FACULDADE CATÓLICA DO TOCANTINS
CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL
ESTUDO DE CASO: GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS PROVENIENTES DO
SETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO
TOCANTINS
WILSON GONÇALVES RAMOS NETO 1
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para
obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão Ambiental da
Faculdade Católica do Tocantins - FACTO. Acadêmico:
Wilson Gonçalves Ramos Neto. Orientador: MSc.
Flávio Augustus da Mota Pacheco. Co-Orientadora: Drª.
Elizabeth Rodrigues Brito Ibrahim.
Palmas – TO
2009
1
Acadêmico do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins – FACTO.
Contato: [email protected].
FACUL ESTUDO DE CASO: GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS
PROVENIENTES DO SETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS
Wilson Gonçalves Ramos Neto
RESUMO
Este trabalho de conclusão de curso tem como principal objetivo caracterizar os
procedimentos utilizados quanto o gerenciamento dos resíduos de informática provenientes do
setor de tecnologia da informação da Universidade Federal do Tocantins, expondo e
levantando potenciais problemáticas neste processo. Os resultados do trabalho levam a
reflexão no sentido de aprimoramento dos processos no que tange a conservação ambiental.
Palavras-chave: caracterizar, tecnologia, informação.
ABSTRACT
This conclusion of course work is to characterize the objective procedures used in the
management of waste from the IT sector of information technology at the Federal University
of Tocantins, exposing and raising potential issues in this process. The results of the work
leads to reflection to improve the processes with regard to environmental conservation.
Keywords: characterization, technology, information.
Palmas – TO
2009
2
1. INTRODUÇÃO
As causas dos problemas ambientais estão na tendência do homem a mecanização,
no contínuo crescimento da população e na produção de alimentos (FELLENBERG, 2006).
De acordo com a Organização das Nações Unidas – ONU (2009), até julho de 2009 a
população mundial alcançará a marca dos 6.7 bilhões de habitantes e estudos prevêem que
este valor aumente para 9.2 bilhões até 2050 causando grandes pressões no planeta.
Pode-se afirmar hoje que o caminho à sustentabilidade dos sistemas
antropocêntricos está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento de novas tecnologias, e esta,
amarradas à informatização dos processos. Neste contexto surge o termo “tecnologia da
informação – TI” que consiste no conjunto de atividades e soluções providas por recursos de
computação (ALECRIM, 2004).
No entanto, a exponencial popularização dos produtos tecnológicos vem
caracterizando um grave problema ambiental, o lixo eletrônico ou resíduos de TI – RTI, assim
chamados os resíduos provenientes da obsolescência cada vez mais precoce de equipamentos
eletro-eletrônicos como computadores, celulares e televisores. De acordo com o CONAMA –
Conselho Nacional do Meio Ambiente (2008) os RTI são classificados como perigosos por
conter em sua composição substâncias físico/químicas prejudiciais a saúde humana tais como
chumbo, cádmio e mercúrio. Além de metais nobres como ouro, prata e cobre. Fonseca
(2008) aponta que atualmente o lixo eletrônico compõe 5% dos resíduos sólidos do mundo.
Mattos (2001) aborda que por razões econômicas, grande parte destes resíduos
gerados principalmente nos países industrializados passou a ser transportados para países em
desenvolvimento, em especial para o continente Asiático, onde os custos para disposição final
são expressivamente inferiores, transformando estes países em grandes depósitos de lixo
tóxico.
Surge então o fenômeno denominado “Mineração Urbana”, onde famílias inteiras
trabalham na triagem destes materiais em condições sub-humana e em contato direto com
substâncias tóxicas que podem levar a morte (ANDEUZA, 2008).
Com o objetivo de normalizar a atividade e reduzir o assédio sofrido pelos países
emergentes Mattos (2001) aponta que em março de 1988 na cidade de Basiléia, Suíça, 105
países e a Comunidade Européia assinaram a Convenção de Basiléia para o Controle dos
Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos, entrando em vigor em março de 1992.
A partir deste marco passaram a surgir inúmeras iniciativas relacionadas ao tema. A União
Européia possui legislação específica que trata do assunto em questão: Diretiva RoHS
(Restriction of Certain Hazardous Substances ou Restrição de Certas Substâncias Perigosas)
que proíbe que substâncias específicas consideradas nocivas ao meio ambiente e ao homem
sejam usadas no processo de fabricação de produtos, e WEEE (Waste from Eletrical and
Eletronic Equipament ou Resíduos de Equipamentos Eletro-eletrônicos) que restringe o uso
de substâncias tóxicas na fabricação de equipamentos eletroeletrônicos e impões obrigações
em relação a reciclagem. Ambas em vigor desde julho de 2006.
No Brasil, o CONAMA (2008) através de Resolução específica estabelece limites
para a utilização de componentes tóxicos na fabricação, comercialização e importação de
pilhas e baterias como também critérios e padrões para o gerenciamento destes resíduos tais
como reutilização, reciclagem e tratamento ambientalmente adequado. No Congresso
Nacional encontra-se em tramitação desde setembro de 2006 o Projeto de Lei que Institui a
Política Nacional de Resíduos Sólidos no país.
Considerando que o mundo hoje vive apenas o principio da revolução tecnológica,
onde tudo e todos serão geridos pelos recursos advindos da tecnologia da informação, a
preocupação com este tema, TI, torna-se imprescindível, pois fica explicito, mais uma vez, a
3
importância de se estabelecer maior harmonia entre os sistemas antropocêntricos e meio
ambiente.
Neste sentido este trabalho tem por objetivo descrever os atuais procedimentos
quanto ao gerenciamento dos resíduos provenientes do setor de TI da Universidade Federal do
Tocantins – UFT, uma instituição federal, que tem como missão promover o desenvolvimento
sustentável da Amazônia.
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Resíduos Sólidos
De acordo com a ABNT/NBR 10004 (2004), resíduos sólidos – RS são restos das
atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis,
podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível
de tratamento convencional. Já o manual da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDU
(2001) define RS como toda matéria sólida ou semi-sólida indesejável e que necessita ser
removida por ter sido considerada inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente
destinado a este ato.
Existem várias formas para se classificar os RS, os meios mais comuns são quanto
aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente onde são classificados em três
classes: classe I - perigosos, classe II - não-inertes e classe III – inertes, e quanto à natureza ou
origem: doméstico, comercial, público, especial, etc (ABNT, 2001).
2.2 Resíduos de Tecnologia da Informação – RTI
No Brasil, a Resolução CONAMA 401 (2008) estabelece os limites máximos de
chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e
define critérios para o seu gerenciamento ambientalmente adequado. Pilhas e Baterias são
classificadas como lixo de classe I – perigosos. Os RTI, embora ainda não citados na
legislação vigente, possuem as mesmas substâncias tóxicas encontradas nas pilhas e baterias.
Tais substâncias causam impactos negativos sobre o meio ambiente, em especial ao homem,
conforme se verifica na Tabela 01.
Tabela 01: Potencial poluidor dos elementos químicos utilizados em pilhas e baterias.
Fonte: SEDU/IBAM (2001).
Potencial poluidor dos elementos químicos utilizados em pilhas e baterias
ELEMENTO
EFEITO SOBRE O HOMEM
* dores abdomnais (cólica, espasmo e rigidez)
Pb
* disfunção renal
Chumbo¹
* anemia, problemas pulmonares
* neurite periférica (paralisia)
* encefalopatia (conalência, manias, delírio, convulções e coma)
* gengivite, salivação, diarréia (com sangramento)
Hg
* dores abdominais (especialmente epigástrio, vômitos, gosto metálico)
Mercúrio
* congestão, impaciência, indigestão
* dermatite, e elevação da pressão arterial
* estomatites (inflamação da mucosa da boca), ulceração da faringe e d
esôfago,
4
Cd
Cádmio¹
Ni
Níquel
Ag
Prata
Li
Lítio
Mn
Manganês
Zn
Zinco
lesões renais e no tubo digestivo
* insônia, dores de cabeça, colapso, delírio, convulsões
* lesões cerebrais e neurológicas provocando desordens psicológicas
afetando o
cérebro
* manifestações digestivas (náusea, vômito, diarréia)
* disfunção renal
* problemas pulmonares
* envenenamento (quando ingerido)
* pneumonite (quando inalado)
* câncer (o cádmio é carcinogênico)
* câncer (o níquel é carcinogênico)
* dermatite
* intoxicação em geral
* distúrbios digestivos e impregnação da boca pelo metal
* argiria (intoxicação crônica) provocada pela coloração azulada da pele
* morte
* inalação - ocorrerá lesão mesmo com pronto atendimento
* ingestão - mínima lesão residual, se nenhum tratamento for aplicado
* disfunção do sistema neurológico
* afeta o cérebro
* gagueira e insônia
* problemas pulmonares
* pode causar lesão residual, a menos que seja dado atendimento imediato
* contato com os olhos - lesão grave mesmo com pronto atendimento
¹ Mesmo em pequenas quantidades.
Além dos elementos citados na tabela acima, os RTI possuem ainda em sua
composição o plástico Policloreto de vinilo – PVC que se queimado e inalado pode causar
problemas respiratórios, o Cromo hexavalente que produz efeitos corrosivos no aparelho
Dispostos de forma inadequada no meio ambiente, estes elementos contaminam o
solo, lençóis freáticos e cursos hídricos, quando queimados emitem substâncias altamente
tóxicas para a atmosfera.
A Figura 1, desenvolvida pelo GRID (Global Resource Information Database –
Banco de dados de informações sobre recursos), um centro do UNEP (United National
Environment Programme – Programa para o meio ambiente das Nações Unidas), mostra a
distribuição da porcentagem representada por cada tipo de resíduo dentro da composição lixoeletrônico.
2.3 Políticas de TI Verde
O termo TI Verde surgiu devido à crescente preocupação ambiental por parte dos
usuários de equipamentos e serviços tecnológico que, considerando a atual situação do planeta
e perspectivas para o futuro, passaram a dar preferência por produtos ecologicamente
corretos. Isto obriga as empresas a adotarem novos conceitos e investirem em novas
tecnologias que favoreçam de alguma forma o meio ambiente, seja na redução do consumo de
5
energia, redução na geração de resíduos, redução na utilização de componentes tóxicos na
composição dos produtos.
2.2 Política dos 3 Rs
A
sociedade atual é movida pelo
capitalismo que prima pelo consumismo e
desenvolvimento econômico a qualquer custo, o
consumo é constantemente estimulado e comumente
exagerado, não só na aquisição excessiva de produtos
supérfluos, como no excesso de embalagens de muitos
produtos. Tudo isso contribui para uma excessiva
acumulação de resíduos. Na indústria, o uso de novas
tecnologias no processo de fabricação geralmente
reduz a produção de lixo. Além destes processos
beneficiarem o ambiente, muitas vezes reduzem o
tempo e os custos de produção, apesar de geralmente
implicarem em um maior investimento inicial.
A redução é a melhor forma de diminuir os
efeitos negativos no ambiente e é conseguida através
da diminuição de resíduos pela indústria, pela
utilização de materiais de maior vida útil e pela adoção
de novos processos tecnológicos menos poluentes. Os
consumidores, por seu lado, devem evitar consumos
desnecessários e incorporar hábitos ambientalmente
saudáveis. A reutilização é a utilização de um produto
mais de uma vez, não necessariamente para o mesmo
fim para o qual foi concebido, ampliando
consideravelmente a vida útil do produto. É necessário
que os materiais sejam sujeitos a uma separação na
origem, para poderem ser reciclados Leonard (2008).
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 01: Distribuição percentual
representada por cada tido de
resíduo dentro da composição
lixo-eletrônico no Mundo.
Fonte: EMPA (2006) Laboratório
Suíço para a pesquisa e teste de
materiais (em conformidade com
a diretiva WEEE da União
Européia).
Este trabalho de cunho científico foi elaborado
com base nas pesquisas exploratória, descritiva e estudo
de caso.
Segundo Rodrigues (2007) a pesquisa
exploratória é definida como a caracterização inicial do
problema, sua classificação e sua definição. Constitui o
primeiro estágio de toda pesquisa científica, tendo por
objetivo proporcionar maior familiaridade com o
problema, levantamento de bibliografia ou entrevistas além de pesquisas bibliográficas e
estudos de caso. Na pesquisa exploratória foram feitas consultas a livros das bibliotecas da
Faculdade Católica do Tocantins – FACTO, documentos da UFT, além de artigos, e-books,
periódicos e sites na internet.
De acordo com o site Wikipédia (2009) a pesquisa descritiva, tem por premissa
buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da observação, análise e
descrições objetivas, através de entrevistas com peritos para a padronização de técnicas e
validação de conteúdo. Os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e
6
interpretados, sem interferência do pesquisador. Nesta pesquisa foram entrevistados o diretor
do setor de TI, o diretor do setor de manutenção de equipamentos, além da coordenadora do
departamento de recursos humanos e coordenadora do setor de bens patrimoniais da UFT . O
objetivo foi obter informações pertinentes ao gerenciamento dos equipamentos de informática
dentro da universidade, descrever o caminho percorrido por eles até sua classificação como
inservível (RTI), acondicionamento e métodos para sua disposição final, além de dados para a
caracterização da Universidade e registros fotográficos a serem analisadas.
Para a coleta dos dados foi elaborado um roteiro de entrevista não-estruturado
focalizado que segundo BARROS (2007), busca conseguir a partir de um roteiro flexível de
itens e por meio da conversação, dados que possam ser utilizados em análise qualitativa,
considerando os aspectos mais relevantes da pesquisa.
Este estudo apresenta-se de forma a ser um estudo de caso por se tratar de um
aprofundamento de uma área específica em uma instituição de Ensino Federal. BARROS
(2007) levanta que o estudo de caso trata-se da pesquisa realizada pela avaliação de dados
coletados em documentos e depoimentos orais registrados pelo pesquisador ou pelo próprio
entrevistado.
5. ANALISE DOS RESULTADOS
5.1. A Universidade
A Universidade Federal do Tocantins – UFT trata-se de uma instituição multicampi, são sete pólos no Estado, localizados nas cidades de Tocantinópolis, Araguaína,
Miracema, Palmas, Porto Nacional, Gurupi e Arraias. A instituição foi criada em 2004 e
atualmente conta com 1.633 colaboradores. Em seus seis anos a UFT primou pela
informatização de seus processos reduzindo gastos e principalmente, otimizando o tempo de
seus colaboradores provendo serviços de TI de alta performance centralizando e organizando
as informações institucionais. Assim foi criada a Diretoria de Tecnologia da Informação –
DTI, responsável pelas políticas internas e atendimento da demanda de serviços referentes à
área de TI.
5.2 Políticas Institucionais
De acordo com o Diretor de TI, o departamento adota alguns conceito de TI
Verde, que consiste no desenvolvimento e implementação de tecnologias ambientalmente
corretas. Um exemplo é a virtualização dos servidores: antes eram necessários vários
computadores para prover determinados serviços, com a virtualização estes serviços são
centralizados e melhor distribuídos entre os equipamentos, reduzindo drasticamente a
aquisição de novos equipamentos. Assim possibilitando, uma economia de energia de até
80%, otimização do espaço e redução de gastos na aquisição de novos equipamentos. Tudo
isso reflete em ganho econômico para a instituição, reduz a supressão dos recursos naturais e
gerando menos resíduos.
5.2 O gerenciamento dos RTI
Segunda dados do Setor de Patrimônio, hoje a UFT possui registrados em seus
bens patrimoniais exatos 5.586 equipamentos de informática entre notebooks, monitores,
cpus, impressoras, no-breaks, estabilizadores, scanners, webcams, etc.
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A seguir, a Figura 02 mostra o caminho que os equipamentos percorrem dentro da
universidade, desde o período em que estão em uso até o momento em que são classificados
como inservíveis para instituição e dispostos para o desfazimento.
Figura 02: Percurso do equipamento até serem descartados.
Fonte: Diretoria de Tecnologia da Informação – DTI (2009).
Legenda:
1 Usuário: usuário do Equipamento de TI.
2 Suporte TI: equipe de atendimento ao usuário.
3 NUMPE: setor de manutenção de equipamentos.
4 SEPAT: setor de controle de bens patrimoniais.
Hardware: defeito físico no equipamento (troca de peça ou obsolescência).
Software: instalação de programas, remoção de vírus, recuperação de arquivos, etc.
Estrutural: falta de energia, queda dos serviços providos como e-mail, portal do professor,
internet, etc.
Usuário: incapacidade para utilizar o equipamento e seus recursos.
DLSG: Departamento de Logística e Serviços gerais do Ministério do planejamento,
orçamento e gestão.
Doação: Procede a doação para instituições sem fins lucrativos ou e/ou de interesse público.
Descarte: Procede a descarte para catadores em geral.
Demais Campi: Campus Universitário de Tocantinópolis, Araguaína, Miracema, Porto
Nacional, Gurupi e Arraias.
Disposição Final: Aguardando envio para doação ou descarte
Partindo do Usuário, todos os problemas passam primeiramente pela equipe
Suporte TI que resolve o problema e retorna ao usuário, exceto nos casos de Hardware,
quando então é encaminhado para o NUMPE, onde o equipamento passa por manutenção,
após o consertado retorna ao Suporte TI que o encaminha de volta para o Usuário. Caso o
NUMPE não solucione o problema, o equipamento é então declarado como inservível pelo
departamento, que por sua vez o envia para o SEPAT que toma os procedimentos cabíveis
para o seu desfazimento.
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O Diretor do NUMPE explica que quando o equipamento chaga ao departamento
este passa por uma “consulta” e recebe um diagnóstico que identifica qual é exatamente o
problema e o custo do conserto, caso o valor para conserto exceda 50% do valor de mercado
do equipamento este é automaticamente declarado inservível para a instituição sendo então
retiradas do equipamento todas as peças úteis na manutenção e conserto de outros
equipamentos. “Não desperdiçamos nada que de alguma forma possa ser reaproveitado”
afirmou o Diretor do NUMPE. Estes procedimentos seguem o Regulamento SAP – Sistema
de Administração Patrimonial da UFT.
Figura 03: Local de armazenamento dos RTI
Fonte: Wilson G. R. Neto
Figura 04: Detalhe de monitores e
Cpus declarados inservíveis.
Fonte: Wilson G. R. Neto
A coordenadora do SEPAT explica que seguindo o DECRETO Nº 99.658/90
anualmente são relacionados todos os equipamentos considerados inservíveis para a UFT, esta
lista é encaminhada ao DLSG, este departamento tem 30 dias para manifestar interesse pelos
equipamentos e remanejá-los para outras instituições. Em caso de não manifestação pelo
DLSG os equipamentos ficam automaticamente disponíveis para doação ou descarte.
“Estes equipamentos agora classificados como RTI ficam acondicionados em
ambiente impróprio devido a falta de espaço nos prédios, aguardando manifestação de
potenciais receptores seja instituições filantrópicas ou de interesse público”. Figuras 03 e 04.
O Diretor do NUMPE levanta ainda que pilhas, baterias, no-breaks e estabilizadores, quando
declarados inservíveis são imediatamente retirados da instituição por catadores da região.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a preocupação internacional a Legislação União Européia, como já
levantado, elaborou duas diretivas:
- RoHS, que proíbe que certas substâncias perigosas sejam usadas em processos
de fabricação de produtos, são eles: cádmio, mercúrio, cromo hexavelente, bifenilos
polibromados, éteres difenil-polibromados e chumbo. Esta diretiva proíbe a comercialização
de produtos contendo estes componentes. Computadores condicionados à Diretiva RoHS
possuem em seus registros do sistema “Declaração de Conformidade RoHS”.
- WEEE, que define o descarte e programa nacional de coleta adequados de
equipamentos pelos produtores, cobrindo todos os equipamentos elétricos e eletrônicos
usados.
9
Esta iniciativa foi imprescindível para lançar no ar a importância da existência de
legislação específica que trate dos resíduos sólidos, em especial, do lixo tecnológico
considerado altamente tóxico.
A Universidade Federal do Tocantins através da Diretoria de TI concorda que a
instituição esta apenas no princípio no que tange a implementação de políticas
ambientalmente corretas como o conceito de TI Verde. Foi colocado pelo Diretor de TI que
um dos principais entraves para “surfar nessa onda” é devido a legislação vigente que rege a
aquisição de materiais no âmbito da administração pública, uma vez que a principal Lei para
aquisição de materiais Lei nº 8.666/93 reza em seu artigo 3º que todas as compras serão
regidas pelos princípios da administração pública para a seleção da proposta mais vantajosa, o
problema é que este procedimento não leva em consideração princípios que visem a redução
dos impactos ambientais advindos das aquisições dos setores de TI.
Como solução para esta problemática está em tramitação no Congresso Nacional
o Projeto de Lei que Institui a Política de Resíduos Sólidos no País, a qual em seu artigo 2º
estabelece critérios quanto o procedimento para aquisição de materiais e disposição final dos
resíduos das instituições federais.
Segundo a coordenadora do SEPAT muitas instituições procuram a UFT com o
objetivo de receber as doações mesmo se tratando de RTI, no entanto, poucas conseguem
cumprir os procedimentos burocráticos exigidos pela UFT.
Algumas instituições inclusive de ensino superior como é a caso da Universidade
de São Paulo – USP encontra-se mais avançada no que tange a sustentabilidade em TI.
Juntamente com o MIT – Instituto Tecnológico de Massachusetts, a USP vem desenvolvendo
o Centro de Reutilização, Descarte Sustentável e Reciclagem de Lixo Eletrônico dentro da
USP, que objetiva fazer a separação ambiental, técnica e socialmente adequada destes
resíduos e posteriormente direcionando-os para reciclagem.
O Greenpeace criou o “Guia de Eletrônicos Verdes” Figura 05, que considerando
aspectos na produção e responsabilidade quanto a reciclagem destes, classifica numa espécie
de termômetro ambiental quais as empresas mais e menos comprometidas com a conservação
do planeta
Figura 05: Guia de Eletrônicos Verdes.
Fonte: www.greenpeace.com.
Diferentemente de instituições particulares que investem no meio ambiente
objetivando o crescimento dos lucros, as instituições federais seguem exclusivamente a
legislação vigente, as quais não demonstram preocupações relacionadas ao meio ambiente
como exposto pelo Diretor de TI da UFT.
10
Para que instituições como a UFT mudem sua posição em relação aos problemas
ambientais atualmente enfrentados o primeiro passo é rever as Leis pertinentes aos seus
processos e procedimentos como é o caso do Plano de Lei sobre Resíduos Sólidos onde
aponta que instituições no âmbito federal deveram adquirir equipamentos reciclados ou
recicláveis.
Este ainda é um passo realmente modesto para se alcançar os objetivos almejados.
Uma Auditoria Interna seguida da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental – SGA
dentro da UFT seria o ideal. Neste processo seriam levantados todos os problemas e
vantagens da instituição norteando um eficiente processo para tornar a UFT “Verde”.
Os recursos iniciais poderiam ser obtidos através da elaboração de projetos
buscando “investidores ambientais” no exterior.
11
7. REFERENCIAS
FELLENBERG, Gunter. Introdução aos problemas da poluição ambiental. Trad. Juergen H.
Maar, São Paulo, EPU, 5ª edição, 2007. 1-2 p.
ONU, Organização das Nações Unidas. Blog da Terra – População do mundo passará dos 9
bilhões em 2050. Disponível em <http://blogdaterra.com.br/2009/03/12/populacao-domundopassara-9-bilhoes-em-2050>. 12/03/2009. Acessado em 04/06/2009.
ALECRIM, Emerson. O que é tecnologia da informação. Disponível em
<http://www.infowester.com/col50804.php>. Publicado em 15/08/2004. Atualizado em
27/08/2008. Acesso em 31/05/2009.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução
nº. 401 de 04 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e
mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões
para seu gerenciamento ambientalmente adequado e dá outras providências. Disponível em
<http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/LivroConama.pdf>. 2ª Edição.
731-736 p. Acessado em 20 de maio de 2009.
FONSECA, Felipe. Alta tecnologia é altamente tóxica. Disponível em
<http://www.lixoeletronico.org/blog/alta-tecnologia-é-altamente-tóxica>. Publicado em
10/04/2008 às 18h47. Acessado em 31/05/2009.
MATTOS, Haroldo. Convenção de Basiléia. Disponível em
<http://www.brasilpnuma.org.br/pordentro/artigos_002.htm>. Publicado em 06/2001.
Acessado em 01/06/2009.
ANDUEZA, Felipe. Mineração Urbana: fenômenos e possibilidades. Disponível em
<http://www.lixoeletronico.org/blog/mineração-urbana-fenômeno-e-possibilidades>.
Publicado em 25/07/2008. Acessado em 01/06/2009.
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em 06/03/2009. Acessado em 01/06/2009.
BARROS, A. J. S.; LEHFELD, N. A. S. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo,
Pearson Education do Brasil LTDA, 3ª Edição, 2007. 105-117 p.
BRASIL. Secretaria de Desenvolvimento Humano & Instituto Brasileiro de Administração
Municipal. Gestão integrada de resíduos sólidos – Manual de gerenciamento integrado de
resíduos sólidos. 2001. 25-40 p.
12
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