INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia MONOGRAFIA Inserção da Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família: limites e possibilidades Grazielle Silva de Lima Rio de Janeiro 2010 2 INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia Inserção da Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família: limites e possibilidades GRAZIELLE SILVA DE LIMA Sob Orientação da Professora Carmelinda Monteiro Costa Afonso Monografia submetida como requisito parcial para obtenção do certificado de conclusão do curso pós graduação lato sensu em Homeopatia – área de Farmácia. Rio de Janeiro 2010 3 L732i Lima, Grazielle Silva de Inserção da homeopatia na Estratégia da Saúde da Família: limites e possibilidades/ Grazielle Silva de Lima. -Rio de Janeiro: Instituto Hahnemanniano do Brasil, 2010. 30 f.; 30 cm. Orientadora: Carmelinda Monteiro Costa Afonso 1.Farmácia. 2. Homeopatia. 3. Atenção primária a Saúde. 4. Estratégia. 5.Saúde da família. I. Título 4 INSTITUTO HAHNEMANNIANO DO BRASIL Departamento de Ensino Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Homeopatia Área de Concentração: Farmácia Inserção da Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família: limites e possibilidades GRAZIELLE SILVA DE LIMA MONOGRAFIA APROVADA EM ____/____/______. _____________________________________________ Carmelinda Monteiro Costa Afonso, MSc Instituto Hahnemanniano do Brasil (Orientadora & Coordenadora) 5 DEDICATÒRIA A todos os que lutam pela causa da Homeopatia. Aos que consegui converter nestes 5 anos de Homeopatia. Aos convertidos que se tornaram multiplicadores difusores da concepção homeopática. Aos que não se converteram – SAPERE AUDE 6 AGRADECIMENTOS A Deus pela presença constante em minha vida. À minha orientadora por me apresentar a homeopatia desde a graduação. Exemplo de perseverança e luta pela causa. Ao IHB por me brindar com a oportunidade de estudo. A todos os professores do IHB por reproduzirem tão bem a filosofia e técnica homeopática Ao meu homeopata Ivan Levy Lustosa por empregar tão bem a lógica do pensamento hahnemanniano. À Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) pelo privilégio de poder ser aluna de mestrado e por poder conhecer tantos professores maravilhosos que me mostram constantemente que é possível sonhar com um SUS melhor. Ao Professor Victor Valla (in memoriam) que sempre acreditou no poder das classes oprimidas e sonhava com condições mais justa de vida para todos. Ao pensar em discutir a temática da Saúde da Família, não como não se lembrar deste grande mestre. 7 EPÌGRAFE “Os sabichões definem doenças a priori e atribuem-lhes substratos transcendentes não justificados pela experiência. Poderá jamais a experiência, pura e límpida, sancionar sonhos tão fantásticos? Não! Êles afetaram uma penetração no íntimo das coisas, nos processos vitais invisíveis, que nenhum mortal pode possuir.” Samuel Hahnemann “Parece ser o alvo funesto da velha medicina tornar pelo menos incuráveis, se não mortais, a maioria das doenças, transformando em pacientes crônicos os já debilitados pelo enfraquecimento e por tormentos contínuos, pela adição de novas afecções destrutivas, - e, quando essa prática perniciosa se tornar um hábito e ficarmos insensíveis às advertências da consciência, então isto é, de fato um negócio muito fácil! Samuel Hahnemann “Poisons and medicines are oftentimes the same substances given with different intents”. Peter Mere Latham 8 RESUMO O presente trabalho pretende abordar a inserção da Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família. Inicialmente, optou-se por uma discussão dos princípios da Homeopatia e a relação destes com o cuidado ao paciente. Por outro lado, fez-se uma análise da implantação da referida Estratégia mostrando o valor do cuidado como forma de atenção à saúde. Ao contrário de outros programas adotados pelo Ministério da Saúde, esta se propõe a acompanhar o paciente ao longo de sua vida no seu território de adscrição – longitudinalidade do cuidado. Ao final, realizou-se uma discussão acerca das possibilidades de integração da Homeopatia na Saúde da Família. Assim, pode-se inferir que a proposta de cuidado é muito semelhante, porém o grande entrave é o acesso aos medicamentos homeopáticos. Palavras-chave: Homeopatia; Atenção Primária a saúde, Estratégia Saúde da Família 9 LISTA DE ABREVIATURAS ACS Agentes Comunitários de Saúde APS Atenção Primária à Saúde ESF Estratégia da Saúde da Família NASF Núcleo de Apoio à Saúde da Família PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde PNAB Política Nacional de Atenção Básica PIC Práticas Integrativas e Complementares PSF Programa Saúde da Família SUS Sistema Único de Saúde 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 11 DESENVOLVIMENTO...................................................................................... 13 Capítulo 1 – Homeopatia: A perspectiva de tratamento centrada no indivíduo ...................................................................................................................... 13 Capítulo 2 – A Estratégia da Saúde da Família – A longitudinalidade do cuidado ......................................................................................................... 17 Capítulo 3 – A Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família – uma prática possível......................................................................................................... 22 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 29 11 INTRODUÇÃO A Homeopatia é uma racionalidade médica que enxerga o indivíduo na sua totalidade, considerando suas necessidades e expectativas bio-psicosocial. O homeopata centra sua terapêutica no paciente e visa o cuidado em longo prazo. O paciente é tratado na sua singularidade, não há protocolos inspirados no modelo biomédico de tratamento e nem tampouco se pensa em medicina baseada em evidências. (ARAÚJO, 2008) A medicina alopática está centrada na doença como motivação para busca do tratamento. O paciente é submetido a um tratamento padrão comum a todos os que sofrem da mesma patologia. Como este modelo não consegue responder a todos os sintomas apresentados pelos pacientes, a terapêutica falha, e neste ponto, o paciente abandona o tratamento ou procura outro médico. Pensar nesta lógica para pacientes que podem acessar o serviço privado é bastante óbvio, no entanto para os que dependem unicamente do Sistema Único de Saúde (SUS) é bastante complexo. O acesso aos serviços de saúde é reduzido e a disponibilidade de profissionais também. Pensando numa estratégia que melhorasse o acesso dos pacientes e que mudasse o modo de se pensar sobre o cuidado, em 1993, foi criado o Programa de Saúde da Família (PSF). Nessa lógica, prevê-se o acompanhamento do paciente no seu local de residência por meio do trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que são responsáveis pela adscrição da população e identificação de suas prioridades assistenciais. Assim, o paciente só se encaminha à Unidade de Referência caso seja necessário, do contrário recebe a visita domiciliar do ACS. A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) reafirmou o PSF como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica, a partir daí a denominação passou a ser Estratégia de Saúde da Família (ESF) por se tratar de uma política de governo e perder o sentido de programa focalizado em grupos. E em 2008, foi publicada a Portaria nº 154, de 24 de janeiro de 2008 que dispôs sobre a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Neste está prevista a inserção de médico homeopata na equipe multidisciplinar, 12 bem como de outros profissionais como farmacêutico, médico acupunturista; assistente social; profissional da Educação Física; fisioterapeuta; fonoaudiólogo; médico ginecologista; nutricionista; médico pediatra; psicólogo; médico psiquiatra; e terapeuta ocupacional. Assim, surgem algumas inquietações: “Como inserir a Homeopatia no serviço público sem fornecer o medicamento para seu tratamento?” Partindo-se do pressuposto que o paciente é do SUS, como fazer com que adira ao tratamento se não obtiver o medicamento sem custo? É possível a inclusão da farmácia homeopática no ESF, e, por conseguinte, no SUS? Com isso, pode-se dizer, em linhas gerais que a pergunta do estudo é: “A Homeopatia na ESF é sustentável, quais são seus limites e possibilidades?” O objetivo geral desta monografia é traçar um paralelo entre a inserção da Homeopatia na lógica do ESF verificando a sua viabilidade, limites e possibilidades. Os objetivos específicos são articular a visão holística da Homeopatia com a do ESF e analisar a relação oferta do medicamento homeopático e adesão ao tratamento. A natureza do trabalho é de natureza teórico-conceitual, cuja metodologia é fundamentada na pesquisa bibliográfica em artigos publicados em revistas indexadas e em livros textos específicos do campo científico homeopático e da saúde pública (VERGARA, 1998). 13 DESENVOLVIMENTO Capítulo 1 – Homeopatia: A perspectiva de tratamento centrada no indivíduo “Não é concebível, nem pode ser provado por experiência alguma no mundo, que, removidos todos os sintomas mórbidos, e todo o conjunto dos acidentes perceptíveis, reste, ou possa restar, qualquer outra coisa além da saúde, ou que a alteração mórbida no meio interno não possa ficar destruída”. Organon 6ª edição §8 A Homeopatia é uma racionalidade médica assim como as terapêuticas orientais - a tradicional chinesa e a ayuvérdica – que estão ligadas ao paradigma bionergético e a médica ocidental contemporânea (“medicina científica) de natureza biomecânica. Apesar da aparente oposição entre as três primeiras com a última, todas têm a finalidade precípua de combater as moléstias e de restabelecer a saúde, possuem natureza teórica e empírica e de grande complexidade (LUZ, 1993, 1996). A medicina científica trabalha com a noção de doença por meio da identificação de patologias objetivando sua extirpação – é a ciência das doenças – já as demais pensam o paciente que não está equilibrado e que precisa restabelecer sua saúde – é a arte de curar (LUZ, 1993, 1996). A visão da homeopatia e das medicinas orientais do que a doença é resultante do desequilíbrio da forças naturais ou materiais e sobrenaturais ou imateriais que leva à ruptura de harmonia. Na racionalidade médica ocidental, esta visão é considerada um absurdo, pois as forças imateriais estão relacionadas com questões religiosas. A cura está diretamente relacionada com o uso de medicamentos potentes que prejudicam a força vital do organismo (LUZ, 1993, 1996). Outro ponto importante para os adeptos da medicina ocidental é que não existe a arte de curar sem a presença de artefatos terapêuticos e distantes da verdadeira arte de curar. Essa hegemonia causou muitas críticas e divisões, 14 período este conhecido como cisma que ao considerar a clínica como hegemônica, separou ciência médica de arte de curar (LUZ, 1993,1996). Foi nessa crise no final do século XVIII e início do XIX que Samuel Hahnemann surgiu criticando veementemente a falta de princípios terapêuticos da medicina e também a experimentação em doentes de forma aleatória e assistemática dos mais diversos tipos de medicamento. Ele defendia a superioridade da arte de curar sobre a teoria das doenças, assim, propunha uma ciência terapêutica que é uma ciência clinicamente experimental de fato. Mesmo com a cisma, o projeto foi extremamente criticado (LUZ, 1993, 1996). Hahnemann, então propôs, que semelhante cura semelhante – similia, similibus curentur – que é o princípio da similitude homeopática e a experimentação deve ser feita no homem são – experimentiae in homine sano e não em doentes. Ele acreditava que as alterações causadas no corpo são eram sintomas mórbidos que serviriam de referência para a remoção dos sintomas nos doentes. Assim, procura-se o medicamento que possuam sintomas artificiais semelhantes relatados pelo homem são que se encaixam nos relatados pelo homem doente (HAHNEMANN, 1989). “Assim, podemos confiar somente nos fenômenos mórbidos produzidos pelos medicamentos no corpo são como única indicação possível de seu poder curativo inerente, a fim de descobrir que poder produtor de moléstia, e, ao mesmo tempo, poder de curar, possui cada medicamento”. Organon 6ª edição §21 Hahnemann propunha que a utilização de medicamentos alopáticos, que para ele trabalham por mecanismo de oposição à doença, não são capazes de proporcionar a cura. “Toda a experiência pura, contudo, e toda a pesquisa perfeita nos convencem que sintomas pertinazes de moléstias estão longe de ser removidos e eliminados por sintomas opostos de medicamentos (como no método antipático, enantiopático ou paliativo), que, ao contrário, após alívio aparente e transitório, recrudescem com denodado vigor e agravam-se manifestamente”. Organon 6ª edição §23 15 O terceiro princípio – Doses minimae - que se refere à utilização de doses infinitesimais, ou seja, o medicamento é altamente diluído. Hahnemann no início tratava seus pacientes com doses ponderais, no entanto, percebia que as agravações ocorriam com muita constância e com intensidades variáveis. Com o tempo, observou que quanto mais diluía as doses, maior era o efeito curativo e menor as agravações (MONTEIRO & IRIART, 2007). Um medicamento, mesmo sendo homeopático dado em dose forte de forma desnecessária, atua de forma violenta e produz perturbação de ordem física e mental que pode ter curso rápido ou ser duradoura. (HAHNEMANN, 1989) Hahnemann “inovou” ao postular o efeito energizante da dinamização sobre os medicamentos em estado natural. “O método homeopático de cura desenvolve, para seu uso especial, a um grau até agora nunca visto, os poderes medicinais internos das substâncias cruas mediante um processo que lhe é peculiar, e que até agora jamais foi tentado, pelo que sòmente êles todos se tornam imensuràvelmente e penetrantemente eficazes, mesmo os que no estado cru não dão provas da menor ação medicamentosa sobre o corpo humano. Esta mudança notável nas qualidades dos corpos naturais desenvolve os poderes dinâmicos, latentes, até agora despercebidos, como se estivessem adormecidos, ocultos, que afetam o princípio vital, e alteram o bem-estar da vida animal. Isto se obtém por ação mecânica sobre suas menores partículas, esfregando e sacudindo (pelo acréscimo de uma substância indiferente seca ou líquida, separam-se uma da outra. Êste processo chama-se dinamização (desenvolvimento do poder medicinal) e os produtos são dinamizações ou potências, em graus diversos ” Organon 6ª edição §269 O quarto princípio - Unitas Remedii – que significa medicamento único. Hahnemann propunha que só se deve administrar um medicamento por vez para cada episódio. 16 “Em nenhum caso sob tratamento é necessário e, portanto, permissível administrar a um paciente mais de uma única e simples substância medicinal de uma vez. E inconcebível possa existir a menor dúvida quanto ao que é mais de acôrdo com a natureza e mais racional – prescrever um único, simples medicamento de cada vez em uma doença, ou o acréscimo de diversas drogas de ação diferente. Não é absolutamente permissível em homeopatia, a única, verdadeira, simples e natural arte de curar, dar ao paciente duas substâncias medicinais de cada vez ” Organon 6ª edição §271 Para a homeopatia, a valorização do indivíduo na sua totalidade é a pedra angular, ao contrário da medicina ocidental, que busca apenas sintomas e doenças, logo se centra na terapêutica, e não somente no diagnóstico. Assim, a relação médico-usuário é tida como recurso terapêutico, uma vez que proporciona a compreensão da singularidade do sujeito doente, e com isso é capaz de curar ou aliviar o sofrimento (Lacerda, 2003). Para Hahnemann, a consulta minuciosa e detalhada é o elo entre o paciente e o clínico. Todos os detalhes são considerados a fim de descobrir a causa do problema. “Assim, tanto é certo que devemos escutar principalmente, a descrição feita, pelo paciente, de seus sofrimentos e sensações, e levarmos em conta especialmente as expressões com que ele tenta nos comunicar seus sofrimentos – pois as versões de seus amigos e acompanhantes são usualmente alteradas e erroneamente descritas – igualmente é certo, por outro lado, que em todas as doenças, mas especialmente nas crônicas, a investigação do quadro, completo e preciso, bem como de suas peculiaridades, requer cuidado, tato, conhecimento da natureza humana e observação especiais na investigação, e bem assim paciência em alto grau”. Organon 6ª edição §98 17 Desta forma, a relação entre o paciente e o homeopata se fortalece a partir do momento em que os resultados terapêuticos começam a surgir. Com o transcorrer do tempo, o usuário torna-se confiante e passa a compreender melhor a racionalidade homeopática. O sucesso do tratamento depende desta interação positiva (SANTANNA, C. et al, 2008). O tempo da consulta está relacionado com a questão da valorização da escuta, e, por conseguinte, com uma abordagem integral ao paciente. Em um estudo realizado em Salvador em 2004, os pacientes relataram que o tempo despendido na consulta é sinal de atenção e respeito, ao contrário da consulta alopática, rápida e com pouca valorização da escuta (MONTEIRO & IRIART, 2007). A consulta homeopática utiliza principalmente as tecnologias leves como a escuta qualificada, a formação do vínculo, o acolhimento para abordar o paciente em contraposição ao modelo alopático que se utiliza das tecnologias duras como elemento de diagnose e tratamento. São valorizados exames, intervenções e cirurgias em detrimento do cuidado integral ao paciente (MERHY,1998). (SANTANNA, C. et al, 2008) Capítulo 2 – A Estratégia da Saúde da Família – A longitudinalidade do cuidado A proposição de um modelo de proteção social que garantisse o direito à saúde integral, ou seja, ao invés de um modelo de seguro social foi a grande bandeira da Constituição de 1988. Esta pode ser considerada como uma “vitória” do movimento da Reforma Sanitária que desde a década de 70 vinha lutando pela igualdade de acesso sem distinções. Movimento este que lutava contra a medicina tecnológica centrada no modelo hospitalar e inacessível às massas populares e que ganhou força com o fim do regime militar e que teve como marco a VIII Conferência Nacional de Saúde em 1986, com a participação da sociedade organizada, além de técnicos e gestores do setor saúde (FLEURY, 2009) (NORONHA et al, 2008). A garantia da seguridade social com a universalização do acesso às ações e serviços de saúde a todos os cidadãos, sem privilégios ou barreiras foi estabelecida no artigo 196 da Constituição de 1988. Assim: 18 “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” Em seu rastro, foi promulgada a Lei Orgânica da Saúde que criou o SUS com os princípios universalidade, integralidade e equidade. Nos artigos 6º e 7º estabeleceu que a assistência farmacêutica deve ser garantida a todos como parte da assistência terapêutica integral (BRASIL, 1990). A criação do SUS, por meio da Lei 8080/90 fez necessária a construção de uma base legal que não apenas o instituísse, mas também que o estruturasse, tendo em vista a sua viabilidade financeira, relacional e organizacional, considerando o arranjo federativo brasileiro (NORONHA et al, 2008). Em 1993, o Ministério da Saúde criou o PSF como estratégia de atendimento às reivindicações dos secretários municipais de saúde que solicitavam recursos financeiros para garantir o funcionamento da rede básica de saúde. Sugeria-se a inserção de 24 tipos de profissionais além dos já estabelecidos no Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). O programa, em sua concepção, pode ser considerado uma estratégia de reforma incremental do sistema de saúde no Brasil, uma vez que propõe mudanças na organização e na lógica dos serviços de saúde (VIANA & DAL POZ, 2005). Seu antecessor foi o PACS, em 1991 que começou a tratar a “família como unidade de ação programática de saúde e não mais (tão-somente) o indivíduo, e foi introduzida a noção de área de cobertura (por família)”. As práticas em saúde com agentes comunitários ocorriam em algumas regiões do país e o Ministério da Saúde às estatizou (VIANA & DAL POZ, 2005). Por terem causado alterações tanto nas modalidades de alocação de recursos e formas de remuneração das ações de saúde, quanto na forma de organização dos serviços pode-se inferir que “o PSF constitui uma estratégia de reforma incremental do sistema de saúde no Brasil, tendo em vista que o programa aponta para mudanças importantes na forma de remuneração das 19 ações de saúde (superação da exclusividade do pagamento por procedimentos), nas formas de organização dos serviços e nas práticas assistenciais no plano local, e, portanto, no processo de descentralização (VIANA & DAL POZ, 2005). A partir do momento em que o PSF passou a para o controle da Secretária de Atenção à Saúde (SAS), mudou a forma de remuneração. Assim, uma consulta do PSF custa o dobro de uma consulta normal. Desta forma, “O PSF começa então a perder o caráter de programa e passa a ser um (re)estruturador dos serviços, isto é, passa a ser (mais) claramente um instrumento de (re)organização ou (re)estruturação do SUS, porque se deseja que este sirva como exemplo de um novo tipo de assistência distinto do modelo dominante (VIANA & DAL POZ, 2005). Mesmo adquirindo centralidade na agenda do governo, o PSF que foi concebido voltado à extensão de cobertura, foi caracterizado como um programa “limitado, bom para os pobres e pobre como eles” (CAPISTRANO FILHO, 1999), pois estabeleceu-se em áreas de maior risco social, em especial no Nordeste (GIOVANELLA et al, 2009). Em 2006 foi publicada a PNAB que passou a normatizar a Atenção Básica que até então seguia as diretrizes da Norma Operacional Básica (NOB – 96). Sendo assim, foi definida como: “um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrangem a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde.” (BRASIL, 2006) O termo Atenção Básica é usado apenas no Brasil como forma de diferenciar a abordagem seletiva da Atenção Primária à Saúde (APS) que estava relacionada com serviços de baixa qualidade para pobres. (GIOVANELLA et al, 2009). No entanto, este conceito caiu em desuso e a visão que se têm da APS é renovada que parte da premissa: “A atenção primária é aquele nível de um sistema de serviço de saúde que 20 oferece a entrada no sistema para todas as novas necessidades e problemas (...) coordena ou integra a atenção fornecida em algum outro lugar (...) compartilha características com os outros níveis dos sistemas de saúde (...) a atenção primária não é um conjunto de tarefas ou atividades clínicas exclusivas (...) a atenção primária é uma abordagem que forma a base e determina o trabalho de todos os outros níveis dos sistemas de saúde”. (STARFIELD, 2004, pg. 28) É importante destacar aqui alguns princípios para a APS propostos por Starfield (2004), tais como, primeiro contato, longitudinalidade. Essa visão renovada com base na longitudinalidade, na integralidade, na coordenação, na abordagem familiar e no enfoque comunitário fortalece a construção desta política que dispõe a Atenção Básica em Saúde como porta de entrada preferencial do sistema de serviços de saúde e reafirma a sua importância na organização da atenção no SUS uma vez que: “... considera o sujeito em sua singularidade, na complexidade, na integralidade e na inserção sóciocultural e busca a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.” (BRASIL, 2006) A ESF é tida como estratégia prioritária para a organização da Atenção Básica. A política se orienta pelos princípios e diretrizes do SUS com o objetivo de contribuir para efetivar a universalidade, a integralidade, a equidade, o acesso, a longitudinalidade do cuidado, o vínculo, a humanização, a participação popular e o controle social (BRASIL, 2006). A Equipe de Saúde da Família é a estrutura de funcionamento do PSF, sendo que está é formada por no mínimo um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem ou técnico de enfermagem e no máximo 12 ACS. 21 Equipes contendo saúde bucal possuem dentista, auxiliar de consultório dentário e/ou técnico de higiene dentária. Cada ESF é responsável por no máximo 4000 pessoas de uma área adscrita, mas o recomendado são 3000 pessoas (BRASIL, 2006) Com o intuito de fortalecer a inserção da ESF na rede de serviços dando apoio às equipes de saúde da família no seu território de adscrição, bem como ajudar na ampliação da abrangência, da resolutividade, da territorialização, da regionalização, o Ministério da Saúde criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) por meio da Portaria GM nº 154, de 24 de janeiro de 2008. (BRASIL, 2010) Assim, sua função é qualificar a atenção em saúde sem constituir uma porta de entrada especializada no sistema de saúde. Cada um desses núcleos deve ser formado por profissionais de diferentes categorias incluindo as médicas que têm a função de dar suporte às equipes. A formação de cada NASF vai depender das prioridades do território adscrito (BRASIL, 2010). A função precípua do NASF é “superar a lógica fragmentada da saúde para a construção de redes de atenção e cuidado, de forma corresponsabilizada com a ESF”, desta maneira, o trabalho se dá em redes e o conhecimento tem de circular entre todos os membros (BRASIL, 2010). Suas diretrizes de atuação são referentes à APS que são: ação interdisciplinar e intersetorial; educação permanente em saúde dos profissionais e da população; desenvolvimento da noção de território; integralidade, participação social, educação popular; promoção da saúde e humanização. Também é formado por nove áreas estratégicas, a saber: saúde da criança/do adolescente e do jovem; saúde mental; reabilitação/saúde integral da pessoa idosa; alimentação e nutrição; serviço social; saúde da mulher; assistência farmacêutica; atividade física/práticas corporais; práticas integrativas e complementares. (BRASIL, 2010). Há 2 modalidades de NASF que são NASF 1 composto por no mínimo cinco profissionais com formação universitária, entre os seguintes: psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, médico ginecologista, profissional da educação física, médico homeopata, nutricionista, médico acupunturista, médico pediatra, médico psiquiatra e terapeuta ocupacional. Cada um deve estar vinculado a um mínimo de oito e máximo de 22 20 equipes de SF, exceto nos estados da Região Norte, onde o número mínimo passa a ser cinco. Já o NASF 2 deve ter no mínimo três profissionais, entre os seguintes: psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, profissional da educação física, nutricionista e terapeuta ocupacional; e se vincular a no mínimo três equipes de SF. (BRASIL, 2008) Capítulo 3 – A Homeopatia na Estratégia da Saúde da Família – uma prática possível. Os críticos da Homeopatia questionam a falta de evidências que embasem a prescrição do medicamento e o tratamento. No entanto, Hahnemann foi um grande propagador do pensamento empírico baseado na experimentação no homem são. Para ele, a observação clínica no homem são trazia informações importantes para elucidar a clínica dos doentes como se pode observar no fragmento do Organon 6ª edição abaixo: “A verdadeira arte de curar é, por natureza, pura ciência experimental. Pode e deve repousar em fatos claros e fenômenos menos perceptíveis, pertencentes à sua esfera de ação, pois todos os elementos de que trata são clara e satisfatoriamente cognoscíveis pelos sentidos, através da experiência. O conhecimento da doença a tratar, o conhecimento dos efeitos, verificados, das drogas na remoção das doenças – tudo isso só a experimentação adequadamente ensina. Seus elementos só podem derivar de experiências e observações puras. Ela não ousa dar um simples passo fora da esfera de experiências e experimentos puros e bem observados, evitando tornar-se uma nulidade, uma farsa.” Fazendo uma alusão ao que se tem hoje relacionado à Pesquisa Clínica pode-se verificar a presença de características similares ao pensamento Hahnemanniano. Os medicamentos desenvolvidos são primeiramente testados experimentalmente em modelos animais, que são os chamados estudos préclínicos onde se avalia a carcinogênese e a toxicidade do fármaco. A partir 23 desta etapa, começam a ser realizados os estudos clínicos, em seres humanos em 4 fases. As fases 1 e 2 destinam-se à avaliação inicial da tolerabilidade e da segurança e é realizado em pessoas sadias. (CASTILHO & KALIL, 2005) Nestas etapas são extraídos os principais efeitos adversos e a segurança do medicamento, com isso são verificadas as doses e os esquemas posológicos que serão utilizados. Avalia-se também a população-alvo e as que serão excluídas. (CASTILHO & KALIL, 2005) Para Hahnemann, a alopatia era uma ciência empírica, conforme se observa no fragmento: “Em pouco tempo, contudo, o público convenceu-se de que os sofrimentos dos doentes aumentavam e cresciam com a introdução de cada um desses sistemas e métodos de cura, quando esses eram seguidos à risca. Há muito tempo esses médicos alopatas teriam desaparecido, não fosse o alívio às vezes obtido com remédios empìricamente descobertos (cuja ação satisfatória instantânea é evidente ao paciente) e isto até certo ponto, servia para manter-lhes o crédito”. Organon 6ª edição §55 A preocupação com a segurança do medicamento é recente e remonta do século XX, mais especialmente no que se refere à questão da talidomida na década de 60. Medicamento utilizado para enjôo em gestantes causou cerca de 4000 casos e 500 mortes devido a malformações congênitas. Este episódio foi culminante para o surgimento da Farmacovigilância (Ferreira et al., 2009). Segundo a OMS, Farmacovigilância é conceituada como “ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou qualquer outro problema relacionado a medicamentos” (OMS, 2005). Neste mesmo período a Homeopatia estava em crise no Brasil, e esta, só começou a cessar a partir das décadas de 70 e 80 quando foi reconhecida como especialidade médica e seu ensino foi retomado. (GALHARDI & BARROS, 2008). Desde então, a Homeopatia começou a ressurgir no cenário acadêmico e clínico. Foi na década de 80 que a foi oferecida como 24 especialidade médica aos usuários dos serviços públicos e em 1999 foi inserida na tabela do SIA/SUS. Desde a publicação da Política Nacional de Medicamentos até a publicação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) passando pela 1ª Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica, vários foram os momentos que apontavam para a necessidade de garantir o acesso aos medicamentos fitoterápicos e homeopáticos (BRASIL, 2006a). No campo das Práticas Integrativas e Complementares (PIC) estão incluídos além da Homeopatia, medicina chinesa e acupuntura, plantas medicinais e fitoterapia e termalismo social/crenoterapia. Estas práticas buscam estimular os mecanismos naturais individuais de prevenção de agravos e a recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras em consonância com os princípios norteadores do SUS (BRASIL, 2006a) A homeopatia é vista como uma “prática alternativa” dentro do Sistema Único de Saúde, pois medica os pacientes de maneira diferente utilizando-se de florais e ervas medicinais. No entanto, trata-se de uma especialidade médica que pode ser utilizada de forma complementar a alopatia. (SANTANNA, C. et al, 2008) É uma opção terapêutica, podendo atuar em diversas situações clínicas como doenças crônicas não-transmissíveis, doenças respiratórias e alérgicas, transtornos psicossomáticos e, além disso, pode contribuir para o uso racional de medicamentos por diminuir a fármaco-dependência (BRASIL, 2006a). Em estudo realizado por SANTANNA, C et al (2008) no estado do Rio Grande do Sul, os usuários mostraram-se satisfeitos por utilizar a homeopatia e disseram que sentem que o “medicamento é mais natural, mais saudável, sem efeitos colaterais”. Em outro estudo conduzido por (MONTEIRO & IRIART, 2007), a opinião dos usuários é que tratamento é natural, logo está relacionado com produtos vindos da natureza sem química como análogos aos medicamentos fitoterápicos. Assim, não causam dano como os alopáticos. Desconhecem o processo de manipulação do medicamento homeopático e aproximam-no dos remédios feitos por curandeiros como garrafadas e/ou das práticas religiosas como banhos, chás e infusões. Outro ponto destacado é o tempo de ação que 25 para a maioria é lento, e assim deve ser para curar o que está no eu profundo – a verdadeira causa do sofrimento. Como ponto negativo, os usuários questionaram sobre as dificuldades de acesso geográfico devido ao tempo de deslocamento e a distância entre a casa e a unidade de saúde e de acesso econômico devido ao tempo de espera necessário para o atendimento (SANTANNA, C. et al, 2008). Outro ponto crucial é a dispensação dos medicamentos gratuitamente nas unidades do SUS. Os pacientes relataram que a falta destes compromete o tratamento. No entanto, a unidade em questão foi avaliada positivamente, pois dispõe de uma unidade de farmácia de manipulação para atender os pacientes. (SANTANNA, C. et al, 2008) De acordo com o Caderno de Atenção Básica Nº 27 – Diretrizes do NASF - é de suma importância que os serviços de saúde dispensem gratuitamente o medicamento homeopático ao paciente para facilitar a adesão ao tratamento. (BRASIL, 2010) De acordo com a Portaria MS/GM nº 2982, de 26 de novembro de 2009 que definiu a execução e financiamento do Componente Básico do Bloco de Financiamento da Assistência Farmacêutica, bem como o Elenco de Referência de medicamentos e insumos complementares para a Assistência Farmacêutica na Atenção Básica em Saúde. Na mesma está prevista a pactuação de medicamentos homeopáticos de acordo com o Elenco de Referência Nacional feito com base na Relação Nacional de Medicamentos (Rename) vigente. O Anexo II é composto por medicamentos fitoterápicos e homeopáticos - conforme a Farmacopéia Homeopática Brasileira 2ª edição que podem ser adquiridos em farmácia de manipulação desde que comprovada a inexistência no mercado e justificada tecnicamente a necessidade da manipulação de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada – RDC nº 67, de 8 de outubro de 2007. É importante considerar que para a implantação e implementação das PIC na ESF, os profissionais precisam fazer um diagnóstico do território, considerando as práticas executadas e o saber popular. A inclusão das PIC está em consonância com os princípios de universalidade, integralidade e equidade que estruturam o SUS. Assim, garante-se o acesso democrático aos serviços de saúde por todos e em toda a rede assistencial do SUS na Atenção 26 Básica, abordando-se o indivíduo na sua totalidade e sem desrespeitar suas peculiaridades e suas necessidades, tanto individuais e quanto coletivas. (BRASIL, 2010) 27 CONCLUSOES O estilo de vida atual que é repleto de incertezas quanto ao futuro, a insegurança, a violência, o desemprego e a dificuldade no estabelecimento de relações interpessoais são condições que favorecem o desenvolvimento de problemas de saúde muitas vezes não diagnosticáveis pelo clínico clássico. É neste cenário que entra o homeopata com seu arsenal terapêutico e sua visão centrada no indivíduo. A escuta e a percepção mais apurada são capazes de identificar a real necessidade do paciente e não apenas classificá-lo como doente ou não-doente. Não se trata de tentar reconhecer a presença de uma doença constante na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), e sim buscar uma solução para o problema que o paciente apresenta. A ESF com sua visão também centrada no paciente e objetivando a longitudinalidade do cuidado representa a porta de entrada da Homeopatia na Atenção Básica. Assim, deixa de ser uma presença insipiente e tímida em algumas unidades de saúde para adentrar na base da organização do SUS. É claro que dado ao pouco de implantação da Portaria 154/08 que criou o NASF, a inserção do homeopata é pequena, bem como a dos demais profissionais de saúde, considerando-se que a inserção da ESF ainda não é total na maioria dos estados brasileiros. O acesso aos medicamentos homeopáticos está previsto no Elenco de Referência Nacional, porém o maior entrave seria a individualização do paciente. Em termos de custo, é muito complexo para o gestor montar uma farmácia contemplando as diversas possibilidades de potências e escalas, principalmente quando se pensa em grandes cidades como o Rio de Janeiro. Outra possibilidade é a aquisição de farmácias homeopáticas particulares com uma política de compras diferente da dos medicamentos alopáticos que em nível de legislação nacional ainda não existe, apenas a compra dos insumos e materiais é possível por licitação uma vez que tem validade longa e há como fazer credenciamento de fornecedores. Uma saída seria a elaboração do elenco pelo município para compor sua cesta básica. No entanto, aqui cabem questões: É possível individualizar o paciente desta maneira? Esta saída atende aos princípios da Homeopatia? Não seria uma restrição das infindas possibilidades de tratamento da 28 Homeopatia? É possível prever a compra de medicamentos homeopáticos por licitação? É possível a montagem de farmácias homeopáticas pelo gestor municipal? As respostas para essas perguntas ainda não podem ser respondidas. Somente a partir da inserção de homeopatas no NASF e das respostas clínicas apresentadas pelos pacientes utilizando um elenco de referência será possível responder a estas inquietudes e dúvidas. Quanto aos medicamentos, seria ideal que o município manipulasse de acordo com as necessidades de seus pacientes, uma vez que o custo inicial de montagem é compensado com a compra dos materiais e insumos por licitação. Por fim, é possível afirmar é que os limites são vários, mas as possibilidades são muitas. 29 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAUJO, Eliane Cardoso de. Homeopatia: uma abordagem do sujeito no processo de adoecimento. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, 2008, vol.13, suppl 0, pp. 663-671 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União 1988, 5 out. BRASIL. Lei nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990. 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