ID: 32263295 01-10-2010 | Pontos de Vista.com.pt Tiragem: 50121 Pág: 14 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 22,52 x 29,54 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 1 de 2 JOSÉ LUÍS CACHO, PRESIDENTE DA APP, EM DISURSO DIRECTO “A internacionalização é o maior desafio que se coloca aos portos portugueses” “A APP TEM DADO O SEU CONTRIBUTO NOS MAIS VÁRIOS PROJECTOS E INICIATIVAS DE PROMOÇÃO DA MARCA “PORTOS DE PORTUGAL”, REVELA JOSÉ LUÍS CACHO, PRESIDENTE DA APP – ASSOCIAÇÃO DOS PORTOS DE PORTUGAL, EM ENTREVISTA À REVISTA PONTOS DE VISTA, LEMBRANDO AINDA QUE É FUNDAMENTAL QUE SE CRIE UMA LEI DOS PORTOS, NO SENTIDO DE TORNAR O SECTOR PORTUÁRIO PORTUGUÊS MAIS ATRACTIVO. A APP – Associação dos Portos de Portugal nasce em inícios da década de 90, mais concretamente em 1991. De que forma é que a APP tem vindo a desenvolver-se e qual o seu actual enquadramento em tudo o que concerne ao transporte marítimo? Nos seus quase 20 anos de história a APP tem sabido concretizar o seu principal papel que é, para além da promoção externa dos portos nacionais, o de contribuir para um aumento da sua competitividade relativamente ao sistema portuário Ibérico, e assim contribuir para o reforço da centralidade euro-atlântica de Portugal. Neste sentido, a APP tem dado o seu contributo nos mais vários projectos e iniciativas de promoção da marca “Portos de Portugal” e tem vindo também a funcionar como organismo de apoio à obtenção de financiamento por parte dos seus associados. Qual tem sido o papel de intervenção da APP ao nível do desenvolvi- mento e modernização do Sistema Portuário Nacional? Em que situação se encontram neste momentos os portos nacionais? Podemos neste âmbito equipararmo-nos aos nossos congéneres europeus? Nos últimos anos, os Portos Portugueses têm vindo a desenvolver as suas capacidades, sejam elas ao nível de infra-estruturas ou da eficiência dos serviços prestados o que nos permite aspirar a competir ao nível do mercado ibérico tendo em vista o alargamento do nosso hinterland. Aliás, prova disso é o comportamento bastante positivo dos portos nacionais em 2010. No primeiro semestre os portos do continente registaram um crescimento no movimento de mercadorias em cerca de 10 por cento relativamente a período homólogo do ano anterior, um crescimento acima dos registados, por exemplo, pelos portos espanhóis. O projecto PIPE e o projecto PORTMOS são o paradigma dessa constante e incessante busca pela inovação e modernização? Qual a importância de ambos na orgânica dos portos portugueses? Ambos projectos revestem-se de um elevado interesse. Relativamente ao PIPE, a sua grande mais-valia tem a ver a desmaterialização e harmonização de procedimentos nos portos nacionais aumentando assim a sua eficiência. Aliás, o sucesso deste projecto leva-nos a procurar a sua melhoria contínua e posso mesmo dizer que estamos neste momento a estudar a possibilidade de estender o sistema a outros operadores que actuam na cadeia de abastecimento. Quanto ao PORTMOS, trata-se de um projecto pioneiro na conceptualização do conceito de Auto-estradas do Mar (AEM). Nos exemplos já concretiza- dos sentiram-se naturalmente algumas dificuldades na realização do seu objectivo, que consistia na criação de serviços efectivos de AEM. Não obstante o facto dos projectos-piloto não terem tido os resultados esperados, pode afirmar-se que o projectos foram muito importantes para perceber que existe um conjunto de requisitos que precisam de ser acautelados, como a necessidade de serem estabelecidos compromissos claros entre operadores portuários, armadores e carregadores/operadores logísticos ao nível da qualidade do serviço a prestar e dos fluxos de mercadorias que o irão utilizar. Qual a importância na orgânica da APP da introdução de novas tecnologias e de inovação? Que evolução tem tido a APP neste sentido? De que forma é que este cenário se repercute e reflecte no quotidiano dos portos de Portugal? Em termos de novas tecnologias, a APP tem assumido um papel bastante interventivo tendo mesmo assumido a liderança do Projecto PIPE que permitiu a desburocratização de uma série de procedimentos portuários. Qual a importância da logística e dos transportes numa era global no sentido de impulsionar a economia mundial que, como é de conhecimento público, se encontra a passar «dias de menor fulgor»? Hoje em dia a logística é o factor chave de competitividade de uma empresa, de um mercado ou da economia de um país. Sendo um dos principais objectivos dos Portos servir a economia da região em que estão inseridos, cabe-nos assegurar que os Portos de Portugal reúnem condições para tornar as empresas ID: 32263295 nacionais mais competitivas. No mercado global em que vivemos a capacidade de integração dos vários players na cadeia logística criará com certeza mais oportunidades de negócio. Quais são as principais lacunas que ainda detectam na orgânica quotidiana dos portos portugueses? De que forma é que essas carências funcionam como entrave ao seu corrente desenvolvimento e por conseguinte ao apoio prestado a todos os que deles (os portos e seus utilizadores) necessitam? Acima de tudo julgo que seria importante termos uma Lei dos Portos. Olhando à nossa volta, verificamos que é esse o caminho que os nossos parceiros europeus têm tomado, por exemplo, ainda há pouco tempo Espanha aprovou a sua lei procurando tornar o seu sector portuário mais atractivo. Qual a análise que faz deste sector? Qual a importância de promover condições para uma abertura e diálogo permanente com todas as estruturas representativas do sector? Vivemos hoje num mundo em constante mudança e o sector marítimo não é excepção. A mudança do paradigma de gestão portuária - alterando a sua atitude estática, onde apenas se esperava que as cargas chegassem ao Porto, para uma à atitude dinâmica onde se procura incessantemente essas cargas - é o maior exemplo do dinamismo deste sector. Os portos portugueses são hoje um bom exemplo desta nova atitude. A APP em conjunto com as Administrações Portuárias tem vindo a desenvolver um enorme tra- 01-10-2010 | Pontos de Vista.com.pt balho de promoção dos portos no espaço ibérico e mundial. Na sua opinião, acredita que Portugal tem aproveitado convenientemente as mais-valias de deter uma vasta costa marítima? De que forma pode o «Mar» e todas as questões relacionadas com o mesmo funcionar como um elemento agregador e impulsionador da economia nacional? É com agrado que verificamos que o MAR tem vindo a ganhar novamente a sua importância no panorama nacional e europeu. Temos ouvido constantemente as palavras do Governo e do Sr. Presidente da República alertando para a importância vital que os assuntos do MAR terão no futuro da economia nacional. Saliento a criação do Fórum Empresarial do Mar, do Cluster do Mar, de várias Associações como a OCEANO XXI, enfim, poderia dar uma série de exemplos que me levam a acreditar que vivemos uma época que o MAR assumirá um papel relevante na estratégia nacional. Quais são os principais desafios que se colocam aos portos portugueses e à Associação dos Portos de Portugal de futuro? A internacionalização é sem dúvida o maior desafio que se coloca aos portos portugueses. Nesse âmbito, temos previsto algumas iniciativas tais como a criação da marca “Portos de Portugal” para a promoção externa e um conjunto de actividades com os Portos da CPLP com o objectivo de incrementar as trocas comerciais entre estes países. Tiragem: 50121 Pág: 15 País: Portugal Cores: Cor Period.: Mensal Área: 22,47 x 20,32 cm² Âmbito: Informação Geral Corte: 2 de 2 JOSÉ LUIS CACHO, PRESIDENTE DA APP