Consultoria Técnica e Investigativa em Apoio a Litígios
2014
Segurança Pública na América Latina
Março 2014
A FTI elaborou um índice que analisa o nível de segurança
pública nos países da América Latina, voltado a atender às
preocupações e aos interesses do setor privado. Isso nos
permite enxergar as tendências de longo prazo em termos de
mudanças da situação de segurança nestes países.
Nossas conclusões são baseadas em números oficiais
obtidos em níveis federais, estaduais e municipais, analisando
dados referentes a homicídios, infrações, crime organizado e
tráfico de drogas, roubos de carga e depósitos, invasão a
domicílios, sequestros, distúrbios de ordem política e civil,
protestos e demonstrações violentas, assim como a eficácia dos
programas governamentais que tratam desses problemas.
Apenas dados confiáveis relatados pelos governos foram
considerados, bem como dados e estudos gerados por ONGs e
organizações multilaterais. Analisamos, ainda, a mídia regional,
para obter informações mais específicas e detalhadas sobre
acontecimentos relevantes, assim como buscamos informações
em pesquisas acadêmicas. Finalmente, utilizamos informações
coletadas diretamente através de nosso próprio trabalho e redes
de contatos na região.
Visão Geral da Região
Na última década a América Latina tem, em sua maioria,
apresentado forte crescimento econômico com melhor
integração, maior comprometimento com os setores sociais
mais vulneráveis, e com governos democráticos. Entretanto,
mobilidade e inclusão social não eliminaram o problema da
insegurança pública. Continuam sendo, junto com combate ao
crime organizado, lavagem de dinheiro, corrupção e tráfico de
drogas, prioridades na agenda dos governos da região.
O fenômeno do crime organizado, a extrema violência ao redor
das atividades de cartéis de drogas, e a problemática do
escoamento das mesmas desde os locais de produção até os
mercados consumidores são grandes fontes de insegurança
pública em partes da América Central e México. Adicionalmente,
a inquietação social e política se tornou um fator relevante para
algumas das economias mais problemáticas, como a Venezuela.
Finalmente, apesar de investimentos significantes que levaram a
melhorias da segurança pública em alguns países como
Colômbia e Brasil, alguns têm vivido um ressurgimento do crime
organizado que se tem demonstrado de difícil controle.
A insegurança pública na região continua a demandar grandes
recursos do setor privado para proteger seus bens críticos, além
de produzir efeitos corrosivos na competitividade pela captação
de capital externo para investimentos.
CRITICAL THINKING AT THE CRITICAL TIME™
Situação dos Países
México Após algum sucesso inicial na redução das taxas de
homicídio, a segurança geral no México mostra poucos sinais de
melhoria. O crescimento de milícias para combater os cartéis de
drogas, lutas internas entre os próprios cartéis e ações
continuadas do governo mantiveram um nível similar de
segurança pública, sequestros e violência aos números obtidos
nos anos passados, embora se tenha observado um aumento
em algumas áreas como roubo de mercadorias em trânsito. A
espetacular prisão de Chapo Guzman, chefe do que é
indiscutivelmente o maior cartel de drogas no mundo, pode ter
um impacto positivo, porém é muito cedo para dizer.
Venezuela A administração de Maduro herdou fardo pesado:
um país politicamente dividido, uma economia em colapso,
inflação recorde, e a maior taxa de insegurança pública na
região. Corrupção, crime organizado e confrontos políticos
violentos pioraram uma situação já crítica. Investimentos foram
feitos para reforçar as agências que atuam sobre questões de
segurança pública e melhorar sua atuação nas diversas regiões
do país, mas até o momento os efeitos ainda não foram
percebidos.
Honduras O país tem uma das piores taxas de segurança
pública da região, devido ao controle pelos cartéis de drogas de
áreas de seu território, além da extremamente alta taxa de
homicídios e crimes violentos, resultante, em parte da atividade
dos "maras" (gangues). O presidente Hernández está atacando o
problema diretamente, investindo em mais recursos e
ampliando a cooperação multilateral. É muito cedo para dizer
quais resultados ele irá obter.
Nicarágua A nação continua a manter o menor índice de
insegurança entre seus países vizinhos. Entretanto, roubos com
violência ocorrem em número elevado e continuam a crescer.
Por exemplo, nos primeiros meses deste ano, os crimes
violentos aumentaram 15% em comparação aos mesmos meses
do ano passado. O governo continua a implementar políticas de
ordem social para alcançar maior inclusão em setores
considerados sob risco na luta contra o crime organizado.
Brasil O ressurgimento do crime organizado na maior cidade do
país, São Paulo, e a escalada da violência nas cidades no
nordeste, são dados que se destacam no quadro da segurança
pública brasileira. A violência no Rio de Janeiro estabilizou-se
após mostrar avanços concretos nos últimos anos. O sistema
penitenciário
2014
Insegurança Pública na América Latina
continua necessitando urgentemente de reforma. Recursos
significantes foram direcionados para atender às necessidades
da realização da Copa do Mundo e Olimpíadas, porém as taxas
gerais de criminalidade continuam altas. Uma das maiores
fontes de preocupação é a rivalidade entre os dois grandes
grupos criminais no país (CV e PCC), e seus potenciais impactos
durante estes eventos.
Colômbia Como mencionado em 2013, as negociações de paz
entre o governo e as guerrilhas continuam. Um acordo não
parece iminente, porém as guerrilhas estão mais fracas do que
já estiveram no passado. Uma preocupação adicional é que
aqueles que não participam destas negociações podem acabar
organizando-se em gangues criminosas. A administração Santos
alcançou avanços no controle da fronteira entre países vizinhos.
No entanto, algumas das maiores cidades do país têm visto as
estatísticas criminais piorarem.
Argentina O país está passando por uma difícil crise econômica
com alta inflação e crescente protesto social. Atividades de
cartéis do narcotráfico no país ganharam maior visibilidade e
têm sido associadas com crimes violentos. As áreas
metropolitanas de Rosário e Buenos Aires são as mais afetadas.
Panamá O país continua a investir fortemente em segurança no
combate ao tráfico de drogas. O ano de 2013 terminou com uma
leve melhora nas taxas de criminalidade em comparação com as
de 2012 e continua com tendência a diminuir.
Costa Rica O governo mantém seu plano de profissionalizar as
forças de segurança e investimentos em programas de
segurança pública. O país obteve a menor taxa de criminalidade
entre os países vizinhos, embora permaneça sensível aos
problemas da região.
Peru O país continua com baixos níveis de criminalidade em
relação aos vizinhos, mas o tráfico de drogas continua sendo
uma grande ameaça. Vários estudos mostram um aumento
anual nos índices de criminalidade. Apesar de investimentos e
mudanças feitas para controlar o crime e combater a violência,
mais da metade da população considera o país inseguro.
Haiti O país obteve uma queda nas taxas de homicídios, em
grande parte atribuída à presença da missão da ONU conhecida
como MINUSTAH, aliada às reformas na polícia. Os índices de
outros tipos de crimes violentos continuam elevados assim
como a taxa de criminalidade em geral.
Paraguai A administração Cartes herdou altos índices de
criminalidade juvenil. O frágil controle na tríplice fronteira com
Brasil e Argentina continua a representar uma ameaça à
segurança pública com a presente atividade do narcotráfico,
crime organizado e lavagem de dinheiro. O grupo guerrilheiro
"EPP" está cada vez mais ativo também.
ÍNDICE DE SEGURANÇA REGIONAL
PAÍSES DA AMÉRICA LATINA 2014
País
Venezuela
Nível de
Insegurança
5
Honduras
5
Guatemala
5
Haiti
5
México
5
El Salvador
4
Brazil
4
Colômbia
4
Bolivia
4
Nicaragua
4
Argentina
3
Paraguai
3
Peru
3
República Dominicana
3
Equador
3
Panamá
3
Uruguai
2
Chile
2
Costa Rica
2
Tendência
Sistema de Referência para as cores e números: Todos os rankings
variam entre 1 e 5, avaliados pela FTI Consulting América Latina, sendo
1 representativo de um país seguro e 5 representando um país muito
perigoso. A cor vermelha significa uma tendência em direção a um grau
superior, amarelo significa estável com possíveis alterações, e verde
significa estável, sem alterações. Os rankings são baseados em dados
oficiais das secretarias de segurança pública, da polícia local, dos
governos, organizações multilaterais, organizações não-governamentais
(ONGs) e institutos de pesquisa no crime.
Frank Holder
561.515.1900
[email protected]
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