FACULDADE CATÓLICA DO TOCANTINS CURSO DE TECNOLOGIA EM GESTÃO AMBIENTAL ESTUDO DE CASO: GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS PROVENIENTES DO SETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS WILSON GONÇALVES RAMOS NETO 1 Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de Tecnólogo em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins - FACTO. Acadêmico: Wilson Gonçalves Ramos Neto. Orientador: MSc. Flávio Augustus da Mota Pacheco. Co-Orientadora: Drª. Elizabeth Rodrigues Brito Ibrahim. Palmas – TO 2009 1 Acadêmico do curso de Tecnologia em Gestão Ambiental da Faculdade Católica do Tocantins – FACTO. Contato: [email protected]. FACUL ESTUDO DE CASO: GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS PROVENIENTES DO SETOR DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS Wilson Gonçalves Ramos Neto RESUMO Este trabalho de conclusão de curso tem como principal objetivo caracterizar os procedimentos utilizados quanto o gerenciamento dos resíduos de informática provenientes do setor de tecnologia da informação da Universidade Federal do Tocantins, expondo e levantando potenciais problemáticas neste processo. Os resultados do trabalho levam a reflexão no sentido de aprimoramento dos processos no que tange a conservação ambiental. Palavras-chave: caracterizar, tecnologia, informação. ABSTRACT This conclusion of course work is to characterize the objective procedures used in the management of waste from the IT sector of information technology at the Federal University of Tocantins, exposing and raising potential issues in this process. The results of the work leads to reflection to improve the processes with regard to environmental conservation. Keywords: characterization, technology, information. Palmas – TO 2009 2 1. INTRODUÇÃO As causas dos problemas ambientais estão na tendência do homem a mecanização, no contínuo crescimento da população e na produção de alimentos (FELLENBERG, 2006). De acordo com a Organização das Nações Unidas – ONU (2009), até julho de 2009 a população mundial alcançará a marca dos 6.7 bilhões de habitantes e estudos prevêem que este valor aumente para 9.2 bilhões até 2050 causando grandes pressões no planeta. Pode-se afirmar hoje que o caminho à sustentabilidade dos sistemas antropocêntricos está intrinsecamente ligado ao desenvolvimento de novas tecnologias, e esta, amarradas à informatização dos processos. Neste contexto surge o termo “tecnologia da informação – TI” que consiste no conjunto de atividades e soluções providas por recursos de computação (ALECRIM, 2004). No entanto, a exponencial popularização dos produtos tecnológicos vem caracterizando um grave problema ambiental, o lixo eletrônico ou resíduos de TI – RTI, assim chamados os resíduos provenientes da obsolescência cada vez mais precoce de equipamentos eletro-eletrônicos como computadores, celulares e televisores. De acordo com o CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente (2008) os RTI são classificados como perigosos por conter em sua composição substâncias físico/químicas prejudiciais a saúde humana tais como chumbo, cádmio e mercúrio. Além de metais nobres como ouro, prata e cobre. Fonseca (2008) aponta que atualmente o lixo eletrônico compõe 5% dos resíduos sólidos do mundo. Mattos (2001) aborda que por razões econômicas, grande parte destes resíduos gerados principalmente nos países industrializados passou a ser transportados para países em desenvolvimento, em especial para o continente Asiático, onde os custos para disposição final são expressivamente inferiores, transformando estes países em grandes depósitos de lixo tóxico. Surge então o fenômeno denominado “Mineração Urbana”, onde famílias inteiras trabalham na triagem destes materiais em condições sub-humana e em contato direto com substâncias tóxicas que podem levar a morte (ANDEUZA, 2008). Com o objetivo de normalizar a atividade e reduzir o assédio sofrido pelos países emergentes Mattos (2001) aponta que em março de 1988 na cidade de Basiléia, Suíça, 105 países e a Comunidade Européia assinaram a Convenção de Basiléia para o Controle dos Movimentos Transfronteiriços de Resíduos Perigosos, entrando em vigor em março de 1992. A partir deste marco passaram a surgir inúmeras iniciativas relacionadas ao tema. A União Européia possui legislação específica que trata do assunto em questão: Diretiva RoHS (Restriction of Certain Hazardous Substances ou Restrição de Certas Substâncias Perigosas) que proíbe que substâncias específicas consideradas nocivas ao meio ambiente e ao homem sejam usadas no processo de fabricação de produtos, e WEEE (Waste from Eletrical and Eletronic Equipament ou Resíduos de Equipamentos Eletro-eletrônicos) que restringe o uso de substâncias tóxicas na fabricação de equipamentos eletroeletrônicos e impões obrigações em relação a reciclagem. Ambas em vigor desde julho de 2006. No Brasil, o CONAMA (2008) através de Resolução específica estabelece limites para a utilização de componentes tóxicos na fabricação, comercialização e importação de pilhas e baterias como também critérios e padrões para o gerenciamento destes resíduos tais como reutilização, reciclagem e tratamento ambientalmente adequado. No Congresso Nacional encontra-se em tramitação desde setembro de 2006 o Projeto de Lei que Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos no país. Considerando que o mundo hoje vive apenas o principio da revolução tecnológica, onde tudo e todos serão geridos pelos recursos advindos da tecnologia da informação, a preocupação com este tema, TI, torna-se imprescindível, pois fica explicito, mais uma vez, a 3 importância de se estabelecer maior harmonia entre os sistemas antropocêntricos e meio ambiente. Neste sentido este trabalho tem por objetivo descrever os atuais procedimentos quanto ao gerenciamento dos resíduos provenientes do setor de TI da Universidade Federal do Tocantins – UFT, uma instituição federal, que tem como missão promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Resíduos Sólidos De acordo com a ABNT/NBR 10004 (2004), resíduos sólidos – RS são restos das atividades humanas, considerados pelos geradores como inúteis, indesejáveis ou descartáveis, podendo-se apresentar no estado sólido, semi-sólido ou líquido, desde que não seja passível de tratamento convencional. Já o manual da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDU (2001) define RS como toda matéria sólida ou semi-sólida indesejável e que necessita ser removida por ter sido considerada inútil por quem o descarta, em qualquer recipiente destinado a este ato. Existem várias formas para se classificar os RS, os meios mais comuns são quanto aos riscos potenciais de contaminação do meio ambiente onde são classificados em três classes: classe I - perigosos, classe II - não-inertes e classe III – inertes, e quanto à natureza ou origem: doméstico, comercial, público, especial, etc (ABNT, 2001). 2.2 Resíduos de Tecnologia da Informação – RTI No Brasil, a Resolução CONAMA 401 (2008) estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e define critérios para o seu gerenciamento ambientalmente adequado. Pilhas e Baterias são classificadas como lixo de classe I – perigosos. Os RTI, embora ainda não citados na legislação vigente, possuem as mesmas substâncias tóxicas encontradas nas pilhas e baterias. Tais substâncias causam impactos negativos sobre o meio ambiente, em especial ao homem, conforme se verifica na Tabela 01. Tabela 01: Potencial poluidor dos elementos químicos utilizados em pilhas e baterias. Fonte: SEDU/IBAM (2001). Potencial poluidor dos elementos químicos utilizados em pilhas e baterias ELEMENTO EFEITO SOBRE O HOMEM * dores abdomnais (cólica, espasmo e rigidez) Pb * disfunção renal Chumbo¹ * anemia, problemas pulmonares * neurite periférica (paralisia) * encefalopatia (conalência, manias, delírio, convulções e coma) * gengivite, salivação, diarréia (com sangramento) Hg * dores abdominais (especialmente epigástrio, vômitos, gosto metálico) Mercúrio * congestão, impaciência, indigestão * dermatite, e elevação da pressão arterial * estomatites (inflamação da mucosa da boca), ulceração da faringe e d esôfago, 4 Cd Cádmio¹ Ni Níquel Ag Prata Li Lítio Mn Manganês Zn Zinco lesões renais e no tubo digestivo * insônia, dores de cabeça, colapso, delírio, convulsões * lesões cerebrais e neurológicas provocando desordens psicológicas afetando o cérebro * manifestações digestivas (náusea, vômito, diarréia) * disfunção renal * problemas pulmonares * envenenamento (quando ingerido) * pneumonite (quando inalado) * câncer (o cádmio é carcinogênico) * câncer (o níquel é carcinogênico) * dermatite * intoxicação em geral * distúrbios digestivos e impregnação da boca pelo metal * argiria (intoxicação crônica) provocada pela coloração azulada da pele * morte * inalação - ocorrerá lesão mesmo com pronto atendimento * ingestão - mínima lesão residual, se nenhum tratamento for aplicado * disfunção do sistema neurológico * afeta o cérebro * gagueira e insônia * problemas pulmonares * pode causar lesão residual, a menos que seja dado atendimento imediato * contato com os olhos - lesão grave mesmo com pronto atendimento ¹ Mesmo em pequenas quantidades. Além dos elementos citados na tabela acima, os RTI possuem ainda em sua composição o plástico Policloreto de vinilo – PVC que se queimado e inalado pode causar problemas respiratórios, o Cromo hexavalente que produz efeitos corrosivos no aparelho Dispostos de forma inadequada no meio ambiente, estes elementos contaminam o solo, lençóis freáticos e cursos hídricos, quando queimados emitem substâncias altamente tóxicas para a atmosfera. A Figura 1, desenvolvida pelo GRID (Global Resource Information Database – Banco de dados de informações sobre recursos), um centro do UNEP (United National Environment Programme – Programa para o meio ambiente das Nações Unidas), mostra a distribuição da porcentagem representada por cada tipo de resíduo dentro da composição lixoeletrônico. 2.3 Políticas de TI Verde O termo TI Verde surgiu devido à crescente preocupação ambiental por parte dos usuários de equipamentos e serviços tecnológico que, considerando a atual situação do planeta e perspectivas para o futuro, passaram a dar preferência por produtos ecologicamente corretos. Isto obriga as empresas a adotarem novos conceitos e investirem em novas tecnologias que favoreçam de alguma forma o meio ambiente, seja na redução do consumo de 5 energia, redução na geração de resíduos, redução na utilização de componentes tóxicos na composição dos produtos. 2.2 Política dos 3 Rs A sociedade atual é movida pelo capitalismo que prima pelo consumismo e desenvolvimento econômico a qualquer custo, o consumo é constantemente estimulado e comumente exagerado, não só na aquisição excessiva de produtos supérfluos, como no excesso de embalagens de muitos produtos. Tudo isso contribui para uma excessiva acumulação de resíduos. Na indústria, o uso de novas tecnologias no processo de fabricação geralmente reduz a produção de lixo. Além destes processos beneficiarem o ambiente, muitas vezes reduzem o tempo e os custos de produção, apesar de geralmente implicarem em um maior investimento inicial. A redução é a melhor forma de diminuir os efeitos negativos no ambiente e é conseguida através da diminuição de resíduos pela indústria, pela utilização de materiais de maior vida útil e pela adoção de novos processos tecnológicos menos poluentes. Os consumidores, por seu lado, devem evitar consumos desnecessários e incorporar hábitos ambientalmente saudáveis. A reutilização é a utilização de um produto mais de uma vez, não necessariamente para o mesmo fim para o qual foi concebido, ampliando consideravelmente a vida útil do produto. É necessário que os materiais sejam sujeitos a uma separação na origem, para poderem ser reciclados Leonard (2008). 3. MATERIAIS E MÉTODOS Figura 01: Distribuição percentual representada por cada tido de resíduo dentro da composição lixo-eletrônico no Mundo. Fonte: EMPA (2006) Laboratório Suíço para a pesquisa e teste de materiais (em conformidade com a diretiva WEEE da União Européia). Este trabalho de cunho científico foi elaborado com base nas pesquisas exploratória, descritiva e estudo de caso. Segundo Rodrigues (2007) a pesquisa exploratória é definida como a caracterização inicial do problema, sua classificação e sua definição. Constitui o primeiro estágio de toda pesquisa científica, tendo por objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, levantamento de bibliografia ou entrevistas além de pesquisas bibliográficas e estudos de caso. Na pesquisa exploratória foram feitas consultas a livros das bibliotecas da Faculdade Católica do Tocantins – FACTO, documentos da UFT, além de artigos, e-books, periódicos e sites na internet. De acordo com o site Wikipédia (2009) a pesquisa descritiva, tem por premissa buscar a resolução de problemas melhorando as práticas por meio da observação, análise e descrições objetivas, através de entrevistas com peritos para a padronização de técnicas e validação de conteúdo. Os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e 6 interpretados, sem interferência do pesquisador. Nesta pesquisa foram entrevistados o diretor do setor de TI, o diretor do setor de manutenção de equipamentos, além da coordenadora do departamento de recursos humanos e coordenadora do setor de bens patrimoniais da UFT . O objetivo foi obter informações pertinentes ao gerenciamento dos equipamentos de informática dentro da universidade, descrever o caminho percorrido por eles até sua classificação como inservível (RTI), acondicionamento e métodos para sua disposição final, além de dados para a caracterização da Universidade e registros fotográficos a serem analisadas. Para a coleta dos dados foi elaborado um roteiro de entrevista não-estruturado focalizado que segundo BARROS (2007), busca conseguir a partir de um roteiro flexível de itens e por meio da conversação, dados que possam ser utilizados em análise qualitativa, considerando os aspectos mais relevantes da pesquisa. Este estudo apresenta-se de forma a ser um estudo de caso por se tratar de um aprofundamento de uma área específica em uma instituição de Ensino Federal. BARROS (2007) levanta que o estudo de caso trata-se da pesquisa realizada pela avaliação de dados coletados em documentos e depoimentos orais registrados pelo pesquisador ou pelo próprio entrevistado. 5. ANALISE DOS RESULTADOS 5.1. A Universidade A Universidade Federal do Tocantins – UFT trata-se de uma instituição multicampi, são sete pólos no Estado, localizados nas cidades de Tocantinópolis, Araguaína, Miracema, Palmas, Porto Nacional, Gurupi e Arraias. A instituição foi criada em 2004 e atualmente conta com 1.633 colaboradores. Em seus seis anos a UFT primou pela informatização de seus processos reduzindo gastos e principalmente, otimizando o tempo de seus colaboradores provendo serviços de TI de alta performance centralizando e organizando as informações institucionais. Assim foi criada a Diretoria de Tecnologia da Informação – DTI, responsável pelas políticas internas e atendimento da demanda de serviços referentes à área de TI. 5.2 Políticas Institucionais De acordo com o Diretor de TI, o departamento adota alguns conceito de TI Verde, que consiste no desenvolvimento e implementação de tecnologias ambientalmente corretas. Um exemplo é a virtualização dos servidores: antes eram necessários vários computadores para prover determinados serviços, com a virtualização estes serviços são centralizados e melhor distribuídos entre os equipamentos, reduzindo drasticamente a aquisição de novos equipamentos. Assim possibilitando, uma economia de energia de até 80%, otimização do espaço e redução de gastos na aquisição de novos equipamentos. Tudo isso reflete em ganho econômico para a instituição, reduz a supressão dos recursos naturais e gerando menos resíduos. 5.2 O gerenciamento dos RTI Segunda dados do Setor de Patrimônio, hoje a UFT possui registrados em seus bens patrimoniais exatos 5.586 equipamentos de informática entre notebooks, monitores, cpus, impressoras, no-breaks, estabilizadores, scanners, webcams, etc. 7 A seguir, a Figura 02 mostra o caminho que os equipamentos percorrem dentro da universidade, desde o período em que estão em uso até o momento em que são classificados como inservíveis para instituição e dispostos para o desfazimento. Figura 02: Percurso do equipamento até serem descartados. Fonte: Diretoria de Tecnologia da Informação – DTI (2009). Legenda: 1 Usuário: usuário do Equipamento de TI. 2 Suporte TI: equipe de atendimento ao usuário. 3 NUMPE: setor de manutenção de equipamentos. 4 SEPAT: setor de controle de bens patrimoniais. Hardware: defeito físico no equipamento (troca de peça ou obsolescência). Software: instalação de programas, remoção de vírus, recuperação de arquivos, etc. Estrutural: falta de energia, queda dos serviços providos como e-mail, portal do professor, internet, etc. Usuário: incapacidade para utilizar o equipamento e seus recursos. DLSG: Departamento de Logística e Serviços gerais do Ministério do planejamento, orçamento e gestão. Doação: Procede a doação para instituições sem fins lucrativos ou e/ou de interesse público. Descarte: Procede a descarte para catadores em geral. Demais Campi: Campus Universitário de Tocantinópolis, Araguaína, Miracema, Porto Nacional, Gurupi e Arraias. Disposição Final: Aguardando envio para doação ou descarte Partindo do Usuário, todos os problemas passam primeiramente pela equipe Suporte TI que resolve o problema e retorna ao usuário, exceto nos casos de Hardware, quando então é encaminhado para o NUMPE, onde o equipamento passa por manutenção, após o consertado retorna ao Suporte TI que o encaminha de volta para o Usuário. Caso o NUMPE não solucione o problema, o equipamento é então declarado como inservível pelo departamento, que por sua vez o envia para o SEPAT que toma os procedimentos cabíveis para o seu desfazimento. 8 O Diretor do NUMPE explica que quando o equipamento chaga ao departamento este passa por uma “consulta” e recebe um diagnóstico que identifica qual é exatamente o problema e o custo do conserto, caso o valor para conserto exceda 50% do valor de mercado do equipamento este é automaticamente declarado inservível para a instituição sendo então retiradas do equipamento todas as peças úteis na manutenção e conserto de outros equipamentos. “Não desperdiçamos nada que de alguma forma possa ser reaproveitado” afirmou o Diretor do NUMPE. Estes procedimentos seguem o Regulamento SAP – Sistema de Administração Patrimonial da UFT. Figura 03: Local de armazenamento dos RTI Fonte: Wilson G. R. Neto Figura 04: Detalhe de monitores e Cpus declarados inservíveis. Fonte: Wilson G. R. Neto A coordenadora do SEPAT explica que seguindo o DECRETO Nº 99.658/90 anualmente são relacionados todos os equipamentos considerados inservíveis para a UFT, esta lista é encaminhada ao DLSG, este departamento tem 30 dias para manifestar interesse pelos equipamentos e remanejá-los para outras instituições. Em caso de não manifestação pelo DLSG os equipamentos ficam automaticamente disponíveis para doação ou descarte. “Estes equipamentos agora classificados como RTI ficam acondicionados em ambiente impróprio devido a falta de espaço nos prédios, aguardando manifestação de potenciais receptores seja instituições filantrópicas ou de interesse público”. Figuras 03 e 04. O Diretor do NUMPE levanta ainda que pilhas, baterias, no-breaks e estabilizadores, quando declarados inservíveis são imediatamente retirados da instituição por catadores da região. 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando a preocupação internacional a Legislação União Européia, como já levantado, elaborou duas diretivas: - RoHS, que proíbe que certas substâncias perigosas sejam usadas em processos de fabricação de produtos, são eles: cádmio, mercúrio, cromo hexavelente, bifenilos polibromados, éteres difenil-polibromados e chumbo. Esta diretiva proíbe a comercialização de produtos contendo estes componentes. Computadores condicionados à Diretiva RoHS possuem em seus registros do sistema “Declaração de Conformidade RoHS”. - WEEE, que define o descarte e programa nacional de coleta adequados de equipamentos pelos produtores, cobrindo todos os equipamentos elétricos e eletrônicos usados. 9 Esta iniciativa foi imprescindível para lançar no ar a importância da existência de legislação específica que trate dos resíduos sólidos, em especial, do lixo tecnológico considerado altamente tóxico. A Universidade Federal do Tocantins através da Diretoria de TI concorda que a instituição esta apenas no princípio no que tange a implementação de políticas ambientalmente corretas como o conceito de TI Verde. Foi colocado pelo Diretor de TI que um dos principais entraves para “surfar nessa onda” é devido a legislação vigente que rege a aquisição de materiais no âmbito da administração pública, uma vez que a principal Lei para aquisição de materiais Lei nº 8.666/93 reza em seu artigo 3º que todas as compras serão regidas pelos princípios da administração pública para a seleção da proposta mais vantajosa, o problema é que este procedimento não leva em consideração princípios que visem a redução dos impactos ambientais advindos das aquisições dos setores de TI. Como solução para esta problemática está em tramitação no Congresso Nacional o Projeto de Lei que Institui a Política de Resíduos Sólidos no País, a qual em seu artigo 2º estabelece critérios quanto o procedimento para aquisição de materiais e disposição final dos resíduos das instituições federais. Segundo a coordenadora do SEPAT muitas instituições procuram a UFT com o objetivo de receber as doações mesmo se tratando de RTI, no entanto, poucas conseguem cumprir os procedimentos burocráticos exigidos pela UFT. Algumas instituições inclusive de ensino superior como é a caso da Universidade de São Paulo – USP encontra-se mais avançada no que tange a sustentabilidade em TI. Juntamente com o MIT – Instituto Tecnológico de Massachusetts, a USP vem desenvolvendo o Centro de Reutilização, Descarte Sustentável e Reciclagem de Lixo Eletrônico dentro da USP, que objetiva fazer a separação ambiental, técnica e socialmente adequada destes resíduos e posteriormente direcionando-os para reciclagem. O Greenpeace criou o “Guia de Eletrônicos Verdes” Figura 05, que considerando aspectos na produção e responsabilidade quanto a reciclagem destes, classifica numa espécie de termômetro ambiental quais as empresas mais e menos comprometidas com a conservação do planeta Figura 05: Guia de Eletrônicos Verdes. Fonte: www.greenpeace.com. Diferentemente de instituições particulares que investem no meio ambiente objetivando o crescimento dos lucros, as instituições federais seguem exclusivamente a legislação vigente, as quais não demonstram preocupações relacionadas ao meio ambiente como exposto pelo Diretor de TI da UFT. 10 Para que instituições como a UFT mudem sua posição em relação aos problemas ambientais atualmente enfrentados o primeiro passo é rever as Leis pertinentes aos seus processos e procedimentos como é o caso do Plano de Lei sobre Resíduos Sólidos onde aponta que instituições no âmbito federal deveram adquirir equipamentos reciclados ou recicláveis. Este ainda é um passo realmente modesto para se alcançar os objetivos almejados. Uma Auditoria Interna seguida da implantação de um Sistema de Gestão Ambiental – SGA dentro da UFT seria o ideal. Neste processo seriam levantados todos os problemas e vantagens da instituição norteando um eficiente processo para tornar a UFT “Verde”. Os recursos iniciais poderiam ser obtidos através da elaboração de projetos buscando “investidores ambientais” no exterior. 11 7. REFERENCIAS FELLENBERG, Gunter. Introdução aos problemas da poluição ambiental. Trad. Juergen H. Maar, São Paulo, EPU, 5ª edição, 2007. 1-2 p. ONU, Organização das Nações Unidas. Blog da Terra – População do mundo passará dos 9 bilhões em 2050. Disponível em <http://blogdaterra.com.br/2009/03/12/populacao-domundopassara-9-bilhoes-em-2050>. 12/03/2009. Acessado em 04/06/2009. ALECRIM, Emerson. O que é tecnologia da informação. Disponível em <http://www.infowester.com/col50804.php>. Publicado em 15/08/2004. Atualizado em 27/08/2008. Acesso em 31/05/2009. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente – Conselho Nacional de Meio Ambiente. Resolução nº. 401 de 04 de novembro de 2008. Estabelece os limites máximos de chumbo, cádmio e mercúrio para pilhas e baterias comercializadas no território nacional e os critérios e padrões para seu gerenciamento ambientalmente adequado e dá outras providências. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/61AA3835/LivroConama.pdf>. 2ª Edição. 731-736 p. Acessado em 20 de maio de 2009. FONSECA, Felipe. Alta tecnologia é altamente tóxica. Disponível em <http://www.lixoeletronico.org/blog/alta-tecnologia-é-altamente-tóxica>. Publicado em 10/04/2008 às 18h47. Acessado em 31/05/2009. MATTOS, Haroldo. Convenção de Basiléia. Disponível em <http://www.brasilpnuma.org.br/pordentro/artigos_002.htm>. Publicado em 06/2001. Acessado em 01/06/2009. ANDUEZA, Felipe. Mineração Urbana: fenômenos e possibilidades. Disponível em <http://www.lixoeletronico.org/blog/mineração-urbana-fenômeno-e-possibilidades>. Publicado em 25/07/2008. Acessado em 01/06/2009. WIKIPÉDIA. RoHS. Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Rohs>. 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