SEMINÁRIO SOLUÇÕES INOVADORAS DE TRATAMENTO E REÚSO DE ESGOTO EM COMUNIDADES ISOLADAS ASPECTOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS Centro de convenções da Unicamp – Campinas, 20 e 21 de junho de 2013 SOLUÇÃO INOVADORA PARA TRATAMENTO E USO (REÚSO) DE ESGOTO Cícero Onofre de Andrade Neto Quando o corpo receptor apresenta boa capacidade de diluição, ou quando o efluente da estação de tratamento de esgotos (ETE) é disposto no solo, alguns órgãos estaduais de controle ambiental têm aceitado a DBO no efluente com até 60 mg/L, o que permite a implantação de ETEs mais simples e mais econômicas. Outros órgãos ambientais aceitam ETEs com eficiência na remoção de DBO e SST igual ou maior que 80%, como solução para tratamento dos esgotos, em alguns casos. Tanto um decanto-digesto como um reator de manta de lodo, seguido de um filtro anaeróbio, pode propiciar eficiência maior que 80% na remoção de DBO e SST, e efluentes com DBO menor que 60 mg/l e com menos de 30 mg/l de SS. Das pesquisas realizadas no âmbito do PROSAB, com filtros anaeróbios utilizados para o pós-tratamento de efluentes de tanques sépticos e reatores UASB, tem-se observado que os filtros anaeróbios são capazes de produzir efluentes que atendem aos padrões de lançamento estabelecidos pelos órgãos ambientais, em termos de concentração de DBO (GONÇALVES et al, 2001). Atualmente, os filtros anaeróbios já vêm sendo utilizados, após reatores UASB, para garantir efluente final com DBO < 60 mg/L, inclusive para cidades com população superior a 50.000 habitantes. Mesmo em condições operacionais que resultam um tempo de detenção, no filtro, metade daquele recomendado pela NR 13.969/1997, da ABNT, o efluente final sempre apresenta DBO 60 mg/L. (ALEM SOBRINHO e JORDÃO, 2001). No Rio Grande do Norte, desde 1992 um sistema que associa decanto-digestor e filtros anaeróbios (sistema RN) vem sendo aplicado e desenvolvido tecnologicamente, com algumas unidades de porte médio em operação. Sistemas semelhantes ao desenvolvido no RN foram projetados também para: Rio de Janeiro, Mato Grosso, Maranhão e Alagoas. O sistema é constituído de um grande tanque séptico de câmaras em série com um pequeno filtro agregado e dois filtros anaeróbios que o ladeiam (ANDRADE NETO, 1997). Arranjo inovador, pequeno filtro acoplado ao TS, filtros descendentes afogados, facilidades na construção e na operação. UFRN Efluente de filtros anaeróbios As pesquisas na UFRN, durante seis anos, mostraram, entre outras conclusões, que filtros anaeróbios podem ser utilizados com eficácia para tratamento de esgotos sanitários diluídos, ou efluentes de outros reatores anaeróbios, podendo produzir efluentes com DBO média menor que 30 mg/L e menos de 20 mg/L de sólidos suspensos, e que é possível obter alto rendimento (tempo de detenção de 5 horas e remoção de DQO maior que 85%) operando-os com carga orgânica elevada. (ANDRADE NETO, 2004) Com o uso do filtro anaeróbio, e somente assim, é possível ter uma estação de tratamento de esgoto totalmente anaeróbia, com custos baixíssimos de implantação e operação, porém eficiente o suficiente para atender padrões de órgãos ambientais para os efluentes. Pesquisas recentes têm indicado que doses de cloro da ordem de 10 mg/L aplicadas em efluentes de filtros anaeróbios com tempo de contato superior a 25 minutos pode propiciar alta eficiência na remoção de coliformes fecais (termotolerantes ou E. coli). Ademais, as pesquisas mais recentes têm demonstrado que os filtros anaeróbios são muito eficientes na remoção de ovos de vermes. A operação é muito simples e eventual Decanto-digestor com 2 câmaras em série e filtro anaeróbio ascendente com britas acolpado Filtros biológico aerado ascendente Material de enchimento: eletroduto cortado EB EF 2 Filtros anaeróbios descendentes em paralelo Materiais de enchimento: tijolo cerâmico e hidrobol Tijolo EB Decanto-digestor e Filtro anaeróbio FAN1 FAN FA1 Eletroduto Hidrobol FAN2 Filtros biológico aerado descendente Material de enchimento: eletroduto cortado Compressor Eletroduto FA2 • Sistema e controle de aeração 16 Recife/PE 19 SET-09 EB EB FAN’s FAN(1,2) FA1 FA2 FA2 Biofiltros aerados submersos com alto índice de vazios e sem remoção de lodo Não é lodos ativados nem biofiltro aerado submerso usual. Os reatores aerados com leito fixo submerso de peças de plástico anelares com alto índice de vazios (como conduíte cortado e anéis de plástico) têm princípio de funcionamento bastante distinto dos filtros percoladores, porque são submersos, ou dos biofiltros aerados submersos, porque o lodo retido nos interstícios tem papel de destaque na biodegradação. Distinguem-se também dos reatores MBBR porque o leito é fixo e retêm mais sólidos suspensos (“idade do lodo” muito longa). Na verdade constituem nova proposta de reatores, nos quais tanto ocorrem fenômenos semelhantes aos dos biofiltros aerados submersos, como a participação dos flocos de lodo retidos nos interstícios, como se fora milhares de diminutos lodos ativados. Mas não se remove lodo e ocorre respiração endógena. 25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental USO DE FILTROS AERADOS RUDIMENTARES PARA OXIDAÇÃO DE NITROGÊNIO AMONIACAL CONTIDO EM EFLUENTES DE REATORES ANAERÓBIOS Autores: Raulyson Ferreira de Araújo Cícero Onofre de Andrade Neto Tatiana Cardoso Delgado Henio Normando de Souza Melo Izaldo Breno de Araújo Medeiros Recife, setembro 2009 25º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental Resultados e discussões • Matéria orgânica e amônia Tabela: Eficiências médias de remoção por processos biológicos em cada fase de operação Fase 1 Parâmetro Fase 2 Fase 3 FA1-FAN FA2-FA1 FA2-EB FA1-FAN FA2-FA1 FA2-EB FA1-FAN FA2-FA1 FA2-EB DQO 42% 28% 92% 53% 51% 95% 48% 43% 95% DBO 71% 4% 96% 60% 27% 98% 81% 35% 98% NH4+ - N 19% 35% 42% 57% 7% 55% 80% 33% 85% SET-09 Recife/PE 25 XXXIII Congresso Interamericano de Engenharia Sanitária e Ambiental Salvador , Brasil, 03 a 07 de junho de 2012 II-034 – REMOÇÃO DE CARBONO E SÓLIDOS SUSPENSOS TOTAIS EM BIOFILTRO AERADO SUBMERSO COM CONDUITE CORTADO Weliton F. BEZERRA FILHO Cícero O. de ANDRADE NETO André L. C de ARAÚJO Conclusões • A associação entre reator anaeróbio/aeróbio mostrou-se eficiente no tocante a remoção de material carbonáceo, representado neste trabalho pela DQO, reduzindo a DQO afluente de 311 mg/L para 25 mg/L no efluente final, perfazendo uma eficiência de remoção de 92%. • O alto índice de vazios do material suporte empregado mostrou-se extremamente eficiente no tocante a retenção de sólidos no interior do reator, tendo produzido efluentes com concentrações médias de SST de 5,3 mg/L, e turbidez de 4,1 UT. Para estes parâmetros o sistema apresentou uma eficiência de remoção em torno de 97% para os dois parâmetros. Rede Renutres (FINEP MCT/MCidades/FINEP/Ação Transversal Saneamento Ambiental e Habitação - 07/2009) 2ª Reunião da Rede Florianópolis 30 e 31 de novembro de 2012. DESENVOLVIMENTO E APERFEIÇOAMENTO DE TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTO SANITÁRIO UFRN Cícero Onofre de Andrade Neto 28 Resultados: Etapa 1 Média Parâmetro EB SRN ANA AE1 Desvio padrão Min-Max 450 AE2 400 350 6,7 6,7 6,8 6,4 6,7 Temperatura (ºC) 27,2 27,2 26,7 26,9 26,3 Média Desvio padrão Min-Max 1400 1200 1000 DQO (mg/L) 800 316 Alcalinidade (mg CaCO3/L) pH 295 300 250 224 200 153 150 88 100 793 50 600 449 400 0 200 152 96 43 0 -50 EB -200 EB SRN ANA AER ANX Ponto SRN ANA AER ANX Ponto Média Desvio padrão Min-Max 280 260 240 220 Remoção de DQO: - Total: 94% - Biofiltros aerados: 72% 200 180 160 152 140 120 DQO (mg/l) 96 100 80 60 43 40 20 0 -20 ANA AER Ponto ANX 29 Resultados: Etapa 2 Parâmetro EB SRN ANA AE1 AE2 Média Desvio padrão Min-Max 700 7,3 7,2 7,2 6,8 6,2 600 Temperatura (ºC) 29,2 28,2 27,8 28,2 27,9 500 Média Desvio padrão Min-Max 1200 1000 864 DQO (mg/L) 800 600 400 Alcalinidade (mg CaCO3/L) pH 476 439 400 367 300 200 157 100 288 42 200 107 77 32 0 0 -200 EB SRN ANA AE1 -100 AE2 Ponto Média EB Desvio padrão Min-Max SRN ANA AE1 AE2 Ponto 160 140 Remoção de DQO: - Total: 96% - Biofiltros aerados: 70% 120 107 100 77 80 DQO (mg/l) 60 40 32 20 0 ANA AE1 Ponto AE2 30 Média Desvio padrão SST Min-Max Média 200 SSV Desvio padrão SSF Min-Max 300 180 160 250 145 235 202 120 200 100 80 mg/L Turbidez (UNT) 140 67 150 60 47 100 40 20 52 1 1 AE1 AE2 0 50 47 33 22 19 5 -20 EB SRN ANA EB SRN ANA Ponto Média Desvio padrão 7 3 6 0 1 3 3 AE1 1 AE2 Ponto Min-Max SST 70 Média SSV SSF Desvio padrão Min-Max 28 26 60 24 50 22 47 20 22 19 18 40 16 14 30 mg/l Turbidez (UNT) 20 12 10 8 10 7 6 1 1 0 4 6 3 3 2 3 1 1 0 -10 -2 ANA AE1 Ponto AE2 ANA AE1 AE2 Ponto Remoção de SST: Remoção de Turbidez: - Total: 99% - Total: 99% 31 - Biofiltros aerados: 88% - Biofiltros aerados: 86% Rede Renutres (FINEP MCT/MCidades/FINEP/Ação Transversal Saneamento Ambiental e Habitação - 07/2009) Rede de Pesquisa DESENVOLVIMENTO E APERFEIÇOAMENTO DE TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO TERCIÁRIO DE ESGOTO SANITÁRIO 3ª Reunião da Rede Belo Horizonte 16 e 17 de maio de 2012. RECUPNUT Cícero Onofre de Andrade Neto 32 Etapa 02 Vazão de esgoto: 10 m3/dia • TDH: – AER1: 8h e 11 min; – AER2: 6h e 39 min; • Fase 01: – – – – Vazão de ar no AER1: 0,10 m3/min. Vazão de ar no AER2: 0,05 m3/min Período de Análise:12/09/2012 a 19/12/2012 Número de Coletas: 13 • Fase 02: – – – – Vazão de ar no AER1: 0,10 m3/min. Vazão de ar no AER2: 0,02 m3/min. Período de Análise: 10/01 a 18/04 Número de Coletas: 15 • Em 02 de maio iniciou-se a Fase 03. Elevação da vazão de ar em AER1 para 0,15 m3/min 33 Resultados: Etapa 2 SST– Fase 01 SST – Fase 02 45 45 40 40 35 35 30 30 25 25 SST SST 20 20 18 16 15 15 10 10 7 5 7 2 0 ANA AER 1 AER 2 Ponto Remoção de SST: 88% 5 Média 0 Média±DP Min-Max 1 ANA AER 1 AER 2 Média Média±DP Min-Max Ponto Remoção de SST: 94% 34 Resultados: Etapa 2 Balanço de Nitrogênio – Fase 01 Balanço de Nitrogênio– Fase 02 160 160 140 140 120 120 103 100 100 80 80 85 60 60 46 40 20 0 ANA AER 1 AER 2 Ponto Remoção de Nitrogênio: 55% Balanço Nitrogênio Balanço Nitrogênio 53 Média Média±DP Min-Max 48 39 40 20 0 ANA AER 1 AER 2 Ponto Remoção de Nitrogênio: 35 54% Média Média±DP Min-Max UFRN Tratamento de esgotos em filtros aerados submersos com conduíte cortado (90% vazios) sem remoção do lodo. Alta eficiência: DQO 20 mg/L; SS 5 mg/L; Turb. 2 UT; Amônia 6 mg/L (2 mg/L) Revista Infraestrutura Urbana (PINI), dez 2011. HIDROPONIA COM ESGOTO TRATADO Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários são ricos em macro e micronutrientes e podem, portanto, ser utilizados como solução nutritiva, com algumas adaptações das técnicas e, quando necessário, correções nutricionais. Eluentes de filtros anaeróbios SS < 20 mg/L Ovos Helm < 1 /L Mantêm nutrientes UFRN Tratamento de esgotos em filtros anaeróbios e aerados submersos. Alta eficiência: DBO 5mg/L; SS 7mg/L; Amônia 6mg/L. Filtro anaeróbio é uma excelente opção para tratamento de esgotos quando se usa o efluente em hidroponia Uso de esgoto tratado para produção de forragem verde hidropônica (hidroponia em canteiros) para nutrição animal UFRN UFV SCHNEIDER e TSUTIYA 2001 Forragem verde hidropônica com esgoto tratado + Tratamento complementar de esgotos em nível terciário com eficiência inigualável + Controle da poluição: não polui águas, nem solo nem ar + Proteção da saúde pública e do meio ambiente + Reúso de água e reciclagem de nutrientes + É hidropônica: pequena área; alta produção; controle natural de pragas + Hidropônica sem química, natural, orgânica + Produção de alimento + Alta relação benefício / custos e excelente retorno social do investimento + Proteção dos animais (rumem) + Altíssima eficiência evapotranspirométrica (clima) + Alta eficiência fotossintética (<< CO2; >> O2) www.finep.gov.br/prosab/produtos.htm Os livros do PROSAB não registram apenas os resultados das pesquisas, reúnem o conhecimento dos pesquisadores. www.finep.gov.br/prosab/produtos.htm BASTOS, Rafael K X (coordenador) et al. Utilização de Esgotos Tratados em Fertirrigação, Hidroponia e Piscicultura. Rio de Janeiro: ABES, RiMa, 2003. 267p. FLHORENCIO, L; BASTOS, R K X; AISSE, M M. (coordenedores) et al. Tratamento e utilização de esgotos sanitários. Rio de Janeiro: ABES, 2006. 427p. MOTA e von SPERLING (coordenadores) et al. Nutrientes de Esgotos Sanitários: utilização remoção. Rio de Janeiro: ABES, 2009. Cícero Onofre de Andrade Neto Universidade Federal do Rio Grande do Norte Departamento de Engenharia Civil Programa de Pós Graduação em Engenharia Sanitária Laboratório de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental [email protected] 55 (84) 3215 3775 Ramal 203 Reatores anaeróbios são vantajosos porque o processo anaeróbio é essencialmente catabólico. Em clima quente, alem da maior atividade microbiana, a hidrólise é bastante favorecida pela alta temperatura. Há que se perceber que o clima quente favorece o processo anaeróbio e não apenas um tipo de reator anaeróbio.