Automotive
OUTUBRO
OU
UTUBRO DE 201
2013
13
A ERA DO BIG DATA
UM NOVO CONJUNTO DE TECNOLOGIAS
AVANÇADAS PERMITE PROCESSAR E ANALISAR
IMENSAS QUANTIDADES DE DADOS EM TEMPO REAL,
REVOLUCIONANDO A PRODUÇÃO AUTOMOTIVA E A
RELAÇÃO DO CARRO COM A ESTRUTURA URBANA
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EDITORIAL
REVISTA
www.automotivebusiness.com.br
Editada por Automotive Business, empresa
associada à All Right! Comunicação Ltda.
Tiragem de 12.000 exemplares, com
distribuição direta a executivos de fabricantes
de veículos, autopeças, distribuidores,
entidades setoriais, governo, consultorias,
empresas de engenharia, transporte e logística
e setor acadêmico.
Paulo Ricardo Braga
Editor
[email protected]
Diretores
Maria Theresa de Borthole Braga
Paula Braga Prado
Paulo Ricardo Braga
Editor Responsável
Paulo Ricardo Braga
(Jornalista, MTPS 8858)
Editora-Assistente
Giovanna Riato
Redação
Camila Franco, Giovanna Riato, Mário
Curcio, Pedro Kutney e Sueli Reis
Colaboradores desta edição
Alexandre Akashi, Aline Feltrin, Camila
Waddington, Edileuza Soares, Érica Munhoz,
Lúcia Camargo e Luciana Duarte
Ricardo Alves de Souza
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Tel. 11 5092-4686
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Pedro Kutney
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O DESPONTAR DO BIG DATA
E
nquanto nossa indústria automobilística ainda se prepara para enfrentar
o rigor da política de eficiência energética e conta vantagem por registrar
(com atraso) a introdução de ABS e airbag como itens de segurança
obrigatórios, fabricantes europeus, norte-americanos e asiáticos abrem larga
vantagem tecnológica, avançando na direção dos veículos autônomos. Os
self-driving cars vão chegar em grau de sofisticação crescente, começando
pela assistência ao motorista e evoluindo para ganhar total autonomia,
sendo programados para pegar crianças na escola ou transportar
portadores de deficiência visual.
A nova geração de tecnologias hightech, equipada com câmeras de
vídeo, radares e sensores sofisticados, baseia-se no Big Data, conjunto de
procedimentos que permite processar e analisar imensas quantidades de
dados em tempo real e promete revolucionar a relação do automóvel com
a estrutura urbana. Os carros conectados serão integrados à Internet das
Coisas, segunda grande onda da web para o nascimento da sociedade
digital, como demonstra a jornalista Edileuza Soares na matéria de capa
desta edição.
O tema abre o caderno especial sobre serviços na indústria
automobilística, analisando os desafios da tecnologia da informação para
lidar com o Big Data, que permitirá ao carro do futuro processar nada
menos de 1gigabyte de informações por segundo. O Big Data dá os
primeiros passos no Brasil e progressivamente estará presente em toda a
cadeia de produção e distribuição dos veículos, acompanhando seu ciclo de
vida e alterando profundamente os modelos de negócios.
O jornalista Mário Curcio recapitula nesta edição os 15 anos de
atividades da Toyota em Indaiatuba, SP. Avaliamos as novidades do Salão
de Frankfurt, que teve a cobertura da jornalista Giovanna Riato, e os
lançamentos do segmento de implementos na Fenatran, colhidos pela
repórter Luciana Duarte. Coube ao editor de notícias do portal Automotive
Business, Pedro Kutney, relatar as surpresas que encontrou ao visitar a
vigorosa e eficiente operação da Hyundai na Coreia do Sul.
Até a próxima edição.
Automotive
58
LUIS PRADO
ÍNDICE
CAPA | SERVIÇOS
A ERA DO
BIG DATA
8 FERNANDO CALMON
ALTA RODA
Concorrência deve prevalecer
12 NEGÓCIOS
28 LEGISLAÇÃO
BENEFÍCIOS DEFINEM FÁBRICAS
Vantagens tributárias na indústria
32 FÓRUM IQA
O PREÇO DA NÃO QUALIDADE
Valor chega a R$ 5,6 bi/ano em peças
36 TOYOTA
INDAIATUBA FAZ 15 ANOS
Uma resposta à Honda de Sumaré
4
BUSINESS
LETÍCIA COSTA,
sócia-diretora
da Prada Assessoria
RUY HIZATUGU
A indústria automobilística vai processar
volume gigantesco de informação em
tempo real para construir seus carros,
ganhar velocidade nos negócios e
capturar dados valiosos que revelarão
uma visão de 360 graus dos clientes
48 IMPLEMENTOS
NOVIDADES DA FENATRAN
Lançamentos ao lado dos caminhões
52 SUPRIMENTOS
FORD TOP SUPPLIER 2013
13 fornecedores levaram prêmios
54 MONTADORAS
HYUNDAI: AVANÇO NA REPUTAÇÃO
Design e tecnologia premium em alta
MODELO SUPER IMPACT 6X6, da Iveco Magirus
40 CAMINHÕES
MAGIRUS TERÁ FÁBRICA NO BRASIL
Veículos combatem incêndios
44 SALÃO DE FRANKFURT
SOLUÇÕES PARA NOVOS DESAFIOS
Montadoras se reinventam ante a crise
MARCA coreana é uma das mais valiosas do mundo
57 SERVIÇOS
ANÁLISE SETORIAL
58 Big Data
64 Consultoria
66 Engenharia e projeto
68 Testes e simulações
72 Automação
74 Logística
76 Financeiras
78 RH e treinamento
82 Certificação
84 Marketing
86 Distribuição
88 ARTIGO
LEVEZA E MENOR CUSTO
As especialidades do IPT
mostrou o sexto
RENAULT – A francesa o Initiale Paris
Acker,
den
van
s
ren
Lau
de
o
carro- conceit
90 COBIÇA
FACILIDADES TECNOLÓGICAS
A atração da eletrônica
PORTAL
| AUTOMOTIVE BUSINESS
AS NOVIDADES QUE VOCÊ ENCONTRA EM WWW.AUTOMOTIVEBUSINESS.COM.BR
VOLVO CAMINHÕES QUER
ZERAR ACIDENTES
COMEÇA A PRODUÇÃO DO
HYUNDAI IX35 EM GOIÁS
CONHEÇA OS FORNECEDORES
DO IVECO HI-WAY
Em visita ao Brasil,
Carl-Johan Almqvist,
diretor global de
segurança da Volvo,
apontou quais rumos
a fabricante de
caminhões deve tomar
para alcançar a meta de zerar acidentes
envolvendo seus veículos. O executivo
divulgou as conclusões de um relatório
elaborado pela companhia sobre o tema.
A Caoa inaugurou
a linha de produção
do Hyundai ix35 em
Anápolis (GO). A
nacionalização do
utilitário esportivo
recebeu investimento
de R$ 600 milhões e ocorre sob licença
da companhia coreana. O projeto foi
viabilizado pelo Inovar-Auto, política
industrial lançada em 2011 para
incentivar a produção no Brasil.
Com exclusividade,
Automotive Business
divulga a lista dos
principais fornecedores
do Iveco Hi-Way. O
caminhão extrapesado
foi lançado em agosto
no Brasil e é o mais novo veículo a entrar
em produção na planta da companhia
em Sete Lagoas (MG). O modelo estreia
no País com a ambição de ter 900
unidades vendidas ainda este ano.
WEB TV www.automotivebusiness.com.br/abtv
90 SEGUNDOS
MULHERES AUTOMOTIVAS
ENTREVISTA
Nesta edição, representantes da
ANFAVEA, ABEIVA e ROLAND
BERGER avaliam o impacto da
alta do dólar no setor automotivo
brasileiro.
ELENA FARAH, diretora-geral
da Aston Martin no Brasil, fala
do desafio de liderar uma
marca de alto luxo do setor
automotivo.
Executivos das montadoras
participaram do Dia da
Engenharia Alemã, promovido
pela VDI, Associação dos
Engenheiros Brasil-Alemanha.
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QUEM É QUEM
A ferramenta exclusiva e
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de quem comanda o setor
automotivo.
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REDES SOCIAIS
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Acompanhe a evolução
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6
BUSINESS
MOBILE WEBSITE
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FPT INDUSTRIAL. O MOTOR DOS DOIS
MAIORES LANÇAMENTOS DO ANO.
CURSOR 13 e FPT 10,3L
Inovação e tecnologia de ponta da maior produtora de
powertrain do mundo para os dois maiores lançamentos
do mercado de caminhões.
FPT INDUSTRIAL. A GENTE FAZ HOJE PENSANDO NO FUTURO.
MARINE
ON ROAD
OFF ROAD
POWER GENERATION
POWE RING THE FU TU RE
ALTA RODA
LUIS PRADO
CONCORRÊNCIA
DEVE PREVALECER
FERNANDO CALMON é
jornalista especializado na
indústria automobilística
[email protected]
Leia a coluna Alta Roda
também no portal
Automotive Business.
PATROCINADORAS
8
BUSINESS
I
mportados do México sofrem, há quase dois anos,
as limitações de cotas
impostas pelo governo federal. Não que não seja
possível trazer mais veículos, porém ficariam fora de
preço. A Nissan foi a mais
prejudicada, pois importa
carros compactos – March e Versa – em volumes
maiores, que formam a base do mercado brasileiro,
além de Tiida e Sentra. Esse cenário muda em 2014
com a inauguração, em
março, da fábrica em Resende (RJ) e início da produção daqueles dois compactos e, no fim de 2015,
do SUV deles derivado.
Já em março de 2014, a
cota mexicana volta a subir, no que seria o último
ano de restrições. Com o
alívio duplo (cota e produção local), a marca japonesa pode lançar desde agora o completamente novo
Sentra por preços bastante competitivos: R$ 60.990
a R$ 71.990. Trata-se da
sétima geração do modelo
que, de fato, deu um salto qualitativo. Seu estilo ficou agradável, destacando-se o peculiar desenho
dos para-lamas dianteiros.
Em aerodinâmica melhorou muito (Cx de 0,34 para 0,29). Faróis de neblina,
maçanetas cromadas e extensa aplicação de plástico
de toque macio são exemplos dos cuidados com
equipamentos, acabamento e materiais.
Bom espaço interno,
em particular no banco
traseiro, o coloca em nível superior ao do Civic, líder do segmento, e rivaliza com C4 Lounge e 408.
Porta-malas de 503 litros
fica na média de dez rivais. Porém, apenas 52 litros no tanque limitam autonomia em viagens, especialmente por ser um sedã
médio-compacto. Em parte, essa desvantagem diminui porque o motor flex
de 2 litros/140 cv alcança até 12,9 km/l em estrada, nota A (máxima) no
critério Inmetro.
O Sentra evoluiu ainda
em conforto de marcha e
dirigibilidade. O câmbio
automático CVT, que nem
todos gostam, agora proporciona melhores respostas, sem prejuízo de permitir viajar a 120 km/h a apenas 2.000 rpm. Uma pena
que falte alma ao motor, inferior em potência à maioria dos concorrentes.
Outro novo modelo mexicano também prejudicado pelas cotas é o Chevrolet Tracker. Compartilha arquitetura com Onix, Prisma, Cobalt, Spin e Sonic,
porém é um SUV compacto de linhas atraentes e pa-
ra-lamas massudos, mais
interessante nesse aspecto que o EcoSport. Como
há limitação para importar, a GM optou pela versão
única de topo, LTZ, que sai
por R$ 71.900. Inclui rodas
de liga leve de 18 pol. e interior com acabamento razoável. Espaço no banco
traseiro não chega a empolgar, nem o porta-malas,
de apenas 306 litros.
Posição de guiar (inclui
regulagem elétrica para região lombar) e comportamento dinâmico estão de
acordo com as características de um SUV moderno desse porte. Motor 1.8
de 144 cv vai bem, porém
faltaria fôlego se uma versão de tração 4x4 fosse disponível, o que não está nos
planos da fábrica, pelo menos no momento. O câmbio automático convencional de seis marchas faz trocas rápidas. No desempenho geral, o Tracker fica
atrás da versão Titanium
do EcoSport e do Duster
Dynamique, ambos de 2 litros e potências semelhantes, mas que entregam valores de torque superiores.
A partir de março de
2015 é provável que volte
o livre comércio Brasil-México, com ajuda da taxa de
câmbio. Seria ideal a concorrência sempre prevalecer, sem intervenções.
FERNANDO CALMON
DEPOIS do Golf VII, o
próximo modelo a utilizar no Brasil a arquitetura
MQB da Volkswagen será o novo Fox, em 2016.
Antes disso, já em 2014,
o compacto receberá
atualização de linhas. Polo continuará até o fim do
próximo ano. Gol compartilhará a arquitetura
com o Up!, este previsto
pela coluna para estrear
em fevereiro de 2014.
INMETRO passou a
classificar de A a E, a partir deste mês, no Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV),
as emissões de gases regulamentadas (CO, HC
e NOx), além do gás carbônico (CO2) já constante da tabela. Difícil é encontrar carros nas lojas
com o selo PBEV, mesmo entre fabricantes que
se comprometeram. Lamentável.
PARA impulsionar o
Agile, a fábrica fez alterações cosméticas em
para-choques, grade,
faróis e lanternas. Agora há apenas a versão
LTZ, a mais equipada, a
partir de R$ 42.990. Redefinição de relações de
marchas e diferencial
melhorou, ligeiramente, a utilização do câmbio automatizado (uma
embreagem), que custa
R$ 2.500. O volante de
DIVULGAÇÃO
RODA VIVA
MERCEDES-BENZ GLA: o SUV compacto será produzido em Iracemápolis, SP
direção passou a ter base reta.
MONOVOLUMES andam em baixa no mercado.
Isso não desanimou a JAC
a introduzir retoques externos no J6 2014 e melhorar o acabamento interno,
agora mais agradável e atual. Modelo chinês, vendido
nas versões de cinco lugares (R$ 57.990) e sete lugares (R$ 59.990), tem motor
2.0 de 136 cv, subpotenciado. E continua sem opção
de câmbio automático.
CONFIRMADO, pela
Reed Exhibitions Alcantara
Machado, o período de 16 a
26 de outubro de 2014 para o 28o Salão Internacional do Automóvel de São
Paulo. Exposição não pode crescer nem atrair mais
público pelas limitações dos
pavilhões do Anhembi. Sai
ano e entra ano, sem que a
prefeitura encaminhe solução para centro de exposições digno do nome.
MERCEDES-BENZ confirmou a produção de automóveis no Brasil. Além
do GLA, um SUV compacto na mesma arquitetura do Classe A, recém-apresentado no Salão de Frankfurt, fabricará também o novo Classe C, a estrear no
Salão de Detroit, em janeiro próximo. Pequeno município de Iracemápolis, a
150 km de São Paulo, foi o
escolhido graças à infraestrutura do Estado.
COINCIDÊNCIA – Investimento de R$ 500 milhões é idêntico ao anunciado pela Audi, duas semanas antes (17 de setembro). Da mesma forma, capacidade de produção inicial de 20.000 unidades/
ano para ambas. E parece
combinado, mas não foi:
as duas marcas alemãs escondem o terceiro produto para completar 30.000
unidades/ano: os hatches
Classe A e A3.
VEM AÍ uma leva de
motores com turbocompressores de menor cilindrada (técnica de downsizing), fabricados no Brasil,
para atender tanto metas
obrigatórias como incentivadas de redução de consumo de combustível. Preferidos serão motores de
1,4 litro, mas também os
de 1 litro serão resgatados
da situação atual, meio no
limbo das preferências dos
consumidores.
SEGUNDO o gerente de engenharia experimental da Fiat, Gilmar
Laigner, menor consumo
de combustível fala mais
alto para o consumidor.
Porém, em algum momento, passará a exigir
também mais segurança. De fato, infelizmente,
poucos se abalaram com
testes de colisões do Latin NCAP. Pelo menos airbags frontais e ABS serão
obrigatórios, em 1o de janeiro próximo.
NEGÓCIOS
PONTO DE VISTA
NÃO PODEMOS NOS ACOMODAR
COM OS INCENTIVOS DO NOVO
PROGRAMA. E É EVIDENTE QUE
JAMAIS FAREMOS A LOCALIZAÇÃO
SE FOR MAIS CARO QUE IMPORTAR
JOÃO PIMENTEL, diretor de compras da
Ford América do Sul, em análise sobre o efeito do
Inovar-Auto na compra de itens produzidos localmente
FUSÃO
FISTAROL COMANDA CNH INDUSTRIAL AL
C
om ações em alta na bolsa de Nova York, em 30
de setembro estreou no mercado financeiro a
CNH Industrial, grupo criado a partir da fusão da Fiat
Industrial e da CNH Global. A nova companhia anunciou
o “lançamento de uma grande empresa, sólida, com
atuação no mercado industrial, líder mundial em bens de
capital, unindo as operações de máquinas agrícolas e de
máquinas de construção da CNH com as operações de
veículos comerciais da Iveco e de motores e transmissões
da FPT Industrial”. A receita líquida do novo grupo em
2012 foi de 26 bilhões de euros, com lucro operacional
de 2 bilhões de euros. Vilmar Fistarol deixou o comando
das compras globais da Fiat Chrysler para assumir a
presidência da CNH Industrial para a América Latina.
EM ALTA
PRODUÇÃO DE VEÍCULOS BATE RECORDE
E
nquanto o crescimento do mercado
perde o fôlego, a produção de veículos
se mantém vigorosa. De janeiro a setembro
houve crescimento de 14% nos volumes
fabricados sobre o mesmo acumulado do
ano passado: as montadoras instaladas no
Brasil entregaram recorde 2,84 milhões
de unidades, segundo dados da Anfavea,
associação das fabricantes. O presidente
da entidade, Luiz Moan, destaca que o
volume é recorde. A entidade projeta a
fabricação de 3,79 milhões de unidades
este ano, evolução de 11,9% sobre o
resultado de 2012.
12
BUSINESS
A análise estatística da utilização dos dados em tempo real provê informações
essenciais sobre o comportamento e as atitudes do seu cliente. Por meio do
gerenciamento de grande volume de dados, o veículo, os dados do cliente, das
oficinas, de vendas, pós-vendas, montadoras e do meio-ambiente podem ser
interligados de uma forma significativa.
Um resultado disso é que você poderá desenvolver hoje, de maneira mais acertiva,
produtos que seus clientes exigirão no futuro.
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NEGÓCIOS
RENAULT E TOYOTA
ELÉTRICO E HÍBRIDO
MADE IN BRAZIL
C
om certo atraso, o Brasil começa a ter as primeiras
movimentações de montadoras que pretendem
fabricar veículos elétricos e híbridos no País. A Renault foi
pioneira em um projeto do gênero e, em parceria com a Itaipu,
montará localmente 32 unidades do elétrico Twizy. O carrinho de dois lugares virá da Espanha em kits semidesmontados
e terá as peças montadas no País. “Este é apenas um embrião. Quem determinará a velocidade (de eventuais produção
e vendas) será o consumidor final”, afirma o presidente da Renault do Brasil, Olivier Murguet. Já a Toyota apresentou
proposta para produzir o híbrido Prius (no destaque) no Brasil. A montadora levou o projeto ao ministério da Fazenda com
a intenção de obter incentivos. O plano prevê a oferta de carros híbridos que combinem um motor elétrico e um flexível.
RENOVAÇÃO
VOLVO MOSTRA NOVO VM
A
Volvo renovou o caminhão VM, que tem versões para atender
os segmentos de semipesados e de pesados e passa a
acompanhar a linha de design adotada no novo FH. Entre as
novidades estão configurações 8x4 e 8x2. A partir do segundo
semestre de 2014, o modelo estará disponível também com a
transmissão automatizada I-Shift. Os veículos tiveram incremento
no preço em torno de 8% na comparação com a família anterior.
Segundo Roger Alm, presidente para o Brasil, essa é quarta
geração do modelo, lançado há dez anos para atender demandas
específicas da região em projeto liderado pelo time local. “Hoje
vemos que tomamos a decisão certa”, comemora. O novo VM
recebeu investimento de R$ 150 milhões do pacote de US$ 500
milhões que a organização tem programado para o Brasil nos
próximos anos. A empresa estuda o lançamento e produção de
uma nova marca de caminhões do Grupo no Brasil, Mack, UD ou
Renault. O projeto demandará investimento adicional.
16
BUSINESS
PNEUS
DUNLOP INICIA OPERAÇÃO NO BRASIL
A
Dunlop, marca de pneus do grupo japonês Sumitomo Rubber Industries,
inaugurou sua primeira fábrica nas Américas. A unidade, que começou
a ser erguida em fevereiro de 2012 em Fazenda Rio Grande (PR), recebeu
investimento de R$ 750 milhões. São feitos ali somente pneus para carros de
passeio, SUVs e vans, destinados ao mercado de reposição, que gira em torno
de 30 milhões de unidades por ano, dos quais o grupo pretende conquistar
10% de participação antes de 2020. Já está em negociação o fornecimento
para montadoras, que consomem mais de 20 milhões de pneumáticos por
ano no Brasil. Há conversa avançada com quatro delas. Mas isso só acontecerá
depois de 2015, após a empresa atingir o ápice de produção.
CAMINHÕES
DAF JÁ PRODUZ NO PARANÁ
A
fábrica de caminhões da holandesa DAF, em Ponta Grossa (PR), a
primeira do grupo norte-americano Paccar fora da Europa, ainda não
está completamente pronta. Mesmo sem data definida para a inauguração
oficial, a empresa não atrasou seus planos comerciais no Brasil. No dia 2 de
outubro saiu da linha de montagem a primeira unidade brasileira do pesado
XF 105, que abastecerá as 20 concessionárias da marca espalhadas pelo
País. Oferecido nas versões 6x2 e 6x4 com duas opções de cabine, o veículo
já tem encomendas. Serão entregues quase 200 unidades até o fim do ano.
Em 2014, o objetivo é fabricar 2,5 mil caminhões em dois turnos na planta
paranaense, que tem capacidade instalada para 10 mil veículos/ano.
EXECUTIVOS
SCANIA TEM NOVA LIDERANÇA
M
eses após a saída de
Christopher Podgorski, a
Scania anuncia quem o sucederá
na vice-presidência de vendas e
marketing para a América Latina.
Camilla Dewoon foi nomeada
depois de período de adaptação
no Brasil. A executiva sueca se
reportará a Per Olov Svedlund,
presidente da empresa para
a região. Outra novidade na
liderança da empresa é o diretor
de serviços, Fabio Souza, que
assume o desafio depois de 12
anos na organização e responderá
ao diretor-geral da Scania Brasil,
Roberto Leoncini.
NEGÓCIOS
INOVAÇÃO
FORD FOCUS ESTREIA INJEÇÃO
DIRETA DE ETANOL
C
om nova plataforma global
e tecnologias inéditas, como
o primeiro motor flex do mundo
com injeção direta de etanol, a
nova geração do Ford Focus,
produzida na Argentina, será
vendida nas versões hatch e sedã
em três diferentes configurações
de acabamento, S, SE e Titanium.
O carro terá duas opções de
motorização, 2.0 Duratec com
injeção direta flex ou Sigma 1.6
flex com duplo comando variável
(apenas para o hatch) e duas opções
de transmissão, a automática
PowerShift de seis velocidades
com dupla embreagem e trocas
sequenciais ou a manual de cinco
(somente no hatch 1.6). A faixa de
preço do Focus é de R$ 60.990 a R$
81.990. Nas estimativas de Oswaldo
Ramos, gerente de marketing da
Ford Brasil, as vendas deverão se
dividir em 60% para o hatch e 40%
para o sedã. “O modelo hatchback
é sem dúvida o carro-chefe no
segmento dos médios por atrair
um público mais jovem. Mas temos
apostado com esta nova geração do
carro, agora muito mais moderna e
inovadora, que haverá uma migração
de consumidores para o sedã, que
oferece conteúdo superior ao de seus
concorrentes diretos”, projeta.
MINIVAN
JAC J6 GANHA REESTILIZAÇÃO
A
JAC Motors atualizou a minivan J6. O carro ganhou novo desenho
para faróis, para-choques, grade, capô, tampa e lanternas traseiras.
Por dentro, painel, volante e forrações de porta foram alterados. O modelo
permanece à venda em duas opções, com cinco lugares (R$ 57.990),
ou Diamond, com sete (R$ 59.990). Mas não foi desta vez que o modelo
recebeu opção automática, presente nos rivais Chevrolet Spin e Nissan
Livina. “Ainda não há uma data definida para a chegada desse equipamento,
nem mesmo em 2014”, afirma o presidente da JAC Motors do Brasil, Sérgio
Habib. “Eu sei que nós perdemos vendas pela falta desse equipamento, mas
ele tem custo alto e
depende de grandes
volumes”, diz
Habib. O executivo
pretende vender
250 unidades da
minivan por mês.
18
BUSINESS
AUMENTO DA GAMA
MAN TEM
NOVAS VERSÕES
DO VW
CONSTELLATION
A
MAN Latin America lançou
três novas opções para o
seu caminhão mais vendido, o
VW Constellation, todas com
motor Cummins ISL de 420
cv de potência: 19.420 (R$
320 mil), 25.420 (R$ 330 mil)
e 26.420 Tractor (R$ 347 mil).
Com eles, a empresa pretende
atender nova demanda dos
frotistas decorrente da Lei do
Caminhoneiro, “que obriga o
aumento do número de paradas
e gerou a necessidade de um
caminhão capaz de manter
maior média horária”, afirma
o vice-presidente de vendas,
marketing e pós-vendas,
Ricardo Alouche. De acordo
com estudos apresentados pelo
vice-presidente da companhia,
a legislação implicou um
aumento de 32% dos custos a
cada cinco dias de viagem.
SEDÃ MÉDIO
PEUGEOT 408 2.0 RECEBE CÂMBIO
AUTOMÁTICO DE SEIS MARCHAS
S
em mudanças estéticas, estreia no mercado o Peugeot 408 modelo 2014,
cuja principal novidade é versão Allure 2.0 flex com câmbio automático
de seis marchas como opcional. Seu preço é de R$ 65.990. “Com a nova
transmissão, devemos elevar a média mensal de vendas do carro para 600
unidades”, acredita o diretor-geral da Peugeot no Brasil e América do Sul,
Frédéric Drouin. Em 2012, o 408 ficou apenas em nono lugar no ranking
dos sedãs médios, com vendas mensais por volta de 640 unidades. A nova
transmissão automática deve dar ao Peugeot algum fôlego para competir com
sedãs médios como Honda Civic, Toyota Corolla, Chevrolet Cruze, Renault
Fluence e Volkswagen Jetta. (Mário Curcio)
500 MIL
AAM COMEMORA PRODUÇÃO
DE 500 MIL EIXOS
A
AAM registrou em outubro a produção do eixo de número 500 mil em
sua fábrica brasileira, localizada em Araucária, região metropolitana
de Curitiba. A companhia monta eixos diferenciais desde 2008, atendendo
atualmente VW Amarok, Chevrolet S10 e Trailblazer. A empresa oferece
também, em seu portfólio, cardãs, sistemas de transmissão, juntas
homocinéticas, serviços de usinagem de precisão e montagem de
componentes para utilitários, veículos de passeio e veículos comerciais.
NEGÓCIOS
MOTOS
AS NOVIDADES DO SALÃO DUAS RODAS
O
ASSISTA À
MATÉRIA ESPECIAL
Salão Duas Rodas deste ano ocorreu de 8 a 13 de outubro e alcançou recorde de público,
com 261,3 mil visitantes, segundo a Reed Exhibitions Alcantara Machado, organizadora da
mostra. Com 450 marcas expositoras, o evento ocupou 110 mil metros quadrados no Anhembi,
em São Paulo. Esta edição teve a tarefa de dar um empurrãozinho nas fracas vendas do setor – que
obrigaram os fabricantes a revisar para baixo suas previsões pela segunda vez este ano. A Abraciclo
prevê agora queda de 4,7% na produção deste ano, para 1,61 milhão de unidades.
VEJA OS DESTAQUES DO EVENTO
HONDA
C
om mais de 80% do mercado,
a Honda preparou uma série de
lançamentos. O mais importante foi
a família 500, com três modelos de
exatos 471 cc e 50 cv de potência
cada. As concessionárias já recebem
a CB500F (foto), motocicleta de
estilo naked (do inglês nu, por não
ter carenagem). Em dezembro
vem a CBR500R, esta com apelo
esportivo e carenada. No primeiro
semestre do ano que vem chega
a CB500X, com suspensões de
curso mais longo que as outras para
viagens com conforto, mesmo em
piso irregular.
DUCATI
HARLEY-DAVIDSON
D
epois de completar
um ano no Brasil,
a Ducati comemora a
abertura de seis revendas,
quer ter nove até o fim do
ano e aumentar o número
de pontos em 2014. Entre
os lançamentos da feira
estiveram a nova 1199
Panigale S Senna e a 1199
Panigale R. A fabricante
anunciou também o início
da montagem local da
Monster 796. A Ducati
utiliza a estrutura da Dafra
para produzir em
Manaus (AM).
20
BUSINESS
C
om 5,9 mil motos vendidas no Brasil de janeiro a setembro, a Harley-Davidson anunciou
para a linha 2014 os freios com ABS como item de série em todos os modelos. Entre os
destaques da feira estiveram a CVO Breakout (acima), a Forty Eight 1200 e a Fat Bob.
NEGÓCIOS
SALÃO DUAS RODAS ESTEVE EM SUA 12ª EDIÇÃO
YAMAHA
A
Yamaha do Brasil tem como
meta lançar um produto a cada
seis meses. No salão ela apresentou
a YS 150 Fazer (foto), concorrente
direta da Honda CG 150, e trouxe
novamente a V-Max, desta vez com a
real intenção de vender a moto que,
em 2014, estará nas concessionárias
por R$ 99 mil. “Queremos vender
50 unidades no ano.” Parece
pouco... “É um começo. Somente
durante a montagem do estande
confirmamos cinco pedidos”,
afirma o diretor comercial, Márcio
Hegenberg.
TRIUMPH
C
om a expectativa de superar a
meta inicial e vender cerca de
2,5 mil motos em 2013, a Triumph
já tem sete revendas. A primeira
delas, Triple Triumph, aproximase de mil unidades. No salão, a
fabricante anunciou quatro novas
motocicletas para os próximos três
meses. A primeira, Street triple R,
tem novos freios e suspensões e
preço de R$ 34,9 mil. Já está à
venda. Em novembro chega a Tiger
800, modelo mais adequado ao uso
urbano que a 800XC.
DAFRA
BRAMONT
KAWASAKI
D
E
E
a Dafra chamaram a atenção dois
novos scooters, o Cityclass 200 e
o Maxsym 400. O Cityclass traz freios
combinados (diferentes das motos
convencionais, em que os freios dianteiro
e traseiro têm atuação separada). Já
o Maxsym usa ABS. Com essas novas
opções, subirão de dois para quatro
os scooters vendidos pela Dafra. A
fabricante também mostrou no evento
a nova Super 50 e a E-Bike DBT, uma
bicicleta elétrica com autonomia,
segundo a Dafra, de 70 quilômetros.
22
BUSINESS
m Manaus, a Bramont já monta
motocicletas Benelli. “A produção
começou em outubro. As vendas se
iniciam em novembro”, afirma o diretor
comercial e de marketing, Jean Anwandter.
A Bramont também se prepara para
produzir motocicletas e scooters Keeway
a partir de janeiro. As vendas terão início
em março. “Construímos um segundo
galpão (em Manaus) com 12 mil metros
quadrados e haverá um terceiro com
14 mil m². Estamos investindo US$ 15
milhões”, diz Anwandter.
m um estande de 1,5
mil metros quadrados,
a Kawasaki exibiu 40
produtos. O lançamento
guardado para o salão
foi a Ninja 1000 Tourer.
Com fábrica em Manaus,
a Kawasaki ocupa o sexto
lugar entre as marcas mais
vendidas no Brasil. Há
dois meses ultrapassou
a Kasinski, cujo forte são
modelos de baixa cilindrada.
NEGÓCIOS
INDÚSTRIA BRASILEIRA
MONTADORAS
INVESTIRÃO
R$ 74,1 BILHÕES
A
s montadoras aplicação
R$ 74,1 bilhões no Brasil
de 2013 a 2017. A projeção da
Anfavea considera aportes em novas
fábricas, ampliações e modernização
das plantas já instaladas no País.
O pacote inclui também o valor
que será aplicado em qualidade,
produtividade, desenvolvimento de
novos produtos e cumprimento das
metas de eficiência energética do
Inovar-Auto. Com o montante, a
capacidade produtiva da indústria
local subirá dos atuais 4,3 milhões
de unidades por ano para cerca de
5,7 milhões por ano no período.
O total foi calculado com base
nos projetos anunciados pelas
montadoras e prevê ainda os
investimentos
necessários para
que a indústria local
alcance as metas
em pesquisa,
desenvolvimento
e engenharia
especificadas no
novo regime automotivo.
“Esse aporte poderá variar de R$ 6
bilhões, para cumprir as exigências
mínimas, a R$ 12 bilhões, caso as
empresas superem os objetivos
com a intenção de receber
descontos adicionais no IPI”,
pondera Luiz Moan, presidente da
associação.
A aplicação total prevista
pela Anfavea vem crescendo
rapidamente à medida
que novos anúncios são
feitos. Segundo a entidade,
o montante cresceu 14,1%
em cinco meses. Entre os aportes
mais recentes contabilizados
pela organização estão os das
marcas de luxo, como a MercedesBenz, que construirá fábrica em
Iracemápolis (SP), e o da Audi, que
voltará a produzir veículos em São
José dos Pinhais (PR), na planta da
Volkswagen (veja no quadro).
ANÚNCIOS RECENTES
VOLKSWAGEN E AUDI VÃO PARA O PARANÁ. MERCEDES-BENZ ESCOLHE SÃO PAULO
O
último investimento contabilizado pela Anfavea foi o
da Volkswagen. A companhia confirmou que fabricará a sétima geração do Golf no Brasil no complexo industrial de São José dos Pinhais (PR). O projeto receberá
aporte de 170 milhões. Com isso o plano de investimentos da organização para o País sobe dos R$ 8,7 bilhões
que já estavam planejados para R$ 9,2 bilhões até 2016.
O anúncio era esperado, já que o Golf é construído
sobre a plataforma MQB, a mesma dos Audi A3 e Q3,
que tiveram produção anunciada para a fábrica do Paraná no dia 17 de setembro, com investimento de 175
milhões de euros. A planta terá capacidade produtiva
para 26 mil unidades por ano. A produção deve começar no segundo semestre de 2015. Segundo a Volkswa-
24
BUSINESS
gen, a estratégia modular permite ainda localizar a produção de outros modelos do grupo.
A Mercedes-Benz foi outra fabricante de veículos premium a anunciar produção local recentemente. A companhia aplicará 170 milhões em Iracemápolis (SP),
na região de Limeira. Serão produzidos ali as novas
gerações do sedã Classe C e o utilitário esportivo GLA.
A decisão de instalar planta no Brasil é parte da estratégia global da companhia para atingir a liderança do
segmento de luxo em 2020. Os primeiros carros devem
sair da linha de montagem no início de 2016. A planta
terá capacidade para 20 mil unidades por ano.
Até fim de outubro, a Jaguar Land Rover continuava
com sua produção nacional indefinida.
EVENTO
CONGRESSO SAE BRASIL BUSCA
SOLUÇÕES PARA O INOVAR-AUTO
CAMILA FRANCO E PEDRO KUTNEY
E
ntre 7 e 9 de outubro o Expo
Center Norte, na capital
paulista, sediou o Congresso SAE
Brasil 2013. Com 148 palestras e
a apresentação de 350 trabalhos
técnicos, o evento atraiu 10 mil
visitantes. A 22ª edição discutiu e
apresentou soluções tecnológicas
para atender as metas do InovarAuto de eficiência energética para os
motores, pesquisa, desenvolvimento
e engenharia.
Os debates do evento levantaram
a necessidade de aumentar
a produtividade da cadeia de
suprimentos. Durante painel sobre
as compras das montadoras,
executivos concluíram que não
falta capacidade produtiva para as
fabricantes de autopeças atenderem
os altos volumes das montadoras
no Brasil, mas há carência de
competitividade.
“A base da cadeia produtiva
do Brasil não é competitiva.
Diversos negócios estão sendo
desperdiçados. Muitas peças deixam
de ser feitas por aqui. O Brasil já
perdeu chances de desenvolver
plataformas globais, como têm
feito México e Índia”, apontou
Pedro Suplicy, gerente executivo
de compras de peças da Renault.
Ele acredita que o desenvolvimento
tecnológico da cadeia brasileira
é mandatório, mas deve-se
tomar cuidado para não cair no
protecionismo.
Na visão de John Meckien,
gerente executivo de compras
produtivas de powertrain da
Volkswagen, há um paradoxo com
o programa. “O Inovar-Auto pede
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NEGÓCIOS
para sermos mais competitivos,
mas protege a base local,
podendo levá-la ao comodismo
e a uma certa incapacidade de
inovação. Será um desafio para
as montadoras fazer com que os
tiers um, dois e três atendam os
mesmos requisitos de fornecedores
de outros países.”
A Ford, segundo Pimentel, tem
trabalhado em conjunto com
parceiros menores, que não têm
experiência global, para capacitálos a entregar maiores volumes.
A fabricante está contratando 35
novos engenheiros para compor um
grupo de 100 profissionais que lidam
diretamente com os fornecedores.
Em outro debate do evento,
fornecedoras brasileiros mostraram
que têm capacidade para competir
globalmente. Essas empresas
conseguiram resultados positivos
não só no mercado interno,
mas também com suas fábricas
instaladas no exterior. Sabó e
Iochpe-Maxion são dois desses
pontos fora da curva de baixa.
Não por acaso, a receita
do sucesso das empresas é
bastante parecida, envolvendo
principalmente investimento
em tecnologia e qualidade de
seus produtos, modernização
e automação de fábricas,
profissionalização da gestão com
adoção de padrões de governança
corporativa e internacionalização.
“Se não fosse nossa estratégia
de investir na melhoria contínua
das operações, desenvolvimento de
produtos com maior valor agregado
e internacionalização de nossa
presença, teríamos o mesmo fim
de várias outras empresas do setor
no Brasil, que nos anos 90 foram
compradas por multinacionais”,
avalia Lourenço Agnello Oricchio Jr.,
diretor-geral da Sabó Américas e vicepresidente para os Estados Unidos.
Ele cita, entre muitos outros casos, a
Cofap, comprada pela Magneti Marelli,
a Nakata, hoje pertencente à Dana, e
Metal Leve, adquirida pela Mahle.
EXPOSIÇÃO
A área de exposição do evento trouxe
novidades de 90 empresas. Entre as
sistemistas, a principal preocupação
foi reduzir o peso dos componentes
e apresentar tecnologias capazes de
diminuir o consumo de combustível.
Muitas empresas destacaram sistemas
de injeção direta para motores flexíveis.
Luiz Corrallo, presidente da Delphi
para a América do Sul, apontou
que a empresa já tem domínio da
tecnologia e está pronta para fornecêla assim que houver demanda, o
que deve acontecer até 2017, com o
impulso do Inovar-Auto. Esse tipo de
sistema também foi apresentado pela
Continental, Bosch e Magneti Marelli,
comprovando a tendência para o
mercado nos próximos anos.
PICAPE
FIAT LANÇA STRADA 2014 E QUER VENDER ATÉ 20% MAIS
A
s revendas da Fiat já têm
a picape Strada 2014. As
mudanças na gama permitiram
ganho de produção e a empresa
quer ampliar ainda mais esses
volumes em 10% a 20%. “Tudo o
que fazíamos antes era vendido, mas
estamos ampliando a capacidade.
Queremos passar de 600 para 700
unidades por dia”, afirma o diretor
comercial da Fiat, Lélio Ramos.
A principal novidade da linha
2014 é a terceira porta com abertura
invertida, aplicada na cabine dupla,
opção presente em todas as versões:
Working 1.4, R$ 42.330, Trekking
26
BUSINESS
1.6, R$ 48.360, e Adventure 1.8,
R$ 54.360. “A cabine dupla responde
por 50% das vendas; a curta tem 30%
e a estendida, 30%”, explica Ramos.
Quando se trata de versões, a linha
Working detém 55%, a Adventure,
35%, e a Trekking, 10%.
Chama atenção a ausência da
coluna entre as duas portas, o que
facilita o acesso dos passageiros:
“Desde o início, nos anos 1990,
a Strada foi pensada para ser
versátil. É um veículo comercial
com conforto de automóvel e seus
donos gostam de exibi-la”, afirma o
diretor de design de produto da Fiat
Chrysler, Claudio Demaria. “A linha
2014 tem 300 componentes novos”,
ressalta. A maioria dessas alterações
ocorreu na carroceria.
A picape teve mudanças no
desenho dianteiro e a traseira de
todas as versões mudou bastante
por causa das caçambas, que
tiveram a altura aumentada em oito
centímetros, da tampa mais bojuda
e das lanternas, agora horizontais.
Segundo a Fiat, o compartimento
de carga da cabine curta leva agora
1.220 litros (120 a mais), a estendida,
910 litros (110 a mais) e a dupla, 680
litros (100 a mais).
A nova cabine dupla recebeu
reforços no teto, na base e nas portas
para resistir a impactos laterais. “A
instalação da terceira porta resultou
em aumento de dez quilos no peso
total do carro”, afirma Demaria. “Está
melhor na rigidez torcional, flexional
e no crash test”, diz.
Embora tenha passado por várias
modificações desde o lançamento,
em 1998, e recebido novas opções
de carroceria, a Strada ainda
conserva a mesma plataforma. A
cabine estendida surgiu em 1999 e
permitiu que a picape Fiat tomasse a
liderança da Volkswagen Saveiro em
2000. De lá para cá nunca mais saiu
do topo do ranking. “Ela teve mais de
910 mil unidades vendidas no Brasil
e detém 51,1% de participação no
segmento”, recorda Lélio Ramos.
(Mário Curcio)
DESEMPENHO E DIRIGIBILIDADE
C
omo não houve mudança nos motores e suspensões, as picapes continuam com o mesmo jeitão para quem dirige. Automotive Business avaliou em trecho plano duas versões, uma Working cabine estendida e uma Adventure cabine dupla. A primeira, com motor 1.4, exige mais o uso do câmbio
na estrada. As retomadas são razoáveis com a caçamba vazia. Segundo a Fiat,
ela alcança 164 km/h e vai de zero a 100 km/h em 13,2 segundos.
O desempenho da Adventure é bem melhor: 179 km/h de velocidade máxima e aceleração de zero a 100 km/h em 10,3 segundos. A linha Adventure usa
grandes pneus Pirelli Scorpion 205/60 R16, que dão alguma agilidade na terra
e garantem conforto, mas roubam rapidez da picape em curvas.
A versão Trekking também é equipada com pneus de uso misto, mas eles
têm as mesmas medidas (175/70R14) daqueles usados pela Working. De
acordo com a montadora, a Trekking atinge 178 km/h e acelera de zero a 100
km/h em 9,7 segundos. Os valores de desempenho citados na reportagem
foram obtidos pela fabricante com etanol.
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LEGISLAÇÃO
EVENTO reuniu profissionais da
indústria automobilística em São Paulo
POLÍTICA TRIBUTÁRIA
DEFINE INSTALAÇÃO
DE FÁBRICAS
A CONSULTORIA EY TERCO EXPLICOU, NO
WORKSHOP LEGISLAÇÃO AUTOMOTIVA, QUE
OS EMPREENDIMENTOS DO SETOR SE BASEIAM
EM INCENTIVOS E BENEFÍCIOS FISCAIS
ANA PAULA MACHADO, CAMILA WADDINGTON E SUELI REIS
“A
s decisões das empresas ao instalar operações industriais no Brasil,
aceleradas pela legislação do Inovar-Auto, são definidas com base
em incentivos e benefícios fiscais”, afirmou o diretor da Ernst Young
Terco, Sergio Fontenelle, concluindo que essa foi a maneira encontrada pelos
Estados para atrair investimentos e compensar ineficiências da economia
nacional. Especialista em políticas tributárias, ele participou do workshop
Desafios da Legislação Automotiva 2014, promovido por Automotive Business dia 9 de setembro, em São Paulo, e revelou que os benefícios fiscais
concedidos nos últimos dez anos somaram US$ 500 bilhões, considerando
basicamente a alíquota de ICMS.
28
BUSINESS
Fontenelle explica que, para uma
empresa alcançar seus objetivos mínimos no País, o primeiro passo é
dominar a arte tributária: “Antes de
começar a produzir, a empresa já paga tributo. Só o Brasil e talvez uma
dezena de países têm esse tipo de relação com as empresas”, alerta.
O consultor considera que além
de ter um dos custos tributários mais
altos do planeta, a política tributária
brasileira está entre as mais complexas. O País é o quinto no ranking das
nações em que é mais difícil realizar
negócios, considerando dados do
Banco Mundial. Fontenelle indica que
a tão esperada reforma tributária virá
mais fortemente das esferas dos estados e não mais terá cunho federal.
INOVAR-AUTO
Luiz Moan, presidente da associação
dos fabricantes de veículos, a Anfavea, definiu que o Inovar-Auto já faz
efeito. “Em dezembro de 2011 os
veículos importados representavam
27% do mercado interno. Até o fim
de 2013 esse volume deve cair para
18%”, pondera. Esse quadro traduz o
objetivo de transformar o Brasil em
produtor mais expressivo. “Somos o
quarto maior mercado de automóveis do mundo e apenas o sétimo em
produção. Isso não faz sentido.”
Moan ressalta a importância da nova legislação ante a necessidade de
promover o parque de fabricantes de
autopeças. “Se não houver escala de
produção na cadeia de suprimentos
local, não haverá como reduzir a tributação. Há, portanto, uma oportunidade industrial para os fabricantes
de insumos e autopeças.”
O presidente da Anfavea espera
que até 2015 já esteja negociado o
Inovar-Auto 2, para dar continuidade
ao progresso esperado da legislação
que entrou em vigor no início de
2013 e valerá até 2017.
Dan Ioschpe, conselheiro do Sindi-
peças, enfatiza: “Não podemos achar
que o Inovar-Auto vai resolver todos
os problemas da indústria. Longe disso.” O desenvolvimento de produtos e
serviços em centros de pesquisa instalados no País é um dos pontos altos
do programa na análise do executivo.
Os desafios para a introdução de novas tecnologias no País, ante a legislação do Inovar-Auto, foram analisados no workshop com a participação
de Anderson Citron, diretor da Divisão Powertrain da Continental Brasil;
Carlos Gibran, gerente de vendas e
marketing da divisão de segurança
veicular da Bosch América Latina;
Gino Montanari, diretor de engenharia e P&D da divisão de powertrain
da Magneti Marelli; Valdir de Souza,
diretor de eletrônicos e segurança
da Delphi; e Wayne Alves, diretor de
P&D da Kostal Eletromecanica.
EXPORTAÇÃO
As montadoras brasileiras enfrentarão um dilema nos próximos anos:
alta capacidade instalada para um
mercado com crescimento estável.
Com os investimentos das empre-
SERGIO FONTENELLE,
diretor da Ernst Young Terco
(acima); LUIZ MOAN, presidente
da Anfavea (no alto) e KLAUS ACERBI,
gerente de saúde, segurança e meio
ambiente da Delphi América do Sul
sas em aumento da produção e a
entrada de novos concorrentes, a
capacidade das montadoras no País
chegará a 6,5 milhões de veículos.
Hoje, podem ser produzidos por aqui
4,3 milhões de unidades. A solução,
segundo o diretor da consultoria Ro-
INOVAR-AUTO TRAZ DESAFIOS PARA CERTIFICAÇÃO
VCA ALERTA PARA NECESSIDADE DE MENOR PRAZO PARA HOMOLOGAÇÕES
O
s processos de homologação precisam se ajustar e ter prazos menores no setor
etor automotivo. O alerta
foi de Carlos Bonote, vice-presidente da VCA South America, agência oficial de homologação de
veículos do Reino Unido, que montou filial no consulado britânico em São Paulo. Para o executivo,
a legislação deve servir como ferramenta de apoio ao avanço das inovações e não como barreira:
senvolvimento
“Se as regulamentações não evoluírem com a necessidade local, podem inibir o desenvolvimento
de novos veículos”, disse Bonote.
Para Mário Guitti, superintendente do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), o próximo passo
da certificação no Brasil deve passar pelo crivo das autopeças, dentro do âmbito doo novo regime
automotivo: “O Inovar-Auto é importante neste processo de avanço das certificações,
ões, pois
traz novas tecnologias. Em paralelo, há a questão de regulamentação do aftermarket,
rket,
que envolve concessionárias, distribuidores e centros de reparação. Se houvesse commpulsoriedade de certificação do mercado de reposição, ganharíamos novo patamar
mar
de serviços no Brasil, com grande potencial de melhoria”, conclui. (Sueli Reis)
LEGISLAÇÃO
DAN IOSCHPE,
conselheiro
do Sindipeças
land Berger, Stephan Keese, é
focar o aumento das exportações.
“O Brasil tem portfólio representativo e poderia participar mais ativamente de
mercados emergentes, mas
não tem custo competitivo. O
único caminho para o País é
aumentar o nível de automação e tecnologia em suas fábricas, aí
sim conseguirá competir com outros
concorrentes”, afirmou Keese.
EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
A legislação do Inovar-Auto prevê
avanço mínimo de 12,08% por mar-
STEPHAN KEESE,
diretor da consultoria
Roland Berger
ca na eficiência energética veicular.
As montadoras instaladas no Brasil
deverão investir R$ 3,1 bilhões adicionais em tecnologias que melhoram o consumo de combustível de
seus veículos e a emissão de CO2.
A maior parte das tecnologias que
LEGISLAÇÃO TRABALHISTA EMPERRA PRODUTIVIDADE
ALTOS ENCARGOS LIMITAM INVESTIMENTOS DO SETOR INDUSTRIAL
U
m dos entraves para o aumento da produtividade na indústria brasileira é a legislação trabalhista, que estabelece custos fixos elevados
para manter um trabalhador na linha de produção. Enquanto de 2002
a 2012 essas despesas dispararam 158%, os níveis de produtividade se
mantiveram estáveis.
“O trabalhador brasileiro produz somente 20% do índice do empregado
norte-americano. A produtividade no País é baixa com relação aos nossos
concorrentes e temos custos trabalhistas mais altos. Aqui existem três fatores que inibem o aumento da produtividade: tecnologia usada nas empresas;
qualificação de mão de obra e, o mais importante, a complexidade da legislação trabalhista do Brasil”, disse o consultor e professor José Pastore no workshop Desafios
da Legislação Automotiva 2014.
Somente os encargos trabalhistas,
segundo Pastore chegam a cerca de
100% sobre o salário de
um trabalhador. Quando
se acrescentam despesas
com treinamento, saúde
e segurança do trabalho
isso vai para 183,15%.
(Ana Paula Machado)
30
BUSINESS
serão inseridas nos veículos nacionais já faz parte do portfólio
tecnológico global das companhias, sinalizou o diretor e consultor da IHS South America,
Vitor Klizas.
O impacto inicial dessas
tecnologias nos custos das
montadoras representa R$ 1,1
bilhão para incorporação de
novas tecnologias, segundo dados
do consultor. Em 2016, outros R$
2,3 bilhões seriam investidos para
aumentar os índices de eficiência alcançados até então. Klizas revela ainda que, para os veículos fabricados
no Brasil, o start-stop encabeça a
lista de tecnologias disponíveis e que
têm como pano de fundo o aumento
da eficiência. No workshop, a Bosch
confirmou que fornecerá em 2014 o
sistema para a indústria nacional.
MEIO AMBIENTE
Ser uma empresa social e ambientalmente responsável deixou, há tempo, de ser diferencial de mercado para tornar-se condição indispensável
para qualquer companhia competir
globalmente. Essa foi a mensagem
de Klaus Acerbi, gerente de saúde,
segurança e meio ambiente da Delphi América do Sul. Ele considera
que o desenvolvimento industrial até
meados da década de 1980 era visto
apenas sob a ótica financeira, comercial, administrativa. “Não havia
preocupação com quaisquer consequências, bastava atender às leis e
era o suficiente.”
“Hoje a legislação ambiental passou a ser levada a sério e protagoniza até mesmo um índice na bolsa
de valores, Investimentos Socialmente Responsáveis, que tem obtido enorme valorização.” „
FÓRUM IQA
FALTA DE QUALIDADE
CUSTA R$ 5,6 BI POR ANO
EM PALESTRA NO I FÓRUM DA QUALIDADE AUTOMOTIVA,
CONSULTORA REVELA QUE PROBLEMAS CONSOMEM 6,6% DO
FATURAMENTO DO SETOR DE AUTOPEÇAS
PEDRO KUTNEY
C
A QUALIDADE É
ENCARADA SÓ
PELO LADO
DO CUSTO
FOTOS DE RUY HIZATUGU
LLETÍCIA COSTA, sócia-diretora
da Prada Assessoria
32
BUSINESS
hega a impressionantes
R$ 5,6 bilhões por ano o
custo da falta de qualidade
da cadeia de autopeças no Brasil, o
equivalente a 6,6% do faturamento
do setor, segundo pesquisa do Sindipeças com uma amostra de 63
associados. O número perturbador
foi mostrado pela consultora Letícia
Costa, sócia-diretora da Prada Assessoria, durante apresentação no
I Fórum da Qualidade Automotiva,
realizado pelo Instituto da Qualidade
Automotiva (IQA) dia 23 de setembro, em São Paulo, e organizado por
Automotive Business.
“Curiosamente, apesar de a qualidade ser tema de grande importância estratégica para a indústria automotiva, isso não é discutido como se
deveria, não está na agenda”, avalia
Letícia. “A qualidade é encarada
só pelo lado do custo, enquanto a
Toyota há muito tempo ensinou que
quanto maior a qualidade, menor o
custo”, complementou. Ela destaca
que a perda média do setor de 6,6%
do faturamento anual com problemas é mais do que a margem de
muitos participantes desse mercado.
“Isso indica que há muitas empresas,
principalmente as menores, que sacrificam todo o lucro ou boa parte
dele por falta de qualidade de seus
produtos”, pontua.
As perdas geradas pela falta de qualidade são ainda maiores nas empresas menores. As que têm faturamento
entre R$ 50 milhões e R$ 200 milhões
estão no topo da lista, com 9,1% das
receitas perdidas com problemas de
qualidade, como retrabalhos e trocas
em garantia. As que faturam acima de
R$ 500 milhões perdem bem menos
com isso, 1,7% das vendas.
Essa diferença fica patente no controle de grandes sistemistas, que fornecem conjuntos prontos às montadoras e por isso represam os problemas de seus fornecedores antes da
chegada às linhas de montagem final
dos veículos. O Grupo Schaeffler,
por exemplo, mostrou que entrega
componentes às montadoras com
2,5 ppm (defeitos para cada milhão
de peças), enquanto mede em seus
fornecedores inacreditáveis 1.613
ppm. “Isso é um esforço enorme de
filtragem. Meu custo vai para o espaço”, resumiu Flávio Mateus, gerente
de qualidade da sistemista.
“Não vivemos sem os nossos
subfornecedores e precisamos estar
atentos, pois quanto mais se aprofunda na cadeia de suprimentos, mais
problemas são encontrados”, contou
ANTONIO MEGALE,
vice-presidente da Anfavea
QUALIDADE PARA EXPORTAR
EXCESSO DE PRODUÇÃO GLOBAL ACIRRA DISPUTA PELO MERCADO
A
Flávio Teixeira, gerente de qualidade
da Delphi. “Existe uma corrida pela
nacionalização de componentes e
sistemas para atender ao Inovar-Auto,
mas precisamos avaliar se estamos
preparados para isso. Se atropelarmos a fase de avaliação das qualificações necessárias para fazer o que
for preciso, poderemos aumentar os
problemas de qualidade”, avalia.
INOVAR-AUTO
O resultado da falta de qualidade é
refletido no produto final também.
Segundo pesquisa da consultoria JD
Power, um consumidor brasileiro registra em média 3,5 problemas em
seu carro feito no Brasil com um a
três anos de uso, ante 3,33 defeitos
em um modelo similar na Argentina,
3,1 no México, 2,3 na Alemanha e
2 no Reino Unido. Só a China fica à
frente do Brasil nesse quesito, com
3,9 problemas por veículo.
Para Letícia Costa, o atual regime
industrial do setor automotivo, o
Inovar-Auto, deveria destinar verbas
para aumento de qualidade e produtividade do setor automotivo como
um todo, pois, como está, o programa não será capaz de recuperar a
competitividade brasileira.
indústria automotiva brasileira precisa ganhar qualidade nos próximos anos. Apenas dessa forma será possível ampliar as exportações de veículos e atender ao Exportar-Auto, programa de incentivo
às vendas internacionais negociado pela Anfavea com o governo. A
afirmação foi feita por Antonio Megale, vice-presidente da associação,
em apresentação no I Fórum da Qualidade Automotiva.
O executivo admite que o produto brasileiro precisa ganhar qualidade
para entrar em outros mercados. “Os próximos cinco anos são a nossa
oportunidade de reduzir a diferença que temos na comparação com os
países desenvolvidos”, acredita. Para ele, essa melhoria não é apenas
importante, mas necessária para que o Brasil sustente a capacidade
produtiva que deve ganhar nos próximos anos como fruto do investimento de R$ 73,1 bilhões que as montadoras têm programado para o
País, entre construção de novas fábricas, modernização e ampliação
das instalações já existentes, desenvolvimento de novos produtos e
aportes em tecnologia e inovação para atender o Inovar-Auto.
Com o montante, Megale estima que o Brasil alcançará capacidade
produtiva de 5,7 milhões de veículos por ano, ante o volume atual de
4,3 milhões de unidades que o País tem potencial para fabricar. Segundo ele, parte da evolução do carro nacional será puxada pelo Inovar-Auto, que motivará as montadoras a buscar novo patamar de eficiência
energética e impulsionará a nacionalização de tecnologias ainda não
difundidas no Brasil.
EXPORTAÇÕES
Marcelo Cioffi, sócio e diretor da PwC, mostrou dados apurados pela
consultoria comprovando que os países em desenvolvimento, como
o Brasil, produzirão juntos mais de 85% dos 105 milhões de veículos
previstos para 2019. A América do Sul terá uma participação de 8,1%
nesses 85%, enquanto a Ásia em desenvolvimento (China, Índia e Indonésia, entre outros), de 62,2%. Mas com o aumento da produção surge
um problema: deverá haver um excedente de 25 milhões de veículos
em 2019, alertou o executivo.
A saída para tirar proveito da curva ascendente de produção, diante de
um mercado interno saturado, é recorrer às exportações. Atualmente,
segundo Stephan Keese, sócio e diretor da Roland Berger, participante
do mesmo painel, o Brasil exporta muito pouco, destinando volumes
significativos somente para Argentina, África do Sul e México. Na visão
do consultor, são necessários três ingredientes principais para abrir as
portas às vendas externas: mais conteúdo tecnológico para toda a cadeia automotiva, incluindo os tiers 2; custos menores de mão de obra
e de matéria-prima para aumentar produtividade; e melhor infraestrutura logística, que apresente custos mais baixos. (Camila Franco e
Giovanna Riato)
FÓRUM DA QUALIDADE
NÃO TEMOS CENTROS
TECNOLÓGICOS PARA
REALIZAR OS ENSAIOS
ALFREDO LOBO,
diretor de qualidade do Inmetro
CERTIFICAÇÃO CONSOLIDA QUALIDADE DE AUTOPEÇAS NA REPOSIÇÃO
GRUPO DE MANUTENÇÃO AUTOMOTIVA APONTA DESAFIOS PARA OBTER CREDIBILIDADE
R
epresentantes do Grupo de Manutenção Automotiva avaliaram os desafios para consolidar sistemas
eficientes de qualidade no mercado de reposição.
Antonio Fiola, presidente do Sindicato da Indústria
de Reparação de Veículos e Acessórios (Sindirepa),
comentou que a certificação de autopeças, homologada com o selo do Instituto Nacional de Metrologia,
Qualidade e Tecnologia (Inmetro), assim como programas de certificação e qualificação de mecânicos
e empresas do segmento, darão condições para criar
um sistema de qualidade sustentável.
Francisco Wagner de La Torre, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para
Veículos no Estado de São Paulo (Sincopeças) acrescentou que a certificação dos produtos viabilizará aos
varejistas condições mais seguras para trabalhar. “Não
temos como avaliar no dia a dia a qualidade das peças
e, mesmo assim, somos responsáveis solidários pelos
defeitos dos produtos que adquirimos para vender ao
consumidor final.”
O vice-presidente da Associação Nacional dos Distribuidores de Autopeças (Andap), Rodrigo Carneiro,
lamentou que no mesmo momento em que a indústria de autopeças e toda a cadeia de reposição passam por um processo de evolução das normativas de
qualidade, o governo esteja prestes a aprovar uma lei
que permite aos desmanches de veículos comercializar peças usadas. Essa também é a opinião de Edson
Brasil, conselheiro do Sindicato Nacional da Indústria
de Componentes para Veículos Automotores (Sindipe-
34
BUSINESS
ças). Ele entende que precisa haver uma cultura de
qualidade em todos os elos da cadeia – desde o momento em que o produto sai da fábrica até chegar ao
consumidor. “É necessário regularizar o setor e temos
que levantar essa bandeira”, finalizou.
LABORATÓRIO
O diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo, lembrou que um dos principais gargalos verificados para
um processo eficiente de análise e certificação é a falta de laboratórios. “Não temos centros tecnológicos
para realizar os ensaios.” Ele confirmou que instituto
terá um laboratório independente que começará a ser
construído em breve em Duque de Caxias (RJ), com
investimento inicial de R$ 200 milhões e previsão para
funcionar a partir de 2016.
Paulo Bedran, diretor do departamento de indústrias
de equipamentos de transporte do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), disse
que para tentar diminuir o déficit da balança comercial
de autopeças, que já passa de US$ 6,5 bilhões e deve
chegar a US$ 10 bilhões até o fim de 2013, o governo
está adotando um programa em parceria com a Agência de Apoio ao Empreendedor e Pequeno Empresário
(Sebrae), de capacitação de fornecedores de autopeças. “Com o convênio conseguiremos identificar as
deficiências da indústria local”, disse, explicando que
Ford (BA), Fiat (MG), Volkswagen (SP), Nissan, Peugeot e MAN (RJ), Renault (PR), BMW (SC) e GM (RS)
apoiam a iniciativa. „
DAF. A MARCA DE CAMINHÕES
LÍDER EM CAVALOS MECÂNICOS
NA EUROPA* CHEGOU AO BRASIL.
A DAF, marca do grupo PACCAR, quarta maior fabricante de caminhões do mundo,
está no Brasil. Com uma nova fábrica de classe mundial em Ponta Grossa, Paraná, a DAF
traz um novo padrão de qualidade, conforto e desempenho para o segmento extrapesado.
DAF XF105
Cin
nto de segura
ança salva
a vidas.
Desenvolvido para o transporte pesado de longa distância, o DAF XF105 proporciona
baixos custos operacionais, alta confiabilidade e total satisfação do motorista. Conta
ainda com suporte de 2 anos de garantia**, disponibilidade de Peças Genuínas DAF,
Serviço Emergencial DAF Assistence e a mais moderna Rede de Concessionárias do país.
*DAF é a marca líder do mercado europeu no segmento de cavalos mecânicos >16T PBT (GVW) com um Market Share de 19,1%
e a segunda marca de caminhões no mercado europeu >16TPBT (GVW) com 16,0% de Market Share. **Garantia total no primeiro
ano sem limite de quilometragem. No segundo ano, a garantia é limitada ao trem de força (motor, caixa de transmissão e eixo traseiro).
DRIVEN BY QUALITY
TRUCKS | PARTS | FINANCE
WWW.DAFCAMINHOES.COM.BR
TOYOTA
FÁBRICA DE INDAIATUBA
COMEMORA 15 ANOS
PLANTA FOI
INAUGURADA EM 1998,
COMO RESPOSTA À
HONDA DE SUMARÉ, E
JÁ PRODUZIU MAIS DE
670 MIL UNIDADES
DO COROLLA
INDAIATUBA (SP) – Fábrica da
Toyota inaugurada em 1998
MÁRIO CURCIO
LLINHA DO TEMPO
1997
1998
2000/02
2004
2005
Anúncio do
investimento de
US$ 150 milhões
em Indaiatuba (SP)
Início da
produção do
Corolla na
nova fábrica
Aporte de
US$ 300
milhões
para produzir
nova geração
do Corolla
US$ 15 milhões
para começar
a fabricar o
modelo Fielder
US$ 3 milhões
são aplicados
em melhorias
no processo
de pintura
36
BUSINESS
2006
2007/08
2008
2011
Investimento de Indaiatuba recebe Fim da fabricação US$ 33
US$ 5,6 milhões
US$ 268,3
local da Fielder milhões são
em aumento de
milhões para
aportados para
capacidade
produção do
atualização
novo Corolla
do Corolla
N
o Brasil desde janeiro de 1958, quando abriu um escritório que precedeu a montagem local do utilitário Land Cruiser (rebatizado Bandeirante em 1962), a Toyota viu a oportunidade de expandir sua atuação no País nos anos 1990, com a abertura às importações. Entre os modelos
que trouxe estava o sedã Corolla.
Ele e o Honda Civic começaram a disputar a preferência do consumidor
brasileiro antes mesmo de terem produção local. A corrida pela nacionalização
foi vencida pela Honda, que inaugurou fábrica em Sumaré (SP) em outubro de
1997. No mesmo ano a Toyota anunciou o investimento de US$ 150 milhões
para a produção local do Corolla.
Em 18 de setembro de 1998 a companhia dava início à nova unidade bra-
BRIGA PELA LIDERANÇA
A
disputa de mercado no segmento de sedãs médios entre o Toyota
Corolla e o Honda Civic é acirrada. Na década anterior, o Toyota
havia perdido a liderança para o Honda em 2007, mas a recuperou em
2009, ano em que o Civic passou a dividir as próprias concessionárias
com o City, sedã Honda ligeiramente menor, mas mais acessível e com
mais espaço para bagagem.
O terremoto seguido de tsunami no Japão, em março de 2011, afetou
com mais intensidade a produção de componentes destinados à Honda.
Naquele ano o volume de vendas do Civic foi 56,8% menor que o do
Corolla e a chegada da nova carroceria não foi suficiente para reverter a
situação no ano seguinte. Em 2013, contudo, o Honda recebeu opções
com motor 2.0 e tirou o Toyota da primeira posição. Em 2014, a história
pode mudar novamente com a chegada da próxima geração do Corolla.
X
2005
37.692
42.081
56.365
50.490
2010
53.147
55.024
2009
22.962
31.229
2007 2008
54.599
50.200
45.640
34.464
35.720
2006
CIVIC
20.321
37.345
2004
35.336
29.131
2003
20.728
16.920
35.823
47.435
67.703
COROLLA
2011
2012 2013*
*Até setembro. Fonte: Fenabrave
TOYOTA
INAUGURADA EM 2012,
fábrica da Toyota em
Sorocaba produz o Etios
OS AVANÇOS DA MARCA NO PAÍS
N
um mercado em que a maioria das vendas é de automóveis compactos, a Toyota precisava de novos produtos para expandir sua atuação
local, dependente sobretudo do Corolla e das picapes Hilux. Em agosto
de 2012 a companhia inaugurou em Sorocaba, também no interior de
São Paulo, sua segunda planta de carros de passeio.
A unidade recebeu investimento de US$ 600 milhões para a produção
do Etios, modelo desenvolvido para mercados emergentes, com versões
hatch e sedã. A nova fábrica tem atualmente cerca de 1,5 mil trabalhadores e produz 320 unidades por dia em dois turnos.
O preço inicial do carro na casa dos R$ 30 mil, bem abaixo dos mais
de R$ 60 mil cobrados pelo Corolla, resultou no aumento da participação da fabricante no Brasil. Até agosto de 2012, mês em que as vendas
do Etios ainda não haviam começado, a Toyota ocupava o oitavo lugar
no ranking de maiores marcas de automóveis e comerciais leves, com
65,1 mil unidades e 2,7% de participação no mercado local. Em agosto
de 2013, a fabricante já havia subido para o sétimo lugar, com exatas
113 mil unidades emplacadas e 4,8% de market share.
Um dia antes da inauguração da fábrica sorocabana, o presidente
mundial da Toyota, Akio Toyoda, esteve em Brasília para anunciar o investimento de R$ 1 bilhão para produzir motores em Porto Feliz (SP),
município localizado entre as plantas de Indaiatuba e Sorocaba. A unidade tem início da operação previsto para o segundo semestre de 2015,
com capacidade anual para 200 mil motores, com a geração de 700
empregos. A nova planta fará os propulsores 1.3 e 1.5 para o Etios e 1.8
e 2.0 que equipam o Corolla.
38
BUSINESS
sileira, agora longe de São Bernardo
do Campo (SP), com a produção de
um automóvel moderno. Nesses 15
anos, o carro ultrapassou a marca
de 670 mil unidades montadas no
Brasil. Atualmente, a fábrica tem capacidade instalada para 342 carros
por dia e emprega cerca de 2,1 mil
colaboradores.
O Corolla atende o mercado local e
também é exportado para a Argentina,
Colômbia e Venezuela. A fabricação
dos resistentes mas ultrapassados Bandeirante continuou no ABC até 2001,
quando a antiga unidade passou a concentrar-se na produção de componentes para a picape Hilux, fabricada em
Zárate, na Argentina, e para o Corolla.
O jipe e suas derivações conservaram a mesma aparência no Brasil por
mais de 40 anos, mas a Toyota sabia
que o mesmo não poderia ocorrer
com o sedã. De 2000 a 2002, um novo plano de investimento de US$ 300
milhões atualizaria o carro. Em 2004,
aporte de US$ 15 milhões permitiu
a produção local do modelo Fielder,
versão station wagon do Corolla com
vida relativamente curta em Indaiatuba. Foi feito entre 2004 e 2008 e
teve pouco mais de 36 mil unidades
montadas porque esse tipo de carroceria perdeu espaço no Brasil para
minivans e utilitários esportivos.
A necessidade de evolução constante exigiu em 2005 novo investimento na fábrica de Indaiatuba, que
recebeu US$ 5 milhões para modernização do processo de pintura do
Corolla. Outros US$ 5,6 milhões foram aplicados neste mesmo ano para
o aumento de capacidade produtiva.
De 2007 a 2008 a fabricante injetou mais US$ 268,3 milhões para
atualização do Corolla. Em 2011, outros US$ 33 milhões foram aplicados
para a produção de uma nova geração do sedã. Segundo a montadora,
atualmente o carro tem índice de nacionalização de 70%. „
CAMINHÕES
COMPLEXO INDUSTRIAL da
Magirus em Ulm, na Alemanha,
recebeu investimento de 35 milhões
BRASIL TERÁ PRIMEIRA FÁBRICA DA
IVECO MAGIRUS FORA DA EUROPA
VEÍCULOS PARA COMBATE A INCÊNDIOS SERÃO
PRODUZIDOS EM SETE LAGOAS (MG)
SUELI REIS | DE ULM (ALEMANHA)
A
pós entrar em um novo nicho
de mercado no Brasil, o de
veículos militares, a Iveco
repetirá a estratégia de diversificação
para expandir as atividades no País.
O próximo passo será nacionalizar
mais produtos do portfólio de veículos especiais: os caminhões Magirus. A empresa, especializada em
modelos para combate a incêndio,
adquirida pela montadora na década de 1970, terá sua primeira fábrica
fora da Europa. Com sede em Ulm,
cidade do sul da Alemanha, a marca
40
BUSINESS
conhecida mundialmente por suas
escadas giratórias sobre carros de
bombeiros terá nova linha de produção no complexo de Sete Lagoas
(MG). A operação deve começar até
o fim de 2014.
Caminhões Magirus importados
estão presentes no País para combate a incêndio. Em outubro chegou
a primeira unidade do modelo que
marcará a estreia da marca como
fabricante no mercado brasileiro.
O modelo Super Impact 6x6, nova
geração do Impact, já existente no
portfólio Magirus, é construído sobre a plataforma do Iveco Tector (na
Europa chamado de Eurocargo). Por
meio de um contrato de R$ 140 milhões, um lote de 80 veículos será
entregue à Infraero, empresa pública
que administra aeroportos no Brasil.
“As primeiras unidades serão importadas. Até o início da Copa do
Mundo (junho de 2014), devemos
entregar 69 caminhões Super Impact
para atender os aeroportos no Brasil”,
conta o gerente de logística da Magirus para a Alemanha, Thales Maia,
CAMINHÕES
executivo brasileiro que está na Europa há 12 anos. “Os demais serão produzidos em Sete Lagoas”, completa.
REFORÇO PRODUTIVO
Para o CEO da Magirus, Antonio Benedetti, o Brasil e a América Latina
representam oportunidade para a
empresa. “Com uma população acima dos 500 milhões de habitantes,
a América Latina ainda tem estrutura
muito abaixo da necessidade quando
se trata de equipamentos para salvamento, considerando incêndios e
desastres naturais. Há uma demanda reprimida que os governos devem
suprir”, comentou.
Assim como todos os caminhões
de prevenção e combate a incêndio
da Magirus, o Super Impact é adaptado às exigências do cliente. No caso do Brasil, o modelo será do tipo
caminhão-bomba (jato de água),
com chassi e cabine adequados para
operação em aeroportos. Com capacidade para 11 mil litros, 22% a mais
que seu antecessor, o veículo leva
até três operadores na cabine, um a
mais do que a versão anterior.
O modelo que será importado para
o mercado brasileiro é fabricado na
nova linha de montagem da Magirus dentro do complexo industrial de
Ulm, inaugurada no fim de setembro
depois de receber aporte de 35 mi-
42
BUSINESS
MODELO SUPER IMPACT 6X6 começa a ser importado pelo
Brasil ainda em 2013 até o início da produção nacional
lhões no último ano para a reconstrução de um galpão que abrigava a
montagem do Iveco Stralis. A linha
de montagem do extrapesado foi
transferida para a planta da marca em
Madri, na Espanha. Com capacidade
para 1,8 mil unidades em dois turnos,
atualmente opera em um único turno
para fabricar mil veículos por ano.
O complexo atende a produção da
estrutura para a montagem de cabines, adaptação de chassi e fabricação
das escadas giratórias e articuladas,
com extensão de 24 a 60 metros. O
aporte contemplou a unificação das
áreas de engenharia, dando origem
ao novo centro de pesquisa e desenvolvimento da Magirus, que concentra
em Ulm as engenharias que funcionavam em plantas da marca na Áustria e
Itália. A equipe italiana, especializada
em caminhões destinados a aeroportos, participou durante um ano do desenvolvimento do Super Impact que
vem para o Brasil.
A planta de Ulm é responsável pela
adaptação, montagem e fornecimento de equipamentos necessários em
operações de salvamento para veícu-
los que servem bombeiros de todo
o mundo. A unidade monta os três
tipos essenciais de veículos: aéreo
(com escada giratória, geralmente
caminhões médios), caminhões-bomba (veículos para esguichos
d’água, sem escada) e de resgate
(utilitários leves adaptados e ambulâncias). Além dos modelos Iveco
(Daily, Tector, Tracker e Stralis), que
respondem por 50% da produção, a
Magirus tem flexibilidade para montar
veículos especiais sobre plataformas
de diversas marcas, à escolha dos
clientes, como cavalos mecânicos
Scania, Mercedes-Benz, Volvo e MAN.
Além de colocar em atividade a
nova linha de produção, em 2014
a companhia dará início às atividades do Centro Delivery, serviço para
atendimento ao cliente. Em visita à
fábrica, os compradores poderão
participar da concepção do veículo,
desde a escolha do modelo até o tipo
de equipamentos, conforme suas necessidades locais, a exemplo do que
a Iveco fez com representantes da
Infraero, que conheceram em Ulm o
conceito do Super Impact. „
SALÃO DE FRANKFURT
NOVAS SOLUÇÕES
PARA NOVOS DESAFIOS
MONTADORAS SE REINVENTAM DIANTE DE CRISE FINANCEIRA E DAS
TRANSFORMAÇÕES NA MOBILIDADE URBANA
GIOVANNA RIATO | DE FRANKFURT (ALEMANHA)
C
rise é oportunidade. A frase clichê, presente em tantos discursos motivacionais,
parece ter ganhado significado real na indústria automotiva europeia. No Salão do
Automóvel de Frankfurt, o IAA, na Alemanha, que ocorreu entre 12 e 22 de setembro, as fabricantes de veículos se mostraram reinventadas. Com caminhos e estratégias
diferentes, todas buscavam atrair novamente o interesse dos consumidores da região,
abalado pela instabilidade econômica.
A 65ª edição da mostra sustentou a tradicional grandiosidade, com mais de 230 mil
metros quadrados de exposição, área cerca de 2% menor que a do evento anterior, que
ocorreu em 2011 e atraiu quase 930 mil visitantes. A maior exibição automotiva do mundo refletiu as tendências mundiais do setor dentro do perfil dos consumidores da região,
sempre preocupados com segurança e impacto ambiental dos carros.
No primeiro semestre deste ano os emplacamentos de veículos de passeio no continente tiveram decréscimo de 6,6% na comparação com igual intervalo de 2012, para 6,2
milhões de unidades, segundo dados da Acea, associação dos fabricantes de veículos da
região. Mesmo diante do cenário desfavorável, grande parte das montadoras mantém o
empenho no desenvolvimento de produtos e tecnologias para mostrar ao consumidor que
os automóveis podem se adaptar às novas condições sociais e financeiras.
O clima do evento foi positivo mesmo diante do cenário incerto, mas dispensou exageros
do evento anterior, quando boa parte das montadoras extrapolou nas apostas nos carros
elétricos. A edição de 2013 foi “pé no chão”, com montadoras preocupadas em mostrar inovações, mas principalmente em indicar o papel do automóvel no novo contexto econômico.
44
BUSINESS
MARCAS ALEMÃS,
como a MercedesBenz, apresentaram as
grandes novidades do
Salão de Frankfurt
CONHEÇA OS DESTAQUES DO EVENTO
BMW
O destaque ficou para a família de carros i, com o elétrico hatchback i3
e o esportivo híbrido plug-in i8. “O aumento da eficiência energética dos
veículos é uma evolução natural, mas isso que estamos apresentando é
revolução”, ressaltou o CEO do grupo, Norbert Reithofer, durante apresentação dos produtos. O visual futurista, principalmente do i8, pode
fazer com que o carro seja confundido com um conceito, mas os automóveis chegarão ao mercado, inclusive ao brasileiro.
MERCEDES-BENZ
Entre as novidades da marca estavam três versões do luxuoso Classe S.
A primeira é o S 500 Plug-in Hybrid, capaz de rodar 100 quilômetros com
apenas três litros de combustível. Outro lançamento é o S63 AMG, que
prioriza o desempenho. A maior inovação, no entanto, é o Classe S Intelligent Drive, carro de grande autonomia testado em rota de 100 quilômetros sem motorista. Esse sim ainda em fase de protótipo (leia no quadro
a seguir). A companhia mostrou também o utilitário esportivo GLA, que
será produzido no Brasil.
AUDI
A Audi prometeu manter o ritmo acelerado de lançamentos,
com 10 a 15 novidades por ano.
O presidente da marca para o
Brasil, o alemão Jörg Hofmann,
que assumiu o cargo há apenas
três semanas, confirmou que a
ampliação da gama é essencial
para que a empresa alcance os
objetivos de crescimento. “Precisamos de mais produtos, preços
mais baixos e mais concessionárias”, apontou. Dentro desse plano está prevista a chegada do S3
no Brasil ainda no fim de 2013.
Para o ano que vem, a companhia adianta o lançamento de
seu primeiro utilitário esportivo
no Brasil, o SQ5, no início do
ano, da versão conversível do A3
e do RS7 também no primeiro
semestre. Na segunda metade
do ano é a vez do A8 reestilizado
e do S8.
PSA PEUGEOT CITROËN
A marca apresentou dois carros que
serão lançados no Brasil: o novo
3008 e o 2008. O primeiro chega
ao mercado nacional em 2014. Já
o outro modelo começa a ser vendido apenas em 2015, mas com
produção local. Sem novidades para o mercado brasileiro, a Citroën
destacou o conceito C Cactus, que
antecipa as linhas futuras dos carros
da gama C. O modelo é um híbrido
diesel-elétrico.
VOLKSWAGEN
A Volkswagen também deu
passo importante na direção
do automóvel sustentável. A
fabricante alemã apresentou
os elétricos e-Up! e e-Golf,
que, segundo a companhia,
precisa de investimento de
apenas 3,24 euros em carga
para rodar 100 quilômetros.
SALÃO DE FRANKFURT
HYUNDAI
A Hyundai levou a nova geração do compacto i10. Desenhado para o
mercado europeu, o carro ficou mais longo e largo e é equipado com
motores a gasolina 1.0 e 1.25. A coreana reafirmou o otimismo com o
Brasil. “Apostávamos que o HB20 teria bons volumes de vendas, mas não
poderíamos imaginar que, em um segmento tão concorrido, o carro teria
filas de espera de 30, 60 dias”, destaca Frank Ahrens, vice-presidente de
comunicação corporativa da organização.
JAGUAR LAND ROVER
A Jaguar Land Rover estreou o Discovery 2014, que agora será uma nova
família de veículos. A gama da companhia irá se dividir em produtos de
luxo com a linha Range Rover, com modelos como Evoque e Vogue, a
gama off road e veículos que atendem aos dois propósitos, que integrarão a família Discovery. A companhia apresentou também o Evoque com
câmbio de nove marchas, que chega ao Brasil no ano que vem.
RENAULT
A francesa mostrou o sexto carro-conceito
de Laurens van den Acker, o Initiale Paris. A
marca também anunciou que o mesmo nome será usado nas versões premium da sua
gama de veículos, assim como atualmente
são chamados de R os carros de desempenho mais esportivo da companhia.
CARRO AUTÔNOMO FOI APOSTA TECNOLÓGICA
E
ntre as novidades do Salão de Frankfurt se destacaram
projetos que sinalizam a chegada dos carros autônomos.
Montadoras e seus fornecedores trabalham para mostrar
que os veículos capazes de rodar sem participação tão ativa
do motorista estão próximos de se tornar realidade. A primeira vitrine disso foi o protótipo do Mercedes-Benz Classe
S Intelligente Drive, exibido no evento.
A ideia é que, quando a tecnologia estiver madura, o
motorista possa entrar no automóvel e fazer outras coisas enquanto o carro se autoguia, como checar e-mails,
conversar ou ler. “Na Alemanha, as pessoas gastam, em
média, 90 minutos por dia no carro. Imagine se pudéssemos dar esses 90 minutos para que elas fizessem outras
coisas”, instiga Christoph Schrader, engenheiro da Bosch
envolvido no projeto do sistema de direção autônoma da
companhia, que expôs um protótipo no salão.
46
BUSINESS
“Todos trabalham nisso e seguem prazos semelhantes,
mas cada empresa está apostando em um sistema diferente. O maior estímulo é a segurança”, avalia Jérome Coudre,
gerente de marketing dos produtos da Delphi para a Europa.
A corrida tecnológica pretende reduzir o número de mortes
no trânsito, que chega a 1 milhão no mundo anualmente.
A Valeo levou ao evento o protótipo de um carro autônomo, fazendo demonstrações na área externa do evento. O
veículo circulava e estacionava sozinho, com eventuais interferências do motorista por meio de um smartphone.
A empresa fez questão de mostrar a tecnologia, apesar de
reconhecer que ela ainda é instável. “Precisamos, ao menos,
de mais dois anos”, reconhece Joachim Mathes, diretor de
pesquisa, desenvolvimento e marketing do grupo, indicando
que a novidade está sendo testada a pedido de vários clientes,
como BMW, Mercedes-Benz, Kia, Ford e Audi.
Para realizar o sonho do país do futebol,
o Brasil tem a força do aço Gerdau. A força da transformação.
O aço da Gerdau tem a força da transformação.
Os sonhos mudam, o aço da Gerdau se transforma. Reciclamos
milhões de toneladas de sucata para produzir aço de qualidade,
que está preparando nosso país para ser o palco de todas as torcidas.
Nas conquistas mais importantes, estamos sempre com o Brasil.
www.gerdau.com
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
NOVIDADES NA FENATRAN
AO LADO DAS FABRICANTES DE CAMINHÕES, EMPRESAS DO SETOR
APROVEITARAM A FEIRA PARA APRESENTAR SEUS PRODUTOS
LUCIANA DUARTE
Fenatran, maior feira da indústria brasileira de
veículos comerciais, chegou à décima nona
edição com a expectativa de atrair 57 mil visitantes de 45 países entre 28 de outubro e 1º de novembro.
Assim como as fabricantes de caminhões, o segmento de
implementos rodoviários tinha novidades para os 100 mil
metros quadrados da exposição.
O evento coincidiu com momento positivo para o setor.
As vendas subiram 10% entre janeiro e setembro na comparação com igual período do ano passado, para 131,4
mil unidades. “A projeção é manter a taxa de crescimento
A
de 10% este ano sobre o resultado de 2012, sustentada
pelas baixas taxas de juros do Finame PSI”, prevê Alcides
Braga, presidente da Anfir, Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários.
Na avaliação do dirigente, a decisão do governo de fixar as taxas de juros do Finame PSI em 3% ao ano para
as compras realizadas no primeiro semestre e 4% na segunda metade de 2013 permitiu que o mercado se programasse para ir às compras. “Como resultado estamos
recuperando as perdas de 2012”, afirma. Nesse cenário,
a indústria aproveitou a feira para incentivar os negócios.
OS LANÇAMENTOS DO SETOR
RANDON
A maior fabricante de reboques e semirreboques da
América Latina apresentou uma série de agregados
tecnológicos na Linha R, como freios ABS, novas
sinaleiras, protetores laterais aparafusados e fabricados
com alumínio para redução de tara, apara-barro
anti-spray e novo balancim, que garantem maior
produtividade e eficiência aos produtos da marca. A
empresa também promove dois produtos da linha
leve, a carroceria furgão para carga em geral, de
duralumínio, e a carroceria graneleira.
ROSSETTI
Entre as novidades da fabricante paulista estava o
semirreboque Vanderleia, com capacidade de 20 a 46
metros cúbicos, para atender as plantas de mineração
e construção. Outro destaque é o rodotrem graneleiro,
que pode levar até 74 toneladas de peso bruto total
(PBT). A empresa também aproveitou a Fenatran para
mostrar pela primeira vez a caçamba meia-cana com
balança embarcada. A operação do equipamento foi
demonstrada com ajuda de um guindaste, que fará a
transferência de carga para a caçamba.
48
BUSINESS
IMPLEMENTOS RODOVIÁRIOS
FACCHINI
A organização, segunda maior
fabricante de Implementos Rodoviários
do Brasil, exibiu na Fenatran a linha
de carrocerias, furgões, caçambas
basculantes, semirreboques, reboques,
bitrens, rodotrens e carretas agrícolas.
THERMO KING
A marca norte-americana de equipamentos de
refrigeração preparou para a Fenatran a série
Precedent de semirreboques frigoríficos.
O equipamento recebeu um compressor
diretamente acoplado ao motor, minimizando as
perdas na transformação de energia. O gerador, por
sua vez, está acoplado por correia ao motor diesel.
RODOFORT
O destaque da companhia foi o novo rodotrem
para transportar cana picada. O conjunto é
composto por um semirreboque e um reboque,
que totalizam 20 metros de comprimento e
oferecem uma capacidade de 124 metros
cúbicos de carga. Segundo a empresa, foram
necessários R$ 500 mil de investimentos para o
desenvolvimento do produto.
LIBRELATO
A grande novidade da fabricante paulista foi a Linha
Horizon. Avanços tecnológicos nas estruturas dos
chassis e componentes correspondentes foram
introduzidos nas linhas graneleira, de carga fechada,
basculantes, tanques e linha leve. A empresa informa
também que foram realizadas melhorias na caixa de
carga do equipamento, como vedação da tampa,
suporte elevado dos engates elétrico e pneumático,
além de novo design das sinaleiras e haste do paralama com sistema de fixação modificado.
50
BUSINESS
NOMA
A Noma levou à exposição uma carroceria aberta
totalmente feita de alumínio, que promete trazer
economia de combustível e competitividade para
o segmento de transporte de cargas. O projeto foi
idealizado pela Associação Brasileira do Alumínio
(Abal) e executado pela Noma. „
SUPRIMENTOS
FORD PREMIA MELHORES
FORNECEDORES DA AMÉRICA DO SUL
COMPANHIA ENTREGOU TOP SUPPLIER A 13 EMPRESAS
PREMIAÇÃO ocorreu
durante o encontro anual
da Ford com os principais
fornecedores da região
A
Ford promoveu em São Paulo, dia 29 de agosto, o Top
Supplier 2013, para premiar
os fornecedores da América do Sul
que se destacaram pelo desempenho
no ano passado. Para elaborar a lista
dos melhores parceiros de negócio,
a montadora levou em conta quesitos como qualidade, custo, entrega e
relacionamento comercial.
A premiação ocorreu durante o
encontro anual da Ford com os seus
principais fornecedores região, quando a companhia apresentou os resultados na América do Sul e promoveu
o alinhamento de metas.
A décima segunda edição do Prêmio Top Supplier teve a participação
de Steven Armstrong, presidente da
Ford Brasil; Sue Leone, diretora de
assistência técnica ao fornecedor das
América; Amit Singhi, diretor de finanças da América do Sul; João Pimentel, diretor de compras da América do
Sul, e outros executivos da empresa.
Steven Armstrong destacou que o
Top Supplier é o prêmio mais importante da Ford América do Sul para
seus fornecedores de produtos e serviços. “Trata-se de um reconhecimento
aos nossos parceiros pelo investimento em melhoria contínua para oferecer
o máximo em qualidade e custo-benefício para os clientes, promovendo as
melhores práticas e o desenvolvimento sustentável”, disse.
VENCEDORES DO FORD TOP SUPPLIER 2013
Interior e Acabamento
Grammer do Brasil
Elétricos e mecanismos
Kostal Eletromecânica
Chassis
Gabriel de Venezuela
Body & exterior
Brose do Brasil
Raw material e estampados
Metalúrgica Paschoal
52
BUSINESS
Powertrain/PTI
ZF do Brasil
Powertrain/PTC
MGI Coutier Argentina
Serviço ao cliente – peças
e acessórios
Tenneco Automotive Brasil
Caminhões
Behr do Brasil
Serviços
Evik Segurança e Vigilância
Material industrial
Mapal do Brasil Ferramentas
de Precisão
Máquinas e equipamentos
Grob do Brasil
Transportes
Transportes Furlong
SE COM O
PRIMEIRO PRÊMIO
FICAMOS FELIZES,
IMAGINE COM
O SEGUNDO.
Kostal, a única empresa a receber
o prêmio 2 anos consecutivos.
Receber da FORD do Brasil, o “Prêmio Top Supplier 2013” como melhor fornecedor na Categoria
Electrical é a prova do reconhecimento dos constantes investimentos em qualidade e tecnologia que
a Kostal vem fazendo ao longo dos anos. O nosso comprometimento vai além de oferecer uma ampla
gama de produtos, serviços e a excelência no resultado custo-benefício. Trabalhamos sempre para
exceder às expectativas do cliente, aliado as melhores práticas e com o desenvolvimento sustentável.
0800 456 7825 | www.kostalbrasil.com.br | www.kostal.com
MONTADORAS
| ESTRATÉGIA
HB20: sucesso imediato de
vendas no Brasil teve design
estudado por dois anos
DESIGN MARCANTE
PUXA REPUTAÇÃO GLOBAL
DA HYUNDAI
CONCEITO DE ESCULTURA FLUIDA E OFERTA DE TECNOLOGIA
PREMIUM POR PREÇO MENOR COLOCAM A MARCA COREANA
ENTRE AS DEZ MAIS VENDIDAS E MAIS VALIOSAS DO MUNDO
PEDRO KUTNEY, DE SEUL E ULSAN (COREIA DO SUL)
R
epousa nos traços expressivos
de Casey Hyun parte significativa do sucesso global
Hyundai, que na última década
transformou-se de marca emergente para uma das mais valorizadas e vendidas do mundo. Gerente de design criativo da empresa
em Seul, capital da Coreia do Sul,
Hyun foi responsável por introduzir
a linguagem visual de “escultura
fluida” dos carros da fabricante, começando em 2009 com a
renovação do sedã médio Sonata. Ao lado do conceito “modern
54
BUSINESS
premium” adotado pelo fabricante,
de tornar a prosperidade tecnológica de seus automóveis mais
acessível, a nova identidade visual
catapultou as vendas da Hyundai,
incluindo o Brasil com o HB20.
O salto foi de menos de 1 milhão
de unidades vendidas no início dos
anos 2000 para 4,4 milhões em
2012, com expectativa de passar
de 4,6 milhões este ano, somando
a produção de sete fábricas na Coreia e outras nove em sete países.
Esse desempenho faz a Hyundai
flutuar entre a sexta e sétima posi-
ções do ranking mundial das marcas mais vendidas do mundo – isso sem incluir a também coreana
Kia, do mesmo grupo, na casa dos
2,5 milhões de veículos/ano.
Em 2005 a Hyundai tornou-se
a primeira fabricante coreana de
veículos a figurar no ranking das 100
marcas mais valiosas do mundo elaborado pela consultoria Interbrand.
Desde então, o valor da marca saltou
de US$ 3,5 bilhões para US$ 9 bilhões este ano. De 2012 para 2013, a
Hyundai subiu da 53ª para a 43ª posição na listagem geral, ficando em
SE VOCÊS CONTINUAREM COMPRANDO
NOSSOS CARROS, COM CERTEZA VAMOS
TER DE OFERECER NOVIDADES
CASEY HYUN, gerente de design
criativo da Hyundai, em Seul
sétimo entre as montadoras, à frente
de gigantes como Porsche e Ferrari.
As trajetórias bem-sucedidas de
Hyun e da Hyundai têm similaridades
que vão além do nome de ambos,
parecem se confundir com o sucesso da própria Coreia do Sul, que em
apenas duas décadas se transformou
em nação desenvolvida, graças ao
progresso educacional de seu povo.
Criado na Austrália e formado em design automotivo na Inglaterra, Hyun
é a imagem da Coreia moderna e
globalizada. No caso de Hyun, ele
trouxe ar fresco aonde antes havia
formas estéreis, sem personalidade.
O designer iniciou carreira na Hyundai em 2005 e já traçou as linhas de
DOMÍNIO DO AÇO
A
lguns consultores e executivos do setor automotivo
costumam dizer com certeza inabalável que a tendência da indústria automotiva é de pulverização das operações industriais entre fornecedores. Certamente eles se
esqueceram de contar isso ao Grupo Hyundai. Além de
comandar nada menos que 12 fornecedores diretos de
autopeças e serviços, a companhia coreana também tem
o controle sobre o mais básico dos insumos, o aço, que
representa cerca de 60% do peso de um veículo. A siderúrgica Hyundai Steel pertence à divisão automotiva da
companhia e fornece perto de 60% das necessidades das
fábricas de automóveis e caminhões da Hyundai e Kia.
E a expectativa é elevar o porcentual para 70% até 2014.
“Só não entregamos mais porque não temos capacidade”, diz Won-Suk Cho, vice-presidente executivo sênior,
responsável pelo centro de pesquisa e desenvolvimento da
Hyundai Steel em Dangjin, que tem capacidade para processar 23 milhões de toneladas de aço laminado por ano,
alguns dos mais bem vendidos carros da marca. O primeiro deles é o
hatch médio i30, que introduziu a
coreana no segmento de maior volume na Europa e este ano chega à
sua segunda geração, desta vez com
o visual fluido.
SUCESSO DO HB20
O mais recente sucesso desenhado
por Casey Hyun é o hatch compacto
HB20, que em apenas um ano já superou as 100 mil unidades vendidas.
Posicionado no segmento mais competitivo do mercado brasileiro, o carro
conquistou de maneira arrebatadora
o gosto do consumidor, que formou
filas de espera e colocou o modelo,
– boa parte do minério
de ferro é fornecida pela
Vale, do Brasil. Em 2012
o complexo forneceu
8,5 milhões de toneladas de bobinas de aço
para fábricas de veículos
do grupo e placas para
a Hyundai Heavy Industries (navios).
“Fabricamos nosso
próprio aço não só por questão de preço, que negociamos
como qualquer outro fornecedor, mas porque consideramos um insumo estratégico para controlar a qualidade dos
veículos que produzimos”, afirma Cho. “É nossa arma secreta. Com a demanda por redução de peso nos carros
para aumentar a eficiência de consumo, podemos sair na
frente com um controle sobre um material estratégico que
nenhuma outra montadora tem”, destaca Frank Ahrens,
vice-presidente global de comunicação da Hyundai.
MONTADORAS
|
ESTRATÉGIA
desde o lançamento, na lista dos dez mais vendidos do País. Graças ao raro acerto de produto, a mais nova fábrica da Hyundai no
mundo, em Piracicaba (SP), já opera no limite máximo, de 150 mil
veículos/ano, em três turnos.
“Os designers ficaram meses no Brasil para entender as necessidades do consumidor. Por isso o que surpreende não é o sucesso
do HB20, mas o tamanho dele”, confirma Frank Ahrens, vice-presidente de comunicação global da Hyundai. Ele admite que, a continuar nesse ritmo, a fábrica brasileira poderá receber ampliações e
aumentar a capacidade para 300 mil unidades/ano.
Hyun conta que conhecia pouco o País, mas quando surgiu o
projeto do HB20 fez a lição de casa. A primeira visita foi em 2008,
quando veio a São Paulo. Em 2009, ele mandou dois designers
da Hyundai para viver um ano no Brasil e imergir na cultura local.
“Falamos com muitas pessoas, não só designers de carros, mas
também de moda e outros setores, para compreender do que gostavam os futuros clientes.”
“Há muitas coisas sobre o Brasil, mas a definição principal é de
um povo livre e aberto a ideias. Sobre carros, descobrimos que a
aparência esportiva é muito importante. O design tem de ser expressivo, forte e dinâmico para agradar. Isso combinou com nosso
conceito, mas os traços do HB20 precisaram ser ainda mais marcantes para compensar o gosto conservador por cores dos brasileiros (que preferem carros brancos, prata e pretos)”, define.
Depois de fazer tanto sucesso com o HB20 e lançar a família
completa, incluindo a versão aventureira HB20X e o sedã HB20S,
o que virá? Hyun não confirma em qual estágio estaria o projeto
do utilitário esportivo compacto derivado da mesma plataforma do
HB, mas também não nega que o design do carro esteja em andamento. “Se vocês continuarem comprando nossos carros, com
certeza vamos ter de oferecer novidades”, diz. „
56
BUSINESS
ULSAN É EXEMPLO DE
COMPETITIVIDADE
O
s enormes avanços de competitividade e produtividade da Hyundai
podem ser conferidos no complexo industrial de Ulsan, o maior do setor automotivo no mundo, com capacidade
para produzir 1,54 milhão de veículos
por ano em cinco unidades de produção completas. Cada uma tem setores
independentes de estamparia, funilaria,
pintura e montagem final para fazer 18
diferentes modelos de automóveis e comerciais leves. Na imensa área de 5 milhões de metros quadrados trabalham
34 mil pessoas e estão presentes uma
fábrica de motores e outra de transmissões, além de vários dos 12 fornecedores de autopeças e serviços que também pertencem ao grupo.
Os gastos com logística são mínimos.
Os carros saem das linhas de montagem
e vão direto para o pátio do porto próprio
da Hyundai, dentro do mesmo complexo
de Ulsan, que recebe entre 60 e 65 navios
por ano. Todos os dias, são embarcados
cerca de 3 mil veículos para centenas de
países. Mais de 80% da produção das cinco fábricas é exportada.
Ulsan é o berço da Hyundai e da indústria automotiva coreana. As operações começaram em 1967, mas só em 1976 foi
lançado o primeiro carro desenvolvido na
Coreia, o Hyundai Pony, que tinha design
italiano e motor da japonesa Mitsubishi.
Com 46 anos de existência e há apenas 30
anos disputando o competitivo mercado
mundial, a Hyundai é mais jovem potência automotiva do mundo. A posição foi
conquistada com ajuda do governo, baixo
custo de produção, globalização e, mais
recentemente, com aumento do valor
agregado em tecnologia e design.
SERVIÇOS
| CADERNO ESPECIAL
SERVIÇOS
Automotive Business dedica as próximas 22 páginas editoriais à análise
do papel e da evolução dos serviços na indústria automobilística.
O caderno especial começa com uma boa dose de tecnologia da
informação para avaliação do Big Data, que começa a despontar no Brasil
como uma ferramenta poderosa em todos os campos do setor automotivo,
da programação de suprimentos e manufatura ao conhecimento do
mercado, do comportamento do consumidor e do aftermarket, passando
pelo desenvolvimento tecnológico, pesquisa e inovação. Tratamos também
de engenharia e projeto, testes e simulações e automação, abrindo
depois espaço para as operações logísticas, crédito, RH e treinamento,
certificação, campanhas promocionais e distribuição.
BIG DATA
CONSULTORIA
ENGENHARIA E PROJETO
TESTES E SIMULAÇÕES
AUTOMAÇÃO
LOGÍSTICA
58
64
66
68
72
74
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84
86
FINANCEIRAS
RH E TREINAMENTO
CERTIFICAÇÃO
MARKETING
DISTRIBUIÇÃO
Automotive
SERVIÇOS
| BIG DATA
A ERA DO
FOTOMONTAGEM: LUIS PRADO
BIG
DATA
NA INDÚSTRIA AUTOMOTIVA
58
BUSINESS
CARROS DO FUTURO VÃO GERAR
1 GIGABYTE DE INFORMAÇÕES POR
SEGUNDO, OBRIGANDO EMPRESAS A
CAPTURAR DADOS EM TEMPO REAL PARA
TER UMA VISÃO DE 360 GRAUS DOS
CLIENTES, DESENVOLVER PRODUTOS MAIS
PRÓXIMOS DO DESEJO DELES E GANHAR
VELOCIDADE NOS NEGÓCIOS
EDILEUZA SOARES
cionamento com os clientes.
Desenvolvido com cérebro robótico, o self-driving car transmitirá dados por satélites e redes de banda 3G
e 4G via telemetria por meio de chips
de comunicação machine to machine (M2M) ou máquina a máquina.
São tecnologias que integrarão os
carros à Internet das Coisas, segunda
grande onda da web para nascimento da sociedade digital, onde objetos
inanimados ganharão capacidades
sensoriais para ajudar a criar experiências de uma vida sustentável e
DIVULGAÇÃO/NISSAN
C
arros que podem ser programados para pegar crianças
na escola, transportar portadores de deficiência visual e configurados pelos próprios motoristas para
dirigir sozinhos quando estiverem
cansados ou não quiserem pegar no
volante numa estrada à noite. Essas
são algumas das características de
uma geração de carros hightechs,
equipados com câmeras de vídeo,
radares e sensores que estarão circulando pelas ruas em um futuro não
muito distante. É o chamado self-driving car, veículo autônomo projetado pela indústria e previsto para
chegar às lojas por volta de 2020.
Dotados de inteligência artificial
e com uma infinidade de sistemas
embarcados, esses carros informatizados prometem causar uma grande revolução na vida das pessoas e
também das fabricantes, que terão
de começar a se preparar desde já
para lidar com o fenômeno do Big
Data, ou grande volume de dados,
que serão gerados por esses automóveis conectados. A quantidade de
informações processada pelas novas
tecnologias tende a mudar a forma
como o setor analisa a sua cadeia
de abastecimento para desenvolvimento, produção dos veículos e rela-
inteligente.
Com essa sofisticação, os veículos
tendem a se transformar no futuro
em uma espécie de data center, central de dados, em cima de quatro rodas com capacidade para processar
informações sobre sua manutenção,
interagir com o motorista e prestar
uma série de serviços.
As estimativas dos especialistas
são de que o carro autônomo vai
processar 1GB (gigabyte) de informações por segundo, podendo se
comunicar com sistemas internos e
externos e até com outros carros por
redes Wi-Fi para ajudar a controlar o
tráfego e prevenir acidentes.
Um protótipo real de como será
o carro autônomo é o Toyota Prius,
baseado na tecnologia Google de
self-driving car, que chama atenção
quando é visto fazendo manobras sozinho pelas ruas de San Francisco e
cidades do Estado de Nevada, nos Estados Unidos. Com base nos testes,
a empresa de internet planeja criar
táxis que dispensam motoristas. Um
dos principais objetivos da empresa é
reduzir ocorrências de trânsito, uma
vez que o piloto automático tem uma
visão de 360 graus das ruas, não dor-
A NISSAN desenvolve
tecnologias de carros
autônomos no Japão
| BIG DATA
me, identifica obstáculos e pessoas,
evitando atropelamentos e colisões.
LABORATÓRIOS
Na trilha do Google, engenheiros
automotivos e gênios da tecnologia
disputam corrida silenciosa projetando robôs e sistemas inteligentes para
carros futuristas em laboratórios de
universidades de Stanford, Oxford,
Massachusetts Institute of Technology
(MIT), Carnegie Mellon e outras.
Montadoras como GM, Nissan,
Toyota, Mercedes-Benz, BMW, Audi,
Ford, Tesla e Volvo trabalham para
equipar o carro autônomo em parcerias com empresas de tecnologia.
Além do Google, Apple, Nokia, Microsoft, Intel e Cisco são algumas
das envolvidas no desenvolvimento
de soluções.
O consenso da indústria é que a
condução autônoma esteja disponível
em 2020, começando pelos semiautomáticos. Em aproximadamente cinco anos, o setor acredita ser possível
eliminar obstáculos para disseminação do self-driving car. Além dos aspectos tecnológicos, o novo carro vai
exigir pavimentação de novas estradas com infraestrutura de comunicação, criação de padrões abertos para
que os sistemas se falem e legislações
sobre questões de privacidade.
Os analistas de mercado destacam
também a necessidade da definição
de políticas para serviços públicos para que os carros autônomos possam
se conectar às cidades inteligentes
que farão parte da sociedade digital.
Entre esses serviços estão as novas
redes de energia elétrica, chamadas
de smart grid, que vão interagir com
os veículos elétricos, bem como os
estacionamentos inteligentes, que
permitirão que os motoristas façam
reserva de vaga e pagamento on-line.
ESTRADA DE DADOS
Toda a tecnologia inteligente que está
60
BUSINESS
DIVULGAÇÃO/T-SYSTEMS
SERVIÇOS
SÉRGIO SAVANE, diretor de
engenharia e desenvolvimento
de sistemas na T-Systems Brasil
sendo projetada para equipar o carro
do futuro vai exigir estratégias da indústria automotiva para gerenciar o
Big Data, grande volume de dados que
será gerado em tempo real.
Relatórios da IBM calculam que o
mundo produz por dia em torno de
15 petabytes de dados. Para efeito de
comparação, um petabyte equivale
a cerca de 115 mil horas de vídeo
em alta definição. Do volume total
de informações criadas, apenas 15%
é estruturado ou organizado, armazenado em sistemas corporativos.
Os outros 85% restantes são dados
não estruturados, que podem estar
dentro e fora da companhia em diferentes formatos como vídeo, texto e
áudio como e-mails, conteúdos multimídia postados nas redes sociais.
O conceito que o Big Data prega
é caracterizado pelo enorme volume,
variedade, velocidade e veracidade dos
dados gerados por uma imensidão de
fontes de informação. No caso da indústria automotiva, incluirá dados dos
sensores do veículo, reclamações de
garantia e feedback de clientes.
Para sustentar o crescimento do
setor, líderes em toda a indústria automotiva estão priorizando investimentos que permitam rapidamente lançar
carros cada vez mais sustentáveis,
capitalizar oportunidades de serviços
para veículos inteligentes e otimizar
o supply chain, constata Ana Claudia Oliveira, gerente de vendas para
a América Latina da Pivotal, do grupo EMC, fornecedora de ferramentas
analíticas. Ela destaca que o novo cenário transformará o setor no segundo maior gerador de dados no mercado mundial. Pesquisas da Forrester,
apontam que em 2015 as montadoras vão perder nesse quesito somente
para o segmento aeroespacial.
“O Big Data é uma grande
oportunidade para a indústria automotiva. Os dados digitais podem
se transformar em um tesouro nas
mãos das montadoras”, afirma Sérgio Savane, diretor de engenharia e
desenvolvimento de sistemas na T-Systems Brasil e que também é diretor do comitê de TI do SAE Brasil.
Ao se apoiar em ferramentas analíticas, Savane acredita ser possível ter
uma visão de 360 graus do cliente,
avaliar seu comportamento em tempo
real e alimentar toda a cadeia automotiva com informações precisas sobre o
que agrada mais aos consumidores.
Há poucas iniciativas no setor automotivo no mercado brasileiro, segundo avaliação de fornecedores de
tecnologias analíticas para tratamento de grandes volumes de dados. “A
adoção de Big Data aqui ainda é incipiente, mas na Europa as companhias já se apoiam em ferramentas
analíticas para coletar dados relevantes ao negócio no pós-venda, para
monitorar garantia de produtos e na
área de desenvolvimento”, constata.
A Mercedes-Benz investiu na Europa em projeto de Big Data no pós-venda, para monitorar produtos e
saber que peças quebram com mais
frequência. A montadora pode cruzar
essas informações com dados históricos e também com o que os clientes estão falando nas redes sociais.
Ao perceber quebras de uma peça
na mesma semana, a montadora pode agir rapidamente, informando ao
fornecedor e chamando consumidores para substituição, melhorando o
relacionamento com o cliente.
Segundo o executivo da T-Systems, esse tipo de informação, que
levava dois a três meses para ser levantado, pode ser coletado em tempo real com estratégias de Big Data.
“A indústria deixa de se apoiar apenas em bases de dados do passado e
sai do papel de reativa para ser mais
proativa”, avalia Savane.
A Ford também vem adotando estratégias de Big Data para analisar a
montagem dos carros da marca antes
de serem projetados. A companhia
está cruzando informações sobre estoques na concessionária com o desempenho do motor para tomar decisões mais rapidamente e melhorar a
experiência do consumidor.
Como exemplo da necessidade de
avaliar, modelar informações e fazer
análises preditivas, a Ford menciona
a sua linha Energi plug-in de veículos
híbridos que gera 25 GB de dados
por hora, processados e devolvidos
aos motoristas por meio de um aplicativo móvel, embarcado nos carros.
As informações são sobre a vida da
bateria, as estações de carregamento
mais próximas e outros dados sobre
o desempenho do automóvel.
“Big Data é um desafio para a indústria automotiva, que tem muitos
silos de dados e algumas áreas não
trocam informações”, avalia André
Felipe, diretor de marketing da Siemens PLM Software América Latina.
Ele observa que hoje as montadoras
trabalham com cinco (ERP, BI, CRM,
supply chain e PLM) grandes sistemas separados, cada um suportando
uma área de negócios. O primeiro
passo, segundo ele, é organizar essas bases de dados e trazer informações externas para cruzar com as
internas, buscando correlações. “Os
dados têm de ser entregues dentro
de um contexto”, recomenda.
Uma montadora do Brasil já está
testando a plataforma de Big Data
Hana da SAP, tecnologia com armazenamento de dados na memória do
banco de dados. Sem revelar o nome da empresa, Daniel Bio, gerente
de desenvolvimento de negócios da
SAP Brasil, relata que a ferramenta
está apoiando a coleta de informações em tempo real da lista de itens
críticos para a montagem dos produtos no prazo de 12 horas.
Bio explica que essa listagem era
rodada à noite para início da produção às 6 da manhã. O processo,
segundo ele, levava quatro horas e
hoje é feito em 15 minutos. “Há ganhos de tempo e redução de estoque”, avalia o executivo da SAP, que
vê benefícios do Big Data em várias
áreas no setor automotivo. Um deles
é na captura de dados dos carros conectados por telemetria (M2M) para
prestar serviços ao motorista.
MODELOS DE NEGÓCIOS
“A indústria automotiva vai usar Big
Data em todo o ciclo de vida do veículo”, prevê Cezar Taurion, gerente
de novas tecnologias da IBM Brasil.
Ele menciona os projetos em plataformas globais que exigem muita colaboração para simulações de novos
produtos e que geram uma múltiplos
dados, que precisam ser tratados,
cruzados e analisados para acelerar
os processos.
Hoje a seguradora faz apólices de
seguro com base num perfil que nem
sempre reflete o comportamento do
motorista. Com o carro conectado,
Taurion afirma que a montadora terá como saber se ele é cuidadoso no
trânsito e também como está fazendo manutenção de seu carro.
“A indústria pode dizer que tem esses dados. São informações valiosas
para a seguradora, que tem interesse
em reduzir os riscos dos seguros para oferecer preços menores e atrair
clientes que hoje não contratam seguros”, acredita o executivo da IBM.
Os postos de gasolina também podem se interessar por esses dados.
A montadora, ao saber que o motorista circula com pouco combustível,
pode indicar o posto mais próximo
O CONSUMIDOR E OS CARROS CONECTADOS
O
carro autônomo tem aprovação do consumidor, segundo estudo da Cisco, fabricante de tecnologias de rede, que avaliou a experiência e confiança em veículos automatizados ou não pilotados. A pesquisa envolveu mais
de 1,5 mil usuários de carros em dez países: Alemanha, Brasil, Canadá, China,
Estados Unidos, França, Índia, Japão, Reino Unido e Rússia.
Mais da metade dos entrevistados, ou 57%, afirmou que andariam em um
carro totalmente controlado por tecnologia que dispensa um motorista humano.
Os consumidores mais confiantes são os brasileiros: 96% aprovaram o carro autônomo. Esse índice na Índia ficou em 86% e na China em 70%.
Entre os entrevistados, 52% disseram que gostariam de controlar o preço
do combustível a partir de um veículo. O estudo mostrou também que 35%
gostariam de saber por meio de seu carro a disponibilidade de assistência
automotiva em estradas e 32% querem monitorar informações de recall.
Em troca disso, 74% permitiriam o acompanhamento de seus hábitos de
direção a fim de economizar em seguro, manutenção ou custos de serviços.
| BIG DATA
e sugerir um desconto, em caso de
parcerias com determinada rede.
Para Taurion, os modelos de negócios vão mudar como o carro conectado. As montadoras vão saber como
seus clientes estão dirigindo e podem
propor uma série de serviços. No caso do carro elétrico, haverá a possibilidade de informar aos motoristas
as promoções para carregamento de
eletricidade, caso o veículo esteja conectado com sistemas de smart grid,
redes inteligentes de energia.
Exemplo disso já ocorre em
Portugal, relata Daniel Costa, consultor na área de indústria da Teradata, mencionando o acordo entre a
Nissan e o governo. O país foi o primeiro a adotar uma política pública
para o carro elétrico, com criação de
uma rede nacional de carregamento.
Os motoristas são avisados sobre os
melhores horários e as promoções,
cujas informações passam por ferramentas analíticas de Big Data.
MANUTENÇÃO EFICIENTE
Uma das grandes revoluções dos carros conectados é que as montadoras
passarão a ter nas mãos dados do
comportamento dos motoristas e da
manutenção dos carros, podendo melhorar a qualidade da garantia e reduzir
as falhas que obrigam a fazer recall.
Ana Claudia Oliveira, gerente de
vendas para a América Latina da Pivotal, do grupo EMC, aponta que
atualmente a montadora sabe sobre
a manutenção dos carros pelas informações que são coletadas durante
as revisões. Com estratégias de Big
Data, esses dados poderão ser capturados pelo setor enquanto os veículos
rodarem pelas ruas, por intermédio
dos GPS, desde que sejam resolvidas
as questões de privacidade.
A grande vantagem dessa mudança, segundo a executiva, é que as
manutenções estabelecidas hoje pela quilometragem rodada tendem a
62
BUSINESS
DIVULGAÇÃO/MERCEDES-BENZ
SERVIÇOS
GLAUCI TONIATO, gerente de
marketing de produto automóveis
da Mercedes-Benz do Brasil
ser determinadas com base no comportamento do motorista, reduzindo
custos de estoque e logística. As empresas podem ainda descobrir por
meio da avaliação das informações
sobre tipos de peça que se adaptam
aos mercados, como pneus que não
são indicados para o clima do Brasil.
Esse tipo de dados pode munir a
equipe de desenvolvimento para reduzir o número de recalls, acredita
Renata Sollero, gerente de território
para o Brasil da Stratasys, que fornece impressoras 3D para o setor.
Segundo ela, hoje um dos maiores
esforços da indústria é para reduzir
erros nos projetos de peças antes da
fabricação. A constatação antes ajudaria a diminuir os recalls.
REDES SOCIAIS
O monitoramento de dados dos
motoristas pelas redes sociais é um
instrumento valioso para a indústria
automotiva, considera Renata. Essas
mídias possibilitam saber a percepção sobre lançamentos, falhas em
carros e medir o desejo dos clientes.
Glauci Toniato, gerente de marketing de produto automóveis da Mercedes-Benz do Brasil, reconhece a
importância do monitoramento dos
dados de redes sociais. “Temos uma
equipe no Brasil olhando atentamente o que nossos admiradores estão
falando”, comenta.
“Compilamos esses dados, separamos o que é feedback de produtos
e mapeamos as informações”, diz,
explicando que esse ativo é muito
importante para tomada de decisão
das áreas de produtos, marketing e
comunicação.
O Big Data também é um desafio
na Fiat. “Todos os dias lidamos com
informações de centenas de fontes
distintas. As fontes variam entre redes sociais, portais e sites de notícia,
fóruns sobre carros, blogs de interesse, listas de discussão públicas,
serviços especializados, etc.”, diz Patrícia Pessoa, gerente de marketing
de relacionamento e rede sociais da
Fiat. “Temos um conjunto de softwares e analistas que trabalham nesta
inteligência na análise dos dados,
com foco na vantagem competitiva
do mercado”, acrescenta a executiva.
Para Luis Pierri, diretor-geral da
RTT Brasil, empresa de software para
visualização em 3D, as redes sociais
são uma ferramenta importante no
esforço da indústria para personalização dos carros. Elas podem usar
estratégias de Big Data para cruzar
informações de seus clientes nessas
mídias e conhecer suas preferências.
O grande benefício da configuração on-line de customizados, segundo Pierri, é uma produção mais
sustentável e com uso de acessórios
de acordo com a necessidade do
cliente. “Os carros teriam o que eles
precisam, de acordo com seu gostos”, diz o executivo, que avalia que
esse modelo reduz custos e pode
reduzir o valor dos veículos. Companhias como BMW, Audi e Ferrari já
estão usando inteligência de dados
na personalização de carros para
seus compradores, segundo o diretor da RTT.Q
SERVIÇOS
| CONSULTORIA
INFORMAÇÃO PARA
ACOMPANHAR MUDANÇAS
EMPRESAS FORNECEM BASE PARA AS MONTADORAS TRAÇAREM
ESTRATÉGIA NO MERCADO BRASILEIRO
GIOVANNA RIATO
A
explosão de crescimento do
mercado brasileiro nos últimos
anos atraiu importante participante da indústria automotiva nacional: as consultorias. Essas empresas
passaram a ter papel essencial para
que as montadoras e grandes fabricantes de autopeças desenhem estratégias visando à operação local. Com
mercado atrativo, recheado por registros de vendas e de produção robustos, e a chegada constante de novas
marcas concorrentes ao País, as empresas buscam informações confiáveis e isentas. Carlos Reis, sócio sênior da Carcon Automotive, explica
que é muito difícil uma empresa desenvolver uma análise sozinha, porque os concorrentes não abrem informações. Ele acredita que a necessidade das empresas por assessoria vem
crescendo.
A Roland Berger abriu a filial no
Brasil em 1976, com foco no setor
automotivo e de energia. “O mercado está muito mais maduro agora. As
empresas sabem o que uma consultoria pode oferecer”, conta o sócio-diretor Stephan Keese. Na gama de
serviços da empresa está o desenho
de estratégias visando à redução nos
custos de produção. A fabricação lo-
DESAFIO NAS REDES DE DISTRIBUIÇÃO
A
Prime Action tem foco nos canais de distribuição e ajuda as
marcas a formar, gerenciar e desenvolver a rede de concessionárias.
Carlos Campos, diretor da empresa, percebe grande aumento da demanda de serviços. “Novas marcas
buscam desenhar e estruturar suas
redes, enquanto as tradicionais desenvolvem programas de expansão e
aumento de eficiência e de padronização de processos e atendimento”,
conta. Segundo ele, nesse segmento
o grande desafio é profissionalizar a
rede de distribuição e garantir rentabilidade aos concessionários.
64
BUSINESS
cal de carros globais pode aumentar a
demanda por esses serviços.
Keese acredita que o Inovar-Auto
não terá efeito expressivo sobre a produtividade e a qualidade das fábricas
brasileiras. “O grande impacto será o
aumento do conteúdo local dos veículos”, avalia.
Já a PricewaterhouseCoopers
(PwC), tem registrado aumento nos
negócios em decorrência do novo regime automotivo. Além de traçar projeções de vendas de cada marca e
modelo, a empresa oferece consultoria para a área tributária. O serviço
tem grande utilidade para que as empresas consigam atender as exigências do complexo Decreto 7.819, que
regulamenta o Inovar-Auto.
“Outra oportunidade está na auditoria das montadoras para checar se elas
cumpriram as exigências da política industrial”, lembra Marcelo Cioffi, sócio-diretor da PwC. Segundo ele, pelas
regras do regime automotivo, as próprias montadoras deverão arcar com
os custos desses serviços, contratando
organizações independentes.
Cioffi revela que a PwC registrou
crescimento importante oferecendo consultoria estratégica a empresas
que pretendem ingressar mercado nacional. “Hoje é essa área que chama
a atenção no Brasil. As empresas querem informações sobre as condições
locais para confirmar a viabilidade de
instalar operação local”, conta. Q
SERVIÇOS
| ENGENHARIA E PROJETOS
OS DESAFIOS DO
INOVAR-AUTO
EMPRESAS PRECISARÃO BUSCAR SOLUÇÕES PARA DRIBLAR
AUMENTO DOS CUSTOS
LUCIA CAMARGO NUNES
E
tor aponta que a política deveria formular medidas de incentivo para a
etapa básica, passando pela pesquisa aplicada e a seguir pelo desenvolvimento experimental, com a construção de protótipos. Além disso, há necessidade de construir peças e ferramentais, buscar serviços de apoio técnico, desenvolver novos dispositivos
de segurança ativa e passiva. “É preciso fazer pesquisa no País”, enfatiza
Satkunas. “Aqui no Brasil não temos
túnel de vento, por exemplo”, ressalta.
Pelo Inovar-Auto, as áreas de P&D
e engenharia poderão gerar incentivos que correspondem a até 2%
DIVULGAÇÃO/PSA PEUGEOT CITROËN
nquanto o mercado acompanha os desdobramentos que
estão por chegar com os desenvolvimentos e inovações estimulados pelo Inovar-Auto, fornecedores e prestadores de serviços, especialmente no campo de engenharia e projetos, observam com cautela os cenários. “Com exceção dos
grandes sistemistas, a típica indústria
nacional não se beneficia do programa para peças locais”, avalia o engenheiro Francisco Satkunas, diretor da
SAE Brasil.
Como medidas para a área de pesquisa e desenvolvimento (P&D), o se-
LATIN AMERICA TECH
CENTER, no Rio de Janeiro,
é um dos quatro centros de
desenvolvimento globais da
PSA Peugeot Citroën
66
BUSINESS
da receita líquida das empresas. No
caso da engenharia, a política industrial do governo busca estimular desenvolvimentos, o que inclui inovação, concepção e melhorias; tecnologia industrial básica, que abrange
automação e linhas de transferência;
e prevê ainda a construção de laboratórios, desenvolvimento de ferramentais e moldes e capacitação de
fornecedores.
Luca Di Crescenzo, diretor de
desenvolvimento de novos negócios da LD Engineering (Line-Design), com matriz na Itália, avalia
como positiva a política industrial,
mas acha que ela precisa ir além.
“É necessário dar incentivo a empresas que aprimoram serviços de
engenharia e soluções integradas.
Hoje os benefícios vão apenas para
as montadoras.” Para o executivo,
é importante abranger pequenas e
médias empresas da cadeia produtiva. A LD tem como uma das especialidades a criação do ferramental
necessário para a produção de componentes, por isso busca soluções
locais. “Tentamos ao máximo trabalhar com empresas daqui”, afirma.
Satkunas, da SAE, espera que a
indústria privilegie universidades
nesse processo. “Seria interessante porque desenvolveria a base da
infraestrutura.” Em recente simpósio da entidade sobre powertrain, o
diretor do laboratório de engenha-
SOLUÇÕES
Os incentivos do Inovar-Auto impõem uma série de contrapartidas à
indústria. “Um sistema como o start-stop leva anos para validar, interferindo em itens como bateria, sistema
do ar-condicionado, lubrificação enquanto o carro está desligado, pressão com transmissão automática. A
engenharia tem solução, mas é preciso reduzir custos”, explica o engenheiro da SAE Brasil.
Claudio Demaria, diretor de desenvolvimento de produto e design
da Fiat Automóveis, considera que o
novo regime automotivo exige mui-
DIVULGAÇÃO/FIAT
ria veicular da PUC-RJ, Sérgio Braga, defendeu a aproximação da academia com a indústria para o fomento do desenvolvimento tecnológico
no Brasil. “Temos muitos alunos que
estão na indústria e sentem a necessidade de se capacitar mais na pesquisa básica. Por outro lado, algumas empresas já utilizam a formação
como um critério de ascensão.”
NOSSO OBJETIVO
É DESENVOLVER
TECNOLOGIAS
PRÓPRIAS,
ALINHADAS AO
PODER DE COMPRA
DO CLIENTE
CLAUDIO DEMARIA, diretor
de desenvolvimento de produto e
design da Fiat Automóveis
tas respostas das montadoras. “Dependemos de uma série de fatores e
não há uma solução única. Essa evolução deve obedecer particularidades
e oportunidades de cada segmento,
cada modelo de carro, e nosso objetivo é desenvolver tecnologias próprias, alinhadas ao poder de com-
pra do cliente.” Ele cita o exemplo do
Uno Economy que, para ser 15% mais
econômico em relação às outras versões, passou por alterações na calibração de motor, mudança nas relações de marchas, modificações de
geometria de suspensões e pneus de
baixo atrito ao rolamento. Q
P
ara François Sigot, diretor de pesquisa, desenvolvimento e design da PSA
Peugeot Citroën, o Brasil tem grande potencial para o desenvolvimento de novas
tecnologias. Tanto que foi escolhido, antes
mesmo do Inovar-Auto, para ter um dos
quatro centros de pesquisas da companhia
no mundo, o Latin America Tech Center.
“Estamos estudando novas oportunidades
de trabalho para aumentar o investimento
em P&D, inovação e engenharia aplicada.
Muitas delas estão sendo analisadas em
parceria com nossos fornecedores. Também multiplicamos pesquisas com instituições e empresas conceituadas
no Brasil, como USP, PUC/RJ, Fapesp e Petrobras.”
Sigot avalia que o resultado final será positivo, porém
o caminho será difícil. “A velocidade da evolução previs-
DIVULGAÇÃO/PSA
PSA: POTENCIAL PARA ATRAIR TECNOLOGIAS
ta é tão forte que obrigará montadoras
e fornecedores a investir massivamente
em novas gerações de produtos, motores, transmissões e outras tecnologias no
Brasil. Só que o governo incentiva 50% da
parte humana (P&D e engenheira bruta),
mas não a parte de investimentos industriais, que é a maior. Assim, o custo deverá aumentar para as empresas”, afirma o
diretor da PSA.
Entre as iniciativas da companhia, o
diretor da PSA Peugeot Citroën enumera que as equipes nacionais de P&D são reconhecidas
globalmente nas áreas de biocombustíveis e materiais
verdes. “No campo dos motores, trabalhamos forte para
desenvolver propulsores menores e mais eficientes com a
tecnologia brasileira do flexfuel.”
SERVIÇOS
| TESTES E SIMULAÇÕES
EM COMPASSO DE ESPERA
SEGMENTO SENTE RETRAÇÃO DO MERCADO E
APOSTA EM MELHORA PARA 2014
LUCIA CAMARGO NUNES
Romio, do Instituto Mauá –
Brasil precisa de um centro independente
de testes de segurança
divulgação/Instituto Mauá
Instituto Mauá percebeu
queda na demanda por simulação
no segundo semestre
divulgação/Instituto Mauá
E
mpresas e institutos fornecedores de serviços de testes e
simulações ainda não sentiram
os impactos do Inovar-Auto, embora
mantenham boas expectativas sobre
os efeitos do programa. Os profissionais do setor entendem que o crescimento das vendas de veículos no
Brasil e o incentivo à produção local,
em virtude do novo regime automotivo, devem estimular o segmento.
“O mercado automotivo está cada
vez mais competitivo, com número
crescente de marcas. As montadoras
investem mais em qualidade. Pela
própria legislação, na iminência de
termos apenas carros com ABS e
airbags, as engenharias serão forçadas a se capacitar e contratar mais
serviços de testes e simulações para
desenvolver e homologar produtos”,
afirma João Franco, coordenador da
comissão técnica de dinâmica veicular da SAE Brasil.
Para ele, o Inovar-Auto vai puxar o
desenvolvimento de engenharia de
várias áreas e será preciso testar veículos e componentes, em processos
caros e demorados. “Com o mercado mais competitivo e a pressão
para reduzir o prazo de lançamento
dos novos produtos, as ferramentas
de testes e simulações representam
soluções poderosas”, aponta.
Nesse cenário, a terceirização
surge como alternativa para que as
fabricantes de veículos atendam a
tantas exigências do novo cenário.
“Antigamente, uma montadora fazia
a mola de suspensão. Hoje, ela entrega isso ao fornecedor, que conduz
o projeto. A peça é desenvolvida no
computador, são feitos cálculos estruturais por simulações, um protótipo é testado em laboratório, depois
no veículo e na pista. Só depois disso
tudo o componente chega à montadora”, conta Franco.
O coordenador da SAE acredita
que o mercado de testes e simulações só não é maior por falta de
incentivo. “Não há centros independentes de crash test. Não existe
exigência do consumidor nem legislação. Então para que um esforço?”,
questiona, indicando que as fabricantes de veículos não vão investir
nessa área se não for indispensável.
O Instituto Mauá de Tecnologia
também aponta barreiras semelhantes no mercado nacional. “Temos a
proposta para erguer um centro de
68 • AutomotiveBUSINESS
68-70_SERVICOS_TESTES E SIMULACOES.indd 68
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SERVIÇOS
| TESTES E SIMULAÇÕES
segurança veicular independente.
As montadoras possuem centros
parciais e, para desenvolver novos
carros, os enviam ao exterior para os
testes. Podemos implantar ainda um
laboratório de segurança viária. Se a
equação financeira estiver resolvida,
estimamos estar em funcionamento,
certificados para testes, no primeiro
semestre de 2016”, afirma Renato
Romio, chefe da divisão de motores
e veículos do centro de pesquisas do
instituto. “Isso é importante para o
Brasil no cenário mundial. O investimento privado é inviável, então temos de sensibilizar governo e montadoras.” Ele explica que o projeto,
contando com oito meses de operação inicial, exigirá aportes da ordem
de R$ 190 milhões.
Romio lembra também que não há
centros de crash tests disponíveis no
Brasil. “Segurança veicular é difícil
de compartilhar com as montadoras.
Elas não enxergam em conjunto. O
investimento em comum traria vantagem competitiva ao País, incentivando até o desenvolvimento local
de projetos globais.”
DESAQUECIMENTO
O ano, para os engenheiros do Instituto Mauá, caminha devagar, à espera de
programas de ensaios e testes no Brasil.
“Houve uma retração nesse segundo
semestre. Há novos projetos, mas não
há demanda por simulação. Pesquisamos agora as demandas para 2014”,
afirma Fábio Bordin, superintendente
de planejamento e desenvolvimento.
NCAP TRAZ REFERÊNCIA EM TESTES DE IMPACTO
O
DIVULGAÇÃO/LATIN NCAP
Latin NCAP é atualmente a única referência em testes de impacto na
América Latina. Seus resultados negativos para alguns modelos causam polêmica. “A maioria das montadoras não tem mostrado reação em
melhorar carros que têm vendas massivas no Brasil. Há empresas que observam de perto a Latin NCAP, caso da Toyota com o Etios. Esperamos que
os próximos modelos recebam aprimoramentos em segurança”, comenta
o engenheiro Alejandro Furas, responsável pelos testes da organização.
A entidade faz os crash tests com as versões mais básicas de cada modelo e ressalta que a simples inclusão de airbags não é capaz de tornar o
desempenho bom. “O habitáculo é o que observamos para definir se a
estrutura do carro é estável. A parte frontal é a que absorve mais energia
no choque para poupar os passageiros. Essa parte sempre se deforma em
maior medida”, afirma Furas.
TESTES DO LATIN NCAP
indicam falta de segurança nos
carros vendidos na América Latina
A contração do mercado também foi percebida por Sergio Inacio Ferreira, engenheiro do Instituto
de Pesquisas Tecnológicas (IPT). A
entidade tem recebido muitas consultas motivadas pelo Inovar-Auto,
mas, enquanto novos negócios não
se concretizam, prepara-se para uma
possível demanda futura. “Estamos
aumentando o laboratório, com 22
atuadores hidráulicos que simulam
deslocamento de carga no veículo,
teste de fadiga e vibração em componentes.”
Sadao Hayashi, diretor da NHT
Engenharia, especialista em ensaios
automotivos, expõe sua percepção
de que as montadoras estão mandando serviços de testes e simulações para suas matrizes e que, por
seu alto poder financeiro, passem a
realizá-los por conta própria. Ele atribui a defasagem tecnológica do setor à falta de investimento na cadeia
de suprimentos, especialmente nos
elos mais distantes, como os Tiers 2,
3 e 4. A NHT teve conversas recentes
com fabricantes chineses, mas aponta que a demanda está fraca.
A VirtualCAE é favorável às iniciativas do Inovar-Auto, que deve motivar
ações de testes e simulações. “Mas
estamos à espera de mais informações sobre o programa”, revela Leandro Garbin, diretor comercial da
empresa, que tem como especialidade a redução de massa de peças
automotivas.
Ele observa tendência de mais
incentivo e independência no ciclo
de desenvolvimento de produtos,
enquanto as montadoras necessitarão melhorar o conhecimento sobre
dinâmica veicular, análise de durabilidade, otimização estrutural e segurança. “O objetivo final são projetos
cada vez mais robustos, mais seguros, com menos peso de componentes, melhor desempenho e eficiência
energética”, conclui. Q
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AUMENTO DA PRODUTIVIDADE
ALEXANDRE AKASHI
EMPRESAS DO SEGMENTO
apostam no aumento da automação
como tendência para a indústria local
O
setor de automação industrial está animado com a
expectativa de significativo
aumento nos investimentos na indústria automobilística até 2017. Se há
um ano as projeções de aportes das
montadoras no País eram da ordem
de R$ 60 bilhões, hoje o montante
previsto passa de R$ 73,1 bilhões,
como efeito da instalação de novas
fábricas no País, ampliação das já
existentes, desenvolvimento de novos
produtos e aplicações em pesquisa,
desenvolvimento e engenharia para
atender as metas do Inovar-Auto.
Para a Cognex, a chegada de fabricantes de veículos traz perspectiva
de novos desafios e oportunidades de
aprimoramento dos processos fabris.
“Muitas das montadoras trarão aplica-
72
BUSINESS
ções que já funcionam nos seus países de origem e as replicarão nas novas linhas”, afirma Domingos Antonio
Mancinelli Junior, gerente de vendas
distrital da empresa. Entre as soluções específicas para a indústria automotiva, a Cognex oferece uma linha
de equipamentos 3D para análises
em situações de pouco ou nenhum
contraste e que exigem alta precisão.
Outro fornecedor que pretende
aproveitar as novas oportunidades
de fornecimento é a Kuka, que apresentou pela primeira vez no Brasil,
durante a mostra de engenharia do
Congresso SAE Brasil 2013, um novo
robô capaz de realizar operações de
solda a ponto, manipulação, paletização, embalagem, revestimento, montagem, medição e inspeção. A empre-
sa afirma que o equipamento oferece
ganho de produtividade por causa de
um pacote tecnológico exclusivo.
A Robtec aposta em novos digitalizadores ópticos produzidos pela alemã GOM. Um deles, específico para
extrair medidas em 3D de peças de
pequeno e médio portes, possui uma
estereocâmera. Já o ScanBox, célula
de medição óptica automatizada, promete operação rápida, com flexibilidade de utilização.
“A automação é um caminho sem
volta, pois representa aumento de
produtividade, redução de retrabalho
e de refugos, melhoria da qualidade geral dos produtos e diminuição
de custos”, avalia Mancinelli. “Penso que, cada vez mais, as linhas de
grandes indústrias irão se modernizar
por meio da automação. Por consequência, seus fornecedores também
terão de seguir o mesmo caminho
para garantir índices elevados de desempenho e qualidade.”
Outra tendência do setor é a rastreabilidade, que, na opinião do executivo da Cognex, deixou de ser uma
expectativa para o futuro, tornou-se
realidade e passa a ser utilizada cada
vez mais e melhor. Ele destaca que os
sistemas de visão aliados aos robôs
têm uso cada vez mais difundido em
verificações de operações de usinagem, inspeções de montagem e checagem da qualidade de aplicação de
cordões de solda. Q
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© 2013 National Instruments. Todos os direitos reservados. National Instruments e NI
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TM
| LOGÍSTICA
DIVULGAÇÃO/TEGMA
SERVIÇOS
PROMESSAS DE MERCADO
INOVAR-AUTO ALAVANCA OS NEGÓCIOS DOS
OPERADORES LOGÍSTICOS, QUE APOSTAM EM
CRESCIMENTO DE DOIS DÍGITOS PARA 2014
ALEXANDRE AKASHI
U
m dos elementos-chave em
qualquer operação industrial
é a logística. Afinal, tempo é
dinheiro e, quanto mais rápido o produto for manufaturado, melhor. No
segmento automotivo, os operadores logísticos estão dentro e fora das
empresas. Muitas vezes mais de uma
operadora atende um único cliente.
A atividade demanda trabalho complexo, que exige investimentos em tecnologia e constante aperfeiçoamento.
“Os clientes demandam soluções
inovadoras a cada ano, que possam
gerar vantagens competitivas, tanto
em relação aos processos quanto em
relação às operações” afirma Gennaro
Oddone, diretor-presidente da Tegma.
74
BUSINESS
As montadoras de automóveis instaladas no Brasil foram obrigadas a
tomar algumas medidas diante do
aumento da competição global, como
ampliação das fábricas, modernização
e diversificação do portfólio existente e
programas de diminuição de custos.
Isso, segundo Paulo Roberto Guedes,
presidente da Veloce Logística, causou
reflexos no setor de logística.
“À medida que realizavam produções cada vez mais complexas e aumentavam a abrangência geográfica
de suas atuações, as montadoras
exigiam operações logísticas compatíveis e que proporcionassem eficiência, qualidade, baixo custo e sustentabilidade. Consequentemente, a
mesma postura foi absorvida pelos
operadores logísticos que trabalham
no setor”, afirma Guedes.
Assim, para que suas atividades
atendessem os objetivos da indústria
automotiva, os operadores logísticos
foram obrigados, segundo o executivo, a estabelecer uma pauta de atividades diversificada, além de incluir o
respeito ao meio ambiente entre suas
preocupações.
SOLUÇÕES
Para atender as necessidades dos
clientes, as empresas lançam mão
de diversas estratégias. Oddone, da
Tegma, comenta que a empresa se
esforça para ficar próxima do cliente.
CLAUDIA MIFANO/CEVA
“Um das nossas soluções é estreitar
cada vez mais o relacionamento para
entender as necessidades e, assim,
oferecer serviços completos e que
superem as expectativas”, diz.
Quem também aposta no fortalecimento da relação fornecedor-cliente para sempre apresentar melhorias
no processo é a Ceva Logistics, que
opera em diversos setores da economia, mas tem no automotivo a maior
parcela do faturamento, com cerca
de 55% das receitas obtidas nesse
meio. Fabio Mendunekas, vice-presidente de desenvolvimento de negócios na’ América do Sul, promove
com frequência ações de kaizen com
clientes e também funcionários e, por
meio de um programa motivacional
de incentivos e ideias, encontra sempre formas mais eficientes de fazer o
mesmo trabalho. “Uma simples mudança de programação ajuda a trazer
MENDUNEKAS, DA CEVA, busca
novos negócios com empresas entrantes
do mercado nacional
os resultados esperados”, conta.
Já para a Veloce, as necessidades
da indústria automotiva incluem o aumento da visibilidade de processos, o
monitoramento em tempo real, a rapidez na solução de problemas e no
atendimento ao cliente, e a otimização da cadeia de alimentação de fábricas e de distribuição dos produtos
acabados. “Com isso, o operador logístico passou a ter importância estratégica para todo o setor automotivo”,
avalia Guedes.
Segundo o presidente, a Veloce, além
de se esforçar para promover as melhorias necessárias para atender os clientes, também desenvolveu e implementou projetos de roteirização de viagens,
aumento do aproveitamento da capacidade dos equipamentos de transporte,
rastreamento online e em tempo real de
seus veículos e instrumentos de monitoramento da operação. Q
CRESCIMENTO DE DOIS DÍGITOS EM 2014
C
omo parceiros estratégicos da indústria, os operadores logísticos estão ansiosos pelo Inovar-Auto.
Para essas empresas, o programa do governo poderá incrementar os negócios. Embora o baixo índice de
crescimento do PIB preocupe os executivos, o mercado automotivo ainda sinaliza boas perspectivas de produção. Para Guedes, embora o mercado interno tenha
muitas oscilações, no curto prazo as operadoras logísticas que trabalham com alimentação de fábricas ou com
o fornecimento de peças (operações conhecidas como
inbound) deverão acelerar suas atividades.
“Já na área de produtos acabados (outbound) poderá
haver mais dificuldades”, diz ele. “No médio prazo, caso
os problemas do mercado interno não sejam resolvidos,
todos os operadores começarão a ter problemas”, avalia,
ao informar que a empresa cresceu em torno de 15%
nos primeiros quatros anos de atividade (desde 2009) e
deve manter a evolução na casa dos dois dígitos porcentuais em 2013.
Segundo o presidente da Tegma, Gennaro Oddone,
a empresa tem como meta para este ano manter o po-
sicionamento de mercado. “Somos uma das principais
operadoras logísticas do País e líderes no segmento automotivo”, assegura, ao comentar que, entre as oportunidades de crescimento, a maior aposta está vinculada ao
aumento da terceirização de serviços logísticos. “Estamos
confiantes de que as montadoras seguirão essa tendência, concentrando as operações em players capazes de integrar todas as etapas logísticas e de atender altos índices
de qualidade”, diz, revelando as expectativas para 2014.
Já a Ceva pretende focar no mercado de importação
de veículos. Segundo Mendunekas, as marcas importadas têm crescido consistentemente no Brasil. “Para nós
essa situação é muito favorável. Temos muito interesse
nesse mercado, pois vão precisar de armazenagem, pós-venda e outros serviços e a demanda é grande”, estima.
O executivo garante que a empresa tem planos arrojados para 2014, com objetivo de alcançar crescimento
em torno de 10%. “Para isso temos novas ideias, além de
aproveitar grandes oportunidades de avançar na Região
Nordeste, onde já temos conversado com as newcomers
desde 2012”, diz.
SERVIÇOS
| FINANCEIRAS
CRÉDITO EM BAIXA
ANEF PROJETA EQUILÍBRIO NAS CARTEIRAS DE FINANCIAMENTO
SUELI REIS
A
CLAUDIO ROSSI
s políticas de liberação de
crédito mais severas, somadas a uma economia com
crescimento abaixo do esperado, revelaram uma reviravolta no saldo das
carteiras de financiamentos para veículos, que deve permanecer estável
em 2013 sobre o resultado do ano
passado. Em avaliação do desempenho do setor até agosto, Décio
Carbonari, presidente da Associação
Nacional das Empresas Financeiras
das Montadoras (Anef), refaz as projeções e atesta: “Com um resultado
negativo no acumulado de oito meses, até o fim do ano, crescimento
será de apenas 2%”.
Em sua primeira previsão, divulgada no início do ano, a Anef previa aumento de 8% na liberação de crédito
para financiar veículos. Essa expecta-
tiva foi revisada para baixo em junho,
quando ficou em 6%. Para a entidade, fatores como o desconto na alíquota do IPI, a redução na taxa de
juros e a queda do índice de inadimplência, mesmo que em ritmo lento,
não serão o suficiente para garantir o
volume esperado inicialmente.
“Não contávamos com o decréscimo que temos observado nos últimos meses, como o visto em agosto,
que ao somar R$ 233,3 bilhões, considerando CDC e leasing para pessoas físicas e jurídicas, representou
queda de 4,9% na comparação com
o mesmo mês de 2012”, argumenta
Carbonari.
O executivo explica que, para veículos de passeio (automóveis e comerciais leves), a liberação de crédito
teve redução de 7,7%, passando de
COM UM
RESULTADO
NEGATIVO NO
ACUMULADO DE
OITO MESES,
CRESCIMENTO DAS
CARTEIRAS SERÁ DE
APENAS 2%
DÉCIO CARBONARI, presidente
da Associação Nacional das
Empresas Financeiras das
Montadoras (Anef)
76
BUSINESS
R$ 80,5 bilhões em agosto do ano
passado para R$ 74,3 bilhões neste
agosto. “Não significa menos financiamentos, mas diminuição do valor
médio do ticket”, ressalta. Para ele,
as vendas do segmento leve, que
recuaram 1,8% em agosto no comparativo anual, devem encerrar o ano
neste patamar de queda.
RETOMADA
“O mercado está mais contido. Tanto
pessoa física como pessoa jurídica
estão receosas em contrair novas
dívidas”, relata Carbonari, argumentando efeitos como inflação e dificuldade de conseguir financiamentos.
O aumento da restrição para a liberação de crédito veio após o setor de
veículos atingir o recorde de 8,2% no
índice de inadimplência acima de 90
dias em maio de 2012, considerando todos os bancos e financeiras. A
partir daí, a oferta de financiamentos,
principalmente para a base da pirâmide, estancou.
Contudo, a entrada de novos contratos considerados de maior qualidade, com menor probabilidade de
inadimplência, ajudou na retomada
da confiança dos bancos. O executivo afirma que atualmente o índice
de aprovação dos pedidos de crédito
está maior do que há um ano, apesar
de variar muito de uma instituição
para outra. Em meados de agosto de
2012, a média de aprovação beirava
os 60%. Hoje a Anef estima que esse
índice tenha subido para 65%. Para a
inadimplência, a entidade aposta em
queda progressiva, com índice abaixo de 7% para 2013. Q
P NÉIS DE REVESTIMENTO INTERNO PARA CARROS.
PAI
BOM PARA VOCÊ:
ΎZĞĚƵĕĆŽŶŽĐŽŶƐƵŵŽĚĞĐŽŵďƵƐơǀĞů͘
ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞƌƵşĚŽƐŝŶƚĞƌŶŽƐŶŽǀĞşĐƵůŽ͘
ΎWƌŽŵŽǀĞŵĞůŚŽƌĂƉĂƌġŶĐŝĂăƉĞĕĂĮŶĂů͘
BOM PARA O MERCADO:
ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞƉĞƐŽĚĂƐƉĞĕĂƐ͘
ΎZĞĚƵĕĆŽĚĞĐƵƐƚŽƐ͘
Ύ&ĂĐŝůŝĚĂĚĞŶĂƉƌŽĚƵĕĆŽĚĞŵŽůĚĞƐĞƉĞĕĂƐ͘
ΎWƌŽĚƵƚŽĐƵƐƚŽŵŝnjĄǀĞůĐŽŶĨŽƌŵĞƉƌŽũĞƚŽ͘
BOM PARA O MEIO AMBIENTE:
ΎϭϬϬйƌĞĐŝĐůĄǀĞů͘
ΎZĞĚƵĕĆŽŶĂƐĞŵŝƐƐƁĞƐĚĞKϮĚŽĐĂƌƌŽ͘
ΎDĂƚĠƌŝĂͲƉƌŝŵĂĚĞĨŽŶƚĞƌĞŶŽǀĄǀĞů͘
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ƐƵĂƉƌŽĚƵĕĆŽ͘
APLICAÇÕES:
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SERVIÇOS
| RH E TREINAMENTO
DO CHÃO DE FÁBRICA
À DIRETORIA
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA BUSCA CAPACITAÇÃO EM TODOS OS
PATAMARES PARA GANHAR COMPETITIVIDADE
ERICA MUNHOZ
78
BUSINESS
DIVULGAÇÃO
S
e em outros tempos a área de
treinamento das empresas buscava alcançar a qualidade total,
com programas como Seis Sigma
e lean manufacturing, atualmente a
indústria automotiva foca no aprimoramento e qualificação dos funcionários. O aspecto é chave para aumentar a produtividade em uma série de
outras áreas, como gestão de risco
e desenvolvimento de fornecedores.
A relação de parceria e comprometimento empresa-funcionário tem na
educação e na reciclagem de conhecimento fortes aliadas.
Hoje, muitas companhias têm oferecido não apenas os tradicionais
treinamentos técnicos e gerenciais,
mas procurado também formas de
suprir carências de aprendizado e
promover reciclagem profissional em
várias áreas hierárquicas, do chão de
fábrica à diretoria.
Na gestão de recursos humanos,
o ritmo acelerado de contratações e
de reposições, a disputa por mão de
obra qualificada, os índices elevados
de rotatividade e a pressão dos salários
sobre os custos são os desafios de gerenciamento de pessoas, seja qual for
a realidade econômica. Tanto mais em
uma indústria em constante evolução
como a automobilística, que tem ainda
o Inovar-Auto como desafio adicional.
EMPRESAS DE NÍVEIS
MAIS DISTANTES
DA CADEIA DE
SUPRIMENTOS AINDA
INVESTEM POUCO
EM TREINAMENTO
JEANNETTE GALBINSKI,
diretora comercial do Setec
Consulting Group
INVESTIMENTO
Ivan Witt, presidente da Steer Recursos Humanos, concorda que há
demanda crescente por qualificação.
Ele aponta três principais razões que
levam as empresas a capacitar funcionários. A primeira é a necessidade
de aprimoramento dos colaboradores recém-formados, que precisam
ganhar conhecimento sobre as tecnologias existentes nas empresas,
como pacotes de software para desenvolvimento de produtos e outros
aspectos que não são objeto de ensino nas universidades.
Outra razão é que profissionais experientes muitas vezes não foram habilitados em novas tecnologias. Por
último, a percepção do consumidor
sobre determinada empresa não se
restringe aos produtos por ela manufaturados. Respeito ao meio ambiente, engajamento em iniciativas sociais e muitos outros quesitos fazem
com que sua imagem seja afetada.
Para compreender esse novo ambiente operacional, os funcionários
precisam estar sintonizados com o
mundo exterior, muito mais dinâmico do que a corporação.
José Hernani Arrym Filho, sócio-diretor da Pieracciani Desenvolvimento de Empresa, concorda com
Witt: “As empresas do setor estão
WITT acredita que
tecnologia é aliada para
capacitação de funcionários
interessadas em capacitar funcionários, pois precisam de mais produtividade para ter condições de competir.
Além disso, estamos na era da inovação e as pessoas estão, de fato, no
centro de todos os esforços”, analisa.
Para Jeannette Galbinski, diretora comercial do Setec Consulting
Group, o interesse em capacitar os
funcionários da cadeia da indústria
automotiva vem de duas motivações:
determinação do cliente e necessidade interna. Ela conta que as montadoras exigem de seus fornecedores
requisitos específicos, com o objetivo
de melhorar a qualidade e a produtividade. Para atender a essa demanda, os fornecedores precisam treinar
seu pessoal. “Mesmo antes de os
clientes exigirem, algumas empresas
investem para ter melhorias internas
e reduzir custos.”
Jeannette conta que as montadoras e as empresas do primeiro nível
de fornecimento (Tier 1) são os elos
da cadeia que mais preparam funcionários. Nos níveis mais distantes
de suprimentos essa iniciativa perde
força. Para a consultora, tais empresas ainda veem o treinamento como
custo, não como investimento.
Alexandre Xavier, gerente de novos negócios do Instituto da Qualidade Automotiva (IQA), concorda que só a constante atualização
dos clientes obriga o investimento
de toda a cadeia produtiva na qualificação e atualização de colaboradores e processos. “O aumento
da concorrência e exigências do
consumidor tornam o treinamento ferramenta fundamental para
que as empresas e profissionais
do setor automotivo sobrevivam
no próprio mercado.”
NOVO CENÁRIO, VELHAS ESTRUTURAS
I
van Witt, presidente da Steer, aponta que, muito mais do que treinar funcionário, o setor automotivo precisa se reinventar e incorporar inovação
e criatividade. “Por sua dimensão, a indústria automobilística ainda é muito fechada a novas ideias organizacionais. O produto evoluiu, mas o processo criativo e produtivo nem tanto”, alerta. Segundo o especialista, os
departamentos e profissionais do setor ainda estão presos nesse formato
ultrapassado. “A indústria automobilística terá de vislumbrar novos cenários para continuar existindo e, para isso, terá de investir em criatividade,
colaboração e desenvolvimento de produtos que atendam aos desejos dos
consumidores. Os funcionários atuais estão habituados ao modelo anterior.
Será preciso oxigenar as organizações.”
80
BUSINESS
DIVULGAÇÃO
| RH E TREINAMENTO
LUIS PRADO
SERVIÇOS
XAVIER aposta na oferta de cursos a
distância para acompanhar a pulverização
dos polos produtivos no Brasil
TECNOLOGIA
Para não perder o bonde é preciso
correr. Witt, da Steer, acredita que a
internet é o grande vetor para capacitação de qualidade, permitindo que
engenheiros no Japão, por exemplo,
treinem profissionais no Brasil sem
que nenhum deles precise viajar. Possibilita, ainda, que sistemas em nuvem tornem o design compartilhado
algo corriqueiro. E o mesmo ocorrerá para treinamento: o que houver de
novidade vai ser rapidamente replicado. Com os novos recursos, o custo
continua caindo.
Alexandre Xavier, do IQA, também aposta na tecnologia: “Os
treinamentos precisarão estar alinhados com as necessidades das
empresas e com as possibilidades
tecnológicas da atualidade, como a
oferta de cursos a distância de real
valor agregado. Considerando a
ampliação dos polos regionais pelo
Brasil, a disponibilidade de qualificação em regiões diferentes se torna obrigatória.” Q
A COVENTYA está entusiasmada com o futuro, não apenas pela nossa empresa, mas também pelas
próximas gerações que estão por vir.
Nosso mundo está aderindo ao conceito de sustentabilidade e a COVENTYA é uma empresa que
compartilha esta visão, evoluindo através de diversas iniciativas implantadas ao longo do tempo.
A COVENTYA está apta a oferecer processos
compatíveis às diretivas ELV/ROHS/WEEE, além
de disponibilizar aos seus clientes inovadoras
tecnologias ecologicamente corretas.
Conheça alguns de nossos processos protetivos:
PROCESSOS/PRODUTOS
DESCRIÇÃO (BENEFÍCIOS)
LANTHANE Series
Passivadores de Cromo trivalente para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6]
LANTHANE CF Series
Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6 e Cobalto]
LANTHANE 613.3
Passivador de Cromo trivalente para Alumínio [livre de Cobalto e Níquel]
ZETAPLUS 465 BF
Processo de Zinco Ácido [livre de Ácido Bórico]
PERFORMA 560
Processo de Zinco Níquel Ácido [livre de Amônia]
FINIDIP Series
Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6]
FINIDIP CF Series
Passivadores para Zinco e Zinco ligas [livre de Cr+6 e Cobalto]
UNIDADE SUL
Caxias do Sul - RS
Telefone: (54) 2101.3800
Fax: (54) 2101.3840
[email protected]
www.coventya
y .com
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.br
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UNIDADE SUDESTE
São Paulo - SP
Telefone: (11) 4055.6600
Fax: (11) 4057.1583
[email protected]
UNIDADE INTERIOR
Sumaré - SP
Telefone: (19) 3922.8423
Fax: (19) 3864.0674
[email protected]
Beyo
Be
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urfa
ace
| CERTIFICAÇÃO
LUIS PRADO
SERVIÇOS
SELO DO INMETRO
AVANÇA NA REPOSIÇÃO
INICIATIVA É PONTO DE PARTIDA PARA
ELEVAR A COMPETITIVIDADE DO SETOR
ALINE FELTRIN
A
DIVULGAÇÃO/SINDIREPA
corrida por mais conteúdo
tecnológico nos carros não
é a única na qual a indústria
automotiva nacional está envolvida.
Montadoras e a cadeia de autopeças
já entenderam que elevar a qualidade
é essencial para que os veículos bra-
sileiros consigam competir globalmente. As melhorias não estão restritas aos produtos e devem passar
também pela produção, distribuição,
comercialização e serviços prestados
ao consumidor.
Entre as iniciativas importantes pa-
ra isso está a certificação compulsória de autopeças. Trata-se de um trabalho coordenado pelo Sindipeças,
sindicato da indústria de autopeças,
que envolve uma série de processos,
estudos e testes para comprovar a
qualidade dos produtos.
CERT
CERTIFICAÇÕES
VÃ
V
O PASSAR MAIS
VÃO
CRE
CREDIBILIDADE AO
CONSUMIDOR
E PREPARAR
PROFISSIONAIS
ANTONIO FIOLA,
presidente do Sindirepa
82
BUSINESS
EMPRESAS COM
PRODUTOS
CERTIFICADOS
TERÃO
RECONHECIMENTO
DO CONSUMIDOR
POR OFERECER MAIS
SEGURANÇA
INGO PELIKAN,
presidente do IQA
COMPONENTES GARANTIDOS
A
certificação é realizada por grupo de produtos. Catalisadores, pneus,
rodas e vidros de segurança laminados para para-brisas e temperados
para veículos rodoviários estão entre os componentes já regulamentados,
que só podem ser vendidos com selo do Inmetro.
A partir de maio de 2014, a certificação passa a ser obrigatória para terminais e barras de direção, barras de ligação e terminais axiais. Em julho a
regra abrangerá também amortecedores de suspensão, bombas elétricas
de combustível para motores do ciclo Otto, buzinas ou equipamentos similares, pistões de liga leve de alumínio, pinos e anéis de trava (retenção),
anéis de pistão, bronzinas e lâmpadas para veículos automotivos. No fim
do ano que vem, o selo do Inmetro vai se tornar compulsório para baterias.
A fiscalização no comércio é feita pelo Ipem –
Instituto de Pesos e Medidas, quee realiza opera
operações pontuais em várias regiões do
d País e
recebe denúncia dos consumidores.
orres.
Em caso de irregularidade, o ponn
nto de venda será autuado.
AS BATERIAS DA CRAL
são comercializadas com o
selo do Inmetro
DIVULGAÇÃO/IQA
Com a certificação dos componentes, que devem ser homologados com selo do Inmetro, a ideia é
favorecer o consumidor, que poderá
exigir peças com qualidade comprovada no mercado de reposição.
A certificação obrigatória também é
uma forma de regular o mercado e
evitar a venda de produtos que não
atendam às exigências técnicas mínimas e representam risco à segurança
do consumidor.
O presidente do IQA, Instituto da
Qualidade Automotiva, Ingo Pelikan,
lembra que as empresas que certificam seus produtos têm vantagens
competitivas. “Elas terão reconhecimento do consumidor por oferecer mais segurança.” Outro ponto
positivo, segundo ele, é que o selo
do Inmetro para autopeças serve de
impulso para que toda a cadeia aumente o nível de exigência de qualidade, desde a produção, passando
pela distribuição e varejo até chegar
ao consumidor final.
“Isso também vai trazer mais opções ao cliente, incentivar a tecnologia
e fazer com que as pessoas entendam
melhor o produto que compram”, explica o presidente do IQA. De acordo
com Pelikan, um dos pontos fundamentais da certificação é estimular
todos os elos da cadeia a buscar sistemas eficientes de qualidade.
Presidente do Sindirepa, sindicato
da indústria de reparação de veículos, Antonio Fiola concorda que o
programa trará benefícios para toda
a cadeia. Segundo ele, a iniciativa de
autopeças, assim como programas
de homologação e qualificação de
mecânicos e empresas do segmento,
dará condições para a criação de um
sistema de qualidade sustentável,
que vai refletir no setor de reparação.
“Esse conjunto de certificações vai
passar mais credibilidade ao consumidor e preparar profissionais”, assegura o executivo. Q
SERVIÇOS
| MARKETING
INTERNET A SERVIÇO DA
INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
MÍDIA ON-LINE VIRA FERRAMENTA IMPORTANTE PARA
EMPRESAS SE APROXIMAREM DOS CLIENTES
CAMILA FRANCO
A
judar o consumidor a encontrar o novo papel do automóvel. Essa é a missão nada
fácil com a qual o departamento de
marketing das montadoras tem se
deparado. Se antes as pessoas compravam um veículo pela necessidade
de locomoção ou por puro status,
hoje colocam em xeque a imagem
do carro como símbolo individual. O
interesse por automóveis tem diminuído, segundo dados apurados por
João Ciaco, diretor de publicidade e
marketing de relacionamento da Fiat
Automóveis: está abaixo de 30% na
Alemanha e nos Estados Unidos e
não passa de 45% no Brasil.
Para reverter esta situação, o executivo de marketing precisa “mais
do que vender e formar imagem da
marca, se preocupar com as diferentes relações, indo além do bem físico.
Ser um profissional do serviço”, como
define Ciaco. Gil Giardelli, professor
de pós-graduação da ESPM, observa
que se saem bem as empresas que
pensam além dos negócios e usam
as redes sociais como aliadas. “As
montadoras têm de ter em mente que
a moeda do século 21 é a reputação
construída por meio do altruísmo e
que o triunfo está na transparência.”
A AgênciaClick Isobar, que atende a Fiat, tem aproveitado a força da
internet para aproximar a marca dos
consumidores, principalmente dos
jovens, hoje os mais atraídos pela
coletividade e os menos interessados pelo automóvel. Renata Bokel,
vice-presidente de planejamento
da agência, conta que as montadoras investem bastante em meios
tradicionais, mas estão aumentado
significantemente a divulgação nas
mídias digitais. “Estudo do Google
em parceria com a consultoria TNS
Research mostra que a internet é o
meio de informação mais usado por
interessados em comprar um carro
novo, sendo os portais das montadoras o primeiro lugar para buscar
FIAT aposta
em Live Store
para inovar e
atrair clientes
na internet
84
BUSINESS
LUCIANA PAZ
CAMPANHA DA FORD convida o consumidor a testar os lançamentos da marca
mais informações e o melhor preço
do carro desejado.”
A agência criou uma forma de
humanizar a compra pela internet.
É a ferramenta Fiat Live Store, uma
plataforma digital que permite ao
consumidor, por meio do computador, tablet ou celular, de onde estiver,
experimentar cinco carros da Fiat
em um atendimento ao vivo, personalizado, feito por cinco experts, que
mostram todos os detalhes dos veículos. “A Fiat é conhecida pela sua
inovação. Por isso, sempre estamos
abertos a investir em novas estratégias, como esta”, salienta Maria Lúcia Antônio, gerente de marketing e
publicidade da companhia.
“O Fiat Live Store é uma experiência imersiva em cada automóvel.
Queremos revolucionar a forma de
experimentar carros, mas também
estabelecer um novo modelo de negócio, fazendo da compra um momento mais qualificado. Se a internet
se consolidou como o meio mais
usado para a pesquisa de um carro, precisamos tornar esse processo
mais relevante e humano. Um formato que vai além da informação estática e muitas vezes desinteressante.
Essa é uma tendência que veremos
nos próximos anos”, explica Renata.
A Ford é outra montadora que tem
apostado no universo virtual. Oswaldo
Ramos, gerente de marketing da montadora para o Brasil, defende a transparência como um dos principais valores
a serem seguidos. “O consumidor está
muito mais informado e crítico. Faz a
pré-compra por meio de diversas consultas e vai à concessionária mais bem
preparado e com a decisão já tomada.
É por este poder de acesso à informação que a revolução do marketing está
pautada na autenticidade.”
Recentemente, a Ford, que lançou
oito carros em 16 meses, criou uma
campanha que convida o público de
todo o País para um test-drive da sua
nova linha. “O objetivo, além de aproximar a marca dos consumidores, é
mostrar na prática o desempenho de
nossos veículos e as novas tecnologias
que a Ford está popularizando no Brasil. Estamos abrindo as portas de diversos modelos. É uma das formas mais
transparentes que encontramos.” Q
CAMINHÕES NO
UNIVERSO ON-LINE
O
público do setor de caminhões é
outro, formado por frotistas e motoristas autônomos, mas a internet também consegue exercer forte influência
sobre ele. No caso da Mercedes-Benz,
revela Jorg Radtke, gerente sênior de
marketing para caminhões, as ações em
mídias sociais têm aumentado com o intuito de fugir das campanhas tradicionais
e criar conteúdos atrativos.
Na MAN Latin America, com as marcas
Volkswagen e MAN, as campanhas on-line complementam as off-line. “Fazem
parte de uma estratégia de comunicação
360 graus. Apostamos na internet pela
afinidade que essa ferramenta nos permite ter com os clientes. É essencial deixar
a marca cada vez mais próxima dos consumidores, que, ao estarem satisfeitos, se
tornam seus principais embaixadores”,
comenta Ricardo Barion, gerente executivo de marketing da organização.
SERVIÇOS
| DISTRIBUIÇÃO
MUDAR PARA SOBREVIVER
COM NOVOS CONCORRENTES A CADA DIA E MUDANÇAS NO
PERFIL DOS CONSUMIDORES, SETOR DE DISTRIBUIÇÃO BUSCA
MEIOS PARA SE ADAPTAR E REAGIR
CAMILA WADDINGTON
F
abricante sem uma rede de distribuidores competentes, por
melhores que sejam seus produtos, não sobrevive. O contrário
também se aplica. Um depende visceralmente do outro para existir. Essa
máxima traduz precisamente a realidade do universo da distribuição de
automóveis e veículos comerciais no
Brasil. O cenário econômico atual,
tanto por aqui como no exterior, estimula discussões em torno do futuro
do negócio em um mercado em que
a forte concorrência soterra qualquer
lucratividade e a gestão livre de erros
é o objetivo a ser perseguido.
“A única coisa que um distribuidor
pode controlar são seus custos. O
capital do concessionário precisa ser
salvaguardado, pois somente assim
DISTRIBUIDORES buscam
diversificar fontes de receita com
o fortalecimento das áreas de
usados e pós-venda
86
BUSINESS
ele vai garantir o negócio em período de crise”, enfatizou Jorge Chear
Neto, diretor de vendas e marketing
da Ford, em mesa redonda promovida durante o Congresso Fenabrave,
que ocorreu em São Paulo, no último
mês de agosto.
Em linhas gerais, o modelo de
concessionária que começa a se delinear no horizonte segue uma proposta mais enxuta, com estruturas
compactas, sistemas inteligentes
totalmente informatizados, enfim,
tudo pronto para oferecer serviços
ágeis e impecáveis a clientes a cada
dia mais exigentes. Isso, primordialmente, porque o acesso à informação há muito não é um privilégio de
poucos, mas a realidade da maioria,
conforme reitera Flávio Meneghetti,
presidente da Fenabrave: “Hoje 85%
das pessoas consultam a internet antes de ir a uma concessionária fechar
negócio. E muitas delas acabam
comprando de uma marca diferente
da pesquisada, justamente por não
receberem informações acuradas e
atendimento compatível.”
O vendedor, portanto, precisa estar
preparado, munido do máximo de informações possível para dar conta do
recado e não perder a venda. “O consumidor está mais presente e mais informado do que nunca. Ele chega à
concessionária carregado de informações e o vendedor precisa estar
preparado para lidar com esse novo
perfil”, enfatiza Meneghetti.
HOJE, 85%
DA PESSOAS
DAS
C
CONSULTAM
A
INTERNET ANTES
DE IR A UMA
CONCESSIONÁRIA
FECHAR NEGÓCIO
FLÁVIO MENEGHETTI,
presidente da Fenabrave
Outra retaguarda primordial é o
pós-venda. Como é sabido, cliente
satisfeito retorna à casa. E não basta mais a satisfação com o produto,
é necessário oferecer mais e melhor,
ter aquele “plus” que todos buscam
e poucos conseguem oferecer. Nesse aspecto, o segmento de veículos
pesados é a verdadeira referência,
benchmarking no pós-venda da indústria automobilística, superando
muitas vezes a própria capacidade
de atendimento. “Os distribuidores
de caminhões e ônibus, de modo
geral, têm todos os seus custos fixos cobertos pelo faturamento do
pós-venda, exemplo que deveria ser
seguido por todos os concessionários de automóveis e motocicletas”,
explica Meneghetti.
Bom lembrar que, com tamanhas
distâncias rodoviárias a ser percorridas, a demanda por serviços para
veículos comerciais é naturalmente
maior. Isso, no entanto, não impede
que a procura por pós-venda para
automóveis e motocicletas seja grande. Ainda assim, o foco da maior parte dos empresários do setor no País
permanece nas vendas de veículos
novos. Segundo Meneghetti, esta é
a primeira condição que tem de mudar. “É preciso diversificar as fontes
de renda. Não é possível sobreviver
concentrando-se apenas em uma
parte de uma estrutura muito maior
que é uma concessionária.”
Outro assunto extensamente discutido é o setor de usados, cujo
potencial de crescimento aumenta à medida que mais pessoas têm
acesso ao mercado. Basta comparar: enquanto no Brasil o segmento
representa algo entre 5% e 10% da
receita dos distribuidores, em outros
países como Estados Unidos, Japão
e nações europeias, este índice qua-
se triplica, girando em torno de 15%
e 25%. Números apresentados no
Congresso Fenabrave indicam que o
horizonte para quem aposta neste filão é animador: em 2016 o Brasil deverá ter uma frota de 16 milhões de
veículos com mais de 5 anos de uso.
Diante da previsão de PIB abaixo dos
2% para este ano e um pouco acima
desse patamar para 2014, Meneghetti não arrisca projeções. Mas deixa no
ar a impressão de um ano desafiador,
o que deverá imprimir urgência ainda
maior em mudar os métodos de gestão e até mesmo a visão do negócio
de distribuição no mercado brasileiro. Q
O CRESCIMENTO DA DISTRIBUIÇÃO
C
om a chegada de novas marcas ao mercado brasileiro neste ano
e nos próximos, a expectativa é de avanço no número de distribuidores e representantes no País. Conforme estimativa do presidente da
Fenabrave, Flávio Meneghetti, serão 300 a mais somente em 2013 – o
que é pouco dentro de um universo de mais de 7 mil pontos espalhados
pelo Brasil, sendo 4 mil dedicados a automóveis. “Espera-se a mesma
média em 2014, dentro de um cenário muito mais competitivo, em razão
da economia mais austera, crédito mais escasso e quantidade maior de
concorrentes na disputa”, conclui.
| LUIZ EDUARDO LOPES
DIVULGAÇÃO
ARTIGO
TECNOLOGIAS
SUSTENTÁVEIS PARA
REDUZIR PESO E
BAIXAR CUSTOS
LUIZ EDUARDO LOPES
é diretor do Centro de
Integridade de Estruturas e
Equipamentos do IPT
D
ois importantes
agentes propulsores
da inovação no
desenvolvimento de
estruturas mais leves são
as indústrias automotiva
e aeronáutica. O interesse
de empresas líderes dos
dois setores por estas que
são também chamadas
“estruturas viáveis”, ou
affordable structures, está
no desafio contínuo da
redução de peso e de custo
na execução dos projetos
em mercados altamente
competitivos.
A denominação de
“viabilidade” é ainda pouco
disseminada no Brasil e
envolve o uso de materiais
provenientes de fontes
renováveis e passíveis de
reciclagem ou descarte
com segurança, a fim de
alcançar um ciclo de vida
sustentável.
Vale ressaltar que a
ideia de redução de peso
como chave para as
estruturas não é nova e
sempre esteve presente
nas indústrias, com maior
ou menor intensidade,
88
BUSINESS
dependendo do setor
de atuação. Apesar dos
custos para modificar os
processos de manufatura,
eles são cada vez mais
aceitos pelos empresários,
ao menos pelos líderes de
mercado e pelas empresas
preocupadas com questões
ambientais.
Nos Estados Unidos,
a Corporate Average
Fuel Economy (Cafe) foi
aprovada em 1975 e busca
reduzir o consumo de
energia, aumentando a
economia de combustível
em carros e caminhões
leves. O consumo de 54,5
milhas por galão (23,2
km/l) deve ser alcançado
até 2025 e a diminuição de
peso é um dos caminhos
mais realistas para atingir
esse objetivo. Estudos
sugerem que uma redução
de 10% de peso do veículo
resulta em um consumo de
combustível 6,6% menor.
Outras pesquisas
indicam que a quantidade
de peças usadas em uma
carroceria típica pode
cair de 400 para 211, e
os materiais empregados
– alumínio, magnésio,
materiais compósitos e aço
de alta resistência – podem
diminuir a massa da
estrutura em 42%, de 382
kg para 221 kg.
É importante dizer que
não há solução tecnológica
única, de custo adequado,
que permita atingir 50
milhas por galão (21,2
km/l) sem uma redução
significativa do peso. Esse
resultado será possível
pela combinação de
materiais mais leves e
resistentes, associada a
um alto grau de integração
de componentes e
metodologias avançadas
de montagem.
Uma das estratégias
adotadas pelos principais
players para superar os
desafios tecnológicos é
a criação de ambientes
voltados a atividades de
P&D e o estabelecimento
de parcerias com
universidades e institutos
de pesquisas em busca
de avanços nos processos
de manufatura e nas
ciências de materiais. Isso
exige equipes altamente
treinadas, equipamentos
de última geração e apoio
financeiro para os estudos
de uma tecnologia ainda
não dominada.
A instalação do
Laboratório de Estruturas
Leves do Instituto de
Pesquisas Tecnológicas
(IPT) no Parque
Tecnológico da cidade de
São José dos Campos
representa um dos esforços
do País no desenvolvimento
de estruturas a partir
de materiais metálicos,
compósitos e híbridos.
Outra ação para promover
mudanças é o recente
Programa de Incentivo à
Inovação Tecnológica e
Adensamento da Cadeia
Produtiva de Veículos
Automotores, o InovarAuto, proposto pelo
Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação,
para o desenvolvimento
tecnológico, a proteção ao
meio ambiente, a eficiência
energética e a qualidade de
veículos e autopeças. „
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BRASIL
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9\H-LSP_.\PSOLT3HWHKL)HP_V:7
BRASIL
^^^T[SVNIYHZPSJVTIY
COBIÇA
(Preços pesquisados em outubro)
FACILIDADES TECNOLÓGICAS
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compatíveis com o 4G brasileiro, está previsto para
dezembro no Brasil. O 5C é uma versão de plástico mais
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650 (32 GB) nos EUA. Já o 5S é o topo da linha, com
acabamento prata, preto ou dourado e leitor de digitais
para destravar a tela. Sai por US$ 650 (16 GB), US$ 750
(32 GB) ou US$ 850 (64 GB). www.apple.com.
O relógio de pulso Galaxy Gear, da Samsung,
entrega muito mais que as horas. Em conexão com o
smartphone Galaxy Note III, faz e recebe ligações pelo
microfone na pulseira. Tem tela digital de 1,63 polegada,
sensível ao toque, para checar e-mails e SMS. Vem ainda
com câmera embutida de 1,9 megapixel, além de 70
aplicativos, a maioria para monitorar atividades físicas.
Em pré-venda no País, por R$ 1,3 mil. O smartphone
Galaxy Note III custa R$ 2,9 mil.
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de 8,29 megapixels, equivalente a quatro vezes o
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