PROTEÇÃO SOLAR IDEAL NÃO É POSSÍVEL APENAS COM
BLOQUEADORES
Juliana Conte
Com os índices de radiação ultravioleta (UV) chegando a níveis altos neste verão,
dermatologistas alertam a população em relação aos cuidados com o sol. Desde o
início de janeiro, segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o
índice ultravioleta em São Paulo está atingindo picos de 13 a 15, numa escala que
vai até 18. A radiação ultravioleta é aquela de maior efeito biológico e a causadora
da maior parte dos danos decorrentes do sol, como queimaduras, envelhecimento
da pele e até câncer de pele.
De acordo com o último Consenso de Fotoproteção da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, quando o índice UV atinge níveis elevados, há necessidade de
proteção intensa, com auxílio de chapéu, óculos escuros e roupa que proteja os
braços, além do bloqueador solar fator 30.
O dermatologista Marcus Maia, Coordenador do Programa Nacional de Combate
ao Câncer da Pele e professor de Dermatologia da Santa Casa de SP, ressalta
que não se pode jogar toda responsabilidade de fotoproteção somente nos
bloqueadores solares. “Infelizmente, as pessoas não passam de maneira correta e
não reaplicam a cada duas horas. Proteção solar é um conjunto de atitudes”.
Para depender somente da ação dos protetores, o indivíduo teria que passar 40 ml
(um terço do frasco) no corpo inteiro 15 minutos antes de se expor ao sol.
“Ninguém faz isso, claro. Porque aí você passa nos filhos, maridos e o frasco
acaba em um dia. A solução, portanto, é que o indivíduo entenda que é preciso
aliar bloqueador, roupas, óculos e chapéu se quiser realmente se proteger”,
explica Maia.
Para ficar mais simples, a Sociedade Brasileira de Dermatologia criou a regra da
colher de chá. A dica é passar no rosto, braços e pescoço o equivalente a uma
colher de chá de protetor. Já nas pernas e coxas, duas. Lembre-se que é
necessário executar este mesmo procedimento a cada duas horas.
Acúmulo de radiação
É importante começar a se cuidar desde cedo, principalmente aqueles que
possuem pele e olhos claros, além de sardas no rosto, pois a radiação solar tem
um efeito cumulativo na pele. Portanto, aquele sol sem proteção que você tomou
desde a infância pode começar a dar problema na faixa dos 40 anos, causando
envelhecimento precoce da pele e até câncer. Perceba como debaixo das axilas,
que não ficam expostas diariamente ao sol, a pele é muito mais macia do que no
restante do corpo.
“A radiação solar tem capacidade de deslocar elétrons, então ela mexe com as
propriedades celulares. No momento em que o sol bate no DNA da célula, ela
forma um chamado DNA ultravioleta (UV), que não é bom. O corpo possui uma
enzima que anula esse DNA UV fazendo com que ele volte ao normal. Acontece
que quando há muito radiação solar, nem sempre eles são recuperados. Sempre
sobra algum DNA alterado. Esse acúmulo de DNA alterado gera células
modificadas, o que aumenta a possibilidade de surgir câncer na pele”, explica o
médico.
Diferenças entre UVA e UVB
O raio UVA consegue ultrapassar a camada de ozônio durante todo dia e penetrar
profundamente na pele, sendo o principal responsável pelo bronzeamento, mas
também pelo seu envelhecimento. Além disso, predispõe, com o passar do tempo,
ao surgimento de câncer.
Já os raios UVB só passam quando estão perpendiculares à camada de ozônio, o
que acontece por volta das 10 horas. São esses os raios responsáveis pelas
queimaduras solares e, assim como o UVA, por alterações celulares que
predispõem ao câncer da pele.
Como escolher o protetor solar correto
Diferentemente dos outros tipos de cânceres, é possível fazer prevenção primária
do câncer da pele. O fator de proteção solar (FPS) é a principal medida de eficácia
de um protetor, pois ele quantifica o quanto o produto é capaz de ampliar a
proteção. Um protetor de FPS 30, por exemplo, permite que o usuário se exponha
ao sol por um tempo 30 vezes maior antes de começar a sofrer os efeitos nocivos
do sol.
Diante da grande oferta de cosméticos, a dermatologista Flávia Ravelli explica o
que os protetores devem obrigatoriamente oferecer. “Quando for comprar, analise
se o produto oferece proteção UVA e UVB. Se for entrar na água ou na piscina,
deve ser resistente à água. No mínimo, o fator de proteção deve ser 30. Para pele
oleosa e com tendência a ter acne, procure protetores formulados à base de gel,
gel creme ou fluido”.
É preciso cuidado em relação aos sprays, pois com eles não é possível quantificar
a regra da colher de chá. “Por isso, aplique de maneira generosa e espalhe bem.
No rosto, procure passar uma solução em creme, não spray”, orienta a médica.
Crianças com menos de seis meses de idade não devem usar protetor. Se precisar
sair com o bebê em dias quentes, proteja-o com um guarda-chuva e pano de
algodão. “A partir do primeiro ano de vida a criança já pode usar uma versão
específica de bloqueador, sem química, para não causar reações alérgicas”,
explica Flávia.
Fonte: CONTE, Juliana. Proteção solar ideal não é possível apenas com bloqueadores.
Disponível em: http://drauziovarella.com.br/cancer/protecao-solar-ideal-nao-e-possivelapenas-com-bloqueadores/. Acesso em: 31/01/2014.
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