O USO DA BIBLIOTECA COMO FERRAMENTA PRIMORDIAL PARA O HÁBITO DA LEITURA E ESCRITA. Eva da Silva Azevedo1 RESUMO Este trabalho apresenta atividades de leitura realizadas no espaço da biblioteca mediante a realização de um projeto de intervenção na Escola Estadual Rezende de Almeida na cidade de Itapiratins-TO com o tema “ A Utilização da Biblioteca como Ferramenta de Leitura”. No desenvolvimento do projeto foram realizadas ações que envolveram todo o pedagógico da escola, alunos, pais, e comunidade local com o intuito de mostrar a necessidade que todos nós temos em aperfeiçoar nossos conhecimentos, obter informações ou até buscar a leitura como forma de lazer. Teve como metodologia: a observação do uso do acervo da biblioteca em sala de aula por professores e alunos para enriquecimento das aulas; entrevista com professores e alunos buscando descobrir quais as melhorias alcançadas no uso da biblioteca através das ações desenvolvidas; relatório de alunos pontuando os pontos positivos e negativos e depoimento da bibliotecária sobre o aumento de leitores após a realização do projeto. Com base no tipo de pesquisa - ação, no decorrer do desenvolvimento do projeto, foi possível perceber que o objetivo de reconquistar os leitores para a biblioteca da escola foi alcançado, e é razoável a procura espontânea do acervo da biblioteca e que a utilização da mesma pode ser uma boa ferramenta para a aprendizagem dos alunos, pois as atividades que estimulam o hábito da leitura e o conhecimento são fatores que influenciam o aprendizado nos seus diversos momentos da vida. Palavras – Chave: Biblioteca escolar. Formação de leitores. Hábito de leitura INTRODUÇÃO As ações do projeto de intervenção foram desenvolvidas no período de maio a setembro de 2011 na Escola Estadual Rezende de Almeida na cidade de ____________________ 1 Graduada em Normal Superior e Pedagogia pela UNITINS; Coordenadora Pedagógica na Escola Estadual Rezende de Almeida em Itapiratins - TO. Especializanda em Coordenação Pedagógica pela Universidade Federal do Tocantins – Pólo de Guaraí – TO Itapiratins. Está é a única escola estadual do município e possui 545 alunos matriculados do 6º ano do ensino fundamental à 3ª série do ensino médio. O projeto teve como público alvo os alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e de 1ª a 3ª série do ensino médio e foram desenvolvidas as seguintes ações: Conhecimento do acervo da biblioteca pelos alunos, realização de rodas de leitura envolvendo conto e reconto; ilustrações (com desenhos) de histórias lidas, debate com os alunos do 8º e 9º ano e sarau literário com todos os alunos e comunidade local. O objetivo principal deste trabalho foi demonstrar aos professores e alunos as possibilidades dos acervos organizados na biblioteca no processo de ensino e aprendizagem, assim como diversificar os meios de incentivo à leitura para que a mesma seja valorizada como fonte de informação e prazer. Com o desenvolvimento deste trabalho conseguimos chamar a atenção para novas técnicas de ensino nas quais professores e alunos puderam direcionar a informação de maneira objetiva e prazerosa, não levando em consideração apenas a leitura “pronta e acabada”, mas levando o aluno a pensar sem medo de expor suas idéias. Foi possível perceber as dificuldades que os alunos têm em fazer uma leitura e como a nossa escola ainda deixa a desejar neste sentido, pois ainda não está unida à biblioteca o suficiente para a disseminação de informação, dificultando assim a formação de leitores críticos. A leitura é um ato solitário, depende da vontade de um eu e de sua capacidade de posicionar-se diante do discurso do outro. Mas, se ela ocorre na escola, o professor pode atuar como um mediador, comentando aspectos da organização do discurso e transmitindo informações que possam auxiliar o aluno a enveredar por esse intrincado mundo de letras. ( MICHELETTI, 2006, p. 17). O nosso trabalho foi focado em trabalhar junto com o professor as diversas formas de se desenvolver atividades que passam trabalhar a leitura dos alunos de forma organizada, criativa e prazerosa com a biblioteca como aliada neste processo. DESENVOLVIMENTO Pelo fato de nos últimos 03 anos o uso da biblioteca da escola apresentar dificuldades para a realização de atividades pedagógicas por falta de espaço físico e a mesma ter sido utilizada como sala de aula nos dois últimos anos, verificou-se que seria favorável a criação de um projeto para tornar viável o planejamento e execução de atividades de incentivo a leitura junto aos alunos de forma integrada ao processo de ensino e aprendizagem. Sabemos que ensinar a ler não é uma questão simples, muito menos conseguir a finalidade proposta que foi o uso da biblioteca e consequentemente o hábito pela leitura, pois sabemos que não há nenhuma receita pronta para se obter êxito a este hábito. A proposta do projeto foi fazer com que os professores introduzissem na sua prática pedagógica a literatura de cunho formativo, com o intuito de contribuir para o crescimento e a identificação pessoal do aluno propiciando a percepção de diferentes formas para resoluções de problemas, despertando a criatividade, a autonomia e a criticidade, que são elementos necessários na formação do aluno em nossa sociedade atual. Para desenvolver a proposta de utilização da biblioteca como forma de trabalhar a leitura, contamos com a participação dos professores e alunos em situações de contato cotidiano com livros didáticos e paradidáticos, revistas, jornais, literatura clássica dicionários entre outros, pois sabemos que prática de leitura é um fator que deve ser realizado, enfaticamente, na sala de aula e na biblioteca, a fim de transformar em qualidade a relação textual com o mundo do leitor. Ler é muito mais do que possuir um rico cabedal de estratégias e técnicas, é sobretudo uma atividade voluntária e prazerosa, e quando trabalhamos a leitura devemos levar isso em conta pois alunos e professores devem estar motivados para aprender e ensinar. (SOLÉ ,1998 p. 90): O aluno que lê mais e que tem o habito de ler revela um desempenho melhor, posiciona-se de forma crítica diante dos fatos, acontecimentos, é capaz de selecionar os textos que atendam a uma necessidade sua, interpreta, analisa e produz com eficácia. Tudo isso quando posto em prática pelo uso da biblioteca revela que é preciso ter a mesma como um espaço de formação, principalmente ao se entender que é uma grande parceira no processo de ensino e aprendizagem. O uso da biblioteca na escola é essencial para o desenvolvimento da leitura dos alunos, dos professores e de outros que dela fazem uso. Ela exerce a função social à medida que transfere sua riqueza de conhecimentos, que fornece livros e leituras com diferentes objetivos, onde o leitor pode ler para se divertir, ler para escrever, para estudar, para ampliar os conhecimentos, obter informações e comportar como sujeito crítico. Portanto, a leitura na escola, é uma condição para dar voz ao aluno e isso acontece quando ele tem acesso aos livros. Sabemos que visitas freqüentes à biblioteca podem ajudar os alunos a desenvolverem o papel de leitores e compreenderem o papel da escrita. Pode ainda lhes dar condições para que aprendam os procedimentos adequados à postura adequada que devem apresentar enquanto usuários de diversos livros, revistas, jornais. A leitura diária, seja de histórias, piadas, jornais, gibis, adivinhações, revistas, além de explicitar a função social da leitura ajuda o aluno a ampliar seus conhecimentos. Para que a biblioteca exerça sua função social torna-se necessário que a escola desenvolva um trabalho de equipe, nfluenciando a comunidade escolar e promovendo o hábito de ler de diversas formas. A leitura e a escrita podem, na medida em que se configuram como experiência, desempenhar importante papel na formação dos sujeitos. Com esta visão é que desenvolvemos a 1ª ação do projeto de intervenção, que foi levar alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental para conhecer o acervo da biblioteca. Este processo se deu por turma e acompanhados do professor. Após esta 1ª etapa foi possível observar que na faixa de 95% dos alunos que foram à biblioteca mostraram algum interesse em manuser os livros. Na oportunidade a bibliotecária fez uma apresentação dos livros e mostrou como eles são catálogados, ou seja: literatura infantil, infanto-juvenil. clássica, brasileira, cordel dentre outros. O que nos alegrou nesta primeira ação foi o intesse mostrado por boa parte dos alunos em manusear e ler livros, pois sabemos que não basta apenas entender que se deve ler na biblioteca é preciso identificar como ocorre o trabalho nela. O seu uso adequado está na possibilidade de garantir o contato, o acesso da comunidade à leitura, proporcionando a participação plena e estimulação das inteligências dos que ali frequentam. “Não basta que existam bibliotecas repletas de informaões qualitativas e críticas; há também que se dinamizá-las criticamente através da invenção de mecanismos participativos e democráticos.” (SILVA, 2001, p.65). A segunda ação do projeto foi a realização de rodas de leitura envolvendo conto e reconto com alunos do 6º ao 9º do ensino fundamental. Este trabalho foi orientado pela coordenação pedagógica e desenvolvido pelos professores de Língua Portuguesa. Os contos foram pesquisados em livros de literatura infanto juvenil da biblioteca e comunidade local. Em seguida as historias foram contadas por professores e alunos e em duas turmas de 9º ano houve contos populares com a participação de alguns membros da comunidade local. Após a atividade os alunos escreveram as historias contadas as quais foram apresentadas na socialização do Dia D da leitura do mês de setembro na escola. Nesta ação foi possível perceber que as aulas foram bem produtivas devido a metodologia utilizada e que chamou bastante a atenção dos alunos, e ali podemos perceber os alunos que tem facilidade e os que teem dificuldade de interpretar e transmitir o que leem e ouvem. Com esta ação percebemos que a nossa escola precisa de novas técnicas para trabalhar a leitura nas quais professores e alunos possam socializar livros de maneira objetiva e prazerosa, não levando em consideração apenas à leitura “pronta e acabada”, pois cada leitura merece ter uma interpretação levando o aluno a pensar sem medo de expor suas idéias, pois como diz ( MARTINS 2006 p. 30): Leitura também é um processo de compreensão de expressões formais e simbólicas, não importando por meio de que linguagem. Assim, o ato de ler se refere tanto a algo escrito quanto outros tipos de expressões do fazer humano, caracterizando- se também como relação igualmente histórica entre o leitor e o que é lido. A escola deve ter como objetivo formar cidadãos críticos, com opiniões próprias e força de caráter. Isso, em grande parte, se dá com a leitura. Sua prática traz conseqüências maravilhosas, os conhecimentos de mundo se ampliam prazerosamente, e não ocorrem por imposição. Através da leitura o aluno pode desvendar a existência ao seu redor, e, ao romper seu horizonte de expectativas, amplia seu universo de entendimento e a biblioteca é sem dúvida uma ferramenta essencial neste processo. A terceira ação realizada foi a ilustração (com desenhos) de histórias lidas e músicas ouvidas. Esta ação foi trabalhada com alunos do 6º, 7º e 8º ano do ensino fundamental que favoreceu a criatividade, desenvolver habilidades, aguçar a imaginação e mostrar que a leitura transcende as letras. Foi trabalhada uma historia e uma música em cada turma. Observou – se que faixa de 95% dos alunos participaram com êxito da atividade, assim como mostraram uma grande habilidade em desenhos principalmente de música. Com estão ação foi possível perceber que faltam iniciativas criativas para trabalhar a leitura em sala de aula e na biblioteca. Consideramos esta ação não só como uma atividade para trabalhar a leitura, mas para verificar os alunos que teem facilidade de compreensão do que é lido como também os que apresentaram dificuldades reflexivas, interpretativas e de construção de novos textos, seja através do desenho ou da escrita, a partir dos textos lidos e trabalhados em sala . Contudo, agradável ou não, prazerosa ou não, confortável ou não, a leitura é necessária, é indispensável quando se trata de aprendizagem, e aprendizagem em qualquer nívele em qualquer circunstância, ou seja, na escola ou fora dela, em grupo ou só. (MARTINS 2006 p. 10): Por meio da leitura, o ser humano cresce e conhece o universo, descobre a maneira de aprender a ler a vida, ler no sentido de interpretar, observar, refletir etc. Porém, se somente ler um grande número de obras apenas decodificando e não conseguir ler o seu entorno, dificilmente conseguirá interpretar os grandes livros que aparecerão na escola da vida. O ato de ler não se esgota na decodificação pura da palavra escrita ou da linguagem escrita, mas que se antecipa e se alonga na inteligência do mundo. A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. (FREIRE 2003, p. 11) Com base na citação de Paulo Freire, quando a leitura é levada para a sala de aula um aspecto que faz toda a diferença é a motivação do professor com seus alunos, pois os conteúdos ganham vida ou não, vai depender da forma como são transferidos e trabalhados, pois sabemos que a leitura é um dos meios mais importantes para a consecução de novas aprendizagens e que através dela é possível a construção e o fortalecimento de idéias e ações. A quarta ação desenvolvida foi um debate com alunos dos 8 º e 9º anos sobre bullyng. De início nós enquanto coordenação pedagógica reunimos com os professores dessas turmas para escolhermos o tema e organizarmos como seria desenvolvido o debate. Em seguida os professores juntamente com os alunos pesquisaram em livros e revistas da biblioteca e internet para embasamento do tema. No dia 12 de setembro foi realizado o debate, onde foi discutido o que, a causa quem são as vítimas e vilões e quais as consequências que este mal pode causar. Foi possível perceber que os alunos estavam bem inteirados sobre o assunto. O professor líder desta ação foi a professora de Ensino Religioso. O esforço solicitado só tem sentido se entrar em ressonância com os centros de interesse dos alunos. Isso não quer dizer que seja preciso se ater ao que lhes agrada eliminando os conteúdos que entediam, bem pelo contrário. Salienta simplesmente que é preciso encontrar meios de “arrombar a porta” para que eles possam entrar nas problemáticas atuais. (PERRENOUD, 2005, p. 127) O tema escolhido para ser debatido nesta ação teve dois objetivos, utilizar a biblioteca e multimídias da escola como ferramenta de leitura e trabalhar o bulynng que é um assunto atual e que vem gerando muitos problemas nas escolas. Como diz Perrenoud, “arrombamos a porta” para iniciar a abordagem do assunto em nossa escola. Percebemos que o tema foi fixado muito mais no debate, que trabalhado simplesmente em sala sala de aula pelo professor, porque ao fazer isso o aluno teve sua capacidade crítica posta em prática ao fazer suas abordagens. A quinta e ultima ação do projeto de intervenção foi a realização de um Sarau Literário que aconteceu no dia 21 de setembro na própria escola. Contamos com a participação de toda comunidade escolar e em especial da coordenação pedagógica professores e alunos, assim como representantes da comunidade local. Foi possível observar que houve um empenho grande por parte dos alunos, pois faixa de 98% se envolveram nas atividades, e o mais importante, houve uma procura muito grande de livros na biblioteca para embasamento nas atividades. Dentre os objetivos alcançados na execução das ações, foi possível obter informações sobre as atividades desenvolvidas na promoção da leitura na escola pela biblioteca escolar e professores, demonstrar aos professores e alunos as possibilidades dos acervos organizados na biblioteca no processo de ensino e aprendizagem, ler e valorizar a leitura como fonte de informação e prazer, utilizandoa como meio de acesso ao mundo do trabalho e dos estudos avançados. De acordo com Andrade (1983), o campo da leitura e escrita vem recebendo, nas últimas décadas, contribuições expressivas tanto no que se refere à produção teórica (de âmbito nacional e internacional) quanto no que diz respeito ao delineamento de alternativas práticas. Desde a crítica à educação bancária feita por Paulo Freire ao anúncio de novas práticas nos anos 1950 e 1960, passando pelas mudanças na conjuntura política, à repressão sofrida no duro período da ditadura militar, até a reconquista da liberdade e do direito de participação política concretizada com a volta das eleições em 1982 e 1985 (respectivamente nos planos estadual e municipal) e a implementação de políticas locais e diferentes propostas pedagógicas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Educação de Jovens e Adultos, a alfabetização tem sido o centro das atenções. Vale lembrar que, se no início deste século chegávamos a um índice de 70% de analfabetismo, neste final estamos longe de erradicá-lo totalmente, mas avançamos muito: 20% é o índice de analfabetismo da população de 15 anos. Quase 30 milhões de pessoas não escrevem e não lêem, sequer funcionalmente. Por outro lado, os avanços no campo teórico, a revolução conceitual e a mudança no nosso conhecimento sobre as formas e os processos de ler e escrever são enormes. Desde Paulo Freire e seu entendimento da alfabetização como ação cultural, passando pelos estudos da sociolinguística, da sociologia da linguagem e da psicolinguística, chegando à história da leitura e à antropologia, temos enfrentado questões do hoje denominado letramento que nos situam em outro patamar de reflexão, de discussão crítica e de proposição de políticas e de práticas. Mas por que precisamos escrever? Mário de Andrade disse que se escrevo é primeiro porque amo os homens. Precisamos aprender a valorizar a narrativa, a leitura e a escrita para ler com as crianças e os jovens, para escrever a história pessoal, registrar a história coletiva, nos formar, lembrando que tudo isso exige trabalho coletivo. Desde os meus dez anos, é para mim uma espécie de dogma o fato de que eu consisto de muitas pessoas, das quais de forma alguma estou consciente. Creio que são elas que determinam o que me atrai ou me repugna nas pessoas que encontro. Foram elas o pão e o sal de meus primeiros anos. São elas a verdadeira vida secreta de meu intelecto. (CANETTI, 1987, p.105) CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nas concepções dos autores citados neste trabalho de conclusão de curso, podemos perceber o quanto são amplas as inquietações quanto a este tema, que se torna polêmico nas discussões de professores quanto a postura que o mesmo deve tomar para que seu aluno desenvolva uma prática de leitura para a vida toda. Desde a elaboração do projeto de intervenção sobre o uso da biblioteca como ferramenta de leitura, temos refletido sobre a postura do coordenador pedagógico na escola, e percebemos que pouco tem feito para incentivar os alunos a procurarem a biblioteca com o intuito da leitura de forma organizada e diversificada. Após essa reflexão pretendemos buscar, e aperfeiçoar nosso trabalho com relação à leitura na escola, a fim de possibilitar a formação de alunos leitores e não alunos que dispensam o diálogo reflexivo ao ler. Por meio da realização deste trabalho foi possível argumentar, analisar e perceber que a leitura e a escrita podem ser vividas como experiência e que a literatura pode trazer a possibilidade de pensar a experiência vivida, ampliando nossa ação e nossa reflexão. É necessário considerar que os alunos são cidadãos que utilizam a leitura em sua prática social e ao utilizá-la percebem a relevância deste aprendizado para o cidadão conviver em uma sociedade que a utiliza cotidianamente. Esta atividade, portanto, não pode ser vista simplesmente como um mecanismo de leitura, que visa decifrar a palavra, sem que seu significado esteja presente, deixando de lado a verdadeira função da leitura que é de proporcionar uma aprendizagem que desenvolve habilidades de reflexão, expande conhecimentos e permite agir numa sociedade de uma maneira intensa e direta. As visitas constantes na biblioteca são imprescindíveis, pois é assim que se dá a criação do hábito pela leitura, pois conhecendo o acervo vai criando o gosto pela procura das literaturas existentes na mesma. Sabe-se que a pessoa que lê conhece o mundo e o conhecendo terá condições de atuar sobre ele. Quem lê, além de enriquecer seu vocabulário, abre seus horizontes, entra em contato com pensamentos e opiniões diversas, com diferentes pontos de vista. A biblioteca é um ambiente propício para a leitura, condição indispensável ao desenvolvimento social e a realização individual do homem. Através dela, pode se experimentar a complexidade, a multiplicidade da escrita. E sabe-se que a escola representa a única oportunidade de ler que muitos alunos têm. É necessário, portanto, propiciar na biblioteca a dinamização da cultura da leitura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de formas de pensar, agir e sentir de cada aluno frente a suas expectativas de mundo e de formação cidadã e para que a biblioteca exerça sua função social torna-se necessário que a escola desenvolva um trabalho de equipe, principalmente entre coordenadores, professores e bibliotecários, que influenciem a comunidade escolar, promovendo o hábito de ler de diversas formas. Esperamos ter despertado o gosto e o prazer pela leitura em nossos alunos a partir do incentivo do uso da biblioteca como ferramenta de leitura, bem como termos contribuído na formação de leitores autônomos e competentes. Portanto, é grande a importância de se desenvolver na escola projetos voltados para a leitura. Para tanto, precisamos contar com professores comprometidos com o trabalho e que estejam dispostos a envolverem-se e quebrar barreiras para a realização de um trabalho inovador. Nesse sentido, Freitas ( 1986) alerta: A falta de hábito de alguns professores em utilizar livros como recurso de ensino - aprendizagem demonstrou que a metodologia por eles utilizada, sem a orientação do grupo, poderá provocar nos seus alunos uma certa rejeição pela leitura com lazer. (FREITAS 1986, p.35) Por acreditamos na importância da leitura, e no estímulo através da concretização do hábito de leitura na formação dos alunos, certamente contribuímos com atividades desenvolvidas na Biblioteca da nossa escola, pois foi dado o primeiro passo para o elo entre biblioteca, livros e alunos. REFERENCIAS CANETTI, Elias. A língua absolvida: história de uma juventude. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam.45 ed. São Paulo, Cortez, 2003. FREITAS, Maria Terezinha. Educação pela leitura: uma experiência. Florianópolis: Perspectiva, 1986 MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. MICHELETTI, Guaraciaba. Leitura e construção do real: o lugar da poesia e da ficção/ Guaraciaba Micheletti, Letícia Paula de Freitas Peres, Ana Elvira Luciano Gebara.4 ed. São Paulo: Cortez, 2006. PERRENOUD, Plilippe. A Escola de A a Z: 26 maneiras de repensar a educação/Philippe Perrenoud, Michéle Bolsterli, Danielle Bonneton, Andreea Capitanescu, Monica Gather-Thurler, Olivier Maulini, - Porto Alegre: Artmed, 2005. SILVA, Ezequiel Theodoro da, Leitura na escola e na biblioteca. 2 ed. Campinas, SP: Papirus, 1986. SOLÉ, Isabel. Estratégias de Leitura. 6 ed. Porto Alegre: ArtMed, 1998. .