecendo à confiança, a segurança, integrada em si e na relação com o universo,
com muito mais abertura, mudança de crenças e até de valores, há um novo olhar e um
novo fazer. Quanto maior a aprendizagem, mais ampla e plena é a integração.
Estas etapas podem ocorrer de forma bem definida tais como foram apresentadas
acima. Todavia elas podem acontecer de forma concomitante; outras vezes o individuo
50
está tão identificado com determinado núcleo exigindo muito mais secções para termos
resolução. Além disso, todas estas etapas estão presentes em cada uma delas, ou seja,
em cada uma delas passamos pelas sete.
A aplicação destas etapas na clínica, educação ou organizações requer um
terapeuta ou educador que seja facilitador, catalisador do processo, capaz de estimular o
eixo experiencial e evolutivo, tanto no relacionamento com o paciente ou educando
quanto nos conteúdos a serem compartilhados.
Eixo Evolutivo
Transmutação
Desidentificação
Transformação
Eixo Experiencial
Sentido da Experiência
Elaboração
Identificação
Reconhecimento
Integração
Eixo Evolutivo
(Indiferenciado)
Gráfico nº 4: Sete etapas do desenvolvimento
Fonte: Saldanha, 2006, p. 161.
Contamos ainda com os recursos auxiliares ou adjuntos, compostos por técnicas
milenares como: contemplação, concentração, meditação, relaxamento, favorecem a
uma maior serenidade da mente.
Não são recursos exclusivos do trabalho psicoterapêutico, e podem ser utilizados
mesmo após a alta do tratamento recursos de significativa importância uma vez que
facilitam a atualização de níveis de expansão da consciência, especialmente do
supraconsciente diminuem o nível de tensão e de ansiedade, melhor organização e
clareza mental, expansão de elementos saudáveis, pacificação de pensamentos auxilia o
individuo a desenvolver recursos positivos para si. A prática de meditação e ioga
51
(ásanas) e mantras auxiliam no equilíbrio e produção dos hormônios das glândulas
endócrinas propiciando no maior e melhor harmonização corpo e mente.
a) relaxamento: é um procedimento para desfazer as contrações desnecessárias no corpo
físico diminuindo o estado de tensão, pacificação do corpo, favorecendo a serenidade
mental;
b) concentração: a um direcionamento do foco mental para uma coisa só, este foco de
atenção pode ser a própria respiração, batimentos cardíacos, a uma imagem externa,
figura geométrica, objeto etc.a realização deste exercício permite um maior controle e
redução do fluxo incessante de pensamentos, o que traz uma pacificação interior e
facilita a desidentificação das partes;
c) contemplação: posterior a concentração, onde há uma interiorização, um
aprofundamento mental, onde se experimenta uma fusão do objeto de concentração com
o próprio individuo que o contempla;
d) meditação: há consciência da própria consciência, e um estado de inação de puro ser,
de um saber espontâneo de uma presença plena. Há várias técnicas de meditação, porém
não serão explanadas aqui.
Esses recursos auxiliares poderão ser utilizados na Didática Transpessoal, em
momentos oportunos da aprendizagem favorecendo o ensino, o bem estar, os
relacionamentos do educando e também do educador.
A Abordagem Integrativa Transpessoal como técnica didática utilizada no curso
de pós-graduação, pode ser um recurso extremamente rico, capaz de cumprir de forma
plena e eficaz o objetivo a que se propõe que fundamentalmente é levar o indivíduo a
vivenciar o eixo experiencial, passando pelas sete etapas quando emerge o eixo
evolutivo que possibilita o acesso a aspectos da ordem mental superior, trazendo a tona
os aspectos saudáveis do ser, citados no capítulo IV – Educação e Valores Humanos.
52
Um dos objetivos específicos desse trabalho é relacionar possíveis
transformações no indivíduo, em vários níveis, que possam estar vinculadas à
Abordagem Integrativa Transpessoal. A partir dessa premissa estaremos analisando os
dados obtidos, no Capítulo VI – Análise e Interpretação de Resultados e verificando se
os objetivos foram contemplados.
53
CAPÍTULO III
A DIMENSÃO DO FEMININO NA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL
Durante a contextualização da Psicologia Transpessoal no capítulo I,
observamos a consonância entre os pressupostos do que apresentamos como
Transpessoal e caracteres do arquétipo do feminino.
Ao observarmos o trabalho de Maslow percebemos que ele apresenta um grupo
de dez características encontradas no ser humano saudável conforme citado: percepção
mais clara e mais eficiente da realidade; mais abertura a experiência; maior integração,
totalidade e unidade da pessoa; maior espontaneidade, expressividade, pleno
funcionamento, vivacidade; um eu real, uma firme identidade, autonomia, unicidade;
maior objetividade, desprendimento, transcendência do eu; recuperação da criatividade;
capacidade para fundir o concreto com o abstrato; estrutura democrática de caráter;
capacidade de amar.
Ao analisarmos criteriosamente essas características, pudemos estabelecer estrita
relação com virtudes e valores do arquétipo do feminino.
O princípio Feminino foi arrancado não apenas dos reinos mitológico, social
e político, mas também da vida interior dos indivíduos, onde poderia ter o
poder de proporcionar o Eros, a capacidade de relacionamento, a
alimentação e criação e um tipo de autoridade que vem da alma. Por esta
razão, o Feminino muitas vezes está ausente também de nossas vidas
interpessoais, no espaço sagrado que há entre nós e aqueles a quem amamos.
(STEIN, R M. in Zweig, 1990, p. 65)
De acordo com Jung, chamamos de arquétipo16 um padrão universal inato na
psique humana, presente tanto em homens quanto em mulheres. Zweig (1994) usa o
termo arquétipo para designar a presença de uma força divina dentro da alma humana
que se manifesta nos pensamentos, sentimentos, imaginação e comportamento de
homens e mulheres.
16
Ver Sharp, 1993, p. 28-29.
54
O feminino (do latim Femina) refere-se a tudo o que é de mulheres ou meninas,
que tem características ou qualidades que condizem ou são adequadas a esse gênero,
como sensibilidade, delicadeza, intuição etc.
Para diferenciarmos aqui feminino relativo ao gênero de feminino relativo ao
arquétipo, passaremos a grafar o que for relativo ao gênero com letra minúscula e
relativa ao arquétipo com letra maiúscula.
Quando nos referimos as virtudes e valores do Feminino, estamos nos
conectando com essas características do arquétipo, que está presente tanto em homens
quanto em mulheres. Nos homens esse elemento da psicologia Junguiana é denominado
ânima e nas mulheres animus17.
Ao arquétipo Feminino são associadas características históricas, cultural e
espiritualmente relacionadas às mulheres, criando-se estereótipos que dualizam o ser ao
invés de buscar sua integração. Da mesma forma acontece com o arquétipo Masculino,
e assim, temos uma dissociação que gera conflitos, dúvidas e não respeita a inteireza do
ser essencial.
Virtudes e valores como sensibilidade, intuição, não violência, criatividade,
conexão, afeição, paciência, tolerância, delicadeza, são características que se associam
somente às mulheres, mas que na verdade é pertinente ao arquétipo Feminino presente
tanto em homens quanto em mulheres. No decorrer da história essas características
arquetípicas foram sendo confundidas com características de gênero e assim
relacionadas somente as mulheres, e desvalorizadas e subjugadas como as mulheres têm
sido nos últimos séculos.
Sensibilidade, intuição, tolerância, não violência tornaram-se inconvenientes
numa sociedade que prega a sobrevivência do mais forte, mais agressivo, mais
17
Ver Sharp, 1993, p. 18-26.
55
individualista, numa sociedade que mede o sucesso e o valor do indivíduo pelo que ele
tem e não pelo que ele é.
Vivemos num mundo de polaridades que se reflete em todo o oposto que
conhecemos, noite/dia, quente/frio, claro/escuro, qualidades que se encaixam formando
um toda a Unidade.
Essa Unidade também é representada pela integração dos arquétipos Masculino
e Feminino na psique humana.
O conceito de Unidade está inserido no aspecto estrutural do corpo teórico que
compõe a Psicologia Transpessoal, e dentro da Abordagem Integrativa, conforme
discorremos no capítulo II. É o eixo de onde partem ou para onde convergem todos os
recursos psicoterapêuticos na Abordagem Transpessoal. Unidade é a qualidade daquilo
que não pode ser dividido, é o todo onde não existe tempo ou espaço, é o fim das
polaridades, a união de todas as coisas, o vasto, o eterno.
Se estivermos cientes de ambas essas polaridades, encontraremos uma dinâmica
harmoniosa e seremos capazes de desenvolver uma ampliação de consciência e
capacidades.
Segundo Zweig (1994), a relação entre os elementos Masculino e Feminino é
recíproca:
[...] à medida que o Feminino de uma mulher é trazido à consciência e
revelado, ele permite o crescimento de um princípio Masculino mais forte
que por sua vez, dá sustentação a um Feminino definido com mais clareza.
Cada um está bem sintonizado com o outro e a unidade da psique global da
pessoa é determinada pela soberania de cada elemento. (Zweig, 1990, p 23).
A prática da cultura patriarcal nos impôs a experiência dualidade e até
antagonismo entre os elementos Masculino e Feminino, comprometendo a unidade da
psique e conseqüentemente da sociedade. Apresenta-nos o modelo matriarcal como uma
56
proposta viável, capaz de transcender as limitações impostas pelo modelo patriarcal.
(Maraturana; Zöller, 2006)
Contemplando esta perspectiva Zweig (1990) nos apresenta a importante
contribuição de Colegrave:
[...] O Feminino nos permite perceber que qualquer método útil de terapia,
educação ou organização social precisa, portanto, atender e reverenciar cada
nível da existência, bem como a relação instável e sensível entre eles.
A receptividade paciente e sem críticas do Feminino permite que as partes
reprimidas, negadas, dissociadas e inconscientes da alma ascendam para a
consciência. Convida-nos a abandonar a visão patriarcal do corpo e da
matéria como instrumentos a serem manipulados e explorados no interesse
do conhecimento e da autonomia do ego, ou temidos como atoleiro do
sofrimento inconsciente e instintivo, o mistério e a escuridão. O Feminino,
pelo contrário, nos permite recepcionar, reverenciar, desfrutá-los como o
reflexo e correspondência instintiva da alma e espírito, as vestimentas da
nossa divindade. Torna-nos sensíveis as distintas imagens da alma para que
possamos sentir e receber na consciência de nossas feridas e fomes
emocionais – que enterradas por décadas, ou mesmo por toda a vida,
obstruem o livre fluxo de energia e inibem nossa capacidade de entender,
nos relacionar e amar (Colegrave in Zweig, 1990, p. 45-6).
A reconexão com esse Feminino relegado e subjugado traz a integração desse
aspecto na busca da sinergia entre Masculino e Feminino.
A respeito de sinergia, para Maslow é o mesmo que parceria, conhecimento em
que os interesses do outro e os próprios interesses mesclam-se e unem-se em vez de
permanecerem separados em lados opostos ou exclusivos (Maslow, 2000, p. 10).
Segundo esse autor uma boa sociedade é aquela na qual a virtude é
recompensada e que quanto maior a sinergia na sociedade, nos sub-grupos, nos casais
ou dentro de si mesmo, mais próximo se está dos valores do ser. Em sua síntese dos
valores do Ser nas experiências culminantes ele inclui a plenitude como unidade;
integração; tendência à união; inter-relação; organização; não dissociado; sinergia;
estrutura; ordem; tendência homóloga e integrativa.
Essa sinergia interior entre Masculino e Feminino resulta na dinâmica
harmoniosa da unidade, capacitando-nos a experienciar o nascimento para a nossa
natureza divina.
57
Com relação à ausência de parceria ou sinergia entre Masculino e Feminino,
Zweig (1990) traz as contribuições Riane Eisler que faz uma análise relacionada ao
início do movimento feminista na busca de uma igualdade de oportunidades dizendonos que as raízes do feminismo como um movimento de protesto social provavelmente
remonta à era cataclísmica da nossa pré-história. [...] “quando o sistema dominador foi
imposto pela primeira vez – quando tanto as mulheres, como o Cálice (como símbolo
dos valores Femininos) foram subordinados” (Eisler in Zweig, 1990, p. 58).
Também destaca que o reconhecimento intuitivo da importância central do
Feminino nos assuntos humanos, certamente não é novo, e que [...]“o aspecto mais
excitante deste enérgico movimento está no seu aspecto mais criativo: a criação
consciente pelas mulheres e crescentemente pelos homens, de imagens e realidades
baseadas em parcerias pessoais e sociais mais femininas” (Eisler in Zweig, 1990, p.
60).
Enquanto nossa cultura e nossas instituições forem governadas por um espírito
despersonalizante e desumanizante, o Feminino continuará a sofrer abusos e será
desvalorizado, não importando quantas conquistas as mulheres obtenham rumo a
igualdade. Na verdade o que é realmente necessário é a liberação do Feminino e não das
mulheres.
Embora as vantagens econômicas, educacionais e sociais que os homens têm
sobre as mulheres sejam óbvias e é preciso ser transcendida, este não é o ponto central
da questão. A parceria, ou sinergia de Masculino e Feminino é de grande interesse
pessoal e planetário, sendo que é impossível a existência de um sistema global pacífico
e ecologicamente equilibrado, em estruturas sociais fundamentadas em desigualdades,
dominação, competição e desintegração.
Com essa dissociação de identidades entre Masculino e Feminino superadas,
podemos transitar livremente ao longo de todo o espectro da consciência, conectando
58
nosso ser universal e temporal. Esse espectro da consciência é um dos cinco elementos
que constituem o aspecto estrutural que forma o corpo teórico da Abordagem
Integrativa Transpessoal. Pierre Weil se refere à Psicologia Transpessoal como:
Um ramo da psicologia especializada no estudo de estados de consciência,
lida mais especificamente com a ”experiência Cósmica” ou estados ditos
“superiores” ou “ampliados” da consciência. Estes estados de consciência
consistem na entrada numa dimensão fora do espaço-tempo tal como
costuma ser percebido pelos nossos cinco sentidos. É uma ampliação da
consciência comum com visão direta de uma realidade que se aproxima
muito dos conceitos da física moderna (Weil, 1995, p 9).
A ampliação da consciência rumo a estes estados superiores do ser permite ao
indivíduo acessar qualidades Femininas de sua natureza mais profunda. Segundo
Maslow (s.d) o ser é naturalmente saudável, amoroso, criativo e cooperativo Logo, as
qualidades superiores dos seres humanas revelam caracteres do Feminino.
Tanto o Feminino como o Masculino, como o yin e yang, são qualidades
universais da alma às quais devemos ter acesso para sentir e expressar nossa
totalidade. O ego que se identifica unicamente com um dos dois perde essa
capacidade. (Stein in Zweig, 1990, 1990, p 70).
Fica muito claro o valor e utilidade do resgatar de valores do Feminino no atual
contexto pessoal, social e planetário enfatizando-se que Masculino e Feminino são
qualidades que habitam o universo do homem e da mulher em todos os níveis. Qualquer
um que se identifique apenas com um desses opostos não pode realmente se
desenvolver de forma plena e integral trazendo à tona todos os seus potenciais e
habilidades.
A dimensão da sensibilidade, criatividade, tolerância, amorosidade e intuição
são potenciais significativos para gerar no ser humano sadio as características
assinaladas por Maslow conforme citamos anteriormente.
Gostaríamos aqui, de ressaltar a dimensão da intuição. No modelo Junguiano,
trata-se de uma função irracional que percebe através do inconsciente, permitindo ao
individuo o processo de auto-atualização proposto por Maslow.
59
Na intuição há um processo do ser de perceber e receber informação “por
dentro”, onde o desenvolvimento e o crescimento do individuo é amplamente
beneficiado.
Neste sentido percebemos intrínseca correlação entre o feminino e intuição, pois
quando o feminino se manifesta, experiências de caráter intuitivo estão presentes.
Esta questão tem sido amplamente explorada por vários autores, estabelecendo,
inclusive, correlações com processos de desenvolvimento e evolução do coletivo em
diversas culturas.
Diferentes autores utilizam diferentes termos para definir um mesmo padrão
arquetípico. Todos se referem ao feminino sagrado, seja sob a forma dos arquétipos das
deusas gregas no trabalho de Roger Woolger (1987), ou dos arquétipos de Maria
Madalena no trabalho de Jean Yves Leloup (1996).
É mundialmente conhecido, porém em maior evidência nos países ocidentais,
um redespertar do Feminino, um profundo mergulho no âmago da consciência das
mulheres.
Muitos homens temem e contestam, enquanto outros se sentem desafiados e
estimulados. Metaforicamente denomina-se esse movimento de um “retorno da deusa”,
sugerindo no mínimo uma antítese ao patriarcado e no máximo uma oportunidade de
integração de forças arquetípicas masculinas e femininas que há muito vem atuando de
forma desequilibrada, desarmônica, o que é facilmente perceptível com breve olhar à
nossa humanidade contemporânea.
Segundo Maturana; Zöller (2004), as difíceis relações de convivência
masculinas – feminino que são vividas como se existisse uma intrínseca
“adversariedade” onde parece que vivem não como parceiros, mas como adversários em
seus mais diversos aspectos de valores desejos e interesses.
60
Todavia, tal situação, pode se dizer que é resultante, do que Maturana
denominou de “Conversações Definidoras da Cultura Patriarcal Pastoril e de
Conversações Definidoras da Cultura Matrística Européia”.
[...] uma cultura é constitutivamente, um sistema conservador fechado, que
gera seus membros à medida que eles a realizam por meio de sua
participação nas conversações que a constituem e definem” (Maturana,1993,
p.33).
Resulta disso que as diferentes culturas são redes distintas e fechadas de
conversações, que realizam outras tantas maneiras diversas de viver humano como
variadas configurações de entrelaçamento do linguajar com o emocionar.
Pertencer a uma cultura deve ser uma condição operacional, não uma condição
constitutiva ou atributo intrínseco dos seres humanos que a realizam. Portanto, qualquer
ser humano pode pertencer a diferentes culturas, em diversos momentos do seu viver,
agregar valores, atributos, habilidades e potenciais em cada uma delas.
Basicamente podemos dizer que nós ocidentais modernos, estamos mergulhados
num sistema atual de vida condizente com a cultura patriarcal européia, em seu mais
forte matiz, entrelaçado com nuances de uma outra cultura que a precedeu, e que foi
chamada de cultura matrística.
Fazendo um paralelo entre essas duas culturas, podemos expressar, de acordo
com Maturana; Zöller (2004), como características das conversações definidoras da
cultura patriarcal pastoril: existe apropriação; procriação; sexualidade feminina sob
controle do patriarca e ligada à procriação; ausência de controle de natalidade; guerras,
competições e conflitos reconhecidos como valores e virtudes; subordinação de
experiências místicas; pensamento linear negando o diferente; relações inter-pessoais
hierarquizadas; patriarcado aceito como natural; subordinação da mulher ao homem
para fins de procriação.
Enquanto que nas conversações definidoras da cultura matrística européia existe:
participação; fertilidade como símbolo de abundância e harmonia com os ciclos da
61
natureza; sexualidade associada à sensualidade e ternura; procriação por opção;
companheirismo e cooperação nas convivências; místico vivenciado naturalmente em
harmonia com a existência; Deusas geradoras e conservadoras da existência em
harmonia; pensamento sistêmico como convite à reflexão do diferente; relações interpessoais cooperativas e co-inspiradoras; viver matrístico como processo natural; sem
oposição nem subordinação entre homens e mulheres.
Crescemos imersos nessas conversações contraditórias, vivemos fragmentados
pelo desejo de conservar nossa infância matrística e satisfazer os deveres de uma vida
adulta patriarcal. E por isso precisamos de auxílio para recuperar nossa saúde psíquica e
espiritual, mediante o resgate do respeito por nós no corpo e emoções na harmonização,
integrando os nossos lados masculino e feminino.
Mediante tal realidade, encontramos no trabalho de Rooger Woolger (1987) a
sinalização de um ritmo crescente de efervescência interna das mulheres e as reações
que provocam nos homens está afetando claramente todos os aspectos de nossa vida e
de nossas idéias. Todos os nossos pressupostos sobre nós mesmos, nossos valores, nossa
política, nossos relacionamentos, nosso lugar no universo, estão sendo contestados por
esse despertar.
Diante disso, acreditamos que é importante se estudar e escrever uma nova
Psicologia do Feminino, que favoreça o retorno às suas raízes originais; uma psicologia
feminina vista, por exemplo, por meio dos Arquétipos das “Deusas”, o que nos foi
oportunizado quando submetidos às vivências da Abordagem Integrativa Transpessoal
durante o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Lusa Brasileira
de Transpessoal, coordenado pela Dra. Vera Saldanha.
Trabalhar com essa nova linguagem do feminino não comporta apenas novas
percepções intelectuais, na realidade significa muito mais: um envolvimento profundo e
62
corajoso com essas forças femininas, que vive em nós e por nosso intermédio. Temos de
aprender a conhecê-las como presenças espirituais e psicológicas que Carl Gustav Jung
chamou de arquétipos, o que vale dizer, transformadores da nossa vida e da nossa
consciência.
Sinteticamente, podemos expressar que uma “Deusa” corresponde a um
Complexo de Personalidade Feminina, e que podemos intuitivamente observar em
homens e mulheres, em imagens e ícones que povoam nossa cultura. Dependendo das
características da força psíquica desse complexo, dão origem a uma das inúmeras
“Deusas” (arquétipos).
Especificamente para esse trabalho foram selecionadas as seis principais
“Deusas Gregas”, ou seja, seis representações Arquetípicas do Feminino, que em nossa
observação mostram-se ativamente maior relevância, na nossa realidade contemporânea.
Encontramos em Woolger (1987, p.15), as características básicas dos seis tipos são:
1. A mulher-Atena que é regida pela deusa da sabedoria e da civilização; ela busca a
realização profissional numa carreira, envolvendo-se com educação, cultura intelectual,
justiça social e com política;
2. A mulher-Afrodite que é regida pela deusa do amor, e está voltada principalmente
para relacionamentos humanos, sexualidade, intriga romance, beleza e inspiração das
artes.
3. A mulher-Perséfone que é regida pela deusa do mundo avernal; ela é mediúnica e
atraída pelo mundo espiritual, pelo oculto, pelas experiências místicas e visionárias, e
pelas questões ligadas à morte.
4. A mulher-Ártemis que é regida pela deusa das selvas; ela é prática, atlética,
aventureira; aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais; dedica-se
à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades de
mulheres.
63
5. A mulher-Deméter que é regida pela deusa das colheitas; ela é uma verdadeira mãeterra que gosta de estar grávida, de amamentar e de cuidar de crianças; está envolvida
com todos os aspectos do nascimento e com os ciclos reprodutivos da mulher.
6. A mulher-Hera que é regida pela deusa dos céus; ela se ocupa do casamento, da
convivência com o homem e, sempre que as mulheres são líderes ou governantes, de
questões ligadas ao poder.
A teoria junguiana nos contempla, com os arquétipos das deusas, como fontes de
padrões emocionais relativos aos nossos pensamentos, sentimentos, instintos e
comportamentos ditos “femininos”, em seu significado mais amplo e profundo. A nossa
criatividade, inspiração, tudo o que acalentamos, acolhemos, gostamos, toda paixão,
desejo, sexualidade, tudo o que nos impulsiona à união, à coesão social, à comunhão,
alianças e fusões e também às pulsões de absorver, destruir, transformar, reproduzir,
duplicar, integrar, pertence ao arquétipo universal Feminino.
Sabe-se que não só apenas os gregos, mas diversas culturas antigas tinham
percepções dessas forças (energias) não como abstrações destituídas de almas, porém,
com forças espiritualmente vitais que perenemente exercem influencias sobre nossas
dinâmicas psíquicas. O reconhecimento dessas atuações nos diversos aspectos do
comportamento humano foi denominado de “compulsão dos deuses e deusas”, o que
levou Jung a comentar: “Há um deus ou uma deusa no âmago de todo complexo”. A
seguir estaremos apresentando aspectos das “deusas” segundo Woolger (1987).
Atena: de fácil identificação, a mulher-Atena contemporânea normalmente, está
dirigindo os departamentos de estudos femininos nas universidades, entrevistando
personalidades importantes na mídia, editorando revistas, organizando viagens,
produzindo filmes, contestando os legisladores urbanos. Está sempre em evidência, por
ser extrovertida, prática e inteligente. Tal comportamento, geralmente provoca reações,
64
intimidações aos homens. Mas quando conquistam o seu respeito, a mulher-Atena pode
ser a mais leal das companheiras, de caráter amigável e fonte inesgotável de inspiração.
Juntamente com sua parceira, na roda das deusas, Ártemis, constituem a díade da
independência.
Atena relaciona-se com homens que forem heróicos ”companheiros de
armas” e com quem possa compartilhar ideais, ambições metas profissionais
e luta. Freqüentemente serão colegas intelectuais ou rivais amigáveis. Atena
não irá necessariamente casar-se com um homem assim, preferindo talvez
mantê-lo como uma amizade íntima e duradoura. Mas ela é também atraída
por figuras paternas e, via de regra, mantém laços fortes com autoridade
impessoal que se encontra investida nas instituições do patriarcado ou nos
ideais espirituais. Poderá ainda entrar em conflito com o mundo paternal. Os
dois principais ânimos que lhe correspondem são, portanto, o herói
companheiro e o pai (Woogler, 1987, p.39).
Atena é sempre norteada por um senso de compromisso e responsabilidade com
um propósito maior, desejo efetivo pelo bem estar da comunidade e da humanidade
como um todo, normalmente é bem instruída, armada com um intelecto penetrante, um
forte senso de determinação, organização, sendo cobiçada a fazer parte de qualquer
setor do mundo paternal. Tem caráter defensivo e é altamente confiante, ama a coragem
e a inventividade.
Na chaga de Atena, o seu mecanismo de defesa é usar demais a mente. A chaga
de Atena encontra-se no coração, uma armadura no seu âmago. Expor a essência nua e
infinitamente sensível de sua feminilidade, meiguice e vulnerabilidade, são os portais
para resgatar os aspectos perdidos de seu Feminino. Esse também é o ponto de encontro
com as outras deusas com as quais perdeu contato.
Bem no fundo, Atena perdeu o contato com as duas deusas do amor: o amor
maternal de Deméter e o amor sensual de Afrodite – ambas as deusas que vivenciam os
próprios corpos e que, por sua meiguice e vulnerabilidade, estão dispostas a arriscar
intimidade nos relacionamentos e dispostas também ao risco de sofrer dor e perder.
Ártemis: a energia arquetípica de Ártemis é mais facilmente percebida na
adolescência, onde irrompe com grande intensidade; o que faz com que a mesma possa
65
vir a ter dificuldade na travessia da ponte para a sua maturidade; dificuldade essa que já
é perceptível na infância pelo fato de identificarem-se com as atividades, atitudes e
maneiras de vestir dos meninos.
Feminilidade é uma expressão que a deixa pouco a vontade, quando não a deixa
irada, pelo fato de ser um conceito carregado de fantasias masculinas, de como as
mulheres deveriam ser: meigas, submissas, esposas e mães, objetos sexuais,
profissionais bem sucedidas, tudo cobiçado pelo ego masculino. A mulher-Ártemis ama
prática atlética, aventureira, aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre, os
animais, preocupa-se com o meio ambiente e tem atenção rigorosa aos estilos de vida
alternativos e a vida em comunidade de mulheres.
É uma deusa deslocada no mundo moderno; não se sente bem adaptada à vida
urbana com seu ritmo acelerado e altamente tecnológico e seus valores de ascensão
social; onde se mostra mais tímida, esquiva e reservada. Tem semelhanças com Atena
principalmente em virtude da vigorosa energia que ambas transmitem; a de Ártemis
proveniente de seu corpo ágil e atlético e não mental como a de Atena.
A chaga de Ártemis é a dor da alienação, que se expressa na solidão psicológica,
e às vezes literalmente vivendo às margens da sociedade. Seu amor pela liberdade, seu
alto senso de independência incompatibilizam-na a aceitar os papéis de mãe, esposa e
profissional que pertencem a Deméter, a Hera e a Atena, respectivamente. O sistema
patriarcal não consegue aceitar e conter a ferocidade de seu espírito, ou reconhecer
plenamente seus dotes peculiares de mulher.
Ártemis é, na realidade, andrógena, algo de que deve se orgulhar, pois esse é o
verdadeiro segredo de sua verdadeira força interior e de sua extraordinária
independência. Quando em plenitude com seu Eros, a mulher-Ártemis é de uma
selvagem e feroz paixão.
66
Afrodite: Como dito anteriormente, a mulher-Afrodite é regida pela deusa do
amor e seus maiores valores são os relacionamentos humanos, a sexualidade, o
romance, a beleza e a inspiração das artes.
É o sol glorioso que adora roupas finas, cabelos resplandecentes e esvoaçantes,
jóias e adornos de todos os tipos. Nada lhe dá maior deleite do que a gratificação dos
sentidos através do belo, da sensualidade, da sexualidade. Sempre foi e ainda é muito
forte a presença dessa deusa em nossa realidade contemporânea, principalmente no
mundo da mídia, da moda e dos escândalos políticos. Afrodite é uma das ameaças à
sociedade patriarcal pelo seu caráter sedutor, pelos seus valores à sexualidade, ameaçam
o poder do universo masculino.
Duas foram as conseqüências psicológicas de se negar a Afrodite um
verdadeiro lugar na cultura do final da Idade Média: a disseminação da
neurose sexual e o aparecimento da paranóia com bruxas. Gordon Rattray
Taylor afirma categoricamente em Sex in Society: “Não é exagero afirmar
que a Europa Medieval passou a assemelhar-se a um vasto e gigantesco
hospício”.Carl Jung descreveu como a perda do serviço amoroso dos
trovadores – os verdadeiros sacerdotes de Afrodite – levou diretamente à
caça às bruxas. Em suma, tendo sido substituída pelo culto à Virgem Maria,
trazido pelo cristianismo, Afrodite foi forçada a ocultar-se, com a sua
imagem difamada sendo mantida obsessivamente viva nas fantasias sádicas
dos inquisidores – que, depois de haverem massacrado os hereges, saíram à
cata das seguidoras secretas da deusa, tidas supostamente como bruxas.
Como todos sabem, acreditava-se que as bruxas participavam de orgias com
o diabo, com quem praticavam todo tipo imaginável de ato sexual. Menos
conhecido é que essas histórias provieram todas de “confissões” arrancadas
de mulheres inocentes sob torturas atrozes supervisionadas pelo clero
celibatário masculino da época. É evidente que, em termos psicológicos, os
padrões projetaram todas as suas apavorantes fantasias sexuais reprimidas
sobre as mulheres, castigando-as por isso – muitas vezes, como humilhantes
torturas sexuais. Nem mesmo os crimes raciais dos nazistas chegam a
equivaler plenamente aos abismos de ódio sexual a que caíram os ditos
líderes espirituais do final da Idade Média (Woolger, 1987, p.126).
Apesar da sua capacidade de brilhar, de inspirar com seu Eros e criatividade, ela
como todas as deusas tem suas chagas profundas na nossa cultura. Grandes partes
dessas chagas estão relacionadas com o fato de ela estar alienada das outras deusas, e
vivendo numa sociedade de valores patriarcais, que via de regra a condena, a hostiliza, a
desaprova. O sistema encontra-se num paradoxo: não pode viver sem ela, mas não
consegue viver com ela, pois seus dons estáticos, quase místicos de amor e prazer são
67
constantemente ansiados por todos, porém, nem sempre assumidos claramente. Sem
contar que é possuidora de um caráter de alta generosidade e de magnificência.
Viver plena e honestamente com Afrodite e com a sua chaga é tarefa difícil e
muitas vezes dolorosa para a mulher moderna, uma tarefa que remonta a
incontáveis gerações. Sob muitos aspectos, é mais seguro viver confiante e
bem protegida em Atena, mais seguro retirar-se e viver sozinha com
Ártemis, mais seguro tornar-se mãe de todas as criaturas como Deméter ou
esposa de um empresário como Hera, do que enfrentar as chagas
dilacerantes da deusa do amor (Woolger, 1987, p. 138).
Sabemos da profunda desvalorização do Feminino durante a Idade Média, onde
a igreja proibia que os homens cultuassem uma mulher de carne e osso; uma mulher real
e das possibilidades de um relacionamento real substituindo por uma imagem de uma
mulher ideal a Virgem Maria.
Há percepções claras de que estamos sendo cativos de um ideal igualmente
impossível em nossa realidade atual, só que agora pelos meios de comunicação de
massa, continuamos incapazes de apreciar a plena sensualidade do nosso corpo e de
sermos amadas por isso.
Quantas mulheres hoje se sentem profundamente inadequadas quando abrem
uma revista de moda ou quando assistem a um anúncio de xampu? Quantos
homens não sentem que jamais serão felizes enquanto não encontrarem
aquele par perfeito de seios, aquele sorriso que enleva, aquelas pernas
celestiais? Será que não transformamos a deusa, mais uma vez num ideal
incorpóreo e totalmente inatingível da mulher perfeitamente linda? A
primeira coisa que precisa acontecer para Afrodite recuperar o seu respeito
próprio é ela ter de volta o seu corpo. E isso significa que toda mulher que
busca resgatar Afrodite em seu âmago deve começar a amar e acalentar o
seu próprio corpo aceita-lo como é, não em termos de algum ideal do que
deveria ser. Cabe aos homens parar de comparar toda mulher desejável com
algum retrato ideal que traz em seu interior. Quando estivermos plenamente
em nosso corpo, um milagre acontece: começamos a sentir verdadeiramente.
Não apenas excitação sexual, mas uma espécie de derretimento, de abertura
de pontos insondáveis, uma sensibilidade à dimensões mais sutis. Isso
significa que quando Afrodite está presente ela dissipa todas as nossas
couraças, todas as nossas defesas, “despindo-nos” e tais momentos podem
trazer profunda tristeza, medo, irritação, vulnerabilidade. Tamanha é a dor,
que somos tentadas a nos fechar novamente e voltar para a cabeça, no
entanto, se conseguirmos ficar a sós um pouco com esses sentimentos,
Afrodite nos ensinará a ser tolerantes e pacientes. Pois, Afrodite é deusa não
somente da paixão, mas também da compaixão. É a deusa que personifica a
maior virtude de Buda: a compaixão. Tal como Buda possui uma visão
acumulada através do sofrimento, da paciência e da abstenção de revidar, ela
foi rejeitada, abandonada, aviltada; seu coração despedaçou-se tantas vezes
que atingiu portentosas proporções na capacidade de amar. Diz um ditado
judaico: “Deus quer o coração”, isso é uma verdade de Afrodite, “a deusa
68
quer o coração”, pois ele é o símbolo de tudo o que é autêntico e verdadeiro
em suas mais íntimas profundezas. E quando dois corações estão abertos um
ao outro a magia de Eros pode então fluir entre eles. Esse é o grande dom de
Afrodite, a fusão de dois corações em harmonia com a grande fusão sensual
de nossos seres físicos, quando ambos os canais estão abertos a deusa se
presentifica (Woolger, 1987, p.139 – 140)
Hera: exala confiança em si mesma, tem perfeito domínio de si própria e quase
sempre, dos demais. A consciência de Hera é mais bem percebida em mulheres mais
velhas, é nascida para mandar, floresce no companheirismo do matrimônio. Ela se
mostrará bem vestida e terá uma presença “maciça” nessa tradição familiar, geralmente
casada com um “grande homem”. Basicamente, a mulher-Hera quer duas coisas:
parceria e igualdade.
A chaga de Hera é a dor da impotência, o isolamento do mundo maior. Bem no
fundo, ela quer viver e agir exatamente como homem num mundo de homens. Quando
rejeitada é sentida como profunda chaga narcisística em sua auto-estima, uma chaga em
torno da qual mágoa, ressentimentos e ciúmes inevitavelmente se acumulam.
Mais casamentos naufragam e mais famílias são tiranizadas por Heras
insatisfeitas ou machucadas do que por qualquer outra deusa. E mais mães
alcoólatras, violentas e psicóticas são encontradas entre essas mulheres-Hera
profundamente frustradas (Woolger, 1987, p.161).
Hera e Afrodite são energias opostas, como podemos observar na seguinte
citação:
Afrodite, em sua liberalidade, representa o próprio princípio da
promiscuidade que Hera tanto odeia em Zeus – e que em Afrodite é
certamente ainda mais difícil de suportar, pois está presente em outra
mulher, ou melhor, em outra deusa. O que poderia provocar a fúria justiceira
de Hera mais do que o desprezo de Afrodite pela “Fidelidade”, a sua
desconsideração pelo casamento monogâmico e pelo “decoro social”?No
entanto, como Heráclito, o filósofo grego, disse certa vez, ‘o oposto é o que
é bom para nós! (Woolger, 1987, p. 172).
Parafraseando Woolger, infelizmente, o casamento patriarcal conduz, via de
regra, à infelicidade, ao vazio espiritual e a um perene anseio por amor. Talvez
psicologicamente falando, a monogamia serial, seja apenas uma forma de poligamia
não-simultânea.
69
Perséfone: Médium, mística e soberana dos mortos, discreta, simpática e
modesta. Uma parte dela podemos até pressentir, está em outro lugar. Todavia, ao
mesmo tempo, ela é tão intuitivamente ‘ligada’, que parece estar presente até mesmo em
nossos pensamentos. Não tem características físicas dominantes. Em sua fragilidade
pressentimos um anseio por afeição e intimidade, embora não saibamos se tal anseio se
refere ao corpo e/ou espírito.
O seu mundo é “paranormal” e ligado à parapsicologia, também atraída pelos
ensinamentos da meta física. Alienada e insegura em si mesma.
Tão poderosa é a autoridade do materialismo científico de nossas
universidades, instituições de pesquisa e meios de comunicação de massa,
que disciplinas como parapsicologia e metafísica são consideradas
excêntricas, próprias para lunáticos. Quando a atriz Shirley MacLaine narra
o seu despertar psíquico, revistas como Newsweek e People, tratam-na
condescendentemente como uma louca mansa que vai ficando dia a dia mais
biruta. E sempre pairando ao fundo da consciência coletiva, esta ‘maga
negra’ e o Diabo dos fundamentos cristão” (Woolger, 1987, p.179-180).
O caráter da mulher-Perséfone não é nada fácil de entender, são altamente
reservadas e reclusas. A maior dificuldade é a estrutura frágil do ego. Na Grécia Antiga,
Perséfone era considerada a rainha do mundo avernal, mundo de espíritos, na psicologia
moderna é chamado de Inconsciente, principalmente o coletivo.
A descida ao mundo avernal, não é restrito à infância – pode ser após um
divórcio, uma mudança não desejada, aborto, a perda de um ente querido, de um
emprego, algum trauma severo, quando sobrevivemos a um acidente grave – em
situações onde há ‘possíveis mortes psíquicas’, enorme vazio, ermo, vazio emocional.
Freud caracterizava toda depressão como um tipo de luto pela perda de algum objeto
amado.
A mulher-Perséfone quando não integra a energia das outras deusas, poderá se
expor a ‘sofrimento considerável’ e lidar com este domínio da existência (mundo
avernal) e com suas ameaças de dissociação psíquica, loucura e desespero é um desafio
70
psicológico sem igual. Para sobreviver, ela aprende a recolher-se para dentro de si e
para os seus encontros psíquicos secretos.
Mulher-Perséfone tem que viver e agir em dois mundos diferentes e inóspitos: o
mundo frio e imprevisível do inconsciente e o incompassivo e alienante ‘mundo real’.
As mais confiantes podem se dar bem, sendo astrólogas, terapeutas, tarólogas,
professora de metafísica, artistas visionárias, etc.
Alguns psicanalistas acreditam que a ‘cisão’ (caráter esquizóide) esteja ligado a
uma falta fundamental de elo com a mãe, que no mito grego essa mãe é Deméter, é a
filha que perdeu a mãe cuja vida real é vivida em outra parte, para completar a sua
descida para o mundo avernal, para o inconsciente e o seu verdadeiro salvador não é
Zeus e sim Hades. A fonte de transformação de Perséfone vem de baixo, das
profundezas abissais da alma, não dos confins mais elevados do espírito.
Outra saída é tornar-se exatamente o que ela perdeu: uma mãe mais do que
amorosa,
uma
terapeuta
ou
curandeira
cuja
clientela
será
constituída
predominantemente por jovens “Perséfones”, todas mais carentes, apegadas e
dependentes que ela, com carência de amor e atenção. Para evitar isso, Perséfone
precisa antes, como todos os que pretendem curar alguém, é curar-se a si mesma. Sua
capacidade de empatia e de entendimento psíquico é o maior obstáculo a esse processo
de tornar-se uma terapeuta.
Precisa de ajuda externa, caso contrário vai atrair para si reflexos de sua própria
vitimização não resolvida. Por ser aberta ao inconsciente seu e do outro, ela está
constantemente fundindo-se com as personalidades de sofrimentos das pessoas que
atrai.
A chaga de Perséfone é ser a eterna vítima sacrificial. Flertam com a morte em
diversos períodos de suas vidas e cresceram no papel de vítimas, impotente e
71
geralmente passiva, com compulsão de repetição do drama do rapto, na qual a donzela
paira como que congelada à beira do abismo.
Segundo Jung existe duas formas de orgulho ou presunção espiritual: a
presunção do herói e o orgulho do sofredor, do mártir.
O que deve morrer na donzela Perséfone, é a sua inocência de donzela, sua
meiga persona18, composta de ideais espirituais, doçura e luminosidade. Luz demais
acaba lançando uma sombra muito escura, que é uma raiva enorme e uma ânsia
desmesurada pelo poder absoluto. Perséfone sente medo de Hades e da mãe negra, que
outra não é senão a rainha poderosa do mundo avernal que ela não quer reconhecer em
si mesma. A verdadeira questão de Perséfone é o poder que recusa para si e projeta para
os outros.
Deméter: Mãe de todos nós. É aquela rodeada de crianças, e imersa nos afazeres
que a maternidade exige. Ela é mais que uma simples mãe biológica. Não é ter filhos
que faz uma verdadeira mãe, é uma atitude, uma maneira instintiva de cuidar de tudo
que é pueril, carente e sem defesa.
O amor de Deméter é uma forma totalmente dedicada e generosa de doação, é o
“carinho de mãe” personificado. Ser mãe é o princípio norteador fundamental na vida de
Deméter.
Cada uma das deusas cuidou de seu filho de modo diferente: a Afrodite é uma
mãe sensual e leniente, que adora vestir os filhos e mima-los com gostosuras e de ir ao
cinema com eles; Atena, mal pode esperar que os seus filhos aprendam a falar e possam
expressar para conversar com eles e estimular a sua educação e aprimoramento mental;
Perséfone também é profundamente envolvida com os filhos, mas de uma maneira mais
psíquica e intuitiva do que em termos do bem-estar físico deles; Hera é tão cheia de
regras, censuras e expectativas que resta pouca ternura na sua maneira de criar os filhos.
18
Ver Sharp, 1993, p. 118-21.
72
A única diferença entre Afrodite e Deméter em relação ao amor, é que para
Afrodite o outro é um ser amado adulto, ao passo que para Deméter é a criança.
Existe uma ligação profunda entre Deméter e todos os aspectos da FORÇA
VITAL – Uma Deméter saudável estará sempre ligada à realidade física; as realidades e
necessidades do corpo. Ao contrário de Hera, Deméter não se casará para adquirir
posição e prestígio na comunidade – “o jovem de maior futuro”. O que ela busca é um
pai digno e confiável para sustento seu e de seus filhos.
Mais de 2000 anos de cultura judeu-cristã nos acostumaram a pensar em tudo o
que é Divino como masculino, estando de alguma forma “lá em cima” no céu. Como
resultado, nós praticamente esquecemos o que significa considerar a terra em que
pisamos como sagrada, como verdadeiramente a nossa mãe, como local onde habitam
deusas e deuses.
A partir do instante que a energia de Deméter toma inteiramente conta da sua
mente, ou melhor, de seus instintos, a mãe aprenderá uma maneira inédita de (estar) ser
consciente e passa a funcionar em “multipistas”.
A gestalt criança/adulto da consciência de Deméter comparada com a das outras
pessoas, é na realidade invertida. Para a maioria dos adultos, o barulho das crianças,
“abstraem”, em Deméter, acontece o contrário. O fato é que a maternidade oferece
pouca ou nenhuma gratificação para o EGO. Qual a recompensa de Deméter?
A consciência de Deméter é dual, onde mãe e filho é modelo incessante de
crescimento e transformação. Sua realização inquestionavelmente está em maravilhar-se
com os filhos, nos quais vive, se move e justifica sua existência. Sua maior satisfação é
ver os lindos frutos de seu ventre bem criados e transformados em jovens adultos e
felizes.
O cálice da força vital dentro de si está transbordante. Por que as funções
sagradas de Deméter acabaram assim tão denegridas?
73
A própria dificuldade de sobrevivência, segundo as histórias da Grécia Antiga,
uma nítida divisão foi lentamente se acentuando entre os Deuses e Deusas urbanos
(Zeus, Apolo, Hera e Atena), que refletiam os valores de um patriarcado guerreiro em
ascensão, e as divindades mais tradicionalmente rurais (Ártemis, Dionísio, Cronos,
Deméter, Posêidon e Afrodite), todas elas, essencialmente Matriarcais ligados a Terra.
Há séculos que a Europa urbana e os E. U. A têm sido regidos conjuntamente
pela ética protestante de Atena (trabalho duro e realizações materiais) e pelas pretensões
burguesas de Hera. Os atributos de Deméter são constantemente controlados e
denegridos.
A chaga de Deméter é a negação do direito de nascer. O testemunho de toda
mulher que já deu a luz - foi o maior acontecimento da minha vida. E, no entanto, uma
função que há milênios era competência natural das mulheres, passou a ser, no mundo
moderno, cada vez mais assumido pela sociedade na figura do médico, professor e dos
próprios meios de comunicação.
Esse processo teve seu início com o advento da profissionalização da medicina
no século XIX, substituindo o trabalho de parteiras por um número cada vez mais
crescente de cesarianas. Talvez as mães venham redescobrir a harmonia mútua de
trabalharem juntas em pequenas comunidades cooperativas, onde poderão dar apoio
uma às outras ao darem à luz e cuidarem dos filhos.
Através dessa breve consideração a respeito das Deusas podemos observar o
quanto de cada uma delas encontra-se atuando em nossa psique, com seus atributos e
suas chagas. O resgate de alguns desses arquétipos do feminino, foi oportunizado pelo
curso de Pós Graduação em psicologia Transpessoal por meio de uma abordagem
teórico/vivencial. Foi de extrema importância no nosso processo de transformação como
um todo, que certamente trazem e trarão benefícios individuais e coletivos, nos
possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de consciência, refletindo numa
74
melhor qualidade de vida, co-criando uma nova realidade planetária, tão sonhada, tão
almejada por seres, num tempo de terceiro milênio.
Enquanto Woolger utiliza as Deusas para se referir ao Feminino sagrado, JeanYves Leloup vai buscar nos evangelhos, figuras femininas na vida de Jesus.
Trabalharemos a seguir, dentro dos arquétipos apresentados por Leloup (1996), os sete
arquétipos de Maria Madalena. Ela é representa a busca da síntese, pois como
apresentamos anteriormente na visão de Maturana, existe uma enorme fragmentação do
ser, facilmente detectável em nossa realidade contemporânea.
Maria Madalena, em cada uma de nós, é a busca da unidade fundamental do ser,
da integração do masculino com o Feminino, da matéria com o espírito, do profano com
o sagrado, do absurdo com a graça.
O primeiro arquétipo de Maria Madalena é o da amante com desejos
desorientados. Este emerge por não sabermos o que queremos e quem somos. Isso
ocorre porque desempenhamos tantos papéis em nossas vidas, que muitas vezes nos
perdemos, trazendo-nos um estado de sofrimento. É considerada aqui como o arquétipo
da pecadora, com um psiquismo que não distingue qual é o “sujeito” do seu desejo.
Pecado, neste contexto, vem de um termo grego, Harmatia, que quer dizer, mirar
o alvo para não acerta-lo, ou seja, nossos desejos são desorientados por não sabermos
quais são os desejos mais profundos.
O segundo arquétipo apresentado por Leloup (1996) é o de Maria Madalena com
capacidade contemplativa, que é baseado no episódio do evangelho onde Maria escolhe
estar aos pés de Jesus, escutando e contemplando sua fala enquanto que Martha, sua
irmã, cozinhava e fazia o trabalho pesado. Ambas é em nós, a contemplação e a ação, o
silêncio e a palavra.
Em nossa sociedade voltada para o “fazer”, quando escolhemos apenas
contemplar, corremos o risco de cairmos no ostracismo. Porém, quando o nosso desejo
75
é orientado para o Ser e nos permitimos, escolhemos e fazemos aquilo que é necessário
naquele momento de maneira autêntica, genuína e espontânea, mesmo que isto
signifique “contemplar”, tornar-se-á um processo profundamente rico e poderoso em
nossa vida.
O terceiro arquétipo de Maria Madalena é a compaixão, que ele chama de
Arquétipo da Intercessão, que nos mostra a sua capacidade de interceder pelos doentes e
moribundos. Porém, ao mesmo tempo em que se volta “para o outro”, faz um mergulho
na profundidade do seu ser, e por isso se torna capaz de ajudar o próximo. Percebemos
aqui a dimensão da unidade19.
O quarto arquétipo é o do Feminino como intuição profética. Uma vez que
despertamos em nós a contemplação e a compaixão, despertamos uma visão não
comum, estados ampliados de consciência que nos permite pressentir o futuro, devido a
uma visão mais ampliada do mundo, podemos até apresentarmos características
proféticas.
Para Leloup (1996), o fato de Maria Madalena ter usado em Jesus um perfume,
que deveria ser guardado para o momento de sua morte, significa que ela “profetizou”
sua morte. Trata-se de uma atitude feminina, embora não denuncie o saber com palavras
o faz em gesto marcado por profunda generosidade e entrega.
Há ainda o quinto arquétipo, o de Maria Madalena com capacidade de
acompanhar os agonizantes. Esse contexto é baseado na parte do evangelho em que
Jesus está à beira da morte, aos pés da cruz, quando Maria Madalena nos mostra
coragem diante do desconhecido, da vida e da morte. Reconciliar-se com o Feminino é
não termos medo das nossas emoções, do desconhecido, da vida nem da morte. Só
assim o nosso corpo pode liberar a negatividade que ficou nele e manifestamos a
coragem do coração.
19
Ver conceito de unidade no cap. II p. 27.
76
Tememos manifestar nossas emoções, sobretudo naqueles da cultura européia e
seus descendente. Nesse ponto destacamos que é importante se trabalhar a perda e
trabalhar o luto. Se não expressarmos as nossas emoções no exterior, é o nosso corpo
que ficará em luto, pois todas as toxinas ficarão impregnadas nele e o destruirão.
Reconciliarmos-nos com nossas emoções é reconciliarmos-nos com o nosso feminino.
O sexto arquétipo é o arquétipo a testemunha da ressurreiçã20o, porque não tem
medo da morte, manifesta o movimento de mergulho nela e para além dela. Mostra-nos
a dimensão da coragem do Feminino em cada um de nós, daquela que não tem medo de
olhar de frente para a morte, porque não tem medo de entrar na dimensão de si mesma.
Por ter essa coragem, ela é a primeira a testemunhar a Ressurreição de Cristo. Esse
arquétipo nos mostra que não fugindo da morte, caminhamos para além dela, ou seja,
para o outro lado, para o que é imortal.
Após a experiência da Ressurreição presenciada por Maria Madalena, ela vai
anunciá-la aos seus irmãos, os apóstolos, que Jesus apareceu para ela. A partir desse
momento, ela se torna como que o arquétipo da iniciadora, aquela que inicia o
evangelho. Ou seja, após passar por todas as etapas de mergulhos interiores, ela integra
toda a sua aprendizagem, e assim está pronta para ensinar os outros. Leloup (1996) cita
o Evangelho de Tomé e nos diz:
Pedro disse a Maria: “minha irmã, nós sabemos que o Salvador te amou
mais do que às outras mulheres. Dize-nos as palavras que ele te fez
conhecer, que ele disse a ti e que nós não escutamos1” E Maria responde:
“O que foi escondido a vós, e vos anunciarei.” (Tomé in Leloup, 1996, p.
155).
Ao explorarmos os sete arquétipos de Maria Madalena estabelecemos relações
com as Sete Etapas da Abordagem Integrativa de Vera Saldanha descrita no capítulo II.
20
Segundo Leloup (1996, p. 150) ressurreição é uma palavra grega que significa entrar na dimensão de si
mesmo.
77
Observamos que o arquétipo da amante com desejos desorientados corresponde
ao reconhecimento, é o momento da mobilização interna, há um desconhecimento
diante do novo, e o encontro com Jesus permite o encontro consigo mesma, há um novo
olhar ao redor, e emerge um questionamento. É uma experiência de mobilização interna
desencadeada por estímulos intrínsecos e extrínsecos.
No segundo arquétipo, a contemplação, pode-se estabelecer relações com a etapa
da identificação. Maria Madalena entra em consonância com suas necessidades básicas,
deixa se levar por seus processos internos vive a sua vontade. Mobiliza a identificação
inclusive naqueles que estão à sua volta, como Maria que se angustia por estar
trabalhando enquanto Madalena “apenas contempla Jesus”. Observamos a ressonância
na experiência dos envolvidos.
O terceiro arquétipo, a intercessora, permeada de compaixão, sugere relações
com a desidentificação. Maria Madalena volta-se para o outro, começa a valorizar novos
aspectos da vida humana, começa a surgir uma nova dinâmica para se transformar e
transformar o outro, há um discernimento crítico, uma reflexão articulada aplicada ao
contexto de vida.
Permitindo que Maria Madalena nos revele o quarto arquétipo, a Intuição
Profética, quando surge uma visão não comum, emergem estados não ordinários da
consciência, há um despertar tal qual como ocorre na transmutação. Há um novo olhar,
o conhecimento ganha significado, aspectos disfuncionais começam a ser transcendidos,
um processo de mudança se inicia. Embora haja a luta as mudanças se impõem, há uma
postura ética do problema e da solução, nada é certo ou errado, bem ou mal. As funções
de percepção são advindas da intuição.
Revela-se então, a capacidade de acompanhar os agonizantes, descrito no quinto
arquétipo. Maria Madalena mostra coragem diante do desconhecido, há uma nova
postura; equivalendo a transformação, um novo conhecimento é estabelecido,
78
introjetado, praticado, permeado pela generosidade e entrega. Nesta etapa não há
fragmentação, a síntese interna é alcançada e a experiência pessoal ganha
individualidade. Maria madalena começa a trilhar o seu caminho a partir de suas
escolhas.
O mergulho na morte é o sexto arquétipo da mulher testemunha da ressurreição,
que entra na dimensão de si mesma, que nos mostra a coragem de viver o Feminino;
está além dos paradigmas de tempo/espaço, tal qual como na elaboração. Relacionamos
este arquétipo com a elaboração, há apreensão do verdadeiro conhecimento e do sentido
do saber a partir do indivíduo capaz de dissipar todos os temores. Emerge naturalmente
uma apreensão global que inclui o contexto pessoal social e espiritual.
A sétima etapa se presentifica no arquétipo da iniciadora, onde Maria Madalena
vai anunciar aos seus irmãos a ressurreição, há uma integração do seu processo no
cotidiano; tal qual nos propõe a etapa da integração na Abordagem Integrativa
Transpessoal. O novo olhar torna-se um novo fazer, as perspectivas se ampliam, os
conhecimentos adquiridos são integrados na prática do indivíduo. Maria madalena já
não é mais a mesma, além de um novo olhar se faz presente um novo fazer lhe permite
dar continuidade ao seu desenvolvimento compartilhando suas experiências.
Através destas considerações a respeito dos arquétipos do Feminino, podemos
observar o quanto de cada um deles, encontra-se atuando em nossa psique com os seus
atributos e chagas. E consideramos que o resgate destes é de extrema importância em
nosso processo de transformação como um todo. Certamente trazem e trarão benefícios
individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de
consciência, refletindo em uma melhor qualidade de vida, co-criando uma nova
realidade planetária, tão sonhada, tão almejada por seres em um tempo de terceiro
milênio.
79
CAPÍTULO IV
EDUCAÇÃO E VALORES HUMANOS
Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma seguimos vivendo
naqueles cujos olhares aprenderam a ver o mundo através da magia de nossa
palavra. Assim, o professor nunca morre (Moraes; Latorre, 2004, p. 72).
Sempre houve uma preocupação em buscar um sistema psicológico e naturalista
de valores, que fosse o mais próximo possível da natureza do homem. Mas até hoje
nenhum dos sistemas se mostrou fiel à nossa verdadeira natureza. Nas palavras de
Maslow temos: “A luz de conhecimentos recentemente adquiridos, praticamente todas
elas (as teorias) são falsas, inadequadas, incompletas ou, de uma forma ou de outra,
deficientes” (Maslow, 1996, p. 181).
Questionamentos sobre a origem e continuidade da bondade humana fizeram
com que Maslow buscasse nas novas descobertas nos campos das Ciências e da
Psicologia uma explicação adequada.
Partindo dos conhecimentos acerca da Homeostase, capacidade de autoregulação metabólica de um organismo, verificou-se uma aptidão universal inata em
todas as espécies de animais, em selecionar o mais adequado para satisfazer suas
necessidades corporais. Existe uma sabedoria inata e confiável também a nível
psicológico. Ele nos: “Parece evidente que todos os organismos são mais auto
governados, auto regulados e autônomos do que se pensava há tempos atrás” (Maslow,
1996, p. 183).
Porém, ao se considerar pessoas enfermas mental e fisicamente, estas nem
sempre conseguem fazer boas escolhas e seguir um caminho de equilíbrio interno. Para
uma melhor avaliação, Maslow baseou seus estudos em pessoas sadias, seus valores e
suas preferências, conforme suas diversidades culturais. As capacidades de cada um
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representam seus valores e necessitam ser expressos. Tais valores são intrínsecos ao ser
humano.
Maslow chamou de necessidades básicas do ser humano as necessidades
fisiológicas e psicológicas “[...] que devem ser satisfeitas de forma ótima pelo meio
ambiente, a fim de evitar doença e o mal estar subjetivos” (Maslow, 1996, p185). Essas
necessidades obedecem a uma hierarquia conforme o processo de individuação pelo
qual passa cada ser humano, como amor, fome, segurança entre outros21.
Mas parece que há um único valor básico para a humanidade, um objetivo que
todos os homens desejam alcançar, recebendo diferentes nomes conforme cada autor:
individuação, autonomia, auto-realização, integração, saúde psicológica, criatividade,
produtividade. Existe uma concordância geral que isto equivale à realização de
potencialidades da pessoa. Em outras palavras à plenitude humana, ou seja, tudo o que
ela pode vir a ser.
Para Maslow, o ser humano vive em busca dessa plenitude e, quando alcança um
valor, segue em busca de outro em grau superior. Estaríamos fadados a viver
constantemente insatisfeitos, sempre buscando o inalcançável. Porém, o que se verifica
é que “o céu [...] aguarda-os ao longo da própria vida” (Maslow, 1996, p186). Pois
experenciamos momentos de grande prazer, que, apesar de circunstanciais, nos dão
sustentação para seguirmos adiante além do fato de que podem ser acessados sempre
que assim o desejarmos.
Parece existir uma tendência do ser humano para buscar a plenitude, a
individuação, a sua própria identidade, por meio de bons valores como a serenidade,
gentileza, coragem, amor, altruísmo, bondade, entre outros.
Maslow (1996) decidiu estudar a personalidade de pessoas bem-sucedidas, com
grande capacidade de pensar, escrever, compor, pintar e administrar grandes
21
Ver cap. I p. 17
81
corporações. Percebeu que essas pessoas eram muito mais saudáveis, felizes e sábias do
que o normal eram abertas para a vida e criavam seu próprio destino. Acreditavam nisto,
bem como no valor do Self, ao qual se recorria quando enfrentavam algum problema. A
solução estava dentro de si mesmo na maioria das vezes. Eram pessoas, não mais que
1% da população, que “descobriram a conexão psicofisiológica sozinhas” (Chopra,
1989, p. 130).
Chopra (1989) compactua com as idéias de Maslow ao dizer que, ao contrário do
velho paradigma onde a ciência menosprezava a minoria analisada, mesmo se apenas
uma pessoa em dez milhões encontra a cura para o câncer ou para a aids, devemos
tentar compreender que caminho de cura é esse para tentar reproduzi-lo.
Assim fez Maslow, observando indivíduos “saudáveis” e também os indivíduos
normais, mas em estado de “experiências culminantes”, e descreveu 10 características
do ser humano sadio. Para isso baseou-se em “caracteres objetivamente descritíveis e
mensuráveis...”, como fazem os cientistas ao procurar espécimes típicos para um
exemplar. Diz ele:
[...] entre as características objetivamente descritíveis e mensuráveis do
espécime humano sadio contam-se:
1 – Uma percepção mais clara e mais eficiente da realidade.
2 – Mais abertura à experiência.
3 – Maior integração, totalidade e unidade da pessoa.
4 – Maior espontaneidade, expressividade; pleno funcionamento;
vivacidade.
5 – Um eu real; uma firme identidade; autonomia, unicidade.
6 – Maior objetividade os e, desprendimento, transcendência do eu.
7 – Recuperação da criatividade.
8 – Capacidade para fundir o concreto com o abstrato.
9 – Estrutura democrática de caráter.
10 – Capacidade de amar, etc. (Maslow, 1969, p 189).
Maslow verificou que “a maioria das pessoas é capaz de individuação”, e,
portanto, integrar esses valores ao longo do processo. É essa unidade, essa rede de
intercorrelações positivas que se desintegra, se fragmenta em divisões e conflitos
quando a pessoa fica psicologicamente doente, que leva o indivíduo aos valores de
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“recaída”. Buscamos ambos os valores em maior ou menor grau, conforme nossa
necessidade, mas estão sempre presentes no comportamento manifesto.
Boff (2003) explica essa dimensão dualista do ser humano no nível pessoal
através do “simbólico” e “diabólico”. Segundo ele, a dimensão simbólica é feita de
amizades, de amores, de solidariedades, de uniões, e de convergências, enquanto que a
dimensão diabólica, as inimizades, ódios, impiedades, desuniões e divergências.
Nesse contexto, podemos permanecer na satisfação das nossas necessidades
primárias (biológicas) e, nos fixarmos nos aspectos regressivos do comportamento
humano, criando dissociações de personalidade, onde o indivíduo pode até cometer
crimes num momento de intensa ira, por exemplo. Este fato justifica a preocupação de
Boff “com a possibilidade de o ser humano “demens”, a sua dimensão destrutiva se
fazer “ecocida” e “geocida”, vale dizer, de eliminar ecossistemas e de acabar com a
Terra”(Boff, 2003, p. 19).
.Maslow (1996) também nos fala das necessidades secundárias, que nos levam a
buscar a auto-realização, vivenciando e amor e as relações em sua dimensão afetiva.
Poderíamos viver felizes e realizados, como “homens medianos” por muito tempo. Mas
a inquietação que acompanha o ser humano parece conduzi-lo ao “transcendente”, à
busca de aspectos mais elevados do ser.
Buscamos o sentido maior da vida que nos remete à espiritualidade com retorno
aos valores mais superiores, sem a qual toda tecnologia e avanços científicos serão em
si um grande mal, caso não sejam acompanhados de amorosidade, solidariedade,
compaixão, ética e outros valores que caracterizam o ser saudável, (Maslowm 1996).
Maslow diz que o homem, fundamentalmente, não é moldado ou talhado na
condição humana, nem ensinado para ser humano. Segundo ele o meio ambiente apenas
deve possibilitar ao homem manifestar suas próprias potencialidades, que são
inerentemente suas, como braços e pernas.
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Baseado nos estudos de Maslow, Chopra, baseado no estudos de Maslow, nos
dize: “Quando a sociedade se elevar ao nível das melhores pessoas que já produzem, a
saúde perfeita se tornará uma realidade” (2002, p. 130). Para Chopra, o “ser saudável”
é aquele que identifica seus talentos únicos e pode expressá-los com todo o seu
potencial criativo. Diz ainda que, além de trazer felicidade, satisfação e realização,
acaba fortalecendo seu sistema imunológico.
As idéias de Deepak Chopra foram fundamentadas a partir das antigas tradições
orientais de sabedoria (fontes consideradas por Maslow como básicas para o trabalho
futuro em Psicologia), pelas novas descobertas científicas e por sua experiência pessoal
e profissional. Como médico cita também o exercício regular e a alimentação
balanceada e preparada de forma prazerosa, estratégias para se melhorar a saúde
circulatória e ainda contribuir para a diminuição da pressão sanguínea.
Chopra (1989) nos chama atenção para o sistema “mente-corpo”, para a
influência que nossos pensamentos exercem sobre nosso corpo. A ciência hoje nos diz
que “cascatas neuronais”, derramamento de substâncias químicas no cérebro em
resposta aos estímulos do meio, os neurotransmissores, interferem diretamente em
nosso corpo físico como uma rede de informações que não se limitam a mandar
impulsos em linhas retas pelos axônios, mas, circulam. “[...] inteligência livre através
de todo o espaço interior do corpo” (Chopra, 1989, p. 81).
Mesmo tendo uma visão otimista da natureza humana e suas possibilidades,
Maslow também se considerava realista, e algumas perguntas o preocupavam:
- Por que um maior número de pessoas não realiza seu pleno potencial de vida?
- O que internamente se interpõe no meio do caminho?
Em 1996 Maslow oferece uma resposta profissional e fascinante com um artigo
em seu livro “Visões do Futuro”, apresentando à comunidade científica da época “O
complexo de Jonas”, inspirado num personagem bíblico do antigo testamento.
84
A maioria dos psicólogos humanistas e existencialistas acreditava que um
aspecto universal da natureza humana é o impulso de crescer e realizar-se; ser o melhor
em suas potencialidades. O modelo mais útil para resolver este problema é o velho
conceito freudiano que aborda a existência de um impulso e a resistência contra sua
expressão real. Existiriam bloqueios, defesas que se interpõem durante este caminho até
a plena realização. O medo de crescer, por exemplo. Mas, hoje em dia temos novos
conceitos acerca do comportamento humano.
Percebemos que, através do chamado “inconsciente sadio”, não só reprimimos
nossos impulsos negativos (perigosos ou desagradáveis) como nossos melhores e mais
nobres impulsos. Por exemplo: em nossa sociedade existe um tabu generalizado sobre
ternura. É comum as pessoas sentirem vergonha de serem altruístas, amorosas e terem
compaixão. Podemos ver nos meninos adolescentes este comportamento, pois não
querem parecer afeminados, iniciando atitudes mais rudes e frias no contato social, o
que também acontece infelizmente na sociedade em geral.
Ao estabelecermos um paralelo com a Abordagem Integrativa de Vera Saldanha,
que nos remete às Barreiras Grupais, que constituem oposição ao crescimento, como o
cinismo, a crítica destrutiva, a indiferença, o humor mordaz, a superficialidade, o
ceticismo, e outros. No ambiente escolar foram caracterizados como Bullyng
(provocação de um grupo sobre o outro, como no filme “Um Amor Para Recordar”).
Os indivíduos normalmente fogem de seu chamado interior assemelhando-se
com o personagem bíblico Jonas. Demoram a reconhecer seu talento e colocá-lo em
prática.
É comum atualmente a pessoa com maior capacidade profissional, usar de falsa
modéstia ou humildade. Perde sua capacidade de expressão espontânea de dizer: “sou
inteligente”; porque teme a represália de seu grupo considerá-la orgulhosa, tirando de si
méritos com essa atitude.
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Sem dúvida temos que ter muito amor próprio, a fim de podermos alcançar
nossas metas e realizar nossos potenciais. As pessoas que não desenvolvem esse amor
próprio tornam-se neuróticas, reprimidas, pois são as que mais se impressionam com a
possibilidade de receber um castigo do grupo.
Este é o conflito mais freqüente em psicanálise, podendo causar até
“personalidade múltipla” onde as possibilidades negadas suprimidas e reprimidas,
emergem na forma de personalidade dissociada, fugindo de seu destino.
O historiador Frank Manuel também chamou esse fenômeno de “Complexo de
Jonas” (Maslow, 1996). Vamos recordar o relato bíblico:
Jonas foi chamado por Deus para exercer o dom da profecia, ou seja, pregar a
palavra divina, mas teve medo de fazê-lo. Tentou fugir, mas não havia como se
esconder de sua tarefa. Ao final, entendendo que teria que aceitar seu destino teve que
realizar o que estava sendo chamado a fazer. “Vá pregar a palavra d’Aquele que É ao
povo de Nínive”. O povo de Nínive, escutando as palavras de Jonas, começou a jejuar,
vestiram-se de sacos, desde o maior até o menor. E neste dia, eles ficaram todos iguais,
não havia ricos nem pobres.
Assim como Jonas, todos nós recebemos uma tarefa particular que combina com
nosso modo de ser. Cada vez que nos afastamos deste chamado interior, provocamos
reações neuróticas, psicossomáticas de todos os tipos. Ao invés de avançarmos para a
auto-realização, ficamos perdidos e paralisados no meio do caminho.
1. Educação e valores - Abraham Maslow
Maslow (1994) ressalta a necessidade de uma integração da comunicação interna
e externa, sendo fundamental o estudo da personalidade. Sustenta que as maiores
dificuldades em comunicação seriam as barreiras dentro das pessoas. Estas partes
internas foram chamadas por ele “instintóides”, é um fenômeno biológico da nossa
natureza, em que a cultura não pode eliminar, mas reprimir.
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Constituem, ainda, aspectos emocionais como, imaturidade e maturidade,
exigências racionais e impulsividade, necessidades sociais e espirituais. São
características intrínsecas, que determinam o ser humano de forma geral Contudo,
baseado no aprendizado intrínseco é que o ser humano desperta as próprias
potencialidades e valores internos.
Como as dificuldades internas são paralelas às externas, justifica que a medida
que o ser se integra e se liberta dos conflitos e divisões internas, melhorara sua
comunicação com o meio exterior. É interessante frisar sua frase a seguir: “As partes
rejeitadas não deixam de existir, não morrem por melhor que se sepultam” (Maslow
1994 p.157).
Enfatiza a saúde psicológica da pessoa sã que é mais espontânea, expressiva,
fácil no trato, honesta em seus princípios, tendo uma percepção melhor de si mesma e
de seu semelhante. Estes aspectos facilitariam a recepção e emissão da comunicação e
integração com seus pares e nos apresenta educação como um meio que favoreça o
desenvolvimento da natureza superior do individuo, permitindo a descoberta de seus
valores mais elevados.
Para ele a meta da educação é levar o individuo a auto-realização, a ser
plenamente humano e ser melhor do que se é capaz. Esta possibilidade de sermos
infantis, travessos e, ao mesmo tempo, cidadãos sóbrios, responsáveis e ficarmos
atentos ao nosso mundo interior assim como ao gozo, à poesia e sensações do mundo
exterior, nos abre para a transcendência da dicotomia presente em pessoas autorealizadas.
Em sua teoria de educação criativa, humanista, verbal e não verbal (arte/dança)
deve-se dar atenção especial aos valores superiores e facilitar sua emergência. Os
educadores além de ensinarem inúmeros, conhecimentos, deveriam colocar mais foco
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no porque e para que estariam ensinando determinada matéria, visando sempre o
pensamento do educando, sua conduta e comportamento.
Este novo tipo de ser humano orientado no processo humanista possibilitaria um
desabrochar de pessoas criativas, espontâneas, expressivas, improvisadoras e confiantes,
corroborando de maneira significativa para uma sociedade saudável e ética.
Dentre os atributos da psique humana explorados por Maslow ressaltamos o que
ele denominou de criatividade primária, aquela que surge do inconsciente, que é a fonte
de novas descobertas e herança de todas as crianças. Já criatividade secundária é toda
classe de produtividade, a realidade no qual se concretizam as idéias. Conforme ele
deixou: “[...] as escolas devem ajudar as crianças a olharem dentro de si mesmas, e
deste auto-conhecimento se deriva uma série de valores.” (Maslow, 1990 p.181).
Observamos em suas contribuições a dimensão da unidade entre educando e
educador, e destes com a sociedade e vice versa. Valoriza as potencialidades humanas e
ressalta e que é a partir do próprio educando que se inicia o processo de ensino e
aprendizagem. Pois, para ele, todo ser humano tem em sua natureza um impulso ao
crescimento e à transcendência.
2. Educação Sathya Sai Baba: sobre Valores Humanos para crianças e jovens
Fazendo um paralelo entre o programa em Valores Humanos de Sathya Sai Baba
e de Maslow podemos observar que ambos têm uma visão humanista e a preocupação
em criar uma sociedade melhor, dando sempre prioridade a descoberta e incentivo dos
valores humanos inerentes aos seres.
Segundo Priddy (2002), Sathya Sai Baba educador indiano, premiado em 2000
como Homem da Paz do Ano pela UNESCO, nos diz que a educação é uma preparação
para a eterna busca por auto-conhecimento e pelo sentido da vida. Isso envolve viver de
acordo com o que é certo, bom, verdadeiro e belo ao invés de ser preparado primeiro
88
para ganhar dinheiro.
Educar para que se produzam bons cidadãos e uma boa
sociedade, não apenas bons cérebros.
As pessoas tidas como educadas e diplomadas pelo modelo cartesiano, com uma
formação universitária, não tem nem sinal do auto-conhecimento e nem qualidades que
seriam inerentes ao ser humano, como; misericórdia, solidariedade ou compaixão.
O amor significa o sentido de inter-relacionamento e envolvimento do indivíduo
com a comunidade, o que o faz reconhecer o parentesco que existe entre ele e os outros.
Para Sai Baba a educação espiritual não é uma disciplina distinta e separada, mas sim
parte integrante de todos os tipos e níveis de educação.
Deve-se indagar: Por que é que com a educação superior sendo mais acessível
no mundo todo, do que em qualquer outra época, muitos problemas humanos terríveis e
crises reais estão longe de serem resolvidos e reconhecidos?
As universidades de hoje converteram-se em fábricas que produzem graduados,
o que não pode ser o verdadeiro propósito da educação.
A visão psicanalista da ciência e o orgulho do “know-how” intelectual
acrescentaram à aridez, ou melhor, ainda, alienação do coração no sistema educacional
vigente. A Educação deve reforçar as fontes de alegria, amor e paz de espírito que são
inerentes ao coração, e poderíamos dize, à alma humana.
Destes milhares de alunos do Programa Sathya Sai Baba sobre Valores Humanos
implantados em 157 países, muitos estão para assumir posições de influência e poderão
começar a limpar as nações de corrupções generalizadas, opressões e muitas outras
doenças morais. Eles abrirão caminho para o resto do mundo em uma nova era de paz e
desenvolvimento espiritual.
3. Educação para o Ser Integral
Um novo paradigma educacional emerge nesse sentido, a relevância deste tema
resulta de um conjunto de mudanças na realidade planetária que temos assistido. O
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homem, que se viu como centro do universo, mostrou também sua imensa capacidade
de autodestruição através de lutas insanas pelo poder e, pior, cometendo homicídios em
massa em nome de ideais religiosos. Este mesmo ser, detentor de ilimitada criatividade,
foi capaz de levar seu planeta a uma devastação sem precedentes na história da
humanidade.
Consideramos de extrema relevância a indagação de Boff (1998) que nos diz:
“Como construir o humano se nele convivem o anjo da guarda e o diabo
exterminador?” (p. 19). E continua: “Precisamos construir pontes, integrando nossas
dimensões opostas [...] numa lógica dialógica que se realiza estabelecendo conexões
em todas as direções” (Boff, 1998, p.21).
No processo de globalização competitiva em que nos encontramos, já não há
barreiras físicas, já sentimos a teia de que somos formados. Devemos, pois, passar à
globalização cooperativa onde, “[...] estamos todos sob o mesmo arco-íris da
solidariedade, do respeito e valorização das diferenças e movidos pela “amorização”
que nos faz irmãos e irmãs...” (Boff, 2003, p. 46).
Somos filhos e filhas da Terra, com a qual temos, ao longo desses 15 bilhões de
anos, misturado nossas matérias mais básicas. Fazemos parte de um todo, do qual
somos co-criadores. Ansiamos por um mundo mais ético, sustentável e amoroso,
integrando o feminino, esquecido numa civilização patriarcal, reducionista e dualista.
Segundo Leonardo Boff (2003), o novo ser deverá criar condições materiais, culturais e
espirituais, que garantam o destino humano, articulado com o destino do planeta.
A educação humanista de Maslow ajudaria os indivíduos a se libertarem dos
condicionamentos impostos pela cultura, desabrochando o sentimento de amor pela
humanidade. Nesse sentido, sentimos que a educação para o ser integral pode nos trazer
a re-ligação com nosso ser mais essencial, o respeito e a sacralidade, perdidos em
detrimento dos avanços tecnológicos.
90
As crianças, segundo Maslow, têm facilidade em vivenciar experiências
culminantes; deve-se evitar impedi-las, tornando a aprendizagem uma experiência de
prazer, acrescida de segurança, dignidade, amor, respeito e estima. Incentivar o
equilíbrio entre liberdade e o controle, mas evitando-se a repressão. A educação seria
dirigida ao desenvolvimento do caráter das pessoas, mais do que só um processo de
aprendizagem, colocando-se sua atenção no aqui e agora ou na capacidade de ver, ouvir
e expressar o que está ocorrendo no momento presente.
Segundo os conceitos de Maslow (1996), uma escola humanizada, cuja
pedagogia segue uma abordagem holística, pode-se incluir a Psicologia Transpessoal
em sua Abordagem Integrativa, proposta por Vera Saldanha numa área do
conhecimento transdisciplinar, a transdisciplinaridade.
A partir de sua experiência na clínica e na formação de profissionais de diversas
áreas tornando accessível a Psicologia Transpessoal para todos que buscam o “terceiro
incluído”. Saldanha (2006) sistematizou o processo de desenvolvimento e aprendizagem
do ser em sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação,
transformação, elaboração e integração) permeadas por quatro níveis de percepção
existentes (razão, emoção, intuição e sensação). Há um corpo teórico evidenciado sob
esse enfoque constituído por cinco elementos que são: conceito de unidade, conceito de
ego, conceito de vida, estados de consciência e cartografias da consciência que se
articulam dinamicamente no eixo evolutivo e experiencial. 22
Conhecendo esses conceitos e a vasta gama de vivencia aplicadas às diferentes
disciplinas propostos por Saldanha (2006), compreendemos que a transdisciplinaridade
pode ser uma diretriz extremamente eficaz, no processo educacional contemporâneo.
Esta abordagem garante um processo de aprendizagem criativa, auto-organizadora onde,
22
Ver cap. II.
91
o elemento norteador é o aluno e o aprender obedece a um fluxo. Morais; La Torre
(2004) nos lembra que cada viajante descobre o caminho ao caminhar.
O surgimento da interdisciplinaridade, abordagem que já faz parte das teorias
educacionais atuais, o qual se deu em resposta à fragmentação pela qual passaram as
ciências, com a necessidade de diálogo entre as disciplinas que surgiram por
conseqüência. Outras noções correlatas foram formadas, como a intradisciplinaridade,
que corresponde à relação interna entre a disciplina “mãe” e a disciplina “aplicada” e
pluridisciplinaridade, onde a natureza do próprio fato ou ato educativo exige uma
compreensão de várias disciplinas.
Mas foi a interdisciplinaridade, na década de 80, que trouxe a integração
curricular, onde não bastava apenas integrar conteúdos, mas buscar envolvimento,
atitude de busca, reciprocidade diante do conhecimento, ação que se desenvolve num
trabalho cooperativo e reflexivo. Havia a necessidade de posicionar-se diante da
informação, de interagir de forma crítica e ativa, com o meio físico e social; trabalhar as
disciplinas de forma coletiva preservando seus interesses próprios, utilizando-se dos
temas transversais como ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, orientação
sexual, entre outros.
Capra (2002), ao se referendar as décadas vindouras, prenuncia que a
sobrevivência da humanidade irá depender da nossa capacidade de compreender e
conviver com os princípios básicos da ecologia. Segundo ele, a “eco-alfabetização” é
condição básica para a qualificação de líderes em todas as esferas e a parte mais
importante da educação em todos os níveis. Esse sistema traz uma pedagogia real de
contato do aprendente com a natureza que, desde os seus primórdios sustenta a vida,
hoje sabemos, “[...] pela organização em redes” (Capra, 2002, p. 240).
92
Moraes; la Torre (2004), também dão ênfase à educação ambiental ou ecológica
como tema do presente e do futuro, sinalizando para uma educação que prepare o ser na
dimensão do saber e da responsabilidade em relação ao planeta que é sua casa.
[...] formar pessoas que respeitem a vida, que compreendam as diferentes
formas de interdependência existente entre os seres que habitam o planeta
para que todos se sintam responsáveis pela vida na terra, em todas as suas
manifestações (Moraes; la Torre, 2004, p. 137).
Estes postulados nos levam a considerar o mundo quântico em que nos situamos
hoje, princípios básicos da física quântica se resumem em cinco pontos:
1. No reino quântico não há objetos fixos, apenas possibilidades;
2. No reino quântico tudo está entrelaçado e forma algo único, indivisível;
3. Os avanços espetaculares são um aspecto do reino quântico; quem dá tais
saltos possui a capacidade de ir de uma localização no espaço ou no tempo
para outra, sem ter de passar por nenhum outro lugar ou época nesse ínterim;
4. Uma das leis do reino quântico é o Princípio da Incerteza, que estabelece
que um fato é uma partícula (matéria) e uma onda (energia)
simultaneamente. Sua intenção determina se o que você vê é partícula ou
onda;
5. No reino quântico, é necessário um observador para se criar um fato.
Antes de uma partícula subatômica ser observada, ela só existe de forma
virtual; todos os fatos são eventos virtuais até o momento em que são
observados (Chopra, 2002 p. 20).
Dentro desse novo paradigma devemos considerar a multidimensionalidade do
ser, que amplia seus cinco sentidos para o desenvolvimento das percepções de sua
intuição, espiritualidade, emoções e sentimentos no processo de elaboração do
conhecimento.
Na evolução do conhecimento disciplinar para a transdisciplinaridade,
observamos características do pensamento sistêmico23 assume lugar privilegiado,
explicar algo implica em considerar todo o contexto deste conhecimento. “A
transdisciplinaridade transforma a arrogância do saber na humildade da busca”
(D’Ambrosio in Silva, 2004, p. 66).
Nesse sentido a transdisciplinaridade poderá embasar trabalhos no processo de
aprender, visto que o relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre
23
O pensamento sistêmico se fundamenta nas inter-relações de seres vivos e meio ambientes numa
perspectiva de redes (Silva, 2004, p. 66).
93
Educação para o século XXI, Jacques Delors (2000) aponta para Os Quatro Pilares da
Educação, pautados em: aprender a aprender..., aprender a fazer..., aprender a viver... e
aprender a ser...”. (Silva, 2004, p. 55).
Desde
1992
a
UNESCO
vem
apoiando
manifestações
ligadas
a
transdisciplinaridade pelo mundo, até que em 1994 se deu o primeiro Congresso
Mundial sobre transdisciplinaridade, ocorrido em Portugal, que culminou na execução
da “Carta da transdisciplinaridade”, um contrato moral de atitudes compatíveis com
nosso tempo, que são citadas ao longo do nosso trabalho.
Ao aprender sozinho, se utilizando da tecnologia na pesquisa, o aluno será capaz
de refletir, conectar idéias e ter visão crítica, desenvolvendo habilidades para atuar em
diversas situações, bem como no trabalho em grupo. Faz se necessário desenvolver a
compreensão do outro e a percepção das interdependências. “Ah! outro: esse difícil, este
lado de mim que não sou eu. Como olhar-te, outro e te querer neste rosto que eu sou, e
não é meu?” (Brandão in Silva, 2004, p. 143).
Cabe aos educadores, gestores e facilitadores considerar tais processos e
estimular esta rede de trocas. Acerca do papel do professor nos convém refletir
sobre:”Se nos encontramos, hoje, num sistema arcaico de ensino, baseado no velho
paradigma cartesiano, onde a distância entre professor e aluno é tão grande, há que se
pensar de forma emergencial, na saúde integral do professor” (Goleman, 2006, p. 273).
Segundo Goleman (2003), o estresse manifestado pelos cuidadores acelera a
velocidade do envelhecimento celular, aumentando em anos sua idade biológica. O
professor, então, intensifica a fragmentação no nível de si mesmo e do aluno e se sente
desmotivado, decepcionado, o que desencadeia a insatisfação emocional. Urge que os
professores atuais procurem ao menos seus grupos de apoio, enquanto estamos na fase
de transição de paradigma e que tenham o apoio de suas instituições no sentido de
capacitar esse profissional à nova realidade.
94
Vê-se, então a necessidade urgente de uma escola geradora de mudanças, dotada
de uma pedagogia transpessoal, com métodos interativos e criativos, que oportunizem o
treino de reflexão e de observação do sentimento tanto do professor quanto do aluno,
tornando as críticas mais afetivas, dando sentido às práticas do dia a dia, permeando um
o caminho do outro. O objetivo é levar o professor a realização pessoal e,
consequentemente, a realização profissional e, á partir daí, contagiar o aluno rumo ao
ser.
As crianças e os professores são igualmente inteligentes e igualmente
capacitados em seu emocionar, embora distintos em suas preferências e na
direção de suas curiosidades, bem como em seus hábitos e no fazer e no
pensar, porque tiveram histórias de vida diferentes (Maturana, 2003, p. 16).
Para Maturana (2003), o aprendizado deve ser pautado pela biologia do amor,
assim o aluno estará mais apto a estabelecer metas e fazer escolhas baseadas na ética,
numa corporeidade que permeia não só a si mesmo, mas também o caminho do outro,
dentro de um processo terciário, que vivencia prazer e consciência. “Se quiser conhecer
a emoção, observe a ação; se quiser conhecer a ação, veja a emoção” (Maturana in
Moraes; la Torre, 2004, p. 58).
Tornam-se emergentes profundas transformações nos processos educacionais,
para que assim, possam ser satisfeitas plenamente as necessidades dos seres do terceiro
milênio. Faz-se necessário:
Educar para o re-encontro do EU com a Natureza nos leva a refletir sobre a
concepção de que somos parte de Gaia (visão ecossistêmica da Terra como
um sistema vivo e qu obedece à ciclos contínuos), e como tal, a importância
de educar para a sensibilidade, para o amor, para a conexão do ser humano
com ele mesmo e com o meio planetário e cósmico (Silva, 2004, p.169).
Que se institua nas escolas o seguinte anúncio: “Prezados alunos e professores:
sintam-se livres para se tornarem pessoas com sorriso amplo e bom humor e
preencham todos os espaços dessa escola com alegria” (Silva, 2004, p. 93).
95
Concluímos ao longo desta pesquisa que a educação transforma o indivíduo ao
nível do ser, ao mesmo tempo em que ele pode buscar essa transformação em direção ao
ser superior, bem como satisfazer suas metanecessidades através da educação.
Verificamos que as contribuições da psicologia humanista de Maslow, Maturana, Silva,
Priddy e a sistematização da Abordagem Integrativa da Psicologia Transpessoal,
possibilitam essa educação que vai além, através e entre as disciplinas existentes, e é
perfeitamente aplicável nos dias atuais.
O objetivo geral de nossa pesquisa deseja saber se a Pós Graduação em
Psicologia Transpessoal transforma pessoas e, sendo a formação citada um processo
educacional poderá estender nossas conclusões após a apresentação do capítulo VI no
qual apresentaremos a análise e interpretação dos resultados obtidos em nossa pesquisa.
A pesquisa bibliográfica nos permite concluir que a educação seria um
movimento para a saúde psicológica, para a paz espiritual e harmonia social, ou seja
corrobora para o desenvolvimento do ser integral.
96
CAPÍTULO V
TRAJETÓRIA METODOLÓGICA
O crescimento e auto-aperfeiçoamento contínuo podem e devem ser metas
desenvolvidas pelo ser humano. Mesmo que tais metas nunca se realizem
por completo, cada passo em direção a elas, é um passo em direção ao
melhor de cada um de nós, a um conhecimento e aprimoramento mais
significativo de nossa espécie (Saldanha, 2006, p. 180).
A Psicologia Transpessoal tem se apresentado na atualidade como ciência que
traz uma visão bio-psico-socio-espiritual do homem. Ocupa-se do estudo e
desenvolvimento humano visando seu crescimento a partir de transformações no nível
do ser.
Neste sentido não estamos falando apenas de mudanças comportamentais, mas
de transformações dos processos internos que envolvem a psicodinâmica, interações,
elementos de percepção e consciência, culminando num processo de individuação que,
para Maslow (1996), é o ápice do desenvolvimento humano, tornando possível a
transcendência das necessidades pessoais e secundárias ascendendo as meta
necessidades.
Na medida em que processos individuais acontecem em “redes”, temos
conseqüências coletivas que trazem alterações culturais. Lembremo-nos de Maturana:
[...] na qualidade de rede particular de conversações – é uma configuração
especial de coordenações de coordenações de ações e emoções (um
entrelaçamento específico do linguajear com o emocionar). Ela surge
quando uma linguagem humana começa a conservar, geração após geração,
uma nova rede de coordenações de coordenações de ações e emoções como
sua maneira própria de viver [...] (Maturana, 2004, p. 34-5).
O curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, enquanto processo
educacional é norteado pela Abordagem Integrativa Transpessoal, que conforme
citamos no capítulo II a partir de seus aspectos estruturais, dinâmico, dinâmica
integrativa e demais técnicas entrelaçadas com posturas dinâmicas e vivências que
trabalham as “coordenações de coordenações,” conforme citamos Maturana acima,
97
propiciando a emergência de virtudes e valores no resgate do ser integral. É esse ser
integral que transforma o meio em que vive.
Ao finalizarmos o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, no
último módulo, a coordenadora convidou o grupo a uma reflexão sobre a percepção de
si ao término do ciclo de aprendizagem proposta na Pós Graduação.
O objetivo dessa reflexão constituiu-se na partilha espontânea das percepções
sobre si. No transcorrer dessa partilha os depoimentos pessoais estavam plenos de
manifestações de emergência de valores e virtudes do ser integral.
Essas manifestações geraram um questionamento coletivo das possíveis
influências da Abordagem Integrativa nesses processos de transformação.
Diante do posicionamento do grupo refletimos que seria amplamente proveitoso
um trabalho de pesquisa, por meio de uma metodologia acadêmico-científica, que
revelasse o alcance e os aspectos contemplados por esse enfoque, conforme citado na
introdução desta monografia.
Para nortear o início do trabalho estabelecemos como objetivo geral identificar
se ocorreu transformação nos formandos do curso de Pós Graduação em Psicologia
Transpessoal e possíveis relações com a didática utilizada. Enquanto que o como
objetivo específico estabeleceu-se:
- descrever transformações que possam ter ocorrido;
- identificar se ocorreu transformações no âmbito pessoal;
- identificar se ocorreu transformações no âmbito profissional;
- verificar possível relação entre as transformações ocorridas e a didática utilizada;
- observar se as transformações promoveram emergência dos valores do Ser; (Maslow);
- perceber se há manifestação de virtudes e valores no âmbito do arquétipo do feminino.
A metodologia escolhida foi a análise de conteúdo segundo Bardin (1977),
conforme estaremos discorrendo a seguir neste capítulo.
98
1. Coleta de dados
Num universo de profissionais de áreas diferentes, nem todas restritas a área da
saúde, passando por empresários, bancários, advogados, professores e terapeutas de
diferentes formações o vínculo comum foi a busca pelo crescimento e autoaperfeiçoamento contínuo, e o sucesso dessa busca, sentido por muitos, em diferentes
formas e níveis, foi o vínculo que uniu uma parte do grupo na realização de um trabalho
que pudesse validar a técnica de abordagem da Psicologia Transpessoal.
Os próprios alunos do curso de pós-graduação se ofereceram como depoentes,
uma vez que somente a vivência dessas teorias e práticas poderia certificar a eficiência e
valor do curso como ferramenta do sucesso das buscas pessoais e profissionais.
Do grupo de 35 alunos apenas 29 responderam à questão proposta, uma vez que,
a participação como sujeita da pesquisa foi opcional e não obrigatória. Dos 29 que
participaram dos depoentes 10 assumiram a tarefa de realizar a pesquisa e apresentá-la
como trabalho de conclusão de curso. Participaram. Formou-se então uma equipe
constituída por: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima
Araújo, Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de
Freitas, Rosangela Aparecida Rinaldi, Sandra Sepulveda e Solange Zecchini.
Na mesma data o grupo se reuniu e estabeleceu um cronograma de trabalho.
1 - pesquisa bibliográfica;
2 - coleta de dados;
3 - análise de conteúdo;
4 - reflexões e interpretações do grupo;
5 – considerações finais individual;
6 – apresentação final da monografia individual.
As etapas seriam realizadas em encontros da equipe na Alubrat-Campinas
durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que
99
haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas seriam compartilhadas
entre todos da equipe, com comunicação e envio de material produzido no período entre
um encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado
entre todos.
Estabeleceu-se que o trabalho final seria entregue individualmente e poderia
variar na apresentação física, considerações finais, refinamento na correção das normas
acadêmicas, notas de rodapé, gráficos e seguir de complementos individuais. Contudo
todos os trabalhos seriam constituídos dos mesmos capítulos e com os mesmos dados de
pesquisa.
Realizou-se então a coleta de dados. A questão apresentada aos sujeitos da
pesquisa foi a seguinte: “Descreva como você se percebe ao final do curso em
Psicologia Transpessoal”. 24
Essa questão foi colocada de uma forma bem ampla para possibilitar que as
respostas fossem os mais abrangentes possíveis e sem nenhum tipo de indução, para que
os depoentes pudessem ser os mais verdadeiros e espontâneos. Foi solicitado aos
depoentes que respondessem à questão num tempo relativamente curto para que
houvesse um mínimo de contaminação mental possível, ou seja, que a resposta não
estivesse sujeita a um processo de racionalização.
No final do verso da página25 pedimos alguns dados que foram utilizados para
situar-nos no nosso universo de pesquisa e caracterizar os sujeitos através do perfil
individual.
O perfil geral dos depoentes consiste nas características: sujeitos de ambos os
sexos, na sua maioria do sexo feminino, com idades variando entre 35 e 60 anos, todos
de nível superior completo, classe média em geral, onde a grande maioria declara
24
25
Ver apêndice 1.
Ver apêndice 2.
100
possuir algum tipo de prática espiritual. Todos com o mínimo de 16 módulos
concluídos, do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal, reconhecido pelo
MEC, estruturado em 18 módulos, norteado pela didática da Abordagem Integrativa
Transpessoal descrita no Capítulo II.
Numeramos de forma aleatória os depoimentos de 1 a 29 e passamos a tratar
cada sujeito pelo número do depoimento respectivo (D1, D2 [...] D29) mantendo, assim,
o sigilo dos nomes dos participantes.
Tendo em mãos os depoimentos, a sugestão de nossa orientadora, Dra. Vera
Saldanha, foi de que a análise desse material seguisse a metodologia de Laurence
Bardin para a análise do conteúdo.
2. Análise de conteúdo.
Segundo Bardin, análise de conteúdo tem como objeto a palavra. Ela nos diz a
respeito disso:
[...] a análise de conteúdo toma em consideração as significações
(conteúdo), eventualmente a sua forma e a distribuição destes conteúdos e
formas (índices formais e análise de co-ocorrência) [...] A análise de
conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as
quais se debruça (Bardin, 1977, p. 43-4).
Seguindo a metodologia de Bardin, essa análise de conteúdo passa por três fases
distintas:
2.1. Pré-análise
É a fase de organização dos dados. É uma fase intuitiva mas fundamental para
que se trace um programa que seja flexível para que, possivelmente sejam introduzidos
novos procedimentos no decorrer da análise. Nessa fase as idéias são sistematizadas
para que se obtenha o passa a passo a ser seguido durante a análise.
[...] a pré-análise tem por objetivo a organização, embora ela própria seja
composta por atividades não estruturadas, <abertas>, por oposição ‘a
exploração sistemática dos documentos (Bardin, 1977, p. 9).
101
A pré-análise é composta por diferentes etapas, que compreendem:
a) leitura flutuante, quando se estabelece um primeiro contato com o documento,
deixando-se invadir pelas impressões;
b) escolha dos documentos, que nada mais é que a demarcação do universo a ser
analisado. Muitas vezes essa escolha implica numa seleção que deve seguir a algumas
regras. São elas:
b.1) regra da exaustividade: nenhum elemento que compõe o universo a ser analisado
deve ser deixado de fora por qualquer razão que não seja justificada no plano do rigor;
b.2) regra da representatividade: qualquer análise pode ser feita através de uma
amostragem, desde que essa amostragem seja fielmente representativa do universo
inicial;
b.3) regra da homogeneidade: os documentos devem se homogêneos, referindo-se todos
ao mesmo tema, obtidos através de técnicas idênticas e indivíduos semelhantes;
b.4) regra da pertinência: os documentos devem ser fonte adequada de informação para
cumprir o objetivo da análise;
c) a formulação das hipóteses e dos objetivos. Bardin nos diz que:
Uma hipótese é uma afirmação provisória que nos propomos verificar
(confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de análise. Trata-se
de uma suposição cuja origem é a intuição e que permanece em suspenso
enquanto não for submetida ‘a prova de dados seguros (Bardin, 1977, p. 98).
Trata-se então, de nos interrogarmos sobre a questão que se deseja conhecer,
explorar e pesquisar.
d) a referenciação dos índices e elaboração dos indicadores: escolher os índices em
função das hipóteses e organizá-los sistematicamente em indicadores;
e) preparação dos materiais: é a parte prática de organizar os materiais de forma que
fiquem de fácil acesso e organizados da forma mais conveniente para que possam ser
trabalhados e analisados de forma eficiente.
102
2.2. Exploração do material
Esta fase é essencialmente a codificação, enumeração e organização que ocorre
de acordo com, e em função das regras previamente estabelecidas para a análise dos
documentos.
2.3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação
Os resultados obtidos são tratados através de agrupamentos, análises estatísticas
e diagramas de maneira a se tornarem significativos e válidos. Na elaboração deste
trabalho estaremos trabalhando especificamente com a análise de conteúdo numa
perspectiva qualitativa.
2.4. Codificação
Corresponde a uma transformação, efetuada segundo regras precisas, dos dados
brutos do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permitem
atingir uma representação de conteúdo, ou da expressão susceptível de esclarecer o
analista acerca das características do texto, que podem servir de índices. Essa agregação
é feita em unidades que descrevem o conteúdo analisado. São elas:
a) unidades de registro: correspondem à unidade de base, pequenos segmentos do
conteúdo geral visando à categorização e contagem freqüencial;
b) unidades de contexto: são maiores que as unidades de registro e dão sentido aos
segmentos das unidades de registro;
c) categorização: é a agregação das unidades de contexto em grupos ou categorias de
acordo com critérios pré-estabelecidos, de acordo com referências comuns presentes nas
unidades de contexto.
2.5. Descrição dos dados obtidos
Contextualizada a escolha da metodologia utilizada para a realização do nosso
trabalho, passamos a explicitar a forma prática como ocorreu o desenvolvimento dessa
metodologia.
103
Os documentos foram selecionados de acordo com critérios já colocados no
início deste capítulo.
Recolhemos os documentos e passamos à fase de leitura, para tanto, seguimos a
recomendação de Bardin (1997), que diz que para facilitar o processo de leitura para
análise cada depoimento deve ser digitado numa seqüência sem parágrafos.
Após a digitação fizemos seguidas leituras de cada depoimento, um por vez. As
leituras seguidas e pausadas facilitam a fluência do texto de forma que idéias contextos
e sensações possam emergir vindo à tona sob a forma de palavras, frases ou sentenças
plenas que representem os aspetos a serem analisados.
Identificadas às unidades de registro, seguimos com a leitura para contextualizar
essas unidades através das unidades de contexto. Elegemos como unidades de registro
palavras que fossem substantivos, adjetivos ou verbos e nossas unidades de contexto
foram às frases e sentenças relacionadas a elas que exprimem um pensamento, idéia ou
opinião.
Numa próxima etapa agregamos as unidades de contexto em categorias prévias
de acordo com elementos que foram surgindo. Após essa categorização inicial
reagrupamos, por similaridade, as categorias prévias até obter as categorias terminais
que resultam desses seguidos reagrupamentos até sairmos do relativamente geral para o
mais específico.
Tendo essa etapa finalizada seguiu-se a análise e interpretação dos resultados
apresentados no capítulo VI e discutidos, individualmente nas considerações finais.
104
CAPÍTULO VI
ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
1. Classificação e categorização dos dados obtidos
Após submetermos os depoimentos (anexo 1) ao método da análise de conteúdo,
conforme descrito no capítulo V, das etapas do processo de classificação resultou obter
as classificações designadas pelas letras do alfabeto, em ordem crescente citadas abaixo:
a) sentimento de retorno do ser integral;
b) sentimento de renascimento;
c) emergência de valores do ser;
d) sentimento de segurança/confiança;
e) mudança no relacionamento interpessoal;
f) sentimento de mudança;
g) percepção e compreensão de si;
h) manifestação da intuição;
i) ampliação da auto-percepção/consciência;
j) explicitação do sentimento de liberdade;
k) valorização do grupo;
l) mudança na vida onírica (sonhos);
m) mudança e transformação;
n) aprimoramento pessoal e profissional;
o) relação entre a prática profissional e espiritualidade;
p) inefabilidade (sem palavras);
q) sentimento de gratidão;
r) relação entre auto-conhecimento e auto-percepção transpessoal/espiritual;
s) importância da teoria/ curso como elemento organizador e estruturante;
t) sentimento de esperança, expectativa positiva em relação ao futuro;
105
u) transformação externa gerada a partir da transformação interna;
v) relação entre sentimento e sensação (corpo);
w) conexão com o sagrado;
x) conexão com o feminino;
y) conexão com o silêncio;
z)aceitação da vida/viver o presente;
aa) valorização e reconhecimento do físico como Divino;
ab) conexão com a criança divina/Interior;
ac) mais forte e preparada para enfrentar os desafios da vida;
ad) processo de cura;
ae) aprendizado contínuo;
af) processo de mudança com preservação do Eu;
ag) experiência com as sete etapas (reconhecimentos, identificação, desidentificação,
transmutação, elaboração e integração), eixo experiencial e evolutivo propostos pela
abordagem transpessoal relacionada a processo de desenvolvimento;
ah) aprendizagem intrínseca;
ai) sincronicidade;
aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal;
ak) prática da unidade na diversidade;
al) reconhecimento de aspectos internos a serem trabalhados e transformados;
am) pós graduação como processo terapêutico;
an) maior interesse no auto-conhecimento que na aplicação profissional da transpessoal;
ao) aplicação interdisciplinar da Psicologia Transpessoal;
ap) desenvolvimento do Eu observador;
aq) feedback de mudanças percebidas pelas pessoas com as quais convive;
ar) valorização da didática transpessoal;
106
as) dificuldades por entrar no curso em andamento;
at) ampliação da visão;
au) auto-conhecimento que promove mudanças saudáveis;
av) experiência/sentimento de unidade;
aw) evolução espiritual.
Logo abaixo apresentamos um quadro que aponta os depoimentos em que foi
identificada cada uma das classificações. Este quadro surgiu a partir de um quadro
inicial (anexo 2) onde está transcrita a unidade de contexto com indicação do
depoimento em que foi classificada.
Quadro da classificação
Classificação
a) sentimento de retorno do ser integral
b) sentimento de renascimento
c) emergência de valores do ser
d) sentimento de segurança/confiança
e) mudança no relacionamento interpessoal
f) sentimento de mudança
g) percepção e compreensão de si
h) manifestação da intuição
i) ampliação da auto-percepção/consciência
j) explicitação do sentimento de liberdade
k) valorização do grupo
l) mudança na vida onírica (sonhos)
m) mudança e transformação
Depoimentos
2, 4, 5, 24, 27
5, 7, 13, 20
2, 7, 8, 9, 11, 13, 17, 20,
23, 24, 25, 26, 27, 29
5, 6, 7, 1117, 23, 27
1, 2, 5, 6, 17, 19, 21, 24,
25, 27,
1, 11, 18, 27, 28, 29
1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16,
17, 21, 22, 23, 24, 25, 27,
28
5, 27, 29
16, 19, 21, 25, 29
5
8, 11, 12
25
2, 4, 5, 11, 15, 20, 21, 22,
25, 27, 28
107
n) aprimoramento pessoal e profissional
6, 13, 21, 24
o) relação entre a prática profissional e espiritualidade
11
p) inefabilidade (sem palavras)
11
q) sentimento de gratidão;
r) relação entre auto-conhecimento e auto-percepção
transpessoal/espiritual
4, 5, 8, 11, 12, 13, 22
7, 9, 15, 23
s) importância da teoria/ curso como elemento organizador
e estruturante
6, 7, 12, 15, 24, 25, 28
t) sentimento de esperança, expectativa positiva em relação
ao futuro
3, 4, 7, 8, 11, 15, 17, 21,
26
u) transformação externa gerada a partir da transformação
interna
7, 20, 28
v) relação entre sentimento e sensação (corpo)
8, 27
w) conexão com o sagrado
3, 8, 9, 14, 25
x) conexão com o feminino
12, 17, 19, 21, 22, 23, 26
y) conexão com o silêncio
27
z) aceitação da vida/viver o presente
aa) valorização e reconhecimento do físico como Divino
2, 3, 9, 25, 26
3
ab) conexão com a criança divina/Interior
13, 19
ac) mais forte e preparada para enfrentar os desafios da
vida
4, 18
ad) processo de cura
ae) aprendizado contínuo
af) processo de mudança com preservação do Eu
ag) experiência com as sete etapas (reconhecimentos,
identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e
integração), eixo experiencial e evolutivo propostos pela
abordagem transpessoal relacionada a processo de
desenvolvimento;
ah) aprendizagem intrínseca
4, 15, 27
2, 4
5
1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 29
6, 20, 21
108
ai) sincronicidade
aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em
Psicologia transpessoal
ak) prática da unidade na diversidade
al) reconhecimento de aspectos internos a serem
trabalhados e transformados
am) pós graduação como processo terapêutico
4, 25
4, 12, 13, 18, 23, 26
4, 12
7, 14, 19, 21, 23, 27
18, 26
an) maior interesse no auto-conhecimento que na aplicação
profissional da transpessoal
18
ao) aplicação interdisciplinar da Psicologia Transpessoal
18
ap) desenvolvimento do Eu observador
aq) feedback de mudanças percebidas pelas pessoas com as
quais convive
ar) valorização da didática transpessoal
as) dificuldades por entrar no curso em andamento
19, 20, 26
20
20, 23, 25, 27, 29
20
at) ampliação da visão
1, 16, 20
au) auto-conhecimento que promove mudanças saudáveis
15, 20 25
av) experiência/sentimento de unidade
12, 15, 16
aw) evolução espiritual
14, 17
Quadro nº 1: Quadro da classificação inicial.
A partir dos dados da enumeração alfabética acima apresentada, realizou-se um
processo de agrupamento das classificações, dando origem às categorias prévias
apresentadas abaixo, que foram enumeradas com números naturais em ordem crescente:
1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser
integral (a, b, c);
2) percepção e compreensão de si (g);
109
3) reconhecimento de aspectos internos a serem transformados (al);
4) aspectos relacionados às relações interpessoais (e, aq);
5) mudanças e transformações (f, m);
6) mudanças pessoais (u, af);
7) processo de auto-conhecimento (ad, au);
8) mudança na vida onírica (sonhos) (l);
9) mudança na vida profissional (n, o);
10) aspectos positivos e saudáveis em relação ao curso de Pós Graduação em Psicologia
Transpessoal (aj, am);
11) importância da teoria (curso) como elemento organizador e estruturante (s);
12) valorização da didática transpessoal (ao,ar);
13) relações com processo de aprendizagem (ae, ah, an, as);
14) Experiência com as sete etapas, eixo experiêncial (REIS) e evolutivo relacionados a
processo de desenvolvimento (ag);
15) valorização do grupo (k);
16) desenvolvimento da percepção com ação do Eu observador (i, ap, at);
17) explicitação de unidade (ak, av);
18) expressão de mais força, confiança, segurança (d, ac);
19) sentimentos positivos em relação ao futuro (t);
20) aceitação da vida/viver o presente (z);
21) sentimento de gratidão (q);
22) inefabilidade, conexão com o silêncio (p, y);
23) experiência de conexão com corpo físico (v, aa);
24) conexão com o sagrado e evolução espiritual (w, aw);
25) relação entre auto-conhecimento e espiritualidade (r);
26) conexão com a criança Divina/Interior(ab, j);
110
27) conexão com o feminino (x);
27) aspectos ligados à intuição e sincronicidade (h, ai).
Obs.: as letras entre parênteses se referem à classificação que deu origem a
categoria prévia.
A seguir apresentamos um quadro que aponta os depoimentos em que foram
identificadas cada uma das categorias prévias. Este quadro surgiu a partir de um quadro
inicial (anexo 3) onde está indicado quais as classificações que deram origem a cada
categoria prévia, bem como encontra-se transcrita a unidade de contexto com indicação
dos depoimentos em que foi encontrada.
Quadro das categorias prévias
Categorias prévias
Depoimentos
1) emergência de valores do ser com experiências de
2, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 13, 17,
renascimento, resgatando o ser integral (a, b, c)
20, 23, 24, 25, 26, 27, 29
1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16,
2) percepção e compreensão de si (g)
17, 21, 22, 24, 25, 27, 28
3) reconhecimento de aspectos internos a serem
transformados (al)
7, 14, 19, 21, 23,25
1, 2, 5, 6, 17, 19, 20, 21,
4) aspectos relacionados às relações interpessoais (e, aq)
24, 25, 27
1, 2, 4, 5, 11, 15, 18, 20,
5) mudanças e transformações (f, m)
21, 22, 25, 27, 28, 29
6) mudanças pessoais (u, af)
7) processo de auto-conhecimento (ad, au)
8) mudança na vida onírica (sonhos) (l)
9) mudança na vida profissional (n, o)
10) aspectos positivos e saudáveis em relação ao curso de
Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (aj, am)
11) importância da teoria (curso) como elemento
organizador e estruturante (s)
5, 7, 20, 28
4, 15, 20, 25, 27
25
6, 11, 13, 21, 24
4, 12, 13, 18, 23, 26
6, 7, 12, 15, 24, 25, 28
12) valorização da didática transpessoal (ao,ar)
18, 20, 23, 25, 29
13) relações com processo de aprendizagem (ae, ah, an,
as)
2, 4, 6, 18, 20, 21
111
14) Experiência com as sete etapas, eixo experiencial
(REIS) e evolutivo relacionados a processo de
desenvolvimento (ag)
15) valorização do grupo (k);
16) desenvolvimento da percepção com ação do Eu
observador (i, ap, at)
17) explicitação de unidade (ak, av)
1, 2, 6, 15, 19, 22, 24,29
8, 11, 12
1, 16, 19, 20, 21, 25, 26,
29
4, 12, 15, 16
18) expressão de mais força, confiança, segurança (d, ac)
4, 5, 6, 7, 11, 17, 18, 23,
27
19) sentimentos positivos em relação ao futuro (t)
3, 4, 7, 8, 11, 15, 17, 21,
26
20) aceitação da vida/viver o presente (z)
21) sentimento de gratidão (q)
2, 3, 9, 25, 26
4, 5, 8, 11, 12, 13, 22
22) inefabilidade, conexão com o silêncio (p, y)
11, 27
23) experiência de conexão com corpo físico (v, aa)
3, 8, 27
24) conexão com o sagrado e evolução espiritual (w, aw)
3, 8, 9, 14, 17, 25
25) relação entre auto-conhecimento e espiritualidade (r)
7, 9, 15, 23
26) conexão com a criança Divina/Interior(ab, j)
27) conexão com o feminino (x)
5, 13, 19
12, 17, 19, 21, 22, 23, 26
28) aspectos ligados à intuição e sincronicidade (h, ai)
4, 5, 25, 27, 29
Obs.: as letras entre parênteses se referem à classificação que deu origem a categoria
prévia.
Quadro nº 2: Quadro das categorias prévias.
Dando continuidade ao processo de codificação, de forma progressiva as
categorias foram reagrupadas e agregadas por convergência e similaridade, dando
origem as categorias finais, convergindo para um material passível de interpretação com
base na análise realizada.
112
A seguir apresentamos as categorias finais enumeradas com números naturais
em ordem crescente:
1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser
integral (1:a,b:c, 22:y, 26:ab, j);
2) evidência de percepção e compreensão ampliadas (auto-conhecimento) (2:g; 3:al;
16:i,ap,ay);
3) mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização
grupal e estados de unidade (4:e,aq; 15:k; 17:ak,av);
4) mudança pessoal e profissional (transformação) (5:f,m; 6:u,af; 9:n,o);
5) validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (8:l; 11:s;
12:ao,ar; 13:al,ah,an,as);
6) referências à abordagem integrativa transpessoal (sete etapas, eixo experiencial e
evolutivo) relacionada a processo de desenvolvimento (14:ag, 23:v);
7) relação entre cura, auto-conhecimento (7:ad, au;));
8) aceitação da vida presente com postura saudável em relação ao futuro(19:t; 20:z);
9) explicitação da dimensão espiritual (23:aa, 24:w,aw; 25:r);
10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição (26:ab,j; 27:x; 28:h,ai);
11) emergência de valores e cognição S (ser) e expressões afetivas validando a
aprendizagem da Psicologia Transpessoal (10:aj,am; 18:d,ac; 21:q; 22:p,y; 23:v);
12) relações com o processo de aprendizagem (intrínseca e extrínseca) e interesses
relacionados com o curso (12:ar; 13:al,ah,am,as).
Obs.: os dados entre parênteses ao final de cada categoria equivalem aos
números, que se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as
letras, que se referem à classificação que deu origem as categorias prévias.
No quadro abaixo apresentamos as categorias finais e os respectivos
depoimentos nos quais se encontram presentes. Este quadro surgiu a partir de um
113
quadro inicial (anexo 4) onde está indicado quais as classificações que deram origem a
cada categoria prévia e quais categorias prévias deram origem as categorias finais, bem
como encontra-se transcrita a unidade de contexto com indicação do depoimento em foi
classificada.
Quadro das categorias finais
Categorias finais
Depoimentos
1) emergência de valores do ser com experiências de
renascimento, resgatando o ser integral (1:a,b,c, 22:y,
26:ab, j)
2, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 13, 17,
19, 20, 23, 24, 25, 26, 27,
29
2) evidência de percepção e compreensão ampliadas
(auto-conhecimento) (2:g; 3:al; 16:i,ap,ay)
1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16, 17,
19, 20, 21, 22, 23, 24, 25,
26, 27, 28, 29
3) mudança no relacionamento interpessoal, emergindo
sentimentos de valorização grupal e estados de unidade
(4:e,aq; 15:k; 17:ak,av);
1, 2, 4, 5, 6, 8, 11, 12, 15,
16, 17, 19, 20, 21, 24, 25,
27
4) mudança pessoal e profissional (transformação) (5:f,m;
6:u,af; 9:n,o)
1, 2, 4, 5, 6, 7, 11, 13, 15,
18, 20, 21, 22, 24, 25, 27,
28, 29
5) validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia
Transpessoal (8:l; 11:s; 12:ao,ar; 13:al,ah,an,as)
6, 7, 12, 15, 18, 23, 24, 25,
27, 28, 29
6) referências à abordagem integrativa transpessoal (sete
etapas, eixo experiencial e evolutivo) relacionada a
processo de desenvolvimento (14:ag, 23:v);
1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 27,
29
7) relação entre cura, auto-conhecimento. (7:ad, au;));
4, 15, 20, 25, 27
8) aceitação da vida presente com postura saudável em
relação ao futuro (19:t; 20:z)
2, 3, 4, 7, 8, 9, 11, 15, 17,
21, 25, 26,
9) explicitação da dimensão espiritual (24:w,aw; 25:r)
3, 7, 8, 9, 14, 15, 17, 23, 25
10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição 4, 5, 12, 17, 19, 21, 22, 23,
(27:x; 28:h,ai)
25, 26, 27,29
114
11) emergência de valores e cognição S (ser) e expressões
afetivas validando a aprendizagem da Psicologia
Transpessoal (10:aj,am; 18:d,ac; 21:q; 22:p,y; 23:v)
4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 17,
18, 22, 23, 25, 26, 27
12) relações com o processo de aprendizagem (intrínseca
e extrínseca) e interesses relacionados ao curso (12:ar,
13:al,ah,am,as)
2, 4, 6, 18, 20, 21
Obs.: os dados entre parênteses ao final de cada categoria equivalem aos números, que
se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as letras, se
referem à classificação que deu origem as categorias prévias.
Quadro nº 3: Quadro das categorias finais.
2. Tratamento, inferência e interpretação dos resultados
Categoria 01 -
Emergência de valores do ser com experiências de renascimento,
resgatando o ser integral
Nessa categoria observam-se processos de transformação interior com
emergência de valores humanos que se encontra em ressonância com os valores
propostos por Maslow (1996) para o homem auto-realizado, evidenciando profunda
conexão interior, resgate do que reconhece como ser essencial em si para uma vida mais
plena, revelando um novo olhar.
[...] sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir [...]
ocorreu um reencontro com a minha essência [...] existe um olhar mais
tolerante, mais amoroso que julga e critica menos [...] (D2).
Nos depoimentos abaixo são revelados processos de transformação denominados
pelos depoentes de “renascimento”, ficando implícitas experiências de renovação
interior, com indícios de ascensão a estados saudáveis.
[...] caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior [...] (D4).
[...] voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em
mim e nos outros [...] sinto-me resgatada [...] (D5).
[...] não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais
influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este
período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra
115
completamente diferente, pudesse nascer [...] sinto-me com outra qualidade
de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e
conseqüentemente, com a vida [...] é apenas um processo de crescimento, já
que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores,
nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS [...] (D7).
[...] morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para
mim que renasci sempre num nível mais elevado [...] foi realmente um
renascimento para uma vida mais saudável e plena [...] (D20).
Observamos nos depoimentos abaixo referência significativa à dimensão
amorosa, com expressiva conotação integradora de diferentes aspectos do ser e da vida.
[...] resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade
simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso [...]
(D8).
[...] e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me
conhecendo, e transbordando este amor ao mundo [...] (D9).
[...] que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da
espiritualidade [...] (D13).
[...] descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro [...] (D17).
[...] sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu
viver [...] (D24).
Referencias do resgate de valores superiores, humanização e conexão com
dimensão do essencial, correlacionadas a processo de crescimento e evolução foram
evidenciadas nos depoimentos apresentados abaixo de maneira expressiva. Nota-se a
caracterização da dimensão transpessoal onde os depoentes revelam experiências de
humanização e amorosidade.
[...] resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral
das quais eu andava afastada [...] (D20).
[...] foi uma experiência de humanização [...] (D23).
[...] de um retorno à minha essência [...] sinto que o amor será e é o guia
condutor em todas as áreas do meu viver [...] (D24).
[...] sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano! [...] (D25).
[...] sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo
desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o
amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração
[...] (D26).
116
[...] validou o que mais de verdade estava em meu coração, me mostrando
que é possível [...] é possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que
tudo acontece para o nosso crescimento e evolução [...] (D27).
[...] todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu
recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta [...] e
muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de
Luz [...] (D27).
[...] consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude [...]
(D29).
Observou-se também a emergência de conteúdos relacionados à criança divina
como fonte original de poder e de transformação. As experiências de nascimento e
infância podem ter deixado marcas dolorosas na psique, deixando um registro de
criança ferida. Maslow (s.d.) sugere que a contenção dessa criança ferida impediria a
criança divina, espontânea, de emergir.
[...] enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se me
chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca [...] (D5).
[...] ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha
criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência [...]
(D13).
[...] cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando
para trás e me abrindo para o novo [...] (D19).
Categoria 2 - Evidência de percepção e compreensão ampliada (auto-conhecimento)
Esta categoria revela de maneira significativa que a questão norteadora foi
compreendida e o pedido foi acolhido, pois observamos a natural disposição dos
depoentes em revelar suas percepções sobre como se sentem ao final do curso. E de
maneira geral, como podemos observar nos depoimentos abaixo, desencadeou-se uma
compreensão ampliada de si, principalmente de aspectos evolutivos.
[...] me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no
“aqui e agora” [...] me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois
vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para
trilhar o meu caminho evolutivo [...] (D1).
[...] fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como
oportunidade de crescimento [...] (D1).
117
[...] sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve,
enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse
momento [...] (D2).
Como podemos observar nos depoimentos abaixo, é estabelecida relação direta
entre o Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e as percepções ampliadas
e o auto-conhecimento e crescimento.
[...] quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente
grande”, assumir meu lugar em minha vida [...] descobri também que sou
aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de
quem é [...] sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei
disto, e que justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida [...]
(D3).
[...] sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive
inserida no curso de Transpessoal [...] (D7)
[...] eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando
o curso [...] (08).
[...] feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto
tudo foi importante [...] (D11).
A percepção ampliada relacionada ao auto-conhecimento aparece de maneira
explícita nos depoimentos abaixo, os depoentes identificam mudanças ocorridas que
revelam equilíbrio, visão ampliada de si e da própria vida e com desenvolvimento do eu
observador.
[...] percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser [...]
(D14).
[...] percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o
que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina
agora [...] hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os
outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro
de mim [...] (D16).
[...] com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está ocorrendo
em minha vida [...] cada vez mais desenvolvo meu eu observador [...] (D19).
[...] mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se
estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de
compreensão [...] fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os
papéis dos envolvidos, inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta
identificado, etc [...] a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão
se amplia de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos
posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente [...] (D20).
118
Os
depoimentos
abaixo
apresentam
percepções
e
auto-avaliação
correlacionando períodos anteriores e posteriores ao curso de Psicologia Transpessoal.
Destacam-se percepções de aspectos conflitantes e limitadores acompanhados de
compreensão e aceitação.
[...] cheguei perdida, buscando o meu eixo [...] apesar de me sentir perdida
estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas
ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem
nenhuma [...] buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que
não era só isso [...] e precisava me policiar para não cair na “depressão” no
sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e
ir fazer qualquer outra coisa [...] hoje me percebo mais inteira [...] minha
auto-percepção vem melhorando a cada dia [...] (D21).
[...] eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o
reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em
possibilitadoras [...] percebo também o meu crescimento em todas as áreas
de minha vida [...] (D22)
[...] venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco efetiva e
espiritual, apesar de ter sido religioso [...] a cabeça e o coração sempre
estiveram numa luta constante [...] não me desfiz do racional [...] (D23).
[...] conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de
situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu pude constatar
[...] e aí vinha o entendimento [...] consigo entender, reconhecer o que ainda
falta para alcançar internamente [...] (D27).
[...] entrei em contato com muitas feridas, algumas foram entendidas e
resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer sabia que tinha, mas a
certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é
bom, pois sei que irei crescer indefinidamente [...] (D28).
Correlações entre percepção e estados de consciência são estabelecidas nos
depoimentos que são apresentados a seguir, revelando estados ampliados e saudáveis da
consciência no cotidiano, resultando em mudança de valores, auto-conhecimento e
clareza mental. Os alunos demonstram ao final do curso em Psicologia Transpessoal um
olhar mais amplo do desenvolvimento humano e da vida como um todo, transcendendo
fragmentações e julgamentos.
[...] ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das
alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o
período gestacional [...] resultou numa ampliação da minha percepção, numa
ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda
transformação, assim como com relação aos outros [...] (D25).
[...] no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o observador
interno [...] (D26).
119
[...] certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também, as
comparações e julgamentos perderam o sentido [...] hoje minha percepção
das pessoas e das coisas do mundo é muito maior, percebo inclusive quando
no julgamento, que eram um dos grandes problemas do meu aprendizado
familiar, que hoje se desfaz quase que imediatamente [...] tenho hoje mais
clareza mental e consciência de mim mesmo [...] (D29).
Essa categoria (2) apresenta interdependência com outras categorias, em
especial as categorias (3) “Mudança no relacionamento interpessoal, emergindo
sentimentos de valorização grupal e estados de unidade”, (4) “Mudança pessoal e
profissional (transformação)”, (7) “Relação entre cura e auto-conhecimento”, e (8)
“Aceitação da vida presente com postura saudável em relação ao futuro”. Optamos por
mantê-la separada para explicitar que o curso de Psicologia Transpessoal estimula e
desenvolve de maneira significativa a ampliação da percepção e compreensão de si
(auto-conhecimento) em seus alunos.
Categoria 3 - Mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de
valorização grupal e estados de unidade
Essa categoria apresenta uma vasta gama de depoimentos com diferentes
aspectos das relações interpessoais em diferentes instâncias. De maneira geral
demonstram aspectos de crescimento, com superação de sentimentos e estados
desarmônicos em estados e sentimentos saudáveis do ser nas relações. Ressalta-se,
como podemos observar nos depoimentos abaixo, a superação de pré-conceitos e
ampliação da visão e da amorosidade.
[...] e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais
amorosidade e menos preconceitos [...] (D1).
[...] existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os
outros [...] os limites pessoais e das pessoas são mais claros [...] a
necessidade de controle é muito menor [...] (D2).
[...] percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a
unidade na diversidade [...] (D4).
[...] o meu relacionar-se mudou [...] (D5).
[...] com mais condições de amar e acolher o outro [...] (D6).
120
Sentimentos saudáveis e estado de unidade são expressos nos depoimentos
abaixo, emergindo uma cosmo visão da existência humana e das relações que são
estabelecidas entre os seres, com valorização da experiência grupal no processo de
desenvolvimento do ser e conexão com a espiritualidade.
[...] e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada [..] .nos
dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada [...] (D8).
[...] triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei
que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente [...] (D11).
[...] me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão espiritual com
tantas pessoas tão maravilhosas [...] uma luz forte ilumine este grupo
especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante [...] e
minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que
vai para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais [...]
cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em alguns
valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam
meio obscuros [...] (D12).
[...] e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa riquezas e
curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu
holograma universal! [...] (D15).
[...] todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser
humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da
diversidade e das diferenças [...] (D25).
Evidência-se
nos
depoimentos
abaixo
mudanças
nos
relacionamentos
interpessoais, com maior auto-conhecimento e percepção mais ampliada de si e do
outro. Destaca-se melhora nos relacionamentos familiares. Destaca-se no D20 feedback
das mudanças ocorridas.
[...] as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar [..]”
(D17).
[...] e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu
caminho [...] (D19).
[...] e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por
todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas
mais distantes [...] (D20).
[...] a percepção que tenho do outro também mudou [...] (D21).
[...] nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha
mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o
deixar ser [...] (D24).
[...] hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas
relações desde os meus familiares, amigos, trabalho [...] (D27).
121
Categoria 4 - Mudança pessoal e profissional (transformação)
Sob vários aspectos os depoimentos desta categoria contemplam processos de
transformação com mudanças no campo pessoal, envolvendo aspectos interno e externo,
e profissional, resultando experiências de bem estar e desenvolvimento. Os depoimentos
abaixo contemplam mudanças no campo pessoal em virtude de transformações no nível
do ser.
[...] me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os acontecimentos do
cotidiano [...] hoje me sinto melhor [...] (D1).
[...] lido melhor com minha objetividade e subjetividade [...] (D2).
[...] muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser [...] (D4).
[...] a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um ‘trato
social [...] acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu! [...] (D5).
[...] transformada, em vários aspectos do meu ser [...] (D15).
[...] ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte
emocionalmente [...] me sinto transformada! [...] (D27).
Nos depoimentos citados abaixo há referência explícita de mudanças provocadas
pelo curso de Psicologia Transpessoal no campo pessoal e profissional, com ênfase no
campo profissional, validando assim, o processo educacional da Pós Graduação para o
crescimento profissional a partir do crescimento pessoal em consonância com a
aprendizagem intrínseca.
[...] percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em
minha vida, tanto pessoal, quanto profissional [...] o que mais marcou foram
as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo [...]
(D6).
[...] transformada - em alguém melhor do que quando comecei [...]
enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas
amizades [...] sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu
desenvolvimento pessoal [...] realizada - por ter realizado o sonho de ser
terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade [...] (D11).
[...] foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional [...] (D13).
[...] no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as
“novas ferramentas” que me eram apresentadas [...] ganhei novos recursos
profissionais [...] a cada módulo eu saia do lado avesso [...] coisas
aconteciam, novas percepções da realidade [...] situações antigas ganhavam
novas cores e formas [...] surgia um novo olhar [...] eu já não era a mesma
[...] descobri um jeito novo de caminhar [...] (D21).
122
[...] exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida
pessoal com mais inteireza e unidade [...] (D24).
Os depoentes estabelecem interdependência entre transformação interna e
externa, conforme podemos observar nos depoimentos abaixo, sendo que as mudanças
exteriores são reflexos, ou conseqüências, das mudanças interiores que transformam o
ser. Ou seja, estão em consonância com os pressupostos de Maslow (1996), que
preconiza a existência de uma sociedade saudável a partir de pessoas humanas e
saudáveis.
[...] transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da
transformação “do dentro” [...] (D7).
[...] no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores
que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha
maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano [...] ao término do
curso em transpessoal eu sou uma pessoa transformada [...] (D20).
O D22, citado abaixo, estabelece correlação entre “plasticidade” de ego e
despertar da consciência, validando princípios da Abordagem Integrativa Transpessoal,
já mencionada no capítulo II, cujos pressupostos norteiam o Curso de Pós Graduação e
Psicologia transpessoal.
[...] percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com
um grande passo na plasticidade [...] me percebo feliz no caminho,
despertando, um desabrochar, uma nova consciência [...] (D22).
Ressaltamos que vários dos depoimentos dessa categoria (4) também poderiam
estar descritos na Categoria (2) – “Evidência de percepção e compreensão ampliada
(auto-conhecimento). Optamos por colocá-los na categoria 4 pela relevância dos
aspectos de transformação.
Categoria 5 - Validação do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal
Nesta categoria identificamos um caráter avaliativo do curso de Pós Graduação
em Psicologia Transpessoal. Sob diferentes aspectos os alunos validam o curso como
elemento estruturante, agregador e propulsor do desenvolvimento e crescimento em
123
diversos aspectos, incluindo área profissional e espiritualidade. Nos depoimentos abaixo
observamos a validação do embasamento, capaz de gerar percepção mais ampla,
crescimento pessoal e profissional, com ênfase no desempenho profissional.
[...] permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e
experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais [...] na
clínica, além de ter adquirido mais recurso para atender cada caso, percebi
que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais
significativa e o vínculo mais fortalecido [...] nos diagnósticos e
prognósticos adquiri percepção mais ampla, com menor expectativa e maior
compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho [...]
(D6).
[...] o curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as
diversas passagens [...] no desenvolvimento do meu trabalho, embora já
tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar”antes de iniciar o curso,
foi graças a Formação em Transpessoal que pude da um Norte para esse
novo “olhar”, sistematizar o foco [...] sinto, após essa etapa de conclusão dos
módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao
meu alcance levar [...] (D24).
A seguir apresentamos depoimentos que explicitam pressupostos da Psicologia
Transpessoal sobre a visão de homem enquanto ser bio-psico-sócio-espiritual, bem
como menção a Abordagem Integrativa Transpessoal utilizada no curso de Pós
Graduação em Psicologia Transpessoal, segundo Vera Saldanha. Estes depoimentos
caracterizam o curso em particularidades do enfoque Transpessoal.
[...] consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade
ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas
faces: espiritual, física, emocional, social e mental [...] (D12).
[...] enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me
proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos
vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos
que até então estava armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar
em várias outras dimensões [...] (D15).
O caráter interdisciplinar do curso aparece no depoimento abaixo.
[...] além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de
minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as
empresas [...] (D18).
No depoimento que segue são estabelecidas correlações diretas entre o curso e
processo de transformação interna e externa harmônicas, em consonância com a
124
dimensão essencial do depoente, com fortalecimento de suas dimensões emocional e
intuitiva.
[...] o curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se
processasse num nível interno de maior conexão com minha essência, de
maior harmonia com as mudanças [...] durante o curso pude experienciar
isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências
[...] também posso dizer que o curso foi um catalisador, acelerador da
assimilação de todo o processo externo [...] com o curso tive um respaldo
maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso colaborou para um
fortalecimento emocional e intuitivo [...] (D25).
Também, observaram-se contribuições do curso para a vida onírica de seus
alunos e pessoas com as quais convivem. No depoimento abaixo encontramos validação
dos recursos que a Pós Graduação disponibilizou para o trabalho com sonhos.
[...] outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me
instrumentalizar e colocar em prática o trabalho com os sonhos [...] não só
meu como de meu marido [...] passamos a dividir cotidianamente o que
sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a [...](25).
No depoimento a baixo valoriza-se a capacidade de síntese do curso de Pós
Graduação em Psicologia Transpessoal. Fica subentendido no depoimento que o
depoente não encontrou esta característica em outras propostas.
[...] apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse
processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese [...] (D27).
Categoria 6 - Referências à Abordagem Integrativa Transpessoal (sete etapas, eixo exp.
e evolutivo) relacionada a processo de desenvolvimento
Em todos os depoimentos desta categoria encontramos referências a Abordagem
Integrativa Transpessoal estruturada por Vera Saldanha, validada em sua tese de
doutorado pela UNICAMP e utilizada na didática do Curso de Pós Graduação em
Psicologia Transpessoal CESBLU - Centro de Educação Superior de Blumenau &
ALUBRAT - Associação Luso Brasileira de Transpessoal.
Essa categoria revela a percepção do depoente em relação ao eixo experiencial
(razão, emoção, intuição, sensação) eixo evolutivo e sete etapas (reconhecimento,
125
identificação, desidentificação, transmutação, transformação, elaboração e integração)
relacionando ao processo de desenvolvimento e percepção de si.
Observa-se nos depoimentos a seguir vivências diretas com eixo experiencial
(REIS) e sete etapas ativando o eixo evolutivo, gerando mudanças que denotam
desenvolvimento pessoal, emergindo estados saudáveis do ser, emergência de valores
superiores, com características de ampliação da consciência.
[...] através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais
ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos
problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los [...] (D1).
[...] observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão,
Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas [...] foram e
continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas [...] (D2).
[...] nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete
etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação,
elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação
a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de
informações e conceitos, posturas, valores, etc [...] (D6).
[...] outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior
profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I.S.), me
oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira consciente e
concreta [...] (D15).
[...] e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos [...]”
(D19).
[...] e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo
experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete
etapas com muito amor no meu coração [...] (D22).
[...] o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do
eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os
eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de
crescimento [...] (D24).
Especificamente no depoimento abaixo o depoente revela inclusão cotidiana de
experiências com eixo experiencial (REIS) e sete etapas, revelando bem estar e prazer.
[...] transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito
prazeroso [...] foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS)
em cada situação, pois durante as vivências percebia que emoção e sensação
dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso [...]
(D29).
126
Categoria 7 - Relação entre cura e auto-conhecimento
Os alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, nesta categoria,
citam processos de cura que revelaram maior estruturação psíquica desencadeada
durante o curso, conforme podemos observar nos depoimentos abaixo.
[...] ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas, porém,
emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando [...] (D4).
[...] com toda certeza me sinto curada [...] me possibilitando liberações,
curas [...] (D15).
Ao observamos os depoimentos abaixo nota-se correlação deste processo de cura
com auto-conhecimento, resultando em estados saudáveis denominados pelos depoentes
como mais leveza, segurança, confiança e uma melhora na auto-estima.
[...] foi um período de auto-conhecimento e auto-cura [...] (D20).
[...] a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura profunda, que
acredito ainda vá reverberar por algum tempo [...] (D27).
[...] e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão muito mais
leveza, segurança, confiança [...] ((D15).
[...] enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em autoestima e auto-confiança [...] (D25).
Categoria 8 - Aceitação da vida e do momento presente com postura saudável em
relação ao futuro
Essa categoria reporta-se à relação do depoente com sua própria vida, à
percepção da importância de se sentir no momento presente em todas as suas
dimensões. Revelam transformações que geram mudanças saudáveis na forma de sentir
a vida no presente e suas expectativas futuras, conforme observamos nos depoimentos
citados abaixo.
[...] fui a cada dia me apaixonando pela vida [...] (D3).
[...] percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu
não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade a minha
transformação e aperfeiçoamento [...] (D7).
127
Percebe-se que o estado de presença gera mais consciência para o indivíduo,
tornando-o mais forte e capaz para dar continuidade no processo de busca do seu
aspecto saudável tanto em sua vida pessoal como profissional, conforme observamos
nos depoimentos que se seguem.
[...] deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida [...]
vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao
profissional em psicologia exercer [...] (D9).
[...] esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto comigo,
quanto com os meus pacientes [...] (D11).
Observando os depoimentos abaixo, percebemos que esta conexão saudável com
o momento presente e com a própria existência gera sentimentos de aceitação,
esperança e motivação para um maior aperfeiçoamento e transformação. O ser mostrase, desaparecendo os conflitos, as dúvidas e os medos, vislumbrando realizações. Notase um desenvolvimento do ser que o permite ir além da dualidade e direcionar-se para o
estado de unidade.
[...] hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito, tudo está
em sua perfeita ordem [...] (D25).
[...] sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre,
buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade
[...] colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas [...] estou aberta,
cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer [...] (D26).
No D25 e D26 surgem características do indivíduo que transcendeu aspectos do
eixo experiencial com emergência do eixo evolutivo rumo à ordem mental superior, os
depoentes revelam aspectos de elaboração e integração (ver capítulo II sobre abordagem
integrativa).
Categoria 9 - Explicitação da dimensão espiritual
Essa categoria trata das relações estabelecidas pelos depoentes entre dimensão
espiritual e desenvolvimento humano.
128
Jung via na espiritualidade expressões importantes de ideais e aspirações
humanas, como dados que não deveriam ser ignorados por qualquer pessoa que se
interessasse por toda a amplitude do pensamento e do comportamento humano.
(Fadiman, 1986, p.62). Estes pressupostos estão em consonância com a Psicologia
Transpessoal, pois segundo Descamps (1997, p. 7) ela se ocupa, reconhece e
compreende os estados de consciência unitivos, espirituais e transcendentes.
Os depoimentos abaixo demonstram que o curso de Psicologia Transpessoal
possibilitou conexão e experiências com a dimensão espiritual, possibilitando vivências
com o divino.
[...] após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em
mim [...] durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir
muito, me divertir com meus “dramas” [...] (D3).
[...] que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e
discernimento para continuarmos esse processo em nossas vidas [...] (D8).
Já os depoimentos abaixo, se referem os aspectos de transformação a partir da
conexão espiritual demonstrada nos depoimentos acima, resultando em estados de
equilíbrio entre o material, humano e divino, bem como a inclusão do espiritual no
cotidiano em diversas áreas da vida na relação consigo e com outros.
[...] percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e
divinos) em meu caminho [...] um encontro ocorreu entre interior e exterior
tanto em minhas práticas espirituais quanto nas práticas sociais [...] aprendi
a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, amoroso, social,
ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser físico-psico-sócioespiritual [...] (D9).
[...] mas a transformação espiritual foi muito intensa e verdadeira! [...]
principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui
no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito
estava perdida nas sombras de meu ser! [...] (D14).
[...] sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus, quanto
mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui
e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao
espírito e ao meu o próprio caminho evolutivo [...] evoluí espiritualmente
[...] (D17).
[...] conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o
divino no meu cotidiano [...] (D25).
129
No D23 observamos a essência e o efeito do transpessoal no ser, revelando
ampliação da consciência, aspectos de transcendência e unidade.
[...] a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei para além, é
a visão da totalidade [...] (D23).
Categoria 10 - Interdependência entre virtudes do feminino e intuição
Nessa categoria observamos nos depoimentos dos participantes do curso de
Psicologia Transpessoal, que durante o processo emergiram aspectos do arquétipo
feminino como a amorosidade, espiritualidade, leveza e acolhimento. Leonardo Boff,
em seu livro “O despertar da águia” cita que o feminino na mulher e no homem é a
capacidade de inteireza, de percepção de totalidades orgânicas, de unicidade do
processo vital em suas mais diversas manifestações; é subjetividade, ternura, cuidado,
nutrição, conservação, cooperação, sensibilidade, intuição, experiência do caráter
sagrado e misterioso da vida e do mundo (BOFF, 1998, p.144).
Um aspecto saudável do arquétipo feminino que esteve em evidência em alguns
depoimentos foi o despertar da intuição, que pode ser conceituada como a percepção na
sua plenitude de uma verdade a que normalmente não se chega por meio da razão ou
conhecimento discursivo ou analítico. Estes elementos foram observados nos
depoimentos abaixo.
[...] eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada
e, agora, precisa germina [...] (D4).
[...] vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e outra do
Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram crianças, pena que
alguns deles se esqueceram” [...] “viver e não ter a vergonha de ser feliz”
[...] Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz! [...] (D5).
[...] já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum
propósito, que não existe coincidência ou acaso [...] (D25).
Nos depoimentos apresentados a seguir, encontramos referência clara de
percepções dos depoentes que revelam conexão com a dimensão do feminino em si.
130
[...] pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo
novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher [...]
(D12).
[...] percebo-me mais calma, feminina [...] (D17).
[...] percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me
observando mulher [...] (D19).
Características do arquétipo do feminino como a paciência, sabedoria,
amorosidade, espiritualidade, transcendência ao racional são expressas nos depoimentos
abaixo.
[...] já consigo ser mais paciente e amorosa [...] (D21).
[...] a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas
em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia
que tudo isto estava dentro de mim [...] (D22).
[...] despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam adormecidos
em mim [...] (D23).
[...] me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa [...] eu sou
mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor,
esta é minha meta! [...] (D26).
Categoria 11 - Emergência de valores e cognição S (Ser) e expressões afetivas
validando o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal
Esta categoria mostra a emergência de valores S (Ser) e também aspectos
conceituais denominados por Maslow de cognição S (Ser), a qual implica uma
aprendizagem com uma percepção da realidade mais ampla, com estreita relação com as
categorias 1 e 12. Alguns depoimentos mostram que uma nova força surgiu com o
decorrer do curso de Psicologia Transpessoal tornando o depoente mais preparado para
enfrentar os desafios da vida.
[...]eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito
mais ferramentas [...]é o início e não o fim [...] amei fazer o curso [...] (D4).
[...] me percebo mais segura, confiante em mim e na vida [...] (D6).
[...] percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa
a cada dia mais de minhas escolhas [...] (D7).
131
Um Grande sentimento de gratidão em relação ao curso foi observado através de
expressões afetivas validando a aprendizagem da Psicologia Transpessoal. Observamos
também características de inefabilidade, ou seja, não se encontram palavras para
expressar o sentimento. Esse aspecto é inserido por Maslow na cognição do Ser, quando
afirma que são percebidos, concreta e abstratamente, todos os aspectos ao mesmo
tempo, portanto, inefável para a linguagem ordinária.
[...] esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada [...] (D8).
[...] uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar
[...] (D8).
[...] emocionada - sem palavras [...] agradecida – a Deus, à equipe Alubrat
(Vera) aos meus amigos, ao meu pai [...] (D11).
[...] devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e
poderia até dizer que contava os dias quem faltavam para seu início [...]
agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só
posso dizer! Graças a Deus [...] (D12).
Nos depoimentos abaixo observamos relação direta das contribuições do curso
nos processos de transformação dos depoentes tornando-os mais preparados na tomada
de decisões, redimensionamento da própria vida a partir de valores superiores.
[...] ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me
proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões foram muito
freqüentes nesta jornada [...] obrigada a todos que me auxiliaram,
profissionais Alubrat e demais colegas [...] (D13).
[...] e principalmente mais corajosa [...] e acredito que a minha caminhada
está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do
amor universal [...] (D17).
[...] acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho
conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste
trabalho [...] o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o
comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade [...] (D18).
No D23 o depoente além de valorizar a experiência e sinalizar seu processo de
transformação, demonstra interesse em dar continuidade a estudar temáticas da
Psicologia Transpessoal.
132
[...] a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em
todas as atividades [...] valeu [...] com certeza darei continuidade a esses
estudos sobre ciência e espiritualidade [...] (D23).
Nos depoimentos citados abaixo encontramos elementos de auto-atualização ou
individuação descritos por Maslow, observamos a aceitação de um núcleo interno
denominado eu (Maslow, 1969, p. 232).
[...] ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da
participação da entrega ao meu processo por mais difícil que esse fosse [...]
(D26).
[...] esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma [...] (D27).
Esses depoentes revelam aspectos profundos explorados por Stanislav Grof e
Christina Grof, que afirmaram encontrar naquelas pessoas que sondaram suas
profundezas interiores e viveram fortes experiências transpessoais uma auto percepção
revelando que seus valores mudam automaticamente, passam a priorizar e reverenciar o
serviço em prol de toda forma de vida, e acima de tudo, ser elas mesmas (Vaughan,
1993, p. 218).
Categoria 12 - Relações com o processo de aprendizagem (extrínseca/ intrínseca) e
interesses relacionados ao curso
Essa categoria nos mostra, através dos relatos dos participantes desta pesquisa, a
relação do depoente com o processo de aprendizagem. Nos depoimentos abaixo
observamos um caráter contínuo da aprendizagem, evidenciando características da
aprendizagem intrínseca.
[...] sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou
consciente de que é uma jornada sem fim e muitos recomeços, de
nascimentos e mortes [...] (D4).
[...] cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica transpessoal há
uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo
exercício, a experiência não se repete [...] (D6).
[...] às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico
voltava para casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando
tudo e vinham chegando lentamente durante a semana [...] (D20).
133
No depoimento a seguir, é revelado um interesse pelo curso associado a um
processo de auto-conhcimento. Fica subentendido que a motivação para cursar a Pós
Graduação em Psicologia Transpessoal foi a necessidade de auto-conhecimento.
[...] eu entrei na pós mais interessada no processo de auto-conhecimento do
que visando a aplicação profissional da psicologia Transpessoal [...] (D18).
No D20 o depoente apresenta também sua percepção da sistematização utilizada
no curso, valorizando a didática transpessoal, estabelecendo relações entre
aprendizagem extrínseca e intrínseca.
[...] mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria,
sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as
idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em
todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber
como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo
o que tínhamos realizado [...] (D20).
2.1 – Reflexões das interpretações
Após realizarmos a classificação e categorização dos dados obtidos, seguiu-se a
fase de tratamento, inferência e interpretação dos resultados, que permitiu-nos avaliar o
alcance da pesquisa em relação ao seu objetivo geral e objetivos específicos. Permitiunos identificar transformações pessoais, profissionais, nas relações interpessoais, na
relação com a vida e futuro, espiritualidade, dimensão do feminino e valores, com
emergência de valores S (Maslow, 1996) e referências diretas ao curso e à didática
utilizada no curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal.
Observou-se que o curso de Psicologia Transpessoal amplia a capacidade de
percepção e compreensão, os depoentes revelaram capacidade de identificar as
transformações ocorridas de maneira bastante significativa. Demonstraram percepção
ampliada de si, do outro, da vida e das interdependências que formam uma grande teia.
Sugerem desenvolvimento que propiciou transcender dimensões egóicas e ascender para
uma consciência mais unitiva. Reunimos na categoria evidência de percepção e
134
compreensão ampliada (auto-conhecimento), significativas unidades de contexto,
presentes em dezoito dos vinte e nove depoimentos, validando esta categoria.
Os depoentes mostraram-se capazes, ao final do curso de Pós Graduação em
Psicologia Transpessoal, de realizarem auto-avaliação revelando como se percebiam no
início do curso e ao final. Nota-se percepção de mudanças saudáveis com
transformações significativas do estado emocional, ampliação da percepção e
consciência, mudanças na forma de pensar, sentir e agir que demonstram transformação
saudável do ser.
Foram estabelecidas relações entre cura e auto-conhecimento enquanto
processos interdependentes, que iniciam no curso e se perpetuam fora dele, gerando
estados saudáveis principalmente no plano da autoconfiança e, auto-estima. Tais estados
promovem transformações na relação com a vida, emergindo aceitação do presente com
postura saudável em relação ao futuro, evidenciando emergência de valores S (Maslow).
Surgem naturalmente atributos de encantamento e paixão pela vida, esperança, abertura
para realização de sonhos e força interior para enfrentar os desafios da vida.
Ao se reconhecerem como ser saudável os depoentes se abrem ao
desenvolvimento e crescimento, há o resgate da dimensão humana em si com valores e
sentimentos superiores, desprovido de julgamento, tornando-se um ser mais amoroso,
humilde, capaz de sentir-se feliz e conectado com sua criança interior, aceitando e
acolhendo sua própria natureza interior tal qual como ela é. Observa-se maior abertura e
disposição interna para acolher com amorosidade a luz e a sombra em si mesmo.
Na categoria emergência de valores do ser com experiência de renascimento
resgatando o ser integral, os depoentes revelam transformações na forma de ser e viver.
Fica implícito que estas transformações tornam estas pessoas mais saudáveis e
preparadas para a vida.
135
Realizar uma jornada que mobiliza aprendizagem extrínseca e intrínseca
permitiu a emergência de valores S que geram força interior, equilíbrio e autoatualização, tornando o ser mais bem preparado para diferentes segmentos de sua vida.
Percebe-se aqui um caráter unitivo da experiência, alguns depoentes fazem relações
diretas entre passado, presente e futuro, aspectos transformados ou não, aspectos
saldáveis ou não. O que é comum e congruente é uma tendência a direcionar-se para as
metanecessidades.
A análise de conteúdo revela interface entre desenvolvimento pessoal e
aprimoramento profissional, integrando aspectos do ser ao saber. Na categoria mudança
pessoal e profissional (transformação), identificamos transformações no âmbito pessoal
e profissional, atingindo metas dos objetivos específicos apresentados na introdução.
São estabelecidas relações entre “plasticidade egóica” e despertar da consciência
como elementos propulsores dessas mudanças. O ser se eleva para um estado mais
elevado de ser (valores S de Maslow), ativando em si e nos outros processos de cura e
desenvolvimento.
Além disso, significativas mudanças foram promovidas no campo das relações
interpessoais, “o relacionar-se mudou”, no ambiente familiar, profissional e coletivo. Os
depoentes sugerem crescimento no campo das relações interpessoais, maior consciência
de grupo e ascensão no plano da unidade, resultando em maior contentamento em estar
com o outro, estado de felicidade e comunhão espiritual.
Sugerindo assim, transformações no campo da espiritualidade que apontam para
o reconhecimento de si como um ser bio-psico-sócio-espiritual, integração dos aspectos
materiais, humanos e divinos nas experiências do cotidiano.
O divino e a dimensão da espiritualidade são diferenciais da Abordagem
Transpessoal, reconhecido e validado pelos depoentes como aspecto relevante para o
desenvolvimento humano. Tendo em vista a relevância dada à espiritualidade associada
136
ao curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, a explicitação da dimensão
espiritual constituiu-se uma categoria com estreita relação com valores S, as
metanecessidades, supraconsciente e intuição.
Nesse contexto, evidenciou estreita relação entre valores do feminino e intuição.
A análise apurada das unidades de contexto nos leva a estabelecer associações entre os
processos de cura e transformação citados acima, com a emergência de aspectos
saudáveis do arquétipo do feminino como amorosidade, ternura, cuidado, cooperação,
experiência do caráter sagrado e misterioso, além da manifestação da subjetividade e
intuição. E, todos estes elementos são percebidos pelos depoentes como estruturante e
favorável ao seu desenvolvimento em diversas áreas de sua vida.
Identificamos uma vasta gama de unidades de contexto referendando-se ao curso
de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e Abordagem Integrativa Transpessoal,
contemplando plenamente o objetivo geral e objetivos específicos apresentados na
introdução.
Emergiu naturalmente um caráter avaliativo do curso de Pós Graduação em
Psicologia Transpessoal, sinalizando aplicação interdisciplinar capaz de integrar físicopsiquico-social-espiritual, organizar e ampliar recursos pessoais e profissionais,
trazendo enriquecimento intelectual, crescimento pessoal e profissional. Os depoentes
se dizem mais preparados para dar continuidade aos seus projetos de vida, sejam eles
pessoais, afetivos, espirituais ou profissionais. Valorizam o embasamento teórico
prático, apontando um caráter estruturante do próprio conhecimento em si e na prática
profissional.
Referências
à
Abordagem
Integrativa
relacionada
a
processo
de
desenvolvimento, estão expressos nos depoimentos integrando as experiências no seu
cotidiano. Esses dados sugerem que o processo de aprendizagem está integrado ao
137
desenvolvimento do ser. Uma vez que um conhecimento é internalizado ele se torna
parte do indivíduo, onde o ser e seu saber tornam-se uma unidade.
No caso do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal essa unidade
revelou grande potencial de transformação rumo a estados e condições de vida saudável.
As relações com o processo de aprendizagem, interesses relacionados ao curso e
transformações observadas, mostraram-se pertinentes às propostas de Psicologia
Transpessoal. Os depoentes revelam aspectos de transcendência, integração, unidade,
mudança de valores e ampliação da consciência.
Na medida em que nos aprofundamos na análise de conteúdo, percebemos
amplas correlações entre as categorias. A separação das categorias é um recurso para
percebermos a especificidades das partes que se integram num todo, revelando assim
características do conceito de unidade, que também se revela na Unidade do Ser.
Ao encerrarmos nossas reflexões, observamos que tanto o objetivo geral quanto
os objetivos específicos, descritos na introdução desta monografia, foram plenamente
alcançados e demais dados relevantes evidenciaram-se.
Apresentaremos nas Considerações Finais dessa monografia reflexões e relações
individuais entre estes resultados e pressupostos teóricos correlacionados.
138
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Psicologia Transpessoal é caracterizada por uma visão antropológica do
homem
enquanto
ser
bio-psico-socio-cultural-espiritual-cósmico
e
estudo
da
consciência; considera a multidimensionalidade do ser e a transdisciplinaridade;
convida-nos para a um processo de humanização, saúde, educação e desenvolvimento
integral do ser. Pode ser considerado um instrumento de pesquisa da natureza essencial
do ser e nos apresenta paradigmas capazes de pautar trabalhos em diferentes áreas com
caráter ético, amoroso e transcendente.
Maslow, um dos percussores da Psicologia Transpessoal nos Estados Unidos,
nos apresentou uma Psicologia mais ampla e humanisticamente orientada para
processos terapêuticos e educacionais capazes de resgatar aspectos saudáveis do ser,
enfatizando o significado, a riqueza e valorização da vida. Apresentou-nos um
paradigma de interdependência entre homem e sociedade como um todo indivisível,
para ele sociedade saudável é conseqüência de seres saudáveis, o inverso também seria
verdadeiro, ao mesmo tempo em que sociedades saudáveis tendem a produzir
indivíduos saudáveis, e vice versa. O mesmo paradigma se aplica em um contexto
patológico. Preconizou, neste contexto, que a educação seria um movimento para a
saúde psicológica, para a paz espiritual e harmonia social.
No Brasil tivemos como grande percussor da Psicologia Transpessoal Pierre
Weil, que entre outras tantas contribuições constituiu-se um Educador para a Paz,
apresentando-nos uma trilogia integrativa de três aspectos da Paz aplicáveis no contexto
da clínica, educação, organizações e instituições: a Paz consigo próprio, ecologia e
consciência individual; a Paz com os outros, ecologia e consciência social; a Paz com a
natureza, ecologia e consciência do universo.
Ainda no Brasil, Dra. Vera Saldanha tem trazido consideráveis contribuições
para a Psicologia Transpessoal aplicada à saúde e educação, no âmbito da clínica,
139
instituições e organizações. Entre outras contribuições, desenvolveu, organizou,
sistematizou e validou em sua tese de Doutorado pela UNICAMP no ano de 2006, a
Abordagem Integrativa Transpessoal, cujos pressupostos foram apresentados e
explorados no capítulo II.
A forma de ensinar esta abordagem foi denominada por sua autora de Didática
Transpessoal e estes princípios foram aplicados no processo de ensino aprendizagem do
Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal Lato Sensu, na turma dos anos
2006-2007, ministrado pelo CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau &
Associação Luso Brasileira de Transpessoal – Campinas.
Esta pesquisa tornou objeto de estudos os formandos desta turma e
desenvolvemos uma metodologia de pesquisa pautada pela análise de conteúdo segundo
Bardin, que se revelou suficiente e adequada para explorar o material disponível para a
pesquisa.
Observamos que a análise de conteúdo é uma metodologia que se integra e
harmoniza com a Psicologia Transpessoal e a própria Didática Transpessoal, pois nos
permite contemplar e explorar conteúdos racionais, emocionais, intuitivos e sensoriais.
Durante a leitura, classificação, categorização, análise e interpretação, os conteúdos
ganharam significado e tornou-se possível estabelecer correlações com pressupostos
teóricos da Abordagem Integrativa Transpessoal.
Na medida em que os depoimentos foram explorados nas distintas fases da
análise de conteúdo, desvelou-se o que estava implícito e permitiu-nos revelar o que
estava oculto, tornando possível concluir a análise e interpretação dos resultados com
um grupo de doze categorias finais, que sintetizaram o grande manancial de conteúdos
revelados pelos depoentes. Tornou-se possível constatarmos o alcance de todos os
objetivos apresentados na introdução desse trabalho.
140
Os depoentes apresentaram uma vasta gama de informações que mostrou-nos
um manancial de transformações e tornou-se possível relacionar tais transformações
com a Didática Transpessoal.
Os dados conclusivos da análise de conteúdo revelam mudanças pessoais e
profissionais, indicando um processo de desenvolvimento a partir de transformações
internas que determinam transformações externas. Ao mesmo tempo foram observadas
correlações diretas entre estas transformações e a experiência teórica e prática, pautada
por uma aprendizagem extrínseca e intrínseca, corroborando com as contribuições de
Maslow quando nos diz que o indivíduo e o ambiente são um todo indivisível.
Foram revelados aspectos de auto-conhecimento a partir de uma ampliação da
percepção e compreensão de si mesmo, permitindo ao indivíduo se abrir para dimensões
saudáveis de seu ser. Evidenciou-se processo de cura associados auto-conhecimento.
Aqui se destaca o desenvolvimento o “eu observador”, dando autonomia e
caracterizando estados diferenciados da consciência que corroboram para a saúde, bem
estar e desenvolvimento pleno do indivíduo. Destacam-se uma visão mais ampliada,
capaz de abarcar aspectos conflitantes e limitadores, abrindo-se para maior
compreensão e aceitação da vida, emergindo conexão consigo, com outro e com a vida.
Neste sentido, o conceito de vida e unidade se fez realidade na vivência dos
eixos experiencial e evolutivo, os depoentes revelam aceitação da vida e do momento
presente, com postura saudável em relação ao futuro, emergem características do
homem auto-realizado que ascende às metanecessidades prescritas por Maslow, assim
como características de elaboração e integração apresentadas nas sete etapas da
Abordagem Integrativa.
Ao desvelar o que estava oculto, naturalmente revelou-se a emergência de
valores S mencionados por Maslow e observamos que estes se apresentam carregados
de características de cognição S e amor S, convergindo para a o que a Psicologia
141
Transpessoal preconiza para o ser humano saudável, humanizado e conectado com sua
natureza essencial, pautado pela dimensão amorosa.
Observou-se emergência de características do homem auto-realizado, com maior
conexão interior, aquele que se abre para uma vida mais plena e ampla, com perspectiva
integradora, ajustadora de diferentes estados de consciência.
Também houve explicitação direta à dimensão espiritual relacionada ao
desenvolvimento humano. Para os depoentes, a conexão com a espiritualidade resulta
em estados de equilíbrio entre o material, humano e divino. Este aspecto é amplamente
contemplado na visão de Maslow e da própria Psicologia Transpessoal que preconiza o
homem enquanto ser bio-psico-sócio-espiritual.
Vale ressaltar que sagrado não implica na crença em Deus, deuses ou espíritos,
mas sim a experiência de uma realidade, é a origem da consciência de existir no mundo.
Algo sagrado é algo que está no mundo, mas não é deste mundo. Está no espaço-tempo,
mas existe nele a marca de outra dimensão superior. O que define sagrado é a
consciência de uma transcendência.
Aqui podemos estabelecer estreita correlação entre a Psicologia Transpessoal e
as virtudes e valores do feminino. Independente do sexo dos depoentes foi estabelecida
interdependências entre virtudes do feminino e manifestação da intuição relacionada à
experiência educacional na Pós Graduação. Revelam que ao longo do processo
observaram em si a emergência de características peculiares ao arquétipo do feminino
como paciência, sabedoria, amorosidade, espiritualidade, transcendência, entre outras.
Neste contexto, para Boff (1998), o feminino na mulher e no homem é a
capacidade de inteireza, de percepção da totalidade, unicidade, valorização da vida,
sensibilidade, intuição, relações cooperativas, ligação com o essencial e sagrado, nos
apresenta a dimensão do amor como fator de cura e transformação.
142
A dimensão do feminino fora explicitada e explorada na análise de conteúdo, o
que nos permitiu perceber manifestações de virtudes e valores no âmbito do arquétipo
do feminino relacionados ao Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e
estabelecer relações entre a Abordagem Transpessoal e a dimensão do feminino.
Segundo Zweig “O feminino nos permite perceber que qualquer método útil de
terapia, educação ou organização social precisa, portanto, atender e reverenciar cada
nível da existência, bem como a relação estável e sensível entre eles” (Colegrave, in
Zweig, 1990, p45).
Os atributos do feminino são de extrema importância nos processos de
transformação, com benefícios individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis
cada vez mais elevados de consciência, refletindo em uma melhor qualidade de vida.
Para Maslow, a sinergia interior entre masculino e feminino resulta em dinâmica
harmoniosa da unidade, capacitando-nos a experienciar o nascimento para a nossa
natureza divina. Esta sinergia é de grande relevância para o bem estar pessoal, coletivo e
planetário, pois nos permite relações integradas, equilibradas e pacíficas, podemos
transitar livremente por um espectro de consciência, conectados ao nosso ser profundo.
O indivíduo que tem sua experiência permeada com os atributos do feminino são
naturalmente intuitivos. Para Jung a intuição é uma função psíquica que percebe através
do inconsciente, permitindo ao indivíduo o processo de auto-atualização proposto por
Maslow.
Embora não contemplássemos em nossos objetivos a validação do Curso em
Psicologia Transpessoal, nem da Didática Transpessoal naturalmente a análise de
conteúdo revelou uma ampla gama de unidades de contexto contemplando esta questão,
o que nos permitiu reunir a quatro categorias finais relacionadas a esta temática.
Naturalmente os depoentes explicitaram informações com caráter avaliativo do
curso, relacionando e validando aspectos teóricos e práticos advindos da aprendizagem
143
extrínseca e intrínseca, característica da Abordagem Transpessoal, como elemento
estruturante, agregador, e propulsor de desenvolvimento e crescimento em diversos
aspectos, incluído área profissional, pessoal e espiritualidade.
Referências específicas foram apresentadas do aspecto estrutural (corpo teórico),
aspecto e dinâmico (eixo experiencial e evolutivo) e dinâmica integrativa (sete etapas) e
pressupostos da Psicologia Transpessoal, denotando que a aquisição de conhecimento
que implicou na mudança de atitudes, valores, posturas e recursos técnicos adequados
ao desempenho profissional satisfatório.
O processo de aprendizagem está integrado ao desenvolvimento do Ser. Uma
vez que um conhecimento é internalizado se torna parte do indivíduo, o Ser e o saber
tornam-se uma unidade. No Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal essa
unidade se mostrou potencial de transformação e condições de vida saudável. Os
depoentes revelam aspectos de transcendência, integração, conexão com a
espiritualidade e dimensão do feminino em si, unidade, mudança de valores e ampliação
da consciência.
Convém destacar que não foram observados manifestações de aspecto de sombra
nos depoimentos. Será que não existem? Se existe por que não foram manifestados? Por
inferência podemos levantar a hipótese de que permaneceram latentes, pois o ser
humano é um ser em desenvolvimento, e mesmo os depoentes tendo passado por
processo tão significativo de transformações ainda são seres inacabados. Contudo, tendo
em vista o caráter unitivo e transcendente do transpessoal o processo tende a se
processar num continuo e outras experiências poderão contemplar as sombras não
expressas. Um espaço saudável é o ambiente psicoterapêutico. É importante ressaltar
que no manual do aluno da Pós Graduação há recomendação de processo
psicoterapêutico para melhor aproveitamento na especialização.
144
O Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal se mostrou convergente
com o novo paradigma educacional emergente, pautado pela Didática Transpessoal
revela aspectos de transdisciplinaridade, considera a multidimensionalidade do ser e
busca o desenvolvimento do ser integral. As conclusões apontam que os formandos
além de conquistar o título de Especialista em Psicologia Transpessoal passaram por
profundas transformações que sinalizam avanços no campo do desenvolvimento
psicológico, humano, ético e espiritual.
Para os participantes desta pesquisa, a realização deste trabalho se fez mais que
uma atividade acadêmica, ao longo do processo, na medida em que cada etapa se
cumpria, observou-se que alguns dos resultados observados na análise de conteúdo dos
depoentes também estavam acontecendo com o grupo que realizava a pesquisa.
Evidenciaram processos de transformação no âmbito pessoal e porque não dizer
profissional, pois houve desenvolvimento de habilidades como da escrita, organização
de conceitos e informações, mudança no relacionamento interpessoal, ampliação da
percepção e compreensão, resultando em auto-conhecimento, emergência de valores do
ser, validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e relações com o
processo de aprendizagem intrínseca e extrínseca.
Surgiu um convite natural à manifestação dos atributos do feminino relacionado
à intuição, todo o processo foi permeado com profunda conexão com a espiritualidade,
as reuniões tiveram seu início marcado por momentos de interiorização e manifestação
espontânea de práticas meditativas, entonação de mantras e orações. Naturalmente as
relações se fizeram cooperativas, acolher e cuidar tornou-se uma constante, buscou-se a
integração, percepção clara e mais eficiente, houve abertura para as experiências com
autonomia e unicidade, buscou-se uma estrutura democrática e a fusão entre o concreto
e abstrato.
145
Contudo, resgatando as considerações de Maslow, mesmo o homem autorealizado, aquele que já ascendeu à dimensão da metanecessidades pode manifestar
aspectos mesquinhos, egoístas e repugnantes, manifestando a “sombra” que jaz em seu
interior, aquela dimensão que também faz parte de sua natureza.
A experiência grupal se mostrou plena numa perspectiva transpessoal, permitiunos observar no processo aspectos inerentes aos aspectos estrutural (corpo teórico) e
dinâmico (eixo experiencial e evolutivo) e dinâmica integrativa (sete etapas). Observouse a manifestação de diferentes níveis de consciência, dicotomia entre fragmentação,
dualidade e unidade, de luz e sombra. A sombra se revelou de diferentes formas: falta
de cooperação assertiva, manifestação egóica, manipulações, dificuldades emocionais
com manifestação de raiva, culpa, inveja, entre outros.
A dimensão egóica foi trabalhada no grupo, individualmente nos
processos de psicoterapia e coletivamente nas interfaces de comunicação e diálogo
coletivo. Na medida em que aspectos de auto-imagem, emoções solidificadas e crenças
limitadoras se flexibilizaram, emergiu o desapego, a comunicação espontânea, contato
com a experiência presente e posturas saudáveis.
Segundo Pierre Weil a percepção da realidade se dá em função do estado de
consciência que o indivíduo se encontra, logo quando há uma percepção diferente da
realidade é porque houve mudança no estado de consciência. É um paradigma da
psicologia Transpessoal que a solução para uma questão não se encontra no nível dela e
sim acima, de um lugar onde se tem percepção mais ampla. Logo, podemos dizer que ao
trabalhar as questões egóicas no grupo diferentes estados de consciência foram
mobilizados.
As partilhas revelaram insigths advindo do estado de vigília com reflexões
lógicas e diálogos internos e externos conscientes; devaneio com livres associações e
intuições; sono, com a manifestação de sonhos cujos conteúdos estavam relacionados ao
146
trabalho grupal e relacionamento com as pessoas envolvidas e questões presentes. Na
consciência de despertar emergiu o observador de si mesmo e a desidentificação das
projeções. Não houve manifestação plena da consciência cósmica, mas foi expresso o
desejo de atingi-la e expressão de “fragmentos” dela, observou-se a disponibilidade de
auxílio ao outro, anseio prática da verdade, anseio pela sabedoria, verdadeiro amor,
bem-aventurança e unidade, houve significativa mudança no sistema de valores para
alguns dos integrantes.
Tendo em vista que há estreita correlação entre os estados de consciência e
cartografia da consciência podemos dizer por generalização que os conteúdos acima
podem ter sido mobilizados tanto a partir das regiões pessoais quanto das regiões
transpessoais da consciência. Este aspecto pode ser explorado por cada integrante
durante um processo psicoterapêutico.
O conceito de vida foi plenamente vivenciado na medida em que o processo se
fez a partir de constantes mudanças, implicando em experiências de morte e
renascimento de idéias, conceitos, emoções, paradigmas e até mesmo valores. Foi uma
constante o pulsar contínuo para a evolução, que nos permitiu progredir e avançar rumo
às metas estabelecidas, ficando implícito o conceito de unidade a partir de uma visão
mais ampla e adequada do processo.
Ficou evidente a manifestação do complexo de Jonas descrito por Maslow e
amplamente discutido por Jean-Yves Leloup, revelado na dificuldade manifestada por
alguns integrantes em realizarem “suas missões”, se dispersavam, não conseguiam se
concentrar, manifestaram dificuldades em focar os objetivos, não participando ou se
envolvendo e até mesmo não se considerando capazes de trazer suas contribuições para
o grupo.
Contudo, 70% do grupo mostraram-se capazes de produzir sinergia grupal,
emergiu um caráter unitivo que possibilitou integração e desenvolvimento nas relações
147
interpessoais, tarefas individuais e coletivas. Percebemos estreita correlação com eixo
experiencial e evolutivo, na medida em que as questões foram sendo trabalhadas no
nível da experiência (REIS) emergiu naturalmente um caráter evolutivo (eixo evolutivo)
no processo e o trabalho grupal se desenvolveu possibilitando o cumprimento das metas
e a conclusão final do trabalho.
Ao refletir sobre a experiência é possível identificar, naquelas pessoas que
participaram da sinergia grupal, a dinâmica interativa representada pelas sete etapas:
reconhecimento,
identificação,
desidentificação,
transmutação,
transformação,
elaboração e integração. Sendo que a etapa de integração se completa nas considerações
finais elaboradas individualmente e apresentação final do trabalho.
Sabemos que a Psicologia Transpessoal reconhece o fato de que estamos em
constante crescimento. Essa perspectiva auxilia-nos a restituir sentido e valor à vida, e
ajuda-nos a determinar o que somos e o que desejamos. Também pode contribuir para a
percepção de nossas responsabilidades pessoais e para com o mundo como um todo.
Pode acrescentar um sentido de personalidade dinâmica ao momento presente e a
sensação de sentido à nossa existência e ao nosso futuro. Desta forma, todos crescem
com a experiência, o processo de aprendizagem está integrado ao desenvolvimento do
Ser. Uma vez que um conhecimento é internalizado se torna parte do indivíduo, o Ser e
o saber tornam-se uma unidade.
Acreditamos que com essa experiência trouxemos contribuições para a
Psicologia Transpessoal, o meio acadêmico, a educação em si, nosso próprio
crescimento e de todo aquele que anseia por perspectivas humanizadas, conscientes e
íntegras com uma perspectiva evolutiva, voltada para o desenvolvimento do Ser nos
diferentes ambientes de nossa sociedade.
148
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151
ANEXOS
1. Depoimentos
Depoimento - D1
“Me percebo com um novo olhar sob as pessoas e os acontecimentos do cotidiano.
Fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como
oportunidade de crescimento. Hoje eu me percebo melhor, e consequentemente,
percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos
preconceitos. Me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais atenta com o “aqui e
agora”. Na minha vida amorosa, com o meu marido, eu consigo enxergar melhor e
de maneira mais ampla os conflitos. Me percebo mais serena ao ter que tomar
decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o
necessário para trilhar o meu caminho evolutivo. Através das minhas razão,
emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como
observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrenta-los.”
Depoimento – D2
“Sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve. Enfim,
poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento.
Observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção,
Intuição e Sensação estão muito mais integradas. Existe hoje um olhar mais
cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros. Sinto um reencontro, uma
sintonia maior entre o pensar, agir e sentir. Ocorreu um reencontro com a minha
essência. Foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas. Existe um
olhar mais tolerante, mais amoroso que julga e critica menos. Os limites pessoais e
das pessoas são mais claros. A necessidade de controle é muito menor. Tenho
clareza e consciência que o exercício continua e nunca acaba aqui ou no “não aqui”.
Lido melhor com minha objetividade e subjetividade. Viver o momento presente
152
tem sido algo mais constante e o desgaste de energia é menor. Acho que isto é tudo
nesse momento.”
Depoimento – D3
“Após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim.
Durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me
divertir com meus “dramas”, fui a cada dia me apaixonando pela vida, por estar
num corpo físico, de não ter mais o desejo de “voltar para a casa”, senti que a
“casa” é aqui, que meu corpo é a morada da Divindade. (houve um tempo em que
neguei tudo isto). Quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar
“gente grande”, assumir meu lugar em minha vida. Hoje encerrando esta etapa
descubro que tenho um longo caminho a percorrer e me sinto feliz, alegre e muito
disposta a esses novos caminhos. Descobri também que eu sou aquele que se criou e
se experimenta o tempo todo fingindo ter se esquecido de quem é. Sei que em
alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que é justamente essa
brincadeira que deixa a vida mais divertida.”
Depoimento – D4
“É o início e não um fim. Amei fazer o curso, muito foi despertado, transformado e
muito há ainda de ser. Eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e
com muito mais ferramentas. Eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a
semente foi plantada e, agora, precisa germinar. Este vai ser o próximo estágio, o
cultivo. Percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a
unidade na diversidade. Ainda estou em processo de cura, sinto ainda muitas dores
físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando em
direção ao meu encontro com o Eu Superior. Sinto que aprendi um pouco mais, sei
um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim de muitos
recomeços, de nascimentos e mortes. Estou grata acima de tudo a Deus!”
153
Depoimento – D5
“Sinto-me resgatada. Voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades,
renasceu em mim e nos outros. A minha segurança agora pertence só a mim, deixei
de ser um “trato social”. Hoje eu diria que sou a XXX (nome) e sou feliz de ser
XXX e não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX. O meu relacionarse mudou. Acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu! Vem-me aqui
duas mensagens, uma do “Pequeno Príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir:
“todos os adultos um dia já foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram...”
“viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno
aprendiz!” Enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser acriança e se me
chamarem de “louca”, sou louca sim quero ser louca, graças à Deus!”
Depoimento – D6
“Percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida,
tanto pessoal, quanto profissional. Permitiu-me integrar conhecimentos, percepções,
sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais. Nas
vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas
(reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e
integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões,
como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos,
posturas, valores, etc. O que mais marcou foram as mudanças pessoais e
profissionais que se processaram num contínuo. Cada vez que realizo um exercício
ou utilizo uma técnica transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado,
mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete. Na clínica, além
de ter adquirido mais recursos para atender cada caso, percebi que os atendimentos
tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais
fortalecido. Nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com
154
menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio
desempenho. Me percebo mais segura, confiante em mim e na vida, com mais
condição de amar e acolher o outro.”
Depoimento – D7
“Sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no
curso de Transpessoal. Não seu dizer ao certo o que causou o que e quais foram
todas as reais influências do curso em si em meu processo mas sinto que durante
este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra
completamente diferente, pudesse nascer. Sinto-me com outra qualidade de Ser,
mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente,
com a vida. Sinto que quanto mais entrego minha vida nas mãos de Deus, quanto
mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais
meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao
meu próprio caminho evolutivo. Percebo-me mais forte, mais consciente daquilo
que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas. Por mais que ainda
haja quedas e sofrimento, sinto em meu coração que isto é apenas passageiro, é
apenas um processo de crescimento, já que estamos a nos conhecer, a nos treinar
para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS.
Para que sejamos úteis à Deus e ao Processo Evolutivo, ajudando a construir e criar
o começo, uma ponte preparatória para que pudéssemos estar mais aptos a levar
tudo aquilo que aprendemos para o mundo ao nosso redor. Temos agora a base para
agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que estaremos a
fazer. Percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não
pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade à minha
transformação e aperfeiçoamento, transformando pouco a pouco o “de fora”, a
partir do início da transformação do “de dentro”.
155
“Eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso.
Esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada e com a sensação de
que estas transformações ocorridas continuação e é muito gratificante estar e ter
amigos e irmãos de jornada. Nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta
jornada. Resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorozidade
simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso. Uma
imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar. Que esta luz nos
acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para
continuarmos este processo em nossas vidas.”
Depoimento – D9
“Percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos)
em meu caminho. Um encontro ocorreu entre interior e exterior, tanto em minhas
práticas espirituais como nas práticas sociais. Aprendi a situar o espiritual no meu
mundo individual, familiar, amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus
através do meu Ser, físico-psico-sócio-espiritual. Deixo a energia fazer na presença
em novos ramos da minha vida. Vejo-me mais Aqui e Agora, mais capacitado para
o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer. E, como ser humano,
preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor
ao mundo.”
Depoimento – D10
“Me sinto muito mais tranqüila diante da vida. Aconteceu em mim uma mudança
efetiva na forma de “ver” os outros, as coisas, os acontecimentos e eu mesma. Na
verdade na vida, tudo continua como sempre foi. Filhos, conflitos, conquistas,
alegrias, tristezas, chegadas e partidas. Só que muda é como se vê. Também
percebo mudança na forma de ouvir o outro. A escuta se tornou mais amorosa,
receptiva e aberta. Existe realmente um espaço livre em mim, a partir daquilo que
156
ouço. Só depois sinto penso e digo algo, ou nem isso. Ouvir o outro a partir do
outro em si mesmo, permitindo que o encontro aconteça. Nesse sentido a melhora
nas relações pessoais em geral, são muito grandes. Com os filhos, amigos, colegas
de trabalho, pacientes... Me sinto também mais silenciosa no dia a dia. Por inúmeras
vezes me percebi, querendo e fazendo silêncio, espontaneamente. Isso nada tem
haver com tristeza, ou melancolia, pelo contrário, tem haver com recolhimento, auto
nutrição, contato real com o mundo interno. A aceitação criativa diante dos
acontecimentos da vida. Claro que algumas coisas, abalam, mexem, tocam, mas
hoje são só alavancas para me perguntar, como me percebo, o que realmente está
acontecendo aqui dentro, e como posso fazer para aprimorar dentro e expandir fora.
Minha prontidão para colaborar também com as pessoas em geral, que já existia,
aumentou ainda mais. Senti uma diminuição grande na emoção de medo. Me
percebo com muito menos medos do que antes, em geral. Também reconheço um
grande avanço na conexão com o feminino. O deixar fluir. Aguardar um pouco para
ver para onde os ventos sopram, deixar um pouco o fluxo da vida ir dando a
direção. Me sinto em ser em construção, e reconheço que de onde estou vindo
muito foi transformado. Sou uma pessoa melhor, e claro, espero continuar me
transformando. Sinto uma enorme gratidão, pela vida, escolhas que fiz, pessoas que
me foram graciosamente oferecidas pelo Sagrado, experiências, alegrias, e
especialmente pelo “silêncio”. Muito obrigada a todos vocês da Transpessoal e a
todo os meus colegas, por todas as trocas curadoras.”
Depoimento – D11
“Triste - Por ter me que despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai
ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente. Feliz - por ter tido a coragem
de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante. Transformada - em
alguém melhor do que quando comecei. Esperançosa - em conseguir aplicar tudo o
157
que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes. Realizada - por ter
realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade.
Emocionada - sem palavras. Enriquecida - por tantas vivências, trabalhos,
ensinamentos, trocas, novas amizades. Agradecida - a Deus, à equipe Alubrat(Vera)
aos meus amigos, ao meu pai. Anciosa - por tudo o que ainda está por vir. Com
coragem - para fazer tudo o que eu quiser. Forte - com tudo o que eu consegui. Mais
humana – sempre. Mais consciente - do outro, de mim, e do que eu quero. Mais
próxima - de mim, do outro, de Deus.”
Depoimento – D12
“Sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento
pessoal. Consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade
ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces:
espiritual, física, emocional, social e mental. Devo destacar o Prazer imenso que
sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias que
faltavam para seu início. Pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior,
descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher.
Me sinto renovada e feliz por te entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas
tão maravilhosas e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma
mesma nave, que vai seguir para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir
cada vez mais. Cada um em sua função especifica nesta nave, se destacando em
alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam
meio obscuros. Uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem
volta em beneficio ao seu semelhante. Agradeço a todos indistintamente e a esta
Força Maior que nos conduz só posso dizer! Graças a Deus."
158
Depoimento – D13
“Ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou
um encorajamento, onde as tomadas de decisões foram muito freqüentes nesta
jornada. Ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha
criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência, que me levou
para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade. Foram 2 anos de
crescimento pessoal e profissional, onde o que prevaleceu foi o encontro comigo
mesmo, que fez com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo
olhar. Obrigado a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais
colegas.”
Depoimento – D14
“Percebo-me hoje, mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser, principalmente
no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do
processo estabelecer novamente esta conexão que a muito tempo estava perdida nas
sombras de meu ser! Porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos,
foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com carinho para elas e
principalmente transformá-las, pois percebi muitas dores e tristezas ainda em meu
ser muito arraigadas, são como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse
tudo solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente, talvez até
mesmo em outro lugar! Mas a transformação espiritual foi muito intensa e
verdadeira!”
Depoimento – D15
“Com toda certeza me sinto curada, transformada, em vários aspectos do meu ser.
Enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou,
me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao
mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava
159
armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras
dimensões.Outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior
profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I. S), me oportunizando o
caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira muito consciente e concreta; me
possibilitando liberações, curas, e um maior auto-conhecimento que me trazem e
me trarão muito mais leveza, segurança, confiança e motivação para outras
mudanças em outros aspectos da minha vida, de maneira a me auxiliar a co-criar
uma existência cada vez mais feliz saudável e abundante e com um desejo imenso
de poder compartilhar todas essas riquezas e curas com todo o planeta, com todas as
criaturas que fazem parte do meu holograma universal! Testemunho também que
foi um tempo de muitas lágrimas tanto de dor quanto de alegria e certamente
inesquecível e maravilhoso de minha jornada cósmica!”
Depoimento – D16
“Como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um novo olhar, que
antes era vivido na dualidade, na separatividade, no julgamento, hoje tenho um
novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim
dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim. Percebo-me também como
um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada
que iniciei, mas que não termina agora. Defrontar-me com minhas sombras, mas
também com minha luz, e a partir desta consciência caminhar na busca da minha
essência, com certeza do retorno à Unidade. Percebo-me hoje como um ser inteiro,
que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo desta jornada ir reconstruindo
solidamente meu ser, a partir dos fragmentos que foram pouco a pouco se
encaixando, como num enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e
do qual todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da Unidade.”
160
Depoimento – D17
“Percebo-me mais calma, feminina e principalmente mais corajosa. As mudanças
mais evidentes foram no meu relacionamento familiar e acredito foram mudanças
que continuarão a acontecer, pois o processo não parou com o término do curso.
Sinto-me mais tranqüila em relação ao futuro, pois sei que cada um tem ou alcança
o que deseja através de esforços individuais, e estou batalhando muito pelos meus
novos objetivos. Evolui espiritualmente e acredito que a minha caminhada está mais
segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal.
Descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.”
Depoimento – D18
“Eu entrei na pós mais interessada no processo de auto-conhecimento do que
visando a aplicação profissional da Psicologia Transpessoal. E o curso se revelou
um processo terapêutico, ajudando bastante. Além de mostrar toda uma área de
aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a
educação, a política, as empresas. Compartilhar de início foi difícil, mas com o
tempo, falar do emocional foi extremamente saudável. Acredito que grande parte da
serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às
dificuldades, provém deste trabalho. O ganho obtido mostra que é esse o caminho a
seguir. Fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade.”
Depoimento – D19
“Percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando
mulher, com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda esta ocorrendo em
minha vida. Cada vez mais desenvolvo meu eu observador e começo a me perceber
nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho e começo em cada movimento
me observar nos 7 passos evolutivos, cada vez de forma mais amorosa com minha
criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo. Mas ao
161
mesmo tempo que em alguns processos sinto-me plenamente no chacra cardíaco,
em outros ainda me percebo na desidentificação com grande dificuldade para atingir
outros níveis, embora minha amorosidade forte e minhas dificuldades estejam cada
vez mais tornando-se maiores.”
Depoimento – D20
“Ao termino do curso em Transpessoal eu sou uma pessoa transformada. No
decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram
no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o
mundo e os fatos do cotidiano. E é claro que todas essas mudanças foram
percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais
diretamente e até por algumas mais distantes. No inicio achei tudo um pouco
complicado, acho que porque peguei o “bonde andando” começando o curso no
quarto modulo, mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a
teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as
idéias e as praticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os
níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito
bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado. As
vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para
casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando tudo e vinham
chegando lentamente durante a semana. Morremos e renascemos muitas vezes
durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado.
A impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que
além de enxergar melhor os acontecimentos posso enxergá-los de um ângulo de
visão diferente, mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se
estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão.
Fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papeis dos envolvidos,
162
inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc. Foi um
período de auto-conhecimento e auto-cura resgate de valores superiores, de partes
essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada, foi realmente um
renascimento para uma vida mais saudável e plena.”
Depoimento – D21
“Cheguei perdida, buscando o meu eixo. Apesar de me sentir perdida estava feliz e
pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora
com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma. Precisava de novos
recursos. No decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as
“novas ferramentas” que me eram apresentadas e precisava me policiar para não
cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é
melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa. Buscava novos recursos
profissionais, mas fui percebendo que não era só isso. A cada módulo eu saia do
lado avesso. Coisas aconteciam, novas percepções da realidade. Situações antigas
ganhavam novas cores e formas. Surgia um novo olhar. Eu já não era mais a
mesma. Hoje me percebo mais inteira. Minha auto-percepção vem melhorando a
cada dia. A percepção que tenho do outro também mudou. Já consigo ser mais
paciente e amorosa. Sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho.
Descobri um jeito novo de caminhar. Ganhei novos recursos profissionais, mas
percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu mesma. Quanto mais me
percebo mais recursos acesso.”
Depoimento – D22
“Eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de
que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras. Percebo também a
transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na
plasticidade. Me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova
163
consciência...Percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida,
a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus
dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto
estava dentro de mim, e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse
transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar
as sete etapas com muito amor no meu coração. Me sinto muito feliz e com muita
gratidão a Deus por me presentear com este caminho.”
Depoimento – D23
“Foi uma experiência de humanização. Venho de uma formação rígida, racional,
cognitiva e pouco afetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso. A cabeça e o
coração sempre estiveram numa luta constante. A P.T (psicologia transpessoal)
ajudou-me a buscar o vivencial, o analógico, o simbólico. Não me desfiz do
racional. Despertei o emocional, o afetivo, o feminino que estavam adormecidos em
mim. A existência passou a ter mais sentido, pois transcendi , olhei para além, é a
visão da totalidade. A visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança
em todas as atividades. Valeu. Com certeza darei continuidade a esses estudos sobre
ciência e espiritualidade.”
Depoimento – D24
“Iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação, um caminho
espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno à minha essência. O curso me
permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens. O
conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo
experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os eventuais
obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento. No
desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um
novo “olhar” antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que
164
pude dar um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco. Nos
relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o
curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser... Sinto, após
essa etapa de conclusão dos módulos, que uma nova etapa se inicia. Uma etapa na
qual terei mais condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao
meu alcance levar. Exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha
vida pessoal com mais inteireza e unidade. Sinto que o amor será e é o guia
condutor em todas as áreas do meu viver”.
Depoimento – D25
“Foram dois anos de grande transformação interna e externa. Externamente mudei
de cidade e casei pela 2ª vez. Também engravidei e atualmente estou caminhando
para o 6º mês de gestação. O curso de transpessoal possibilitou que toda essa
transformação se processasse num nível interno de maior conexão com a minha
essência, de maior harmonia com as mudanças. Resultou numa ampliação da minha
percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante
de toda transformação, assim como com relação aos outros. Também posso dizer
que o curso foi um catalizador, acelerador da assimilação de todo o processo
externo. Com o curso tive um respaldo maior interno, obtive ferramentas, exerciteime e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo. Já tinha a idéia
de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe
coincidência ou acaso. Durante o curso pude experienciar isso em diversos
momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências. Hoje saio com a
convicção, vívida, de que tudo está perfeito, tudo está em sua perfeita ordem.
Conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no
meu cotidiano. Todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser
humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da
165
diversidade e das diferenças. Ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva
das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora
durante o período gestacional. Outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou
foi me instrumentar e colocar na prática o trabalho com os sonhos. Não só meu
como do meu marido. Passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e
valorizar mais essa dimensão, solidificando-a. Enfim, ganhei em auto-conhecimento
e, consequentemente, em auto-estima e auto-confiança. Sinto-me feliz porque
tornei-me ainda melhor ser humano!”
Depoimento – D26
“Me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa, ao longo desses dois anos
pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu
processo por mais difícil que ele fosse. Estou aberta, cheia de sonos e disposta a
faze-los acontecer. No meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o
observador interno, sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando
me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o
amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração. Quando
iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o primeiro mês, me entreguei
e foi um prazer, aguardado. Sinto que estou no caminho passo a passo, quero
caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a
unidade. Colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas. Eu sou uma mulher
sensível, livre, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é
minha meta!”
Depoimento – D27
“Ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente. Hoje
consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os
meus familiares, amigos, trabalho. Consigo entender, reconhecer o que ainda falta
166
para alcançar internamente. Estou mais forte no nível intuitivo também. Insigths,
sonhos, o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano. Todos os trabalhos,
vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de
mim mesma que estava a ser descoberta. Às vezes eu não entendia bem o que
realmente havia ocorrido, o que ficava era uma sensação. Conforme o tempo foi
passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar
algumas decisões, eu pude constatar. E ai vinha o entendimento. Esse curso trouxe
para mim a coragem para ser eu mesma. Validou o que mais de verdade tava em
meu coração, me mostrando que é possível. É possível amar, ser feliz, estar em paz
e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução. Apesar de já
ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal,
ocorre realmente uma síntese. A união em todos os níveis e consequentemente uma
cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo. E muito para ser
revelado, ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz. Me sinto
transformada!”
Depoimento – D28
“Quando cheguei estava com medo ansioso e tinha muitas respostas agora eu me
percebo mais confiante mais espontâneo e num mundo bem maior do que eu
pudesse imaginar que houvesse e agora com muito mais perguntas certo ou errado
agora não faz mais sentido bem e mal também as comparações e julgamentos
perderam o sentido as coisas estão em transformação minhas crenças desejos medos
e temores estão mudando algumas coisas estão sumindo nada continua estou em
transformação consegui muitas ferramentas para mudar eu mesmo as pessoas e
consequentemente o mundo ferramentas que experimentei eu mim mesmo ser
eficaz eu mudei estou mudando para contribuir para mudar o mundo entrei em
contato com muitas feridas algumas foram entendidas e resolvidas outras foram
167
mexidas outras nem se quer sabia que tinha mas a certeza que ficou é que este
trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom pois sei que irei crescer
indefinidamente antes de fazer o curso tinha ido em busca de religião seitas cursos
de autoconhecimento terapias mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto
conteúdo de diferentes linhas aglutinas tudo integrar coisas tão diferentes quanto a
psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio confiante porque graças a
transpessoal eu sei onde buscar sabedoria e autoconhecimento.”
Depoimento – D29
“Hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior percebo
inclusive quando no julgamento que era um dos grandes problemas no meu
aprendizado familiar que hoje se desfaz quase que imediatamente transitar pelas
sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso e consigo enxergar a
humildade que desejo alcançar em cada atitude foi muito forte para mim a presença
dos quatro fatores (REIS) em cada situação pois durante as vivências percebia que
emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de
mergulhar nisso já a intuição as grandes inspirações telepatias foram ficando cada
vez mais freqüentes sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por
esses estados de consciência de mim mesma maior compreensão do outro e
querendo saber cada vez mais.”
168
2. Quadro da classificação
Classificação
Unidades de contexto nos depoimentos
a) sentimento de
retorno do ser
integral/essencial
“...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e
sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2).
“... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu
Superior...” (D4).
“...sinto-me resgatada...” (D5).
“...de um retorno à minha essência...” (D24).
“...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi
como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a
ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez
mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27).
b) sentimento de
renascimento
“...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades,
renasceu em mim e nos outros...” (D5).
“...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as
reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que
durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim
para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7)
“... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez
com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo
olhar...” (D13).
“...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho
claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi
realmente um renascimento para uma vida mais saudável e
plena...” (D20).
c) emergência de
valores do ser
“...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica
menos...” (D2).
“...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais
lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a
vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos
conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos
tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7).
“...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar
amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é
este Presente Precioso...” (D8).
169
“...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais,
me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9).
“...mais humana – sempre...” (D11).
“... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão,
da espiritualidade...” (D13).
“...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17).
“...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser
integral das quais eu andava afastada...” (D20).
“...foi uma experiência de humanização...” (D23).
“...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do
meu viver...” (D24).
“...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...”
(D25).
“...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando
me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor
só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um
servir vindo do coração...” (D26).
“...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me
mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz
e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e
evolução...” (D27).
“...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada
atitude...” (D29).
d) sentimento de
“...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e
segurança/confian não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5).
ça
“...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6).
“...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na
vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7).
“...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com
tudo o que eu consegui...” (D11).
“...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha
caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta
busca da unidade, do amor universal...” (D17).
170
“...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança
em todas as atividades...” (D23).
“...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...”
(D27)
e) mudança no
relacionamento
interpessoal
“...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara,
com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1).
...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e
para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais
claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2).
“...o meu relacionar-se mudou..” (D5).
“...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6).
“...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento
familiar...” (D17).
“...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de
meu caminho...” (D19).
“... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21).
“...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a
minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para
exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24).
“...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro
ser humano e com o divino do outro possibilitando uma
experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25).
“...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas
minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...”
(D27).
f) sentimento de
mudança
“...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os
acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1).
“...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos,
trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito
importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11).
“...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do
emocional foi extremamente saudável...” (D18).
171
“...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte
emocionalmente...” (D27).
“...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas
respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e
num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse
e agora com muito mais perguntas...” (D28).
“...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a
diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez
mais...” (D29).
g) percepção e
compreensão de
si
“...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais
atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar
decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido,
este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...”
(D1).
“...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa,
grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para
descrever a percepção desse momento...” (D2).
“...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar
“gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri
também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo
todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns
momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente
essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3).
“...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em
que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7)
“...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente
finalizando o curso...” (8).
“...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o
quanto tudo foi importante...” (D11).
“...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu
ser..." (D14).
“...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para
os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do
outro dentro de mim...” (D16).
“...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de
esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos
objetivos...” (D17).
172
“...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir
perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento
profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia
tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos
profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21).
“...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o
reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em
possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as
áreas de minha vida...” (D22)
“...não me desfiz do racional...” (D23).
“...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação,
um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno
à minha essência...” (D24).
“...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das
nuances das alterações do meu estado de consciência,
principalmente agora durante o período gestacional...” (D25).
“...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante
de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu
pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27).
“...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram
entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer
sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em
mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer
indefinidamente...” (D28).
h) manifestação
da intuição
“...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e
outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram
crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter
a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno
aprendiz!...” (D5).
“...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths,
sonhos...” (D27).
“...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando
cada vez mais freqüentes...” (D29).
i) ampliação da
auto-percepção e
consciência
“...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em
consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que
iniciei, mas que não termina agora...” (D16).
“...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está
173
ocorrendo em minha vida...” (D19).
“...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem
melhorando a cada dia...” (D21).
“...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação
da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda
transformação, assim como com relação aos outros...” (D25).
“...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também,
as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha
percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior,
percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos
grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se
desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e
consciência de mim mesmo...” (D29).
j) explicitação do
sentimento de
liberdade
“...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se
me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5).
k) valorização do
grupo
“...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de
jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta
jornada...” (D08).
“...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a
gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que
mensalmente...” (D11).
“...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão
espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte
ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em
beneficio ao seu semelhante...” (D12).
l) mudança na
vida
onírica(sonhos
“...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me
instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os
sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir
cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão,
solidificando-a... (D25).
m) mudança e
transformação
“...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2).
“... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...”
(D4).
“...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um
‘trato social...” (D5).
174
“...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...”
(D11).
“... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15).
“...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa
transformada...” (D20).
“...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam,
novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas
cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a
mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21).
“...percebo também a transformação do meu ego que era muito
rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no
caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...”
(D22).
“...foram dois anos de grande transformação interna e
externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também
engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de
gestação...” (D25).
“...me sinto transformada!...” (D27).
“...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos,
medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo
nada continua, estou em transformação...” (D28).
n) aprimoramento
pessoal e
profissional
“...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma
revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o
que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que
se processaram num contínuo...” (D6).
“...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13).
“...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria
com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei
novos recursos profissionais...” D21)
“...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha
vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24).
o) relação entre
prática
profissional e
espiritualidade
p) inefabilidade
(sem palavras)
“...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda
mais ligado a minha espiritualidade...” (D11).
“...emocionada - sem palavras...” (D11)
175
q) sentimento de
gratidão
“...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4).
“...graças à Deus!..” (D5).
“...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a
mudar...” (D8).
“...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos,
ao meu pai...” (D11).
“...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos
conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12).
“....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e
demais colegas...” (D13).
“...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me
presentear com este caminho...” (D22)
r) relação entre
autoconhecimento e
auto-percepção
transpessoal/espir
itual
“...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus,
quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade,
mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que
é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho
evolutivo...” (D7)
“...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais
(humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre
interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas
práticas sociais...” (D9).
“...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto
de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso
de minha jornada cósmica!..” (D15).
“...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei
para além, é a visão da totalidade...” (D23).
s) importância da
teoria (curso)
como elemento
organizador e
estruturante
“...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e
experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e
profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para
atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais
coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais
fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção
mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão,
principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6).
“...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo,
ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para
176
que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que
aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para
agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que
estaremos a fazer...” (D7)
“...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da
espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser
humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social
e mental...” (D12).
“...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o
curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras
perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo
podendo experenciar muitos conceitos que até então estava
armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias
outras dimensões...” (D15).
“...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a
caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu
trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo
“olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em
Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”,
sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos
módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que
estiver ao meu alcance levar...” (D24).
“...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador
da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um
respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso
colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25).
“...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e,
conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em
busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias,
etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto
conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão
diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio
confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar
sabedoria e auto-conhecimento...” (D28).
t) sentimento de
esperança,
expectativa
positiva em
relação ao futuro
“...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo
caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a
esses novos caminhos...” (D3).
“...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4).
“...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para
que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando
continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7).
177
“...e com a sensação de que estas transformações continuarão...”
(D8).
“...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto
comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11).
“...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha
vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez
mais feliz saudável e abundante...” (D15).
“...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o
processo não parou com o término do curso...sinto-me mais
tranqüila em relação do futuro,...” (D17).
“...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21).
“...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...”
(D26).
u) transformação
externa gerada a
partir da
transformação
interna
“...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da
transformação “do dentro”...” (D7)
“...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças
interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas
ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do
cotidiano...” (D20).
“...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu
mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...”
(D28).
v) relação entre
sentimento e
sensação (corpo)
“...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada
começada...” (D8).
“...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o
que ficava era uma sensação...” (D27).
w) conexão com
o sagrado
“...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o
Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado
humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...”
(D3)
“...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê
saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas
vidas...” (D8).
“...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar,
178
amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do
meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D9).
“...principalmente no entendimento da minha conexão com o
Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente
esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu
ser!”..." (D14).
“...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim,
com o divino no meu cotidiano...” (D25)
x) conexão com o
feminino
“...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior,
descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que
passei como mulher...” (D12).
“...percebo-me mais calma, feminina...” (D17).
“...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me
observando mulher,...” (D19).
“...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21).
“...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras
transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia
de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..”
(D22).
“...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam
adormecidos em mim...” (D23).
“...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou
mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria
do amor, esta é minha meta!...” (D26).
y) conexão com o
silêncio
“...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27).
z) aceitação da
vida/viver o
presente
“...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o
desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste
momento...” (D2).
“...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3).
“...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha
vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o
Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9).
“...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito,
179
tudo está em sua perfeita ordem...” (D25).
“...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar
sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente,
rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram
dadas...” (D26).
aa) valorização e
reconhecimento
do físico como
sagrado
“...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar
para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada
da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3).
ab) conexão com
a criança
Divina/Interior
“...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a
minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha
essência, ...” (D13).
“...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando,
deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19).
ac) mais forte e
preparada para
enfrentar desafios
da vida
ad) processo de
cura
“...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com
muito mais ferramentas...” (D4).
“...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que
tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades,
provém deste trabalho...” (D18).
“...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas,
porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada,
caminhando...” (D4).
“...com toda certeza me sinto
liberações, curas,...” (D15).
curada...me possibilitando
“...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura
profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...”
(D27).
ae) aprendizado
contínuo
“...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca
acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2).
“...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também
estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos
recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4).
af) processo de
mudança com
“...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5).
180
preservação do
EU
ag) exp. com as
sete etapas, eixo
exp. e ev. (REIS)
relacionada a
processo de
desenvolvimento
“...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais
ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos
problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1)
“...observando do início até o momento consigo dizer que minha
Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais
integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete
etapas...” (D2)
“...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei
pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação,
transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem
transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo:
relacionamentos, assimilação de informações e conceitos,
posturas, valores, etc...” (D6).
“...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em
uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas
(R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo,
de maneira consciente e concreta;...” (D15).
“...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos
evolutivos,...” (D19).
“...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse
transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a
caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu
coração...” (D22).
“...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a
abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem,
agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas
vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24).
“...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito
prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores
(REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que
emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a
oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29).
ah) aprendizagem
intrínseca
“...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica
transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo
repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6).
“...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo
físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em
181
suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente
durante a semana...” (D20).
“...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu
mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21).
ai) sincronicidade
“...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi
plantada e, agora, precisa germinar...” (D4).
“...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com
algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25)
aj) sentimento
positivo pelo
curso de Pós
Graduação em
Psicologia
Transpessoal
“...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4).
“...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo
módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam
para seu início...” (D12).
“...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que
me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões
foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13).
“...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o
comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...”
(D18).
“...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre
ciência e espiritualidade...” (D23).
“...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o
primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26).
ak) prática da
unidade na
diversidade
“...percebo que formamos uma grande família e colocamos em
prática a unidade na diversidade...” (D4).
“...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em
alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles
valores que estavam meio obscuros...” (D12).
al)
reconhecimento
de aspectos
internos a serem
tabalhados e
transformados
“...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu
coração que isto é apenas passageiro...” (D07).
“...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos,
foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com
carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi
muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são
182
como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo
solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente,
talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14).
“...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me
plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na
desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis,
embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam
cada vez tornando-se maiores...” (D19).
“...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no
sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor
largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21).
“...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco
efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o
coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23).
“...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar
internamente...” (D27).
am) pós
graduação como
processo
terapêutico
“...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando
bastante...” (D18).
“...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim,
através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil
que esse fosse...” (D26).
an) maior
“...eu entrei na pós mais interessada no processo de autointeresse no auto- conhecimento do que visando a aplicação profissional da
conhecimento que psicologia Transpessoal...” (D18).
aplicação
profissional da
transpessoal
ao) aplicação
interdisciplinar da
Psicologia
Transpessoal
“...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende
além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a
política, as empresas...” (D18).
ap)
desenvolvimento
do Eu observador
“...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19).
“...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como
se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a
possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma
situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu,
que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20).
“...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o
183
observador interno...” (D26).
aq) feedback de
mudanças
percebidas pelas
pessoas com as
quais convive
“...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e
comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais
diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20).
ar) valorização da
didática
transpessoal
“...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a
teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação
é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão
sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e
intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em
casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...”
(D20).
“...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o
vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23)
“...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa
transformação se processasse num nível interno de maior conexão
com minha essência, de maior harmonia com as
mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos
momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências...”
(D25).
“...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que
nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...”
(D27).
“...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por
esses estados de consciência...” (D29).
as) dificuldades
por entrar no
curso em
andamento
“...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque
peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto
módulo,...” (D20).
at) ampliação da
visão
“...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os
vejo como oportunidade de crescimento...” (D1)
“...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um
novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade,
no julgamento,...” (D16).
“...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia
de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos
posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20).
184
au) auto“...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão
conhecimento que muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15).
promove
mudanças
“...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20).
saudáveis
“...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em
auto-estima e auto-confiança...” (D25).
av)
experiência/senti
mento de unidade
“...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma
mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas
conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12).
“...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa
riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que
fazem parte do meu holograma universal!...” (D15).
“...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz,
e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência,
com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser
inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo
desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos
fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num
enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual
todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da
Unidade...” (D16).
aw) evolução
espiritual
“...mas a transformação
verdadeira!...” (D14).
espiritual
“...evoluí espiritualmente...” (D17).
foi
muito
intensa
e
185
3. Quadro das categorias prévias
Categorias
prévias
Unidades de contexto nos depoimentos
1) emergência de
valores do ser
com experiências
de renascimento,
resgatando o ser
integral
“...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e
sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2).
“...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica
menos...” (D2).
“... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu
Superior...” (D4).
“...sinto-me resgatada...” (D5).
“...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades,
renasceu em mim e nos outros...” (D5).
“...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as
reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que
durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim
para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7)
“...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais
lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a
vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos
conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos
tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7).
“...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar
amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é
este Presente Precioso...” (D8).
“...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais,
me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9).
“...mais humana – sempre...” (D11).
“... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão,
da espiritualidade...” (D13).
“... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez
com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo
olhar...” (D13).
“...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17).
“...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho
claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi
realmente um renascimento para uma vida mais saudável e
186
plena...” (D20).
“...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser
integral das quais eu andava afastada...” (D20).
“...foi uma experiência de humanização...” (D23).
“...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do
meu viver...” (D24).
“...de um retorno à minha essência...” (D24).
“...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...”
(D25).
“...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi
como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a
ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez
mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27).
“...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando
me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor
só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um
servir vindo do coração...” (D26).
“...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me
mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz
e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e
evolução...” (D27).
“...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada
atitude...” (D29).
2) percepção e
compreensão de
si
“...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais
atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar
decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido,
este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...”
(D1).
“...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa,
grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para
descrever a percepção desse momento...” (D2).
“...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar
“gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri
também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo
todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns
momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente
essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3).
187
“...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em
que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7)
“...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente
finalizando o curso...” (D8).
“...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o
quanto tudo foi importante...” (D11).
“...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu
ser..." (D14).
“...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para
os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do
outro dentro de mim...” (D16).
“...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de
esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos
objetivos...” (D17).
“...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir
perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento
profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia
tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos
profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21).
“...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o
reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em
possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as
áreas de minha vida...” (D22)
“...não me desfiz do racional...” (D23).
“...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação,
um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno
à minha essência...” (D24).
“...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das
nuances das alterações do meu estado de consciência,
principalmente agora durante o período gestacional...” (D25).
“...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante
de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu
pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27).
“...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram
entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer
sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em
mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer
indefinidamente...” (D28).
188
3)
reconhecimento
de aspectos a
serem
transformados
“...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu
coração que isto é apenas passageiro...” (D7).
"...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos,
foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com
carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi
muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são
como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo
solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente,
talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14).
“...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me
plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na
desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis,
embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam
cada vez tornando-se maiores...” (D19).
“...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no
sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor
largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21).
“...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco
efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o
coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23).
“...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar
internamente...” (D27).
4) aspectos
relacionados ás
relações
interpessoais
“...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara,
com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1).
...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e
para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais
claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2).
“...o meu relacionar-se mudou..” (D5).
“...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6).
“...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento
familiar...” (D17).
“...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de
meu caminho...” (D19).
“...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e
comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais
diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20).
“... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21).
189
“...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a
minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para
exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24).
“...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro
ser humano e com o divino do outro possibilitando uma
experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25).
“...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas
minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...”
(D27).
5) mudanças e
transformações
“...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os
acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1).
“...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2).
“... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...”
(D4).
“...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um
‘trato social...” (D5).
“...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...”
(D11).
“...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos,
trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito
importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11).
“... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15).
“...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do
emocional foi extremamente saudável...” (D18).
“...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa
transformada...” (D20).
“...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam,
novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas
cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a
mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21).
“...percebo também a transformação do meu ego que era muito
rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no
caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...”
(D22).
“...foram
dois
anos
de
grande
transformação
interna
e
190
externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também
engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de
gestação...” (D25).
“...me sinto transformada!...” (D27).
“...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte
emocionalmente...” (D27).
“...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas
respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e
num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse
e agora com muito mais perguntas...” (D28).
“...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos,
medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo
nada continua, estou em transformação...” (D28).
“...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a
diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez
mais...” (D29).
6) mudanças
pessoais
“...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5).
“...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da
transformação “do dentro”...” (D7)
“...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças
interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas
ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do
cotidiano...” (D20).
“...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu
mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...”
(D28).
7) processo de
autoconhecimento
“...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas,
porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada,
caminhando...” (D4).
“...com toda certeza me sinto
liberações, curas,...” (D15).
curada...me possibilitando
“...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão
muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15).
“...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20).
191
“...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em
auto-estima e auto-confiança...” (D25).
“...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura
profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...”
(D27).
8) mudança na
vida
onírica(sonhos
“...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me
instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os
sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir
cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão,
solidificando-a... (D25).
9) mudança na
vida profissional
“...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma
revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o
que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que
se processaram num contínuo...” (D6).
“...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda
mais ligado a minha espiritualidade...” (D11).
“...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13).
“...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria
com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei
novos recursos profissionais...” D21)
“...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha
vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24).
10) aspectos
positivos e
saudáveis em
relação ao curso
de Pós Grad. Em
psicologia
Transpessoal
“...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4).
“...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo
módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam
para seu início...” (D12).
“...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que
me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões
foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13).
“...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o
comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...”
(D18).
“...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando
bastante...” (D18).
192
“...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre
ciência e espiritualidade...” (D23).
“...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o
primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26).
“...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim,
através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil
que esse fosse...” (D26).
11)
s) importância da
teoria (curso)
como elemento
organizador e
estruturante
“...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e
experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e
profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para
atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais
coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais
fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção
mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão,
principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6).
“...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo,
ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para
que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que
aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para
agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que
estaremos a fazer...” (D7)
“...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da
espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser
humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social
e mental...” (D12).
“...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o
curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras
perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo
podendo experenciar muitos conceitos que até então estava
armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias
outras dimensões...” (D15).
“...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a
caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu
trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo
“olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em
Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”,
sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos
módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que
estiver ao meu alcance levar...” (D24).
“...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador
da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um
193
respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso
colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25).
“...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e,
conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em
busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias,
etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto
conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão
diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio
confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar
sabedoria e auto-conhecimento...” (D28).
12) valorização
da didática
transpessoal
“...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende
além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a
política, as empresas...” (D18).
“...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a
teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação
é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão
sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e
intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em
casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...”
(D20).
“...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o
vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23)
“...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa
transformação se processasse num nível interno de maior conexão
com minha essência, de maior harmonia com as
mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos
momentos das vivências e do compartilhar dessas dimenssões
vivências...” (D25).
“...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que
nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...”
(D27).
“...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por
esses estados de consciência...” (D29).
13) relações com
processo de
aprendizagem
“...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca
acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2).
“...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também
estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos
recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4).
“...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica
194
transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo
repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6).
“...eu entrei na pós mais interessada no processo de autoconhecimento do que visando a aplicação profissional da
psicologia Transpessoal...” (D18).
“...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo
físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em
suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente
durante a semana...” (D20).
“...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque
peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto
módulo,...” (D20).
“...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu
mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21).
14)exp. com as
sete etapas, eixo
exp. e ev. (REIS)
relacionada a
processo de
desenvolvimento
“...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais
ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos
problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1)
“...observando do início até o momento consigo dizer que minha
Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais
integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete
etapas...” (D2)
“...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei
pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação,
transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem
transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo:
relacionamentos, assimilação de informações e conceitos,
posturas, valores, etc...” (D6).
“...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em
uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas
(R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo,
de maneira consciente e concreta;...” (D15).
“...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos
evolutivos,...” (D19).
“...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse
transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a
caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu
coração...” (D22).
“...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a
abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem,
195
agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas
vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24).
“...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito
prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores
(REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que
emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a
oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29).
15) valorização
do grupo
“...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de
jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta
jornada...” (D8).
“...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a
gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que
mensalmente...” (D11).
“...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão
espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte
ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em
beneficio ao seu semelhante...” (D12).
16)
desenvolvimento
da percepção com
ação do eu
observador
“...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os
vejo como oportunidade de crescimento...” (D1)
“...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em
consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que
iniciei, mas que não termina agora...” (D16).
“...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um
novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade,
no julgamento,...” (D16).
“...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está
ocorrendo em minha vida...” (D19).
“...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19).
“...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como
se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a
possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma
situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu,
que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20).
“...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia
de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos
posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20).
“...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem
196
melhorando a cada dia...” (D21).
“...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação
da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda
transformação, assim como com relação aos outros...” (D25).
“...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o
observador interno...” (D26).
“...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também,
as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha
percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior,
percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos
grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se
desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e
consciência de mim mesmo...” (D29).
17) explicitação
de unidade
“...percebo que formamos uma grande família e colocamos em
prática a unidade na diversidade...” (D4).
“...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em
alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles
valores que estavam meio obscuros...” (D12).
“...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma
mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas
conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12).
“...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa
riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que
fazem parte do meu holograma universal!...” (D15).
“...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz,
e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência,
com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser
inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo
desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos
fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num
enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual
todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da
Unidade...” (D16).
18) expressão de
mais força,
confiança,
segurança
“...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com
muito mais ferramentas...” (D4).
“...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e
não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5).
“...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6).
197
“...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na
vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7).
“...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com
tudo o que eu consegui...” (D11).
“...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha
caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta
busca da unidade, do amor universal...” (D17).
“...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que
tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades,
provém deste trabalho...” (D18).
“...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança
em todas as atividades...” (D23).
“...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...”
(D27).
19) sentimentos
positivos em
relação ao futuro
“...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo
caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a
esses novos caminhos...” (D3).
“...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4).
“...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para
que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando
continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7).
“...e com a sensação de que estas transformações continuarão...”
(D8).
“...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto
comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11).
“...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha
vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez
mais feliz saudável e abundante...” (D15).
“...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o
processo não parou com o término do curso...sinto-me mais
tranqüila em relação do futuro,...” (D17).
“...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21).
“...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...”
(D26).
198
20) aceitação da
vida/viver o
presente
“...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o
desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste
momento...” (D2).
“...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3).
“...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha
vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o
Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9).
“...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito,
tudo está em sua perfeita ordem...” (D25).
“...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar
sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente,
rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram
dadas...” (D26).
21) sentimento de
gratidão
“...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4).
“...graças à Deus!..” (D5).
“...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a
mudar...” (D8).
“...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos,
ao meu pai...” (D11).
“...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos
conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12).
“....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e
demais colegas...” (D13).
“...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me
presentear com este caminho...” (D22)
22)
inefabilidade,
conexão com o
silêncio
“...emocionada - sem palavras...” (D11)
23) experiência
de conexão com
corpo físico
“...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar
para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada
da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3).
“...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27).
“...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada
começada...” (D8).
199
“...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o
que ficava era uma sensação...” (D27).
24) conexão com
o sagrado e
evolução
espiritual
“...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o
Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado
humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...”
(D3)
“...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê
saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas
vidas...” (D8).
“...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar,
amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do
meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D9).
“...principalmente no entendimento da minha conexão com o
Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente
esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu
ser!”..." (D14).
“...mas a transformação
verdadeira!...” (D14).
espiritual
foi
muito
intensa
e
“...evoluí espiritualmente...” (D17).
“...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim,
com o divino no meu cotidiano...” (D25)
25) relação entre
autoconhecimento e
espiritualidade
“...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus,
quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade,
mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que
é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho
evolutivo...” (7)
“...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais
(humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre
interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas
práticas sociais...” (D9).
“...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto
de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso
de minha jornada cósmica!..” (D15).
“...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei
para além, é a visão da totalidade...” (D23).
200
26) conexão com
a criança
Divina/Interior
“...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se
me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5).
“...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a
minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha
essência, ...” (D13).
“...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando,
deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19).
27)
x) conexão com o
feminino
“...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior,
descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que
passei como mulher...” (D12).
“...percebo-me mais calma, feminina...” (D17).
“...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me
observando mulher,...” (D19).
“...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21).
“...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras
transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia
de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..”
(D22).
“...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam
adormecidos em mim...” (D23).
“...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou
mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria
do amor, esta é minha meta!...” (D26).
28)
manifestação da
intuição
“...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi
plantada e, agora, precisa germinar...” (D4).
“...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e
outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram
crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter
a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno
aprendiz!...” (D5).
“...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com
algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25)
“...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths,
sonhos...” (D27).
201
“...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando
cada vez mais freqüentes...” (D29).
202
4. Quadro das categorias finais
Categorias finais
Unidades de contexto nos depoimentos
1) emergência de
valores do ser
com experiências
de renascimento,
resgatando o ser
integral
“...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e
sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2).
“...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica
menos...” (D2).
“... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu
Superior...” (D4).
“...sinto-me resgatada...” (D5).
“...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades,
renasceu em mim e nos outros...” (D5).
“...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se
me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5).
“...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as
reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que
durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim
para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7)
“...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais
lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a
vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos
conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos
tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7).
“...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar
amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é
este Presente Precioso...” (D8).
“...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais,
me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9).
“...mais humana – sempre...” (D11).
“... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão,
da espiritualidade...” (D13).
“... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez
com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo
olhar...” (D13).
“...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a
minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha
203
essência, ...” (D13).
“...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17).
“...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando,
deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19).
“...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho
claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi
realmente um renascimento para uma vida mais saudável e
plena...” (D20).
“...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser
integral das quais eu andava afastada...” (D20).
“...foi uma experiência de humanização...” (D23).
“...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do
meu viver...” (D24).
“...de um retorno à minha essência...” (D24).
“...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...”
(D25).
“...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando
me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor
só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um
servir vindo do coração...” (D26).
“...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me
mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz
e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e
evolução...” (D27).
“...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27).
“...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi
como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a
ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez
mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27).
“...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada
atitude...” (D29).
2) evidência de
percepção e
compreensão
ampliada (autoconhecimento)
“...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais
atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar
decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido,
este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...”
(D1).
204
“...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os
vejo como oportunidade de crescimento...” (D1)
“...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa,
grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para
descrever a percepção desse momento...” (D2).
“...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar
“gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri
também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo
todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns
momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente
essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3).
“...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu
coração que isto é apenas passageiro...” (D7).
“...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em
que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7)
“...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente
finalizando o curso...” (08).
“...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o
quanto tudo foi importante...” (D11).
"...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos,
foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com
carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi
muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são
como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo
solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente,
talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14).
“...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu
ser..." (D14).
“...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em
consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que
iniciei, mas que não termina agora...” (D16).
“...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para
os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do
outro dentro de mim...” (D16).
“...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um
novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade,
no julgamento,...” (D16).
205
“...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de
esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos
objetivos...” (D17).
“...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está
ocorrendo em minha vida...” (D19).
“...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me
plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na
desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis,
embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam
cada vez tornando-se maiores...” (D19).
“...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19).
“...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como
se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a
possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma
situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu,
que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20).
“...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia
de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos
posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20).
“...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir
perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento
profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia
tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos
profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21).
“...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem
melhorando a cada dia...” (D21).
“...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no
sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor
largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21).
“...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o
reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em
possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as
áreas de minha vida...” (D22)
“...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco
efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o
coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23).
“...não me desfiz do racional...” (D23).
206
“...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação,
um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno
à minha essência...” (D24).
“...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das
nuances das alterações do meu estado de consciência,
principalmente agora durante o período gestacional...” (D25).
“...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação
da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda
transformação, assim como com relação aos outros...” (D25).
“...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o
observador interno...” (D26).
“...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante
de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu
pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27).
“...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar
internamente...” (D27).
“...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram
entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer
sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em
mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer
indefinidamente...” (D28).
“...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também,
as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha
percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior,
percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos
grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se
desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e
consciência de mim mesmo...” (D29).
3) mudança no
relacionamento
interpessoal,
emergindo
sentimentos de
valorização
grupal e estados
de unidade
“...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara,
com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1).
...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e
para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais
claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2).
“...percebo que formamos uma grande família e colocamos em
prática a unidade na diversidade...” (D4).
“...o meu relacionar-se mudou..” (D5).
“...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6).
207
“...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de
jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta
jornada...” (D8).
“...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a
gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que
mensalmente...” (D11).
“...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão
espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte
ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em
beneficio ao seu semelhante...” (D12).
“...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando
em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles
valores que estavam meio obscuros...” (D12).
“...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma
mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas
conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12).
“...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa
riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que
fazem parte do meu holograma universal!...” (D15).
“...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz,
e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência,
com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser
inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo
desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos
fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num
enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual
todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da
Unidade...” (D16).
“...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento
familiar...” (D17).
“...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de
meu caminho...” (D19).
“...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e
comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais
diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20).
“... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21).
“...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a
minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para
exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24).
208
“...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro
ser humano e com o divino do outro possibilitando uma
experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25).
“...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas
minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...”
(D27).
4) mudança
pessoal e
profissional
(transformação)
“...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os
acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1).
“...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2).
“... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...”
(D4).
“...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um
‘trato social...” (D5).
“...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5).
“...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma
revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o
que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que
se processaram num contínuo...” (D6).
“...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da
transformação “do dentro”...” (D7)
“...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...”
(D11).
“...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos,
trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito
importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11).
“...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda
mais ligado a minha espiritualidade...” (D11).
“...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13).
“... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15).
“...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do
emocional foi extremamente saudável...” (D18).
“...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa
transformada...” (D20).
209
“...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças
interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas
ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do
cotidiano...” (D20).
“...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam,
novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas
cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a
mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21).
“...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria
com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei
novos recursos profissionais...” D21)
“...percebo também a transformação do meu ego que era muito
rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no
caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...”
(D22).
“...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha
vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24).
“...foram dois anos de grande transformação interna e
externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também
engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de
gestação...” (D25).
“...me sinto transformada!...” (D27).
“...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte
emocionalmente...” (D27).
“...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas
respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e
num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse
e agora com muito mais perguntas...” (D28).
“...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos,
medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo
nada continua, estou em transformação...” (D28).
“...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu
mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...”
(D28).
“...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a
diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez
mais...” (D29).
210
5) validação do
curso de Pós
Graduação em
Psicologia
Transpessoal
“...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e
experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e
profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para
atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais
coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais
fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção
mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão,
principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6).
“...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo,
ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para
que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que
aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para
agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que
estaremos a fazer...” (D7)
“...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da
espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser
humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social
e mental...” (D12).
“...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o
curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras
perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo
podendo experenciar muitos conceitos que até então estava
armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias
outras dimensões...” (D15).
“...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende
além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a
política, as empresas...” (D18).
“...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o
vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23)
“...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a
caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu
trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo
“olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em
Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”,
sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos
módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que
estiver ao meu alcance levar...” (D24).
“...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa
transformação se processasse num nível interno de maior conexão
com minha essência, de maior harmonia com as
mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos
momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências...”
(D25).
211
“...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador
da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um
respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso
colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25).
“...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me
instrumentalizar e colocar em prática o trabalho com os
sonhos...não só meu como de meu marido...passamos a dividir
cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão,
solidificando-a...”(25).
“...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que
nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...”
(D27).
“...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e,
conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em
busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias,
etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto
conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão
diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio
confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar
sabedoria e auto-conhecimento...” (D28).
“...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por
esses estados de consciência...” (D29).
06) referências à
Abordagem
Integrativa
Transpessoal
(sete etapas, eixo
exp. (REIS) e
evolutivo)relacion
ada a processo de
desenvolvimento
“...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais
ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos
problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1)
“...observando do início até o momento consigo dizer que minha
Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais
integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete
etapas...” (D2)
“...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei
pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação,
transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem
transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo:
relacionamentos, assimilação de informações e conceitos,
posturas, valores, etc...” (D6).
“...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em
uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas
(R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo,
de maneira consciente e concreta;...” (D15).
212
“...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos
evolutivos,...” (D19).
“...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse
transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a
caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu
coração...” (D22).
“...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a
abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem,
agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas
vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24).
“...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o
que ficava era uma sensação...” (D27).
“...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito
prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores
(REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que
emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a
oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29).
7) relação entre
cura e autoconhecimento
“...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas,
porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada,
caminhando...” (D4).
“...com toda certeza me sinto curada...me possibilitando
liberações, curas,...” (D15).
“...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão
muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15).
“...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20).
“...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em
auto-estima e auto-confiança...” (D25).
“...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura
profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...”
(D27).
8) aceitação da
vida o presente
com postura
saudável em
relação ao futuro
“...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o
desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste
momento...” (D2).
“...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3).
“...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo
caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a
esses novos caminhos...” (D3).
213
“...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4).
“...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para
que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando
continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7).
“...e com a sensação de que estas transformações continuarão...”
(D8).
“...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha
vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o
Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9).
“...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto
comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11).
“...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha
vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez
mais feliz saudável e abundante...” (D15).
“...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o
processo não parou com o término do curso...sinto-me mais
tranqüila em relação do futuro,...” (D17).
“...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21).
“...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito,
tudo está em sua perfeita ordem...” (D25).
“...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar
sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente,
rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram
dadas...” (D26).
“...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...”
(D26).
9) explicitação da
dimensão
espiritual
“...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o
Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado
humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...”
(D3)
“...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar
para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada
da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3).
“...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus,
quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade,
mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que
é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho
214
evolutivo...” (D7)
“...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê
saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas
vidas...” (D8).
“...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais
(humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre
interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas
práticas sociais...” (D9).
“...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar,
amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do
meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D09).
“...principalmente no entendimento da minha conexão com o
Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente
esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu
ser!”..." (D14).
“...mas a transformação
verdadeira!...” (D14).
espiritual
foi
muito
intensa
e
“...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto
de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso
de minha jornada cósmica!..” (D15).
“...evoluí espiritualmente...” (D17).
“...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei
para além, é a visão da totalidade...” (D23).
“...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim,
com o divino no meu cotidiano...” (D25)
10)
Interdependência
entre virtudes do
feminino e
intuição
“...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi
plantada e, agora, precisa germinar...” (D4).
“...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e
outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram
crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter
a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno
aprendiz!...” (D5).
“...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior,
descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que
passei como mulher...” (D12).
“...percebo-me mais calma, feminina...” (D17).
215
“...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me
observando mulher,...” (D19).
“...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21).
“...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras
transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia
de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..”
(D22).
“...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam
adormecidos em mim...” (D23).
“...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com
algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25).
“...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou
mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria
do amor, esta é minha meta!...” (D26).
“...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths,
sonhos...” (D27).
“...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando
cada vez mais freqüentes...” (D29).
11) emergência
de valores e
cognição S (Ser)
e expressões
afetivas validando
a aprendizagem
da Psicologia
Transpessoal
“...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4).
“...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com
muito mais ferramentas...” (D4).
“...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4).
“...graças à Deus!..” (D5).
“...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e
não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5).
“...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6).
“...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na
vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7).
“...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada
começada...” (D8).
“...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a
mudar...” (D8).
216
“...emocionada - sem palavras...” (D11)
“...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos,
ao meu pai...” (D11).
“...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com
tudo o que eu consegui...” (D11).
“...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo
módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam
para seu início...” (D12).
“...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos
conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12).
“....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e
demais colegas...” (D13).
“...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que
me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões
foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13).
“...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha
caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta
busca da unidade, do amor universal...” (D17).
“...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o
comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...”
(D18).
“...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando
bastante...” (D18).
“...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que
tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades,
provém deste trabalho...” (D18).
“...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me
presentear com este caminho...” (D22)
“...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança
em todas as atividades...” (D23).
“...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre
ciência e espiritualidade...” (D23).
“...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me
instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os
sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir
cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa,
217
solidificando-a... (D25).
“...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o
primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26).
“...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim,
através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil
que esse fosse...” (D26).
“...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...”
(D27).
12) relações com
processo de
aprendizagem
(intrínseca e
extrínseca) e
interesses
relacionados ao
curso
“...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca
acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2).
“...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também
estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos
recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4).
“...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica
transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo
repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6).
“...eu entrei na pós mais interessada no processo de autoconhecimento do que visando a aplicação profissional da
psicologia Transpessoal...” (D18).
“...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a
teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação
é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão
sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e
intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em
casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...”
(D20).
“...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo
físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em
suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente
durante a semana...” (D20).
“...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque
peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto
módulo,...” (D20).
“...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu
mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21).
218
APÊNDICES
1. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (frente)
Depoimento:
Descreva como você se percebe ao final do Curso em Psicologia Transpessoal.
219
2. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (verso)
Autorizo a utilização deste depoimento para fins de pesquisa acadêmica e publicação.
__________________________________
Assinatura
Nome: ________________________________________________________________
Sexo: ( ) F ( )M
Idade:__________Estado civil: _____________________
Faixa de renda mensal: ( ) abaixo de R$ 5.000,00 ( ) entre R$5.000,00 a R$
10.0000,00 ( ) acima de R$ 10.0000,00
Religião ou prática espiritual: ____________________
Escolaridade: ___________________
Graduação: ________________________
Atuação profissional: ____________________________________________________
Curso em transpessoal 18 módulos – total de módulos cursados: ___________________
Grupo: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo,
Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de Freitas,
Rosangela Aparecida Rinaldi, Sandra Sepúlveda e Solange Zecchini.
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valores humanos e transformação num contexto transpessoal