Saúde Pública e Actividade Física INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM Escola Superior de Desporto de Rio Maior LICENCIATURA EM CONDIÇÃO FÍSICA E SAÚDE NO DESPORTO LICENCIATURA EM PSICOLOGIA DO DESPORTO E EXERCÍCIO Saúde Pública e Actividade Física 3.º Ano - 2.º Semestre 2009/2010 PROGRAMA DA UNIDADE CURRICULAR Regente: Doutora Rita Santos-Rocha Docentes: Dr. Marco Branco Mestre Ema Brito Outubro de 2009 1 Saúde Pública e Actividade Física 1. TEMPO TOTAL DE TRABALHO DOS ALUNOS E NÚMERO DE ECTS TEMPO DE TRABALHO (HORAS) UNIDADES CURRICULARES Saúde Pública e Actividade Física TIPO Sem TOTA CONTACTO L T TP 100 15 30 PL TC CRÉDITO S E OT O S 4 2. ÂMBITO As solicitações da área socioprofissional do Exercício e Saúde implicam que o Exercício constitua um conjunto de actividades físicas sistematizadas que se aplica no âmbito da intervenção primária. Mais recentemente, a crescente especialização dos profissionais, o aumento da variedade das características dos sujeitos que aderem ao Exercício, e o número e tipos de actividades disponibilizadas, originou a interface entre o Desporto e a Medicina. Ou seja, além do papel essencial na intervenção primária, o Exercício é também utilizado como meio de intervenção secundária. Deste modo, torna-se necessário compreender a multidisciplinaridade da intervenção em Saúde Pública, conhecer os conceitos que estão associados a esta área do conhecimento, conhecer as bases do planeamento e os objectivos da implementação de projectos e/ou programas de Promoção da Saúde e Educação para a Saúde, com destaque particular para a relação com o Exercício e a intervenção do profissional de Desporto. Por outro lado, o conhecimento das determinantes da Saúde e dos comportamentos de Saúde implicam o levantamento de dados epidemiológicos e a compreensão sobre as técnicas que permitem o acesso aos mesmos. Inserida no contexto das licenciaturas em CONDIÇÃO FÍSICA E SAÚDE NO DESPORTO e PSICOLOGIA DO DESPORTO E DO EXERCÍCIO, esta unidade curricular do 3.º ano, em conformidade com os princípios que orientaram a criação destes cursos, pretende destacar a intervenção dos profissionais do Desporto para uma acção mais planeada e sustentada. 3. OBJECTIVOS GERAIS Competências Teóricas: • Conhecer o papel do profissional do Desporto no contexto da Saúde Pública; • Conhecer o papel da actividade física como forma de intervenção primária e de intervenção secundária na Saúde Pública; • Conhecer os conceitos associados à Saúde Pública, à Promoção da Saúde e à Educação para a Saúde; • Introduzir o estudo da Epidemiologia e a sua aplicação; • Pesquisar e interpretar estudos científicos que sustentam as bases do desenvolvimento da Saúde Pública nos países desenvolvidos. Competências Práticas: • Elaborar projectos e programas de intervenção na Saúde Pública e Exercício, que visem a Promoção da Saúde ou a Educação para a Saúde, sustentados nas evidências científicas e nas necessidades das populações; • Discutir e apresentar estudos epidemiológicos; • Discutir e apresentar estudos científicos que sustentam as bases da Saúde Pública nos países desenvolvidos. 4. OBJECTIVOS ESPECÍFICOS • Conhecer os conceitos associados à Saúde Pública, à Promoção da Saúde e à Educação para a Saúde; • Conhecer o papel da actividade física como forma de intervenção primária e de intervenção secundária na Saúde Pública; • Conhecer as principais orientações políticas da Organização Mundial de Saúde para a Europa; • Introduzir o estudo da Epidemiologia através do conhecimento dos principais tipos de estudos e a sua aplicação; • Discutir e apresentar estudos epidemiológicos; • Pesquisar e interpretar estudos científicos que sustentam as bases da Saúde Pública nos países desenvolvidos; • Discutir e apresentar estudos científicos que sustentam as bases do desenvolvimento da Saúde Pública nos países desenvolvidos; • Abordar os aspectos de saúde e segurança no trabalho, no ponto de vista dos profissionais do Desporto; Outubro de 2009 2 Saúde Pública e Actividade Física • Elaborar projectos e programas de intervenção na Saúde Pública e Exercício, que visem a Promoção da Saúde ou a Educação para a Saúde, sustentados nas evidências científicas e nas necessidades das populações. 5. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS 1-Conceitos associados à Saúde Pública, à Promoção da Saúde e à Educação para a Saúde. 2-Principais orientações políticas da Organização Mundial de Saúde para a Europa. 3-O papel do Exercício como forma de intervenção primária e de intervenção secundária na Saúde Pública. • Contributo dos comportamentos de saúde para a doença; • Contributo dos factores psicológicos e sociais para a doença; • Contributo dos factores metabólicos para a doença; • Contributo dos factores hipocinéticos para a doença; • Integração dos conceitos e metodologias da Avaliação da Condição Física e da Prescrição do Exercício na perspectiva da Saúde Pública. 4-Introdução à Epidemiologia: evolução, definição e métodos utilizados. • Principais tipos de estudos epidemiológicos; • Conceitos de prevalência, incidência, risco clínico e risco comunitário; • Indicadores de Saúde e instrumentos de medida; • Principais aplicações da Epidemiologia; • Discussão e apresentação de estudos epidemiológicos. 5-Epidemiologia genética. • Definição de Epidemiologia Genética. Conceitos básicos de genética. Breve História da Genética. Genoma humano. Estrutura do gene. Variação genética. Projecto internacional “HapMap”. Desequilíbrio de ligação. Medidas de Desequilíbrio de ligação. Haplótipos. • Doenças monogénicas. Estudos de análise de ligação genética (“positional cloning”). Penetrância. Doenças complexas/comuns. Genética das populações. Lei de Hardy-Weinberg. Mapeamento genético fino (“fine mapping”). Genética da diabetes tipo 2. • Definição de interacção entre genes e estilos de vida (interacção linear). Interacção biológica e estatística. Escalas aditivas e multiplicativas. Interacções removíveis e não removíveis. Principais desenhos de estudos epidemiológicos para avaliar interacções entre genes e estilos de vida. Desenhos de estudos baseados em famílias. Estudos trio de casos parentais. Estudos pares de família afectados. Desenhos de estudos baseados em populações. Estudos prospectivos. Estudos de casocontrolo. Estudos de caso. Estudos clínicos controlados randomizados. Estudos de associação “genomewide”. Vantagens e desvantagens de cada tipo de estudo. Considerações metodológicas e estatísticas. Tamanho da amostra e cálculo do poder estatístico. Testes de correcção múltipla. • Utilização de base de dados: mapeamento genético; projecto internacional HapMap; centro nacional de informação em biotecnologia; organização do genoma humano (HUGO), gráficos do desequilíbrio de ligação; e utilização do software Haploview. 6-Os factores de saúde e segurança no trabalho, no ponto de vista dos profissionais do Desporto. 7-Pesquisa e interpretação de estudos científicos que sustentam as bases da Saúde Pública nos países desenvolvidos. • Discussão e apresentação de estudos científicos que sustentam as bases da Saúde Pública nos países desenvolvidos. 8-Elaboração de projectos e programas de intervenção na Saúde Pública e Exercício, que visem a Promoção da Saúde ou a Educação para a Saúde, sustentados nas evidência científicas e nas necessidades das populações. 6. MÉTODOS DE ENSINO Esta unidade curricular semestral desenvolve-se em 15 horas de aulas teóricas e 30 horas de aulas teórico-práticas, durante o 2.º semestre. Nas aulas teóricas desenvolver-se-ão os temas dos conteúdos programáticos, através de: exposição e discussão dos conteúdos; estudo e análise de artigos científicos; desenvolvimento de projectos e/ou programas de intervenção na Saúde Pública e Exercício; realização de trabalhos individuais e/ou de grupo. O sucesso na unidade curricular implica a participação activa nas aulas e a realização de trabalhos individuais ou em grupos de dois a três estudantes, além das 45 horas de leccionação. Outubro de 2009 3 Saúde Pública e Actividade Física 7. REGIME DE FREQUÊNCIA É OBRIGATÓRIA A FREQUÊNCIA DE PELO MENOS 2/3 DAS AULAS PARA QUE O ALUNO ESTEJA ABRANGIDO PELA AVALIAÇÃO CONTÍNUA. 8. MODELO DE AVALIAÇÃO 8.1. AVALIAÇÃO CONTÍNUA O modelo base de avaliação será o da avaliação contínua. Para integrar o regime de avaliação contínua, o estudante deverá cumprir o regime de presenças estabelecido nos regulamentos da ESDRM e realizar os seguintes momentos de avaliação com nota mínima de 8,5 valores em cada um deles: • 1.º Trabalho Escrito (50% da nota final) – pesquisa bibliográfica e análise de um conjunto de pelo menos 6 artigos científicos enquadrados na área da epidemiologia ou outra área da saúde pública, segundo o modelo de uma ficha previamente entregue (exemplos: relação entre exercício físico e diabetes, vantagens do exercício físico em altitude, benefícios do exercício físico na gravidez, epidemiologia genética e actividade física, etc.). Inclui avaliação sobre a pertinência dos artigos seleccionados – 20%; • 2.º Trabalho Escrito (50% da nota final) - elaboração e apresentação de um projecto ou programa de intervenção na Saúde Pública e Exercício (exemplos: projecto para implementação de programa de exercício em portadores de esclerose múltipla; caracterização e desenvolvimento dos factores de segurança e saúde de um clube desportivo; desenvolvimento de programa de intervenção em psicologia do exercício; caracterização e análise da influência dos factores ambientais na saúde em desportos de natureza); MOMENTO EM QUE É CONSIDERADO QUE O ALUNO INICIOU A AVALIAÇÃO CONTÍNUA: desde a participação na primeira aula. INDICAÇÕES GERAIS PARA A ELABORAÇÃO E ENTREGA DOS TRABALHOS ESCRITOS: • Os dois trabalhos escritos poderão ser elaborados em grupos de 2 a 3 pessoas; • Estrutura dos trabalhos: de acordo com as orientações fornecidas através da plataforma moodle; • Data de entrega do trabalho: último dia de aulas do 1.º semestre. Após esta data, o estudante deverá inscrever-se em exame e utilizar o mesmo procedimento; • Aspectos considerados na avaliação: participação nas aulas (sobre os trabalhos); apresentação geral dos trabalhos; linguagem utilizada; conteúdos apresentados; organização e extensão dos conteúdos; interpretação dos resultados; pertinência e qualidade da bibliografia. Consultar bibliografia da disciplina (programa). Apresentar toda a bibliografia consultada, bem como todas as referências bibliográficas e consultas na internet. DETERMINAÇÃO DA NOTA FINAL: média dos 3 momentos de avaliação. ELEMENTOS DA AVALIAÇÃO CONTÍNUA QUE LEVAM À DISPENSA TOTAL OU PARCIAL DE EXAME FINAL: A participação em pelo menos 2/3 das aulas e a obtenção da nota mínima em cada um dos 3 elementos da Avaliação Contínua levam à dispensa total de Exame Final. A participação em pelo menos 2/3 das aulas e a obtenção da nota mínima em pelo menos um dos 3 elementos da Avaliação Contínua levam à dispensa parcial de Exame Final, na mesma proporção. 8.2 AVALIAÇÃO FINAL O estudante que não cumpre o número de presenças estabelecido pelos regulamentos da ESDRM ou que não tem aproveitamento na avaliação contínua, é integrado no regime de avaliação final, a realizar no final do ano lectivo. Esta avaliação consta da realização de uma Prova Escrita (nota mínima 8 valores para acesso à prova oral) e de uma Prova Oral. A prova escrita é constituída por um conjunto de questões de desenvolvimento, das quais o aluno selecciona quatro. Outubro de 2009 4 Saúde Pública e Actividade Física 9. BIBLIOGRAFIA PRINCIPAL • ACSM (1997). Fitness Facility Standards and Guidelines. USA: ACSM. • ACSM (1997). ACSM’s Exercise Management for Persons with Chronic Diseases and Disabilities. Champaign: Human Kinetics. • ACSM (2003). ACSM’s Worksite Health Promotion Manual: Guide to Building and Sustaining Healthy Worksites. Carolyn Cox (Editor). Champaign: Human Kinetics. • ACSM (2009). ACSM’s Resource Manual for Guidelines for Exercise Testing and Prescription (6th edition). Baltimore: Williams & Wilkins. • ACSM (2009). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription (8th edition). Baltimore: Williams & Wilkins. • Allen, L. (1999). Active Older Adults – Ideas for Action. Champaign: Human Kinetics. • Beaglehole, R.; Bonita, R. & Kjellstrom, T. (2003). Epidemiologia Básica (versão portuguesa). Geneva: World Health • Castillo, JJ & Villena, J (2005). Ergonomia. Conceitos e Métodos (organizadores). Lisboa: Dinalivro. • Donaldson, L. J. & Donaldson, R. J. (2003). Essential Public Health. 2nd edition (revised). Berkshire: Petroc press. • Glaros, T.E. (1997). Health Promotion Ideas That Work. Champaign: Human Kinetics. • Gonçalves-Ferreira (1990). Moderna Saúde Pública. Lisboa: Edições Gulbenkian. • Hardman, A.E. & Stensel, D. (2003). Physical Activity and Health. The Evidence Explained. London: Routledge. • Last, J.M. (1988). Um Dicionário de Epidemiologia. 2.ª edição. Oxford: Oxford University Press. • Marcus, B. & Forsyth, L. (2003). Motivating People to be Physically Active. Champaign: Human Kinetics. • Matos, M.G.; Simões, C.; Carvalhosa, S.F.; Reis, C. & Canha, L. (2000). A Saúde dos Adolescentes Portugueses. Lisboa: Organization. Lisboa: Escola Nacional de Saúde Pública. Edições FMH. • Matos, M.G.; Simões, C.; Canha, L. & Fonseca, S. (2000). Saúde e Estilos de Vida nos Jovens Portugueses. Lisboa: Edições FMH. • Pencheon, D.; Guest, C.; Melzer, D. & Gray, J.A.M. (2002). Oxford Handbook of Public Health Practice. Oxford: Oxford University Press. • Santos-Rocha, Rita (2007). SAÚDE PÚBLICA E ACTIVIDADE FÍSICA (Documentação de Apoio). Escola Superior de Desporto de Rio Maior (não publicado). • Santos-Rocha, Rita & Pimenta, Nuno (2007). AVALIAÇÃO E PRESCRIÇÃO DO EXERCÍCIO (Documentação de Apoio). Escola Superior de Desporto de Rio Maior (não publicado). • Sardinha, L.B.; Matos, M.G. & Loureiro, I. (1999). Promoção da Saúde. Modelos e Práticas de Intervenção nos Âmbitos da Actividade Física, Nutrição e Tabagismo. Lisboa: Edições FMH. • Serrano, P (1996). Redacção e Apresentação de Trabalhos Científicos. Lisboa: Relógio D’Água Editores. • Shepard, R. (1997). Aging, Physical Activity and Health. Champaign: Human Kinetics. • Stewart, A. (2007). Basic Statistics and Epidemiology – A Practical Guide (2nd edition). Oxford: Radcliffe Publishing Ltd. • Stone, D.B.; Armstrong, R.W.; Macrina, D.M. & Pankau, J.W. (1999). Introdução à Epidemiologia. Lisboa: McGraw-Hill de • Tuckman, B.W. (2000). Manual de Investigação em Educação. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. • USDHHS/CDC (1999). Promoting Physical Activity. A Guide for Community Action. Champaign: Human Kinetics. • Weinberg, R. & Gould, D. (1995). Sport and Exercise Psychology. Champaign: Human Kinetics. • Weinberg, R. & Gould, D. (1995). Foundations of Sport and Exercise Psychology. Champaign: Human Kinetics. • Wilson & Corlett (1990). Evaluation of Human Work – A Practical Ergonomics Methodology. London: Taylor & Francis. Portugal, Lda. Artigos: • Burton PR, Tobin MD, Hopper JL. Key concepts in genetic epidemiology. Lancet. 2005 Sep 10-16;366(9489):941-51.PMID: 16154023 • Cordell HJ, Clayton DG. Genetic association studies. Lancet 2005 Sep 24-30;366(9491):1121-31. PMID: 16182901 Outubro de 2009 5 Saúde Pública e Actividade Física • Davey Smith G, Ebrahim S, Lewis S, Hansell AL, Palmer LJ, Burton PR. Genetic epidemiology and public health: hope, hype, and future prospects. Lancet 2005 Oct 22-28;366(9495):1484-98. PMID: 16243094 • Dawn Teare M, Barrett JH. Genetic linkage studies. Lancet 2005 Sep 17-23;366(9490):1036-44. PMID: 16168786 • Hattersley AT, McCarthy MI. What makes a good genetic association study? Lancet. 2005 Oct 8;366(9493):1315-23. PMID: • Hopper JL, Bishop DT, Easton DF. Population-based family studies in genetic epidemiology. Lancet 2005 Oct 15- • Palmer LJ, Cardon LR. Shaking the tree: mapping complex disease genes with linkage disequilibrium. Lancet 2005 Oct 16214603 21;366(9494):1397-406. PMID: 16226618 1;366(9492):1223-34. PMID: 16198771 Outubro de 2009 6