CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal ARLETE DA SILVA VALORES HUMANOS E TRANSFORMAÇÃO NUM CONTEXTO TRANSPESSOAL Campinas/SP. 2008 II CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal ARLETE DA SILVA VALORES HUMANOS E TRANSFORMAÇÃO NUM CONTEXTO TRAPESSOAL Monografia apresentada no Curso de PósGraduação em Psicologia Transpessoal Lato Sensu do CESBLU – Centro Educacional de Blumenau & ALUBRAT – Associação Brasileira de Transpessoal como requisito para obtenção do título de Especialista em Psicologia Transpessoal. Campinas/SP. 2008 III Agradeço a Deus e as Hierarquias Divinas que tornam possível a realização de obras na Terra. IV SUMÁRIO Folha de Rosto ............................................................................................................... II Agradecimento ............................................................................................................. III Sumário ........................................................................................................................ IV Lista de Gráficos .......................................................................................................... VI Lista de Quadros ........................................................................................................ VII Lista de figuras .......................................................................................................... VIII Resumo ......................................................................................................................... IX Introdução .................................................................................................................... 01 Capítulo I - Psicologia Transpessoal .......................................................................... 10 1. Contextualização ..................................................................................... 10 2. Abraham Maslow .................................................................................... 14 3. Pierre Weil ............................................................................................... 20 Capítulo II - Abordagem Integrativa Transpessoal ................................................. 25 1. Sistematização ...................................................................................... 26 1.1. Conceito de unidade .......................................................................... 28 1.2. Conceito de vida ................................................................................ 29 1.3. Conceito de ego ................................................................................. 31 1.4. Estado ou níveis de consciência ........................................................ 33 1.5. Cartografias da consciência ............................................................... 38 1.6. Aspecto dinâmico: eixo experiencial e evolutivo .............................. 41 2. Técnicas utilizadas na didática transpessoal ......................................... 46 Capítulo III – A Dimensão do Feminino e na Psicologia Transpessoal .................. 53 Capítulo IV – Educação e Valores Humanos ............................................................ 79 1. Educação e valores – Abraham Maslow ............................................... 85 V 2. Educação Sathya Sai Baba: sobre valores humanos para crianças e jovens .........................................................................................................83 3. Educação para o Ser Integral ................................................................ 88 Capítulo V - Trajetória Metodológica ....................................................................... 96 1. Coleta de dados ..................................................................................... 98 2. Análise de conteúdo ............................................................................ 100 2.1. Pré-análise ....................................................................................... 100 2.2. Exploração do material .................................................................... 102 2.3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação .......................... 102 2.4. Codificação ...................................................................................... 102 2.5. Descrição dos dados obtidos ............................................................ 102 Capítulo VI - Análise e Interpretação dos Resultados ........................................... 104 1. Classificação e categorização dos dados obtidos ............................... 104 2. Tratamento, inferência e interpretação dos resultados ....................... 114 2.1. Reflexões das interpretações ........................................................... 133 Considerações Finais ................................................................................................. 138 Referências Bibliográficas ........................................................................................ 148 Anexos ......................................................................................................................... 151 1. Depoimentos .............................................................................................. 151 2. Quadro da classificação ............................................................................. 168 3. Quadro das categorias prévias ................................................................... 185 4. Quadro das categorias finais ...................................................................... 202 Apêndices .................................................................................................................... 218 1. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (frente) ............... 218 2. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (verso) ................ 219 VI LISTA DE GRÁFICOS Gráfico nº 1: Aspecto Dinâmico .................................................................................... 27 Gráfico nº 2: Cartografia da Consciência ...................................................................... 39 Gráfico nº 3: Eixo Evolutivo e Estados de Consciência ................................................ 45 Gráfico nº 4: Sete Etapas de Desenvolvimento ............................................................. 50 VII LISTA DE QUADROS Quadro nº 1: Quadro da Classificação Inicial .............................................................. 106 Quadro nº 2: Quadro das Categorias Prévias ............................................................... 110 Quadro nº 2: Quadro das Categorias Finais ................................................................. 113 VIII LISTA DE QUADROS Figura nº1 : Pirâmide das Necessidades de Maslow ..................................................... 17 Figura nº 2: Corpo Teórico ............................................................................................ 26 Figura nº 3: Articulação da Teoria e da Técnica ........................................................... 27 IX RESUMO SILVA, Arlete da. Valores humanos e transformação num contexto transpessoal. Campinas/SP. : CESBLU – Centro de Estudo Superior de Blumenau & ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal, 2008. 219p. A presente monografia versa sobre a Psicologia Transpessoal aplicada à educação sob o enfoque da Didática Transpessoal, segundo a Abordagem Integrativa Transpessoal desenvolvida pela Dra. Vera Saldanha. Os princípios da Psicologia Transpessoal caracterizam-se pela visão antropológica do homem enquanto ser biopsico-sócio-cultural-espiritual e cósmico e estudo da consciência. A Abordagem Integrativa Transpessoal apresenta aspectos estruturais delineados pelo seu corpo teórico que inclui conceito de vida, ego e unidade, estados e cartografia da consciência; aspecto dinâmico constituído pelo eixo experiências (REIS) e evolutivo; e dinâmica integrativa articulada em sete etapas: reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, transformação, elaboração e integração. Sua aplicação é transdisciplinar e destina-se às áreas da saúde, educação e instituições. Este é um trabalho de conclusão da Pós Graduação em Psicologia Transpessoal por meio de uma pesquisa qualitativa segundo o método da Análise de Conteúdo de Laurence Bardin, que se mostrou satisfatório e adequado para explorar e delinear os conteúdos implícitos nos depoimentos dos alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal do CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT – Associação Luso Brasileira de Transpessoal – Campinas/SP., que tiveram seu processo de aprendizagem pautado pela Abordagem Integrativa Transpessoal. Objetivamos identificar transformações ocorridas, relações com a Abordagem Integrativa Transpessoal, emergência de valores do Ser e manifestações do arquétipo do feminino nos alunos ao final do curso. Constatou-se significativo processo de transformação, revelando auto-conhecimento, desenvolvimento e aprimoramento pessoal e profissional, com mudanças saudáveis nas relações interpessoais. Verificou-se emergência de valores do Ser, postulados por Maslow, revelando mudanças onde os alunos se percebem mais plenos de amor S, metamotivados, com percepção ampliada, melhor visão de futuro e conexão com a espiritualidade. Observaram-se emergência de qualidades do feminino reveladas em expressões e trocas com perspectivas amorosas, cooperativas e intuitivas. Surgiram dados relevantes quanto a Abordagem Integrativa, validando esta didática na aprendizagem extrínseca e intrínseca, corroborando com práticas interdisciplinares. Todos os objetivos da pesquisa foram alcançados e podemos concluir que o curso ofereceu aos alunos não só uma nova abordagem profissional, mas também uma educação integral que propiciou desenvolvimento psicológico, humano, ético e espiritual. Palavras-chave: Psicologia Transpessoal, Didática Transpessoal, educação, transdisciplinaridade, valores humanos, feminino, espiritualidade. 1 INTRODUÇÃO Ao refletirmos sobre a realidade globalizada que temos hoje no planeta, percebemos que cada vez mais se descortina diante do homem e das sociedades a carência de valores e processos de transformação no âmbito individual e coletivo. Não é mais segredo que chegamos a um momento crítico da humanidade, momento este que está colocando em jogo o destino do ser humano e do próprio planeta. Observamos nas últimas décadas a emergência da necessidade na mudança de paradigma1. Diferentes correntes filosóficas têm apresentado teorias que revelam um novo olhar da ciência sobre o homem e das diferentes realidades existentes, denunciando a fragmentação e nos convidando a caminhar em direção à unidade. Um ser humano é a parte do todo, por nós chamado de ‘Universo’ - uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta a si próprio, a seus pensamentos e emoções como algo separado do restante – como um tipo de ilusão de óptica da consciência (Eistein, A. in Vaughan, F. 1985, p. 13). Temos observado uma cultura emergente que propõe a renovação social por meio da transformação dos seres que a compõem, por meio de mudanças profundas na consciência individual e coletiva, num processo ascendente rumo a uma nova mentalidade. Surge uma cosmo visão que integra conquistas atuais da ciência, com heranças culturais antigas advindas do campo científico, filosófico e tradições religiosas. Nossos meios de comunicação veiculam diariamente fatos relacionados à violência, destruição, guerras, corrupção, doenças, exploração desregrada, desrespeito, agressão, miséria, fome, crueldades, enfim um planeta cheio de chagas, necessitando de 1 Paradigma é um modelo ou padrão. Segundo Moraes; la Torre (2004), um paradigma rege a maneira como pensamos e o modo como usamos nossa lógica. São os parâmetros que regem nossos pensamentos e ações. 2 cuidados e mudanças resgatando valores humanos e apropria humanização de pessoas e sociedades. Observamos uma insatisfação geral e continuamente surgem pessoas buscando formas diferentes de realizar, usando de muita criatividade, às vezes com parcos recursos, deixando claro o desejo de mudança e transformação. Um número cada vez maior de seres buscam a unidade essencial do ser, visando despertar seus valores essenciais na tentativa de contagiar outros seres na convivência, atuação pessoal e profissional, a buscar uma forma mais harmônica e plena de relacionamento a níveis pessoal, profissional, social e planetário. Riane Eisler (1994) nos fala sobre o momento atual em termos de valores masculino e feminino de uma forma que pode perfeitamente ser extrapolada para todos os níveis atuais: “É uma época empolgante – uma época de crise e oportunidades, uma época a que os teóricos denominam período de desequilíbrio e, portanto, de transformação potencial dos sistemas” (Eisler in Zweig, 1994, p. 92). Nesse contexto, a Psicologia tem se revelado uma área de conhecimento emergente com significativa importância no âmbito dos novos saberes revelados no século XX, impôs se como disciplina autônoma e foi reconhecida no meio acadêmico. No esforço de legitimar-se enquanto ciência, a Psicologia Ocidental inicia sua trajetória numa perspectiva experimental, surge a “primeira força”2 da psicologia denominada Behaviorismo3. A seguir teremos no trabalho de Sigmund Freud, a “segunda força” denominada Psicanálise4. Ao longo da maior parte do século XX essas duas forças permaneceram soberanas na psicologia ocidental. 2 Ver Weil, P. et al. Pequeno tratado de psicologia transpessoal. Petrópolis : Vozes, 1978, p. 29. Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.187. 4 Ver FADIMAN, J.; FRAGER, R. Teorias da personalidade. São Paulo: Harbra, 1986, p.2. 3 3 Em meados da década de 1950, nos Estado Unidos, a Psicologia Humanista5 surge como a “terceira força” da Psicologia, ampliando o enfoque de suas antecessoras, trazendo como campo de investigação da Psicologia o Potencial Humano. Na década de 60 do século XX, surge a Psicologia Transpessoal como “desmembramento” da Psicologia Humanista. Anunciada por Abram Maslow em 1968, quando lança a segunda edição de seu livro “Introdução a Psicologia do Ser”e oficializada por Abram Maslow,Vitor Frankl, Stanilav Grof, James Fadiman e Antony Suthi, em 1968 e este evento foi anunciado por Antony Sutch em seu artigo Transpersonal Psychology. O modelo Transpessoal dedica-se ao estudo e aplicações dos diferentes estados da consciência em direção à unidade fundamental do ser, reconhece o significado das dimensões espirituais da psique e apresenta uma cosmo visão da realidade. O transpessoal é uma transformação do ser para uma melhor pessoa melhor, contribuindo assim para uma sociedade melhor. A visão de mundo na Transpessoal é um todo integrado, em harmonia, formando uma rede de inter-relações de todos os sistemas existentes no Universo. Nesse sentido, considera o que é, o que foi e o que será, trazendo para o universo da psicologia um novo paradigma. “Um novo Paradigma implica um princípio que sempre existiu, mas do qual não nos apercebíamos” (Marilyn Fergusom in Silva, 2004, p. 47). O movimento transpessoal congrega diversas disciplinas e apresenta interrelação com a transdisciplinaridade6, uma vez que integra o conhecimento comum a várias disciplinas em torno de uma temática. 5 Ver FRICK B. W. Psicologia Humanista. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975. Transdisciplinaridade definido por Assmann (1998, p 182) como enfoque científico e pedagógico que torna explícito o problema de que um diálogo entre diversas disciplinas e áreas científicas implica necessariamente uma questão epistemológica (Silva, 2004, p. 70). Segundo Nicolescu (1999), o prefixo “trans” indica ao mesmo tempo entre, através e além de qualquer disciplina. 6 4 Compreendemos que a transdisciplinaridade pode ser uma diretriz extremamente eficaz, no processo educacional contemporâneo. Esta abordagem garante um processo de aprendizagem criativa, auto-organizadora onde, o elemento norteador é o aluno e o aprender obedece a um fluxo. Segundo Moraes e la Torre (2004) cada viajante descobre o caminho ao caminhar, determinando a escolha da rota a cada instante. Este pensamento converge para o novo paradigma da Educação no século XXI, que será abordado no Capítulo IV desta monografia. O curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Lusa Brasileira de Transpessoal, coordenado pela Dra. Vera Saldanha, está em consonância com este novo paradigma e destina a formar profissionais de diferentes áreas. Além de ser uma especialização em Psicologia Transpessoal, a didática utilizada é a Didática Transpessoal da Abordagem Integrativa Transpessoal, desenvolvida e defendida na tese de doutorado da Dra. Vera Saldanha pela Universidade de Campinas em 2007. Observamos algumas características relevantes, não só na didática utilizada no curso, mas também no próprio processo de aprendizagem, onde se fez “alinhar” de forma precisa e criativa o paradigma da Transpessoal e da transdiciplinaridade. Além de coordenar durante todo o processo a aprendizagem extrínseca e intrínseca7. Enquanto alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, nos submetemos à Didática Transpessoal e ao final do curso, no último módulo, houve um momento de reflexão promovido pela coordenadora do curso pautado pela seguinte questão: Como vocês se sentem ao final do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal? 7 Ver gráfico nº 11: Didática Transpessoa (Saldanha, 2006, p. 226). 5 O que ouvimos a seguir, como resposta a questão proposta, foi uma enxurrada de depoimentos e falas pessoais e breves, mas plenas de citações de mudanças, transformações, curas, aprimoramentos sob vários aspectos. Foi unânime e enfático que o curso trouxe o resgate e a emergência de valores do ser, ampliação de consciência, sentido de unidade, mudanças e transformações saudáveis. Durante a discussão percebemos no grupo uma ânsia por compartilhar e expandir os benefícios individuais e coletivos trazidos pelo curso. A coordenadora sugeriu uma pesquisa para um trabalho de conclusão de curso sobre o tema e espontaneamente perguntou entre os presentes aqueles que teriam interesse em assumir este projeto. Entre os 35 alunos do curso 10 pessoas manifestaram interesse em explorar esta questão. Formou-se então uma equipe constituída por: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo, Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de Freitas, Rosangela Aparecida Rinaldi, Sandra Sepulveda e Solange Zecchini. Na mesma data o grupo se reuniu e estabeleceu um cronograma de trabalho. 1 - pesquisa bibliográfica; 2 - coleta de dados; 3 - análise de conteúdo; 4 - reflexões e interpretações do grupo; 5 – considerações finais individual; 6 – apresentação final da monografia individual. As etapas seriam realizadas em encontros da equipe na Alubrat-Campinas durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas foram compartilhadas entre 6 todos da equipe, com comunicação e envio de material produzido no período entre um encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado entre todos. O trabalho final de cada um poderia variar na apresentação física, considerações finais, refinamento na correção das normas acadêmicas, notas de rodapé, gráficos e seguir de complementos individuais. Contudo todos os trabalhos seriam constituídos dos mesmos capítulos e com os mesmos dados de pesquisa. Sentimos-nos mobilizados para estarmos por meio deste trabalho contribuindo para explorar e conhecer os efeitos produzido nos educando pela Abordagem Integrativa da Psicologia Transpessoal, que pautada por um processo de aprendizagem teóricoprático mobiliza processos de auto-conhecimento, auto-cura, expansão de consciência, emergência de valores e virtudes do ser, enfim, de promover a evolução do ser humano/divino . Refletimos sobre a importância de validar a metodologia da Abordagem Integrativa Transpessoal de Vera Saldanha, para que não seja considerada esotérica ou mística pela sociedade “normótica”. Uma vez que, a jovem abordagem busca compreender e desenvolver o ser bio-psico-social-cultural-espiritual, vem como resposta a um novo tempo, com novas exigências, frente a uma realidade expandida e quântica, é contextualizada e fundamentada em parâmetros acadêmicos e científicos desde o século XIXX. William James (1842-1910) psicólogo americano notável e um dos percussores da Psicologia Transpessoal, apresentou-nos “A Psicologia da Consciência” (Fadman, 1986), com conceitos e pesquisas sobre comportamento e consciência humana envolvendo aspectos biológicos, psíquicos, sociais e experiências advindas de diferentes estados de consciência, tidas até então como “religiosas”. 7 Nossa intenção é que a aplicação dessa abordagem seja cada vez mais difundida, para oportunizar as múltiplas transformações exigidas pelo atual momento planetário. Este trabalho trata, portanto, da travessia de profissionais, de transformações potenciais que levaram alunos de um curso de pós-graduação em Psicologia Transpessoal em direção à unidade fundamental do ser. A motivação inicial fundamentou-se num questionamento e investigação para identificar quais transformações se processaram no universo pessoal, individual, profissional e coletivo dos alunos. E, se tais mudanças estavam relacionadas com o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal. Estabelecemos como objetivos: 1. Objetivo geral: - identificar se ocorreu transformações nos formandos da Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e possíveis relações com a didática utilizada. 2. Objetivos específicos: - descrever transformações que possam ter ocorrido; - identificar se ocorreu transformações no âmbito pessoal; - identificar se ocorreu transformações no âmbito profissional; - verificar possível relação entre as transformações ocorridas e a didática utilizada; - observar se as transformações promoveram emergência dos valores do Ser; (Maslow)8; - perceber se há manifestação de virtudes e valores no âmbito do arquétipo do feminino. Após realizarmos a introdução do tema, justificativa e objetivos, definimos que a metodologia escolhida seria a.análise de conteúdo segundo Bardin. A questão apresentada aos depoentes fora: Descreva como você se percebe ao final do Curso em Psicologia Transpessoal. 8 Ver MASLOW A. H.. Introdução à psicologia do ser. Rio de Janeiro: Eldorado Tijuca, [s.d.], p.189. 8 Os depoentes foram 29 alunos, regularmente matriculados, no curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu, turma de2006-2007 do CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Luso Brasileira de Transpessoal. Ver anexo 1. No capítulo I estaremos tecendo considerações sobre a Psicologia Transpessoal, apresentaremos um breve histórico, conceitos e abrangência dessa abordagem. Ressaltamos as contribuições de Maslow e percussores no Brasil como Pierre Weil, Márcia Tabone e Vera Saldanha. Contemplamos no capítulo II, aspectos relevantes da Abordagem Integrativa Transpessoal de Dra. Vera Saldanha. Apresentamos um breve histórico, sua sistematização com os conceitos teóricos básicos aspectos estruturais e as principais técnicas utilizadas. Discorreremos no capítulo III, sobre a dimensão do feminino enquanto arquétipo e correlações com a Psicologia Transpessoal, destacando contribuições de Leloup, Woolger e Maturana. Ressaltamos no capítulo IV, aspectos relevantes da educação e sua importância aos valores humanos que norteiam diferentes sociedades. Trata-se de um contexto onde a Didática Transpessoal tem muito a corroborar para despertar criatividade, potencial e emergência de valores S, aprimorarem relacionamentos no contexto educacional e social. A trajetória metodológica está apresentada no capítulo V. Nele discorreremos sobre a metodologia da análise de conteúdo segundo Bardin, revelamos princípios elementares dessa metodologia e nossa trajetória na análise de conteúdo. Já no capítulo VI, com base nos dados obtidos pela análise de conteúdo, apresentaremos a classificação, categorização, tratamento, inferência, interpretação dos resultados e reflexões das interpretações. 9 Nas considerações finais estão apresentadas as conclusões e reflexões da autora em particular deste trabalho, pois o conteúdo dos demais capítulos é resultado de um trabalho e realizado em equipe, conforme citado anteriormente. Ao final, apresentamos as referências bibliográficas, anexos e apêndices. 10 CAPÍTULO I PSICOLOGIA TRANSPESSOAL Talvez na próxima geração de psicólogos mais jovens esperançosamente libertos das proibições e resistências universitárias, haja alguns que ousarão investigar a possibilidade de haver uma realidade lícita, que não está exposta aos cinco sentidos, uma realidade que pode ser percebida e conhecida somente quando somos passivamente receptivos em vez de ativamente inclinados a conhecer. É um dos desafios mais excitantes postos à psicologia. Carl Rogers. 1. Contextualização Enunciado pela primeira vez, na área da Psicologia, por Carl Gustav Jung, em 1916, o termo transpessoal, utilizando a palavra überperson e uberpersönlich, em 1917, cujos respectivos significados são supra pessoa e supra pessoal. Coube a Maslow, a explicitação dos princípios básicos da Psicologia Transpessoal enunciada no ano de 1968, no prefácio da Segunda edição de seu livro “Toward a Psychology of Being”, momento em que ocupava a presidência da Americam Psychological Association e presidente do Conselho do departamento de Psicologia de Brandeis University (gestão de 1968/69). Foi em 1968 que Antony Sutich anunciou a Psicologia Transpessoal como a quarta força da psicologia, resultante do desdobramento da Psicologia Humanística, publicando no jornal “Journal of Humanistic Psychology um artigo entitulado Transpersonal Psychology na Emergeng Force. Inicialmente o termo utilizado era Psicologia Transhumanistica (Transhumanistic Psychology), mas foi realmente em início de 1968 que o termo Transpessoal foi usado em substituição ao de “Transhumanistic” e como opção em relação a outros diferentes termos como os de “Ortho-Psychology” ou “SelfPsychology”. 11 Além de Abrahan Maslow e Antony Sutich, também participavam deste movimento Viktor Frankl, Stanislav Grof e James Fadiman. É importante salientar que em nenhum momento o aspecto pessoal foi ou deve ser excluído em sua importância, mas sim ampliado. O prefixo “trans”9 vem justamente para trazer esse sentido de ampliação, de integração, reconhecendo o Ser em sua Unidade, além de seus comportamentos, pensamentos e emoções. Para Wilber a transpessoal traz um aspecto de complementaridade dos diversos pontos de vista e que a definição fica muito melhor se vista como integradora dos “três olhos do conhecimento”, ou seja, sensorial, introspectivo-racional e contemplativo, o que a diferencia das outras disciplinas onde se define em um desses aspectos e ignora o resto. Provavelmente é por esse aspecto que Weil correlacione a transpessoal com a transdiciplinaridade que é onde ocorre o encontro de várias disciplinas do conhecimento em torno de uma temática comum. “A transdisciplinaridade transforma a arrogância do saber na humildade da busca” (Dambrósio in Silva, 2004, p. 66). O movimento transpessoal, integrando textos das mais diversas disciplinas dentre elas Filosofia, Física, Antropologia, Sociologia, Neurologia, Biologia entre outras, se dedica à inclusão e ao estudo das experiências transpessoais, fenômenos correlatos e suas aplicações. A experiência transpessoal, segundo Walsh e Vaughan pode definir-se como “aquela em que o senso de identidade ou do eu ultrapassa (trans + passar = ir além) o individual e o pessoal a fim de abarcar aspectos da humanidade, da vida, da psiquê e do cosmo” (Walsh e Vaughan in Saldanha, 2006, p. 11). A psicologia Transpessoal é o estudo e prática psicológica dessas experiências na saúde, educação, organizações, instituições, incluindo não só sua natureza, 9 O prefixo “trans” indica aquilo que está ao mesmo tempo, entre, através e além (Nicolescu, 1999, p. 46). 12 variedades, causas, efeitos e seu desenvolvimento, bem como a sua manifestação na filosofia, arte, cultura, educação, religiões, etc. Vera Saldanha, em sua tese de doutorado (2006), cita a definição de Pierre Weil para a Psicologia Transpessoal como: Um ramo da Psicologia especializada no estudo dos estados de consciência, lida mais especificadamente com a “Experiência Cósmica” ou estados ditos “Superiores” ou “ampliados” da consciência. Estes estados de consciência consistem na entrada numa dimensão fora do espaço-tempo tal como costuma ser percebida pelos nossos cinco sentidos. É uma ampliação da consciência comum com visão direta de uma realidade que se aproxima muito dos conceitos de física moderna (Weil in Saldanha, 2006, p. 12). Assim, a Psicologia Transpessoal apresenta pressupostos diferenciados no campo da Psicologia, explora diferentes estados da consciência, aspectos ontológicos, a dimensão Sef, valores e potenciais evolutivos, bem estar bio-psico-socio-espiritual, inclui na experiência humana sua dimensão espiritual. Resultante de um movimento iniciado nos Estados Unidos, particularmente na Califórnia, na década de 1960, a Psicologia Transpessoal tornou-se conhecida pela denominação da “quarta força” em psicologia, após o Behaviorismo, a Psicanálise e a Psicologia Humanista. Entretanto lembramos que encontramos que os postulados da Psicologia Transpessoal foram anteriormente explorados no trabalho de Willian James (1842-1910) denominado de “A Psicologia da Consciência” (Fadman, 1986). O Behaviorismo, “primeira força”, contempla principalmente os aspectos comportamentais do ser humano, porém nega o valor da introspecção e rejeita tudo o que não pode ser mensurável, replicável ou observável pelos cinco sentidos. A psicanálise, “segunda força”, amplia esses conhecimentos e traz o conceito de inconsciente por Sigmund Freud onde ele utilizava a analogia do iceberg, onde sua parte visível corresponderia a apenas um terço do todo e a parte submersa corresponderia a instintos, pulsões que determinavam o comportamento e motivações mais profundas do ser humano e era justamente essa parte submersa que Freud chamou de inconsciente. 13 A Psicologia Humanista, terceira força, surge como oposição à orientação mecanicista e reducionista dos movimentos anteriores, também conhecida como “Movimento do Potencial Humano”, englobando as habilidades de mudanças e crescimentos individuais, ampliando assim seu enfoque perante as teorias acima citadas. Para a Psicologia Transpessoal o homem é visto como um ser bio-psico-social, cósmico e espiritual, restabelecendo a possibilidade de viver a unidade fundamental homem-cosmos, ampliando aspectos do desenvolvimento psíquico que já eram contemplados pelos segmentos anteriores da psicologia, porém de forma mais limitada. O reconhecimento da existência do nível transpessoal da consciência e das experiências ligadas a esse nível, entendidas como aspectos intrínsecos da natureza humana e de que todo indivíduo tem o direito de escolher ou de modificar o seu “caminho” para atingir os objetivos transpessoais, foi fundamental para o desenvolvimento da “quarta-força” (Tabone, 1988, p. 99). De acordo com Tabone (1988) a Psicologia Transpessoal oportuniza a união da moderna pesquisa científica da consciência com a tradição espiritual “viva” tanto ocidental quanto oriental. Como conseqüência dessa aceitação e da importância atribuída à dimensão espiritual da vida humana, vários psicólogos humanistas passaram a se interessar por uma série de estudos até então negligenciados pela Psicologia Humanistas, tais como: o êxtase, as experiências místicas, a transcendência, a consciência cósmica, a teoria e a prática de meditação e a sinergia interindividual e interespécies (Grof in Tabone, 1988, p. 99). Entendendo-se por tradição espiritual “viva” aqueles conhecimentos ligados ao self que não foram contaminados por desejos “egóicos” e por hierarquias de poder e, por isso, mantêm-se até os dias de hoje, com certa “pureza” de valores espirituais. Não podemos deixar de lembrar que a “institucionalização” das tradições espirituais, tanto ocidental quanto oriental, foi o que provocou a perda do seu sentido transcendental original. Levando a uma inversão de valores, uma vez que, aquele que deveria ser o “veículo”, o representante da tradição, passou a ser o “centro” ocupando 14 espaço mais importante do que a própria transmissão da tradição, gerando distorções pela predominância de aspectos “egóicos” humanos. Todas as tradições não corrompidas têm em comum a visão integradora do homem, do universo e da sua própria integração homem-universo. Portanto, o interesse nos princípios originais das tradições espirituais, é motivado pela constatação da própria ciência que, no princípio, desenvolveu-se numa linha materialista e que à medida que aperfeiçoou novos métodos e aparelhos verificou que a consistência da matéria é ilusória e que, na realidade, o que existe são partículas energéticas, atômicas e subatômicas, e o vazio, que é na verdade o campo universal da consciência pura (Tabone, 1988). A seguir discorreremos brevemente sobre alguns ícones da Psicologia Transpessoal. 2. Abraham Maslow Psicólogo norte americano, no início de sua carreira foi inspirado pela psicanálise, interessou-se pela psicologia experimental e social e foi um estudioso da psicologia da Gestalt (Fadman, 1986). Considerado um dos fundadores da Psicologia Humanista e Percussor da Psicologia Transpessoal. O grande diferencial de Abraham Maslow para uma Psicologia mais ampla e humanisticamente orientada, é de proporcionar elementos a uma psicoterapia e a uma educação capazes de resgatar os aspectos saudáveis do ser, os quais dão significado, riqueza e valorização da vida. Quanto mais aprendemos sobre as tendências naturais do homem, mais fácil será dizer-lhe como ser bom, como ser feliz, como ser fecundo, como respeitar-se a si próprio, como amar, como preencher as suas mais altas potencialidades (Maslow, [s.d.], p. 29). Além dos mecanismos de defesa descritos pela psicanálise, Maslow acrescenta a dessacralização, um mecanismo de defesa do ego o qual ele denominou de “Complexo 15 de Jonas”. Percebe uma recusa do indivíduo em realizar suas plenas capacidades ao evitar a responsabilidade que seria exigida por uma maior conscientização e expressão do real (Maslow, 1996). Maslow afirmava que o homem seria um ser com habilidades, capacidades e poderes adormecidos e que o adormecimento acontece não só por termos aspectos patológicos, mas também por bloquearmos esses elementos saudáveis inerentes a todo e qualquer ser. A impossibilidade, ou dificuldade, de expressarmos nossa criatividade e de atualizarmos nossos potenciais como ser humano realizado, traz como conseqüência as neuroses. “Sem o transcendente e o transpessoal, ficamos doentes, violentos e niilistas, ou então vazios de esperança e apáticos. Necessitamos de algo “maior do que somos”, que seja respeitado por nós próprios e as que nos entreguem num novo sentido [...] (Maslow, [s. d.], p. 12). Essa é uma reflexão que podemos dizer ser bem atual, basta olharmos a situação do nosso planeta, onde vivemos as violências em seus diversos aspectos, guerras declaradas ou não declaradas, porém concretas, acontecendo ao nosso redor, às injustiças, a situação precária em que grande maioria da população vive atualmente, a fome, entre outras carências e violências. Faz-se mister lembrarmos que os enfoques pioneiros do campo transpessoal incluem polaridades imanentes e transcendentes do continuum da consciência humana e sua aplicação prática auxilia o homem no direcionamento do processo de integração de si mesmo através dos níveis pessoais e transpessoais de sua natureza. Há dois conjuntos de forças puxando o indivíduo, não uma apenas. Além das pressões no sentido do desenvolvimento e da saúde, existem também pressões regressivas, geradas pelo medo e a ansiedade, que o empurram para a doença e a fraqueza. Não podemos avançar para um “alto Nirvana” nem retroceder para um “baixo Nirvana” (Maslow, [ s.d.], p. 197). A valorosa e imensurável contribuição de Maslow para a Psicologia Transpessoal teve um caráter importantíssimo para a fundamentação dos princípios 16 básicos da mesma, desenvolveu estudos com caráter acadêmico científico cujos principais postulados apresentaremos objetivamente a seguir (Fadman, 1986). a) auto-atualização: ao estudar e analisar a vida, valores, e atitudes de pessoas consideradas saudáveis e criativas, define como auto-atualização a capacidade do indivíduo em usar e explorar plenamente seus talentos, capacidades, potencialidades e habilidades. Não seriam pessoas perfeitas, mas aquelas que apesar das limitações persistem nos objetivos. Não existem seres humanos perfeitos! Pode-se encontrar pessoas que são boas. Realmente muito boas, na verdade excelentes. Existem, na realidade, criadores, videntes, sábios, santos, agitadores e instigadores. Este fato, com certeza, pode nos dar esperança em relação ao futuro da espécie, mesmo considerando que pessoas desse tipo são raras e não aparecem às dúzias. E, ainda assim, estas mesmas pessoas às vezes podem ser aborrecidas, irritantes, petulantes, egoístas, bravas ou deprimidas. Para evitar a desilusão com a natureza humana, devemos antes de mais nada abandonar nossas ilusões a este respeito (Maslow in Fadman, 1986, p. 264). Para Maslow a auto-atualização é um processo que se revela quando as pessoas experimentam a vida de modo intenso, pleno, desinteressado, com plena atenção e total absorção da experiência; suas escolhas visam o crescimento; sintonização com a natureza interior, o self; revelam honestidade e assumem responsabilidades sobre seus próprios atos; confiam em si mesmas e são capazes de realizar escolhas “melhores”; desenvolvimento contínuo das próprias habilidades; experiência de experiências culminantes; reconhecer e trabalhar as próprias defesas. b) experiências culminantes: são momentos felizes e excitantes na vida de todas as pessoas, normalmente emergem a partir da experiência do amor, vivência junto à natureza e contato com a arte. [...] Nestes momentos, estamos mais integrados, inteiros, conscientes de nós mesmos e do mundo. Em tais momentos pensamos, agimos e sentimos mais claro e acuradamente. Amamos e aceitamos mais os outros, estamos mais livres de conflitos interiores e ansiedades e mais capazes de usar nossas energias de modo construtivo (Maslow in Fadiman, 1986, p. 265). 17 Ao legitimar essas experiências, que Maslow criou um novo referencial conceitual na psicologia, pois é fato que até então a psicologia não reconhecia fenômenos dessa natureza sem a isenção de um traço patológico ou de superstição de massa. c) experiência platô: trata-se de uma experiência que envolve uma mudança fundamental na atitude do ser, afeta a visão de mundo, emerge uma consciência mais ampliada. Maslow identifica estas características em indivíduos que passam pela iminência da morte. d) a transcendência da auto-atualização: é um aspecto observado por Maslow nas pessoas auto-atualizadas que transcenderam. Suas experiências místicas ou culminantes são as mais importantes de suas vidas, denotam caráter holísco, unitivo, são inovadores, originais, sintetizadores, humildes e honestos. Normalmente revelam saúde psicológica, produtividades e capacidade de integrar-se ao essencial. d) hierarquia de necessidades: para Maslow existem necessidades, que para o ser humano, quando não satisfeitas, podem desencadear desajustamento psicológico, é o que ele denominou “doenças de carência”. Por outro lado, a satisfação dessas necessidades promove cura e saúde. As necessidades descritas por ele são: Fogira nº1: Pirâmide das necessidades de Maslow Fonte: www.pedrassoli.psi.br, acesso em 24/06/2008. 18 e) metamotivação: está relacionada à satisfação do que Maslow denominou de metanecessidades, onde o indivíduo apresenta senso de justiça, perfeição, beleza, verdade, etc. e busca satisfazer tais necessidades. É o tipo de motivação mais comum nas pessoas auto-realizadas, refere-se a ideais ou metas em relação a algo ou alguém, inclui um sentido de identidade, carreira meritória, compromisso com valores tão essenciais quanto às necessidades básicas. Porém se revela como um contínuo de tais necessidades. A não satisfação das metamotivações ocasiona as metapatologias, que se refere à falta de valores, sentido ou realização na vida. f) queixas e metaqueixas: as queixas são manifestações que denunciam que as necessidades básicas não foram satisfeitas, enquanto que as metaqueixas se referem à carência de satisfação das metanecessidades. Tais queixas revelam que o ser humano luta pelo seu crescimento e saúde, ao mesmo tempo, que podem ser um termômetro para se avaliar a qualidade de vida de uma comunidade. g) motivação de Deficiência e do Ser: motivação de Deficiência (D) inclui necessidade de mudar o estado atual de algo por estar insatisfatório ou frustrante para o indivíduo. Enquanto que a motivação do Ser (S) refere-se ao prazer, satisfação e alegria de no presente o indivíduo busca uma atividade de crescimento ou metamotivação, cuja gratificação tem o fim em si mesma. h) cognição de Deficiência e do Ser: o indivíduo movido pela cognição de deficiência (D) tem seus objetivos voltados para satisfazer necessidades para atingir objetivo resultante. Quando estas necessidades são fortes, o indivíduo tende a orientar sua percepção e pensamento de maneira a ter consciência no ambiente, apenas dos aspectos relacionado à satisfação de tal necessidade. Por outro lado, na cognição do Ser (S) o indivíduo na sua percepção permanece desprovido de interesses pessoais, não julga, compara, avalia e nem distorce, é mais rica, plena e completa. Existe um senso de valorização do que é com uma postura 19 contemplativa ou observação passiva, ao mesmo tempo, o indivíduo pode agir e até alterar a realidade. i) valores de Deficiência do Ser: embora pouco explorado por Maslow os valores de Deficiência (D), os define como uma condição humana dualista, individualizada, pragmática, que controla e julga. Movidos pelos valores de Deficiência o indivíduo percebe e reage em termos pessoais. Muito diferente, os valores do Ser (S) são intrínsecos10 e supremos na natureza humana. Nas experiências culminantes ocupam o lugar dos valores pessoais e são tomados como representantes do mundo. Entre os valores S anunciados por Maslow temos: verdade, bondade, beleza, totalidade, transcendência, vivacidade, unicidade, perfeição, necessidade, inteireza, justiça, ordem, simplicidade, riqueza, tranqüilidade, alegria e auto-suficiência (Maslov, [s. d]). j) amor de Deficiência e do Ser: amor de Deficiência (D) é o amor por aquele que supre uma necessidade, o amor é intensificado na medida da satisfação da carência, seja ela de estima, sexo, atenção, gratificação, etc. Enquanto que o amor do Ser (S) é pela essência do Ser do outro, compreende a uma dimensão incondicional, é rico, satisfatório, duradouro e tende a provocar experiências culminantes. k) eupsiquia: termo utilizado por Maslow para designar uma sociedade “ideal”, constituída por indivíduos psicologicamente saudáveis e auto-realizadores, capazes de buscar o desenvolvimento pessoal, realização pessoal e profissional. l) sinergia: termo foi utilizado inicialmente por Ruth Benedict, professora de Maslow e significa ação combinada (cooperação) e harmonia interpessoal, ou de elementos, que resulta num efeito global maior que se os elementos ou indivíduos separados. Também pode se referir ao próprio indivíduo, como unidade entre o pensar-sentir-agir. 10 Advindos da natureza interior do indivíduo. 20 Maslow apresentou uma teoria da motivação e do desenvolvimento humano que representam pressupostos básicos da Psicologia Transpessoal, apresenta uma visão psicológica, filosófica, educacional e espiritual, permeada pelo biológico e institucional. Observa-se em seu trabalho a interdependência entre indivíduo e sociedade saudável/patológico como uma unidade indivisível. Nesse contexto, sugere como aspectos relevantes a psicoterapia, o auto-conhecimento e a educação como principais fatores de saúde em uma sociedade. Aponta como desafio humano na vida particular, nas instituições e na sociedade, resgatar o sagrado na educação, uma vez que esta deve ser mais do que uma somatória organizada de disciplinas, disponibilizando informações. Há que se estabelecer relações saudáveis entre educador, educando e saber, resgatando um sentido profundo do sagrado. Declara que necessitamos de um sistema permeado de valores humanos no qual possamos acreditar e devotar (Maslow, [s.d.]). 3. Pierre Weil Além de Maslow outros ícones trouxeram valorosas contribuições para a Psicologia Transpessoal, dentre eles Pierre Weil, um dos percussores desta abordagem no Brasil. Pierre Weil é um ser notável, especial para nós. Primeiro, pela extensão e profundidade de sua obra na Pedagogia; na Psicologia das organizações, do trabalho, das relações humanas, dos testes, das avaliações; do Psicodrama; da Transpessoal; da Tanatologia (abordagem sobre morte) e da educação para paz. (Saldanha, 2006, p. 79). Abordaremos na seqüência, de maneira sintética, porém, sem o intuito de desmerecer ou desvalorizar a importância de sua contribuição para a Psicologia Transpessoal, pois, com certeza, Pierre Weil produziu conhecimento, que é hoje, material para muitas pesquisas em temas significativos em diversos segmentos como na educação, saúde, relações interpessoais e educação para a paz. Também evidenciaremos alguns conceitos de Maslow que foram explorados por Weil. 21 Em sua trajetória, Weil criou vários testes como o Inventário de Inteligência não Verbal (INV), escreveu vários livros voltados para o relacionamento interpessoal, psicodrama, organizações, orientação vocacional, consciência, regressão, Psicologia Transpessoal, entre outros temas, tornando-se referência nacional e internacional. Foi um dos precursores do psicodrama no Brasil, onde escreveu um dos primeiros livros com o prefácio do próprio Moreno. Foi um dos redatores na fase do anteprojeto para a criação do Curso de Psicologia em universidades brasileira e dos Conselhos Regionais. Ocupou uma cátedra de Psicologia Social na Universidade Federal de Belo Horizonte e, em 1978, em Psicologia Transpessoal, nessa mesma universidade. Doutorou-se em Psicologia na Sorbonne, em 1972, com a tese em Psicologia Transpessoal “Esfinge, estrutura e símbolo do homem” com menção honrosa. Segundo Weil [...] “a esfinge seria um modelo de estrutura do ser humano e das ciências humanas [...] a esfinge clássica é composta de quatro partes: o boi, o leão, a águia e o homem” (Weil, 2001, p. 56). Desenvolveu outros trabalhos focando a sexualidade, a psique e os estados não usuais da consciência, entre eles, as experiências culminantes, Nessa incursão à área da consciência, Pierre Weil aliou a sua formação cientifica às buscas pessoais. É, sobretudo, a partir das descrições de experiências da consciência cósmica que se pode ter uma idéia do que se trata, confrontando estas experiências, consegue-se aos poucos formar uma imagem sincrética da experiência, embora em linguagem que nem sempre traduz inteiramente a natureza e a intensidade do fenômeno (Weil, 1997, p. 23). Em 1978, Weil preside o IV Congresso Internacional e desenvolve o trabalho desse novo ramo da Psicologia, a transpessoal. Foi convidado a lecionar essa disciplina no Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais. Autor de 22 muitos títulos e pesquisas nessa área, organizador e apresentador do curso de Transpessoal, intitulado Cosmodrama, hoje ampliado como “A Arte de Viver a Vida”. Além de co-organizador e presidente de Congressos Internacionais de Transpessoal, membro-fundador e presidente de honra de Associações de Psicologia Transpessoal, entre elas a Alubrat (Associação Luso Brasileira de Transpessoal). Um dos fundadores da Universidade Holística Internacional de Brasília, a UNIPAZ com o apoio de Monique Thoenig (da Universidade Holística de Paris) e de Jean Yves Leloup, psicólogo, Phd em Transpessoal, autor de inúmeros títulos nessa área. No ano de 1988 elabora uma teoria sobre a gênese da destruição da vida no Planeta e sobre os princípios e abordagens que possibilitam um novo método de Educação para a Paz, utilizando-se, para esse modelo, da linguagem da Psicologia Transpessoal (Weil, 2001). A trilogia integrativa de três aspectos da Paz, propostas por Weil nos seus programas educativos são: a) a Paz consigo próprio (Ecologia e Consciência individual), sobre os planos do corpo, das emoções e do espírito; b) a Paz com os outros (Ecologia e Consciência Social), sobre os planos da economia, da sociedade e política e da cultura; c) a Paz com a natureza (Ecologia e Consciência do Universo), sobre os planos da matéria, da vida e da informação. Segundo Saldanha, (2006), Pierre Weil estabelece uma analogia entre as Hierarquias de Necessidades e Valores de Maslow com as Necessidades e Valores evidenciadas em cada Centro do Desenvolvimento Humano nesse referencial. As necessidades fisiológicas e de segurança são correlacionadas ao primeiro centro vital; as necessidades de amor e afeto, ao segundo; as necessidades de estima relacionadas ao 23 terceiro; as de auto-realização, onde já incluem valores como verdade, bondade, beleza e justiça estão relacionadas ao quarto centro vital. A meta necessidades de Maslow relaciona-se ao quinto, sexto e sétimo centro vital considerado os três centros superiores. Podemos sugerir que, talvez, o sétimo centro vital esteja relacionado ao que Maslow denomina como indivíduos meta realizado e transcendente; aqueles que vivenciam, com maior freqüência, experiência culminante no mais alto grau, o da unidade ou consciência cósmica, e elas são prioridades em suas vidas, assim como a vivência dos valores que se relacionam a esse nível. Weil (1989) afirma que, de acordo com o estado de consciência, cada indivíduo tem uma percepção da realidade. Os indivíduos podem perceber a mesma realidade de forma diferente, o que gera crenças, valores e atitudes distintas em relação a si próprias e ao mundo externo. [...] o mundo chamado exterior físico, biológico e social podem ser vividos em esdado de consciência de vigília ou em estado de consciência de sonho. Em estado de vigília os níveis de realidade serão percebidos tais quais os conhecemos; no estado de sonho, um latido de cachorro se transforma em uma sirene [...] (Weil, 1989, p. 33). Por generalização, podemos dizer que se diferentes estados de consciência permite ao homem diferentes percepções de uma mesma realidade, o mesmo paradigma se aplica à produções cientifica. Se nossa percepção da realidade difere conforme o nosso estado de consciência, forçosamente a nossa ciência difere também conforme o nosso estado de consciência. Como o afirma Charles Tart (1975), a nossa ciência clássica é uma ciência elaborada por pessoas em estado de consciência de vigília e fundamentada nos cinco sentidos e no raciocínio formal [...] dominado pelos instintos, pelas emoções e pela mente ( Weil, 1989, p. 3334). Nesse contexto, a PsicologiaTranspessoal se presentifica em um momento de transição e integração de saber em uma nova etapa da ciência e do conhecimento humano. Longe de ser uma teoria concluída e hermética, é uma disciplina jovem e com 24 certeza faz parte das pesquisas de ponta sobre o desenvolvimento da mente humana, com promissoras perspectivas. Assim sendo, não podemos deixar de citar a grande contribuição que Vera Saldanha, psicóloga contemporânea, que nos traz contribuições significativas no sentido de validar a Psicologia Transpessoal como ciência. Baseada nos estudos, pesquisas e observações dos principais ícones da Psicologia Transpessoal, entre eles Maslow, Weil, Snailav Grof, Charles A. Tart Assagioli, Moreno, Fadman, Jean-Yves Leloup, entre muitos outros11, Vera Saldanha sistematizou e desenvolveu uma didática chamada Abordagem Integrativa Transpessoal, onde contempla em seu aspecto dinâmico os eixos evolutivo (sete etapas) e experiencial (R.E.I.S) e no aspecto estrutural nos traz o Corpo Teórico Transpessoal, com seus cinco elementos: Conceito de Unidade, Conceito de Vida, Conceito de Ego, Estados de Consciência e Cartografia da Consciência. A Abordagem Integrativa será apresentada com seus principais pressupostos no capítulo II. Vera Saldanha ministrou vários cursos de Formação em Psicologia Transpessoal em vários estados brasileiros e no exterior. Recentemente esse curso foi ampliado e reconhecido pelo MEC e transformado em Pós-Graduação Lato Sensu, onde se utiliza da didática por ela desenvolvida, trazendo os conceitos da Psicologia Transpessoal de forma teórico vivencial. 11 Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006). 25 CAPÍTULO II ABORDAGEM INTEGRATIVA TRANSPESSOAL A Brisa do alvorecer tem segredos para lhe contar, não volte a dormir. Você tem de pedir o que realmente deseja. Não volte a dormir. As pessoas estão cruzando o limiar da porta onde os dois mundos se tocam... A porta está totalmente aberta... Não volte a dormir. Rumi. A Abordagem Integrativa Transpessoal foi desenvolvida a partir da experiência pessoal e profissional de Vera Saldanha, que após 15 anos ministrando cursos no Brasil e no exterior sentiu a necessidade de criar um trabalho de forma sistematizada tanto na teoria quanto na prática. Esse sistema foi desenvolvido de maneira que desse suporte e sustentação ao processo educacional e facilitasse a compreensão daquilo que fosse vivenciado durante seus cursos. O que? Como? Onde? Por quê? Construiu-se um sistema com conceitos da Psicologia Transpessoal, ampliandoos e os apresentando de forma estrutural e dinâmica, para que pudesse ser utilizado na saúde, nas instituições, na área clínica, educacional e que também permitisse clarear quais os conceitos que subsidiam a fala, a escuta e intervenções num processo terapêutico, educacional e de auto-conhecimento. A elaboração deste conhecimento em psicologia passou a ser denominado Abordagem Integrativa Transpessoal, e sua forma de ensiná-la Didática Transpessoal. No processo de elaboração da Abordagem Integrativa ocorreu a emergência de novos conceitos que já estavam implícitos, porém não evidenciados. Dentre eles o eixo experiencial e eixo evolutivo inerentes à prática transpessoal, assim como o principio da transcendência12. O prefixo "trans" significa "através de" e "muito além de", assim o principio de transcendência indica um impulso em direção ao despertar espiritual que perpassa a 12 Ver tese de doutorado (Saldanha, 2006). 26 humanidade do ser, a própria pulsão da vida, de morte e para além delas. O principio de transcendência envolve a natureza psicológica, descrita por Freud, ampliada por Maslow e por Pierre Weil (Saldanha, 2006). 1. Sistematização A Abordagem Integrativa Transpessoal é composta por dois aspectos básicos, o estrutural e o dinâmico. O aspecto estrutural é composto por cinco elementos que formam o corpo teórico da Abordagem Integrativa Transpessoal. São eles: conceito de unidade, conceito de vida, conceito de ego, cartografia da consciência e estados de consciência. Simbolicamente representados da seguinte maneira: Conceito de Unidade Conceito de Ego Cartografia da Consciência Conceito de Vida Estados de Consciência Figura nº 1: Corpo teórico Fonte: Saldanha, 2006, p. 107. Os cinco elementos que compõem o corpo teórico da Psicologia Transpessoal simbolicamente correspondem à espinha dorsal e cabeça, dando estruturação e sustentação ao trabalho transpessoal, que visa o desenvolvimento pleno do Ser. Conceito de vida e de ego, cartografia da consciência e estados de consciência são 27 sustentados pelo conceito de unidade. Todo processo terapêutico visa resgatar a unidade do ser. Enquanto aspecto dinâmico é composto por dois elementos, sendo eles: eixo evolutivo e eixo experiencial. Graficamente estão apresentados a seguir e simbolicamente representam a interdependência entre experiência e processo o evolutivo. Eixo Evolutivo Eixo Experiencial Gráfico nº 1: Aspecto dinâmico Fonte: Saldanha, 2006, p.107. Todos esses elementos articulados pelo terapeuta ou educador por meio de diferentes técnicas, formam a base da Abordagem Integrativa e podemos representar metaforicamente esta dinâmica com símbolo da pirâmide ou a forma geométrica do triângulo. A teoria e a técnica ocupariam a base da pirâmide e o terapeuta ou educador ocuparia seu ápice. Observemos a figura abaixo. Terapeuta Teoria Figura nº 2: Articulação da teoria e da técnica Fonte: Saldanha, 1999, p. 40. Técnica 28 1.1. Conceito de unidade A base da Psicologia Transpessoal é a unidade fundamental ou da não fragmentação do ser, de onde partem e para onde convergem todos os recursos desta abordagem. Para melhor compreendermos esse conceito, podemos conceituar unidade como a propriedade indivisível do ser e a vivência desse estado permitem ao indivíduo experimentar estados de paz, confiança, entrega, resultando em estados de desapego, serenidade e harmonia. Quando abordamos a unidade cósmica, referimo-nos ao fim da dualidade, das polaridades. É o todo, é o absoluto, é a plena luz. Nesse nível, inexiste tempo e espaço. É um eterno agora, um eterno ser-único, indivisível. E, simbolicamente, é a cabeça e a espinha dorsal desse corpo teórico (Saldanha, 1999, p. 42). Parafraseando Saldanha (1999), o conceito da física moderna descreve uma visão não fragmentada do ser, mostra que o todo contém as partes e que as partes contêm o todo. Nós contemos o todo e estamos contidos nele. “Ken Wilber adota o termo absoluto para designar essa Unidade. [...] pode ter diferentes nos, tais como: Brahma, Deus, Inteligência Suprema e outros. Na teoria psicanalítica Bion inclui no seu referencial, de forma similar, o termo absoluto” (Saldanha, 1999, p. 43). Segundo Saldanha (1999) Jung dizia que as religiões se desenvolvem como meio para os homens conhecerem as potencialidades de ação e pensamento inerentes à verdadeira estrutura da psique humana, ao que ele denominou arquétipos. Victor Frankl um dos fundadores da Psicologia Transpessoal diz: Saúde mental e salvação: dois objetivos bem diferentes, e para atingi-los, dois processos bem diferentes, mas quanto aos subprodutos, aos efeitos colaterais, não intencionais, desses processos, acontece algo interessante. Sem demasiado esforço, a religião contribui indubitavelmente muito para a saúde mental, ao oferecer ao homem a segurança, o sentimento de estar ancorado no absoluto. E estranhamente algo de comparável acontece em qualquer genuíno processo de psicoterapia. Pois embora a psicoterapia, como tal, não tente nem deva influir na vida religiosa de seu paciente, um dos subprodutos de um bom tratamento psicoterapêutico é o restabelecimento no homem de um vínculo com a divindade (Frankl in Saldanha, 1999 p. 44). 29 Quando o indivíduo ignora que ele faz parte da unidade, ele se apega aos objetos de prazer e passa a ter medo de não tê-los, medo de perdê-los ou medo de não reavê-los, manifesta estados desarmônicos e experimenta sentimentos de tensão e ansiedade, o que pode provocar uma baixa resistência imunológica levando às doenças auto-imunes, patologias cardíacas, síndromes mentais entre outras. Não ficar apegado a situações ou atitudes circunstanciais, ou seja, identificado com a rotina diária como sendo a única realidade, permite ao indivíduo vivenciar esse sentimento de unidade e desenvolver uma percepção mais ampla e adequada para a sua vida. Quando o homem reconhece essa dimensão espiritual, resgata a sua inteireza e vivencia o sentimento de unidade com o cosmo, isto gera um estado mais harmonioso e de paz, levando-o a novas reflexões sobre o conceito de vida. 1.2. Conceito de vida O que é vida? Segundo Pierre Weil é um pulsar contínuo no qual nascer, morrer e renasce, fazem parte de um processo. Possibilita mudar ou ainda, rever valores e crenças do indivíduo, o qual é um ser transformador de energia em um sistema evolutivo com eterna continuidade. “[...] a matéria viva é ela mesma um transformador de energia [...]. O corpo vivo é uma máquina que transforma a soma de energia recebida em outras manifestações dinâmicas equivalentes” (Jung in Weil, 1989, p. 15). Conceituar vida é algo complexo, pois não sabemos definir onde, exatamente, ela se inicia ou termina, basicamente, o que caracteriza a vida na visão transpessoal é a dimensão atemporal. Saldanha (2006) utilizou o referencial de Weil para conceituar vida num contexto transpessoal. 1. Existem sistemas energéticos inacessíveis aos nossos cinco sentidos, mas registráveis por outros níveis de percepção. 2. Tudo na natureza se transforma e a energia, que a compõe, é eterna 3. A vida começa antes do nascimento e continua depois da morte física. 4. A vida mental e a vida espiritual formam um sistema suscetível de se desligar do corpo físico. 30 5. A vida individual é inteiramente integrada e forma um todo com a vida cósmica. 6 - A evolução obtida durante a existência individual continua depois da morte física. 7. A consciência é energia, que é vida, no sentido mais amplo: não apenas a vida biológica, física, mas também a da natureza, a do espírito, a vidaenergia, infinita nas suas mais diferentes expressões. A vida, que é eterna, ilimitada, que sempre existiu. Desconhecemos sua origem e nem sequer podemos imaginar, de forma concreta, o seu fim; é inesgotável, uma fonte que jorra incessantemente, na suas mais diferentes manifestações (Saldanha, 2006, p. 112). Sob o aspecto psicológico, a vida é pautada por duas etapas inerente a todo ser vivo em seu processo de evolução que são a morte e o renascimento. Morrer e renascer, a vida é pautada desta verdade, morre a flor para nascer o fruto, morre a lagarta para nascer a borboleta, morre o rio para renascer no mar. “Em Transpessoal a morte é a transição, a passagem de uma forma para outra, acrescendo elementos de maior alcance na escala universal e mantendo a essência indivisível do elemento anterior que consiste na vida em si própria” (Saldanha, 2006, p.112). Ao apresentar o conceito de vida, Saldanha (1999), inclui aspectos teóricos de H. Kubler Ross, a qual nos apresenta em cinco etapas as experiências em vida dos indivíduos diante da morte, seja ela emocional ou física. 1. Negação, não-aceitação. 2. Revolta, sofrimento e cólera. 3. Barganha: na tentativa de nos enganarmos, agarramo-nos a algo que nos pareça importante, fazemos propostas de trocas entre vida e morte, debatemo-nos. 4. Depressão: por constatarmos que algo se esvai, exaure irreversivelmente. 5. Aceitação: ao elaborarmos a morte, vivenciando-a com todas os seus matizes e a sutilezas, a magia se dá (Saldanha, 1999, p. 47-8). Observamos que o conceito de vida nos convida a entrar em contato com tudo que a vida pode nos oferecer, e nesse contexto, todas as experiências estão a serviço do processo de desenvolvimento e evolução do ser. [...] Quando vencemos nossas vicissitudes e apegos, o nosso ego ilusório, vivenciamos toda a plenitude, ressurgindo a vida por detrás da morte. Essa é a vida plena e abundante, que nos nutre a cada instante, é uma força que está além das aparências, além dos fatos circunstanciais; algo que, simplesmente, é, com presença, força e poder; inerente em todo processo de aprendizagem, inclusive na morte, a qual testemunha permanentemente o caráter efêmero 31 da existência humana ao mesmo tempo que nos desperta a procurar o que não está submetido ao nascimento e a morte (Saldanha, 2006, p.113). 1.3. Conceito de ego Na psicologia transpessoal, o ego se caracteriza como um constructo mental, ilusório, que tem a tendência de solidificar a energia mental em uma barreira, a qual separa o espaço em duas partes: eu e o outro. É necessário, instrumenta a realidade e a psique, é responsável pelo processo secundário13. No entanto, não representa a totalidade das experiências humanas; em algumas delas precisa dissolver-se a fim de que o indivíduo se torne um com tudo, sentindo seu ser essencial. O eu transpessoal é uma consciência em evolução que se manifesta além dos elementos biopsíquicos e sociais que caracteriza a personalidade, integrando níveis evolutivos superiores, elementos perenes, espirituais, universais e cósmicos, os quais constituem a individualidade, que é o ser essencial e integral. (Assagioli, 1993). A proposta da psicologia transpessoal é permitir que do “velho ser humano” nasça o novo ser, aquele que é sábio, aquele que vivencia a unidade cósmica. Ele sente que faz parte dela e que ela está contida nele e que há uma interdependência entre as coisas e os seres no universo. É nessa ruptura com a dualidade rígida que permite redimensionar o conceito do ego. Fala-se muito da necessidade de "matar" o ego, mas é preciso que tenhamos clareza quanto a esse processo de morte, pois, trata-se de uma profunda transformação onde ocorre uma ampliação de consciência, mudando a percepção da realidade, que é na verdade essa reconecção que se faz com o ser essencial. Muitas vezes esse processo de morte do ego, é confundido, e o indivíduo entende que é preciso destruí-lo, onde ocorre, na verdade a negação do ego. 13 Processo primário e secundário são termos da teoria psicanalítica (Brenner, 1987). 32 Leloup (1997) diz que quando o ser é capaz de transitar entre luz e sombra, ele integra as polaridades e Maslow (s.d.), afirma que o que nos faz adoecer é a negação de nossas potencialidades que é a natureza essencial do ser. Na Psicologia Transpessoal o trabalho de morte e renascimento traz ao ser, a possibilidade de conectar com suas experiências, dando-lhe sentido à vida, integrando suas polaridades, transcendendo o ego, e vivenciando o que existe. As funções do ego passam a ter uma importância relativa, seu aspecto interior adquire maior valor, e o indivíduo torna-se saudável, e vive a totalidade de seu ser. Segundo Leloup (1997), o estado mental que antecede a criação do ego, é chamado de "unidade indiferenciada", que é esse espaço amplo, livre, luminoso que está ligado a uma inteligência primordial e é chamado de indiferenciado, justamente por não haver consciência desse espaço. Quando os processos do ego adquirem supremacia e controlam sua psique, há perda de si mesmo, de sua natureza essencial. Observamos que Saldanha (2006) nos apresenta o processo de construção do ego se dá em cinco etapas: 1. Dualidade: quando tomamos consciência de um eu no espaço amplo, solidificamos esse eu e deixamos de sentir-nos um só com esse espaço mental, gerando o eu e o outro separado. É a primeira etapa do desenvolvimento do ego. 2. Sensação: a dualidade cria a possibilidade de projetar no outro a sensação de que ele nos é agradável ou desagradável, ou ainda que somos indiferentes ao outro. 3. Reações impulsivas: a partir da constatação da sensação, segue-se a ela a reação impulsiva correspondente: apego ao que é agradável, repulsa ao desagradável e neutralidade ao indiferente. Até esse estágio, o processo é instintivo. Quanto mais o indivíduo estiver identificado com suas sensações e reações impulsivas, limitado aos cinco sentidos como canais sensoriais perceptivos, mais sua reação será autômata. 4. Conceito intelecto: a quarta etapa do desenvolvimento psicológico do ego envolve a ação do intelecto, que torna a estrutura do ego mais aperfeiçoada e mais forte. Apenas o processo instintivo é insuficiente para a segurança do ego, o qual necessita do intelecto para oficializar sua situação, julgando, classificando como certo, errado, bom, mal e assim por diante. O intelecto oficializa a situação do ego, pondo-lhe um nome de eu, o eu da personalidade, estabelece rótulos como, por exemplo: eu não gosto, eu gosto, eu sei, etc. Ao estabelecer o conceito, diminuem-se as chances de o indivíduo viver a experiência direta, plena e verdadeira, visto que existe o pré-conceito, a pré suposição. 5. Mente Consciente: para manter os processos instintivos e intelectuais, o ego necessita de um mecanismo ativo e eficaz. São as emoções e os 33 pensamentos discursivos que, desordenados e em constante movimento, alimentam e sustentam histórias e a novela do ego; justificam plenamente, as percepções instintivas; geram reações egóicas, protegem; entretêm; alimentam e inflam, através da identificação com os conceitos e emoções suscitados e, até mesmo retardam ou obstruem a evolução do ser. Ele não consegue mais diferenciar o que é realidade e o que é projeção (Souza, 1982 in Saldanha, 2006, p. 115). Além das cinco etapas temos o subproduto do ego que é a auto-imagem, que ocorre da identificação do ego com a emoção que se estrutura e se solidifica e que passa a agir como uma identidade separada do ego. A auto-imagem se alimenta da energia do ego e ele vai se impregnando da auto-imagem, ela não é mais ela. Passa a agir como se fosse outra pessoa e a sua capacidade de percepção e apreciação de si, do outro e do mundo a sua volta fica limitada. Há uma fragmentação e o indivíduo não acessa o supraconsciente e não vivencia a sua essência verdadeira (Saldanha, 2006). Um ego rígido, que alimenta uma auto-imagem forte, por melhor que esta seja, tornará o indivíduo robotizado, uma pessoa que se identifica com a idéia de si mesmo e, não, com a realidade dos seus sentimentos, experiências e ações. A vida fica dividida entre imagem e realidade, entre o que se pensa que é e o que se é de fato (Saldanha, 2006, p. 117). As técnicas transpessoais têm como função restaurar essa comunicação entre os fragmentos do ser e trabalhar no desapego das imagens que ele criou. Isso possibilita o resgate de suas potencialidades, criatividade favorecendo a aprendizagem e o desenvolvimento humano. Um indivíduo em contato com ele mesmo vive de forma flexível a vida como ela é não tem a necessidade da auto-imagem ou de um ego rígido que lhe diga o que fazer e o que ele é. Se sua mente está sem idéias rígidas, preconceito ou ordens, ela está em contato direto com a experiência real do mundo, vive o momento presente, sente, pensa e age, vive uma vida saudável em diferentes níveis. 1.4. Estados ou níveis de consciência O que é consciência? Parafraseando Saldanha (2006) encontramos as contribuições de Grof. Para ele a consciência é a manifestação de uma inteligência que 34 se expressa pelo o universo e por tudo o que existe. Nós somos um campo infinito de consciência além do tempo, espaço, matéria e causalidade linear. Esses estados incomuns de consciência são manifestações da psique humana, e as emergências destes estados podem ter fins terapêuticos. Esses estados ou níveis de consciência representam uma perna e um pé na estrutura do corpo teórico da Abordagem Integrativa, é o trânsito entre as mais diferentes dimensões da consciência. São eles que direcionam o processo para a percepção das diferentes realidades, e as ampliam. É justamente este caminhar entre os níveis de consciência que faz desta abordagem diferente das demais psicoterapias. A Psicologia Transpessoal reconhece, pesquisa e trabalha com esses diferentes níveis, os percebe como parte da natureza humana. A terminologia usada para estados de consciência era “estado de expansão de consciência” e “estado alterado de consciência”, enquanto que hoje é mais usado "estado modificado de consciência" ou "experiências humanas excepcionais ou incomuns". Nas mais recentes pesquisas transpessoais, temos quatro estados de consciências e dois intermediários: consciência de vigília, consciência de sono, consciência de sono profundo e plena consciência (consciência cósmica). Entre um nível e outro ocorrem vários estados, sendo que podemos destacar como facilitador do processo transpessoal o estado de devaneio que fica entre o estado de vigília e o sono profundo, e o estado de despertar entre sono profundo e consciência cósmica. Pierre Weil afirma que "a percepção da realidade é em função do estado de consciência do indivíduo" (Saldanha, 1999 p. 57). a) estado de consciência de vigília: neste estado o EEG (eletroencefalográfico), registra ondas cerebrais beta, de14 a 26 ciclos por segundo em média. Aqui as funções do ego são predominantes. O indivíduo percebe o mundo tridimensional através de sua mente, 35 suas emoções, seus cinco sentidos. É aquele estado em que estamos despertos, trabalhando. b) estado de consciência devaneio: neste estado o EEG registra ondas cerebrais alfa de 9 a 13 ciclos por segundo, é alcançado através do relaxamento. Neste estado as imagens são desconexas, criativas, literárias, artísticas, científicas e administrativas. Também, neste estado o indivíduo está totalmente aberto para perceber o agora, está propício à livre associação, e suas idéias devem ser anotadas imediatamente, pois podem desaparecer no estado de vigília. c) estado de consciência sonho: este é o estado REM (rapid eyes movement), movimentos rápidos dos olhos, momento em que o indivíduo está sonhando. Temos em média quatro sonhos por noite. Freud foi um dos primeiros a se dedicar a estudar os sonhos, tudo o que ele pesquisou veio a ser confirmado por Kleitman e seu discípulo Aserinsky nas pesquisas em neurologia. Para ele todo o conteúdo trazido ao consciente, são motivações e desejos do inconsciente, e aquilo que for manifestado por vir de seu inconsciente individual e, em alguns casos à própria filogênese. Para a transpessoal o trabalho com sonhos é muito amplo, podendo esta linguagem ser usada de muitas formas: técnicas de incubação de sonho, livrar-se de pesadelos, sonhos lúcidos, encomendar ou modificar sonhos, grafismo e ainda a ampliação dos mesmos. Para os senóis, habitantes da Malásia (considerado o grupo de menor índice de agressividade), o sonho é uma forma importante de cura. Todas as manhãs o grupo se reúne para contar seus sonhos, o que é ouvido atentamente por todos, pois eles acreditam que enquanto dormem podem ajudar os membros doentes da tribo a se curarem14. 14 Ver Macieira, 2004, p.135-152. 36 d) estado de consciência sono profundo: o cérebro emite neste estado ondas delta de 1 a 4 ciclos por segundo; aqui o indivíduo entra num estado de inconsciência total, ele perde contato com o mundo externo. Segundo pesquisas recentes ao entrarmos num nível de superconsciência, o ego desaparece e a consciência retorna à própria fonte. Swami Rama, um iogue hindu, submeteu-se a um processo de pesquisa pela Menninger Foundation, apresentando registro de ondas delta em pleno estado de vigília, ele estava desperto e consciente de tudo o que se passava ao seu redor. Ele afirmou que existem outros estados de expansão de consciência mais sutis e que não são detectáveis por aparelhos encelográficos até o momento presente, ano 1976 (Saldanha, 2006). Estado de consciência de despertar: É a saída do entorpecimento, o indivíduo acorda para a vida, é o despertar do observador de si mesmo. Neste estado se desenvolve a reflexão, a percepção da essência do ser, e ocorre também a desidentificação deste indivíduo com aquilo que ele projeta; suas emoções, sua mente, seus papéis, e seu corpo. O relaxamento, a meditação e os exercícios com orientação transpessoal são alguns dos recursos utilizados para levar o ser a este estado de despertar. Estado de consciência cósmica ou plena consciência: [...] as características deste nível foram descritas no início do século , na área da saúde, por W. James e R. Bucke, e catalogadas como inefabilidade, caráter paradoxal, desaparecimento da dimensão tempo-espaço, não projeção da mente sobre objetos , superação da dualidade sujeito-objeto (unidade) - ou estado não-dual, vivência de uma luz radiante que impregna o espaço, experiência energética de iluminação interior, vivência da vacuidade plena, vivência do amor indescritível, sentimento de viver a realidade como ela é, desaparecimento do medo da morte, vivência da eternidade, descoberta do verdadeiro sentido da vida e sentido do sagrado (Saldanha, 1999 p. 60) As expressões utilizadas para denominar este estado de consciência são: samádhi, satori, nirvana, sétimo céu, sétimo paládio (cabala sepher hazolar), sétima 37 morada( Tereza D'Avila), experiência culminante(Maslow), experiência transcendental, experiência de êxtase e experiência transpessoal (Saldanha, 2006 p. 121). Neste estado o indivíduo experimenta o despertar de sua verdadeira sabedoria, o verdadeiro amor, sua disponibilidade de auxílio ao outro, um estado pleno de bem-aventurança, é ser um com a unidade. A pessoa que experimenta este estado de consciência passa a ter uma significava mudança em seu sistema de valores, compreende que tudo vem do criador, e não do ser criado. É experienciar ser todo absoluto. Muitos fatores podem provocar a experiência do estado de expansão da consciência, em Saldanha (1999 p. 62-3 ) temos: 1) Isolamento sensorial e sobrecarga sensorial; 2) Biofeedback; 3) Treinamento autógeno; 4) Música e canto; 5) Improvisação teatral, principalmente, o psicodrama que desencadeia uma conscientização dos papéis e dos jogos, através de uma realidade suplementar; 6) As estratégias de tomadas de consciência que convidam a voltar sua atenção aos antigos modos de pensamento; 7) Auto-assistência e assistência mútua: incitam a voltar à atenção para os próprios processos de consciência. Eles desenvolvem a idéia de que a mudança depende de si e de que podemos escolher o nosso comportamento pela introspecção colaborando com forças mais elevadas; 8) Hipnose e auto-hipnose; 9) Meditação: zen, budista, tibetana, ioga; 10) Koans, histórias sufis, danças, histórias dervixes; 11) Seminários destinados a romper o transe cultural e a abrir o indivíduo para novas escolas; 38 12) Diário a respeito dos sonhos: os sonhos são os melhores modos de se obter informações provindas de uma região que ultrapassa o campo da consciência comum; 13) Teosofia, sistemas de pensamentos inspirados em Gurdjieff; 14) Psicoterapias contemporâneas, como a logoterapia de Victor Frankl, a terapia primal, o processo de Fischer-hoffman, a terapia da Gestalt, psicoterapia transpessoal, as quais permitem penetrar suavemente nas estruturas de reconhecimento ou nas mudanças de paradigma; 15) A ciência do espírito: aborda a aproximação para a cura e autocura; 16) Inúmeras disciplinas e terapias corporais como: hatha Yoga, Tai-Chi-Chuan, AiKido, Karate, Jogging, dança, entre outras; 17) Experiências intensas de mudança pessoal e coletiva; 18) Visualizações. Essas práticas podem alterar o estado de consciência do indivíduo, e algumas formas de identificar se há alterações, é observando: a respiração, o movimento dos olhos, a boca, a postura, o tônus muscular, a pupila, a voz. Para a Abordagem Transpessoal, é fundamental o trabalho com os diferentes níveis de consciência, pois, quando o indivíduo expande sua consciência para além do estado de vigília acessando o supraconsciente, ele consegue ir à origem de seus conflitos e à solução dos mesmos, aprende a não excluir nem supervalorizar, mas sim integra-los. 1.5. Cartografias da consciência Alguns autores classificaram as informações de outros estados de consciência além do estado de vigília, definindo diferentes cartografias ou mapa da consciência. Se os estados de consciência são uma perna e um pé da estrutura do corpo teórico da transpessoal, a cartografia é a outra perna e pé desta estrutura. De forma geral os autores apontam três níveis ou dimensões mentais, o primeiro com conteúdos autobiográficos, desde o nascimento até o momento atual do indivíduo; 39 o segundo as vivências intra-uterinas inclusive o nascimento, e o terceiro o que antecede a vida intra-uterina e além da existência biológica. Para Freud os conteúdos que emergiam eram relacionados a partir do nascimento, se um indivíduo trazia qualquer conteúdo intra-uterino ele interpretava como fantasia, embora ele reconhecesse em seus escritos que havia uma relação muito estreita entre vida intra-uterina e a vida psíquica após o nascimento. A cartografia representada por Freud: consciente; pré-consciente e inconsciente. Enquanto que para Jung incorporou em sua teoria, aspectos que chamou de inconsciente coletivo, além do inconsciente pessoal (Saldanha, 1999, p. 65). A psicologia transpessoal, reconhece a cartografia acima citada, e vai além acolhendo a de Kenneth Ring, que elaborou um mapa da consciência baseado no trabalho de pesquisa de Stanislav Grof, Timoty Leary, Robert More e outros, apresentado por Weil (1989) como uma perspectiva transpessoal da consciência. Podemos olhar este trabalho como para uma estrutura piramidal, do alto para base, onde encontramos regiões pessoais e regiões transpessoais da consciência. Superconsciente Inconsciente Extraterreno Inconsciente Filogenético Inconsciente Transindividual Ontogentico Psicodinâmico Regiões Transpessoais da Consciência Pré-consciente Vigília Inconsciente pessoal Gráfico n° 2: Cartografia da Consciência Fonte: Weil et al, 1978, p58. Regiões Pessoais da Consciência 40 a) consciência de vigília: é o cotidiano; o agora é regido pelo tempo linear. A maioria das pessoas se mantém neste estado. b) pré-consciente: ligado ao estado de vigília, pode ser acessado facilmente a partir de uma evocação simples. c) inconsciente psicodinâmico: corresponde ao inconsciente freudiano. São conteúdos ligados a experiências, sentimentos, pulsões, desde o nascimento até o momento da vida atual. Região da mente bastante investigada pela psicanálise ortodoxa. d) Inconsciente ontogenético: Nesta região encontramos fenômenos intra-uterinos e processos de nascimento e morte. Representa a zona de transição do nivel pessoal para o transpessoal. e) inconsciente transindividual: é o primeiro dos domínios transpessoais, experiências com elementos que transcendem o ego; identificação com outras pessoas ou tipos universais; experiências ancestrais, encanações de vidas passadas, experiências coletivas e raciais e experiências arquetípicas. 1. ancestral: exploração de sua linhagem genética, reviver vida de seus ancestrais. 2. encarnações passadas: experiências vivas, cenas ou fragmentos de cenas num outro tempo e lugar da história, compreensão da lei do Karma. 3. experiências coletivas e raciais: aqui o indivíduo traz a experiência de uma tradição cultural e de educação que nada tem haver com a educação e cultura dele no presente momento. 4. Experiências arquetípica: aqui surge a idéia do inconsciente coletivo. Constitui-se de símbolos universais da experiência humana, arquétipos ou imagens primordiais. f) inconsciente filogenético: neste domínio somos levados a experienciar além da forma humana. Aqui parecemos encontrar o nosso próprio desenvolvimento, a seqüência evolutiva do planeta. Não é só um conhecimento intelectual, vivenciamos a consciência evolutiva dos reinos animal, vegetal. Vivenciamos a consciência planetária. 41 g) inconsciente extraterreno: experiências para além do nosso planeta; experiências fora do corpo; encontro com seres espirituais. Podem ocorrer também relatos de fenômenos de percepção extra-sensorial, telepatia, clarividência, clariaudiência, escritas automática e incorporação por espíritos. h) superconsciente: êxtase existencial. O indivíduo tem uma percepção ampla da realidade, sentimentos de compaixão. Há uma compreensão da unidade. i) Vácuo: é o estado de o puro ser; não há palavras para definir esta vivencia; é a fusão da pequena mente com a mente cósmica. Saldanha ao citar Gof nos diz: [...] “o vácuo é vivenciado como subjacente a todo criação, além do tempo e do espaço, além do bem e do mal” (Saldanha, 2007, p. 127). A linha demarcatória de um nível consciencial para o outro é muito flexível, permitindo que um interpenetre o outro, e nos mostre, que inconsciente e consciente são dimensão de uma mesma realidade. A Psicologia Transpessoal acredita que no processo natural de evolução do ser humano, é necessário trabalhar e integrar à área clínica e educacional esses níveis de consciência. 1.6. Aspecto dinâmico: eixo experiencial e evolutivo Compreendemos como aspecto dinâmico da Abordagem Integrativa Transpessoal, dois eixos, o experiencial composto pelo REIS – razão, emoção, intuição e sensação e pelo evolutivo que abordaremos ainda neste capítulo. Há uma inter-relação entre esse aspecto dinâmico e o estrutural, em diferentes níveis e graus, que dá o suporte teórico às técnicas, à Didática Transpessoal e à conduta do psicoterapeuta, do educador ou facilitador de orientação transpessoal. Iniciaremos falando sobre o eixo experiencial que integra razão, emoção, intuição e sensação (REIS). Imagine uma linha horizontal com uma linha vertical que se cruzam ao meio, a linha vertical diz respeito ao eixo evolutivo e a linha horizontal, ao 42 eixo experiencial. Para isso se faz necessário compreender um pouco da tipologia junguiana citado por Vera Saldanha: [...] as quatro funções psíquicas mencionadas por C. G. Jung: razão, emoção, intuição e sensação. Ao estudá-las ele assegurou à intuição sua legitimidade como função psíquica. Com base em sua teoria, há testes de validação científica que podem aferir esses elementos na personalidade, sua intensidade, tendências e aptidões correlacionadas a cada uma delas. Jung denominou essas funções bússola da psique, acrescentando uma tipologia e extroversão e introversão que poderia acompanhá-las em maior ou menor grau, no nível interno ou no relacionamento interpessoal. Segundo Jung, para que o indivíduo alcançasse seu desenvolvimento pleno, teria de passar por um processo de individuação onde desenvolveria igualmente e de forma convergente todas essas funções. A essas funções de direcionamento psíquico: razão-emoção-intuição-sensação, chamaremos nesse texto, r.e.i.s (Saldanha, 1999, p. 71-2). Observa-se que dependendo da abordagem psicológica, essas funções são mais enfatizadas. Na psicanálise, por exemplo, a ênfase é mais na razão e emoção e nas terapias corporais, sensação e emoção. Na Transpessoal há a integração desses quatro elementos de forma vivencial, ou seja, é a vivência dessas quatro funções que dão o caráter experiencial que é uma das características básicas desse enfoque, além do trabalho com os níveis do inconsciente superior. Dentro de um processo terapêutico, por exemplo, o discurso racional, linear do indivíduo é transformado em experiência através das quatro funções: na razão o indivíduo descreve um fato; na emoção o indivíduo traz o sentimento que acompanha o fato; na intuição ele faz livre associação, insights e na sensação, o indivíduo descreve como o corpo sente o fato, qual o sintoma, e ele é o sintoma. Esse processo de estimulação dessas funções psíquicas leva o indivíduo a uma percepção ampliada da realidade e se percebe o que está de fato por traz da sua fala. A Abordagem Integrativa Transpessoal percebe R.E.I.S. da seguinte forma: RAZÃO (R) representa a função do sentir e pensar; o indivíduo percebe o universo interno e externo através de idéias e conceitos, ex: isto é branco ou preto 43 (pensamento), é agradável ou desagradável (sentimento). Esta é uma função importante que deve ser integrada a outros níveis no processo de desenvolvimento deste indivíduo. EMOÇÃO (E) é um elemento essencial no processo evolutivo do indivíduo. Para Jung: Parafraseando Maslow, tanto as emoções negativas quanto as positivas devem ser reconhecidas e trabalhadas para o desenvolvimento do ser. Maturana diz que as emoções fazem parte de dinâmicas corporais específicas e que essas se expressam em diferentes domínios de relações e segue dizendo que “todo sistema racional emerge como um sistema de coordenação, tendo como base as emoções vividas no instante que estamos pensando”, e que não é a razão e sim a emoção que nos leva a ação. (Maturana in Saldanha, 2006, p. 130). Ainda segundo Maturana, o amor é uma emoção, sem a qual não seria possível viver. O amor é a emoção central na história evolutiva humana desde o início, e toda ela se dá como uma história em que a conservação de um modo de vida no qual o amor, a aceitação do outro como um legítimo outro na convivência, é uma condição necessária para o desenvolvimento físico, comportamental, psíquico, social e espiritual normal da criança, assim como para a conservação da saúde física, comportamental, psíquica, social e espiritual do adulto (Maturana, 1998, p. 25). Dentro da abordagem integrativa, ressaltamos a condição essencial do amor, por permitir a vivência no eixo experiencial e evolutivo trazendo a energia necessária para o desenvolvimento psíquico facilitando a aprendizagem. Há que se ressaltar, porém, que se o indivíduo estiver fragmentado, altamente identificado com o aspecto emocional, dificultará ou até mesmo impedirá a integração de outros aspectos da personalidade. INTUIÇÃO (I), em sua etimologia, in-tueri significa ver dentro, abertura do olho interno, aquele que permite ver aquilo que a visão normal não percebe. Para Jung a intuição é como a sensação, irracional. Na sensação é a percepção consciente através do corpo e a intuição é uma percepção vinda do inconsciente. 44 Segundo Assagioli (1993) há vários tipos de intuição, as sensoriais, as de idéias, as estéticas, as religiosas, as místicas e as científicas. Autenticidade é uma característica específica da intuição, e também uma outra forma de conhecimento que vai além do racional. Para ele “[...] a intuição mais que a qualidade do objeto, capta a essência do que é” (Assagioli, 1993, p. 79). Para a transpessoal, a intuição tem sua origem no supraconsciente e caracteriza um dos diferenciais da abordagem integrativa. SENSAÇÃO (S), para Abordagem Transpessoal a sensação é fundamental para o desenvolvimento dos aspectos psico-espirituais, se percebe a realidade através dos órgãos dos sentidos, é de extrema relevância. Para Moreno, aprendemos, crescemos e nos transformamos no corpo, pois é nesse corpo que evoluímos, que a cultura se manifesta e que nos expressamos vários aspectos: racional, emocional, intuitivo e experiencial. Para Maslow, o corpo é “Território do Sagrado, a corporificarão da transcendência. Sem corpo não há alma, pois esta necessita deste para expressar-se e sem alma o corpo biológico não tem animação, em ambas as hipóteses não é ser humano” (Saldanha, 2006, p. 134). Quando um indivíduo não permite expressar-se através de suas funções psíquicas ou fica identificado com elas, sua percepção fica limitada e o leva a um estado de fragmentação, impedindo-o de vivenciar sua própria experiência, de ir além dela, aprimorar-se, e ser em plenitude. Diante disso, podemos dizer que a Abordagem Integrativa Transpessoal, independente da área de aplicação, nos aponta que aos estimularmos o eixo experiencial (REIS), estamos possibilitando ao ser, processos de desidentificação, ampliação da percepção e consciência, permitindo a emergência de seu desenvolvimento e ativação do eixo evolutivo. 45 O Eixo Evolutivo é caracterizado por uma ampliação da consciência onde o indivíduo ascende da dualidade para a unidade. Surge uma nova percepção, ele consegue dar uma nova resposta para suas questões, há uma ascensão rumo à Ordem Mental Superior. Eixo Evolutivo Eixo Experencial R.E.I.S Sentido da Experiência Unidade Gráfico nº 3: Eixo evolutivo e estados de consciência Fonte: Saldanha, 2006, p. 143. Como vimos o eixo experiencial promove a integração entre as funções psíquicas (R.E.I.S.), e essa congruência estimula o eixo evolutivo que promove uma ampliação das percepções de si mesmo, do outro e do ambiente. Surge o que o ser tem de mais positivo, construtivo, saudável. Se observarmos a figura do eixo experiencial como uma linha horizontal sendo cortada ao centro por uma linha vertical, eixo evolutivo terá o formato de uma cruz formando quatro quadrantes, cada um representando uma fase ou estágio. Essas fases são extremamente dinâmicas, contínuas e estão interconectadas em vários níveis, e vale lembrar que essa representação tem função meramente didática para facilitar a compreensão desses conceitos teóricos. Um conflito não é solucionado no mesmo nível em que foi criado, é necessário acessar um nível superior para encontrar novas respostas. A transpessoal traz inúmeros 46 recursos para que o próprio indivíduo possa acessar esses recursos dentro de si, desta forma permitir a emergência da ordem mental superior, ou seja, o eixo evolutivo. Para Maslow (s.d), além das necessidades básicas, este indivíduo necessita buscar seus aspectos transcendentais, algo que está dentro dele, e isto faz parte do desenvolvimento inserido em seu processo psicoterapêutico e educacional. O eu menor identificado com os papéis, com as máscaras do cotidiano o torna uma expressão muito limitada do ser ilimitado que é. É como se esse “ser” se esquecesse de quem ele é em essência. A desidentificação desses papéis, dos conflitos que se dá através da estimulação do eixo experiencial, auxilia na emergência do eixo evolutivo ou ordem mental superior em seus diversos níveis, propiciando ao indivíduo encontrar novas respostas, ou seja, fazer a transmutação, transformação, elaboração e integração. Quando há essa emergência o indivíduo compreende, tanto em nível pessoal, planetário e cósmico a importância de sua existência no Universo. Sua existência começa a fazer sentido, passa a se sentir em comunhão com o todo e a estabelecer relações saudáveis interna e externamente, vivendo a plenitude da dimensão humana. Os dois elementos eixo experiencial e eixo evolutivo resgatam a unidade fundamental do ser. Somente apreendendo sua própria unicidade é que o indivíduo se sente inserido no todo. Estar no todo e sentir o todo em si é estar integrado, pleno, desperto! Estar na condição onde você nunca deixou de ser, em sua natureza mais genuína e essencial (Saldanha, 1999, p. 80). 2. Técnicas utilizadas na didática transpessoal A Abordagem Integrativa da Psicologia Transpessoal se utiliza de uma gama de recursos que envolvem técnicas de intervenção verbal, imaginação ativa, reorganização simbólica, dinâmica integrativa (sete etapas)15 e recursos auxiliares ou adjuntos como elementos facilitadores dos processos de aprendizagem, auto conhecimento, expansão de consciência que facilitam a emergência da ordem mental superior na busca do ser integral. A seguir discorreremos sobre esses recursos. 15 Ver Saldanha, 2006. 47 A intervenção verbal é utilizada como forma de auxiliar no vínculo facilitador – aprendiz. A verbalização como contato inicial define expectativas e estabelece os vínculos. É muito importante a postura do facilitador que deve possuir treinamento adequado para fazer as intervenções pertinentes, verbais ou não, além de cultivar em si a dimensão transpessoal, ouvindo o aprendiz sem julgamento ou censura, num nível de transcendência, pois sua postura é percebida pelo aprendiz, o que pode causar um bloqueio no processo de comunicação e aprendizagem. É fundamental que o educador, facilitador ou terapeuta esteja constantemente buscando um auto-aperfeiçoamento com ser a nível transpessoal além de conhecer a teoria e a prática. A finalidade da intervenção verbal é a escuta amorosa, ou seja, acolher o posicionamento do aprendiz como ele se apresenta no momento, sem julgamento e oportunizar sua caminhada evolutiva no seu próprio ritmo. Outro procedimento técnico utilizado na Abordagem Integrativa Transpessoal é a imaginação ativa, trabalhada através de exercícios relacionados aos conteúdos propostos. Utiliza-se da possibilidade do inconsciente de formar imagens mentais que podem trazer a tona conteúdos do inconsciente. Os exercícios estimulam a presença da ordem mental superior, que representa o eu superior, o núcleo saudável e equilibrado do indivíduo. Segundo Saldanha (2006): Nessas jornadas de imaginação, com imagens gerais definidas pelo educador (sábio, fonte, árvore, montanha, etc.) o educando, em estado de consciência ampliado, está mais receptivo para acolher, perceber, sentir, intuir os conteúdos do nível supraconsciente. Tal fato facilita os insights e uma compreensão mais ampla de sua realidade, que não seria experienciada ou captada se ele se mantivesse somente no estado de vigília. Todos esses exercícios são precedidos e facilitados por uma pequena sensibilização ou então relaxamento simples: contato com respiração, temperatura do ar que expira e inspira, contrações fortes do corpo seguidas por descontrações (Saldanha, 2006, p.153). 48 A reorganização simbólica é a denominação de mais uma técnica em Transpessoal que organiza os conteúdos internos em todos os níveis numa seqüência adequada. Envolve a imaginação ativa e possibilita o indivíduo ampliar suas percepções e perspectivas de vida, de futuro e do todo. Facilita a identificação de núcleos que bloqueiam o crescimento pessoal, como crenças e paradigmas a respeito de suas dificuldades pessoais. Ativa a intuição e os processos inconscientes favorecendo a concretização dos anseios. A dinâmica interativa compõe-se de exercícios que dinamizam diferentes conteúdos do inconsciente nos vários estados de consciência, um dos trabalhos que mais exigem do terapeuta ou educador em termos de preparação e de formação clínica conteúdos emergidos através de um aprofundamento e uma elaboração do paciente são evidenciados através de sete etapas específicas. Estas sensibilizadas por meio de um nível imaginário e vivencial podem acontecer em diálogos durante as jornadas de fantasia, imaginação ativa, exacerbação de sintomas, grafismo, psicodrama transpessoal, trabalho corporal, representação simbólica etc. São exercícios que acontecem em sete etapas: a) reconhecimento: é o momento do desconforto, onde não se tem clareza do que está acontecendo, constitui num momento da mobilização interna que pode ser desencadeada por fatores internos e/ou externos. Nesta fase o terapeuta acolhe o paciente, promove exacerbação de sintomas para clarificar a situação. b) identificação: pensamentos e sentimentos, sensações físicas, são expressos pelo individuo na identificação com o elemento personagem ou situação evidenciada na primeira etapa. Contextualiza-se o sintoma o que facilita a identificação: Quando? Como? Onde? Com quem? Para que? Para quem? O que? A emoção é intensificada propositalmente oportunizando uma catarse ab-reativa, a liberação dos sentimentos acontece de forma intensa, articulam-se técnicas utilizando cores, som e movimento 49 corporal, até atingir a catarse da integração, propiciando a saída de uma situação dolorosa e permitir a entrada numa terceira etapa. c) desidentificação: só ocorre após o reconhecimento e identificação. É o descentrar-se por meio de uma inversão de papeis na vivência em paralelo de caráter associativo de oposição, distanciamento ou ampliação favorecendo o desprendimento, emergindo o discernimento crítico e a reflexão, o indivíduo experimenta a inteireza, emergem aspectos de individualidade, permitindo novas experiências.. Esse processo propicia uma passagem para a próxima etapa. Ate aqui didaticamente, foi vivenciado o eixo experiencial (R.E.I.S). d) transmutação: momento em que acontece a liberação de uma condição de apego e percepção de outras possibilidades, diferentes níveis de consciência estão interagindo neste instante conflito e da solução. O individuo cria condições por meio de insights e elaborações para promover o acontecimento da próxima etapa, é o momento mágico; onde o nível do supraconsciente se manifesta. As funções de percepção passam a ser advindas da intuição, nada é inteiramente bom ou mal, certo ou errado. e) transformação: a situação anterior de conflito e transformada vista com outro olhar muda-se o direcionamento da mente chegando à etapa seguinte. f) elaboração: há clareza mental, a situação já e outra, há uma apreensão global da situação e a presença do eixo evolutivo. Consolida-se a mudança sob perspectiva da apreensão do verdadeiro conhecimento pessoal. g) integração: neste momento o individuo integra todo o processo no aqui e agora, prevalecendo à confiança, a segurança, integrada em si e na relação com o universo, com muito mais abertura, mudança de crenças e até de valores, há um novo olhar e um novo fazer. Quanto maior a aprendizagem, mais ampla e plena é a integração. Estas etapas podem ocorrer de forma bem definida tais como foram apresentadas acima. Todavia elas podem acontecer de forma concomitante; outras vezes o individuo 50 está tão identificado com determinado núcleo exigindo muito mais secções para termos resolução. Além disso, todas estas etapas estão presentes em cada uma delas, ou seja, em cada uma delas passamos pelas sete. A aplicação destas etapas na clínica, educação ou organizações requer um terapeuta ou educador que seja facilitador, catalisador do processo, capaz de estimular o eixo experiencial e evolutivo, tanto no relacionamento com o paciente ou educando quanto nos conteúdos a serem compartilhados. Eixo Evolutivo Transmutação Desidentificação Transformação Eixo Experiencial Sentido da Experiência Elaboração Identificação Reconhecimento Integração Eixo Evolutivo (Indiferenciado) Gráfico nº 4: Sete etapas do desenvolvimento Fonte: Saldanha, 2006, p. 161. Contamos ainda com os recursos auxiliares ou adjuntos, compostos por técnicas milenares como: contemplação, concentração, meditação, relaxamento, favorecem a uma maior serenidade da mente. Não são recursos exclusivos do trabalho psicoterapêutico, e podem ser utilizados mesmo após a alta do tratamento recursos de significativa importância uma vez que facilitam a atualização de níveis de expansão da consciência, especialmente do supraconsciente diminuem o nível de tensão e de ansiedade, melhor organização e clareza mental, expansão de elementos saudáveis, pacificação de pensamentos auxilia o individuo a desenvolver recursos positivos para si. A prática de meditação e ioga 51 (ásanas) e mantras auxiliam no equilíbrio e produção dos hormônios das glândulas endócrinas propiciando no maior e melhor harmonização corpo e mente. a) relaxamento: é um procedimento para desfazer as contrações desnecessárias no corpo físico diminuindo o estado de tensão, pacificação do corpo, favorecendo a serenidade mental; b) concentração: a um direcionamento do foco mental para uma coisa só, este foco de atenção pode ser a própria respiração, batimentos cardíacos, a uma imagem externa, figura geométrica, objeto etc.a realização deste exercício permite um maior controle e redução do fluxo incessante de pensamentos, o que traz uma pacificação interior e facilita a desidentificação das partes; c) contemplação: posterior a concentração, onde há uma interiorização, um aprofundamento mental, onde se experimenta uma fusão do objeto de concentração com o próprio individuo que o contempla; d) meditação: há consciência da própria consciência, e um estado de inação de puro ser, de um saber espontâneo de uma presença plena. Há várias técnicas de meditação, porém não serão explanadas aqui. Esses recursos auxiliares poderão ser utilizados na Didática Transpessoal, em momentos oportunos da aprendizagem favorecendo o ensino, o bem estar, os relacionamentos do educando e também do educador. A Abordagem Integrativa Transpessoal como técnica didática utilizada no curso de pós-graduação, pode ser um recurso extremamente rico, capaz de cumprir de forma plena e eficaz o objetivo a que se propõe que fundamentalmente é levar o indivíduo a vivenciar o eixo experiencial, passando pelas sete etapas quando emerge o eixo evolutivo que possibilita o acesso a aspectos da ordem mental superior, trazendo a tona os aspectos saudáveis do ser, citados no capítulo IV – Educação e Valores Humanos. 52 Um dos objetivos específicos desse trabalho é relacionar possíveis transformações no indivíduo, em vários níveis, que possam estar vinculadas à Abordagem Integrativa Transpessoal. A partir dessa premissa estaremos analisando os dados obtidos, no Capítulo VI – Análise e Interpretação de Resultados e verificando se os objetivos foram contemplados. 53 CAPÍTULO III A DIMENSÃO DO FEMININO NA PSICOLOGIA TRANSPESSOAL Durante a contextualização da Psicologia Transpessoal no capítulo I, observamos a consonância entre os pressupostos do que apresentamos como Transpessoal e caracteres do arquétipo do feminino. Ao observarmos o trabalho de Maslow percebemos que ele apresenta um grupo de dez características encontradas no ser humano saudável conforme citado: percepção mais clara e mais eficiente da realidade; mais abertura a experiência; maior integração, totalidade e unidade da pessoa; maior espontaneidade, expressividade, pleno funcionamento, vivacidade; um eu real, uma firme identidade, autonomia, unicidade; maior objetividade, desprendimento, transcendência do eu; recuperação da criatividade; capacidade para fundir o concreto com o abstrato; estrutura democrática de caráter; capacidade de amar. Ao analisarmos criteriosamente essas características, pudemos estabelecer estrita relação com virtudes e valores do arquétipo do feminino. O princípio Feminino foi arrancado não apenas dos reinos mitológico, social e político, mas também da vida interior dos indivíduos, onde poderia ter o poder de proporcionar o Eros, a capacidade de relacionamento, a alimentação e criação e um tipo de autoridade que vem da alma. Por esta razão, o Feminino muitas vezes está ausente também de nossas vidas interpessoais, no espaço sagrado que há entre nós e aqueles a quem amamos. (STEIN, R M. in Zweig, 1990, p. 65) De acordo com Jung, chamamos de arquétipo16 um padrão universal inato na psique humana, presente tanto em homens quanto em mulheres. Zweig (1994) usa o termo arquétipo para designar a presença de uma força divina dentro da alma humana que se manifesta nos pensamentos, sentimentos, imaginação e comportamento de homens e mulheres. 16 Ver Sharp, 1993, p. 28-29. 54 O feminino (do latim Femina) refere-se a tudo o que é de mulheres ou meninas, que tem características ou qualidades que condizem ou são adequadas a esse gênero, como sensibilidade, delicadeza, intuição etc. Para diferenciarmos aqui feminino relativo ao gênero de feminino relativo ao arquétipo, passaremos a grafar o que for relativo ao gênero com letra minúscula e relativa ao arquétipo com letra maiúscula. Quando nos referimos as virtudes e valores do Feminino, estamos nos conectando com essas características do arquétipo, que está presente tanto em homens quanto em mulheres. Nos homens esse elemento da psicologia Junguiana é denominado ânima e nas mulheres animus17. Ao arquétipo Feminino são associadas características históricas, cultural e espiritualmente relacionadas às mulheres, criando-se estereótipos que dualizam o ser ao invés de buscar sua integração. Da mesma forma acontece com o arquétipo Masculino, e assim, temos uma dissociação que gera conflitos, dúvidas e não respeita a inteireza do ser essencial. Virtudes e valores como sensibilidade, intuição, não violência, criatividade, conexão, afeição, paciência, tolerância, delicadeza, são características que se associam somente às mulheres, mas que na verdade é pertinente ao arquétipo Feminino presente tanto em homens quanto em mulheres. No decorrer da história essas características arquetípicas foram sendo confundidas com características de gênero e assim relacionadas somente as mulheres, e desvalorizadas e subjugadas como as mulheres têm sido nos últimos séculos. Sensibilidade, intuição, tolerância, não violência tornaram-se inconvenientes numa sociedade que prega a sobrevivência do mais forte, mais agressivo, mais 17 Ver Sharp, 1993, p. 18-26. 55 individualista, numa sociedade que mede o sucesso e o valor do indivíduo pelo que ele tem e não pelo que ele é. Vivemos num mundo de polaridades que se reflete em todo o oposto que conhecemos, noite/dia, quente/frio, claro/escuro, qualidades que se encaixam formando um toda a Unidade. Essa Unidade também é representada pela integração dos arquétipos Masculino e Feminino na psique humana. O conceito de Unidade está inserido no aspecto estrutural do corpo teórico que compõe a Psicologia Transpessoal, e dentro da Abordagem Integrativa, conforme discorremos no capítulo II. É o eixo de onde partem ou para onde convergem todos os recursos psicoterapêuticos na Abordagem Transpessoal. Unidade é a qualidade daquilo que não pode ser dividido, é o todo onde não existe tempo ou espaço, é o fim das polaridades, a união de todas as coisas, o vasto, o eterno. Se estivermos cientes de ambas essas polaridades, encontraremos uma dinâmica harmoniosa e seremos capazes de desenvolver uma ampliação de consciência e capacidades. Segundo Zweig (1994), a relação entre os elementos Masculino e Feminino é recíproca: [...] à medida que o Feminino de uma mulher é trazido à consciência e revelado, ele permite o crescimento de um princípio Masculino mais forte que por sua vez, dá sustentação a um Feminino definido com mais clareza. Cada um está bem sintonizado com o outro e a unidade da psique global da pessoa é determinada pela soberania de cada elemento. (Zweig, 1990, p 23). A prática da cultura patriarcal nos impôs a experiência dualidade e até antagonismo entre os elementos Masculino e Feminino, comprometendo a unidade da psique e conseqüentemente da sociedade. Apresenta-nos o modelo matriarcal como uma 56 proposta viável, capaz de transcender as limitações impostas pelo modelo patriarcal. (Maraturana; Zöller, 2006) Contemplando esta perspectiva Zweig (1990) nos apresenta a importante contribuição de Colegrave: [...] O Feminino nos permite perceber que qualquer método útil de terapia, educação ou organização social precisa, portanto, atender e reverenciar cada nível da existência, bem como a relação instável e sensível entre eles. A receptividade paciente e sem críticas do Feminino permite que as partes reprimidas, negadas, dissociadas e inconscientes da alma ascendam para a consciência. Convida-nos a abandonar a visão patriarcal do corpo e da matéria como instrumentos a serem manipulados e explorados no interesse do conhecimento e da autonomia do ego, ou temidos como atoleiro do sofrimento inconsciente e instintivo, o mistério e a escuridão. O Feminino, pelo contrário, nos permite recepcionar, reverenciar, desfrutá-los como o reflexo e correspondência instintiva da alma e espírito, as vestimentas da nossa divindade. Torna-nos sensíveis as distintas imagens da alma para que possamos sentir e receber na consciência de nossas feridas e fomes emocionais – que enterradas por décadas, ou mesmo por toda a vida, obstruem o livre fluxo de energia e inibem nossa capacidade de entender, nos relacionar e amar (Colegrave in Zweig, 1990, p. 45-6). A reconexão com esse Feminino relegado e subjugado traz a integração desse aspecto na busca da sinergia entre Masculino e Feminino. A respeito de sinergia, para Maslow é o mesmo que parceria, conhecimento em que os interesses do outro e os próprios interesses mesclam-se e unem-se em vez de permanecerem separados em lados opostos ou exclusivos (Maslow, 2000, p. 10). Segundo esse autor uma boa sociedade é aquela na qual a virtude é recompensada e que quanto maior a sinergia na sociedade, nos sub-grupos, nos casais ou dentro de si mesmo, mais próximo se está dos valores do ser. Em sua síntese dos valores do Ser nas experiências culminantes ele inclui a plenitude como unidade; integração; tendência à união; inter-relação; organização; não dissociado; sinergia; estrutura; ordem; tendência homóloga e integrativa. Essa sinergia interior entre Masculino e Feminino resulta na dinâmica harmoniosa da unidade, capacitando-nos a experienciar o nascimento para a nossa natureza divina. 57 Com relação à ausência de parceria ou sinergia entre Masculino e Feminino, Zweig (1990) traz as contribuições Riane Eisler que faz uma análise relacionada ao início do movimento feminista na busca de uma igualdade de oportunidades dizendonos que as raízes do feminismo como um movimento de protesto social provavelmente remonta à era cataclísmica da nossa pré-história. [...] “quando o sistema dominador foi imposto pela primeira vez – quando tanto as mulheres, como o Cálice (como símbolo dos valores Femininos) foram subordinados” (Eisler in Zweig, 1990, p. 58). Também destaca que o reconhecimento intuitivo da importância central do Feminino nos assuntos humanos, certamente não é novo, e que [...]“o aspecto mais excitante deste enérgico movimento está no seu aspecto mais criativo: a criação consciente pelas mulheres e crescentemente pelos homens, de imagens e realidades baseadas em parcerias pessoais e sociais mais femininas” (Eisler in Zweig, 1990, p. 60). Enquanto nossa cultura e nossas instituições forem governadas por um espírito despersonalizante e desumanizante, o Feminino continuará a sofrer abusos e será desvalorizado, não importando quantas conquistas as mulheres obtenham rumo a igualdade. Na verdade o que é realmente necessário é a liberação do Feminino e não das mulheres. Embora as vantagens econômicas, educacionais e sociais que os homens têm sobre as mulheres sejam óbvias e é preciso ser transcendida, este não é o ponto central da questão. A parceria, ou sinergia de Masculino e Feminino é de grande interesse pessoal e planetário, sendo que é impossível a existência de um sistema global pacífico e ecologicamente equilibrado, em estruturas sociais fundamentadas em desigualdades, dominação, competição e desintegração. Com essa dissociação de identidades entre Masculino e Feminino superadas, podemos transitar livremente ao longo de todo o espectro da consciência, conectando 58 nosso ser universal e temporal. Esse espectro da consciência é um dos cinco elementos que constituem o aspecto estrutural que forma o corpo teórico da Abordagem Integrativa Transpessoal. Pierre Weil se refere à Psicologia Transpessoal como: Um ramo da psicologia especializada no estudo de estados de consciência, lida mais especificamente com a ”experiência Cósmica” ou estados ditos “superiores” ou “ampliados” da consciência. Estes estados de consciência consistem na entrada numa dimensão fora do espaço-tempo tal como costuma ser percebido pelos nossos cinco sentidos. É uma ampliação da consciência comum com visão direta de uma realidade que se aproxima muito dos conceitos da física moderna (Weil, 1995, p 9). A ampliação da consciência rumo a estes estados superiores do ser permite ao indivíduo acessar qualidades Femininas de sua natureza mais profunda. Segundo Maslow (s.d) o ser é naturalmente saudável, amoroso, criativo e cooperativo Logo, as qualidades superiores dos seres humanas revelam caracteres do Feminino. Tanto o Feminino como o Masculino, como o yin e yang, são qualidades universais da alma às quais devemos ter acesso para sentir e expressar nossa totalidade. O ego que se identifica unicamente com um dos dois perde essa capacidade. (Stein in Zweig, 1990, 1990, p 70). Fica muito claro o valor e utilidade do resgatar de valores do Feminino no atual contexto pessoal, social e planetário enfatizando-se que Masculino e Feminino são qualidades que habitam o universo do homem e da mulher em todos os níveis. Qualquer um que se identifique apenas com um desses opostos não pode realmente se desenvolver de forma plena e integral trazendo à tona todos os seus potenciais e habilidades. A dimensão da sensibilidade, criatividade, tolerância, amorosidade e intuição são potenciais significativos para gerar no ser humano sadio as características assinaladas por Maslow conforme citamos anteriormente. Gostaríamos aqui, de ressaltar a dimensão da intuição. No modelo Junguiano, trata-se de uma função irracional que percebe através do inconsciente, permitindo ao individuo o processo de auto-atualização proposto por Maslow. 59 Na intuição há um processo do ser de perceber e receber informação “por dentro”, onde o desenvolvimento e o crescimento do individuo é amplamente beneficiado. Neste sentido percebemos intrínseca correlação entre o feminino e intuição, pois quando o feminino se manifesta, experiências de caráter intuitivo estão presentes. Esta questão tem sido amplamente explorada por vários autores, estabelecendo, inclusive, correlações com processos de desenvolvimento e evolução do coletivo em diversas culturas. Diferentes autores utilizam diferentes termos para definir um mesmo padrão arquetípico. Todos se referem ao feminino sagrado, seja sob a forma dos arquétipos das deusas gregas no trabalho de Roger Woolger (1987), ou dos arquétipos de Maria Madalena no trabalho de Jean Yves Leloup (1996). É mundialmente conhecido, porém em maior evidência nos países ocidentais, um redespertar do Feminino, um profundo mergulho no âmago da consciência das mulheres. Muitos homens temem e contestam, enquanto outros se sentem desafiados e estimulados. Metaforicamente denomina-se esse movimento de um “retorno da deusa”, sugerindo no mínimo uma antítese ao patriarcado e no máximo uma oportunidade de integração de forças arquetípicas masculinas e femininas que há muito vem atuando de forma desequilibrada, desarmônica, o que é facilmente perceptível com breve olhar à nossa humanidade contemporânea. Segundo Maturana; Zöller (2004), as difíceis relações de convivência masculinas – feminino que são vividas como se existisse uma intrínseca “adversariedade” onde parece que vivem não como parceiros, mas como adversários em seus mais diversos aspectos de valores desejos e interesses. 60 Todavia, tal situação, pode se dizer que é resultante, do que Maturana denominou de “Conversações Definidoras da Cultura Patriarcal Pastoril e de Conversações Definidoras da Cultura Matrística Européia”. [...] uma cultura é constitutivamente, um sistema conservador fechado, que gera seus membros à medida que eles a realizam por meio de sua participação nas conversações que a constituem e definem” (Maturana,1993, p.33). Resulta disso que as diferentes culturas são redes distintas e fechadas de conversações, que realizam outras tantas maneiras diversas de viver humano como variadas configurações de entrelaçamento do linguajar com o emocionar. Pertencer a uma cultura deve ser uma condição operacional, não uma condição constitutiva ou atributo intrínseco dos seres humanos que a realizam. Portanto, qualquer ser humano pode pertencer a diferentes culturas, em diversos momentos do seu viver, agregar valores, atributos, habilidades e potenciais em cada uma delas. Basicamente podemos dizer que nós ocidentais modernos, estamos mergulhados num sistema atual de vida condizente com a cultura patriarcal européia, em seu mais forte matiz, entrelaçado com nuances de uma outra cultura que a precedeu, e que foi chamada de cultura matrística. Fazendo um paralelo entre essas duas culturas, podemos expressar, de acordo com Maturana; Zöller (2004), como características das conversações definidoras da cultura patriarcal pastoril: existe apropriação; procriação; sexualidade feminina sob controle do patriarca e ligada à procriação; ausência de controle de natalidade; guerras, competições e conflitos reconhecidos como valores e virtudes; subordinação de experiências místicas; pensamento linear negando o diferente; relações inter-pessoais hierarquizadas; patriarcado aceito como natural; subordinação da mulher ao homem para fins de procriação. Enquanto que nas conversações definidoras da cultura matrística européia existe: participação; fertilidade como símbolo de abundância e harmonia com os ciclos da 61 natureza; sexualidade associada à sensualidade e ternura; procriação por opção; companheirismo e cooperação nas convivências; místico vivenciado naturalmente em harmonia com a existência; Deusas geradoras e conservadoras da existência em harmonia; pensamento sistêmico como convite à reflexão do diferente; relações interpessoais cooperativas e co-inspiradoras; viver matrístico como processo natural; sem oposição nem subordinação entre homens e mulheres. Crescemos imersos nessas conversações contraditórias, vivemos fragmentados pelo desejo de conservar nossa infância matrística e satisfazer os deveres de uma vida adulta patriarcal. E por isso precisamos de auxílio para recuperar nossa saúde psíquica e espiritual, mediante o resgate do respeito por nós no corpo e emoções na harmonização, integrando os nossos lados masculino e feminino. Mediante tal realidade, encontramos no trabalho de Rooger Woolger (1987) a sinalização de um ritmo crescente de efervescência interna das mulheres e as reações que provocam nos homens está afetando claramente todos os aspectos de nossa vida e de nossas idéias. Todos os nossos pressupostos sobre nós mesmos, nossos valores, nossa política, nossos relacionamentos, nosso lugar no universo, estão sendo contestados por esse despertar. Diante disso, acreditamos que é importante se estudar e escrever uma nova Psicologia do Feminino, que favoreça o retorno às suas raízes originais; uma psicologia feminina vista, por exemplo, por meio dos Arquétipos das “Deusas”, o que nos foi oportunizado quando submetidos às vivências da Abordagem Integrativa Transpessoal durante o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal – Latu Sensu CESBLU Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Lusa Brasileira de Transpessoal, coordenado pela Dra. Vera Saldanha. Trabalhar com essa nova linguagem do feminino não comporta apenas novas percepções intelectuais, na realidade significa muito mais: um envolvimento profundo e 62 corajoso com essas forças femininas, que vive em nós e por nosso intermédio. Temos de aprender a conhecê-las como presenças espirituais e psicológicas que Carl Gustav Jung chamou de arquétipos, o que vale dizer, transformadores da nossa vida e da nossa consciência. Sinteticamente, podemos expressar que uma “Deusa” corresponde a um Complexo de Personalidade Feminina, e que podemos intuitivamente observar em homens e mulheres, em imagens e ícones que povoam nossa cultura. Dependendo das características da força psíquica desse complexo, dão origem a uma das inúmeras “Deusas” (arquétipos). Especificamente para esse trabalho foram selecionadas as seis principais “Deusas Gregas”, ou seja, seis representações Arquetípicas do Feminino, que em nossa observação mostram-se ativamente maior relevância, na nossa realidade contemporânea. Encontramos em Woolger (1987, p.15), as características básicas dos seis tipos são: 1. A mulher-Atena que é regida pela deusa da sabedoria e da civilização; ela busca a realização profissional numa carreira, envolvendo-se com educação, cultura intelectual, justiça social e com política; 2. A mulher-Afrodite que é regida pela deusa do amor, e está voltada principalmente para relacionamentos humanos, sexualidade, intriga romance, beleza e inspiração das artes. 3. A mulher-Perséfone que é regida pela deusa do mundo avernal; ela é mediúnica e atraída pelo mundo espiritual, pelo oculto, pelas experiências místicas e visionárias, e pelas questões ligadas à morte. 4. A mulher-Ártemis que é regida pela deusa das selvas; ela é prática, atlética, aventureira; aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre e os animais; dedica-se à proteção do meio ambiente, aos estilos de vida alternativos e às comunidades de mulheres. 63 5. A mulher-Deméter que é regida pela deusa das colheitas; ela é uma verdadeira mãeterra que gosta de estar grávida, de amamentar e de cuidar de crianças; está envolvida com todos os aspectos do nascimento e com os ciclos reprodutivos da mulher. 6. A mulher-Hera que é regida pela deusa dos céus; ela se ocupa do casamento, da convivência com o homem e, sempre que as mulheres são líderes ou governantes, de questões ligadas ao poder. A teoria junguiana nos contempla, com os arquétipos das deusas, como fontes de padrões emocionais relativos aos nossos pensamentos, sentimentos, instintos e comportamentos ditos “femininos”, em seu significado mais amplo e profundo. A nossa criatividade, inspiração, tudo o que acalentamos, acolhemos, gostamos, toda paixão, desejo, sexualidade, tudo o que nos impulsiona à união, à coesão social, à comunhão, alianças e fusões e também às pulsões de absorver, destruir, transformar, reproduzir, duplicar, integrar, pertence ao arquétipo universal Feminino. Sabe-se que não só apenas os gregos, mas diversas culturas antigas tinham percepções dessas forças (energias) não como abstrações destituídas de almas, porém, com forças espiritualmente vitais que perenemente exercem influencias sobre nossas dinâmicas psíquicas. O reconhecimento dessas atuações nos diversos aspectos do comportamento humano foi denominado de “compulsão dos deuses e deusas”, o que levou Jung a comentar: “Há um deus ou uma deusa no âmago de todo complexo”. A seguir estaremos apresentando aspectos das “deusas” segundo Woolger (1987). Atena: de fácil identificação, a mulher-Atena contemporânea normalmente, está dirigindo os departamentos de estudos femininos nas universidades, entrevistando personalidades importantes na mídia, editorando revistas, organizando viagens, produzindo filmes, contestando os legisladores urbanos. Está sempre em evidência, por ser extrovertida, prática e inteligente. Tal comportamento, geralmente provoca reações, 64 intimidações aos homens. Mas quando conquistam o seu respeito, a mulher-Atena pode ser a mais leal das companheiras, de caráter amigável e fonte inesgotável de inspiração. Juntamente com sua parceira, na roda das deusas, Ártemis, constituem a díade da independência. Atena relaciona-se com homens que forem heróicos ”companheiros de armas” e com quem possa compartilhar ideais, ambições metas profissionais e luta. Freqüentemente serão colegas intelectuais ou rivais amigáveis. Atena não irá necessariamente casar-se com um homem assim, preferindo talvez mantê-lo como uma amizade íntima e duradoura. Mas ela é também atraída por figuras paternas e, via de regra, mantém laços fortes com autoridade impessoal que se encontra investida nas instituições do patriarcado ou nos ideais espirituais. Poderá ainda entrar em conflito com o mundo paternal. Os dois principais ânimos que lhe correspondem são, portanto, o herói companheiro e o pai (Woogler, 1987, p.39). Atena é sempre norteada por um senso de compromisso e responsabilidade com um propósito maior, desejo efetivo pelo bem estar da comunidade e da humanidade como um todo, normalmente é bem instruída, armada com um intelecto penetrante, um forte senso de determinação, organização, sendo cobiçada a fazer parte de qualquer setor do mundo paternal. Tem caráter defensivo e é altamente confiante, ama a coragem e a inventividade. Na chaga de Atena, o seu mecanismo de defesa é usar demais a mente. A chaga de Atena encontra-se no coração, uma armadura no seu âmago. Expor a essência nua e infinitamente sensível de sua feminilidade, meiguice e vulnerabilidade, são os portais para resgatar os aspectos perdidos de seu Feminino. Esse também é o ponto de encontro com as outras deusas com as quais perdeu contato. Bem no fundo, Atena perdeu o contato com as duas deusas do amor: o amor maternal de Deméter e o amor sensual de Afrodite – ambas as deusas que vivenciam os próprios corpos e que, por sua meiguice e vulnerabilidade, estão dispostas a arriscar intimidade nos relacionamentos e dispostas também ao risco de sofrer dor e perder. Ártemis: a energia arquetípica de Ártemis é mais facilmente percebida na adolescência, onde irrompe com grande intensidade; o que faz com que a mesma possa 65 vir a ter dificuldade na travessia da ponte para a sua maturidade; dificuldade essa que já é perceptível na infância pelo fato de identificarem-se com as atividades, atitudes e maneiras de vestir dos meninos. Feminilidade é uma expressão que a deixa pouco a vontade, quando não a deixa irada, pelo fato de ser um conceito carregado de fantasias masculinas, de como as mulheres deveriam ser: meigas, submissas, esposas e mães, objetos sexuais, profissionais bem sucedidas, tudo cobiçado pelo ego masculino. A mulher-Ártemis ama prática atlética, aventureira, aprecia a cultura física, a solidão, a vida ao ar livre, os animais, preocupa-se com o meio ambiente e tem atenção rigorosa aos estilos de vida alternativos e a vida em comunidade de mulheres. É uma deusa deslocada no mundo moderno; não se sente bem adaptada à vida urbana com seu ritmo acelerado e altamente tecnológico e seus valores de ascensão social; onde se mostra mais tímida, esquiva e reservada. Tem semelhanças com Atena principalmente em virtude da vigorosa energia que ambas transmitem; a de Ártemis proveniente de seu corpo ágil e atlético e não mental como a de Atena. A chaga de Ártemis é a dor da alienação, que se expressa na solidão psicológica, e às vezes literalmente vivendo às margens da sociedade. Seu amor pela liberdade, seu alto senso de independência incompatibilizam-na a aceitar os papéis de mãe, esposa e profissional que pertencem a Deméter, a Hera e a Atena, respectivamente. O sistema patriarcal não consegue aceitar e conter a ferocidade de seu espírito, ou reconhecer plenamente seus dotes peculiares de mulher. Ártemis é, na realidade, andrógena, algo de que deve se orgulhar, pois esse é o verdadeiro segredo de sua verdadeira força interior e de sua extraordinária independência. Quando em plenitude com seu Eros, a mulher-Ártemis é de uma selvagem e feroz paixão. 66 Afrodite: Como dito anteriormente, a mulher-Afrodite é regida pela deusa do amor e seus maiores valores são os relacionamentos humanos, a sexualidade, o romance, a beleza e a inspiração das artes. É o sol glorioso que adora roupas finas, cabelos resplandecentes e esvoaçantes, jóias e adornos de todos os tipos. Nada lhe dá maior deleite do que a gratificação dos sentidos através do belo, da sensualidade, da sexualidade. Sempre foi e ainda é muito forte a presença dessa deusa em nossa realidade contemporânea, principalmente no mundo da mídia, da moda e dos escândalos políticos. Afrodite é uma das ameaças à sociedade patriarcal pelo seu caráter sedutor, pelos seus valores à sexualidade, ameaçam o poder do universo masculino. Duas foram as conseqüências psicológicas de se negar a Afrodite um verdadeiro lugar na cultura do final da Idade Média: a disseminação da neurose sexual e o aparecimento da paranóia com bruxas. Gordon Rattray Taylor afirma categoricamente em Sex in Society: “Não é exagero afirmar que a Europa Medieval passou a assemelhar-se a um vasto e gigantesco hospício”.Carl Jung descreveu como a perda do serviço amoroso dos trovadores – os verdadeiros sacerdotes de Afrodite – levou diretamente à caça às bruxas. Em suma, tendo sido substituída pelo culto à Virgem Maria, trazido pelo cristianismo, Afrodite foi forçada a ocultar-se, com a sua imagem difamada sendo mantida obsessivamente viva nas fantasias sádicas dos inquisidores – que, depois de haverem massacrado os hereges, saíram à cata das seguidoras secretas da deusa, tidas supostamente como bruxas. Como todos sabem, acreditava-se que as bruxas participavam de orgias com o diabo, com quem praticavam todo tipo imaginável de ato sexual. Menos conhecido é que essas histórias provieram todas de “confissões” arrancadas de mulheres inocentes sob torturas atrozes supervisionadas pelo clero celibatário masculino da época. É evidente que, em termos psicológicos, os padrões projetaram todas as suas apavorantes fantasias sexuais reprimidas sobre as mulheres, castigando-as por isso – muitas vezes, como humilhantes torturas sexuais. Nem mesmo os crimes raciais dos nazistas chegam a equivaler plenamente aos abismos de ódio sexual a que caíram os ditos líderes espirituais do final da Idade Média (Woolger, 1987, p.126). Apesar da sua capacidade de brilhar, de inspirar com seu Eros e criatividade, ela como todas as deusas tem suas chagas profundas na nossa cultura. Grandes partes dessas chagas estão relacionadas com o fato de ela estar alienada das outras deusas, e vivendo numa sociedade de valores patriarcais, que via de regra a condena, a hostiliza, a desaprova. O sistema encontra-se num paradoxo: não pode viver sem ela, mas não consegue viver com ela, pois seus dons estáticos, quase místicos de amor e prazer são 67 constantemente ansiados por todos, porém, nem sempre assumidos claramente. Sem contar que é possuidora de um caráter de alta generosidade e de magnificência. Viver plena e honestamente com Afrodite e com a sua chaga é tarefa difícil e muitas vezes dolorosa para a mulher moderna, uma tarefa que remonta a incontáveis gerações. Sob muitos aspectos, é mais seguro viver confiante e bem protegida em Atena, mais seguro retirar-se e viver sozinha com Ártemis, mais seguro tornar-se mãe de todas as criaturas como Deméter ou esposa de um empresário como Hera, do que enfrentar as chagas dilacerantes da deusa do amor (Woolger, 1987, p. 138). Sabemos da profunda desvalorização do Feminino durante a Idade Média, onde a igreja proibia que os homens cultuassem uma mulher de carne e osso; uma mulher real e das possibilidades de um relacionamento real substituindo por uma imagem de uma mulher ideal a Virgem Maria. Há percepções claras de que estamos sendo cativos de um ideal igualmente impossível em nossa realidade atual, só que agora pelos meios de comunicação de massa, continuamos incapazes de apreciar a plena sensualidade do nosso corpo e de sermos amadas por isso. Quantas mulheres hoje se sentem profundamente inadequadas quando abrem uma revista de moda ou quando assistem a um anúncio de xampu? Quantos homens não sentem que jamais serão felizes enquanto não encontrarem aquele par perfeito de seios, aquele sorriso que enleva, aquelas pernas celestiais? Será que não transformamos a deusa, mais uma vez num ideal incorpóreo e totalmente inatingível da mulher perfeitamente linda? A primeira coisa que precisa acontecer para Afrodite recuperar o seu respeito próprio é ela ter de volta o seu corpo. E isso significa que toda mulher que busca resgatar Afrodite em seu âmago deve começar a amar e acalentar o seu próprio corpo aceita-lo como é, não em termos de algum ideal do que deveria ser. Cabe aos homens parar de comparar toda mulher desejável com algum retrato ideal que traz em seu interior. Quando estivermos plenamente em nosso corpo, um milagre acontece: começamos a sentir verdadeiramente. Não apenas excitação sexual, mas uma espécie de derretimento, de abertura de pontos insondáveis, uma sensibilidade à dimensões mais sutis. Isso significa que quando Afrodite está presente ela dissipa todas as nossas couraças, todas as nossas defesas, “despindo-nos” e tais momentos podem trazer profunda tristeza, medo, irritação, vulnerabilidade. Tamanha é a dor, que somos tentadas a nos fechar novamente e voltar para a cabeça, no entanto, se conseguirmos ficar a sós um pouco com esses sentimentos, Afrodite nos ensinará a ser tolerantes e pacientes. Pois, Afrodite é deusa não somente da paixão, mas também da compaixão. É a deusa que personifica a maior virtude de Buda: a compaixão. Tal como Buda possui uma visão acumulada através do sofrimento, da paciência e da abstenção de revidar, ela foi rejeitada, abandonada, aviltada; seu coração despedaçou-se tantas vezes que atingiu portentosas proporções na capacidade de amar. Diz um ditado judaico: “Deus quer o coração”, isso é uma verdade de Afrodite, “a deusa 68 quer o coração”, pois ele é o símbolo de tudo o que é autêntico e verdadeiro em suas mais íntimas profundezas. E quando dois corações estão abertos um ao outro a magia de Eros pode então fluir entre eles. Esse é o grande dom de Afrodite, a fusão de dois corações em harmonia com a grande fusão sensual de nossos seres físicos, quando ambos os canais estão abertos a deusa se presentifica (Woolger, 1987, p.139 – 140) Hera: exala confiança em si mesma, tem perfeito domínio de si própria e quase sempre, dos demais. A consciência de Hera é mais bem percebida em mulheres mais velhas, é nascida para mandar, floresce no companheirismo do matrimônio. Ela se mostrará bem vestida e terá uma presença “maciça” nessa tradição familiar, geralmente casada com um “grande homem”. Basicamente, a mulher-Hera quer duas coisas: parceria e igualdade. A chaga de Hera é a dor da impotência, o isolamento do mundo maior. Bem no fundo, ela quer viver e agir exatamente como homem num mundo de homens. Quando rejeitada é sentida como profunda chaga narcisística em sua auto-estima, uma chaga em torno da qual mágoa, ressentimentos e ciúmes inevitavelmente se acumulam. Mais casamentos naufragam e mais famílias são tiranizadas por Heras insatisfeitas ou machucadas do que por qualquer outra deusa. E mais mães alcoólatras, violentas e psicóticas são encontradas entre essas mulheres-Hera profundamente frustradas (Woolger, 1987, p.161). Hera e Afrodite são energias opostas, como podemos observar na seguinte citação: Afrodite, em sua liberalidade, representa o próprio princípio da promiscuidade que Hera tanto odeia em Zeus – e que em Afrodite é certamente ainda mais difícil de suportar, pois está presente em outra mulher, ou melhor, em outra deusa. O que poderia provocar a fúria justiceira de Hera mais do que o desprezo de Afrodite pela “Fidelidade”, a sua desconsideração pelo casamento monogâmico e pelo “decoro social”?No entanto, como Heráclito, o filósofo grego, disse certa vez, ‘o oposto é o que é bom para nós! (Woolger, 1987, p. 172). Parafraseando Woolger, infelizmente, o casamento patriarcal conduz, via de regra, à infelicidade, ao vazio espiritual e a um perene anseio por amor. Talvez psicologicamente falando, a monogamia serial, seja apenas uma forma de poligamia não-simultânea. 69 Perséfone: Médium, mística e soberana dos mortos, discreta, simpática e modesta. Uma parte dela podemos até pressentir, está em outro lugar. Todavia, ao mesmo tempo, ela é tão intuitivamente ‘ligada’, que parece estar presente até mesmo em nossos pensamentos. Não tem características físicas dominantes. Em sua fragilidade pressentimos um anseio por afeição e intimidade, embora não saibamos se tal anseio se refere ao corpo e/ou espírito. O seu mundo é “paranormal” e ligado à parapsicologia, também atraída pelos ensinamentos da meta física. Alienada e insegura em si mesma. Tão poderosa é a autoridade do materialismo científico de nossas universidades, instituições de pesquisa e meios de comunicação de massa, que disciplinas como parapsicologia e metafísica são consideradas excêntricas, próprias para lunáticos. Quando a atriz Shirley MacLaine narra o seu despertar psíquico, revistas como Newsweek e People, tratam-na condescendentemente como uma louca mansa que vai ficando dia a dia mais biruta. E sempre pairando ao fundo da consciência coletiva, esta ‘maga negra’ e o Diabo dos fundamentos cristão” (Woolger, 1987, p.179-180). O caráter da mulher-Perséfone não é nada fácil de entender, são altamente reservadas e reclusas. A maior dificuldade é a estrutura frágil do ego. Na Grécia Antiga, Perséfone era considerada a rainha do mundo avernal, mundo de espíritos, na psicologia moderna é chamado de Inconsciente, principalmente o coletivo. A descida ao mundo avernal, não é restrito à infância – pode ser após um divórcio, uma mudança não desejada, aborto, a perda de um ente querido, de um emprego, algum trauma severo, quando sobrevivemos a um acidente grave – em situações onde há ‘possíveis mortes psíquicas’, enorme vazio, ermo, vazio emocional. Freud caracterizava toda depressão como um tipo de luto pela perda de algum objeto amado. A mulher-Perséfone quando não integra a energia das outras deusas, poderá se expor a ‘sofrimento considerável’ e lidar com este domínio da existência (mundo avernal) e com suas ameaças de dissociação psíquica, loucura e desespero é um desafio 70 psicológico sem igual. Para sobreviver, ela aprende a recolher-se para dentro de si e para os seus encontros psíquicos secretos. Mulher-Perséfone tem que viver e agir em dois mundos diferentes e inóspitos: o mundo frio e imprevisível do inconsciente e o incompassivo e alienante ‘mundo real’. As mais confiantes podem se dar bem, sendo astrólogas, terapeutas, tarólogas, professora de metafísica, artistas visionárias, etc. Alguns psicanalistas acreditam que a ‘cisão’ (caráter esquizóide) esteja ligado a uma falta fundamental de elo com a mãe, que no mito grego essa mãe é Deméter, é a filha que perdeu a mãe cuja vida real é vivida em outra parte, para completar a sua descida para o mundo avernal, para o inconsciente e o seu verdadeiro salvador não é Zeus e sim Hades. A fonte de transformação de Perséfone vem de baixo, das profundezas abissais da alma, não dos confins mais elevados do espírito. Outra saída é tornar-se exatamente o que ela perdeu: uma mãe mais do que amorosa, uma terapeuta ou curandeira cuja clientela será constituída predominantemente por jovens “Perséfones”, todas mais carentes, apegadas e dependentes que ela, com carência de amor e atenção. Para evitar isso, Perséfone precisa antes, como todos os que pretendem curar alguém, é curar-se a si mesma. Sua capacidade de empatia e de entendimento psíquico é o maior obstáculo a esse processo de tornar-se uma terapeuta. Precisa de ajuda externa, caso contrário vai atrair para si reflexos de sua própria vitimização não resolvida. Por ser aberta ao inconsciente seu e do outro, ela está constantemente fundindo-se com as personalidades de sofrimentos das pessoas que atrai. A chaga de Perséfone é ser a eterna vítima sacrificial. Flertam com a morte em diversos períodos de suas vidas e cresceram no papel de vítimas, impotente e 71 geralmente passiva, com compulsão de repetição do drama do rapto, na qual a donzela paira como que congelada à beira do abismo. Segundo Jung existe duas formas de orgulho ou presunção espiritual: a presunção do herói e o orgulho do sofredor, do mártir. O que deve morrer na donzela Perséfone, é a sua inocência de donzela, sua meiga persona18, composta de ideais espirituais, doçura e luminosidade. Luz demais acaba lançando uma sombra muito escura, que é uma raiva enorme e uma ânsia desmesurada pelo poder absoluto. Perséfone sente medo de Hades e da mãe negra, que outra não é senão a rainha poderosa do mundo avernal que ela não quer reconhecer em si mesma. A verdadeira questão de Perséfone é o poder que recusa para si e projeta para os outros. Deméter: Mãe de todos nós. É aquela rodeada de crianças, e imersa nos afazeres que a maternidade exige. Ela é mais que uma simples mãe biológica. Não é ter filhos que faz uma verdadeira mãe, é uma atitude, uma maneira instintiva de cuidar de tudo que é pueril, carente e sem defesa. O amor de Deméter é uma forma totalmente dedicada e generosa de doação, é o “carinho de mãe” personificado. Ser mãe é o princípio norteador fundamental na vida de Deméter. Cada uma das deusas cuidou de seu filho de modo diferente: a Afrodite é uma mãe sensual e leniente, que adora vestir os filhos e mima-los com gostosuras e de ir ao cinema com eles; Atena, mal pode esperar que os seus filhos aprendam a falar e possam expressar para conversar com eles e estimular a sua educação e aprimoramento mental; Perséfone também é profundamente envolvida com os filhos, mas de uma maneira mais psíquica e intuitiva do que em termos do bem-estar físico deles; Hera é tão cheia de regras, censuras e expectativas que resta pouca ternura na sua maneira de criar os filhos. 18 Ver Sharp, 1993, p. 118-21. 72 A única diferença entre Afrodite e Deméter em relação ao amor, é que para Afrodite o outro é um ser amado adulto, ao passo que para Deméter é a criança. Existe uma ligação profunda entre Deméter e todos os aspectos da FORÇA VITAL – Uma Deméter saudável estará sempre ligada à realidade física; as realidades e necessidades do corpo. Ao contrário de Hera, Deméter não se casará para adquirir posição e prestígio na comunidade – “o jovem de maior futuro”. O que ela busca é um pai digno e confiável para sustento seu e de seus filhos. Mais de 2000 anos de cultura judeu-cristã nos acostumaram a pensar em tudo o que é Divino como masculino, estando de alguma forma “lá em cima” no céu. Como resultado, nós praticamente esquecemos o que significa considerar a terra em que pisamos como sagrada, como verdadeiramente a nossa mãe, como local onde habitam deusas e deuses. A partir do instante que a energia de Deméter toma inteiramente conta da sua mente, ou melhor, de seus instintos, a mãe aprenderá uma maneira inédita de (estar) ser consciente e passa a funcionar em “multipistas”. A gestalt criança/adulto da consciência de Deméter comparada com a das outras pessoas, é na realidade invertida. Para a maioria dos adultos, o barulho das crianças, “abstraem”, em Deméter, acontece o contrário. O fato é que a maternidade oferece pouca ou nenhuma gratificação para o EGO. Qual a recompensa de Deméter? A consciência de Deméter é dual, onde mãe e filho é modelo incessante de crescimento e transformação. Sua realização inquestionavelmente está em maravilhar-se com os filhos, nos quais vive, se move e justifica sua existência. Sua maior satisfação é ver os lindos frutos de seu ventre bem criados e transformados em jovens adultos e felizes. O cálice da força vital dentro de si está transbordante. Por que as funções sagradas de Deméter acabaram assim tão denegridas? 73 A própria dificuldade de sobrevivência, segundo as histórias da Grécia Antiga, uma nítida divisão foi lentamente se acentuando entre os Deuses e Deusas urbanos (Zeus, Apolo, Hera e Atena), que refletiam os valores de um patriarcado guerreiro em ascensão, e as divindades mais tradicionalmente rurais (Ártemis, Dionísio, Cronos, Deméter, Posêidon e Afrodite), todas elas, essencialmente Matriarcais ligados a Terra. Há séculos que a Europa urbana e os E. U. A têm sido regidos conjuntamente pela ética protestante de Atena (trabalho duro e realizações materiais) e pelas pretensões burguesas de Hera. Os atributos de Deméter são constantemente controlados e denegridos. A chaga de Deméter é a negação do direito de nascer. O testemunho de toda mulher que já deu a luz - foi o maior acontecimento da minha vida. E, no entanto, uma função que há milênios era competência natural das mulheres, passou a ser, no mundo moderno, cada vez mais assumido pela sociedade na figura do médico, professor e dos próprios meios de comunicação. Esse processo teve seu início com o advento da profissionalização da medicina no século XIX, substituindo o trabalho de parteiras por um número cada vez mais crescente de cesarianas. Talvez as mães venham redescobrir a harmonia mútua de trabalharem juntas em pequenas comunidades cooperativas, onde poderão dar apoio uma às outras ao darem à luz e cuidarem dos filhos. Através dessa breve consideração a respeito das Deusas podemos observar o quanto de cada uma delas encontra-se atuando em nossa psique, com seus atributos e suas chagas. O resgate de alguns desses arquétipos do feminino, foi oportunizado pelo curso de Pós Graduação em psicologia Transpessoal por meio de uma abordagem teórico/vivencial. Foi de extrema importância no nosso processo de transformação como um todo, que certamente trazem e trarão benefícios individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de consciência, refletindo numa 74 melhor qualidade de vida, co-criando uma nova realidade planetária, tão sonhada, tão almejada por seres, num tempo de terceiro milênio. Enquanto Woolger utiliza as Deusas para se referir ao Feminino sagrado, JeanYves Leloup vai buscar nos evangelhos, figuras femininas na vida de Jesus. Trabalharemos a seguir, dentro dos arquétipos apresentados por Leloup (1996), os sete arquétipos de Maria Madalena. Ela é representa a busca da síntese, pois como apresentamos anteriormente na visão de Maturana, existe uma enorme fragmentação do ser, facilmente detectável em nossa realidade contemporânea. Maria Madalena, em cada uma de nós, é a busca da unidade fundamental do ser, da integração do masculino com o Feminino, da matéria com o espírito, do profano com o sagrado, do absurdo com a graça. O primeiro arquétipo de Maria Madalena é o da amante com desejos desorientados. Este emerge por não sabermos o que queremos e quem somos. Isso ocorre porque desempenhamos tantos papéis em nossas vidas, que muitas vezes nos perdemos, trazendo-nos um estado de sofrimento. É considerada aqui como o arquétipo da pecadora, com um psiquismo que não distingue qual é o “sujeito” do seu desejo. Pecado, neste contexto, vem de um termo grego, Harmatia, que quer dizer, mirar o alvo para não acerta-lo, ou seja, nossos desejos são desorientados por não sabermos quais são os desejos mais profundos. O segundo arquétipo apresentado por Leloup (1996) é o de Maria Madalena com capacidade contemplativa, que é baseado no episódio do evangelho onde Maria escolhe estar aos pés de Jesus, escutando e contemplando sua fala enquanto que Martha, sua irmã, cozinhava e fazia o trabalho pesado. Ambas é em nós, a contemplação e a ação, o silêncio e a palavra. Em nossa sociedade voltada para o “fazer”, quando escolhemos apenas contemplar, corremos o risco de cairmos no ostracismo. Porém, quando o nosso desejo 75 é orientado para o Ser e nos permitimos, escolhemos e fazemos aquilo que é necessário naquele momento de maneira autêntica, genuína e espontânea, mesmo que isto signifique “contemplar”, tornar-se-á um processo profundamente rico e poderoso em nossa vida. O terceiro arquétipo de Maria Madalena é a compaixão, que ele chama de Arquétipo da Intercessão, que nos mostra a sua capacidade de interceder pelos doentes e moribundos. Porém, ao mesmo tempo em que se volta “para o outro”, faz um mergulho na profundidade do seu ser, e por isso se torna capaz de ajudar o próximo. Percebemos aqui a dimensão da unidade19. O quarto arquétipo é o do Feminino como intuição profética. Uma vez que despertamos em nós a contemplação e a compaixão, despertamos uma visão não comum, estados ampliados de consciência que nos permite pressentir o futuro, devido a uma visão mais ampliada do mundo, podemos até apresentarmos características proféticas. Para Leloup (1996), o fato de Maria Madalena ter usado em Jesus um perfume, que deveria ser guardado para o momento de sua morte, significa que ela “profetizou” sua morte. Trata-se de uma atitude feminina, embora não denuncie o saber com palavras o faz em gesto marcado por profunda generosidade e entrega. Há ainda o quinto arquétipo, o de Maria Madalena com capacidade de acompanhar os agonizantes. Esse contexto é baseado na parte do evangelho em que Jesus está à beira da morte, aos pés da cruz, quando Maria Madalena nos mostra coragem diante do desconhecido, da vida e da morte. Reconciliar-se com o Feminino é não termos medo das nossas emoções, do desconhecido, da vida nem da morte. Só assim o nosso corpo pode liberar a negatividade que ficou nele e manifestamos a coragem do coração. 19 Ver conceito de unidade no cap. II p. 27. 76 Tememos manifestar nossas emoções, sobretudo naqueles da cultura européia e seus descendente. Nesse ponto destacamos que é importante se trabalhar a perda e trabalhar o luto. Se não expressarmos as nossas emoções no exterior, é o nosso corpo que ficará em luto, pois todas as toxinas ficarão impregnadas nele e o destruirão. Reconciliarmos-nos com nossas emoções é reconciliarmos-nos com o nosso feminino. O sexto arquétipo é o arquétipo a testemunha da ressurreiçã20o, porque não tem medo da morte, manifesta o movimento de mergulho nela e para além dela. Mostra-nos a dimensão da coragem do Feminino em cada um de nós, daquela que não tem medo de olhar de frente para a morte, porque não tem medo de entrar na dimensão de si mesma. Por ter essa coragem, ela é a primeira a testemunhar a Ressurreição de Cristo. Esse arquétipo nos mostra que não fugindo da morte, caminhamos para além dela, ou seja, para o outro lado, para o que é imortal. Após a experiência da Ressurreição presenciada por Maria Madalena, ela vai anunciá-la aos seus irmãos, os apóstolos, que Jesus apareceu para ela. A partir desse momento, ela se torna como que o arquétipo da iniciadora, aquela que inicia o evangelho. Ou seja, após passar por todas as etapas de mergulhos interiores, ela integra toda a sua aprendizagem, e assim está pronta para ensinar os outros. Leloup (1996) cita o Evangelho de Tomé e nos diz: Pedro disse a Maria: “minha irmã, nós sabemos que o Salvador te amou mais do que às outras mulheres. Dize-nos as palavras que ele te fez conhecer, que ele disse a ti e que nós não escutamos1” E Maria responde: “O que foi escondido a vós, e vos anunciarei.” (Tomé in Leloup, 1996, p. 155). Ao explorarmos os sete arquétipos de Maria Madalena estabelecemos relações com as Sete Etapas da Abordagem Integrativa de Vera Saldanha descrita no capítulo II. 20 Segundo Leloup (1996, p. 150) ressurreição é uma palavra grega que significa entrar na dimensão de si mesmo. 77 Observamos que o arquétipo da amante com desejos desorientados corresponde ao reconhecimento, é o momento da mobilização interna, há um desconhecimento diante do novo, e o encontro com Jesus permite o encontro consigo mesma, há um novo olhar ao redor, e emerge um questionamento. É uma experiência de mobilização interna desencadeada por estímulos intrínsecos e extrínsecos. No segundo arquétipo, a contemplação, pode-se estabelecer relações com a etapa da identificação. Maria Madalena entra em consonância com suas necessidades básicas, deixa se levar por seus processos internos vive a sua vontade. Mobiliza a identificação inclusive naqueles que estão à sua volta, como Maria que se angustia por estar trabalhando enquanto Madalena “apenas contempla Jesus”. Observamos a ressonância na experiência dos envolvidos. O terceiro arquétipo, a intercessora, permeada de compaixão, sugere relações com a desidentificação. Maria Madalena volta-se para o outro, começa a valorizar novos aspectos da vida humana, começa a surgir uma nova dinâmica para se transformar e transformar o outro, há um discernimento crítico, uma reflexão articulada aplicada ao contexto de vida. Permitindo que Maria Madalena nos revele o quarto arquétipo, a Intuição Profética, quando surge uma visão não comum, emergem estados não ordinários da consciência, há um despertar tal qual como ocorre na transmutação. Há um novo olhar, o conhecimento ganha significado, aspectos disfuncionais começam a ser transcendidos, um processo de mudança se inicia. Embora haja a luta as mudanças se impõem, há uma postura ética do problema e da solução, nada é certo ou errado, bem ou mal. As funções de percepção são advindas da intuição. Revela-se então, a capacidade de acompanhar os agonizantes, descrito no quinto arquétipo. Maria Madalena mostra coragem diante do desconhecido, há uma nova postura; equivalendo a transformação, um novo conhecimento é estabelecido, 78 introjetado, praticado, permeado pela generosidade e entrega. Nesta etapa não há fragmentação, a síntese interna é alcançada e a experiência pessoal ganha individualidade. Maria madalena começa a trilhar o seu caminho a partir de suas escolhas. O mergulho na morte é o sexto arquétipo da mulher testemunha da ressurreição, que entra na dimensão de si mesma, que nos mostra a coragem de viver o Feminino; está além dos paradigmas de tempo/espaço, tal qual como na elaboração. Relacionamos este arquétipo com a elaboração, há apreensão do verdadeiro conhecimento e do sentido do saber a partir do indivíduo capaz de dissipar todos os temores. Emerge naturalmente uma apreensão global que inclui o contexto pessoal social e espiritual. A sétima etapa se presentifica no arquétipo da iniciadora, onde Maria Madalena vai anunciar aos seus irmãos a ressurreição, há uma integração do seu processo no cotidiano; tal qual nos propõe a etapa da integração na Abordagem Integrativa Transpessoal. O novo olhar torna-se um novo fazer, as perspectivas se ampliam, os conhecimentos adquiridos são integrados na prática do indivíduo. Maria madalena já não é mais a mesma, além de um novo olhar se faz presente um novo fazer lhe permite dar continuidade ao seu desenvolvimento compartilhando suas experiências. Através destas considerações a respeito dos arquétipos do Feminino, podemos observar o quanto de cada um deles, encontra-se atuando em nossa psique com os seus atributos e chagas. E consideramos que o resgate destes é de extrema importância em nosso processo de transformação como um todo. Certamente trazem e trarão benefícios individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de consciência, refletindo em uma melhor qualidade de vida, co-criando uma nova realidade planetária, tão sonhada, tão almejada por seres em um tempo de terceiro milênio. 79 CAPÍTULO IV EDUCAÇÃO E VALORES HUMANOS Educar é um exercício de imortalidade. De alguma forma seguimos vivendo naqueles cujos olhares aprenderam a ver o mundo através da magia de nossa palavra. Assim, o professor nunca morre (Moraes; Latorre, 2004, p. 72). Sempre houve uma preocupação em buscar um sistema psicológico e naturalista de valores, que fosse o mais próximo possível da natureza do homem. Mas até hoje nenhum dos sistemas se mostrou fiel à nossa verdadeira natureza. Nas palavras de Maslow temos: “A luz de conhecimentos recentemente adquiridos, praticamente todas elas (as teorias) são falsas, inadequadas, incompletas ou, de uma forma ou de outra, deficientes” (Maslow, 1996, p. 181). Questionamentos sobre a origem e continuidade da bondade humana fizeram com que Maslow buscasse nas novas descobertas nos campos das Ciências e da Psicologia uma explicação adequada. Partindo dos conhecimentos acerca da Homeostase, capacidade de autoregulação metabólica de um organismo, verificou-se uma aptidão universal inata em todas as espécies de animais, em selecionar o mais adequado para satisfazer suas necessidades corporais. Existe uma sabedoria inata e confiável também a nível psicológico. Ele nos: “Parece evidente que todos os organismos são mais auto governados, auto regulados e autônomos do que se pensava há tempos atrás” (Maslow, 1996, p. 183). Porém, ao se considerar pessoas enfermas mental e fisicamente, estas nem sempre conseguem fazer boas escolhas e seguir um caminho de equilíbrio interno. Para uma melhor avaliação, Maslow baseou seus estudos em pessoas sadias, seus valores e suas preferências, conforme suas diversidades culturais. As capacidades de cada um 80 representam seus valores e necessitam ser expressos. Tais valores são intrínsecos ao ser humano. Maslow chamou de necessidades básicas do ser humano as necessidades fisiológicas e psicológicas “[...] que devem ser satisfeitas de forma ótima pelo meio ambiente, a fim de evitar doença e o mal estar subjetivos” (Maslow, 1996, p185). Essas necessidades obedecem a uma hierarquia conforme o processo de individuação pelo qual passa cada ser humano, como amor, fome, segurança entre outros21. Mas parece que há um único valor básico para a humanidade, um objetivo que todos os homens desejam alcançar, recebendo diferentes nomes conforme cada autor: individuação, autonomia, auto-realização, integração, saúde psicológica, criatividade, produtividade. Existe uma concordância geral que isto equivale à realização de potencialidades da pessoa. Em outras palavras à plenitude humana, ou seja, tudo o que ela pode vir a ser. Para Maslow, o ser humano vive em busca dessa plenitude e, quando alcança um valor, segue em busca de outro em grau superior. Estaríamos fadados a viver constantemente insatisfeitos, sempre buscando o inalcançável. Porém, o que se verifica é que “o céu [...] aguarda-os ao longo da própria vida” (Maslow, 1996, p186). Pois experenciamos momentos de grande prazer, que, apesar de circunstanciais, nos dão sustentação para seguirmos adiante além do fato de que podem ser acessados sempre que assim o desejarmos. Parece existir uma tendência do ser humano para buscar a plenitude, a individuação, a sua própria identidade, por meio de bons valores como a serenidade, gentileza, coragem, amor, altruísmo, bondade, entre outros. Maslow (1996) decidiu estudar a personalidade de pessoas bem-sucedidas, com grande capacidade de pensar, escrever, compor, pintar e administrar grandes 21 Ver cap. I p. 17 81 corporações. Percebeu que essas pessoas eram muito mais saudáveis, felizes e sábias do que o normal eram abertas para a vida e criavam seu próprio destino. Acreditavam nisto, bem como no valor do Self, ao qual se recorria quando enfrentavam algum problema. A solução estava dentro de si mesmo na maioria das vezes. Eram pessoas, não mais que 1% da população, que “descobriram a conexão psicofisiológica sozinhas” (Chopra, 1989, p. 130). Chopra (1989) compactua com as idéias de Maslow ao dizer que, ao contrário do velho paradigma onde a ciência menosprezava a minoria analisada, mesmo se apenas uma pessoa em dez milhões encontra a cura para o câncer ou para a aids, devemos tentar compreender que caminho de cura é esse para tentar reproduzi-lo. Assim fez Maslow, observando indivíduos “saudáveis” e também os indivíduos normais, mas em estado de “experiências culminantes”, e descreveu 10 características do ser humano sadio. Para isso baseou-se em “caracteres objetivamente descritíveis e mensuráveis...”, como fazem os cientistas ao procurar espécimes típicos para um exemplar. Diz ele: [...] entre as características objetivamente descritíveis e mensuráveis do espécime humano sadio contam-se: 1 – Uma percepção mais clara e mais eficiente da realidade. 2 – Mais abertura à experiência. 3 – Maior integração, totalidade e unidade da pessoa. 4 – Maior espontaneidade, expressividade; pleno funcionamento; vivacidade. 5 – Um eu real; uma firme identidade; autonomia, unicidade. 6 – Maior objetividade os e, desprendimento, transcendência do eu. 7 – Recuperação da criatividade. 8 – Capacidade para fundir o concreto com o abstrato. 9 – Estrutura democrática de caráter. 10 – Capacidade de amar, etc. (Maslow, 1969, p 189). Maslow verificou que “a maioria das pessoas é capaz de individuação”, e, portanto, integrar esses valores ao longo do processo. É essa unidade, essa rede de intercorrelações positivas que se desintegra, se fragmenta em divisões e conflitos quando a pessoa fica psicologicamente doente, que leva o indivíduo aos valores de 82 “recaída”. Buscamos ambos os valores em maior ou menor grau, conforme nossa necessidade, mas estão sempre presentes no comportamento manifesto. Boff (2003) explica essa dimensão dualista do ser humano no nível pessoal através do “simbólico” e “diabólico”. Segundo ele, a dimensão simbólica é feita de amizades, de amores, de solidariedades, de uniões, e de convergências, enquanto que a dimensão diabólica, as inimizades, ódios, impiedades, desuniões e divergências. Nesse contexto, podemos permanecer na satisfação das nossas necessidades primárias (biológicas) e, nos fixarmos nos aspectos regressivos do comportamento humano, criando dissociações de personalidade, onde o indivíduo pode até cometer crimes num momento de intensa ira, por exemplo. Este fato justifica a preocupação de Boff “com a possibilidade de o ser humano “demens”, a sua dimensão destrutiva se fazer “ecocida” e “geocida”, vale dizer, de eliminar ecossistemas e de acabar com a Terra”(Boff, 2003, p. 19). .Maslow (1996) também nos fala das necessidades secundárias, que nos levam a buscar a auto-realização, vivenciando e amor e as relações em sua dimensão afetiva. Poderíamos viver felizes e realizados, como “homens medianos” por muito tempo. Mas a inquietação que acompanha o ser humano parece conduzi-lo ao “transcendente”, à busca de aspectos mais elevados do ser. Buscamos o sentido maior da vida que nos remete à espiritualidade com retorno aos valores mais superiores, sem a qual toda tecnologia e avanços científicos serão em si um grande mal, caso não sejam acompanhados de amorosidade, solidariedade, compaixão, ética e outros valores que caracterizam o ser saudável, (Maslowm 1996). Maslow diz que o homem, fundamentalmente, não é moldado ou talhado na condição humana, nem ensinado para ser humano. Segundo ele o meio ambiente apenas deve possibilitar ao homem manifestar suas próprias potencialidades, que são inerentemente suas, como braços e pernas. 83 Baseado nos estudos de Maslow, Chopra, baseado no estudos de Maslow, nos dize: “Quando a sociedade se elevar ao nível das melhores pessoas que já produzem, a saúde perfeita se tornará uma realidade” (2002, p. 130). Para Chopra, o “ser saudável” é aquele que identifica seus talentos únicos e pode expressá-los com todo o seu potencial criativo. Diz ainda que, além de trazer felicidade, satisfação e realização, acaba fortalecendo seu sistema imunológico. As idéias de Deepak Chopra foram fundamentadas a partir das antigas tradições orientais de sabedoria (fontes consideradas por Maslow como básicas para o trabalho futuro em Psicologia), pelas novas descobertas científicas e por sua experiência pessoal e profissional. Como médico cita também o exercício regular e a alimentação balanceada e preparada de forma prazerosa, estratégias para se melhorar a saúde circulatória e ainda contribuir para a diminuição da pressão sanguínea. Chopra (1989) nos chama atenção para o sistema “mente-corpo”, para a influência que nossos pensamentos exercem sobre nosso corpo. A ciência hoje nos diz que “cascatas neuronais”, derramamento de substâncias químicas no cérebro em resposta aos estímulos do meio, os neurotransmissores, interferem diretamente em nosso corpo físico como uma rede de informações que não se limitam a mandar impulsos em linhas retas pelos axônios, mas, circulam. “[...] inteligência livre através de todo o espaço interior do corpo” (Chopra, 1989, p. 81). Mesmo tendo uma visão otimista da natureza humana e suas possibilidades, Maslow também se considerava realista, e algumas perguntas o preocupavam: - Por que um maior número de pessoas não realiza seu pleno potencial de vida? - O que internamente se interpõe no meio do caminho? Em 1996 Maslow oferece uma resposta profissional e fascinante com um artigo em seu livro “Visões do Futuro”, apresentando à comunidade científica da época “O complexo de Jonas”, inspirado num personagem bíblico do antigo testamento. 84 A maioria dos psicólogos humanistas e existencialistas acreditava que um aspecto universal da natureza humana é o impulso de crescer e realizar-se; ser o melhor em suas potencialidades. O modelo mais útil para resolver este problema é o velho conceito freudiano que aborda a existência de um impulso e a resistência contra sua expressão real. Existiriam bloqueios, defesas que se interpõem durante este caminho até a plena realização. O medo de crescer, por exemplo. Mas, hoje em dia temos novos conceitos acerca do comportamento humano. Percebemos que, através do chamado “inconsciente sadio”, não só reprimimos nossos impulsos negativos (perigosos ou desagradáveis) como nossos melhores e mais nobres impulsos. Por exemplo: em nossa sociedade existe um tabu generalizado sobre ternura. É comum as pessoas sentirem vergonha de serem altruístas, amorosas e terem compaixão. Podemos ver nos meninos adolescentes este comportamento, pois não querem parecer afeminados, iniciando atitudes mais rudes e frias no contato social, o que também acontece infelizmente na sociedade em geral. Ao estabelecermos um paralelo com a Abordagem Integrativa de Vera Saldanha, que nos remete às Barreiras Grupais, que constituem oposição ao crescimento, como o cinismo, a crítica destrutiva, a indiferença, o humor mordaz, a superficialidade, o ceticismo, e outros. No ambiente escolar foram caracterizados como Bullyng (provocação de um grupo sobre o outro, como no filme “Um Amor Para Recordar”). Os indivíduos normalmente fogem de seu chamado interior assemelhando-se com o personagem bíblico Jonas. Demoram a reconhecer seu talento e colocá-lo em prática. É comum atualmente a pessoa com maior capacidade profissional, usar de falsa modéstia ou humildade. Perde sua capacidade de expressão espontânea de dizer: “sou inteligente”; porque teme a represália de seu grupo considerá-la orgulhosa, tirando de si méritos com essa atitude. 85 Sem dúvida temos que ter muito amor próprio, a fim de podermos alcançar nossas metas e realizar nossos potenciais. As pessoas que não desenvolvem esse amor próprio tornam-se neuróticas, reprimidas, pois são as que mais se impressionam com a possibilidade de receber um castigo do grupo. Este é o conflito mais freqüente em psicanálise, podendo causar até “personalidade múltipla” onde as possibilidades negadas suprimidas e reprimidas, emergem na forma de personalidade dissociada, fugindo de seu destino. O historiador Frank Manuel também chamou esse fenômeno de “Complexo de Jonas” (Maslow, 1996). Vamos recordar o relato bíblico: Jonas foi chamado por Deus para exercer o dom da profecia, ou seja, pregar a palavra divina, mas teve medo de fazê-lo. Tentou fugir, mas não havia como se esconder de sua tarefa. Ao final, entendendo que teria que aceitar seu destino teve que realizar o que estava sendo chamado a fazer. “Vá pregar a palavra d’Aquele que É ao povo de Nínive”. O povo de Nínive, escutando as palavras de Jonas, começou a jejuar, vestiram-se de sacos, desde o maior até o menor. E neste dia, eles ficaram todos iguais, não havia ricos nem pobres. Assim como Jonas, todos nós recebemos uma tarefa particular que combina com nosso modo de ser. Cada vez que nos afastamos deste chamado interior, provocamos reações neuróticas, psicossomáticas de todos os tipos. Ao invés de avançarmos para a auto-realização, ficamos perdidos e paralisados no meio do caminho. 1. Educação e valores - Abraham Maslow Maslow (1994) ressalta a necessidade de uma integração da comunicação interna e externa, sendo fundamental o estudo da personalidade. Sustenta que as maiores dificuldades em comunicação seriam as barreiras dentro das pessoas. Estas partes internas foram chamadas por ele “instintóides”, é um fenômeno biológico da nossa natureza, em que a cultura não pode eliminar, mas reprimir. 86 Constituem, ainda, aspectos emocionais como, imaturidade e maturidade, exigências racionais e impulsividade, necessidades sociais e espirituais. São características intrínsecas, que determinam o ser humano de forma geral Contudo, baseado no aprendizado intrínseco é que o ser humano desperta as próprias potencialidades e valores internos. Como as dificuldades internas são paralelas às externas, justifica que a medida que o ser se integra e se liberta dos conflitos e divisões internas, melhorara sua comunicação com o meio exterior. É interessante frisar sua frase a seguir: “As partes rejeitadas não deixam de existir, não morrem por melhor que se sepultam” (Maslow 1994 p.157). Enfatiza a saúde psicológica da pessoa sã que é mais espontânea, expressiva, fácil no trato, honesta em seus princípios, tendo uma percepção melhor de si mesma e de seu semelhante. Estes aspectos facilitariam a recepção e emissão da comunicação e integração com seus pares e nos apresenta educação como um meio que favoreça o desenvolvimento da natureza superior do individuo, permitindo a descoberta de seus valores mais elevados. Para ele a meta da educação é levar o individuo a auto-realização, a ser plenamente humano e ser melhor do que se é capaz. Esta possibilidade de sermos infantis, travessos e, ao mesmo tempo, cidadãos sóbrios, responsáveis e ficarmos atentos ao nosso mundo interior assim como ao gozo, à poesia e sensações do mundo exterior, nos abre para a transcendência da dicotomia presente em pessoas autorealizadas. Em sua teoria de educação criativa, humanista, verbal e não verbal (arte/dança) deve-se dar atenção especial aos valores superiores e facilitar sua emergência. Os educadores além de ensinarem inúmeros, conhecimentos, deveriam colocar mais foco 87 no porque e para que estariam ensinando determinada matéria, visando sempre o pensamento do educando, sua conduta e comportamento. Este novo tipo de ser humano orientado no processo humanista possibilitaria um desabrochar de pessoas criativas, espontâneas, expressivas, improvisadoras e confiantes, corroborando de maneira significativa para uma sociedade saudável e ética. Dentre os atributos da psique humana explorados por Maslow ressaltamos o que ele denominou de criatividade primária, aquela que surge do inconsciente, que é a fonte de novas descobertas e herança de todas as crianças. Já criatividade secundária é toda classe de produtividade, a realidade no qual se concretizam as idéias. Conforme ele deixou: “[...] as escolas devem ajudar as crianças a olharem dentro de si mesmas, e deste auto-conhecimento se deriva uma série de valores.” (Maslow, 1990 p.181). Observamos em suas contribuições a dimensão da unidade entre educando e educador, e destes com a sociedade e vice versa. Valoriza as potencialidades humanas e ressalta e que é a partir do próprio educando que se inicia o processo de ensino e aprendizagem. Pois, para ele, todo ser humano tem em sua natureza um impulso ao crescimento e à transcendência. 2. Educação Sathya Sai Baba: sobre Valores Humanos para crianças e jovens Fazendo um paralelo entre o programa em Valores Humanos de Sathya Sai Baba e de Maslow podemos observar que ambos têm uma visão humanista e a preocupação em criar uma sociedade melhor, dando sempre prioridade a descoberta e incentivo dos valores humanos inerentes aos seres. Segundo Priddy (2002), Sathya Sai Baba educador indiano, premiado em 2000 como Homem da Paz do Ano pela UNESCO, nos diz que a educação é uma preparação para a eterna busca por auto-conhecimento e pelo sentido da vida. Isso envolve viver de acordo com o que é certo, bom, verdadeiro e belo ao invés de ser preparado primeiro 88 para ganhar dinheiro. Educar para que se produzam bons cidadãos e uma boa sociedade, não apenas bons cérebros. As pessoas tidas como educadas e diplomadas pelo modelo cartesiano, com uma formação universitária, não tem nem sinal do auto-conhecimento e nem qualidades que seriam inerentes ao ser humano, como; misericórdia, solidariedade ou compaixão. O amor significa o sentido de inter-relacionamento e envolvimento do indivíduo com a comunidade, o que o faz reconhecer o parentesco que existe entre ele e os outros. Para Sai Baba a educação espiritual não é uma disciplina distinta e separada, mas sim parte integrante de todos os tipos e níveis de educação. Deve-se indagar: Por que é que com a educação superior sendo mais acessível no mundo todo, do que em qualquer outra época, muitos problemas humanos terríveis e crises reais estão longe de serem resolvidos e reconhecidos? As universidades de hoje converteram-se em fábricas que produzem graduados, o que não pode ser o verdadeiro propósito da educação. A visão psicanalista da ciência e o orgulho do “know-how” intelectual acrescentaram à aridez, ou melhor, ainda, alienação do coração no sistema educacional vigente. A Educação deve reforçar as fontes de alegria, amor e paz de espírito que são inerentes ao coração, e poderíamos dize, à alma humana. Destes milhares de alunos do Programa Sathya Sai Baba sobre Valores Humanos implantados em 157 países, muitos estão para assumir posições de influência e poderão começar a limpar as nações de corrupções generalizadas, opressões e muitas outras doenças morais. Eles abrirão caminho para o resto do mundo em uma nova era de paz e desenvolvimento espiritual. 3. Educação para o Ser Integral Um novo paradigma educacional emerge nesse sentido, a relevância deste tema resulta de um conjunto de mudanças na realidade planetária que temos assistido. O 89 homem, que se viu como centro do universo, mostrou também sua imensa capacidade de autodestruição através de lutas insanas pelo poder e, pior, cometendo homicídios em massa em nome de ideais religiosos. Este mesmo ser, detentor de ilimitada criatividade, foi capaz de levar seu planeta a uma devastação sem precedentes na história da humanidade. Consideramos de extrema relevância a indagação de Boff (1998) que nos diz: “Como construir o humano se nele convivem o anjo da guarda e o diabo exterminador?” (p. 19). E continua: “Precisamos construir pontes, integrando nossas dimensões opostas [...] numa lógica dialógica que se realiza estabelecendo conexões em todas as direções” (Boff, 1998, p.21). No processo de globalização competitiva em que nos encontramos, já não há barreiras físicas, já sentimos a teia de que somos formados. Devemos, pois, passar à globalização cooperativa onde, “[...] estamos todos sob o mesmo arco-íris da solidariedade, do respeito e valorização das diferenças e movidos pela “amorização” que nos faz irmãos e irmãs...” (Boff, 2003, p. 46). Somos filhos e filhas da Terra, com a qual temos, ao longo desses 15 bilhões de anos, misturado nossas matérias mais básicas. Fazemos parte de um todo, do qual somos co-criadores. Ansiamos por um mundo mais ético, sustentável e amoroso, integrando o feminino, esquecido numa civilização patriarcal, reducionista e dualista. Segundo Leonardo Boff (2003), o novo ser deverá criar condições materiais, culturais e espirituais, que garantam o destino humano, articulado com o destino do planeta. A educação humanista de Maslow ajudaria os indivíduos a se libertarem dos condicionamentos impostos pela cultura, desabrochando o sentimento de amor pela humanidade. Nesse sentido, sentimos que a educação para o ser integral pode nos trazer a re-ligação com nosso ser mais essencial, o respeito e a sacralidade, perdidos em detrimento dos avanços tecnológicos. 90 As crianças, segundo Maslow, têm facilidade em vivenciar experiências culminantes; deve-se evitar impedi-las, tornando a aprendizagem uma experiência de prazer, acrescida de segurança, dignidade, amor, respeito e estima. Incentivar o equilíbrio entre liberdade e o controle, mas evitando-se a repressão. A educação seria dirigida ao desenvolvimento do caráter das pessoas, mais do que só um processo de aprendizagem, colocando-se sua atenção no aqui e agora ou na capacidade de ver, ouvir e expressar o que está ocorrendo no momento presente. Segundo os conceitos de Maslow (1996), uma escola humanizada, cuja pedagogia segue uma abordagem holística, pode-se incluir a Psicologia Transpessoal em sua Abordagem Integrativa, proposta por Vera Saldanha numa área do conhecimento transdisciplinar, a transdisciplinaridade. A partir de sua experiência na clínica e na formação de profissionais de diversas áreas tornando accessível a Psicologia Transpessoal para todos que buscam o “terceiro incluído”. Saldanha (2006) sistematizou o processo de desenvolvimento e aprendizagem do ser em sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, transformação, elaboração e integração) permeadas por quatro níveis de percepção existentes (razão, emoção, intuição e sensação). Há um corpo teórico evidenciado sob esse enfoque constituído por cinco elementos que são: conceito de unidade, conceito de ego, conceito de vida, estados de consciência e cartografias da consciência que se articulam dinamicamente no eixo evolutivo e experiencial. 22 Conhecendo esses conceitos e a vasta gama de vivencia aplicadas às diferentes disciplinas propostos por Saldanha (2006), compreendemos que a transdisciplinaridade pode ser uma diretriz extremamente eficaz, no processo educacional contemporâneo. Esta abordagem garante um processo de aprendizagem criativa, auto-organizadora onde, 22 Ver cap. II. 91 o elemento norteador é o aluno e o aprender obedece a um fluxo. Morais; La Torre (2004) nos lembra que cada viajante descobre o caminho ao caminhar. O surgimento da interdisciplinaridade, abordagem que já faz parte das teorias educacionais atuais, o qual se deu em resposta à fragmentação pela qual passaram as ciências, com a necessidade de diálogo entre as disciplinas que surgiram por conseqüência. Outras noções correlatas foram formadas, como a intradisciplinaridade, que corresponde à relação interna entre a disciplina “mãe” e a disciplina “aplicada” e pluridisciplinaridade, onde a natureza do próprio fato ou ato educativo exige uma compreensão de várias disciplinas. Mas foi a interdisciplinaridade, na década de 80, que trouxe a integração curricular, onde não bastava apenas integrar conteúdos, mas buscar envolvimento, atitude de busca, reciprocidade diante do conhecimento, ação que se desenvolve num trabalho cooperativo e reflexivo. Havia a necessidade de posicionar-se diante da informação, de interagir de forma crítica e ativa, com o meio físico e social; trabalhar as disciplinas de forma coletiva preservando seus interesses próprios, utilizando-se dos temas transversais como ética, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural, orientação sexual, entre outros. Capra (2002), ao se referendar as décadas vindouras, prenuncia que a sobrevivência da humanidade irá depender da nossa capacidade de compreender e conviver com os princípios básicos da ecologia. Segundo ele, a “eco-alfabetização” é condição básica para a qualificação de líderes em todas as esferas e a parte mais importante da educação em todos os níveis. Esse sistema traz uma pedagogia real de contato do aprendente com a natureza que, desde os seus primórdios sustenta a vida, hoje sabemos, “[...] pela organização em redes” (Capra, 2002, p. 240). 92 Moraes; la Torre (2004), também dão ênfase à educação ambiental ou ecológica como tema do presente e do futuro, sinalizando para uma educação que prepare o ser na dimensão do saber e da responsabilidade em relação ao planeta que é sua casa. [...] formar pessoas que respeitem a vida, que compreendam as diferentes formas de interdependência existente entre os seres que habitam o planeta para que todos se sintam responsáveis pela vida na terra, em todas as suas manifestações (Moraes; la Torre, 2004, p. 137). Estes postulados nos levam a considerar o mundo quântico em que nos situamos hoje, princípios básicos da física quântica se resumem em cinco pontos: 1. No reino quântico não há objetos fixos, apenas possibilidades; 2. No reino quântico tudo está entrelaçado e forma algo único, indivisível; 3. Os avanços espetaculares são um aspecto do reino quântico; quem dá tais saltos possui a capacidade de ir de uma localização no espaço ou no tempo para outra, sem ter de passar por nenhum outro lugar ou época nesse ínterim; 4. Uma das leis do reino quântico é o Princípio da Incerteza, que estabelece que um fato é uma partícula (matéria) e uma onda (energia) simultaneamente. Sua intenção determina se o que você vê é partícula ou onda; 5. No reino quântico, é necessário um observador para se criar um fato. Antes de uma partícula subatômica ser observada, ela só existe de forma virtual; todos os fatos são eventos virtuais até o momento em que são observados (Chopra, 2002 p. 20). Dentro desse novo paradigma devemos considerar a multidimensionalidade do ser, que amplia seus cinco sentidos para o desenvolvimento das percepções de sua intuição, espiritualidade, emoções e sentimentos no processo de elaboração do conhecimento. Na evolução do conhecimento disciplinar para a transdisciplinaridade, observamos características do pensamento sistêmico23 assume lugar privilegiado, explicar algo implica em considerar todo o contexto deste conhecimento. “A transdisciplinaridade transforma a arrogância do saber na humildade da busca” (D’Ambrosio in Silva, 2004, p. 66). Nesse sentido a transdisciplinaridade poderá embasar trabalhos no processo de aprender, visto que o relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre 23 O pensamento sistêmico se fundamenta nas inter-relações de seres vivos e meio ambientes numa perspectiva de redes (Silva, 2004, p. 66). 93 Educação para o século XXI, Jacques Delors (2000) aponta para Os Quatro Pilares da Educação, pautados em: aprender a aprender..., aprender a fazer..., aprender a viver... e aprender a ser...”. (Silva, 2004, p. 55). Desde 1992 a UNESCO vem apoiando manifestações ligadas a transdisciplinaridade pelo mundo, até que em 1994 se deu o primeiro Congresso Mundial sobre transdisciplinaridade, ocorrido em Portugal, que culminou na execução da “Carta da transdisciplinaridade”, um contrato moral de atitudes compatíveis com nosso tempo, que são citadas ao longo do nosso trabalho. Ao aprender sozinho, se utilizando da tecnologia na pesquisa, o aluno será capaz de refletir, conectar idéias e ter visão crítica, desenvolvendo habilidades para atuar em diversas situações, bem como no trabalho em grupo. Faz se necessário desenvolver a compreensão do outro e a percepção das interdependências. “Ah! outro: esse difícil, este lado de mim que não sou eu. Como olhar-te, outro e te querer neste rosto que eu sou, e não é meu?” (Brandão in Silva, 2004, p. 143). Cabe aos educadores, gestores e facilitadores considerar tais processos e estimular esta rede de trocas. Acerca do papel do professor nos convém refletir sobre:”Se nos encontramos, hoje, num sistema arcaico de ensino, baseado no velho paradigma cartesiano, onde a distância entre professor e aluno é tão grande, há que se pensar de forma emergencial, na saúde integral do professor” (Goleman, 2006, p. 273). Segundo Goleman (2003), o estresse manifestado pelos cuidadores acelera a velocidade do envelhecimento celular, aumentando em anos sua idade biológica. O professor, então, intensifica a fragmentação no nível de si mesmo e do aluno e se sente desmotivado, decepcionado, o que desencadeia a insatisfação emocional. Urge que os professores atuais procurem ao menos seus grupos de apoio, enquanto estamos na fase de transição de paradigma e que tenham o apoio de suas instituições no sentido de capacitar esse profissional à nova realidade. 94 Vê-se, então a necessidade urgente de uma escola geradora de mudanças, dotada de uma pedagogia transpessoal, com métodos interativos e criativos, que oportunizem o treino de reflexão e de observação do sentimento tanto do professor quanto do aluno, tornando as críticas mais afetivas, dando sentido às práticas do dia a dia, permeando um o caminho do outro. O objetivo é levar o professor a realização pessoal e, consequentemente, a realização profissional e, á partir daí, contagiar o aluno rumo ao ser. As crianças e os professores são igualmente inteligentes e igualmente capacitados em seu emocionar, embora distintos em suas preferências e na direção de suas curiosidades, bem como em seus hábitos e no fazer e no pensar, porque tiveram histórias de vida diferentes (Maturana, 2003, p. 16). Para Maturana (2003), o aprendizado deve ser pautado pela biologia do amor, assim o aluno estará mais apto a estabelecer metas e fazer escolhas baseadas na ética, numa corporeidade que permeia não só a si mesmo, mas também o caminho do outro, dentro de um processo terciário, que vivencia prazer e consciência. “Se quiser conhecer a emoção, observe a ação; se quiser conhecer a ação, veja a emoção” (Maturana in Moraes; la Torre, 2004, p. 58). Tornam-se emergentes profundas transformações nos processos educacionais, para que assim, possam ser satisfeitas plenamente as necessidades dos seres do terceiro milênio. Faz-se necessário: Educar para o re-encontro do EU com a Natureza nos leva a refletir sobre a concepção de que somos parte de Gaia (visão ecossistêmica da Terra como um sistema vivo e qu obedece à ciclos contínuos), e como tal, a importância de educar para a sensibilidade, para o amor, para a conexão do ser humano com ele mesmo e com o meio planetário e cósmico (Silva, 2004, p.169). Que se institua nas escolas o seguinte anúncio: “Prezados alunos e professores: sintam-se livres para se tornarem pessoas com sorriso amplo e bom humor e preencham todos os espaços dessa escola com alegria” (Silva, 2004, p. 93). 95 Concluímos ao longo desta pesquisa que a educação transforma o indivíduo ao nível do ser, ao mesmo tempo em que ele pode buscar essa transformação em direção ao ser superior, bem como satisfazer suas metanecessidades através da educação. Verificamos que as contribuições da psicologia humanista de Maslow, Maturana, Silva, Priddy e a sistematização da Abordagem Integrativa da Psicologia Transpessoal, possibilitam essa educação que vai além, através e entre as disciplinas existentes, e é perfeitamente aplicável nos dias atuais. O objetivo geral de nossa pesquisa deseja saber se a Pós Graduação em Psicologia Transpessoal transforma pessoas e, sendo a formação citada um processo educacional poderá estender nossas conclusões após a apresentação do capítulo VI no qual apresentaremos a análise e interpretação dos resultados obtidos em nossa pesquisa. A pesquisa bibliográfica nos permite concluir que a educação seria um movimento para a saúde psicológica, para a paz espiritual e harmonia social, ou seja corrobora para o desenvolvimento do ser integral. 96 CAPÍTULO V TRAJETÓRIA METODOLÓGICA O crescimento e auto-aperfeiçoamento contínuo podem e devem ser metas desenvolvidas pelo ser humano. Mesmo que tais metas nunca se realizem por completo, cada passo em direção a elas, é um passo em direção ao melhor de cada um de nós, a um conhecimento e aprimoramento mais significativo de nossa espécie (Saldanha, 2006, p. 180). A Psicologia Transpessoal tem se apresentado na atualidade como ciência que traz uma visão bio-psico-socio-espiritual do homem. Ocupa-se do estudo e desenvolvimento humano visando seu crescimento a partir de transformações no nível do ser. Neste sentido não estamos falando apenas de mudanças comportamentais, mas de transformações dos processos internos que envolvem a psicodinâmica, interações, elementos de percepção e consciência, culminando num processo de individuação que, para Maslow (1996), é o ápice do desenvolvimento humano, tornando possível a transcendência das necessidades pessoais e secundárias ascendendo as meta necessidades. Na medida em que processos individuais acontecem em “redes”, temos conseqüências coletivas que trazem alterações culturais. Lembremo-nos de Maturana: [...] na qualidade de rede particular de conversações – é uma configuração especial de coordenações de coordenações de ações e emoções (um entrelaçamento específico do linguajear com o emocionar). Ela surge quando uma linguagem humana começa a conservar, geração após geração, uma nova rede de coordenações de coordenações de ações e emoções como sua maneira própria de viver [...] (Maturana, 2004, p. 34-5). O curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, enquanto processo educacional é norteado pela Abordagem Integrativa Transpessoal, que conforme citamos no capítulo II a partir de seus aspectos estruturais, dinâmico, dinâmica integrativa e demais técnicas entrelaçadas com posturas dinâmicas e vivências que trabalham as “coordenações de coordenações,” conforme citamos Maturana acima, 97 propiciando a emergência de virtudes e valores no resgate do ser integral. É esse ser integral que transforma o meio em que vive. Ao finalizarmos o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, no último módulo, a coordenadora convidou o grupo a uma reflexão sobre a percepção de si ao término do ciclo de aprendizagem proposta na Pós Graduação. O objetivo dessa reflexão constituiu-se na partilha espontânea das percepções sobre si. No transcorrer dessa partilha os depoimentos pessoais estavam plenos de manifestações de emergência de valores e virtudes do ser integral. Essas manifestações geraram um questionamento coletivo das possíveis influências da Abordagem Integrativa nesses processos de transformação. Diante do posicionamento do grupo refletimos que seria amplamente proveitoso um trabalho de pesquisa, por meio de uma metodologia acadêmico-científica, que revelasse o alcance e os aspectos contemplados por esse enfoque, conforme citado na introdução desta monografia. Para nortear o início do trabalho estabelecemos como objetivo geral identificar se ocorreu transformação nos formandos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e possíveis relações com a didática utilizada. Enquanto que o como objetivo específico estabeleceu-se: - descrever transformações que possam ter ocorrido; - identificar se ocorreu transformações no âmbito pessoal; - identificar se ocorreu transformações no âmbito profissional; - verificar possível relação entre as transformações ocorridas e a didática utilizada; - observar se as transformações promoveram emergência dos valores do Ser; (Maslow); - perceber se há manifestação de virtudes e valores no âmbito do arquétipo do feminino. A metodologia escolhida foi a análise de conteúdo segundo Bardin (1977), conforme estaremos discorrendo a seguir neste capítulo. 98 1. Coleta de dados Num universo de profissionais de áreas diferentes, nem todas restritas a área da saúde, passando por empresários, bancários, advogados, professores e terapeutas de diferentes formações o vínculo comum foi a busca pelo crescimento e autoaperfeiçoamento contínuo, e o sucesso dessa busca, sentido por muitos, em diferentes formas e níveis, foi o vínculo que uniu uma parte do grupo na realização de um trabalho que pudesse validar a técnica de abordagem da Psicologia Transpessoal. Os próprios alunos do curso de pós-graduação se ofereceram como depoentes, uma vez que somente a vivência dessas teorias e práticas poderia certificar a eficiência e valor do curso como ferramenta do sucesso das buscas pessoais e profissionais. Do grupo de 35 alunos apenas 29 responderam à questão proposta, uma vez que, a participação como sujeita da pesquisa foi opcional e não obrigatória. Dos 29 que participaram dos depoentes 10 assumiram a tarefa de realizar a pesquisa e apresentá-la como trabalho de conclusão de curso. Participaram. Formou-se então uma equipe constituída por: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo, Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de Freitas, Rosangela Aparecida Rinaldi, Sandra Sepulveda e Solange Zecchini. Na mesma data o grupo se reuniu e estabeleceu um cronograma de trabalho. 1 - pesquisa bibliográfica; 2 - coleta de dados; 3 - análise de conteúdo; 4 - reflexões e interpretações do grupo; 5 – considerações finais individual; 6 – apresentação final da monografia individual. As etapas seriam realizadas em encontros da equipe na Alubrat-Campinas durante três meses com reuniões quinzenais por um período de quaro horas, sendo que 99 haveria três encontros com duração de oito horas. As tarefas seriam compartilhadas entre todos da equipe, com comunicação e envio de material produzido no período entre um encontro e outro por meio eletrônico. Todo material produzido seria compartilhado entre todos. Estabeleceu-se que o trabalho final seria entregue individualmente e poderia variar na apresentação física, considerações finais, refinamento na correção das normas acadêmicas, notas de rodapé, gráficos e seguir de complementos individuais. Contudo todos os trabalhos seriam constituídos dos mesmos capítulos e com os mesmos dados de pesquisa. Realizou-se então a coleta de dados. A questão apresentada aos sujeitos da pesquisa foi a seguinte: “Descreva como você se percebe ao final do curso em Psicologia Transpessoal”. 24 Essa questão foi colocada de uma forma bem ampla para possibilitar que as respostas fossem os mais abrangentes possíveis e sem nenhum tipo de indução, para que os depoentes pudessem ser os mais verdadeiros e espontâneos. Foi solicitado aos depoentes que respondessem à questão num tempo relativamente curto para que houvesse um mínimo de contaminação mental possível, ou seja, que a resposta não estivesse sujeita a um processo de racionalização. No final do verso da página25 pedimos alguns dados que foram utilizados para situar-nos no nosso universo de pesquisa e caracterizar os sujeitos através do perfil individual. O perfil geral dos depoentes consiste nas características: sujeitos de ambos os sexos, na sua maioria do sexo feminino, com idades variando entre 35 e 60 anos, todos de nível superior completo, classe média em geral, onde a grande maioria declara 24 25 Ver apêndice 1. Ver apêndice 2. 100 possuir algum tipo de prática espiritual. Todos com o mínimo de 16 módulos concluídos, do Curso de Pós-Graduação em Psicologia Transpessoal, reconhecido pelo MEC, estruturado em 18 módulos, norteado pela didática da Abordagem Integrativa Transpessoal descrita no Capítulo II. Numeramos de forma aleatória os depoimentos de 1 a 29 e passamos a tratar cada sujeito pelo número do depoimento respectivo (D1, D2 [...] D29) mantendo, assim, o sigilo dos nomes dos participantes. Tendo em mãos os depoimentos, a sugestão de nossa orientadora, Dra. Vera Saldanha, foi de que a análise desse material seguisse a metodologia de Laurence Bardin para a análise do conteúdo. 2. Análise de conteúdo. Segundo Bardin, análise de conteúdo tem como objeto a palavra. Ela nos diz a respeito disso: [...] a análise de conteúdo toma em consideração as significações (conteúdo), eventualmente a sua forma e a distribuição destes conteúdos e formas (índices formais e análise de co-ocorrência) [...] A análise de conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça (Bardin, 1977, p. 43-4). Seguindo a metodologia de Bardin, essa análise de conteúdo passa por três fases distintas: 2.1. Pré-análise É a fase de organização dos dados. É uma fase intuitiva mas fundamental para que se trace um programa que seja flexível para que, possivelmente sejam introduzidos novos procedimentos no decorrer da análise. Nessa fase as idéias são sistematizadas para que se obtenha o passa a passo a ser seguido durante a análise. [...] a pré-análise tem por objetivo a organização, embora ela própria seja composta por atividades não estruturadas, <abertas>, por oposição ‘a exploração sistemática dos documentos (Bardin, 1977, p. 9). 101 A pré-análise é composta por diferentes etapas, que compreendem: a) leitura flutuante, quando se estabelece um primeiro contato com o documento, deixando-se invadir pelas impressões; b) escolha dos documentos, que nada mais é que a demarcação do universo a ser analisado. Muitas vezes essa escolha implica numa seleção que deve seguir a algumas regras. São elas: b.1) regra da exaustividade: nenhum elemento que compõe o universo a ser analisado deve ser deixado de fora por qualquer razão que não seja justificada no plano do rigor; b.2) regra da representatividade: qualquer análise pode ser feita através de uma amostragem, desde que essa amostragem seja fielmente representativa do universo inicial; b.3) regra da homogeneidade: os documentos devem se homogêneos, referindo-se todos ao mesmo tema, obtidos através de técnicas idênticas e indivíduos semelhantes; b.4) regra da pertinência: os documentos devem ser fonte adequada de informação para cumprir o objetivo da análise; c) a formulação das hipóteses e dos objetivos. Bardin nos diz que: Uma hipótese é uma afirmação provisória que nos propomos verificar (confirmar ou infirmar) recorrendo aos procedimentos de análise. Trata-se de uma suposição cuja origem é a intuição e que permanece em suspenso enquanto não for submetida ‘a prova de dados seguros (Bardin, 1977, p. 98). Trata-se então, de nos interrogarmos sobre a questão que se deseja conhecer, explorar e pesquisar. d) a referenciação dos índices e elaboração dos indicadores: escolher os índices em função das hipóteses e organizá-los sistematicamente em indicadores; e) preparação dos materiais: é a parte prática de organizar os materiais de forma que fiquem de fácil acesso e organizados da forma mais conveniente para que possam ser trabalhados e analisados de forma eficiente. 102 2.2. Exploração do material Esta fase é essencialmente a codificação, enumeração e organização que ocorre de acordo com, e em função das regras previamente estabelecidas para a análise dos documentos. 2.3. Tratamento dos resultados obtidos e interpretação Os resultados obtidos são tratados através de agrupamentos, análises estatísticas e diagramas de maneira a se tornarem significativos e válidos. Na elaboração deste trabalho estaremos trabalhando especificamente com a análise de conteúdo numa perspectiva qualitativa. 2.4. Codificação Corresponde a uma transformação, efetuada segundo regras precisas, dos dados brutos do texto, transformação esta que, por recorte, agregação e enumeração, permitem atingir uma representação de conteúdo, ou da expressão susceptível de esclarecer o analista acerca das características do texto, que podem servir de índices. Essa agregação é feita em unidades que descrevem o conteúdo analisado. São elas: a) unidades de registro: correspondem à unidade de base, pequenos segmentos do conteúdo geral visando à categorização e contagem freqüencial; b) unidades de contexto: são maiores que as unidades de registro e dão sentido aos segmentos das unidades de registro; c) categorização: é a agregação das unidades de contexto em grupos ou categorias de acordo com critérios pré-estabelecidos, de acordo com referências comuns presentes nas unidades de contexto. 2.5. Descrição dos dados obtidos Contextualizada a escolha da metodologia utilizada para a realização do nosso trabalho, passamos a explicitar a forma prática como ocorreu o desenvolvimento dessa metodologia. 103 Os documentos foram selecionados de acordo com critérios já colocados no início deste capítulo. Recolhemos os documentos e passamos à fase de leitura, para tanto, seguimos a recomendação de Bardin (1997), que diz que para facilitar o processo de leitura para análise cada depoimento deve ser digitado numa seqüência sem parágrafos. Após a digitação fizemos seguidas leituras de cada depoimento, um por vez. As leituras seguidas e pausadas facilitam a fluência do texto de forma que idéias contextos e sensações possam emergir vindo à tona sob a forma de palavras, frases ou sentenças plenas que representem os aspetos a serem analisados. Identificadas às unidades de registro, seguimos com a leitura para contextualizar essas unidades através das unidades de contexto. Elegemos como unidades de registro palavras que fossem substantivos, adjetivos ou verbos e nossas unidades de contexto foram às frases e sentenças relacionadas a elas que exprimem um pensamento, idéia ou opinião. Numa próxima etapa agregamos as unidades de contexto em categorias prévias de acordo com elementos que foram surgindo. Após essa categorização inicial reagrupamos, por similaridade, as categorias prévias até obter as categorias terminais que resultam desses seguidos reagrupamentos até sairmos do relativamente geral para o mais específico. Tendo essa etapa finalizada seguiu-se a análise e interpretação dos resultados apresentados no capítulo VI e discutidos, individualmente nas considerações finais. 104 CAPÍTULO VI ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS 1. Classificação e categorização dos dados obtidos Após submetermos os depoimentos (anexo 1) ao método da análise de conteúdo, conforme descrito no capítulo V, das etapas do processo de classificação resultou obter as classificações designadas pelas letras do alfabeto, em ordem crescente citadas abaixo: a) sentimento de retorno do ser integral; b) sentimento de renascimento; c) emergência de valores do ser; d) sentimento de segurança/confiança; e) mudança no relacionamento interpessoal; f) sentimento de mudança; g) percepção e compreensão de si; h) manifestação da intuição; i) ampliação da auto-percepção/consciência; j) explicitação do sentimento de liberdade; k) valorização do grupo; l) mudança na vida onírica (sonhos); m) mudança e transformação; n) aprimoramento pessoal e profissional; o) relação entre a prática profissional e espiritualidade; p) inefabilidade (sem palavras); q) sentimento de gratidão; r) relação entre auto-conhecimento e auto-percepção transpessoal/espiritual; s) importância da teoria/ curso como elemento organizador e estruturante; t) sentimento de esperança, expectativa positiva em relação ao futuro; 105 u) transformação externa gerada a partir da transformação interna; v) relação entre sentimento e sensação (corpo); w) conexão com o sagrado; x) conexão com o feminino; y) conexão com o silêncio; z)aceitação da vida/viver o presente; aa) valorização e reconhecimento do físico como Divino; ab) conexão com a criança divina/Interior; ac) mais forte e preparada para enfrentar os desafios da vida; ad) processo de cura; ae) aprendizado contínuo; af) processo de mudança com preservação do Eu; ag) experiência com as sete etapas (reconhecimentos, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração), eixo experiencial e evolutivo propostos pela abordagem transpessoal relacionada a processo de desenvolvimento; ah) aprendizagem intrínseca; ai) sincronicidade; aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal; ak) prática da unidade na diversidade; al) reconhecimento de aspectos internos a serem trabalhados e transformados; am) pós graduação como processo terapêutico; an) maior interesse no auto-conhecimento que na aplicação profissional da transpessoal; ao) aplicação interdisciplinar da Psicologia Transpessoal; ap) desenvolvimento do Eu observador; aq) feedback de mudanças percebidas pelas pessoas com as quais convive; ar) valorização da didática transpessoal; 106 as) dificuldades por entrar no curso em andamento; at) ampliação da visão; au) auto-conhecimento que promove mudanças saudáveis; av) experiência/sentimento de unidade; aw) evolução espiritual. Logo abaixo apresentamos um quadro que aponta os depoimentos em que foi identificada cada uma das classificações. Este quadro surgiu a partir de um quadro inicial (anexo 2) onde está transcrita a unidade de contexto com indicação do depoimento em que foi classificada. Quadro da classificação Classificação a) sentimento de retorno do ser integral b) sentimento de renascimento c) emergência de valores do ser d) sentimento de segurança/confiança e) mudança no relacionamento interpessoal f) sentimento de mudança g) percepção e compreensão de si h) manifestação da intuição i) ampliação da auto-percepção/consciência j) explicitação do sentimento de liberdade k) valorização do grupo l) mudança na vida onírica (sonhos) m) mudança e transformação Depoimentos 2, 4, 5, 24, 27 5, 7, 13, 20 2, 7, 8, 9, 11, 13, 17, 20, 23, 24, 25, 26, 27, 29 5, 6, 7, 1117, 23, 27 1, 2, 5, 6, 17, 19, 21, 24, 25, 27, 1, 11, 18, 27, 28, 29 1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16, 17, 21, 22, 23, 24, 25, 27, 28 5, 27, 29 16, 19, 21, 25, 29 5 8, 11, 12 25 2, 4, 5, 11, 15, 20, 21, 22, 25, 27, 28 107 n) aprimoramento pessoal e profissional 6, 13, 21, 24 o) relação entre a prática profissional e espiritualidade 11 p) inefabilidade (sem palavras) 11 q) sentimento de gratidão; r) relação entre auto-conhecimento e auto-percepção transpessoal/espiritual 4, 5, 8, 11, 12, 13, 22 7, 9, 15, 23 s) importância da teoria/ curso como elemento organizador e estruturante 6, 7, 12, 15, 24, 25, 28 t) sentimento de esperança, expectativa positiva em relação ao futuro 3, 4, 7, 8, 11, 15, 17, 21, 26 u) transformação externa gerada a partir da transformação interna 7, 20, 28 v) relação entre sentimento e sensação (corpo) 8, 27 w) conexão com o sagrado 3, 8, 9, 14, 25 x) conexão com o feminino 12, 17, 19, 21, 22, 23, 26 y) conexão com o silêncio 27 z) aceitação da vida/viver o presente aa) valorização e reconhecimento do físico como Divino 2, 3, 9, 25, 26 3 ab) conexão com a criança divina/Interior 13, 19 ac) mais forte e preparada para enfrentar os desafios da vida 4, 18 ad) processo de cura ae) aprendizado contínuo af) processo de mudança com preservação do Eu ag) experiência com as sete etapas (reconhecimentos, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração), eixo experiencial e evolutivo propostos pela abordagem transpessoal relacionada a processo de desenvolvimento; ah) aprendizagem intrínseca 4, 15, 27 2, 4 5 1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 29 6, 20, 21 108 ai) sincronicidade aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em Psicologia transpessoal ak) prática da unidade na diversidade al) reconhecimento de aspectos internos a serem trabalhados e transformados am) pós graduação como processo terapêutico 4, 25 4, 12, 13, 18, 23, 26 4, 12 7, 14, 19, 21, 23, 27 18, 26 an) maior interesse no auto-conhecimento que na aplicação profissional da transpessoal 18 ao) aplicação interdisciplinar da Psicologia Transpessoal 18 ap) desenvolvimento do Eu observador aq) feedback de mudanças percebidas pelas pessoas com as quais convive ar) valorização da didática transpessoal as) dificuldades por entrar no curso em andamento 19, 20, 26 20 20, 23, 25, 27, 29 20 at) ampliação da visão 1, 16, 20 au) auto-conhecimento que promove mudanças saudáveis 15, 20 25 av) experiência/sentimento de unidade 12, 15, 16 aw) evolução espiritual 14, 17 Quadro nº 1: Quadro da classificação inicial. A partir dos dados da enumeração alfabética acima apresentada, realizou-se um processo de agrupamento das classificações, dando origem às categorias prévias apresentadas abaixo, que foram enumeradas com números naturais em ordem crescente: 1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral (a, b, c); 2) percepção e compreensão de si (g); 109 3) reconhecimento de aspectos internos a serem transformados (al); 4) aspectos relacionados às relações interpessoais (e, aq); 5) mudanças e transformações (f, m); 6) mudanças pessoais (u, af); 7) processo de auto-conhecimento (ad, au); 8) mudança na vida onírica (sonhos) (l); 9) mudança na vida profissional (n, o); 10) aspectos positivos e saudáveis em relação ao curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (aj, am); 11) importância da teoria (curso) como elemento organizador e estruturante (s); 12) valorização da didática transpessoal (ao,ar); 13) relações com processo de aprendizagem (ae, ah, an, as); 14) Experiência com as sete etapas, eixo experiêncial (REIS) e evolutivo relacionados a processo de desenvolvimento (ag); 15) valorização do grupo (k); 16) desenvolvimento da percepção com ação do Eu observador (i, ap, at); 17) explicitação de unidade (ak, av); 18) expressão de mais força, confiança, segurança (d, ac); 19) sentimentos positivos em relação ao futuro (t); 20) aceitação da vida/viver o presente (z); 21) sentimento de gratidão (q); 22) inefabilidade, conexão com o silêncio (p, y); 23) experiência de conexão com corpo físico (v, aa); 24) conexão com o sagrado e evolução espiritual (w, aw); 25) relação entre auto-conhecimento e espiritualidade (r); 26) conexão com a criança Divina/Interior(ab, j); 110 27) conexão com o feminino (x); 27) aspectos ligados à intuição e sincronicidade (h, ai). Obs.: as letras entre parênteses se referem à classificação que deu origem a categoria prévia. A seguir apresentamos um quadro que aponta os depoimentos em que foram identificadas cada uma das categorias prévias. Este quadro surgiu a partir de um quadro inicial (anexo 3) onde está indicado quais as classificações que deram origem a cada categoria prévia, bem como encontra-se transcrita a unidade de contexto com indicação dos depoimentos em que foi encontrada. Quadro das categorias prévias Categorias prévias Depoimentos 1) emergência de valores do ser com experiências de 2, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 13, 17, renascimento, resgatando o ser integral (a, b, c) 20, 23, 24, 25, 26, 27, 29 1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16, 2) percepção e compreensão de si (g) 17, 21, 22, 24, 25, 27, 28 3) reconhecimento de aspectos internos a serem transformados (al) 7, 14, 19, 21, 23,25 1, 2, 5, 6, 17, 19, 20, 21, 4) aspectos relacionados às relações interpessoais (e, aq) 24, 25, 27 1, 2, 4, 5, 11, 15, 18, 20, 5) mudanças e transformações (f, m) 21, 22, 25, 27, 28, 29 6) mudanças pessoais (u, af) 7) processo de auto-conhecimento (ad, au) 8) mudança na vida onírica (sonhos) (l) 9) mudança na vida profissional (n, o) 10) aspectos positivos e saudáveis em relação ao curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (aj, am) 11) importância da teoria (curso) como elemento organizador e estruturante (s) 5, 7, 20, 28 4, 15, 20, 25, 27 25 6, 11, 13, 21, 24 4, 12, 13, 18, 23, 26 6, 7, 12, 15, 24, 25, 28 12) valorização da didática transpessoal (ao,ar) 18, 20, 23, 25, 29 13) relações com processo de aprendizagem (ae, ah, an, as) 2, 4, 6, 18, 20, 21 111 14) Experiência com as sete etapas, eixo experiencial (REIS) e evolutivo relacionados a processo de desenvolvimento (ag) 15) valorização do grupo (k); 16) desenvolvimento da percepção com ação do Eu observador (i, ap, at) 17) explicitação de unidade (ak, av) 1, 2, 6, 15, 19, 22, 24,29 8, 11, 12 1, 16, 19, 20, 21, 25, 26, 29 4, 12, 15, 16 18) expressão de mais força, confiança, segurança (d, ac) 4, 5, 6, 7, 11, 17, 18, 23, 27 19) sentimentos positivos em relação ao futuro (t) 3, 4, 7, 8, 11, 15, 17, 21, 26 20) aceitação da vida/viver o presente (z) 21) sentimento de gratidão (q) 2, 3, 9, 25, 26 4, 5, 8, 11, 12, 13, 22 22) inefabilidade, conexão com o silêncio (p, y) 11, 27 23) experiência de conexão com corpo físico (v, aa) 3, 8, 27 24) conexão com o sagrado e evolução espiritual (w, aw) 3, 8, 9, 14, 17, 25 25) relação entre auto-conhecimento e espiritualidade (r) 7, 9, 15, 23 26) conexão com a criança Divina/Interior(ab, j) 27) conexão com o feminino (x) 5, 13, 19 12, 17, 19, 21, 22, 23, 26 28) aspectos ligados à intuição e sincronicidade (h, ai) 4, 5, 25, 27, 29 Obs.: as letras entre parênteses se referem à classificação que deu origem a categoria prévia. Quadro nº 2: Quadro das categorias prévias. Dando continuidade ao processo de codificação, de forma progressiva as categorias foram reagrupadas e agregadas por convergência e similaridade, dando origem as categorias finais, convergindo para um material passível de interpretação com base na análise realizada. 112 A seguir apresentamos as categorias finais enumeradas com números naturais em ordem crescente: 1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral (1:a,b:c, 22:y, 26:ab, j); 2) evidência de percepção e compreensão ampliadas (auto-conhecimento) (2:g; 3:al; 16:i,ap,ay); 3) mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização grupal e estados de unidade (4:e,aq; 15:k; 17:ak,av); 4) mudança pessoal e profissional (transformação) (5:f,m; 6:u,af; 9:n,o); 5) validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (8:l; 11:s; 12:ao,ar; 13:al,ah,an,as); 6) referências à abordagem integrativa transpessoal (sete etapas, eixo experiencial e evolutivo) relacionada a processo de desenvolvimento (14:ag, 23:v); 7) relação entre cura, auto-conhecimento (7:ad, au;)); 8) aceitação da vida presente com postura saudável em relação ao futuro(19:t; 20:z); 9) explicitação da dimensão espiritual (23:aa, 24:w,aw; 25:r); 10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição (26:ab,j; 27:x; 28:h,ai); 11) emergência de valores e cognição S (ser) e expressões afetivas validando a aprendizagem da Psicologia Transpessoal (10:aj,am; 18:d,ac; 21:q; 22:p,y; 23:v); 12) relações com o processo de aprendizagem (intrínseca e extrínseca) e interesses relacionados com o curso (12:ar; 13:al,ah,am,as). Obs.: os dados entre parênteses ao final de cada categoria equivalem aos números, que se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as letras, que se referem à classificação que deu origem as categorias prévias. No quadro abaixo apresentamos as categorias finais e os respectivos depoimentos nos quais se encontram presentes. Este quadro surgiu a partir de um 113 quadro inicial (anexo 4) onde está indicado quais as classificações que deram origem a cada categoria prévia e quais categorias prévias deram origem as categorias finais, bem como encontra-se transcrita a unidade de contexto com indicação do depoimento em foi classificada. Quadro das categorias finais Categorias finais Depoimentos 1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral (1:a,b,c, 22:y, 26:ab, j) 2, 4, 5, 7, 8, 9, 11, 13, 17, 19, 20, 23, 24, 25, 26, 27, 29 2) evidência de percepção e compreensão ampliadas (auto-conhecimento) (2:g; 3:al; 16:i,ap,ay) 1, 2, 3, 7, 8, 11, 14, 16, 17, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 3) mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização grupal e estados de unidade (4:e,aq; 15:k; 17:ak,av); 1, 2, 4, 5, 6, 8, 11, 12, 15, 16, 17, 19, 20, 21, 24, 25, 27 4) mudança pessoal e profissional (transformação) (5:f,m; 6:u,af; 9:n,o) 1, 2, 4, 5, 6, 7, 11, 13, 15, 18, 20, 21, 22, 24, 25, 27, 28, 29 5) validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal (8:l; 11:s; 12:ao,ar; 13:al,ah,an,as) 6, 7, 12, 15, 18, 23, 24, 25, 27, 28, 29 6) referências à abordagem integrativa transpessoal (sete etapas, eixo experiencial e evolutivo) relacionada a processo de desenvolvimento (14:ag, 23:v); 1, 2, 6, 15, 19, 22, 24, 27, 29 7) relação entre cura, auto-conhecimento. (7:ad, au;)); 4, 15, 20, 25, 27 8) aceitação da vida presente com postura saudável em relação ao futuro (19:t; 20:z) 2, 3, 4, 7, 8, 9, 11, 15, 17, 21, 25, 26, 9) explicitação da dimensão espiritual (24:w,aw; 25:r) 3, 7, 8, 9, 14, 15, 17, 23, 25 10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição 4, 5, 12, 17, 19, 21, 22, 23, (27:x; 28:h,ai) 25, 26, 27,29 114 11) emergência de valores e cognição S (ser) e expressões afetivas validando a aprendizagem da Psicologia Transpessoal (10:aj,am; 18:d,ac; 21:q; 22:p,y; 23:v) 4, 5, 6, 7, 8, 11, 12, 13, 17, 18, 22, 23, 25, 26, 27 12) relações com o processo de aprendizagem (intrínseca e extrínseca) e interesses relacionados ao curso (12:ar, 13:al,ah,am,as) 2, 4, 6, 18, 20, 21 Obs.: os dados entre parênteses ao final de cada categoria equivalem aos números, que se referem às categorias prévias que deram origem a categoria final, e as letras, se referem à classificação que deu origem as categorias prévias. Quadro nº 3: Quadro das categorias finais. 2. Tratamento, inferência e interpretação dos resultados Categoria 01 - Emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral Nessa categoria observam-se processos de transformação interior com emergência de valores humanos que se encontra em ressonância com os valores propostos por Maslow (1996) para o homem auto-realizado, evidenciando profunda conexão interior, resgate do que reconhece como ser essencial em si para uma vida mais plena, revelando um novo olhar. [...] sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir [...] ocorreu um reencontro com a minha essência [...] existe um olhar mais tolerante, mais amoroso que julga e critica menos [...] (D2). Nos depoimentos abaixo são revelados processos de transformação denominados pelos depoentes de “renascimento”, ficando implícitas experiências de renovação interior, com indícios de ascensão a estados saudáveis. [...] caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior [...] (D4). [...] voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em mim e nos outros [...] sinto-me resgatada [...] (D5). [...] não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra 115 completamente diferente, pudesse nascer [...] sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a vida [...] é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS [...] (D7). [...] morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado [...] foi realmente um renascimento para uma vida mais saudável e plena [...] (D20). Observamos nos depoimentos abaixo referência significativa à dimensão amorosa, com expressiva conotação integradora de diferentes aspectos do ser e da vida. [...] resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso [...] (D8). [...] e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo [...] (D9). [...] que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade [...] (D13). [...] descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro [...] (D17). [...] sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver [...] (D24). Referencias do resgate de valores superiores, humanização e conexão com dimensão do essencial, correlacionadas a processo de crescimento e evolução foram evidenciadas nos depoimentos apresentados abaixo de maneira expressiva. Nota-se a caracterização da dimensão transpessoal onde os depoentes revelam experiências de humanização e amorosidade. [...] resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada [...] (D20). [...] foi uma experiência de humanização [...] (D23). [...] de um retorno à minha essência [...] sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver [...] (D24). [...] sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano! [...] (D25). [...] sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração [...] (D26). 116 [...] validou o que mais de verdade estava em meu coração, me mostrando que é possível [...] é possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução [...] (D27). [...] todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta [...] e muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz [...] (D27). [...] consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude [...] (D29). Observou-se também a emergência de conteúdos relacionados à criança divina como fonte original de poder e de transformação. As experiências de nascimento e infância podem ter deixado marcas dolorosas na psique, deixando um registro de criança ferida. Maslow (s.d.) sugere que a contenção dessa criança ferida impediria a criança divina, espontânea, de emergir. [...] enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca [...] (D5). [...] ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência [...] (D13). [...] cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo [...] (D19). Categoria 2 - Evidência de percepção e compreensão ampliada (auto-conhecimento) Esta categoria revela de maneira significativa que a questão norteadora foi compreendida e o pedido foi acolhido, pois observamos a natural disposição dos depoentes em revelar suas percepções sobre como se sentem ao final do curso. E de maneira geral, como podemos observar nos depoimentos abaixo, desencadeou-se uma compreensão ampliada de si, principalmente de aspectos evolutivos. [...] me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no “aqui e agora” [...] me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo [...] (D1). [...] fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como oportunidade de crescimento [...] (D1). 117 [...] sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento [...] (D2). Como podemos observar nos depoimentos abaixo, é estabelecida relação direta entre o Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e as percepções ampliadas e o auto-conhecimento e crescimento. [...] quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente grande”, assumir meu lugar em minha vida [...] descobri também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de quem é [...] sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida [...] (D3). [...] sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no curso de Transpessoal [...] (D7) [...] eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso [...] (08). [...] feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante [...] (D11). A percepção ampliada relacionada ao auto-conhecimento aparece de maneira explícita nos depoimentos abaixo, os depoentes identificam mudanças ocorridas que revelam equilíbrio, visão ampliada de si e da própria vida e com desenvolvimento do eu observador. [...] percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser [...] (D14). [...] percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina agora [...] hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim [...] (D16). [...] com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está ocorrendo em minha vida [...] cada vez mais desenvolvo meu eu observador [...] (D19). [...] mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão [...] fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc [...] a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente [...] (D20). 118 Os depoimentos abaixo apresentam percepções e auto-avaliação correlacionando períodos anteriores e posteriores ao curso de Psicologia Transpessoal. Destacam-se percepções de aspectos conflitantes e limitadores acompanhados de compreensão e aceitação. [...] cheguei perdida, buscando o meu eixo [...] apesar de me sentir perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma [...] buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que não era só isso [...] e precisava me policiar para não cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa [...] hoje me percebo mais inteira [...] minha auto-percepção vem melhorando a cada dia [...] (D21). [...] eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras [...] percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida [...] (D22) [...] venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso [...] a cabeça e o coração sempre estiveram numa luta constante [...] não me desfiz do racional [...] (D23). [...] conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu pude constatar [...] e aí vinha o entendimento [...] consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar internamente [...] (D27). [...] entrei em contato com muitas feridas, algumas foram entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer indefinidamente [...] (D28). Correlações entre percepção e estados de consciência são estabelecidas nos depoimentos que são apresentados a seguir, revelando estados ampliados e saudáveis da consciência no cotidiano, resultando em mudança de valores, auto-conhecimento e clareza mental. Os alunos demonstram ao final do curso em Psicologia Transpessoal um olhar mais amplo do desenvolvimento humano e da vida como um todo, transcendendo fragmentações e julgamentos. [...] ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o período gestacional [...] resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda transformação, assim como com relação aos outros [...] (D25). [...] no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o observador interno [...] (D26). 119 [...] certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também, as comparações e julgamentos perderam o sentido [...] hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior, percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se desfaz quase que imediatamente [...] tenho hoje mais clareza mental e consciência de mim mesmo [...] (D29). Essa categoria (2) apresenta interdependência com outras categorias, em especial as categorias (3) “Mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização grupal e estados de unidade”, (4) “Mudança pessoal e profissional (transformação)”, (7) “Relação entre cura e auto-conhecimento”, e (8) “Aceitação da vida presente com postura saudável em relação ao futuro”. Optamos por mantê-la separada para explicitar que o curso de Psicologia Transpessoal estimula e desenvolve de maneira significativa a ampliação da percepção e compreensão de si (auto-conhecimento) em seus alunos. Categoria 3 - Mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização grupal e estados de unidade Essa categoria apresenta uma vasta gama de depoimentos com diferentes aspectos das relações interpessoais em diferentes instâncias. De maneira geral demonstram aspectos de crescimento, com superação de sentimentos e estados desarmônicos em estados e sentimentos saudáveis do ser nas relações. Ressalta-se, como podemos observar nos depoimentos abaixo, a superação de pré-conceitos e ampliação da visão e da amorosidade. [...] e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos preconceitos [...] (D1). [...] existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros [...] os limites pessoais e das pessoas são mais claros [...] a necessidade de controle é muito menor [...] (D2). [...] percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a unidade na diversidade [...] (D4). [...] o meu relacionar-se mudou [...] (D5). [...] com mais condições de amar e acolher o outro [...] (D6). 120 Sentimentos saudáveis e estado de unidade são expressos nos depoimentos abaixo, emergindo uma cosmo visão da existência humana e das relações que são estabelecidas entre os seres, com valorização da experiência grupal no processo de desenvolvimento do ser e conexão com a espiritualidade. [...] e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada [..] .nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada [...] (D8). [...] triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente [...] (D11). [...] me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas [...] uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante [...] e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais [...] cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam meio obscuros [...] (D12). [...] e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu holograma universal! [...] (D15). [...] todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da diversidade e das diferenças [...] (D25). Evidência-se nos depoimentos abaixo mudanças nos relacionamentos interpessoais, com maior auto-conhecimento e percepção mais ampliada de si e do outro. Destaca-se melhora nos relacionamentos familiares. Destaca-se no D20 feedback das mudanças ocorridas. [...] as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar [..]” (D17). [...] e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho [...] (D19). [...] e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas mais distantes [...] (D20). [...] a percepção que tenho do outro também mudou [...] (D21). [...] nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser [...] (D24). [...] hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho [...] (D27). 121 Categoria 4 - Mudança pessoal e profissional (transformação) Sob vários aspectos os depoimentos desta categoria contemplam processos de transformação com mudanças no campo pessoal, envolvendo aspectos interno e externo, e profissional, resultando experiências de bem estar e desenvolvimento. Os depoimentos abaixo contemplam mudanças no campo pessoal em virtude de transformações no nível do ser. [...] me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os acontecimentos do cotidiano [...] hoje me sinto melhor [...] (D1). [...] lido melhor com minha objetividade e subjetividade [...] (D2). [...] muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser [...] (D4). [...] a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um ‘trato social [...] acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu! [...] (D5). [...] transformada, em vários aspectos do meu ser [...] (D15). [...] ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente [...] me sinto transformada! [...] (D27). Nos depoimentos citados abaixo há referência explícita de mudanças provocadas pelo curso de Psicologia Transpessoal no campo pessoal e profissional, com ênfase no campo profissional, validando assim, o processo educacional da Pós Graduação para o crescimento profissional a partir do crescimento pessoal em consonância com a aprendizagem intrínseca. [...] percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional [...] o que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo [...] (D6). [...] transformada - em alguém melhor do que quando comecei [...] enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas amizades [...] sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento pessoal [...] realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade [...] (D11). [...] foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional [...] (D13). [...] no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas [...] ganhei novos recursos profissionais [...] a cada módulo eu saia do lado avesso [...] coisas aconteciam, novas percepções da realidade [...] situações antigas ganhavam novas cores e formas [...] surgia um novo olhar [...] eu já não era a mesma [...] descobri um jeito novo de caminhar [...] (D21). 122 [...] exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida pessoal com mais inteireza e unidade [...] (D24). Os depoentes estabelecem interdependência entre transformação interna e externa, conforme podemos observar nos depoimentos abaixo, sendo que as mudanças exteriores são reflexos, ou conseqüências, das mudanças interiores que transformam o ser. Ou seja, estão em consonância com os pressupostos de Maslow (1996), que preconiza a existência de uma sociedade saudável a partir de pessoas humanas e saudáveis. [...] transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da transformação “do dentro” [...] (D7). [...] no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano [...] ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa transformada [...] (D20). O D22, citado abaixo, estabelece correlação entre “plasticidade” de ego e despertar da consciência, validando princípios da Abordagem Integrativa Transpessoal, já mencionada no capítulo II, cujos pressupostos norteiam o Curso de Pós Graduação e Psicologia transpessoal. [...] percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na plasticidade [...] me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência [...] (D22). Ressaltamos que vários dos depoimentos dessa categoria (4) também poderiam estar descritos na Categoria (2) – “Evidência de percepção e compreensão ampliada (auto-conhecimento). Optamos por colocá-los na categoria 4 pela relevância dos aspectos de transformação. Categoria 5 - Validação do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal Nesta categoria identificamos um caráter avaliativo do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal. Sob diferentes aspectos os alunos validam o curso como elemento estruturante, agregador e propulsor do desenvolvimento e crescimento em 123 diversos aspectos, incluindo área profissional e espiritualidade. Nos depoimentos abaixo observamos a validação do embasamento, capaz de gerar percepção mais ampla, crescimento pessoal e profissional, com ênfase no desempenho profissional. [...] permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais [...] na clínica, além de ter adquirido mais recurso para atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais fortalecido [...] nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho [...] (D6). [...] o curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens [...] no desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco [...] sinto, após essa etapa de conclusão dos módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao meu alcance levar [...] (D24). A seguir apresentamos depoimentos que explicitam pressupostos da Psicologia Transpessoal sobre a visão de homem enquanto ser bio-psico-sócio-espiritual, bem como menção a Abordagem Integrativa Transpessoal utilizada no curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, segundo Vera Saldanha. Estes depoimentos caracterizam o curso em particularidades do enfoque Transpessoal. [...] consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social e mental [...] (D12). [...] enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras dimensões [...] (D15). O caráter interdisciplinar do curso aparece no depoimento abaixo. [...] além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as empresas [...] (D18). No depoimento que segue são estabelecidas correlações diretas entre o curso e processo de transformação interna e externa harmônicas, em consonância com a 124 dimensão essencial do depoente, com fortalecimento de suas dimensões emocional e intuitiva. [...] o curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se processasse num nível interno de maior conexão com minha essência, de maior harmonia com as mudanças [...] durante o curso pude experienciar isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências [...] também posso dizer que o curso foi um catalisador, acelerador da assimilação de todo o processo externo [...] com o curso tive um respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo [...] (D25). Também, observaram-se contribuições do curso para a vida onírica de seus alunos e pessoas com as quais convivem. No depoimento abaixo encontramos validação dos recursos que a Pós Graduação disponibilizou para o trabalho com sonhos. [...] outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentalizar e colocar em prática o trabalho com os sonhos [...] não só meu como de meu marido [...] passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a [...](25). No depoimento a baixo valoriza-se a capacidade de síntese do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal. Fica subentendido no depoimento que o depoente não encontrou esta característica em outras propostas. [...] apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese [...] (D27). Categoria 6 - Referências à Abordagem Integrativa Transpessoal (sete etapas, eixo exp. e evolutivo) relacionada a processo de desenvolvimento Em todos os depoimentos desta categoria encontramos referências a Abordagem Integrativa Transpessoal estruturada por Vera Saldanha, validada em sua tese de doutorado pela UNICAMP e utilizada na didática do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal CESBLU - Centro de Educação Superior de Blumenau & ALUBRAT - Associação Luso Brasileira de Transpessoal. Essa categoria revela a percepção do depoente em relação ao eixo experiencial (razão, emoção, intuição, sensação) eixo evolutivo e sete etapas (reconhecimento, 125 identificação, desidentificação, transmutação, transformação, elaboração e integração) relacionando ao processo de desenvolvimento e percepção de si. Observa-se nos depoimentos a seguir vivências diretas com eixo experiencial (REIS) e sete etapas ativando o eixo evolutivo, gerando mudanças que denotam desenvolvimento pessoal, emergindo estados saudáveis do ser, emergência de valores superiores, com características de ampliação da consciência. [...] através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los [...] (D1). [...] observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas [...] foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas [...] (D2). [...] nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos, posturas, valores, etc [...] (D6). [...] outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira consciente e concreta [...] (D15). [...] e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos [...]” (D19). [...] e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu coração [...] (D22). [...] o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento [...] (D24). Especificamente no depoimento abaixo o depoente revela inclusão cotidiana de experiências com eixo experiencial (REIS) e sete etapas, revelando bem estar e prazer. [...] transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso [...] foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso [...] (D29). 126 Categoria 7 - Relação entre cura e auto-conhecimento Os alunos do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, nesta categoria, citam processos de cura que revelaram maior estruturação psíquica desencadeada durante o curso, conforme podemos observar nos depoimentos abaixo. [...] ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando [...] (D4). [...] com toda certeza me sinto curada [...] me possibilitando liberações, curas [...] (D15). Ao observamos os depoimentos abaixo nota-se correlação deste processo de cura com auto-conhecimento, resultando em estados saudáveis denominados pelos depoentes como mais leveza, segurança, confiança e uma melhora na auto-estima. [...] foi um período de auto-conhecimento e auto-cura [...] (D20). [...] a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo [...] (D27). [...] e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão muito mais leveza, segurança, confiança [...] ((D15). [...] enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em autoestima e auto-confiança [...] (D25). Categoria 8 - Aceitação da vida e do momento presente com postura saudável em relação ao futuro Essa categoria reporta-se à relação do depoente com sua própria vida, à percepção da importância de se sentir no momento presente em todas as suas dimensões. Revelam transformações que geram mudanças saudáveis na forma de sentir a vida no presente e suas expectativas futuras, conforme observamos nos depoimentos citados abaixo. [...] fui a cada dia me apaixonando pela vida [...] (D3). [...] percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento [...] (D7). 127 Percebe-se que o estado de presença gera mais consciência para o indivíduo, tornando-o mais forte e capaz para dar continuidade no processo de busca do seu aspecto saudável tanto em sua vida pessoal como profissional, conforme observamos nos depoimentos que se seguem. [...] deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida [...] vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer [...] (D9). [...] esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes [...] (D11). Observando os depoimentos abaixo, percebemos que esta conexão saudável com o momento presente e com a própria existência gera sentimentos de aceitação, esperança e motivação para um maior aperfeiçoamento e transformação. O ser mostrase, desaparecendo os conflitos, as dúvidas e os medos, vislumbrando realizações. Notase um desenvolvimento do ser que o permite ir além da dualidade e direcionar-se para o estado de unidade. [...] hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito, tudo está em sua perfeita ordem [...] (D25). [...] sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade [...] colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas [...] estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer [...] (D26). No D25 e D26 surgem características do indivíduo que transcendeu aspectos do eixo experiencial com emergência do eixo evolutivo rumo à ordem mental superior, os depoentes revelam aspectos de elaboração e integração (ver capítulo II sobre abordagem integrativa). Categoria 9 - Explicitação da dimensão espiritual Essa categoria trata das relações estabelecidas pelos depoentes entre dimensão espiritual e desenvolvimento humano. 128 Jung via na espiritualidade expressões importantes de ideais e aspirações humanas, como dados que não deveriam ser ignorados por qualquer pessoa que se interessasse por toda a amplitude do pensamento e do comportamento humano. (Fadiman, 1986, p.62). Estes pressupostos estão em consonância com a Psicologia Transpessoal, pois segundo Descamps (1997, p. 7) ela se ocupa, reconhece e compreende os estados de consciência unitivos, espirituais e transcendentes. Os depoimentos abaixo demonstram que o curso de Psicologia Transpessoal possibilitou conexão e experiências com a dimensão espiritual, possibilitando vivências com o divino. [...] após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim [...] durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas” [...] (D3). [...] que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas vidas [...] (D8). Já os depoimentos abaixo, se referem os aspectos de transformação a partir da conexão espiritual demonstrada nos depoimentos acima, resultando em estados de equilíbrio entre o material, humano e divino, bem como a inclusão do espiritual no cotidiano em diversas áreas da vida na relação consigo e com outros. [...] percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos) em meu caminho [...] um encontro ocorreu entre interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas práticas sociais [...] aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser físico-psico-sócioespiritual [...] (D9). [...] mas a transformação espiritual foi muito intensa e verdadeira! [...] principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu ser! [...] (D14). [...] sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus, quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho evolutivo [...] evoluí espiritualmente [...] (D17). [...] conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no meu cotidiano [...] (D25). 129 No D23 observamos a essência e o efeito do transpessoal no ser, revelando ampliação da consciência, aspectos de transcendência e unidade. [...] a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei para além, é a visão da totalidade [...] (D23). Categoria 10 - Interdependência entre virtudes do feminino e intuição Nessa categoria observamos nos depoimentos dos participantes do curso de Psicologia Transpessoal, que durante o processo emergiram aspectos do arquétipo feminino como a amorosidade, espiritualidade, leveza e acolhimento. Leonardo Boff, em seu livro “O despertar da águia” cita que o feminino na mulher e no homem é a capacidade de inteireza, de percepção de totalidades orgânicas, de unicidade do processo vital em suas mais diversas manifestações; é subjetividade, ternura, cuidado, nutrição, conservação, cooperação, sensibilidade, intuição, experiência do caráter sagrado e misterioso da vida e do mundo (BOFF, 1998, p.144). Um aspecto saudável do arquétipo feminino que esteve em evidência em alguns depoimentos foi o despertar da intuição, que pode ser conceituada como a percepção na sua plenitude de uma verdade a que normalmente não se chega por meio da razão ou conhecimento discursivo ou analítico. Estes elementos foram observados nos depoimentos abaixo. [...] eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada e, agora, precisa germina [...] (D4). [...] vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram” [...] “viver e não ter a vergonha de ser feliz” [...] Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz! [...] (D5). [...] já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe coincidência ou acaso [...] (D25). Nos depoimentos apresentados a seguir, encontramos referência clara de percepções dos depoentes que revelam conexão com a dimensão do feminino em si. 130 [...] pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher [...] (D12). [...] percebo-me mais calma, feminina [...] (D17). [...] percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando mulher [...] (D19). Características do arquétipo do feminino como a paciência, sabedoria, amorosidade, espiritualidade, transcendência ao racional são expressas nos depoimentos abaixo. [...] já consigo ser mais paciente e amorosa [...] (D21). [...] a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim [...] (D22). [...] despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam adormecidos em mim [...] (D23). [...] me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa [...] eu sou mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é minha meta! [...] (D26). Categoria 11 - Emergência de valores e cognição S (Ser) e expressões afetivas validando o curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal Esta categoria mostra a emergência de valores S (Ser) e também aspectos conceituais denominados por Maslow de cognição S (Ser), a qual implica uma aprendizagem com uma percepção da realidade mais ampla, com estreita relação com as categorias 1 e 12. Alguns depoimentos mostram que uma nova força surgiu com o decorrer do curso de Psicologia Transpessoal tornando o depoente mais preparado para enfrentar os desafios da vida. [...]eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito mais ferramentas [...]é o início e não o fim [...] amei fazer o curso [...] (D4). [...] me percebo mais segura, confiante em mim e na vida [...] (D6). [...] percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas [...] (D7). 131 Um Grande sentimento de gratidão em relação ao curso foi observado através de expressões afetivas validando a aprendizagem da Psicologia Transpessoal. Observamos também características de inefabilidade, ou seja, não se encontram palavras para expressar o sentimento. Esse aspecto é inserido por Maslow na cognição do Ser, quando afirma que são percebidos, concreta e abstratamente, todos os aspectos ao mesmo tempo, portanto, inefável para a linguagem ordinária. [...] esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada [...] (D8). [...] uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar [...] (D8). [...] emocionada - sem palavras [...] agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos, ao meu pai [...] (D11). [...] devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam para seu início [...] agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só posso dizer! Graças a Deus [...] (D12). Nos depoimentos abaixo observamos relação direta das contribuições do curso nos processos de transformação dos depoentes tornando-os mais preparados na tomada de decisões, redimensionamento da própria vida a partir de valores superiores. [...] ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões foram muito freqüentes nesta jornada [...] obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais colegas [...] (D13). [...] e principalmente mais corajosa [...] e acredito que a minha caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal [...] (D17). [...] acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste trabalho [...] o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade [...] (D18). No D23 o depoente além de valorizar a experiência e sinalizar seu processo de transformação, demonstra interesse em dar continuidade a estudar temáticas da Psicologia Transpessoal. 132 [...] a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em todas as atividades [...] valeu [...] com certeza darei continuidade a esses estudos sobre ciência e espiritualidade [...] (D23). Nos depoimentos citados abaixo encontramos elementos de auto-atualização ou individuação descritos por Maslow, observamos a aceitação de um núcleo interno denominado eu (Maslow, 1969, p. 232). [...] ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil que esse fosse [...] (D26). [...] esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma [...] (D27). Esses depoentes revelam aspectos profundos explorados por Stanislav Grof e Christina Grof, que afirmaram encontrar naquelas pessoas que sondaram suas profundezas interiores e viveram fortes experiências transpessoais uma auto percepção revelando que seus valores mudam automaticamente, passam a priorizar e reverenciar o serviço em prol de toda forma de vida, e acima de tudo, ser elas mesmas (Vaughan, 1993, p. 218). Categoria 12 - Relações com o processo de aprendizagem (extrínseca/ intrínseca) e interesses relacionados ao curso Essa categoria nos mostra, através dos relatos dos participantes desta pesquisa, a relação do depoente com o processo de aprendizagem. Nos depoimentos abaixo observamos um caráter contínuo da aprendizagem, evidenciando características da aprendizagem intrínseca. [...] sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos recomeços, de nascimentos e mortes [...] (D4). [...] cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete [...] (D6). [...] às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente durante a semana [...] (D20). 133 No depoimento a seguir, é revelado um interesse pelo curso associado a um processo de auto-conhcimento. Fica subentendido que a motivação para cursar a Pós Graduação em Psicologia Transpessoal foi a necessidade de auto-conhecimento. [...] eu entrei na pós mais interessada no processo de auto-conhecimento do que visando a aplicação profissional da psicologia Transpessoal [...] (D18). No D20 o depoente apresenta também sua percepção da sistematização utilizada no curso, valorizando a didática transpessoal, estabelecendo relações entre aprendizagem extrínseca e intrínseca. [...] mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado [...] (D20). 2.1 – Reflexões das interpretações Após realizarmos a classificação e categorização dos dados obtidos, seguiu-se a fase de tratamento, inferência e interpretação dos resultados, que permitiu-nos avaliar o alcance da pesquisa em relação ao seu objetivo geral e objetivos específicos. Permitiunos identificar transformações pessoais, profissionais, nas relações interpessoais, na relação com a vida e futuro, espiritualidade, dimensão do feminino e valores, com emergência de valores S (Maslow, 1996) e referências diretas ao curso e à didática utilizada no curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal. Observou-se que o curso de Psicologia Transpessoal amplia a capacidade de percepção e compreensão, os depoentes revelaram capacidade de identificar as transformações ocorridas de maneira bastante significativa. Demonstraram percepção ampliada de si, do outro, da vida e das interdependências que formam uma grande teia. Sugerem desenvolvimento que propiciou transcender dimensões egóicas e ascender para uma consciência mais unitiva. Reunimos na categoria evidência de percepção e 134 compreensão ampliada (auto-conhecimento), significativas unidades de contexto, presentes em dezoito dos vinte e nove depoimentos, validando esta categoria. Os depoentes mostraram-se capazes, ao final do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, de realizarem auto-avaliação revelando como se percebiam no início do curso e ao final. Nota-se percepção de mudanças saudáveis com transformações significativas do estado emocional, ampliação da percepção e consciência, mudanças na forma de pensar, sentir e agir que demonstram transformação saudável do ser. Foram estabelecidas relações entre cura e auto-conhecimento enquanto processos interdependentes, que iniciam no curso e se perpetuam fora dele, gerando estados saudáveis principalmente no plano da autoconfiança e, auto-estima. Tais estados promovem transformações na relação com a vida, emergindo aceitação do presente com postura saudável em relação ao futuro, evidenciando emergência de valores S (Maslow). Surgem naturalmente atributos de encantamento e paixão pela vida, esperança, abertura para realização de sonhos e força interior para enfrentar os desafios da vida. Ao se reconhecerem como ser saudável os depoentes se abrem ao desenvolvimento e crescimento, há o resgate da dimensão humana em si com valores e sentimentos superiores, desprovido de julgamento, tornando-se um ser mais amoroso, humilde, capaz de sentir-se feliz e conectado com sua criança interior, aceitando e acolhendo sua própria natureza interior tal qual como ela é. Observa-se maior abertura e disposição interna para acolher com amorosidade a luz e a sombra em si mesmo. Na categoria emergência de valores do ser com experiência de renascimento resgatando o ser integral, os depoentes revelam transformações na forma de ser e viver. Fica implícito que estas transformações tornam estas pessoas mais saudáveis e preparadas para a vida. 135 Realizar uma jornada que mobiliza aprendizagem extrínseca e intrínseca permitiu a emergência de valores S que geram força interior, equilíbrio e autoatualização, tornando o ser mais bem preparado para diferentes segmentos de sua vida. Percebe-se aqui um caráter unitivo da experiência, alguns depoentes fazem relações diretas entre passado, presente e futuro, aspectos transformados ou não, aspectos saldáveis ou não. O que é comum e congruente é uma tendência a direcionar-se para as metanecessidades. A análise de conteúdo revela interface entre desenvolvimento pessoal e aprimoramento profissional, integrando aspectos do ser ao saber. Na categoria mudança pessoal e profissional (transformação), identificamos transformações no âmbito pessoal e profissional, atingindo metas dos objetivos específicos apresentados na introdução. São estabelecidas relações entre “plasticidade egóica” e despertar da consciência como elementos propulsores dessas mudanças. O ser se eleva para um estado mais elevado de ser (valores S de Maslow), ativando em si e nos outros processos de cura e desenvolvimento. Além disso, significativas mudanças foram promovidas no campo das relações interpessoais, “o relacionar-se mudou”, no ambiente familiar, profissional e coletivo. Os depoentes sugerem crescimento no campo das relações interpessoais, maior consciência de grupo e ascensão no plano da unidade, resultando em maior contentamento em estar com o outro, estado de felicidade e comunhão espiritual. Sugerindo assim, transformações no campo da espiritualidade que apontam para o reconhecimento de si como um ser bio-psico-sócio-espiritual, integração dos aspectos materiais, humanos e divinos nas experiências do cotidiano. O divino e a dimensão da espiritualidade são diferenciais da Abordagem Transpessoal, reconhecido e validado pelos depoentes como aspecto relevante para o desenvolvimento humano. Tendo em vista a relevância dada à espiritualidade associada 136 ao curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, a explicitação da dimensão espiritual constituiu-se uma categoria com estreita relação com valores S, as metanecessidades, supraconsciente e intuição. Nesse contexto, evidenciou estreita relação entre valores do feminino e intuição. A análise apurada das unidades de contexto nos leva a estabelecer associações entre os processos de cura e transformação citados acima, com a emergência de aspectos saudáveis do arquétipo do feminino como amorosidade, ternura, cuidado, cooperação, experiência do caráter sagrado e misterioso, além da manifestação da subjetividade e intuição. E, todos estes elementos são percebidos pelos depoentes como estruturante e favorável ao seu desenvolvimento em diversas áreas de sua vida. Identificamos uma vasta gama de unidades de contexto referendando-se ao curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e Abordagem Integrativa Transpessoal, contemplando plenamente o objetivo geral e objetivos específicos apresentados na introdução. Emergiu naturalmente um caráter avaliativo do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal, sinalizando aplicação interdisciplinar capaz de integrar físicopsiquico-social-espiritual, organizar e ampliar recursos pessoais e profissionais, trazendo enriquecimento intelectual, crescimento pessoal e profissional. Os depoentes se dizem mais preparados para dar continuidade aos seus projetos de vida, sejam eles pessoais, afetivos, espirituais ou profissionais. Valorizam o embasamento teórico prático, apontando um caráter estruturante do próprio conhecimento em si e na prática profissional. Referências à Abordagem Integrativa relacionada a processo de desenvolvimento, estão expressos nos depoimentos integrando as experiências no seu cotidiano. Esses dados sugerem que o processo de aprendizagem está integrado ao 137 desenvolvimento do ser. Uma vez que um conhecimento é internalizado ele se torna parte do indivíduo, onde o ser e seu saber tornam-se uma unidade. No caso do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal essa unidade revelou grande potencial de transformação rumo a estados e condições de vida saudável. As relações com o processo de aprendizagem, interesses relacionados ao curso e transformações observadas, mostraram-se pertinentes às propostas de Psicologia Transpessoal. Os depoentes revelam aspectos de transcendência, integração, unidade, mudança de valores e ampliação da consciência. Na medida em que nos aprofundamos na análise de conteúdo, percebemos amplas correlações entre as categorias. A separação das categorias é um recurso para percebermos a especificidades das partes que se integram num todo, revelando assim características do conceito de unidade, que também se revela na Unidade do Ser. Ao encerrarmos nossas reflexões, observamos que tanto o objetivo geral quanto os objetivos específicos, descritos na introdução desta monografia, foram plenamente alcançados e demais dados relevantes evidenciaram-se. Apresentaremos nas Considerações Finais dessa monografia reflexões e relações individuais entre estes resultados e pressupostos teóricos correlacionados. 138 CONSIDERAÇÕES FINAIS A Psicologia Transpessoal é caracterizada por uma visão antropológica do homem enquanto ser bio-psico-socio-cultural-espiritual-cósmico e estudo da consciência; considera a multidimensionalidade do ser e a transdisciplinaridade; convida-nos para a um processo de humanização, saúde, educação e desenvolvimento integral do ser. Pode ser considerado um instrumento de pesquisa da natureza essencial do ser e nos apresenta paradigmas capazes de pautar trabalhos em diferentes áreas com caráter ético, amoroso e transcendente. Maslow, um dos percussores da Psicologia Transpessoal nos Estados Unidos, nos apresentou uma Psicologia mais ampla e humanisticamente orientada para processos terapêuticos e educacionais capazes de resgatar aspectos saudáveis do ser, enfatizando o significado, a riqueza e valorização da vida. Apresentou-nos um paradigma de interdependência entre homem e sociedade como um todo indivisível, para ele sociedade saudável é conseqüência de seres saudáveis, o inverso também seria verdadeiro, ao mesmo tempo em que sociedades saudáveis tendem a produzir indivíduos saudáveis, e vice versa. O mesmo paradigma se aplica em um contexto patológico. Preconizou, neste contexto, que a educação seria um movimento para a saúde psicológica, para a paz espiritual e harmonia social. No Brasil tivemos como grande percussor da Psicologia Transpessoal Pierre Weil, que entre outras tantas contribuições constituiu-se um Educador para a Paz, apresentando-nos uma trilogia integrativa de três aspectos da Paz aplicáveis no contexto da clínica, educação, organizações e instituições: a Paz consigo próprio, ecologia e consciência individual; a Paz com os outros, ecologia e consciência social; a Paz com a natureza, ecologia e consciência do universo. Ainda no Brasil, Dra. Vera Saldanha tem trazido consideráveis contribuições para a Psicologia Transpessoal aplicada à saúde e educação, no âmbito da clínica, 139 instituições e organizações. Entre outras contribuições, desenvolveu, organizou, sistematizou e validou em sua tese de Doutorado pela UNICAMP no ano de 2006, a Abordagem Integrativa Transpessoal, cujos pressupostos foram apresentados e explorados no capítulo II. A forma de ensinar esta abordagem foi denominada por sua autora de Didática Transpessoal e estes princípios foram aplicados no processo de ensino aprendizagem do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal Lato Sensu, na turma dos anos 2006-2007, ministrado pelo CESBLU – Centro de Educação Superior de Blumenau & Associação Luso Brasileira de Transpessoal – Campinas. Esta pesquisa tornou objeto de estudos os formandos desta turma e desenvolvemos uma metodologia de pesquisa pautada pela análise de conteúdo segundo Bardin, que se revelou suficiente e adequada para explorar o material disponível para a pesquisa. Observamos que a análise de conteúdo é uma metodologia que se integra e harmoniza com a Psicologia Transpessoal e a própria Didática Transpessoal, pois nos permite contemplar e explorar conteúdos racionais, emocionais, intuitivos e sensoriais. Durante a leitura, classificação, categorização, análise e interpretação, os conteúdos ganharam significado e tornou-se possível estabelecer correlações com pressupostos teóricos da Abordagem Integrativa Transpessoal. Na medida em que os depoimentos foram explorados nas distintas fases da análise de conteúdo, desvelou-se o que estava implícito e permitiu-nos revelar o que estava oculto, tornando possível concluir a análise e interpretação dos resultados com um grupo de doze categorias finais, que sintetizaram o grande manancial de conteúdos revelados pelos depoentes. Tornou-se possível constatarmos o alcance de todos os objetivos apresentados na introdução desse trabalho. 140 Os depoentes apresentaram uma vasta gama de informações que mostrou-nos um manancial de transformações e tornou-se possível relacionar tais transformações com a Didática Transpessoal. Os dados conclusivos da análise de conteúdo revelam mudanças pessoais e profissionais, indicando um processo de desenvolvimento a partir de transformações internas que determinam transformações externas. Ao mesmo tempo foram observadas correlações diretas entre estas transformações e a experiência teórica e prática, pautada por uma aprendizagem extrínseca e intrínseca, corroborando com as contribuições de Maslow quando nos diz que o indivíduo e o ambiente são um todo indivisível. Foram revelados aspectos de auto-conhecimento a partir de uma ampliação da percepção e compreensão de si mesmo, permitindo ao indivíduo se abrir para dimensões saudáveis de seu ser. Evidenciou-se processo de cura associados auto-conhecimento. Aqui se destaca o desenvolvimento o “eu observador”, dando autonomia e caracterizando estados diferenciados da consciência que corroboram para a saúde, bem estar e desenvolvimento pleno do indivíduo. Destacam-se uma visão mais ampliada, capaz de abarcar aspectos conflitantes e limitadores, abrindo-se para maior compreensão e aceitação da vida, emergindo conexão consigo, com outro e com a vida. Neste sentido, o conceito de vida e unidade se fez realidade na vivência dos eixos experiencial e evolutivo, os depoentes revelam aceitação da vida e do momento presente, com postura saudável em relação ao futuro, emergem características do homem auto-realizado que ascende às metanecessidades prescritas por Maslow, assim como características de elaboração e integração apresentadas nas sete etapas da Abordagem Integrativa. Ao desvelar o que estava oculto, naturalmente revelou-se a emergência de valores S mencionados por Maslow e observamos que estes se apresentam carregados de características de cognição S e amor S, convergindo para a o que a Psicologia 141 Transpessoal preconiza para o ser humano saudável, humanizado e conectado com sua natureza essencial, pautado pela dimensão amorosa. Observou-se emergência de características do homem auto-realizado, com maior conexão interior, aquele que se abre para uma vida mais plena e ampla, com perspectiva integradora, ajustadora de diferentes estados de consciência. Também houve explicitação direta à dimensão espiritual relacionada ao desenvolvimento humano. Para os depoentes, a conexão com a espiritualidade resulta em estados de equilíbrio entre o material, humano e divino. Este aspecto é amplamente contemplado na visão de Maslow e da própria Psicologia Transpessoal que preconiza o homem enquanto ser bio-psico-sócio-espiritual. Vale ressaltar que sagrado não implica na crença em Deus, deuses ou espíritos, mas sim a experiência de uma realidade, é a origem da consciência de existir no mundo. Algo sagrado é algo que está no mundo, mas não é deste mundo. Está no espaço-tempo, mas existe nele a marca de outra dimensão superior. O que define sagrado é a consciência de uma transcendência. Aqui podemos estabelecer estreita correlação entre a Psicologia Transpessoal e as virtudes e valores do feminino. Independente do sexo dos depoentes foi estabelecida interdependências entre virtudes do feminino e manifestação da intuição relacionada à experiência educacional na Pós Graduação. Revelam que ao longo do processo observaram em si a emergência de características peculiares ao arquétipo do feminino como paciência, sabedoria, amorosidade, espiritualidade, transcendência, entre outras. Neste contexto, para Boff (1998), o feminino na mulher e no homem é a capacidade de inteireza, de percepção da totalidade, unicidade, valorização da vida, sensibilidade, intuição, relações cooperativas, ligação com o essencial e sagrado, nos apresenta a dimensão do amor como fator de cura e transformação. 142 A dimensão do feminino fora explicitada e explorada na análise de conteúdo, o que nos permitiu perceber manifestações de virtudes e valores no âmbito do arquétipo do feminino relacionados ao Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e estabelecer relações entre a Abordagem Transpessoal e a dimensão do feminino. Segundo Zweig “O feminino nos permite perceber que qualquer método útil de terapia, educação ou organização social precisa, portanto, atender e reverenciar cada nível da existência, bem como a relação estável e sensível entre eles” (Colegrave, in Zweig, 1990, p45). Os atributos do feminino são de extrema importância nos processos de transformação, com benefícios individuais e coletivos, nos possibilitando galgar níveis cada vez mais elevados de consciência, refletindo em uma melhor qualidade de vida. Para Maslow, a sinergia interior entre masculino e feminino resulta em dinâmica harmoniosa da unidade, capacitando-nos a experienciar o nascimento para a nossa natureza divina. Esta sinergia é de grande relevância para o bem estar pessoal, coletivo e planetário, pois nos permite relações integradas, equilibradas e pacíficas, podemos transitar livremente por um espectro de consciência, conectados ao nosso ser profundo. O indivíduo que tem sua experiência permeada com os atributos do feminino são naturalmente intuitivos. Para Jung a intuição é uma função psíquica que percebe através do inconsciente, permitindo ao indivíduo o processo de auto-atualização proposto por Maslow. Embora não contemplássemos em nossos objetivos a validação do Curso em Psicologia Transpessoal, nem da Didática Transpessoal naturalmente a análise de conteúdo revelou uma ampla gama de unidades de contexto contemplando esta questão, o que nos permitiu reunir a quatro categorias finais relacionadas a esta temática. Naturalmente os depoentes explicitaram informações com caráter avaliativo do curso, relacionando e validando aspectos teóricos e práticos advindos da aprendizagem 143 extrínseca e intrínseca, característica da Abordagem Transpessoal, como elemento estruturante, agregador, e propulsor de desenvolvimento e crescimento em diversos aspectos, incluído área profissional, pessoal e espiritualidade. Referências específicas foram apresentadas do aspecto estrutural (corpo teórico), aspecto e dinâmico (eixo experiencial e evolutivo) e dinâmica integrativa (sete etapas) e pressupostos da Psicologia Transpessoal, denotando que a aquisição de conhecimento que implicou na mudança de atitudes, valores, posturas e recursos técnicos adequados ao desempenho profissional satisfatório. O processo de aprendizagem está integrado ao desenvolvimento do Ser. Uma vez que um conhecimento é internalizado se torna parte do indivíduo, o Ser e o saber tornam-se uma unidade. No Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal essa unidade se mostrou potencial de transformação e condições de vida saudável. Os depoentes revelam aspectos de transcendência, integração, conexão com a espiritualidade e dimensão do feminino em si, unidade, mudança de valores e ampliação da consciência. Convém destacar que não foram observados manifestações de aspecto de sombra nos depoimentos. Será que não existem? Se existe por que não foram manifestados? Por inferência podemos levantar a hipótese de que permaneceram latentes, pois o ser humano é um ser em desenvolvimento, e mesmo os depoentes tendo passado por processo tão significativo de transformações ainda são seres inacabados. Contudo, tendo em vista o caráter unitivo e transcendente do transpessoal o processo tende a se processar num continuo e outras experiências poderão contemplar as sombras não expressas. Um espaço saudável é o ambiente psicoterapêutico. É importante ressaltar que no manual do aluno da Pós Graduação há recomendação de processo psicoterapêutico para melhor aproveitamento na especialização. 144 O Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal se mostrou convergente com o novo paradigma educacional emergente, pautado pela Didática Transpessoal revela aspectos de transdisciplinaridade, considera a multidimensionalidade do ser e busca o desenvolvimento do ser integral. As conclusões apontam que os formandos além de conquistar o título de Especialista em Psicologia Transpessoal passaram por profundas transformações que sinalizam avanços no campo do desenvolvimento psicológico, humano, ético e espiritual. Para os participantes desta pesquisa, a realização deste trabalho se fez mais que uma atividade acadêmica, ao longo do processo, na medida em que cada etapa se cumpria, observou-se que alguns dos resultados observados na análise de conteúdo dos depoentes também estavam acontecendo com o grupo que realizava a pesquisa. Evidenciaram processos de transformação no âmbito pessoal e porque não dizer profissional, pois houve desenvolvimento de habilidades como da escrita, organização de conceitos e informações, mudança no relacionamento interpessoal, ampliação da percepção e compreensão, resultando em auto-conhecimento, emergência de valores do ser, validação do Curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal e relações com o processo de aprendizagem intrínseca e extrínseca. Surgiu um convite natural à manifestação dos atributos do feminino relacionado à intuição, todo o processo foi permeado com profunda conexão com a espiritualidade, as reuniões tiveram seu início marcado por momentos de interiorização e manifestação espontânea de práticas meditativas, entonação de mantras e orações. Naturalmente as relações se fizeram cooperativas, acolher e cuidar tornou-se uma constante, buscou-se a integração, percepção clara e mais eficiente, houve abertura para as experiências com autonomia e unicidade, buscou-se uma estrutura democrática e a fusão entre o concreto e abstrato. 145 Contudo, resgatando as considerações de Maslow, mesmo o homem autorealizado, aquele que já ascendeu à dimensão da metanecessidades pode manifestar aspectos mesquinhos, egoístas e repugnantes, manifestando a “sombra” que jaz em seu interior, aquela dimensão que também faz parte de sua natureza. A experiência grupal se mostrou plena numa perspectiva transpessoal, permitiunos observar no processo aspectos inerentes aos aspectos estrutural (corpo teórico) e dinâmico (eixo experiencial e evolutivo) e dinâmica integrativa (sete etapas). Observouse a manifestação de diferentes níveis de consciência, dicotomia entre fragmentação, dualidade e unidade, de luz e sombra. A sombra se revelou de diferentes formas: falta de cooperação assertiva, manifestação egóica, manipulações, dificuldades emocionais com manifestação de raiva, culpa, inveja, entre outros. A dimensão egóica foi trabalhada no grupo, individualmente nos processos de psicoterapia e coletivamente nas interfaces de comunicação e diálogo coletivo. Na medida em que aspectos de auto-imagem, emoções solidificadas e crenças limitadoras se flexibilizaram, emergiu o desapego, a comunicação espontânea, contato com a experiência presente e posturas saudáveis. Segundo Pierre Weil a percepção da realidade se dá em função do estado de consciência que o indivíduo se encontra, logo quando há uma percepção diferente da realidade é porque houve mudança no estado de consciência. É um paradigma da psicologia Transpessoal que a solução para uma questão não se encontra no nível dela e sim acima, de um lugar onde se tem percepção mais ampla. Logo, podemos dizer que ao trabalhar as questões egóicas no grupo diferentes estados de consciência foram mobilizados. As partilhas revelaram insigths advindo do estado de vigília com reflexões lógicas e diálogos internos e externos conscientes; devaneio com livres associações e intuições; sono, com a manifestação de sonhos cujos conteúdos estavam relacionados ao 146 trabalho grupal e relacionamento com as pessoas envolvidas e questões presentes. Na consciência de despertar emergiu o observador de si mesmo e a desidentificação das projeções. Não houve manifestação plena da consciência cósmica, mas foi expresso o desejo de atingi-la e expressão de “fragmentos” dela, observou-se a disponibilidade de auxílio ao outro, anseio prática da verdade, anseio pela sabedoria, verdadeiro amor, bem-aventurança e unidade, houve significativa mudança no sistema de valores para alguns dos integrantes. Tendo em vista que há estreita correlação entre os estados de consciência e cartografia da consciência podemos dizer por generalização que os conteúdos acima podem ter sido mobilizados tanto a partir das regiões pessoais quanto das regiões transpessoais da consciência. Este aspecto pode ser explorado por cada integrante durante um processo psicoterapêutico. O conceito de vida foi plenamente vivenciado na medida em que o processo se fez a partir de constantes mudanças, implicando em experiências de morte e renascimento de idéias, conceitos, emoções, paradigmas e até mesmo valores. Foi uma constante o pulsar contínuo para a evolução, que nos permitiu progredir e avançar rumo às metas estabelecidas, ficando implícito o conceito de unidade a partir de uma visão mais ampla e adequada do processo. Ficou evidente a manifestação do complexo de Jonas descrito por Maslow e amplamente discutido por Jean-Yves Leloup, revelado na dificuldade manifestada por alguns integrantes em realizarem “suas missões”, se dispersavam, não conseguiam se concentrar, manifestaram dificuldades em focar os objetivos, não participando ou se envolvendo e até mesmo não se considerando capazes de trazer suas contribuições para o grupo. Contudo, 70% do grupo mostraram-se capazes de produzir sinergia grupal, emergiu um caráter unitivo que possibilitou integração e desenvolvimento nas relações 147 interpessoais, tarefas individuais e coletivas. Percebemos estreita correlação com eixo experiencial e evolutivo, na medida em que as questões foram sendo trabalhadas no nível da experiência (REIS) emergiu naturalmente um caráter evolutivo (eixo evolutivo) no processo e o trabalho grupal se desenvolveu possibilitando o cumprimento das metas e a conclusão final do trabalho. Ao refletir sobre a experiência é possível identificar, naquelas pessoas que participaram da sinergia grupal, a dinâmica interativa representada pelas sete etapas: reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, transformação, elaboração e integração. Sendo que a etapa de integração se completa nas considerações finais elaboradas individualmente e apresentação final do trabalho. Sabemos que a Psicologia Transpessoal reconhece o fato de que estamos em constante crescimento. Essa perspectiva auxilia-nos a restituir sentido e valor à vida, e ajuda-nos a determinar o que somos e o que desejamos. Também pode contribuir para a percepção de nossas responsabilidades pessoais e para com o mundo como um todo. Pode acrescentar um sentido de personalidade dinâmica ao momento presente e a sensação de sentido à nossa existência e ao nosso futuro. Desta forma, todos crescem com a experiência, o processo de aprendizagem está integrado ao desenvolvimento do Ser. Uma vez que um conhecimento é internalizado se torna parte do indivíduo, o Ser e o saber tornam-se uma unidade. Acreditamos que com essa experiência trouxemos contribuições para a Psicologia Transpessoal, o meio acadêmico, a educação em si, nosso próprio crescimento e de todo aquele que anseia por perspectivas humanizadas, conscientes e íntegras com uma perspectiva evolutiva, voltada para o desenvolvimento do Ser nos diferentes ambientes de nossa sociedade. 148 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAGIOLI, R. Psicossíntese; manual de princípios e técnicas. São Paulo : Cultrix, (s.d.). 325p. ASSAGIOLI, Roberto. Ser Transpessoal. Espana : Gaia, 1993. 334p. BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa : Edições 70 Persona, 1977. 229p. BOOF, Leonardo. O despertar da águia; o dia-bólico e o sim-bólico na construção da realidade. Petrópolis : Vozes, 1998. 206p. BOFF, L. Ética e eco; espiritualidade. Campinas : Verus, 2003. 203p. BRENNER, Charles. 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Hoje eu me percebo melhor, e consequentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos preconceitos. Me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais atenta com o “aqui e agora”. Na minha vida amorosa, com o meu marido, eu consigo enxergar melhor e de maneira mais ampla os conflitos. Me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo. Através das minhas razão, emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrenta-los.” Depoimento – D2 “Sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve. Enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento. Observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas. Existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros. Sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir. Ocorreu um reencontro com a minha essência. Foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas. Existe um olhar mais tolerante, mais amoroso que julga e critica menos. Os limites pessoais e das pessoas são mais claros. A necessidade de controle é muito menor. Tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca acaba aqui ou no “não aqui”. Lido melhor com minha objetividade e subjetividade. Viver o momento presente 152 tem sido algo mais constante e o desgaste de energia é menor. Acho que isto é tudo nesse momento.” Depoimento – D3 “Após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim. Durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”, fui a cada dia me apaixonando pela vida, por estar num corpo físico, de não ter mais o desejo de “voltar para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada da Divindade. (houve um tempo em que neguei tudo isto). Quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente grande”, assumir meu lugar em minha vida. Hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo caminho a percorrer e me sinto feliz, alegre e muito disposta a esses novos caminhos. Descobri também que eu sou aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter se esquecido de quem é. Sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que é justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida.” Depoimento – D4 “É o início e não um fim. Amei fazer o curso, muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser. Eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito mais ferramentas. Eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada e, agora, precisa germinar. Este vai ser o próximo estágio, o cultivo. Percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a unidade na diversidade. Ainda estou em processo de cura, sinto ainda muitas dores físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior. Sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim de muitos recomeços, de nascimentos e mortes. Estou grata acima de tudo a Deus!” 153 Depoimento – D5 “Sinto-me resgatada. Voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em mim e nos outros. A minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um “trato social”. Hoje eu diria que sou a XXX (nome) e sou feliz de ser XXX e não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX. O meu relacionarse mudou. Acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu! Vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno Príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia já foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz!” Enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser acriança e se me chamarem de “louca”, sou louca sim quero ser louca, graças à Deus!” Depoimento – D6 “Percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional. Permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais. Nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos, posturas, valores, etc. O que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo. Cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete. Na clínica, além de ter adquirido mais recursos para atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais fortalecido. Nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com 154 menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho. Me percebo mais segura, confiante em mim e na vida, com mais condição de amar e acolher o outro.” Depoimento – D7 “Sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no curso de Transpessoal. Não seu dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais influências do curso em si em meu processo mas sinto que durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra completamente diferente, pudesse nascer. Sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a vida. Sinto que quanto mais entrego minha vida nas mãos de Deus, quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu próprio caminho evolutivo. Percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas. Por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu coração que isto é apenas passageiro, é apenas um processo de crescimento, já que estamos a nos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS. Para que sejamos úteis à Deus e ao Processo Evolutivo, ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que aprendemos para o mundo ao nosso redor. Temos agora a base para agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que estaremos a fazer. Percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade à minha transformação e aperfeiçoamento, transformando pouco a pouco o “de fora”, a partir do início da transformação do “de dentro”. 155 “Eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso. Esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada e com a sensação de que estas transformações ocorridas continuação e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada. Nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada. Resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorozidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso. Uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar. Que esta luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para continuarmos este processo em nossas vidas.” Depoimento – D9 “Percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos) em meu caminho. Um encontro ocorreu entre interior e exterior, tanto em minhas práticas espirituais como nas práticas sociais. Aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser, físico-psico-sócio-espiritual. Deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida. Vejo-me mais Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer. E, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo.” Depoimento – D10 “Me sinto muito mais tranqüila diante da vida. Aconteceu em mim uma mudança efetiva na forma de “ver” os outros, as coisas, os acontecimentos e eu mesma. Na verdade na vida, tudo continua como sempre foi. Filhos, conflitos, conquistas, alegrias, tristezas, chegadas e partidas. Só que muda é como se vê. Também percebo mudança na forma de ouvir o outro. A escuta se tornou mais amorosa, receptiva e aberta. Existe realmente um espaço livre em mim, a partir daquilo que 156 ouço. Só depois sinto penso e digo algo, ou nem isso. Ouvir o outro a partir do outro em si mesmo, permitindo que o encontro aconteça. Nesse sentido a melhora nas relações pessoais em geral, são muito grandes. Com os filhos, amigos, colegas de trabalho, pacientes... Me sinto também mais silenciosa no dia a dia. Por inúmeras vezes me percebi, querendo e fazendo silêncio, espontaneamente. Isso nada tem haver com tristeza, ou melancolia, pelo contrário, tem haver com recolhimento, auto nutrição, contato real com o mundo interno. A aceitação criativa diante dos acontecimentos da vida. Claro que algumas coisas, abalam, mexem, tocam, mas hoje são só alavancas para me perguntar, como me percebo, o que realmente está acontecendo aqui dentro, e como posso fazer para aprimorar dentro e expandir fora. Minha prontidão para colaborar também com as pessoas em geral, que já existia, aumentou ainda mais. Senti uma diminuição grande na emoção de medo. Me percebo com muito menos medos do que antes, em geral. Também reconheço um grande avanço na conexão com o feminino. O deixar fluir. Aguardar um pouco para ver para onde os ventos sopram, deixar um pouco o fluxo da vida ir dando a direção. Me sinto em ser em construção, e reconheço que de onde estou vindo muito foi transformado. Sou uma pessoa melhor, e claro, espero continuar me transformando. Sinto uma enorme gratidão, pela vida, escolhas que fiz, pessoas que me foram graciosamente oferecidas pelo Sagrado, experiências, alegrias, e especialmente pelo “silêncio”. Muito obrigada a todos vocês da Transpessoal e a todo os meus colegas, por todas as trocas curadoras.” Depoimento – D11 “Triste - Por ter me que despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente. Feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante. Transformada - em alguém melhor do que quando comecei. Esperançosa - em conseguir aplicar tudo o 157 que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes. Realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade. Emocionada - sem palavras. Enriquecida - por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas amizades. Agradecida - a Deus, à equipe Alubrat(Vera) aos meus amigos, ao meu pai. Anciosa - por tudo o que ainda está por vir. Com coragem - para fazer tudo o que eu quiser. Forte - com tudo o que eu consegui. Mais humana – sempre. Mais consciente - do outro, de mim, e do que eu quero. Mais próxima - de mim, do outro, de Deus.” Depoimento – D12 “Sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento pessoal. Consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social e mental. Devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias que faltavam para seu início. Pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher. Me sinto renovada e feliz por te entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que vai seguir para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais. Cada um em sua função especifica nesta nave, se destacando em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam meio obscuros. Uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante. Agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só posso dizer! Graças a Deus." 158 Depoimento – D13 “Ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou um encorajamento, onde as tomadas de decisões foram muito freqüentes nesta jornada. Ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência, que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade. Foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo olhar. Obrigado a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais colegas.” Depoimento – D14 “Percebo-me hoje, mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser, principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito tempo estava perdida nas sombras de meu ser! Porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos, foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente, talvez até mesmo em outro lugar! Mas a transformação espiritual foi muito intensa e verdadeira!” Depoimento – D15 “Com toda certeza me sinto curada, transformada, em vários aspectos do meu ser. Enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava 159 armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras dimensões.Outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I. S), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira muito consciente e concreta; me possibilitando liberações, curas, e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão muito mais leveza, segurança, confiança e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez mais feliz saudável e abundante e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essas riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu holograma universal! Testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso de minha jornada cósmica!” Depoimento – D16 “Como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade, no julgamento, hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim. Percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina agora. Defrontar-me com minhas sombras, mas também com minha luz, e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência, com certeza do retorno à Unidade. Percebo-me hoje como um ser inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da Unidade.” 160 Depoimento – D17 “Percebo-me mais calma, feminina e principalmente mais corajosa. As mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o processo não parou com o término do curso. Sinto-me mais tranqüila em relação ao futuro, pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de esforços individuais, e estou batalhando muito pelos meus novos objetivos. Evolui espiritualmente e acredito que a minha caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal. Descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” Depoimento – D18 “Eu entrei na pós mais interessada no processo de auto-conhecimento do que visando a aplicação profissional da Psicologia Transpessoal. E o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando bastante. Além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as empresas. Compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo, falar do emocional foi extremamente saudável. Acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste trabalho. O ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir. Fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade.” Depoimento – D19 “Percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando mulher, com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda esta ocorrendo em minha vida. Cada vez mais desenvolvo meu eu observador e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos, cada vez de forma mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo. Mas ao 161 mesmo tempo que em alguns processos sinto-me plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis, embora minha amorosidade forte e minhas dificuldades estejam cada vez mais tornando-se maiores.” Depoimento – D20 “Ao termino do curso em Transpessoal eu sou uma pessoa transformada. No decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano. E é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas mais distantes. No inicio achei tudo um pouco complicado, acho que porque peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto modulo, mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as idéias e as praticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado. As vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente durante a semana. Morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado. A impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que além de enxergar melhor os acontecimentos posso enxergá-los de um ângulo de visão diferente, mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão. Fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papeis dos envolvidos, 162 inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc. Foi um período de auto-conhecimento e auto-cura resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada, foi realmente um renascimento para uma vida mais saudável e plena.” Depoimento – D21 “Cheguei perdida, buscando o meu eixo. Apesar de me sentir perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma. Precisava de novos recursos. No decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas e precisava me policiar para não cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa. Buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que não era só isso. A cada módulo eu saia do lado avesso. Coisas aconteciam, novas percepções da realidade. Situações antigas ganhavam novas cores e formas. Surgia um novo olhar. Eu já não era mais a mesma. Hoje me percebo mais inteira. Minha auto-percepção vem melhorando a cada dia. A percepção que tenho do outro também mudou. Já consigo ser mais paciente e amorosa. Sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho. Descobri um jeito novo de caminhar. Ganhei novos recursos profissionais, mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu mesma. Quanto mais me percebo mais recursos acesso.” Depoimento – D22 “Eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras. Percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na plasticidade. Me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova 163 consciência...Percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida, a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim, e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu coração. Me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me presentear com este caminho.” Depoimento – D23 “Foi uma experiência de humanização. Venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco afetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso. A cabeça e o coração sempre estiveram numa luta constante. A P.T (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o vivencial, o analógico, o simbólico. Não me desfiz do racional. Despertei o emocional, o afetivo, o feminino que estavam adormecidos em mim. A existência passou a ter mais sentido, pois transcendi , olhei para além, é a visão da totalidade. A visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em todas as atividades. Valeu. Com certeza darei continuidade a esses estudos sobre ciência e espiritualidade.” Depoimento – D24 “Iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação, um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno à minha essência. O curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens. O conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento. No desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar” antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que 164 pude dar um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco. Nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser... Sinto, após essa etapa de conclusão dos módulos, que uma nova etapa se inicia. Uma etapa na qual terei mais condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao meu alcance levar. Exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida pessoal com mais inteireza e unidade. Sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver”. Depoimento – D25 “Foram dois anos de grande transformação interna e externa. Externamente mudei de cidade e casei pela 2ª vez. Também engravidei e atualmente estou caminhando para o 6º mês de gestação. O curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se processasse num nível interno de maior conexão com a minha essência, de maior harmonia com as mudanças. Resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda transformação, assim como com relação aos outros. Também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador da assimilação de todo o processo externo. Com o curso tive um respaldo maior interno, obtive ferramentas, exerciteime e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo. Já tinha a idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe coincidência ou acaso. Durante o curso pude experienciar isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências. Hoje saio com a convicção, vívida, de que tudo está perfeito, tudo está em sua perfeita ordem. Conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no meu cotidiano. Todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da 165 diversidade e das diferenças. Ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o período gestacional. Outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentar e colocar na prática o trabalho com os sonhos. Não só meu como do meu marido. Passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a. Enfim, ganhei em auto-conhecimento e, consequentemente, em auto-estima e auto-confiança. Sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!” Depoimento – D26 “Me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa, ao longo desses dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil que ele fosse. Estou aberta, cheia de sonos e disposta a faze-los acontecer. No meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o observador interno, sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração. Quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o primeiro mês, me entreguei e foi um prazer, aguardado. Sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade. Colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas. Eu sou uma mulher sensível, livre, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é minha meta!” Depoimento – D27 “Ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente. Hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho. Consigo entender, reconhecer o que ainda falta 166 para alcançar internamente. Estou mais forte no nível intuitivo também. Insigths, sonhos, o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano. Todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta. Às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o que ficava era uma sensação. Conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões, eu pude constatar. E ai vinha o entendimento. Esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma. Validou o que mais de verdade tava em meu coração, me mostrando que é possível. É possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução. Apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese. A união em todos os níveis e consequentemente uma cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo. E muito para ser revelado, ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz. Me sinto transformada!” Depoimento – D28 “Quando cheguei estava com medo ansioso e tinha muitas respostas agora eu me percebo mais confiante mais espontâneo e num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse e agora com muito mais perguntas certo ou errado agora não faz mais sentido bem e mal também as comparações e julgamentos perderam o sentido as coisas estão em transformação minhas crenças desejos medos e temores estão mudando algumas coisas estão sumindo nada continua estou em transformação consegui muitas ferramentas para mudar eu mesmo as pessoas e consequentemente o mundo ferramentas que experimentei eu mim mesmo ser eficaz eu mudei estou mudando para contribuir para mudar o mundo entrei em contato com muitas feridas algumas foram entendidas e resolvidas outras foram 167 mexidas outras nem se quer sabia que tinha mas a certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom pois sei que irei crescer indefinidamente antes de fazer o curso tinha ido em busca de religião seitas cursos de autoconhecimento terapias mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto conteúdo de diferentes linhas aglutinas tudo integrar coisas tão diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar sabedoria e autoconhecimento.” Depoimento – D29 “Hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior percebo inclusive quando no julgamento que era um dos grandes problemas no meu aprendizado familiar que hoje se desfaz quase que imediatamente transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso e consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS) em cada situação pois durante as vivências percebia que emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso já a intuição as grandes inspirações telepatias foram ficando cada vez mais freqüentes sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por esses estados de consciência de mim mesma maior compreensão do outro e querendo saber cada vez mais.” 168 2. Quadro da classificação Classificação Unidades de contexto nos depoimentos a) sentimento de retorno do ser integral/essencial “...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2). “... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior...” (D4). “...sinto-me resgatada...” (D5). “...de um retorno à minha essência...” (D24). “...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27). b) sentimento de renascimento “...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em mim e nos outros...” (D5). “...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7) “... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo olhar...” (D13). “...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi realmente um renascimento para uma vida mais saudável e plena...” (D20). c) emergência de valores do ser “...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica menos...” (D2). “...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7). “...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso...” (D8). 169 “...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9). “...mais humana – sempre...” (D11). “... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade...” (D13). “...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17). “...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada...” (D20). “...foi uma experiência de humanização...” (D23). “...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver...” (D24). “...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...” (D25). “...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração...” (D26). “...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução...” (D27). “...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude...” (D29). d) sentimento de “...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e segurança/confian não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5). ça “...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6). “...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7). “...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com tudo o que eu consegui...” (D11). “...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal...” (D17). 170 “...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em todas as atividades...” (D23). “...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...” (D27) e) mudança no relacionamento interpessoal “...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1). ...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2). “...o meu relacionar-se mudou..” (D5). “...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6). “...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar...” (D17). “...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho...” (D19). “... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21). “...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24). “...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25). “...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...” (D27). f) sentimento de mudança “...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1). “...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11). “...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do emocional foi extremamente saudável...” (D18). 171 “...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente...” (D27). “...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse e agora com muito mais perguntas...” (D28). “...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez mais...” (D29). g) percepção e compreensão de si “...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...” (D1). “...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento...” (D2). “...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3). “...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7) “...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso...” (8). “...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante...” (D11). “...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser..." (D14). “...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim...” (D16). “...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos objetivos...” (D17). 172 “...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21). “...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida...” (D22) “...não me desfiz do racional...” (D23). “...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação, um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno à minha essência...” (D24). “...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o período gestacional...” (D25). “...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27). “...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer indefinidamente...” (D28). h) manifestação da intuição “...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz!...” (D5). “...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths, sonhos...” (D27). “...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando cada vez mais freqüentes...” (D29). i) ampliação da auto-percepção e consciência “...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina agora...” (D16). “...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está 173 ocorrendo em minha vida...” (D19). “...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem melhorando a cada dia...” (D21). “...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda transformação, assim como com relação aos outros...” (D25). “...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também, as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior, percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e consciência de mim mesmo...” (D29). j) explicitação do sentimento de liberdade “...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5). k) valorização do grupo “...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada...” (D08). “...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente...” (D11). “...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante...” (D12). l) mudança na vida onírica(sonhos “...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a... (D25). m) mudança e transformação “...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2). “... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...” (D4). “...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um ‘trato social...” (D5). 174 “...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...” (D11). “... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15). “...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa transformada...” (D20). “...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam, novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21). “...percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...” (D22). “...foram dois anos de grande transformação interna e externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de gestação...” (D25). “...me sinto transformada!...” (D27). “...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos, medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo nada continua, estou em transformação...” (D28). n) aprimoramento pessoal e profissional “...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo...” (D6). “...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13). “...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei novos recursos profissionais...” D21) “...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24). o) relação entre prática profissional e espiritualidade p) inefabilidade (sem palavras) “...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade...” (D11). “...emocionada - sem palavras...” (D11) 175 q) sentimento de gratidão “...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4). “...graças à Deus!..” (D5). “...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar...” (D8). “...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos, ao meu pai...” (D11). “...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12). “....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais colegas...” (D13). “...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me presentear com este caminho...” (D22) r) relação entre autoconhecimento e auto-percepção transpessoal/espir itual “...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus, quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho evolutivo...” (D7) “...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas práticas sociais...” (D9). “...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso de minha jornada cósmica!..” (D15). “...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei para além, é a visão da totalidade...” (D23). s) importância da teoria (curso) como elemento organizador e estruturante “...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6). “...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo, ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para 176 que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que estaremos a fazer...” (D7) “...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social e mental...” (D12). “...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras dimensões...” (D15). “...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao meu alcance levar...” (D24). “...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25). “...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e, conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias, etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar sabedoria e auto-conhecimento...” (D28). t) sentimento de esperança, expectativa positiva em relação ao futuro “...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a esses novos caminhos...” (D3). “...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4). “...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7). 177 “...e com a sensação de que estas transformações continuarão...” (D8). “...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11). “...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez mais feliz saudável e abundante...” (D15). “...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o processo não parou com o término do curso...sinto-me mais tranqüila em relação do futuro,...” (D17). “...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21). “...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...” (D26). u) transformação externa gerada a partir da transformação interna “...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da transformação “do dentro”...” (D7) “...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano...” (D20). “...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...” (D28). v) relação entre sentimento e sensação (corpo) “...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada...” (D8). “...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o que ficava era uma sensação...” (D27). w) conexão com o sagrado “...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...” (D3) “...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas vidas...” (D8). “...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, 178 amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D9). “...principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu ser!”..." (D14). “...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no meu cotidiano...” (D25) x) conexão com o feminino “...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher...” (D12). “...percebo-me mais calma, feminina...” (D17). “...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando mulher,...” (D19). “...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21). “...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..” (D22). “...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam adormecidos em mim...” (D23). “...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é minha meta!...” (D26). y) conexão com o silêncio “...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27). z) aceitação da vida/viver o presente “...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste momento...” (D2). “...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3). “...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9). “...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito, 179 tudo está em sua perfeita ordem...” (D25). “...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas...” (D26). aa) valorização e reconhecimento do físico como sagrado “...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3). ab) conexão com a criança Divina/Interior “...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência, ...” (D13). “...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19). ac) mais forte e preparada para enfrentar desafios da vida ad) processo de cura “...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito mais ferramentas...” (D4). “...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste trabalho...” (D18). “...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando...” (D4). “...com toda certeza me sinto liberações, curas,...” (D15). curada...me possibilitando “...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...” (D27). ae) aprendizado contínuo “...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2). “...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4). af) processo de mudança com “...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5). 180 preservação do EU ag) exp. com as sete etapas, eixo exp. e ev. (REIS) relacionada a processo de desenvolvimento “...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1) “...observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas...” (D2) “...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos, posturas, valores, etc...” (D6). “...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira consciente e concreta;...” (D15). “...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos,...” (D19). “...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu coração...” (D22). “...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24). “...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29). ah) aprendizagem intrínseca “...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6). “...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em 181 suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente durante a semana...” (D20). “...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21). ai) sincronicidade “...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada e, agora, precisa germinar...” (D4). “...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25) aj) sentimento positivo pelo curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal “...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4). “...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam para seu início...” (D12). “...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13). “...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...” (D18). “...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre ciência e espiritualidade...” (D23). “...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26). ak) prática da unidade na diversidade “...percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a unidade na diversidade...” (D4). “...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam meio obscuros...” (D12). al) reconhecimento de aspectos internos a serem tabalhados e transformados “...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu coração que isto é apenas passageiro...” (D07). “...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos, foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são 182 como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente, talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14). “...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis, embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam cada vez tornando-se maiores...” (D19). “...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21). “...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23). “...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar internamente...” (D27). am) pós graduação como processo terapêutico “...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando bastante...” (D18). “...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil que esse fosse...” (D26). an) maior “...eu entrei na pós mais interessada no processo de autointeresse no auto- conhecimento do que visando a aplicação profissional da conhecimento que psicologia Transpessoal...” (D18). aplicação profissional da transpessoal ao) aplicação interdisciplinar da Psicologia Transpessoal “...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as empresas...” (D18). ap) desenvolvimento do Eu observador “...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19). “...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20). “...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o 183 observador interno...” (D26). aq) feedback de mudanças percebidas pelas pessoas com as quais convive “...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20). ar) valorização da didática transpessoal “...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...” (D20). “...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23) “...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se processasse num nível interno de maior conexão com minha essência, de maior harmonia com as mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências...” (D25). “...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...” (D27). “...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por esses estados de consciência...” (D29). as) dificuldades por entrar no curso em andamento “...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto módulo,...” (D20). at) ampliação da visão “...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como oportunidade de crescimento...” (D1) “...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade, no julgamento,...” (D16). “...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20). 184 au) auto“...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão conhecimento que muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15). promove mudanças “...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20). saudáveis “...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em auto-estima e auto-confiança...” (D25). av) experiência/senti mento de unidade “...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12). “...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu holograma universal!...” (D15). “...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz, e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência, com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da Unidade...” (D16). aw) evolução espiritual “...mas a transformação verdadeira!...” (D14). espiritual “...evoluí espiritualmente...” (D17). foi muito intensa e 185 3. Quadro das categorias prévias Categorias prévias Unidades de contexto nos depoimentos 1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral “...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2). “...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica menos...” (D2). “... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior...” (D4). “...sinto-me resgatada...” (D5). “...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em mim e nos outros...” (D5). “...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7) “...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7). “...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso...” (D8). “...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9). “...mais humana – sempre...” (D11). “... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade...” (D13). “... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo olhar...” (D13). “...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17). “...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi realmente um renascimento para uma vida mais saudável e 186 plena...” (D20). “...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada...” (D20). “...foi uma experiência de humanização...” (D23). “...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver...” (D24). “...de um retorno à minha essência...” (D24). “...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...” (D25). “...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27). “...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração...” (D26). “...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução...” (D27). “...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude...” (D29). 2) percepção e compreensão de si “...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...” (D1). “...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento...” (D2). “...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3). 187 “...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7) “...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso...” (D8). “...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante...” (D11). “...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser..." (D14). “...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim...” (D16). “...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos objetivos...” (D17). “...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21). “...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida...” (D22) “...não me desfiz do racional...” (D23). “...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação, um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno à minha essência...” (D24). “...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o período gestacional...” (D25). “...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27). “...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer indefinidamente...” (D28). 188 3) reconhecimento de aspectos a serem transformados “...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu coração que isto é apenas passageiro...” (D7). "...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos, foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente, talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14). “...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis, embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam cada vez tornando-se maiores...” (D19). “...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21). “...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23). “...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar internamente...” (D27). 4) aspectos relacionados ás relações interpessoais “...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1). ...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2). “...o meu relacionar-se mudou..” (D5). “...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6). “...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar...” (D17). “...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho...” (D19). “...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20). “... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21). 189 “...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24). “...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25). “...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...” (D27). 5) mudanças e transformações “...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1). “...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2). “... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...” (D4). “...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um ‘trato social...” (D5). “...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...” (D11). “...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11). “... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15). “...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do emocional foi extremamente saudável...” (D18). “...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa transformada...” (D20). “...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam, novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21). “...percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...” (D22). “...foram dois anos de grande transformação interna e 190 externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de gestação...” (D25). “...me sinto transformada!...” (D27). “...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente...” (D27). “...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse e agora com muito mais perguntas...” (D28). “...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos, medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo nada continua, estou em transformação...” (D28). “...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez mais...” (D29). 6) mudanças pessoais “...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5). “...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da transformação “do dentro”...” (D7) “...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano...” (D20). “...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...” (D28). 7) processo de autoconhecimento “...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando...” (D4). “...com toda certeza me sinto liberações, curas,...” (D15). curada...me possibilitando “...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15). “...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20). 191 “...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em auto-estima e auto-confiança...” (D25). “...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...” (D27). 8) mudança na vida onírica(sonhos “...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a... (D25). 9) mudança na vida profissional “...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo...” (D6). “...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade...” (D11). “...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13). “...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei novos recursos profissionais...” D21) “...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24). 10) aspectos positivos e saudáveis em relação ao curso de Pós Grad. Em psicologia Transpessoal “...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4). “...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam para seu início...” (D12). “...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13). “...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...” (D18). “...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando bastante...” (D18). 192 “...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre ciência e espiritualidade...” (D23). “...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26). “...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil que esse fosse...” (D26). 11) s) importância da teoria (curso) como elemento organizador e estruturante “...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6). “...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo, ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que estaremos a fazer...” (D7) “...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social e mental...” (D12). “...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras dimensões...” (D15). “...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao meu alcance levar...” (D24). “...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um 193 respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25). “...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e, conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias, etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar sabedoria e auto-conhecimento...” (D28). 12) valorização da didática transpessoal “...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as empresas...” (D18). “...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...” (D20). “...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23) “...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se processasse num nível interno de maior conexão com minha essência, de maior harmonia com as mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas dimenssões vivências...” (D25). “...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...” (D27). “...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por esses estados de consciência...” (D29). 13) relações com processo de aprendizagem “...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2). “...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4). “...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica 194 transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6). “...eu entrei na pós mais interessada no processo de autoconhecimento do que visando a aplicação profissional da psicologia Transpessoal...” (D18). “...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente durante a semana...” (D20). “...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto módulo,...” (D20). “...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21). 14)exp. com as sete etapas, eixo exp. e ev. (REIS) relacionada a processo de desenvolvimento “...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1) “...observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas...” (D2) “...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos, posturas, valores, etc...” (D6). “...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira consciente e concreta;...” (D15). “...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos,...” (D19). “...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu coração...” (D22). “...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, 195 agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24). “...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29). 15) valorização do grupo “...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada...” (D8). “...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente...” (D11). “...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante...” (D12). 16) desenvolvimento da percepção com ação do eu observador “...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como oportunidade de crescimento...” (D1) “...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina agora...” (D16). “...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade, no julgamento,...” (D16). “...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está ocorrendo em minha vida...” (D19). “...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19). “...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20). “...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20). “...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem 196 melhorando a cada dia...” (D21). “...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda transformação, assim como com relação aos outros...” (D25). “...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o observador interno...” (D26). “...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também, as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior, percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e consciência de mim mesmo...” (D29). 17) explicitação de unidade “...percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a unidade na diversidade...” (D4). “...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam meio obscuros...” (D12). “...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12). “...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu holograma universal!...” (D15). “...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz, e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência, com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da Unidade...” (D16). 18) expressão de mais força, confiança, segurança “...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito mais ferramentas...” (D4). “...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5). “...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6). 197 “...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7). “...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com tudo o que eu consegui...” (D11). “...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal...” (D17). “...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste trabalho...” (D18). “...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em todas as atividades...” (D23). “...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...” (D27). 19) sentimentos positivos em relação ao futuro “...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a esses novos caminhos...” (D3). “...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4). “...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7). “...e com a sensação de que estas transformações continuarão...” (D8). “...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11). “...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez mais feliz saudável e abundante...” (D15). “...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o processo não parou com o término do curso...sinto-me mais tranqüila em relação do futuro,...” (D17). “...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21). “...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...” (D26). 198 20) aceitação da vida/viver o presente “...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste momento...” (D2). “...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3). “...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9). “...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito, tudo está em sua perfeita ordem...” (D25). “...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas...” (D26). 21) sentimento de gratidão “...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4). “...graças à Deus!..” (D5). “...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar...” (D8). “...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos, ao meu pai...” (D11). “...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12). “....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais colegas...” (D13). “...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me presentear com este caminho...” (D22) 22) inefabilidade, conexão com o silêncio “...emocionada - sem palavras...” (D11) 23) experiência de conexão com corpo físico “...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3). “...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27). “...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada...” (D8). 199 “...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o que ficava era uma sensação...” (D27). 24) conexão com o sagrado e evolução espiritual “...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...” (D3) “...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas vidas...” (D8). “...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D9). “...principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu ser!”..." (D14). “...mas a transformação verdadeira!...” (D14). espiritual foi muito intensa e “...evoluí espiritualmente...” (D17). “...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no meu cotidiano...” (D25) 25) relação entre autoconhecimento e espiritualidade “...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus, quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho evolutivo...” (7) “...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas práticas sociais...” (D9). “...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso de minha jornada cósmica!..” (D15). “...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei para além, é a visão da totalidade...” (D23). 200 26) conexão com a criança Divina/Interior “...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5). “...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha essência, ...” (D13). “...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19). 27) x) conexão com o feminino “...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher...” (D12). “...percebo-me mais calma, feminina...” (D17). “...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando mulher,...” (D19). “...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21). “...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..” (D22). “...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam adormecidos em mim...” (D23). “...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é minha meta!...” (D26). 28) manifestação da intuição “...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada e, agora, precisa germinar...” (D4). “...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz!...” (D5). “...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25) “...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths, sonhos...” (D27). 201 “...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando cada vez mais freqüentes...” (D29). 202 4. Quadro das categorias finais Categorias finais Unidades de contexto nos depoimentos 1) emergência de valores do ser com experiências de renascimento, resgatando o ser integral “...sinto um reencontro, uma sintonia maior entre o pensar, agir e sentir...ocorreu um reencontro com a minha essência...” (D2). “...existe um olhar mais tolerante, mais amorosa que julga e critica menos...” (D2). “... caminhando em direção ao meu encontro com o Eu Superior...” (D4). “...sinto-me resgatada...” (D5). “...voltei a sentir que a vida sempre traz novas possibilidades, renasceu em mim e nos outros...” (D5). “...enfim, quero continuar crescendo sem deixar de ser criança e se me chamarem de ‘louca”, sou louca sim quero ser louca, ...” (D5). “...não sei dizer ao certo o que causou o que e quais foram todas as reais influências do curso em si no meu processo, mas sinto que durante este período de quase 2 anos, uma pessoa morreu em mim para que outra completamente diferente, pudesse nascer...” (D7) “...sinto-me com outra qualidade de Ser, mais desperta, mais lúcida, mais integrada comigo mesma e conseqüentemente, com a vida...é apenas um processo de crescimento, já que estamos anos conhecer, a nos treinar para sermos cada vez melhores, nos tornando um dia, em SUPER-HUMANOS...” (D7). “...resgatar este olhar sem julgar mas acolhedor é resgatar amorosidade simplicidade, harmonia e respeito pela vida que é este Presente Precioso...” (D8). “...e, como ser humano, preparado para me amar cada vez mais, me conhecendo, e transbordando este amor ao mundo...” (D9). “...mais humana – sempre...” (D11). “... que me levou para o caminho do Amor, da troca, da gratidão, da espiritualidade...” (D13). “... onde o que prevaleceu foi o encontro comigo mesmo, que fez com que eu desabrochasse, acordasse para a vida com um novo olhar...” (D13). “...ter me encontrado e me permitido a entrar em contato com a minha criança interior, me proporcionou um resgate para a minha 203 essência, ...” (D13). “...descobri que na partilha do amor, recebemos em dobro.” (D17). “...cada vez mais amorosa com minha criança e me perdoando, deixando para trás e me abrindo para o novo...” (D19). “...morremos e renascemos muitas vezes durante o curso e tenho claro para mim que renasci sempre num nível mais elevado...foi realmente um renascimento para uma vida mais saudável e plena...” (D20). “...resgate de valores superiores, de partes essenciais de meu ser integral das quais eu andava afastada...” (D20). “...foi uma experiência de humanização...” (D23). “...sinto que o amor será e é o guia condutor em todas as áreas do meu viver...” (D24). “...de um retorno à minha essência...” (D24). “...sinto-me feliz porque tornei-me ainda melhor ser humano!...” (D25). “...sem julgamento apenas constatando e ajustando a rota quando me vejo desviando da minha meta que é não permitir, ou melhor só permitir que o amor me conduza, para uma vida plena e útil, um servir vindo do coração...” (D26). “...validou o que mais de verdade estava em meu coração, me mostrando que é possível...é possível amar, ser feliz, estar em paz e harmonia, que tudo acontece para o nosso crescimento e evolução...” (D27). “...o estar em silêncio fazem parte do meu cotidiano...” (D27). “...todos os trabalhos, vivências, cada módulo que participei foi como se eu recebesse mais uma parte de mim mesma que estava a ser descoberta...e muito para ser revelado ao encontro cada vez mais do meu Ser Essencial de Luz...” (D27). “...consigo enxergar a humildade que desejo alcançar em cada atitude...” (D29). 2) evidência de percepção e compreensão ampliada (autoconhecimento) “...me percebo mais tranqüila, menos ansiosa, mais alerta, mais atenta no “aqui e agora”...me percebo mais serena ao ter que tomar decisões, pois vejo que qualquer que seja o caminho escolhido, este será o necessário para trilhar o meu caminho evolutivo...” (D1). 204 “...fatos que antes me atingiam de maneira negativa, hoje eu os vejo como oportunidade de crescimento...” (D1) “...sinto-me feliz, satisfeita, completa, iniciada, capaz, corajosa, grata, leve, enfim, poderia colocar inúmeros adjetivos para descrever a percepção desse momento...” (D2). “...quando vim fazer Transpessoal o meu desejo era me tornar “gente grande”, assumir meu lugar em minha vida...descobri também que sou aquele que se criou e se experimenta o tempo todo fingindo ter esquecido de quem é...sei que em alguns momentos me lembrarei e me esquecerei disto, e que justamente essa brincadeira que deixa a vida mais divertida...” (D3). “...por mais que ainda haja quedas e sofrimento, sinto em meu coração que isto é apenas passageiro...” (D7). “...sinto que muito ocorreu em meu interior durante os anos em que estive inserida no curso de Transpessoal...” (D7) “...eu me percebo sentindo uma alegria por estar primeiramente finalizando o curso...” (08). “...feliz - por ter tido a coragem de iniciar algo novo e perceber o quanto tudo foi importante...” (D11). "...porém em outros aspectos que eu achava estarem resolvidos, foram acordadas algumas chagas que ainda necessito olhar com carinho para elas e principalmente transformá-las, pois percebi muitas dores e tristezas ainda em meu ser muito arraigadas, são como se tivessem me dado um forte chacoalhão e tivesse tudo solto dentro de mim e que precisa tudo ser organizado novamente, talvez até mesmo em outro lugar!...” (D14). “...percebo-me hoje mais equilibrada em alguns aspectos do meu ser..." (D14). “...percebo-me também como um ser inteiro, uno, e em consonância com o que me cerca, e consciente da jornada que iniciei, mas que não termina agora...” (D16). “...hoje tenho um novo olhar para mim mesma, para o outro, para os outros; o quanto há de mim dentro do outro, e o quanto há do outro dentro de mim...” (D16). “...como foi falado em nosso encerramento, me percebo com um novo olhar, que antes era vivido na dualidade, na separatividade, no julgamento,...” (D16). 205 “...pois sei que cada um tem ou alcança o que deseja através de esforços individuais, e estou trabalhando muito pelos meus novos objetivos...” (D17). “...com mais entendimento do processo que ocorreu e ainda está ocorrendo em minha vida...” (D19). “...mas ao mesmo tempo que alguns processos sinto-me plenamente no chacra cardíaco, em outros ainda me percebo na desidentificação com grande dificuldade para atingir outros níveis, embora minha amorosidade forte e minhas dificuldade estejam cada vez tornando-se maiores...” (D19). “...cada vez mais desenvolvo meu eu observador...” (D19). “...mesmo quando estou inserida na situação muitas vezes é como se estivesse enxergando de fora, o que aumenta muito a possibilidade de compreensão...fica mais fácil meditar sobre uma situação e identificar os papéis dos envolvidos, inclusive o seu, que está no reconhecimento, que esta identificado, etc....” (D20). “...a impressão que eu tenho é que a capacidade de visão se amplia de tal forma que alem, de enxergar melhor os acontecimentos posso enxerga-los de um ângulo de visão diferente,...” (D20). “...cheguei perdida, buscando o meu eixo...apesar de me sentir perdida estava feliz e pensava que queria um aprimoramento profissional, novas ferramentas, embora com a psicologia tradicional eu me sentisse sem nenhuma...buscava novos recursos profissionais, mas fui percebendo que não era só isso...” (D21). “...hoje me percebo mais inteira... minha auto-percepção vem melhorando a cada dia...” (D21). “...e precisava me policiar para não cair na “depressão” no sentimento de eu não sei nada, de não vou conseguir e é melhor largar tudo e ir fazer qualquer outra coisa...” (D21). “...eu me percebo uma pessoa renovada que conseguiu fazer o reconhecimento de que as crenças limitadoras podem se tornar em possibilitadoras...percebo também o meu crescimento em todas as áreas de minha vida...” (D22) “...venho de uma formação rígida, racional, cognitiva e pouco efetiva e espiritual, apesar de ter sido religioso...a cabeça e o coração sempre estiveram numa luta constante...” (D23). “...não me desfiz do racional...” (D23). 206 “...iniciei o curso já percorrendo um processo de transformação, um caminho espiritual em busca de um novo olhar, de um retorno à minha essência...” (D24). “...ajudou-me a desenvolver uma percepção + objetiva das nuances das alterações do meu estado de consciência, principalmente agora durante o período gestacional...” (D25). “...resultou numa ampliação da minha percepção, numa ampliação da minha consciência com relação a mim mesma diante de toda transformação, assim como com relação aos outros...” (D25). “...no meu dia a dia, tenho estado sempre alerta e usado muito o observador interno...” (D26). “...conforme o tempo foi passando eu percebi as mudanças, diante de situações, forma de pensar, agir, tomar algumas decisões eu pude constatar...e aí vinha o entendimento...” (D27). “...consigo entender, reconhecer o que ainda falta para alcançar internamente...” (D27). “...entrei em contato com muitas feridas, algumas foram entendidas e resolvidas, outras foram mexidas, outras nem sequer sabia que tinha, mas a certeza que ficou é que este trabalho em mim mesmo não acaba nunca e é bom, pois sei que irei crescer indefinidamente...” (D28). “...certo ou errado agora não faz mais sentido, bem e mal também, as comparações e julgamentos perderam o sentido...hoje minha percepção das pessoas e das coisas do mundo é muito maior, percebo inclusive quando no julgamento, que eram um dos grandes problemas do meu aprendizado familiar, que hoje se desfaz quase que imediatamente...tenho hoje mais clareza mental e consciência de mim mesmo...” (D29). 3) mudança no relacionamento interpessoal, emergindo sentimentos de valorização grupal e estados de unidade “...e conseqüentemente, percebo os outros de maneira mais clara, com mais amorosidade e menos preconceitos...” (D1). ...existe hoje um olhar mais cuidadoso ou amoroso para mim e para os outros...os limites pessoais e das pessoas são mais claros...a necessidade de controle é muito menor...” (D2). “...percebo que formamos uma grande família e colocamos em prática a unidade na diversidade...” (D4). “...o meu relacionar-se mudou..” (D5). “...com mais condições de amar e acolher o outro...” (D6). 207 “...e é muito gratificante estar e ter amigos e irmãos de jornada...nos dando a certeza que não estamos sozinhos nesta jornada...” (D8). “...triste - por ter que me despedir de pessoas que eu aprendi a gostar e sei que vai ser muito difícil conviver, mesmo que mensalmente...” (D11). “...me sinto renovada e feliz por ter entrado em comunhão espiritual com tantas pessoas tão maravilhosas...uma luz forte ilumine este grupo especial, para um caminho sem volta em beneficio ao seu semelhante...” (D12). “...cada um em sua função específica nesta nave, se destacando em alguns valores e aprendendo com os outros integrantes aqueles valores que estavam meio obscuros...” (D12). “...e minha visão desde o início era de que pertencemos a uma mesma nave, que vai para planetas distantes e juntas conseguiremos evoluir cada vez mais...” (D12). “...e com um desejo imenso de poder compartilhar todas essa riquezas e curas com todo o planeta, com todas as criaturas que fazem parte do meu holograma universal!...” (D15). “...defrontar-se com minhas sombras, mas também com minha luz, e a partir desta consciência caminhar na busca da minha essência, com certeza do retorno à Unidade...percebo-me hoje como um ser inteiro, que chegou ao curso fragmentado, mas pude ao longo desta jornada ir reconstruindo solidamente meu ser, a partir dos fragmentos que foram pouco a pouco se encaixando, como num enorme quebra-cabeça, do qual me sinto uma das peças e do qual todos fazemos parte, para a única imagem a ser formada a da Unidade...” (D16). “...as mudanças mais evidentes foram no meu relacionamento familiar...” (D17). “...e começo a me perceber nos vários tipos de relacionamentos de meu caminho...” (D19). “...e é claro que todas essas mudanças foram percebidas e comentadas por todas as pessoas que convivem comigo mais diretamente e até por algumas mais distantes...” (D20). “... a percepção que tenho do outro também mudou...”(D21). “...nos relacionamentos familiares, em particular com relação a minha filha mais velha, o curso me forneceu elementos para exercitar aceitação e o deixar ser...” (D24). 208 “...todas as vivências também propiciaram um contato com o outro ser humano e com o divino do outro possibilitando uma experiência amorosa da diversidade e das diferenças...” (D25). “...hoje consigo lidar melhor com meus conflitos internos, nas minhas relações desde os meus familiares, amigos, trabalho...” (D27). 4) mudança pessoal e profissional (transformação) “...me sinto com um novo olhar sobre as pessoas e os acontecimentos do cotidiano...hoje me sinto melhor...” (D1). “...lido melhor com minha objetividade e subjetividade...” (D2). “... muito foi despertado, transformado e muito há ainda de ser...” (D4). “...a minha segurança agora pertence só a mim, deixei de ser um ‘trato social...” (D5). “...acho que eu mudei tudo, apesar de continuar sendo eu!...” (D5). “...percebo que a Psicologia Transpessoal mobilizou uma revolução em minha vida, tanto pessoal, quanto profissional...o que mais marcou foram as mudanças pessoais e profissionais que se processaram num contínuo...” (D6). “...transformando pouco a pouco o “de fora” a partir do início da transformação “do dentro”...” (D7) “...transformada - em alguém melhor do que quando comecei...” (D11). “...enriquecida – por tantas vivências, trabalhos, ensinamentos, trocas, novas amizades...sinto que cumpri mais uma etapa muito importante em meu desenvolvimento pessoal...” (D11). “...realizada - por ter realizado o sonho de ser terapeuta, ainda mais ligado a minha espiritualidade...” (D11). “...foram 2 anos de crescimento pessoal e profissional, ...” (D13). “... transformada, em vários aspectos do meu ser...” (D15). “...compartilhar de início foi difícil, mas com o tempo falar do emocional foi extremamente saudável...” (D18). “...ao término do curso em transpessoal eu sou uma pessoa transformada...” (D20). 209 “...no decorrer desses dois anos pude perceber muitas mudanças interiores que refletiram no meu comportamento, nas minhas ações e na minha maneira de enxergar o mundo e os fatos do cotidiano...” (D20). “...a cada módulo eu saia do lado avesso...coisas aconteciam, novas percepções da realidade...situações antigas ganhavam novas cores e formas...surgia um novo olhar...eu já não era a mesma...descobri um jeito novo de caminhar...” (D21). “...no decorrer do curso fui experimentando uma grande alegria com as “novas ferramentas” que me eram apresentadas...ganhei novos recursos profissionais...” D21) “...percebo também a transformação do meu ego que era muito rígido com um grande passo na plasticidade...me percebo feliz no caminho, despertando, um desabrochar, uma nova consciência...” (D22). “...exercitar minha vida profissional com mais eficiência e minha vida pessoal com mais inteireza e unidade...” (D24). “...foram dois anos de grande transformação interna e externa...externamente mudei de cidade e casei pela 2ª ...também engravidei e atualmente estou no caminho para o 6º mês de gestação...” (D25). “...me sinto transformada!...” (D27). “...ao final dessa etapa de 2 anos eu sinto que estou mais forte emocionalmente...” (D27). “...quando cheguei estava com medo, ansioso e tinha muitas respostas, agora me percebo mais confiante, mais espontâneo e num mundo bem maior do que eu pudesse imaginar que houvesse e agora com muito mais perguntas...” (D28). “...as coisas estão em transformação, minhas crenças, desejos, medos e temores estão mudando, algumas coisas estão sumindo nada continua, estou em transformação...” (D28). “...ferramentas que experimentei em mim mesmo ser eficaz, eu mudei, estou mudando, para contribuir para mudar o mundo...” (D28). “...saio da pós com um desejo enorme de trabalhar muito e fazer a diferença...maior compreensão do outro e querendo saber cada vez mais...” (D29). 210 5) validação do curso de Pós Graduação em Psicologia Transpessoal “...permitiu-me integrar conhecimentos, percepções, sensações e experiências, possibilitou ampliar recursos pessoais e profissionais...na clínica, além de ter adquirido mais recurso para atender cada caso, percebi que os atendimentos tornaram-se mais coesos com evolução mais significativa e o vínculo mais fortalecido...nos diagnósticos e prognósticos adquiri percepção mais ampla, com menor expectativa e maior compreensão, principalmente em relação ao meu próprio desempenho...” (D6). “...para que sejamos úteis a Deus e ao Processo Evolutivo, ajudando a construir e criar o começo, uma ponte preparatória para que pudéssemos estar mais aptos a levar tudo aquilo que aprendemos para o mundo ao nosso redor...temos agora base para agir cada vez com maior consciência sobre as escolhas de vida que estaremos a fazer...” (D7) “...consegui unir meus conhecimentos, estudos e práticas da espiritualidade ao estudo científico da Psicologia, analisando o ser humano em todas as suas faces: espiritual, física, emocional, social e mental...” (D12). “...enriquecida com todo o legado intelectual e vivencial que o curso me proporcionou, me trazendo respostas a inúmeras perguntas que há tempos vinha buscando, ao mesmo tempo podendo experenciar muitos conceitos que até então estava armazenado no meu intelecto, que pude me apropriar em várias outras dimensões...” (D15). “...além de mostrar toda uma área de aplicabilidade que se estende além de minha área de atuação (saúde), abrangendo a educação, a política, as empresas...” (D18). “...a P. T. (psicologia transpessoal) ajudou-me a buscar o vivencial, o analógico, o simbólico...” (D23) “...o curso me permitiu organizar essa busca, entender a caminhada e as diversas passagens...no desenvolvimento do meu trabalho, embora já tivesse iniciado ou desenvolvido um novo “olhar”antes de iniciar o curso, foi graças a Formação em Transpessoal que pude da um Norte para esse novo “olhar”, sistematizar o foco...sinto, após essa etapa de conclusão dos módulos condições e elementos para levar ao meu próximo o que estiver ao meu alcance levar...” (D24). “...o curso de transpessoal possibilitou que toda essa transformação se processasse num nível interno de maior conexão com minha essência, de maior harmonia com as mudanças...durante o curso pude experienciar isso em diversos momentos das vivências e do compartilhar dessas vivências...” (D25). 211 “...também posso dizer que o curso foi um catalizador, acelerador da assimilação de todo o processo externo...com o curso tive um respaldo maior interno, obtive ferramentas, exercitei-me e isso colaborou para um fortalecimento emocional e intuitivo...” (D25). “...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentalizar e colocar em prática o trabalho com os sonhos...não só meu como de meu marido...passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa dimensão, solidificando-a...”(25). “...apesar de já ter participado de vários trabalhos eu percebo que nesse processo, da transpessoal, ocorre realmente uma síntese...” (D27). “...consegui muitas ferramentas para usar eu mesmo, as pessoas e, conseqüentemente o mundo...antes de fazer o curso tinha ido em busca de religião, seitas, cursos de auto-conhecimento, terapias, etc, etc..., mas nada que eu tinha feito conseguiu abarcar tanto conteúdo, de diferentes linhas aglutinar tudo, integrar coisas tão diferentes quanto a psicologia transpessoal foi capaz e hoje eu saio confiante porque graças a transpessoal eu sei onde buscar sabedoria e auto-conhecimento...” (D28). “...sem dúvida devido as vivências que possibilitaram transitar por esses estados de consciência...” (D29). 06) referências à Abordagem Integrativa Transpessoal (sete etapas, eixo exp. (REIS) e evolutivo)relacion ada a processo de desenvolvimento “...através da minha razão, emoção, intuição e sensação tenho mais ferramentas para me colocar como observadora e desidentifico dos problemas, me sinto mais forte para enfrentá-los...” (D1) “...observando do início até o momento consigo dizer que minha Razão, Emoção, Intuição e Sensação estão muito mais integradas...foram e continuam sendo muitos passeios pelas sete etapas...” (D2) “...nas vivências que realizei durante o curso, percebo que passei pelas sete etapas (reconhecimento, identificação, desidentificação, transmutação, elaboração e integração) propostas pela abordagem transpessoal em relação a várias questões, como por exemplo: relacionamentos, assimilação de informações e conceitos, posturas, valores, etc...” (D6). “...outrossim, não posso deixar de relatar o desenvolvimento em uma maior profundidade das minhas funções psíquicas básicas (R.E.I.S.), me oportunizando o caminhar no meu eixo evolutivo, de maneira consciente e concreta;...” (D15). 212 “...e começo em cada movimento me observar nos 7 passos evolutivos,...” (D19). “...e estes dois anos me iluminaram para que eu pudesse transcender o eixo experiencial e vivenciar o eixo evolutivo, a caminho de integrar as sete etapas com muito amor no meu coração...” (D22). “...o conceito das sete etapas de desenvolvimento do Ser, a abstração do eixo experiencial e do eixo evolutivo permitem, agora, enxergar melhor os eventuais obstáculos da vida, e dar boas vindas para as oportunidades de crescimento...” (D24). “...às vezes eu não entendia bem o que realmente havia ocorrido, o que ficava era uma sensação...” (D27). “...transitar pelas sete etapas à cada situação do quotidiano é muito prazeroso...foi muito forte para mim a presença dos quatro fatores (REIS) em cada situação, pois durante as vivências percebia que emoção e sensação dificilmente se manifestavam e tive a oportunidade de mergulhar nisso, ” (D29). 7) relação entre cura e autoconhecimento “...ainda estou em processo de cura, sinto muitas dores físicas, porém, emocionalmente me sinto em pé, estruturada, caminhando...” (D4). “...com toda certeza me sinto curada...me possibilitando liberações, curas,...” (D15). “...e um maior auto-conhecimento que me trazem e me trarão muito mais leveza, segurança, confiança...” ((D15). “...foi um período de auto-conhecimento e auto-cura,...” (D20). “...enfim, ganhei em auto-conhecimento e, conseqüentemente, em auto-estima e auto-confiança...” (D25). “...a união em todos os níveis e conseqüentemente uma cura profunda, que acredito ainda vá reverberar por algum tempo...” (D27). 8) aceitação da vida o presente com postura saudável em relação ao futuro “...viver o momento presente tem sido algo mais constante e o desgaste de energia é menor...acho que é tudo isto neste momento...” (D2). “...fui a cada dia me apaixonando pela vida...” (D3). “...hoje encerrando esta etapa descubro que tenho um longo caminho a percorrer e me sinto feliz,alegre e muito disposta a esses novos caminhos...” (D3). 213 “...este vai ser o próximo estágio, o cultivo...” (D4). “...percebo um salto, uma transformação em mim que servirá para que eu não pare este processo, e sim, para que eu siga dando continuidade a minha transformação e aperfeiçoamento...” (D7). “...e com a sensação de que estas transformações continuarão...” (D8). “...deixo a energia fazer na presença em novos ramos da minha vida...vejo-me mais no Aqui e Agora, mais capacitado para o Auxílio que cabe ao profissional em psicologia exercer...” (D9). “...esperançosa – em conseguir aplicar tudo o que aprendi tanto comigo, quanto com os meus pacientes...” (D11). “...e motivação para outras mudanças em outros aspectos da minha vida, de maneira a me auxiliar a co-criar uma existência cada vez mais feliz saudável e abundante...” (D15). “...e acredito foram mudanças que continuarão a acontecer, pois o processo não parou com o término do curso...sinto-me mais tranqüila em relação do futuro,...” (D17). “...sinto que dei o primeiro passo para um novo caminho...” (D21). “...hoje saio com a convicção vívida, de que tudo está perfeito, tudo está em sua perfeita ordem...” (D25). “...sinto que estou no caminho passo a passo, quero caminhar sempre, buscando viver plenamente o momento que se apresente, rumo a unidade...colhendo minhas bênçãos, pois elas já foram dadas...” (D26). “...estou aberta, cheia de sonhos e disposta a faze-los acontecer...” (D26). 9) explicitação da dimensão espiritual “...após 18 módulos me sinto muito a vontade de expressar o Divino em mim...durante o percurso fui me apropriando do lado humano de Deus, rir muito, me divertir com meus “dramas”...” (D3) “...por estar num corpo físico, de não ter mais desejo de “voltar para a casa”, senti que a “casa” é aqui, que meu corpo é a morada da Divindade (houve um tempo que neguei isto em mim)...” (D3). “...sinto que quanto mais entrego a minha vida nas mãos de Deus, quanto mais vou soltando as amarras de medo e negatividade, mais minha vida flui e mais meu caminho se abre para tudo o que é novo no que diz respeito ao espírito e ao meu o próprio caminho 214 evolutivo...” (D7) “...que a luz nos acompanhe sempre e peço a Deus que nos dê saúde e discernimento para continuarmos esse processo em nossas vidas...” (D8). “...percebo um equilíbrio entre aspectos espirituais e materiais (humanos e divinos) em meu caminho...um encontro ocorreu entre interior e exterior tanto em minhas práticas espirituais quanto nas práticas sociais...” (D9). “...aprendi a situar o espiritual no meu mundo individual, familiar, amoroso, social, ecológico, enfim, a fazer fluir Deus através do meu Ser físico-psico-sócio-espiritual...” (D09). “...principalmente no entendimento da minha conexão com o Divino, consegui no decorrer do processo estabelecer novamente esta conexão que a muito estava perdida nas sombras de meu ser!”..." (D14). “...mas a transformação verdadeira!...” (D14). espiritual foi muito intensa e “...testemunho também que foi um tempo de muitas lágrimas tanto de dor quanto de alegria e certamente inesquecível e maravilhoso de minha jornada cósmica!..” (D15). “...evoluí espiritualmente...” (D17). “...a existência passou a ter mais sentido, pois transcendi, olhei para além, é a visão da totalidade...” (D23). “...conectei-me mais firmemente com o divino que habita em mim, com o divino no meu cotidiano...” (D25) 10) Interdependência entre virtudes do feminino e intuição “...eu sinto que não foi por acaso que estou aqui que a semente foi plantada e, agora, precisa germinar...” (D4). “...vem-me aqui duas mensagens, uma do “Pequeno príncipe” e outra do Gonzaguinha, a seguir: “todos os adultos um dia foram crianças, pena que alguns deles se esqueceram...” “viver e não ter a vergonha de ser feliz... Cantar a certeza de ser um eterno aprendiz!...” (D5). “...pude entrar em caminhos profundos de meu eu interior, descobrindo novas maneiras de aceitação de várias fases que passei como mulher...” (D12). “...percebo-me mais calma, feminina...” (D17). 215 “...percebo que estou no caminho de encontro comigo mesma, me observando mulher,...” (D19). “...já consigo ser mais paciente e amorosa...” (D21). “...a acolhida, a amorosidade, a espiritualidade são palavras transformadas em meus dias que antes do curso o racional impedia de vir a tona, eu sentia que tudo isto estava dentro de mim..” (D22). “...despertei o emocional, a afetivo, o feminino que estavam adormecidos em mim...” (D23). “...já tinha idéia de que tudo que acontecia estava de acordo com algum propósito, que não existe coincidência ou acaso...” (D25). “...me percebo mais centrada e alegre mais leve e amorosa...eu sou mulher sensível, alegre e amorosa vivendo plenamente a sabedoria do amor, esta é minha meta!...” (D26). “...estou mais forte no nível intuitivo também...insighths, sonhos...” (D27). “...já a intuição, as grandes inspirações, telepatias foram ficando cada vez mais freqüentes...” (D29). 11) emergência de valores e cognição S (Ser) e expressões afetivas validando a aprendizagem da Psicologia Transpessoal “...é o início e não o fim...amei fazer o curso, ...” (D4). “...eu me sinto mais forte para enfrentar os desafios da vida e com muito mais ferramentas...” (D4). “...estou grata acima de tudo a Deus!...” (D4). “...graças à Deus!..” (D5). “...hoje eu diria que sou a XXX(nome) e sou feliz de ser XXX e não precisa justificar ou obter aprovação para ser XXX...” (D5). “...me percebo mais segura, confiante em mim e na vida,...” (D6). “...percebo-me mais forte, mais consciente daquilo que busco na vida, certa a cada dia mais de minhas escolhas...” (D7). “...esta alegria onde o corpo todo vibra com a jornada começada...” (D8). “...uma imensa gratidão a Vera que sempre nos ajuda a crescer e a mudar...” (D8). 216 “...emocionada - sem palavras...” (D11) “...agradecida – a Deus, à equipe Alubrat (Vera) aos meus amigos, ao meu pai...” (D11). “...com coragem - para fazer tudo o que eu quiser...forte - com tudo o que eu consegui...” (D11). “...devo destacar o Prazer imenso que sentia ao vir a cada novo módulo e poderia até dizer que contava os dias quem faltavam para seu início...” (D12). “...agradeço a todos indistintamente e a esta Força Maior que nos conduz só posso dizer "!Graças a Deus..." (D12). “....obrigada a todos que me auxiliaram, profissionais Alubrat e demais colegas...” (D13). “...ao final do curso me percebo feliz, satisfeita com o curso que me proporcionou um encorajamento, onde as tomada de decisões foram muito freqüentes nesta jornada...” (D13). “...e principalmente mais corajosa...e acredito que a minha caminhada está mais segura, sinto que nada me desviará desta busca da unidade, do amor universal...” (D17). “...o ganho obtido mostra que é esse o caminho a seguir, fica o comprometimento, o respeito e a gratidão por esta oportunidade...” (D18). “...e o curso se revelou um processo terapêutico, ajudando bastante...” (D18). “...acredito que grande parte da serenidade, força e equilíbrio que tenho conseguido alcançar no cotidiano, frente às dificuldades, provém deste trabalho...” (D18). “...me sinto muito feliz e com muita gratidão a Deus por me presentear com este caminho...” (D22) “...a visão fragmentada foi sendo superada dando maior segurança em todas as atividades...” (D23). “...valeu...com certeza darei continuidade a esses estudos sobre ciência e espiritualidade...” (D23). “...outra coisa muito prazerosa que o curso possibilitou foi me instrumentalizar e colocar na prática o trabalho com os sonhos...não só meu como do meu marido...passamos a dividir cotidianamente o que sonhávamos e valorizar mais essa, 217 solidificando-a... (D25). “...quando iniciei esse curso, 2 anos, pareciam longos, mas desde o primeiro mês me entreguei e foi um prazer, aguardado...” (26). “...ao longo de dois anos pude mergulhar fundo dentro de mim, através da participação da entrega ao meu processo por mais difícil que esse fosse...” (D26). “...esse curso trouxe para mim a coragem para ser eu mesma...” (D27). 12) relações com processo de aprendizagem (intrínseca e extrínseca) e interesses relacionados ao curso “...tenho clareza e consciência que o exercício continua e nunca acaba aqui ou no “não aqui”...” (D2). “...sinto que aprendi um pouco mais, sei um pouco mais e também estou consciente de que é uma jornada sem fim e muitos recomeços, de nascimentos e mortes...” (D4). “...cada vez que realizo um exercício ou utilizo uma técnica transpessoal há uma nova oportunidade de aprendizado, mesmo repetindo o mesmo exercício, a experiência não se repete...” (D6). “...eu entrei na pós mais interessada no processo de autoconhecimento do que visando a aplicação profissional da psicologia Transpessoal...” (D18). “...mas com o passar dos módulos e a maneira como é colocada a teoria, sempre reforçada e inserida no contexto prático, a sensação é de que as idéias e as práticas vão sendo absorvidas de forma tão sutil e profunda, em todos os níveis, mental, emocional, sensorial e intuitivo, que sem saber como explicar muito bem eu chegava em casa após o módulo plena de tudo o que tínhamos realizado...” (D20). “...às vezes o trabalho era tão profundo que parecia que só o corpo físico voltava para casa os outros níveis ainda estavam em suspenso, processando tudo e vinham chegando lentamente durante a semana...” (D20). “...no início achei tudo um pouco complicado, acho que porque peguei o “bonde andando” começando o curso no quarto módulo,...” (D20). “...mas percebi que o maior recurso para o meu trabalho sou eu mesma...quanto mais me percebo mais recursos acesso...” (D21). 218 APÊNDICES 1. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (frente) Depoimento: Descreva como você se percebe ao final do Curso em Psicologia Transpessoal. 219 2. Modelo da folha da questão apresentada aos depoentes (verso) Autorizo a utilização deste depoimento para fins de pesquisa acadêmica e publicação. __________________________________ Assinatura Nome: ________________________________________________________________ Sexo: ( ) F ( )M Idade:__________Estado civil: _____________________ Faixa de renda mensal: ( ) abaixo de R$ 5.000,00 ( ) entre R$5.000,00 a R$ 10.0000,00 ( ) acima de R$ 10.0000,00 Religião ou prática espiritual: ____________________ Escolaridade: ___________________ Graduação: ________________________ Atuação profissional: ____________________________________________________ Curso em transpessoal 18 módulos – total de módulos cursados: ___________________ Grupo: Adriana Cabello, Arlete da Silva, Carmem S. Sartori, Maria de Fátima Araújo, Marly Adame, Nora Selma Balduino Macedo, Patrícia Novak Savioli de Freitas, Rosangela Aparecida Rinaldi, Sandra Sepúlveda e Solange Zecchini.