III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. TOXICOLOGIA OCUPACIONAL: RISCOS DA EXPOSIÇÃO AO BENZENO ANTONELLI¹, Amanda Buonomo; RIBEIRO NETO², Luciane Maria 1 Discente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. [email protected] 2 Docente do Curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, São Paulo, SP. [email protected] Palavras-chave: Exposição ocupacional. Benzeno. Leucemia. Intoxicação por benzeno. INTRODUÇÃO O benzeno comercialmente produzido é um derivado do petróleo e é amplamente utilizado como solvente bem como na síntese de outros compostos químicos. Desta forma, está diretamente inserido em diversos setores da indústria tornado possível a exposição dos trabalhadores no ambiente de trabalho. No ambiente residencial, a maior fonte veiculadora de benzeno é a fumaça de cigarro. O benzeno é uma substância que requer extrema atenção por parte da Higiene Ocupacional em razão principalmente da sua toxicidade ao sistema hematopoiético. OBJETIVO Abordar o benzeno como agente tóxico de importância na área ocupacional. METODOLOGIA Trata-se de uma revisão bibliográfica baseada em fontes de pesquisa como Livros da Biblioteca do Centro Universitário São Camilo, site da Anvisa e do Ministério do Trabalho e Emprego e artigos científicos indexado em bancos de dados como Scielo. Os descritores de busca utilizados foram exposição ocupacional, benzeno, leucemia, intoxicação por benzeno. Não houve restrição ao período de pesquisa. DESENVOLVIMENTO No ambiente de trabalho em que o benzeno faz parte direta ou indiretamente do processo produtivo, é a via respiratória a principal via de exposição dos trabalhadores expostos a esta substância. Grande parte da substância é eliminada na expiração, entretanto uma parte é absorvida pela corrente sanguínea e se acumula principalmente em tecido com alto teor de lipídeos. É biotransformado principalmente no fígado e na medula óssea e eliminado na urina na forma de produtos da biotransformação como fenol, catecol, hidroquinona, ácido fenil mercaptúrico e ácido transmucônico. A biotransformação ocorre primeiramente no fígado, embora a biotransformação na medula óssea tenha importante função na mielotoxicidade. Acredita-se que no fígado ocorra a transformação dos conjugados fenólicos, e uma vez que entram na corrente sanguínea, chegam à medula óssea, onde são hidrolisados e oxidados para quinonas. Existe um conjunto de células na medula óssea que podem servir como alvo para os produtos de biotransformação do benzeno. A exposição ao benzeno resulta na inibição do crescimento e desenvolvimento de células tronco pluripotentes na medula óssea. Também são afetadas células estromais e unidades mieloides. Um estudo aponta que a hidroquinona induz a inibição da síntese de interleucina-1 de macrófagos estromais, resultando na diferenciação alterada das células mielóide e linfóide. A série eritróide é mais susceptível à citotoxicidade do benzeno do que a série mielóide, pois células mielóides imaturas podem se proliferar enquanto o desenvolvimento de células eritrocitárias é restrito e adquire características neoplásicas em sua diferenciação. O resultado final é leucemia mieloide aguda (LMA). Sendo assim, sua exposição crônica pode levar ao dano na medula óssea podendo manifestar anemia, leucemia e trombocitopenia. Realização III SIMPÓSIO DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Local: Centro Universitário São Camilo Data: 21 a 23 de maio de 2015. Existe uma relação dose dependente para a depressão da medula óssea, pois estudos epidemiológicos evidenciaram que altas exposições ao benzeno resultam em um risco elevado de leucemia mielóide aguda. Em um estudo de coorte, foram avaliados índices de LMA significantemente elevados em 75.000 trabalhadores expostos ao benzeno de 12 cidades na China. Em um estudo realizado em Santa Catarina em trabalhadores de postos de combustíveis, 53,6% apresentavam sintomas de intoxicação por benzeno e, além disso, foram identificados hábitos ocupacionais utilizados pelos trabalhadores que potencializam o risco de exposição, demonstrando falhas nos treinamentos de segurança. Outro estudo, realizado em Cuba, aborda a legislação brasileira em comparação com organizações dos Estados Unidos relacionadas aos limites de exposição ao benzeno, onde nota-se falhas nas medidas de precaução tanto da legislação quanto de empresas. Além de leucemia, em menor quantidade, o benzeno é capaz de promover alterações cromossômicas em linfócitos e sua produção na medula óssea, alterações neuropsicológicas e neurológicas ao atingir nervos próximos à medula óssea, ototoxicidade, além de ser teratogênico. CONCLUSÃO Sabe-se que o benzeno é carcinogênico uma vez que vários estudos comprovam tal fato e elucidam seu mecanismo de biotransformação. Entretanto, suas evidências não podem proibir seu uso, haja vista grande importância em nível industrial. Contudo é necessário limitar sua exposição aos trabalhadores expostos, de modo a estabelecer, em legislação, limites de tolerância e limites de exposição diária, bem como cartilhas explicativas para os trabalhadores, monitoramentos, entre outras medidas que possam esclarecer e prevenir sua toxicidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CASARETT and DOULL'S. Toxicology: The Basic Science of Poisons. 6. ed. New York: McgrawHill, 2001. MINISTÉRIO do Trabalho e Emprego. Arline Sydneia Abel Arcuri [et al.] Efeitos da exposição ao benzeno para a saúde. São Paulo: Fundacentro, 2012. OGA, Seizi; CAMARGO, Márcia Maria de Almeida; BATISTUZZO, Oliveira. Fundamentos de Toxicologia. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2008. Realização José Antoniode