Anais X SECIC SEMANA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS I SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E EDUCAÇÃO CONTABILIDADE: CIÊNCIA A SERVIÇO DA SOCIEDADE 10 a 14 de junho de 2013 UNEMAT UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO Campus Universitário de Tangará da Serra – MT ORGANIZADOR EUGÊNIO CARLOS STIELER Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 1 10ª SEMANA DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS (SECIC) 1º SEMINÁRIO DE PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO, CONTABILIDADE E EDUCAÇÃO CONTABILIDADE: CIÊNCIA A SERVIÇO DA SOCIEDADE 10 a 14 de junho de 2013 CURSO DE CIENCIAS CONTÁBEIS Campus de Tangará da Serra - MT Universidade do Estado de Mato Grosso Brasil Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 2 FICHA CATALOGRÁFICA X SECIC - Semana de Ciências Contábeis I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação; Contabilidade: Ciência a Serviço da Sociedade - 10 a 14 de junho de 2013 - Campus Universitário de Tangará da Serra - Universidade do Estado de Mato Grosso-MT – Brasil. 1. Resumos. 2. Trabalhos Acadêmicos. 3. UNEMAT. 4. Mato Grosso. I. Título Ilustração: Eugênio Carlos Stieler Página da web da X SECIC - Semana de Ciências Contábeis: http://www2.unemat.br/contabeistga/secic/10secic/index.html Construção da página: Eugênio Carlos Stieler Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 3 COMISSÃO ORGANIZADORA Cleci Grzebieluckas Eugênio Carlos Stieler COMITÊ CIENTÍFICO Carlos Edinei de Oliveira – UNEMAT Cleci Grzebieluckas - UNEMAT Maria Helena Rodrigues Paes – UNEMAT ADMINISTRAÇÃO DA UNEMAT Adriano Aparecido Silva Reitor Dionei José da Silva Vice-Reitor Sergio Baldinotti Diretor de Unidade Regionalizada Político-Pedagógica e Financeira Eugênio Carlos Stieler Diretor da Faculdade de Ciências Sociais, Aplicadas e da Linguagem Alex Sabino dos Santos Diretor de Unidade Regionalizada Administrativa Cleci Grzebieluckas Coordenadora do Curso de Ciências Contábeis Ana Maria Di Renzo Pró-Reitora de Ensino e Graduação Áurea Regina Alves Ignácio Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação Vera Maquêa Pró-Reitora de Extensão e Cultura Walter Gustavo Danzer Pró-Reitor da Administração Ariel Lopes Torres Pró-Reitor de Gestão Financeira Weily Toro Machado Pró-Reitor de Planejamento e Tecnologia da Informação Celso Fanaia Teixeira Pró-reitor de Assuntos Estudantis Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 4 SUMÁRIO COMISSÃO ORGANIZADORA ................................................................................................................ 4 COMITÊ CIENTÍFICO ................................................................................................................................ 4 ADMINISTRAÇÃO DA UNEMAT ............................................................................................................. 4 SUMÁRIO .................................................................................................................................................... 5 BREVE HISTÓRICO DA X SECIC........................................................................................................... 6 O TEMA ........................................................................................................................................................ 7 PROGRAMAÇÃO ....................................................................................................................................... 7 ARTIGOS ..................................................................................................................................................... 8 A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUALIDADE DOS GASTOS COM PESSOAL, UMA ANÁLISE DOCUMENTAL NO MUNICÍPIO DE CÁCERES – MT, NO PERÍODO DE 2005 A 2011 ....................................... 8 A REPRESENTAÇÃO DO TCC PARA OS ACADÊMICOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNEMAT DE TANGARÁ DA SERRA – MT ........................................................................................................................... 21 ANÁLISE DO DESEMPENHO ECONÔMICO APÓS A IMPLANTAÇÃO DAS LICENÇAS AMBIENTAIS: UM ESTUDO EM UMA EMPRESA DO SETOR MECÂNICA- HIDRÁULICA ............................................................. 34 ANÁLISE DO IMPACTO DAS DESPESAS DE MANUTENÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL ROOSEVELTH FIGUEIREDO LIRA DE BARRA DO BUGRES-MT NO ORÇAMENTO DO MUNICÍPIO ....................................... 46 APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO ........................ 59 BALANÇO SOCIAL: UMA ANÁLISE NAS 100 MAIORES EMPRESAS BRASILEIRAS ......................................... 72 Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 5 BREVE HISTÓRICO DA X SECIC A semana de Ciências Contábeis vem sendo realizada desde 1997 exceto nos períodos de 1998 a 2001, 2005, 2006 e 2008. Desde sua primeira edição, sempre teve como principal foco os acadêmicos do próprio curso, a fim de oportunizá-los condições de adquirir novos conhecimentos através de palestras e debates com especialistas na área contábil. Os temas e as palestras proferidas nas semanas de Ciências Contábeis sempre estiveram de acordo com os assuntos em evidência da época. Em 2002, na II Semana de Ciências Contábeis o tema foi: “A Contabilidade Pública e a Responsabilidade dos Gestores”. Em 2003 na III Semana de Ciências Contábeis teve como Tema: “Contabilidade: Transparência com Responsabilidade Social”. Em 2004 foi realizada a IV Semana de Ciências Contábeis com o Tema: “A Contabilidade como instrumento para as tomadas de decisão”. No encerramento foi oferecida à comunidade o serviços de Declaração Anual de Isento – CPF, onde foram feitas 810 (oitocentos e dez) declarações. Em 2007 foi realizada a V Semana de Ciências Contábeis, com o tema “Tributo, Contabilidade e Responsabilidade Social”. Estiveram presentes autoridades do município, representantes de Secretaria de Fazenda do Estado, e professores do Departamento de Ciências Contábeis. O evento contou com aproximadamente 200 inscritos. A palestra proferida pelo contador Odenor Aquino da Silva, Coordenador do Programa Consciência Fiscal da SEFAZ/MT, que teve como tema “Tributo, contabilidade e responsabilidade social”. Além de palestras, o evento contou com várias mesas redondas. Em 2009 foi realizada a VI SECIC – Semana de Ciências Contábeis, com o tema: “Contador: Atuação e Inteligência Corporativa”. O evento contou com apresentação de minicursos e exposições de trabalhos por parte dos acadêmicos do curso de Ciências Contábeis. Em 2010 foi realizada a VII SECIC – Semana de Ciências Contábeis com o tema: “O perfil Ideal para o Contador que as Empresas Procuram”. Entre as palestras foram realizadas várias apresentações culturais. Estiveram presentes 335 participantes entre professores e acadêmicos da UNEMAT e outras instituições locais. Em 2011 a VIII SECIC abordou sobre o tema “Tecnologia e Meio Ambiente: Novas Tendências da Contabilidade”. O evento foi contemplado com palestras sobre ICMS Ecológico, Projetos e o Mercado de Créditos de Carbono e também sobre o Exame de Suficiência para os futuros profissionais contábeis. Contou ainda com uma mesa redonda sobre o uso da tecnologia na contabilidade e na gestão. Foram realizadas oficinas sobre Metodologia de Pesquisa, Micro Empresário Individual, Imposto de Renda Pessoa Física, Economia Pessoal, Contabilidade e o Agronegócio, Iniciando com a calculadora HP12, Estatística Básica Usando o R, e Sped Fiscal e Contábil. Também foram apresentados trabalhos de pesquisas dos acadêmicos e professores dos cursos de Administração e Ciências Contábeis gerando assim o primeiro Cadernos de Resumo impresso. A IX SECIC – Semana de Ciências Contábeis em 2012 teve como tema: “Contador Global: Tendências, Desafios e Oportunidades”. O evento propôs uma discussão sobre as novas tendências desafios e oportunidades para o profissional contábil no tocante a exportação de produtos, uma vez que cada vez mais se abrem novas oportunidades de mercados internacionais. Oportunizou aos acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis palestras sobre a importância da preparação para o Exame de Suficiência, atributo necessário para a atuação profissional contábil. Abriu também um importante espaço para a comunidade científica publicar suas pesquisas de trabalhos de Conclusão de Curso e/ou outras modalidades. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 6 No decorrer dessa trajetória percebe-se que houve um crescimento significativo na participação tanto da comunidade interna quanto externa, destacando-se, portanto, a necessidade de dar continuidade dessa modalidade de evento. O TEMA A 10ª Semana de Ciências Contábeis (SECIC) teve como tema: “Contabilidade: Ciência a Serviço da Sociedade”. Junto a X SECIC foi realizado o 1º Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação, oportunidade que propiciou aos acadêmicos e professores a divulgarem suas pesquisas realizadas nos trabalhos de Conclusão de Curso e/ou outras modalidades. PROGRAMAÇÃO Dia 10 de junho, Segunda feira LOCAL: CENTRO CULTURAL 18h às 19h - Entrega de Material 19h às 20h - Abertura e Apresentação Cultural 20h às 22h Palestra de Abertura: CONTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR Palestrante: Prof. Dr. Wilson Toshiro Nakamura – MACKENZIE Dia 11 de junho, Terça feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 23h - Seminário de pesquisas em Contabilidade, Administração e Educação. Dia 12 de junho, Quarta-feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 23h - Minicursos (4 horas) Saber Falar. Uma nova competência gerencial Prof. Me. Ivon de Mello Trelha (UNEMAT) Usando a calculadora HP12C Prof. Me. Eugênio Carlos Stieler (UNEMAT) Imposto de Renda Pessoa Física Prof. Me. Adervaldo Chaves Ribeiro (UNEMAT) Do Projeto de Pesquisa ao TCC Prof. Me. Sergio José Both Dia 13 de junho, Quinta-feira LOCAL: Centro Cultural 19h às 20h. Apresentação cultural 20h às 22h Palestra: A FUNÇÃO SOCIAL DA UNIVERSIDADE NO CONTEXTO ATUAL Palestrante: Dra. Leonice Alves Mourad – UFSM 14 de junho, Sexta-feira LOCAL: Campus da Unemat Tangará da Serra - MT. 19h às 22h Mesa Redonda: A PESQUISA NA UNIVERSIDADE Palestrantes: Prof.ª Dra. Leonice Alves Mourad – UFSM Prof. Dr. Sergio Both Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 7 ARTIGOS A LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL E A QUALIDADE DOS GASTOS COM PESSOAL, UMA ANÁLISE DOCUMENTAL NO MUNICÍPIO DE CÁCERES – MT, NO PERÍODO DE 2005 A 2011 Simone Alves Nascimento [email protected] Marta de Oliveira Correia [email protected] Patrícia Gomes Mussato [email protected] Nivaldo Teodoro de Mello [email protected] Área de conhecimento: Ciências Contábeis RESUMO O presente estudo tem por objetivo avaliar a qualidade dos gastos público pertinente a despesa com pessoal na prefeitura Municipal de Cáceres-MT, por meio de análise documental, do período de 2005 a 2011, possibilitando uma melhor compreensão dos demonstrativos das despesas com pessoal à luz da Lei Complementar 101/2000. Quanto à abordagem do problema, a pesquisa é qualitativa e insere-se como estudo documental e bibliográfico, através de análise dos dados extraídos de documentos contábeis da prefeitura, referente aos exercícios financeiros de 1999 a 2000 e 2005 a 2011. O referido estudo possibilitou concluir que, em regra, o município manteve os seus gastos com pessoal no limite máximo estabelecido pela LRF, realidade recorrente no âmbito da municipalidade até mesmo em épocas anteriores ao advento da Lei Complementar 101/2000. Alguns fatores podem ser decisivos para que o município se envolva nessa realidade, dentre os quais se destaca a arrecadação tributária incipiente auferida frequentemente pelo poder público municipal. No exercício financeiro de 2005 a despesa com pessoal, ultrapassou o limite estabelecido pela LRF (54%) infringindo, dessa forma, frontalmente a Lei Complementar 101/2000. Nesse sentido, pode-se constatar que embora a LRF tenha como princípio básico impactar de forma positiva na qualidade dos gastos públicos, pode-se constatar que na administração municipal de Cáceres essa realidade, na forma de bem gerir o erário, não ocorreu. Palavras-chave: Lei de Responsabilidade Fiscal; Qualidade de Gastos; Despesas com Pessoal; 1 INTRODUÇÃO A Administração Pública se destina a atender o interesse público e garantir o acompanhamento das finalidades institucionais que a Constituição e as leis infraconstitucionais determinam para todo o aparato da Administração Pública (PREFEITURA, 2011, p.02). A gestão a ser exercida pelo administrador público deve zelar pela correta aplicação e gerenciamento dos recursos públicos, na forma da lei, cabendo, ainda, observar a supremacia do interesse público, bem como os princípios aplicáveis à Administração Pública, em especial os relacionados no art. 37 da Constituição Federal de 1988, tais como legalidade, moralidade, impessoalidade, economicidade e eficiência (CASTILHOS et al., 2009, p.19). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 8 Neste contexto, a Lei Complementar, nº 101, de 04 de maio de 2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal, estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal, com amparo no Capítulo II do Título VI da Constituição Federal. De acordo com os artigos 19 e 20 da Lei de Responsabilidade Fiscal, na esfera municipal, a despesa total com pessoal em cada período de apuração não poderá exceder os percentuais da receita corrente líquida de 60%, sendo 54% para o Executivo, e 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver. As limitações das despesas com pessoal na gestão pública contribuem para o equilíbrio das contas públicas e aumenta a responsabilidade do gestor que passa a ter limites e regras definidas para conseguir administrar as finanças de maneira transparente (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.02). O presente estudo tem por objetivo avaliar a qualidade dos gastos na folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Cáceres-MT, por meio de análise documental, do período de 2005 a 2011, possibilitando uma melhor compreensão dos demonstrativos das despesas com pessoal, estes analisados em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Administração Pública Administração Pública é o conjunto de órgãos e entes que exercem funções administrativas, compreendendo as pessoas jurídicas e órgãos públicos incumbidos dessas funções, no âmbito da Administração Direta e Indireta. No sentido funcional ou objetivo, consiste no conjunto de atividades do Estado, as quais não podem ser classificadas nas funções legislativas e judiciárias (CASTILHOS et al. 2009, p.45). Toda atuação do agente público deve ter uma finalidade pública, ou seja, se destina a atender o interesse público e garantir a observância das finalidades institucionais que a Constituição e as leis determinam para todo o aparato da Administração Pública. A lei, ao atribuir competência ao agente público, veda que o ato administrativo seja contrário à finalidade pública, sob pena de ficar caracterizada improbidade administrativa por desvio de finalidade” (PREFEITURA, 2011, p.02). Neste sentido, Brandião et al. (2007, p.12) ressalta que a administração pública desenvolve atividades no intuito de suprir às necessidades da população, esta que é a mantenedora do Estado por meio da contribuição de impostos. Esta contribuição deve ser restituída à população por meio de bens e serviços, os quais devem ter sua gestão realizada pelos administradores públicos comprometidos em servir à comunidade. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 9 Castilhos et al. (2009, p.45-46) enfatiza que a função administrativa deve ser desempenhada predominantemente pelo Poder Executivo, porém, irregularmente, os demais poderes constitucionais também a desempenham. Relata também que a atividade administrativa pode ser exercida de forma centralizada, diretamente pelos entes políticos – União, Estados, Distrito Federal e Municípios –, e de forma descentralizada, quando estes instituem novos entes, dotados de personalidade jurídica própria, os quais passarão a desempenhar algumas de suas atividades. Castilhos et al. (2009, p.19) também ressalta que: (...) a administração a ser exercida pelo Gestor deve zelar pela correta aplicação e gerenciamento dos recursos públicos, na forma da lei, cabendo, ainda, observar a supremacia do interesse público, bem como os princípios aplicáveis à Administração Pública, em especial os relacionados no art. 37 da Constituição Federal de 1988 e 19 da Constituição Estadual de 1989, tais como legalidade, moralidade, impessoalidade, economicidade e eficiência” (CASTILHOS et al., 2009, p.19). Assim, o administrador público tem em sua gestão a responsabilidade de gerir interesses dos cidadãos, assim, a Administração pública é a gestão de bens e interesses da comunidade, visando o bem comum da coletividade (BRANDIÃO et al. 2007, p.12). 2.2 Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF A falta de controle nos gastos públicos, especificamente nos gastos com pessoal, propicia que os gestores muitas vez não alcance êxito na sua função por utilizarem de forma inadequada os recursos públicos, comprometendo, assim, um grande percentual de sua receita, inviabilizando investimentos em outras áreas, a exemplo de saúde, educação e moradia, assim a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) busca o equilíbrio das contas públicas e uma gestão fiscal responsável (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.03). Neste sentido, Gadelha (2011, p.66) destaca que a LRF, sancionada em 4 de maio de 2000, é uma lei de finanças públicas tem como objetivo garantir o controle dos gastos públicos e transparência na gestão fiscal. Enfatiza que: (...) Concebida como uma legislação abrangente sobre Finanças Públicas que incide sobre todas as esferas de governo, a LRF ratifica o processo de controle de gastos, bem como a estabilidade das contas públicas. No âmbito mais geral, a LRF estipulou para Estados e Municípios um limite superior para gastos com pessoal em 60% da receita corrente líquida. Para evitar o endividamento excessivo, também estipulou uma relação de 1,2 entre a dívida consolidada líquida e a receita corrente. Além disso, definiu metas fiscais anuais e a exigência de apresentação de relatórios trimestrais de acompanhamento. Estabeleceu, ainda, mecanismos de controle das finanças públicas em anos eleitorais e proibiu socorro financeiro entre a União e os governos subnacionais, além de estabelecer punições caso as normas estabelecidas não sejam cumpridas. (GADELHA, 2011, p.66). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 10 2.3 Despesa com Pessoal A LRF disciplina a gestão fiscal e esta amparada no tripé: Transparência, planejamento e controle das contas públicas. Uma de suas metas primordiais é a redução dos gastos com pessoal ao estabelecer limites com a finalidade de disciplinar à gestão dos recursos públicos, onde as transparências das contas é obrigatoriedade dos poderes a quem ela compete (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.05). Freitas e Damascena (2011, p.05) enfatiza que os gastos com pessoal é um assunto que já vem sendo regulamentada desde 1995, a partir da Lei Complementar nº 82 (Lei Camata) e sua reedição, a Lei Complementar nº 96, revogada pelo artigo 75 da LRF. A lei de responsabilidade fiscal impõe assim uma significativa e rigorosa melhoria no controle das contas públicas no Brasil, destacando sobremaneira, o comprometimento dos governantes com a elaboração de seus orçamentos e o cumprimento da meta fixada, quando da operacionalização da atividade financeira estatal (ALVES, 2011, p.21). O artigo 18 da LRF estabelece que despesa total com pessoal consiste na soma dos gastos do ente da Federação com os ativos, os inativos e os pensionistas, relativos a mandatos eletivos, cargos, funções ou empregos, civis, militares e de membros do Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, tais como vencimentos e vantagens fixas, subsídios, proventos da aposentadoria, reformas e pensões, inclusive adicionais, gratificações, horas extras e vantagens pessoais de qualquer natureza, bem como encargos sociais e contribuições pelo ente às entidades de previdência (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.05) Cruz (2001) apud Freitas e Damascena (2011, p.05), destaca que “as despesas com pessoal são as que mais despertam a atenção da população e dos gestores públicos, em razão de serem as mais representativas em quase todos os entes públicos, entre os gastos realizados”. Assim, a despesa com pessoal torna-se um dos assuntos mais inquietantes entre os gestores públicos, em controlar as despesas no setor público e, principalmente, em relação à folha de pagamento (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.05). 2.4 Exigências da LRF e suas Penalidades a Respeito do Limite da Despesa com Pessoal A LRF prevê penalidades ao não cumprimento da mesma, conforme o quadro abaixo: Quadro 1: LRF versus Penalidades LRF Ultrapassar o limite de despesa total com pessoal em cada período de apuração (art. 19 e 20, LRF). Penalidades Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201/1967, art. 4º, incisoVII). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 11 Expedir ato que provoque aumento da despesa com pessoal em desacordo com a lei (art. 21, LRF). Expedir ato que provoque aumento da despesa com pessoal nos cento e oitenta dias anteriores ao final do mandato do titular do respectivo Poder ou órgão (art. 21, LRF). Deixar de adotar as medidas previstas na LRF, quando a despesa total com pessoal do respectivo Poder ou órgão exceder a 95% do limite (art. 22, LRF). Deixar de adotar as medidas previstas na lei, quando a despesa total com pessoal ultrapassar o limite máximo do respectivo Poder ou órgão (art. 23, LRF). Manter gastos com inativos e pensionistas acima do limite definido em lei (art. 18 a 20, art. 24, § 2º, art. 59, § 1º, inciso IV, LRF). Não cumprir limite de despesa total com pessoal em até dois anos, caso o Poder ou órgão tenha estado acima desse limite em 1999 (art. 70, LRF). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Reclusão de um a quatro anos (Lei nº 10.028/2000, art. 2º). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201/1967, art. 4º, inciso VII). Cassação do mandato (Decreto-Lei nº 201/1967, art. 4º, inciso VII). Fonte: Sítio da Secretaria do Tesouro Nacional/Ministério da Fazenda (BRASIL, 2011) adaptado por FREITAS e DAMASCENA (2011). 2.5 Dos Limites para Gasto com Pessoal de Acordo com a LRF O controle dos gastos com pessoal é um dos mecanismos utilizados pela LRF para estabelecer ao gestor público uma responsabilidade com os bens públicos com a finalidade de manter o equilíbrio das contas públicas (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.06) Limites estabelecidos com gasto de pessoal no âmbito municipal é assunto tratado antes da LRF, pelos gestores públicos. A lei complementar 101/2000 vem regulamentar os artigos 162 e 169 da CF/88, que não são autorreguláveis, porem já havia uma previsão de normas infraconstitucionais que regulasse a matéria com os seguintes dizeres: “a despesa com pessoal ativo e inativo da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios não poderá exceder os limites estabelecidos em lei complementar”. Os limites estabelecidos pela LRF no artigo 19, para fim do disposto na Constituição Federal, a despesa total com pessoal, em cada ente da federação, não poderá ultrapassar os percentuais de RCL, isto é, 50% para União, 60% para os Estados, 60% para os Municípios. A nível de governo municipal, o inciso III do artigo 20 da LRF diz que a repartição dos limites globais do artigo 19 não poderá exceder os seguintes percentuais: 6% para o Legislativo, incluído o Tribunal de Contas do Município, quando houver e 54% para o Executivo. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 12 O artigo 19, § 1º, da Lei Complementar 101/2000 estabelece o que deve ser excluído desta despesa para fins de apuração, isto é, na verificação do atendimento dos limites definidos neste artigo, não serão computadas as seguintes despesas: Indenização por demissão de servidores ou empregados, relativas ao incentivo à demissão voluntária, decorrentes de decisão judicial e da competência de período anterior ao da apuração das despesas com pessoal a que se refere o § 2º do artigo 18 e de inativos custeados com recursos de fundos próprios. Conforme o parágrafo único do artigo 22 da referida lei, se os gastos com pessoal em relação à RCL exceder 95% (noventa e cinco por cento) do limite, são vedados ao Poder ou órgão referido no art. 20 que ocorrer no excesso: I - concessão de vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a qualquer título, salvo os derivados de sentença judicial ou de determinação legal ou contratual, ressalvada a revisão prevista no inciso X do art. 37 da Constituição; II - criação de cargo, emprego ou função; III - alteração de estrutura de carreira que implique aumento de despesa; IV - provimento de cargo público, admissão ou contratação de pessoal a qualquer título, ressalvada a reposição decorrente de aposentadoria ou falecimento de servidores das áreas de educação, saúde e segurança; V - contratação de hora extra, salvo no caso do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição e as situações previstas na lei de diretrizes orçamentárias. O art. 23 da referida lei destaca que, se a despesa total com pessoal, do Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo das medidas previstas no art. 22, o percentual excedente terá de ser eliminado nos dois quadrimestres seguintes, sendo pelo menos um terço no primeiro. Conforme o § 3º, incisos I, II, III, do artigo 23 da LRF, não alcançada à redução no prazo estabelecido, e enquanto pendurar o excesso, o ente não poderá: receber transferências voluntárias; obter garantia direta ou indireta, de outro ente; contratar operações de crédito, ressalvadas as destinadas ao refinanciamento da dívida mobiliária e as que visem à redução da despesa com pessoal. Conforme o § 1º, inciso II, do artigo 59 da LRF, o Poder Legislativo, diretamente ou com auxílio dos Tribunais de Contas, e o sistema de controle interno de cada Poder e do Ministério Público fiscalizarão o cumprimento das normas dessa Lei Complementar, com ênfase no que se refere ao montante da despesa total com pessoal que ultrapassar 90% do limite. Interpretado como limite de alerta aos entes, não cabe penalização, servindo apenas como uma alerta, para chamar a atenção dos gestores públicos de que o limite prudencial e máximo está próximo de serem ultrapassados (FREITAS e DAMASCENA, 2011, p.8). 2.6 Receita Corrente Líquida Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 13 Freitas e Damascena (2011, p.5) ressalta que no inciso IV do artigo 2º da LRF cita que a RCL consiste no somatório das receitas tributárias, de contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias, de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes, consideradas algumas deduções. De acordo com a LRF, nos Municípios, da RCL são deduzidas: a) A contribuição dos servidores para o custeio do seu sistema de previdência e assistência social; b) As receitas provenientes da compensação financeira dos vários regimes de previdência social, na contagem do tempo de contribuição na Administração Pública e em atividades privadas, rural e urbana. Serão computados, também, os valores pagos e recebidos em decorrência do fundo estabelecido no artigo 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), como o Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação) (FREITAS e Damascena, 2011, p.5-6). O conceito da receita corrente liquida instituído pela LRF consiste no somatório das receitas tributárias de contribuições patrimoniais, industriais, agropecuárias de serviços, transferências correntes e outras receitas também correntes deduzidos (art. 2º inciso IV), o cálculo da receita corrente líquida deve ser apurado, somando – se as receitas arrecadadas no mês em referencia e nos anos anteriores, excluindo – se as duplicidades (JUND, 2006, p.165). 3 METODOLOGIA O presente estudo tem como objetivo, avaliar a qualidade dos gastos na folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Cáceres-MT, no período de 2005 a 2011. Buscou-se, através de análise documental e levantamento bibliográfico, analisar a qualidade dos gastos com pessoal em conformidade com a LRF, no município de Cáceres - MT. A coleta de dados primários foi extraída de documentos contábeis (relatórios de gestão fiscal) da prefeitura municipal de Cáceres - MT referente aos exercícios financeiros de 1999 e 2000; 2005 e 2011. Para a realização dos objetivos, a investigação será estruturada em duas fases. A primeira através de fundamentação teórica com base na literatura sobre o assunto, a segunda fase será a análise de dados relativos às despesas e receitas com vistas a responder a indagação do estudo e atingir os objetivos determinados. 3.1 Método Foram utilizados os exercícios financeiros acima citados sobre os quais, foram comparados os principais índices em relação aos gastos com pessoal, com o intuito de avaliar a qualidade dos gastos com pessoal civil no município de Cáceres – MT. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 14 Para determinar a qualidade dos gastos com pessoal do município foram utilizados dados dos anos de 1999, 2000, 2005, 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011, os dados foram agrupados em grupos em relação às receitas. E do ponto de vista da forma de abordagem do problema a pesquisa apresenta características qualitativas, pois considera a relação dinâmica entre a política pública e o desenvolvimento, que muitas vezes não pode ser traduzido em números e assim não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Para um melhor entendimento e uma análise do que foi declarado em estudo, como ilustração, foram reproduzidos a seguir os demonstrativos da despesa com pessoal (Anexo I do RGF – Relatório de Gestão Fiscal) nos anos compreendidos entre 1999 a 2000 e 2005 a 2011, do Município de Cáceres – MT. A Tabela 1 demonstra o valor gasto com a folha de pagamento no ano de 1999 que corresponde a 43,83%. Esse percentual representa um valor significativo no gasto com pessoal em relação à receita líquida, é oportuno ressaltar que no exercício financeiro em análise as prefeituras não eram reguladas pela LRF lei 101/2000 (Lei de Responsabilidade Fiscal), porém era regulado pela Lei Complementar n. 96 de 31 de maio de 1999 – conhecida como Lei Rita Camata. No exercício financeiro de 2000 observou-se que o gasto com pessoal no referente ano corresponde a 49,69% da receita corrente liquida. Percebe-se que houve uma ligeira majoração nos gastos de pessoal civil ressalta-se que o ano de 2000 é o ano em que a lei 101/2000 entra em vigor. Pode-se observar que as despesas com pessoal apesar ter acorrido um aumento na folha de pagamento não ultrapassa o limite máximo imposto pela lei. No exercício financeiro de 2005 observou – se que os gastos com pessoal foram na ordem de 54,37% da receita corrente líquida, dessa forma fica caracterizado que o poder executivo municipal efetuou despesas com pessoal acima do limite máximo permitido pela legislação vigente, conforme estabelecido no art. 20 da LRF. Essa situação leva o gestor a responder perante a lei ordinária 10.028/2000 e decreto- lei nº 201/1967, art. 4º. Tabela 1 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder Executivo – Cáceres – MT 1999 – 2000 – 2005. Despesa Despesa Despesa Líquida de Despesa Com Pessoal Líquida de Líquida de Jan. a Dez. Jan. a Dez. Jan. a Dez. 2005 1999 2000 Despesa Liquida com Pessoal (I) R$ 23.686.395,75 Pessoal Ativo Pessoal Inativo e Pensionista Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 R$ 24.187.023,57 R$ 649.899,58 Página 15 Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de Contratos de Terceirização (art.18, § 1º da LRF) (II) Despesas Não Computadas (art. 19, § 1º da LRF) II. Indenizações por Demissão e Incentivos à Demissão Voluntária. Decorrentes de Decisão Judicial. Despesas de Exercícios Anteriores. Inativos e Pensionistas com Recursos Vinculados. Outras Despesas de Pessoal (art. 18, § 1º, LRF (II) Total da Despesa com Pessoal (I+II) Receita Corrente Liquida - RCL (V) % do Total da Despesa com Pessoal sobre RCL (IV) = (I+II)/(III) Limite Máximo (art. 20, incisos I, II e III, LRF) -54%. Limite Prudencial (art. 22, parágrafo único, LRF) 51,3%. - - - R$ 1.150.527,40 R$ 370.705,84 R$ 779.821,56 R$ 234.750,00 R$ 8.040.416,32 R$ 18.343.248,64 43,83% R$ 9.625.073,76 R$ 19.370.640,94 49,69% R$ 23.921.145,75 R$ 43.996.056,30 54,37% R$ 23.757.870,40 R$ 22.569.976,88 Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013). No exercício financeiro de 2006, o percentual dos gastos com pessoal sobre a RCL foi de 49,88%, este valor demonstra que o município reconduziu os gastos com pessoal dentro do estabelecido pela legislação não ultrapassando nem mesmo o limite prudencial, também conhecido como limite de alerta, ou seja, houve uma adequação por parte do chefe do executivo em manter os gastos com a folha de pagamento conforme estabelece o art. 20, incisos I, II e III, LRF. Conforme indica a Tabela 2 nota-se que, no exercício financeiro de 2007 o Município cumpriu com as exigências dentro do limite imposto pela LRF em seu (artigo 22, LRF) e (incisos I, II, III, artigo 20, LRF). Não foi ultrapassado o limite prudencial conforme o artigo (artigo 22, § 1º, inciso II, da LRF), resultado este que reflete o cumprimento da lei pelo gestor municipal. Tabela 2 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder Executivo – Cáceres – MT 2006 – 2007. Despesa Líquida de Despesa Líquida de Despesa Com Pessoal Jan. a Dez. Jan. a Dez. 2006 2007 Despesa Bruta Com Pessoal (I) R$ 27.127.941,19 R$ 28.979.160,23 Pessoal Ativo R$ 25.949.312,70 R$ 27.502.606,36 Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 16 Pessoal Inativo E Pensionista Outras Despesas De Pessoal Decorrentes De Contratos De Terceirização (Art.18, § 1º Da LRF) (II) Despesa Não Computadas (Art. 19, § 1º Da LRF) II. Indenizações por Demissão E Incentivos À Demissão Voluntária Decorrentes De Decisão Judicial Despesas De Exercícios Anteriores Inativos E Pensionistas Com Recursos Vinculados Outras Despesas De Pessoal (Art. 18, § 1º , LRF (II) Total Da Despesa Com Pessoal (I+II) Receita Corrente Liquida - Rcl (V) % Do Total Da Despesa Com Pessoal Sobre RCL (IV) = (I+II)/(III) Limite Máximo (Art. 20, Incisos I, II E III, LRF) - 54 %. Limite Prudencial (Art. 22, Parágrafo Único, LRF) 51,3% R$ 1.178.628,49 R$ - R$ 1.476.553,87 R$ - R$ 1.936.857,75 R$ 2.213.209,79 R$ 147.179,73 R$ 47.609,91 R$ 478.399,19 R$ R$ 1.311.278,83 R$ 629.024,68 R$ R$ 1.539.575,20 R$ - R$ - R$ 25.616.628,70 R$ 51.351.465,29 49,88 % R$ 26.765.950,44 R$ 60.854.887,20 43,98 % R$ 27.729.791,26 R$ 32.861.639,09 R$ 26.343.301,69 R$ 31.218.557,13 Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013). No exercício financeiro de 2008 o percentual dos gastos com pessoal civil sobre a RCL foi de 45,52% (conforme tabela 3), este percentual confirma que o município manteve a folha dentro do estabelecido pela legislação não ultrapassando o limite prudencial, ou seja, houve um cumprimento por parte do chefe do executivo em manter os gastos com a folha de pagamento conforme estabelece a legislação em vigor (art. 20, incisos I, II e III, LRF). No exercício financeiro de 2009 o poder executivo cumpriu com as exigências dentro do limite imposto pela LRF em seu art. 20 I, II, III. Não foi ultrapassado o limite prudencial conforme o art. 22, § 1º, inciso II, da LRF, esse resultado corrobora com os limites estabelecidos pela LRF e demonstra que a gestão pública municipal está cumprindo com as determinações da Lei de Responsabilidade Fiscal no que tange a despesa com pessoal. Tabela 3 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder Executivo – Cáceres – MT 2008 - 2009 Despesa Com Pessoal Despesa Bruta com Pessoal (I) Pessoal Ativo Pessoal Inativo e Pensionista Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de Despesa Líquida de Jan. a Dez. 2008 R$ 35.580.854,69 R$ 33.823.821,82 R$ 1.757.032,87 R$ - Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Despesa Líquida de Jan. a Dez. 2009 R$ 36.767.099,40 R$ 34.558.188,61 R$ 2.208.910,79 R$ Página 17 Contratos de Terceirização (art.18, § 1º da LRF) (II) Despesa Não Computadas (art. 19, § 1º da LRF) II Indenizações por Demissão e Incentivos à Demissão Voluntária Decorrentes de Decisão Judicial Despesas de Exercícios Anteriores Inativos e Pensionistas com Recursos Vinculados Outras Despesas de Pessoal (art. 18, § 1º , LRF (II) Total da Despesa com Pessoal (I+II) Receita Corrente Liquida - RCL (V) % do Total da Despesa com Pessoal sobre RCL (IV) = (I+II)/(III) Limite Máximo (art. 20, incisos I, II e III, LRF) - 54 % Limite Prudencial (art. 22, parágrafo único, LRF) 51,3% R$ 2.494.556,12 R$ 2.909.207,81 R$ 126,67 R$ 1.943,79 R$ 641.276,29 R$ R$ 1.853.153,16 R$ 640.672,13 R$ R$ 2.266.591,89 R$ - R$ - R$ 33.086.298,57 R$ 72.692.586,10 R$ 45,52 R$ 33.857.891,59 R$ 75.953.709,21 R$ 44,58 R$ 39.253.996,49 R$ 41.015.002,97 R$ 37.291.296,67 R$ 38.964.252,82 Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013). Verifica-se que o Município de Cáceres – MT, no exercício financeiro de 2010 conforme tabela 4, obteve um percentual de 53,95% dos gastos de pessoal em relação à receita corrente liquida não ultrapassando o limite máximo determinado pela LRF, no entanto ultrapassa o limite prudencial na forma do art. 22, parágrafo único, LRF, equivalente a 51,30%. Com relação ao exercício financeiro de 2011 o percentual alcançado com os gastos de pessoal foi na ordem de 51,60%, na qual, esse resultado não infringe os limites estabelecidos na Lei 101/2000, conforme menciona o art. 20 inciso III alínea b da LRF. Tabela 4 – Demonstrativa da Despesa com pessoal (LRF, art. 55, I, “a” – Anexo I) Poder Executivo – Cáceres – MT 2010 – 2011. Despesa Com Pessoal Despesa Bruta com Pessoal (I) Pessoal Ativo Pessoal Inativo e Pensionista Outras Despesas de Pessoal Decorrentes de Contratos de Terceirização (art.18, § 1º da LRF) (II) Despesa Não Computadas (art. 19, § 1º da LRF) II Indenizações por Demissão e Incentivos à Demissão Voluntária Decorrentes de Decisão Judicial Despesa Líquida de Jan. a Dez. 2010 R$ 48.284.491,02 R$ 45.610.991,90 R$ 2.673.499,12 R$ - Despesa Liquida de Jan. a Dez. 2011 R$ 4.235.223,58 R$ 4.652.108,11 R$ 701.512,23 R$ 553.264,87 R$ 778.030,17 R$ 798.464,04 Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 R$ 51.909.283,96 R$ 48.692.074,64 R$ 3.217.209,32 R$ - Página 18 Despesas de Exercícios Anteriores Inativos e Pensionistas com Recursos Vinculados Outras Despesas de Pessoal (art. 18, § 1º , LRF (II) Total da Despesa Liquida com Pessoal (I+II) Receita Corrente Liquida - RCL (V) % do Total da Despesa com Pessoal sobre RCL (IV) = (I+II)/(III) Limite Máximo (art. 20, incisos I, II e III, LRF) 54 % Limite Prudencial (art. 22, parágrafo único, LRF) 51,3% R$ R$ 2.755.681,18 R$ - R$ R$ 3.300.379,20 R$ - R$ 44.049.267,44 R$ 81.633.696,65 53,96 % R$ 47.257.175,85 R$ 91.580.636,33 51,60 % R$ 44.082.196,19 R$ 49.453.543,62 R$ 41.878.086,38 R$ 46.980.866,44 Fonte: Dados adaptados da Prefeitura Municipal de Cáceres/MT (2013). 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo da arrecadação tributária é fazer frente aos serviços públicos demandados pela sociedade. Neste sentido o poder público não pode comprometer a maior parte da sua receita corrente líquida em despesas de custeio ou manutenção da máquina pública. Através deste trabalho percebe-se que, via de regra, o município de Cáceres - MT mantém os seus gastos com pessoal próximo dos limites estabelecidos pela LRF. Esta realidade pode ser em razão da baixa arrecadação tributaria auferida frequentemente pelo poder público municipal. Porém no exercício financeiro de 2005 a despesa com pessoal, do poder executivo municipal, ultrapassou o limite estabelecido pela LRF (54%) em virtude da baixa arrecadação tributária do corrente ano. Nesse estudo pode-se constatar que a LRF impactou a administração pública na questão orçamentária, apresentando a necessidade de um planejamento e controle efetivo e eficaz no orçamento público municipal. Dessa forma a gestão municipal deve priorizar metas no sentido de reduzir os gastos públicos com custeio e adotar políticas públicas voltadas para benefício da sociedade em geral. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, Benedito Antonio; GOMES, Sebastião Edilson Rodrigues. Lei de Responsabilidade Fiscal Comentada. 5. ed J. H. Mizuno, 2011. BRANDIÃO, H. J.; PALASSI, M. P.; FERREIRA, D. N. A. Administração Pública. Sistema Universidade Aberta do Brasil, 2007. Disponível em <www.faad.icsa.ufpa.br/admead/.../Conteudo_ADM_publica.pdf>. Acesso em 10 de maio de 2013. BRASIL. Lei Complementar Nº 101, de 4 de maio de 2000. Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp101.htm> Acesso em 12 de maio de 2013. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 19 BRASIL. 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A influência da limitação das despesas com pessoal na gestão pública municipal e um perfil comportamental dos municípios catarinenses. Revista Pensar Contábil do Conselho Regional de Contabilidade, Rio de Janeiro. v.13, ago./out. 2001. FREITAS, V. A.; DAMASCENA, L. G. A lei de responsabilidade fiscal e a limitação da despesa com pessoal no município de Catolé do Rocha – PB. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal. UAB/UFPB, 2011. Disponível em http://portal.virtual.ufpb.br/biblioteca-virtual/files/a_lei_de_responsabilidade_fiscal_e_a_ limitaaao_da_despesa_com_pessoal_no_municapio_de_catola_do_rocha_a_pb_1343402289.pdf. Acesso em 15 de maio de 2013. GADELHA, S. R. B. Análise dos impactos da Lei de Responsabilidade Fiscal sobre a despesa de pessoal e a receita tributária nos municípios brasileiros: um estudo com modelo probit aplicado a dados em painel. Revista Brasileira de Economia de Empresas. Editora Universa, 2011. 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Disponível em <http://www.imap.curitiba.pr.gov.br/index.php>. Acesso em 14 de maio de 2013. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 20 A REPRESENTAÇÃO DO TCC PARA OS ACADÊMICOS DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NA UNEMAT DE TANGARÁ DA SERRA – MT Autores: Luciano José Bettoni [email protected] Área de conhecimento: Ciências Contábeis Resumo Este estudo buscou identificar os modos de representação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) entre os acadêmicos de Ciências Contábeis da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT) - Tangará da Serra. A fim de alcançar tal objetivo foram coletados dados através de questionário misto, o qual foi aplicado a todos os acadêmicos matriculados no referido curso (do 1º ao 8º semestres) presentes em sala de aula na data da coleta. O estudo se desenvolveu a partir de pesquisa de campo tendo caráter exploratório, de modo que a análise de dados seguiu uma abordagem qualitativa. Em face os dados obtidos foi possível compreender as concepções dos acadêmicos a respeito do TCC, entendendo que os mesmos em sua maioria consideram esta ferramenta acadêmica como importante na sua formação e concordam com a existência do mesmo. O referencial que embasou a compreensão da investigação baseou-se em documentos disponibilizados pelo Departamento de Ciências Contábeis da UNEMAT, assim como referenciais teóricos que abordam a formação e o perfil do profissional neste campo de trabalho. Em se tratando do conceito de representação buscaram-se referenciais teóricos filiados aos Estudos Culturais. Os dados resultantes da aplicação do instrumento de pesquisa atenderam aos objetivos específicos descritos na metodologia deste estudo a assim também o objetivo principal supracitado. Palavras-chave: Ciências Contábeis; Formação Profissional; Representação; Trabalho de Conclusão de Curso. 1. INTRODUÇÃO O Trabalho de Conclusão de Curso é de relevante importância para a formação profissional nos cursos de graduação. Quando uma universidade opta por inserir o TCC como requisito no curso de graduação, ela oportuniza ao acadêmico desenvolver visão crítica por meio da produção cientifica, assim como proporciona ampliar habilidades inter e multidisciplinares. O TCC se constitui como requisito parcial para obtenção de Grau no curso de Ciências Contábeis na UNEMAT de Tangará da Serra – MT, sendo ofertado em duas disciplinas “TCC I e TCC II”, no sétimo e oitavo semestres respectivamente. Logo que ingressei no curso de Ciências Contábeis, não tinha noção clara sobre o que era, nem mesmo para que serviria um TCC, tendo em vista que era um tema constante em conversas entre os alunos das diferentes graduações no Campus da UNEMAT – Tangará da Serra. Durante os anos na universidade pude observar outros estudantes pelos corredores, cantina, biblioteca, salas de aula e redes sociais, tecendo comentários das mais diversas naturezas em relação ao TCC. Comentários esses expressando a opinião de cada indivíduo sobre este recurso acadêmico, muitas vezes revelando satisfação, dúvida, e por vezes desagrado. Muitos questionavam se o Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 21 mesmo era realmente necessário para a conclusão do curso ou mera disciplina para cumprir a carga horária. Outros, porém, defendiam que é imprescindível, tanto por agregar conhecimento como pelo seu caráter preparatório para a educação continuada. Tendo o acima exposto, pergunta-se: como os acadêmicos do curso de Ciências Contábeis representam o TCC? Desta forma, o objetivo geral deste estudo buscou identificar os modos de representação do TCC entre os acadêmicos de ciências Contábeis da UNEMATTangará da Serra. Considerando as opiniões divergentes em relação ao TCC e o fato de ter encontrado poucos trabalhos que discorressem sobre a temática em questão, o estudo aqui proposto foi pertinente e muito contribuirá com a Universidade no estabelecimento de políticas acadêmicas em relação ao Trabalho de Conclusão de Curso, pois, mostra como os acadêmicos o representam. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 A Contabilidade, o profissional contábil, e a importância do TCC na formação acadêmica A respeito da Contabilidade, Marion (2009 p.28) admite que: “a Contabilidade é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”. Estudiosos como Sá (2006), Iudícibus e Marion (2006) mencionam que desde os povos mais primitivos a contabilidade, mesmo que de maneira rudimentar era utilizada pelos seres humanos para representar o patrimônio. Acerca das transformações que a Contabilidade presenciou ao longo da história, Favero, et al (2006) e Peleias e Bacci (2004) argumentam que o seu desenvolvimento deu-se de acordo com as necessidades de informações da sociedade. Dessa forma em cada época conforme se procurava suprir as necessidades de informação dos usuários, criavam-se novas teorias a fim de proporcionar meios para o controle patrimonial e financeiro e a tomada de decisão. É possível afirmar que a consolidação da Contabilidade como um campo científico se deu juntamente com o processo de transformações econômicas, políticas e culturais pelo qual tem passado a humanidade, em especial, com o fenômeno do acúmulo de riquezas e consequente aumento da necessidade de controle patrimonial e financeiro. As padronizações contábeis foram implantadas por intermédio do Estado, tendo caráter obrigatório e visando principalmente facilidade no controle da arrecadação de tributos. A fiscalização das atividades da profissão contábil conforme a Lei nº 12.249 cabe ao Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e aos Conselhos Regionais de Contabilidade (CRCs). A mesma Norma em artigo 6º, estabelece que cabe ao CFC: regular acerca dos princípios contábeis, do Exame de Suficiência, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada; e editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza técnica e profissional. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 22 O Curso de Ciências contábeis iniciou suas atividades em Tangará da Serra no ano de 1990, sendo na época, mantido pelo Centro de Ensino Superior de Tangará da Serra (CESUT) e ofertado pela Faculdade de Ciências Contábeis e Administração de Tangará da Serra (FACCATS). A partir de 1994 a oferta do curso ficou sob responsabilidade da UNEMAT (DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS/UNEMAT, 2012). O curso é ofertado em oito semestres e oferece 50 vagas semestrais das quais 25% são destinadas a cotistas e as demais vagas são de ampla concorrência, sendo que o ingresso à academia se dá por aprovação prévia em vestibular. A carga horária total do curso é de 3.280 horas e se divide entre aulas presenciais, estágio supervisionado e atividades complementares, informações estas que estão descritas na Matriz Curricular, aprovada em 2008 pela resolução 137 do CONEPE, e disponível no site oficial do Departamento de Ciências Contábeis. É descrito no Projeto Político Pedagógico (2005, p. 18) que o curso de Ciências Contábeis da UNEMAT tem como objetivo: Formar contadores capacitados e qualificados ao exercício profissional, dotados de senso analítico crítico, comprometidos com os valores cristãos de nossa sociedade, e a missão da instituição, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das sociedades, com a competência técnicoacadêmica desta profissão. O curso de Ciências Contábeis também prevê em seu Projeto Político Pedagógico que o profissional a ser formado deverá possuir competência para analisar as empresas sob influência do contexto econômico nacional e internacional, administrativo e a situação sócio-legal do país. Esclarece Lisboa (2007) que a universidade a fim de atingir a excelência acadêmica deve orientar o estudo dos futuros contadores em dois níveis: um nível geral que contribuirá para formação do profissional educado, em cujo foco deve figurar disciplinas de direito, ética, lógica e história e um específico que formará um profissional com competências técnicas enfatizando o ensino de disciplinas contábeis, administrativas e financeiras. A afirmação do autor é confirmada pela Resolução nº10/2004 do Conselho Nacional de Educação ao estabelecer que a formação do curso em Ciências Contábeis deve abranger conteúdos de formação básica de outras áreas, assim como conteúdos de formação profissional essenciais à profissão, e indica também que formação teórico-prática alcançada por exemplo por meio de estágios é de suma importância. A UNEMAT atenta à qualidade da formação dos profissionais egressos do curso de Ciências Contábeis prevê essas características no Projeto Político Pedagógico do curso e pode-se verificar a aplicação das instruções do Projeto Político Pedagógico na Matriz Curricular disponível no site oficial do Departamento de Ciências Contábeis. Na matriz curricular aparecem disciplinas caracterizadas como gerais e também disciplinas específicas voltadas ao desenvolvimento profissional. Desde o surgimento do fisco, afirma Pugues (2008), a imagem do contador foi relacionada com a realização de suas exigências. Admitia-se que funções contábeis eram restritas à escrituração contábil e preenchimento de guias. Porém, ela adverte que em contexto atual não Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 23 existe espaço no mercado para profissionais que se ocupem apenas destas atribuições. Atualmente as informações e os avanços tecnológicos transformam-se em velocidade vertiginosa e as informações contábeis seguem a mesma linha e geram a necessidade de atualização constante dos profissionais da área contábil no desempenho do seu papel, sugere Pugues (2008). Ao discorrerem sobre o perfil do contador esperado pelo mercado, Nunes, Pfitscher e Alberton (2005) afirmam que é possível perceber que atualmente o mercado exige contadores com conhecimentos pluridisciplinares, com capacidades que vão além dos procedimentos contábeis de rotina. Guimarães (2006) indica que na graduação um dos pressupostos a ser privilegiado no curso é aprender sempre mais e quando se pretende perseverar no desempenho da profissão contábil, assim, o aprendizado deve ser uma prática por toda a vida profissional. Neste contexto: [...] o acadêmico deverá estar consciente da necessidade do contínuo aperfeiçoamento profissional e capacitado a interpretar o conteúdo das propostas, dos regulamentos, dos textos legais etc. Para isto, o graduando deverá estar dotado de uma visão crítica, capaz de avaliar o seu potencial de desempenho, de ajustar-se com competência a estas novas demandas geradas. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO/CIÊNCIAS CONTÁBEIS UNEMAT. 2005, p.19). Ao tratar da Graduação em Ciências Contábeis, Silva, Grabner e Bandeira (2004, p.21) salientam que “é notável a importância do docente na formação dos novos contadores, a fim de formar profissionais críticos, motivados, criativos, com raciocínio contábil e interesse pela pesquisa”. Como acadêmico do curso de Ciências Contábeis, foi possível observar que os professores visam desenvolver nos alunos a ideia de que os mesmos devem sempre buscar conhecimentos além dos expostos em sala de aula. Neste sentido, os conhecimentos acerca da prática da investigação científica, no caso em forma de TCC, vêm consolidar tal compreensão. Esta cultura efetivada pelos professores é primordial em todos os cursos e não vale apenas para o período da graduação, mas é pertinente ao longo da vida profissional. O Trabalho de Conclusão de Curso pode-se dizer, proporciona aos acadêmicos conhecimentos na área de pesquisa que lhes serão muito úteis ao longo de sua vida profissional, em especial na educação continuada em Ciências Contábeis, postura defendida por Guimarães (2006). Assim, o graduando deve estar ciente da necessidade de busca contínua de conhecimentos, visando o aperfeiçoamento profissional, cuja ação pode ser evidenciada na postura da curiosidade científica, proporcionada pela construção do Trabalho de Conclusão de Curso. Ao se tratar do Trabalho de Conclusão de Curso, vale lembrar que “o TCC possui função formativa nas diferentes áreas do conhecimento, visando à emancipação intelectual do discente”. (INSTRUÇÃO NORMATIVA 001/2009 do Departamento de Ciências Contábeis). Neste sentido, o Conselho Nacional de Educação, através do artigo 9º da Resolução nº10/2004 normatiza que a inclusão do TCC na matriz curricular do curso é opcional para a instituição de ensino, e a Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 24 instituição optando por inseri-lo deverá emitir regulamentação própria aprovada pelo Conselho Superior Acadêmico. O Trabalho de Conclusão de Curso é de grande importância para os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis devido à possibilidade de interação do acadêmico com a ciência e as técnicas de pesquisa, além de ser condição obrigatória para a conclusão do curso no Departamento de Ciências Contábeis na UNEMAT de Tangará da Serra – MT. Conforme estabelecido pelo Conselho de Pesquisa e Extensão da UNEMAT – CONEPE, Resolução nº30/2012. Vale comentar que no curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará de Serra, o TCC é desenvolvido por meio de Artigo ao longo de 2 semestres nas disciplinas TCC I e TCC II. Norteia o Projeto Político Pedagógico do curso de Ciências Contábeis da UNEMAT, que o objetivo das disciplinas TCC I e TCC II é oferecer aos graduandos o estímulo à produção científica, a oportunidade de apresentar a vivência e aproveitamento do curso, além de aperfeiçoamento da capacidade de interpretação critica da Contabilidade por meio de aprofundamento temático e consulta em bibliografias especializadas. 2.2 A Representação Acerca da Representação em seu texto “The Work of Representation”, Stuart Hall (1997, apud SANTI e SANTI, 2008) descreve que mesmo muito depois da existência de fato ou da observação empírica, ocorre em nossa mente a produção de significado e de conceito através da linguagem, ao que chama de representação. Neste sentido, pode-se mencionar que a representação é a forma como os indivíduos ou meios de representação conceituam ou significam algo que é captado e também podem expressar esses conceitos ou significados representados através da linguagem, não considerando apenas a linguagem falada ou escrita, contudo, considerando que a linguagem pode se expressar de muitas formas. Ainda a respeito de representação, menciona Woodward (2000, p. 17) que: A representação inclui práticas de significação e os sistemas simbólicos por meio dos quais os significados são produzidos, posicionando-nos como sujeito. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos. Podemos inclusive sugerir que estes sistemas simbólicos tornam possível aquilo que somos e aquilo que podemos nos tornar. Woodward (2000) inclusive menciona que ao ser entendida como um processo cultural, a representação estabelece identidades individuais e coletivas, e que os sistemas simbólicos em que a representação se baseia podem sugerir respostas para as questões: Quem eu sou? O que poderia ser? Quem eu quero ser? Desta forma, pode-se compreender que os modos como representamos as coisas, fatos e sujeitos no mundo estão diretamente relacionados ao contexto cultural, assim como aos sistemas de valores e significados aceitos como válidos pela sociedade. Ao tratar de representações cinematográficas Paes (2008, p. 69) se utiliza das representações como “[...] construções discursivas, encaixadas e regidas por regimes de poder, através das quais são validadas, legitimadas e naturalizadas como verdadeiras em dado tempo e espaço, o que lhes confere caráter de provisoriedade”. Neste sentido, Paes (2008) preferiu distanciar-se em seu estudo da compreensão das representações como busca de uma realidade verdadeira. Ou seja, os sistemas de representação se caracterizam como o modo que o sujeito compreende, significa, estabelece Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 25 valores a respeito do mundo, de um dado fato ou “coisa”, cuja forma de compreensão pode sofrer modificações e ser ressignificado conforme a experiência que sujeito estabelece e se relaciona com o objeto da representação. Neste estudo foi utilizada a mesma abordagem descrita por Paes (2008) e citada anteriormente, tomando as representações como sendo a forma como o individuo produz significados de alguma coisa, circunstância ou fato que lhe é apresentado, considerando que estes significados ou conceitos são produzidos sob influência das concepções individuais como também do contexto cultural a que está sujeito. 3. METODOLOGIA O estudo aqui apresentado teve como ambiente de pesquisa o curso de Ciências Contábeis na UNEMAT de Tangará da Serra – MT, abrangendo a população de 407 acadêmicos devidamente matriculados no semestre de 2012/2, que estavam cursando do 1º ao 8º semestre. A escolha desta população não se deu por acaso, já que a pesquisa propôs-se a compreender como os acadêmicos do referido curso em todos os seus níveis estão representando o TCC e a aplicação do instrumento de pesquisa à toda população escolhida pode fornecer informações mais enriquecedoras. A pesquisa aqui relatada, quanto aos fins, se caracterizou como exploratória, uma vez que objetivou estudar um assunto ainda não abordado na amostra escolhida. Em se tratando dos meios para realização desta investigação, partiu-se de uma pesquisa bibliográfica, que levantou a base de conhecimento teórico para condução da pesquisa como um todo assim como para a compreensão dos dados levantados, sendo esta realizada em títulos de autores renomados, assim como em artigos científicos, dissertações e teses. Foi também utilizado o método de pesquisa documental, sendo que neste, a pesquisa centrou-se principalmente em documentos disponibilizados on-line pelo Departamento de Ciências Contábeis, legislações e dados estatísticos. E com o propósito de atender aos objetivos de caracterizar os acadêmicos do primeiro ao oitavos semestres, e suas representações acerca do TCC, foi utilizada a pesquisa de campo. A técnica escolhida para a pesquisa de campo foi o questionário que foi organizado com questões fechadas e questões abertas, e foi apresentado impresso aos pesquisados por abordagem direta nas salas de aula. As questões foram organizadas de forma a coletar informações em três grandes categorias nas quais se buscou identificar o perfil pessoal do acadêmico; caracterizar a situação de escolaridade do respondente assim como seu conhecimento da caracterização do curso e perfil do profissional da área e, por fim, a compreensão do acadêmico acerca do TCC. A coleta de dados se deu partindo da referência de 407 acadêmicos matriculados, conforme informação da Supervisão de Apoio Acadêmico (SAA). Entretanto, com a aplicação do instrumento de pesquisa realizada em 29/08/2012, somente 257 acadêmicos atenderam ao Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 26 convite para responder ao instrumento. Tais dados, em se comparando com o total de matriculados, corresponde à 63,14% de acadêmicos matriculados. Os dados obtidos através do questionário foram organizados e expressos em forma de tabelas e gráficos. Após esse processo os dados passaram por um processo de análise e interpretação conforme segue. 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os 257 acadêmicos que responderam ao questionário se configuram em 60,31% (155) de mulheres e 39,69% (102) de homens, de forma que a maioria do total de pesquisados declarou ter idade entre 15 e 25 anos. Dos acadêmicos pesquisados, um total de 213 acadêmicos (82,88%) informaram estar empregados na oportunidade da coleta de dados. Em relação aos 44 acadêmicos (17,12%) que declararam não estar empregados, o primeiro semestre foi o que apresentou o maior índice de acadêmicos desempregados (36,59%). Já no oitavo semestre observou-se que somente 9,68% dos acadêmicos não trabalham. Essa diferença pode justificarse pelo caráter preparatório oferecido pelo curso, que proporciona aos graduandos ocupar vagas em empresas principalmente nas áreas contábil e administrativa ainda durante seu processo de formação profissional. Deste modo, constata-se que o número de estudantes que não trabalham no primeiro semestre é maior que no oitavo semestre. A partir das respostas dos acadêmicos, foi possível constatar que uma vez que os semestres estão mais avançados, cresce também o número de acadêmicos que estão trabalhando nas áreas relacionadas à contabilidade. Isso ocorre, pois, mesmo o acadêmico não tendo concluído o curso superior já tem certo conhecimento específico e técnico, que aliado à prática futura o torna competitivo ao concorrer para vagas nos setores contábil e administrativo principalmente. Assim, é possível compreender que já a condição de estar cursando graduação permite que as empresas percebam a construção deste diferencial para o mercado de trabalho. As respostas indicaram que 36,58% dos respondentes assinalaram que estão até 1 ano trabalhando na mesma empresa e 20,23% dos graduandos estão até 2 anos na mesma empresa. É possível que a maioria dos acadêmicos tenha somente até 2 anos no mesmo emprego, pelo fato de que 71,98% dos acadêmicos se declararem jovens com idade entre 15 e 25 anos, ou seja, ainda estão em início de carreira no mercado de trabalho. Também pode estar relacionado ao fato de que, como ainda não concluíram seu curso de graduação, encontram-se em construção de estabilidade no mercado de trabalho. Em se tratando da carga horária semanal de jornada de trabalho as respostas sinalizam que os acadêmicos em grande parte (57,98%) exercem carga horária de entre 37 e 44 horas semanais. A carga horária de jornada de trabalho desempenhada pelos profissionais registrados em Mato Grosso, segundo a pesquisa “Perfil do Contabilista Brasileiro” publicada em 2009 pelo CFC, está entre 41 e 60 horas semanais. Quanto as faixas salariais, conforme assinaladas pelos acadêmicos, 40,85% deles informaram que seus salários estavam entre R$623,00 e R$1.244,00 e 20,62% declararam Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 27 receber entre R$1.245,00 e R$4.000,00, lembrando que 1 acadêmico informou receber salário comissionado e apenas 1 acadêmico declarou receber acima de R$4.000,00. Dos acadêmicos que responderam ao questionário, apenas 11 já tinham concluído outro curso superior. No entanto os acadêmicos ao serem indagados se já haviam frequentado outro curso superior e desistido, cerca de 20% deles relataram ter frequentado um ou mais cursos sem tê-los concluído. Também se investigou a respeito da época de ingresso dos acadêmicos de modo a compreender se os mesmos tiveram acesso a informações a respeito da matriz curricular do curso de Ciências Contábeis, ao que 58,75% deles responderam ter tido acesso ao conteúdo da matriz curricular do curso. Nesta perspectiva, pode-se dizer que o conhecimento e a compreensão da Matriz Curricular são importantes para que o aluno tenha informações previamente sobre as disciplinas a cursar, assim como a carga horária e como elas estão dispostas ao longo dos semestres, que incide diretamente na compreensão do perfil profissional desejado pelo Projeto do Curso. Complementando os dados acima registrados, a pesquisa buscou compreender como os acadêmicos representam o perfil do profissional de Ciências Contábeis, conforme estabelecido pelo Departamento do curso foco da pesquisa. Neste sentido, 71,98% dos acadêmicos investigados afirmaram conhecer o perfil em discussão. Também foi solicitado ao respondente que assinalasse as habilidades e competências que considerasse mais relevantes no exercício da profissão. As respostas podem ser verificadas na tabela 02, de modo que a esta questão o acadêmico poderia assinalar três alternativas, todavia observou-se que esta orientação não fora precisamente obedecida, pois alguns assinalaram apenas uma ou duas alternativas e outros indicaram mais que três habilidades. Tabela 2. Habilidades e competências relevantes no desempenho da profissão contábil1. Habilidades selecionadas Total geral Habilidade e competência para análise da empresa como um todo 181 (23,48%) Habilidade em cálculos 114 (14,79%) Conhecimento e compreensão do contexto econômico 94 (12,19%) Habilidade e competência para inovar 78 (10,12%) Habilidade e competência para relações interpessoais 72 (28,02%) Habilidade e competência para identificar novas práticas do trabalho 63 (8,17%) Conhecimento e compreensão do contexto sociocultural 45 (5,84%) Habilidade e competência para visão crítica do mundo 45 (5,84%) Habilidade e competência para orientar e ensinar 43 (5,58%) Habilidade e competência investigativa 36 (4,67%) Total geral 771 Conforme a tabela acima se pode perceber que as respostas mostram que das habilidades e competências mencionadas na questão, as que os graduandos consideraram mais importantes foram: “habilidade e competência para análise da empresa como um todo”, “habilidade em cálculos” e “conhecimento e compreensão do contexto econômico”. Estas características então 1 Para esta questão deveriam ser assinaladas três alternativas. A tabela apresenta quantas vazes cada alternativa foi escolhida pelos respondentes. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 28 em consonância com o Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis que sugere habilidades e competências multidisciplinares ao profissional formado, a fim de atender às necessidades do mercado no desempenho de sua profissão. No contexto atual as empresas buscam contadores proativos, capazes para a tomada de decisão e que não se apeguem apenas a lançamentos e cálculos. Neste sentido Pugues (2008, p.14) argumenta que as “[...] IES devem proporcionar aos seus alunos uma formação adequada visando colocar profissionais no mercado que sejam capazes e competentes para atuarem nas diversas áreas da profissão contábil”. É possível perceber nas respostas dos acadêmicos que esse perfil esperado para o profissional das ciências contábeis é percebido pelos mesmos. Também foi perguntado se no decorrer do curso os professores das várias disciplinas comentam sobre TCC. As respostas a esta questão indicam que 71,20% dos graduandos confirmam que professores de várias disciplinas comentam sobre TCC em sala de aula. É importante que os professores comentem sobre o TCC ao longo dos semestres, pois, o acadêmico vai se preparando para esta etapa tão importante na conclusão do curso, podendo adiantar-se na escolha do tema e início dos trabalhos, podendo assim desenvolver um trabalho bem mais estruturado e concreto. É possível encontrar congruência nas respostas dos acadêmicos quando indagados se os professores comentam sobre o TCC em sala de aula, pois, ao serem questionados se sabiam definir o que é TCC, 93,38% deles respondeu saber o que é TCC. Destes, 31,67% já declaram ter intenção no que se refere a tema para pesquisa quando da aplicação do questionário. Pode-se compreender através dos dados expressos na Tabela 9, que os acadêmicos afirmaram conhecer as normas que regulamentam o TCC, destacando que destes, 118 graduandos (45,92%), julgam ter conhecimento moderado. Vale destacar que o número de acadêmicos que conhecem bem ou tem conhecimento moderado das normas aumenta conforme se aproxima dos últimos semestres. Esse comportamento pode-se dizer que é influenciado pelo fato de que as abordagens em sala de aula dos assuntos referentes ao TCC se intensificam nos últimos semestres de curso. Tabela 1. Conhecimento dos entrevistados a respeito das normas que regulamentam o TCC. Conhecimento do acadêmico Conheçe bem Já ouviu falar Não Conhece Tem conhecimento moderado Não respondeu Total Geral 1º sem. 11 21 8 1 41 2º sem. 7 13 9 1 30 3º sem. 14 4 12 30 4º sem. 11 8 11 30 5º sem. 11 5 19 35 6º sem. 1 10 6 13 30 7º sem. 2 6 1 20 1 30 8º sem. 1 3 1 26 31 Total Geral 4 (1,56%) 73 (28,40%) 59 (22,95%) 118 (45,92%) 3 (1,17%) 257 Em se tratando da importância do TCC para a formação profissional, é mostrado na Tabela 10 que a pesquisa apontou que a maioria dos acadêmicos considera o TCC importante sob os seguintes aspectos: “Importante para a o desenvolvimento da habilidade de pesquisador nos acadêmicos”, “Importante, pois, pode desenvolver trabalhos de relevância para a profissão e para a sociedade”. Estes aspectos estão em parte de acordo com a resolução 30/2012 do Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 29 Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UNEMAT (CONEPE) em seu artigo 5º onde está articulado que: O objetivo do TCC é proporcionar aos discentes a oportunidade de desenvolver uma pesquisa, demonstrando o aproveitamento do curso, aprimorando a capacidade de articulação, interpretação e reflexão em sua área de formação, estimulando a produção científica. Tabela 2. Opinião dos entrevistados a respeito do TCC.2 Número de respostas É importante sob quais aspectos. Importante para a o desenvolvimento da habilidade de pesquisador nos 152 (30,84%) acadêmicos Importante, pois, pode desenvolver trabalhos de relevância para a profissão e 148 (30,03%) para a sociedade Apenas para cumprir a matriz curricular 42 (8,52%) É importante, pois, posso publicar o artigo e somar horas extracurriculares 38 (7,71%) Incômodo por tomar muito tempo do acadêmico 32 (6,49%) Interessante, pois, prepara para futura vida acadêmica 23 (4,66%) Desnecessário, pois não se aprende muito de importante para a rotina profissional 22 (4,46%) Não tenho qualquer opinião sobre o assunto 15 (3,04%) Desnecessário, pois, estudos de caso se veem em outras disciplinas 12 (2,43%) Desnecessário, pois, é uma repetição de estudos 9 (1,82%) Total geral 493 Também se questionou se os acadêmicos consideram pertinente a oferta e, consequentemente, a obrigatoriedade da atividade denominada TCC, ao que 43,58% dos acadêmicos responderam que o TCC não deveria fazer parte da matriz curricular. É importante ressaltar que no oitavo semestre foi possível observar que a maior parte dos acadêmicos respondeu que o TCC deve sim fazer parte da formação profissional. É possível que essas respostas tenham sido motivadas pelo conhecimento por parte dos acadêmicos da importância do TCC, pois estes, já estão vivenciando o processo e podem fornecer uma opinião mais conclusiva. Essa distribuição de respostas pode ser melhor entendida na Tabela 11. Tabela 3. O TCC deve existir? (opinião dos entrevistados) 1º sem. NÃO 43,90% SIM 56,10% Total geral 41 2º sem. 33,33% 66,67% 30 3º sem. 46,67% 53,33% 30 4º sem. 26,67% 73,33% 30 5º sem. 57,14% 42,86% 35 6º sem. 60% 40% 30 7º sem. 46,67% 53,33% 30 8º sem. 32,26% 67,74% 31 Total de acadêmicos 112 (43,58%) 145 (56,42%) 257 Tais dados podem ser compreendidos a luz dos autores como Hall (1997, apud SANTI e SANTI, 2008) e Woodward (2000), que abordam a temática da representação, cujo conceito nos remete a questão da cultura, ou mesmo parte da experiência do sujeito. Neste sentido, é preciso lembrar as argumentações de Paes (2008) a esse respeito, ao esclarecer que as representações estão relacionadas ao sentido e valores que se constrói com o objeto e as relações que 2 Nesta questão deveriam ser assinaladas quantas alternativas fossem necessárias para expressar a opinião do acadêmico em relação ao TCC. A tabela apresenta o número de vezes que cada aspecto citado na questão foi assinalado pelos respondentes. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 30 estabelecemos com este. Assim, é possível compreender que os modos de representar o TCC estão diretamente ligados com a experiência e proximidade que o acadêmico tem com tal atividade. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O intuito deste estudo foi mostrar como os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará da Serra representam o Trabalho de Conclusão de curso, assim como averiguar se os mesmos conhecem o perfil profissional do contador. A pesquisa mostrou que os acadêmicos em sua maioria admitiram a importância do TCC e ressaltaram que o mesmo deve existir, destacando-se esta representação junto aos acadêmicos que mais se aproximam da finalização do curso. Consideraram-no importante sob os aspectos de poderem desenvolver a habilidade de pesquisadores e por poder fornecer pesquisas relevantes, de interesse para a profissão e para a sociedade. Foi possível perceber que os graduandos conheciam o perfil esperado para um profissional egresso do curso, perfil este, mencionado no Projeto Político Pedagógico do Curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará da Serra. Em resumo, o objetivo da pesquisa foi atingido por meio de etapas descritas a seguir. Mais especificamente o conceito de representação foi compreendido por meio de pesquisa bibliográfica voltada aos estudos culturais. Também, foi pela pesquisa bibliográfica em artigos e legislações que se pôde compreender os objetivos do TCC no curso de graduação. O conhecimento do curso de ciências contábeis e das normas que regulamentam o TCC foi possível principalmente por dados obtidos através de pesquisa documental, realizada em documentos disponibilizados online pelo Departamento de Ciências Contábeis, assim como em legislações e outras fontes também de acesso online. Com a análise e compreensão dos dados obtidos com a aplicação do questionário foi possível caracterizar os acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis da UNEMAT de Tangará da Serra, assim como, viabilizou a verificação dos modos como os acadêmicos mencionados representam o Trabalho de Conclusão de Curso. Este estudo poderá ser utilizado como embasamento para pesquisas futuras, pois, quando se trata de TCC, o campo de estudo ainda é pouco explorado em pesquisas acadêmicas. Neste sentido, deverão ser investigados discentes e também docentes, sobre seus elogios, sugestões e críticas sobre o TCC. Os resultados obtidos com base nos dados desta investigação sugerida poderiam influenciar no processo de condução e construção do TCC, desde os semestres iniciais, com o propósito de fortalecer os pontos positivos, inserir novas abordagens, perspectivas e verificar pontos com inconsistências ou falhas. Estas resultariam na incrementação e otimização deste instrumento de construção de conhecimento. 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Os resultados apresentados apontam para uma tendência positiva de lucratividade e rentabilidade de acordo com os dados evidenciados no período estudado assim como convergência para os mesmos resultados para estudos em empresas que implantaram o sistema de gestão de qualidade ISO 14001. Palavras Chaves: Licenças Ambientais, Gestão da Qualidade, Lucratividade. 1. INTRODUÇÃO O retorno financeiro e econômico está vinculado à atuação das forças competitivas acirradas que influenciam as atitudes dos executivos, forçando-os a buscar estratégias para sobressair e obter vantagem competitiva sustentável (PORTER, 1992). O crescente dinamismo do mercado, os famigerados efeitos contínuos da globalização e as exigências dos consumidores promovem competitividade entre as organizações. Não basta às organizações possuírem melhoria contínua em seus produtos e serviços prestados, deve-se ir além, exigindo que estas sejam “[...] socialmente responsáveis e ambientalmente sustentáveis ou „verdes‟ para se tornarem competitivas e sobreviverem” (KINLAW, 1997, p. 15). No processo de globalização, as informações são facilmente acessadas pelos usuários e as empresas, enxergando este novo patamar, sentiram a necessidade de ter diferenciais para se estabelecer no mercado. Para Costa e Carvalho (2006), as empresas possuem um papel mais significativo após a globalização, ampliando seu escopo de atuação, atingindo a área social e ambiental que se tornaram, evidentemente, uma vertente que deve ser trabalhada para atender as demandas de mercado. Andreoli (2002) enfatiza que até a década de 60, as questões ambientais não faziam parte dos problemas concretos da sociedade, eram tratados por um limitado grupo de ecologistas denominados de visionários e idealistas. Todavia, a Conferência das Nações Unidas, realizada em Estocolmo em 1972, demonstrou que os problemas ambientais envolvem toda a sociedade e exigem a participação de todos os agentes econômicos. As empresas poderão agregar em seu marketing mais que um trabalho voltado aos 4P´s de Kotler (2000) – Produto, Preço, Praça e Promoção – deverão estar alinhadas às novas necessidades do mundo ao pensarem no tema meio ambiente. Christmann (2000) afirma que os investimentos em gestão ambiental passaram a se tornar necessários para quase todas as áreas Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 34 da economia, tornando indispensáveis as estratégias que afetam os custos, os quais podem ser fontes determinantes de crescimento e sobrevivência para a firma. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Licenciamento Ambiental é uma exigência legal e uma ferramenta do poder público para o controle ambiental. Em muitos casos, apresenta-se como um desafio para o setor empresarial. É o procedimento no qual o poder público, representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a implantação e a operação de atividades que utilizam recursos naturais ou que sejam consideradas efetiva, ou potencialmente poluidoras. Entretanto, há uma segmentação de empresas, geralmente de grande porte, que exigem as licenças ambientais por questões de gestão de qualidade que, nesta situação, serão, evidentemente, abordados neste projeto. Para Araújo (2002, p.03), [...] as licenças ambientais, são estabelecidas as condições para que o empreendedor, pessoa física ou jurídica, de direito privado ou de direito público, implante, amplie ou opere o empreendimento sob sua responsabilidade. O licenciamento ambiental envolve potencialmente um enorme campo de iniciativas humanas, de graus de complexidade bastante diferenciados. Henri e Giasson (2006) acreditam que a vantagem competitiva de uma organização é alcançada por meio de um conjunto de iniciativas, que visem rentabilidade econômica unida com a preservação ambiental para os vários stakeholders, que são todos os envolvidos na organização, cliente, fornecedores, colaboradores, prestadores de serviços entre outros. Para atender estas demandas empresa Nogueira Toniazzo e Cia Ltda., nome Fantasia Hidrautec, desenvolveu nos últimos 04 (quatro) anos, o processo de implantação das Licenças Ambientais (LA) objetivando transparência e efetividade nas ações relacionada às questões ambientais. Para o Ministério de Meio Ambiente, os efeitos negativos no meio ambiente precisam ser submetidos ao processo de licenciamento sendo a principal ferramenta que a sociedade tem para controlar a manutenção da qualidade do meio ambiente, o que está diretamente ligado com a saúde pública e com boa qualidade de vida para a população. Naturalmente avaliar se as implantações tornaram um processo lucrativo para a empresa verificando os resultados, torna-se uma necessidade no universo empresarial, visando evidenciar os números apresentados. Por fim, são apresentadas as conclusões, com as considerações finais a respeito da pesquisa, indicando-se limitações do trabalho e sugestões para estudos futuros. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 LICENÇAS AMBIENTAIS Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em seu Manual de Procedimentos para o LA: O licenciamento ambiental é o instrumento capaz de formalizar o papel pró-ativo do empreendedor, garantindo aos detentores das licenças o reconhecimento público de que suas atividades serão realizadas com a perspectiva de promover a qualidade ambiental e sua Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 35 sustentabilidade. Cabe ressaltar que o licenciamento ambiental não exime o empreendedor ou responsável pela atividade da obtenção de outras licenças legalmente exigíveis, conforme determinado na Lei n° 6.938/81, no seu artigo 10, com a redação dada pela Lei n°7.804/89. Para Ministério do Meio Ambiente – (MMA) o LA é o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental autoriza a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. Para o Ministério do Meio Ambiente, o licenciamento ambiental é um importante instrumento de gestão da Política Nacional de Meio Ambiente. Por meio dele, a administração pública busca exercer o necessário controle sobre as atividades humanas que interferem nas condições ambientais. Desta forma tem, por princípio, a conciliação do desenvolvimento econômico com o uso dos recursos naturais, de modo a assegurar a sustentabilidade dos ecossistemas em suas variabilidades físicas, bióticas, socioculturais e econômicas. Deve, ainda, estar apoiado por outros instrumentos de planejamento de políticas ambientais como a avaliação ambiental estratégica; avaliação ambiental integrada; bem como por outros instrumentos de gestão - zoneamento ecológico econômico, planos de manejo de unidades de conservação, planos de bacia, etc. Conforme o guia de procedimentos de licenciamento ambiental do IBAMA, o licenciamento ambiental foi colocado em prática a partir de 1975, inicialmente nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo e foi estabelecido nacionalmente por meio da Lei Federal n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional de Meio Ambiente e definiu os princípios e os objetivos que norteiam a gestão ambiental. Para a obtenção da Licença Ambiental (LA), além do atendimento aos padrões estabelecidos, os impactos ambientais negativos decorrentes da implantação do empreendimento devem ser previstos, corrigidos, mitigados e compensados, assim como introduzidas práticas adequadas de gestão na operação, assim, a legislação estabeleceu os regulamentos que configuram o Sistema de licenciamento e o Controle das Atividades Poluidoras, complementados pelas Normas e Padrões de Qualidade Ambiental. O licenciamento inclui localização (LP), instalação (LI), ampliação e operação (LO) de atividades utilizadoras de recursos ambientais que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental. A licença prévia (LP) é concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade, aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a ser atendido nas próximas fases de sua implementação conforme Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA, 1997). Sua concessão depende das informações sobre a concepção do projeto, sua caracterização e justificativa, a análise dos possíveis impactos ao ambiente e das medidas que serão adotadas para o controle e mitigação dos riscos ambientais. A LP ainda estabelece as condições para a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade, após exame dos impactos ambientais por ele gerados, dos Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 36 programas de redução e mitigação de impactos negativos e de maximização dos impactos positivos, permitindo, assim, que o local ou trajeto escolhido como de maior viabilidade tenha seus estudos e projetos detalhados. Em projetos de significativo impacto ambiental será exigida a realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e correspondente Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (RIMA) como condicionantes para obtenção da licença prévia. Estes instrumentos foram normalizados pela Resolução nº 001/86 do CONAMA e complementarmente, pela Resolução nº 237/97. A LI autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante. (CONAMA, 1997), precede os procedimentos de efetivo início de implantação da atividade ou empreendimento. A LI ao ser expedido após análise das especificações do Projeto Executivo do empreendimento e da apresentação dos planos, programas e projetos, onde serão apresentados o atendimento das condicionantes da LP e as informações detalhadas do projeto, processos e tecnologias adotadas para a neutralização, mitigação ou compensação dos impactos ambientais provocados, assim como os procedimentos de monitoramento ambiental. Na visão da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) LI – Licença de Instalação é concedida para autorizar a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes (SEMA 2010). A LI é emitida pela Coordenadoria de Infraestrutura – CEI, Coordenadoria de Mineração – CM, Coordenadoria de Indústria – CI, Coordenadoria de Atividades Agropecuárias e Piscicultura – CAAP e Coordenadoria de Gestão de Resíduos Sólidos – CGRS, todas vinculadas da Superintendência de Infraestrutura, Mineração, Indústria e Serviços – SUIMIS. A Licença de Operação autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (CONAMA 1997). Nesta fase é expedida para autorizar o início da operação da atividade ou empreendimento, após as verificações necessárias do funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição e do atendimento das condicionantes constantes nas Licenças, Prévia e de Instalação. As licenças ambientais poderão ser expedidas isoladas ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. O CONAMA definirá, quando necessário, licenças ambientais específicas, observadas, também neste caso, a natureza, características e peculiaridades da atividade ou empreendimento, e, ainda, a compatibilização do processo de licenciamento com as etapas de planejamento, implantação e operação. A Resolução CONAMA nº 237/97 também prevê o estabelecimento de critérios para agilizar e simplificar os procedimentos de licenciamento ambiental das atividades e Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 37 empreendimentos que implementem planos e programas voluntários de gestão ambiental, visando a melhoria contínua e o aprimoramento do desempenho ambiental. Os prazos para emissão e validade de cada licença poderão variar de acordo com a modalidade de licença e as normas federais e estaduais vigentes. Entretanto, o artigo 18 da Resolução CONAMA nº 237/97 estabelece diretrizes e considerações sobre a determinação dos prazos de validade para as licenças em geral. Os prazos de análise poderão ser diferenciados para cada modalidade, observado o prazo máximo de seis meses a contar do protocolo do requerimento até seu deferimento ou indeferimento, ressalvado os casos em que houver EIA/RIMA e audiência pública, quando o prazo máximo é de até 12 (doze) meses. A contagem do prazo é suspensa durante a elaboração de complementações ou preparação de esclarecimentos pelo empreendedor e o atendimento às solicitações de esclarecimentos ou complementações deve ser realizado em até 4 (quatro) meses, a contar do recebimento da respectiva notificação. Na Resolução normativa do Conselho Nacional de Meio Ambiente CONAMA nº 237/97, o LA é definido como o procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos. As atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. 2.2 SGA – SISTEMA DA GESTÃO AMBIENTAL O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é submetido as Normas Internacionais de gestão ambiental e tem por objetivo prover às organizações os elementos de um sistema de gestão ambiental eficaz, passível de integração com outros requisitos de gestão, de forma a auxiliá-las a alcançar seus objetivos ambientais e econômicos (NBR ISO 14001:1996, p. 2). Esta é a norma criada pela International Standard Organization (ISO), série ISO 14.000, com o objetivo de trazer a variável ambiental para a gestão das empresas. No caso brasileiro, esta certificação foi regulamentada por meio da NBR ISO 14.001/96, que especificou os requisitos para a implementação de um SGA pelas empresas e os conceitos a serem aplicados ao ciclo completo de gestão ambiental das atividades produtivas. Por este sistema, cada setor da economia, de produção ou de serviços se torna responsável pela adoção de processos de gestão ambiental adequados às suas atividades e que os levem a atingir metas de qualidade ambiental cada vez mais elevadas. Essas metas são estabelecidas em ciclos de gestão contínua, que incluem processos de planejamento, implementação e revisão dos impactos ambientais gerados pela atividade (ISO 14001/96). O conjunto de princípios passa a constituir a política ambiental da empresa e a produção de serviços e produtos passa a estar orientada pela perspectiva de conservação dos recursos naturais e pela sustentabilidade ambiental (ABNT, 1998). A existência de uma política ambiental voluntária, de acordo com a NBR ISO 14.001, pressupõe que a empresa dirija seu processo de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 38 gestão ambiental em conformidade com a legislação ambiental vigente, podendo se guiar por objetivos específicos de política ambiental que sobrepujem os requisitos da legislação ambiental brasileira. Para Ba e Sousa (2002 apud ALBERTON, 2003) a decisão de adotar a ISO 14001 não é exclusividade das exigências contratuais ou melhoria na competitividade, mas é uma decisão estratégica, de antecipações às pressões econômicas associadas a legislação ambiental. A adoção e implementação de forma sistemática de um conjunto de técnicas de gestão ambiental pode contribuir para obtenção de bons resultados para todas as partes interessadas, pois, conforme A ISO 14001:2004 na cláusula 4.3.2 requer que a organização determine como os requisitos legais e outros se aplicam aos aspectos ambientais onde a organização também deve considerar estes requisitos no estabelecimento, implementação e manutenção do seu SGA. 2.3 DESEMPENHO ECONÔMICO Para Savitz (2007), a sustentabilidade socioambiental está se transformando rapidamente em tendência. Os trabalhos que tratam do relacionamento entre desempenho ambiental e desempenho financeiro concluem que geralmente os resultados encontrados são contraditórios, possuindo resultados negativos, outros são inconclusivos e na maioria, verificam-se resultados positivos (GRIFFIN; MAHON, 1997). Os autores também revelam que o número de pesquisas que apontam resultados desmotivadores é elevado, porém, numa mesma pesquisa, muitos trabalhos têm apontado alguns resultados positivos. Grzebieluckas et al. (2007), separaram as empresas que adotaram a certificação das que não adotaram certificação no período de 1996 a 2002. Os autores compararam a média do desempenho medida pela rentabilidade das vendas (ROS), rentabilidade do ativo (ROA) e o total das vendas operacionais (VOP) e identificaram o efeito do desempenho ambiental sobre o desempenho financeiro e assim como Alberton (2003), identificaram‟ aumento de receitas e diminuição de custos uma tendência positiva para rentabilidade em empresas certificadas após 12 (doze) meses. Dessa forma, os autores ponderam que a diferença nos retornos econômicofinanceiros pode ser reflexos de outras variáveis ou de outros aspectos, em vez de simplesmente desempenho superior. Por sua vez, retornos anormais no mercado não são esperados independentes das ações ajustadas. De maneira geral, a gestão dos tempos atuais é movida por resultados, então, caso ocorra uma degradação que cause impacto ambiental, este também irá gerar um efeito econômico. Orsato (2002) assevera que os investimentos devem gerar retornos econômicos ou se tornarem vantagens competitivas e os administradores devem enxergar os cenários que os favoreçam. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 39 3. METODOLOGIA A análise realizada compreende o período de 2006 a 2012, da empresa estudada, verificando o universo de clientes que exigem LA. Proporcionaram resultados diferentes, positivos e negativos, em períodos distintos, ou seja, anterior e posterior à implantação. Para atender o objetivo desta pesquisa, os métodos utilizados foram exploratórios, pois conforme Gil (1991) busca-se proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito ou até mesmo construir hipóteses. Descritiva porque de acordo com Vergara (2004), a pesquisa descritiva determina o estabelecimento da relação entre as variáveis e os fatos. Trata-se de uma pesquisa quantitativa que, segundo Richardson (1999), significa a escolha de procedimentos sistemáticos para enumeração de dados. E, ainda, um estudo de caso, porque se caracteriza como estratégia de pesquisa que permite estudar com profundidade fenômenos dentro de seu contexto, ser adequado ao estudo de processos e explorar fenômenos com base em vários ângulos (ROESCH, 1999). Esta pesquisa foi desenvolvida visando à elaboração de uma sistemática para o diagnóstico de lucratividade, Indicadores de Vendas e comparativos com empresas enquadradas no SGA.Para tanto, os dados extraídos foram de Balanços Patrimoniais (BP), Demonstrativos de Resultados (DRE) e relatórios internos de faturamento por cliente do período de 2006 a 2012. Tendo em vista a implantação de licenças ambientais exigi-se a condição de avaliação única e exclusivamente para o campo da LA, não levando em consideração as variáveis de, que é essencial para o alcance dos objetivos. Significa que nenhuma outra variável, como qualidade de serviço, nível de gestão, capacidade produtiva, eficiência e eficácia além da Licenças, foi objeto de estudo deste trabalho, porque a premissa de implantação de licença ambiental para clientes que exigem estas não haveria vendas para os mesmos, exceto por situações atípicas. 4. RESULTADOS Conforme metodologia em primeiro momento apura-se dados econômicos do período anterior à implantação da Licença Ambiental, verificados na tabela abaixo: Tabela1: Faturamento (R$) para clientes que exigem LA - Período 2006 a 2008 Faturamento 2006 2007 2008 Cliente 1 Cliente 2 61.186,58 100.409,45 97.519,16 Cliente 3 86.076,44 Cliente 4 382,31 800,00 Cliente 5 Total 61.568,89 100.409,45 184.395,60 Fonte:Dados da Pesquisa O faturamento apresentado na Tabela 1, só ocorrera, porque mesmo por exigências destas empresas, não havia, na região, prestadores de serviço com LA aprovada, logo em situações de emergências foram justificadas a necessidade de prestação de serviço e venda de produtos. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 40 Verifica-se na tabela 2 que compreende o período subsequente do ano de 2009 a 2012. Tabela 2: Faturamento (R$) para clientes que exigem LA - Período 2009 a 2012 Faturamento 2009 Cliente 1 2010 2011 2012 90,00 33.235,49 43.861,54 Cliente 2 128.432,47 128.888,75 167.718,50 142.074,70 Cliente 3 243.138,30 610.727,71 410.105,32 393.569,10 Cliente 4 5.916,42 3.405,49 68.287,92 19.191,49 17.187,04 368.741,86 343.334,92 760.298,99 1.048.089,09 942.031,75 Cliente 5 Total 377.487,19 Fonte:Dados da Pesquisa Analisando os 05 (cinco) clientes que exigem LA, em 2009 a empresa obteve a Licença Prévia, e neste ano, já se identifica variação positiva no faturamento dos clientes que exigem LA, sendo superior a todos anos anteriores juntos de todos os clientes. No segundo ano de LA implantada e neste momento consolidada, identifica-se um aumento superior a 100% no faturamento dos clientes que exigem LA, ou seja, verifica-se que após a implantação das licenças os clientes repassaram maior número de ordens de compras de produtos e solicitações de serviços. Tabela 3 - Lucro (R$ e %) anual Faturamento 2006 Produtos 477.768,34 Serviços 235.286,27 Total 713.054,61 Lucro (R$) 102.109,42 Lucro (%) 14,32% Referência Ano Anterior Fonte:Dados da Pesquisa 2007 888.619,43 380.836,90 1.269.456,33 229.644,65 18,09% 26,33% 2008 2009 2010 2011 2012 546.624,07 592.313,39 1.267.378,22 1.450.285,03 1.604.107,10 257.234,86 253.848,59 309.775,45 567.356,46 866.317,72 803.858,93 846.161,98 1.577.153,67 2.017.641,49 2.470.424,82 226.000,00 50.815,12 478.909,24 434.617,02 463.225,44 28,11% 6,01% 30,37% 21,54% 18,75% 55,41% -78,64% 405,64% -29,06% -12,95% Quanto ao percentual de lucro verificam-se variações positivas e negativa referente ao ano anterior. Mais uma vez a convoca-se a situação de singularidade de análise, pois conforme informado não se leva em consideração critérios de gestão para este estudo, que é essencial para uma análise efetiva da relação de (%) de Lucro para com o faturamento. Verifica-se o gráfico: Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 41 Gráfico 1: Lucratividade (%) por Ano Lucratividade Tendência 50% Lucratividade 40% 30,37% 28,11% 30% 21,54% 18,09% 20% 18,75% 10% 14,32% 6,01% 0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Ano Através da análise de (%) do lucro, algumas informações são interessante para uma análise íntegra sobre o processo: 1. O ano de 2008 possui lucratividade maior que 2011 e 2012 onde já havia licenças, entretanto em volume de capital foi quase a metade. 2. Exceto pelo ano de 2009 todos os anos subsequentes possuíram vulto de capital de Lucro Líquido superior a qualquer ano sem as licenças. 3. No ano de 2009, foram necessárias adaptações para as exigências ambientais, ou seja, necessidade de aporte para investimentos. Tabela 4 - Participação (%) dos Clientes que Exigem LA no Faturamento Clientes 2006 2007 2008 Cliente 1 0,00% 0,00% 0,00% Cliente 2 8,58% 7,91% 12,13% Cliente 3 0,00% 0,00% 10,71% Cliente 4 0,05% 0,00% 0,10% Cliente 5 0,00% 0,00% 0,00% Total 8,63% 7,91% 22,94% Média Sem Licenças 13,16% Média Com Licenças 45,72% Desvio Padrão sem Licenças 8,48 pp Desvio Padrão com Licenças 5,88 pp Fonte: Dados da Pesquisa 2009 0,00% 15,18% 28,73% 0,70% 0,00% 44,61% 2010 0,01% 8,17% 38,72% 0,22% 1,09% 48,21% 2011 1,65% 8,31% 20,33% 3,38% 18,28% 51,95% 2012 1,78% 5,75% 15,93% 0,78% 13,90% 38,13% Evidencia-se que os dados de média e desvio padrão convergem para a mesma situação abordada com o conceito de lucratividade ou seja, enquanto a participação de clientes apresentaram uma participação significativa após a implantação das licenças a média apurou um avanço significativo e o desvio padrão decresceu proporcionando sinergia entre os indicadores, obtendo mais de uma variável, com a mesma tendência de resultado. Para Matarazzo (1998), a lucratividade das vendas indica o quanto à empresa tem de retorno a cada venda realizada, isto é, a eficiência da empresa em produzir lucro por meio de suas vendas. Baseado neste conceito apura-se as informações de faturamento e lucro líquido de cada período para obter a margem de lucro (ML) para efetuar-se as análises necessárias Analisando a participação do faturamento dos clientes que exigem licenças ambientais identifica-se que após a implantação das LA houve um aumento considerável no volume de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 42 recursos, sendo no primeiro ano, mais que dobro, na participação do faturamento alinhado ainda com o aumento de faturamento Total visto na tabela 03. Vale ressaltar ainda que mesmo com queda da lucratividade (%) no ano de 2012 o vulto de recursos ainda foi maior que o ano anterior. Comparando com Alberton (2003) e Grzebieluckas et al. (2007) verifica-se características distintas no estudos, porém uma aproximação interessante.Enquanto os autores referenciados buscaram comparar performance das empresas depois de implantar o SGA, este estudo buscou resultados para implementação de licenças ambientais.Nos dois casos entende-se que possuíam demandas por investimentos estruturais para adequações as exigências ambientais e nas duas situações buscava-se apurações de resultados. Tabela 5 - Investimentos (R$) Licenças Ambientais Engenheiro CREA 680,00 1.100,00 54,60 Acompanhamento de Licenças 1.350,00 Construção de Canaletas 8.000,00 Separador de Óleo 15.000,00 Área para Óleo Reutilizável 7.500,00 Segregação de Resíduos Sólidos 2.500,00 Treinamento 4.500,00 Lavador 3.500,00 Idenfificação Visual Total 1.500,00 45.684,60 Fonte: Dados da Pesquisa Segundo Matarazzo (1998), os índices de rentabilidade mostram qual a rentabilidade dos capitais investidos, isto é, quanto renderam os investimentos e, portanto, qual o grau de êxito econômico da empresa.A rentabilidade ou Retorno do investimento é fundamental para avaliar o desempenho empresarial. Analisando o quesito investimentos para obtenção das licenças ambientais verifica-se um valor aproximado de R$ 45.684,60 (Quarenta e cinco mil e seiscentos e oitenta e quatro reais e sessenta centavos) comparado ao lucro dos períodos subsequentes conforme Tabela 03 Lucro por ano verifica-se que o resultado apresentado foi positivo. Ainda que os investimentos possuíam um período para serem resgatados onde poderia ser verificado como nos indicadores de Payback e TIR (Taxa interna de retorno) mesmo que os prazos de retorno fossem longos acima de cinco anos os indicadores de volume de vendas e lucratividade apontam para uma tendência positiva para ajustes em licenças ambientais. Considerações Finais: A relação de implantação de Licença Ambiental versus resultados econômicos devem ser cautelosamente interpretadas. Segundo, o faturamento, a implantação de Licenças Ambientais provocou aumento de faturamento. Quanto à participação dos clientes que exigem LA variou positivamente comparado há anos em que a empresa não possuía licenças. A participação de mercado da empresa se Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 43 solidificou, o lucro líquido em valores financeiros apresentou variações positivas e o % do lucro líquido apesar de ter variações oscilantes apontaram tendências favoráveis. Para as situações de implantação do SGA os autores também consideram que encontrar significância estatística para um evento de cunho econômico é provável.Através desta pesquisa, mesmo com inúmeros estudos e pesquisas com resultados diferentes pode-se afirmar que quando a empresa optou por atender as exigências ambientais e fomentou a execução das licenças ambientais foi uma decisão estratégica com resultados positivos. Grandes lucros ou divergências econômicas dificilmente são evidenciados no mercado de produção e comercial, pequenas economias ou trabalho constante em produção em vendas proporciona juntos resultados satisfatório aos empresários e investidores. Não apenas por tendências mas por uma clareza de vários interessados proporcionam investimentos na gestão ambiental e no estudo de caso Hidrautec proporcionou de fato resultados claros de que a exigência legal e o fato de os grandes grupos já aderirem ao valor desta nova visão fazem ter a convicção de que as licenças além de impactarem positivamente nos resultados promovem mudanças de cultura na empresa. Naturalmente que muitos outros fatores intervém no resultado operacional e econômico de uma organização por isso fatores além da implantação das licenças ambientais não foram levados em consideração para este estudo, tornando sim relevante para novas análise em outras pesquisas. 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Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 45 ANÁLISE DO IMPACTO DAS DESPESAS DE MANUTENÇÃO DO HOSPITAL MUNICIPAL ROOSEVELTH FIGUEIREDO LIRA DE BARRA DO BUGRES-MT NO ORÇAMENTO DO MUNICÍPIO Autores: Denis Henrique Seconello Edinéia Souza Nunes Magno Alves Ribeiro E-mail: [email protected] [email protected] [email protected] Área de conhecimento: CIENCIAS CONTÁBEIS RESUMO Através da pesquisa propôs-se realizar análise sobre o impacto das despesas orçamentárias financeiras realizadas na manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT, analisar o impacto dessas despesas no orçamento da saúde e orçamento geral do município de Barra do Bugres – MT, comparar os percentuais dessas despesas com outra unidade hospitalar localizada na mesma região de saúde, calcular o índice de gasto de saúde por habitante. Para atingir esses objetivos, foi realizado análise vertical dos relatórios contábeis das prefeituras municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra – MT. O estudo abordou uma pesquisa quantitativa, descritiva, bibliográfica e estudo de caso dos respectivos hospitais. Foi constatado que no ano de 2011, o Hospital Municipal de Barra do Bugres consumiu 56,42% do orçamento disponível da cidade de Barra do Bugres, enquanto que a Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra consumiu 27,58% do orçamento disponível da cidade de Tangará da Serra – MT. Constatou-se que o repasse Estadual e Federal destinados ao Hospital Municipal de Barra do Bugres não cresceram na mesma proporção que as despesas, inviabilizando assim a manutenção do hospital de referência regional somente com recursos diretos do município. Palavras-chave: Saúde. Planejamento, Gestão Hospitalar. Gestão Pública. 1 INTRODUÇÃO A omissão, aliada a incompetência dos governantes brasileiros, na área de saúde, vem de longa data, embora haja alguns lugares de excelência, a situação predominante na saúde pública no país é ruim, com freqüência os meios de comunicação mostram pessoas sofrendo nas filas de hospitais públicos, esperando atendimento, diante disso, aqueles que têm condições financeiras optam por associar-se a um plano de saúde que lhes dê cobertura, pois do contrário, dependerão da assistência precária do governo (CAMACHO; ROCHA, 2006). Trazendo esse cenário para o Estado de Mato Grosso, uma pesquisa elaborada pelo Ministério da Saúde no ano de 2010, a qual analisa o Índice de Desempenho do SUS (IDSUS), aponta Cuiabá na décima posição, entre as piores capitais em saúde pública no Brasil, a capital de Mato Grosso tirou nota 5,5 em uma pontuação que vai de 0 a 10. Nenhuma cidade do Estado apareceu no ranking das melhores no setor. Para gerar a nota, o Ministério da Saúde levou em conta o acesso Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 46 aos serviços do Sistema Único de Saúde – SUS e se esses serviços são prestados em sua totalidade. Esses critérios, ponderados, resultaram na nota final. O orçamento do Governo Federal aprovado destinado à saúde em 2011 foi de R$ 76 bilhões para serem distribuídos aos estados e municípios brasileiros. No mesmo ano, em Mato Grosso esse orçamento foi de R$ 940 milhões. Refinando esses números para os municípios de Barra do Bugres e Tangará da Serra – MT, no mesmo período, os orçamentos foram respectivamente de R$ 12 e R$ 31 milhões para serem gastos com saúde. Esses números são relativos ao orçamento previsto, no entanto, os orçamentos realizados no ano de 2011, foram de mais de R$ 15 e R$ 36 milhões respectivamente. O objetivo geral desta pesquisa é demonstrar o impacto das despesas com a manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT em relação às despesas fixadas na Lei de Orçamento Anual (LOA). Com relação aos objetivos específicos a pesquisa propôs analisar o impacto e participação das despesas com saúde do município de Barra do Bugres – MT no orçamento geral do município; verificar a participação das despesas com a manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT no orçamento da saúde do município; comparar as despesas com saúde fixadas/orçadas com as despesas de outro hospital municipal localizado na mesma região de saúde, e levantar um índice de gasto com saúde per capita. A pesquisa se justifica principalmente pela ausência de informação sobre a análise do impacto da manutenção de hospitais públicos nas despesas com saúde dos municípios, e pela necessidade de verificar se os municípios estão aplicando o percentual exigido por lei. A pesquisa auxiliará gestores públicos no planejamento orçamentário hospitalar, no questionamento da viabilidade de se manter hospitais públicos de referência regional, no entendimento do impacto dessa despesa nos respectivos orçamentos municipais. Visa, ainda, a busca de outras fontes de receitas como, por exemplo, recursos federais e estaduais, na possibilidade de transformar esses hospitais em outros tipos de instituições como as Organizações Sociais de Saúde (O.S.S.), Fundações de Saúde, onde a gestão pública conta com o apoio do setor privado. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Orçamento e despesa pública O orçamento público é uma lei de iniciativa do poder executivo de estabelecer as políticas públicas para o exercício que se referir, terá como base o PPA e será elaborado respeitando-se a LDO aprovada pelo poder legislativo, e seu conteúdo básico será a estimativa da receita e a autorização (fixação) das despesas (ANGELICO, 1994; SLOMSKI, 2003). Despesa constitui toda saída de recursos ou de pagamento efetuado, a qualquer titulo, pelos agentes pagadores para saldar gastos fixados na LOA ou em lei especial e destinados à execução de serviços públicos (ANGELICO, 1994; ANDRADE, 2002). Na definição de Baleeiro (2002, p. 73) despesa pública é “a aplicação de certa quantia, em dinheiro, por parte da Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 47 autoridade ou agente público competente, dentro de uma autorização legislativa, para execução de fins a cargo do governo”. 2.2 Plano plurianual (PPA), Lei de diretrizes orçamentárias (LDO) e Lei orçamentária anual (LOA) O orçamento para a despesa/receita passará pelo processo de elaboração da LOA, de estudo e aprovação, obedecido o PPA e a LDO, realizado pelo departamento de planejamento. O PPA é uma lei que abrangera os respectivos poderes na União, nos Estados, no Distrito Federal e nos Municípios, e será elaborada no primeiro ano de mandato (ANDRADE, 2002; SLOMSKI, 2003;). A LDO compreenderá as metas e prioridades da administração pública, incluindo as despesas de capital para o exercício financeiro subsequente e ainda orientara a elaboração para a LOA (SLOMSKI, 2003). A LOA, também conhecida como “Lei de Meios”, é uma lei especial que contém a discriminação da receita e da despesa pública, de forma a evidenciar a política econômica financeira e o programa de trabalho do governo (ANDRADE, 2002). 2.3 Gestão de recurso hospitalar municipal Para evidenciar a importância dos sistemas de controle gerencial, tanto para os gestores como para as organizações, Anthony e Govindarajan (2002) definem o controle gerencial como sendo um dos vários tipos de atividades de planejamento e de controle que ocorrem numa organização. Uma entidade hospitalar bem gerida não é fruto exclusivo de ações individuais, mas é conseqüência de uma regência identificada com toda a equipe, no sentido do cumprimento dos planos previamente estabelecidos. No entanto, quando se trata de entidades hospitalares, onde ocorre a atuação de corporações profissionais, que detêm graus de autonomia, no exercício profissional, diferenciados e particulares, tal diretriz se transforma em um verdadeiro desafio (ALMEIDA, 1983; RIBEIRO FILHO, 2002). 3 METODOLOGIA Esta pesquisa foi realizada no Hospital Municipal Roosevelth Figueiredo Lira, em Barra do Bugres – MT, município localizado a 155 km a noroeste de Cuiabá, capital de Mato Grosso, e na Unidade de Saúde Mista de Tangará da Serra – MT, localizado a 235 km a noroeste da referida capital. Com base nos objetivos, o trabalho se classifica como uma pesquisa descritiva, ou seja, aquela que tem como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno, estabelecendo relações entre as variáveis (MIRANDA, 2007), reafirmando esse conceito, Silva (2010, p. 59) diz que “os dados coletados nesse tipo de pesquisa possuem técnicas padronizadas”. Caracteriza-se como pesquisa bibliográfica, pois conforme Silva (2010) Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 48 esse tipo de pesquisa explica e discute um tema ou problema com base nas referências teóricas já publicadas, e estudo de caso, pois segundo Martins (1994, p. 04), no estudo de caso “dedica-se a estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais de uma (ou de algumas) unidade social: indivíduo, grupo, instituição, comunidade”, e por possibilitar uma analise detalhada dos relatórios contábeis. Quanto à abordagem do problema, o estudo classifica como pesquisa quantitativa. Os dados foram coletados através de relatórios contábeis e gerenciais disponibilizados pelos Departamentos de Contabilidade das respectivas prefeituras e pelos hospitais pesquisados, e processados através da utilização do software Excel da Microsoft e organizados em planilhas, possibilitando a elaboração das tabelas para melhor compreensão. 4 RESULTADOS O Hospital Municipal de Barra do Bugres é uma instituição pública, vinculada ao Sistema Único de Saúde, mantida com recursos federais, estaduais e municipais. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES, 2012), o hospital é compostos por 86 leitos, divididos entre as clínicas médicas, cirúrgicas, complementares, obstétricas, pediátricas e outras especialidades. A Unidade de Saúde Mista de Tangará da Serra é uma instituição pública, vinculada ao Sistema Único de Saúde, mantida com recursos federais, estaduais e municipais. De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES, 2012), a unidade é compostos por 42 leitos, divididos entre as clínicas médicas, complementares e pediátricas. Ambos os hospitais acima citados foram objeto de estudo da pesquisa e estão localizados na Micro Região de Saúde Médio Norte do estado de Mato Grosso, que também contam com as cidades de Denise, Nova Marilândia, Porto Estrela, Brasnorte, Sapezal, Campo Novo do Parecis, Santo Afonso e Nova Olímpia. Na análise dos relatórios contábeis das cidades de Barra do Bugres – MT e Tangará da Serra – MT, aplicou a análise vertical, que é um processo comparativo, expresso em porcentagem, que se aplica ao relacionar uma conta com um grupo de contas, e dessa forma, pode se apurar facilmente a participação relativa de cada item e sua evolução no tempo (ASSAF NETO, 2010). Observou-se que, no ano de 2011, o orçamento realizado da cidade de Tangará da Serra – MT foi, praticamente, o dobro do orçamento realizado da cidade de Barra do Bugres – MT, com mais de R$ 109 milhões, enquanto Barra do Bugres – MT teve pouco mais de R$ 46 milhões, conforme demonstra a Tabela 1. Com relação ao número de habitantes de ambas as cidades, os orçamentos mantêm o equilíbrio, pois conforme o Censo de 2010 realizado pelo IBGE, a cidade de Tangará da Serra – MT conta com uma população de 83.431 habitantes, e Barra do Bugres – MT conta com 31.793 habitantes, com uma média de gasto de mais R$ 1.300,00/habitante em Tangará da Serra – MT e R$ 1.400,00/habitante em Barra do Bugres – MT. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 49 Tabela 1: Despesas realizadas por secretarias das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra no ano de 2011. Barra do Bugres Tangará da Serra Secretarias Empenhado % Geral Empenhado % Geral Gabinete do Prefeito 1.090.402,61 2,37% 3.242.162,35 2,97% Control. Geral de Controle Interno 226.373,01 0,49% - - Procuradoria Geral do Mun. 207.171,44 0,45% - - Sec. Mun. de Governo 135.951,62 0,30% - - 4.579.120,49 9,95% 3.340.686,42 3,06% Sec. Mun. de Adm. e Finanças Sec. Mun. de Fazenda Sec. Mun. de Planej., Orcam. E Cont. Sec. Mun. de Educação, Cult. e Desporto Sec. Mun. de Esportes - - 5.837.198,30 5,35% 604.197,68 1,31% 2.060.037,04 1,89% 12.207.629,83 26,52% 34.216.063,92 31,37% - - 1.430.905,12 1,31% 15.593.977,83 33,87% 36.045.587,38 33,05% Sec. Mun. de Desenv. Social 2.051.458,88 4,46% 3.891.705,84 3,57% Sec. Mun. de Desenv. Econ. Turismo 1.036.980,49 2,25% 1.064.080,70 0,98% - - 568.989,80 0,52% 7.703.276,18 16,73% 13.717.269,03 12,58% - - 769.574,15 0,71% 600.193,01 1,30% 2.891.144,29 2,65% Sec. Mun. de Saúde Sec. Mun. de Meio Ambiente Sec. Mun. de Infra Estrut. Serv. Urban. Sec. Mun. de Ind. Com. e Serviços Sec. Mun. de Agricultura Total 46.036.733,07 100,00% 109.075.404,34 100,00% Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra, 2011. Verificou-se que o orçamento da cidade de Tangará da Serra – MT é mais detalhado, pois existem mais secretarias, o que facilita no entendimento e transparência dos gastos públicos. Por exemplo, em Barra do Bugres – MT, a Secretaria Municipal de Administração e Finanças consumiu 9,95% do orçamento, já em Tangará da Serra – MT, a mesma é dividida em duas, Secretaria Municipal de Administração com 3,06% e a Secretaria Municipal de Fazenda com 5,35%, que somadas os percentuais se equilibram com os gastos da cidade de Barra do Bugres – MT (TABELA 1). Isso se aplicou às Secretarias Municipal de Educação, Cultura e Desporto com 26,52% em Barra do Bugres – MT, já em Tangará da Serra – MT a mesma se dividiu em Secretaria Municipal de Educação e Cultura com 31,37% e Secretaria Municipal de Esportes com 1,31%, onde se vê um gasto maior na cidade de Tangará da Serra – MT (TABELA 1). A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo com 2,25% na cidade de Barra do Bugres – MT, já em Tangará da Serra – MT ela se dividiu em Secretaria Municipal de Indústria, Comércio e Serviços com 0,71%, Secretaria Municipal de Meio Ambiente com 0,52% e Secretaria Municipal de Turismo com 0,98%, onde praticamente os percentuais se equilibraram (TABELA 1). O plano de contas da cidade de Barra do Bugres – MT compreendeu ainda a Secretaria Municipal de Governo com 0,30%, a Controladoria Geral do Município com 0,49% e Procuradoria Geral do Município com 0,45%, essas duas ultimas com status de Secretaria (TABELA 1). O orçamento realizado somente das Secretarias Municipais de Saúde das cidades de Barra do Bugres – MT e Tangará da Serra – MT, destacou-se o alto gasto da manutenção do Hospital Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 50 Municipal de Barra do Bugres – MT, com mais de R$ 8 milhões, o que comprometeu metade do orçamento disponibilizado para a saúde com 56,42%, enquanto a Unidade Mista de Saúde teve gasto de aproximadamente de mais R$ 9 milhões, o que comprometeu 27,58% do orçamento disponibilizado para a Saúde de Tangará da Serra – MT (TABELA 2). Sendo essas duas atividades o alvo principal dessa pesquisa, na Tabela 2 foram detalhados melhor esses gastos, o que possibilitou entendimento mais claro do porque o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT consome parte significativa do orçamento realizado pela Saúde da cidade. Em análise aos dados obtidos na manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT, conforme Tabela 2, destacou-se o gasto de 24,55% nas dotações orçamentárias Vencimento e vantagens fixas, e de 1,41% em Contratação por tempo determinado, que são os gastos com folha de pagamento da unidade, juntamente com as Obrigações patronais – INSS com 0,31% e Previdência municipal com 0,90%, destaca-se também os gastos com Outros serviços de terceiros – Pessoa Física com 15,78%, onde engloba todos os serviços de pessoas que não possuem empresa aberta (autônomos), e Outros serviços de terceiros – Pessoa Jurídica com 2,88%, que são gastos com empresas que prestam serviços junto a unidade (TABELA 2). O restante dos gastos representa os materiais de uso e consumo destinados ao custeio da unidade que absorvem 10,38% do orçamento, e pelas Diárias civil com 0,24%, que são usadas para o deslocamento de servidores para fora do município, conforme demonstra Tabela 2, todos os percentuais referem-se ao orçamento destinado à saúde. Por ser um Hospital Municipal de referência regional, o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT atende à população das outras cidades contempladas pela Micro Região de Saúde do Médio Norte, que tem como pólo a cidade de Tangará da Serra – MT. Em razão dessa demanda, é compreensível o alto gasto com folha de pagamento, pois a população exige mão de obra qualificada, com profissionais capacitados em seus atendimentos. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 51 Tabela 2: Despesas realizadas pelo Hospital Municipal de Barra do Bugres - MT e Unidade de Saúde Mista de Tangará da Serra no ano de 2011. Barra do Bugres Dotações Orçamentárias Contrat. por tempo determiando Vencim. e vantagens fixas - p. fisica Salário família Tangará da Serra Empenhado % Saúde % Total Empenhado % Saúde % Total 219.342,27 1,41% 0,48% - - - 3.827.878,70 24,55% 8,31% 3.589.998,05 9,96% 3,29% - - - 1.896,41 0,01% 0,00% Obrigações patronais - INSS 48.687,25 0,31% 0,11% 298.716,04 0,83% 0,27% Obrigações patronais - prev. mun. 140.321,90 0,90% 0,30% 278.162,31 0,77% 0,26% Indeniz. e restituições trabalhistas Diárias civil Medicamentos - - - 71.747,67 0,20% 0,07% 38.080,00 0,24% 0,08% 13.545,00 0,04% 0,01% - - - 300.114,82 0,83% 0,28% Diesel 30.552,73 0,20% 0,07% - - - Gasolina 37.184,46 0,24% 0,08% - - - Gás engarrafado 69.398,57 0,45% 0,15% - - - Gêneros alimenticios 239.621,42 1,54% 0,52% - - - Material de expediente 13.407,73 0,09% 0,03% - - - Material de cama, mesa e banho 72.707,08 0,47% 0,16% - - - Material de copa e cozinha 68.465,33 0,44% 0,15% - - - Material limp. e prod. de higien. 80.073,93 0,51% 0,17% - - - Material hospitalar 834.115,90 5,35% 1,81% - - - Outros materiais de consumo 110.172,15 0,71% 0,24% 277.097,90 0,77% 0,25% Outros produtos famacológicos - - - 103.237,34 0,29% 0,09% Serviços de telecomunicações - - - 26.620,29 0,07% 0,02% Serviços de água e esgoto - - - 17.796,80 0,05% 0,02% Serviços de energia elétrica - - - 175.321,18 0,49% 0,16% Outros serv. de terceiros - p. fisica 2.460.182,09 15,78% 5,34% 4.079.101,83 11,32% 3,74% Outros serv. de terceiros - p. jurídica 448.506,44 2,88% 0,97% 686.367,95 1,90% 0,63% Equipam. e material permanente 58.696,91 0,38% 0,13% 20.215,10 0,06% 0,02% Total 8.797.394,86 56,42% 19,11% 9.939.938,69 27,58% 9,11% Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres e Tangará da Serra, 2011. A pesquisa mostrou que Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT, encontra-se com gastos equilibrados, pois atingiu percentual de 27,58% do orçamento realizado na saúde. Destacaram-se os gastos com vencimentos e vantagens fixas – P. Física com 9,96%, relativos à folha de pagamento da unidade, junto com as Obrigações patronais – INSS com 0,83%, previdência municipal com 0,77%, Indenizações e restituições com 0,20% e Diárias civis com 0,04% (TABELA 2). Outros serviços de terceiros – P. Física com 11,32%, que são gastos com serviços de pessoas que não possuem empresa aberta (autônomos), e Outros serviços de terceiros – P. Jurídica com 1,90%, que são gastos com empresas que prestam serviços junto à unidade, e completando, estão os gasto relativo ao custeio e materiais de uso e consumo com 2,56% conforme Tabela 2. Verificou-se um gasto relativamente baixo para uma cidade com pouco mais de 83 mil habitantes. Com base nessas informações questiona-se o porquê da cidade de Barra do Bugres – MT, que tem mais de 31 mil habitantes gasta 56,42% do orçamento disponibilizado para a saúde, ou 19,11% do orçamento geral do município com a Manutenção do Hospital Municipal, e a cidade de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 52 Tangará da Serra – MT, com mais de 83 mil habitantes consome menos orçamento, cerca de 27,58% do orçamento disponibilizado para a saúde, e apenas 9,11% do orçamento geral? A resposta está no número de procedimentos realizados nas duas unidades conforme demonstrado na Tabelas 3. Tabela 3: Procedimentos realizados no Hospital Municipal de Barra do Bugres e na Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra no ano de 2011. Barra do Bugres Procedimentos Pronto atend. amb. urgências Nº Pacientes Tangará da Serra % Nº Pacientes % - - 58.219 46,64% Internação 3.760 1,77% - - Cirurgias 1.034 0,49% - - Partos 611 0,29% - - Atendimento médico ambulatorial 102.669 48,38% 13.041 10,45% Consultas no pronto socorro 28.783 13,56% - - Consultas com neurologia - - 1.853 1,48% Consultas com pneumologista - - 25 0,02% Consultas com cardiologista - - 2.899 2,32% Consultas com cirurgiao - - 632 0,51% Consultas com ortopedista - - 10.426 8,35% Consultas com anestesista - - 308 0,25% Consultas com fonoaudiólogo - - 349 0,28% Consultas com pediatra - - 5.649 4,53% Consultas com nutricionista - - 786 0,63% Órtese 436 0,21% - - Ultrassonografia 2.966 1,40% - - Raio-x 13.513 6,37% 26.270 21,05% - - 4.363 3,50% 58.456 27,54% - - Eletrocardiograma Exames laboratoriais TOTAL 212.228 100,00% 124.820 100,00% Fonte: Relatórios gerenciais do Hospital Municipal de Barra do Bugres e da Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra, 2011. A Tabela 3 nos mostra que no ano de 2011, foram realizados no Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT, 212.228 procedimentos, em todas as áreas da unidade, onde se destacou os procedimentos ambulatoriais com 48,38%, os exames laboratoriais com 27,54%, e as consultas no pronto socorro com 13,56%. Ressalta-se que um paciente pode passar por várias áreas da unidade, ou seja, realizando vários procedimentos. Conforme Tabela 3, foram realizados na Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT 124.820 procedimentos, os percentuais se aproximaram dos apresentados no Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT, com 46,64% de procedimentos realizados no pronto atendimento, 10.45% no atendimento médico ambulatorial, e 18,37% somando todas as consultas realizadas. Destacou-se também o alto percentual na realização de Raio-x com 21,05%. Verificou-se que o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT realizou 87.408 procedimentos a mais em relação à Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT no ano de 2011, onde se destacou a realização de procedimentos como cirurgias, partos, internações e exames laboratoriais, consumindo assim, o percentual maior do orçamento. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 53 Mesmo com a ajuda de custo recebido dos governos federal e estadual, a viabilidade da manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT ficou comprometida, inviabilizando a administração do mesmo, pois os valores gastos não cresceram na mesma proporção dos repasses feitos, conforme Tabela 4. Sobre organizações hospitalares, Teixeira; et al (2006, p. 42) comenta que “o gerenciamento na área da saúde é mais complexo do que em qualquer outro tipo de organização”, referindo-se ao conceito de Médici e Marques (1996), citados anteriormente, onde diz que o indivíduo não procura a assistência médica por livre vontade, mas sim por necessidade, por circunstâncias alheias ao seu desejo, e deseja encontrar um atendimento, ou melhor, um tratamento de qualidade. A tabela 4 mostra os repasses realizados pelos governos federal e estadual destinados ao Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT nos anos de 2009, 2010 e 2011. Tabela 4: Repasses destinado ao Hospital Municipal nos anos de 2009, 2010 e 2011 Repasse/Ano 2009 % 2010 % 2011 % Federal 1.913.818,65 27,48% 2.490.165,60 32,39% 2.856.049,02 32,46% Estadual 957.000,00 13,74% 1.218.000,00 15,84% 704.482,71 8,01% 4.094.221,73 58,78% 3.979.090,63 51,76% 5.236.863,13 59,53% Próprios Empenhado 6.965.040,38 100,00% 7.687.256,23 100,00% 8.797.394,86 100,00% Fonte: Relatórios contábeis da Prefeitura Municipal de Barra do Bugres, 2009, 2010 e 2011. No ano de 2011, os repasses orçados pelo governo federal foram todos efetuados, mas os repasses do governo estadual só foram realizados nos meses de julho, agosto e setembro de 2011, o que colocou o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT em greve, não atendendo pacientes que eram de outras cidades por alguns meses, mas como a saúde é uma garantia constitucional prevista no Art. 5º da Constituição Federal, o atendimento foi retomado por parte do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT. Ao somar os repasses federais e estaduais (quando realizados), e descontar as despesas realizadas no ano, conforme nos demonstrou a Tabela 4, a Prefeitura Municipal de Barra do Bugres – MT teve gasto de 59,53%, ou seja, R$ 5.236.863,13 de receitas próprias no ano 2011, bem acima do limite estabelecido pela Constituição Federal que é de 15% (EC-29), este limite é para o gasto total com as despesas da saúde municipal, e, não somente com uma unidade hospitalar. A Tabela 4 ainda mostrou que as despesas do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT cresceram nos últimos três anos. Em 2009 as despesas foram de R$ 6.965.040,38, em 2010 R$ 7.687.256.23 e em 2011 R$ 8.797.394,86. Em contrapartida, o repasse estadual não cresceu na mesma proporção em 2011, que foi de R$ 704.482,71, o que corresponde a 8,01%, sendo mais baixo que o repasse de 2009 que foi no valor de R$ 957.000,00, ou seja, 13,74%, consumindo assim recurso próprio no valor de R$ 5.236.863.13, ou seja, 59,53%. Já o repasse federal teve sim um crescimento, sendo R$ 1.913.818,65 ou 27,48% no ano de 2009, em 2010 foi de R$ Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 54 2.490.165,60, ou 32,39%, e em 2011 foi de 2.856.049,02, ou seja, 32,46%, a Figura 1 demonstra melhor esse cenário de repasses. Figura 1: Repas s es des tinado ao Hos pital Municipal nos anos de 2009, 2010 e 2011 10.000.000,00 9.000.000,00 8.000.000,00 7.000.000,00 6.000.000,00 Federal 5.000.000,00 Estadual Próprios 4.000.000,00 Empenhado 3.000.000,00 2.000.000,00 1.000.000,00 0,00 2009 2010 2011 A Tabela 4 e a Figura 1 evidencia que o repasse estadual não cresceu na mesma proporção que cresceu as despesas na unidade Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT. Lima (2007) nos relata que as decisões dos governos municipais em relação às formas de organização e prestação do cuidado com a saúde são condicionadas pela disponibilidade de recursos e pela importância relativa das várias fontes de receitas vinculadas à saúde em seus orçamentos. Isso porque, devido à importância relativa dos diferentes tipos de recursos vinculados, variações na composição orçamentária, refletem na disponibilidade de receitas voltadas para saúde, oportunidades diferenciadas de obtenção e expansão de receitas e relações intergovernamentais predominantes, tipos de despesa que podem ser efetivadas e maior ou menor autonomia na alocação dos recursos. Em análise ao comprimento da legislação onde os municípios são obrigados a aplicar um percentual das receitas próprias nos gastos com saúde (EC-29), verificou-se conforme Tabela 5 que a cidade de Barra do Bugres – MT aplicou, no ano de 2011, 27,65% nas despesas com saúde, e o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT absorveu 15,70% desse gasto. Tabela 5: Calculo da aplicação dos 15% (EC-29) na Saúde nos anos de 2009, 2010 e 2011 2009 2010 2011 Receitas 26.474.242,44 27.914.191,36 33.446.079,31 Despesa Saúde 12.151.070,15 14.093.291,27 15.593.977,83 Repasses Federais/Estaduais (3.174.311,51) (5.044.680,48) (6.347.536,90) 8.976.758,64 9.048.610,79 9.246.440,93 33,91% 32,42% 27,65% Despesa Hospital Municipal 4.094.221,73 3.979.090,63 5.236.863,13 % Gasto Hospital Municipal 15,46% 14,25% 15,66% Total % Gasto Saúde Fonte: Relatórios contábeis das Prefeituras Municipais de Barra do Bugres, 2009, 2010 e 2011. Com base na Tabela 5, concluiu-se então que somente o Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT consome o percentual mínimo exigido pela Constituição Federal (EC-29). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 55 O estudo foi realizado em duas cidades com grandezas diferentes, como número de população, orçamento realizado, número de atendimentos, ou seja, realidades diferentes. A cidade de Tangará da Serra – MT deve investir mais no Programa de Saúde da Família - PSF, por ter um maior número de habitantes, onde consegue implantar um número maior dessas unidades, uma vez que para a sua implantação é necessário um número mínimo de famílias por região (média de 4.000 pessoas), conforme a portaria nº. 2.027 de 25 de agosto de 2011 do Ministério da Saúde, com isso, descentralizam o atendimento na Unidade Mista de Saúde. Outro fator importante que influencia nos gastos com saúde em Tangará da Serra – MT é o fato de que a cidade possui uma estrutura hospitalar particular ampla em relação ao município de Barra do Bugres – MT, o que permite descentralizar a demanda em sua Unidade Mista de Saúde, realidade essa que não ocorre na cidade de Barra do Bugres – MT, visto que o município não conta com nenhum hospital particular. Ao analisar o número de habitantes e o valor do orçamento realizado em ambas as cidades calculou-se o índice que demonstrou o valor gasto por cada cidade com saúde por habitante, conforme Tabela 6. Soares (2011) diz que a utilização de índices na análise orçamentária, seja na área pública ou na área privada, envolve a aplicação de cálculos de quocientes que relacionam um conjunto de valores expressos nas demonstrações contábeis. Tabela 6: Gasto médio com saúde por habitante Cidade Nº habitantes Orçamento realizado Gasto/habitante Barra do Bugres 31.793 15.593.977,83 490,48 Tangará da Serra 83.431 36.045.587,38 432,04 Fonte: Autor, 2012 Constatou-se um gasto médio de saúde por habitante de R$ 490,48 na cidade de Barra do Bugres – MT, e R$ 432,04 na cidade de Tangará da Serra – MT, demonstrou assim que a cidade de Barra do Bugres – MT teve um gasto maior com saúde do que o município de Tangará da Serra – MT, conforme observado na Tabela 6. Hospitais são organizações com grande impacto social, tipicamente geram empregos e oportunidades, pois são muito dependentes de mão de obra. Além disso, trazem renda a fornecedores e a todo tipo de empresas de serviços à sua volta (VELOSO; MALIK, 2010). Na mesma linha de raciocínio, Martins (2001) diz que para a sobrevivência de um hospital na atual economia de mercado, a administração hospitalar deve centrar seus esforços na manutenção do equilíbrio entre custos, receitas e despesas de modo a permitir a prestação de serviços médicos em nível de excelência. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Verificou-se uma elevada participação das despesas com a manutenção do Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT no orçamento da saúde do município, comparou-se essas despesas com as despesas da Unidade Mista de Tangará da Serra – MT, onde demonstrou que o município de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 56 Barra do Bugres – MT tem um gasto maior que a cidade de Tangará da Serra – MT, gasto esse comprovado pelo índice criado com gastos com saúde por habitante. Demonstrou-se que o município de Barra do Bugres – MT aplicou o percentual exigido por lei (EC29), e o orçamento fixado para atender as despesas com saúde não são suficientes para manter os atendimentos disponibilizados pelo Hospital Municipal de Barra do Bugres – MT para atender a sociedade do próprio município, bem como de outros contemplado pela micro região de saúde no médio norte. Assim, confirmou-se também a importância quanto à evidenciação das contas públicas, pois além de ser uma obrigação do gestor público, é direito e dever dos cidadãos a fiscalização dos atos de gestão dos administradores públicos. Mesmo que haja muito a fazer para que a contabilidade sirva como autêntico instrumento de gerenciamento e accountability, a contabilidade pública deve disponibilizar informações ao administrador público a fim de indicar o estado atual e planejar o futuro das entidades governamentais. Como sugestão para futuras pesquisas, propõe-se o emprego deste estudo utilizando-se de outros métodos de analise, bem como analisar os repasses destinado a unidade hospitalar Unidade Mista de Saúde de Tangará da Serra – MT, e realizar um comparativo com as despesas de unidades hospitalares particulares do município de Tangará da Serra – MT, ou da mesma região de saúde. Levantar e analisar a viabilidade de se implantar um hospital de referência regional na cidade de Tangará da Serra – MT, bem como a viabilidade de se implantar um hospital privado na cidade de Barra do Bugres – MT. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Teófilo R. R. Perspectivas de sobrevivência do hospital. Revista Paulista de Hospitais, São Paulo, n. 5/6, p. 104-113, maio-junho, 1983. ANDRADE, Nilton de Aquino. Contabilidade pública na gestão municipal: novos métodos após a L.C. nº 101/00 e as classificações contábeis advindas do SOF e STN. 1ª ed. São Paulo, Ed. Atlas, 2002. ANGÉLICO, João. Contabilidade pública. 8ª ed. São Paulo. 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APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO HOSPITALAR: UM ESTUDO DE CASO Paulo Cesar de Souza [email protected] Área de conhecimento: Contabilidade de custos Resumo A apuração de custos em hospitais é um processo complexo, em virtude da complexidade inerente à própria organização que tem em seu bojo uma multiplicidade de serviços e profissionais gerando simultaneamente um volume expressivo de dados que necessitam ser capturados e processados. Este artigo apresenta os resultados de uma dissertação de mestrado que ser propôs a apurar o custo da diária de internação de um hospital público. Assim, são apresentados os resultados desse estudo de caso com abordagem quantitativa, descrevendo objetivamente os passos metodológicos percorridos para a apuração do custo do paciente-dia ou diária de internação hospitalar, acompanhados dos resultados. Ficou evidente a importância do sistema de informação no processo de apuração de custos hospitalares e também a importância da informação produzida pela contabilidade na gestão dos hospitais públicos. Através da pesquisa, foi produzida uma informação de grande importância, mas que o gestor da unidade não dispunha, ou seja, o custo da diária de internação de um paciente e adicionalmente apresentou-se a comparação desse custo com a receita obtida. Palavras-chave: Contabilidade de custos; Gestão de custos; Administração hospitalar. 1. INTRODUÇÃO Um dos grandes desafios da gestão de hospitais públicos é o aumento da eficiência. Esta eficiência é entendida como “a relação favorável entre os resultados obtidos e os recursos alocados” (MENDES, 1998, p.57). Assim, um hospital eficiente é aquele que é capaz de obter o máximo de resultados consumindo o mínimo possível de recursos. Dessa forma, a eficiência é a busca pela maximização de resultados com os mesmos recursos ou a redução do consumo de recursos mantendo-se os resultados. Num contexto onde as necessidades são praticamente ilimitadas e os recursos são escassos, como é o caso da saúde pública, a principal preocupação deve ser no modo como estes recursos são utilizados, ou seja, a minimização dos recursos mantendo ou maximizando os Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 59 resultados. Diante disso, a contabilidade de custos, mostra-se como um importante instrumento de apoio à gestão. Visando especificamente a implantação de medidas que visem aumentar a eficiência de organizações hospitalares, as informações sobre apuração e controle dos custos dessas organizações são fundamentais (BEUREN E SCHLINDWEIN, 2008). Mesmo diante da importância do sistema de apuração e gestão de custos, grande parte das organizações hospitalares não utilizam sistema de custos que seja capaz de fornecer informações úteis para a tomada de decisão ou o fazem de forma precária (ABBAS, 2001). Assim, se o desejo é minimizar recursos e maximiar resultados o ponto de partida do processo é saber quais são os recursos empregados (custos), ou seja, quais foram os gastos com bens ou serviços utilizados na produção de outros bens ou serviços (MARTINS, 1996), em nosso caso, serviços hospitalares. Diante da escassez de informações sobre custos no âmbito do hospital público em estudo, houve a necessidade de estruturar um sistema a fim de verificar o custo de operação do referido hospital. Diante desse desejo, a principal pergunta foi: qual objeto de custo deseja-se mensurar? O objeto de custo é definido como “qualquer coisa de que se deseja medir o custo ou que necessite de uma medida de custo separado” (CHING, 2001, p. 20). Desse modo, um objeto de custo pode ser fornecedor, linha de produtos, departamento, projeto, processo de negócio ou conjunto de atividades que realiza. No âmbito dos hospitais, esse objeto de custos poderia ser o paciente, o procedimento, a doença, o setor, a clínica ou o hospital como um todo. Este trabalho apresenta os resultados de uma dissertação de mestrado que se propôs a apurar o custo médio da diária de internação das quatro clínicas do referido hospital. Assim, este artigo apresenta de forma objetiva os passos percorridos para a apuração desse principal objeto de custo escolhido, ou seja, “diária de internação hospitalar”. Tecnicamente a diária de internação é chamada de paciente-dia, ou seja, é a unidade de medida que representa a assistência prestada a um paciente internado durante um dia hospitalar (MS, 2002, p. 6). 2. ELEMENTOS FUNDENTAIS PARA A APURAÇÃO DE CUSTOS HOSPITALARES Um dos elementos fundamentais para a apuração de custos é a existência de um sistema de apuração e controle de custos. Segundo Tanaka et al. (2001, p.45) “para calcular os custos das atividades ou procedimentos é necessário existir um controle contábil, por meio da organização e da sistematização dos custos, com o registro dos gastos por setor ou serviço”. Para que seja possível o levantamento dos dados necessários à apuração e gestão de custos, faz-se necessário a existência na organização de um sistema de informação, baseado na sua maioria na Tecnologia da Informação (CAMPOS, 2008). A Tecnologia da Informação (TI) em Saúde corresponde a todas as formas de conhecimento relacionadas à produção, gestão e disseminação de informações que possuem valor de uso para solucionar ou amenizar problemas de saúde de indivíduos ou populações (VASCONCELLOS, 2002). Com a utilização de um sistema Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 60 de informação baseado em recursos computacionais facilita-se a obtenção dos valores dos custos diretos, um importante elemento na formação do custo total. De acordo com Falk (2001), existem alguns elementos que são imprescindíveis para a existência de um sistema apuração de custos. Esses componentes são: folha de pagamento, registro contábil, controle de inventário e consumo, faturamento e contas a receber, prontuário médico, controle de demanda de pacientes. Todos esses elementos geram dados para o sistema de apuração de custos hospitalares, o qual poderá gerar informações que irão orientar as decisões estratégicas. As informações necessárias para a conformação de um sistema de apuração de custos são divididas por Beulke e Bertó (2008) em dois grupos: componentes monetários e componentes físicos, os quais são descritos a seguir. 2.1 Componentes monetários Materiais - Nessa perspectiva, as informações sobre materiais abrangem todos os tipos de materiais que são adquiridos, estocados e consumidos pelo hospital. Esses materiais são medicamentos, materiais médico-hospitalares, materiais de limpeza, materiais de escritório, combustíveis, gases, gêneros alimentícios, peças de reposição, materiais de expediente e outros. Em virtude do volume de informações que geralmente produzem essas movimentações, se faz necessário a existência de sistema de controle de estoque informatizado, o qual pode ser descentralizado. Dessa forma, cada setor que adquire, armazena e consome materiais tem o seu próprio sistema de controle ou esses materiais podem ser centralizados num único local, onde estaria funcionando o sistema de controle de estoques. Em geral os hospitais dividem esse trabalho com dois setores, farmácia e almoxarifado. Na farmácia há o armazenamento e controle do consumo dos medicamentos mediante as solicitações feitas pelos demais setores. No almoxarifado há o armazenamento e controle do consumo dos demais itens que não se configuram como medicamentos, registrando as saídas mediante as solicitações dos demais setores. A informação monetária que interessa à apuração de custos no caso dos materiais é o valor dos materiais em geral consumidos no período, seja por setor, ou por pacientes específicos, dependendo de qual é o objeto de custo em foco. Quanto à avaliação dos materiais, a mesma será realizada de acordo com o objetivo do controle de materiais, se para fins fiscais ou gerenciais. Se para fins fiscais o ideal seria pelo método estabelecido pela legislação do imposto de renda chamado custo médio, pelo qual o valor de cada produto será o valor médio de cada produto em estoque, especificado pelo tipo de produto. Se para fins gerenciais, o ideal é utilizar-se do valor atual dos produtos, ou seja, se não for possível o preço de mercado, o último valor de aquisição. Pessoal - As informações sobre gastos com pessoal que interessa ao sistema de custos são fornecidas pelo sistema de gerenciamento de pessoal. Tais informações necessitam ser Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 61 encaminhadas no formato necessário dependendo do sistema de custeio adotado. Em geral esses custos são agrupados por centro de custos. Assim, a informação monetária que a apuração de custos necessita geralmente se refere aos valores gastos com pessoal por centro de custos. Os valores considerados serão todos os gastos com pessoal, ou seja, salários, encargos, férias, adicional de férias, décimo terceiro e outros. Depreciação - Os custos com depreciação são fornecidos pelo sistema de controle patrimonial, o qual deverá controlar o registro e avaliação de todos os bens que compõem o patrimônio da instituição. Com base nos valores dos bens, geralmente registrados por centro de custos calcula-se a taxa de depreciação, a qual representa o desgaste do bem no período que foi utilizado nas atividades da organização. Em hospitais públicos, muitas vezes no momento do cálculo do custo esse elemento é desconsiderado. Custos Gerais - No item custos gerais, são agrupados os itens de custo que não estão incluídos nos demais grupos acima, como energia, água, serviços de terceiros, etc. Esses custos terão seus valores obtidos junto á contabilidade e quando for possível identificar com exatidão para qual centro de custos foi alocado o referido gasto ele poderá ser apropriado diretamente. Caso isso não seja possível, será necessária a utilização de algum critério de rateio. No caso do consumo de água, por exemplo, a forma mais simples de distribuição do gasto por rateio seria de acordo com a representatividade dos metros quadrados ocupados por cada setor. Custos de comercialização - Os custos de comercialização são custos que ocorrem geralmente em hospitais privados, tendo como principais fontes a legislação e os contratos de serviços. É importante lembrar que a classificação proposta pelos autores Beulke e Bertó (2008) é característica de instituições hospitalares privadas. No entanto, ao aplicar essa classificação às instituições hospitalares públicas pode-se suprimir o último item, restando então como principais componentes dos custos hospitalares os materiais, pessoal, depreciação e custos gerais. Convém ainda destacar que o montante dos três primeiros componentes monetários na classificação proposta por Beulke e Bertó (2008), ou seja, materiais, pessoal e depreciação, representam os tipos de custos diretos mais comuns da atividade hospitalar. Nesse processo de classificação dos custos em grupos, o Ministério da Saúde (MS, 2006, p. 31) propõe os seguintes grupos: pessoal, serviços de terceiros, materiais de consumo, despesas gerais e depreciação. Alguma variação em geral pode acontecer quanto à forma de classificação, no entanto, os principais elementos são sempre os mesmos. 2.2 Componentes físicos Os componentes físicos que estão presentes nas organizações hospitalares demonstram inúmeras circunstâncias e podem ser agrupados segundo Beulke e Bertó (2008) nos seguintes itens: Quantidade de materiais movimentados pelo sistema de materiais; Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 62 Montante de tempo de trabalho por procedimento como horas de cirurgia, número de pacientes-dia, tempo de duração de um exame, etc. Produção mensal: número de internações, número de exames realizados, número de atendimentos, kg de roupa lavada, peça esterilizada, etc. Resta verificar como todos esses componentes monetários e físicos são processados para que finalmente seja possível o conhecimento dos custos dos serviços. 3. METODOLOGIA Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa realizada no Hospital Municipal “Roosevelth Figueiredo Lira”, em Barra do Bugres, cidade localizada a 155 km de Cuiabá, capital de Mato Grosso. O Hospital Municipal de Barra do Bugres é uma instituição pública, mantida com recursos municipais, convênio com a SES/MT e vinculado ao Sistema Único de Saúde. De acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES (CNES, 2007), o hospital tem sua estrutura composta por 80 leitos, sendo estes divididos entre as clínicas médica, cirúrgica, obstétrica e pediátrica. A pesquisa foi do tipo “Estudo de Caso”, pois segundo MARTINS (1994, p. 04), no estudo de caso “dedica-se a estudos intensivos do passado, presente e de interações ambientais de uma (ou de algumas) unidade social: indivíduo, grupo, instituição, comunidade...”. O processo de apuração de custos foi realizado através do desenvolvimento e implantação de um sistema informatizado para coletar parte dos dados, sendo os demais dados necessários à apuração dos custos levantados mediante relatórios preenchidos manualmente pelos diversos setores do hospital. Foi utilizado o método de do custeio por absorção do tipo RKW, com classificação dos custos em fixos e variáveis. Os custos apurados referem-se ao período compreendido entre 15/10/2008 e 14/11/2008. Assim, são delineados neste artigo, de forma didática os passo metodológicos desse trabalho, bem como seus resultados. 4. PASSOS PARA APURAÇÃO DO CUSTO DA DIÁRIA DE INTERNAÇÃO 4.1 Passo preliminar a) Definição do método de custeio: O método de custeio escolhido foi o RKW. Nesse método são alocados aos produtos e serviços todos os gastos, ou seja, custos fixos, variáveis, diretos e indiretos e também as despesas do período. O custeio por absorção, do qual o RKW é um subtipo é o método de custeio mais utilizado pelos hospitais públicos no Brasil, pois segundo pesquisa realizada por Nunes (MS, 2006), em 175 hospitais, no período de 18/10/2005 a 13/12/2005, 43,50% das instituições utilizam custeio por absorção. c) Definição do objeto de custo: O objeto de custo deste trabalho é o custo médio por unidade de serviço prestado nas clínicas e pronto-socorro/ambulatório. Essa unidade de serviço tem nomenclatura e característica peculiar de acordo com o centro de custo. No caso das unidades de internação, clínica médica, pediátrica, cirúrgica, ginecológica e obstétrica, o objeto de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 63 custo é o paciente-dia, ou seja, o custo médio de uma diária de internação no período. Para o pronto-socorro/ambulatório o objeto de custo é a consulta, ou seja, o custo médio por consulta realizada no período. d) Preparação do sistema de informação: A fim de obter os dados necessários à apuração dos custos parte dos processos foram informatizados, visto que quase todos os registros gerenciais no hospital eram realizados manualmente. Através da contratação de um bolsista aluno do Curso de Ciências da Computação, foi desenvolvido um software denominado Sistema de Informação Para Gestão Hospitalar (SIGHO). O software foi estruturado para funcionar em rede, com os dados num servidor central, contendo os seguintes módulos: recepção, farmácia, nutrição, limpeza, administração, estatística, gerenciamento e custos. Com esses módulos, foi realizado o controle das internações e altas dos pacientes e através desses dados gerado parte dos relatórios estatísticos, os chamados componentes físicos por Beulke e Bertó (2008). Também foi possível realizar o controle de estoques, registrando o consumo dos produtos para cada centro de custos do hospital, etc. 4.2 Primeiro passo Classificação dos centros de custos: Neste trabalho, foi utilizada a classificação apresentada pelo Manual Técnico de Custos (MS, 2006), o qual divide os centros de custos por tipo: administrativo, intermediário, final (produtivo) e externo. Com base nessa publicação, após a análise do processo de trabalho na organização, os centros de custos foram classificados (Quadro 1). Utilizando esse tipo de classificação, o objetivo é que após o levantamento do custo total por cada centro de custos, tais custos sejam rateados entre eles, de acordo com a metodologia a ser utilizada de modo que os custos dos centros administrativos e intermediários sejam transferidos para os finais e externos. Quadro 1 - Classificação dos centros de custos por tipo Administrativo Administração Intermediário Centro cirúrgico Farmácia Centro de Mat. Clínica Esterilizados Ginecológica Obstétrica Estabilização Clínica Médica Faturamento/estatísti ca Gasoterapia Gerência de Enfermagem Manutenção Recepção Telefonia Transporte Fonte: Souza (2010) Laboratório Lavanderia Final Clínica Cirúrgica Externo Unidades Externas e Clínica Pediátrica Pronto Socorro /Ambulatório Limpeza Nutrição Radiologia Ultra-sonografia 4.3 Segundo passo Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 64 Apuração dos custos diretos: Conforme já destacado, as informações básicas para o processo de apuração de custos podem ser divididas em componentes monetários e componentes físicos. Os componentes monetários se dividem nos seguintes grupos de informações: materiais, pessoal e custos gerais. Estes devem ser expressos em moeda corrente. Os custos diretos existentes na instituição eram os seguintes: Materiais, pessoal e encargos e serviço de terceiros, os quais são expressos em moeda corrente e fazem parte dos componentes monetários apresentados. Assim, esses três elementos que compõem os custos diretos serão apresentados a seguir. Materiais diretos: No que tange ao controle de materiais, o ideal é que ele seja realizado de forma centralizada. No caso de um hospital, esse controle deveria ser realizado pelo almoxarifado central e pela farmácia. No entanto, no hospital em análise isso não foi possível, em virtude da inexistência de almoxarifado. O software desenvolvido foi utilizado para controlar o material consumido em todo o hospital, especificando em cada saída de material o setor ou centro de custo de destino. Esse controle possibilitou a emissão de relatórios demonstrando o valor dos materiais consumidos no período por cada um dos centros de custos. As informações sobre pessoal não foram levantadas através do sistema de informação desenvolvido para o hospital, em virtude do pouco tempo disponível para o seu desenvolvimento. Através do acesso à relação de funcionários com seus respectivos salários e encargos, foi possível apurar o custo com pessoal por centro de custos. Os custos diretos com os serviços de terceiros tiveram seus valores obtidos junto à administração do hospital e junto à contabilidade da prefeitura municipal. Assim, o Quadro 2 apresenta o resumo dos valores apurados com materiais de consumo para o hospital no período analisado. Quadro 2 - Distribuição dos custos (em R$) com materiais de consumo, segundo centro de custos e tipo de material, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 65 Fonte: Souza (2010) Pessoal e encargos: O custo com pessoal e encargos é um elemento de grande importância na composição dos custos totais do hospital. Eles foram obtidos junto ao departamento de pessoal da prefeitura e organizados em planilha de modo a permitir o cálculo do custo com pessoal e encargos por centro de custos. É importante destacar que a classificação de custos com pessoal e encargos foi utilizada neste trabalho se referindo ao custo com os servidores com vínculo com o hospital, seja concursado, contratado ou nomeado. Existem ainda outros custos que são classificados contabilmente como serviço de terceiros, como por exemplo, a remuneração dos médicos plantonistas do pronto-socorro, os quais na verdade também representam custos com pessoal, no entanto, para os fins deste trabalho foi mantida a classificação contábil. Desse modo, a Tabela 1 apresenta o valor do custo com pessoal e encargos levantados no período em análise para cada centro de custo do hospital. Tabela 1- Distribuição dos custos com pessoal e encargos, segundo centro de custo, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008. Centro de custo Administração Farmácia Faturamento/estatística Gasoterapia Gerência de Enfermagem Valor 3.891,79 10.108,24 4.714,64 0,00 22.251,15 Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 % 1,45 3,78 1,76 0,00 8,31 Página 66 Manutenção Recepção Telefonia Transporte Centro cirúrgico Centro de Mat. Esterilizados Estabilização Laboratório Lavanderia Limpeza Nutrição Radiologia Ultra-sonografia Clínica Cirúrgica Clínica Ginecológica e Obstétrica Clínica Médica Clínica Pediátrica P.S./Ambulatório Total Fonte: Souza (2010) 2.495,05 14.803,27 614,10 5.208,86 12.123,96 9.519,37 0,00 13.076,92 4.261,55 11.895,09 14.337,75 4.123,64 4.564,59 17.431,45 33.946,15 26.828,17 22.460,65 29.079,25 267.735,65 0,93 5,53 0,23 1,95 4,53 3,56 0,00 4,88 1,59 4,44 5,36 1,54 1,70 6,51 12,68 10,02 8,39 10,86 100,00 Serviço de terceiros: Nesse item serviço de terceiros estão inclusos os serviços prestados ao hospital por pessoas físicas e também pessoas jurídicas, não havendo a distinção segundo a classificação jurídica. Assim, a Tabela 3 apresenta a distribuição dos valores de serviço de terceiros por centro de custo do hospital no período em análise. Tabela 3 - Distribuição dos custos com serviço de terceiros, segundo centros de custos, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008. Centro de custo Valor % Administração 1.173,62 1,27 Farmácia 16,00 0,02 Faturamento/estatística 1.914,45 2,08 Recepção 3.567,22 3,87 Telefonia 3.657,34 3,97 Transporte 1.125,00 1,22 Centro cirúrgico 6.500,00 7,05 Laboratório 22.281,05 24,17 Centro de Valor % Limpeza 1.341,17 1,46 custo Nutrição 4.671,04 5,07 Clínica cirúrgica 350,00 0,38 Clínica G. O. 1.640,09 1,78 Clínica Médica 3.750,00 4,07 Clínica 50,00 0,05 P.S./Ambulatório 40.130,00 43,54 Pediátrica Total 92.166,98 100 Fonte: Souza (2010) 4.4 Apuração dos custos indiretos gerais Os principais custos gerais, ou custos indiretos gerais, geralmente presentes nas organizações hospitalares são: telefonia, água e energia. Em virtude do setor de telefonia ser classificado como um centro de custo e do hospital não pagar pela água utilizada por possuir poço artesiano e receber ainda água do serviço municipal de distribuição de água, foi considerado como custo indireto geral apenas o custo com energia, o qual totalizou R$ 11.924,57 no período. Este custo foi rateado aos diversos centros de custos através da aplicação da metodologia apresentada por Saraiva (2006). O ponto inicial da metodologia é o levantamento dos pontos de luz e equipamentos existes nos centros de custos, bem como a carga horária de trabalho de cada um deles, e com base nisso o estabelecimento dos seguintes pesos: Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 67 Peso 1: utilizado para identificar cada ponto de luz existente por centro de custo; Peso 2: identifica os equipamentos que demandam um consumo de energia não superior a doze horas, como os computadores, impressoras, televisores, máquina de xérox, equipamento de som, balanças digitais, exaustores, ar-condicionado, etc. Peso 3: considerando-se que alguns setores do hospital funcionam 24 horas, esse peso é aplicado aos equipamentos semelhantes aos do peso 2, mas que funcionam de forma ininterrupta; Peso 4: aplicado aos equipamentos de uso diário, que demandam um consumo maior de energia: máquinas de lavar, secadoras e geladeiras industriais, autoclaves, esterilizadoras,etc. 4.5 Apuração dos custos totais Após o levantamento dos itens anteriores e antes de realizar o rateio entre os vários centros de custos, a Tabela 4 apresenta de forma consolidada os custos totais por cada centro de custo e também o valor do custo indireto geral, o qual também será rateado a seguir aos centros de custos. Tabela 4 - Distribuição dos custos totais, segundo centro de custos, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008. Centro custo de Mat. De Consumo R$ %* 703,91 12,2 4,14 0,0 353,60 5,1 6.116,50 100 1,24 0,0 0,00 0,0 40,12 0,2 41,22 1,0 2.316,42 26,8 3.522,96 15,9 Pessoal e Encargos R$ %* 3.891,79 67,5 10.108,24 99,8 4.714,64 67,5 0,00 0,0 22.251,15 100 2.495,05 100 14.803,27 80,4 614,10 14,2 5.208,86 60,2 12.123,96 54,7 Administração Farmácia Faturamento/est. Gasoterapia Gerência de Enf. Manutenção Recepção Telefonia Transporte Centro cirúrgico Centro de Mat. Est. 850,09 8,2 9.519,37 Estabilização 3.009,31 100 0,00 Laboratório 636,58 1,8 13.076,92 Lavanderia 1.466,57 25,6 4.261,55 Limpeza 121,39 0,9 11.895,09 Nutrição 15.668,92 45,2 14.337,75 Radiologia 2.846,66 40,8 4.123,64 Ultra-sonografia 171,78 3,6 4.564,59 Clínica Cirúrgica 5.558,87 23,8 17.431,45 Clínica G.O. 5.391,42 13,2 33.946,15 Clínica Médica 6.805,41 18,2 26.828,17 Clínica Pediátrica 5.986,66 21,0 22.460,65 P.S./Ambulatório 12.014,77 14,8 29.079,25 Unidades externas 70,74 100 0,00 Sub-Total 73.699,27 17,0 267.735,65 Custos ind. Serv. de Terceiros R$ %* 1.173,62 20,3 16,00 0,2 1.914,45 27,4 0,00 0,0 0,00 0,0 0,00 0,0 3.567,22 19,4 3.657,34 84,8 1.125,00 13,0 6.500,00 29,4 Total R$ 5.769,32 10.128,38 6.982,69 6.116,50 22.252,39 2.495,05 18.410,61 4.312,66 8.650,28 22.146,92 % 1,3 2,3 1,6 1,4 4,9 0,6 4,1 1,0 1,9 5.0 91,8 0,00 0,0 0,00 36,3 22.281,05 74,4 0,00 89,1 1.341,17 41,4 4.671,04 59,2 0,00 96,4 0,00 74,7 350,00 82,8 1.640,09 71,8 3.750,00 0,00 0,0 61,9 0,0 10,0 13,4 0,0 0,0 1,5 4,0 10,0 10.369,46 3.009,31 35.994,55 5.728,12 13.357,65 34.677,71 6.970,30 4.736,37 23.340,32 40.977,66 37.383,57 2,3 0,7 8,1 1,3 3,0 7,8 1,6 1,1 5,2 9,2 8,4 78,8 50,00 35,8 40.130,00 0,2 49,4 28.497,31 81.224,02 6,4 18,2 0,00 0,00 61,8 92.166,98 70,74 0,0 21,2 433.601,90 11.924,57 0,0 97,3 2,7 Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 68 Gerais Custos totais 73.699,27 16,5 267.735,65 60,1 92.166,98 20,7 445.526,47 Fonte: Souza (2010) * Percentual em relação ao total do centro de custo específico. 4.6 Rateio dos custos entre os centros de custos 100 Após a distribuição do custo com a energia entre os centros de custos utilizando a metodologia de rateio especificada acima, obtém-se o custo total por cada centro de custos. A partir de então será realizado o rateio dos custos dos centros administrativos e intermediários para os centros finais e externos, embora os externos não sejam nosso foco de análise. Para realizar isso, duas coisas são importantes: os componentes físicos (BEULKE e BERTÓ, 2008), que serão utilizados como critério de rateio (Quadro 3) e a definição da metodologia de alocação dos custos. Para a realização do rateio dos custos dos centros administrativos e intermediários aos finais (produtivos) e externos foi necessário definir qual metodologia de alocação seria utilizada. De acordo com Falk (2001) e MS (2006) existem três tipos de metodologia: alocação direta, alocação seqüencial ou escalonar e alocação recíproca ou matricial. Neste trabalho foi utilizada a metodologia de alocação recíproca ou matricial, por se mostrar a mais adequada para o que se propunha. Quadro 3 - Componentes físicos utilizados com critério de rateio Tipo de Centro de Custos Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Administrativo Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Intermediário Final Final Final Final Final Externo Fonte: Souza (2010) Centro de Custos Critério de rateio Administração Farmácia Faturamento/estatí Gasoterapia stica Ger. de Manutenção Enfermagem Recepção Telefonia Transporte Centro cirúrgico CME Estabilização Laboratório Lavanderia Limpeza Nutrição Radiologia Ultra-sonografia Clínica Cirúrgica Clínica G. O. Clínica Médica Clínica Pediátrica P.S./Ambulatório Unidades externas Servidores por centro de custos Nº. de itens encaminhados aos centros de Internação faturada por centro de custos custos Pontos com fluxômetro ponderados pela Servidores utilizaçao por centro de custos subordinados Metros quadrados por centro de custos Número de internações processadas por Ramais clínica por centro de custos Km rodados para cada centro de custos Horas de cirurgia ponderadas por tipo de Nº. de pacotes e caixas por centro de custos proced. Nº. de pacientes ponderados pela Nº. de exames solicitados por centro de permanência Kg de roupa lavada destinada ao centro de custos 2 M por centro ponderados pelo grau de custos Nº. de refeições ponderadas para cada centro severidade Nº. de exames solicitados por centro de Nº. de exames solicitados por centro de custos Nenhum custos Nenhum Nenhum Nenhum Nenhum Nenhum Essa metodologia, reconhece a reciprocidade entre os centros de custos, ou seja, ela reconhece que os centros de custos administrativos e intermediários não apenas transferem seus Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 69 custos até que eles cheguem aos centros finais ou produtivos, mas que um centro administrativo ou intermediário pode tanto prestar como receber serviços. Figura 1- Aplicação da alocação recíproca dos custos indiretos Fonte: Souza (2010) Essa metodologia é complexa já que se utiliza de álgebra matricial para a realização dos cálculos, em virtude disso, foi desenvolvido no software implantado junto ao hospital um módulo para apuração de custos que calcula essa distribuição recíproca dos custos de forma facilitada. O processo realizado pelo sistema é demonstrado na Figura 1. 4.7 Cálculo do custo da diária de internação hospitalar Tabela 5 - Distribuição do custo médio por paciente-dia comparado com a receita média, segundo centros de custos finais, H. M. Barra do Bugres, 15/10 a 14/11/2008. Clínica Clínica Clínica Custos Cirurgica G. O. Médica Clínica Pediátrica Custo total por centro de custos 63.410,28 88.637,06 73.830,31 61.769,64 Pacientes – dia (diárias) 343 273 350 375 Custo médio da diária 184,87 324,68 210,94 164,72 Receita média da por diária Déficit médio Fonte: Souza (2010) 134,64 50,23 145,67 179,01 122,41 88,53 119,55 45,17 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conforme verificado, o processo de apuração de custos em hospitais públicos é bastante complexo, principalmente pela indisponibilidade de informações nos moldes necessários. Essa é uma deficiência destacada por Falk (2008) ao afirmar que cerca de apenas 15% dos hospitais possuíam sistema informatizado de gestão. A experiência com este trabalho evidenciou a importância de um sistema informatizado para a apuração de custos num hospital, esse tipo de organização agrupa vários serviços dentro uma só unidade de saúde, além de reunir uma multiplicidade de profissionais. Essa estrutura produz simultaneamente um volume muito grande Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 70 de dados que demandam um sistema de informação para processá-lo. E a contabilidade de custos é parte desse sistema de informação como um todo e depende das outras partes ou módulos do sistema para alcançar seus fins. Assim, mesmo diante da necessidade de criar mecanismos para levantar os dados necessários à apuração de custos, o trabalho proposto pela dissertação de mestrado em questão foi realizado alcançando o objetivo principal que foi calcular o custo da diária de internação hospitalar. Ressalta-se que o custo encontrado foi o custo médio, não representando com exatidão o custo da diária de cada paciente, no entanto é uma informação importante diante de uma instituição que não dispunha de nenhuma informação sobre seus custos. Os dados mostram o centro de custo que apresentou o maior custo da diária foi a clínica Ginecológica e Obstétrica e na comparação com as receitas médias, verifica-se que o menor déficit foi registrado pela Clínica Pediátrica. REFERÊNCIAS ABBAS, K. Gestão de custos hospitalares. Dissertação de mestrado em engenharia de produção. Santa Catarina: UFSC, 2006. BEULKE, R; BERTÓ, J.D. Gestão de custos e resultados na saúde: hospitais, clínicas, laboratórios e congêneres. 4. ed. rev. atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2008. BEUREN, I. M.; SCHLINDWEIN, N. F. Uso do Custeio por Absorção e do Sistema RKW para gerar informações gerenciais: Um estudo de caso em hospital. Associação Brasileira de Custos, Vol. III, nº. 2, 2008. Disponível em: www.abcustos.org.br. CAMPOS, M. Apostila de sistema de informação. Disponível em: http://www.marcelocampos.com.br/academico/tur/download/aula007sistema.pdf (acesso dia 16.09.2008). CHING, Y.H. 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O objetivo geral do estudo é analisar se os investimentos em projetos sociais e ambientais foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado pelas maiores e melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012, tendo como objetivo específico analise da padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência destes relatórios. Esta pesquisa se classificou como descritiva, telematizada, com abordagem quantitativa. Foram obtidos os seguintes resultados: a) o modelo mais utilizado pelas empresas foi o GRI; b) não há padronização de acordo com o modelo escolhido e; c) o crescimento em investimento foi proporcional ao da receita liquida, e desproporcional ao resultado operacional uma vez que este apresentou decréscimo; d) o modelo Ibase traz informações abrangentes sobre responsabilidade social, porém na ambiental traz poucas informações; e) há uma tendência nas empresas de potencialização de resultados positivos e ocultação de negativos, ademais as informações divulgadas não são auditadas, encontrou-se baixa utilização de notas explicativas. Palavras-chaves: Balanço social, 100 maiores empresas, responsabilidade social e ambiental. 1 INTRODUÇÃO Ao longo dos anos a sociedade passou a exigir que as empresas assumissem postura socialmente responsável diante da comunidade em que as mesmas encontram-se inseridas, passando a não somente objetivar o lucro vindo de sua atividade, mas também tornar-se preocupar-se com o impacto ambiental que essas atividades causam a sociedade e ao meio ambiente. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 72 Como observado, as empresas encontraram-se diante de um novo modelo estratégico, onde os interesses dos acionistas começaram a dividir espaços com as demandas da comunidade, dos clientes, dos funcionários e dos fornecedores, chamados de stakeholders, onde a Responsabilidade Social deixou de ser uma opção para as empresas passando a ser uma questão estratégia e, muitas vezes, de sobrevivência (KRAEMER, 2005). Os gestores começaram a se preocupar não somente com a gestão do negócio, mas com a comunidade e com o meio ambiente. Neste sentido, a Contabilidade, é vista como um sistema de informação da situação e da evolução patrimonial, econômica e financeira da empresa, devendo, portanto, incluir em seus relatórios, todos os dados relacionados ao meio ambiente, facilitando o acesso a informação aos usuários, auxiliando-os no processo de tomada de decisão. (KRAEMER, 2005). Os Balanços Sociais são uma demonstração de publicação não-obrigatória e existem vários modelos que podem ser utilizados pelas empresas, dentre os quais se destacam, no Brasil, segundo Godoy (2007), o modelo do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas IBASE, o modelo do Instituto Ethos, e o Global Reporting Initiative. Dentre os modelos mais conhecidos hoje utilizados no país, acredita-se que o modelo IBASE seria aquele que tornaria mais fácil a compilação dos dados, em função de sua estrutura objetiva e aceitação convalidada pela sua diversa gama de usuários. Além disso, proporcionaria maior grau de comparabilidade, havendo assim incremento da possibilidade dos resultados apresentados nos relatórios das empresas a serem comparados com aqueles publicados nos balanços sociais de outras grandes organizações nacionais. Diante do exposto, o objetivo geral do estudo é comparar se os investimentos em projetos sociais e ambientais foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado pelas maiores e melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012 utilizando as informações do ano-base 2010/2011. O objetivo específico da pesquisa, a analise da padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência destes relatórios. Esta pesquisa justifica-se, na medida em que a utilização de relatórios de sustentabilidade/balanços sociais pelas empresas constitui tema incipiente, a falta de regulamentação muitas vezes dificulta a comparabilidade e reduz a transparência das informações divulgadas. Esse assunto é tema de projeto de lei tramitando no Congresso Nacional, que regulamentará e obrigará a elaboração desse demonstrativo social, pois a falta de legislação a cerca do tema dificulta a análise comparativa e impede o acesso a informações socioeconômicas no plano nacional. (CARNEIRO, 2002) 2. REFERENCIAL TEÓRICO Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 73 2.1 CONCEITO E HISTÓRICO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA Responsabilidade social é o ato de desempenhar o que é correto e ético a sociedade e adequado para a empresa, em prol da melhoria da qualidade de vida da comunidade na qual está inserida e dos funcionários que nela trabalham, melhorando suas relações com seus fornecedores e concorrentes, fazendo com que estes se tornem também socialmente responsáveis (MELO NETO; FROES, 2009). Ou seja, é toda uma capacidade que a empresa exerce sobre a sociedade em geral, apresentando a estes seus valores e expectativas sobre o cumprimento de seus objetivos (CORREA,2007). Correa (2007) lembra que somente o cumprimento das normas legais existentes não torna uma empresa intitulada de socialmente responsável, é necessário muito mais do que este cumprimento de via de regra. Portanto a responsabilidade social trata da consciência de que a empresa está inserida em um determinado ambiente e com ele interage positiva ou negativamente e, portanto, devem contribuir para com o desenvolvimento da comunidade, adotar comportamento ético e praticar a cidadania. Em consequência disso, a visão de responsabilidade social, limitada aos ganhos econômicos da célula social, vem sendo cada vez menos aceita na sociedade. O papel da empresa supera os limites meramente privados, passando a interagir fortemente com os stakeholders, o que inclui uma especial atenção ao meio ambiente, especialmente por parte de indústrias que desenvolvem atividade com elevado impacto ambiental. Com iniciativas de ordem ambiental e social, diversas empresas passaram a contribuir e a ter uma atuação responsável, preocupando-se com a continuidade de recursos físicos e naturais para gerações futuras e assim obtendo também maior simpatia por parte dos consumidores e do público em geral. Segundo Trevisan (2002) a importância da prática da responsabilidade social e divulgação dessas atividades por meio do balanço social, pode ser considerada uma forma de diferenciação das empresas. De acordo com Karkotli e Aragão (2004) a vida do homem desde a Revolução Industrial tem se tornado o tronco das empresas, ou seja, estes vêm vivendo a maior parte de seu tempo, dedicando suas forças a sua produção intelectual e de serviços em troca de remuneração válida ao seu crescimento profissional e satisfação pessoal. No quadro 01 é apresentado um resumo do histórico da responsabilidade social, com datas, locais, responsáveis e suas ações históricas: Quadro 1 – Histórico da responsabilidade social ANO RESPONSÁVEL OBSERVAÇÕES Estabelecia dois princípios às grandes empresas. O primeiro Carnigie, fundador princípio era o da caridade, exigia que os membros mais do Conglomerado 1899 França afortunados da sociedade ajudassem os grupos de excluídos U.S. Steel e o segundo era o da custódia, em que as empresas Corporation deveriam cuidar e multiplicar a riqueza da sociedade. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 74 Contraria um grupo de acionistas ao reverter parte dos lucros 1919 na capacidade produtiva, aumento de salários e constituição Estados Henry Ford de fundo de reserva. A justiça americana posicionou-se Unidos contrária à atitude de Ford, alegando que os lucros deveriam favorecer aos acionistas. Constituição da Passa a ser aceitável que as empresas, como pessoas 1929 República de jurídicas, assumam uma função social basicamente em ações Alemanha Weimar de caráter filantrópico. Julga um caso semelhante ao de Ford, mas neste caso a 1953 decisão foi favorável à doação de recursos para a Estados Justiça Americana Universidade de Princeton, contrariando interesses de um Unidos grupo de acionistas e estabelecendo uma brecha para o exercício da filantropia corporativa. Dec. de 60 A sociedade se manifesta contra a produção e uso de Estados Conflito Vietnã armamentos bélicos, principalmente armas químicas. As Unidos organizações não podiam mais vender o que desejassem. Os aumentos nos custos de energia e a necessidade de Dec. de 70 maiores investimentos para reduzir poluição e proteção de Novo contexto Estados consumidores fazem as empresas buscarem ações para econômico Unidos maximizar os lucros, deixando de lado as responsabilidades sociais. Fonte: Karkotli e Aragão (2004) O balanço social português foi instituído através da lei nº. 141 de 1985, mas somente após o Decreto-lei nº. 9/92, tal demonstrativo passou a dar mais ênfase às ações sociais da empresa em relação à melhoria de vida da comunidade (FREIRE; REBOUÇAS, 2001). A referida lei obriga todas as empresas com mais de 100 funcionários à elaboração do balanço social, e seu principal usuário é o Ministério do Emprego e da Seguridade Social, que envia cópias às associações, sindicatos dos empregados, e à Inspeção Geral do Trabalho. (CUNHA; RIBEIRO, 2004). O balanço social, na Bélgica, foi regulamentado por intermédio de um decreto real instituído em 4 de agosto de 1996, compõe as demonstrações anuais e é exigido de todas as empresas, a publicação do balanço social na França é obrigatória desde o ano de 1977. A Lei 77.769/77 instituiu a obrigatoriedade da elaboração e divulgação de um novo conjunto de informações sociais àquelas organizações com mais de 750 empregados a partir de 1979, e a partir de 1982 estendeu essa exigência às que contassem com mais de 300 empregados. (FREIRE; REBOUÇAS, 2001). Martins, Bernardo e Madeira (2002) relatam a trajetória do BS no Brasil até a adoção das companhias em 2002, verificando, que o tema vem sendo discutido no País desde a década de 1960, recebendo maior projeção apenas nos anos 1990, por meio de leis, projetos de leis e ampla discussão nos meios político, social e empresarial. De acordo com Sucupira (2001) no Brasil, as discussões sobre comportamento ético e responsabilidade social das empresas, tiveram início na década de 1960, com a criação da Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas (ADCE. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 75 Ressalvada a obrigatoriedade da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), o primeiro relatório de cunho social de uma empresa brasileira, publicado de forma totalmente voluntária, foi o da Nitrofértil, em 1984, destaca Torres (2001). Em meados da década de 1980, também, foi publicado o relatório de atividades sociais do sistema Telebrás. Já no ano de 1992, o Banco do Estado de São Paulo (Banespa) produziu um relatório completo, denominado Balanço Social do Banespa, que foi publicado no início de 1993. Segundo o Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas – Ibase a década de 1990 marcou o período do surgimento e da consolidação de diversas organizações que se institucionalizaram para promover o tema da responsabilidade social empresarial. Foi quando o amadurecimento da ideia de “responsabilidade social das empresas” e da necessidade de realização e publicação de balanço social anual na cultura das organizações empresariais brasileiras sofreu diversas influências nacionais e internacionais. 2.2 FUNÇÃO SOCIAL DE UMA EMPRESA Quando a empresa cumpre, em termos sociais, apenas o que está previsto no direito positivado, em seus estritos limites, ela tem uma visão eminentemente legalista, a que se atribui o nome de função social, ao passo que a efetiva responsabilidade social se inicia justamente a partir desse marco. Ou seja, uma empresa pode ser considerada socialmente responsável quando, além de cumprir rigorosamente todas as obrigações legais junto aos seus stakeholders, proporcionar um plus, um adicional, e oferecer uma cesta variada de benefícios sociais para esse mesmo público, que ultrapassa as fronteiras do direito positivado. (ZANOTI, 2006) Vive-se em um período onde o Estado brasileiro tem dificuldades em atender às principais demandas sociais, isto sua impotência perante as atividades que de fato lhe cabem. O Estado Moderno é o fundamento político-administrativo, a força que une a força motriz do capitalismo nascente. O equilíbrio social torna-se um elemento em prol do desenvolvimento e prosperidade socioeconômica e cultural de uma nação, e por outro lado, uma função básica do Estado está na redistribuição da riqueza. Na atualidade, o recuo do Estado em suas atribuições próprias é uma realidade inconteste. Segundo Nunes (2002) no Brasil na década de 70 e início dos anos 80, observou-se a recessão econômica provocando e exigindo uma ampla reestruturação do capital, da produção e até do próprio comércio internacional, o esvaziamento do modelo de políticas sociais intensivas de caráter público desmonta uma das soluções antes vistas como possíveis para as crises periódicas do capitalismo. Certamente o esvaziamento desta alternativa, a falta de perspectiva de retomada de políticas de pleno emprego ou de redução do desemprego no curto prazo teriam permitido o fortalecimento de uma certa tendência, em particular de solidariedade. Para preencher o vazio deixado pelo Estado, inúmeras empresas passaram a exercer, nos últimos anos, papel de fomentadoras de iniciativas nas áreas de responsabilidade social ou Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 76 cidadania, onde se tornou fundamental diferenciar uma empresa pelos serviços que ela oferece, por sua filosofia, seus valores e princípios. O papel da empresa vai, cada vez mais, transcendendo limites meramente privados. Através de iniciativas de ordem ambiental e social, as empresas passaram a contribuir e a ter uma atuação responsável, preocupando-se com a continuidade de recursos físicos e naturais para gerações futuras e assim obtendo também maior simpatia por parte dos consumidores e do público em geral. (NUNES, 2002) 2.3 GESTÃO, CONTABILIDADE AMBIENTAL A gestão ambiental é a parte da função gerencial que trata, determina e implementa a política de meio ambiente estabelecida para a empresa. Para Valle (2010) “a Gestão Ambiental consiste em um conjunto de medidas e procedimentos bem-definidos que, se adequadamente aplicados, permitem reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente”. Segundo Epelbaum (2007) a empresa expressa sucintamente o comprometimento com o meio ambiente como sendo a contínua intencionalidade e prática em considerar a proteção ambiental nas decisões gerenciais e operacionais cotidianas. Tal noção de comprometimento, para ser considerada abrangente dentro das organizações, deve ser adotada por todos os seus níveis e funções, desde a alta administração até o nível operacional. A gestão ambiental de uma organização é a correta administração do impacto de suas atividades econômicas no meio ambiente, visando o uso racional e sustentável dos recursos naturais. Na visão de Valle (2010) o crescimento da consciência ambiental, ao modificar os padrões de consumo, constitui uma das mais importantes armas em defesa do meio ambiente. Quando a empresa busca capturar oportunidades através do crescente contingente de consumidores responsáveis através de ações legítimas e verdadeiras, essas ações tendem a reforçar ainda mais a consciência ambiental, criando um círculo virtuoso, na qual a atuação mercadológica, marketing verde, como querem alguns, torna-se um instrumento de educação ambiental. Entende-se que, ao implementar um sistema de gestão ambiental em uma organização, esta passará por alterações em muitas políticas, estratégias, e certamente haverá reavaliação dos processos produtivos e principalmente em seu modo de agir. Essa mudança de comportamento não se refere unicamente à introdução da filosofia de proteção ao meio ambiente nas atividades organizacionais, mas também em uma revisão de valores, que atinge também as pessoas que trabalham dentro da organização. Alcançando assim, uma administração realmente ecológica. No que tange a contabilidade a questão ambiental é de suma importância, pois esta pode gerar informações úteis aos gestores das empresas, no que diz respeito à preservação do meio ambiente. A Contabilidade tem por objetivo a comunicação entre a empresa e a sociedade, mostrando em seus demonstrativos contábeis as medidas adotadas e os resultados obtidos por ela no processo de conservação do meio ambiente. Destacar os investimentos no intuito de Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 77 diminuir os possíveis prejuízos ao meio ambiente, demonstrando nos relatórios seus ativos e passivos ambientais. (FERREIRA, 2000) Salienta Martins (2005) de que a contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização. A partir deste contexto, pode-se definir contabilidade ambiental como o estudo do patrimônio ambiental (bens, direitos e obrigações ambientais) das entidades. Seu objetivo é prover aos seus usuários, interno e externo, informações sobre os eventos ambientais que provocam alterações no contexto patrimonial atual, bem como realizar sua identificação, mensuração e evidenciação. Para Franco (2009) as empresas que protegem o meio ambiente são bem vistas pelo consumidor e por investidores, já havendo, em alguns países, fundos especializados em investir em empresas que protegem o ambiente. Esses fundos têm crescido e apresentado rentabilidade, porque as empresas são também mais lucrativas. Uma organização só sobrevive se houver interação com o meio ambiente. Portanto, ela precisa ao mesmo tempo captar recursos e fornecer resultados ao ambiente externo e interno. Segundo Dolabella (2002), “a empresa tem responsabilidades para com todos esses grupos (empregados, administradores, governos e a comunidade) e precisa configurar seus objetivos de modo a dar a cada um, certa medida de satisfação”. Esta responsabilidade é explicitada através do Balanço Social, que funciona como um instrumento de avaliação, uma prestação de contas da riqueza gerada pela empresa e como foi distribuída aos diversos grupos. Conforme Ribeiro e Lisboa (1999), a contabilidade ambiental, ao demonstrar a situação financeira de uma empresa, assim como seu desempenho periódico, colabora para uma melhor divulgação e evidenciação da postura ambiental das organizações. Certamente, isso contribui para a redução de atividades ilícitas, promovendo a adoção de práticas, métodos e processos ambientalmente corretos. É interessante verificar que outros autores não apenas reforçam essa perspectiva, mas também procuram ampliá-la. Por exemplo, Kraemer (2005) referencia os indicadores de desempenho ambiental para sintetizar as informações quantitativas e qualitativas determinando então sua eficiência e efetividade, de um ponto de vista ambiental, em utilizar os recursos disponíveis. 2.4 MARKETING SOCIAL Para um melhor entendimento de marketing social é importante definir, primeiramente, o que é marketing utilizando um enunciado clássico realizado por Kotler (2000): “é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas, obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”. O marketing social é uma maneira de se utilizar às técnicas e ferramentas do marketing tradicional para a implementação de estratégias e táticas voltadas para a mudança do Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 78 comportamento social, normalmente intitulado marketing sem fins lucrativos, objetivando incutir no pensamento do público-alvo as inovações que se pretende introduzir, a fim de satisfazer necessidades e expectativas que não estão sendo atendidas pelo setor responsável (KOTLER; ROBERTO, 1992). A grande diferença entre o marketing social e responsabilidade social é que o marketing social tem como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com o bem-social utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing, a responsabilidade social é a preocupação que as empresas, pessoas e governo têm pelo social, a responsabilidade veio para ficar e que tem se transformado em um novo critério de excelência e qualidade para as empresas. Reis (2007), entretanto, alerta que a responsabilidade social não deve ser reduzida a uma ferramenta de marketing ou a um discurso empresarial ou a ações de filantropia. Ela deve ser incorporada às organizações no planejamento dos negócios como um modelo de comportamento responsável do ponto de vista social 2.5 BALANÇO SOCIAL E MODELOS DE BALANÇO SOCIAL (IBASE, GRI, ETHOS) Atualmente o balanço social também chamado de Relatório de Sustentabilidade ou Relatório de Responsabilidade Social, é o principal instrumento de divulgação das ações de responsabilidade social promovidas pelas empresas. No entendimento do Ibase (2004), balanço social (BS) é um demonstrativo publicado anualmente pela empresa que reúne um conjunto de informações sobre projetos, benefícios e ações sociais, dirigido aos stakeholders, tendo como função principal a publicidade da responsabilidade social da empresa. Cardoso (2007), acredita que o balanço social na sua concepção mais ampla envolve a demonstração da interação empresa/ambiente, ou seja, com os elementos que a cercam ou que contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente natural, a comunidade e economia local e recursos humanos, agregando indicadores que possam refletir a eficácia da gestão empresarial no que se referem os programas sociais e o meio ambiente e também ter um indicativo nível de satisfação dos colaboradores. O balanço social é considerado um demonstração contábil, sendo o contabilista responsável por sua elaboração, visto que a principal fonte dos dados é a escrituração contábil, alguns dos dados que compõem o balanço social são de caráter patrimonial, administrativo, econômico, social, ecológico, dentre outros. Dessa forma, procura-se refletir os gastos e as influências recebidas e transmitidas pelas entidades à sociedade, abrangendo um campo de informações ainda pouco explorado pela contabilidade (KROETZ, 2000). Apesar do balanço social, ter sua origem na contabilidade, esse relatório não deve ser visto apenas como um demonstrativo contábil, mas como uma forma das empresas demonstrarem o cumprimento da sua responsabilidade social, representando um diferencial para aquelas que o adotam (SUCUPIRA, 2001). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 79 Os resultados apresentados do balanço social têm como objetivo a agregação de informações, para melhor traduzir a contribuição das empresas em benefício da sociedade, informando-lhes seus resultados sociais, além de ser um instrumento gerencial de apoio à administração, em termos ideais uma empresa apenas poderia exercer suas atividades se o custo-benefício da sua existência fosse positivo. A empresa que danifica o meio ambiente, automaticamente coloca em risco a vida humana, destruindo o ecossistema que a rodeia, reduzindo a qualidade desta. (KROETZ, 2011) Torres (2007) relata que no Brasil existem três modelos de balanço social normalmente utilizados, IBASE (Instituto Brasileiro de Analises Sociais e Econômicas) que é um modelo reduzido e simplificado, o GRI (Global Reporting Initiative) que propõe um padrão internacional de relatório de sustentabilidade baseado no triple bottom line e o do Ethos (Instituto Ethos) baseado nas diretrizes do GRI e adaptado ao cenário brasileiro. Ressalta o autor que os modelos Ethos e GRI são modelos analíticos que podem ser incorporado o modelo do IBASE. Lembra o autor que várias empresas criam modelos próprios definidos dentro de suas estratégias de Comunicação e Marketing. O autor afirma que nem sempre as informações contidas no balanço social são compatíveis com a realidade da empresa, nestas empresas o balanço social é considerado apenas uma peça de marketing. Quadro 2 – Indicadores e seções dos modelos IBASE, GRI e Instituto Ethos Modelo IBASE GRI Instituto Ethos Indicador/Seção Base de Calculo Indicadores Sociais Internos Indicadores Sociais Externos Indicadores Ambientais Indicadores do Corpo Funcional Informações Relevantes Indicadores de Desempenho Econômico Indicadores de Desempenho do Meio Ambiente Indicadores de Desempenho referentes a Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente Indicadores de Desempenho referentes a Direitos Humanos Indicadores de Desempenho referentes a sociedade Indicadores de Desempenho referentes à Responsabilidade do Produto Valores, Transparência e Governança Público Interno Meio Ambiente Fornecedores Consumidores Comunidade Governo e Sociedade Fonte - Adaptado de Godoy (2007) O modelo de Balanço Social proposto pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas – IBASE é utilizado por várias empresas no Brasil. Nesse modelo, são apresentados indicadores laborais (alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência, saúde, educação, creches e participação nos resultados), indicadores sociais (tributos, contribuições para a sociedade, investimentos em meio ambiente) e indicadores do corpo funcional (nº de empregados, Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 80 nº de admitidos, nº de mulheres em cargo de chefia, nº de empregados portadores de deficiência), além de outras informações consideradas relevantes ao exercício da responsabilidade social, conforme consta no modelo veiculado no site do IBASE (2005). O modelo de balanço social GRI (Global Reporting Initiative) foi criado em 1997 pela organização não-governamental norte-americana Coalition for Environmentally Responsible Economics - CERES e pelo Programa Ambiental das Nações Unidas - UNEP - United Nations Environmental Programme. Busca desenvolver um modelo de Balanço Social que dissemina “[...] globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo”. Este orgão vem focando as atividades para o “[...] desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental”, conferindo a este “[...] a mesma utilidade e seriedade dos relatórios e balanços financeiros,” e que sejam “[...] tão rotineiros e passíveis de comparação como os relatórios financeiros” (GRI, 2006). O modelo conhecido como GRI3, está na terceira geração e a mais atual foi desenvolvida em 2006. Vale lembrar que as diretrizes são de uso voluntário, embora seja utilizado por mais de 1.000 organizações em 60 países. O modelo de balanço social Ethos do Instituto Ethos na visão de Torres (2007) baseia-se em um relatório detalhado dos princípios e das ações da organização, incorpora a planilha proposta pelo IBASE e sugere um detalhamento maior do contexto da tomada de decisões, dos problemas encontrados e dos resultados obtidos. O Instituto Ethos defende a necessidade de os balanços sociais adquirirem credibilidade e consistência em relação às dos balanços financeiros. O modelo Ethos se utiliza de indicadores que permitem a avaliação da gestão no que diz respeito à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa. Costa, Visconti e Azevedo (2002) entendem que os modelos propostos de Balanço Social apresentam pequenas diferenças, mas têm em comum a abordagem de aspectos internos e externos da empresa. 3. METODOLOGIA Esta pesquisa se classifica como descritiva, telematizada, com abordagem quantitativa. Os estudos descritivos medem, avaliam ou coletam informações sobre diferentes aspectos, dimensões ou componentes do elemento a ser pesquisado (SAMPIERI; COLLADO; LUCIO, 2006). As pesquisas telematizadas buscam informações em meios que combinam o uso do computador e as telecomunicações como por exemplo na Internet (MORESI, 2003). A pesquisa quantitativa se traduz por tudo aquilo que pode ser quantificável como opinão, informação ou dados e que por consequência poder ser, traduzido em números obtendo-se então uma a análise dos dados e, posteriormente, chegar a uma conclusão, para Fonseca (2002) a pesquisa quantitativa se centra na objetividade, a realidade só pode ser compreendida com base na análise de dados brutos, recolhidos com o auxílio de instrumentos padronizados e neutros. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 81 Das 100 maiores e melhores empresas divulgadas pela Revista Exame 2012 com informações do ano-base 2010/2011, foram identificadas 92 empresas que publicam algum tipo de relatório social ou ambiental distribuídos entre 17 que elaboram o balanço social utilizando tanto o modelo GRI e o Ibase, 39 que utilizam apenas o modelo GRI, 23 empresas que divulgam as informações porém sem forma definida, 09 empresas divulgam somente em língua estrangeira, 04 utilizam somente modelo Ibase e 8 empresas não divulgam informações sociais e ambientais portanto, não fizeram parte da pesquisa. Fizeram parte da amostra 21 empresas (Quadro 3) que usam o modelo Ibase por este apresentar em seu relatório os valores das receitas liquidas, operacionais e folha de pagamento. Ressalta-se que esses valores são retirados da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e, portanto, auditadas em razão de sua obrigatoriedade de divulgação. Quadro 03 – Empresas da amostra 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 Petrobrás BR Distribuidora Pão de Açúcar Telemar Usiminas Sabesp OI (TNL PCS) Cemig Distribuição Embraer OI Furnas 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Refap Itaipu Binacional Light CPFL Paulista Coelba Transpetro Ponto Frio Eletronorte Tag Comgás Fonte: Dados da pesquisa Destaca-se que as empresas Petrobrás, BR Distribuidora, Transpetro e TAG e REFAP divulgam suas informações de caráter social e ambiental de forma conjunta, assim como a OI, Telemar e OI TNL PCS que fazem somente um relatório para todas as empresas que compõe o grupo, o Pão de Açúcar também reúne em seu balanço social informações da empresa Ponto Frio, restando desta forma 14 BS a serem analisados. A análise dos balanços sociais foi elaborada a luz dos critérios apresentados pelo modelo Ibase, assim divididos para este trabalho: “Indicadores Sociais Internos”, “Indicadores Sociais Externos”, “Indicadores Ambientais Internos”, “Indicadores Ambientais Externos”, “Indicadores do Corpo Funcional” e “Informações relevantes quanto a cidadania empresarial”. 4. ANALISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS A primeira constatação foi no sentido de identificar de dentre as empresas selecionadas, o maior número de representantes encontra-se no setor de Energia Elétrica, seguida das empresas de Telecomunicações, Varejo e Transporte, respectivamente: Quadro 04 – Número de empresas por setor Setor Quantidade de empresas Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 82 Autoindústria 01 Energia 09 Telecomunicações 03 Varejo 02 Química e Petroquímica 01 Siderurgia e Metalurgia 01 Atacado 01 Transporte 02 Serviços 01 Fonte: Dados da Pesquisa Desse modo, verificou-se a influência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que consciente dessa nova ordem social, faz com que as Concessionárias e Permissionárias do Serviço Público de Energia Elétrica, elaborem, obrigatoriamente, por força de dispositivo regulamentar, a partir do exercício de 2002, o Relatório Anual de Responsabilidade Empresarial, em conformidade com as orientações constantes do Manual de Contabilidade do Serviço Público de Energia Elétrica, instituído pela Resolução ANEEL no 444, de 26 de outubro de 2001. Este resultado também foi encontrado por Oliveira (2005) e Bernardo (2005) em pesquisas semelhantes realizadas no Brasil. Compilando os dados chegou-se aos seguintes valores consolidados das empesas: Quadro 05 – Receitas e Folha de Pagamento Consolidada Receitas 2011 2010 Receita Liquida (RL) 410.815.077.040,00 360.873.187.960,00 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480,00 77.062.791.060,00 Folha Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920,00 24.831.468.720,00 Fonte: Dados da pesquisa Analisando horizontalmente esses valores, pode-se verificar que a receita liquida (RL) cresceu 13,84% em relação ao ano de 2010, enquanto a receita operacional (RO) caiu 10,26% em relação ao ano anterior, a folha de pagamento bruta também apresentou crescimento de 16,03% em contrapartida o número de funcionário aumentou somente 1,01%, o que nos leva a crer em aumento dos salários dos empregados. 4.1 INDICADORES SOCIAIS INTERNOS Este indicador tem como objetivo demonstrar quanto foi o investimento da empresa em seus colaboradores, evidenciando os valores gastos com alimentação, saúde, segurança, educação, cultura, inclusive o montante distribuído aos funcionários a titulo de participação nos lucros ou resultados. Os indicadores destacados também auxiliam os administradores na medida em que podem gerar informações para tomada de decisão, além de melhorar a rentabilidade Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 83 empresarial por meio da manutenção da satisfação dos trabalhadores, fator capaz de afetar os resultados empresariais (TINOCO, 2001). Em 2011 as empresas apresentaram os seguintes resultados: Quadro 06 – Quadro de indicadores sociais internos 1. Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960 Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920 24.831.468.720 2. Indicadores Sociais Internos Alimentação Encargos Sociais compulsórios Previdência privada Valor % sobre FBP % sobre RL 845.895.659 % sobre FBP % sobre RL 2,94% 0,21% Valor 741.775.975 2,99% 0,21% 6.480.598.357 22,49% 1,58% 5.478.005.920 22,06% 1,52% 328.472.989 1,14% 0,08% 350.399.144 1,41% 0,10% 2.427.995.280 8,43% 0,59% 2.064.836.203 8,32% 0,57% Segurança e saúde no trabalho 180.177.623 0,63% 0,04% 114.194.094 0,46% 0,03% Educação 133.044.820 0,46% 0,03% 118.034.866 0,48% 0,03% 11.002.910 0,04% 0,00% 10.002.819 0,04% 0,00% 418.163.767 1,45% 0,10% 366.160.341 1,47% 0,10% 90.029.094 0,31% 0,02% 6.025.369 0,02% 0,00% 1.560.919.301 5,42% 0,38% 1.692.166.773 6,81% 0,47% Sáude Cultura Capacitaçao e desevolvimento profissional Creches ou Auxilios creche Participação nos lucros ou resultados Outros Total dos indicadores sociais internos 76.555.966 0,27% 0,02% 71.521.217 0,29% 0,02% 12.552.855.767 43,57% 3,06% 11.013.122.720 44,35% 3,05% Fonte: Dados da pesquisa Evidencia-se aumento em investimentos sociais no total de 13,98% em relação a 2010, sendo que o mesmo equivale a 43,57% da folha de pagamento bruta, e a 3,06% da Receita Liquida. Ressalte-se que embora o Resultado Operacional tenha caído, os investimentos sociais acenderam proporcionalmente ao crescimento apresentado pela Receita liquida e a Folha de pagamento. Com relação a participação nos lucros ou resultados foram distribuídos cerca de R$ 1,560 bilhões, o equivalente a 5,42% da FBP, a 0,38% da RL e 2,26% do RO. Salienta-se que a Petrobrás é a que mais contribuiu para este resultado, concedendo aos seus funcionários cerca de R$ 1,5 bilhões em participação nos lucros e resultados. As 58 empresas analisadas por Oliveira (2005) apresentaram resultado semelhante a este no ano de 2001, sendo distribuídos cerca de R$ 1,2 bilhões, e também a Petrobras encontra-se como a empresa que mais desembolsou neste indicador. A Petrobras encabeça a lista das empresas que mais investiram neste indicador com valor total de R$ 12.545.000.000,00, seguida do grupo Pão de Açúcar com investimento total de R$ 2.192.177,00 com acrescimento de 80% em relação a 2010, em terceiro lugar a empresa Embraer com investimentos de R$ 774.759.000,00, cerca de 7,09% do que em 2010. Observou-se ainda que a Usiminas e Eletronorte não fazem investimentos no item creche ou auxilio creche, no que tange ao item cultura 50% das empresas analisadas não investem em cultura para seus colaboradores, no item educação a OI/Telemar e a Comgás não fazem Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 84 investimentos nessa área, por fim com relação a segurança e saúde no trabalho apenas a empresa Comgás não divulgou investimentos. 4.2 INDICADORES SOCIAIS EXTERNOS ACRESCIDO DE TRIBUTOS Este item busca determinar o valor total de contribuições das empresas para a sociedade através de projetos sociais desenvolvidos fora do âmbito empresarial, acrescido dos tributos recolhidos ao governo. O resultado consolidado das empresas pode ser resumido pelo Quadro 05: Quadro 07 – Indicadores sociais externos acrescidos de tributos Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960 Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920 Indicadores sociais externos 24.831.468.720 % sobre RO % sobre RL Educação 48.145.345 0,07% 0,01% 44.126.768 0,06% 0,01% Cultura 57.160.535 0,08% 0,01% 56.148.441 0,07% 0,02% Saúde e saneamento 70.079.315 0,10% 0,02% 79.076.150 0,10% 0,02% 182.099.024 0,26% 0,04% 170.073.323 0,22% 0,05% Combate à fome e segurança alimentar 80.012.790 0,12% 0,02% 81.019.437 0,11% 0,02% Outros 33.834.954 0,05% 0,01% 20.572.868 0,03% 0,01% Total de contribuições para a sociedade 471.331.964 0,68% 0,11% 451.016.987 0,59% 0,12% Tributos (excluidos os encargos sociais) 97.862.840.581 141,52% 23,82% 83.006.574.446 107,71% 23,00% 98.334.172.545 142,20% 23,94% 83.457.591.433 108,30% 23,13% Esporte Total Indicadores sociais externos Valor % sobre RO % sobre RL Valor Fonte: Dados da pesquisa Em 2011 a soma deste indicador alcançou 17,83% a mais do que em 2010, equivalente a 23,94% da RL, 142,20% da RO e 341,39% da FPB. No topo do ranking deste indicador figura a gigante do petróleo Petrobras, com total de R$ 98.296.000.000,00 investidos cerca de 17,83% a mais do que em 2010, seguida da OI/Telemar com R$ 10.658.881.000,00 acréscimo de 9,66% em comparação a 2010 e da Cemig com R$ 8.497.352.000,00 aumento de 18,83% confrontado com 2010. Na pesquisa semelhante realizada por Oliveira (2005) o valor investido pelas Maiores e Melhores empresas do ano de 2002, girou em torno de R$ 63,3 bilhões e correspondia a 32,3% da Receita liquida, sendo assim constatou-se que os investimentos cresceram quase 7 vezes mais e representam 23,94% da Receita Liquida. Ressalta-se que as pessoas jurídicas tributadas pelo lucro real podem destinar 1% do Imposto de Renda apurado para Fundo para Infância e a Adolescente, conforme previsão do artigo 260 da Lei 8060/90, sendo assim algumas empresas fazem essa destinação divulgando-a como parte integrante de seus indicadores sociais externos, esses valores serão aplicados em projetos sociais desenvolvidos por instituições sem fins lucrativos, cadastradas junto ao FIA. Dentre os balanços analisados o da Petrobras em nota explicativa informou a destinação de R$ 19 milhões ao FIA. 4.3 INDICADORES SOCIAIS EXTERNOS EXCLUIDOS OS TRIBUTOS – CONTRIBUIÇÕES PARA A SOCIEDADE Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 85 Este indicador mostra o total de recursos investido em ações sociais, ou seja, em projetos sociais externos à empresa, diretamente ou em parceria com outras organizações. O Quadro 06 demonstra os valores investidos pelas empresas: Quadro 08 – Indicadores sociais externos excluídos os tributos – contribuições para a sociedade 1. Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960 Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920 Indicadores sociais externos 24.831.468.720 % sobre RO % sobre RL Educação 48.145.345 0,07% 0,01% 44.126.768 0,06% 0,01% Cultura 57.160.535 0,08% 0,01% 56.148.441 0,07% 0,02% Saúde e saneamento 70.079.315 0,10% 0,02% 79.076.150 0,10% 0,02% 182.099.024 0,26% 0,04% 170.073.323 0,22% 0,05% Combate à fome e segurança alimentar 80.012.790 0,12% 0,02% 81.019.437 0,11% 0,02% Outros 33.834.954 0,05% 0,01% 20.572.868 0,03% 0,01% 471.331.964 0,68% 0,11% 451.016.987 0,59% 0,12% Esporte Total de contribuições para a sociedade Valor % sobre RO % sobre RL Valor Fonte: Dados da pesquisa A análise dos dados demonstra que as empresas aumentaram os investimentos neste quesito em 4,50% em relação a 2010. Este valor representa 0,11% da Receita Líquida, 0,68% da Receita Operacional. Neste item destaca-se em primeiro lugar a Coelba com investimento na ordem de R$ 675.731.000,00, acréscimo de mais 65% em relação ao ano anterior, seguida da Petrobrás com R$ 470.000.000,00 apresentando um aumento tímido de 4.44% em relação a 2010, figurando em terceiro lugar a empresa Itaipu Binacional com R$ 205.967.000,00 investidos com crescimento de 21,19% comparado a 2010. Para que este indicador atenda o critério de transparência é necessário que o mesmo indique claramente quais projetos são executados pela empresa, cientificando assim o nome do projeto, objetivo do mesmo, valor investido, número de pessoas ou entidades beneficiadas, porém nenhum dos balanços analisados cumpriu com essa exigência. Ainda que de maneira sintetizada a empresa Coelba citou em seu balanço social alguns dados dos projetos que receberam seus investimentos. Oliveira (2005) demonstra em sua pesquisa que no ano de 2001 as 71 empresas que investiram em projetos sociais externos desembolsaram R$ 718 milhões, nesta pesquisa os investimentos das 22 empresas ultrapassou R$ 450 milhões. 4.4 INDICADORES AMBIENTAIS INTERNOS Segundo Guia para Elaboração do Balanço Social e Relatório de Sustentabilidade (2007) neste item se considera apenas os projetos relacionados às operações das empresas, referem-se aos investimentos da empresa para mitigar ou compensar seus impactos ambientais, e também aqueles que têm como objetivo permitir a melhoria da qualidade ambiental, seja por meio de inovação tecnológica ou por programas internos de educação ambiental. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 86 Os investimentos em meio ambiente em 2011 totalizaram R$ 2.550.484.881,00, aumentando cerca de 17,78% em relação a 2010. Estes valores equivalem a 3,69% da Receita Operacional e 0,62% da Receita Liquida. Quadro 09 – Indicadores ambientais internos Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960 Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920 24.831.468.720 Indicadores Ambientais Investimentos rel. com a prod./operação da empresa Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL 2.550.484.881 3,69% 0,62% 2.165.497.351 2,81% 0,60% Fonte: Dados da Pesquisa Em total investido por empresa, a Petrobras mais uma vez aparece em primeiro lugar com investimentos na ordem de R$ 2.550.000.000,00 cerca de 1,04% de sua receita liquida e 5,55% da Receita Operacional, seguida da Usiminas, que apesar de apresentar um prejuízo em seu resultado operacional no valor de R$ 179.892.000,00, investiu R$ 172.485.000,00, logo depois vem a Cemig com R$ 116.532.000,00 de investimentos, correspondente a 2,64% de seu resultado Operacional e 0,74% da Receita liquida auferida pela empresa. A empresa Usiminas evidenciou em seu relatório que possui projetos relacionados ao controle da contaminação do ar, água e solo, a CEMIG evidenciou em seu balanço social notas explicativas com relação aos seus projetos ambientais; a Coelba também relacionou cada projeto desenvolvido, tendo inclusive um Projeto de Educação Ambiental, projeto este também desenvolvido pela Eletronorte. 4.5 INDICADORES AMBIENTAIS EXTERNOS Neste quesito consideramos somente os valores que as empresas investiram em projetos e/ou programas externos, chegou-se a esses resultados: Quadro 10 – Indicadores ambientais externos Receitas/Despesas 2011 (R$ mil) 2010 (R$ mil) Receita Liquida (RL) 410.815.077.040 360.873.187.960 Resultado Operacional (RO) 69.152.745.480 77.062.791.960 Folha de Pagamento Bruta (FPB) 28.811.630.920 24.831.468.720 Indicadores Ambientais Valor % sobre RO % sobre RL Valor % sobre RO % sobre RL Investimentos em programas e/ou projetos externos 172.185.567 0,25% 0,04% 258.234.821 0,34% 0,07% Fonte: Dados da pesquisa Novamente a Petrobras apareceu em primeiro lugar com investimento de R$ 172.000,00, porém vale ressaltar que em relação a 2010 a empresa apresentou uma queda de 33,33% em relação a 2010, assim como a CPFL Paulista que diminuiu em 33,09% o valor investindo totalizando assim a quantia de R$ 61.723.000,00, diferente das empresas anteriores a Furnas divulgou investimento no total de R$ 44.889.000,00, com aumento de 14,27% em relação a 2010. Somente a empresa Oi/ Telemar não efetuou qualquer tipo de investimento na área ambiental, seja interno ou externo. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 87 Vale ressaltar que nos indicadores ambientais internos e externos as empresas de eletricidade aparecem em destaque, por incluírem na área ambiental seus programas de pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética e eletricidade rural. Pode-se ainda observar, que embora o modelo IBASE traga informações abrangentes sobre responsabilidade social, o mesmo não ocorre com as informações de cunho ambiental, uma vez que este não contém informações particularizadas, retratando somente informações básicas. Na amostra analisada as empresas Eletronorte, Usiminas e Coelba efetuaram subdivisões nos indicadores ambientais externos e informaram em quais projetos foram feitos investimentos de caráter ambiental, demonstrando assim mais transparência nas informações divulgadas, vale aludir que a Coelba e a Eletronorte foram mais longe e informaram também processos, multas e passivos ambientais. 4.6 INDICADORES SOBRE O CORPO FUNCIONAL Para Guia para elaboração do Balanço Social e Relatório de sustentabilidade (2007) este indicador deve identificam de que forma se da o relacionamento da empresa com seu público interno no que concorre a criação de postos de trabalho, a utilização do trabalho terceirizado, a valorização da diversidade e a participação em cargos de chefia de grupos historicamente discriminados no país, como mulheres, negros e portadores de deficiência. Notou – se, que neste indicador, praticamente todas as empresas mencionaram as informações necessárias, sendo que algumas não divulgaram o número de empregados terceirizados e o número de negros que compunham o quadro de funcionários da empresa. 4.7 INFORMAÇÕES RELEVANTES QUANTO AO EXERCÍCIO DA CIDADANIA EMPRESARIAL A expressão “cidadania empresarial” se refere a uma série de ações empresariais relacionadas aos públicos de interesse da empresa, com grande ênfase no público interno. O Guia para elaboração do Balanço Social e Relatório de sustentabilidade (2007) traz que neste tópico devem estar abordados itens como: a relação entre maior e menor remuneração, acidentes de trabalho, reclamações e criticadas de consumidores, processos trabalhistas, dentre outros. Observou-se que o indicador da relação entre a maior e menor remuneração não menciona quais valores compõe essa remuneração, pois sabe-se que a remuneração pode ser composta por alguns benefícios, tais como, bonificação, cesta básica, plano de saúde e odontológico, auxilio alimentação, creche e essas informações são primordiais para maior transmitir maior transparência e confiabilidade das informações divulgadas, sendo que esta falta de esclarecimento deste item também foi observado na pesquisa de Siqueira e Vidal (2003). Da amostragem analisada de 21 empresas pouco mais de 57%, exatamente 12, apresentam todos os itens que compõe este indicador, inclusive as contribuições negativas Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 88 consubstanciadas em acidentes de trabalhos, reclamações e criticas, sendo que destas mais uma vez merece destaque o balanço social da Coelba, pois este, além dos itens citados anteriormente, menciona as contingências e passivos trabalhistas, aponta ações empreendidas com o intuído de sanar ou minimizar as causas das reclamações de seus consumidores. Em quatro empresas Itaipu, Furnas, Cemig, não houve divulgação relacionada com as reclamações e criticas dos consumidores, sendo que a Itaipu coloca nota explicativa mencionando que não possui dados referentes a este item, pois não possui consumidores finais diretos. Por fim as empresas Usiminas, OI/Telemar e Oi TLN PCS muito embora utilizem o modelo Ibase não mencionaram em seus respectivos balanços qualquer item a respeito à cidadania, salienta-se, no entanto, que a Usiminas faz menção as suas contingências e processos trabalhistas, denotando-se assim que as organizações suprimem ou atenuam informações negativas, resultado semelhante encontrado em outro estudo (SIQUEIRA e FERNANDES, 2010). Oliveira (2005) refere que é conhecida a publicação de balanços sociais por empresas com problemas sócio ambientais, alertando para o fato de que muitos desses balanços assemelham-se a material de divulgação ou propaganda da empresa, geralmente buscando tão somente agradar aos stakeholders. 4.8 ANALISE COMPLEMENTAR DOS DADOS Para Tinoco (2001) as informações contidas no balanço social devem ser diretas, simples e transparentes, permitindo, tanto à comunidade como aos diversos núcleos que interagem com a empresa, avaliá-la, compreendê-la e criticá-la. Analisando os balanços sociais da amostragem, três itens que poderiam atender ao conceito de transparência de maneira mais ampla, não são abrangidos quais sejam, notas explicativas associadas às informações, auditoria e a identificação do responsável pelas informações contidas no relatório. As notas explicativas se fazem necessárias para garantir aos usuários informações claras e completas sobre a organização, estas podem ser utilizadas para oferecer explicações complementares sobre o impacto das operações da empresa, para determinar a composição de certos indicadores, ou descrever as práticas utilizadas na confecção do relatório. Dentre os balanços sociais analisados somente as empresas Petrobras, Cemig, Furnas, CPFL Paulista mencionaram notas explicativas, porém em pequeno número. A existência de auditoria externa aos demonstrativos sociais faz com que aumente a confiabilidade dos dados apresentados. Segundo Tinoco (2002), a auditoria do Balanço Social juntamente com outros relatórios “permite aos empresários e aos agentes sociais identificar, medir e agir sobre os fatos sociais vinculados à empresa, tanto interna como externamente”. Neste quesito nenhuma empresa submeteu seus balanços sociais a auditoria, observação esta também feita por Calixto (2009). Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 89 A identificação do responsável pelas informações é outro ponto que precisa ser observado, pois assim as informações passariam a ter maior confiabilidade, já que existiria um indivíduo dentro da organização que responderia por possíveis ambiguidades divulgadas à sociedade. Este responsável serviria também como interlocutor entre a empresa e os stakeholders, tratando de assuntos relacionados com a responsabilidade social e ambiental da empresa. Apenas as empresas Pão de Açúcar e Coelba citaram o responsável pelas informações declaradas. Quanto à falta de uniformidade e padrão para divulgação de informações ambientais, estes fatos foram confirmados por autores como Arraes e Diniz (2001); Calixto (2004) e Tinoco e Kraemer (2004). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo objetivou comparar se os investimentos em projetos sociais e ambientais foram proporcionais à receita liquida e ao resultado operacional divulgado pelas maiores e melhores empresas listadas na Revista Exame no ano de 2012 do ano base 2010/2011; e analisar a padronização, o viés para potencialização de resultados, a baixa transparência e a abrangência dos balanços sociais. Neste sentido, identificou-se que é crescente o número de empresas brasileiras que divulgam relatórios de sustentabilidade, balanços sociais ou informações que se relacionem com sua responsabilidade social e ambiental, na pesquisa 8% das empresas não fizeram nenhum tipo de publicação a esse respeito, se identificou também que não há datas exatas para a divulgação das informações, foi observado que o modelo mais utilizado pelas organizações analisadas foi o GRI. Dentre as empresas analisadas verificou-se que todas as empresas do setor de energia elétrica divulgam informações sociais e ambientais, isso ocorre pelo fato de que a Aneel através da Resolução nº 444/2001obriga que elas façam esse tipo da balanço social. Com relação ao crescimento auferido a titulo de receitas liquidas, operacionais e folha de pagamento bruta, observou-se que houve um crescimento de 13,84% na receita liquida, em contrapartida o resultado operacional caiu 10,26%, com relação a folha de pagamento houve crescimento 16,03%, porém o número de funcionários aumentou 1,01% , significando que houve um aumento nos salários. Consolidando as receitas e os investimentos das 21 empresas que utilizaram o modelo Ibase, constatou-se que em 2011 o crescimento em indicadores sociais e ambientais foi proporcional ao da receita liquida auferido pelas empresas, porém foi desproporcional ao resultado operacional, uma vez que este apresentou queda. Em indicadores sociais internos notou-se que embora o resultado operacional tenha caído, houve aumento de 13,98% nestes investimentos, percentual proporcional ai crescimento da receita liquida. Com relação a participação nos lucros e resultados somente a empresa Petrobras Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 90 distribui cerca de R$ 1,5 bilhões. No que tange a cultura 50% das empresas não realizaram investimentos, optando por fazê-los nos indicadores sociais externos, onde podem utilizar-se de benefícios fiscais como o concedido pela Lei Rouanet. As empresas Usiminas e Eletronorte não concedem aos seus colaboradores creche ou auxílio creche, o mesmo ocorre com o item educação nas empresas Oi/Telemar e Comgás sendo que essa ultima também não investe na segurança e saúde de seus funcionários. Com relação aos indicadores sociais externos acrescido de tributos apresentou-se crescimento de 17,83%, porém quando excluímos os tributos e só consideramos as contribuições a sociedade o crescimento foi de 4,5%, ou seja, o maior crescimento apresentou-se no recolhimento de impostos aos cofres públicos. Vale ressaltar ainda que neste quesito algumas empresas consideram como investimento externos, valores devidos a titulo de imposto de renda e destinados ao FIA, induzindo os stakeholders acreditarem que esses valores são utilizados em projetos sociais supervisionados e elaborados em parceria, ressalte-se, porém, que essa destinação de 1% do IR devido, é utilizado em projetos supervisionados pelo FIA, em que a empresa não possui qualquer responsabilidade ou participação. Comparando esta pesquisa com a realizada por Oliveira (2005) de 2002 para 2010 investiu-se 7 vezes mais. Com relação as qualidade dos balanços sociais identificou-se um problema com relação a padronização, pois mesmo os relatórios baseados no modelo Ibase, apresentaram deficiências e omissões, tendo em vista quer algumas as empresas deixaram de evidenciar algumas informações, principalmente no que tange aos investimentos em indicadores sociais externos/contribuições a sociedade ou o fizeram de maneira superficial, sem explicitar claramente em que projetos fazem seus investimentos. Os investimentos em meio ambiente relacionados com a produção e operação da empresa cresceram 17,78%, somente as empresas Usiminas, CEMIG e Coelba trazem algumas informações sobre que desenvolvem, sendo que a Coelba e a Eletronorte desenvolvem projetos de educação ambiental com seus colaboradores e divulgam informações de seus passivos ambientais. Sendo assim, as empresas em sua maioria não explicitam em que projetos foram feitos investimentos, mesmo aquelas com alto potencial de poluição não deixam claro como aplicam parte de suas receitas para a redução do impacto ambiental causado por suas atividades. Em investimentos ambientais externos houve uma queda de 33,32%, isso aconteceu em decorrência da Petrobras e da CPFL Paulista, terem diminuído seus investimentos individuais 33%. Somente a empresa Oi/Telemar não efetuou desembolso nesse item. Observou-se ainda que as empresas do setor de energia aparecem em destaque, por incluírem neste indicador seus programas de pesquisa e desenvolvimento, eficiência energética e eletricidade rural. Constatou-se que existe baixa utilização das notas explicativas, assim como ausência de validação do balanço social por auditoria e informação do responsável pela elaboração do documento, esses itens trariam maior confiabilidade aos números apresentados. Anais X SECIC e I Seminário de Pesquisa em Administração, Contabilidade e Educação - 10 a 14 de junho 2013 Página 91 A publicação de balanços sociais, embora seja uma iniciativa louvável por parte das organizações, não garante a necessária transparência, uma vez que nem sempre as ações negativas são claramente evidenciadas, como é o casso de passivos trabalhistas e ambientais. Por todo exposto, conclui-se que, uma legislação que torna-se o Balanço Social de publicação obrigatória, assim como padronização dos relatórios, permitiria maior grau de comparabilidade e transparência, oferecendo maior credibilidade as informações divulgadas fazendo com que os interessados confiem nos resultados apresentados, fazendo com que a pratica de omitir resultados negativos e a potencialização de resultados positivos diminuíssem ou acabassem. Conclui-se este estudo, averiguando que, apesar dos grandes avanços constatados nos últimos anos, corroborados pelo crescente número de empresas que estão divulgando seus Balanços Sociais, ainda há muito a ser feito por parte das mesmas para melhorar a qualidade do processo de evidenciação de suas ações sociais, sendo assim há muito espaço para pesquisas que se relacionem com utilização do balanço social, com a forma de evidenciação das informações sociais e ambientais, como essas informações são utilizadas pelos stakeholders. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução ANEEL no 444, de 26 de outubro de 2001. Disponível em: http://www.aneel.gov.br/area.cfm?idArea=160. Acesso em: 27 abril 2013. ARRAES, R. A .; DINIZ, M. B. Efeitos de custos e gestão ambiental sobre a competitividade da indústria brasileira. In: Congresso Brasileiro de Custos. Associação Brasileira de Custos. 2001, Anais... UNISINOS - São Leopoldo, Rio Grande do Sul, 2001. 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