Automotive OUTUBRO OU UTUBRO DE 201 2013 13 A ERA DO BIG DATA UM NOVO CONJUNTO DE TECNOLOGIAS AVANÇADAS PERMITE PROCESSAR E ANALISAR IMENSAS QUANTIDADES DE DADOS EM TEMPO REAL, REVOLUCIONANDO A PRODUÇÃO AUTOMOTIVA E A RELAÇÃO DO CARRO COM A ESTRUTURA URBANA $(92/8d®2'266(59,d26 1$,1'Ô675,$$872027,9$ '(6,*10$5&$17(38;$ $5(387$d®2'$+<81'$, $6129,'$'(6'26$/®2'2 $8720Ð9(/'()5$1.)857 EDITORIAL REVISTA www.automotivebusiness.com.br Editada por Automotive Business, empresa associada à All Right! Comunicação Ltda. Tiragem de 12.000 exemplares, com distribuição direta a executivos de fabricantes de veículos, autopeças, distribuidores, entidades setoriais, governo, consultorias, empresas de engenharia, transporte e logística e setor acadêmico. Paulo Ricardo Braga Editor [email protected] Diretores Maria Theresa de Borthole Braga Paula Braga Prado Paulo Ricardo Braga Editor Responsável Paulo Ricardo Braga (Jornalista, MTPS 8858) Editora-Assistente Giovanna Riato Redação Camila Franco, Giovanna Riato, Mário Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis Colaboradores desta edição Alexandre Akashi, Aline Feltrin, Camila Waddington, Edileuza Soares, Érica Munhoz, Lúcia Camargo e Luciana Duarte Ricardo Alves de Souza Estúdio Luis Prado Tel. 11 5092-4686 www.luisprado.com.br Publicidade Carina Costa, Greice Ribeiro, Monalisa Naves Editor de Notícias do Portal Pedro Kutney Media Center e WebTV Marcos Ambroselli Comunicação e eventos Carolina Piovacari Josiane Lira Impressão Margraf Distribuição MTLOG Redação e publicidade Av. Iraí, 393, conjs. 51 a 53, Moema, 04082-001, São Paulo, SP, tel. 11 5095-8888 [email protected] O DESPONTAR DO BIG DATA E nquanto nossa indústria automobilística ainda se prepara para enfrentar o rigor da política de eficiência energética e conta vantagem por registrar (com atraso) a introdução de ABS e airbag como itens de segurança obrigatórios, fabricantes europeus, norte-americanos e asiáticos abrem larga vantagem tecnológica, avançando na direção dos veículos autônomos. Os self-driving cars vão chegar em grau de sofisticação crescente, começando pela assistência ao motorista e evoluindo para ganhar total autonomia, sendo programados para pegar crianças na escola ou transportar portadores de deficiência visual. A nova geração de tecnologias hightech, equipada com câmeras de vídeo, radares e sensores sofisticados, baseia-se no Big Data, conjunto de procedimentos que permite processar e analisar imensas quantidades de dados em tempo real e promete revolucionar a relação do automóvel com a estrutura urbana. Os carros conectados serão integrados à Internet das Coisas, segunda grande onda da web para o nascimento da sociedade digital, como demonstra a jornalista Edileuza Soares na matéria de capa desta edição. O tema abre o caderno especial sobre serviços na indústria automobilística, analisando os desafios da tecnologia da informação para lidar com o Big Data, que permitirá ao carro do futuro processar nada menos de 1gigabyte de informações por segundo. O Big Data dá os primeiros passos no Brasil e progressivamente estará presente em toda a cadeia de produção e distribuição dos veículos, acompanhando seu ciclo de vida e alterando profundamente os modelos de negócios. O jornalista Mário Curcio recapitula nesta edição os 15 anos de atividades da Toyota em Indaiatuba, SP. Avaliamos as novidades do Salão de Frankfurt, que teve a cobertura da jornalista Giovanna Riato, e os lançamentos do segmento de implementos na Fenatran, colhidos pela repórter Luciana Duarte. Coube ao editor de notícias do portal Automotive Business, Pedro Kutney, relatar as surpresas que encontrou ao visitar a vigorosa e eficiente operação da Hyundai na Coreia do Sul. Até a próxima edição. Automotive 58 LUIS PRADO ÍNDICE CAPA | SERVIÇOS A ERA DO BIG DATA 8 FERNANDO CALMON ALTA RODA Concorrência deve prevalecer 12 NEGÓCIOS 28 LEGISLAÇÃO BENEFÍCIOS DEFINEM FÁBRICAS Vantagens tributárias na indústria 32 FÓRUM IQA O PREÇO DA NÃO QUALIDADE Valor chega a R$ 5,6 bi/ano em peças 36 TOYOTA INDAIATUBA FAZ 15 ANOS Uma resposta à Honda de Sumaré 4 BUSINESS LETÍCIA COSTA, sócia-diretora da Prada Assessoria RUY HIZATUGU A indústria automobilística vai processar volume gigantesco de informação em tempo real para construir seus carros, ganhar velocidade nos negócios e capturar dados valiosos que revelarão uma visão de 360 graus dos clientes 48 IMPLEMENTOS NOVIDADES DA FENATRAN Lançamentos ao lado dos caminhões 52 SUPRIMENTOS FORD TOP SUPPLIER 2013 13 fornecedores levaram prêmios 54 MONTADORAS HYUNDAI: AVANÇO NA REPUTAÇÃO Design e tecnologia premium em alta MODELO SUPER IMPACT 6X6, da Iveco Magirus 40 CAMINHÕES MAGIRUS TERÁ FÁBRICA NO BRASIL Veículos combatem incêndios 44 SALÃO DE FRANKFURT SOLUÇÕES PARA NOVOS DESAFIOS Montadoras se reinventam ante a crise MARCA coreana é uma das mais valiosas do mundo 57 SERVIÇOS ANÁLISE SETORIAL 58 Big Data 64 Consultoria 66 Engenharia e projeto 68 Testes e simulações 72 Automação 74 Logística 76 Financeiras 78 RH e treinamento 82 Certificação 84 Marketing 86 Distribuição 88 ARTIGO LEVEZA E MENOR CUSTO As especialidades do IPT mostrou o sexto RENAULT – A francesa o Initiale Paris Acker, den van s ren Lau de o carro- conceit 90 COBIÇA FACILIDADES TECNOLÓGICAS A atração da eletrônica PORTAL | AUTOMOTIVE BUSINESS AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR VOLVO CAMINHÕES QUER ZERAR ACIDENTES COMEÇA A PRODUÇÃO DO HYUNDAI IX35 EM GOIÁS CONHEÇA OS FORNECEDORES DO IVECO HI-WAY Em visita ao Brasil, Carl-Johan Almqvist, diretor global de segurança da Volvo, apontou quais rumos a fabricante de caminhões deve tomar para alcançar a meta de zerar acidentes envolvendo seus veículos. O executivo divulgou as conclusões de um relatório elaborado pela companhia sobre o tema. A Caoa inaugurou a linha de produção do Hyundai ix35 em Anápolis (GO). A nacionalização do utilitário esportivo recebeu investimento de R$ 600 milhões e ocorre sob licença da companhia coreana. O projeto foi viabilizado pelo Inovar-Auto, política industrial lançada em 2011 para incentivar a produção no Brasil. Com exclusividade, Automotive Business divulga a lista dos principais fornecedores do Iveco Hi-Way. O caminhão extrapesado foi lançado em agosto no Brasil e é o mais novo veículo a entrar em produção na planta da companhia em Sete Lagoas (MG). O modelo estreia no País com a ambição de ter 900 unidades vendidas ainda este ano. WEB TV www.automotivebusiness.com.br/abtv 90 SEGUNDOS MULHERES AUTOMOTIVAS ENTREVISTA Nesta edição, representantes da ANFAVEA, ABEIVA e ROLAND BERGER avaliam o impacto da alta do dólar no setor automotivo brasileiro. ELENA FARAH, diretora-geral da Aston Martin no Brasil, fala do desafio de liderar uma marca de alto luxo do setor automotivo. Executivos das montadoras participaram do Dia da Engenharia Alemã, promovido pela VDI, Associação dos Engenheiros Brasil-Alemanha. EXCLUSIVO QUEM É QUEM A ferramenta exclusiva e gratuita traz os contatos de quem comanda o setor automotivo. automotivebusiness.com.br/ quemquem.aspx REDES SOCIAIS ESTATÍSTICAS Acompanhe a evolução das estatísticas das principais organizações do setor. automotivebusiness.com.br/ estatisticas.aspx Formato leve e adequado para quem acompanha as notícias pelo smartphone ou tablet. m.automotivebusiness.com.br TWITTER Siga o Portal AB na rede social e acompanhe os links e novidades postados pela nossa equipe. @automotiveb 6 BUSINESS MOBILE WEBSITE www. f pti nd ustrial.com FPT INDUSTRIAL. O MOTOR DOS DOIS MAIORES LANÇAMENTOS DO ANO. CURSOR 13 e FPT 10,3L Inovação e tecnologia de ponta da maior produtora de powertrain do mundo para os dois maiores lançamentos do mercado de caminhões. FPT INDUSTRIAL. A GENTE FAZ HOJE PENSANDO NO FUTURO. MARINE ON ROAD OFF ROAD POWER GENERATION POWE RING THE FU TU RE ALTA RODA LUIS PRADO CONCORRÊNCIA DEVE PREVALECER FERNANDO CALMON é jornalista especializado na indústria automobilística [email protected] Leia a coluna Alta Roda também no portal Automotive Business. PATROCINADORAS 8 BUSINESS I mportados do México sofrem, há quase dois anos, as limitações de cotas impostas pelo governo federal. Não que não seja possível trazer mais veículos, porém ficariam fora de preço. A Nissan foi a mais prejudicada, pois importa carros compactos – March e Versa – em volumes maiores, que formam a base do mercado brasileiro, além de Tiida e Sentra. Esse cenário muda em 2014 com a inauguração, em março, da fábrica em Resende (RJ) e início da produção daqueles dois compactos e, no fim de 2015, do SUV deles derivado. Já em março de 2014, a cota mexicana volta a subir, no que seria o último ano de restrições. Com o alívio duplo (cota e produção local), a marca japonesa pode lançar desde agora o completamente novo Sentra por preços bastante competitivos: R$ 60.990 a R$ 71.990. Trata-se da sétima geração do modelo que, de fato, deu um salto qualitativo. Seu estilo ficou agradável, destacando-se o peculiar desenho dos para-lamas dianteiros. Em aerodinâmica melhorou muito (Cx de 0,34 para 0,29). Faróis de neblina, maçanetas cromadas e extensa aplicação de plástico de toque macio são exemplos dos cuidados com equipamentos, acabamento e materiais. Bom espaço interno, em particular no banco traseiro, o coloca em nível superior ao do Civic, líder do segmento, e rivaliza com C4 Lounge e 408. Porta-malas de 503 litros fica na média de dez rivais. Porém, apenas 52 litros no tanque limitam autonomia em viagens, especialmente por ser um sedã médio-compacto. Em parte, essa desvantagem diminui porque o motor flex de 2 litros/140 cv alcança até 12,9 km/l em estrada, nota A (máxima) no critério Inmetro. O Sentra evoluiu ainda em conforto de marcha e dirigibilidade. O câmbio automático CVT, que nem todos gostam, agora proporciona melhores respostas, sem prejuízo de permitir viajar a 120 km/h a apenas 2.000 rpm. Uma pena que falte alma ao motor, inferior em potência à maioria dos concorrentes. Outro novo modelo mexicano também prejudicado pelas cotas é o Chevrolet Tracker. Compartilha arquitetura com Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Sonic, porém é um SUV compacto de linhas atraentes e pa- ra-lamas massudos, mais interessante nesse aspecto que o EcoSport. Como há limitação para importar, a GM optou pela versão única de topo, LTZ, que sai por R$ 71.900. Inclui rodas de liga leve de 18 pol. e interior com acabamento razoável. Espaço no banco traseiro não chega a empolgar, nem o porta-malas, de apenas 306 litros. Posição de guiar (inclui regulagem elétrica para região lombar) e comportamento dinâmico estão de acordo com as características de um SUV moderno desse porte. Motor 1.8 de 144 cv vai bem, porém faltaria fôlego se uma versão de tração 4x4 fosse disponível, o que não está nos planos da fábrica, pelo menos no momento. O câmbio automático convencional de seis marchas faz trocas rápidas. No desempenho geral, o Tracker fica atrás da versão Titanium do EcoSport e do Duster Dynamique, ambos de 2 litros e potências semelhantes, mas que entregam valores de torque superiores. A partir de março de 2015 é provável que volte o livre comércio Brasil-México, com ajuda da taxa de câmbio. Seria ideal a concorrência sempre prevalecer, sem intervenções. FERNANDO CALMON DEPOIS do Golf VII, o próximo modelo a utilizar no Brasil a arquitetura MQB da Volkswagen será o novo Fox, em 2016. Antes disso, já em 2014, o compacto receberá atualização de linhas. Polo continuará até o fim do próximo ano. Gol compartilhará a arquitetura com o Up!, este previsto pela coluna para estrear em fevereiro de 2014. INMETRO passou a classificar de A a E, a partir deste mês, no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV), as emissões de gases regulamentadas (CO, HC e NOx), além do gás carbônico (CO2) já constante da tabela. Difícil é encontrar carros nas lojas com o selo PBEV, mesmo entre fabricantes que se comprometeram. Lamentável. PARA impulsionar o Agile, a fábrica fez alterações cosméticas em para-choques, grade, faróis e lanternas. Agora há apenas a versão LTZ, a mais equipada, a partir de R$ 42.990. Redefinição de relações de marchas e diferencial melhorou, ligeiramente, a utilização do câmbio automatizado (uma embreagem), que custa R$ 2.500. O volante de DIVULGAÇÃO RODA VIVA MERCEDES-BENZ GLA: o SUV compacto será produzido em Iracemápolis, SP direção passou a ter base reta. MONOVOLUMES andam em baixa no mercado. Isso não desanimou a JAC a introduzir retoques externos no J6 2014 e melhorar o acabamento interno, agora mais agradável e atual. Modelo chinês, vendido nas versões de cinco lugares (R$ 57.990) e sete lugares (R$ 59.990), tem motor 2.0 de 136 cv, subpotenciado. E continua sem opção de câmbio automático. CONFIRMADO, pela Reed Exhibitions Alcantara Machado, o período de 16 a 26 de outubro de 2014 para o 28o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo. Exposição não pode crescer nem atrair mais público pelas limitações dos pavilhões do Anhembi. Sai ano e entra ano, sem que a prefeitura encaminhe solução para centro de exposições digno do nome. MERCEDES-BENZ confirmou a produção de automóveis no Brasil. Além do GLA, um SUV compacto na mesma arquitetura do Classe A, recém-apresentado no Salão de Frankfurt, fabricará também o novo Classe C, a estrear no Salão de Detroit, em janeiro próximo. Pequeno município de Iracemápolis, a 150 km de São Paulo, foi o escolhido graças à infraestrutura do Estado. COINCIDÊNCIA – Investimento de R$ 500 milhões é idêntico ao anunciado pela Audi, duas semanas antes (17 de setembro). Da mesma forma, capacidade de produção inicial de 20.000 unidades/ ano para ambas. E parece combinado, mas não foi: as duas marcas alemãs escondem o terceiro produto para completar 30.000 unidades/ano: os hatches Classe A e A3. VEM AÍ uma leva de motores com turbocompressores de menor cilindrada (técnica de downsizing), fabricados no Brasil, para atender tanto metas obrigatórias como incentivadas de redução de consumo de combustível. Preferidos serão motores de 1,4 litro, mas também os de 1 litro serão resgatados da situação atual, meio no limbo das preferências dos consumidores. SEGUNDO o gerente de engenharia experimental da Fiat, Gilmar Laigner, menor consumo de combustível fala mais alto para o consumidor. Porém, em algum momento, passará a exigir também mais segurança. De fato, infelizmente, poucos se abalaram com testes de colisões do Latin NCAP. Pelo menos airbags frontais e ABS serão obrigatórios, em 1o de janeiro próximo. NEGÓCIOS PONTO DE VISTA NÃO PODEMOS NOS ACOMODAR COM OS INCENTIVOS DO NOVO PROGRAMA. E É EVIDENTE QUE JAMAIS FAREMOS A LOCALIZAÇÃO SE FOR MAIS CARO QUE IMPORTAR JOÃO PIMENTEL, diretor de compras da Ford América do Sul, em análise sobre o efeito do Inovar-Auto na compra de itens produzidos localmente FUSÃO FISTAROL COMANDA CNH INDUSTRIAL AL C om ações em alta na bolsa de Nova York, em 30 de setembro estreou no mercado financeiro a CNH Industrial, grupo criado a partir da fusão da Fiat Industrial e da CNH Global. A nova companhia anunciou o “lançamento de uma grande empresa, sólida, com atuação no mercado industrial, líder mundial em bens de capital, unindo as operações de máquinas agrícolas e de máquinas de construção da CNH com as operações de veículos comerciais da Iveco e de motores e transmissões da FPT Industrial”. A receita líquida do novo grupo em 2012 foi de 26 bilhões de euros, com lucro operacional de 2 bilhões de euros. Vilmar Fistarol deixou o comando das compras globais da Fiat Chrysler para assumir a presidência da CNH Industrial para a América Latina. EM ALTA PRODUÇÃO DE VEÍCULOS BATE RECORDE E nquanto o crescimento do mercado perde o fôlego, a produção de veículos se mantém vigorosa. De janeiro a setembro houve crescimento de 14% nos volumes fabricados sobre o mesmo acumulado do ano passado: as montadoras instaladas no Brasil entregaram recorde 2,84 milhões de unidades, segundo dados da Anfavea, associação das fabricantes. O presidente da entidade, Luiz Moan, destaca que o volume é recorde. A entidade projeta a fabricação de 3,79 milhões de unidades este ano, evolução de 11,9% sobre o resultado de 2012. 12 BUSINESS A análise estatística da utilização dos dados em tempo real provê informações essenciais sobre o comportamento e as atitudes do seu cliente. Por meio do gerenciamento de grande volume de dados, o veículo, os dados do cliente, das oficinas, de vendas, pós-vendas, montadoras e do meio-ambiente podem ser interligados de uma forma significativa. Um resultado disso é que você poderá desenvolver hoje, de maneira mais acertiva, produtos que seus clientes exigirão no futuro. Big Data - Enabled by T-Systems www.t-systems.com.br [email protected] Tel.: 11 2184-2388 NEGÓCIOS RENAULT E TOYOTA ELÉTRICO E HÍBRIDO MADE IN BRAZIL C om certo atraso, o Brasil começa a ter as primeiras movimentações de montadoras que pretendem fabricar veículos elétricos e híbridos no País. A Renault foi pioneira em um projeto do gênero e, em parceria com a Itaipu, montará localmente 32 unidades do elétrico Twizy. O carrinho de dois lugares virá da Espanha em kits semidesmontados e terá as peças montadas no País. “Este é apenas um embrião. Quem determinará a velocidade (de eventuais produção e vendas) será o consumidor final”, afirma o presidente da Renault do Brasil, Olivier Murguet. Já a Toyota apresentou proposta para produzir o híbrido Prius (no destaque) no Brasil. A montadora levou o projeto ao ministério da Fazenda com a intenção de obter incentivos. O plano prevê a oferta de carros híbridos que combinem um motor elétrico e um flexível. RENOVAÇÃO VOLVO MOSTRA NOVO VM A Volvo renovou o caminhão VM, que tem versões para atender os segmentos de semipesados e de pesados e passa a acompanhar a linha de design adotada no novo FH. Entre as novidades estão configurações 8x4 e 8x2. A partir do segundo semestre de 2014, o modelo estará disponível também com a transmissão automatizada I-Shift. Os veículos tiveram incremento no preço em torno de 8% na comparação com a família anterior. Segundo Roger Alm, presidente para o Brasil, essa é quarta geração do modelo, lançado há dez anos para atender demandas específicas da região em projeto liderado pelo time local. “Hoje vemos que tomamos a decisão certa”, comemora. O novo VM recebeu investimento de R$ 150 milhões do pacote de US$ 500 milhões que a organização tem programado para o Brasil nos próximos anos. A empresa estuda o lançamento e produção de uma nova marca de caminhões do Grupo no Brasil, Mack, UD ou Renault. O projeto demandará investimento adicional. 16 BUSINESS PNEUS DUNLOP INICIA OPERAÇÃO NO BRASIL A Dunlop, marca de pneus do grupo japonês Sumitomo Rubber Industries, inaugurou sua primeira fábrica nas Américas. A unidade, que começou a ser erguida em fevereiro de 2012 em Fazenda Rio Grande (PR), recebeu investimento de R$ 750 milhões. São feitos ali somente pneus para carros de passeio, SUVs e vans, destinados ao mercado de reposição, que gira em torno de 30 milhões de unidades por ano, dos quais o grupo pretende conquistar 10% de participação antes de 2020. Já está em negociação o fornecimento para montadoras, que consomem mais de 20 milhões de pneumáticos por ano no Brasil. Há conversa avançada com quatro delas. Mas isso só acontecerá depois de 2015, após a empresa atingir o ápice de produção. CAMINHÕES DAF JÁ PRODUZ NO PARANÁ A fábrica de caminhões da holandesa DAF, em Ponta Grossa (PR), a primeira do grupo norte-americano Paccar fora da Europa, ainda não está completamente pronta. Mesmo sem data definida para a inauguração oficial, a empresa não atrasou seus planos comerciais no Brasil. No dia 2 de outubro saiu da linha de montagem a primeira unidade brasileira do pesado XF 105, que abastecerá as 20 concessionárias da marca espalhadas pelo País. Oferecido nas versões 6x2 e 6x4 com duas opções de cabine, o veículo já tem encomendas. Serão entregues quase 200 unidades até o fim do ano. Em 2014, o objetivo é fabricar 2,5 mil caminhões em dois turnos na planta paranaense, que tem capacidade instalada para 10 mil veículos/ano. EXECUTIVOS SCANIA TEM NOVA LIDERANÇA M eses após a saída de Christopher Podgorski, a Scania anuncia quem o sucederá na vice-presidência de vendas e marketing para a América Latina. Camilla Dewoon foi nomeada depois de período de adaptação no Brasil. A executiva sueca se reportará a Per Olov Svedlund, presidente da empresa para a região. Outra novidade na liderança da empresa é o diretor de serviços, Fabio Souza, que assume o desafio depois de 12 anos na organização e responderá ao diretor-geral da Scania Brasil, Roberto Leoncini. NEGÓCIOS INOVAÇÃO FORD FOCUS ESTREIA INJEÇÃO DIRETA DE ETANOL C om nova plataforma global e tecnologias inéditas, como o primeiro motor flex do mundo com injeção direta de etanol, a nova geração do Ford Focus, produzida na Argentina, será vendida nas versões hatch e sedã em três diferentes configurações de acabamento, S, SE e Titanium. O carro terá duas opções de motorização, 2.0 Duratec com injeção direta flex ou Sigma 1.6 flex com duplo comando variável (apenas para o hatch) e duas opções de transmissão, a automática PowerShift de seis velocidades com dupla embreagem e trocas sequenciais ou a manual de cinco (somente no hatch 1.6). A faixa de preço do Focus é de R$ 60.990 a R$ 81.990. Nas estimativas de Oswaldo Ramos, gerente de marketing da Ford Brasil, as vendas deverão se dividir em 60% para o hatch e 40% para o sedã. “O modelo hatchback é sem dúvida o carro-chefe no segmento dos médios por atrair um público mais jovem. Mas temos apostado com esta nova geração do carro, agora muito mais moderna e inovadora, que haverá uma migração de consumidores para o sedã, que oferece conteúdo superior ao de seus concorrentes diretos”, projeta. MINIVAN JAC J6 GANHA REESTILIZAÇÃO A JAC Motors atualizou a minivan J6. O carro ganhou novo desenho para faróis, para-choques, grade, capô, tampa e lanternas traseiras. Por dentro, painel, volante e forrações de porta foram alterados. O modelo permanece à venda em duas opções, com cinco lugares (R$ 57.990), ou Diamond, com sete (R$ 59.990). Mas não foi desta vez que o modelo recebeu opção automática, presente nos rivais Chevrolet Spin e Nissan Livina. “Ainda não há uma data definida para a chegada desse equipamento, nem mesmo em 2014”, afirma o presidente da JAC Motors do Brasil, Sérgio Habib. “Eu sei que nós perdemos vendas pela falta desse equipamento, mas ele tem custo alto e depende de grandes volumes”, diz Habib. O executivo pretende vender 250 unidades da minivan por mês. 18 BUSINESS AUMENTO DA GAMA MAN TEM NOVAS VERSÕES DO VW CONSTELLATION A MAN Latin America lançou três novas opções para o seu caminhão mais vendido, o VW Constellation, todas com motor Cummins ISL de 420 cv de potência: 19.420 (R$ 320 mil), 25.420 (R$ 330 mil) e 26.420 Tractor (R$ 347 mil). Com eles, a empresa pretende atender nova demanda dos frotistas decorrente da Lei do Caminhoneiro, “que obriga o aumento do número de paradas e gerou a necessidade de um caminhão capaz de manter maior média horária”, afirma o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas, Ricardo Alouche. De acordo com estudos apresentados pelo vice-presidente da companhia, a legislação implicou um aumento de 32% dos custos a cada cinco dias de viagem. SEDà MÉDIO PEUGEOT 408 2.0 RECEBE CÂMBIO AUTOMÁTICO DE SEIS MARCHAS S em mudanças estéticas, estreia no mercado o Peugeot 408 modelo 2014, cuja principal novidade é versão Allure 2.0 flex com câmbio automático de seis marchas como opcional. Seu preço é de R$ 65.990. “Com a nova transmissão, devemos elevar a média mensal de vendas do carro para 600 unidades”, acredita o diretor-geral da Peugeot no Brasil e América do Sul, Frédéric Drouin. Em 2012, o 408 ficou apenas em nono lugar no ranking dos sedãs médios, com vendas mensais por volta de 640 unidades. A nova transmissão automática deve dar ao Peugeot algum fôlego para competir com sedãs médios como Honda Civic, Toyota Corolla, Chevrolet Cruze, Renault Fluence e Volkswagen Jetta. (Mário Curcio) 500 MIL AAM COMEMORA PRODUÇÃO DE 500 MIL EIXOS A AAM registrou em outubro a produção do eixo de número 500 mil em sua fábrica brasileira, localizada em Araucária, região metropolitana de Curitiba. A companhia monta eixos diferenciais desde 2008, atendendo atualmente VW Amarok, Chevrolet S10 e Trailblazer. A empresa oferece também, em seu portfólio, cardãs, sistemas de transmissão, juntas homocinéticas, serviços de usinagem de precisão e montagem de componentes para utilitários, veículos de passeio e veículos comerciais. NEGÓCIOS MOTOS AS NOVIDADES DO SALÃO DUAS RODAS O ASSISTA À MATÉRIA ESPECIAL Salão Duas Rodas deste ano ocorreu de 8 a 13 de outubro e alcançou recorde de público, com 261,3 mil visitantes, segundo a Reed Exhibitions Alcantara Machado, organizadora da mostra. Com 450 marcas expositoras, o evento ocupou 110 mil metros quadrados no Anhembi, em São Paulo. Esta edição teve a tarefa de dar um empurrãozinho nas fracas vendas do setor – que obrigaram os fabricantes a revisar para baixo suas previsões pela segunda vez este ano. A Abraciclo prevê agora queda de 4,7% na produção deste ano, para 1,61 milhão de unidades. VEJA OS DESTAQUES DO EVENTO HONDA C om mais de 80% do mercado, a Honda preparou uma série de lançamentos. O mais importante foi a família 500, com três modelos de exatos 471 cc e 50 cv de potência cada. As concessionárias já recebem a CB500F (foto), motocicleta de estilo naked (do inglês nu, por não ter carenagem). Em dezembro vem a CBR500R, esta com apelo esportivo e carenada. No primeiro semestre do ano que vem chega a CB500X, com suspensões de curso mais longo que as outras para viagens com conforto, mesmo em piso irregular. DUCATI HARLEY-DAVIDSON D epois de completar um ano no Brasil, a Ducati comemora a abertura de seis revendas, quer ter nove até o fim do ano e aumentar o número de pontos em 2014. Entre os lançamentos da feira estiveram a nova 1199 Panigale S Senna e a 1199 Panigale R. A fabricante anunciou também o início da montagem local da Monster 796. A Ducati utiliza a estrutura da Dafra para produzir em Manaus (AM). 20 BUSINESS C om 5,9 mil motos vendidas no Brasil de janeiro a setembro, a Harley-Davidson anunciou para a linha 2014 os freios com ABS como item de série em todos os modelos. Entre os destaques da feira estiveram a CVO Breakout (acima), a Forty Eight 1200 e a Fat Bob. NEGÓCIOS SALÃO DUAS RODAS ESTEVE EM SUA 12ª EDIÇÃO YAMAHA A Yamaha do Brasil tem como meta lançar um produto a cada seis meses. No salão ela apresentou a YS 150 Fazer (foto), concorrente direta da Honda CG 150, e trouxe novamente a V-Max, desta vez com a real intenção de vender a moto que, em 2014, estará nas concessionárias por R$ 99 mil. “Queremos vender 50 unidades no ano.” Parece pouco... “É um começo. Somente durante a montagem do estande confirmamos cinco pedidos”, afirma o diretor comercial, Márcio Hegenberg. TRIUMPH C om a expectativa de superar a meta inicial e vender cerca de 2,5 mil motos em 2013, a Triumph já tem sete revendas. A primeira delas, Triple Triumph, aproximase de mil unidades. No salão, a fabricante anunciou quatro novas motocicletas para os próximos três meses. A primeira, Street triple R, tem novos freios e suspensões e preço de R$ 34,9 mil. Já está à venda. Em novembro chega a Tiger 800, modelo mais adequado ao uso urbano que a 800XC. DAFRA BRAMONT KAWASAKI D E E a Dafra chamaram a atenção dois novos scooters, o Cityclass 200 e o Maxsym 400. O Cityclass traz freios combinados (diferentes das motos convencionais, em que os freios dianteiro e traseiro têm atuação separada). Já o Maxsym usa ABS. Com essas novas opções, subirão de dois para quatro os scooters vendidos pela Dafra. A fabricante também mostrou no evento a nova Super 50 e a E-Bike DBT, uma bicicleta elétrica com autonomia, segundo a Dafra, de 70 quilômetros. 22 BUSINESS m Manaus, a Bramont já monta motocicletas Benelli. “A produção começou em outubro. As vendas se iniciam em novembro”, afirma o diretor comercial e de marketing, Jean Anwandter. A Bramont também se prepara para produzir motocicletas e scooters Keeway a partir de janeiro. As vendas terão início em março. “Construímos um segundo galpão (em Manaus) com 12 mil metros quadrados e haverá um terceiro com 14 mil m². Estamos investindo US$ 15 milhões”, diz Anwandter. m um estande de 1,5 mil metros quadrados, a Kawasaki exibiu 40 produtos. O lançamento guardado para o salão foi a Ninja 1000 Tourer. Com fábrica em Manaus, a Kawasaki ocupa o sexto lugar entre as marcas mais vendidas no Brasil. Há dois meses ultrapassou a Kasinski, cujo forte são modelos de baixa cilindrada. NEGÓCIOS INDÚSTRIA BRASILEIRA MONTADORAS INVESTIRÃO R$ 74,1 BILHÕES A s montadoras aplicação R$ 74,1 bilhões no Brasil de 2013 a 2017. A projeção da Anfavea considera aportes em novas fábricas, ampliações e modernização das plantas já instaladas no País. O pacote inclui também o valor que será aplicado em qualidade, produtividade, desenvolvimento de novos produtos e cumprimento das metas de eficiência energética do Inovar-Auto. Com o montante, a capacidade produtiva da indústria local subirá dos atuais 4,3 milhões de unidades por ano para cerca de 5,7 milhões por ano no período. O total foi calculado com base nos projetos anunciados pelas montadoras e prevê ainda os investimentos necessários para que a indústria local alcance as metas em pesquisa, desenvolvimento e engenharia especificadas no novo regime automotivo. “Esse aporte poderá variar de R$ 6 bilhões, para cumprir as exigências mínimas, a R$ 12 bilhões, caso as empresas superem os objetivos com a intenção de receber descontos adicionais no IPI”, pondera Luiz Moan, presidente da associação. A aplicação total prevista pela Anfavea vem crescendo rapidamente à medida que novos anúncios são feitos. Segundo a entidade, o montante cresceu 14,1% em cinco meses. Entre os aportes mais recentes contabilizados pela organização estão os das marcas de luxo, como a MercedesBenz, que construirá fábrica em Iracemápolis (SP), e o da Audi, que voltará a produzir veículos em São José dos Pinhais (PR), na planta da Volkswagen (veja no quadro). ANÚNCIOS RECENTES VOLKSWAGEN E AUDI VÃO PARA O PARANÁ. MERCEDES-BENZ ESCOLHE SÃO PAULO O último investimento contabilizado pela Anfavea foi o da Volkswagen. A companhia confirmou que fabricará a sétima geração do Golf no Brasil no complexo industrial de São José dos Pinhais (PR). O projeto receberá aporte de 170 milhões. Com isso o plano de investimentos da organização para o País sobe dos R$ 8,7 bilhões que já estavam planejados para R$ 9,2 bilhões até 2016. O anúncio era esperado, já que o Golf é construído sobre a plataforma MQB, a mesma dos Audi A3 e Q3, que tiveram produção anunciada para a fábrica do Paraná no dia 17 de setembro, com investimento de 175 milhões de euros. A planta terá capacidade produtiva para 26 mil unidades por ano. A produção deve começar no segundo semestre de 2015. Segundo a Volkswa- 24 BUSINESS gen, a estratégia modular permite ainda localizar a produção de outros modelos do grupo. A Mercedes-Benz foi outra fabricante de veículos premium a anunciar produção local recentemente. A companhia aplicará 170 milhões em Iracemápolis (SP), na região de Limeira. Serão produzidos ali as novas gerações do sedã Classe C e o utilitário esportivo GLA. A decisão de instalar planta no Brasil é parte da estratégia global da companhia para atingir a liderança do segmento de luxo em 2020. Os primeiros carros devem sair da linha de montagem no início de 2016. A planta terá capacidade para 20 mil unidades por ano. Até fim de outubro, a Jaguar Land Rover continuava com sua produção nacional indefinida. EVENTO CONGRESSO SAE BRASIL BUSCA SOLUÇÕES PARA O INOVAR-AUTO CAMILA FRANCO E PEDRO KUTNEY E ntre 7 e 9 de outubro o Expo Center Norte, na capital paulista, sediou o Congresso SAE Brasil 2013. Com 148 palestras e a apresentação de 350 trabalhos técnicos, o evento atraiu 10 mil visitantes. A 22ª edição discutiu e apresentou soluções tecnológicas para atender as metas do InovarAuto de eficiência energética para os motores, pesquisa, desenvolvimento e engenharia. Os debates do evento levantaram a necessidade de aumentar a produtividade da cadeia de suprimentos. Durante painel sobre as compras das montadoras, executivos concluíram que não falta capacidade produtiva para as fabricantes de autopeças atenderem os altos volumes das montadoras no Brasil, mas há carência de competitividade. “A base da cadeia produtiva do Brasil não é competitiva. Diversos negócios estão sendo desperdiçados. Muitas peças deixam de ser feitas por aqui. O Brasil já perdeu chances de desenvolver plataformas globais, como têm feito México e Índia”, apontou Pedro Suplicy, gerente executivo de compras de peças da Renault. Ele acredita que o desenvolvimento tecnológico da cadeia brasileira é mandatório, mas deve-se tomar cuidado para não cair no protecionismo. Na visão de John Meckien, gerente executivo de compras produtivas de powertrain da Volkswagen, há um paradoxo com o programa. “O Inovar-Auto pede SIMULATING SYSTEMS FLOW − THERMAL − STRESS − EMAG − ELECTROCHEMISTRY − CASTING − OPTIMIZATION REACTING CHEMISTRY − VIBRO-ACOUSTICS − MULTIDISCIPLINARY CO-SIMULATION [email protected] www.cd-adapco.com +55 (11) 3443 6336 NEGÓCIOS para sermos mais competitivos, mas protege a base local, podendo levá-la ao comodismo e a uma certa incapacidade de inovação. Será um desafio para as montadoras fazer com que os tiers um, dois e três atendam os mesmos requisitos de fornecedores de outros países.” A Ford, segundo Pimentel, tem trabalhado em conjunto com parceiros menores, que não têm experiência global, para capacitálos a entregar maiores volumes. A fabricante está contratando 35 novos engenheiros para compor um grupo de 100 profissionais que lidam diretamente com os fornecedores. Em outro debate do evento, fornecedoras brasileiros mostraram que têm capacidade para competir globalmente. Essas empresas conseguiram resultados positivos não só no mercado interno, mas também com suas fábricas instaladas no exterior. Sabó e Iochpe-Maxion são dois desses pontos fora da curva de baixa. Não por acaso, a receita do sucesso das empresas é bastante parecida, envolvendo principalmente investimento em tecnologia e qualidade de seus produtos, modernização e automação de fábricas, profissionalização da gestão com adoção de padrões de governança corporativa e internacionalização. “Se não fosse nossa estratégia de investir na melhoria contínua das operações, desenvolvimento de produtos com maior valor agregado e internacionalização de nossa presença, teríamos o mesmo fim de várias outras empresas do setor no Brasil, que nos anos 90 foram compradas por multinacionais”, avalia Lourenço Agnello Oricchio Jr., diretor-geral da Sabó Américas e vicepresidente para os Estados Unidos. Ele cita, entre muitos outros casos, a Cofap, comprada pela Magneti Marelli, a Nakata, hoje pertencente à Dana, e Metal Leve, adquirida pela Mahle. EXPOSIÇÃO A área de exposição do evento trouxe novidades de 90 empresas. Entre as sistemistas, a principal preocupação foi reduzir o peso dos componentes e apresentar tecnologias capazes de diminuir o consumo de combustível. Muitas empresas destacaram sistemas de injeção direta para motores flexíveis. Luiz Corrallo, presidente da Delphi para a América do Sul, apontou que a empresa já tem domínio da tecnologia e está pronta para fornecêla assim que houver demanda, o que deve acontecer até 2017, com o impulso do Inovar-Auto. Esse tipo de sistema também foi apresentado pela Continental, Bosch e Magneti Marelli, comprovando a tendência para o mercado nos próximos anos. PICAPE FIAT LANÇA STRADA 2014 E QUER VENDER ATÉ 20% MAIS A s revendas da Fiat já têm a picape Strada 2014. As mudanças na gama permitiram ganho de produção e a empresa quer ampliar ainda mais esses volumes em 10% a 20%. “Tudo o que fazíamos antes era vendido, mas estamos ampliando a capacidade. Queremos passar de 600 para 700 unidades por dia”, afirma o diretor comercial da Fiat, Lélio Ramos. A principal novidade da linha 2014 é a terceira porta com abertura invertida, aplicada na cabine dupla, opção presente em todas as versões: Working 1.4, R$ 42.330, Trekking 26 BUSINESS 1.6, R$ 48.360, e Adventure 1.8, R$ 54.360. “A cabine dupla responde por 50% das vendas; a curta tem 30% e a estendida, 30%”, explica Ramos. Quando se trata de versões, a linha Working detém 55%, a Adventure, 35%, e a Trekking, 10%. Chama atenção a ausência da coluna entre as duas portas, o que facilita o acesso dos passageiros: “Desde o início, nos anos 1990, a Strada foi pensada para ser versátil. É um veículo comercial com conforto de automóvel e seus donos gostam de exibi-la”, afirma o diretor de design de produto da Fiat Chrysler, Claudio Demaria. “A linha 2014 tem 300 componentes novos”, ressalta. A maioria dessas alterações ocorreu na carroceria. A picape teve mudanças no desenho dianteiro e a traseira de todas as versões mudou bastante por causa das caçambas, que tiveram a altura aumentada em oito centímetros, da tampa mais bojuda e das lanternas, agora horizontais. Segundo a Fiat, o compartimento de carga da cabine curta leva agora 1.220 litros (120 a mais), a estendida, 910 litros (110 a mais) e a dupla, 680 litros (100 a mais). A nova cabine dupla recebeu reforços no teto, na base e nas portas para resistir a impactos laterais. “A instalação da terceira porta resultou em aumento de dez quilos no peso total do carro”, afirma Demaria. “Está melhor na rigidez torcional, flexional e no crash test”, diz. Embora tenha passado por várias modificações desde o lançamento, em 1998, e recebido novas opções de carroceria, a Strada ainda conserva a mesma plataforma. A cabine estendida surgiu em 1999 e permitiu que a picape Fiat tomasse a liderança da Volkswagen Saveiro em 2000. De lá para cá nunca mais saiu do topo do ranking. “Ela teve mais de 910 mil unidades vendidas no Brasil e detém 51,1% de participação no segmento”, recorda Lélio Ramos. (Mário Curcio) DESEMPENHO E DIRIGIBILIDADE C omo não houve mudança nos motores e suspensões, as picapes continuam com o mesmo jeitão para quem dirige. Automotive Business avaliou em trecho plano duas versões, uma Working cabine estendida e uma Adventure cabine dupla. A primeira, com motor 1.4, exige mais o uso do câmbio na estrada. As retomadas são razoáveis com a caçamba vazia. Segundo a Fiat, ela alcança 164 km/h e vai de zero a 100 km/h em 13,2 segundos. O desempenho da Adventure é bem melhor: 179 km/h de velocidade máxima e aceleração de zero a 100 km/h em 10,3 segundos. A linha Adventure usa grandes pneus Pirelli Scorpion 205/60 R16, que dão alguma agilidade na terra e garantem conforto, mas roubam rapidez da picape em curvas. A versão Trekking também é equipada com pneus de uso misto, mas eles têm as mesmas medidas (175/70R14) daqueles usados pela Working. De acordo com a montadora, a Trekking atinge 178 km/h e acelera de zero a 100 km/h em 9,7 segundos. Os valores de desempenho citados na reportagem foram obtidos pela fabricante com etanol. RFID INDUSTRIAL Soluções em Rastreabilidade Na linha de RFID Industrial, a Balluff apresenta soluções completas para rastreabilidade e identificação de produtos e componentes. Garantia de rastreamento e transparência de todos os dados com alta flexibilidade e confiabilidade para eliminar falhas e perdas de informações no seu processo de automação. 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Especialista em políticas tributárias, ele participou do workshop Desafios da Legislação Automotiva 2014, promovido por Automotive Business dia 9 de setembro, em São Paulo, e revelou que os benefícios fiscais concedidos nos últimos dez anos somaram US$ 500 bilhões, considerando basicamente a alíquota de ICMS. 28 BUSINESS Fontenelle explica que, para uma empresa alcançar seus objetivos mínimos no País, o primeiro passo é dominar a arte tributária: “Antes de começar a produzir, a empresa já paga tributo. Só o Brasil e talvez uma dezena de países têm esse tipo de relação com as empresas”, alerta. O consultor considera que além de ter um dos custos tributários mais altos do planeta, a política tributária brasileira está entre as mais complexas. O País é o quinto no ranking das nações em que é mais difícil realizar negócios, considerando dados do Banco Mundial. Fontenelle indica que a tão esperada reforma tributária virá mais fortemente das esferas dos estados e não mais terá cunho federal. INOVAR-AUTO Luiz Moan, presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea, definiu que o Inovar-Auto já faz efeito. “Em dezembro de 2011 os veículos importados representavam 27% do mercado interno. Até o fim de 2013 esse volume deve cair para 18%”, pondera. Esse quadro traduz o objetivo de transformar o Brasil em produtor mais expressivo. “Somos o quarto maior mercado de automóveis do mundo e apenas o sétimo em produção. Isso não faz sentido.” Moan ressalta a importância da nova legislação ante a necessidade de promover o parque de fabricantes de autopeças. “Se não houver escala de produção na cadeia de suprimentos local, não haverá como reduzir a tributação. Há, portanto, uma oportunidade industrial para os fabricantes de insumos e autopeças.” O presidente da Anfavea espera que até 2015 já esteja negociado o Inovar-Auto 2, para dar continuidade ao progresso esperado da legislação que entrou em vigor no início de 2013 e valerá até 2017. Dan Ioschpe, conselheiro do Sindi- peças, enfatiza: “Não podemos achar que o Inovar-Auto vai resolver todos os problemas da indústria. Longe disso.” O desenvolvimento de produtos e serviços em centros de pesquisa instalados no País é um dos pontos altos do programa na análise do executivo. Os desafios para a introdução de novas tecnologias no País, ante a legislação do Inovar-Auto, foram analisados no workshop com a participação de Anderson Citron, diretor da Divisão Powertrain da Continental Brasil; Carlos Gibran, gerente de vendas e marketing da divisão de segurança veicular da Bosch América Latina; Gino Montanari, diretor de engenharia e P&D da divisão de powertrain da Magneti Marelli; Valdir de Souza, diretor de eletrônicos e segurança da Delphi; e Wayne Alves, diretor de P&D da Kostal Eletromecanica. EXPORTAÇÃO As montadoras brasileiras enfrentarão um dilema nos próximos anos: alta capacidade instalada para um mercado com crescimento estável. Com os investimentos das empre- SERGIO FONTENELLE, diretor da Ernst Young Terco (acima); LUIZ MOAN, presidente da Anfavea (no alto) e KLAUS ACERBI, gerente de saúde, segurança e meio ambiente da Delphi América do Sul sas em aumento da produção e a entrada de novos concorrentes, a capacidade das montadoras no País chegará a 6,5 milhões de veículos. Hoje, podem ser produzidos por aqui 4,3 milhões de unidades. A solução, segundo o diretor da consultoria Ro- INOVAR-AUTO TRAZ DESAFIOS PARA CERTIFICAÇÃO VCA ALERTA PARA NECESSIDADE DE MENOR PRAZO PARA HOMOLOGAÇÕES O s processos de homologação precisam se ajustar e ter prazos menores no setor etor automotivo. O alerta foi de Carlos Bonote, vice-presidente da VCA South America, agência oficial de homologação de veículos do Reino Unido, que montou filial no consulado britânico em São Paulo. Para o executivo, a legislação deve servir como ferramenta de apoio ao avanço das inovações e não como barreira: senvolvimento “Se as regulamentações não evoluírem com a necessidade local, podem inibir o desenvolvimento de novos veículos”, disse Bonote. Para Mário Guitti, superintendente do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), o próximo passo da certificação no Brasil deve passar pelo crivo das autopeças, dentro do âmbito doo novo regime automotivo: “O Inovar-Auto é importante neste processo de avanço das certificações, ões, pois traz novas tecnologias. Em paralelo, há a questão de regulamentação do aftermarket, rket, que envolve concessionárias, distribuidores e centros de reparação. Se houvesse commpulsoriedade de certificação do mercado de reposição, ganharíamos novo patamar mar de serviços no Brasil, com grande potencial de melhoria”, conclui. (Sueli Reis) LEGISLAÇÃO DAN IOSCHPE, conselheiro do Sindipeças land Berger, Stephan Keese, é focar o aumento das exportações. “O Brasil tem portfólio representativo e poderia participar mais ativamente de mercados emergentes, mas não tem custo competitivo. O único caminho para o País é aumentar o nível de automação e tecnologia em suas fábricas, aí sim conseguirá competir com outros concorrentes”, afirmou Keese. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA A legislação do Inovar-Auto prevê avanço mínimo de 12,08% por mar- STEPHAN KEESE, diretor da consultoria Roland Berger ca na eficiência energética veicular. As montadoras instaladas no Brasil deverão investir R$ 3,1 bilhões adicionais em tecnologias que melhoram o consumo de combustível de seus veículos e a emissão de CO2. A maior parte das tecnologias que LEGISLAÇÃO TRABALHISTA EMPERRA PRODUTIVIDADE ALTOS ENCARGOS LIMITAM INVESTIMENTOS DO SETOR INDUSTRIAL U m dos entraves para o aumento da produtividade na indústria brasileira é a legislação trabalhista, que estabelece custos fixos elevados para manter um trabalhador na linha de produção. Enquanto de 2002 a 2012 essas despesas dispararam 158%, os níveis de produtividade se mantiveram estáveis. “O trabalhador brasileiro produz somente 20% do índice do empregado norte-americano. A produtividade no País é baixa com relação aos nossos concorrentes e temos custos trabalhistas mais altos. Aqui existem três fatores que inibem o aumento da produtividade: tecnologia usada nas empresas; qualificação de mão de obra e, o mais importante, a complexidade da legislação trabalhista do Brasil”, disse o consultor e professor José Pastore no workshop Desafios da Legislação Automotiva 2014. Somente os encargos trabalhistas, segundo Pastore chegam a cerca de 100% sobre o salário de um trabalhador. Quando se acrescentam despesas com treinamento, saúde e segurança do trabalho isso vai para 183,15%. (Ana Paula Machado) 30 BUSINESS serão inseridas nos veículos nacionais já faz parte do portfólio tecnológico global das companhias, sinalizou o diretor e consultor da IHS South America, Vitor Klizas. O impacto inicial dessas tecnologias nos custos das montadoras representa R$ 1,1 bilhão para incorporação de novas tecnologias, segundo dados do consultor. Em 2016, outros R$ 2,3 bilhões seriam investidos para aumentar os índices de eficiência alcançados até então. Klizas revela ainda que, para os veículos fabricados no Brasil, o start-stop encabeça a lista de tecnologias disponíveis e que têm como pano de fundo o aumento da eficiência. No workshop, a Bosch confirmou que fornecerá em 2014 o sistema para a indústria nacional. MEIO AMBIENTE Ser uma empresa social e ambientalmente responsável deixou, há tempo, de ser diferencial de mercado para tornar-se condição indispensável para qualquer companhia competir globalmente. Essa foi a mensagem de Klaus Acerbi, gerente de saúde, segurança e meio ambiente da Delphi América do Sul. Ele considera que o desenvolvimento industrial até meados da década de 1980 era visto apenas sob a ótica financeira, comercial, administrativa. “Não havia preocupação com quaisquer consequências, bastava atender às leis e era o suficiente.” “Hoje a legislação ambiental passou a ser levada a sério e protagoniza até mesmo um índice na bolsa de valores, Investimentos Socialmente Responsáveis, que tem obtido enorme valorização.” FÓRUM IQA FALTA DE QUALIDADE CUSTA R$ 5,6 BI POR ANO EM PALESTRA NO I FÓRUM DA QUALIDADE AUTOMOTIVA, CONSULTORA REVELA QUE PROBLEMAS CONSOMEM 6,6% DO FATURAMENTO DO SETOR DE AUTOPEÇAS PEDRO KUTNEY C A QUALIDADE É ENCARADA SÓ PELO LADO DO CUSTO FOTOS DE RUY HIZATUGU LLETÍCIA COSTA, sócia-diretora da Prada Assessoria 32 BUSINESS hega a impressionantes R$ 5,6 bilhões por ano o custo da falta de qualidade da cadeia de autopeças no Brasil, o equivalente a 6,6% do faturamento do setor, segundo pesquisa do Sindipeças com uma amostra de 63 associados. O número perturbador foi mostrado pela consultora Letícia Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, durante apresentação no I Fórum da Qualidade Automotiva, realizado pelo Instituto da Qualidade Automotiva (IQA) dia 23 de setembro, em São Paulo, e organizado por Automotive Business. “Curiosamente, apesar de a qualidade ser tema de grande importância estratégica para a indústria automotiva, isso não é discutido como se deveria, não está na agenda”, avalia Letícia. “A qualidade é encarada só pelo lado do custo, enquanto a Toyota há muito tempo ensinou que quanto maior a qualidade, menor o custo”, complementou. Ela destaca que a perda média do setor de 6,6% do faturamento anual com problemas é mais do que a margem de muitos participantes desse mercado. “Isso indica que há muitas empresas, principalmente as menores, que sacrificam todo o lucro ou boa parte dele por falta de qualidade de seus produtos”, pontua. As perdas geradas pela falta de qualidade são ainda maiores nas empresas menores. As que têm faturamento entre R$ 50 milhões e R$ 200 milhões estão no topo da lista, com 9,1% das receitas perdidas com problemas de qualidade, como retrabalhos e trocas em garantia. As que faturam acima de R$ 500 milhões perdem bem menos com isso, 1,7% das vendas. Essa diferença fica patente no controle de grandes sistemistas, que fornecem conjuntos prontos às montadoras e por isso represam os problemas de seus fornecedores antes da chegada às linhas de montagem final dos veículos. O Grupo Schaeffler, por exemplo, mostrou que entrega componentes às montadoras com 2,5 ppm (defeitos para cada milhão de peças), enquanto mede em seus fornecedores inacreditáveis 1.613 ppm. “Isso é um esforço enorme de filtragem. Meu custo vai para o espaço”, resumiu Flávio Mateus, gerente de qualidade da sistemista. “Não vivemos sem os nossos subfornecedores e precisamos estar atentos, pois quanto mais se aprofunda na cadeia de suprimentos, mais problemas são encontrados”, contou ANTONIO MEGALE, vice-presidente da Anfavea QUALIDADE PARA EXPORTAR EXCESSO DE PRODUÇÃO GLOBAL ACIRRA DISPUTA PELO MERCADO A Flávio Teixeira, gerente de qualidade da Delphi. “Existe uma corrida pela nacionalização de componentes e sistemas para atender ao Inovar-Auto, mas precisamos avaliar se estamos preparados para isso. Se atropelarmos a fase de avaliação das qualificações necessárias para fazer o que for preciso, poderemos aumentar os problemas de qualidade”, avalia. INOVAR-AUTO O resultado da falta de qualidade é refletido no produto final também. Segundo pesquisa da consultoria JD Power, um consumidor brasileiro registra em média 3,5 problemas em seu carro feito no Brasil com um a três anos de uso, ante 3,33 defeitos em um modelo similar na Argentina, 3,1 no México, 2,3 na Alemanha e 2 no Reino Unido. Só a China fica à frente do Brasil nesse quesito, com 3,9 problemas por veículo. Para Letícia Costa, o atual regime industrial do setor automotivo, o Inovar-Auto, deveria destinar verbas para aumento de qualidade e produtividade do setor automotivo como um todo, pois, como está, o programa não será capaz de recuperar a competitividade brasileira. indústria automotiva brasileira precisa ganhar qualidade nos próximos anos. Apenas dessa forma será possível ampliar as exportações de veículos e atender ao Exportar-Auto, programa de incentivo às vendas internacionais negociado pela Anfavea com o governo. A afirmação foi feita por Antonio Megale, vice-presidente da associação, em apresentação no I Fórum da Qualidade Automotiva. O executivo admite que o produto brasileiro precisa ganhar qualidade para entrar em outros mercados. “Os próximos cinco anos são a nossa oportunidade de reduzir a diferença que temos na comparação com os países desenvolvidos”, acredita. Para ele, essa melhoria não é apenas importante, mas necessária para que o Brasil sustente a capacidade produtiva que deve ganhar nos próximos anos como fruto do investimento de R$ 73,1 bilhões que as montadoras têm programado para o País, entre construção de novas fábricas, modernização e ampliação das instalações já existentes, desenvolvimento de novos produtos e aportes em tecnologia e inovação para atender o Inovar-Auto. Com o montante, Megale estima que o Brasil alcançará capacidade produtiva de 5,7 milhões de veículos por ano, ante o volume atual de 4,3 milhões de unidades que o País tem potencial para fabricar. Segundo ele, parte da evolução do carro nacional será puxada pelo Inovar-Auto, que motivará as montadoras a buscar novo patamar de eficiência energética e impulsionará a nacionalização de tecnologias ainda não difundidas no Brasil. EXPORTAÇÕES Marcelo Cioffi, sócio e diretor da PwC, mostrou dados apurados pela consultoria comprovando que os países em desenvolvimento, como o Brasil, produzirão juntos mais de 85% dos 105 milhões de veículos previstos para 2019. A América do Sul terá uma participação de 8,1% nesses 85%, enquanto a Ásia em desenvolvimento (China, Índia e Indonésia, entre outros), de 62,2%. Mas com o aumento da produção surge um problema: deverá haver um excedente de 25 milhões de veículos em 2019, alertou o executivo. A saída para tirar proveito da curva ascendente de produção, diante de um mercado interno saturado, é recorrer às exportações. Atualmente, segundo Stephan Keese, sócio e diretor da Roland Berger, participante do mesmo painel, o Brasil exporta muito pouco, destinando volumes significativos somente para Argentina, África do Sul e México. Na visão do consultor, são necessários três ingredientes principais para abrir as portas às vendas externas: mais conteúdo tecnológico para toda a cadeia automotiva, incluindo os tiers 2; custos menores de mão de obra e de matéria-prima para aumentar produtividade; e melhor infraestrutura logística, que apresente custos mais baixos. (Camila Franco e Giovanna Riato) FÓRUM DA QUALIDADE NÃO TEMOS CENTROS TECNOLÓGICOS PARA REALIZAR OS ENSAIOS ALFREDO LOBO, diretor de qualidade do Inmetro CERTIFICAÇÃO CONSOLIDA QUALIDADE DE AUTOPEÇAS NA REPOSIÇÃO GRUPO DE MANUTENÇÃO AUTOMOTIVA APONTA DESAFIOS PARA OBTER CREDIBILIDADE R epresentantes do Grupo de Manutenção Automotiva avaliaram os desafios para consolidar sistemas eficientes de qualidade no mercado de reposição. Antonio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa), comentou que a certificação de autopeças, homologada com o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), assim como programas de certificação e qualificação de mecânicos e empresas do segmento, darão condições para criar um sistema de qualidade sustentável. Francisco Wagner de La Torre, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo (Sincopeças) acrescentou que a certificação dos produtos viabilizará aos varejistas condições mais seguras para trabalhar. “Não temos como avaliar no dia a dia a qualidade das peças e, mesmo assim, somos responsáveis solidários pelos defeitos dos produtos que adquirimos para vender ao consumidor final.” O vice-presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças (Andap), Rodrigo Carneiro, lamentou que no mesmo momento em que a indústria de autopeças e toda a cadeia de reposição passam por um processo de evolução das normativas de qualidade, o governo esteja prestes a aprovar uma lei que permite aos desmanches de veículos comercializar peças usadas. Essa também é a opinião de Edson Brasil, conselheiro do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipe- 34 BUSINESS ças). Ele entende que precisa haver uma cultura de qualidade em todos os elos da cadeia – desde o momento em que o produto sai da fábrica até chegar ao consumidor. “É necessário regularizar o setor e temos que levantar essa bandeira”, finalizou. LABORATÓRIO O diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, lembrou que um dos principais gargalos verificados para um processo eficiente de análise e certificação é a falta de laboratórios. “Não temos centros tecnológicos para realizar os ensaios.” Ele confirmou que instituto terá um laboratório independente que começará a ser construído em breve em Duque de Caxias (RJ), com investimento inicial de R$ 200 milhões e previsão para funcionar a partir de 2016. Paulo Bedran, diretor do departamento de indústrias de equipamentos de transporte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), disse que para tentar diminuir o déficit da balança comercial de autopeças, que já passa de US$ 6,5 bilhões e deve chegar a US$ 10 bilhões até o fim de 2013, o governo está adotando um programa em parceria com a Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário (Sebrae), de capacitação de fornecedores de autopeças. “Com o convênio conseguiremos identificar as deficiências da indústria local”, disse, explicando que Ford (BA), Fiat (MG), Volkswagen (SP), Nissan, Peugeot e MAN (RJ), Renault (PR), BMW (SC) e GM (RS) apoiam a iniciativa. DAF. A MARCA DE CAMINHÕES LÍDER EM CAVALOS MECÂNICOS NA EUROPA* CHEGOU AO BRASIL. A DAF, marca do grupo PACCAR, quarta maior fabricante de caminhões do mundo, está no Brasil. Com uma nova fábrica de classe mundial em Ponta Grossa, Paraná, a DAF traz um novo padrão de qualidade, conforto e desempenho para o segmento extrapesado. DAF XF105 Cin nto de segura ança salva a vidas. Desenvolvido para o transporte pesado de longa distância, o DAF XF105 proporciona baixos custos operacionais, alta confiabilidade e total satisfação do motorista. Conta ainda com suporte de 2 anos de garantia**, disponibilidade de Peças Genuínas DAF, Serviço Emergencial DAF Assistence e a mais moderna Rede de Concessionárias do país. *DAF é a marca líder do mercado europeu no segmento de cavalos mecânicos >16T PBT (GVW) com um Market Share de 19,1% e a segunda marca de caminhões no mercado europeu >16TPBT (GVW) com 16,0% de Market Share. **Garantia total no primeiro ano sem limite de quilometragem. No segundo ano, a garantia é limitada ao trem de força (motor, caixa de transmissão e eixo traseiro). DRIVEN BY QUALITY TRUCKS | PARTS | FINANCE WWW.DAFCAMINHOES.COM.BR TOYOTA FÁBRICA DE INDAIATUBA COMEMORA 15 ANOS PLANTA FOI INAUGURADA EM 1998, COMO RESPOSTA À HONDA DE SUMARÉ, E JÁ PRODUZIU MAIS DE 670 MIL UNIDADES DO COROLLA INDAIATUBA (SP) – Fábrica da Toyota inaugurada em 1998 MÁRIO CURCIO LLINHA DO TEMPO 1997 1998 2000/02 2004 2005 Anúncio do investimento de US$ 150 milhões em Indaiatuba (SP) Início da produção do Corolla na nova fábrica Aporte de US$ 300 milhões para produzir nova geração do Corolla US$ 15 milhões para começar a fabricar o modelo Fielder US$ 3 milhões são aplicados em melhorias no processo de pintura 36 BUSINESS 2006 2007/08 2008 2011 Investimento de Indaiatuba recebe Fim da fabricação US$ 33 US$ 5,6 milhões US$ 268,3 local da Fielder milhões são em aumento de milhões para aportados para capacidade produção do atualização novo Corolla do Corolla N o Brasil desde janeiro de 1958, quando abriu um escritório que precedeu a montagem local do utilitário Land Cruiser (rebatizado Bandeirante em 1962), a Toyota viu a oportunidade de expandir sua atuação no País nos anos 1990, com a abertura às importações. Entre os modelos que trouxe estava o sedã Corolla. Ele e o Honda Civic começaram a disputar a preferência do consumidor brasileiro antes mesmo de terem produção local. A corrida pela nacionalização foi vencida pela Honda, que inaugurou fábrica em Sumaré (SP) em outubro de 1997. No mesmo ano a Toyota anunciou o investimento de US$ 150 milhões para a produção local do Corolla. Em 18 de setembro de 1998 a companhia dava início à nova unidade bra- BRIGA PELA LIDERANÇA A disputa de mercado no segmento de sedãs médios entre o Toyota Corolla e o Honda Civic é acirrada. Na década anterior, o Toyota havia perdido a liderança para o Honda em 2007, mas a recuperou em 2009, ano em que o Civic passou a dividir as próprias concessionárias com o City, sedã Honda ligeiramente menor, mas mais acessível e com mais espaço para bagagem. O terremoto seguido de tsunami no Japão, em março de 2011, afetou com mais intensidade a produção de componentes destinados à Honda. Naquele ano o volume de vendas do Civic foi 56,8% menor que o do Corolla e a chegada da nova carroceria não foi suficiente para reverter a situação no ano seguinte. Em 2013, contudo, o Honda recebeu opções com motor 2.0 e tirou o Toyota da primeira posição. Em 2014, a história pode mudar novamente com a chegada da próxima geração do Corolla. X 2005 37.692 42.081 56.365 50.490 2010 53.147 55.024 2009 22.962 31.229 2007 2008 54.599 50.200 45.640 34.464 35.720 2006 CIVIC 20.321 37.345 2004 35.336 29.131 2003 20.728 16.920 35.823 47.435 67.703 COROLLA 2011 2012 2013* *Até setembro. Fonte: Fenabrave TOYOTA INAUGURADA EM 2012, fábrica da Toyota em Sorocaba produz o Etios OS AVANÇOS DA MARCA NO PAÍS N um mercado em que a maioria das vendas é de automóveis compactos, a Toyota precisava de novos produtos para expandir sua atuação local, dependente sobretudo do Corolla e das picapes Hilux. Em agosto de 2012 a companhia inaugurou em Sorocaba, também no interior de São Paulo, sua segunda planta de carros de passeio. A unidade recebeu investimento de US$ 600 milhões para a produção do Etios, modelo desenvolvido para mercados emergentes, com versões hatch e sedã. A nova fábrica tem atualmente cerca de 1,5 mil trabalhadores e produz 320 unidades por dia em dois turnos. O preço inicial do carro na casa dos R$ 30 mil, bem abaixo dos mais de R$ 60 mil cobrados pelo Corolla, resultou no aumento da participação da fabricante no Brasil. Até agosto de 2012, mês em que as vendas do Etios ainda não haviam começado, a Toyota ocupava o oitavo lugar no ranking de maiores marcas de automóveis e comerciais leves, com 65,1 mil unidades e 2,7% de participação no mercado local. Em agosto de 2013, a fabricante já havia subido para o sétimo lugar, com exatas 113 mil unidades emplacadas e 4,8% de market share. Um dia antes da inauguração da fábrica sorocabana, o presidente mundial da Toyota, Akio Toyoda, esteve em Brasília para anunciar o investimento de R$ 1 bilhão para produzir motores em Porto Feliz (SP), município localizado entre as plantas de Indaiatuba e Sorocaba. A unidade tem início da operação previsto para o segundo semestre de 2015, com capacidade anual para 200 mil motores, com a geração de 700 empregos. A nova planta fará os propulsores 1.3 e 1.5 para o Etios e 1.8 e 2.0 que equipam o Corolla. 38 BUSINESS sileira, agora longe de São Bernardo do Campo (SP), com a produção de um automóvel moderno. Nesses 15 anos, o carro ultrapassou a marca de 670 mil unidades montadas no Brasil. Atualmente, a fábrica tem capacidade instalada para 342 carros por dia e emprega cerca de 2,1 mil colaboradores. O Corolla atende o mercado local e também é exportado para a Argentina, Colômbia e Venezuela. A fabricação dos resistentes mas ultrapassados Bandeirante continuou no ABC até 2001, quando a antiga unidade passou a concentrar-se na produção de componentes para a picape Hilux, fabricada em Zárate, na Argentina, e para o Corolla. O jipe e suas derivações conservaram a mesma aparência no Brasil por mais de 40 anos, mas a Toyota sabia que o mesmo não poderia ocorrer com o sedã. De 2000 a 2002, um novo plano de investimento de US$ 300 milhões atualizaria o carro. Em 2004, aporte de US$ 15 milhões permitiu a produção local do modelo Fielder, versão station wagon do Corolla com vida relativamente curta em Indaiatuba. Foi feito entre 2004 e 2008 e teve pouco mais de 36 mil unidades montadas porque esse tipo de carroceria perdeu espaço no Brasil para minivans e utilitários esportivos. A necessidade de evolução constante exigiu em 2005 novo investimento na fábrica de Indaiatuba, que recebeu US$ 5 milhões para modernização do processo de pintura do Corolla. Outros US$ 5,6 milhões foram aplicados neste mesmo ano para o aumento de capacidade produtiva. De 2007 a 2008 a fabricante injetou mais US$ 268,3 milhões para atualização do Corolla. Em 2011, outros US$ 33 milhões foram aplicados para a produção de uma nova geração do sedã. Segundo a montadora, atualmente o carro tem índice de nacionalização de 70%. CAMINHÕES COMPLEXO INDUSTRIAL da Magirus em Ulm, na Alemanha, recebeu investimento de 35 milhões BRASIL TERÁ PRIMEIRA FÁBRICA DA IVECO MAGIRUS FORA DA EUROPA VEÍCULOS PARA COMBATE A INCÊNDIOS SERÃO PRODUZIDOS EM SETE LAGOAS (MG) SUELI REIS | DE ULM (ALEMANHA) A pós entrar em um novo nicho de mercado no Brasil, o de veículos militares, a Iveco repetirá a estratégia de diversificação para expandir as atividades no País. O próximo passo será nacionalizar mais produtos do portfólio de veículos especiais: os caminhões Magirus. A empresa, especializada em modelos para combate a incêndio, adquirida pela montadora na década de 1970, terá sua primeira fábrica fora da Europa. Com sede em Ulm, cidade do sul da Alemanha, a marca 40 BUSINESS conhecida mundialmente por suas escadas giratórias sobre carros de bombeiros terá nova linha de produção no complexo de Sete Lagoas (MG). A operação deve começar até o fim de 2014. Caminhões Magirus importados estão presentes no País para combate a incêndio. Em outubro chegou a primeira unidade do modelo que marcará a estreia da marca como fabricante no mercado brasileiro. O modelo Super Impact 6x6, nova geração do Impact, já existente no portfólio Magirus, é construído sobre a plataforma do Iveco Tector (na Europa chamado de Eurocargo). Por meio de um contrato de R$ 140 milhões, um lote de 80 veículos será entregue à Infraero, empresa pública que administra aeroportos no Brasil. “As primeiras unidades serão importadas. Até o início da Copa do Mundo (junho de 2014), devemos entregar 69 caminhões Super Impact para atender os aeroportos no Brasil”, conta o gerente de logística da Magirus para a Alemanha, Thales Maia, CAMINHÕES executivo brasileiro que está na Europa há 12 anos. “Os demais serão produzidos em Sete Lagoas”, completa. REFORÇO PRODUTIVO Para o CEO da Magirus, Antonio Benedetti, o Brasil e a América Latina representam oportunidade para a empresa. “Com uma população acima dos 500 milhões de habitantes, a América Latina ainda tem estrutura muito abaixo da necessidade quando se trata de equipamentos para salvamento, considerando incêndios e desastres naturais. Há uma demanda reprimida que os governos devem suprir”, comentou. Assim como todos os caminhões de prevenção e combate a incêndio da Magirus, o Super Impact é adaptado às exigências do cliente. No caso do Brasil, o modelo será do tipo caminhão-bomba (jato de água), com chassi e cabine adequados para operação em aeroportos. Com capacidade para 11 mil litros, 22% a mais que seu antecessor, o veículo leva até três operadores na cabine, um a mais do que a versão anterior. O modelo que será importado para o mercado brasileiro é fabricado na nova linha de montagem da Magirus dentro do complexo industrial de Ulm, inaugurada no fim de setembro depois de receber aporte de 35 mi- 42 BUSINESS MODELO SUPER IMPACT 6X6 começa a ser importado pelo Brasil ainda em 2013 até o início da produção nacional lhões no último ano para a reconstrução de um galpão que abrigava a montagem do Iveco Stralis. A linha de montagem do extrapesado foi transferida para a planta da marca em Madri, na Espanha. Com capacidade para 1,8 mil unidades em dois turnos, atualmente opera em um único turno para fabricar mil veículos por ano. O complexo atende a produção da estrutura para a montagem de cabines, adaptação de chassi e fabricação das escadas giratórias e articuladas, com extensão de 24 a 60 metros. O aporte contemplou a unificação das áreas de engenharia, dando origem ao novo centro de pesquisa e desenvolvimento da Magirus, que concentra em Ulm as engenharias que funcionavam em plantas da marca na Áustria e Itália. A equipe italiana, especializada em caminhões destinados a aeroportos, participou durante um ano do desenvolvimento do Super Impact que vem para o Brasil. A planta de Ulm é responsável pela adaptação, montagem e fornecimento de equipamentos necessários em operações de salvamento para veícu- los que servem bombeiros de todo o mundo. A unidade monta os três tipos essenciais de veículos: aéreo (com escada giratória, geralmente caminhões médios), caminhões-bomba (veículos para esguichos d’água, sem escada) e de resgate (utilitários leves adaptados e ambulâncias). Além dos modelos Iveco (Daily, Tector, Tracker e Stralis), que respondem por 50% da produção, a Magirus tem flexibilidade para montar veículos especiais sobre plataformas de diversas marcas, à escolha dos clientes, como cavalos mecânicos Scania, Mercedes-Benz, Volvo e MAN. Além de colocar em atividade a nova linha de produção, em 2014 a companhia dará início às atividades do Centro Delivery, serviço para atendimento ao cliente. Em visita à fábrica, os compradores poderão participar da concepção do veículo, desde a escolha do modelo até o tipo de equipamentos, conforme suas necessidades locais, a exemplo do que a Iveco fez com representantes da Infraero, que conheceram em Ulm o conceito do Super Impact. SALÃO DE FRANKFURT NOVAS SOLUÇÕES PARA NOVOS DESAFIOS MONTADORAS SE REINVENTAM DIANTE DE CRISE FINANCEIRA E DAS TRANSFORMAÇÕES NA MOBILIDADE URBANA GIOVANNA RIATO | DE FRANKFURT (ALEMANHA) C rise é oportunidade. A frase clichê, presente em tantos discursos motivacionais, parece ter ganhado significado real na indústria automotiva europeia. No Salão do Automóvel de Frankfurt, o IAA, na Alemanha, que ocorreu entre 12 e 22 de setembro, as fabricantes de veículos se mostraram reinventadas. Com caminhos e estratégias diferentes, todas buscavam atrair novamente o interesse dos consumidores da região, abalado pela instabilidade econômica. A 65ª edição da mostra sustentou a tradicional grandiosidade, com mais de 230 mil metros quadrados de exposição, área cerca de 2% menor que a do evento anterior, que ocorreu em 2011 e atraiu quase 930 mil visitantes. A maior exibição automotiva do mundo refletiu as tendências mundiais do setor dentro do perfil dos consumidores da região, sempre preocupados com segurança e impacto ambiental dos carros. No primeiro semestre deste ano os emplacamentos de veículos de passeio no continente tiveram decréscimo de 6,6% na comparação com igual intervalo de 2012, para 6,2 milhões de unidades, segundo dados da Acea, associação dos fabricantes de veículos da região. Mesmo diante do cenário desfavorável, grande parte das montadoras mantém o empenho no desenvolvimento de produtos e tecnologias para mostrar ao consumidor que os automóveis podem se adaptar às novas condições sociais e financeiras. O clima do evento foi positivo mesmo diante do cenário incerto, mas dispensou exageros do evento anterior, quando boa parte das montadoras extrapolou nas apostas nos carros elétricos. A edição de 2013 foi “pé no chão”, com montadoras preocupadas em mostrar inovações, mas principalmente em indicar o papel do automóvel no novo contexto econômico. 44 BUSINESS MARCAS ALEMÃS, como a MercedesBenz, apresentaram as grandes novidades do Salão de Frankfurt CONHEÇA OS DESTAQUES DO EVENTO BMW O destaque ficou para a família de carros i, com o elétrico hatchback i3 e o esportivo híbrido plug-in i8. “O aumento da eficiência energética dos veículos é uma evolução natural, mas isso que estamos apresentando é revolução”, ressaltou o CEO do grupo, Norbert Reithofer, durante apresentação dos produtos. O visual futurista, principalmente do i8, pode fazer com que o carro seja confundido com um conceito, mas os automóveis chegarão ao mercado, inclusive ao brasileiro. MERCEDES-BENZ Entre as novidades da marca estavam três versões do luxuoso Classe S. A primeira é o S 500 Plug-in Hybrid, capaz de rodar 100 quilômetros com apenas três litros de combustível. Outro lançamento é o S63 AMG, que prioriza o desempenho. A maior inovação, no entanto, é o Classe S Intelligent Drive, carro de grande autonomia testado em rota de 100 quilômetros sem motorista. Esse sim ainda em fase de protótipo (leia no quadro a seguir). A companhia mostrou também o utilitário esportivo GLA, que será produzido no Brasil. AUDI A Audi prometeu manter o ritmo acelerado de lançamentos, com 10 a 15 novidades por ano. O presidente da marca para o Brasil, o alemão Jörg Hofmann, que assumiu o cargo há apenas três semanas, confirmou que a ampliação da gama é essencial para que a empresa alcance os objetivos de crescimento. “Precisamos de mais produtos, preços mais baixos e mais concessionárias”, apontou. Dentro desse plano está prevista a chegada do S3 no Brasil ainda no fim de 2013. Para o ano que vem, a companhia adianta o lançamento de seu primeiro utilitário esportivo no Brasil, o SQ5, no início do ano, da versão conversível do A3 e do RS7 também no primeiro semestre. Na segunda metade do ano é a vez do A8 reestilizado e do S8. PSA PEUGEOT CITROËN A marca apresentou dois carros que serão lançados no Brasil: o novo 3008 e o 2008. O primeiro chega ao mercado nacional em 2014. Já o outro modelo começa a ser vendido apenas em 2015, mas com produção local. Sem novidades para o mercado brasileiro, a Citroën destacou o conceito C Cactus, que antecipa as linhas futuras dos carros da gama C. O modelo é um híbrido diesel-elétrico. VOLKSWAGEN A Volkswagen também deu passo importante na direção do automóvel sustentável. A fabricante alemã apresentou os elétricos e-Up! e e-Golf, que, segundo a companhia, precisa de investimento de apenas 3,24 euros em carga para rodar 100 quilômetros. SALÃO DE FRANKFURT HYUNDAI A Hyundai levou a nova geração do compacto i10. Desenhado para o mercado europeu, o carro ficou mais longo e largo e é equipado com motores a gasolina 1.0 e 1.25. A coreana reafirmou o otimismo com o Brasil. “Apostávamos que o HB20 teria bons volumes de vendas, mas não poderíamos imaginar que, em um segmento tão concorrido, o carro teria filas de espera de 30, 60 dias”, destaca Frank Ahrens, vice-presidente de comunicação corporativa da organização. JAGUAR LAND ROVER A Jaguar Land Rover estreou o Discovery 2014, que agora será uma nova família de veículos. A gama da companhia irá se dividir em produtos de luxo com a linha Range Rover, com modelos como Evoque e Vogue, a gama off road e veículos que atendem aos dois propósitos, que integrarão a família Discovery. A companhia apresentou também o Evoque com câmbio de nove marchas, que chega ao Brasil no ano que vem. RENAULT A francesa mostrou o sexto carro-conceito de Laurens van den Acker, o Initiale Paris. A marca também anunciou que o mesmo nome será usado nas versões premium da sua gama de veículos, assim como atualmente são chamados de R os carros de desempenho mais esportivo da companhia. CARRO AUTÔNOMO FOI APOSTA TECNOLÓGICA E ntre as novidades do Salão de Frankfurt se destacaram projetos que sinalizam a chegada dos carros autônomos. Montadoras e seus fornecedores trabalham para mostrar que os veículos capazes de rodar sem participação tão ativa do motorista estão próximos de se tornar realidade. A primeira vitrine disso foi o protótipo do Mercedes-Benz Classe S Intelligente Drive, exibido no evento. A ideia é que, quando a tecnologia estiver madura, o motorista possa entrar no automóvel e fazer outras coisas enquanto o carro se autoguia, como checar e-mails, conversar ou ler. “Na Alemanha, as pessoas gastam, em média, 90 minutos por dia no carro. Imagine se pudéssemos dar esses 90 minutos para que elas fizessem outras coisas”, instiga Christoph Schrader, engenheiro da Bosch envolvido no projeto do sistema de direção autônoma da companhia, que expôs um protótipo no salão. 46 BUSINESS “Todos trabalham nisso e seguem prazos semelhantes, mas cada empresa está apostando em um sistema diferente. O maior estímulo é a segurança”, avalia Jérome Coudre, gerente de marketing dos produtos da Delphi para a Europa. A corrida tecnológica pretende reduzir o número de mortes no trânsito, que chega a 1 milhão no mundo anualmente. A Valeo levou ao evento o protótipo de um carro autônomo, fazendo demonstrações na área externa do evento. O veículo circulava e estacionava sozinho, com eventuais interferências do motorista por meio de um smartphone. A empresa fez questão de mostrar a tecnologia, apesar de reconhecer que ela ainda é instável. “Precisamos, ao menos, de mais dois anos”, reconhece Joachim Mathes, diretor de pesquisa, desenvolvimento e marketing do grupo, indicando que a novidade está sendo testada a pedido de vários clientes, como BMW, Mercedes-Benz, Kia, Ford e Audi. Para realizar o sonho do país do futebol, o Brasil tem a força do aço Gerdau. A força da transformação. O aço da Gerdau tem a força da transformação. Os sonhos mudam, o aço da Gerdau se transforma. Reciclamos milhões de toneladas de sucata para produzir aço de qualidade, que está preparando nosso país para ser o palco de todas as torcidas. Nas conquistas mais importantes, estamos sempre com o Brasil. www.gerdau.com IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS NOVIDADES NA FENATRAN AO LADO DAS FABRICANTES DE CAMINHÕES, EMPRESAS DO SETOR APROVEITARAM A FEIRA PARA APRESENTAR SEUS PRODUTOS LUCIANA DUARTE Fenatran, maior feira da indústria brasileira de veículos comerciais, chegou à décima nona edição com a expectativa de atrair 57 mil visitantes de 45 países entre 28 de outubro e 1º de novembro. Assim como as fabricantes de caminhões, o segmento de implementos rodoviários tinha novidades para os 100 mil metros quadrados da exposição. O evento coincidiu com momento positivo para o setor. As vendas subiram 10% entre janeiro e setembro na comparação com igual período do ano passado, para 131,4 mil unidades. “A projeção é manter a taxa de crescimento A de 10% este ano sobre o resultado de 2012, sustentada pelas baixas taxas de juros do Finame PSI”, prevê Alcides Braga, presidente da Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários. Na avaliação do dirigente, a decisão do governo de fixar as taxas de juros do Finame PSI em 3% ao ano para as compras realizadas no primeiro semestre e 4% na segunda metade de 2013 permitiu que o mercado se programasse para ir às compras. “Como resultado estamos recuperando as perdas de 2012”, afirma. Nesse cenário, a indústria aproveitou a feira para incentivar os negócios. OS LANÇAMENTOS DO SETOR RANDON A maior fabricante de reboques e semirreboques da América Latina apresentou uma série de agregados tecnológicos na Linha R, como freios ABS, novas sinaleiras, protetores laterais aparafusados e fabricados com alumínio para redução de tara, apara-barro anti-spray e novo balancim, que garantem maior produtividade e eficiência aos produtos da marca. A empresa também promove dois produtos da linha leve, a carroceria furgão para carga em geral, de duralumínio, e a carroceria graneleira. ROSSETTI Entre as novidades da fabricante paulista estava o semirreboque Vanderleia, com capacidade de 20 a 46 metros cúbicos, para atender as plantas de mineração e construção. Outro destaque é o rodotrem graneleiro, que pode levar até 74 toneladas de peso bruto total (PBT). A empresa também aproveitou a Fenatran para mostrar pela primeira vez a caçamba meia-cana com balança embarcada. A operação do equipamento foi demonstrada com ajuda de um guindaste, que fará a transferência de carga para a caçamba. 48 BUSINESS IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS FACCHINI A organização, segunda maior fabricante de Implementos Rodoviários do Brasil, exibiu na Fenatran a linha de carrocerias, furgões, caçambas basculantes, semirreboques, reboques, bitrens, rodotrens e carretas agrícolas. THERMO KING A marca norte-americana de equipamentos de refrigeração preparou para a Fenatran a série Precedent de semirreboques frigoríficos. O equipamento recebeu um compressor diretamente acoplado ao motor, minimizando as perdas na transformação de energia. O gerador, por sua vez, está acoplado por correia ao motor diesel. RODOFORT O destaque da companhia foi o novo rodotrem para transportar cana picada. O conjunto é composto por um semirreboque e um reboque, que totalizam 20 metros de comprimento e oferecem uma capacidade de 124 metros cúbicos de carga. Segundo a empresa, foram necessários R$ 500 mil de investimentos para o desenvolvimento do produto. LIBRELATO A grande novidade da fabricante paulista foi a Linha Horizon. Avanços tecnológicos nas estruturas dos chassis e componentes correspondentes foram introduzidos nas linhas graneleira, de carga fechada, basculantes, tanques e linha leve. A empresa informa também que foram realizadas melhorias na caixa de carga do equipamento, como vedação da tampa, suporte elevado dos engates elétrico e pneumático, além de novo design das sinaleiras e haste do paralama com sistema de fixação modificado. 50 BUSINESS NOMA A Noma levou à exposição uma carroceria aberta totalmente feita de alumínio, que promete trazer economia de combustível e competitividade para o segmento de transporte de cargas. O projeto foi idealizado pela Associação Brasileira do Alumínio (Abal) e executado pela Noma. SUPRIMENTOS FORD PREMIA MELHORES FORNECEDORES DA AMÉRICA DO SUL COMPANHIA ENTREGOU TOP SUPPLIER A 13 EMPRESAS PREMIAÇÃO ocorreu durante o encontro anual da Ford com os principais fornecedores da região A Ford promoveu em São Paulo, dia 29 de agosto, o Top Supplier 2013, para premiar os fornecedores da América do Sul que se destacaram pelo desempenho no ano passado. Para elaborar a lista dos melhores parceiros de negócio, a montadora levou em conta quesitos como qualidade, custo, entrega e relacionamento comercial. A premiação ocorreu durante o encontro anual da Ford com os seus principais fornecedores região, quando a companhia apresentou os resultados na América do Sul e promoveu o alinhamento de metas. A décima segunda edição do Prêmio Top Supplier teve a participação de Steven Armstrong, presidente da Ford Brasil; Sue Leone, diretora de assistência técnica ao fornecedor das América; Amit Singhi, diretor de finanças da América do Sul; João Pimentel, diretor de compras da América do Sul, e outros executivos da empresa. Steven Armstrong destacou que o Top Supplier é o prêmio mais importante da Ford América do Sul para seus fornecedores de produtos e serviços. “Trata-se de um reconhecimento aos nossos parceiros pelo investimento em melhoria contínua para oferecer o máximo em qualidade e custo-benefício para os clientes, promovendo as melhores práticas e o desenvolvimento sustentável”, disse. VENCEDORES DO FORD TOP SUPPLIER 2013 Interior e Acabamento Grammer do Brasil Elétricos e mecanismos Kostal Eletromecânica Chassis Gabriel de Venezuela Body & exterior Brose do Brasil Raw material e estampados Metalúrgica Paschoal 52 BUSINESS Powertrain/PTI ZF do Brasil Powertrain/PTC MGI Coutier Argentina Serviço ao cliente – peças e acessórios Tenneco Automotive Brasil Caminhões Behr do Brasil Serviços Evik Segurança e Vigilância Material industrial Mapal do Brasil Ferramentas de Precisão Máquinas e equipamentos Grob do Brasil Transportes Transportes Furlong SE COM O PRIMEIRO PRÊMIO FICAMOS FELIZES, IMAGINE COM O SEGUNDO. Kostal, a única empresa a receber o prêmio 2 anos consecutivos. Receber da FORD do Brasil, o “Prêmio Top Supplier 2013” como melhor fornecedor na Categoria Electrical é a prova do reconhecimento dos constantes investimentos em qualidade e tecnologia que a Kostal vem fazendo ao longo dos anos. O nosso comprometimento vai além de oferecer uma ampla gama de produtos, serviços e a excelência no resultado custo-benefício. Trabalhamos sempre para exceder às expectativas do cliente, aliado as melhores práticas e com o desenvolvimento sustentável. 0800 456 7825 | www.kostalbrasil.com.br | www.kostal.com MONTADORAS | ESTRATÉGIA HB20: sucesso imediato de vendas no Brasil teve design estudado por dois anos DESIGN MARCANTE PUXA REPUTAÇÃO GLOBAL DA HYUNDAI CONCEITO DE ESCULTURA FLUIDA E OFERTA DE TECNOLOGIA PREMIUM POR PREÇO MENOR COLOCAM A MARCA COREANA ENTRE AS DEZ MAIS VENDIDAS E MAIS VALIOSAS DO MUNDO PEDRO KUTNEY, DE SEUL E ULSAN (COREIA DO SUL) R epousa nos traços expressivos de Casey Hyun parte significativa do sucesso global Hyundai, que na última década transformou-se de marca emergente para uma das mais valorizadas e vendidas do mundo. Gerente de design criativo da empresa em Seul, capital da Coreia do Sul, Hyun foi responsável por introduzir a linguagem visual de “escultura fluida” dos carros da fabricante, começando em 2009 com a renovação do sedã médio Sonata. Ao lado do conceito “modern 54 BUSINESS premium” adotado pelo fabricante, de tornar a prosperidade tecnológica de seus automóveis mais acessível, a nova identidade visual catapultou as vendas da Hyundai, incluindo o Brasil com o HB20. O salto foi de menos de 1 milhão de unidades vendidas no início dos anos 2000 para 4,4 milhões em 2012, com expectativa de passar de 4,6 milhões este ano, somando a produção de sete fábricas na Coreia e outras nove em sete países. Esse desempenho faz a Hyundai flutuar entre a sexta e sétima posi- ções do ranking mundial das marcas mais vendidas do mundo – isso sem incluir a também coreana Kia, do mesmo grupo, na casa dos 2,5 milhões de veículos/ano. Em 2005 a Hyundai tornou-se a primeira fabricante coreana de veículos a figurar no ranking das 100 marcas mais valiosas do mundo elaborado pela consultoria Interbrand. Desde então, o valor da marca saltou de US$ 3,5 bilhões para US$ 9 bilhões este ano. De 2012 para 2013, a Hyundai subiu da 53ª para a 43ª posição na listagem geral, ficando em SE VOCÊS CONTINUAREM COMPRANDO NOSSOS CARROS, COM CERTEZA VAMOS TER DE OFERECER NOVIDADES CASEY HYUN, gerente de design criativo da Hyundai, em Seul sétimo entre as montadoras, à frente de gigantes como Porsche e Ferrari. As trajetórias bem-sucedidas de Hyun e da Hyundai têm similaridades que vão além do nome de ambos, parecem se confundir com o sucesso da própria Coreia do Sul, que em apenas duas décadas se transformou em nação desenvolvida, graças ao progresso educacional de seu povo. Criado na Austrália e formado em design automotivo na Inglaterra, Hyun é a imagem da Coreia moderna e globalizada. No caso de Hyun, ele trouxe ar fresco aonde antes havia formas estéreis, sem personalidade. O designer iniciou carreira na Hyundai em 2005 e já traçou as linhas de DOMÍNIO DO AÇO A lguns consultores e executivos do setor automotivo costumam dizer com certeza inabalável que a tendência da indústria automotiva é de pulverização das operações industriais entre fornecedores. Certamente eles se esqueceram de contar isso ao Grupo Hyundai. Além de comandar nada menos que 12 fornecedores diretos de autopeças e serviços, a companhia coreana também tem o controle sobre o mais básico dos insumos, o aço, que representa cerca de 60% do peso de um veículo. A siderúrgica Hyundai Steel pertence à divisão automotiva da companhia e fornece perto de 60% das necessidades das fábricas de automóveis e caminhões da Hyundai e Kia. E a expectativa é elevar o porcentual para 70% até 2014. “Só não entregamos mais porque não temos capacidade”, diz Won-Suk Cho, vice-presidente executivo sênior, responsável pelo centro de pesquisa e desenvolvimento da Hyundai Steel em Dangjin, que tem capacidade para processar 23 milhões de toneladas de aço laminado por ano, alguns dos mais bem vendidos carros da marca. O primeiro deles é o hatch médio i30, que introduziu a coreana no segmento de maior volume na Europa e este ano chega à sua segunda geração, desta vez com o visual fluido. SUCESSO DO HB20 O mais recente sucesso desenhado por Casey Hyun é o hatch compacto HB20, que em apenas um ano já superou as 100 mil unidades vendidas. Posicionado no segmento mais competitivo do mercado brasileiro, o carro conquistou de maneira arrebatadora o gosto do consumidor, que formou filas de espera e colocou o modelo, – boa parte do minério de ferro é fornecida pela Vale, do Brasil. Em 2012 o complexo forneceu 8,5 milhões de toneladas de bobinas de aço para fábricas de veículos do grupo e placas para a Hyundai Heavy Industries (navios). “Fabricamos nosso próprio aço não só por questão de preço, que negociamos como qualquer outro fornecedor, mas porque consideramos um insumo estratégico para controlar a qualidade dos veículos que produzimos”, afirma Cho. “É nossa arma secreta. Com a demanda por redução de peso nos carros para aumentar a eficiência de consumo, podemos sair na frente com um controle sobre um material estratégico que nenhuma outra montadora tem”, destaca Frank Ahrens, vice-presidente global de comunicação da Hyundai. MONTADORAS | ESTRATÉGIA desde o lançamento, na lista dos dez mais vendidos do País. Graças ao raro acerto de produto, a mais nova fábrica da Hyundai no mundo, em Piracicaba (SP), já opera no limite máximo, de 150 mil veículos/ano, em três turnos. “Os designers ficaram meses no Brasil para entender as necessidades do consumidor. Por isso o que surpreende não é o sucesso do HB20, mas o tamanho dele”, confirma Frank Ahrens, vice-presidente de comunicação global da Hyundai. Ele admite que, a continuar nesse ritmo, a fábrica brasileira poderá receber ampliações e aumentar a capacidade para 300 mil unidades/ano. Hyun conta que conhecia pouco o País, mas quando surgiu o projeto do HB20 fez a lição de casa. A primeira visita foi em 2008, quando veio a São Paulo. Em 2009, ele mandou dois designers da Hyundai para viver um ano no Brasil e imergir na cultura local. “Falamos com muitas pessoas, não só designers de carros, mas também de moda e outros setores, para compreender do que gostavam os futuros clientes.” “Há muitas coisas sobre o Brasil, mas a definição principal é de um povo livre e aberto a ideias. Sobre carros, descobrimos que a aparência esportiva é muito importante. O design tem de ser expressivo, forte e dinâmico para agradar. Isso combinou com nosso conceito, mas os traços do HB20 precisaram ser ainda mais marcantes para compensar o gosto conservador por cores dos brasileiros (que preferem carros brancos, prata e pretos)”, define. Depois de fazer tanto sucesso com o HB20 e lançar a família completa, incluindo a versão aventureira HB20X e o sedã HB20S, o que virá? Hyun não confirma em qual estágio estaria o projeto do utilitário esportivo compacto derivado da mesma plataforma do HB, mas também não nega que o design do carro esteja em andamento. “Se vocês continuarem comprando nossos carros, com certeza vamos ter de oferecer novidades”, diz. 56 BUSINESS ULSAN É EXEMPLO DE COMPETITIVIDADE O s enormes avanços de competitividade e produtividade da Hyundai podem ser conferidos no complexo industrial de Ulsan, o maior do setor automotivo no mundo, com capacidade para produzir 1,54 milhão de veículos por ano em cinco unidades de produção completas. Cada uma tem setores independentes de estamparia, funilaria, pintura e montagem final para fazer 18 diferentes modelos de automóveis e comerciais leves. Na imensa área de 5 milhões de metros quadrados trabalham 34 mil pessoas e estão presentes uma fábrica de motores e outra de transmissões, além de vários dos 12 fornecedores de autopeças e serviços que também pertencem ao grupo. Os gastos com logística são mínimos. Os carros saem das linhas de montagem e vão direto para o pátio do porto próprio da Hyundai, dentro do mesmo complexo de Ulsan, que recebe entre 60 e 65 navios por ano. Todos os dias, são embarcados cerca de 3 mil veículos para centenas de países. Mais de 80% da produção das cinco fábricas é exportada. Ulsan é o berço da Hyundai e da indústria automotiva coreana. As operações começaram em 1967, mas só em 1976 foi lançado o primeiro carro desenvolvido na Coreia, o Hyundai Pony, que tinha design italiano e motor da japonesa Mitsubishi. Com 46 anos de existência e há apenas 30 anos disputando o competitivo mercado mundial, a Hyundai é mais jovem potência automotiva do mundo. A posição foi conquistada com ajuda do governo, baixo custo de produção, globalização e, mais recentemente, com aumento do valor agregado em tecnologia e design. SERVIÇOS | CADERNO ESPECIAL SERVIÇOS Automotive Business dedica as próximas 22 páginas editoriais à análise do papel e da evolução dos serviços na indústria automobilística. O caderno especial começa com uma boa dose de tecnologia da informação para avaliação do Big Data, que começa a despontar no Brasil como uma ferramenta poderosa em todos os campos do setor automotivo, da programação de suprimentos e manufatura ao conhecimento do mercado, do comportamento do consumidor e do aftermarket, passando pelo desenvolvimento tecnológico, pesquisa e inovação. Tratamos também de engenharia e projeto, testes e simulações e automação, abrindo depois espaço para as operações logísticas, crédito, RH e treinamento, certificação, campanhas promocionais e distribuição. BIG DATA CONSULTORIA ENGENHARIA E PROJETO TESTES E SIMULAÇÕES AUTOMAÇÃO LOGÍSTICA 58 64 66 68 72 74 76 78 82 84 86 FINANCEIRAS RH E TREINAMENTO CERTIFICAÇÃO MARKETING DISTRIBUIÇÃO Automotive SERVIÇOS | BIG DATA A ERA DO FOTOMONTAGEM: LUIS PRADO BIG DATA NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA 58 BUSINESS CARROS DO FUTURO VÃO GERAR 1 GIGABYTE DE INFORMAÇÕES POR SEGUNDO, OBRIGANDO EMPRESAS A CAPTURAR DADOS EM TEMPO REAL PARA TER UMA VISÃO DE 360 GRAUS DOS CLIENTES, DESENVOLVER PRODUTOS MAIS PRÓXIMOS DO DESEJO DELES E GANHAR VELOCIDADE NOS NEGÓCIOS EDILEUZA SOARES cionamento com os clientes. Desenvolvido com cérebro robótico, o self-driving car transmitirá dados por satélites e redes de banda 3G e 4G via telemetria por meio de chips de comunicação machine to machine (M2M) ou máquina a máquina. São tecnologias que integrarão os carros à Internet das Coisas, segunda grande onda da web para nascimento da sociedade digital, onde objetos inanimados ganharão capacidades sensoriais para ajudar a criar experiências de uma vida sustentável e DIVULGAÇÃO/NISSAN C arros que podem ser programados para pegar crianças na escola, transportar portadores de deficiência visual e configurados pelos próprios motoristas para dirigir sozinhos quando estiverem cansados ou não quiserem pegar no volante numa estrada à noite. Essas são algumas das características de uma geração de carros hightechs, equipados com câmeras de vídeo, radares e sensores que estarão circulando pelas ruas em um futuro não muito distante. É o chamado self-driving car, veículo autônomo projetado pela indústria e previsto para chegar às lojas por volta de 2020. Dotados de inteligência artificial e com uma infinidade de sistemas embarcados, esses carros informatizados prometem causar uma grande revolução na vida das pessoas e também das fabricantes, que terão de começar a se preparar desde já para lidar com o fenômeno do Big Data, ou grande volume de dados, que serão gerados por esses automóveis conectados. A quantidade de informações processada pelas novas tecnologias tende a mudar a forma como o setor analisa a sua cadeia de abastecimento para desenvolvimento, produção dos veículos e rela- inteligente. Com essa sofisticação, os veículos tendem a se transformar no futuro em uma espécie de data center, central de dados, em cima de quatro rodas com capacidade para processar informações sobre sua manutenção, interagir com o motorista e prestar uma série de serviços. As estimativas dos especialistas são de que o carro autônomo vai processar 1GB (gigabyte) de informações por segundo, podendo se comunicar com sistemas internos e externos e até com outros carros por redes Wi-Fi para ajudar a controlar o tráfego e prevenir acidentes. Um protótipo real de como será o carro autônomo é o Toyota Prius, baseado na tecnologia Google de self-driving car, que chama atenção quando é visto fazendo manobras sozinho pelas ruas de San Francisco e cidades do Estado de Nevada, nos Estados Unidos. Com base nos testes, a empresa de internet planeja criar táxis que dispensam motoristas. Um dos principais objetivos da empresa é reduzir ocorrências de trânsito, uma vez que o piloto automático tem uma visão de 360 graus das ruas, não dor- A NISSAN desenvolve tecnologias de carros autônomos no Japão | BIG DATA me, identifica obstáculos e pessoas, evitando atropelamentos e colisões. LABORATÓRIOS Na trilha do Google, engenheiros automotivos e gênios da tecnologia disputam corrida silenciosa projetando robôs e sistemas inteligentes para carros futuristas em laboratórios de universidades de Stanford, Oxford, Massachusetts Institute of Technology (MIT), Carnegie Mellon e outras. Montadoras como GM, Nissan, Toyota, Mercedes-Benz, BMW, Audi, Ford, Tesla e Volvo trabalham para equipar o carro autônomo em parcerias com empresas de tecnologia. Além do Google, Apple, Nokia, Microsoft, Intel e Cisco são algumas das envolvidas no desenvolvimento de soluções. O consenso da indústria é que a condução autônoma esteja disponível em 2020, começando pelos semiautomáticos. Em aproximadamente cinco anos, o setor acredita ser possível eliminar obstáculos para disseminação do self-driving car. Além dos aspectos tecnológicos, o novo carro vai exigir pavimentação de novas estradas com infraestrutura de comunicação, criação de padrões abertos para que os sistemas se falem e legislações sobre questões de privacidade. Os analistas de mercado destacam também a necessidade da definição de políticas para serviços públicos para que os carros autônomos possam se conectar às cidades inteligentes que farão parte da sociedade digital. Entre esses serviços estão as novas redes de energia elétrica, chamadas de smart grid, que vão interagir com os veículos elétricos, bem como os estacionamentos inteligentes, que permitirão que os motoristas façam reserva de vaga e pagamento on-line. ESTRADA DE DADOS Toda a tecnologia inteligente que está 60 BUSINESS DIVULGAÇÃO/T-SYSTEMS SERVIÇOS SÉRGIO SAVANE, diretor de engenharia e desenvolvimento de sistemas na T-Systems Brasil sendo projetada para equipar o carro do futuro vai exigir estratégias da indústria automotiva para gerenciar o Big Data, grande volume de dados que será gerado em tempo real. Relatórios da IBM calculam que o mundo produz por dia em torno de 15 petabytes de dados. Para efeito de comparação, um petabyte equivale a cerca de 115 mil horas de vídeo em alta definição. Do volume total de informações criadas, apenas 15% é estruturado ou organizado, armazenado em sistemas corporativos. Os outros 85% restantes são dados não estruturados, que podem estar dentro e fora da companhia em diferentes formatos como vídeo, texto e áudio como e-mails, conteúdos multimídia postados nas redes sociais. O conceito que o Big Data prega é caracterizado pelo enorme volume, variedade, velocidade e veracidade dos dados gerados por uma imensidão de fontes de informação. No caso da indústria automotiva, incluirá dados dos sensores do veículo, reclamações de garantia e feedback de clientes. Para sustentar o crescimento do setor, líderes em toda a indústria automotiva estão priorizando investimentos que permitam rapidamente lançar carros cada vez mais sustentáveis, capitalizar oportunidades de serviços para veículos inteligentes e otimizar o supply chain, constata Ana Claudia Oliveira, gerente de vendas para a América Latina da Pivotal, do grupo EMC, fornecedora de ferramentas analíticas. Ela destaca que o novo cenário transformará o setor no segundo maior gerador de dados no mercado mundial. Pesquisas da Forrester, apontam que em 2015 as montadoras vão perder nesse quesito somente para o segmento aeroespacial. “O Big Data é uma grande oportunidade para a indústria automotiva. Os dados digitais podem se transformar em um tesouro nas mãos das montadoras”, afirma Sérgio Savane, diretor de engenharia e desenvolvimento de sistemas na T-Systems Brasil e que também é diretor do comitê de TI do SAE Brasil. Ao se apoiar em ferramentas analíticas, Savane acredita ser possível ter uma visão de 360 graus do cliente, avaliar seu comportamento em tempo real e alimentar toda a cadeia automotiva com informações precisas sobre o que agrada mais aos consumidores. Há poucas iniciativas no setor automotivo no mercado brasileiro, segundo avaliação de fornecedores de tecnologias analíticas para tratamento de grandes volumes de dados. “A adoção de Big Data aqui ainda é incipiente, mas na Europa as companhias já se apoiam em ferramentas analíticas para coletar dados relevantes ao negócio no pós-venda, para monitorar garantia de produtos e na área de desenvolvimento”, constata. A Mercedes-Benz investiu na Europa em projeto de Big Data no pós-venda, para monitorar produtos e saber que peças quebram com mais frequência. A montadora pode cruzar essas informações com dados históricos e também com o que os clientes estão falando nas redes sociais. Ao perceber quebras de uma peça na mesma semana, a montadora pode agir rapidamente, informando ao fornecedor e chamando consumidores para substituição, melhorando o relacionamento com o cliente. Segundo o executivo da T-Systems, esse tipo de informação, que levava dois a três meses para ser levantado, pode ser coletado em tempo real com estratégias de Big Data. “A indústria deixa de se apoiar apenas em bases de dados do passado e sai do papel de reativa para ser mais proativa”, avalia Savane. A Ford também vem adotando estratégias de Big Data para analisar a montagem dos carros da marca antes de serem projetados. A companhia está cruzando informações sobre estoques na concessionária com o desempenho do motor para tomar decisões mais rapidamente e melhorar a experiência do consumidor. Como exemplo da necessidade de avaliar, modelar informações e fazer análises preditivas, a Ford menciona a sua linha Energi plug-in de veículos híbridos que gera 25 GB de dados por hora, processados e devolvidos aos motoristas por meio de um aplicativo móvel, embarcado nos carros. As informações são sobre a vida da bateria, as estações de carregamento mais próximas e outros dados sobre o desempenho do automóvel. “Big Data é um desafio para a indústria automotiva, que tem muitos silos de dados e algumas áreas não trocam informações”, avalia André Felipe, diretor de marketing da Siemens PLM Software América Latina. Ele observa que hoje as montadoras trabalham com cinco (ERP, BI, CRM, supply chain e PLM) grandes sistemas separados, cada um suportando uma área de negócios. O primeiro passo, segundo ele, é organizar essas bases de dados e trazer informações externas para cruzar com as internas, buscando correlações. “Os dados têm de ser entregues dentro de um contexto”, recomenda. Uma montadora do Brasil já está testando a plataforma de Big Data Hana da SAP, tecnologia com armazenamento de dados na memória do banco de dados. Sem revelar o nome da empresa, Daniel Bio, gerente de desenvolvimento de negócios da SAP Brasil, relata que a ferramenta está apoiando a coleta de informações em tempo real da lista de itens críticos para a montagem dos produtos no prazo de 12 horas. Bio explica que essa listagem era rodada à noite para início da produção às 6 da manhã. O processo, segundo ele, levava quatro horas e hoje é feito em 15 minutos. “Há ganhos de tempo e redução de estoque”, avalia o executivo da SAP, que vê benefícios do Big Data em várias áreas no setor automotivo. Um deles é na captura de dados dos carros conectados por telemetria (M2M) para prestar serviços ao motorista. MODELOS DE NEGÓCIOS “A indústria automotiva vai usar Big Data em todo o ciclo de vida do veículo”, prevê Cezar Taurion, gerente de novas tecnologias da IBM Brasil. Ele menciona os projetos em plataformas globais que exigem muita colaboração para simulações de novos produtos e que geram uma múltiplos dados, que precisam ser tratados, cruzados e analisados para acelerar os processos. Hoje a seguradora faz apólices de seguro com base num perfil que nem sempre reflete o comportamento do motorista. Com o carro conectado, Taurion afirma que a montadora terá como saber se ele é cuidadoso no trânsito e também como está fazendo manutenção de seu carro. “A indústria pode dizer que tem esses dados. São informações valiosas para a seguradora, que tem interesse em reduzir os riscos dos seguros para oferecer preços menores e atrair clientes que hoje não contratam seguros”, acredita o executivo da IBM. Os postos de gasolina também podem se interessar por esses dados. A montadora, ao saber que o motorista circula com pouco combustível, pode indicar o posto mais próximo O CONSUMIDOR E OS CARROS CONECTADOS O carro autônomo tem aprovação do consumidor, segundo estudo da Cisco, fabricante de tecnologias de rede, que avaliou a experiência e confiança em veículos automatizados ou não pilotados. A pesquisa envolveu mais de 1,5 mil usuários de carros em dez países: Alemanha, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Índia, Japão, Reino Unido e Rússia. Mais da metade dos entrevistados, ou 57%, afirmou que andariam em um carro totalmente controlado por tecnologia que dispensa um motorista humano. Os consumidores mais confiantes são os brasileiros: 96% aprovaram o carro autônomo. Esse índice na Índia ficou em 86% e na China em 70%. Entre os entrevistados, 52% disseram que gostariam de controlar o preço do combustível a partir de um veículo. O estudo mostrou também que 35% gostariam de saber por meio de seu carro a disponibilidade de assistência automotiva em estradas e 32% querem monitorar informações de recall. Em troca disso, 74% permitiriam o acompanhamento de seus hábitos de direção a fim de economizar em seguro, manutenção ou custos de serviços. | BIG DATA e sugerir um desconto, em caso de parcerias com determinada rede. Para Taurion, os modelos de negócios vão mudar como o carro conectado. As montadoras vão saber como seus clientes estão dirigindo e podem propor uma série de serviços. No caso do carro elétrico, haverá a possibilidade de informar aos motoristas as promoções para carregamento de eletricidade, caso o veículo esteja conectado com sistemas de smart grid, redes inteligentes de energia. Exemplo disso já ocorre em Portugal, relata Daniel Costa, consultor na área de indústria da Teradata, mencionando o acordo entre a Nissan e o governo. O país foi o primeiro a adotar uma política pública para o carro elétrico, com criação de uma rede nacional de carregamento. Os motoristas são avisados sobre os melhores horários e as promoções, cujas informações passam por ferramentas analíticas de Big Data. MANUTENÇÃO EFICIENTE Uma das grandes revoluções dos carros conectados é que as montadoras passarão a ter nas mãos dados do comportamento dos motoristas e da manutenção dos carros, podendo melhorar a qualidade da garantia e reduzir as falhas que obrigam a fazer recall. Ana Claudia Oliveira, gerente de vendas para a América Latina da Pivotal, do grupo EMC, aponta que atualmente a montadora sabe sobre a manutenção dos carros pelas informações que são coletadas durante as revisões. Com estratégias de Big Data, esses dados poderão ser capturados pelo setor enquanto os veículos rodarem pelas ruas, por intermédio dos GPS, desde que sejam resolvidas as questões de privacidade. A grande vantagem dessa mudança, segundo a executiva, é que as manutenções estabelecidas hoje pela quilometragem rodada tendem a 62 BUSINESS DIVULGAÇÃO/MERCEDES-BENZ SERVIÇOS GLAUCI TONIATO, gerente de marketing de produto automóveis da Mercedes-Benz do Brasil ser determinadas com base no comportamento do motorista, reduzindo custos de estoque e logística. As empresas podem ainda descobrir por meio da avaliação das informações sobre tipos de peça que se adaptam aos mercados, como pneus que não são indicados para o clima do Brasil. Esse tipo de dados pode munir a equipe de desenvolvimento para reduzir o número de recalls, acredita Renata Sollero, gerente de território para o Brasil da Stratasys, que fornece impressoras 3D para o setor. Segundo ela, hoje um dos maiores esforços da indústria é para reduzir erros nos projetos de peças antes da fabricação. A constatação antes ajudaria a diminuir os recalls. REDES SOCIAIS O monitoramento de dados dos motoristas pelas redes sociais é um instrumento valioso para a indústria automotiva, considera Renata. Essas mídias possibilitam saber a percepção sobre lançamentos, falhas em carros e medir o desejo dos clientes. Glauci Toniato, gerente de marketing de produto automóveis da Mercedes-Benz do Brasil, reconhece a importância do monitoramento dos dados de redes sociais. “Temos uma equipe no Brasil olhando atentamente o que nossos admiradores estão falando”, comenta. “Compilamos esses dados, separamos o que é feedback de produtos e mapeamos as informações”, diz, explicando que esse ativo é muito importante para tomada de decisão das áreas de produtos, marketing e comunicação. O Big Data também é um desafio na Fiat. “Todos os dias lidamos com informações de centenas de fontes distintas. As fontes variam entre redes sociais, portais e sites de notícia, fóruns sobre carros, blogs de interesse, listas de discussão públicas, serviços especializados, etc.”, diz Patrícia Pessoa, gerente de marketing de relacionamento e rede sociais da Fiat. “Temos um conjunto de softwares e analistas que trabalham nesta inteligência na análise dos dados, com foco na vantagem competitiva do mercado”, acrescenta a executiva. Para Luis Pierri, diretor-geral da RTT Brasil, empresa de software para visualização em 3D, as redes sociais são uma ferramenta importante no esforço da indústria para personalização dos carros. Elas podem usar estratégias de Big Data para cruzar informações de seus clientes nessas mídias e conhecer suas preferências. O grande benefício da configuração on-line de customizados, segundo Pierri, é uma produção mais sustentável e com uso de acessórios de acordo com a necessidade do cliente. “Os carros teriam o que eles precisam, de acordo com seu gostos”, diz o executivo, que avalia que esse modelo reduz custos e pode reduzir o valor dos veículos. Companhias como BMW, Audi e Ferrari já estão usando inteligência de dados na personalização de carros para seus compradores, segundo o diretor da RTT.Q SERVIÇOS | CONSULTORIA INFORMAÇÃO PARA ACOMPANHAR MUDANÇAS EMPRESAS FORNECEM BASE PARA AS MONTADORAS TRAÇAREM ESTRATÉGIA NO MERCADO BRASILEIRO GIOVANNA RIATO A explosão de crescimento do mercado brasileiro nos últimos anos atraiu importante participante da indústria automotiva nacional: as consultorias. Essas empresas passaram a ter papel essencial para que as montadoras e grandes fabricantes de autopeças desenhem estratégias visando à operação local. Com mercado atrativo, recheado por registros de vendas e de produção robustos, e a chegada constante de novas marcas concorrentes ao País, as empresas buscam informações confiáveis e isentas. Carlos Reis, sócio sênior da Carcon Automotive, explica que é muito difícil uma empresa desenvolver uma análise sozinha, porque os concorrentes não abrem informações. Ele acredita que a necessidade das empresas por assessoria vem crescendo. A Roland Berger abriu a filial no Brasil em 1976, com foco no setor automotivo e de energia. “O mercado está muito mais maduro agora. As empresas sabem o que uma consultoria pode oferecer”, conta o sócio-diretor Stephan Keese. Na gama de serviços da empresa está o desenho de estratégias visando à redução nos custos de produção. A fabricação lo- DESAFIO NAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO A Prime Action tem foco nos canais de distribuição e ajuda as marcas a formar, gerenciar e desenvolver a rede de concessionárias. Carlos Campos, diretor da empresa, percebe grande aumento da demanda de serviços. “Novas marcas buscam desenhar e estruturar suas redes, enquanto as tradicionais desenvolvem programas de expansão e aumento de eficiência e de padronização de processos e atendimento”, conta. Segundo ele, nesse segmento o grande desafio é profissionalizar a rede de distribuição e garantir rentabilidade aos concessionários. 64 BUSINESS cal de carros globais pode aumentar a demanda por esses serviços. Keese acredita que o Inovar-Auto não terá efeito expressivo sobre a produtividade e a qualidade das fábricas brasileiras. “O grande impacto será o aumento do conteúdo local dos veículos”, avalia. Já a PricewaterhouseCoopers (PwC), tem registrado aumento nos negócios em decorrência do novo regime automotivo. Além de traçar projeções de vendas de cada marca e modelo, a empresa oferece consultoria para a área tributária. O serviço tem grande utilidade para que as empresas consigam atender as exigências do complexo Decreto 7.819, que regulamenta o Inovar-Auto. “Outra oportunidade está na auditoria das montadoras para checar se elas cumpriram as exigências da política industrial”, lembra Marcelo Cioffi, sócio-diretor da PwC. Segundo ele, pelas regras do regime automotivo, as próprias montadoras deverão arcar com os custos desses serviços, contratando organizações independentes. Cioffi revela que a PwC registrou crescimento importante oferecendo consultoria estratégica a empresas que pretendem ingressar mercado nacional. “Hoje é essa área que chama a atenção no Brasil. As empresas querem informações sobre as condições locais para confirmar a viabilidade de instalar operação local”, conta. Q SERVIÇOS | ENGENHARIA E PROJETOS OS DESAFIOS DO INOVAR-AUTO EMPRESAS PRECISARÃO BUSCAR SOLUÇÕES PARA DRIBLAR AUMENTO DOS CUSTOS LUCIA CAMARGO NUNES E tor aponta que a política deveria formular medidas de incentivo para a etapa básica, passando pela pesquisa aplicada e a seguir pelo desenvolvimento experimental, com a construção de protótipos. Além disso, há necessidade de construir peças e ferramentais, buscar serviços de apoio técnico, desenvolver novos dispositivos de segurança ativa e passiva. “É preciso fazer pesquisa no País”, enfatiza Satkunas. “Aqui no Brasil não temos túnel de vento, por exemplo”, ressalta. Pelo Inovar-Auto, as áreas de P&D e engenharia poderão gerar incentivos que correspondem a até 2% DIVULGAÇÃO/PSA PEUGEOT CITROËN nquanto o mercado acompanha os desdobramentos que estão por chegar com os desenvolvimentos e inovações estimulados pelo Inovar-Auto, fornecedores e prestadores de serviços, especialmente no campo de engenharia e projetos, observam com cautela os cenários. “Com exceção dos grandes sistemistas, a típica indústria nacional não se beneficia do programa para peças locais”, avalia o engenheiro Francisco Satkunas, diretor da SAE Brasil. Como medidas para a área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o se- LATIN AMERICA TECH CENTER, no Rio de Janeiro, é um dos quatro centros de desenvolvimento globais da PSA Peugeot Citroën 66 BUSINESS da receita líquida das empresas. No caso da engenharia, a política industrial do governo busca estimular desenvolvimentos, o que inclui inovação, concepção e melhorias; tecnologia industrial básica, que abrange automação e linhas de transferência; e prevê ainda a construção de laboratórios, desenvolvimento de ferramentais e moldes e capacitação de fornecedores. Luca Di Crescenzo, diretor de desenvolvimento de novos negócios da LD Engineering (Line-Design), com matriz na Itália, avalia como positiva a política industrial, mas acha que ela precisa ir além. “É necessário dar incentivo a empresas que aprimoram serviços de engenharia e soluções integradas. Hoje os benefícios vão apenas para as montadoras.” Para o executivo, é importante abranger pequenas e médias empresas da cadeia produtiva. A LD tem como uma das especialidades a criação do ferramental necessário para a produção de componentes, por isso busca soluções locais. “Tentamos ao máximo trabalhar com empresas daqui”, afirma. Satkunas, da SAE, espera que a indústria privilegie universidades nesse processo. “Seria interessante porque desenvolveria a base da infraestrutura.” Em recente simpósio da entidade sobre powertrain, o diretor do laboratório de engenha- SOLUÇÕES Os incentivos do Inovar-Auto impõem uma série de contrapartidas à indústria. “Um sistema como o start-stop leva anos para validar, interferindo em itens como bateria, sistema do ar-condicionado, lubrificação enquanto o carro está desligado, pressão com transmissão automática. A engenharia tem solução, mas é preciso reduzir custos”, explica o engenheiro da SAE Brasil. Claudio Demaria, diretor de desenvolvimento de produto e design da Fiat Automóveis, considera que o novo regime automotivo exige mui- DIVULGAÇÃO/FIAT ria veicular da PUC-RJ, Sérgio Braga, defendeu a aproximação da academia com a indústria para o fomento do desenvolvimento tecnológico no Brasil. “Temos muitos alunos que estão na indústria e sentem a necessidade de se capacitar mais na pesquisa básica. Por outro lado, algumas empresas já utilizam a formação como um critério de ascensão.” NOSSO OBJETIVO É DESENVOLVER TECNOLOGIAS PRÓPRIAS, ALINHADAS AO PODER DE COMPRA DO CLIENTE CLAUDIO DEMARIA, diretor de desenvolvimento de produto e design da Fiat Automóveis tas respostas das montadoras. “Dependemos de uma série de fatores e não há uma solução única. Essa evolução deve obedecer particularidades e oportunidades de cada segmento, cada modelo de carro, e nosso objetivo é desenvolver tecnologias próprias, alinhadas ao poder de com- pra do cliente.” Ele cita o exemplo do Uno Economy que, para ser 15% mais econômico em relação às outras versões, passou por alterações na calibração de motor, mudança nas relações de marchas, modificações de geometria de suspensões e pneus de baixo atrito ao rolamento. Q P ara François Sigot, diretor de pesquisa, desenvolvimento e design da PSA Peugeot Citroën, o Brasil tem grande potencial para o desenvolvimento de novas tecnologias. Tanto que foi escolhido, antes mesmo do Inovar-Auto, para ter um dos quatro centros de pesquisas da companhia no mundo, o Latin America Tech Center. “Estamos estudando novas oportunidades de trabalho para aumentar o investimento em P&D, inovação e engenharia aplicada. Muitas delas estão sendo analisadas em parceria com nossos fornecedores. Também multiplicamos pesquisas com instituições e empresas conceituadas no Brasil, como USP, PUC/RJ, Fapesp e Petrobras.” Sigot avalia que o resultado final será positivo, porém o caminho será difícil. “A velocidade da evolução previs- DIVULGAÇÃO/PSA PSA: POTENCIAL PARA ATRAIR TECNOLOGIAS ta é tão forte que obrigará montadoras e fornecedores a investir massivamente em novas gerações de produtos, motores, transmissões e outras tecnologias no Brasil. Só que o governo incentiva 50% da parte humana (P&D e engenheira bruta), mas não a parte de investimentos industriais, que é a maior. Assim, o custo deverá aumentar para as empresas”, afirma o diretor da PSA. Entre as iniciativas da companhia, o diretor da PSA Peugeot Citroën enumera que as equipes nacionais de P&D são reconhecidas globalmente nas áreas de biocombustíveis e materiais verdes. “No campo dos motores, trabalhamos forte para desenvolver propulsores menores e mais eficientes com a tecnologia brasileira do flexfuel.” SERVIÇOS | TESTES E SIMULAÇÕES EM COMPASSO DE ESPERA SEGMENTO SENTE RETRAÇÃO DO MERCADO E APOSTA EM MELHORA PARA 2014 LUCIA CAMARGO NUNES Romio, do Instituto Mauá – Brasil precisa de um centro independente de testes de segurança divulgação/Instituto Mauá Instituto Mauá percebeu queda na demanda por simulação no segundo semestre divulgação/Instituto Mauá E mpresas e institutos fornecedores de serviços de testes e simulações ainda não sentiram os impactos do Inovar-Auto, embora mantenham boas expectativas sobre os efeitos do programa. Os profissionais do setor entendem que o crescimento das vendas de veículos no Brasil e o incentivo à produção local, em virtude do novo regime automotivo, devem estimular o segmento. “O mercado automotivo está cada vez mais competitivo, com número crescente de marcas. As montadoras investem mais em qualidade. Pela própria legislação, na iminência de termos apenas carros com ABS e airbags, as engenharias serão forçadas a se capacitar e contratar mais serviços de testes e simulações para desenvolver e homologar produtos”, afirma João Franco, coordenador da comissão técnica de dinâmica veicular da SAE Brasil. Para ele, o Inovar-Auto vai puxar o desenvolvimento de engenharia de várias áreas e será preciso testar veículos e componentes, em processos caros e demorados. “Com o mercado mais competitivo e a pressão para reduzir o prazo de lançamento dos novos produtos, as ferramentas de testes e simulações representam soluções poderosas”, aponta. Nesse cenário, a terceirização surge como alternativa para que as fabricantes de veículos atendam a tantas exigências do novo cenário. “Antigamente, uma montadora fazia a mola de suspensão. Hoje, ela entrega isso ao fornecedor, que conduz o projeto. A peça é desenvolvida no computador, são feitos cálculos estruturais por simulações, um protótipo é testado em laboratório, depois no veículo e na pista. Só depois disso tudo o componente chega à montadora”, conta Franco. O coordenador da SAE acredita que o mercado de testes e simulações só não é maior por falta de incentivo. “Não há centros independentes de crash test. Não existe exigência do consumidor nem legislação. Então para que um esforço?”, questiona, indicando que as fabricantes de veículos não vão investir nessa área se não for indispensável. O Instituto Mauá de Tecnologia também aponta barreiras semelhantes no mercado nacional. “Temos a proposta para erguer um centro de 68 • AutomotiveBUSINESS 68-70_SERVICOS_TESTES E SIMULACOES.indd 68 25/10/2013 18:56:23 Toda a tradição italiana em tubos trefilados. A Arvedi Metalfer do Brasil S.A. faz parte de um dos maiores grupos siderúrgicos internacionais. São mais de 40 anos de excelência no mercado de tubos trefilados, com liderança no segmento automotivo e de cilindros hidráulicos em toda europa. Com fabricação no país de tubos trefilados desde outubro de 2012, segue rumo à liderança de mercado. Arvedi Metalfer do Brasil S.A. Rod. Engenheiro Ermenio de Oliveira Penteado, 2435, km 46 Salto/SP - CEP 13329-903 - Tel: +55 (11) 4456-0990 [email protected] | www.arvedi.it jhdweb.com Agora, com fábrica no Brasil. SERVIÇOS | TESTES E SIMULAÇÕES segurança veicular independente. As montadoras possuem centros parciais e, para desenvolver novos carros, os enviam ao exterior para os testes. Podemos implantar ainda um laboratório de segurança viária. Se a equação financeira estiver resolvida, estimamos estar em funcionamento, certificados para testes, no primeiro semestre de 2016”, afirma Renato Romio, chefe da divisão de motores e veículos do centro de pesquisas do instituto. “Isso é importante para o Brasil no cenário mundial. O investimento privado é inviável, então temos de sensibilizar governo e montadoras.” Ele explica que o projeto, contando com oito meses de operação inicial, exigirá aportes da ordem de R$ 190 milhões. Romio lembra também que não há centros de crash tests disponíveis no Brasil. “Segurança veicular é difícil de compartilhar com as montadoras. Elas não enxergam em conjunto. O investimento em comum traria vantagem competitiva ao País, incentivando até o desenvolvimento local de projetos globais.” DESAQUECIMENTO O ano, para os engenheiros do Instituto Mauá, caminha devagar, à espera de programas de ensaios e testes no Brasil. “Houve uma retração nesse segundo semestre. Há novos projetos, mas não há demanda por simulação. Pesquisamos agora as demandas para 2014”, afirma Fábio Bordin, superintendente de planejamento e desenvolvimento. NCAP TRAZ REFERÊNCIA EM TESTES DE IMPACTO O DIVULGAÇÃO/LATIN NCAP Latin NCAP é atualmente a única referência em testes de impacto na América Latina. Seus resultados negativos para alguns modelos causam polêmica. “A maioria das montadoras não tem mostrado reação em melhorar carros que têm vendas massivas no Brasil. Há empresas que observam de perto a Latin NCAP, caso da Toyota com o Etios. Esperamos que os próximos modelos recebam aprimoramentos em segurança”, comenta o engenheiro Alejandro Furas, responsável pelos testes da organização. A entidade faz os crash tests com as versões mais básicas de cada modelo e ressalta que a simples inclusão de airbags não é capaz de tornar o desempenho bom. “O habitáculo é o que observamos para definir se a estrutura do carro é estável. A parte frontal é a que absorve mais energia no choque para poupar os passageiros. Essa parte sempre se deforma em maior medida”, afirma Furas. TESTES DO LATIN NCAP indicam falta de segurança nos carros vendidos na América Latina A contração do mercado também foi percebida por Sergio Inacio Ferreira, engenheiro do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A entidade tem recebido muitas consultas motivadas pelo Inovar-Auto, mas, enquanto novos negócios não se concretizam, prepara-se para uma possível demanda futura. “Estamos aumentando o laboratório, com 22 atuadores hidráulicos que simulam deslocamento de carga no veículo, teste de fadiga e vibração em componentes.” Sadao Hayashi, diretor da NHT Engenharia, especialista em ensaios automotivos, expõe sua percepção de que as montadoras estão mandando serviços de testes e simulações para suas matrizes e que, por seu alto poder financeiro, passem a realizá-los por conta própria. Ele atribui a defasagem tecnológica do setor à falta de investimento na cadeia de suprimentos, especialmente nos elos mais distantes, como os Tiers 2, 3 e 4. A NHT teve conversas recentes com fabricantes chineses, mas aponta que a demanda está fraca. A VirtualCAE é favorável às iniciativas do Inovar-Auto, que deve motivar ações de testes e simulações. “Mas estamos à espera de mais informações sobre o programa”, revela Leandro Garbin, diretor comercial da empresa, que tem como especialidade a redução de massa de peças automotivas. Ele observa tendência de mais incentivo e independência no ciclo de desenvolvimento de produtos, enquanto as montadoras necessitarão melhorar o conhecimento sobre dinâmica veicular, análise de durabilidade, otimização estrutural e segurança. “O objetivo final são projetos cada vez mais robustos, mais seguros, com menos peso de componentes, melhor desempenho e eficiência energética”, conclui. Q AS MAIORES TAXAS DE LEITURA SEMPRE O QUE MAIORES TAXAS DE LEITURA DE CÓDIGOS DE BARRAS SIGNIFICAM PARA VOCÊ? Altas taxas de leitura ajudam a aumentar a eficiência, diminuir custos e controlar a rastreabilidade. Com o novo leitor de códigos de barras baseado em imagem DataMan® 300, taxas de leitura ainda mais altas podem ser alcançadas: t4JOUPOJB*OUFMJHFOUF ajusta automaticamente o foco, iluminação e exposição para otimizar a leitura de código, com um único toque de botão. t%.BY lê qualquer código 2-D marcado diretamente na peça (DPM), não importa o método de marcação, acabamento da superfície ou qualidade do código. t%.BY com a tecnologia ‘Hotbars’ lê códigos de barras 1-D mais rápido e de forma mais confiável, mesmo se estiverem danificados ou mal impressos. 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Para a Cognex, a chegada de fabricantes de veículos traz perspectiva de novos desafios e oportunidades de aprimoramento dos processos fabris. “Muitas das montadoras trarão aplica- 72 BUSINESS ções que já funcionam nos seus países de origem e as replicarão nas novas linhas”, afirma Domingos Antonio Mancinelli Junior, gerente de vendas distrital da empresa. Entre as soluções específicas para a indústria automotiva, a Cognex oferece uma linha de equipamentos 3D para análises em situações de pouco ou nenhum contraste e que exigem alta precisão. Outro fornecedor que pretende aproveitar as novas oportunidades de fornecimento é a Kuka, que apresentou pela primeira vez no Brasil, durante a mostra de engenharia do Congresso SAE Brasil 2013, um novo robô capaz de realizar operações de solda a ponto, manipulação, paletização, embalagem, revestimento, montagem, medição e inspeção. A empre- sa afirma que o equipamento oferece ganho de produtividade por causa de um pacote tecnológico exclusivo. A Robtec aposta em novos digitalizadores ópticos produzidos pela alemã GOM. Um deles, específico para extrair medidas em 3D de peças de pequeno e médio portes, possui uma estereocâmera. Já o ScanBox, célula de medição óptica automatizada, promete operação rápida, com flexibilidade de utilização. “A automação é um caminho sem volta, pois representa aumento de produtividade, redução de retrabalho e de refugos, melhoria da qualidade geral dos produtos e diminuição de custos”, avalia Mancinelli. “Penso que, cada vez mais, as linhas de grandes indústrias irão se modernizar por meio da automação. Por consequência, seus fornecedores também terão de seguir o mesmo caminho para garantir índices elevados de desempenho e qualidade.” Outra tendência do setor é a rastreabilidade, que, na opinião do executivo da Cognex, deixou de ser uma expectativa para o futuro, tornou-se realidade e passa a ser utilizada cada vez mais e melhor. Ele destaca que os sistemas de visão aliados aos robôs têm uso cada vez mais difundido em verificações de operações de usinagem, inspeções de montagem e checagem da qualidade de aplicação de cordões de solda. Q NI Automotive Day a 27 de novembro das 8h00 às 13h00 e Tree Towers Santo André Av. Portugal, 1464 - Jd. Bela Vista Participe deste simpósio gratuito e conheça as mais novas tecnologias de hardware e software da National Instruments para aplicações de teste, automação e projetos projetos em conformidade com o novo regime automotivo brasileiro “inovar-auto” Tendências e novas tecnologias Demonstrações práticas Estudos de caso e apresentações de empresas convidadas Novas ferramentas para desenvolvimento >> Inscreva-se agora pelo site brasil.ni.com/automotiveday © 2013 National Instruments. Todos os direitos reservados. National Instruments e NI são marcas registradas da National Instruments. faça sua inscrição e veja a agenda do evento aqui 11 3149-3149 TM | LOGÍSTICA DIVULGAÇÃO/TEGMA SERVIÇOS PROMESSAS DE MERCADO INOVAR-AUTO ALAVANCA OS NEGÓCIOS DOS OPERADORES LOGÍSTICOS, QUE APOSTAM EM CRESCIMENTO DE DOIS DÍGITOS PARA 2014 ALEXANDRE AKASHI U m dos elementos-chave em qualquer operação industrial é a logística. Afinal, tempo é dinheiro e, quanto mais rápido o produto for manufaturado, melhor. No segmento automotivo, os operadores logísticos estão dentro e fora das empresas. Muitas vezes mais de uma operadora atende um único cliente. A atividade demanda trabalho complexo, que exige investimentos em tecnologia e constante aperfeiçoamento. “Os clientes demandam soluções inovadoras a cada ano, que possam gerar vantagens competitivas, tanto em relação aos processos quanto em relação às operações” afirma Gennaro Oddone, diretor-presidente da Tegma. 74 BUSINESS As montadoras de automóveis instaladas no Brasil foram obrigadas a tomar algumas medidas diante do aumento da competição global, como ampliação das fábricas, modernização e diversificação do portfólio existente e programas de diminuição de custos. Isso, segundo Paulo Roberto Guedes, presidente da Veloce Logística, causou reflexos no setor de logística. “À medida que realizavam produções cada vez mais complexas e aumentavam a abrangência geográfica de suas atuações, as montadoras exigiam operações logísticas compatíveis e que proporcionassem eficiência, qualidade, baixo custo e sustentabilidade. Consequentemente, a mesma postura foi absorvida pelos operadores logísticos que trabalham no setor”, afirma Guedes. Assim, para que suas atividades atendessem os objetivos da indústria automotiva, os operadores logísticos foram obrigados, segundo o executivo, a estabelecer uma pauta de atividades diversificada, além de incluir o respeito ao meio ambiente entre suas preocupações. SOLUÇÕES Para atender as necessidades dos clientes, as empresas lançam mão de diversas estratégias. Oddone, da Tegma, comenta que a empresa se esforça para ficar próxima do cliente. CLAUDIA MIFANO/CEVA “Um das nossas soluções é estreitar cada vez mais o relacionamento para entender as necessidades e, assim, oferecer serviços completos e que superem as expectativas”, diz. Quem também aposta no fortalecimento da relação fornecedor-cliente para sempre apresentar melhorias no processo é a Ceva Logistics, que opera em diversos setores da economia, mas tem no automotivo a maior parcela do faturamento, com cerca de 55% das receitas obtidas nesse meio. Fabio Mendunekas, vice-presidente de desenvolvimento de negócios na’ América do Sul, promove com frequência ações de kaizen com clientes e também funcionários e, por meio de um programa motivacional de incentivos e ideias, encontra sempre formas mais eficientes de fazer o mesmo trabalho. “Uma simples mudança de programação ajuda a trazer MENDUNEKAS, DA CEVA, busca novos negócios com empresas entrantes do mercado nacional os resultados esperados”, conta. Já para a Veloce, as necessidades da indústria automotiva incluem o aumento da visibilidade de processos, o monitoramento em tempo real, a rapidez na solução de problemas e no atendimento ao cliente, e a otimização da cadeia de alimentação de fábricas e de distribuição dos produtos acabados. “Com isso, o operador logístico passou a ter importância estratégica para todo o setor automotivo”, avalia Guedes. Segundo o presidente, a Veloce, além de se esforçar para promover as melhorias necessárias para atender os clientes, também desenvolveu e implementou projetos de roteirização de viagens, aumento do aproveitamento da capacidade dos equipamentos de transporte, rastreamento online e em tempo real de seus veículos e instrumentos de monitoramento da operação. Q CRESCIMENTO DE DOIS DÍGITOS EM 2014 C omo parceiros estratégicos da indústria, os operadores logísticos estão ansiosos pelo Inovar-Auto. Para essas empresas, o programa do governo poderá incrementar os negócios. Embora o baixo índice de crescimento do PIB preocupe os executivos, o mercado automotivo ainda sinaliza boas perspectivas de produção. Para Guedes, embora o mercado interno tenha muitas oscilações, no curto prazo as operadoras logísticas que trabalham com alimentação de fábricas ou com o fornecimento de peças (operações conhecidas como inbound) deverão acelerar suas atividades. “Já na área de produtos acabados (outbound) poderá haver mais dificuldades”, diz ele. “No médio prazo, caso os problemas do mercado interno não sejam resolvidos, todos os operadores começarão a ter problemas”, avalia, ao informar que a empresa cresceu em torno de 15% nos primeiros quatros anos de atividade (desde 2009) e deve manter a evolução na casa dos dois dígitos porcentuais em 2013. Segundo o presidente da Tegma, Gennaro Oddone, a empresa tem como meta para este ano manter o po- sicionamento de mercado. “Somos uma das principais operadoras logísticas do País e líderes no segmento automotivo”, assegura, ao comentar que, entre as oportunidades de crescimento, a maior aposta está vinculada ao aumento da terceirização de serviços logísticos. “Estamos confiantes de que as montadoras seguirão essa tendência, concentrando as operações em players capazes de integrar todas as etapas logísticas e de atender altos índices de qualidade”, diz, revelando as expectativas para 2014. Já a Ceva pretende focar no mercado de importação de veículos. Segundo Mendunekas, as marcas importadas têm crescido consistentemente no Brasil. “Para nós essa situação é muito favorável. Temos muito interesse nesse mercado, pois vão precisar de armazenagem, pós-venda e outros serviços e a demanda é grande”, estima. O executivo garante que a empresa tem planos arrojados para 2014, com objetivo de alcançar crescimento em torno de 10%. “Para isso temos novas ideias, além de aproveitar grandes oportunidades de avançar na Região Nordeste, onde já temos conversado com as newcomers desde 2012”, diz. SERVIÇOS | FINANCEIRAS CRÉDITO EM BAIXA ANEF PROJETA EQUILÍBRIO NAS CARTEIRAS DE FINANCIAMENTO SUELI REIS A CLAUDIO ROSSI s políticas de liberação de crédito mais severas, somadas a uma economia com crescimento abaixo do esperado, revelaram uma reviravolta no saldo das carteiras de financiamentos para veículos, que deve permanecer estável em 2013 sobre o resultado do ano passado. Em avaliação do desempenho do setor até agosto, Décio Carbonari, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), refaz as projeções e atesta: “Com um resultado negativo no acumulado de oito meses, até o fim do ano, crescimento será de apenas 2%”. Em sua primeira previsão, divulgada no início do ano, a Anef previa aumento de 8% na liberação de crédito para financiar veículos. Essa expecta- tiva foi revisada para baixo em junho, quando ficou em 6%. Para a entidade, fatores como o desconto na alíquota do IPI, a redução na taxa de juros e a queda do índice de inadimplência, mesmo que em ritmo lento, não serão o suficiente para garantir o volume esperado inicialmente. “Não contávamos com o decréscimo que temos observado nos últimos meses, como o visto em agosto, que ao somar R$ 233,3 bilhões, considerando CDC e leasing para pessoas físicas e jurídicas, representou queda de 4,9% na comparação com o mesmo mês de 2012”, argumenta Carbonari. O executivo explica que, para veículos de passeio (automóveis e comerciais leves), a liberação de crédito teve redução de 7,7%, passando de COM UM RESULTADO NEGATIVO NO ACUMULADO DE OITO MESES, CRESCIMENTO DAS CARTEIRAS SERÁ DE APENAS 2% DÉCIO CARBONARI, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) 76 BUSINESS R$ 80,5 bilhões em agosto do ano passado para R$ 74,3 bilhões neste agosto. “Não significa menos financiamentos, mas diminuição do valor médio do ticket”, ressalta. Para ele, as vendas do segmento leve, que recuaram 1,8% em agosto no comparativo anual, devem encerrar o ano neste patamar de queda. RETOMADA “O mercado está mais contido. Tanto pessoa física como pessoa jurídica estão receosas em contrair novas dívidas”, relata Carbonari, argumentando efeitos como inflação e dificuldade de conseguir financiamentos. O aumento da restrição para a liberação de crédito veio após o setor de veículos atingir o recorde de 8,2% no índice de inadimplência acima de 90 dias em maio de 2012, considerando todos os bancos e financeiras. A partir daí, a oferta de financiamentos, principalmente para a base da pirâmide, estancou. Contudo, a entrada de novos contratos considerados de maior qualidade, com menor probabilidade de inadimplência, ajudou na retomada da confiança dos bancos. O executivo afirma que atualmente o índice de aprovação dos pedidos de crédito está maior do que há um ano, apesar de variar muito de uma instituição para outra. Em meados de agosto de 2012, a média de aprovação beirava os 60%. Hoje a Anef estima que esse índice tenha subido para 65%. Para a inadimplência, a entidade aposta em queda progressiva, com índice abaixo de 7% para 2013. Q P NÉIS DE REVESTIMENTO INTERNO PARA CARROS. PAI BOM PARA VOCÊ: ΎZĞĚƵĕĆŽŶŽĐŽŶƐƵŵŽĚĞĐŽŵďƵƐơǀĞů͘ ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞƌƵşĚŽƐŝŶƚĞƌŶŽƐŶŽǀĞşĐƵůŽ͘ ΎWƌŽŵŽǀĞŵĞůŚŽƌĂƉĂƌġŶĐŝĂăƉĞĕĂĮŶĂů͘ BOM PARA O MERCADO: ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞƉĞƐŽĚĂƐƉĞĕĂƐ͘ ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞĐƵƐƚŽƐ͘ Ύ&ĂĐŝůŝĚĂĚĞŶĂƉƌŽĚƵĕĆŽĚĞŵŽůĚĞƐĞƉĞĕĂƐ͘ ΎWƌŽĚƵƚŽĐƵƐƚŽŵŝnjĄǀĞůĐŽŶĨŽƌŵĞƉƌŽũĞƚŽ͘ BOM PARA O MEIO AMBIENTE: ΎϭϬϬйƌĞĐŝĐůĄǀĞů͘ ΎZĞĚƵĕĆŽŶĂƐĞŵŝƐƐƁĞƐĚĞKϮĚŽĐĂƌƌŽ͘ ΎDĂƚĠƌŝĂͲƉƌŝŵĂĚĞĨŽŶƚĞƌĞŶŽǀĄǀĞů͘ ΎZĞĂƉƌŽǀĞŝƚĂŵĞŶƚŽĚĞƌĞƐşĚƵŽƐĞŵ ƐƵĂƉƌŽĚƵĕĆŽ͘ APLICAÇÕES: ΎWŽƌƚĂͲƉĂĐŽƚĞƐ͘ ΎĂŝdžĂĚĞƌŽĚĂƐ͘ ΎZĞǀĞƐƟŵĞŶƚŽĚĞƚĞƚŽƐ͘ ΎWŝƐŽĚŽƉŽƌƚĂͲŵĂůĂƐ͘ ΎZĞǀĞƐƟŵĞŶƚŽŝŶƚĞƌŶŽĚĞϱǐƉŽƌƚĂ͘ ΎZĞǀĞƐƟŵĞŶƚŽƉŽƐƚĞƌŝŽƌĚŽďĂŶĐŽƚƌĂƐĞŝƌŽ͘ ΎDĞĚĂůŚƁĞƐ͘ ΎWŝƐŽĚŽŚĂďŝƚĄĐƵůŽ͘ ΎWĂŝŶĞůĚĞƉŽƌƚĂƐ͘ CONHEÇA O PROCESSO: www.artecolaquimica.com.br (51) 3778.5200 SERVIÇOS | RH E TREINAMENTO DO CHÃO DE FÁBRICA À DIRETORIA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BUSCA CAPACITAÇÃO EM TODOS OS PATAMARES PARA GANHAR COMPETITIVIDADE ERICA MUNHOZ 78 BUSINESS DIVULGAÇÃO S e em outros tempos a área de treinamento das empresas buscava alcançar a qualidade total, com programas como Seis Sigma e lean manufacturing, atualmente a indústria automotiva foca no aprimoramento e qualificação dos funcionários. O aspecto é chave para aumentar a produtividade em uma série de outras áreas, como gestão de risco e desenvolvimento de fornecedores. A relação de parceria e comprometimento empresa-funcionário tem na educação e na reciclagem de conhecimento fortes aliadas. Hoje, muitas companhias têm oferecido não apenas os tradicionais treinamentos técnicos e gerenciais, mas procurado também formas de suprir carências de aprendizado e promover reciclagem profissional em várias áreas hierárquicas, do chão de fábrica à diretoria. Na gestão de recursos humanos, o ritmo acelerado de contratações e de reposições, a disputa por mão de obra qualificada, os índices elevados de rotatividade e a pressão dos salários sobre os custos são os desafios de gerenciamento de pessoas, seja qual for a realidade econômica. Tanto mais em uma indústria em constante evolução como a automobilística, que tem ainda o Inovar-Auto como desafio adicional. EMPRESAS DE NÍVEIS MAIS DISTANTES DA CADEIA DE SUPRIMENTOS AINDA INVESTEM POUCO EM TREINAMENTO JEANNETTE GALBINSKI, diretora comercial do Setec Consulting Group INVESTIMENTO Ivan Witt, presidente da Steer Recursos Humanos, concorda que há demanda crescente por qualificação. Ele aponta três principais razões que levam as empresas a capacitar funcionários. A primeira é a necessidade de aprimoramento dos colaboradores recém-formados, que precisam ganhar conhecimento sobre as tecnologias existentes nas empresas, como pacotes de software para desenvolvimento de produtos e outros aspectos que não são objeto de ensino nas universidades. Outra razão é que profissionais experientes muitas vezes não foram habilitados em novas tecnologias. Por último, a percepção do consumidor sobre determinada empresa não se restringe aos produtos por ela manufaturados. Respeito ao meio ambiente, engajamento em iniciativas sociais e muitos outros quesitos fazem com que sua imagem seja afetada. Para compreender esse novo ambiente operacional, os funcionários precisam estar sintonizados com o mundo exterior, muito mais dinâmico do que a corporação. José Hernani Arrym Filho, sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresa, concorda com Witt: “As empresas do setor estão WITT acredita que tecnologia é aliada para capacitação de funcionários interessadas em capacitar funcionários, pois precisam de mais produtividade para ter condições de competir. Além disso, estamos na era da inovação e as pessoas estão, de fato, no centro de todos os esforços”, analisa. Para Jeannette Galbinski, diretora comercial do Setec Consulting Group, o interesse em capacitar os funcionários da cadeia da indústria automotiva vem de duas motivações: determinação do cliente e necessidade interna. Ela conta que as montadoras exigem de seus fornecedores requisitos específicos, com o objetivo de melhorar a qualidade e a produtividade. Para atender a essa demanda, os fornecedores precisam treinar seu pessoal. “Mesmo antes de os clientes exigirem, algumas empresas investem para ter melhorias internas e reduzir custos.” Jeannette conta que as montadoras e as empresas do primeiro nível de fornecimento (Tier 1) são os elos da cadeia que mais preparam funcionários. Nos níveis mais distantes de suprimentos essa iniciativa perde força. Para a consultora, tais empresas ainda veem o treinamento como custo, não como investimento. Alexandre Xavier, gerente de novos negócios do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), concorda que só a constante atualização dos clientes obriga o investimento de toda a cadeia produtiva na qualificação e atualização de colaboradores e processos. “O aumento da concorrência e exigências do consumidor tornam o treinamento ferramenta fundamental para que as empresas e profissionais do setor automotivo sobrevivam no próprio mercado.” NOVO CENÁRIO, VELHAS ESTRUTURAS I van Witt, presidente da Steer, aponta que, muito mais do que treinar funcionário, o setor automotivo precisa se reinventar e incorporar inovação e criatividade. “Por sua dimensão, a indústria automobilística ainda é muito fechada a novas ideias organizacionais. O produto evoluiu, mas o processo criativo e produtivo nem tanto”, alerta. Segundo o especialista, os departamentos e profissionais do setor ainda estão presos nesse formato ultrapassado. “A indústria automobilística terá de vislumbrar novos cenários para continuar existindo e, para isso, terá de investir em criatividade, colaboração e desenvolvimento de produtos que atendam aos desejos dos consumidores. Os funcionários atuais estão habituados ao modelo anterior. Será preciso oxigenar as organizações.” 80 BUSINESS DIVULGAÇÃO | RH E TREINAMENTO LUIS PRADO SERVIÇOS XAVIER aposta na oferta de cursos a distância para acompanhar a pulverização dos polos produtivos no Brasil TECNOLOGIA Para não perder o bonde é preciso correr. Witt, da Steer, acredita que a internet é o grande vetor para capacitação de qualidade, permitindo que engenheiros no Japão, por exemplo, treinem profissionais no Brasil sem que nenhum deles precise viajar. Possibilita, ainda, que sistemas em nuvem tornem o design compartilhado algo corriqueiro. E o mesmo ocorrerá para treinamento: o que houver de novidade vai ser rapidamente replicado. Com os novos recursos, o custo continua caindo. Alexandre Xavier, do IQA, também aposta na tecnologia: “Os treinamentos precisarão estar alinhados com as necessidades das empresas e com as possibilidades tecnológicas da atualidade, como a oferta de cursos a distância de real valor agregado. Considerando a ampliação dos polos regionais pelo Brasil, a disponibilidade de qualificação em regiões diferentes se torna obrigatória.” Q A COVENTYA está entusiasmada com o futuro, não apenas pela nossa empresa, mas também pelas próximas gerações que estão por vir. Nosso mundo está aderindo ao conceito de sustentabilidade e a COVENTYA é uma empresa que compartilha esta visão, evoluindo através de diversas iniciativas implantadas ao longo do tempo. A COVENTYA está apta a oferecer processos compatíveis às diretivas ELV/ROHS/WEEE, além de disponibilizar aos seus clientes inovadoras tecnologias ecologicamente corretas. Conheça alguns de nossos processos protetivos: PROCESSOS/PRODUTOS DESCRIÇÃO (BENEFÍCIOS) LANTHANE Series Passivadores de Cromo trivalente para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6] LANTHANE CF Series Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6 e Cobalto] LANTHANE 613.3 Passivador de Cromo trivalente para Alumínio [livre de Cobalto e Níquel] ZETAPLUS 465 BF Processo de Zinco Ácido [livre de Ácido Bórico] PERFORMA 560 Processo de Zinco Níquel Ácido [livre de Amônia] FINIDIP Series Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6] FINIDIP CF Series Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6 e Cobalto] UNIDADE SUL Caxias do Sul - RS Telefone: (54) 2101.3800 Fax: (54) 2101.3840 [email protected] www.coventya y .com m.b .br br UNIDADE SUDESTE São Paulo - SP Telefone: (11) 4055.6600 Fax: (11) 4057.1583 [email protected] UNIDADE INTERIOR Sumaré - SP Telefone: (19) 3922.8423 Fax: (19) 3864.0674 [email protected] Beyo Be yond nd the he Sur urfa ace | CERTIFICAÇÃO LUIS PRADO SERVIÇOS SELO DO INMETRO AVANÇA NA REPOSIÇÃO INICIATIVA É PONTO DE PARTIDA PARA ELEVAR A COMPETITIVIDADE DO SETOR ALINE FELTRIN A DIVULGAÇÃO/SINDIREPA corrida por mais conteúdo tecnológico nos carros não é a única na qual a indústria automotiva nacional está envolvida. Montadoras e a cadeia de autopeças já entenderam que elevar a qualidade é essencial para que os veículos bra- sileiros consigam competir globalmente. As melhorias não estão restritas aos produtos e devem passar também pela produção, distribuição, comercialização e serviços prestados ao consumidor. Entre as iniciativas importantes pa- ra isso está a certificação compulsória de autopeças. Trata-se de um trabalho coordenado pelo Sindipeças, sindicato da indústria de autopeças, que envolve uma série de processos, estudos e testes para comprovar a qualidade dos produtos. CERT CERTIFICAÇÕES Và V O PASSAR MAIS VÃO CRE CREDIBILIDADE AO CONSUMIDOR E PREPARAR PROFISSIONAIS ANTONIO FIOLA, presidente do Sindirepa 82 BUSINESS EMPRESAS COM PRODUTOS CERTIFICADOS TERÃO RECONHECIMENTO DO CONSUMIDOR POR OFERECER MAIS SEGURANÇA INGO PELIKAN, presidente do IQA COMPONENTES GARANTIDOS A certificação é realizada por grupo de produtos. Catalisadores, pneus, rodas e vidros de segurança laminados para para-brisas e temperados para veículos rodoviários estão entre os componentes já regulamentados, que só podem ser vendidos com selo do Inmetro. A partir de maio de 2014, a certificação passa a ser obrigatória para terminais e barras de direção, barras de ligação e terminais axiais. Em julho a regra abrangerá também amortecedores de suspensão, bombas elétricas de combustível para motores do ciclo Otto, buzinas ou equipamentos similares, pistões de liga leve de alumínio, pinos e anéis de trava (retenção), anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas para veículos automotivos. No fim do ano que vem, o selo do Inmetro vai se tornar compulsório para baterias. A fiscalização no comércio é feita pelo Ipem – Instituto de Pesos e Medidas, quee realiza opera operações pontuais em várias regiões do d País e recebe denúncia dos consumidores. orres. Em caso de irregularidade, o ponn nto de venda será autuado. AS BATERIAS DA CRAL são comercializadas com o selo do Inmetro DIVULGAÇÃO/IQA Com a certificação dos componentes, que devem ser homologados com selo do Inmetro, a ideia é favorecer o consumidor, que poderá exigir peças com qualidade comprovada no mercado de reposição. A certificação obrigatória também é uma forma de regular o mercado e evitar a venda de produtos que não atendam às exigências técnicas mínimas e representam risco à segurança do consumidor. O presidente do IQA, Instituto da Qualidade Automotiva, Ingo Pelikan, lembra que as empresas que certificam seus produtos têm vantagens competitivas. “Elas terão reconhecimento do consumidor por oferecer mais segurança.” Outro ponto positivo, segundo ele, é que o selo do Inmetro para autopeças serve de impulso para que toda a cadeia aumente o nível de exigência de qualidade, desde a produção, passando pela distribuição e varejo até chegar ao consumidor final. “Isso também vai trazer mais opções ao cliente, incentivar a tecnologia e fazer com que as pessoas entendam melhor o produto que compram”, explica o presidente do IQA. De acordo com Pelikan, um dos pontos fundamentais da certificação é estimular todos os elos da cadeia a buscar sistemas eficientes de qualidade. Presidente do Sindirepa, sindicato da indústria de reparação de veículos, Antonio Fiola concorda que o programa trará benefícios para toda a cadeia. Segundo ele, a iniciativa de autopeças, assim como programas de homologação e qualificação de mecânicos e empresas do segmento, dará condições para a criação de um sistema de qualidade sustentável, que vai refletir no setor de reparação. “Esse conjunto de certificações vai passar mais credibilidade ao consumidor e preparar profissionais”, assegura o executivo. Q SERVIÇOS | MARKETING INTERNET A SERVIÇO DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA MÍDIA ON-LINE VIRA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA EMPRESAS SE APROXIMAREM DOS CLIENTES CAMILA FRANCO A judar o consumidor a encontrar o novo papel do automóvel. Essa é a missão nada fácil com a qual o departamento de marketing das montadoras tem se deparado. Se antes as pessoas compravam um veículo pela necessidade de locomoção ou por puro status, hoje colocam em xeque a imagem do carro como símbolo individual. O interesse por automóveis tem diminuído, segundo dados apurados por João Ciaco, diretor de publicidade e marketing de relacionamento da Fiat Automóveis: está abaixo de 30% na Alemanha e nos Estados Unidos e não passa de 45% no Brasil. Para reverter esta situação, o executivo de marketing precisa “mais do que vender e formar imagem da marca, se preocupar com as diferentes relações, indo além do bem físico. Ser um profissional do serviço”, como define Ciaco. Gil Giardelli, professor de pós-graduação da ESPM, observa que se saem bem as empresas que pensam além dos negócios e usam as redes sociais como aliadas. “As montadoras têm de ter em mente que a moeda do século 21 é a reputação construída por meio do altruísmo e que o triunfo está na transparência.” A AgênciaClick Isobar, que atende a Fiat, tem aproveitado a força da internet para aproximar a marca dos consumidores, principalmente dos jovens, hoje os mais atraídos pela coletividade e os menos interessados pelo automóvel. Renata Bokel, vice-presidente de planejamento da agência, conta que as montadoras investem bastante em meios tradicionais, mas estão aumentado significantemente a divulgação nas mídias digitais. “Estudo do Google em parceria com a consultoria TNS Research mostra que a internet é o meio de informação mais usado por interessados em comprar um carro novo, sendo os portais das montadoras o primeiro lugar para buscar FIAT aposta em Live Store para inovar e atrair clientes na internet 84 BUSINESS LUCIANA PAZ CAMPANHA DA FORD convida o consumidor a testar os lançamentos da marca mais informações e o melhor preço do carro desejado.” A agência criou uma forma de humanizar a compra pela internet. É a ferramenta Fiat Live Store, uma plataforma digital que permite ao consumidor, por meio do computador, tablet ou celular, de onde estiver, experimentar cinco carros da Fiat em um atendimento ao vivo, personalizado, feito por cinco experts, que mostram todos os detalhes dos veículos. “A Fiat é conhecida pela sua inovação. Por isso, sempre estamos abertos a investir em novas estratégias, como esta”, salienta Maria Lúcia Antônio, gerente de marketing e publicidade da companhia. “O Fiat Live Store é uma experiência imersiva em cada automóvel. Queremos revolucionar a forma de experimentar carros, mas também estabelecer um novo modelo de negócio, fazendo da compra um momento mais qualificado. Se a internet se consolidou como o meio mais usado para a pesquisa de um carro, precisamos tornar esse processo mais relevante e humano. Um formato que vai além da informação estática e muitas vezes desinteressante. Essa é uma tendência que veremos nos próximos anos”, explica Renata. A Ford é outra montadora que tem apostado no universo virtual. Oswaldo Ramos, gerente de marketing da montadora para o Brasil, defende a transparência como um dos principais valores a serem seguidos. “O consumidor está muito mais informado e crítico. Faz a pré-compra por meio de diversas consultas e vai à concessionária mais bem preparado e com a decisão já tomada. É por este poder de acesso à informação que a revolução do marketing está pautada na autenticidade.” Recentemente, a Ford, que lançou oito carros em 16 meses, criou uma campanha que convida o público de todo o País para um test-drive da sua nova linha. “O objetivo, além de aproximar a marca dos consumidores, é mostrar na prática o desempenho de nossos veículos e as novas tecnologias que a Ford está popularizando no Brasil. Estamos abrindo as portas de diversos modelos. É uma das formas mais transparentes que encontramos.” Q CAMINHÕES NO UNIVERSO ON-LINE O público do setor de caminhões é outro, formado por frotistas e motoristas autônomos, mas a internet também consegue exercer forte influência sobre ele. No caso da Mercedes-Benz, revela Jorg Radtke, gerente sênior de marketing para caminhões, as ações em mídias sociais têm aumentado com o intuito de fugir das campanhas tradicionais e criar conteúdos atrativos. Na MAN Latin America, com as marcas Volkswagen e MAN, as campanhas on-line complementam as off-line. “Fazem parte de uma estratégia de comunicação 360 graus. Apostamos na internet pela afinidade que essa ferramenta nos permite ter com os clientes. É essencial deixar a marca cada vez mais próxima dos consumidores, que, ao estarem satisfeitos, se tornam seus principais embaixadores”, comenta Ricardo Barion, gerente executivo de marketing da organização. SERVIÇOS | DISTRIBUIÇÃO MUDAR PARA SOBREVIVER COM NOVOS CONCORRENTES A CADA DIA E MUDANÇAS NO PERFIL DOS CONSUMIDORES, SETOR DE DISTRIBUIÇÃO BUSCA MEIOS PARA SE ADAPTAR E REAGIR CAMILA WADDINGTON F abricante sem uma rede de distribuidores competentes, por melhores que sejam seus produtos, não sobrevive. O contrário também se aplica. Um depende visceralmente do outro para existir. Essa máxima traduz precisamente a realidade do universo da distribuição de automóveis e veículos comerciais no Brasil. O cenário econômico atual, tanto por aqui como no exterior, estimula discussões em torno do futuro do negócio em um mercado em que a forte concorrência soterra qualquer lucratividade e a gestão livre de erros é o objetivo a ser perseguido. “A única coisa que um distribuidor pode controlar são seus custos. O capital do concessionário precisa ser salvaguardado, pois somente assim DISTRIBUIDORES buscam diversificar fontes de receita com o fortalecimento das áreas de usados e pós-venda 86 BUSINESS ele vai garantir o negócio em período de crise”, enfatizou Jorge Chear Neto, diretor de vendas e marketing da Ford, em mesa redonda promovida durante o Congresso Fenabrave, que ocorreu em São Paulo, no último mês de agosto. Em linhas gerais, o modelo de concessionária que começa a se delinear no horizonte segue uma proposta mais enxuta, com estruturas compactas, sistemas inteligentes totalmente informatizados, enfim, tudo pronto para oferecer serviços ágeis e impecáveis a clientes a cada dia mais exigentes. Isso, primordialmente, porque o acesso à informação há muito não é um privilégio de poucos, mas a realidade da maioria, conforme reitera Flávio Meneghetti, presidente da Fenabrave: “Hoje 85% das pessoas consultam a internet antes de ir a uma concessionária fechar negócio. E muitas delas acabam comprando de uma marca diferente da pesquisada, justamente por não receberem informações acuradas e atendimento compatível.” O vendedor, portanto, precisa estar preparado, munido do máximo de informações possível para dar conta do recado e não perder a venda. “O consumidor está mais presente e mais informado do que nunca. Ele chega à concessionária carregado de informações e o vendedor precisa estar preparado para lidar com esse novo perfil”, enfatiza Meneghetti. HOJE, 85% DA PESSOAS DAS C CONSULTAM A INTERNET ANTES DE IR A UMA CONCESSIONÁRIA FECHAR NEGÓCIO FLÁVIO MENEGHETTI, presidente da Fenabrave Outra retaguarda primordial é o pós-venda. Como é sabido, cliente satisfeito retorna à casa. E não basta mais a satisfação com o produto, é necessário oferecer mais e melhor, ter aquele “plus” que todos buscam e poucos conseguem oferecer. Nesse aspecto, o segmento de veículos pesados é a verdadeira referência, benchmarking no pós-venda da indústria automobilística, superando muitas vezes a própria capacidade de atendimento. “Os distribuidores de caminhões e ônibus, de modo geral, têm todos os seus custos fixos cobertos pelo faturamento do pós-venda, exemplo que deveria ser seguido por todos os concessionários de automóveis e motocicletas”, explica Meneghetti. Bom lembrar que, com tamanhas distâncias rodoviárias a ser percorridas, a demanda por serviços para veículos comerciais é naturalmente maior. Isso, no entanto, não impede que a procura por pós-venda para automóveis e motocicletas seja grande. Ainda assim, o foco da maior parte dos empresários do setor no País permanece nas vendas de veículos novos. Segundo Meneghetti, esta é a primeira condição que tem de mudar. “É preciso diversificar as fontes de renda. Não é possível sobreviver concentrando-se apenas em uma parte de uma estrutura muito maior que é uma concessionária.” Outro assunto extensamente discutido é o setor de usados, cujo potencial de crescimento aumenta à medida que mais pessoas têm acesso ao mercado. Basta comparar: enquanto no Brasil o segmento representa algo entre 5% e 10% da receita dos distribuidores, em outros países como Estados Unidos, Japão e nações europeias, este índice qua- se triplica, girando em torno de 15% e 25%. Números apresentados no Congresso Fenabrave indicam que o horizonte para quem aposta neste filão é animador: em 2016 o Brasil deverá ter uma frota de 16 milhões de veículos com mais de 5 anos de uso. Diante da previsão de PIB abaixo dos 2% para este ano e um pouco acima desse patamar para 2014, Meneghetti não arrisca projeções. Mas deixa no ar a impressão de um ano desafiador, o que deverá imprimir urgência ainda maior em mudar os métodos de gestão e até mesmo a visão do negócio de distribuição no mercado brasileiro. Q O CRESCIMENTO DA DISTRIBUIÇÃO C om a chegada de novas marcas ao mercado brasileiro neste ano e nos próximos, a expectativa é de avanço no número de distribuidores e representantes no País. Conforme estimativa do presidente da Fenabrave, Flávio Meneghetti, serão 300 a mais somente em 2013 – o que é pouco dentro de um universo de mais de 7 mil pontos espalhados pelo Brasil, sendo 4 mil dedicados a automóveis. “Espera-se a mesma média em 2014, dentro de um cenário muito mais competitivo, em razão da economia mais austera, crédito mais escasso e quantidade maior de concorrentes na disputa”, conclui. | LUIZ EDUARDO LOPES DIVULGAÇÃO ARTIGO TECNOLOGIAS SUSTENTÁVEIS PARA REDUZIR PESO E BAIXAR CUSTOS LUIZ EDUARDO LOPES é diretor do Centro de Integridade de Estruturas e Equipamentos do IPT D ois importantes agentes propulsores da inovação no desenvolvimento de estruturas mais leves são as indústrias automotiva e aeronáutica. O interesse de empresas líderes dos dois setores por estas que são também chamadas “estruturas viáveis”, ou affordable structures, está no desafio contínuo da redução de peso e de custo na execução dos projetos em mercados altamente competitivos. A denominação de “viabilidade” é ainda pouco disseminada no Brasil e envolve o uso de materiais provenientes de fontes renováveis e passíveis de reciclagem ou descarte com segurança, a fim de alcançar um ciclo de vida sustentável. Vale ressaltar que a ideia de redução de peso como chave para as estruturas não é nova e sempre esteve presente nas indústrias, com maior ou menor intensidade, 88 BUSINESS dependendo do setor de atuação. Apesar dos custos para modificar os processos de manufatura, eles são cada vez mais aceitos pelos empresários, ao menos pelos líderes de mercado e pelas empresas preocupadas com questões ambientais. Nos Estados Unidos, a Corporate Average Fuel Economy (Cafe) foi aprovada em 1975 e busca reduzir o consumo de energia, aumentando a economia de combustível em carros e caminhões leves. O consumo de 54,5 milhas por galão (23,2 km/l) deve ser alcançado até 2025 e a diminuição de peso é um dos caminhos mais realistas para atingir esse objetivo. Estudos sugerem que uma redução de 10% de peso do veículo resulta em um consumo de combustível 6,6% menor. Outras pesquisas indicam que a quantidade de peças usadas em uma carroceria típica pode cair de 400 para 211, e os materiais empregados – alumínio, magnésio, materiais compósitos e aço de alta resistência – podem diminuir a massa da estrutura em 42%, de 382 kg para 221 kg. É importante dizer que não há solução tecnológica única, de custo adequado, que permita atingir 50 milhas por galão (21,2 km/l) sem uma redução significativa do peso. Esse resultado será possível pela combinação de materiais mais leves e resistentes, associada a um alto grau de integração de componentes e metodologias avançadas de montagem. Uma das estratégias adotadas pelos principais players para superar os desafios tecnológicos é a criação de ambientes voltados a atividades de P&D e o estabelecimento de parcerias com universidades e institutos de pesquisas em busca de avanços nos processos de manufatura e nas ciências de materiais. Isso exige equipes altamente treinadas, equipamentos de última geração e apoio financeiro para os estudos de uma tecnologia ainda não dominada. A instalação do Laboratório de Estruturas Leves do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) no Parque Tecnológico da cidade de São José dos Campos representa um dos esforços do País no desenvolvimento de estruturas a partir de materiais metálicos, compósitos e híbridos. Outra ação para promover mudanças é o recente Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores, o InovarAuto, proposto pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para o desenvolvimento tecnológico, a proteção ao meio ambiente, a eficiência energética e a qualidade de veículos e autopeças. :PNHH3}NPJH ,JVU[LJVTH4;36. 4;36.tHTLSOVYVWsqVLTSVNxZ[PJHWHYHHZ\HLTWYLZH (IYHUNvUJPHUHJPVUHSHWYV_PTHKHTLU[LJPKHKLZKV)YHZPS +PZ[YPI\PsqVHYTHaLUHNLTLTHU\ZLPVKLWYVK\[VZ :VS\sLZSVNxZ[PJHZJ\Z[VTPaHKHZ estilopropaganda (JVTWHUOHTLU[VLT[LTWVYLHSKHZLU[YLNHZ BRASIL 4;36.)9(:033;+( ;LS!-H_! 9\H-LSP_.\PSOLT3HWHKL)HP_V:7 BRASIL ^^^T[SVNIYHZPSJVTIY COBIÇA (Preços pesquisados em outubro) FACILIDADES TECNOLÓGICAS O início das vendas do iPhone 5S e do iPhone 5C, compatíveis com o 4G brasileiro, está previsto para dezembro no Brasil. O 5C é uma versão de plástico mais barata. Desbloqueada custa US$ 550 (16 GB) e US$ 650 (32 GB) nos EUA. Já o 5S é o topo da linha, com acabamento prata, preto ou dourado e leitor de digitais para destravar a tela. Sai por US$ 650 (16 GB), US$ 750 (32 GB) ou US$ 850 (64 GB). www.apple.com. O relógio de pulso Galaxy Gear, da Samsung, entrega muito mais que as horas. Em conexão com o smartphone Galaxy Note III, faz e recebe ligações pelo microfone na pulseira. Tem tela digital de 1,63 polegada, sensível ao toque, para checar e-mails e SMS. Vem ainda com câmera embutida de 1,9 megapixel, além de 70 aplicativos, a maioria para monitorar atividades físicas. Em pré-venda no País, por R$ 1,3 mil. O smartphone Galaxy Note III custa R$ 2,9 mil. www.samsung.com/br. A nova câmera Canon SLR EOS Rebel T5i, de fácil manuseio, reproduz imagens definidas e detalhadas mesmo em ambientes com pouca luminosidade. Tem sensor de 18 megapixels, ISO de 100 – 12800, sete filtros, velocidade de disparo contínuo de cinco frames por segundo e sistema de foco automático com nove pontos. R$ 3.499,99. www.canon.com.br. A TV 4K da Sony tem painel de LED com resolução de 8,29 megapixels, equivalente a quatro vezes o número de pixels de uma TV Full HD. Com processador X-Reality PRO e tecnologia Triluminos, as imagens são reproduzidas, em 2D ou 3D, com riqueza nos detalhes, profundidade e tons naturais. A de 55 polegadas sai por R$ 12.999,99. De 65 polegadas, por R$ 22.999,99. www.sony.com.br/store. 90 BUSINESS Na Stock Car é cada um por si. E Mobil Super por todos. /cosan.mobil Mobil Super, o lubrificante de todas as equipes da Stock Car. mobil.cosan.com.br Mobil e Mobil Super são marcas ou marcas registradas da Exxon Mobil Corporation ou uma de suas subsidiárias, utilizadas por Cosan Lubrificantes e Especialidades S.A., ou uma de suas subsidiárias, sob licença. Outras marcas ou nomes de produtos utilizados neste material são de propriedade de seus respectivos donos.