Saneamento básico e a saúde da criança: evidências para o nordeste brasileiro. Sammara
Cavalcanti Soares; Tatiane Almeida de Menezes.
Introdução e Objetivo
Saneamento constitui o controle de todos os fatores do meio físico do homem, que exercem
ou podem exercer efeitos deletérios sobre seu estado de bem estar físico, mental ou social
(OMS). Neste conceito, fica claro o enfoque ambiental e preventivo do saneamento ao situá-lo
no campo de controle dos fatores do meio físico e abordá-lo como uma medida preventiva de
saúde. O Brasil apresenta ainda hoje, a incidência de patologias oriundas do início do século
XX, como cólera, leptospirose e esquistossomose, todas ligadas à inadequada oferta de
serviços de saneamento básico. Diante desse contexto, o presente artigo utiliza a Pesquisa
Nacional de Amostra por Domicílio (2008), para verificar a atual desigualdade de acesso aos
serviços de saneamento básico entre as regiões brasileiras e entre as faixas de renda
domiciliar. Sequencialmente, serão investigados os efeitos da ausência dos serviços de
saneamento sob a saúde da população infantil, por serem os atores sociais mais afetados pela
insalubridade ambiental. Através do modelo logístico, busca-se estimar a probabilidade de
mortalidade na infância e de ocorrência de diarreia dado as características de saneamento do
domicilio que mora a criança e sua mãe.
Metodologia
A estratégia empírica deste trabalho segue a aplicação do modelo logit, geralmente utilizado
nos estudos da área, e busca compreender as chances de uma criança, dada suas condições
socioeconômicas, sofrer de diarréia ou vômito dado a ausência de esgotamento no domicílio.
No segundo momento, estima-se a probabilidade de mortalidade infantil tendo sob referência
o fato de que o domicílio da mãe da criança não possui água encanada.
Modelo Logit estimado: LN (pi / (1 - pi)) = α + βi controlesocioecon +β2 saneamento + ei (1)
Resultados
Estima-se que em 2008, respectivamente 45% e 25% das crianças entre 0 e 8 anos de idade no
nordeste não tinham acesso à esgotamento sanitário e água encanada nas suas residências;
frente aos 15% e 5% da região sudeste. Os resultados apontam que para o Brasil, as crianças
de 2 a 9 anos expostas à carência de saneamento possuem uma probabilidade 3 vezes maior
de sofrer com diarréias. No nordeste, tais chances são 4 vezes maiores. Os domicílios sem água
encanada no Brasil como um todo, apresentaram uma maior ocorrência de mortalidade em
crianças de 0 a 7 anos do que aqueles que usufruem de tal serviço. Mais especificamente, na
área urbana da região nordeste, há uma probabilidade significativamente superior de ocorrer
mortalidade na infância quando não há água no domicílio.
Conclusões
Considerando que o acesso aos serviços de saneamento permite, além das externalidades
positivas ao meio ambiente, que se evitem os riscos e incômodos das doenças, e até mesmo
de morte, os resultados do presente artigo sugerem que a questão do saneamento básico se
apresenta de forma significativa às políticas de saúde pública como medida essencial de
prevenção. Sendo assim, observa-se principalmente no Nordeste, o retrato da necessidade de
se intensificar tais ações como busca da equidade dos serviços públicos à sociedade e
maximização do bemestar e da qualidade de vida.
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