ARTIGO ORIGINAL
RISCOS NUTRICIONAIS DE ADOLESCENTES DA REDE DE ENSINO DO
MUNICÍPIO DE CURITIBA-PR.
RISKS OF ADOLESCENT NUTRITION EDUCATION NETWORK OF THE
MUNICPALITY OF CURITIBA-PR
OBESIDADE NA ADOLESCÊNCIA
OBESITY IN TEENS
Bruna de Paula Maksym1
Edilcéia Domingues do Amaral Ravazzani2
1.
2.
Graduanda em Nutrição – Faculdades
Integradas do Brasil – Unibrasil E-mail:
[email protected]
Especialista em Nutrição Clinica pela
UFPR e Profª da Unibrasil.
RESUMO
O presente estudo objetivou comparar o perfil nutricional de adolescentes de
uma escola particular e outra estadual do Município de Curitiba-Pr. Para tal os
adolescentes foram submetidos á antropometria que consistia em peso e altura, um
questionário auto aplicado com um quadro de freqüência alimentar e perguntas
sobre atividades diárias, e outro questionário que foi encaminhado aos pais
consistindo de perguntas sobre as atividades diárias dos adolescentes e sua
alimentação em casa. Para a classificação do estado nutricional foi utilizado os
percentis IMC para idade e sexo. Verificou-se discreta igualdade nos percentis de
renda, houve prevalência de eutrofia (60,0%), observou-se também que apenas um
adolescentes está obeso (1,70%) e onze estão com sobrepeso (18,3%), sendo que
o índice de desnutrição foi maior que o de obesidade tendo três adolescentes
desnutridos (5%). Com o presente estudo podemos identificar que as escolas podem
interferir
positivamente
nesses
parâmetros
de
sobrepeso
e
obesidade,
desenvolvendo e produzindo atividades que levem esses conhecimentos até os
alunos durante o período de aula, para que eles conheçam a importância de se levar
uma vida saudável, com uma alimentação balanceada e a promoção de atividades
físicas.
Descritores: Obesidade; adolescência; antropometria.
ABSTRACT
This study aimed to compare the nutritional status of adolescents in a private school
(School A) and state (School E) of the Municipality of Curitiba-Pr. For such
adolescents underwent anthropometry which consisted of weight and height, a selfapplied questionnaire with a food frequency table and questions about daily activities,
and a questionnaire was sent to parents consisting of questions about the daily
activities of adolescents and their food at home. To evaluate the nutritional status
was used BMI percentiles for age and sex. There was mild in percentiles of income
equality, and the prevalence of eutrophication was remarkable (60.0%), it is also
observed that only one is obese adolescents (1.70%) and 11 are overweight (18.3%),
and the rate of malnutrition was greater than that of obesity taking three
malnourished adolescents (5%). In this study we could identify which schools can
positively affect these parameters of overweight and obesity, developing and
producing activities that take this knowledge to the students during the class period,
so they know the importance of leading a healthy lifestyle, with a balanced diet and
promoting physical activity.
Descriptors: Obesity; adolescence, anthropometry.
INTRODUÇÃO
A adolescência é um período de mudanças anatômicas fisiológicas,
psicológicas e sociais que separam a criança do adulto, prolongando-se dos 10 aos
20 anos incompletos conforme critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS),
ou dos 12 aos 18 anos, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente
(1)
.
A adolescência é considerada especialmente vulnerável em termos
nutricionais por várias razões, sendo um dos momentos mais críticos para o
estabelecimento da obesidade, onde causas e conseqüências se integram e se
reforçam (2,3).
Destaca-se como determinante de hábitos alimentares a renda, atuando
sobre aspectos sociais e culturais, a família, os amigos, a escola, o trabalho, enfim
toda a relação sócio-econômico-cultural que atinge o indivíduo com suas normas e
valores, atuando, basicamente na cristalização do hábito alimentar, interferindo
direta ou indiretamente como no caso de horários escolares, introdução de outros
alimentos como no caso de merenda escolar que para alguns, perde o sentido de
complementação passando a ser a única refeição do dia
(4)
.
Carrazza(4) ainda afirma que o fácil acesso e o incentivo através da
propaganda ao consumo de refeições rápidas pode, também modificar o hábito
alimentar do adolescente.
Segundo a WHO – World Healt Organization - , a obesidade é definida como
uma condição de acúmulo anormal ou excessivo de gordura no organismo, levando
a um comprometimento da saúde. O grau de excesso de gordura, sua distribuição e
associação com conseqüências para a saúde variam, consideravelmente, entre
indivíduos obesos. O Consenso Latino Americano de Obesidade descreve a
etiopatologia
da
obesidade
como
fatores
genético,
psicossocial,
nutricionais, metabólicos e endócrinos, que lhe dão caráter multifatorial
culturais,
(5,6)
.
Ainda de acordo com o Consenso Latino Americanos de Obesidade, a
obesidade no adolescente pode levar a importantes implicações na sua saúde sendo
elas: psicossociais, ortopédicas, dermatológicas, cardiorrespiratórias, riscos futuros,
endócrinos metabólicos (6).
A inatividade física associada ao aumento no consumo de alimentos
energéticos enquanto se assiste televisão ou a influência de comerciais de produtos
alimentícios por ela veiculados representa um dos fatores determinantes para o
desenvolvimento de peso corporal excessivo durante a adolescência (7).
Fisberg, et al. (2000), constatou que os jovens costumam omitir refeições,
principalmente o café da manhã, o que pode levar a um menor rendimento escolar, e
também chegam a ficar 16 horas seguidas sem se alimentar, o que pode trazer
conseqüências tanto no que se refere à saúde quanto à aprendizagem
(8)
.
Um estudo realizado em Ribeirão Preto, identificou, que dentro do contexto de
vida dos adolescentes estão presentes diferentes variáveis, e a escola pode exercer
um papel importante na promoção de educação nutricional, que deve ser abordada
nas diferentes disciplinas e trabalhadas em atividades diversificadas, com o objetivo
de desenvolver atitudes e hábitos alimentares saudáveis
(9)
.
A obesidade é considerada nos países desenvolvidos um dos mais
importantes problemas de saúde pública, e, segundo a Organização Mundial da
Saúde uma epidemia global. Pesquisas nacionais realizadas pelo PAHO
demonstram que a prevalência da obesidade está aumentando entre todos os
grupos etários: 7% a 12% das crianças até 5 anos e um quinto dos adolescentes são
obesos (10,11).
A prevalência de sobrepeso e obesidade está crescendo num ritmo alarmante
em todo o mundo. Tanto em países desenvolvidos como os em desenvolvimento
são afetados. A epidemia de obesidade nas Américas transcende barreiras
socioeconômicas, afetando ricos e pobres – gente de todos os grupos de idade
(12)
.
A prevenção e o diagnóstico precoce da obesidade são importantes aspectos
para a promoção da saúde e redução de morbimortalidade, não só por ser um fator
de risco importante para outras doenças, mas também por interferir na duração e
qualidade de vida, e ainda ter implicações diretas na aceitação social dos indivíduos
quando excluídos da estética difundida pela sociedade contemporânea (13).
A condição nutricional de adolescentes da rede pública e particular de ensino
do Município de Curitiba-Pr, até que ponto ser ou não estável economicamente afeta
na saúde nutricional dos adolescentes, quais fatores podem contribuir no aumento
do índice de obesidade entre os adolescentes: a falta de conhecimento, o cotidiano
agitados,a ausência dos pais durante o dia, as novidades tecnológicas como:
computadores, televisão, vídeo game?
Este estudo teve como objetivo, comparar o perfil nutricional de adolescentes
de uma escola particular (Escola A) e estadual (Escola E) do Município de CuritibaPr.
METODOLOGIA
No presente estudo de caráter transversal quali quantitativo, aprovado pelo
Comitê de Ética me Pesquisa das Faculdade Integradas do Brasil - Unibrasil, sob o
número 23/2010. Realizou-se um levantamento do perfil nutricional de alunos, de
ambos os sexos com idade entre dez e quatorze anos regularmente matriculados
em uma determinada escola particular e outra escola pública ambas situadas no
Município de Curitiba-Pr. Para a
classificação do perfil nutricional, foi atribuído
como ponto de corte para determinação de desnutrição valores de IMC < percentil 3,
para risco nutricional valores de IMC > percentil 3 e < percentil 15, para eutrofia
valores de IMC > percentil 15 e < percentil 85, para sobrepeso valores de IMC >
percentil 85 e < percentil 97, e por fim para determinação de obesidade valores de
IMC > percentil 97. Como padrão de referência foram adotadas as curvas de
crescimento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Foram encaminhados aos pais dos alunos um questionário de avaliação
nutricional, no qual foi abordado a identificação do aluno, as atividades diárias a
alimentação do adolescente em casa, a pratica de atividade física a qual foi
considerada também as aulas de Ed. Física e a renda familiar. Esta foi categorizada
em 4 opções de respostas: menos de 2, de 2 a 4, de 5 a 10 e mais que 10 salários
mínimos. O critério de inclusão do estudo foi o retorno dos questionários,
respondidos e assinados integralmente, juntamente com o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Para a avaliação antropométrica os alunos foram pesados com o mínimo de
roupa possível e descalços, em balança digital com capacidade de 150 kg e
precisão de 100g. A estatura foi obtida com fita métrica a qual foi colocada na
parede exatamente á um metro do chão, durante esse período os alunos
preencheram um questionário que consistia em pergunta sobre suas atividades
diárias e uma freqüência alimentar composta por 25 alimentos.
Os dados coletados foram tratados e avaliados estatisticamente utilizando o
Qui quadrado no Epi Info 3.5.1.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram distribuídos duzentos e sessenta e quatro questionários, 108 para a
escola E e 156 para a escola A, retornaram preenchidos e com o TCLE assinado 36
da escola particular e 24 da escola pública, totalizando 60 alunos na amostra final.
A tabela 1 sumariza as características da população. Verifica-se o predomínio
de meninas 42 (70,0%), a concentração de alunos com onze anos 21 (35,0%),
verifica-se discreta igualdade nas fixas de renda, e a prevalência de eutrofia
(60,0%), porém 40% dos adolescentes estão nos limites inadequados de IMC sendo
que 20% estão com prevalência para risco nutricional ou desnutrição e 20% estão
com sobrepeso ou obesidade. O índice de desnutrição foi maior que o de obesidade
tendo 3 adolescentes desnutridos (5%) e apenas 1 obeso (1,7%). Comparando os
índices das duas escolas, pudemos perceber que existem mais adolescentes
classificados como risco nutricional 5 (13,9%) ou desnutrido 2 (5,6%) e sobrepeso 7
(19,4%), já na escola E foram classificados como desnutrição 1 (4,2%), risco
nutricional 4 (16,7%) sobrepeso 4 (16,7) e um único adolescente classificado com
obesidade (4,2%). Em um estudo realizado no Município de Capão da Canoa, Suñe
et al.(14), encontrou uma prevalência de sobrepeso de 21,3%, e de obesidade
3,5%.Neste mesmo estudo foi comparado os índices de sobrepeso e obesidade em
escolas Estaduais, Municipais e Particulares, o qual foi encontrado valores de
(17,1%), (25,7%) e (39,2%) respectivamente.
A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2002-2003),revelou que o
excesso de peso entre os indivíduos de 12 a 14 anos do sexo masculino foi de
18,4%, e de 16,6% no sexo feminino. (15)
A escola particular tem uma faixa maior de renda, 5 a 10 salários mínimos
(47,2%) enquanto a prevalência da escola estadual é de 2 a 4 salários mínimos
(33,3%).
Tabela 1 – Características demográficas e socioculturais de escolares (n=60) da rede pública e
privada de ensino. Curitiba, Pr, 2010
Características
N
%
N
%
N
%
Total
Escola A
Escola E
Escola
A
36
60,0%
E
24
40,0%
Idade (anos)
10
13
21,7%
5
13,9%
8
33,3%
11
21
35,0%
8
22,2%
13
54,2%
12
13
21,7%
11
30,6%
2
8,3%
13
8
13,3%
7
19,4%
1
4,2%
14
5
8,30%
5
13,9%
0
0%
Sexo
Feminino
42
70,0%
28
77,8%
14
58,3%
Masculino
18
30,0%
8
22,2%
10
41,7%
Renda
Até 2 SLM
18
30,0%
4
11,1%
14
58,3%
2 a 4 SLM
16
26,7%
8
22,2%
8
33,3%
5 a 10 SLM
19
31,7%
17
47,2%
2
8,3%
Mais 10 SLM
7
11,7%
7
19,4%
0
0%
Estado Nutricional
Desnutrição
3
5,00%
2
5,6%
1
4,2%
Risco Nutricional
9
15,0%
5
13,9%
4
16,7%
Eutrofia
36
60,0%
22
61,1%
14
58,3%
Sobrepeso
11
18,3%
7
19,4%
4
16,7%
Obesidade
1
1,70%
0
0%
1
4,2%
*SLM- Salário Mínimo
*A – Escola Particular
*E – Escola Estadual
Na Tabela 2, estão descritas as características antropométricas dos alunos
comparando o total com a escola A e a escola E, observa-se que as médias de
ambas as escolas com o total estão próximas em todos os índices estudados.
Vale ressaltar que a média de horas em frente à TV, dos alunos de ambas as
escolas é menor do que 4 horas, porém o tempo máximo foi de 8 horas. Um estudo
realizado por Suñe et al.(14), constatou uma prevalência de sobrepeso ou obesidade
de 31,4% em escolares que permaneciam mais de 4 horas e meia em conduta
sedentária. Um outro estudo realizado por Monteiro et al
(16)
. Constatou que o risco
de obesidade foi pelo menos a metade nos que assistiam à televisão por até 4 horas
diárias, quando comparados com os que assistiam à televisão por 5 horas ou mais.
Observou-se que a média de IMC entre as duas escolas foram próximas,
escola A (19,1kg/m²) e escola E (18,2kg/m²).
Tabela 2 – Características antropométricas e culturais dos adolescentes, Curitiba – Pr
Total
Escola A
Escola E
Mín.
Máx.
Altura
1,29
1,70
Idade
10
14
IMC
13,84
27,99
Peso
23,8
80,9
1
8
Horas TV
Refeição/
2
dia
*Escola A – Particular
*Escola E – Estadual
6
Média
1,5 +
0,1012
11,5+
1,2142
18,7+
3,1878
43 +
11,5115
3,6 +
1,7560
3,9 +
0,9382
Mín.
Máx.
1,32
1,70
10
14
13,89
27,99
26,4
80,9
1
7
2
6
Média
1,54+
0,0905
11,9+
1,2532
19,1 +
3,3773
46+
11,7615
3,5 +
1,8439
3,9 +
0,7741
Mín.
Máx.
Média
1,29
1,61
10
13
13,84
26,04
23,8
65,1
2
8
2
6
1,4 +
0,8610
10,8 +
0,7614
18,2 +
2,8722
38,4 +
9,6433
3,8 +
1,6330
3,9 +
1,1602
De acordo com Albano & Souza (17), a prevalência de sobrepeso ou obesidade
em uma escola pública de São Paulo alcançou valores de 32,5% em meninos e
26,5% em meninas. Já Souza-Leão et al.(18) Encontraram uma prevalência de
obesidade de 15,8% em escolares de Salvador, Bahia.
Na tabela 3 , estão descritas as freqüências dos dados socioculturais dos
alunos de ambas as escolas e do total. Observa-se que a escola A teve um numero
maior de adolescentes que referiram história familiar positiva para obesidade 17
(47,2%) e que ficavam sozinhos em casa 10 (27,8%). Já na escola E houve um
maior numero de adolescentes que afirmaram praticar atividades físicas 19 (79,2%)
este número elevado pode ter se dado pelo não entendimento da questão dos
alunos da escola particular já que foi considerado também as atividades praticadas
durante a matéria curricular de Educação Física, que em ambas as escolas ocorrem
3 vezes na semana, ou estes alunos que responderam que não praticavam
atividades físicas, realmente não às praticam nem durante as aulas.
Tabela 3 – Frequencias dos dados socioculturais. Curitiba-Pr.
Escola A
Escola E
Sim
Não
Sim
Não
N
%
N
%
N
%
N
%
Faz
Refeições
Sozinho?
Obesidade
na Família
Fica
Sozinho
em Casa?
Pratica
Atividade
Física?
Total
Sim
N
%
N
Não
%
13
36,1
23
63,9
11
45,8
13
54,2
24
40
36
60
17
47,2
19
52,8
9
37,5
15
62,5
26
43,3
34
56,7
10
27,8
26
72,2
4
16,7
20
83,3
14
23,3
46
76,7
25
69,4
11
30,6
19
79,2
5
20,8
44
73,3
6
26,7
Na tabela 4 estão descritas as análises estatísticas dos dados, sendo
comparado o estado nutricional com outras variáveis relevantes. Após as análises
estatísticas não foi possível verificar qualquer associação positiva entre as variáveis
estudadas o que pode estar relacionada com o tamanho da amostra.
Já Suñé et al.(14) encontrou associação positiva entre a prevalência de
sobrepeso e obesidade e o tempo de conduta sedentária, e a prática de atividade
física. Um estudo realizado no município de Bombinhas (SC), ao avaliar escolares e
adolescentes matriculados na rede estadual do município verificou-se que 85% eram
eutróficos, 12% apresentavam sobrepeso e 3% desnutrição (19).
Tabela 4 – Análises Estatísticas do Estado Nutricional Dos Alunos. Curitiba-Pr.
Estado Nutricional
Horas de Tv
0,3521
Ns
Faz Refeições Sozinho?
0,7891
Ns
Idade
0,6991
Ns
Obesidade Na Família
0,1692
Ns
Permanece Sozinho
0,7469
Ns
Pratica Atividade Fisica?
0,9526
Ns
Quantas Refeições
0,4843
Ns
Faz/Dia?
Renda
0,2967
Ns
Sexo
0,7374
Ns
No estudo realizado por Suñé et al.(14), pode-se observar que a prevalência de
obesidade e sobrepeso nas escolas públicas foi menor que nas escolas particulares.
Souza-Leão et al.(17) Também encontrou resultados semelhantes quanto à
prevalecia de obesidade e sobrepeso de 30% em escolas particulares e 8% em
escolas públicas de Salvador, Bahia.
Em um estudo transversal realizado em adolescentes escolares no Rio de
Janeiro também não encontrou associação significativa entro o sobrepeso e a
atividade física(20).
Na tabela 5 estão descritas a freqüência alimentar dos adolescentes, é
preocupante o numero de adolescentes da escola estadual que não optaram por
nenhuma resposta em alguns alimentos como: embutidos, bolachas, ovos, frutas.
Vale Ressaltar que com exceção da opção Arroz (88,9%) todos os outros alimentos
contidos na freqüência obtiveram maiores valores diários na escola E em
comparação com a escola A, inclusive alimentos de baixo valor nutricional como: os
refrigerantes, doces, fast food, salgadinhos, etc. Entretanto, estes mesmos
adolescentes que afirmam ingerir alimentos de baixo valor nutricional, são também
os que consomem em maior quantidade frutas, legumes, verduras e leite.
Tabela 5 – Frequência Alimentar de Escolares. Curitiba – Pr.
Diário
2-3x/Sem
1x/Sem
Quinzenal
ESCOLA
A
E
A
E
A
E
A
Mensal
E
A
Nunca
E
A
E
Não
Optou
A
E
%
Arroz
88,9
83,3
2,8
4,2
8,3
4,2
0
4,2
0
4,2
0
0
0
0
Feijão
55,6
79,2
16,7
8,3
16,7
8,3
5,6
4,3
5,6
0
0
0
0
0
Macarrão
5,6
41,7
50
16,7
19,4
25
16,7
0
5,6
0
2,8
4,2
0
12,5
Pão
52,8
95,8
5,6
0
27,8
4,2
5,6
0
2,8
0
5,6
0
0
0
Margarina
25
70,8
16,7
8,3
25
8,3
2,8
0
11,1
0
19,4
12,5
0
0
Maionese
11,1
41,7
16,7
8,3
27,8
20,8
16,7
0
5,6
0
22,2
12,5
0
16,7
Fritura
22,2
54,2
13,9
8,3
36,1
29,2
8,3
0
11,1
0
5,6
4,2
2,8
4,2
Carne
61,1
70,8
8,3
8,3
30,6
16,7
0
0
0
0
0
4,2
0
0
Frango
22,2
41,7
38,9
4,2
27,8
41,7
8,3
0
0
0
2,8
0
0
12,5
Peixe
0
20,8
27,8
16,7
8,3
25
22,2
4,2
25
0
16,7
16,7
0
16,7
Pizza
8,3
33,3
44,4
25
13,9
12,5
16,7
4,2
11,1
20,8
2,8
0
2,8
4,2
Fast Food
2,8
25
25
4,2
5,6
16,7
11,1
12,5
25
12,5
25
16,7
5,6
12,5
Bolachas
27,8
62,5
16,7
8,3
36,1
20,8
8,3
0
8,3
4,2
0
0
2,8
4,2
Embutidos
11,1
25
22,2
8,3
25
20,8
11,1
8,3
13,9
0
13,9
8,3
2,8
29,2
Ovos
2,8
29,2
36,1
16,7
11,1
29,2
16,7
4,2
16,7
0
16,7
8,3
0
12,5
Frutas
38,9
62,5
16,7
4,2
30,6
16,7
5,6
0
2,8
0
2,8
4,2
2,8
12,5
Verduras/
38,9
50
16,7
8,3
13,9
25
5,6
0
2,8
0
22,2
8,3
0
8,3
Leite
63,9
83,3
8,3
0
13,9
12,5
0
0
5,6
0
8,3
4,2
0
0
Bolos
19,4
41,7
27,8
20,8
13,9
29,2
25
4,2
11,1
4,2
0
0
2,8
0
Queijos
19,4
50
16,7
8,3
25
29,2
8,3
0
16,7
0
5,6
4,2
8,3
8,3
Doces
34,3
66,7
22,9
12,5
28,6
12,5
11,4
0
0
0
2,9
0
0
8,3
Refrigerante
38,9
41,7
13,9
20,8
36,1
37,5
8,3
0
2,8
0
0
0
0
0
Suco
44,4
83,3
13,9
8,3
19,4
4,2
5,6
0
2,8
0
11,1
4,2
2,8
0
Salgadinho
11,1
29,2
36,1
16,7
11,1
29,2
16,7
4,1
16,7
12,5
5,6
0
2,8
8,3
Macarrão
13,9
50
30,6
8,3
25
12,5
8,3
4,2
13,9
4,2
8,3
16,7
0
4,2
Vermelha
Legumes
Artificial
Instantâneo
*A – Escola Particular
*E – Escola Estadual
Ou seja os adolescentes da escola estadual apesar de afirmarem ingerir mais
alimentos de baixo valor nutricional, ingerem maior quantidade de alimentos
saudáveis, em relação aos adolescentes da escola particular que balancearam mais
sua alimentação na freqüência entretanto ingerem menos alimentos considerados
saudáveis como: frutas, verduras, legumes, leite e peixe.
CONCLUSÂO
O presente estudo permitiu avaliar o estado nutricional dos adolescentes das
referidas escolas, e comparar com os possíveis agravantes dos índices de
sobrepeso e obesidade. Podem verificar-se a prevalência de eutrofia (60%) entre os
adolescentes de ambas as escolas, entretanto na escola particular há um numero
elevado de adolescentes em risco nutricional e/ou desnutrição 7 (19,5%), e na
escola estadual um numero elevado de sobrepeso e/ou obesidade 5 (20,9%).
Diante do que foi observado no estudo, avaliando a qualidade de vida e da
alimentação dos adolescentes, as escolas podem interferir nesses parâmetros de
sobrepeso e obesidade, já que estes adolescentes permanecem parte do seu dia na
escola, fazem uma ou mais refeições no local comendo muitas vezes alimentos de
baixo valor nutricional ou não.
Estas escolas podem através da promoção e
desenvolvimento de atividades complementares de orientação levar conhecimento
aos alunos durante o período de aula, sobre a importância de manter uma vida
saudável, com alimentação balanceada e atividades físicas, e assim também tornálos multiplicadores, principalmente, junto a sua família, destes bons hábitos
alimentares.
REFERÊNCIAS
1. (BR), Ministério da Saúde. Programa de Prevenção da Gravidez Precoce. BrasíliaDF : s.n., 1999.
2. Spear, B. A. Nutrição na adolescência. In: MAHAN, L.K.; ESCOTT-STUMP, S.
Krause: Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. 12ª ed., São Paulo: Roca, 2010.
3. Vitolo, Márcia Regina. Nutrição da Gestação ao Envelhecimento. Rio de Janeiro :
Rubio, 2008.
4. Carrazza, Francisco R. e Marcondes, Eduardo. Nutrição Clínica em Pediatria. São
Paulo : SARVIER, 1991. pp. 154 - 159.
5. (WHO) World Health, Obesity Preventing and Manegeng the Global Epidemic:
REport of a WHO Consulation of Obesity. Organization,. Geneva : s.n., 1998.
6. Consenso Latino - Americano de Obesidade (Versão Resumida). Coutinho,
Walmir. Rio de Janeiro : s.n., 1999, Arq. bras. endocrinol. metab.
7. Frutoso, M.F.P, Bismarck-Nasr, E.M. e Gambardella, A.M.D. 3, Redução do
dispêndio energético e excesso de peso corporal em adolescêntes., 2003, Revista
de Nutrição, Vol. 16, pp. 257-263.
8. Fisberg, M et al. Hábitos Alimentares na Adolescência. Pediatria Mod., São Paulo,
v.36, n.11, p. 724 – 734. Nov. 2000.
9. Zancul, Mariana de Senzi e Dal Fabbro, Amaury Lelis. 2,
Avaliação
Antropométrica de Adolescentes em Ribeirão Preto (SP). Ribeirão Preto : s.n., 2005,
Vol. 16, pp. 117 - 121.
10. (WHO), World Health Organization. Diet, nutrition, and the prevention of chronic
diseases. Genebra : s.n., 2003.
11. Organização Pan-americana da Saúde (PAHO), Enfoques Populacionais e
Individuais da Prevenção e Tratamento de Diabetes e Obesidade, 48º Conselho
Diretor, 60º Sessão o Comitê Regional. Washington, D.C., 2008. Disponível em URL:
<http://www.paho.org/portuguese/gov/cd/CD48-06-p.pdf>.
12. Organização Pan-americana da Saúde (PAHO) Dieta, Nutrição e Atividade
Física, 132ª Sessão do Comitê Executivo. Washington, D.C., 2003. Disponível em
URL:
<
HYPERLINK
"http://www.paho.org/portuguese/GOV/CE/ce132-21-p.pdf"
www.paho.org/portuguese/GOV/CE/ce132-21-p.pdf >.
13. Ministério da Saúde (BR), Cadernos de Atenção Básica nº 12 – Obesidade.
Brasília DF, 2006.
14. Suñé, F.R.; Dias-da-Costa, J.S; Olinto, M.T.A; Pattussi, M.P. 2007, Prevalência
e fatores associados para sobrepeso e obesidade em escolares de uma cidade no
Sul do Brasil., Caderno de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(6):1361-1371.
15.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos
familiares 2002-2003. Antropometria e análise do estado nutricional de crianças e
adolescentes no Brasil. < HTTP://www.ibge.gov.br > (acessado em 20/abril/2010).
16. Monteiro P, Victora C, Barros F. Fatores de risco sociais, familiares e
comportamentais para obesidade em adolescentes. Rev Panam Salud Publica.
2004;16(4):250-8.
17. Albano RD, Souza SB. Estado nutricional de adolescentes: “risco de sobrepeso”
e “sobrepeso” em uma escola pública do Município de São Paulo. Cad Saúde
Pública 2001, 17:941-7.
18.
Souza-Leão LSCD, Araújo LMB, Pimenta-de-Moraes LTL, Assis AM.
Prevalência de obesidade em escolares de Salvador, Bahia. Arq. BRas. Endocrinol
Metabol 2003; 47:151-7.
19. Grillo LP; Klitzker CA; Campos IC, Mezadri T. Riscos Nutricionais de Escolares
Pertencentes a Famílias de Baixa Renda Do Litoral Catarinense. Texto Contexto
Enferm, Florianópolis, 2005;14(Esp.):17-23.
20.
Fonseca VM, Sichieri R, Veiga GV. Fatores associados à obesidade em
adolescentes. Ver Saúde Publica. 1998;32(6):541-9.
Download

ARTIGO ORIGINAL RISCOS NUTRICIONAIS DE