GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL SECRETARIA ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – SEMA Conselho de Recursos Hídricos Departamento de Recursos Hídricos Contrato N° 002/06 ELABORAÇÃO DO PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO SUL RELATÓRIO SÍNTESE DA FASE A – RSA DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO HÍDRICO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO SUL JUNHO/07 ecoplan ENGENHARIA ISO 9001 RELATÓRIO SÍNTESE DA FASE A – RSA DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO HÍDRICO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO RIO GRANDE DO SUL Contratante: DRH/SEMA: Ivo Mello – Engenheiro Agrônomo Comissão de Acompanhamento e Fiscalização: DRH/SEMA: Paulo Renato Paim – Engenheiro Civil FEPAM: Maria Salete Cobalchini – Engenheira Civil SCP/METROPLAN – Juçara Waengertner - Arquiteta Execução: Ecoplan Engenharia Ltda. Gerente do Contrato: Arquiteto Leonardo Sergio Pellegrini Coordenador Técnico: Engenheiro Civil Henrique Bender Kotzian Equipe Técnica: Ana Paula Marcante Soares - Advogada Ane Lourdes de Oliveira Jaworowski – Engenheira Civil Antônio Eduardo Leão Lanna - Engenheiro Civil (Consultor) Cláudio Marcus Schmitz – Geógrafo Cristina Severgnini - Jornalista Daniel Duarte das Neves - Geógrafo Eduardo Antonio Audibert - Sociólogo Eliete Gomes - Socióloga Elizabeth Ramos - Socióloga Fernanda Helfer – Engenheira Agrônoma Gustavo Luiz Cruz Borges - Analista de Sistemas Helena Barreto Matzenauer – Engenheira Civil Lia Luz - Jornalista Malu Rocha - Relações Públicas Roberto Eduardo Kirchheim - Geólogo Rodrigo Agra Balbueno - Biólogo Ronaldo Godolphim Plá – Geógrafo Rudimar Echer – Engenheiro Agrônomo Salete Bavaresco - Socióloga Sandra Sonntag – Engenheira Civil Santiago - Chargista Sidnei Gusmão Agra – Engenheiro Civil Vanessa Lugin Moraes - Geógrafa Vera Pellin - Publicitária Teresa Luisa Lima de Carvalho – Engenheira Civil Willi Bruschi Jr. – Biólogo -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul PLANO ESTADUAL DE RECURSOS HÍDRICOS DO RIO GRANDE DO SUL (PERH/RS) RELATÓRIO SÍNTESE DO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO HÍDRICO DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS DO ESTADO – RSA Junho / 2007 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO................................................................................................2 2. ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS COM A DIVISÃO HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE DO SUL....................................................4 2.1. A DIVISÃO HIDROGRÁFICA VIGENTE.................................................. 4 2.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba...................................................... 5 2.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................... 7 2.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai ..................................................... 8 2.2. EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS....... 10 2.3. PROCESSO DE POLARIZAÇÃO REGIONAL....................................... 14 2.4. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL.......................................... 16 3. DIAGNÓSTICO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS ...............................20 3.1. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS .............................................. 20 3.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 23 3.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 24 3.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 25 3.2. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS ......................................... 26 3.2.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 28 3.2.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 30 3.2.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 31 4. DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DAS DEMANDAS HÍDRICAS .............34 4.1. DIAGNÓSTICO DOS USOS CONSUNTIVOS....................................... 34 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 4.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 34 4.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 37 4.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 39 4.1.4. Análise Integrada ......................................................................... 41 4.2. DIAGNÓSTICO DOS USOS NÃO CONSUNTIVOS .............................. 47 4.2.1. Geração de Energia ..................................................................... 47 4.2.2. Transporte Hidroviário Interior ..................................................... 48 4.2.3. Mineração .................................................................................... 51 4.2.4. Turismo e Lazer ........................................................................... 54 4.2.5. Pesca ........................................................................................... 55 4.2.6. Preservação Ambiental ................................................................ 56 4.2.7. Análise Integrada – Usos Não Consuntivos................................. 57 4.3. SITUAÇÃO ATUAL QUANTO AO LANÇAMENTO DE EFLUENTES .... 58 4.3.1. Domésticos .................................................................................. 59 4.3.2. Industriais..................................................................................... 61 4.3.3. Suinocultura ................................................................................. 62 4.4. PROGNÓSTICO DOS USOS CONSUNTIVOS..................................... 65 4.4.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 65 4.4.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 67 4.4.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 68 4.4.4. Análise Integrada ......................................................................... 70 4.5. PROGNÓSTICO DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES ........................ 72 4.5.1. Domésticos .................................................................................. 73 4.5.2. Industriais..................................................................................... 74 4.5.3. Suinocultura ................................................................................. 74 4.5.4. Análise Integrada ......................................................................... 75 5. BALANÇOS HÍDRICOS QUALI-QUANTITATIVOS ATUAIS.......................78 5.1. BALANÇOS HÍDRICOS QUANTITATIVOS ATUAIS ............................. 78 5.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 79 5.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 80 5.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 82 5.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA.................................................................. 86 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 5.2.1. Região Hidrográfica do Guaíba.................................................... 86 5.2.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas ................................. 88 5.2.3. Região Hidrográfica do Uruguai ................................................... 88 5.3. ANÁLISE INTEGRADA E IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS CRÍTICAS...... 91 5.3.1. Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais ............................. 92 5.3.2. Qualidade das Águas Superficiais ............................................... 93 5.3.3. Disponibilidade, Uso e Qualidade das Águas Subterrâneas........ 94 5.3.4. Áreas Críticas - Análise Final ....................................................... 99 6. DIAGNÓSTICO DA DINÂMICA SOCIAL ...................................................107 6.1. ANÁLISE LEGAL E INSTITUCIONAL ................................................. 107 6.1.1. Análise Legal ............................................................................. 107 6.1.2. Análise Institucional ................................................................... 111 6.2. PADRÕES CULTURAIS E ANTROPOLÓGICOS................................ 114 6.3. SISTEMAS DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ATORES SOCIAIS ESTRATÉGICOS ................................................................................ 121 7. PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL ...............................................128 7.1. LÓGICA DO PROCESSO – REPRESENTAÇÃO................................ 128 7.2. FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO..................... 132 7.3. RESULTADOS ATUAIS DO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL ............................................................................................... 138 7.3.1. Reuniões de Coordenação e Articulação................................... 139 7.3.2. Eventos de Participação Social.................................................. 139 7.3.3. Comunicação e Mídia ................................................................ 140 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 1. INTRODUÇÃO ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 2 1. INTRODUÇÃO O objetivo principal do presente relatório é apresentar uma síntese das atividades relacionadas à Fase A do Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH, abordando os aspectos relacionados com a situação hídrica nas 25 bacias hidrográficas do Estado, caracterizada, principalmente, por meio da avaliação quali-quantitativa dos recursos hídricos destas unidades. Este relatório também aborda a dinâmica social associada à área de recursos hídricos, bem como apresenta e analisa o andamento do processo de participação social no desenvolvimento do PERH. Além desta introdução (Capítulo 1), este documento compõe-se dos seguintes capítulos: 9 Capítulo 2: apresenta as 25 bacias hidrográficas que configuram a divisão hidrográfica atual do Estado; também são abordadas, resumidamente, características gerais das bacias, como uso do solo, principais atividades produtivas e polarização regional. 9 Capítulo 3: apresenta brevemente o diagnóstico disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas. das 9 Capítulo 4: analisa as demandas hídricas atuais e futuras nas 25 bacias hidrográficas, sintetizadas em usos consuntivos e não consuntivos, também apresenta a situação quanto ao lançamento de efluentes. 9 Capítulo 5: apresenta o resultado dos balanços hídricos qualiquantitativos por bacia e por região hidrográfica, bem como a indicação das áreas críticas em termos de expansão de atividades demandadoras de água. 9 Capítulo 6: caracteriza a dinâmica social relacionada com os recursos hídricos, incluindo aspectos legais, institucionais, padrões culturais e antropológicos, atores estratégicos, etc. 9 Capítulo 7: apresenta uma rápida descrição do processo de participação social no PERH/RS. Importante ressaltar que os resultados apresentados no presente relatório já incorporam as contribuições e ajustes propostos pelos setores usuários da água no Estado, realizado através de reuniões setoriais de validação do diagnóstico, organizadas pela Comissão Executiva de Articulação e Construção - CEAC. O presente relatório consiste, pois, em um acordo social amparado em sólida técnica. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 3 2. ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS COM A DIVISÃO HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE DO SUL ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 4 2. ASPECTOS GERAIS RELACIONADOS COM A DIVISÃO HIDROGRÁFICA DO RIO GRANDE DO SUL Este Capítulo inicia apresentando as três grandes Regiões Hidrográficas e as 25 bacias em que está dividido o Rio Grande do Sul. Os itens 2.2 a 2.4 apresentam breves caracterizações destas unidades hidrográficas, incluindo uma análise da evolução das atividades produtivas, a definição de um quadro relativo ao processo de polarização regional e uma avaliação dos padrões de uso do solo. 2.1. A DIVISÃO HIDROGRÁFICA VIGENTE O Estado do Rio Grande do Sul é dividido, para fins de gestão de recursos hídricos, em três grandes Regiões Hidrográficas (Lei Estadual Nº 10.350, de 1994) – Região Hidrográfica do Guaíba, Região Hidrográfica do Uruguai, e Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas – e em 25 bacias hidrográficas (Figura 2.1 e Quadro 2.1). Figura 2.1 – Divisão Hidrográfica Atual do Rio Grande do Sul A análise da atual divisão do Estado em bacias hidrográficas constitui objeto de atividade específica no escopo de trabalho do PERH/RS na qual foram analisados os diversos aspectos envolvidos nessa divisão (físicos, ambientais, culturais, sócio-econômicos, gestão, identidade da população) para corroborar ou retificar a situação atual. Este fato indica a necessidade de implementar uma divisão hidrográfica para o Estado que compatibilize o planejamento e a gestão dos recursos hídricos de forma a atender aos aspectos legais e sócio-institucionais demandados, ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 5 buscando uma identidade social que reflita na efetiva mobilização da sociedade para participação no processo de gestão dos recursos hídricos. Quadro 2.1 – Áreas das Regiões e Bacias Hidrográficas do Rio Grande Sul Região Hidrográfica GUAÍBA BACIAS LITORÂNEAS URUGUAI Bacia Hidrográfica Gravataí Sinos Caí Taquari - Antas Alto Jacuí Vacacaí - Vacacaí Mirim Baixo Jacuí Lago Guaíba Pardo TOTAL (9 bacias) Tramandaí Litoral Médio Camaquã Mirim -São Gonçalo Mampituba TOTAL (5 bacias) Apuaê - Inhandava Passo Fundo Turvo - Santa Rosa-Santo Cristo Piratinim Ibicuí Quarai Santa Maria Negro Ijuí Várzea Butuí-Icamaquã TOTAL (11 bacias) Total das 25 Bacias Hidrográficas Laguna dos Patos e Lagoa Mirim Total do Estado do Rio Grande do Sul Código G10 G20 G30 G40 G50 G60 G70 G80 G90 L10 L20 L30 L40 L50 U10 U20 U30 U40 U50 U60 U70 U80 U90 U100 U110 Área (km²)[1] 2.008,93 3.680,04 4.957,74 26.323,76 13.037,20 11.085,77 17.370,48 2.459,91 3.631,24 84.555,07 2.745,73 6.472,10 21.517,58 25.666,83 683,76 57.085,98 14.510,51 4.847,25 10.824,02 7.647,26 35.041,38 6.658,78 15.665,92 3.005,24 10.704,60 9.508,42 8.025,76 126.439,14 268.080,19 14.049,35 282.129,54 [1] Cálculo efetuado em ambiente SIG, utilizando a cartografia básica oficial do Estado originada a partir de cartas em escala 1:250.000 da Divisão de Levantamento do Serviço Geográfico do Exército. Projeção Cônica Conforme de Lambert. Datum Horizontal: South American 1969. 2.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba A Região Hidrográfica do Guaíba localiza-se na porção central do Estado do Rio Grande do Sul e possui área de 84.555 km2, representando cerca de 30% da superfície total estadual. Nela residem 7,1 milhões de habitantes, 65% da população gaúcha estimada para o ano de 2006. A Região é integrada por nove bacias hidrográficas: Gravataí, Sinos, Caí, Taquari - Antas, Pardo, Alto Jacuí, Vacacaí - Vacacaí-Mirim, Baixo Jacuí e Lago Guaíba. Destas nove bacias, duas respondem em conjunto por mais de 50% da área da Região Hidrográfica do Guaíba: Taquari - Antas e Baixo Jacuí; e duas por aproximadamente 5% da referida superfície (Gravataí e Lago Guaíba), demonstrando a grande variabilidade quanto ao tamanho das unidades de planejamento e gestão de recursos hídricos. A relação dos municípios integrantes de cada uma das nove bacias hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba é apresentada no Quadro 2.2. O Quadro 2.3 apresenta as populações urbana e rural residentes nas bacias hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba estimadas com base nas populações municipais projetadas para 2006 (estimativa do IBGE) rearranjadas ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 6 através das parcelas espaciais dos respectivos municípios em cada bacia hidrográfica. Quadro 2.2 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Gravataí (G10) Municípios ALVORADA, CACHOEIRINHA, CANOAS, GLORINHA, GRAVATAÍ, PORTO ALEGRE, SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA, TAQUARA, VIAMÃO. Sinos (G20) ARARICÁ, CACHOEIRINHA, CAMPO BOM, CANELA, CANOAS, CAPELA DE SANTANA, CARAÁ, DOIS IRMÃOS, ESTÂNCIA VELHA, ESTEIO, GRAMADO, GRAVATAÍ, IGREJINHA, IVOTI, NOVA HARTZ, NOVA SANTA RITA, NOVO HAMBURGO, OSÓRIO, PAROBÉ, PORTÃO, RIOZINHO, ROLANTE, SANTA MARIA DO HERVAL, SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA, SÃO FRANCISCO DE PAULA, SÃO LEOPOLDO, SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ, SAPIRANGA, SAPUCAIA DO SUL, TAQUARA, TRÊS COROAS. Caí (G30) ALTO FELIZ, BARÃO, BOM PRINCÍPIO, BROCHIER, CANELA, CAPELA DE SANTANA, CARLOS BARBOSA, CAXIAS DO SUL, DOIS IRMÃOS, ESTÂNCIA VELHA, FARROUPILHA, FELIZ, GRAMADO, HARMONIA, IGREJINHA, IVOTI, LINDOLFO COLLOR, LINHA NOVA, MARATÁ, MONTENEGRO, MORRO REUTER, NOVA HARTZ, NOVA PETRÓPOLIS, NOVA SANTA RITA, PARECI NOVO, PICADA CAFÉ, PORTÃO, PRESIDENTE LUCENA, SALVADOR DO SUL, SANTA MARIA DO HERVAL, SÃO FRANCISCO DE PAULA, SÃO JOSÉ DO HORTÊNCIO, SÃO JOSÉ DO SUL, SÃO PEDRO DA SERRA, SÃO SEBASTIÃO DO CAÍ, SÃO VENDELINO, SAPIRANGA, TRÊS COROAS, TRIUNFO, TUPANDI, VALE REAL. Taquari Antas (G40) ÁGUA SANTA, ANDRÉ DA ROCHA, ANTA GORDA, ANTÔNIO PRADO, ARROIO DO MEIO, ARVOREZINHA, BARÃO, BARROS CASSAL, BENTO GONÇALVES, BOA VISTA DO SUL., BOM JESUS, BOM RETIRO DO SUL, BOQUEIRÃO DO LEÃO, BROCHIER, CAMARGO, CAMBARÁ DO SUL, CAMPESTRE DA SERRA, CANUDOS DO VALE, CAPÃO BONITO DO SUL, CAPITÃO, CARLOS BARBOSA, CASCA, CASEIROS, CAXIAS DO SUL, CIRÍACO, COLINAS, COQUEIRO BAIXO, CORONEL PILAR, COTIPORÃ, CRUZEIRO DO SUL, DAVID CANABARRO, DOIS LAJEADOS, DOUTOR RICARDO, ENCANTADO, ESTRELA, FAGUNDES VARELA, FARROUPILHA, FAZENDA VILANOVA, FLORES DA CUNHA, FONTOURA XAVIER, FORQUETINHA, GARIBALDI, GENERAL CÂMARA, GENTIL, GUABIJU, GUAPORÉ, IBIRAIARAS, IBIRAPUITÃ, ILÓPOLIS, IMIGRANTE, IPÊ, ITAPUCA, JAQUIRANA, LAGOA VERMELHA, LAJEADO, MARAU, MARQUES DE SOUZA, MATO CASTELHANO, MATO LEITÃO, MONTAURI, MONTE ALEGRE DOS CAMPOS, MONTE BELO DO SUL, MONTENEGRO, MUÇUM, MUITOS CAPÕES, MULITERNO, NOVA ALVORADA, NOVA ARAÇÁ, NOVA BASSANO, NOVA BRÉSCIA, NOVA PÁDUA, NOVA PRATA, NOVA ROMA DO SUL, PARAÍ, PASSO DO SOBRADO, PASSO FUNDO, PAVERAMA, POÇO DAS ANTAS, POUSO NOVO, PROGRESSO, PROTÁSIO ALVES, PUTINGA, RELVADO, ROCA SALES, SALVADOR DO SUL, SANTA CLARA DO SUL, SANTA CRUZ DO SUL, SANTA TEREZA, SANTO ANTÔNIO DO PALMA, SÃO DOMINGOS DO SUL, SÃO FRANCISCO DE PAULA, SÃO JORGE, SÃO JOSÉ DO HERVAL, SÃO JOSÉ DOS AUSENTES, SÃO MARCOS, SÃO PEDRO DA SERRA, SÃO VALENTIM DO SUL, SERAFINA CORRÊA, SÉRIO, SINIMBU, SOLEDADE, TABAÍ, TAQUARI, TEUTÔNIA, TRAVESSEIRO, TRIUNFO, UNIÃO DA SERRA, VACARIA, VALE VERDE, VANINI, VENÂNCIO AIRES, VERANÓPOLIS, VESPASIANO CORREA, VILA FLORES, VILA MARIA, VISTA ALEGRE DO PRATA, WESTFALIA. Alto Jacuí (G50) ALTO ALEGRE, ARROIO DO TIGRE, BOA VISTA DO INCRA, CAMPOS BORGES, CARAZINHO, CHAPADA, COLORADO, CRUZ ALTA, ERNESTINA, ESPUMOSO, ESTRELA VELHA, FORTALEZA DOS VALOS, IBARAMA, IBIRAPUITÃ, IBIRUBÁ, JACUIZINHO, JÚLIO DE CASTILHOS, LAGOA BONITA DO SUL, LAGOA DOS TRÊS CANTOS, LAGOÃO, MARAU, MATO CASTELHANO, MORMAÇO, NÃO-ME-TOQUE, NICOLAU VERGUEIRO, PASSA SETE, PASSO FUNDO, PINHAL GRANDE, QUINZE DE NOVEMBRO, SALDANHA MARINHO, SALTO DO JACUÍ, SANTA BÁRBARA DO SUL, SANTO ANTÔNIO DO PLANALTO, SEGREDO, SELBACH, SOBRADINHO, SOLEDADE, TAPERA, TIO HUGO, TUNAS, TUPANCIRETÃ, VICTOR GRAEFF. Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) CAÇAPAVA DO SUL, CACHOEIRA DO SUL, DILERMANDO DE AGUIAR, FORMIGUEIRO, ITAARA, JÚLIO DE CASTILHOS, RESTINGA SECA, SANTA MARGARIDA DO SUL, SANTA MARIA, SÃO GABRIEL, SÃO JOÃO DO POLÊSINE, SÃO SEPÉ, SILVEIRA MARTINS, VILA NOVA DO SUL. Baixo Jacuí (G70) AGUDO, ARROIO DOS RATOS, BARÃO DO TRIUNFO, BUTIÁ, CAÇAPAVA DO SUL, CACHOEIRA DO SUL, CANDELÁRIA, CERRO BRANCO, CHARQUEADAS, DOM FELICIANO, DONA FRANCISCA, ELDORADO DO SUL, ENCRUZILHADA DO SUL, FAXINAL DO SOTURNO, GENERAL CÂMARA, IBARAMA, IVORÁ, JÚLIO DE CASTILHOS, LAGOA BONITA DO SUL, MARIANA PIMENTEL, MINAS DO LEÃO, MONTENEGRO, NOVA PALMA, NOVO CABRAIS, PANTANO GRANDE, PARAÍSO DO SUL, PASSA SETE, PASSO DO SOBRADO, PINHAL GRANDE, RESTINGA SECA, RIO PARDO, SANTA CRUZ DO SUL, SANTANA DA BOA VISTA, SÃO JERÔNIMO, SÃO JOÃO DO POLÊSINE, SERTÃO SANTANA, SILVEIRA MARTINS, SOBRADINHO, TRIUNFO, VALE VERDE. Lago Guaíba (G80) BARÃO DO TRIUNFO, BARRA DO RIBEIRO, CANOAS, CERRO GRANDE DO SUL, ELDORADO DO SUL, GUAÍBA, MARIANA PIMENTEL, NOVA SANTA RITA, PORTO ALEGRE, SENTINELA DO SUL, SERTÃO SANTANA, TAPES, VIAMÃO. Pardo (G90) BARROS CASSAL, BOQUEIRÃO DO LEÃO, CANDELÁRIA, GRAMADO XAVIER, HERVEIRAS, LAGOÃO, PASSA SETE, RIO PARDO, SANTA CRUZ DO SUL, SINIMBU, VALE DO SOL, VENÂNCIO AIRES, VERA CRUZ. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 7 Quadro 2.3 – População Residente por Bacia Hidrográfica – Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica População Urbana (hab) População Rural (hab) População Total (hab) População Total (%) Gravataí (G10) 1.313.526 47.592 1.361.118 19,14 Sinos (G20) Caí (G30) 1.259.995 403.545 62.426 94.714 1.322.421 498.259 18,60 7,01 Taquari-Antas (G40) 898.585 351.451 1.250.036 17,59 Alto Jacuí (G50) 277.332 98.434 375.766 5,29 Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 357.983 49.550 407.533 5,73 Baixo Jacuí (G70) 264.958 126.902 391.860 5,51 Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) 1.231.938 147.933 53.676 67.985 1.285.614 215.918 18,09 3,04 Total da Região Hidrográfica 6.155.795 952.730 7.108.525 100,00 Observa-se que na Região Hidrográfica do Guaíba residem 65% da população do Estado, em apenas 30% da superfície estadual, o que demonstra a concentração populacional desta região. As bacias hidrográficas do Gravataí, Sinos e Lago Guaíba respondem, em conjunto, por quase 4 milhões de habitantes, apresentando as maiores densidades demográficas do Estado. Enquanto a média da Região Hidrográfica é de 84 hab/km2, no Gravataí atinge 677, no Sinos, 359 e no Lago Guaíba, 523 hab/km². 2.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas A Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas localiza-se na porção leste e sul do Estado, possuindo área de 57.086 km2, 20% da superfície total estadual. Nela reside 1,2 milhão de habitantes, 11,4% da população gaúcha de 2006. A Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas é integrada por cinco bacias hidrográficas: Tramandaí, Litoral Médio, Camaquã, Mirim – São Gonçalo e Mampituba. Destas cinco bacias, duas respondem por mais de 82% da área total da Região (Mirim – São Gonçalo e Camaquã), enquanto uma bacia, a do Mampituba, apresenta área aproximada de 1% do total da Região, mostrando a grande variabilidade em termos de tamanho das unidades de gestão de recursos hídricos. A relação dos municípios integrantes de cada uma das cinco bacias hidrográficas desta Região é apresentada no Quadro 2.4. Quadro 2.4 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Municípios Tramandaí (L10) ARROIO DO SAL, BALNEÁRIO PINHAL, CAPÃO DA CANOA, CIDREIRA, DOM PEDRO DE ALCÂNTARA, IMBÉ, ITATI, MAQUINÉ, OSÓRIO, PALMARES DO SUL, RIOZINHO, SÃO FRANCISCO DE PAULA, TERRA DE AREIA, TORRES, TRAMANDAÍ, TRÊS CACHOEIRAS, TRÊS FORQUILHAS, XANGRI-LÁ. Litoral Médio (L20) BALNEÁRIO PINHAL, CAPIVARI DO SUL, CIDREIRA, MOSTARDAS, OSÓRIO, PALMARES DO SUL, SANTO ANTÔNIO DA PATRULHA, SÃO JOSÉ DO NORTE, TAVARES, TRAMANDAÍ, VIAMÃO. Camaquã (L30) AMARAL FERRADOR, ARAMBARÉ, ARROIO DO PADRE, BAGÉ, BARÃO DO TRIUNFO, BARRA DO RIBEIRO, CAÇAPAVA DO SUL, CAMAQUÃ, CANGUÇU, CERRO GRANDE DO SUL, CHUVISCA, CRISTAL, DOM FELICIANO, DOM PEDRITO, ENCRUZILHADA DO SUL, HULHA NEGRA, LAVRAS DO SUL, PELOTAS, PINHEIRO MACHADO, PIRATINI, SANTANA DA BOA VISTA, SÃO JERÔNIMO, SÃO LOURENÇO DO SUL, SENTINELA DO SUL, TAPES, TURUÇU. Mirim – São Gonçalo (L40) ACEGUÁ, ARROIO DO PADRE, ARROIO GRANDE , CANDIOTA, CANGUÇU, CAPÃO DO LEÃO, CERRITO, CHUÍ, HERVAL, HULHA NEGRA, JAGUARÃO, MORRO REDONDO, PEDRAS ALTAS, PEDRO OSÓRIO, PELOTAS, PINHEIRO MACHADO, PIRATINI, RIO GRANDE, SANTA VITÓRIA DO PALMAR, TURUÇU. Mampituba (L50) CAMBARÁ DO SUL, DOM PEDRO DE ALCÂNTARA, MAMPITUBA, MORRINHOS DO SUL, SÃO FRANCISCO DE PAULA, TORRES, TRÊS CACHOEIRAS, TRÊS FORQUILHAS. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 8 O Quadro 2.5 apresenta as populações urbana e rural de 2006 nas bacias hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas. Quadro 2.5 – População Residente por Bacia Hidrográfica – Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Tramandaí (L10) População Urbana (hab) População Rural (hab) População Total (hab) População Total (%) 127.861 26.377 154.238 50.955 34.671 85.626 6,88 Camaquã (L30) 120.009 133.960 253.969 20,39 Mirim – São Gonçalo (L40) Mampituba (L50) 655.984 989 84.109 10.377 740.093 11.366 59,43 0,91 Total da Região Hidrográfica 955.798 289.494 1.245.292 100,00 Litoral Médio (L20) 12,39 Na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas reside 11,4% da população do Estado, em 20% da superfície estadual, o que demonstra a baixa concentração demográfica dessa Região, da ordem de 22 hab/km2, substancialmente inferior à do Guaíba, de 84 hab/km2. As bacias do Camaquã e Mirim – São Gonçalo respondem por quase 80% da população da Região; no entanto, em termos de densidade demográfica, o maior índice é observado na bacia do Tramandaí (56 hab/km2). 2.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai A Região Hidrográfica do Uruguai localiza-se na porção norte e oeste do Estado do Rio Grande do Sul e possui área de 126.439 km2, representando cerca de 45% da superfície total estadual. Nela residem 2,6 milhões de habitantes, 23,5% da população gaúcha estimada para o ano de 2006. Esses valores resultam em uma densidade populacional média de 20,4 hab/km2, aproximadamente quatro vezes menor que a verificada na Região Hidrográfica do Guaíba. A Região é integrada por onze bacias hidrográficas: Apuaê - Inhandava, Passo Fundo, Turvo - Santa Rosa - Santo Cristo, Piratinim, Ibicuí, Quarai, Santa Maria, Negro, Ijuí, Várzea e Butuí - Icamaquã. Observa-se que três destas onze bacias (Ibicuí, Santa Maria e Apuaê – Inhandava) são responsáveis por mais de 50% da área total da Região. Apenas o sistema composto pelas bacias do Ibicuí e Santa Maria (lembrando que o Santa Maria é afluente do Ibicuí) é responsável por 40% da área total da Região. Por outro lado, tem-se a bacia hidrográfica do Negro, que representa menos de 2,5% de sua área. A relação dos municípios integrantes de cada uma das onze bacias hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai é apresentada no Quadro 2.6. O Quadro 2.7, por sua vez, apresenta as populações urbana e rural residentes nas bacias hidrográficas estimadas para 2006. A população da Região Hidrográfica do Uruguai encontra-se relativamente distribuída, tendo-se cinco bacias com populações totais acima de 300 mil habitantes. As bacias do Passo Fundo e Negro apresentam as maiores densidades populacionais da Região; no entanto, são 15 vezes menores que a máxima densidade verificada na Região do Guaíba. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 9 Quadro 2.6 – Relação dos Municípios por Bacia Hidrográfica na Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Municípios ApuaêInhandava (U10) ÁGUA SANTA, ARATIBA, ÁUREA, BARÃO DE COTEGIPE, BARRA DO RIO AZUL, BARRACÃO, BOM JESUS, CACIQUE DOBLE, CAPÃO BONITO DO SUL, CARLOS GOMES, CASEIROS, CENTENÁRIO, CHARRUA, CIRÍACO, COXILHA, EREBANGO, ERECHIM, ESMERALDA, ESTAÇÃO, FLORIANO PEIXOTO, GAURAMA, GENTIL, GETÚLIO VARGAS, IBIAÇÁ, IBIRAIARAS, ITATIBA DO SUL, LAGOA VERMELHA, MACHADINHO, MARCELINO RAMOS, MARIANO MORO, MATO CASTELHANO, MAXIMILIANO DE ALMEIDA, MONTE ALEGRE DOS CAMPOS, MUITOS CAPÕES, MULITERNO, PAIM FILHO, PINHAL DA SERRA, SANANDUVA, SANTA CECÍLIA DO SUL, SANTO EXPEDITO DO SUL, SÃO JOÃO DA URTIGA, SÃO JOSÉ DO OURO, SÃO JOSÉ DOS AUSENTES, SERTÃO, SEVERIANO DE ALMEIDA, TAPEJARA, TRÊS ARROIOS, TUPANCI DO SUL, VACARIA, VIADUTOS, VILA LÂNGARO. Passo Fundo (U20) BARÃO DE COTEGIPE, BARRA DO RIO AZUL, BENJAMIN CONSTANT DO SUL, CAMPINAS DO SUL, COXILHA, CRUZALTENSE, ENTRE RIOS DO SUL, EREBANGO, ERECHIM, ERVAL GRANDE, ESTAÇÃO, FAXINALZINHO, GRAMADO DOS LOUREIROS, IPIRANGA DO SUL, ITATIBA DO SUL, JACUTINGA, NONOAI, PASSO FUNDO, PAULO BENTO, PONTÃO, PONTE PRETA, QUATRO IRMÃOS, RIO DOS ÍNDIOS, RONDA ALTA, RONDINHA, SÃO VALENTIM, SERTÃO, TRÊS PALMEIRAS, TRINDADE DO SUL. Turvo - Santa Rosa - Santo Cristo (U30) ALECRIM, ALEGRIA, BOA VISTA DO BURICÁ, BOM PROGRESSO, BRAGA, CAMPINA DAS MISSÕES, CAMPO NOVO, CÂNDIDO GODÓI, CATUÍPE, CERRO LARGO, CHIAPETA, CORONEL BICACO, CRISSIUMAL, DERRUBADAS, DOUTOR MAURÍCIO CARDOSO, ESPERANÇA DO SUL, GIRUÁ, GUARANI DAS MISSÕES, HORIZONTINA, HUMAITÁ, INDEPENDÊNCIA, INHACORÁ, MIRAGUAÍ, NOVA CANDELÁRIA, NOVA RAMADA, NOVO MACHADO, PALMEIRA DAS MISSÕES, PORTO LUCENA, PORTO MAUÁ, PORTO VERA CRUZ, PORTO XAVIER, REDENTORA, ROQUE GONZALES, SALVADOR DAS MISSÕES, SANTA ROSA, SANTO ÂNGELO, SANTO AUGUSTO, SANTO CRISTO, SÃO JOSÉ DO INHACORÁ, SÃO MARTINHO, SÃO PAULO DAS MISSÕES, SÃO PEDRO DO BUTIÁ, SÃO VALÉRIO DO SUL, SEDE NOVA, SENADOR SALGADO FILHO, SETE DE SETEMBRO, TENENTE PORTELA, TIRADENTES DO SUL, TRÊS DE MAIO, TRÊS PASSOS, TUCUNDUVA, TUPARENDI, UBIRETAMA. Piratinim (U40) BOSSOROCA, CAPÃO DO CIPÓ, DEZESSEIS DE NOVEMBRO, ENTRE-IJUÍS, EUGÊNIO DE CASTRO, GARRUCHOS, JÓIA, PIRAPÓ, ROLADOR, SANTO ANTÔNIO DAS MISSÕES, SÃO BORJA, SÃO LUIZ GONZAGA, SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, SÃO NICOLAU, TUPANCIRETÃ. Ibicuí (U50) ALEGRETE, BARRA DO QUARAÍ, CACEQUI, CAPÃO DO CIPÓ, DILERMANDO DE AGUIAR, ITAARA, ITAQUI, JAGUARI, JARI, JÚLIO DE CASTILHOS, MAÇAMBARÁ, MANOEL VIANA, MATA, NOVA ESPERANÇA DO SUL, QUARAÍ, QUEVEDOS, ROSÁRIO DO SUL, SANTA MARIA, SANTANA DO LIVRAMENTO, SANTIAGO, SÃO BORJA, SÃO FRANCISCO DE ASSIS, SÃO MARTINHO DA SERRA, SÃO PEDRO DO SUL, SÃO VICENTE DO SUL, TOROPI, TUPANCIRETÃ, UNISTALDA, URUGUAIANA. Quarai (U60) BARRA DO QUARAÍ, QUARAÍ, SANTANA DO LIVRAMENTO, URUGUAIANA. Santa Maria (U70) CACEQUI, DOM PEDRITO, LAVRAS DO SUL, ROSÁRIO DO SUL, SANTANA DO LIVRAMENTO, SÃO GABRIEL. Negro (U80) ACEGUÁ, BAGÉ, HULHA NEGRA. Ijuí (U90) AJURICABA, AUGUSTO PESTANA, BOA VISTA DO CADEADO, BOZANO, CAIBATÉ, CATUÍPE, CERRO LARGO, CHAPADA, CONDOR, CORONEL BARROS, CRUZ ALTA, DEZESSEIS DE NOVEMBRO, ENTRE-IJUÍS, EUGÊNIO DE CASTRO, GUARANI DAS MISSÕES, IJUÍ, JÓIA, MATO QUEIMADO, NOVA RAMADA, PALMEIRA DAS MISSÕES, PANAMBI, PEJUÇARA, PIRAPÓ, PORTO XAVIER, ROLADOR, ROQUE GONZALES, SALVADOR DAS MISSÕES, SANTA BÁRBARA DO SUL, SANTO ÂNGELO, SÃO LUIZ GONZAGA, SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, SÃO PAULO DAS MISSÕES, SÃO PEDRO DO BUTIÁ, SETE DE SETEMBRO, TUPANCIRETÃ, VITÓRIA DAS MISSÕES. Várzea (U100) ALMIRANTE TAMANDARÉ DO SUL, ALPESTRE, AMETISTA DO SUL, BARRA DO GUARITA, BARRA FUNDA, BOA VISTA DAS MISSÕES, CAIÇARA, CARAZINHO, CERRO GRANDE, CHAPADA, CONSTANTINA, COQUEIROS DO SUL, CORONEL BICACO, CRISTAL DO SUL, DERRUBADAS, DOIS IRMÃOS DAS MISSÕES, ENGENHO VELHO, ERVAL SECO, FREDERICO WESTPHALEN, GRAMADO DOS LOUREIROS, IRAÍ, JABOTICABA, LAJEADO DO BUGRE, LIBERATO SALZANO, MIRAGUAÍ, NONOAI, NOVA BOA VISTA, NOVO BARREIRO, NOVO TIRADENTES, NOVO XINGU, PALMEIRA DAS MISSÕES, PALMITINHO, PASSO FUNDO, PINHAL, PINHEIRINHO DO VALE, PLANALTO PONTÃO, REDENTORA RIO DOS ÍNDIOS, RODEIO BONITO, RONDA ALTA, RONDINHA, SAGRADA FAMÍLIA, SANTO ANTÔNIO DO PLANALTO, SÃO JOSÉ DAS MISSÕES, SÃO PEDRO DAS MISSÕES, SARANDI, SEBERI, TAQUARUÇU DO SUL, TENENTE PORTELA, TRÊS PALMEIRAS, TRINDADE DO SUL, VICENTE DUTRA, VISTA ALEGRE, VISTA GAÚCHA. Butuí Icamaquã (U110) BOSSOROCA, CAPÃO DO CIPÓ, ITACURUBI, ITAQUI, MAÇAMBARÁ, SANTIAGO, SANTO ANTÔNIO DAS MISSÕES, SÃO BORJA, UNISTALDA. Quadro 2.7 – População Residente por Bacia Hidrográfica – Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica População Urbana (hab) População Rural (hab) População Total (hab) População Total (%) Apuaê - Inhandava (U10) 243.026 149.137 392.163 Passo Fundo (U20) 136.810 49.575 186.385 7,23 Turvo - Sta Rosa - Sto Cristo (U30) Piratinim (U40) 217.004 47.370 156.361 44.001 373.365 91.371 14,48 3,54 Ibicuí (U50) 362.146 82.908 445.054 17,26 26.559 7.091 33.650 1,31 Santa Maria (U70) 178.397 17.815 196.212 7,61 Negro (U80) Ijuí (U90) 102.063 252.106 13.009 94.531 115.072 346.637 4,46 13,44 Quarai (U60) ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 15,21 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica População Urbana (hab) Várzea (U100) Butuí - Icamaquã (U110) Total da Região Hidrográfica População Rural (hab) 10 População Total (hab) População Total (%) 170.078 140.030 310.108 65.969 22.358 88.327 12,03 3,43 1.801.528 776.816 2.578.344 100,00 2.2. EVOLUÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES PRODUTIVAS Neste item apresenta-se uma análise da evolução e da distribuição das atividades produtivas no Estado do Rio Grande do Sul, tendo os recursos hídricos como foco de avaliação. A base de informações foram os documentos do ‘Rumos 2015 – Estudo sobre Organização Territorial, Desenvolvimento Regional e Logística de Transportes no Rio Grande do Sul’, de 2006. O referido estudo organiza-se espacialmente através dos Conselhos Regionais de Desenvolvimento (COREDES), que são unidades de planejamento territoriais estruturadas a partir da agregação de municípios que apresentam afinidades e identidades sócio-econômicas, físicas e histórico-culturais. Para facilitar a integração entre essa divisão com a divisão hidrográfica do Estado, apresentase, no Quadro 2.8, a relação entre regiões e bacias hidrográficas e os COREDES, que pode ser visualizada na Figura 2.2. Quadro 2.8 – Relação entre Regiões, Bacias Hidrográficas e COREDES Região Hidrográfica Bacia Hidrográfica Alto Jacuí Baixo Jacuí Vacacaí Pardo Taquari-Antas Guaíba Caí Sinos Uruguai Litoral Gravataí Lago Guaíba Apuaê-Inhandava Passo Fundo Várzea Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo Ijuí Piratinim Butuí-Icamaquã Ibicuí Quaraí Santa Maria Negro Tramandaí Litoral Médio Camaquã Mirim-São Gonçalo Mampituba Principais COREDES Alto da Serra do Botucaraí, Alto Jacuí, Vale do Rio Pardo. Central, Centro-Sul, Jacuí-Centro, Vale do Rio Pardo. Central, Jacuí-Centro, Fronteira-Oeste e Campanha. Vale do Rio Pardo. Produção, Serra, Vale do Taquari. Hortênsias-Campos de Cima da Serra, Paranhana-Encosta da Serra, Vale do Caí. Hortênsias-Campos de Cima da Serra, Paranhana-Encosta da Serra, Vale do Rio dos Sinos. Metropolitano do Delta do Jacuí. Centro-Sul, Metropolitano do Delta do Jacuí. Nordeste, Norte. Alto-Médio Uruguai, Norte, Produção. Alto-Médio Uruguai, Produção. Fronteira-Nordeste, Missões, Nordeste-Colonial. Missões, Nordeste-Colonial. Missões. Central, Fronteira-Oeste. Central, Fronteira-Oeste. Fronteira-Oeste. Fronteira-Oeste, Campanha. Campanha. Litoral. Litoral, Sul. Centro-Sul, Sul. Sul. Litoral. Para analisar a regionalização do PIB no Estado, adotou-se o enquadramento dos COREDES em quatro categorias de acordo com a dominância (% de participação do COREDE no PIB estadual) e dinamicidade (% de variação do PIB entre 1990 e 2002), conforme abordagem efetuada no ‘Rumos 2015’. Percebe-se que os COREDES com PIB dominante e dinâmico, ou dominante, mas não-dinâmico, encontram-se na Região Hidrográfica do Guaíba, entre as sub-regiões Serra e Metropolitana. Os COREDES que menos concentram PIB ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 11 e que não apresentam crescimento estão em outras regiões hidrográficas e mais distantes da Região Metropolitana, como os COREDES Campanha e Fronteira-Oeste ou Missões e Sul, que apresentam as piores condições nesses termos. . Figura 2.2 – Sobreposição da Divisão dos COREDES com as Divisões Hidrográficas A evolução do PIB dos COREDES entre 1990 e 2002 é apresentada na Figura 2.3, onde os COREDES com maior destaque são o Vale do Caí, Produção e Fronteira Noroeste, tendo cerca de 60% de crescimento no período. Já os COREDES Missões, Sul e Litoral apresentam as mais baixas taxas de crescimento, inclusive com índices negativos, como o Litoral. Com relação às regiões mais ascendentes, em termos de crescimento do PIB, pode-se dividir o Estado em quatro partes com dimensões equivalentes. A região ‘Nordeste’ é a mais dinâmica, apresentando os municípios com maiores taxas de crescimento, acima da média estadual. Os destaques são os COREDES Serra, Nordeste, Vale do Taquari e Nordeste. A região em que predominam as taxas inferiores às estaduais seria praticamente toda a metade Oeste, tanto a Norte - nos COREDES das Missões (Região Hidrográfica do Uruguai) e nos centrais como Alto Jacuí, Botucaraí e Jacuí-Centro (Região Hidrográfica do Guaíba) – como a Sul – nos COREDES Sul (Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas) e Fronteira Oeste (Região Hidrográfica do Uruguai). ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 12 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 Su l Li to ra l do C Pr aí od uç ã No o rd es te No s te M éd io Se Al r r t a Fr o Ur on ug te ira u No ai Va r le oes te do Ta qu Ce ari nt ro Su Al No to l ro Ja es cu te í Co lon M et ial ro po C en lita no Ho tral do rtê De ns ia l s Va ta d le o J do ac u R Ri io í o Pa G ra nd rdo e do Pa Ca Sul ra m nh Fr an on pan a ha te -E ira nc O os es ta te da Va Ja Ser le cu ra íC do en Ri o tro do sS ino M s iss õe s 0,00 Va le -10,00 -20,00 -30,00 Figura 2.3 – Evolução (%) do PIB dos COREDES de 1990 a 2002 – Valores Deflacionados para 2002. Fonte: Rumos 2015 (Rio Grande do Sul, 2006) Com relação à taxa média de crescimento do PIB Municipal relativo à Agropecuária, pode-se verificar que as regiões com taxas superiores à média do Estado são as do Médio Alto Uruguai, Central e Campanha (na Região Hidrográfica do Uruguai). Na Região Hidrográfica do Guaíba, os COREDES Vale do Caí, do Taquari, do Rio Pardo, Serra e Hortênsias são os que mais se destacam. Na região das Hortênsias, os municípios que apresentam crescimento do PIB agropecuário superior à média estadual são os que se localizam na Região Hidrográfica do Uruguai. Já com relação ao crescimento do PIB industrial, verifica-se que os municípios que apresentam taxas acima da média estadual estão dispersos pelo Estado, acompanhando o grau de urbanização que vem se elevando em diferentes regiões. Além do fato de o setor de comércio e serviço estar em expansão, com concentração do PIB e maiores ofertas de emprego, a transferência de indústrias para regiões mais empobrecidas também pode ser considerado um fenômeno referente à globalização econômica. Ao mesmo tempo em que as famílias migram de zonas rurais para zonas urbanas, em busca de emprego e renda no setor secundário ou terciário, as empresas que necessitam de maior volume de mão-de-obra, para competirem no mercado global, procuram regiões com salários e outros custos de produção mais baixos. A distribuição geográfica dos setores produtivos, em termos de dominância na economia gaúcha, pode ser observada na Figura 2.4. Como principais conclusões, destacam-se: 9 A agropecuária, em termos de dominância no PIB das regiões, aparece concentrada principalmente na metade Norte, entre as subregiões Missioneira e Norte (Região Hidrográfica do Uruguai) e subregião Centro (Região Hidrográfica do Guaíba). Essa característica ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 13 de predominância também ocorre na sub-região Sul (Região das Bacias Litorâneas). 9 O setor de serviços se destaca nas sub-regiões Centro-Oeste (Região Hidrográfica do Uruguai), Litoral (Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas) e Metropolitana (Região Hidrográfica do Guaíba) e Serra; nesta última, a predominância dos serviços é visível no COREDE Hortênsias. 9 A predominância do PIB da indústria ocorre em poucos municípios, concentrando-se nas sub-regiões Metropolitana e Serra. Fora dessas, começam a aparecer pequenos focos de predominância da indústria no PIB em partes isoladas das sub-regiões Sul, Centro e Missioneira. Figura 2.4 – Setores Dominantes na Economia Gaúcha. Fonte: Rumos 2015 (Rio Grande do Sul, 2006) É possível observar que muitos sub-setores sofreram fortes quedas produtivas no passado recente, sendo que a indústria com maior crescimento do valor bruto da produção é a de papel, celulose e madeira. A indústria do calçado e seus insumos tiveram uma queda brusca na produção, que já estava estagnada desde 1996. Esse é um fator da perda de dinamicidade do Vale dos Sinos. Outros sub-setores industriais que tiveram quedas bruscas, entre 2001 e 2002, foram: petroquímica, de abate de animais, química, fertilizantes, cimento e de carvão. Os que apresentaram reação com crescimento estável ou superior aos períodos anteriores foram: o fumo, a madeira e a cerâmica. Analisando-se os dados de agregação do valor bruto da produção estadual, entre 1996 e 2002, nota-se que um dos sub-setores mais importantes para economia gaúcha – o segmento de calçados, couros e peles – apresentou redução em sua participação no valor agregado bruto. Já os sub-setores da indústria petroquímica, fumo, química, madeira, papel e celulose apresentaram ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 14 evolução na sua participação no VAB estadual. Os que mais ascenderam foram os sub-setores do fumo, material de transporte e indústria química. Em relação à produção agropecuária, no que diz respeito à atividade agrícola, constata-se que a produção gaúcha apresentou avanço nominal de quase 290% desde 1996. Três produtos contribuíram com mais de 66% desse valor: soja, milho e arroz. Além desses, o fumo, a mandioca, o trigo e a uva também possuem importância no cenário produtivo do Estado. Em relação à pecuária, verifica-se que a produção de suínos apresenta a maior relevância em termos de impactos no ambiente natural e, conseqüentemente, nos recursos hídricos. O rebanho gaúcho representa hoje cerca de 13% do rebanho nacional. Em números absolutos, houve aumento de 3,7 milhões de cabeças, em 1990, para 4,1 milhões, em 2003. Esse rebanho suíno está bastante disperso no Estado, com maior incidência nas regiões onde existe o predomínio das pequenas e médias propriedades rurais, próximas à produção de grãos (soja e milho). Em termos de regiões hidrográficas, as sub-regiões que mais concentram a produção de suínos são a Centro e Serra (na Região Hidrográfica do Guaíba), Sul (na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas) e Norte e Missioneira (na Região Hidrográfica do Uruguai). A taxa de abates inspecionados tem crescido no Estado ficando, em nível nacional, apenas atrás de Santa Catarina, que em 2003, respondeu por 1/3 do abate brasileiro. Esse é um fator importante, pois a inspeção credencia o Estado a exportar para um mercado externo cada vez mais promissor. O Brasil é o quinto maior produtor mundial de carne suína. 2.3. PROCESSO DE POLARIZAÇÃO REGIONAL A base para a avaliação da polarização regional do Estado foi o estudo ‘Rede, hierarquia e região de influência das cidades: um foco sobre a Região Sul’1. Esse estudo visou avaliar a forma pela qual as relações em rede atuam sobre a organização do território, a partir do pressuposto de que qualquer tipo de fluxo (mercadorias, informações, pessoas, etc) se dá a partir das redes que conectam as distintas porções de um dado território. Nesse sentido, uma rede urbana pode ser caracterizada pela organização do conjunto formado pelas cidades e suas zonas de influência, a partir dos fluxos que se estabelecem entre elas, havendo uma hierarquização nos níveis de centralidade de cada uma delas em decorrência das funções que realizam, em uma relação direta entre essa centralidade e a importância dos bens e serviços oferecidos. Das 25 bacias hidrográficas do Estado, vinte possuem comitês instalados e dessas, sete têm as sedes dos comitês em municípios de centralidade máxima, forte ou muito forte (Gravataí – Porto Alegre, Lago Guaíba – Porto Alegre, Passo Fundo – Passo Fundo, Mirim-São Gonçalo – Pelotas, Vacacaí - Vacacaí Mirim – Santa Maria, Ijuí - Ijuí e Sinos – São Leopoldo), corroborando a 1 MOURA, R., WERNECK, D.Z. 2001. Rede, hierarquia e região de influência das cidades: um foco sobre a Região Sul. Revista Paranaense de Desenvolvimento, Curitiba. n. 100, p. 27-57. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 15 importância regional dos mesmos. Nove comitês têm suas sedes em municípios de centralidade forte para média ou média (Alto Jacuí – Cruz Alta, Apuaê-Inhandava - Erechim, Várzea – Frederico Westphalen, Taquari-Antas Lajeado, Pardo – Santa Cruz do Sul, Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo – Santa Rosa, Baixo Jacuí – Cachoeira do Sul, Tramandaí - Osório e Piratinim – São Luiz Gonzaga), três em centralidades média para fraca ou fraca (Camaquã – Camaquã, Caí – São Sebastião do Caí e Ibicuí - Alegrete) e somente um comitê, o do Santa Maria, tem sua sede em um município de centralidade muito fraca (Rosário do Sul). Para avaliar como as cidades estudadas relacionam-se em redes e como os diferentes níveis de centralidade influenciam a forma como se estabelecem os fluxos econômicos entre as distintas regiões do Estado, foi feita uma análise de vizinhança entre as mesmas. O Quadro 2.9 apresenta a relação dos municípios com os maiores níveis de centralidade nas bacias hidrográficas gaúchas. A Figura 2.5 apresenta as sedes municipais cuja centralidade foi avaliada, bem como a rede que as interliga e as bacias hidrográficas do Estado, identificando o nível de centralidade mais alto encontrado em cada uma delas. Observa-se que cada Região Hidrográfica do Estado possui pelo menos um pólo regional e que tais pólos interligam-se diretamente com Porto Alegre, a metrópole estadual. Até o terceiro nível de centralidade, a Região Hidrográfica do Guaíba possui 4 centros (Porto Alegre, Santa Maria, São Leopoldo e Caxias do Sul); a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas possui apenas um (Pelotas), e a Região do Uruguai, dois (Passo Fundo e Ijuí). Observa-se assim uma razoável distribuição espacial dos centros ou pólos regionais que, inclusive, podem servir de referência regional para as ações relativas ao PERH. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 16 Quadro 2.9 – Municípios com os Maiores Níveis de Centralidade nas Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul Região Hidrográfica Guaíba Bacias Litorâneas Uruguai [1] Bacia Hidrográfica[1] Gravataí Sinos Caí Taquari-Antas Alto Jacuí Vacacaí-Vacacaí Mirim Baixo Jacuí Lago Guaíba Pardo Tramandaí Litoral Médio Camaquã Mirim-São Gonçalo Mampituba Apuaê-Inhandava Passo Fundo Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo Piratinim Ibicuí Santa Maria Negro Ijuí Várzea Butuí-Icamaquã Município[3] Centralidade[2] Viamão São Leopoldo Montenegro Caxias do Sul Sobradinho/Soledade Santa Maria Cachoeira do Sul Porto Alegre Santa Cruz do Sul Osório Mostardas Camaquã Pelotas Torres Erechim Passo Fundo Santa Rosa São Luis Gonzaga Santiago Santana do Livramento Bagé Ijuí Carazinho São Borja 5 3 5 3 6 2 5 1 4 5 7 6 2 6 4 2 4 5 5 6 5 3 4 7 A bacia do rio Quaraí não tem nenhuma sede municipal avaliada no estudo. [2] Níveis de Centralidade: 1 = máxima / 2 = muito forte / 3 = forte / 4 = forte para média / 5 = média / 6 = média para fraca / 7 = fraca [3] Em destaque: municípios com maiores níveis de centralidade (1, 2 ou 3). Figura 2.5 – Níveis de Centralidade das Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul 2.4. USO DO SOLO E COBERTURA VEGETAL O Quadro 2.10 apresenta uma síntese da distribuição percentual dos principais usos mapeados nas Regiões Hidrográficas gaúchas Os Quadros 2.11 a 2.14 e a Figura 2.6 apresentam os usos e cobertura vegetal mapeados em cada bacia ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 17 hidrográfica do Estado do Rio Grande do Sul. O mapeamento está baseado no ‘Mapa da Vegetação da América do Sul’, desenvolvido pela Comissão Européia, com a colaboração de técnicos de diversos países. Quadro 2.10 – Distribuição Percentual do Uso do Solo e Cobertura Vegetal nas Regiões Hidrográficas e no Estado do Rio Grande do Sul Classe Guaíba Formações Florestais Nativas e Implantadas Vegetação Campestre/Arbustiva Vegetação Campestre/Arbustiva em Áreas Alagadas Mosaico Agricultura-Vegetação em Regeneração Agricultura Intensiva Solo Exposto Lâmina d'água Áreas Urbanas 25,02% 32,13% 0,60% 27,82% 13,93% 0,01% 0,46% 0,04% Bacias Litorâneas 16,77% 45,06% 2,80% 25,01% 5,11% 0,51% 4,74% 0,00% Uruguai 12,66% 45,55% 1,07% 20,95% 19,26% 0,01% 0,50% 0,00% Rio Grande do Sul 17,43% 41,21% 1,29% 23,98% 14,58% 0,12% 1,38% 0,01% Como pode ser visto na tabela acima, as formações florestais apresentam uma participação na Região Hidrográfica do Guaíba, com valores bastante superiores ao conjunto do Estado. Figura 2.6 – Uso e Cobertura do Solo Nas três Regiões em que se divide o Estado a classe preponderante é a de “Vegetação Campestre/Arbustiva”, mas se forem somadas as classes “Mosaico Agricultura Intensiva-Vegetação em Regeneração” e “Agricultura Intensiva”, que correspondem ao conjunto de áreas efetivamente usadas para a agricultura, essas superam as áreas de campo na Região Hidrográfica do Guaíba, atingindo valores que correspondem a cerca de 42% de seu território. Como não poderia deixar de ser, em função de suas características geográficas, a classe de “Lâmina d’água” é mais significativa na Região das Bacias Litorâneas, e a classe de Áreas Urbanas só apresenta relevância, na escala de mapeamento adotada, na Região Hidrográfica do Guaíba. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Quadro 2.11 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal na Região Hidrográfica do Guaíba G010 - Gravataí Classe Formações Florestais Nativas e Implantadas Vegetação Campestre/Arbustiva Veg. Campestre/Arbustiva em Áreas Alagadas Mosaico Agricultura-Veg. em Regeneração Agricultura Intensiva Solo Exposto Lâmina d'água Áreas Urbanas ha 21.233,37 123.833,87 4.091,16 44.879,86 4.435,63 85,18 2.472,14 596,67 G020 - Sinos % 10,53 61,42 2,03 22,26 2,20 0,04 1,23 0,30 ha 158.954,16 98.646,87 4.023,35 104.182,59 1.712,54 940,26 256,16 G030 - Caí % 43,11 26,75 1,09 28,26 0,46 0,26 0,07 ha 278.544,22 66.539,85 3.603,43 133.736,25 14.858,15 85,82 - G040 – Taq. Antas % 56,00 13,38 0,72 26,89 2,99 0,02 - ha 926.501,31 646.635,69 12.651,78 842.337,56 210.187,16 433,16 - % 35,11 24,51 0,48 31,92 7,97 0,02 - G050 – Alto Jacuí ha 175.414,53 302.617,09 6.813,01 263.368,00 535.201,06 86,17 23.363,20 - G060 – Vacacaí % 13,42 23,16 0,52 20,15 40,95 0,01 1,79 - ha 78.319,70 480.170,41 767,38 337.726,50 214.016,05 254,91 - G080 – Lago Guaíba ha % 32.751,97 13,32 110.637,48 44,98 7.745,00 3,15 80.383,79 32,68 3.481,53 1,42 424,97 0,17 8.166,62 3,32 2.386,10 0,97 G070 – Baixo Jacuí % 7,05 43,21 0,07 30,39 19,26 0,02 - ha 308.745,16 822.958,69 10.063,64 426.069,63 169.544,52 3.237,70 - % 17,74 47,28 0,58 24,48 9,74 0,19 - G090 - Pardo ha 139.805,80 71.244,79 684,86 125.665,73 27.095,57 - % 38,36 19,55 0,19 34,48 7,43 - Quadro 2.12 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Classe Formações Florestais Nativas e Implantadas Vegetação Campestre/Arbustiva Vegetação Campestre/Arbustiva em Áreas Alagadas Mosaico Agricultura-Vegetação em Regeneração Agricultura Intensiva Solo Exposto Lâmina d'água Áreas Urbanas L010 - Tramandaí ha 94.659,61 39.648,68 21.282,82 65.447,53 6.159,11 6.055,65 35.816,56 - L020 – Litoral Médio % 35,18 14,74 7,91 24,32 2,29 2,25 13,31 - ha 133.397,11 188.992,94 54.590,20 160.959,58 12.700,02 10.584,67 77.895,14 - L030 - Camaquã % 20,87 29,57 8,54 25,18 1,99 1,66 12,19 - ha 280.427,78 1.284.302,13 9.038,58 440.766,69 127.338,96 169,07 14.443,54 - L040 – Mirim – São Gonçalo % ha 427.363,78 1.044.881,13 73.440,63 722.009,13 138.179,38 12.371,28 141.125,73 - 13,00 59,56 0,42 20,44 5,90 0,01 0,67 - L050 – Mampituba % ha 18.462,48 6.957,20 1.029,88 34.253,40 6.265,47 16,70 40,83 2,87 28,21 5,40 0,48 5,51 - % 27,43 10,34 1,53 50,89 9,31 343,31 - 0,51 - Quadro 2.13 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal na Região Hidrográfica do Uruguai Classe Formações Florestais Nativas e Implantadas Vegetação Campestre/Arbustiva Vegetação Campestre/Arbustiva em Áreas Alagadas Mosaico Agricultura-Vegetação em Regeneração Agricultura Intensiva Solo Exposto Lâmina d'água Áreas Urbanas U010 – Apuaê-Inhandava ha 257.795,56 390.980,75 16.849,74 463.427,78 324.285,78 787,17 174,68 - U020 – Passo Fundo % 17,73 26,88 1,16 31,87 22,30 0,05 0,01 - ha 93.702,72 81.451,53 4.621,94 113.971,51 178.689,39 523,13 12.290,42 - % 19,31 16,79 0,95 23,49 36,82 0,11 2,53 - U030 – Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo ha % 141.659,67 13,07 385.588,09 35,57 7.764,36 0,72 401.459,91 37,03 138.284,97 12,76 9.326,86 - U040 – Piratnim ha 52.330,27 561.871,88 6.412,96 55.501,66 83.631,30 0,86 - 6.156,10 - U050 – Ibicuí % 6,83 73,36 0,84 7,25 10,92 0,80 - ha 341.085,13 2.180.681,00 44.229,82 370.286,06 554.263,06 428,23 22.914,72 - U060 – Quaraí % 9,71 62,06 1,26 10,54 15,77 0,01 0,65 - ha 90.248,52 361.627,53 18.774,43 76.377,55 117.645,46 % 13,51 54,13 2,81 11,43 17,61 3.406,65 - 0,51 - Quadro 2.14 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal na Região Hidrográfica do Uruguai (continuação do Quadro 2.13) Classe Formações Florestais Nativas e Implantadas Vegetação Campestre/Arbustiva Vegetação Campestre/Arbustiva em Áreas Alagadas Mosaico Agricultura-Vegetação em Regeneração Agricultura Intensiva Solo Exposto Lâmina d'água Áreas Urbanas U070 – Santa Maria ha 86.174,47 599.926,63 13.037,30 439.927,81 430.336,72 424,41 - U080 – Negro % 5,49 38,22 0,83 28,02 27,41 0,03 - ha 7.801,58 46.467,45 670,83 161.080,31 84.945,59 - U090 – Ijuí % 2,59 15,44 0,22 53,52 28,22 - ha 135.312,80 437.770,34 260,49 196.346,06 302.865,22 520,84 - U100 – Várzea % 12,61 40,80 0,02 18,30 28,22 0,05 - ha 243.342,48 217.865,41 9.278,55 288.273,25 190.533,16 3.240,47 - U110 – Butuí - Icamaquã % 25,55 22,87 0,97 30,26 20,00 0,34 - ha 155.100,98 507.767,34 13.193,48 88.232,42 35.598,04 4.658,68 - % 19,28 63,11 1,64 10,97 4,42 0,58 - -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 19 3. DIAGNÓSTICO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 20 3. DIAGNÓSTICO DAS DISPONIBILIDADES HÍDRICAS Este capítulo apresenta o diagnóstico das disponibilidades hídricas superficiais e subterrâneas nas 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. O item 3.1 enfatiza as disponibilidades hídricas superficiais das bacias hidrográficas em termos de anuais e sazonais. Já o item 3.2 trata das estimativas das reservas reguladoras subterrâneas (indicativas das disponibilidades hídricas subterrâneas) e dos principais sistemas aqüíferos. 3.1. RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS O objetivo deste item é a apresentação de uma síntese dos estudos de disponibilidades hídricas superficiais, sob o aspecto quantitativo. Optou-se por trabalhar com vazões características da disponibilidade, que foram estimadas para cada bacia. A versão completa do estudo foi apresentada no Relatório A.1. O roteiro metodológico adotado apresenta os seguintes passos: (i) escolha de postos fluviométricos como fontes das informações de disponibilidade; (ii) estudo das séries históricas de vazões registradas para os postos escolhidos; (iii) distribuição dos postos selecionados por bacia hidrográfica; (iv) preenchimentos das lacunas através de estudos específicos realizados nas bacias sem dados de vazão no monitoramento; e (v) transferência das informações dos postos para a bacia, através do método da relação entre áreas, ou vazão específica. A escolha dos postos fluviométricos utilizados, partiu da seleção de todos os postos com mais de 50 anos de dados, o que selecionou 23 estações de monitoramento, quantidade considerada insuficiente. Depois, para aumentar a amostra, o critério foi reduzido para 40 anos, o que aumentou muito pouco a amostra, pois apenas 6 estações foram incluídas. Então o critério passou a ser de que toda a bacia hidrográfica tivesse ao menos uma estação, de modo que o número de estações chegou a 40, distribuídas por bacias hidrográficas, conforme o Quadro 3.1. Percebe-se que a informação é bem mais abundante no Uruguai e no Guaíba do que no Litoral. É possível notar também que as bacias do Gravataí e do Lago Guaíba, na RH Guaíba, e as bacias do Tramandaí, Litoral Médio e Mampituba, na RH Litoral, ficaram sem estações de monitoramento. Após a análise das séries históricas de cada posto, ocorreu a seleção dos que iriam servir para caracterizar cada uma das bacias, o que resultou no Quadro 3.2. Dessa forma a vazão específica do posto, ou a média dos postos quando há mais de um, foi adotada como sendo a vazão específica da bacia. Para as bacias onde se verificaram lacunas no monitoramento, foram adotados os seguintes procedimentos: ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 21 9 Gravataí: utilização dos dados levantados no trabalho “Análise de Alternativas de Regularização de Vazões na Bacia do Rio Gravataí”, elaborado pelo IPH/UFRGS em parceria com a CPRM, sob Convênio com o DRH-SEMA, em 2002. 9 Lago Guaíba: utilização dos dados levantados no trabalho “Estudos Preliminares para subsídios ao Plano de Bacia do Lago Guaíba”, elaborado pela CONCREMAT Engenharia, sob contratação do DRHSEMA, em 2004. 9 Tramandaí: utilização dos dados levantados no trabalho “Estudo de Disponibilidades Hídricas e Demandas na Bacia Hidrográfica do Litoral Norte”, elaborado pela ECOPLAN Engenharia sob contratação do DRHSEMA, em 1997. 9 Mampituba: utilização dos dados de vazões específicas, gerados para a bacia do rio Tramandaí. 9 Litoral Médio: utilização dos dados de vazões específicas, gerados para a bacia do rio Tramandaí. 9 Mirim - São Gonçalo: utilização dos dados levantados no trabalho “Estudo de Disponibilidades Hídricas nos formadores da Lagoa Mirim” Elaborado pelo IPH/UFRGS, sob contratação do DRH-SEMA, em 1998. Quadro 3.1 – Lista de Estações Fluviométricas por Bacia Hidrográfica ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 22 Quadro 3.2 – Lista de estações fluviométricas selecionadas em cada bacia hidrográfica Outra operação realizada, diz respeito às bacias do Rio Ibicuí, do Rio Jacuí e do Lago Guaíba, que recebem água de outras bacias a montante delas. Nestes casos, as vazões dos formadores foram somadas aos escoamentos produzidos nas unidades, de modo a obter as vazões acumuladas na bacia. Nas planilhas de resultados, estas bacias aparecem duas vezes, sendo a primeira referente a produção do escoamento em seu interior e na segunda a acumulação dos fluxos na bacia. As vazões estudadas servem para explicar o comportamento anual e sazonal da série histórica, caracterizando a maneira como a água se distribui, no tempo e no espaço, no território gaúcho. As vazões características apresentadas a seguir, para cada estação (40 postos fluviométricos) adotada e para cada uma das 25 bacias são: 9 Vazão Média de Longo Período – Qlp; 9 Vazões Médias Mensais (janeiro a dezembro); 9 Vazões Máximas Médias Mensais (janeiro a dezembro); 9 Vazões Mínimas Médias Mensais (janeiro a dezembro); 9 Vazões Máximas das Máximas Mensais (mínimo minimorum – janeiro a dezembro); 9 Vazões Mínimas das Mínimas Mensais (máximo maximorum – janeiro a dezembro); e 9 Vazões da Curva de Permanência, nos seguintes percentis: 30% de permanência, 50% de permanência, 70% de permanência, 90% de permanência, 95% de permanência e 99% de permanência. Dessa forma, para cada estação e/ou bacia, foi gerado um conjunto de 67 vazões características, sendo 7 estatísticas anuais (Qlp e 6 valores da Curva de Permanência) e 60 valores mensais, correspondente a 5 valores de vazões para cada um dos 12 meses do ano. Neste relatório síntese apresenta-se os valores anuais e valores característicos para o mês de janeiro (como referência para os balanços hídricos). ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 23 Para a estimativa do volume armazenado em cada bacia hidrográfica foi utilizada base de dados da irrigação do IRGA. Adiante apresentam-se os volumes utilizados na irrigação de arroz provenientes de barragens e lagoas, em cada bacia hidrográfica do estado. Dessa forma, foi possível gerar informações sobre as disponibilidades hídricas para todas as bacias hidrográficas do Estado. Estes resultados estão apresentados nos itens seguintes, sob a forma tabular, e divididos por Região Hidrográfica, conforme os demais itens do relatório. 3.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba Este item apresenta os resultados obtidos na caracterização das disponibilidades hídricas em cada uma das suas nove bacias hidrográficas e para a região como um todo. São apresentados os valores das vazões específicas e as vazões totalizadas por bacia (Quadro 3.3). Quadro 3.3 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba. Para a caracterização das disponibilidades hídricas para fins da elaboração dos balanços hídricos superficiais, em cada bacia hidrográfica, são apresentadas no Quadro 3.4 as seguintes vazões características: vazão média de longo período, (Qlp), vazão característica de mínimas (Q95% - vazão com permanência temporal de 95%), vazão média para o mês típico de verão (janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em termos absolutos (m3/s). Apresentam-se ainda os volumes armazenados por bacia, que são utilizados na irrigação. Importante destacar a magnitude da vazão mínima de verão na bacia hidrográfica do Vacacaí, da ordem de apenas 0,40 m3/s. Igualmente interessante é a relação entre as vazões mínimas e médias, da ordem de 9% em termos médios na Região Hidrográfica, mas que, para as bacias do ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 24 Vacacaí – Vacacaí-Mirim e do Pardo situam-se abaixo de 5%, indicando forte restrição à disponibilidade hídrica na época de verão. Quadro 3.4 – Disponibilidades Hídricas Superficiais para Balanços Hídricos nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Gravataí (G10) Sinos (G20) Caí (G30) Taq. - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Vac. – Vac.Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) [1] Lago Guaíba (G80) [1] Pardo (G90) Região Hidrográfica [1] Vazão Média Anual (m³/s) 29,26 87,91 99,52 606,06 316,39 190,28 1.728,67 1.888,35 110,19 1.888,35 Vazão Mínima Anual (Q95%) (m³/s) 3,67 7,50 6,81 43,41 24,33 6,46 151,90 174,23 5,521 174,23 Vazão Média Verão (jan) (m³/s) Vazão Mínima Verão (jan) (m³/s) Volume proveniente de Barragens (hm³) 9,07 51,26 53,03 345,49 203,43 70,20 826,24 911,16 59,80 911,16 3,24 4,54 7,35 19,79 15,30 0,40 54,46 72,24 5,81 72,24 58,383 25,795 2,138 23,619 608,496 503,080 111,246 37,274 1.370,031 Volume proveniente de Lagoas (hm³) 7,166 17,346 47,078 32,435 2,860 106,886 Volume proveniente do armazena mento (barragens + lagoas) (hm³) 58,383 25,795 2,138 30,785 625,842 550,158 143,681 40,134 1.476,917 Disponibilidades hídricas acumuladas, para as vazões, considerando as contribuições de montante. 3.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Este item apresenta os resultados obtidos na caracterização das disponibilidades hídricas em cada uma das suas cinco bacias hidrográficas e para a região como um todo. São apresentados os valores das vazões específicas e as vazões totalizadas por bacia (Quadro 3.5). Quadro 3.5 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas. Para a caracterização das disponibilidades hídricas superficiais em cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, são apresentados no Quadro 3.6, as seguintes vazões características: vazão média de longo período, (QLP), vazão característica de mínimas (Q95% - vazão com permanência temporal de 95%), vazão média para o mês típico de verão (janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em termos absolutos (m3/s). Apresenta-se ainda os volumes armazenados por bacia, que são utilizados na irrigação. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 25 Quadro 3.6 – Disponibilidades Hídricas Superficiais para Balanços Hídricos nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Tramandaí (L10) Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) Mirim – S.Gonçalo (L40) Mampituba (L50) Região Hidrográfica Vazão Média Anual (m³/s) 35,08 82,50 483,10 395,91 8,74 1.005,33 Vazão Mínima Anual (Q95%) (m³/s) 17,00 40,00 25,88 22,99 4,24 110,11 Vazão Média Verão (jan) (m³/s) Vazão Mínima Verão (jan) (m³/s) Volume proveniente de Barragens (hm³) 35,85 84,31 198,18 208,60 8,93 535,87 11,98 28,18 18,41 41,98 2,98 103,53 4,324 57,431 545,032 386,144 992,931 Volume proveniente de Lagoas (hm³) 55,860 1.066,770 201,431 1.041,981 3,673 2.369,714 Volume proveniente do armazena mento (barragens + lagoas) (hm³) 60,183 1.011,733 746,463 1.428,125 3,673 3.250,177 A relação entre as vazões mínima e média anual é da ordem de 11%, podendo chegar a 19% na situação de verão; valores bastante superiores aos verificados nas demais Regiões Hidrográficas do Estado, o que evidencia o efeito regulador dos grandes corpos hídricos presentes (Laguna dos Patos e Mirim e sistema lagunar do Litoral Norte). 3.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai Este item apresenta os resultados obtidos na caracterização das disponibilidades hídricas em cada uma das suas 11 bacias hidrográficas e para a região como um todo. São apresentados os valores das vazões específicas e as vazões totalizadas por bacia (Quadro 3.7). Para a caracterização das disponibilidades hídricas superficiais em cada bacia hidrográfica, são apresentados, no Quadro 3.8, as seguintes vazões características: vazão média de longo período, (QLP), vazão característica de mínimas (Q95% - vazão com permanência temporal de 95%), vazão média para o mês típico de verão (janeiro) e vazão mínima para o mês típico de verão (janeiro), em termos absolutos (m3/s). Apresenta-se ainda os volumes armazenados por bacia, que são utilizados na irrigação. Chamam a atenção os valores baixos verificados nas bacias do Negro, Quaraí e Santa Maria relativamente às vazões mínimas de verão, notadamente no Negro. A relação entre as vazões mínimas e médias anuais, da ordem de 7% para a Região Hidrográfica do Uruguai, atinge valores extremos inferiores a 5% nas bacias do Negro, Quaraí e Ibicuí, demonstrando a restrição hídrica local. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 26 Quadro 3.7 – Disponibilidades Hídricas Superficiais Características das Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai. Quadro 3.8 – Disponibilidades Hídricas Superficiais para Balanços Hídricos nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Vazão Média Anual (m³/s) Vazão Mínima Anual (Q95%) (m³/s) Vazão Média Verão (jan) (m³/s) Vazão Mínima Verão (jan) (m³/s) Volume proveniente de Barragens (hm³) Volume proveniente de Lagoas (hm³) Volume proveniente do armazenamento (barragens + lagoas) (hm³) Apuaê - Inhandava (U10) 385,83 26,94 237,42 35,41 - - - Passo Fundo (U20) 130,25 13,46 99,64 21,12 - - - Turvo - Sta. Rosa Sto. Cristo (U30) 288,30 27,89 199,15 32,89 - - - 182,34 1.060,44 14,76 48,75 101,09 471,36 19,98 27,70 77,653 1.383,194 0,154 23,754 77,807 1.406,948 Piratinim (U40) Ibicuí (U50) [1] Quarai (U60) 238,19 10,57 139,90 2,95 401,025 4,009 405,033 Santa Maria (U70) 315,45 16,53 137,46 2,99 858,545 9,547 868,092 Negro (U80) 51,42 1,50 21,13 0,28 122,049 1,454 123,503 Ijuí (U90) 273,94 40,70 199,68 36,78 0,452 - 0,452 Várzea (U100) Butuí - Icamaquã (U110) 276,51 26,96 151,79 21,30 - - - Região Hidrográfica [1] 198,01 16,64 95,70 5,01 436,464 3,758 440,222 3.085,23 228,17 1.716,86 203,42 3.279,382 42,676 3.322,058 Disponibilidades hídricas acumuladas, para as vazões, considerando as contribuições de montante. 3.2. RECURSOS HÍDRICOS SUBTERRÂNEOS O diagnóstico das disponibilidades hídricas subterrâneas no Estado do Rio Grande do Sul não destoa da abordagem realizada para os recursos superficiais e adota as unidades espaciais da Bacia Hidrográfica e da Região Hidrográfica como objeto de análise e palco da gestão. Entretanto, dadas as peculiaridades das águas subterrâneas e da transcendência do arcabouço geológico, no caso materializado pelos sistemas aqüíferos enquanto base física de ocorrência, obrigatoriamente, partem destes as quantificações empreendidas. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 27 O Estado do Rio Grande do Sul conta com acervo importante de informações hidrogeológicas: Mapa Hidrogeológico na escala 1:750.000 com o agrupamento e caracterização dos sistemas aqüíferos e sua avaliação relativa da produtividade (resultado do convênio firmado entre o DRH e a CPRM), o cadastro de poços tubulares para o Estado (CPRM/SIAGAS), o cadastro de outorga de poços tubulares no DRH. Além destas, destacam-se o Relatório Anual dos Recursos Hídricos do RS de 2002, as bases de informação por domicílio para o RS do IBGE para 2000 e todos os trabalhos específicos de água subterrânea dos diagnósticos de bacia realizados até o momento. Importante mencionar os significativos avanços no entendimento da dinâmica dos aqüíferos e os importantes trabalhos que vêm sendo desenvolvidos por um número cada vez maior de atores, não somente no campo técnico, mas também no social e político e em termos de participação pública. Neste sentido, políticas públicas recentes relacionadas às águas subterrâneas e iniciativas técnicas regionais tiveram um papel catalisador fundamental. Entre elas, as mais importantes são: desenvolvimento e implementação do Decreto Estadual 42.047, de dezembro de 2002, que regulamenta o gerenciamento e a conservação das águas subterrâneas e dos aqüíferos em complementação às disposições da Lei Nº 10.350/94; a inércia gerada pela grande difusão a respeito do Aqüífero Guarani, que abriu espaços para discussões mais amplas sobre o tema das águas subterrâneas no Estado; e a capacitação de novos grupos de estudo acadêmicos nas instituições de ensino e pesquisa do interior do estado. As informações relativas às águas subterrâneas e aos sistemas aqüíferos foram organizadas obedecendo aos limites das distintas bacias hidrográficas e posteriormente agrupadas segundo as Regiões Hidrográficas. Para cada bacia hidrográfica pode-se contar com informações referentes tanto às disponibilidades hídricas subterrâneas, representadas pelas capacidades específicas dos referidos sistemas aqüíferos e estimativas de reservas reguladoras obtidas por métodos hidrológicos como relativas às demandas de água subterrânea, sejam elas domésticas, industriais, irrigação e dessedentação animal. Além de informações relativas às questões quantitativas, também são discutidos dados qualitativos e relativos à vulnerabilidade dos sistemas aqüíferos. A seguir são apresentados os resultados discretizados segundo as bacias hidrográficas que compõem cada uma das três Regiões Hidrográficas do RS. A Figura 3.1 apresenta a distribuição dos sistemas aqüíferos no Estado e suas características de produtividade. O mapa permite também reconhecer Bacias Hidrográficas que apresentam semelhanças do ponto de vista de composição de sistemas aqüíferos, como é o caso das bacias da Região Hidrográfica do Uruguai, ou mesmo as da Região Hidrográfica do Litoral. De forma semelhante pode-se reconhecer bacias com maior complexidade hidrogeológica, dada pela extensa lista de sistemas aqüíferos aflorantes, como é o caso das Bacias do Gravataí, Sinos, Taquari-Antas, Vacacaí, Baixo Jacuí, Ibicuí e Santa Maria. A Figura 3.2 apresenta a disponibilidade hídrica subterrânea por bacia hidrográfica. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 28 Figura 3.1 – Sistemas Aqüíferos do Estado Figura 3.2 – Disponibilidade Hídrica Subterrânea 3.2.1. Região Hidrográfica do Guaíba Na Região Hidrográfica do Guaíba observa-se a ocorrência de uma série de sistemas aqüíferos de distintas características, principalmente em bacias como a do Gravataí, Baixo Jacuí e Vacacaí – Vacacaí-Mirim, cujos limites compreendem províncias geológicas variadas, desde a planície costeira até as rochas granitóides do escudo cratônico. O Quadro 3.9 relaciona o percentual de ocorrência dos principais sistemas aqüíferos, as médias de vazão dos ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 29 principais aqüíferos nas bacias (m³/h), suas capacidades específicas (m³/h/m) e as reservas reguladoras da bacia como um todo, conforme metodologia apresentada no Relatório A.1 (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas). Quadro 3.9 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Reserva Reguladora (hm3/ano) Gravataí 214 (G10) Sinos 558 (G20) Caí 519 (G30) Taquari Antas 3.388 (G40) Alto Jacuí 2.023 (G50) Vacacaí – VacacaíMirim 568 (G60) Baixo Jacuí 1.741 (G70) Lago Guaíba 651 (G80) Pardo 465 (G90) Principais Sistemas Aqüíferos Aflorantes[1] % de Ocorrência na Bacia Barreira Marinha Botucatu/Pirambóia Aquitardos permeanos Basalto/Botucatu Embasamento Cristalino I Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Quaternário Costeiro II Serra Geral II Botucatu/Pirambóia Aquitardos permeanos Basalto/Botucatu Botucatu Quaternário Costeiro II Serra Geral II Serra Geral II Botucatu/Pirambóia Aquitardos permeanos Botucatu Quaternário Costeiro II Serra Geral II Botucatu/Pirambóia Aquitardos permeanos Botucatu Serra Geral I Serra Geral II Santa Maria Sanga do Cabral/Pirambóia 8,27 7,21 32,03 2,09 6,78 6,61 0,43 34,80 1,78 39,72 6,88 2,81 0,27 1,23 41,22 7,87 17,74 3,92 0,90 0,36 77,09 1,28 0,78 0,50 4,88 88,14 4,06 0,37 Serra Geral I Serra Geral II 87,12 12,88 Aquitardos permeanos Basalto/Botucatu Botucatu Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Aquiclude Eo-Paleozóico Palermo/Rio Bonito Serra Geral II Santa Maria Sanga do Cabral/Pirambóia Aquitardos permeanos Botucatu/Pirambóia Botucatu Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Aquiclude Eo-Paleozóico Palermo/Rio Bonito Quaternário Costeiro II Sedimentos Deltáicos Serra Geral I Serra Geral II Santa Maria Sanga do Cabral/Pirambóia Aquitardos permeanos Barreira Marinha Embasamento Cristalino I Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Quaternário Costeiro II Sedimentos Deltáicos 14,49 0,41 0,25 12,44 0,81 14,80 19,41 2,33 5,50 29,55 9,01 1,20 1,63 22,77 7,57 8,40 8,60 2,65 0,29 0,07 10,35 8,99 18,47 0,26 5,03 3,37 25,70 22,61 40,73 2,27 Botucatu Serra Geral I Serra Geral II Santa Maria Sanga do Cabral/Pirambóia 4,43 9,57 50,62 24,73 10,65 Vazão (Q) (m3/h/)[2] Capacidade Específica Média da Bacia (Qs) (m3/h/m)[1] >50m3/h 6,9 m3/h Em geral muito baixa; Barreira Marinha com Q/s muito alta. 27,5 m3/h 10 m3/h Em geral muito baixa; Botucatu confinado com Q/s baixa. 6,7 m3/h 13,5 m3/h Em geral muito baixa; Botucatu confinado com Q/s baixa. 10,8 m3/h 16,52 m3/h 3 15,1 m /h 18 m3/h 17,68 m3/h 3,8 m3/h 3 m3/h Em geral muito baixa; Serra Geral I com Q/s baixa; e Santa Maria na borda da serra com Q/s de média a muito baixa; Botucatu confinado com Q/s variando de baixa a média. Em geral baixa; Serra Geral II muito baixa com Botucatu confinado com Q/s muito baixa. Em geral muito baixa; Santa Maria na borda da serra com Q/s de média a muito baixa (Unidade hidroestratigráfica Passo das Tropas confinado com Q/s média). 8,7 m3/h 14,5 m3/h Em geral muito baixa; Santa Maria com Q/s média na encosta da serra (Unidade hidroestratigráfica Passo das Tropas confinado com Q/s média). 11,5 m3/h 10 m3/h 38 m3/h 5,2 m3/h 9,7 m3/h 13,5 m3/h ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Em geral muito baixa; Barreira Marinha com Q/s muito alta. Em geral muito baixa; Serra Geral I com Q/s baixa; e Santa Maria na borda da serra com Q/s de média a muito baixa(Unidade hidroestratigráfica Passo das Tropas confinado com Q/s média). -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica Reserva Reguladora (hm3/ano) Total da Região Hidrográfica 10.127 [1] [2] Principais Sistemas Aqüíferos Aflorantes[1] - % de Ocorrência na Bacia Vazão (Q) (m3/h/)[2] - - 30 Capacidade Específica Média da Bacia (Qs) (m3/h/m)[1] - Informações extraídas do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul (CPRM, 2005). Estimativa realizada a partir de análise do banco de dados do SIAGAS/CPRM. Fonte: Relatório A.1 (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas) do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006. De maneira geral observam-se algumas tendências importantes: 9 Grande ocorrência espacial dos sistemas aqüíferos Serra Geral praticamente em todas as bacias, principalmente em suas porções de montante, embora fornecendo vazões relativamente baixas. 9 Altas vazões nos sedimentos costeiros, principalmente aqueles relativos à barreira marinha nas Bacias do Gravataí e Lago Guaíba. 9 Altas vazões do sistema aqüífero Santa Maria nas bacias do Taquari - Antas, Pardo, Baixo Jacuí e Vacacaí, principalmente em suas porções mais baixas. Observam-se as grandes reservas reguladoras das bacias com maior área como por exemplo Taquari-Antas, Alto Jacuí e Baixo Jacuí. Ao relacioná-la com a área configurando uma disponibilidade hídrica subterrânea específica, observa-se que se destacam as bacias do Lago Guaíba, Sinos e Alto Jacuí, enquanto a bacia do Vacacaí - Vacacaí-Mirim, com extensa ocorrência de aquicludes Eo-Paleozóicos e aquitardos Permeanos, apresenta os mais baixos valores. 3.2.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Em procedimento semelhante ao desenvolvido para as Regiões Hidrográficas do Guaíba, o Quadro 3.10 sintetiza as informações hidrogeológicas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas. Quadro 3.10 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Reserva Reguladora (hm3/ano) Tramandaí 828 (L10) Litoral Médio 1.946 (L20) Camaquã 2.046 (L30) Principais Sistemas Aqüíferos Aflorantes[1] Botucatu Quaternário Costeiro I Quaternário Costeiro II Serra Geral II Serra Geral III Barreira Marinha Embasamento Cristalino III Quaternário Costeiro I Quaternário Costeiro II Serra Geral II Barreira Marinha Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Aquiclude Eo-Paleozóico Palermo/ Rio Bonito Quaternário Costeiro I Quaternário Costeiro II Quaternário Indiferenciado % de Ocorrência na Bacia 0,42 37,04 14,02 33,93 14,59 4,31 0,26 81,61 13,46 0,37 0,19 44,42 26,41 12,61 1,40 3,78 11,36 1,62 Vazão (Q) (m3/h)[2] 15,6 m3/h 71,8 m3/h 20,7 m3/h 55 m3/h 5 m3/h 34,1 m3/h ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Capacidade Específica Média da Bacia (Qs) (m3/h/m)[1] Na parte oeste mais alta Q/s muito baixas; na planície costeira Q/s altas. Em geral alta. Na porção oeste Q/s muito baixas; na planície costeira Q/s variando de médias a altas; ao longo do Camaquã Quaternário Indiferenciado com Q/s altas. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Mirim – São Gonçalo 1.445 (L40) Mampituba 206 (L50) Total da Região Hidrográfica 6.471 Aquitardos Permeanos Embasamento Cristalino I Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Aquiclude Eo-Paleozóico Palermo/ Rio Bonito Quaternário Costeiro I Quaternário Costeiro II Botucatu Quaternário Costeiro I Quaternário Costeiro II Serra Geral II Serra Geral III - 9,39 13,26 17,27 14,64 0,13 2,38 16,56 26,36 2,41 4,50 31,11 43,12 18,86 31 4 m3/h 6,4 m3/h 21,2 m3/h Na porção oeste Q/s muito baixas; na planície costeira Q/s variando de médias a altas. 9 m3/h Em geral muito baixas; Quaternário Costeiro com Q/s altas. - - - [1] Informações extraídas do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul (CPRM, 2005). [2] Estimativa realizada a partir de análise do banco de dados do SIAGAS/CPRM. Fonte: Relatório A.1 (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas) do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006. De maneira geral observam-se algumas tendências importantes: 9 Grande ocorrência espacial dos sistemas aqüíferos Quaternários Costeiros I e II, assim como da Barreira Marinha (bacia do Litoral Médio) e suas respectivas altas vazões. 9 Importância secundária dos sistemas aqüíferos Serra Geral nas bacias Tramandaí, Litoral Médio e Mampituba e dos sistemas aqüíferos do Embasamento Cristalino nas bacias do Camaquã e Mirim - São Gonçalo. As maiores disponibilidades hídricas específicas ocorrem nas bacias do Litoral Médio e Tramandaí, sendo menores nas bacias do Camaquã e Mirim-São Gonçalo, em função da extensa ocorrência de aqüíferos fraturados com baixa capacidade de armazenamento e produtividade. 3.2.3. Região Hidrográfica do Uruguai Em procedimento semelhante ao desenvolvido para as outras Regiões Hidrográficas, o Quadro 3.11 sintetiza as informações hidrogeológicas da Região Hidrográfica do Uruguai. Quadro 3.11 – Estimativa das Reservas Reguladoras de Águas Subterrâneas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Apuaê Inhandava (U10) Passo Fundo (U20) Turvo - Sta. Rosa - Sto. Cristo (U30) Piratinim (U40) Ibicuí (U50) Reserva Reguladora (hm3/ano) Principais Sistemas Aqüíferos Aflorantes [1] % de Ocorrência na Bacia Vazão (Q) (m3/h/) [2] Capacidade Específica Média da Bacia (Qs) (m3/h/m) [1] Em geral muito baixa, Serra Geral II com Q/s baixa. 2.168 Serra Geral I Serra Geral II 31,06 68,94 13,7 m3/h 1.006 Serra Geral I Serra Geral II 92,09 7,90 15 m3/h Serra Geral I Serra Geral II Basalto/Botucatu 72,89 25,75 1,35 19 m3/h 1.977 1.040 Serra Geral I Serra Geral II 73,68 26,32 16,3 m3/h 2.974 Basalto/Botucatu Botucatu/Guará I Botucatu Serra Geral I 2,81 10,23 0,13 4,14 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 27,2 m3/h 17 m3/h Em geral baixa; Botucatu confinado com Q/s média. Em geral baixa; Botucatu confinado com Q/s alta. Em geral baixa; Botucatu confinado com Q/s média. Em sua parte norte e oeste Q/s muito baixas; na parte central (Botucatu/Guará I) para sul (Sanga do Cabral/Pirambóia) Q/s -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica Quarai (U60) Santa Maria Reserva Reguladora (hm3/ano) 882 1.476 (U70) Negro 135 (U80) Ijuí 2.662 (U90) Várzea (U100) 1.977 Butuí – Icamaquã 1.370 (U110) Total da Região Hidrográfica 17.667 32 % de Ocorrência na Bacia Vazão (Q) (m3/h/) [2] Capacidade Específica Média da Bacia (Qs) (m3/h/m) [1] Serra Geral II Santa Maria Sanga do Cabral/Pirambóia 62,35 5,04 15,31 12 m3/h de médias a baixas; bem a oeste Botucatu e Guará confinados com Q/s alta. Botucatu/Guará I Serra Geral II 4,11 95,89 21,2 m3/h 8,5 m3/h Aquitardos permeanos Basalto/Botucatu Botucatu/Guará I Embasamento Cristalino II Embasamento Cristalino III Palermo/Rio Bonito Serra Geral II Sanga do Cabral/Pirambóia Aquitardos permeanos Embasamento Cristalino II Palermo/Rio Bonito Basalto/Botucatu Serra Geral I Serra Geral II Serra Geral I Serra Geral II 26,38 0,63 7,77 9,12 7,29 8,76 0,39 39,64 61,85 30,95 7,20 0,32 94,44 5,24 Basalto/Botucatu Serra Geral I Serra Geral II Sanga do Cabral/Pirambóia 5,90 10,31 83,46 0,33 6 m3/h - - Principais Sistemas Aqüíferos Aflorantes [1] 87,85 12,15 - 36 m3/h 13 m3/h 4,5 m3/h 9,6 m3/h Em geral muito baixa; Botucatu confinado com Q/s média e Botucatu/Guará I aflorante com Q/s média. Em geral muito baixa; Sanga do Cabral/Pirambóia na borda oeste com Q/s baixa e Botucatu/Guará I aflorante com Q/s média. Em geral muito baixa. 21,3 m3/h Em geral baixa; Botucatu confinado com Q/s média. 15,8 m3/h Em geral baixa; Botucatu confinado com Q/s média. Em geral muito baixa; Botucatu confinado com Q/s média. [1] Informações extraídas do Mapa Hidrogeológico do Estado do Rio Grande do Sul (CPRM, 2005). [2] Estimativa realizada a partir de análise do banco de dados do SIAGAS/CPRM. - Fonte: Relatório A.1 (Diagnóstico das Disponibilidades Hídricas) do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006. De maneira geral, observam-se algumas tendências importantes: 9 O amplo predomínio espacial dos sistemas aqüíferos Serra Geral, ocorrendo em praticamente todas as bacias já demonstrando vazões mais elevadas se comparadas às bordas dissecadas das bacias da Região Hidrográfica do Guaíba. 9 Altas vazões dos sistemas aqüíferos relacionados ao Sistema Aqüífero Guarani, tanto em suas porções aflorantes nas bacias mais a oeste no Estado (Ibicuí, Quaraí), como em boa parte de sua porção confinada; lembrando que o mesmo ocorre sotoposto às espessas camadas de basalto que o confinam. Observa-se o caráter subjetivo da denominação de ‘aqüífero’, haja vista que na bacia do Rio Negro, por exemplo, devido a não ocorrência dos principais sistemas aqüíferos do Estado, formações rochosas que forneçam vazões superiores a 6 m3/h, como do sistema aqüífero Rio Bonito, são considerados excelentes aqüíferos locais. As maiores disponibilidades hídricas específicas ocorrem nas bacias do Ijuí, Apuaê-Inhandava e Passo Fundo, sendo menores nas bacias do Negro e Santa Maria, em função da extensa ocorrência de sistemas aqüíferos com propriedades hidráulicas de pequena magnitude. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 33 4. DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DAS DEMANDAS HÍDRICAS ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 34 4. DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DAS DEMANDAS HÍDRICAS Este capítulo apresenta a situação atual e futura das demandas hídricas nas 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. A abordagem é feita para usos consuntivos2, não consuntivos3 e para lançamento de efluentes. 4.1. DIAGNÓSTICO DOS USOS CONSUNTIVOS Este item apresenta as demandas hídricas setoriais para os seguintes usos consuntivos: abastecimento humano, uso industrial, irrigação e criação animal. As demandas são apresentadas em termos de requerimento global anual e, especificamente, de requerimento para o mês de janeiro, nas 25 bacias hidrográficas. Para os quatro usos mencionados, são apresentados tanto as demandas4 como os consumos5 hídricos. 4.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba As demandas hídricas setoriais, globais e específicas, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica do Guaíba, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, são apresentadas nos Quadros 4.1 e 4.2, respectivamente. Quadro 4.1 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Humano[1] (m³/s) Irrigação[2] (m³/s) Animal[3] (m³/s) Industrial[4] (m³/s) Total (m³/s) Total Específica (L/s/km²) Gravataí (G10) 3,76 2,82 0,09 0,41 7,08 3,52 Sinos (G20) 3,40 2,41 0,10 3,42 9,33 2,54 Caí (G30) 1,10 1,26 0,28 1,54 4,18 0,84 Taquari - Antas (G40) 2,60 3,31 2,19 2,11 10,21 0,39 Alto Jacuí (G50) Vacacaí – V. Mirim (G60) 0,79 1,01 1,27 28,01 0,47 0,48 0,14 0,08 2,67 29,59 0,20 2,67 Baixo Jacuí (G70) 0,76 38,95 0,65 2,15 42,51 2,45 Lago Guaíba (G80) 3,62 9,64 0,08 4,88 18,21 7,40 Pardo (G90) 0,48 3,66 0,17 0,08 4,38 1,21 17,52 91,34 4,50 14,81 128,17 1,52 Região Hidrográfica [1] Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias, tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per capita (variando entre 125 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano, e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural). [2] Demanda hídrica para irrigação de arroz: considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias, 3 segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.000 m /ha/safra. Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga emitidos pelo DRH/SEMA (2007). 2 Usos consuntivos: usos que importam na retirada (derivação) de água do manancial, causando, por conseqüência, diminuição da disponibilidade hídrica a jusante. 3 Usos não consuntivos: compreendem as atividades que fazem uso dos mananciais sem, no entanto, alterar significativamente a sua disponibilidade hídrica no tempo e no espaço. No Rio Grande do Sul, as categorias mais importantes de uso não consuntivo, e que serão apresentadas na seqüência, são: Geração de Energia, Transporte Hidroviário Interior, Mineração, Turismo, Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. 4 Demanda: quantidade de água necessária ou retirada do manancial para a execução de uma determinada atividade. 5 Consumo: parcela da demanda efetivamente utilizada no desenvolvimento de uma determinada atividade (inclusão como matéria-prima, perdas por evaporação e/ou infiltração profunda, degradação, etc.) de forma que fique impedida de posterior utilização. OBS: a diferença quantitativa entre demanda e consumo é denominada de ‘retorno’, que consiste na parcela restante da demanda que volta ao manancial em condições de ser utilizada a jusante. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 35 [3] Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho, conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 85 L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25 L/cab/dia para galos e frangos). [4] Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii) demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o cadastro de outorgas do DRH/SEMA, 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de indústrias de grande consumo identificadas no referido cadastro de outorgas. Quadro 4.2 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Total (m³/s) Gravataí (G10) Sinos (G20) Caí (G30) Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) Humano (m³/s) 15,71 16,70 3,76 3,40 Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 11,46 9,78 0,09 0,10 0,41 3,42 1,54 8,04 1,10 5,12 0,28 20,26 2,60 13,36 2,19 2,11 6,03 0,79 4,63 0,47 0,14 115,18 161,53 1,01 0,76 113,60 157,97 0,48 0,65 0,08 2,15 4,88 Lago Guaíba (G80) 47,67 3,62 39,10 0,08 Pardo (G90) 15,56 0,48 14,83 0,17 0,08 406,69 17,52 369,85 4,50 14,81 Região Hidrográfica Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 72% das demandas hídricas na Região Hidrográfica do Guaíba, subindo esse percentual para 91% no mês de janeiro, mostrando a grande importância desse setor usuário. Em termos espaciais, cerca de 55% das demandas hídricas anuais estão concentradas apenas nas bacias do Vacacaí – Vacacaí-Mirim e Baixo Jacuí, em razão das extensas áreas de lavouras de arroz. A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, são apresentados nos Quadros 4.3 e 4.4, respectivamente. Quadro 4.3 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Total (m³/s) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Gravataí (G10) Sinos (G20) 2,70 3,29 0,75 0,68 1,77 1,51 0,06 0,07 0,12 1,03 Caí (G30) 1,67 0,22 0,79 0,20 0,46 Taquari - Antas (G40) 4,80 0,52 2,12 1,53 0,63 Alto Jacuí (G50) 1,80 0,16 1,27 0,33 0,04 Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 18,07 0,20 17,51 0,34 0,02 Baixo Jacuí (G70) Lago Guaíba (G80) 25,60 8,27 0,15 0,72 24,35 6,03 0,45 0,05 0,64 1,46 2,53 0,10 2,29 0,12 0,02 68,72 3,50 57,62 3,15 4,44 Pardo (G90) Região Hidrográfica Coeficientes de consumo adotados: Abastecimento humano (urbano e rural): 20% / Irrigação de arroz: 63% / Irrigação de outras culturas: 100% / Criação animal: 70% / Uso industrial: 30% A irrigação representa cerca de 84% do consumo anual global e 96% no mês de janeiro, demonstrando (ainda mais que em termos de demandas) a importância desse setor usuário. Em termos espaciais, as bacias do Vacacaí e Baixo Jacuí concentram cerca de 62% dos consumos globais anuais. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 36 Quadro 4.4 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Total (m³/s) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Gravataí (G10) 8,10 0,75 7,16 0,06 0,12 Sinos (G20) 7,89 0,68 6,11 0,07 1,03 Caí (G30) 4,08 0,22 3,20 0,20 0,46 11,22 0,52 8,53 1,53 0,63 5,16 0,16 4,63 0,33 0,04 Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) 71,57 99,98 0,20 0,15 71,00 98,73 0,34 0,45 0,02 0,64 Lago Guaíba (G80) 26,68 0,72 24,44 0,05 1,46 9,51 0,10 9,28 0,12 0,02 244,20 3,50 233,10 3,15 4,44 Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Pardo (G90) Região Hidrográfica Do ponto de vista de água subterrânea, a diagrama da Figura 4.1 apresenta a composição de seu uso na Região Hidrográfica do Guaíba. Dentre os bancos de dados pesquisados e utilizados para a avaliação das águas subterrâneas, destacam-se o SIAGAS (CPRM), o banco de dados do DRH/SEMA e o sistema IBGE-SIDRA (2000). 2% Não Inf ormado 4% 8% 6% Abast. Geral 8% Abast. Dom. / Animal 11% 61% Abast. Dom. / Irrigação Indústria Múltiplo Outros (lazer) Figura 4.1 – Distribuição do Uso de Água Subterrânea na Região Hidrográfica do Guaíba (Fonte: adaptado do Quadro 3.9 do Relatório A1) Ressalta-se que as bacias do Taquari-Antas e Alto Jacuí, na Região Hidrográfica do Guaíba, são as que mais se sobressaem do ponto de vista dos volumes totais extraídos. Do ponto de vista de perfil de uso das águas subterrâneas, o diagnostico aponta para a ampla preponderância de uso para fins de abastecimento, com exceção na bacia do Lago Guaíba, onde o uso na indústria acaba superando-o. Na Região Hidrográfica do Guaíba os usos na indústria vêm em segundo plano, com exceção das bacias do Vacacaí e Baixo Jacuí, onde o uso de água subterrânea para irrigação é bastante representativo. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 37 4.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas As demandas hídricas setoriais e totais, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, em termos anuais e para o mês de janeiro, são apresentadas nos Quadros 4.5 e 4.6, respectivamente. Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 96% das demandas hídricas médias na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, subindo esse percentual para 99% no mês de janeiro, o que demonstra a forte predominância desse setor usuário. Em termos espaciais, cerca de 66% das demandas hídricas anuais estão concentradas apenas na bacia hidrográfica Mirim – São Gonçalo, em razão das extensas áreas de arroz irrigado. É importante ressaltar a influência do afluxo populacional sazonal à região do Litoral Norte (bacia do Tramandaí), na época de veraneio, que eleva a demanda para uso humano de 0,30 para 0,80 m3/s. Quadro 4.5 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Humano[1] (m³/s) Irrigação[2] (m³/s) Animal[3] (m³/s) Industrial[4] (m³/s) Total (m³/s) Total Específica (L/s/km²) Tramandaí (L10) 0,30 2,97 0,06 0,32 3,64 1,33 Litoral Médio (L20) 0,15 39,74 0,18 0,06 40,13 6,20 Camaquã (L30) 0,45 33,99 0,84 0,04 35,31 1,64 Mirim – São Gonçalo (L40) 1,87 70,70 0,89 0,15 73,61 2,87 Mampituba (L50) Região Hidrográfica 0,02 2,79 1,90 149,30 0,02 1,99 0,00 0,56 1,94 154,64 0,71 2,61 [1] Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias, tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per capita (variando entre 125 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano, e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural). [2] Demanda hídrica para irrigação de arroz: considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias, 3 segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.000 m /ha/safra. Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga emitidos pelo DRH/SEMA (2007). [3] Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho, conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 85 L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25 L/cab/dia para galos e frangos). [4] Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii) demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o cadastro de outorgas do DRH/SEMA, 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de indústrias de grande consumo identificadas no referido cadastro de outorgas. Quadro 4.6 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Tramandaí (L10) Total (m³/s) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 13,22 0,81 12,03 0,06 0,32 Litoral Médio (L20) 161,56 0,15 161,17 0,18 0,06 Camaquã (L30) 139,17 0,45 137,84 0,84 0,04 Mirim – São Gonçalo (L40) Mampituba (L50) 289,66 7,75 286,75 7,71 0,89 0,02 0,15 0,00 Região Hidrográfica 613,36 1,87 0,02 3,30 605,50 1,99 0,56 A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e totais, para cada bacia hidrográfica, em termos anuais e para o mês de janeiro, são apresentados nos Quadros 4.7 e 4.8, respectivamente. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 38 Quadro 4.7 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Total (m³/s) Tramandaí (L10) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 2,05 0,06 1,85 0,04 0,10 Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) 25,01 21,93 0,03 0,09 24,84 21,24 0,13 0,59 0,02 0,01 Mirim – São Gonçalo (L40) 45,23 0,37 44,19 0,63 0,04 1,21 0,00 1,19 0,02 0,00 95,43 0,56 93,31 1,39 0,17 Mampituba (L50) Região Hidrográfica Coeficientes de consumo adotados: Abastecimento humano (urbano e rural): 20% / Irrigação de arroz: 63% / Irrigação de outras culturas: 100% / Criação animal: 70% / Uso industrial: 30% Quadro 4.8 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Total (m³/s) Tramandaí (L10) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 7,82 0,16 7,52 0,04 0,10 Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) 100,91 86,84 0,03 0,09 100,73 86,15 0,13 0,59 0,02 0,01 Mirim – São Gonçalo (L40) 180,26 0,37 179,22 0,63 0,04 4,84 0,00 4,82 0,02 0,00 380,67 0,65 378,44 1,39 0,17 Mampituba (L50) Região Hidrográfica A irrigação representa cerca de 98% do consumo global médio anual e 99% no mês de janeiro, reafirmando a predominância desse setor usuário no contexto regional. Em termos espaciais, a bacia do Mirim – São Gonçalo concentra cerca de 49% do consumo médio global anual. Do ponto de vista de água subterrânea, a diagrama da Figura 4.2 apresenta a composição de uso da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas. 0% 4% 2% 2% Não Informado 1% 15% Abast. Geral Abast. Dom. / Animal Abast. Dom. / Irrigação 76% Indústria Múltiplo Outros (lazer) Figura 4.2 – Distribuição do Uso de Água Subterrânea na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (Fonte: adaptado do Quadro 3.9 do Relatório A1) Destaca-se ainda que as Bacias do Mirim - São Gonçalo e Tramandaí na Região Hidrográfica do Litoral são as que mais se sobressaem do ponto de vista dos volumes totais extraídos. Do ponto de vista de perfil de uso das águas subterrâneas, o diagnostico aponta para a ampla preponderância de uso para fins de abastecimento, semelhante à Região Hidrográfica do Guaíba. Interessante observar o intenso uso para fins de lazer na Bacia do Tramandaí. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 39 4.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai As demandas hídricas setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica do Uruguai, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, são apresentadas nos Quadros 4.9 e 4.10, respectivamente. Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 94% das demandas hídricas da Região Hidrográfica do Uruguai, subindo esse percentual para 98%, no mês de janeiro, demonstrando a grande importância desse setor usuário. Em termos espaciais, mais de 81% das demandas hídricas anuais estão concentradas apenas nas bacias do Ibicuí, Butuí - Icamaquã e Santa Maria, em razão das extensas áreas de arroz irrigado. Quadro 4.9 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Humano[1] (m³/s) Irrigação[2] (m³/s) Animal[3] (m³/s) Industrial[4] (m³/s) Total (m³/s) Total Específica (L/s/km²) Apuaê - Inhandava (U10) 0,76 0,00 0,71 0,15 1,69 0,12 Passo Fundo (U20) 0,40 0,00 0,23 0,06 0,80 0,17 Turvo - Sta. Rosa - Sto. Cristo (U30) 0,66 0,00 0,87 0,12 2,21 0,20 Piratinim (U40) 0,15 4,09 0,28 0,00 4,60 0,60 Ibicuí (U50) Quarai (U60) 0,99 0,06 78,94 17,01 1,59 0,31 0,02 0,00 81,58 17,39 2,33 2,61 Santa Maria (U70) 0,44 32,84 0,78 0,01 34,06 2,17 Negro (U80) 0,30 4,55 0,14 0,01 5,00 1,66 Ijuí (U90) 0,72 0,05 0,40 0,13 2,53 0,24 Várzea (U100) 0,53 0,00 0,70 0,04 1,41 0,15 Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica 0,19 5,22 42,41 179,87 0,35 6,35 0,00 0,53 43,03 194,30 5,36 1,54 [1] Demanda hídrica para abastecimento humano: considerou (i) as populações urbanas e rurais residentes nas bacias, tendo como fonte de dados as estimativas municipais do IBGE para o ano de 2006, e (ii) as demandas hídricas per capita (variando entre 125 e 250 L/hab/dia, conforme o porte populacional urbano - no caso de abastecimento urbano, e 125 L/hab/dia no caso do abastecimento rural). [2] Demanda hídrica para irrigação de arroz: considerou (i) as áreas cultivadas referentes à safra 2004/2005 nas bacias, 3 segundo levantamento municipal do IRGA, e (ii) demanda hídrica por unidade de área irrigada de 12.000 m /ha/safra. Para outras culturas irrigadas foram utilizadas as demandas hídricas informadas nos respectivos processos de outorga emitidos pelo DRH/SEMA (2007). [3] Demanda hídrica para criação animal: considerou (i) o efetivo dos principais rebanhos (bovino, suíno, eqüino, ovino e aves) obtido através da Pesquisa Pecuária Municipal de 2004 e (ii) as demandas unitárias por tipo de rebanho, conforme diferentes fontes bibliográficas (45 L/cab/dia para bovinos de corte, 62 L/cab/dia para bovinos de leite, 85 L/cab/dia para suínos, 40 L/cab/dia para eqüinos, 6,0 L/cab/dia para ovinos, 0,6 L/cab/dia para galinhas e 0,25 L/cab/dia para galos e frangos). [4] Demanda hídrica para uso industrial: considerou (i) o número de indústrias por município (FEPAM, 2003) e (ii) demanda hídrica unitária de 3,0 L/s (média das demandas das indústrias de baixo e médio consumo, conforme o cadastro de outorgas do DRH/SEMA, 2007); complementarmente, foram consideradas ainda as demandas hídricas de indústrias de grande consumo identificadas no referido cadastro de outorgas. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 40 Quadro 4.10 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Apuaê - Inhandava (U10) Passo Fundo (U20) Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) Piratinim (U40) Total (m³/s) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) 1,89 1,10 0,76 0,40 0,28 0,41 Animal (m³/s) 0,71 0,23 Industrial (m³/s) 3,70 0,66 2,05 0,87 0,12 17,30 0,15 16,86 0,28 0,00 0,02 0,15 0,06 Ibicuí (U50) 322,90 0,99 320,30 1,59 Quarai (U60) 69,37 0,06 68,99 0,31 0,00 134,40 18,89 0,44 0,30 133,18 18,44 0,78 0,14 0,01 0,01 Ijuí (U90) 5,94 0,72 4,69 0,40 0,13 Várzea (U100) 1,77 0,53 0,49 0,70 0,04 Butuí - Icamaquã (U110) 172,82 0,19 172,28 0,35 0,00 Região Hidrográfica 750,08 5,22 737,97 6,35 0,53 Santa Maria (U70) Negro (U80) A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica, em termos médios anuais e para o mês de janeiro (típico de verão), são apresentados nos Quadros 4.11 e 4.12, respectivamente. Quadro 4.11 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Apuaê - Inhandava (U10) Bacia Hidrográfica 0,77 0,15 0,08 0,49 0,04 Passo Fundo (U20) Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) 0,37 1,34 0,08 0,13 0,11 0,56 0,16 0,61 0,02 0,04 Piratinim (U40) Total (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 2,86 0,03 2,63 0,20 0,00 Ibicuí (U50) 50,70 0,20 49,38 1,11 0,00 Quarai (U60) 10,87 0,01 10,63 0,22 0,00 Santa Maria (U70) 21,16 0,09 20,52 0,54 0,00 3,00 1,73 0,06 0,14 2,84 1,26 0,10 0,28 0,00 0,04 Negro (U80) Ijuí (U90) Várzea (U100) Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica 0,74 0,11 0,14 0,49 0,01 26,87 0,04 26,59 0,24 0,00 120,40 1,04 114,74 4,45 0,16 Coeficientes de consumo adotados: Abastecimento humano (urbano e rural): 20% / Irrigação de arroz: 63% / Irrigação de outras culturas: 100% / Criação animal: 70% / Uso industrial: 30% Quadro 4.12 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Apuaê - Inhandava (U10) Bacia Hidrográfica 0,97 0,15 0,28 0,49 0,04 Passo Fundo (U20) 0,67 0,08 0,41 0,16 0,02 Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) 2,83 0,13 2,05 0,61 0,04 10,88 0,03 10,65 0,20 0,00 Piratinim (U40) Ibicuí (U50) Total (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) 201,56 0,20 200,24 1,11 0,00 Quarai (U60) Santa Maria (U70) 43,35 83,87 0,01 0,09 43,12 83,24 0,22 0,54 0,00 0,00 Negro (U80) 11,68 0,06 11,53 0,10 0,00 Ijuí (U90) 5,08 0,14 4,62 0,28 0,04 Várzea (U100) 1,10 0,11 0,49 0,49 0,01 108,07 470,06 0,04 1,04 107,79 464,41 0,24 4,45 0,00 0,16 Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica A irrigação representa cerca de 95% do consumo anual global e 99% no mês de janeiro, demonstrando a predominância desse setor usuário na Região. Em termos espaciais, as bacias do Ibicuí, Butuí - Icamaquã e Santa Maria ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 41 respondem por cerca de 82% dos consumos globais anuais, evidenciando a concentração do consumo de água nessa região. Do ponto de vista de água subterrânea, a diagrama da Figura 4.3 apresenta a composição de uso da Região Hidrográfica da Bacia do Uruguai. 2% 2% 4% 3% 10% Não Informado 8% Abast. Geral Abast. Dom. / Animal 71% Abast. Dom. / Irrigação Indústria Múltiplo Outros (lazer) Figura 4.3 – Distribuição do Uso de Água Subterrânea na Região Hidrográfica do Uruguai (Fonte: adaptado do Quadro 3.9 do Relatório A1) 4.1.4. Análise Integrada O Quadro 4.13 apresenta as demandas e os consumos totais anuais em termos volumétricos (em milhões de m³, ou hm³) e específicos (L/s/km²) para cada bacia hidrográfica do Rio Grande do Sul. Verifica-se que o consumo corresponde a 60% das demandas hídricas; a demanda anual é da ordem de 15.046 hm³ (milhões de m³), representando uma vazão anual de cerca de 480 m³/s. O consumo é da ordem de 8.973 milhões de m³ - ou seja, 285 m³/s em termos de vazão média anual. Condicionada pela irrigação de arroz, as Regiões Hidrográficas do Uruguai e das Bacias Litorâneas respondem por 73% da demanda total anual do Estado; somente as bacias Mirim – São Gonçalo e Ibicuí respondem por mais de 32% da demanda anual total do Rio Grande do Sul. Em termos específicos, no entanto, destacam-se as bacias do Lago Guaíba, Litoral Médio e Butuí – Icamaquã, evidenciando a maior concentração espacial de uso de água nestas unidades. No caso do Lago Guaíba, a concentração de demandas decorre de altos valores requeridos para abastecimento humano, indústria e irrigação de arroz. Para as bacias do Litoral Médio e do Butuí – Icamaquã, por outro lado, a forte concentração de demandas é explicada unicamente pela expressiva presença da atividade orizícola. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 42 Quadro 4.13 – Demandas e Consumos Hídricos Anuais por Bacia e Região Hidrográfica do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL Demanda Total Anual (m³/s) 7,08 9,33 4,18 10,21 2,67 29,59 42,51 18,21 4,38 128,17 3,64 40,13 35,31 73,61 1,94 Consumo Total Anual (m³/s) 2,70 3,29 1,67 4,80 1,80 18,07 25,60 8,27 2,53 68,72 2,05 25,01 21,93 45,23 1,21 Demanda Anual Específica (L/s/km²) 3,52 2,54 0,84 0,39 0,20 2,67 2,45 7,40 1,21 1,52 1,33 6,20 1,64 2,87 0,71 Consumo Anual Específico (L/s/km²) 1,34 0,89 0,34 0,18 0,14 1,63 1,47 3,36 0,70 0,81 0,75 3,86 1,02 1,76 0,44 154,64 95,43 2,61 1,61 1,69 0,80 0,77 0,37 0,12 0,17 0,05 0,08 2,21 1,34 0,20 0,12 4,60 81,58 17,39 34,06 5,00 2,53 1,41 43,03 194,30 477,12 2,86 50,70 10,87 21,16 3,00 1,73 0,74 26,87 120,40 284,54 0,60 2,33 2,61 2,17 1,66 0,24 0,15 5,36 1,54 1,77 0,37 1,45 1,63 1,35 1,00 0,16 0,08 3,35 0,95 1,05 As Figuras 4.4 e 4.5 apresentam os percentuais de participação dos setores usuários nas demandas e consumos anuais das 25 bacias hidrográficas e das três grandes Regiões Hidrográficas. Verifica-se claramente a expressiva dominância da irrigação no requerimento anual de água. Esta participação é ainda mais intensa nos meses de verão (novembro a março). As Figuras 4.6 e 4.7 apresentam, através de gráficos de pizza, a participação dos setores usuários nas demandas e consumos anuais nas três Regiões Hidrográficas e no Rio Grande do Sul como um todo. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 43 Demanda Hídrica Setorial Anual (%) G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS GO50 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFCIA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Demanda (%) Pop. Urbana Pop. Rural Irrigação - Arroz Irrigação - Outras Culturas Animal Indústria Figura 4.4 – Participação Percentual das Demandas Hídricas Setoriais nas Bacias e Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul Consumo Hídrico Setorial Anual (%) G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS GO50 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFCIA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL 0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% Consumo (%) Pop. Urbana Pop. Rural Irrigação - Arroz Irrigação - Outras Culturas Animal Indústria Figura 4.5 – Participação Percentual dos Consumos Hídricos Setoriais nas Bacias e Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Região Hidrográfica do Guaíba 11,6% Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas 44 Região Hidrográfica do Uruguai 0,4% 13,7% 0,3% 1,8% 1,3% 3,3% 2,7% 3,5% 93,8% 71,3% Abastecimento Humano 96,5% Criação Animal Uso Industrial Irrigação Figura 4.6 – Distribuição das Demandas Hídricas para Usos Consuntivos nas Três Grandes Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul 2,7% 3,3% 5,4% 88,6% Abastecimento Humano Criação Animal Uso Industrial Irrigação Figura 4.7 – Distribuição das Demandas Hídricas para Usos Consuntivos no Rio Grande do Sul Em termos médios anuais para o Estado, 88,6% das demandas hídricas referem-se à irrigação, demonstrando a importância deste setor usuário. O abastecimento humano responde por 5,4% das demandas totais anuais, a indústria, por 3,3%, e a criação animal, por 2,7%. Na Região Hidrográfica do Guaíba, cerca de 14% da demanda total anual refere-se ao abastecimento humano, resultado da concentração populacional nas bacias do Gravataí, Sinos e Lago Guaíba. Nesta Região também se destaca o uso industrial, responsável por 11,6% das demandas hídricas anuais. Em todas as Regiões, no entanto, predomina a demanda para a irrigação, a qual representa 71,3% dos usos de água na Região do Guaíba, 96,5% na Região das Bacias Litorâneas e 93,8% na Região do Uruguai. Os usos consuntivos, assim como as próprias disponibilidades hídricas, apresentam variações, em termos quantitativos, ao longo do ano. A sazonalidade (variação ao longo do tempo) é um aspecto fundamental a ser considerado em estudos hidrológicos. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 45 Em muitos casos, como no Rio Grande do Sul, por exemplo, as demandas hídricas comportam-se de forma bastante distinta das disponibilidades hídricas ao longo de um ano, sendo geralmente altas quando estas são baixas, ou baixas quando estas são altas. Identificar o comportamento sazonal de ambas as variáveis, é, portanto, algo imprescindível, especialmente na determinação de balanços hídricos. Neste sentido, os gráficos das Figuras 4.8 e 4.9 apresentam a variação das demandas hídricas no Rio Grande do Sul e nas três grandes Regiões Hidrográficas ao longo do ano. Evidencia-se, desta forma, a alta demanda que ocorre nos meses de novembro, dezembro e janeiro, condicionada, especialmente, pela irrigação de arroz. 2.000 1.600 m³/s 1.200 800 400 n ju ai m ab r ar m v fe ja n z de no v ou t se t ag o ju l 0 meses Figura 4.8 – Variação da Demanda Hídrica ao Longo do Ano no Rio Grande do Sul (m³/s) A Figura 4.9 permite comparar a demanda hídrica entre as três Regiões Hidrográficas, pois apresenta a demanda em termos específicos (demanda por unidade de área). Desta forma, percebe-se claramente que, nos meses de verão, as demandas específicas (L/s/km²) são maiores na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, seguida da Região do Uruguai e, por fim, da Região Hidrográfica do Guaíba. Nos meses de inverno, no entanto, as demandas são superiores na Região Hidrográfica do Guaíba, sendo infinitamente menores nas demais Regiões. Este fato é explicado pela predominância da atividade industrial e do abastecimento humano nas bacias da Região do Guaíba. As demandas associadas a estes setores usuários não sofrem o marcado efeito da sazonalidade, como acontece com a irrigação. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 46 Região Hidrográfica do Guaíba 12 L/s/km² 8 4 ju n ai m ab r ar m fe v ja n z de no v ou t se t o ag ju l 0 meses Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas 12 L/s/km² 8 4 n ju m m ai ab r ab r ar m v fe n ja de z no v ou t se t ag o ju l 0 meses Região Hidrográfica do Uruguai 12 L/s/km² 8 4 ju n ai m ar fe v ja n de z no v ou t se t ag o ju l 0 meses Figura 4.9 – Variação da Demanda Hídrica Específica ao Longo do Ano nas Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul (L/s/km²) ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 47 4.2. DIAGNÓSTICO DOS USOS NÃO CONSUNTIVOS Os usos não consuntivos compreendem aquelas atividades que fazem uso dos mananciais, sem, no entanto, alterar significativamente a sua disponibilidade hídrica no tempo e no espaço. No Rio Grande do Sul, as categorias mais importantes de uso não consuntivo identificadas são: Geração de Energia, Transporte Hidroviário Interior, Mineração, Turismo e Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. A seguir, apresenta-se uma caracterização geral de cada categoria de uso não consuntivo. 4.2.1. Geração de Energia O aproveitamento hidrelétrico tem sofrido sensível acréscimo no Rio Grande do Sul nos últimos anos, explicado pela disponibilidade hídrica e potencial hidroenergético dos rios do Estado e pelo aumento da demanda e do valor da energia elétrica. Esse uso engloba dois tipos de empreendimentos, a saber: as Usinas Hidrelétricas (UHE) e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). A Figura 4.10 apresenta os aproveitamentos hidrelétricos do Estado. Usinas Hidrelétricas (UHE) As informações que compõem esse diagnóstico foram compiladas dos seguintes estudos: 9 EPE. Plano Decenal de Energia Elétrica – 2006-2015. Brasília: Ministério de Minas e Energia, 2006. 9 ANA. Aproveitamento do Potencial Hidráulico para Geração de Energia. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2005. 9 ANEEL. Relatório de Acompanhamento de Estudos e Projetos de Usinas Hidrelétricas. Brasília: Ministério de Minas e Energia, 2006. 9 SCP. Rumos 2015: estudos sobre o desenvolvimento regional e logística de transportes no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Secretaria da Coordenação e Planejamento do Rio Grande do Sul, 2006. 9 FEPAM. Mapeamento das PCH’s e UHE’s existentes na Região Hidrográfica do Uruguai. Porto Alegre: FEPAM, 2006. A partir da análise das informações, foi possível constatar que, nas bacias hidrográficas do Atlântico Sul, que englobam, em termos gerais, as bacias da Região Hidrográfica do Guaíba e das Bacias Litorâneas, a maioria dos rios da região apresenta pequeno potencial para produção de energia. A potência total instalada nesta região, proveniente de 7 UHEs, considerando apenas a porção no Rio Grande do Sul, é de 1.168 MW. Somando os empreendimentos que ainda não entraram em operação, a potência aumenta para 1.428 MW. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 48 Nas bacias hidrográficas do Uruguai, o potencial de geração de energia hidrelétrica proveniente de UHEs é elevado. Atualmente existe na porção brasileira um potencial hidrelétrico instalado de 3.270 MW, distribuído entre 4 aproveitamentos. Existem 6 empreendimentos previstos, com potencial de produção de energia de mais 1.375 MW. No entanto, cabe destacar que a maior parte das usinas está instalada (ou com instalação prevista) em rios de domínio federal (Uruguai e Pelotas). Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) O Proinfa – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas – é hoje o principal mecanismo de fomento à implantação de novas unidades de geração de energia elétrica, utilizando fontes alternativas, mais especificamente geração eólica, biomassa e através de PCHs e MCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas e Micro Centrais Hidrelétricas, respectivamente). Com relação a PCHs, hoje existem 14 empreendimentos na Região Hidrográfica do Atlântico Sul, totalizando cerca de 85 MW potenciais. Com os aproveitamentos previstos, a geração sobe para cerca de 300 MW nesta região. Na Região Hidrográfica do Uruguai somam-se 112 MW de potência instalada proveniente de PCHs. Com os empreendimentos projetados somamse 250 MW. São 33 aproveitamentos (em operação ou previstos). Figura 4.10 – Aproveitamentos hidrelétricos (UHEs e PCHs) 4.2.2. Transporte Hidroviário Interior ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 49 O estudo sobre o transporte hidroviário interior do Rio Grande do Sul, apresentado no presente item, está baseado na monografia de Collaziol (2003), intitulada ‘Transporte Hidroviário no Rio Grande do Sul’6, e nas informações constantes no site da Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH) do Rio Grande do Sul. Apesar do declínio no transporte hidroviário, causado principalmente pela ausência de investimentos em infra-estrutura e pela concorrência com o transporte rodoviário, o Rio Grande do Sul apresenta uma importante malha hidroviária, que pode ser potencializada, já que cresce cada vez mais o sistema econômico produtivo do Estado. Além disso, a hidrovia não apresenta problema de desmatamento e tem um custo de investimento em torno de 16% do custo da rodovia. O mais importante complexo hidroviário gaúcho para a navegação é formado pelos rios Jacuí, Taquari, Sinos, Caí, Gravataí, Lago Guaíba, Laguna dos Patos, Lagoa Mirim e canal São Gonçalo, que alcançam o Oceano Atlântico através da barra de Rio Grande. Esse complexo hidroviário interliga as zonas industriais, agroindustriais e agrícolas, passando pela Área Metropolitana de Porto Alegre, que concentra 80% do Produto Interno Bruto gaúcho e mais de 80% da produção industrial e as maiores taxas de crescimento e de investimento desse Estado. No Rio Grande do Sul, são 2.990 km de vias em condições de navegação, das quais 758 km estão sinalizadas e prontas para a atividade. As hidrovias e os portos de Cachoeira do Sul, Estrela, Porto Alegre, Pelotas e Charqueadas, e dezenas de outros terminais portuários fazem ligação direta com o mar, através do canal de Rio Grande. A Figura 4.11, na página seguinte, apresenta o complexo hidroviário e os principais portos do Estado. Os rios Uruguai e Ibicuí, apesar de serem os mais extensos, estão entre os que apresentam as piores condições de navegabilidade. As razões vão desde o assoreamento dos canais até trechos com declive acentuado. Nesses rios poderão ser desenvolvidas formas de navegação comercial, desde que haja investimentos em infra-estrutura. Sistema Portuário Gaúcho O Governo do Estado do Rio Grande do Sul tem sob sua concessão, por delegação da União, quatro Portos Organizados, dos quais três são Interiores (Porto Alegre, Cachoeira do Sul e Pelotas) e um Marítimo (Rio Grande). Há ainda, os portos de Estrela e de Charqueadas, que estão sob concessão da Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP), autarquia que também administra o Porto de Santos, controlada da PORTOBRÁS, estatal federal. Os Portos Interiores do Rio Grande do Sul estão subordinados a Superintendência de Portos e Hidrovias (SPH). Já quem administra o Super 6 COLLAZIOL, A. Transporte Hidroviário no Rio Grande do Sul. Monografia de Conclusão de Curso. UERGS: Rio Grande do Sul, 2003. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 50 Porto, Porto Novo e o Porto Velho, do Porto de Rio Grande é a Superintendência do Porto de Rio Grande (SUPRG). Tanto a SPH como a SUPRG são autarquias estaduais e estão vinculadas à Secretaria dos Transportes do Governo do Rio Grande do Sul (ST/RS). A ST/RS é responsável pelo desenvolvimento da política de gerenciamento de todas as modalidades de transportes (hidrovias, rodovias, aerovias, ferrovias e dutovias). No que diz respeito à movimentação de cargas, o porto gaúcho que mais se destaca dentro da atividade é o Porto do Rio Grande, sendo o terceiro maior em movimentação de cargas no país, com uma média aproximada de 13 milhões de toneladas por ano. Dentre os portos interiores, Porto Alegre pode ser considerado o primeiro em movimentação de cargas, com uma média aproximada de 5,8 milhões de toneladas por ano. O porto de Estrela movimenta uma média de 600 mil toneladas por ano, seguido do porto de Charqueadas, com cerca de 280 mil, e Pelotas, com aproximadamente 250 mil toneladas de cargas movimentadas por ano. Figura 4.11 – Complexo hidroviário e portos gaúchos Em termos portuários, pode-se dizer que o Porto de Rio Grande, após ter recebido vultosos investimentos, se sobressai aos demais portos gaúchos pelo grande ponto comercial marítimo e pela quantidade de cargas gerais transportadas. Os outros portos do Estado surgem como alternativas viáveis para a navegação interior e de cabotagem. O desafio é transformá-los em pólos de desenvolvimento regional. Isso se tornará uma realidade somente quando os mesmos adquirirem poder de competitividade. O Rio Grande do Sul poderá dar um salto de qualidade na sua economia, na medida em que, além de continuar a investir no grande porto gaúcho (Porto de Rio Grande), priorize ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 51 a modernização dos demais Portos Interiores e terminais portuários públicos e privados, e na recuperação das hidrovias. 4.2.3. Mineração As informações necessárias para compor este cenário foram obtidas junto ao Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) por meio de sua Diretoria de Outorga e Cadastro Mineiro (DICAM). Os dados, disponíveis no sistema SIGMINE (http://sigmine.dnpm.gov.br/), são apresentados em mapas e bases cartográficas digitais, e cada assunto é disposto como uma camada (layer) que, ao se associar a outra(s), permite realizar diferentes tipos de consultas e análises. As informações do sistema estão em constante atualização, e os dados relacionados nestes cenários foram obtidos na terceira semana de novembro de 2006. Do ponto de vista metodológico geral, os dados brutos foram retrabalhados em um Sistema de Informações Geográficas, onde foram realizadas filtragens e cruzamentos, por tipo mineral e por status dos referidos processos com as bacias hidrográficas. Dentre o universo de processos referentes aos dois tipos de atividades minerais supracitadas, descartaram-se aqueles em fase de pesquisa, ou seja, cujas licenças minerais encontram-se apenas nas primeiras etapas, consideradas prospectivas e de pesquisa. Neste diagnóstico, somente foram consideradas aquelas atividades com impactos diretos na qualidade e quantidade das águas superficiais e subterrâneas, no âmbito das bacias hidrográficas. Neste sentido, destacam-se: 9 a atividade de exploração de areia (para distintos fins), cascalho e conchas calcíferas ao longo do leito do rio ou diretamente em sua margem na planície de inundação; e 9 exploração de água mineral em escala industrial. A seguir, é apresentada uma visão geral das duas atividades de exploração mineral consideradas nesse diagnóstico: Atividade Mineral de Exploração em Calha Fluvial A partir da análise das informações obtidas, verifica-se grande número de ocorrências na Região Hidrográfica do Guaíba, especialmente nas bacias do Baixo Jacuí, Mirim – São Gonçalo, Vacacaí – Vacacaí-Mirim e Taquari – Antas. Os rios que drenam a Região Hidrográfica do Uruguai possuem poucas ocorrências. Devido ao seu grande potencial mineral para areias, como já era de se esperar, a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas apresenta a maior densidade de ocorrências quando ponderada a área total das bacias integrantes da Região. Adicionalmente aos registros do cadastro mineiro, apresentam-se algumas informações relevantes obtidas no Anuário Mineral Brasileiro de 2005 em sua última versão disponível: ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 52 9 Quantidade e valor da Produção Mineral de Areia Comercializada em 2004 no Rio Grande do Sul: Quantidade Bruta: 7.186.085 m³; Valor: R$ 61.172.316,00. 9 Principais Empresas do Ramo no Rio Grande do Sul e sua correspondente parcela de participação no mercado nacional: SOMAR – SOCIEDADE MINERADORA LTDA – 1,46%; SOCIEDADE DOS MINERADORES DE AREIA DO RIO JACUÍ SMARJA – 1,30%. As grandes extrações no Estado ocorrem na Bacia Hidrográfica do Alto-Jacuí, onde as referidas empresas possuem a maior quantidade de áreas para lavra. A Figura 4.12 mostra a ocorrência da atividade mineral por bacia hidrográfica. Figura 4.12 – Ocorrência de atividade de mineração por bacia hidrográfica Água Mineral A análise do cenário de água mineral no Rio Grande do Sul registrou um total de 89 ocorrências (negligenciando-se os requerimentos de áreas para pesquisa, em número bastante expressivo). Ao não se dispor das vazões de retirada para cada sistema de bombeamento de cada uma das plantas industriais, realizou-se a análise do número de ocorrências em cada bacia hidrográfica. Foram considerados na análise todos os tipos de água mineral para aplicações distintas independente da classificação da água ou fonte. A partir dessas informações, verifica-se grande número de ocorrência nas bacias do TaquariAntas, Caí, Gravataí, Sinos, Guaíba e Ijuí. Fatores como diversidade química das águas subterrâneas em função de vários tipos de aqüíferos presentes nas ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 53 bacias, assim como proximidade a grandes centros consumidores e saturação de mercado são determinantes na análise das ocorrências. Bacias hidrográficas como as do Taquari-Antas possuem grande diversidade de aqüíferos com distintas propriedades químicas de água, além de grandes centros consumidores. Destacam-se, por sua enorme disponibilidade de água subterrânea, as bacias hidrográficas da Região das Bacias Litorâneas. Importante ressaltar o potencial de água mineral do aqüífero Serra Geral, de grande extensão geográfica, o qual é bastante explorado na bacia do Ijuí. Os registros de extração de água mineral nas bacias do Estado estão representados na Figura 4.13. Adicionalmente aos registros do cadastro mineiro, apresentam-se, na seqüência, algumas informações relevantes obtidas no Anuário Mineral Brasileiro de 2005 em sua ultima versão disponível: 9 Quantidade e valor da Produção Mineral de Água Mineral Engarrafada em (1000 L) Comercializada em 2004 no Rio Grande do Sul: Quantidade: 235.980; Valor: R$ 81.877.560,00. 9 Principais Empresas do Ramo no Rio Grande do Sul e sua correspondente parcela de participação no mercado nacional: ÁGUAS MINERAIS SARANDI LTDA: 3,70%; EMPRESA MINERADORA CHARRUA LTDA: 3,35%; EMPRESA MINERADORA IJUÍ S/A: 3,23%. As grandes empresas mineradoras de água mineral encontram-se, respectivamente, nas Bacias Hidrográficas do rio da Várzea, do Lago Guaíba e do rio Ijuí. Figura 4.13 – Registros de extração de água mineral por bacia hidrográfica ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 54 4.2.4. Turismo e Lazer Os aspectos relacionados com ‘turismo e lazer’ foram avaliados a partir de um levantamento das atrações turísticas relacionadas aos recursos hídricos cadastradas no banco de dados da Secretaria de Estado do Turismo (SETUR), tendo sido consideradas as seguintes tipologias: Balneários; Cascatas; Pesque e pagues; Lagoas e Barragens. Como os dados disponíveis no sistema de informações consultado estão organizados com base nos municípios de ocorrência, sem a espacialização dos locais considerados, foi efetuada uma quantificação dos sítios com atrativos turísticos por município. Foi constatado que, os municípios com algum tipo de atração turística relacionada diretamente aos recursos hídricos, estão amplamente disseminados no território gaúcho. Todas as bacias do Estado possuem municípios com atrações turísticas. Apesar disso, pode-se observar uma concentração de municípios com classe correspondente ao maior número de atrativos na faixa leste do Estado. Por outro lado, a bacia do Piratinim é a menos representativa, tanto em termos do número de municípios com atrações cadastradas. A Figura 4.14 a seguir, apresenta o registro de ocorrência de atrações turísticas nos municípios gaúchos. Figura 4.14 – Registro de atrações turísticas por município ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 55 4.2.5. Pesca As informações para a composição do diagnóstico da atividade pesqueira no Estado foram extraídas da Estatística Pesqueira do Centro de Pesquisa e Gestão dos Recursos Pesqueiros Lagunares e Estuarinos - CEPERG/IBAMA (2004), do ‘Diagnóstico do Setor Pesqueiro do Rio Grande do Sul’, elaborado em 1988 pela extinta SUDEPE (Superintendência do Desenvolvimento da Pesca) e revisado pelo IBAMA em 2003, e do trabalho publicado em 2005 na Revista Atlântica (FURG), ‘Comunidades de Pescadores Artesanais no Estado do Rio Grande do Sul’, que se constitui em uma pesquisa realizada em 2001. De acordo com informações do CEPERG/IBAMA, a pesca artesanal no Estado, é realizada, principalmente, na região sul da Laguna dos Patos e seu estuário, nas Lagoas Mirim e Mangueira, e nos rios Jacuí, Uruguai, Vacacaí, entre outros. Entretanto, não podemos considerar que a pesca esteja restrita a essas áreas, já que a dificuldade no levantamento dos dados sobre a atividade pesqueira acaba alterando a consistência das informações. A Figura 4.15 apresenta os principais municípios onde a atividade pesqueira é relevante. O Rio Grande do Sul é considerado o quarto estado brasileiro em importância na produção artesanal de pescado, tendo produzido em 2004 aproximadamente 9.300 t, de acordo com dados da Estatística Pesqueira do CEPERG (CEPERG/IBAMA, 2004). Na pesca continental foram 2.820 t, dando destaque para a produção de Traíra (45,4%), Jundiá (17,7%) e Pintado (13,6%). Já na pesca marinha/estuarina, foram produzidas 6.448 t, destacandose a Corvina (29,9%), Camarão-rosa (20,1%) e Castanha (15,3%). Figura 4.15 – Municípios onde ocorre atividade pesqueira relevante ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 56 Os pescadores artesanais do Estado encontram-se agrupados em 16 colônias de pesca, cinco sindicatos de pescadores artesanais, sete associações, além de outras três associações em fase de estruturação. Apesar de ser a representatividade da categoria o objetivo principal dessas instituições, a estruturação e organização das colônias e sindicatos de pescadores é considerada deficiente. Em 2001 foram estimados 12.201 pescadores artesanais no Rio Grande do Sul, dos quais 8.841 apresentaram situação legal para o exercício da profissão, devidamente cadastrados e licenciados pelos órgãos competentes: IBAMA ou Ministério da Agricultura. O restante dos pescadores exerce a profissão sem portar nenhum tipo de documento de licenciamento para a prática da pesca. Apesar dessa estimativa, acredita-se o número de pessoas envolvidas diretamente na atividade pesqueira no Estado seja maior. A partir da análise das informações levantadas, fica evidente que a atividade pesqueira é mais concentrada na bacia hidrográfica Mirim-São Gonçalo, seguida pela bacia do Litoral Médio e do Rio Tramandaí, não pelo número de municípios onde a atividade está estabelecida, mas sim, pelo número de pescadores, licenciados ou não, que trabalham na área dessas bacias. Além das bacias hidrográficas citadas, a existência de outras áreas de pesca aponta para a importância desta atividade, já que, em pelo menos 17 das 25 bacias hidrográficas do Estado existem pescadores artesanais dependendo da atividade. 4.2.6. Preservação Ambiental Este tema foi analisado a partir do ‘Mapa de Áreas Úmidas do Rio Grande do Sul’, produzido pela Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul em 2005, buscando avaliar a distribuição dos ambientes cuja situação depende de uma forma mais direta das condições em que se encontram os recursos hídricos, tanto em termos de qualidade como de quantidade, e que são de extrema importância para a conservação da vida silvestre. Além disso, foi também considerado seu grau de proteção legal, a partir do cruzamento (em ambiente de um Sistema de Informações Geográficas) dos mesmos, com as Unidades de Conservação Estaduais e Federais do Rio Grande do Sul (UCs). A partir da análise das informações levantadas nesse diagnóstico, destaca-se o fato de que, das 25 bacias em que se divide o Estado, seis não apresentam áreas úmidas significativas, havendo uma grande concentração dessas na bacia Mirim-São Gonçalo e Ibicuí. A Figura 4.16 mostra a ocorrência de áreas destinadas à preservação ambiental no Estado. Também merece destaque o fato de sete das 25 bacias do Estado não terem nenhuma Unidade de Conservação, situação em que se encontram as bacias Vacacaí-Vacacaí Mirim, Pardo, Passo Fundo, Piratinim, Negro e Ijuí. Com relação ao grau de proteção a que estão sujeitas as áreas úmidas consideradas no estudo, as que apresentam o maior grau de cobertura legal ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 57 estão nas bacias do Gravataí e Caí; a primeira, em função da presença da APA do Banhado Grande; e a segunda, em função da presença de áreas úmidas na área abrangida pelo Parque Estadual do Delta do Jacuí. A situação é mais grave nas bacias Mirim-São Gonçalo e Ibicuí, que abrigam as maiores extensões de áreas úmidas mapeadas e cujo grau de proteção é pouco significativo, 8,75 e 12,81%, respectivamente. A média do Estado é de 12%. Destaca-se o fato de existirem bacias, como as do Vacacaí-Vacacaí Mirim, Quaraí, Santa Maria e Tramandaí, que apresentam áreas úmidas de extensões significativas, porém sem qualquer unidade de conservação que as proteja. Trata-se de objeto de preocupação, haja vista a importância dessas áreas tanto para a conservação da vida silvestre como para a gestão dos recursos hídricos. Algumas iniciativas vêm sendo adotadas buscando oferecer ao Estado uma gestão dos recursos naturais capaz de integrar o desenvolvimento econômico com proteção de locais mais sensíveis. É o caso do Programa de Gerenciamento Costeiro da FEPAM (GERCO), que visa a implantação de um processo de gestão costeira apoiado em instrumentos de planejamento e gerenciamento o qual, entra outras características, definiu um zoneamento ecológico-econômico (ZEE) na região litorânea, associado ao monitoramento de seus recursos hídricos. Figura 4.16 – Áreas destinadas à preservação ambiental 4.2.7. Análise Integrada – Usos Não Consuntivos Os principais usos não consuntivos nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul são apresentados na Figura 4.17. No Quadro 4.14 apresenta-se um breve resumo destes usos, agrupados por bacia hidrográfica. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 58 Figura 4.17 – Principais Usos Não Consuntivos nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul Quadro 4.14 – Principais Usos Não Consuntivos nas Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica Principais Usos Não Consuntivos Gravataí (G10) Sinos (G20) Navegação, Mineração e Preservação Ambiental. Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Caí (G30) Geração de Energia [1], Navegação, Mineração, Turismo & Lazer e Preservação Ambiental. Taquari - Antas (G40) Geração de Energia, Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental Alto Jacuí (G50) Geração de Energia, Mineração e Pesca. Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Baixo Jacuí (G70) Lago Guaíba (G80) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Preservação Ambiental e Pesca. Pardo (G90) Mineração e Turismo & Lazer Tramandaí (L10) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Litoral Médio (L20) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Camaquã (L30) Mirim – São Gonçalo (L40) Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Navegação, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Mampituba (L50) Navegação, Mineração, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Apuaê - Inhandava (U10) Geração de Energia e Turismo & Lazer. Passo Fundo (U20) Geração de Energia. Turvo-Sta Rosa- Sto Cristo(U30) Geração de Energia, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Piratinim (U40) Ibicuí (U50) Geração de Energia, Turismo & Lazer e Pesca. Mineração, Navegação, Turismo & Lazer, Pesca e Preservação Ambiental. Quarai (U60) Pesca e Preservação Ambiental. Santa Maria (U70) Mineração, Turismo & Lazer e Preservação Ambiental. Negro (U80) - Ijuí (U90) Várzea (U100) Geração de Energia, Navegação, Turismo & Lazer e Pesca. Geração de Energia, Mineração, Turismo & Lazer e Pesca. Butuí-Icamaquã (U110) Pesca e Preservação Ambiental. [1] No caso específico da bacia do Rio Caí, a geração de energia é um uso consuntivo, pois está associada à transposição de águas para a bacia do Rio dos Sinos. 4.3. SITUAÇÃO ATUAL QUANTO AO LANÇAMENTO DE EFLUENTES No presente item é abordado o tema relativo ao lançamento de efluentes nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Com o objetivo de caracterizar esse ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 59 tema, foram consideradas as principais fontes de lançamento de efluentes na rede hidrográfica estadual, a saber: doméstica, industrial e animal. Para cada uma dessas fontes foram calculadas as cargas lançadas ou remanescentes que atingem a rede hidrográfica, de forma direta ou indireta. 4.3.1. Domésticos A determinação da carga remanescente de DBO de origem doméstica foi realizada com base em informações decorrentes das populações municipais e dos respectivos sistemas de esgotamento sanitário, posteriormente agregados por bacias hidrográficas. Tomando por base a metodologia de cálculo utilizada no estudo Atualização do Diagnóstico da Região Hidrográfica do Guaíba (PróGuaíba – SEMA, 2003), as cargas remanescentes de DBO, para cada bacia hidrográfica, foram determinadas através dos seguintes passos: 9 Inicialmente foram determinadas as populações municipais, para o ano de 2006, através de estimativa realizada pelo IBGE, baseada em dados censitários. 9 Com base nas informações censitárias do IBGE, referente ao tema saneamento, foram determinados os percentuais das populações municipais atendidos pelos diferentes sistemas de esgotamento sanitário (rede geral, fossa séptica, fossa rudimentar, vala, outros). 9 Para fins de simplificação de cálculo, os sistemas de esgotamento sanitário foram agrupados da seguinte forma: rede geral, fossa séptica, fossa rudimentar e soluções inadequadas (englobando as modalidades vala e lançamentos diretos nos corpos de água e outros). 9 Multiplicando os referidos percentuais, para cada município, pelas populações municipais, foram determinadas as populações atendidas pelos distintos sistemas de esgotamento sanitário. 9 Através de informações das operadoras de saneamento nos municípios foram obtidas as populações municipais (ou número de domicílios) beneficiadas com sistemas de tratamento de esgotos, bem como seus respectivos níveis de eficiência quanto à remoção de DBO. 9 As populações municipais beneficiadas com sistemas de tratamento de esgotos foram subtraídas das populações anteriormente classificadas como atendidas pelo sistema de Rede Geral. 9 As cargas brutas municipais foram calculadas com base em uma taxa de 54 g/hab./dia de DBO. 9 As cargas remanescentes municipais de DBO foram calculadas a partir das populações beneficiadas com os diferentes sistemas de esgotamento sanitário, considerando-se as seguintes taxas de remoção de DBO: • Rede Geral – 50%; ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 60 • Sistemas de Tratamento de Esgotos: percentuais de remoção de DBO informados pelas operadoras; • Fossa Séptica – 44%7; • Fossa Rudimentar – 20%; • Soluções Inadequadas – 0%. 9 Para cada município foram somadas as cargas remanescentes resultantes dos diferentes sistemas de esgotamento sanitário, representando a carga remanescente municipal. 9 A partir da matriz espacial de participação da malha municipal frente à divisão hidrográfica foram agregados os valores das cargas remanescentes para cada uma das 25 bacias hidrográficas. Os resultados são apresentados por bacia hidrográfica na Figura 4.18, a qual indica o valor da carga remanescente de DBO em termos específicos (t/ano/km²) referente à população. Figura 4.18 – Carga de DBO Remanescente de Origem Doméstica (t/ano/km²) Da carga remanescente total anual de origem doméstica no Estado (127.200 t), cerca de 62% concentra-se na Região Hidrográfica do Guaíba. Em termos absolutos (t/ano), as quatro bacias hidrográficas com maior carga remanescente são: Taquari – Antas, Gravataí, Lago Guaíba e Sinos, que em conjunto, respondem por 44% do total estadual. A análise da Figura 4.18, que exprime os valores em termos de produção por unidade de área, permite inferir que as bacias onde as ações voltadas ao tratamento de esgotos devem ser desenvolvidas com prioridade são Gravataí, Lago Guaíba, Sinos e Caí. 7 DMAE, 1998. Avaliação do desempenho de tanques sépticos na cidade de Porto Alegre: caracterização dos efluentes líquidos e sólidos. (Referência fornecida pela CEAC Saneamento). ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 61 4.3.2. Industriais A base do estudo para a estimativa das cargas orgânicas lançadas em cada bacia hidrográfica pela atividade industrial, avaliadas através do parâmetro DBO, foi o ‘Diagnóstico da Poluição Hídrica Industrial na Região Hidrográfica do Guaíba’ (FEPAM, 2001). Neste diagnóstico, 3.990 indústrias com potencial de poluição hídrica significativo foram selecionadas, e a sua carga lançada foi obtida do banco de dados da FEPAM atualizado através do cadastramento das indústrias. As cargas de DBO lançadas nos municípios da Região Hidrográfica do Guaíba foram atualizadas para o ano de 2004 através da aplicação da taxa de crescimento do Valor Adicionado Bruto do setor industrial entre 2000 e 2004 do Rio Grande do Sul. Com as cargas lançadas atualizadas e o Valor Adicionado Bruto por município da Região Hidrográfica do Guaíba foi feita uma regressão para estimar a relação ‘carga de DBO x VAB industrial/municipal’. Com a equação ajustada foi possível estimar as cargas de DBO dos municípios das demais Regiões Hidrográficas (Bacias Litorâneas e Uruguai), utilizando como base, o Valor Adicionado Bruto Industrial dos municípios que integram estas Regiões. A Figura 4.19 apresenta as cargas de DBO lançadas pelo setor industrial nas bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul em termos específicos (t/ano/km²). Figura 4.19 – Carga de DBO Lançada pelo Setor Industrial A Região Hidrográfica do Guaíba é a principal responsável pela carga total lançada anualmente no Estado (72%). Em termos absolutos (t/ano), as bacias do Taquari-Antas, Sinos e Caí são as que mais carga produzem. A análise da Figura 4.19, que exprime os valores em termos de produção por unidade de área, permite inferir que as bacias onde as ações voltadas ao tratamento de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 62 efluentes industriais devem ser desenvolvidas com prioridade são Gravataí, Sinos, Caí e Lago Guaíba. 4.3.3. Suinocultura A determinação das cargas de DBO associadas à suinocultura baseou-se na estimativa da população de suínos por bacia hidrográfica e na quantificação da DBO devido aos dejetos por ela produzidos. O rebanho suinícola total foi estimado através da Pesquisa Pecuária Municipal (2004), com dados por município. Considerando a participação percentual dos municípios nas bacias hidrográficas, obteve-se o número total de cabeças por bacia. A produção média de dejetos por animal adotada foi de 8,6 L/dia, valor sugerido pela EMBRAPA e EMATER através do ‘Boletim Informativo de Pesquisa e Extensão – Manejo de Dejetos de Suínos’ publicado conjuntamente pelas duas entidades de pesquisa em 1998. Embora o sistema de produção utilizado em cada granja defina o grau de diluição dos dejetos e, conseqüentemente, suas características físico-químicas, neste trabalho adotou-se um valor único de DBO por litro de dejeto, considerado da ordem de 21.000 mg/L. O dado foi obtido do Boletim Informativo citado. A Figura 4.20 apresenta a DBO remanescente produzida pela suinocultura nas 25 bacias hidrográficas do Estado, em termos específicos (t/ano/km²). Foi considerado que da carga bruta total, 10% atingem os mananciais hídricos8 Figura 4.20 – Carga de DBO Bruta Originada pela Suinocultura Tanto em termos absolutos (t/ano) como específicos (t/ano/km²), as maiores produtoras de dejetos de suínos são as bacias do Taquari-Antas, Turvo – 8 Valor baseado em estudos recentes (Plano da Bacia do Caí) e em informações repassadas pela CEAC Produção Rural. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 63 Santa Rosa – Santo Cristo e Várzea, merecendo especial atenção com relação aos aspectos relacionados com poluição hídrica de origem animal. As três bacias apresentam densidade (número de suínos por unidade de área) de cerca de 50 animais/km². As bacias do Tramandaí, Mampituba, Quaraí, Santa Maria e Negro são as que apresentam as menores produções de dejetos. As Regiões Hidrográficas do Guaíba e Uruguai respondem, individualmente, por aproximadamente 48% da carga gerada de DBO. A análise da Figura 4.20, que exprime os valores em termos de produção por unidade de área, permite inferir que as bacias onde as ações voltadas ao tratamento de dejetos devem ser desenvolvidas com prioridade são Taquari-Antas, Várzea e Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 64 4.3.4. Análise Integrada Os principais números quanto às cargas remanescentes nos recursos hídricos são apresentados no Quadro 4.15. Quadro 4.15 – Cargas Anuais de DBO de Origem Doméstica, Industrial e da Suinocultura Totais por Região Hidrográfica do Rio Grande do Sul Cargas de DBO (t/ano) Doméstica Industrial Suinocultura 78.793 6.672 13.156 13.977 811 1.374 34.436 1.743 12.457 127.206 9.226 26.987 Região Hidrográfica REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL As maiores cargas de DBO no Estado são provenientes de efluentes domésticos, chegando a um total de 127 mil toneladas por ano. Verifica-se que a DBO doméstica total do Estado é 13 vezes maior do que a industrial e 5 vezes maior do que aquela proveniente dos efluentes da suinocultura. O Quadro 4.16 apresenta um comparativo entre as bacias hidrográficas do Estado, mostrando a carga remanescente relacionada com as três fontes estudadas, em termos específicos (t/ano/km²). Quadro 4.16 – Cargas Específicas de DBO de Origem Doméstica, Industrial e da Suinocultura Totais por Bacia Hidrográfica do Rio Grande do Sul 6,91 4,02 1,14 0,59 0,40 0,33 0,28 4,99 0,80 0,93 0,72 0,14 0,13 0,32 0,04 0,32 0,30 0,22 0,09 0,05 0,02 0,01 0,13 0,06 0,08 0,04 0,01 0,01 0,02 0,05 DBO suinocultura (t/ano/km²) 0,07 0,04 0,17 0,33 0,12 0,02 0,05 0,05 0,16 0,16 0,03 0,02 0,03 0,01 0,11 0,24 0,01 0,02 0,27 0,35 0,52 0,52 0,14 0,15 0,05 0,15 0,44 0,46 0,49 0,16 0,27 0,47 0,02 0,03 0,03 0,01 0,01 0,00 0,01 0,02 0,02 0,02 0,01 0,01 0,03 0,17 0,19 0,33 0,02 0,02 0,00 0,01 0,00 0,10 0,33 0,01 0,10 0,10 0,54 0,74 0,88 0,17 0,18 0,05 0,17 0,46 0,58 0,84 0,18 0,38 0,60 DBO doméstica (t/ano/km²) Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ – ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL DBO industrial (t/ano/km²) DBO remanescente total (t/ano/km²) 7,30 4,36 1,53 1,01 0,57 0,37 0,34 5,17 1,02 1,17 0,79 0,17 0,17 0,35 0,20 Os maiores índices de DBO remanescente, expressos em termos de t/ano/km², são constatados nas bacias hidrográficas do Gravataí, Sinos e Lago Guaíba, e estão relacionados especialmente com esgotos domésticos e industriais. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 65 Com relação aos esgotos domésticos, as maiores produtoras são as bacias do Gravataí, Sinos e Lago Guaíba. Em termos de DBO industrial, são as bacias do Gravataí, Sinos e Caí; e com relação à suinocultura, as bacias do TaquariAntas, Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo e Várzea. A análise dos mapas apresentados anteriormente (Figuras 4.18 a 4.20) permite inferir que as bacias onde as ações voltadas ao tratamento de esgotos e dejetos devem ser desenvolvidas com prioridade são: Gravataí, Lago Guaíba, Sinos, Caí, com relação a efluentes domésticos e industriais; e Taquari-Antas, Várzea e Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo, com relação à suinocultura. 4.4. PROGNÓSTICO DOS USOS CONSUNTIVOS O presente item trata das quantificações das demandas e consumos de água para situações futuras nas bacias hidrográficas do Estado do Rio Grande do Sul, com ênfase nos usos consuntivos de água. As estimativas das demandas hídricas futuras foram baseadas nas demandas atuais estimadas para o PERH/RS (item 4.1) e nas tendências de evolução previstas nos diferentes usos consuntivos identificados nas 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul (irrigação, abastecimento humano, criação animal e uso industrial) para os próximos 20 anos – horizonte de planejamento estabelecido para os estudos do Plano Estadual de Recursos Hídricos. Para cada setor usuário, foram consideradas as seguintes tendências para a projeção das demandas, às quais foram ajustadas equações matemáticas para possibilitar as estimativas futuras: 9 Abastecimento humano (urbano e rural): evolução da população total estadual no período 1980 – 2010, incluindo contagem de população até o ano de 2006 e estimativa do IBGE a partir de 2006; e evolução da população nos municípios com mais de 100 mil habitantes do ano de 2000 ao ano de 2006; 9 Uso industrial: evolução do Valor Adicionado Bruto (VAB) do setor industrial no período de 1994 a 2004; 9 Arroz irrigado: evolução da área cultivada da safra 1997/1998 a 2005/2006; 9 Irrigação para outras culturas (terras altas): evolução do Valor Adicionado Bruto (VAB) do setor agropecuário no período de 1994 a 2004; e 9 Criação animal: evolução dos principais rebanhos no Estado, do ano de 1996 a 2006. 4.4.1. Região Hidrográfica do Guaíba As demandas hídricas futuras setoriais, globais e específicas, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica do Guaíba, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, são apresentadas nos Quadros 4.17 e 4.18, respectivamente. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 66 Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 63% das demandas hídricas futuras na Região Hidrográfica do Guaíba, subindo esse percentual para 87% no mês de janeiro. A indústria também tem importância evidenciada, representando 21% das demandas anuais futuras. No verão, no entanto, esta participação cai para 7,2%, devido ao aumento do uso da água para irrigação, que passa a predominar neste período. Os consumos hídricos projetados para cada bacia hidrográfica, por sua vez, são apresentados nos Quadros 4.19 e 4.20, respectivamente. Neste caso, a irrigação representa cerca de 79% do consumo anual global projetado, que se eleva para 94% no mês de janeiro. Quadro 4.17 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Gravataí (G10) 4,53 3,11 0,09 0,96 8,68 Sinos (G20) Caí (G30) 3,78 1,21 2,66 1,39 0,10 0,29 7,94 3,57 14,48 6,46 Taquari - Antas (G40) 2,84 3,82 2,28 4,90 13,83 Alto Jacuí (G50) 0,85 3,07 0,49 0,32 4,73 Vacacaí – V. Mirim (G60) 1,15 30,81 0,50 0,19 32,66 Baixo Jacuí (G70) 0,77 42,85 0,67 4,99 49,28 Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) 4,15 0,53 10,61 4,03 0,08 0,18 11,33 0,19 26,16 4,92 Região Hidrográfica 19,82 102,34 4,68 34,37 161,20 Quadro 4.18 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Gravataí (G10) 4,53 12,60 0,09 0,96 Sinos (G20) 3,78 10,77 0,10 7,94 22,59 Caí (G30) 1,21 5,64 0,29 3,57 10,72 Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) 2,84 0,85 15,35 11,20 2,28 0,49 4,90 0,32 25,36 12,86 Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 1,15 124,96 0,50 0,19 126,81 Baixo Jacuí (G70) 0,77 173,77 0,67 4,99 180,20 Lago Guaíba (G80) 4,15 43,01 0,08 11,33 58,57 Pardo (G90) Região Hidrográfica 0,53 19,82 16,33 413,65 0,18 4,68 0,19 34,37 17,23 472,52 18,18 Quadro 4.19 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Gravataí (G10) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) 0,91 1,94 0,06 0,29 3,20 Sinos (G20) 0,76 1,66 0,07 2,38 4,87 Caí (G30) 0,24 0,87 0,20 1,07 2,39 Taquari - Antas (G40) 0,57 2,51 1,59 1,47 6,14 Alto Jacuí (G50) Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 0,17 0,23 3,07 19,26 0,34 0,35 0,10 0,06 3,67 19,90 Baixo Jacuí (G70) 0,15 26,78 0,47 1,50 28,90 Lago Guaíba (G80) 0,83 6,63 0,05 3,40 10,91 Pardo (G90) 0,11 2,52 0,12 0,06 2,81 Região Hidrográfica 3,96 65,25 3,28 10,31 82,80 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 67 Quadro 4.20 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Gravataí (G10) 0,91 7,88 0,06 0,29 9,13 Sinos (G20) 0,76 6,74 0,07 2,38 9,95 Caí (G30) Taquari - Antas (G40) 0,24 0,57 3,53 10,05 0,20 1,59 1,07 1,47 5,05 13,68 Alto Jacuí (G50) 0,17 11,20 0,34 0,10 11,81 Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) 0,23 78,10 0,35 0,06 78,74 Baixo Jacuí (G70) 0,15 108,61 0,47 1,50 110,73 Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) 0,83 0,11 26,89 10,22 0,05 0,12 3,40 0,06 31,17 10,51 Região Hidrográfica 3,96 263,22 3,28 10,31 280,77 4.4.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas As demandas hídricas futuras para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, em termos anuais e para o mês de janeiro, são apresentadas nos Quadros 4.21 e 4.22, respectivamente. Quadro 4.21 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Tramandaí (L10) Litoral Médio (L20) 0,30 0,16 3,26 43,71 0,06 0,19 0,74 0,14 4,37 44,20 Camaquã (L30) 0,46 37,39 0,87 0,08 38,80 Mirim – São Gonçalo (L40) 2,08 77,77 0,93 0,34 81,13 Mampituba (L50) 0,02 2,09 0,02 0,00 2,13 Região Hidrográfica 3,01 164,23 2,07 1,30 170,62 Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 96% das demandas hídricas futuras na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, subindo esse percentual para 99% no mês de janeiro, o que demonstra a forte predominância desse setor usuário. Em termos espaciais, cerca de 48% das demandas hídricas anuais estão concentradas apenas na bacia hidrográfica Mirim – São Gonçalo. Também se observa a influência do afluxo populacional sazonal à região do Litoral Norte (bacia do Tramandaí), na época de veraneio, elevando a demanda para uso humano de 0,30 para 0,81 m3/s. Quadro 4.22 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Tramandaí (L10) 0,81 13,23 0,06 0,74 14,84 Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) 0,16 0,46 177,29 151,63 0,19 0,87 0,14 0,08 177,77 153,04 Mirim – São Gonçalo (L40) 2,08 315,42 0,93 0,34 318,77 Mampituba (L50) 0,02 8,48 0,02 0,00 8,52 Região Hidrográfica 3,51 666,05 2,07 1,30 672,94 A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e totais, para cada bacia hidrográfica, em termos anuais e para o mês de janeiro, no horizonte de 20 anos, são apresentados nos Quadros 4.23 e 4.24, respectivamente. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 68 Quadro 4.23 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Tramandaí (L10) 0,06 2,04 0,04 0,22 2,36 Litoral Médio (L20) 0,03 27,32 0,13 0,04 27,53 Camaquã (L30) 0,09 23,37 0,61 0,03 24,09 Mirim – São Gonçalo (L40) 0,42 48,61 0,65 0,10 49,78 Mampituba (L50) Região Hidrográfica 0,00 0,60 1,31 102,64 0,02 1,45 0,00 0,39 1,33 105,09 Quadro 4.24 – Consumos Hídricos Totais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Animal (m³/s) Industrial (m³/s) Total (m³/s) Tramandaí (L10) 0,16 8,27 0,04 0,22 8,60 Litoral Médio (L20) 0,03 110,80 0,13 0,04 111,01 Camaquã (L30) 0,09 94,77 0,61 0,03 95,49 Mirim – São Gonçalo (L40) 0,42 197,14 0,65 0,10 198,31 Mampituba (L50) Região Hidrográfica 0,00 0,70 5,30 416,28 0,02 1,45 0,00 0,39 5,32 418,73 A irrigação representa cerca de 98% do consumo global médio anual e 99% no mês de janeiro, reafirmando a predominância desse setor usuário no contexto regional também em cenários futuros. 4.4.3. Região Hidrográfica do Uruguai As demandas hídricas setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica do Uruguai, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, nos cenários projetados (20 anos) são apresentadas nos Quadros 4.25 e 4.26, respectivamente. Em termos anuais, a irrigação representa cerca de 94% das demandas hídricas da Região Hidrográfica do Uruguai, subindo esse percentual para 98%, no mês de janeiro, demonstrando a grande importância desse setor usuário nos cenários futuros. Em termos espaciais, mais de 80% das demandas hídricas projetadas estão concentradas apenas nas bacias do Ibicuí, Butuí - Icamaquã e Santa Maria, em razão das extensas áreas de arroz irrigado. Quadro 4.25 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Apuaê - Inhandava (U10) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) 0,81 0,18 Animal (m³/s) 0,73 0,34 2,06 Passo Fundo (U20) 0,45 0,27 0,24 0,13 1,10 Turvo - Sta. Rosa - Sto. Cristo (U30) 0,67 1,36 0,90 0,27 3,20 Piratinim (U40) 0,16 4,69 0,29 0,00 5,14 Ibicuí (U50) Quarai (U60) 1,05 0,07 86,93 18,71 1,66 0,33 0,03 0,01 89,68 19,11 Santa Maria (U70) 0,44 36,12 0,81 0,02 37,40 Negro (U80) 0,34 5,00 0,14 0,03 5,51 Ijuí (U90) 0,73 3,03 0,41 0,30 4,48 Várzea (U100) 0,54 0,33 0,72 0,09 1,68 Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica 0,20 5,45 46,84 203,48 0,36 6,60 0,00 1,22 47,40 216,75 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Industrial (m³/s) Total (m³/s) -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 69 Quadro 4.26 – Demandas Hídricas Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai – projeção de 20 anos (2026) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Apuaê - Inhandava (U10) Bacia Hidrográfica 0,81 0,67 Animal (m³/s) 0,73 Industrial (m³/s) 0,34 Total (m³/s) 2,55 Passo Fundo (U20) 0,45 1,00 0,24 0,13 1,82 Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) Piratinim (U40) 0,67 0,16 4,95 18,93 0,90 0,29 0,27 0,00 6,80 19,38 Ibicuí (U50) 1,05 352,53 1,66 0,03 355,27 Quarai (U60) 0,07 75,89 0,33 0,01 76,29 Santa Maria (U70) 0,44 146,50 0,81 0,02 147,77 Negro (U80) Ijuí (U90) 0,34 0,73 20,29 11,09 0,14 0,41 0,03 0,30 20,80 12,54 Várzea (U100) 0,54 1,19 0,72 0,09 2,55 Butuí - Icamaquã (U110) 0,20 189,89 0,36 0,00 190,45 Região Hidrográfica 5,45 822,94 6,60 1,22 836,21 A exemplo das demandas, os consumos hídricos setoriais e globais, para cada bacia hidrográfica, em termos médios anuais e para o mês de janeiro, na projeção de 20 anos, são apresentados nos Quadros 4.27 e 4.28, respectivamente. Quadro 4.27 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais Anuais para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai – projeção de 20 anos (2026) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) Apuaê - Inhandava (U10) Bacia Hidrográfica 0,16 0,18 Animal (m³/s) 0,51 Industrial (m³/s) 0,10 Total (m³/s) 0,96 Passo Fundo (U20) 0,09 0,27 0,17 0,04 0,57 Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) 0,13 1,36 0,63 0,08 2,20 Piratinim (U40) Ibicuí (U50) 0,03 0,21 3,00 54,37 0,21 1,16 0,00 0,01 3,24 55,75 Quarai (U60) 0,01 11,69 0,23 0,00 11,94 Santa Maria (U70) 0,09 22,58 0,57 0,01 23,24 Negro (U80) 0,07 3,13 0,10 0,01 3,30 Ijuí (U90) Várzea (U100) 0,15 0,11 3,01 0,33 0,29 0,50 0,09 0,03 3,54 0,97 Butuí - Icamaquã (U110) 0,04 29,35 0,25 0,00 29,64 Região Hidrográfica 1,09 129,28 4,62 0,37 135,36 Quadro 4.28 – Consumos Hídricos Globais e Setoriais no Mês de Janeiro para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica Apuaê - Inhandava (U10) Humano (m³/s) Irrigação (m³/s) 0,16 0,67 Animal (m³/s) 0,51 Industrial (m³/s) 0,10 Total (m³/s) 1,45 Passo Fundo (U20) 0,09 1,00 0,17 0,04 1,29 Turvo - Sta.Rosa - Sto.Cristo (U30) 0,13 4,95 0,63 0,08 5,80 Piratinim (U40) 0,03 12,09 0,21 0,00 12,33 Ibicuí (U50) Quarai (U60) 0,21 0,01 220,47 47,43 1,16 0,23 0,01 0,00 221,85 47,67 Santa Maria (U70) 0,09 91,56 0,57 0,01 92,22 Negro (U80) 0,07 12,68 0,10 0,01 12,86 Ijuí (U90) 0,15 11,02 0,29 0,09 11,54 Várzea (U100) 0,11 1,19 0,50 0,03 1,83 Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica 0,04 1,09 118,95 522,02 0,25 4,62 0,00 0,37 119,24 528,10 A irrigação representa cerca de 95% do consumo anual global e 99% no mês de janeiro, demonstrando a predominância desse setor usuário na Região, também nos cenários futuros. Em termos espaciais, as bacias do Ibicuí, Butuí Icamaquã e Santa Maria respondem por cerca de 82% dos consumos globais ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 70 anuais, mostrando a extrema concentração do consumo de água nessa Região. 4.4.4. Análise Integrada No presente item é apresentada uma análise integrada quanto às demandas e consumos de água prognosticados para o ano de 2026 no Rio Grande do Sul, considerando o abastecimento humano, o uso industrial, a irrigação e a criação animal. O Quadro 4.29 apresenta as vazões anuais demandadas e consumidas no horizonte de 20 anos. O Quadro 4.30, por sua vez, apresenta os percentuais de aumento esperados nas demandas hídricas no horizonte de 20 anos nas 25 bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. Os aumentos variam de 9,8 a 77%, sendo este último incremento (77%) esperado nas bacias do Alto Jacuí e do Ijuí, explicado, principalmente, pela tendência de aumento na utilização de sistemas de irrigação para agricultura de terras altas. Verifica-se que, entre as Regiões Hidrográficas, o maior aumento deve ocorrer na Região do Guaíba, onde são esperados acréscimos da ordem de 26% com relação à demanda hídrica atual. Este incremento está condicionado, especialmente, aos aumentos esperados no uso da água pelo setor industrial. Os acréscimos estimados nas demandas totais anuais para as demais Regiões são de 10,3% para a Região das Bacias Litorâneas e 11,6% para a Região Hidrográfica do Uruguai. Quadro 4.29 – Vazões Totais Anuais Demandadas e Consumidas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica Demanda Total Anual (m³/s) G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 8,68 14,48 6,46 13,83 4,73 32,66 49,28 26,16 4,92 161,20 4,37 44,20 38,80 81,13 2,13 170,62 2,06 1,10 3,20 5,14 89,68 19,11 37,40 5,51 4,48 1,68 47,40 216,75 548,57 Consumo Total Anual (m³/s) 3,20 4,87 2,39 6,14 3,67 19,90 28,90 10,91 2,81 82,80 2,36 27,53 24,09 49,78 1,33 105,09 0,96 0,57 2,20 3,24 55,75 11,94 23,24 3,30 3,54 0,97 29,64 135,36 323,24 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 71 As duas últimas colunas do Quadro 4.30 apresentam os principais setores usuários de água nos dois cenários avaliados (atual e futuro). São citados os setores que, juntos, respondem por mais de 80% da água demandada. Identificam-se, claramente, os principais usuários condicionantes do aumento do uso da água nas unidades hidrográficas. Neste sentido, percebe-se o expressivo aumento da participação da indústria, o que pode ser corroborado, por exemplo, pela configuração das bacias da Região Hidrográfica do Guaíba. Como já evidenciado anteriormente, percebe-se também aumento expressivo da participação da irrigação em terras altas nas demandas hídricas, especialmente nas bacias do Ijuí, Alto Jacuí, Passo Fundo, Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo e Várzea, onde ela passa a ter papel relevante nas demandas hídricas totais anuais, frente aos demais setores usuários. Quadro 4.30 – Aumento Esperado nas Demandas Hídricas – projeção de 20 anos (2026) – e Setores Usuários de Maior Relevância nos Cenários Atual e Futuro Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍMIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA BACIAS LITORÂNEAS Demanda Futura - Total Anual (m³/s) Demandas Aumento em Relação ao Cenário Atual (%) Setor (es) Responsável (eis) por mais de 80% da Demanda – Cenário Atual Irrigação (arroz) e Abast. Urbano Indústria e Abast. Urbano e 55,1% Irrigação (arroz) Indústria, Irrigação (arroz) e 54,5% Abast. Irrigação (arroz), Animal, 35,5% Indústria, e Abast. Urbano Irrigação (terras altas), Abast. 77,0% Urbano e Animal Abast. Urbano e Irrigação (arroz) 32,66 10,4% Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) 49,28 26,16 4,92 4,37 44,20 38,80 15,9% Irrigação (arroz) 43,6% Irrigação (arroz) e Indústria 12,4% Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) (70,2%) e 25,8% Abast. Urbano (12,6%) 19,9% Irrigação (arroz) 10,1% Irrigação (arroz) 9,9% Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Indústria e Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) (61,4%) e Indústria (21,3%) Irrigação (arroz) e Indústria Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) 81,13 10,2% Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) 9,8% Irrigação (arroz) 10,3% Irrigação (arroz) (96,5%) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) (96,3%) Animal, Abast. Urbano e Indústria Abast. Urbano, Irrigação (terras altas) e Animal Irrigação (terras altas), Animal e Abast. Urbano Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (terras altas) e Abast. Urbano Animal, Abast. Urbano e Irrigação (terras altas) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) (91,3%) Irrigação (arroz) (84,0%) 8,68 14,48 6,46 13,83 4,73 161,20 2,13 170,62 22,7% U010 – APUAÊ – INHANDAVA 2,06 22,4% Animal, Abast. Urbano e Rural U020 – PASSO FUNDO 1,10 36,5% 3,20 44,5% 5,14 89,68 19,11 37,40 5,51 11,6% 9,9% 9,9% 9,8% 10,4% 4,48 77,0% 1,68 19,3% Animal, Abast. Urbano e Rural U030 – TURVO – S. ROSA – S.CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ URUGUAI RIO GRANDE DO SUL Setor (es) Responsável (eis) por mais de 80% da Demanda – Cenário Futuro 47,40 216,75 548,57 Abast. Urbano, Animal e Irrigação (terras altas) Animal, Irrigação (terras altas) e Abast. Urbano Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (arroz) Irrigação (terras altas), Abast. Urbano e Animal 10,2% Irrigação (arroz) 11,6% Irrigação (arroz) (92,6%) 15,0% Irrigação (arroz) (87,8%) Indústria e Abast. Urbano Indústria e Abast. Urbano Indústria, Irrigação (arroz) e Abast. Urbano Irrigação (terras altas) e Abast. Urbano Apesar de tudo, as maiores consumidoras de água no cenário projetado continuam sendo as bacias do Ibicuí, Mirim – São Gonçalo, Butuí – Icamaquã e Baixo Jacuí, devido às extensas áreas de cultivo de arroz irrigado que, embora não sofram acréscimo significativo em termos percentuais, continuam sendo determinantes de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 72 altas demandas hídricas. Ressalta-se que não foram consideradas, nas projeções das demandas hídricas, eventuais intervenções ou mudanças previstas nos sistemas de utilização da água. Nos gráficos das Figuras 4.21 e 4.22 são apresentadas as distribuições percentuais dos volumes hídricos anuais demandados nas grandes Regiões Hidrográficas e no Estado no cenário projetado (20 anos). Região Hidrográfica do Guaíba Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Região Hidrográfica do Uruguai 0,8% 12,3% 0,6% 1,8% 1,2% 21,3% 3,0% 2,5% 2,9% 93,9% 63,5% Abastecimento Humano (urbano + rural) 96,3% Uso Industrial Criação Animal Irrigação (arroz + terras altas) Figura 4.21 – Distribuição das Demandas Hídricas para Usos Consuntivos nas Três Grandes Regiões Hidrográficas do Rio Grande do Sul – projeção de 20 anos (2026) Rio Grande do Sul – projeção de 20 anos (2026) 6,7% 5,2% 2,4% 85,7% Abastecimento Humano (urbano + rural) Criação Animal Uso Industrial Irrigação (arroz + terras altas) Figura 4.22 – Distribuição das Demandas Hídricas para Usos Consuntivos no Rio Grande do Sul – projeção de 20 anos (2026) 4.5. PROGNÓSTICO DO LANÇAMENTO DE EFLUENTES No presente item é abordado o tema relativo ao lançamento de efluentes no Estado do Rio Grande do Sul, na projeção de 20 anos. A exemplo do diagnóstico, foram consideradas as principais fontes de lançamento de efluentes na rede hidrográfica estadual (doméstica, industrial e animal suínos). Para cada uma dessas fontes foram calculadas as cargas lançadas ou remanescentes de DBO que atingem a rede hidrográfica, de forma direta ou indireta. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 73 4.5.1. Domésticos A determinação da carga remanescente de DBO, de origem doméstica, no cenário projetado, foi realizada com base nas informações levantadas no diagnóstico do lançamento de efluentes e no prognóstico das demandas hídricas. O aumento das cargas remanescentes de origem doméstica foi considerado à mesma proporção do aumento das demandas hídricas nas 25 bacias hidrográficas. Os resultados são apresentados no Quadro 4.31, que indica o valor da carga remanescente de DBO (em t/ano) referente às populações projetadas nas bacias hidrográficas. Considerando o mesmo percentual de crescimento da demanda hídrica para o abastecimento humano em 20 anos, a carga remanescente total anual de origem doméstica projetada para o Estado é de cerca de 141.000 toneladas, com 64% concentrados apenas na Região Hidrográfica do Guaíba. As quatro bacias hidrográficas de maior geração de carga remanescente no cenário futuro são: Taquari – Antas, Gravataí, Sinos e Lago Guaíba. Ressalta-se que não foram considerados aumentos nos índices de tratamento de esgoto doméstico, o que, de certa forma, caracteriza um cenário potencial de geração de efluentes de origem humana. Certamente, na etapa de cenarização, deverão ser incluídas estas tendências, a partir da análise de planos e programas específicos previstos na área de saneamento básico nas diferentes regiões do Estado do Rio Grande do Sul. Quadro 4.31 – Cargas Domésticas Remanescentes de DBO – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ – ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. DBO remanescente (t/ano) 16.739 16.457 6.201 16.914 5.576 4.185 4.949 14.108 3.254 89.113 1.993 910 2.804 9.199 107 15.113 5.455 2.863 5.736 1.086 5.542 323 2.363 1.506 4.957 4.687 1.282 35.927 140.849 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 74 4.5.2. Industriais As bases do estudo para a estimativa das cargas orgânicas lançadas em cada bacia hidrográfica pela atividade industrial no cenário futuro foram os estudos do diagnóstico do lançamento de efluentes industriais e do prognóstico das demandas hídricas para o uso industrial. O percentual de aumento nas demandas hídricas para o setor foi utilizado no cálculo das cargas lançadas no cenário futuro, a partir da sua aplicação sobre as cargas atuais (Quadro 4.32). Quadro 4.32 – Cargas de DBO de Origem Industrial Lançadas – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ – ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL DBO lançada (t/ano) 1.471 2.529 2.492 5.308 1.624 487 309 726 534 15.479 253 97 262 1.267 5 1.882 780 306 858 206 529 19 165 146 524 395 114 4.044 21.404 Lembra-se que o aumento das demandas hídricas foi determinado com base no aumento do VAB industrial; portanto, a metodologia não agrega nenhuma espécie de incremento na eficiência dos sistemas de tratamento de efluentes industriais que possa ocorrer no cenário futuro. 4.5.3. Suinocultura A determinação das cargas de DBO associadas à suinocultura no cenário projetado baseou-se na estimativa do aumento do rebanho suínos esperado em 2026 com relação ao cenário atual, e na sua aplicação direta sobre as cargas remanescentes calculadas no diagnóstico. O Quadro 4.33 apresenta as cargas brutas projetadas. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 75 Quadro 4.33 – Carga de DBO Remanescente Originária do Rebanho Suíno das Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul – projeção de 20 anos (2026) Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica DBO remanescente (t/ano) G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ – ICAMAQUÃ REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL 139,2 150,9 842,5 8.978,5 1.614,0 213,5 813,3 135,9 584,1 13.472,1 87,5 139,2 737,2 366,3 76,9 1.407,1 2.526,0 929,8 3.690,2 163,4 860,8 13,1 88,7 14,0 1.132,2 3.216,6 121,1 12.756,0 27.635,1 4.5.4. Análise Integrada Embora resultado de metodologias diversas, com graus de precisão também distintos, os principais números quanto às cargas remanescentes nos recursos hídricos no cenário futuro são apresentados no Quadro 4.34. O Quadro 4.35, por sua vez, apresenta o incremento esperado na produção de DBO com relação ao cenário atual. Quadro 4.34 – Cargas Anuais Remanescentes de DBO de Origem Doméstica, Industrial e da Suinocultura Totais por Região Hidrográfica do Rio Grande do Sul – cenários atual e futuro Efluentes domésticos REG. HID. GUAÍBA REG. HID. LITORÂL REG. HID. URUGUAI RIO GRANDE DO SUL Efluentes industriais REG. HID. GUAÍBA REG. HID. LITORÂL REG. HID. URUGUAI RIO GRANDE DO SUL Efluentes de origem suinícola REG. HID. GUAÍBA REG. HID. LITORÂL REG. HID. URUGUAI RIO GRANDE DO SUL DBO (t/ano) 78.793 13.977 34.436 127.206 DBO atual (t/ano) 6.672 811 17.43 9.226 DBO futura (t/ano) 89.113 15.113 35.927 140.849 DBO futura (t/ano) 15.479 1.882 4.044 21.404 DBO atual (t/ano/km²) 0,93 0,24 0,27 0,47 DBO atual (t/ano/km²) 0,08 0,01 0,01 0,03 DBO futura (t/ano/km²) 1,05 0,26 0,28 0,53 DBO futura (t/ano/km²) 0,18 0,03 0,03 0,08 DBO atual (t/ano) DBO futura (t/ano) DBO atual (t/ano/km²) DBO futura (t/ano/km²) 13.156 1.374 12.457 26.987 13.472 1.407 12.756 27.635 ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 0,16 0,02 0,10 0,10 0,16 0,02 0,10 0,10 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 76 Quadro 4.35 – Incrementos nas Cargas Anuais de DBO de Origem Doméstica, Industrial e da Suinocultura para o Cenário Futuro (projeção de 20 anos) Região Hidrográfica REGIÃO HIDROGRÁFICA DO GUAÍBA REGIÃO HIDROGRÁFICA DAS BACIAS LITORÂNEAS REGIÃO HIDROGRÁFICA DO URUGUAI TOTAL RIO GRANDE DO SUL Crescimento Esperado nas Cargas de DBO (%) Doméstica Industrial Suinocultura 13,0% 132,0% 2,4% 8,0% 132,0% 2,4% 4,0% 132,0% 2,4% 11,0% 132,0% 2,4% ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 77 5. BALANÇOS HÍDRICOS QUALI-QUANTITATIVOS ATUAIS ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 78 5. BALANÇOS HÍDRICOS QUALI-QUANTITATIVOS ATUAIS Este Capítulo apresenta a situação atual dos recursos hídricos nas 25 bacias hidrográficas que integram o Estado, agrupadas conforme as três grandes Regiões Hidrográficas – Guaíba, Bacias Litorâneas e Uruguai. A situação dos recursos hídricos pode ser configurada basicamente através dos resultados dos chamados ‘balanços hídricos quali-quantitativos’. Com relação aos aspectos quantitativos (item 5.1), foram adotados dois instrumentos de avaliação: balanços hídricos ‘disponibilidades versus demandas’ e ‘disponibilidades versus consumos’. No que se refere à qualidade (item 5.2), optou-se pela avaliação direta das informações constantes nos bancos de dados da FEPAM/Pró-Guaíba (águas superficiais) e da CPRM (águas subterrâneas). No item 5.3 é apresentada uma análise sistêmica e integrada quanto à situação das bacias hidrográficas no cenário atual. 5.1. BALANÇOS HÍDRICOS QUANTITATIVOS ATUAIS Os balanços hídricos quantitativos são ferramentas clássicas que servem para configurar a situação quanto ao uso quantitativo dos recursos hídricos, comparando, de um lado, as disponibilidades hídricas, e, de outro, as demandas9 ou consumos10 de água. A comparação adotada refere-se à relação do segundo parâmetro (demandas ou consumos) com o primeiro (disponibilidades), através de uma divisão simples. O resultado dessa divisão (coeficiente), normalmente expresso em termos percentuais, retrata a quantidade da água disponível que está sendo efetivamente utilizada, seja quanto à captação (demandas) ou quanto ao uso efetivo (consumos). O primeiro caso expressa as situações específicas em determinados pontos das bacias hidrográficas, aproximando a situação real verificada à beira do curso de água. Já o segundo caso retrata com maior grau de fidelidade a situação geral da bacia hidrográfica, no seu todo, visto que os consumos consideram somente a parcela efetivamente utilizada da água e que não retorna aos cursos de água, após o uso. Importante destacar que as disponibilidades hídricas utilizadas nos cálculos dos balanços hídricos consideram tanto a parcela de água fluente nos cursos de água, quanto a parcela armazenada em reservatórios artificiais (barragens) ou naturais (lagos e lagoas) que efetivamente são utilizadas para atender aos usos consuntivos. 9 Entende-se por demanda hídrica a quantidade de água necessária ou que é retirada para a execução de uma determinada atividade, representando, assim, a quantidade de água que é extraída do manancial. 10 Entende-se por consumo hídrico a parcela da demanda que é efetivamente utilizada no desenvolvimento de determinada atividade, seja por sua inclusão como matéria-prima no processo, seja por perdas como a evaporação e infiltração profunda, ou mesmo por degradação de tal forma que impeça a sua posterior utilização. A diferença quantitativa entre a demanda e o consumo é denominada de retorno. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 79 Os balanços hídricos quantitativos para efeito do Plano Estadual de Recursos Hídricos foram elaborados nas 25 bacias hidrográficas considerando-se as seguintes situações de oferta e demanda de água em cada bacia: Tipo de Oferta de Água Disponibilidade Média Anual Tipo de Demanda por Água [1] X [2] Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) Disponibilidade Média de Verão (janeiro) [3] Disponibilidade Mínima de Verão (janeiro) [1] [4] Demanda Total Anual X Demanda Total Anual X Demanda Total de Verão (janeiro) X Demanda Total de Verão (janeiro) Consumo Total Anual Disponibilidade Média Anual X Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) X Consumo Total Anual Disponibilidade Média de Verão (janeiro) X Consumo Total de Verão (janeiro) Disponibilidade Mínima de Verão (janeiro) X Consumo Total de Verão (janeiro) Disponibilidade Média Anual: média de todos os valores da série de vazões registrada = vazão de longo período. [2] Disponibilidade Mínima Anual (Q95%): vazão igualada ou superada em 95% do tempo (a disponibilidade só é inferior a esta vazão em 5% do tempo). Esta vazão foi considerada como referência de vazão mínima para a disponibilidade hídrica no Plano Nacional de Recursos Hídricos; assim, pode-se considerar a Q95% como a vazão de referência para a disponibilidade hídrica também no PERH/RS. [3] Disponibilidade Média de Verão (janeiro): média das vazões médias de janeiro da série considerada. [4] Disponibilidade Mínima de Verão (janeiro): menor valor encontrado entre as vazões médias do mês de janeiro dentro da série considerada. Os resultados de tais balanços são apresentados nos itens seguintes, por Região Hidrográfica e por Bacia. 5.1.1. Região Hidrográfica do Guaíba Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com as demandas de água são apresentados no Quadro 5.1, para cada bacia hidrográfica da Região Hidrográfica do Guaíba, em termos percentuais (parcela da disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos considerados). As Figuras 5.1, 5.2 e 5.3, ao final deste item, apresentam, respectivamente os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Demanda Média Anual versus Disponibilidade Média Anual’, ‘Demanda Média Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Quadro 5.1 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Gravataí (G10) Sinos (G20) Caí (G30) Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Vacacaí – Vac.-Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) Região Hidrográfica [1] Demanda Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual 17,9% 9,7% 4,1% 1,5% 0,8% 5,1% 1,4% 0,7% 2,8% 4,3% Demanda Verão / Dispon. Demanda Verão / Demanda Méd. Anual / Mín. Verão [1] Dispon. Mín. Anual (Q95%) Dispon. Méd. Verão [1] 142,5% 90,4% 253,1% 113,5% 26,1% 294,8% 60,4% 14,6% 105,6% 21,3% 4,7% 82,4% 11,0% 3,0% 39,4% 150,8% 49,4% 8674,1% 16,5% 11,0% 166,7% 7,8% 3,2% 40,4% 56,3% 17,4% 179,0% 46,7% 23,8% 300,1% Disponibilidade do mês de janeiro. Em termos médios anuais não são verificadas situações problemáticas, sendo que na média da Região Hidrográfica do Guaíba, apenas 4,3% das disponibilidades médias anuais são atualmente demandadas. Em termos ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 80 médios para o mês de janeiro, são observados situações indicativas de déficits hídricos nas bacias do Gravataí e Vacacaí – Vacacaí-Mirim. Considerando as disponibilidades mínimas (Q95% e vazão mínima mensal de janeiro), características de situações de menor disponibilidade hídrica, somente não se verificam indicativos de insuficiências hídricas, nas bacias do Alto Jacuí e Lago Guaíba. Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com os consumos de água, são apresentados no Quadro 5.2, para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais. As Figuras 5.4, 5.5 e 5.6, ao final deste item, apresentam-se, respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Média Anual’, ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Consumo de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Quadro 5.2 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Consumo Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual Gravataí (G10) Sinos (G20) Caí (G30) Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) Região Hidrográfica [1] 5,4% 3,2% 1,6% 0,7% 0,6% 3,2% 0,9% 0,3% 1,6% 2,2% Consumo Méd. Anual / Dispon. Mín. Anual (Q95%) 43,3% 37,3% 23,9% 9,7% 7,4% 95,4% 10,0% 3,2% 32,0% 23,3% Consumo Verão / Consumo Verão / Dispon. Dispon. Méd. Verão[1] Mín. Verão[1] 39,6% 11,5% 7,4% 2,6% 2,5% 33,2% 7,0% 1,7% 10,7% 14,3% 111,0% 129,9% 53,3% 44,7% 33,7% 5819,9% 105,6% 21,6% 110,4% 180,3% Disponibilidade do mês de janeiro. Neste caso, considera-se nos balanços hídricos apenas a parcela da demanda efetivamente consumida, ou que não retorna ao manancial. Esta abordagem apresenta uma configuração para a bacia hidrográfica como um todo com maior fidelidade à situação real. Os balanços hídricos considerando os consumos permitem verificar as situações mais reais no âmbito de cada bacia hidrográfica. Nessa ótica, observam-se situações mais extremas, quanto à insuficiência hídrica, nas bacias do Gravataí e Vacacaí – Vacacaí-Mirim, notadamente nos meses de verão, em razão da irrigação de arroz. As bacias do Pardo e Sinos aproximam-se de situações de insuficiência, principalmente nos períodos de verão. 5.1.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com as demandas de água, considerando as quatro hipóteses de disponibilidade, são apresentados no Quadro 5.3, para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais (parcela da disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos considerados). As Figuras 5.1, 5.2 e 5.3, ao final deste item, apresentam, respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Demanda Média Anual versus ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 81 Disponibilidade Média Anual’, ‘Demanda Média Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Em termos médios anuais verifica-se uma situação de maior comprometimento das disponibilidades hídricas apenas na bacia do Mampituba, com 20,9%, enquanto a proporção média utilizada de água na região é de 5,1%. Para o mês de janeiro, em termos médios, são observados indícios de déficits hídricos no Mampituba e na Mirim – São Gonçalo. Quadro 5.3 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Demanda Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual Tramandaí (L10) Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) Mirim – São Gonçalo (L40) Mampituba (L50) Região Hidrográfica [1] 4,9% 9,8% 2,4% 7,2% 20,9% 5,1% Demanda Méd. Anual / Dispon. Mín. Anual (Q95%) 10,2% 20,1% 45,0% 123,2% 43,0% 46,8% Demanda Verão / Dispon. Méd. Verão [1] 15,3% 37,3% 21,8% 50,8% 81,5% 36,5% Demanda Verão / Dispon. Mín. Verão [1] 45,7% 111,6% 234,5% 252,5% 244,2% 188,7% Disponibilidade do mês de janeiro. Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com os consumos de água, considerando as mesmas quatro hipóteses de disponibilidade antes referidas, são apresentadas no Quadro 5.4, para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais. Quadro 5.4 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Consumo Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual Tramandaí (L10) Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) Mirim – São Gonçalo (L40) Mampituba (L50) Região Hidrográfica [1] 2,6% 7,0% 1,6% 4,6% 13,0% 3,3% Consumo Méd. Anual / Dispon. Mín. Anual (Q95%) 5,3% 14,4% 29,9% 78,6% 26,9% 30,5% Consumo Verão / Dispon. Méd. Verão [1] 8,9% 27,1% 14,8% 33,6% 51,0% 24,2% Consumo Verão / Dispon. Mín. Verão [1] 26,5% 81,1% 158,8% 166,9% 152,9% 125,5% Disponibilidade do mês de janeiro. As Figuras 5.4, 5.5 e 5.6, ao final deste item, apresentam, respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Média Anual’, ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Consumo de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Considerando nos balanços hídricos apenas as parcelas efetivamente consumidas, a situação torna-se menos severa, tendo-se, na média anual, um consumo global da ordem de 3,34% das disponibilidades, sendo que no verão esse percentual eleva-se para 24,2%, em termos médios. Em situações mais críticas quanto à disponibilidade hídrica verifica-se uma igualdade entre os consumos e as demandas, em termos mínimos anuais, na Região, sendo mais severos na bacia Mirim – São Gonçalo, com tendências de problemas nas bacias do Camaquã e Mampituba. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 82 5.1.3. Região Hidrográfica do Uruguai Os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com as demandas de água, considerando as quatro hipóteses de disponibilidade, são apresentadas no Quadro 5.5, para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais (ou seja, parcela da disponibilidade que é atualmente demandada pelos usos consuntivos considerados). As Figuras 5.1, 5.2 e 5.3, ao final deste item, apresentam, respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Demanda Média Anual versus Disponibilidade Média Anual’, ‘Demanda Média Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Quadro 5.5 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Demandas para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Apuaê - Inhandava (U10) Passo Fundo (U20) Turvo – S. Rosa – S. Cristo (U30) Piratinim (U40) Ibicuí (U50) Quarai (U60) Santa Maria (U70) Negro (U80) Ijuí (U90) Várzea (U100) Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica [1] Demanda Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual 0,4% 0,6% 0,8% 1,2% 3,5% 1,9% 2,1% 2,1% 0,9% 0,5% 14,7% 2,9% Demanda Méd. Anual / Dispon. Mín. Anual (Q95%) 6,3% 5,9% 7,9% 14,4% 75,8% 43,0% 39,5% 72,2% 6,2% 5,2% 174,7% 39,0% Demanda Verão / Dispon. Méd. Verão [1] 0,8% 1,1% 1,9% 7,2% 30,1% 12,4% 16,6% 14,2% 2,9% 1,2% 121,4% 18,8% Demanda Verão / Dispon. Mín. Verão [1] 5,3% 5,2% 11,2% 36,5% 512,5% 585,8% 761,3% 1074,1% 16,0% 8,3% 2319,5% 158,7% Disponibilidade do mês de janeiro. Em termos médios anuais não são verificadas situações problemáticas, sendo que na média da Região Hidrográfica do Uruguai, apenas 2,9% das disponibilidades médias anuais são atualmente demandadas (o menos percentual entre as Regiões Hidrográficas). Em termos médios, para o mês de janeiro, típico de verão, são observados déficits hídricos em uma única bacia, a saber: Butuí – Icamaquã. Já os resultados dos balanços hídricos confrontando as disponibilidades hídricas com os consumos de água, considerando as mesmas quatro hipóteses de disponibilidade antes referidas, são apresentadas no Quadro 5.6, para cada bacia hidrográfica, em termos percentuais. Para os períodos de estiagem, percebe-se indicativos de déficits hídricos nas bacias dos rios Ibicuí, Quarai, Santa Maria, Negro e Butuí – Icamaquã. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 83 Quadro 5.6 – Balanços Hídricos: Disponibilidades versus Consumos para as Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Apuaê - Inhandava (U10) Passo Fundo (U20) Turvo - S. Rosa - S. Cristo (U30) Piratinim (U40) Ibicuí (U50) Quarai (U60) Santa Maria (U70) Negro (U80) Ijuí (U90) Várzea (U100) Butuí - Icamaquã (U110) Região Hidrográfica [1] Consumo Méd. Anual / Dispon. Méd. Anual 0,2% 0,3% 0,5% 0,8% 2,3% 1,3% 1,5% 1,3% 0,6% 0,3% 9,3% 1,9% Consumo Méd. Anual / Dispon. Mín. Anual (Q95%) 2,9% 2,7% 4,8% 9,3% 49,1% 29,9% 28,1% 43,3% 4,2% 2,7% 111,1% 25,1% Consumo Verão / Dispon. Méd. Verão [1] 0,4% 0,7% 1,4% 4,8% 19,7% 8,6% 12,3% 10,2% 2,5% 0,7% 77,4% 12,4% Consumo Verão / Dispon. Mín. Verão [1] 2,7% 3,2% 8,6% 24,4% 335,7% 410,1% 564,8% 768,0% 13,7% 5,2% 1479,1% 105,1% Disponibilidade do mês de janeiro. As Figuras 5.4, 5.5 e 5.6 apresentam, respectivamente, os resultados dos seguintes balanços hídricos: ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Média Anual’, ‘Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%)’ e ‘Consumo de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão’. Observam-se situações mais extremas, quanto à insuficiência hídrica, nas bacias do Ibicuí, Quaraí, Santa Maria, Negro e Butuí - Icamaquã, notadamente nos meses de verão, em razão da irrigação do arroz. Figura 5.1 – Balanço Hídrico: Demanda Média Anual versus Disponibilidade Média Anual ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 84 Figura 5.2 – Balanço Hídrico: Demanda Média Anual versus Disponibilidade Mínima Anual Figura 5.3 – Balanço Hídrico: Demanda de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 85 Figura 5.4 – Balanço Hídrico: Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Média Anual Figura 5.5 – Balanço Hídrico: Consumo Médio Anual versus Disponibilidade Mínima Anual (para permanência de 95% - Q95%) ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 86 Figura 5.6 – Balanço Hídrico: Consumo de Verão (mês de janeiro) versus Disponibilidade Média de Verão 5.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA Este item apresenta uma análise dos aspectos qualitativos dos recursos hídricos das bacias hidrográficas das três regiões hidrográficas do Estado. 5.2.1. Região Hidrográfica do Guaíba Para a Região Hidrográfica do Guaíba, a situação da qualidade das águas superficiais foi determinada com base no Índice de Qualidade das Águas11 (IQA), considerando os seguintes parâmetros: oxigênio dissolvido, coliformes fecais, demanda bioquímica de oxigênio, pH, nitrogênio amoniacal, fosfato total, turbidez e sólidos totais. O IQA consiste em um índice ou nota final obtida através da consideração, ponderada em uma equação, dos parâmetros antes relacionados. Como resultado tem-se um índice ou nota, que classifica as águas superficiais pelas seguintes faixas: Valores do IQA Classificação das águas 0 a 25 Muito Ruim 26 a 50 Ruim 51 a 70 Regular 71 a 90 91 a 100 Boa Excelente A situação atual referente à qualidade atual das águas superficiais, com base nas informações sistematizadas disponíveis (banco de dados FEPAM/PRÓGUAÍBA), é apresentada, de forma sintetizada, no Quadro 5.7. 11 Adaptado da metodologia proposta pela National Sanitation Foundation. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 87 Quadro 5.7 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Gravataí (G10) Sinos (G20) Caí (G30) Taquari - Antas (G40) Alto Jacuí (G50) Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) Baixo Jacuí (G70) Lago Guaíba (G80) Pardo (G90) Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais O Rio Gravataí apresenta IQA Regular para o trecho do Chico Lomã até o Passo dos Negros; deste ponto até a captação para Cachoeirinha apresenta IQA Ruim, podendo atingir o nível Muito Ruim junto à sua foz. A redução na qualidade das águas no sentido montante-jusante decorre, principalmente, dos lançamentos de esgotos domésticos e industriais. O Rio dos Sinos apresenta IQA variando entre Bom-Regular para o trecho compreendido entre as suas nascentes e a localidade de Santa Cristina. Deste ponto até a foz a faixa predominante de IQA é Regular. Junto à foz dos arroios Luiz Rau e Portão são observadas as piores situações, com IQA variando de Ruim a Muito Ruim. A origem da degradação das águas decorre do lançamento de esgotos domésticos e industriais. O Rio Caí, entre São Francisco de Paula e Canela apresenta águas classificadas como Boas (IQA). Deste ponto até a foz, em Morretes, a qualidade predominante é Regular, podendo atingir a classificação Boa entre o Pólo e a foz. Os lançamentos de efluentes industriais são predominantes na Bacia. As águas do sistema Taquari - Antas variam entre a classificação, quanto ao IQA, Boa e Regular, com predominância desta última. Há uma leve tendência de piora na situação de qualidade das águas no sentido de jusante. O Rio Jacuí, em seu trecho superior, compreendido entre suas nascentes e Agudo, apresenta classificação variando entre Boa e Regular (IQA), com predominância da primeira. A pior situação é verificada junto à cidade de Espumoso. As águas dos rios Vacacaí e Vacacaí-Mirim possuem classificação Regular, quanto ao IQA, apresentando pouca variação. A qualidade das águas do Rio Jacuí, entre Cachoeira do Sul e a sua foz, variam de Regular a Boa. A pior situação, classificação Ruim, foi verificada em São Jerônimo e a melhor, Boa, na sua foz. O Lago Guaíba apresenta três compartimentos distintos: o canal de navegação e as margens esquerda e direita. No canal de navegação a qualidade das águas varia entre Boa e Regular, melhorando sistematicamente para jusante, a partir do arroio Dilúvio. Na margem esquerda (onde se encontra Porto Alegre) há forte variação na qualidade das águas, desde Muito Ruim, na foz do arroio Dilúvio, até Boa no Lami, com predominância da classificação Regular. Na margem direita, a classificação varia entre Regular e Boa, com as piores condições junto à cidade de Guaíba e ao arroio Celupa. As águas do Rio Pardo, incluindo o Pardinho, apresentam degradação qualitativa no sentido montante-jusante, variando entre Boa e Regular, quanto ao IQA. Fonte: Atualização do Diagnóstico da Região Hidrográfica do Guaíba. Pró-Guaíba, 2004. A Figura 5.7, ao final deste item, apresenta a situação atual da qualidade das águas superficiais na Região Hidrográfica do Guaíba, comparativamente às demais regiões hidrográficas, em termos genéricos. É importante comentar que as situações de qualidade das águas nas três Regiões resultam de distintas bases de informações e parâmetros analisados, e que a comparação unificada somente permite uma aproximação quanto a situações mais genéricas do tipo: preocupante, alerta e conforto. As águas subterrâneas dos principais aqüíferos da Região Hidrográfica do Guaíba possuem tendência à potabilidade, existindo entretanto algumas regiões onde as mesmas podem ser consideradas impróprias para uso no abastecimento e irrigação. Estas restrições devem-se às características naturais dos sistemas aqüíferos que as condicionam. São águas muito salinizadas, com altos valores de STD e condutividade, como, por exemplo, o caso de porções do sistema aqüífero sedimentos deltáicos na bacia do Lago Guaíba, porções do sistema aqüífero quaternário costeiro II na bacia do Gravataí, ou mesmo porções do sistema aqüífero Santa Maria nas bacias do Taquari - Antas, Pardo, Baixo Jacuí e Vacacaí – Vacacaí-Mirim. Nestes, inclusive, podem ocorrer unidades aqüíferas com altos teores de flúor, acima dos padrões de potabilidade. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 88 5.2.2. Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Para a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, a situação atual referente à qualidade das águas superficiais foi determinada com base nas informações relativas à balneabilidade em águas doces (obtidas diretamente no site da FEPAM) e complementadas por informações específicas dos estudos realizados em algumas bacias hidrográficas, notadamente no Tramandaí. A situação atual, retratada em termos de percentuais de locais (dentre os monitorados) próprios quanto à balneabilidade, é apresentada, de forma sintetizada, no Quadro 5.8. A Figura 5.7, ao final deste item, apresenta a situação atual da qualidade das águas superficiais na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas, comparativamente às demais Regiões Hidrográficas, em termos genéricos. É importante comentar novamente que as situações de qualidade das águas nas três Regiões Hidrográficas resultam de distintas bases de informações e parâmetros analisados, e que a comparação unificada somente permite uma aproximação quanto a situações mais genéricas do tipo: preocupante, alerta e conforto. Quadro 5.8 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas Bacia Hidrográfica Tramandaí (L10) Litoral Médio (L20) Camaquã (L30) Mirim – São Gonçalo (L40) Mampituba (L50) Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais Apenas 10% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como impróprios, o que indica as boas condições da qualidade da água na Bacia. Os dados disponíveis no Plano da Bacia também indicam uma boa situação com os corpos hídricos sendo classificados em Classes 1 e 2 da Resolução CONAMA 357/2005, com algumas exceções. Apenas 7% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como impróprios, o que indica as boas condições da qualidade da água na Bacia. 25% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como impróprios, o que indica problemas com a qualidade da água, principalmente próximo a centros urbanos. 25% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como impróprios, o que indica poucos problemas com a qualidade da água, principalmente próximo a centros urbanos. 20% dos pontos do Projeto de Balneabilidade (FEPAM) foram classificados como impróprios, o que indica problemas com a qualidade da água, principalmente próximo a centros urbanos (Torres). As águas subterrâneas dos principais aqüíferos da Região Hidrográfica do Litoral são em sua grande extensão potáveis do tipo bicarbonatadas a cloretadas sódicas. Em algumas porções, principalmente do sistema aqüífero Quaternário Costeiro II, podem ocorrer zonas de água salobra e salgada ou mesmo teores excessivos de ferro, tornando-as impróprias para uso no abastecimento e irrigação. 5.2.3. Região Hidrográfica do Uruguai Para a Região Hidrográfica do Uruguai, a situação atual referente à qualidade das águas superficiais foi determinada com base nas informações contidas no Caderno Regional da Região Hidrográfica do Uruguai do Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH, 2006), que considerou a Classe de Uso (conforme a Resolução CONAMA 357/05) para os parâmetros oxigênio dissolvido e demanda bioquímica de oxigênio, obtidos de estações operadas pela Agência Nacional de Águas – ANA. Importante lembrar que a citada Resolução estabelece diferentes Classes conforme os usos das águas superficiais (Quadro 5.9). ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 89 Quadro 5.9 – Usos da Água e Associação com as Classes de Qualidade de Água da Resolução CONAMA 357/05 Usos da Água Abastecimento humano com desinfecção Preservação dos ambientes aquáticos Abastecimento com tratamento simplificado Proteção das comunidades aquáticas Recreação de contato primário Irrigação de hortaliças Abastecimento com tratamento convencional [1] Pesca e aqüicultura Irrigação de grãos Recreação de contato secundário Criação animal Navegação Paisagismo [1] Especial X X 1 X X X X Classes de Uso 2 X X X X X 3 4 X X X X X X ou avançado. O resultado da abordagem quanto à qualidade das águas na Região Hidrográfica do Uruguai, é apresentado, de forma sintetizada, no Quadro 5.10. Quadro 5.10 – Síntese de Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Uruguai Bacia Hidrográfica Situação Atual da Qualidade das Águas Superficiais Apuaê - Inhandava (U10) Apresenta Classes 1 e 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Passo Fundo (U20) Apresenta Classe 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Turvo - Santa RosaSanto Cristo (U30) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO, indicando alguns problemas quando a qualidade das águas, principalmente em pontos localizados próximos a cidades. Piratinim (U40) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Ibicuí (U50) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Quarai (U60) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO, indicando alguns problemas quando a qualidade das águas, principalmente em pontos localizados próximos a cidades. Santa Maria (U70) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 3 para a DBO, indicando alguns problemas quando a qualidade das águas, principalmente em pontos localizados próximos a cidades. Negro (U80) Apresenta Classe 1 para o parâmetro OD e Classe 4 para a DBO, indicando um alto índice de poluição oriunda dos esgotos da sede urbana de Bagé. Ijuí (U90) Apresenta Classe 1 para o parâmetro OD e Classe 2 para a DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Várzea (U100) Apresenta Classe 2 para os parâmetros OD e DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Butuí - Icamaquã (U110) Apresenta Classe 2 para o parâmetro OD e Classe 1 para a DBO, indicando uma situação confortável quando a qualidade das águas, exceto em alguns pontos localizados próximos a cidades. Fonte: Caderno Regional da Região Hidrográfica do Uruguai. PNRH, 2006. Plano Estadual de Recursos Hídricos. Ecoplan, 2006. Na Figura 5.7 é apresentada a situação atual da qualidade das águas superficiais na Região Hidrográfica do Uruguai, comparativamente às demais regiões hidrográficas, em termos genéricos. As águas subterrâneas da Região Hidrográfica do Uruguai possuem forte tendência à potabilidade, variando de tipos bicarbonatadas cálcicas a mistas ou bicarbonatadas sódicas em seu principal sistema aqüífero – sistema aqüífero Serra Geral I e II, e bicarbonatadas cálcicas a mistas e cloretadas sódicas no sistema aqüífero Botucatu/Guará I e Botucatu/Pirambóia. Restrições quanto ao uso ocorrem principalmente em algumas porções dos sistemas aqüíferos Santa Maria, na bacia do Ibicuí, devido a altas ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 90 concentrações salinas e, eventualmente altos teores de flúor, assim como no sistema aqüífero Rio Bonito nas bacias do Negro e Santa Maria, bastante salinizado quando confinado. Figura 5.7 – Situação Qualitativa dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas do Rio Grande do Sul O mapa apresentado na Figura 5.7 é resultado da agregação de três bases de informações distintas (uma para cada região hidrográfica): IQA para a Região Hidrográfica do Guaíba, Classes de Uso conforme a Resolução CONAMA 357/05 para a Região Hidrográfica do Uruguai e balneabilidade em águas doces para a Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas (onde é considerada prioritariamente a presença de coliformes fecais). Essas são bases de dados sistematizadas e disponibilizadas à consulta. Na medida em que o Plano Estadual de Recursos Hídricos avance seus estudos quanto à qualidade das águas superficiais, informações homogêneas em termos de parâmetros e metodologia de análise permitirão a confecção de um novo mapa, configurando a situação estadual sobre uma mesma base de dados. Desta forma, o mapa deve ser entendido como uma primeira aproximação no sentido de equalizar as informações quanto à situação geral da qualidade das águas superficiais no Estado. Para tanto, foi necessário proceder a uma unificação de critérios, cruzando informações díspares na sua origem e natureza. Essa unificação, em razão das restrições técnicas comentadas, tem um caráter genérico e resultou na classificação das bacias hidrográficas em três situações: Preocupante – quando, para qualquer base de informações há: ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 91 9 divergência entre a qualidade das águas e seus usos; 9 baixa qualidade das águas em termos de IQA (Ruim e Muito Ruim); ou 9 baixo índice de balneabilidade. Alerta – quando, para qualquer base de informações há: 9 situação limite de conformidade entre a qualidade das águas e seus usos; 9 qualidade Regular em termos de IQA; ou 9 médio índice de balneabilidade. Conforto – quando, para qualquer base de informações há: 9 plena concordância entre a qualidade das águas e seus usos; 9 qualidade Boa a Excelente em termos de IQA; ou 9 alto índice de balneabilidade. Cabe, ainda, comentar que a definição de situações gerais para cada bacia hidrográfica a partir de informações pontuais exigiu a aceitação da generalização de situações específicas no âmbito espacial das bacias hidrográficas e que, portanto, o mapa deve ser visualizado como uma aproximação genérica de situações específicas e pontuais. 5.3. ANÁLISE INTEGRADA E IDENTIFICAÇÃO DE ÁREAS CRÍTICAS Este item visa identificar, através da análise dos resultados dos trabalhos elaborados durante a Fase A do PERH/RS, as bacias hidrográficas críticas em termos de expansão de atividades demandadoras de água (seja em termos quantitativos ou qualitativos). A identificação de áreas críticas está baseada no Artigo 20 do Decreto 37.033/96, que trata das bacias hidrográficas especiais. De acordo com esta legislação, são consideradas bacias especiais aquelas em que as disponibilidades e demandas hídricas encontram-se muito próximas, segundo critérios estabelecidos pelo DRH/SEMA e pela FEPAM. No âmbito do Plano Estadual de Recursos Hídricos é que devem ser definidos tais critérios para a identificação das áreas críticas, juntamente com o DRH/SEMA e a FEPAM, que poderão variar conforme a Região Hidrográfica do Estado. A identificação de áreas críticas foi dividida em três avaliações, a saber: 9 Identificação de áreas críticas quanto à disponibilidade e uso de água superficial. 9 Identificação de áreas críticas quanto à qualidade das águas superficiais. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 92 9 Identificação de áreas críticas quanto à qualidade, disponibilidade e uso de água subterrânea. 5.3.1. Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais Com relação ao uso das águas superficiais, os critérios adotados para a classificação das bacias hidrográficas quanto à criticidade foram estabelecidos vinculadamente aos resultados dos balanços hídricos apresentados anteriormente. Desta forma, foram considerados três balanços hídricos, os quais foram julgados por sua maior conformidade com a situação real constatada atualmente nas bacias hidrográficas do Estado. Os referidos balanços são descritos no Quadro 5.11. Quadro 5.11 – Balanços Hídricos Considerados na Análise de Criticidade das Bacias Hidrográficas em Termos de Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais Tipo de Oferta de Água [1] Disponibilidade Média Anual [2] Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) [3] Disponibilidade Média de Verão (janeiro) [1] X X X Tipo de Demanda por Água [4] Consumo Total Anual [4] Consumo Total Anual [4] Consumo de Verão (janeiro) Disponibilidade Média Anual: média de todos os valores da série de vazões registrada = vazão de longo período. [2] Disponibilidade Mínima Anual (Q95%): vazão igualada ou superada em 95% do tempo (a disponibilidade só é inferior a esta vazão em 5% do tempo). Esta vazão foi considerada como referência de vazão mínima para a disponibilidade hídrica no Plano Nacional de Recursos Hídricos; assim, pode-se considerar a Q95% como a vazão de referência para a disponibilidade hídrica também no PERH/RS. [3] Disponibilidade Média de Verão (janeiro): média das vazões médias de janeiro da série considerada. [4] Consumo: vazão efetivamente gasta para o desenvolvimento de determinada atividade, e que não se torna disponível para utilização a jusante (é o resultado da vazão de retirada, ou demanda, subtraída do retorno). A classificação, ou enquadramento, dos resultados dos balanços hídricos citados no Quadro 5.11 ocorreu da seguinte forma: Tipo de Balanço Hídrico Disponibilidade Média Anual X Consumo Total Anual Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) X Consumo Total Anual Disponibilidade Média de Verão (janeiro) X Consumo de Verão (janeiro) Resultados da Relação (Consumo) / (Disponibilidade) - % 0,00 – 2,50 2,51 – 5,00 > 5,01 0,00 – 7,00 7,01 – 14,00 > 14,01 0,00 – 15,00 15,01 – 30,00 > 30,01 Enquadramento Confortável Alerta Crítico Confortável Alerta Crítico Confortável Alerta Crítico Por fim, a classificação das bacias considerando os três balanços hídricos foi feita de acordo com as seguintes correlações: Disponibilidade Média Anual versus Consumo Médio Anual Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Crítica Crítica Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus Consumo Médio Anual Confortável Confortável Alerta Crítica Crítica Crítica Crítica Crítica Crítica Disponibilidade Média de Janeiro versus Consumo de Janeiro Confortável Alerta Confortável Alerta Crítica Alerta Crítica Alerta Crítica Situação Geral Quanto à Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais CONFORTÁVEL ALERTA ALERTA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA O Quadro 5.12 apresenta a criticidade das 25 bacias hidrográficas do Estado em termos de disponibilidade e uso de água superficial. Observa-se que as situações críticas ocorrem nas seguintes bacias hidrográficas: ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 93 9 Região Hidrográfica do Guaíba: Gravataí, Sinos e Vacacaí – Vacacaí-Mirim. 9 Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas: Litoral Médio, Mirim – São Gonçalo e Mampituba. 9 Região Hidrográfica do Uruguai: Santa Maria, Negro e Butuí – Icamaquã. 5.3.2. Qualidade das Águas Superficiais Com relação à qualidade das águas superficiais, os critérios adotados para a classificação das bacias hidrográficas foram estabelecidos vinculadamente aos resultados dos estudos sobre a situação atual quanto ao lançamento de efluentes apresentados anteriormente. As seguintes classificações foram adotadas: DBO remanescente (t/ano/km²) 0,00 – 0,40 0,41 – 1,14 > 1,15 0,00 – 0,105 0,106 – 0,210 > 0,211 0,00 – 0,07 0,08 – 0,19 > 0,20 Parâmetro DBO doméstica DBO industrial DBO relacionada com a suinocultura Enquadramento Confortável Alerta Crítico Confortável Alerta Crítico Confortável Alerta Crítico As seguintes correlações foram utilizadas para a classificação das bacias quanto a suas criticidades: Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Doméstica Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Alerta Crítica Crítica Crítica Alerta Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Industrial Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Crítica Crítica Crítica Alerta Confortável Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Agrícola (Suinocultura) Situação Geral Quanto à Qualidade das Águas Superficiais Confortável Alerta Confortável Alerta Alerta Alerta Confortável Alerta Confortável Crítica CONFORTÁVEL ALERTA ALERTA ALERTA ALERTA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA CRÍTICA Os resultados da criticidade em termos de qualidade das águas superficiais das 25 bacias hidrográfcias do Estado podem ser visualizados no Quadro 5.13. Observa-se que as seguintes bacias encontram-se em condição crítica: 9 Região Hidrográfica do Guaíba: Gravataí, Sinos e Lago Guaíba. 9 Região Hidrográfica do Uruguai: Turvo – Santa Rosa – Santo Cristo. Na Região Hidrográfica das Bacias Litprâneas, nenhuma bacia foi enquadrada em situação crítica. No entanto, vale lembrar que a qualidade das águas no litoral norte (bacias do Mampituba e do Tramandaí) pode sofrer significativa redução associada ao período de veraneio, quando a população destas bacias aumenta consideravelmente. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 94 5.3.3. Disponibilidade, Uso e Qualidade das Águas Subterrâneas Com relação ao uso e disponibilidade de água subterrânea (quantidade), a classificação das bacias hidrográficas quanto à criticidade foi realizada considerando-se os resultados dos estudos do PERH/RS vinculados ao Relatório A.2 – que analisou a demanda hídrica das bacias atendida por poços tubulares – e ao Relatório A.1 – que estimou as diponibilidades hídricas subterrâneas e a potencialidade dos aqüíferos. Além destes estudos, por muitas vezes se tratar de um problema pontual, não podendo ser extrapolado para toda uma região, como uma bacia hidrográfica, sempre que possível, buscou-se destacar as localidades em situação crítica quanto ao uso de água subterrânea. Os resultados desta análises são sintetizados no Quadro 5.14. Com relação à qualidade, as águas subterrâneas de cada bacia hidrográfica foram enquadradas em duas classes: ‘sem restrição’ ou ‘com restrição’. Foram adotados dois critérios descritivos: 9 a qualidade natural dos sistemas aquíferos existentes na bacia (item 3.3.2 da Relatório A.1) com os indicadores de vulnerabilidade (item 3.4 do Relatório A.1); e 9 a avaliação dos impactos antrópicos existentes e/ou potenciais às águas subterrâneas na bacia. Neste sentido, a restrição do ponto de vista de qualidade é reconhecida quando mais de 10% dos sistemas aqüíferos da bacia possuirem restrições naturais de qualidade e/ou quando existirem situações de uso e ocupação do solo que comprometam ou potencialmente possam vir a comprometer a qualidade das águas subterrâneas. Os resultados desta análise podem ser visualizados no Quadro 5.15. Com relação aos aspectos quantitativos relacionados com as águas subterrâneas, as seguintes bacias e localidades podem ser enquadradas em situação crítica: 9 Região Hidrográfica do Guaíba: Gravataí, Sinos, Caí e Lago Guaíba; além disso, destacam-se as localidade do pólo ‘Lajeado/Estrela’, na bacia do Taquari-Antas, e de Santa Cruz do Sul, na bacia do Pardo. 9 Região Hidrográfica do Uruguai: localidade de Erechim, na bacia do Apuaê-Inhandava, e de Bagé, na bacia do Negro. 9 Região Hidrográfica do Litoral: nos principais pólos urbanos, nos meses de verão pode ocorrer um super aproveitamento dos poços existentes (muito mais em função da limitada infraestrutura instalada do que da falta de disponibilidade dos aquíferos) levando a rebaixamentos intensos. Já com relação aos aspectos qualitativos, observa-se que as seguintes bacias foram enquadradas na condição de restrição: ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 95 9 Região Hidrográfica do Guaíba: Gravataí, Sinos, Vacacaí-Vacacaí Mirim, Baixo Jacuí, Lago Guaíba e Pardo. 9 Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas: Mirim-São Gonçalo. 9 Região Hidrográfica do Uruguai:Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo, Ibicuí, Santa Maria, Negro, Várzea. Salienta-se que não fizeram parte desta análise os eventuais impactos às águas subterrâneas do uso de insumos agrícolas, utilizados em praticamente todas as bacias, cujos efeitos todavia não foram devidamente avaliados. Quadro 5.12 – Identificação das Bacias Hidrográficas Críticas em Termos de Quantidade de Água Superficial Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – S. ROSA – S. CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ Balanços Hídricos – Disponibilidade Média Anual versus Consumo Médio Anual Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Crítica Confortável Alerta Crítica Confortável Confortável Balanços Hídricos – Disponibilidade Mínima Anual (Q95%) versus Consumo Médio Anual Crítica Crítica Crítica Alerta Alerta Crítica Alerta Crítica Crítica Confortável Crítica Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Balanços Hídricos – Disponibilidade Média de Janeiro versus Consumo de Janeiro Crítica Alerta Alerta Confortável Confortável Crítica Confortável Crítica Alerta Alerta Crítica Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Situação Geral Quanto à Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais Crítica Crítica Crítica Alerta Alerta Crítica Alerta Crítica Crítica Alerta Crítica Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Crítica Alerta Crítica Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Crítica Confortável Crítica Alerta Alerta Alerta Confortável Confortável Crítica Alerta Crítica Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Crítica ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 96 Quadro 5.13 – Identificação das Bacias Hidrográficas Críticas em Termos de Qualidade das Águas Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Doméstica Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Industrial G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – S. ROSA – S. CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ Crítica Crítica Alerta Alerta Confortável Confortável Confortável Crítica Alerta Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Confortável Crítica Crítica Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Qualidade das Águas – Problemas Associados à Contaminação de Origem Agrícola (Suinocultura) Confortável Confortável Alerta Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Confortável Situação Geral Quanto à Qualidade das Águas Superficiais Crítica Crítica Crítica Crítica Alerta Alerta Confortável Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Confortável -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 97 Quadro 5.14 – Identificação das Bacias Hidrográficas Críticas em Termos de Disponibilidade e Uso das Águas Subterrâneas Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 - MAMPITUBA U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – SANTA ROSA – SANTO CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ Demanda por Água Subterrânea Disponibilidade Hídrica Subterrânea Alta Muito Alta Alta Muito Alta Baixa Muito Baixa Baixa Alta Baixa Muito Baixa Muito Baixa Baixa Baixa Muito Baixa Média Média Baixa Muito Baixa Baixa Muito Baixa Muito Baixa Muito Baixa Muito Baixa Média Muito Baixa Muito Baixa Média Média Muito Alta Muito Alta Média Alta Média Baixa Média Alta Muito Alta Alta Muito Baixa Muito Alta Alta Alta Alta Muito Alta Média Alta Muito Baixa Muito Alta Alta Alta Situação Geral – Águas Subterrâneas – Quantidade [4] Crítica Crítica Crítica Alerta [1] Confortável Confortável Confortável Crítica Alerta [2] Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta [3] Confortável Confortável Confortável [1] Com zonas críticas no pólo Lajeado / Estrela. [2] Com zonas críticas na região de Santa Cruz do Sul. [3] Com zonas críticas na região de Bagé. [4] Crítica: a disponibilidade de água subterrânea é baixa, ou então, a demanda é alta o suficiente para haver problemas de falta de água em muitos poços tubulares. Alerta: a disponibilidade de água subterrânea está no limite de atendimento da demanda dos poços tubulares. Confortável: a disponibilidade de água subterrânea é baixa, ou então, a demanda é alta o suficiente para haver problemas de falta de água em muitos poços tubulares. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 98 Quadro 5.15 – Identificação das Bacias Hidrográficas Críticas em Termos de Qualidade das Águas Subterrâneas Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica Situação Geral Qualidade [1] Características Naturais dos Sistemas Aqüíferos G010 – GRAVATAÍ Com restrição Porções dos Aquitardos Permeanos c/ dureza excessiva; Porções do Embasamento Cristalino c/ flúor excessivo. G020 – SINOS Com restrição Porções dos Aquitardos Permeanos c/ dureza excessiva. G030 – CAÍ Sem restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. G040 – TAQUARI – ANTAS Sem restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. G050 – ALTO JACUÍ Sem restrição G060 – VAC. – VAC. -MIRIM Com restrição G070 – BAIXO JACUÍ Com restrição G080 – LAGO GUAÍBA Com restrição G090 – PARDO Com restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Porções dos Aquitardos Permeanos c/ dureza excessiva; Aqüíferos Santa Maria e Sanga do Cabral/Pirambóia c/ dureza e flúor excessivos; Bacia com maior área de aqüíferos considerados vulneráveis. Porções dos Aquitardos Permeanos c/ dureza excessiva; Aqüíferos Santa Maria e Sanga do Cabral/Pirambóia c/ dureza e flúor excessivos; Aqüíferos Deltáicos impróprios para uso. Porções do Embasamento Cristalino c/ flúor excessivo; Aqüíferos Deltáicos impróprios para uso. Porções dos Aqüíferos Santa Maria e Sanga do Cabral/Pirambóia c/ dureza e flúor excessivos. L010 – TRAMANDAÍ Sem restrição L020 – LITORAL MÉDIO Sem restrição L030 – CAMAQUÃ Sem restrição L040 – MIRIM – S. GONÇALO Com restrição L050 - MAMPITUBA Sem restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. U010 – APUAÊ – INHANDAVA Sem restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Sistemas aqüíferos com boa qualidade; Bacia com maior área de aqüíferos considerados vulneráveis. Porções dos Aqüíferos do embasamento e do Rio Bonito podem apresentar flúor acima do permitido. Porções dos Aqüíferos do embasamento e do Rio Bonito podem apresentar flúor acima do permitido; Aquitardos Permeanos com excesso de salinidade. U020 – PASSO FUNDO Sem restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. U030 – TURVO – S. ROSA – S. CRISTO U040 – PIRATINIM Com restrição Sem restrição U050 – IBICUÍ Com restrição U060 – QUARAÍ Sem restrição U070 – SANTA MARIA Com restrição Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Porções dos Aqüíferos Santa Maria e Sanga do Cabral/Pirambóia c/ dureza e flúor excessivos. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Porções dos Aqüíferos Santa Maria e Sanga do Cabral/Pirambóia e Aquitardos Permeanos c/ dureza e flúor excessivos; Bacia com maior área de aqüíferos considerados vulneráveis. Porções do Aqüífero Rio Bonito e Aquitardos Permeanos c/ dureza e flúor excessivos. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. Sistemas aqüíferos com boa qualidade. U080 – NEGRO Com restrição U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ Sem restrição Com restrição Sem restrição [1] Impactos Existentes e/ou Potenciais Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parques industriais de Cachoeirinha e Canoas. Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parques industriais de Canoas, Cachoeirinha, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Portão. Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parques industriais de Caxias e Estância Velha. Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parques industriais de Lajeado e efluentes da suinocultura. Problemas locais devido a esgotamento sanitário inadequado em torno de Santa Maria. Contaminações locais devido ao parque industrial em Triunfo e exploração de carvão em Minas do Leão e Butiá. Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parques industriais de Canoas e Porto Alegre. Contaminações locais devido ao adensamento urbano e parque industrial de Santa Cruz do Sul. Contaminação orgânica dos aqüíferos superficiais e local devido ao adensamento de fossas sépticas e esgotamento inadequado. Contaminação orgânica dos aqüíferos superficiais e local devido ao adensamento de fossas sépticas e esgotamento inadequado. Problemas locais em aqüíferos costeiros relacionados a esgotamento inadequado e parque industrial da região de Pelotas. Problemas locais em aqüíferos costeiros relacionados a esgotamento inadequado. Problemas locais devido a esgotamento sanitário inadequado em torno de Erechim. Contaminação orgânica local associada a efluentes da suinocultura e esgotamento sanitário inadequado em torno de Passo Fundo. Contaminação orgânica local associada a efluentes da suinocultura. Problemas locais devido à falta de saneamento em Santana do Livramento. Problemas locais devido à falta de saneamento em Bagé. Problemas locais devido à falta de saneamento em Ijuí, Panambi e Sto Ângelo. Contaminação orgânica local associada a efluentes da suinocultura. - Critério de Restrição: > de 10% da área da bacia composta por sistemas aqüíferos com reconhecidos problemas de qualidade natural das águas subterrâneas e/ou características de uso e ocupação do solo da bacia que comprometem ou que possuem potencial de comprometimento da suas águas subterrâneas. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 99 5.3.4. Áreas Críticas - Análise Final O Quadro 5.16 apresenta uma síntese das análises de criticidade relacionadas com os quatro temas principais tratados anteriormente. Quadro 5.16 – Síntese das Análises de Criticidade Bacia Hidrográfica / Região Hidrográfica G010 – GRAVATAÍ G020 – SINOS G030 – CAÍ G040 – TAQUARI – ANTAS G050 – ALTO JACUÍ G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM G070 – BAIXO JACUÍ G080 – LAGO GUAÍBA G090 – PARDO L010 – TRAMANDAÍ L020 – LITORAL MÉDIO L030 – CAMAQUÃ L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO L050 – MAMPITUBA U010 – APUAÊ – INHANDAVA U020 – PASSO FUNDO U030 – TURVO – S. ROSA – S. CRISTO U040 – PIRATINIM U050 – IBICUÍ U060 – QUARAÍ U070 – SANTA MARIA U080 – NEGRO U090 – IJUÍ U100 – VÁRZEA U110 – BUTUÍ - ICAMAQUÃ Disponibilidade e Uso das Águas Superficiais Crítica Crítica Alerta Confortável Confortável Crítica Confortável Confortável Confortável Alerta Crítica Alerta Crítica Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Crítica Crítica Confortável Confortável Crítica Qualidade das Águas Superficiais Crítica Crítica Crítica Crítica Alerta Alerta Confortável Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Crítica Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Alerta Alerta Confortável Disponibilidade e Uso das Águas Subterrâneas Crítica Crítica Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Crítica Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Confortável Alerta Confortável Confortável Confortável Qualidade das Águas Subterrâneas Com restrição Com restrição Sem restrição Sem restrição Sem restrição Com restrição Com restrição Com restrição Com restrição Sem restrição Sem restrição Sem restrição Com restrição Sem restrição Sem restrição Sem restrição Com restrição Sem restrição Com restrição Sem restrição Com restrição Com restrição Sem restrição Com restrição Sem restrição A seguir apresenta-se uma descrição para cada bacia hidrográfica quanto à sua situação referente à análise de criticidade realizada (sendo grafadas em negrito as bacias em situação crítica): 9 G010 – GRAVATAÍ: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta conflitos relacionados com quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas; 9 G020 – SINOS: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta conflitos relacionados com quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas; 9 G030 – CAÍ: bacia hidrográfica em situação de crítica; apresenta graves problemas relacionados com o uso das águas subterrâneas e superficiais (quantidade e qualidade); 9 G040 – TAQUARI-ANTAS: bacia hidrográfica em situação de alerta; embora não apresente problemas tão graves relacionados com quantidade de água superficial, a qualidade compromete determinados usos. Problemas relacionados com águas subterrâneas são constatados no pólo Lajeado – Estrela. 9 G050 – ALTO JACUÍ: bacia hidrográfica em situação confortável; apresenta moderados problemas de quantidade de água superficial, poucos problemas de qualidade relacionados tanto com águas superficiais como subterrâneas. Atenção especial, no entanto, deve ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 100 ser dada aos núcleos urbanos, onde problemas de contaminação pontuais por esgoto doméstico podem comprometer a qualidade das águas. 9 G060 – VACACAÍ – VACACAÍ-MIRIM: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta graves problemas relacionados com o uso das águas superficiais (quantidade) embora com problemas moderados de qualidade. Com relação às águas subterrâneas, não apresenta problemas de quantidade, mas possui certas limitações em termos de qualidade; 9 G070 – BAIXO JACUÍ: bacia hidrográfica em situação confortável; apresenta raros problemas de quantidade de águas superficiais e subterrâneas. Com relação à qualidade, algumas limitações podem ser atribuídas às águas subterrâneas. 9 G080 – LAGO GUAÍBA: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta problemas de quantidade de água superficial e sérios problemas relacionados com a qualidade desta água. O mesmo acontece com relação às águas subterrâneas, estando tanto sua quantidade como sua qualidade seriamente comprometidas. 9 G090 – PARDO: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta problemas de quantidade e qualidade das águas superficiais. Com relação às águas subterrâneas, também tanto a quantidade como a qualidade estão comprometidas, especialmente na região de Santa Cruz do Sul. 9 L010 – TRAMANDAÍ: bacia hidrográfica em situação confortável; não apresenta problemas de quantidade e qualidade de águas subterrâneas, nem de qualidade das águas superficiais. Algumas limitações de ordem quantitativa ocorrem com as águas superficiais. Problemas maiores, no entanto, podem ser constatados no período de veraneio, devido ao afluxo que ocorre ao litoral durante este período. 9 L020 – LITORAL MÉDIO: bacia hidrográfica em situação confortável; não apresenta problemas de quantidade e qualidade de águas subterrâneas, nem de qualidade das águas superficiais. No entanto, limitações de ordem quantitativa ocorrem com as águas superficiais. 9 L030 – CAMAQUÃ: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta sérios problemas relacionados com o uso das águas superficiais, tanto em termos de quantidade como de qualidade. Não possui problemas vinculados com as águas subterrâneas. 9 L040 – MIRIM – SÃO GONÇALO: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta problemas relacionados com o uso das águas superficiais, tanto em termos de quantidade (especialmente devido às extensas áreas de produção de arroz irrigado) como de qualidade. Não possui problemas vinculados com quantidade de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 101 água subterrânea; porém, a qualidade destes mananciais por vezes se encontra comprometida. 9 L050 – MAMPITUBA: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta graves problemas relacionados com o uso das águas superficiais (quantidade e qualidade – este último especialmente no trecho final, na cidade de Torres). Com relação às águas subterrâneas, não apresenta problemas de qualidade, mas possui certas limitações em termos de quantidade. 9 U010 – APUAÊ-INHANDAVA: bacia hidrográfica em situação confortável; não apresenta problemas de quantidade nem de qualidade relacionados tanto com águas superficiais como subterrâneas. Atenção especial, no entanto, deve ser dada aos núcleos urbanos, onde problemas de contaminação pontuais por esgoto doméstico podem comprometer a qualidade das águas. 9 U020 – PASSO FUNDO: bacia hidrográfica em situação confortável; Não apresenta problemas de quantidade nem de qualidade relacionados tanto com águas superficiais como subterrâneas. Atenção especial, no entanto, deve ser dada aos núcleos urbanos, onde problemas de contaminação pontuais por esgoto doméstico podem comprometer a qualidade das águas. 9 U030 – TURVO-SANTA ROSA-SANTO CRISTO: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta sérios problemas relacionados com a qualidade das águas superficiais e subterrâneas. Em termos quantitativos, não são encontradas limitações. 9 U040 – PIRATINIM: bacia hidrográfica em situação confortável; embora apresente moderados problemas de quantidade de água, não apresenta problemas de qualidade relacionados tanto com águas superficiais como subterrâneas. Atenção especial, no entanto, deve ser dada aos núcleos urbanos, onde problemas de contaminação pontuais por esgoto doméstico podem comprometer a qualidade das águas. 9 U050 – IBICUÍ: bacia hidrográfica em situação de alerta; possui sérios problemas de quantidade hídrica, mas poucas limitações em termos de qualidade. Com relação às águas subterrâneas, apresenta limitações apenas de ordem qualitativa. 9 U060 – QUARAÍ: bacia hidrográfica em situação de alerta; possui problemas relacionados com o uso das águas superficiais (quantidade e qualidade); não possui limitações relacionadas com as águas subterrâneas. 9 U070 – SANTA MARIA: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta graves problemas relacionados com o uso das águas superficiais (quantidade) embora com problemas moderados de qualidade. Com relação às águas subterrâneas, ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 102 não apresenta problemas de quantidade, mas possui certas limitações em termos de qualidade. 9 U080 – NEGRO: bacia hidrográfica em situação crítica; apresenta problemas sérios relacionados com o uso das águas superficiais (quantidade) embora com problemas moderados de qualidade. Com relação às águas subterrâneas, apresenta problemas de quantidade e qualidade, especialmente na região de Bagé. 9 U090 – IJUÍ: bacia hidrográfica em situação confortável; não apresenta problemas de quantidade nem de qualidade relacionados tanto com águas superficiais como subterrâneas. Atenção especial, no entanto, deve ser dada aos núcleos urbanos, onde problemas de contaminação pontuais por esgoto doméstico podem comprometer a qualidade das águas. 9 U100 – VÁRZEA: bacia hidrográfica em situação confortável; não apresenta problemas de quantidade de águas superficiais nem de águas subterrâneas. Com relação à qualidade, algumas limitações podem ser atribuídas às águas subterrâneas. 9 U110 – BUTUÍ-ICAMAQUÃ: bacia hidrográfica em situação de alerta; apresenta sérios problemas relacionados com quantidade de água superficial devido às extensas áreas de produção de arroz irrigado. Com relação às águas subterrâneas, não há limitações. Resumindo, foram identificadas as seguintes áreas (bacias) críticas, resultado da análise realizada com base nos dados atuais, por Região Hidrográfica: Na Região Hidrográfica do Guaíba: Gravataí, Sinos, Lago Guaíba e Caí. Na Região Hidrográfica das Bacias Litorâneas: Mampituba Na Região Hidrográfica do Uruguai: Santa Maria e Negro. Das 25 bacias hidrográficas do Estado, sete encontram-se, pelos critérios considerados, em situação crítica; ou seja, 28% das bacias hidrográficas gaúchas demandam atenção especial quanto aos seus recursos hídricos. O Quadro 5.17 apresenta resumidamente, os principais problemas relacionados com cada bacia hidrográfica do Rio Grande do Sul. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 103 Quadro 5.17 – Situações Atuais de Conflito pelo Uso da Água e Problemas Ambientais12 nas Bacias Hidrográficas da Região Hidrográfica do Guaíba Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito • • • • Gravataí (G10) • • • • • • Sinos (G20) • • • • • Caí (G30) • • • • • Taquari - Antas (G40) • • • • Alto Jacuí (G50) • • • • Vacacaí – Vacacaí-Mirim (G60) • • • • • • Baixo Jacuí (G70) • • • • • • • Lago Guaíba (G80) • • • 12 Insuficiência hídrica em períodos de baixa vazão, principalmente nos meses de verão. Baixa qualidade das águas no trecho médio-baixo, inviabilizando os usos mais exigentes. Conflito de quantidade entre Abastecimento Humano e Irrigação. Orizicultura, localizada a montante e jusante do Banhado Grande, provocando modificações na rede de drenagem e poluição por excesso de fertilizantes e agrotóxicos. Lançamento de esgotos domésticos, com ênfase nas sub-bacias dos arroios: Demétrio, Barnabé, Águas Belas, Feijó, Passo Grande, Brigadeiro, Areia e Sarandi. Lançamentos de efluentes industriais na porção baixa da bacia. Disposição indevida de resíduos sólidos na Região Metropolitana de Porto Alegre, gerando contaminação de recursos hídricos. Insuficiência hídrica nos meses de verão. Lançamentos de esgotos domésticos pouco ou não tratados, comprometendo a qualidade das águas principalmente em situações de baixas vazões no leito do Rio, no trecho médio-baixo. Lançamentos de efluentes industriais acima da capacidade de assimilação do Rio em períodos de baixas vazões, no trecho médio-baixo. Conflito de quantidade entre Abastecimento Humano e Irrigação. Conflito de qualidade entre os lançamentos de esgotos e efluentes com outros usos (principalmente o abastecimento humano, lazer e preservação ambiental). Disposição indevida de resíduos sólidos na Região Metropolitana de Porto Alegre, gerando contaminação de recursos hídricos. Mau uso do solo e desmatamento nas encostas declivosas, o que gera a acentuação dos processos erosivos e modificações no balanço hídrico. Exploração agrícola intensa e desmatamento nas encostas declivosas, o que gera a acentuação dos processos erosivos e modificações no balanço hídrico. Mineração desordenada, agravando o assoreamento dos recursos hídricos. Poluição hídrica no curso médio e inferior, representada por teores de fosfato e mercúrio correspondentes à Classe 4 do CONAMA. Conflito de qualidade entre os lançamentos de esgotos urbanos e outros usos (principalmente abastecimento humano, lazer e preservação ambiental). Conflito de qualidade entre os lançamentos de efluentes urbanos e os usos para abastecimento humano, turismo e lazer e preservação ambiental. Conflito de quantidade localizado (no tempo e no espaço) entre a geração de energia e a preservação ambiental. Exploração agrícola intensa e desflorestamento de encostas declivosas, o que gera modificações no balanço hídrico. Mineração desordenada, agravando o assoreamento dos recursos hídricos. Poluição hídrica, representada por teores de fosfato correspondentes à Classe 4 do CONAMA. Expressiva quantidade de poços tubulares e extração de água subterrânea nos limites das principais cidades, gerando rebaixamentos consideráveis de níveis freáticos e potenciométricos. Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor) Presença do uso para geração de energia em grandes barragens e o conseqüente alagamento de terras. Atual expansão da irrigação utilizando pivôs centrais. Insuficiência hídrica acentuada em períodos de baixa vazão, principalmente no verão, em decorrência da irrigação do arroz. Conflito entre abastecimento humano e irrigação. Extração de areia na porção central da bacia. Manejo inadequado do solo. Orizicultura nas várzeas do Rio Vacacaí e afluentes, o que gera a interrupção de trechos do rio principal e seus afluentes. Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor). Mineração de carvão, na sub-bacia do Arroio do Conde, gerando contaminação das águas com metais pesados. Mineração de calcário, caulim e argila, gerando assoreamento de arroios. Mineração de areia no leito do Rio Jacuí, provocando assoreamento dos corpos de água, comprometimento das condições de vida de peixes com importância comercial, e riscos à infra-estrutura da hidrovia. Orizicultura nas várzeas do Jacuí e afluentes, provocando: drenagem de banhados, redução da mata ciliar, perda da diversidade biológica, e riscos de contaminação por agroquímicos. Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor). Poluição industrial, concentrada em Porto Alegre, que gera o maior número de resíduos sólidos classe 1 (perigosos) e também apresenta grande número de indústrias com alto e médio potencial de poluição atmosférica. Lançamento de esgotos domésticos (com baixo índice de tratamento) na margem esquerda do Lago Guaíba As águas subterrâneas têm seu uso para abastecimento público comprometido pela presença de sulfatos e também problemas disponibilidade. Problemas ambientais em áreas rurais, como assoreamento dos arroios e destino inadequado de embalagem de agrotóxicos. Problemas ambientais em áreas urbanas, tais como a ocupação de áreas de risco, caracterizando um importante problema ambiental, e o potencial de erodibilidade em áreas urbanas, agravado pela ocupação urbana de encostas declivosas dos morros graníticos da Região Metropolitana de Porto Alegre. Mineração: a extração de materiais para construção civil e a ocupação das áreas da Região Metropolitana de Porto Alegre, geram conflitos de uso do solo. Problemas ambientais relacionados aos recursos hídricos. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito • • Pardo (G90) • • Insuficiência hídrica em períodos de baixa vazão, principalmente nos meses de verão. Qualidade das águas superficiais comprometidas na porção média-baixa da Bacia, principalmente após Santa Cruz do Sul, em decorrência do lançamento de esgotos domésticos com baixo índice de tratamento. Conflito de quantidade entre abastecimento humano e irrigação. Mineração de cascalho e areia, no Rio Pardo, alterando as condições naturais de escoamento. Forte desmatamento da vegetação ciliar. Manejo inadequado do solo em áreas declivosas. Ocorrência elevada de cheias no Rio Pardinho, junto à Santa Cruz do Sul. Expressiva quantidade de poços tubulares e extração de água subterrânea nos limites das principais cidades gerando rebaixamentos consideráveis de níveis freáticos e potenciométricos. Uso de água subterrânea fora dos limites de potabilidade (excesso de flúor). Lançamentos de esgotos domésticos na planície lacustre-lagunar, causando contaminação das águas com coliformes fecais e totais, e o comprometimento da balneabilidade. Concentração de demandas de água nos meses de verão, pela associação do grande afluxo de veranistas com a irrigação de arroz. Exploração agrícola intensa, com desmatamento, nas encostas declivosas, o que acentua os processos erosivos. Pesca, no complexo lagunar, que sofre o efeito dos conflitos de uso entre irrigação e abastecimento. Uso de água subterrânea de má qualidade para consumo domiciliar através de poços tubulares rasos (ponteiras). Grandes utilizações de água para irrigação de arroz. Conflitos com irrigantes no entorno do Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Problemas de restrição de uso pela salinização eventual na Laguna dos Patos. Uso de água subterrânea de má qualidade para consumo domiciliar através de poços tubulares rasos (ponteiras) Problemas de assoreamento, desmatamento e contaminação das águas por atividades minerarias inadequadamente desenvolvidas. Elevadas demandas de água no verão para irrigação das lavouras de arroz na porção baixa da bacia. Demanda hídrica, principalmente para a irrigação de arroz, supera as disponibilidades mínimas anuais e de verão. Nessas situações é utilizado o volume hídrico armazenado na Lagoa Mirim. Orizicultura em banhados e várzeas, causando a drenagem dessas áreas, a alteração e assoreamento de cursos de água, a redução da mata-ciliar e a contaminação por agroquímicos. Lançamentos de esgotos de origem urbana, na região de Pelotas e Rio Grande, causando: a contaminação das águas com coliformes fecais e totais e poluição por efluentes industriais. Transporte de cargas tóxicas na região de Candiota, Pinheiro Machado e Pelotas, que apresenta riscos de poluição acidental. Mineração na região carbonífera e de exploração de calcário e mármore (Candiota, Hulha Negra, Pinheiro Machado e Pelotas), causando contaminação dos recursos hídricos e do solo, modificação da morfologia do relevo local, desmatamentos, erosão e assoreamento dos rios. Insuficiência hídrica nos períodos de menor disponibilidade, face às elevadas demandas hídricas para a irrigação de arroz. Lançamentos de esgotos domésticos, no baixo vale do Rio Mampituba, causando a contaminação das águas com coliformes fecais e totais, e o comprometimento da balneabilidade. Orizicultura, no curso médio do Rio Mampituba, causando: a drenagem de banhados, a redução da mataciliar e os riscos de contaminação por agroquímicos. Bananicultura, nas encostas da Serra Geral, causando contaminação por agroquímicos e redução da biodiversidade. Problemas para o abastecimento das sedes urbanas, que se encontram distantes dos grandes cursos d’água da região, sobretudo a cidade de Erechim. Risco de contaminação de pequenos arroios com os efluentes domésticos das cidades (Erechim). Risco potencial de contaminação por agroquímicos associados ao cultivo de maçã. • Conflitos associados à implantação da UHE Monjolinho, no Rio Passo Fundo. • Geração de energia, causando problemas a montante dos barramentos: barreira natural à migração espontânea, isolamento de animais em ilhas e perda de qualidade e quantidade da vegetação marginal. Lançamento de efluentes da suinocultura, que devido ao mau manejo provocam a contaminação de mananciais. Potencial insuficiência hídrica nos meses de baixa vazão, principalmente no verão. Insuficiência hídrica nos meses de verão, principalmente devido à irrigação do arroz. Lançamentos localizados de esgotos de áreas urbanas, gerando contaminação das águas com coliformes fecais e totais. Orizicultura no curso médio e inferior do Rio Ibicuí e junto ao Rio Uruguai, na porção oeste da bacia (drenagem de banhados e redução da mata-ciliar). Mineração de cascalho e areia, no Rio Ibicuí (trecho entre Cacequi e Manoel Viana), provocando alteração da dinâmica do Rio e instabilidade nos depósitos aluvionares. Mineração de argila, em aluviões, causando um aumento da turbidez das águas e assoreamento dos cursos de água. Insuficiência hídrica nos meses de menor disponibilidade, principalmente no verão. Conflitos entre irrigantes, devido à pequena disponibilidade hídrica na região e as grandes demandas para irrigação de arroz. Ocorrências de déficits hídricos verificados, especialmente, no verão, quando ocorrem as demandas para a orizicultura. Conflitos de quantidade entre o abastecimento público e a irrigação. Drenagem de áreas ribeirinhas por expansão das lavouras de arroz. • • • • • • • • • Tramandaí (L10) • • • Litoral Médio (L20) • • • • • Camaquã (L30) • • • Mirim – São Gonçalo (L40) • • • • • Mampituba (L50) • • • Apuaê-Inhandava (U10) Passo Fundo (U20) Turvo-Santa Rosa-Santo Cristo (U30) Piratinim (U40) • • • • • Ibicuí (U50) • • Quarai (U60) • • • Santa Maria (U70) 104 • • ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Bacia Hidrográfica Situações Atuais de Conflito • • Negro (U80) • Ijuí (U90) Várzea (U100) Butuí-Icamaquã (U110) 105 • • • • • • • Insuficiência hídrica em períodos de menor disponibilidade e potencial insuficiência generalizada. Sérios problemas de abastecimento em Bagé, gerado por déficits hídricos, sobretudo em estiagens prolongadas. Conflitos entre irrigantes, devido à pequena disponibilidade hídrica na região e as grandes demandas para irrigação de arroz. Implantação acelerada de sistemas de irrigação com pivôs centrais. Previsão de implantação de novos aproveitamentos hidrelétricos. Insuficiência hídrica em afluentes. Comprometimento localizado da qualidade das águas superficiais. Insuficiência hídrica em período de verão, como decorrência das demandas para irrigação de arroz. Potencial limitação da disponibilidade hídrica média anual para atender às demandas de água. Conflito entre orizicultores, em função das baixas disponibilidades hídricas, associadas a grandes demandas para irrigação. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 106 6. DIAGNÓSTICO DA DINÂMICA SOCIAL ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 107 6. DIAGNÓSTICO DA DINÂMICA SOCIAL O presente capítulo apresenta uma síntese do diagnóstico da dinâmica social, abrangendo a análise legal e institucional do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, a caracterização dos padrões sociais e antropológicos em termos estaduais e a caracterização dos atores sociais estratégicos relativamente ao planejamento e à gestão de recursos hídricos no Rio Grande do Sul. Para o diagnóstico dos atores sociais relacionados aos Recursos Hídricos optou-se por uma abordagem no âmbito das próprias bacias hidrográficas, representando na análise o conjunto dos 17 Comitês de Bacia constituídos no Estado. Através das informações fornecidas por estes atores foram selecionadas e contempladas especificidades regionais ou mesmo pontuados aspectos no âmbito municipal avaliados e discutidos pelos Comitês como relevantes. Estas informações foram complementadas por entrevistas realizadas com representantes de instituições direta ou indiretamente relacionadas com a gestão de recursos hídricos no âmbito geográfico estadual ou no âmbito setorial, representando segmentos de maior interesse para o tema dos recursos hídricos. 6.1. ANÁLISE LEGAL E INSTITUCIONAL 6.1.1. Análise Legal A análise apresentada na seqüência refere-se à efetividade dos dispositivos legais relativos à política e ao sistema de recursos hídricos vigente no Rio Grande do Sul, com o intuito de avaliar a efetividade dos preceitos previstos na Lei Nº 10.350 (de 30 de dezembro de 1994) inserida no contexto de formação do processo histórico de implantação da gestão hídrica no Estado do Rio Grande do Sul, com ênfase para aqueles artigos da lei que melhor desenham os processos sociais e políticos. Já no primeiro artigo, a Lei Gaúcha das Águas fixa três dos principais pilares da doutrina da gestão das águas no Brasil, quais sejam: a base do conceito de escassez por quantidade, o valor econômico da água daí decorrente e a gestão pública de um bem público. Essa assertiva, desde o primeiro artigo da Lei, ao prever a dominialidade pública da água, encerra a discussão acerca da possível gestão privada deste recurso. A própria Constituição Federal de 1988 estabelece a dominialidade hídrica dos Estados, inexistindo, portanto, a possibilidade do domínio privado sobre este bem ambiental. A Lei, portanto, de acordo com o a Constituição Federal, estabelece o domínio público dentre seus princípios. Os incisos I e II do artigo 4º da Lei estabelecem, com clareza, que a ação do Poder Público estadual, no cumprimento de suas atribuições, naquilo que se refere aos usos da água, dar-se-á de forma descentralizada, tendo no Comitê de Bacia a materialização institucional dessa descentralização. O Estado do Rio Grande do Sul optou por fortalecer esses dispositivos que estabelecem a descentralização e a participação social. O cumprimento pode ser observado sob dois aspectos: no estágio atual de formação dos Comitês de Bacia do ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 108 Estado e na experiência de participação política desses Comitês, ainda que se imponham desafios de aperfeiçoamento deste aspecto fundamental do sistema de gestão. Os Comitês de Bacia Hidrográfica são entes políticos e de caráter decisório, nos quais se dá a participação da sociedade. Assim, a decisão tomada por esses entes precisa, segundo a lei, ser apoiada tecnicamente pelo Poder Público. O apoio técnico, por parte do Estado, através da criação da Agência de Região Hidrográfica, remete ao caráter político e decisório dos Comitês de Bacia, na medida em que a decisão política será subsidiada, a partir do fornecimento de informações técnicas. No entanto, as Agências ainda não foram criadas. O artigo 4º da Lei inova ao propor a integração do gerenciamento ambiental e de recursos hídricos, através da realização de EIA/RIMA. O dispositivo legal, apesar de inovador, propõe uma medida que não se concretizou, ainda, na prática. A questão que se coloca para a aplicabilidade de tal dispositivo legal, para além de uma questão técnica, é a falta de integração institucional entre os Sistemas, Ambiental e de Recursos Hídricos. Por outro lado, também no artigo 4º pode ser observada a integração entre o Sistema Estadual de Recursos Hídricos com o Sistema Nacional, que se dá na própria elaboração do Plano Estadual, na medida em que a metodologia utilizada para sua elaboração foi desenvolvida de modo que essa integração se efetivasse. Sobre a composição do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, prevista no artigo 5º da Lei 10.350/94, observa-se que se trata de uma composição enxuta, sobretudo em relação aos demais Estados. Quanto ao Conselho de Recursos Hídricos há proposta para a inclusão de outros sistemas de construção de políticas públicas correlatos ao de gerenciamento de recursos hídricos, como por exemplo, os COREDEs. Ainda no que se refere à composição do Conselho Estadual de Recursos Hídricos cabe observar que, ao longo de sua existência, as corporações de representação da sociedade civil não fizeram parte de sua composição. Apesar das críticas recebidas, pois é o único Conselho Estadual de Recursos Hídricos do país com tal composição, esta determinação é mantida como meio de incentivar que essas corporações ocupem o espaço político e decisório dos Comitês de Bacia como, de fato, ocorre no Rio Grande do Sul. Relativamente aos planos de bacia e ao Plano Estadual houve debate, no âmbito da implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos, de qual plano deveria ser elaborado primeiramente: os planos de bacia ou o Plano Estadual. A Lei, no seu artigo 41, previa a elaboração do PERH até um ano após sua promulgação, portanto, precedendo a elaboração dos planos de bacia. Na prática existem alguns planos de bacia em andamento e um finalizado, demonstrando que as propostas encaminhadas pelos Comitês de Bacia poderiam ser interpretadas pela sua concretude, mas, também, como um ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 109 processo metodológico. Assim, o PERH está sendo construído pelos Comitês de Bacia (notadamente através da Comissão Executiva de Articulação e Construção – CEAC). Quanto à divisão hidrográfica do Estado, o processo evolutivo se deu na medida em que as questões sociais e políticas influenciaram a formulação da divisão de tal modo que a distanciou daquele caráter mais geográfico da primeira divisão efetuada, em 1995. A construção do PERH, ao considerar historicamente o processo de conformação dos Comitês nas bacias hidrográficas, inserido num contexto social e político que o determinou, permitirá a formulação desta divisão. Atualmente, existe um número de bacias que não condiz com a necessidade técnica de gestão. Sob uma perspectiva mais pragmática, cada bacia hidrográfica não mais seria, necessariamente, uma unidade de gestão de recursos hídricos e elevando-se este conceito para um conjunto de bacias, administradas por mais de um comitê, o qual, provavelmente, seria a unidade de gestão. No escopo do presente Plano Estadual há, inclusive, uma atividade específica quanto à revisão da divisão hidrográfica do Estado. A representação com representatividade é um dos pilares fundamentais do SERH. Contudo, como desde a promulgação da Lei, a representação tem sido feita por pessoas que acreditavam nos pressupostos de descentralização e participação, nos quais o Sistema se baseia, o processo de representatividade vem sendo estimulado intensamente. A avaliação que cabe, no espaço deste PERH, é que por mais significativos que sejam os avanços, o processo de representatividade, no âmbito dos comitês de bacia, ainda carece de aplicabilidade prática, tendo em vista a dimensão do processo na efetividade dos princípios que regem a gestão de recursos hídricos. Com relação às Agências de Região Hidrográfica há impossibilidade prática do cumprimento do estabelecido na Lei: que as agências integrariam a administração indireta do Estado. Vale referir, aqui, o relatório resultante do Convênio SEMA-UNESCO, o qual estudou a viabilidade técnica, administrativa, política, social e financeira das agências e que concluiu pela inviabilidade de efetivar este dispositivo legal, nos termos que o mesmo estabelece. Apenas como referência aos principais motivos pelos quais a inviabilidade se dá, citase a tendência atual, após a reforma administrativa do Estado, de enxugar a máquina estatal e não inflá-la, tal como ocorreria se fossem criados três novos órgãos vinculados ao Estado. A possibilidade diversa de órgão integrante da estrutura do Estado remete à questão da gestão das finanças públicas, uma vez que compete à Agência arrecadar e aplicar os valores correspondentes à cobrança. Enquanto as Agências não são criadas, os planos de bacia hidrográfica estão sendo desenvolvidos tendo como apoio técnico à decisão dos comitês, empresas privadas contratadas por meio de licitação pública, com acompanhamento do DRH/SEMA, da FEPAM e dos próprios Comitês de Bacia. Quanto ao PERH é possível fazer uma avaliação conjunta dos artigos 21 a 24 da Lei referindo que todos estão sendo cumpridos rigorosamente na construção deste Plano Estadual. Os seus elementos constitutivos e todo o ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 110 aparato metodológico utilizado para sua formulação estão em acordo com os preceitos legais previstos. O artigo 25 também será cumprido, nos seus termos, a partir de meados do ano de 2007. Isso porque, o primeiro relatório anual foi lançado no ano de 2002 e o segundo em dezembro de 2006, já no âmbito do PERH. A partir de 2007, iniciar-se-ão as publicações anuais de relatórios sobre a situação dos recursos hídricos do Estado. Em relação à outorga de uso de recursos hídricos os preceitos normativos não garantiram que a outorga fosse um instrumento de gestão, tal como previsto na doutrina da lei. O que tem garantido que a outorga seja utilizada como um instrumento de gestão é um fato natural ocorrido no Estado do Rio Grande do Sul, a estiagem. Tal situação de crise obrigou o DRH e os comitês de três das bacias mais críticas a transformarem a utilização da outorga, indo além do caráter burocrático até então dado a este instrumento. Na medida em que as prioridades de outorga, de acordo com a Lei, deveriam ser definidas nos Planos de Bacias e, como esses não eram efetivados, o caráter legal da outorga não respondia à prática. O fato natural da estiagem incentivou esses comitês de bacia a acordarem regras em relação aos usos da água e discutirem a outorga no âmbito das decisões políticas tomadas. Este fato concreto demonstra que, ainda que a Lei, na sua concepção e redação, relativa à outorga, esteja correta e seus dispositivos regulamentados, esses aspectos não garantiram que a sua aplicabilidade desse o caráter previsto legalmente de um instrumento de gestão. Com relação à outorga por qualidade, esse instrumento tem sido entendido, ao longo dos anos, como sendo o próprio licenciamento ambiental e este era, de fato, o objetivo quando da redação da norma. Já o instrumento de gestão da cobrança tem caráter de incentivo à negociação. Nesse sentido, a cobrança como instrumento de gestão, é colocada como mais um dos acordos sociais que a lei prevê e propõe. A experiência demonstra ser cada vez mais difícil implementar a cobrança como um instrumento econômico real, pois ainda que os dispositivos legais previstos na norma inovem na sua concepção, a legislação ambiental brasileira ainda segue adstrita ao princípio do comando e controle do Estado. Os estudos realizados na bacia do Santa Maria apontam que, na prática, a cobrança como instrumento econômico puro tende a não ser aplicada, ao menos não como a Lei estabelece. Vale destacar, nesta avaliação, que tanto a bacia do rio Santa Maria quanto a do rio Pardo já possuem todos os elementos legalmente estabelecidos, ao contrário das demais bacias do Estado. Na medida em que o Sistema Estadual de Recursos Hídricos do Estado não está totalmente implantado não há o que se falar acerca da aplicabilidade de infrações e penalidades. No entanto cabe apontar para mais um aspecto que demonstra a força e a determinação da concepção de planejamento contida na Lei, em detrimento a uma concepção de comando e controle. Esse aspecto está claro na diminuta ênfase dada a este capítulo formado por apenas três artigos que regulam a matéria. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 111 Feita a avaliação desses dispositivos legais, pode-se referir, no sentido de uma análise legal conjunta, que O Estado possui uma norma à frente de seu tempo. Isso se dá na medida em que o texto legal reflete e abarca, na redação de seus preceitos, uma nova concepção de gestão de recursos hídricos. A implantação da Política Estadual de Recursos Hídricos e a criação do seu Sistema, fundadas em objetivos e princípios inovadores, tais como a descentralização e a participação social no processo político e decisório dos usos da água, desafiam o Estado e a sociedade. As transformações ocorridas, ao longo dos treze anos da promulgação da Lei, se dão em duas ordens: por um lado, as inovações trazidas pela mesma provocaram mudanças de comportamento nos entes estatais e demais grupos sociais de modo a se adequarem àquelas normas; por outro lado, a conformação do processo histórico de implantação da Política Estadual e de criação do SERH do Estado, demonstrou que muitos dos artigos previstos na Lei não foram e nem poderão ser aplicados em razão das mudanças advindas do próprio processo evolutivo de implantação da gestão hídrica. Dessa forma, a avaliação da efetividade da Lei, a partir da experiência prática, permite vislumbrar que tanto as concepções inovadoras contidas na norma provocam transformações e essas vão acorrendo conforme o processo de implantação vai se desenvolvendo, quanto o desenvolvimento desse processo determinam as disposições da Lei que precisarão se adequar às mudanças ocorridas ao longo desse processo. Ainda que vários dos dispositivos legais não estejam concretizados e outros nem possam vir a ser, a dimensão simbólica, conformando o discurso dos grupos sociais, tanto quanto a sua dimensão instrumental, provoca mudanças no comportamento desses grupos. Essas mudanças, ainda que não determinem a efetividade da norma, estão implicadas nos processos sociais e políticos fundamentais para que isso ocorra. 6.1.2. Análise Institucional A Constituição Estadual, promulgada em outubro de 1989, instituiu o Sistema Estadual de Recursos Hídricos que incorporou princípios e diretrizes de gerenciamento já então consolidados (bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão, reconhecimento do valor econômico da água, priorização do abastecimento público, organização e racionalização do uso através da outorga, entre outros). O SERH foi regulamentado pela Lei Nº 10.350/94, que definiu a sua estrutura institucional (Conselho de Recursos Hídricos, Departamento de Recursos Hídricos e FEPAM, Agências e Comitês de Bacia), os instrumentos de gestão (outorga de uso da água, cobrança e rateio de custos das intervenções) e o processo de planejamento descentralizado, no qual as comunidades da bacia, representadas nos seus respectivos Comitês, manifestam e decidem as suas prioridades para o uso e administração das águas, que devem ser materializadas nos Planos de Bacia Hidrográfica. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 112 A estrutura institucional do SERH tem como uma de suas principais funções a articulação e o compartilhamento das ações de gestão entre o poder público e a sociedade. Esta articulação deve se materializar no processo de planejamento (planos de bacia e plano estadual de recursos hídricos, principalmente), na aplicação dos instrumentos de gestão (outorga do direito do uso da água, pagamento pelo uso da água) e no encaminhamento de solução para as situações de conflito do uso da água. Para estas diferentes funções, a Lei estabeleceu a seguinte estrutura institucional: Conselho de Recursos Hídricos, Departamento de Recursos Hídricos, Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas e Agências de Região Hidrográfica. Integra ainda o SERH a Fundação Estadual de Proteção Ambiental. Essa estrutura institucional ainda não foi completamente implantada, tanto no que se refere às instituições previstas, quanto no efetivo cumprimento das atribuições estabelecidas para cada uma das que já foram criadas. Tal estrutura tem sido, ao longo dos últimos anos, submetida a crescentes desafios decorrentes de um aumento progressivo das demandas por água (e dos conseqüentes conflitos de uso) e da escassa base de planejamento que permita traçar estratégias de médio e longo prazos. Para atender aos princípios legais da Política Estadual, a estrutura institucional do SERH possui um órgão colegiado, de abrangência estadual, que é o Conselho de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul. A sua composição busca representar os órgãos e instituições cujas atividades se relacionam com a gestão dos recursos hídricos, o planejamento estratégico e a gestão financeira do Estado, com o Sistema Nacional do Meio Ambiente e com o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos. Integram o CRH: Secretários de Estado, representantes dos Comitês de Bacia e representantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e do Sistema Nacional do Meio Ambiente. Assim, a lei tentou introduzir um sistema efetivamente decisor no processo de gestão da água. Ou seja, o posicionamento dos representantes do Governo (os Secretários de Estado) deveria refletir uma “decisão de governo”. No entanto, a prática mostra que a participação dos Secretários de Estado tem sido insignificante. Ao definir como um dos seus princípios “a participação dos indivíduos e das comunidades afetadas” na gestão de recursos hídricos, a legislação estabelece o compartilhamento das responsabilidades do Estado (detentor do domínio das águas) com a sociedade no uso e conservação dos recursos hídricos. No âmbito do Conselho de Recursos Hídricos, este compartilhamento se materializa somente na representação dos Comitês de Bacia, que possuem seis vagas, e um representante de bacia transfronteiriça. O Poder Executivo Estadual é representado por dez Secretários de Estado. O órgão de integração do SERH, o Departamento de Recursos Hídricos, está vinculado à Secretaria Estadual do Meio Ambiente, desde 1999. O Departamento de Recursos Hídricos possui duas Divisões: Divisão de Outorga ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 113 e Fiscalização do Uso dos Recursos Hídricos e Divisão de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos. As atribuições do DRH o caracterizam como “órgão de integração do SERH”. Embora se tenha ultimamente utilizado o termo “órgão gestor” para denominar entidades com estas atribuições, o termo “órgão de integração” parece melhor sintetizar o papel do DRH, uma vez que todos os órgãos integrantes do SERH possuem atribuições de “gestão”, considerando as várias ações que integram o gerenciamento de recursos hídricos. Cabe destacar o papel do DRH no processo de planejamento, uma vez que é da sua atribuição elaborar o anteprojeto de lei do PERH através da compatibilização das propostas encaminhadas pelos Comitês de Bacia com os planos e diretrizes setoriais do Estado, relativos às atividades que interferem nos recursos hídricos. Desde sua implantação, o DRH tem coordenado a elaboração de planos de bacia, realizados em diferentes estágios. Ao longo do tempo, o processo de planejamento evoluiu desde avaliações de disponibilidades e demandas de água até planos de bacia que contemplaram avaliações preliminares de intervenções necessárias para atingir objetivos e metas, estabelecidos pelo conjunto do sistema de gestão de recursos hídricos. O grupo de técnicos que integra o DRH, embora altamente qualificado, tem se revelado insuficiente para fazer frente às atribuições legais e operacionais estabelecidas. Não houve, por dificuldades estruturais do Estado, possibilidade de criar um corpo técnico próprio que pudesse desempenhar suas funções sem as limitações impostas pelos aspectos administrativos e funcionais. O processo de formação de Comitês, desencadeado a partir da criação do COMITESINOS, do Comitê Gravataí e do Comitê Santa Maria, foi fortemente acelerado com a promulgação da Lei Nº 10.350/94. Movimentos sociais, respaldados pelo apoio da então Divisão de Recursos Hídricos iniciaram ações visando a criação de Comitês em várias bacias do Estado. No entanto, ao não se efetivar a consolidação das demais estruturas institucionais do SERH e ao não se inserir de forma incisiva a gestão de recursos hídricos nas políticas públicas, os Comitês de Bacia não encontraram o necessário respaldo para o exercício das suas atribuições. O reduzido apoio técnico, a crônica falta de recursos financeiros e, muitas vezes, a pequena repercussão das decisões gerenciais dos Comitês, produziram conseqüências negativas de diferentes graus de criticidade. Como conseqüência, coexistem hoje, no SERH, Comitês com forte engajamento social, capacitados a deliberar e com inserção no processo decisório e Comitês que ainda buscam motivos para a sua existência. Para cada uma das três Regiões Hidrográficas do RS, a Lei Nº 10.350/94 estabeleceu a criação de um órgão de apoio técnico denominado “Agência de Região Hidrográfica”. Tais agências deveriam ser instituídas por lei como integrantes da Administração Indireta do Estado (autarquias ou em fundações públicas). No ano de 2005, decorridos mais de 10 anos da promulgação da Lei sem que as Agências tivessem sido criadas, o Governo do Estado decidiu reavaliar o modelo jurídico-institucional previsto para as Agências. Através de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 114 cooperação técnica com a UNESCO foi desenvolvido projeto com o objetivo de definir o modelo jurídico-institucional, organizacional e econômico-financeiro para as Agências, considerando a realidade atual do Estado. Após a análise dos condicionantes administrativos e legais e as experiências existentes no País, concluiu o estudo que a alternativa mais adequada para a atual realidade financeira e estrutural do Estado, é a criação de uma única Agência, englobando as três Regiões Hidrográficas. Esta conclusão não exclui a possibilidade futura de três Agências, no modelo jurídico e institucional previsto na Lei Nº 10.350/94. Conclui também o estudo, que a Agência a ser criada não deve integrar a estrutura administrativa do Estado e que a sua relação com o SERH deve ser estabelecida mediante contrato de gestão. Relativamente à integração com os setores usuários, pode-se afirmar que a gestão de recursos hídricos se constitui em uma atividade recente quando comparada à gestão de sistemas setoriais (geração de energia, saneamento, transporte, irrigação). A visão integrada dos usos múltiplos da água, um dos princípios da gestão de recursos hídricos, não encontrava abrigo nos sistemas setoriais tradicionais. Estes sistemas resolviam seus conflitos mediante acordos diretos. Ou seja, os contenciosos eram resolvidos entre as partes, desconsiderando as conseqüências destas “soluções” nos demais sistemas setoriais. A crescente escassez quali-quantitativa de água, e a conseqüente potencialização dos conflitos de uso, criou um espaço para a inserção de um “árbitro” eqüidistante dos interesses das diversas partes (o sistema de gestão de recursos hídricos). Esta inserção se manifesta de forma mais efetiva no âmbito dos Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas. Como exemplo prático, pode-se citar a crônica escassez de água nas bacias dos rios Gravataí, Sinos e Santa Maria, que afeta principalmente o abastecimento público e a irrigação. Mediante acordos negociados no âmbito dos respectivos Comitês, os prejuízos ao abastecimento e à irrigação tem sido minimizados. Observa-se que a gestão de recursos hídricos se insere no planejamento dos setores usuários da água por três vias: a necessidade de solução de conflitos, a exigência legal e o condicionante econômico (liberação de financiamentos). Uma quarta via, ainda não implementada no Rio Grande do Sul (a tarifação pelo uso da água), certamente se constituirá no fator determinante da efetiva inserção da gestão de recursos hídricos no planejamento dos setores produtivos usuários da água. 6.2. PADRÕES CULTURAIS E ANTROPOLÓGICOS Para o diagnóstico da dinâmica social das Regiões Hidrográficas que integram o Estado do Rio Grande do Sul, optou-se pela abordagem por Conselho Regional de Desenvolvimento (COREDE), sub-unidade de gestão e administração estadual que reúne municípios com afinidades regionais. Cabe destacar que esse matriz espacial é a que vem sendo adotado pelo governo estadual em abordagens de planejamento sócio-econômico e institucional ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 115 (Orçamento Participativo, por exemplo). Do ponto de vista socioeconômico a presente caracterização tem base no documento denominado RUMOS 2015 para a situação atual das diferentes regiões do Rio Grande do Sul. A interface entre as unidades hidrográficas (regiões e bacias hidrográficas) e os COREDES foi apresentada anteriormente, no Capítulo 2 (Figura 2.2). O cenário socioeconômico e demográfico que conforma a situação atual das Regiões Hidrográficas define padrões econômicos e culturais típicos no âmbito regional, inferindo sobre a problemática dos recursos hídricos, a permeabilidade a mudanças de comportamento e o grau de empoderamento dos atores e instituições sociais para promover mudanças. A história mostra que a água foi o motor do desenvolvimento das civilizações humanas. No Rio Grande do Sul, a partir do século XVI, o desenho e a diversidade de rios na região possibilitou a ocupação espanhola e portuguesa do território. O domínio territorial da região composta hoje pelo Rio Grande do Sul trazia boas vantagens comercias. O ano de 1824 marcou a chegada dos primeiros colonizadores alemães e na virada do século Porto Alegre ainda era uma “cidade-aldeia”. Na década de 1940 acelera-se o processo de unificação do mercado nacional, gerando redução do dinamismo das economias regionais. As décadas seguintes registram o fluxo migratório para as cidades industrializadas do Estado e de gaúchos, principalmente, para o Paraná e Mato Grosso do Sul. A industrialização no Estado concentra-se ao longo do eixo formado entre a Capital e a Serra e desenha-se basicamente o mapa atual do desenvolvimento e da especialização econômica no Estado. O Rio Grande do Sul, conforme Censo do IBGE em 2000, totalizou 10,2 milhões habitantes, tendo duplicado sua população em relação a 1960. A partir de 2004 o Estado passou a contar com 496 municípios. Dos quais 333 possuem menos de 10 mil habitantes. Cerca de 80% dos migrantes gaúchos possuem o próprio Estado como destino, concentrando-se nas regiões mais dinâmicas economicamente. Para 2006 as projeções indicam uma população total no Estado de aproximadamente 11 milhões de habitantes. O Rio Grande do Sul é a quarta economia do Brasil pelo tamanho de seu Produto Interno Bruto (PIB), seu PIB per capita (R$ 14.081,39) é superior à média nacional (próxima a 9,7 mil reais) e cresceu mais que o brasileiro. A distribuição espacial do PIB per capita está concentrada, em maior proporção, em torno do eixo Porto Alegre - Caxias do Sul, Região da Produção e vales do Taquari e Rio Pardo. Os valores per capita do PIB vêm melhorando em todo o Estado, especialmente nos municípios pouco populosos e com participação da indústria em sua economia. Com uma forte base agropecuária e uma indústria de transformação diversificada, a economia gaúcha possui uma importante relação com os mercados externos. O setor agropecuário gaúcho participou com 15,9% da estrutura do Valor Agregado Bruto (VAB) em 2004 (acima da média nacional) e está associado ao setor agroindustrial, os quais somados se aproximam a 30% da estrutura econômica, além de ser o setor econômico mais desconcentrado ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 116 territorialmente. O setor industrial também possui grande relevância na economia gaúcha participando com 44,5% do VAB, acima da média nacional (38%). O PIB total gaúcho que em 1994 era de 31,13 bilhões de reais, passou para 152,71 bilhões em 2005, representando 7,8% do total brasileiro. As regiões Serra, Fronteira Oeste e Produção são as que registram maior participação do setor agropecuário na sua economia, perfazendo juntas 25% da produção agropecuária gaúcha. O destaque nestas regiões são: a produção de hortifrutigranjeiros (na região da Serra), o arroz e a pecuária (Fronteira Oeste) e o soja (Produção). A região Serra, por sinal, diferencia-se das outras duas por apresentar também uma forte concentração industrial em seu território, contrastando com um perfil agropecuário predominante nas demais. Na agropecuária a lavoura responde por 61,3% da produção, seguida pela produção animal (34,0%). A produção de grãos é a lavoura mais significativa, embora tenha decrescido historicamente passando de 50,3% em 1985, para 36,0% em 1990, 28,6% em 1995, retomando o crescimento e atingindo, em 2004, 36,4%, fruto de oscilações nos mercados externos ao Estado, principal destino desta produção. A maior concentração do rebanho bovino está no oeste e sul do Estado, associado à presença dos campos ou integrado com a produção de arroz. As quatro regiões que apresentam maior rebanho (57,3% do rebanho gaúcho) são: Fronteira Oeste (23,8%), Sul (12,5%) Central (10,8%), e Campanha (10,2%). O Rio Grande do Sul possui o terceiro maior rebanho de suínos do país, com uma participação de 12,6% do efetivo nacional. A criação de suínos aparece normalmente associada à agroindústria, sendo uma das mais tradicionais cadeias produtivas do Estado. Também apresenta grande destaque nas exportações, respondendo por 26,3% das exportações brasileiras do setor e crescendo 260% entre 1996 e 2003. O Estado é, também, o terceiro produtor nacional de leite com 10,6% da produção nacional ou 2,29 bilhões de litros, sendo que a produção é bem distribuída pelo território. No Estado, o leite participou, no ano de 1999, com 4,9% do VBPA, participação que apresenta pouca variabilidade nos últimos anos. O setor Industrial, por sua vez, está muito concentrado em torno do eixo Porto Alegre - Caxias do Sul, abrangendo áreas como o COREDE Metropolitano Delta do Jacuí (25%), seguido pelo Vale do Rio dos Sinos (21,6%) e Serra (14,3%). Juntas, estas 3 regiões perfazem mais de 60,8% da produção industrial do Estado, com um perfil bem distribuído por vários segmentos, sendo pólo de praticamente todos os setores industriais relevantes, com exceção de alguns segmentos ligados à agroindústria. Os dados da estrutura do PIB estadual mostram que a indústria, principalmente a de transformação, responde por cerca de um terço da economia gaúcha. O ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 117 Estado apresenta uma indústria diversificada que se desenvolveu a partir das agroindústrias e de outros segmentos ligados ao setor primário. A indústria de transformação gaúcha alcançou a segunda posição no parque nacional (depois de São Paulo), com uma participação percentual em torno de 11%. Esta consolidação guarda um estreito vínculo com os gêneros voltados à exportação, que foram os que alavancaram os índices de crescimento, como os setores de mecânica, material de transporte, química, mobiliário, vestuário e calçados. No chamado Escudo Sul-Rio-grandense concentra-se o maior número de ocorrências de minerais com importância econômica. O Estado é produtor e exportador de pedras preciosas e ornamentais, bem como de rochas ornamentais (granitos e mármores). O carvão constitui o principal bem mineral, com recursos totais da ordem de 28 bilhões de toneladas, que correspondem a 88% dos recursos de carvão do país, com perspectiva de uso na geração termoelétrica e na metalurgia. O Rio Grande do Sul é, juntamente com Santa Catarina, o maior produtor de carvão mineral do Brasil. O setor de Serviços, durante a década de 90 apresentou um crescimento um pouco abaixo da média nacional, tendo uma participação nacional em torno dos 7%. Os segmentos de Comércio e Administração Pública têm um forte peso no valor agregado dos Serviços, embora esteja em queda a mais de uma década. O segmento de Atividades Imobiliárias e Serviços Prestados a Empresas aumentou sua participação. A distribuição regional dos Serviços acompanha de perto a Industrial, com destaque maior para o COREDE Metropolitano Delta do Jacuí (29%), onde se localiza a capital gaúcha (22,2%), que apresenta tendência de polarização espacial dos serviços, em substituição à sua base industrial que vem se deslocando para outros municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA) e áreas próximas, e a especialização em determinados tipos de serviços oferecidos, principalmente os mais especializados. Os dados do crescimento recente do PIB mostram que algumas regiões do Estado vêm sofrendo perdas significativas, enquanto outras crescem a taxas bem superiores à média estadual. Considerando a evolução do PIB no período 1990 a 2002, dos 24 COREDEs, quinze apresentaram evolução superior à média estadual que foi de 2,4% a.a.. Destacaram-se o Vale do Caí com um crescimento de 4,2%, Produção com 4,2%, Nordeste com 3,9%, Norte 3,5% e Serra com taxas de 3,4%. No período, os COREDEs que tiveram menor crescimento foram o Litoral com um crescimento negativo de -1,4%, o Sul com 0,8 e o Missões com 0,9%. Do ponto de vista da distribuição regional, em 2002, os COREDEs Metropolitano Delta do Jacuí, Vale do Rio dos Sinos e Serra participavam com cerca de 50% do PIB Gaúcho. Na perspectiva das desigualdades regionais, relativamente à concentração do PIB estadual, observa-se que os COREDEs Metropolitano do Delta do Jacuí, Vale do Rio dos Sinos e Serra, detém aproximadamente 50% do PIB gaúcho. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 118 Quando somados os valores dos COREDEs vizinhos como Sul (6,1%), Vale do Rio Pardo (4,8%) e Produção (4,3%), verifica-se que 64% da produção econômica do Rio Grande do Sul concentram-se nestes COREDEs. Em termos de população, contudo, os três primeiros concentram apenas cerca de 42%. Adicionando-se os outros três já citados obtém-se um total de 54% da população do Rio Grande do Sul. Esta concentração de produção e população é muito alta, visto que estes COREDEs juntos cobrem apenas cerca de 15% do território estadual. Com relação às disparidades regionais, o COREDE com maior participação no total da produção tem um PIB equivalente à soma dos 12 últimos na escala de participação no PIB estadual. A maior parte dos municípios que apresentam maior PIB são predominantemente industriais e estão concentrados no eixo Caxias do Sul Porto Alegre - Santa Cruz do Sul. Destacam-se Porto Alegre, Canoas, Caxias do Sul, Triunfo, Gravataí, Novo Hamburgo, Rio Grande e Santa Cruz do Sul. Juntos estes oito municípios respondem por 37,4% do PIB do Estado. Além da Região Metropolitana de Porto Alegre, o Estado conta com outras três aglomerações urbanas: a Aglomeração Urbana do Nordeste, constituída de dez municípios com uma população de 605.749 habitantes, instituída através de lei em 1994, que tem como pólo Caxias do Sul; a Aglomeração Urbana do Sul, com população de 557.216 habitantes, instituída em 1990, polarizada por Pelotas; e a Aglomeração Urbana do Litoral Norte, com 231.753 habitantes, instituída em 2004, formada por municípios como Capão da Canoa, Osório, Torres e Tramandaí. Na perspectiva da qualidade de vida das populações que habitam o Estado, comparativamente à média nacional, o acesso a bens e serviços básicos de saneamento no Rio Grande do Sul é levemente superior. Os temas abastecimento de água, esgoto domiciliar e coleta de lixo são importantes indicadores de boas condições ambientais e de qualidade de vida da população de uma região, além de estarem diretamente relacionados aos recursos hídricos. No ano de 2000, no Brasil, 77,8% dos domicílios estavam ligados à rede de água. No Rio Grande do Sul que contava com 3.042.039 domicílios naquele ano, 79,7% estavam ligados à rede de água e 97,6% possuíam banheiro ou sanitário, sendo que destes, 70,1% encontravam-se ligados à rede geral de coleta ou dispunham de fossa séptica. Contam com sistema de coleta de lixo 84,1% dos domicílios, taxa de atendimento também superior à brasileira, assim como nos demais índices de saneamento. Outro indicador ambiental importante é a existência de áreas ambientalmente protegidas. O Estado conta atualmente com um total de 104 Unidades de Conservação, incluindo áreas criadas por lei e ainda não implementadas. Destas, 12 são federais, 26 estaduais, 42 municipais (incluindo áreas de usos múltiplos e parque urbanos) e 24 RPPNs, abrangendo 3,4% da área total do Estado, área ainda exígua para preservar a diversidade de paisagens e proteger as poucas áreas remanescentes de vegetação original e biodiversidade. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 119 De acordo com o Inventário Florestal Contínuo do Rio Grande do Sul realizado em 2001, houve um grande aumento das áreas florestadas no Estado, resultado atribuído principalmente ao abandono de áreas rurais, maior rigor na aplicação da legislação ambiental e avanço da educação ambiental de modo geral. Dos 17,5% de florestas nativas remanescentes no Estado, 13,5% são de florestas naturais em estágio avançado e médio de regeneração e 4,0% são de florestas naturais em estágio inicial de regeneração. Além disso, em 1992 a UNESCO declarou as áreas remanescentes de Mata Atlântica, que abrangem cerca de 29 milhões de hectares do território nacional e 434.193 ha no território estadual, como Reserva da Biosfera, reconhecendo a situação desta floresta tropical como a mais ameaçada do planeta. O Índice de Desenvolvimento Socioeconômico (IDESE) criado em 2003 pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) resume a situação geral de qualidade de vida das populações do Estado e mede o grau de desenvolvimento dos municípios do Rio Grande do Sul. O IDESE é o resultado da agregação de quatro blocos de indicadores: Domicílio e Saneamento, Educação, Saúde e Renda. Para cada uma das variáveis componentes dos blocos é calculado um Índice, entre 0 (nenhum desenvolvimento) e 1 (desenvolvimento total), que indica a posição relativa para os municípios. Assim os municípios podem ser classificados em baixo desenvolvimento (índices até 0,499), médio desenvolvimento (entre 0,500 e 0,799) e alto desenvolvimento (maiores que 0,800). A avaliação deste indicador aponta para uma evolução positiva. Em 1991, os municípios de Cerro Grande do Sul, Cerro Grande, Amaral Ferrador e Jaboticaba apresentavam os menores índices, sendo que este, com IDESE de 0,487, se encontrava na faixa de baixo desenvolvimento. Todos os demais municípios do Estado se encontravam na faixa de médio desenvolvimento. Em 2000 e em 2003 oito municípios encontravam-se na faixa de alto desenvolvimento e apenas Benjamin Constant do Sul era considerado um município com baixo desenvolvimento, passando em 2003 para o grupo de desenvolvimento médio. O bloco Domicílio e Saneamento do IDESE, de maior interesse no contexto deste trabalho, relativamente aos blocos Saúde, Educação e Renda, apresenta os menores valores em todos os períodos passando de 0,475 em 1991, para 0,562 em 2000 e 0,565 em 2003. Os blocos Saúde e Educação apresentam valores altos para a média do Estado, enquanto o bloco Renda aparece com valor intermediário. Com relação à infra-estrutura de serviços públicos com maior repercussão sobre os recursos hídricos, verifica-se que a grande maioria de municípios registra pequeno percentual de domicílios urbanos com coleta e tratamento de esgoto. Os COREDEs com menos de 15% de seus domicílios urbanos sendo atendidos pela rede de coleta de esgotos são Vale do Rio Pardo (10,1%), Noroeste Colonial (10,8%), Vale do Taquari (11,2%), Fronteira Noroeste ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 120 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (14,5%) e Alto Jacuí (14,5%). Os que apresentam melhores indicadores, com pelo menos 40% dos domicílios urbanos tendo atendimento da rede de esgotos, são respectivamente o COREDE Serra (54,9%), Metropolitano do Delta do Jacuí (40,3%) e Campanha (44,6%). O reduzido investimento na coleta e tratamento de esgotos urbanos domiciliares não é, como poderia parecer, uma característica apenas de regiões com predomínio de atividade rural. Considerando os grandes centros urbanos – municípios com mais de 100.000 habitantes – é possível verificar que apenas 39% dos domicílios têm coleta de esgoto e, deste esgoto coletado, apenas 18% é tratado antes de chegar aos mananciais hídricos. Para a construção desta síntese do cenário atual das Regiões Hidrográficas, foram utilizadas informações do Rumos 2015, que elaborou uma análise bastante detalhada e com elementos comparativos do desempenho dos COREDEs, classificado-os em 5 grupos (dinâmicos, emergentes, estáveis, em transição e em dificuldades) utilizando uma nomenclatura, de certa forma, autoexplicativa e permitindo ter uma idéia da posição relativa de cada região político-administrativa do Estado. No âmbito do PERH, a configuração espacial das Regiões Hidrográficas do Estado, a partir do agrupamento de COREDEs, oferece um panorama da dinâmica social dessas regiões, oferecendo um pano de fundo consistente para a abordagem dos atores sociais estratégicos, sejam eles os Comitês de Bacia Hidrográfica, sejam eles representantes de instituições com abrangência setorial no Estado. Assim, para cada Região Hidrográfica, consideram-se os COREDEs nelas contidos, agrupados, conforme o caso, em sub-regiões dentro da Região Hidrográfica. O agrupamento em sub-regiões se deu com base em características similares do sub-grupo de COREDEs, facilitando a leitura e o zoneamento comparativo entre as regiões do Estado, as quais são apresentadas sumariamente no quadro que segue: Quadro 6.1 – Síntese da Situação dos COREDEs por Regiões e Sub-Regiões Hidrográficas Região e Sub Região Uruguai: Fronteira Centro-Oeste COREDE Classe Rumos Bacias de polarização urbana Fronteira Oeste Em dificuldades Santana do Livramento; Uruguaiana. Arroz Santa Maria Soja/Arroz; Polarização em Santa Maria. Bagé Indústria; extração mineral. Central Campanha Em dificuldades Em dificuldades Missões Em dificuldades Santo Ângelo; São Luiz Gonzaga. Fronteira Noroeste Emergente Três de Maio Noroeste Colonial Em transição Ijuí; Três Passos Uruguai: Missioneira Características específicas Soja/Milho; PCHs Soja/Milho; Dinâmica industrial. Soja; Cadeia agroindustrial; Crescimento econômico; Agricultura familiar em crise. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Características comuns Base econômica Agropecuária; Perda de população; Baixo volume de valor agregado; Não industrializado; Setor terciário ganha importância relativa; Reduzido investimento público. Base econômica Agropecuária; Infraestrutura saneamento precária; Municípios dependentes financeiramente; Perda de população; Baixo volume de valor agregado; Desenvolvimento industrial localizado; Setor terciário ganha importância relativa; Reduzido investimento público. 121 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul Região e Sub Região Uruguai: Norte COREDE Classe Rumos Bacias de polarização urbana Características específicas Médio Alto Uruguai Em transição Frederico Westphalen Soja/milho; Suinocultura; Agricultura familiar em crise. Norte Produção Nordeste Estável Em transição Soja/milho/trigo Em dificuldades Vacaria Estável Porto Alegre; Viamão Vale do Rio dos Sinos Dinâmico Canoas; São Leopoldo. Vale do Caí Dinâmico Montenegro Vale do Paranhana– Encosta da Serra Estável Taquara Crescimento industrial; Calçado e indústria diversificada. Alto Jacuí Estável Cruz Alta Base econômica agropecuária com indústria em crescimento; Soja/trigo. Guaíba: Metropolitana Guaíba: Centro Litoral: Litoral Soja; Dinâmica industrial. Dinâmico Hortênsias– Campos de Cima da Serra Metropolitan o do Delta do Jacuí Alto da Serra do Botucaraí JacuíCentro Em dificuldades Concentração industrial; Alto valor agregado; Economia diversificada; Base econômica industrial; Recebe população; Municípios ricos. Polarizado pelo COREDE Serra; Economia não cresceu; Madeira/maçã; Pouca atividade agropecuária e industrial; Economia terciária; Turismo. Concentração populacional; Serviços especializados; Petroquímica; Arroz. Concentração populacional com crescimento acelerado; Couro e calçado; Base econômica industrial. Base econômica industrial; Crescimento econômico e populacional; Cítricos; Cadeia aves e suínos. Desconcentração concentrada; Recebe população; Falta infra-estrutura de saneamento. Perda de população; Indicadores sociais com desempenho ruim. Menor PIB do Estado; Base agropecuária; Soja. Em dificuldades Santa Cruz do Sul Vale do Taquari Dinâmico Cachoeira do Sul Vale do Rio Pardo Emergente Lajeado Litoral Em dificuldades Torres; Osório. Sul Em dificuldades Pelotas Centro-Sul Em transição Litoral: Sul Base econômica Agropecuária; Perda de população; Desenvolvimento industrial localizado Não industrializado no restante; Infra-estrutura saneamento precária; Municípios dependentes financeiramente. Agricultura diversificada Caxias do Sul; Bento Gonçalves. Serra Guaíba: Serra Em transição Carazinho; Palmeira das Missões; Passo Fundo. Erechim Características comuns Pobreza; Arroz; Agricultura familiar em crise. Industrializado; Economia em crescimento; Milho/fumo; Cadeia de aves e suínos; leite. Industrializado; Cadeia do fumo; Indicadores sociais com desempenho ruim. Recebe população; Pouca atividade econômica; Turismo e terciário; Arroz. Indústria com pouco dinamismo; Agroindústria; Arroz. Arroz/fumo; Carvão; Siderurgia. Pequeno crescimento demográfico; Falta de infra-estrutura de saneamento. Fragilidade ambiental; Falta infra-estrutura de saneamento. 6.3. SISTEMAS DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E ATORES SOCIAIS ESTRATÉGICOS Para a identificação e análise das opiniões e percepções dos atores sociais estratégicos na perspectiva do Plano Estadual de Recursos Hídricos, os Comitês de Bacia Hidrográfica são as instituições privilegiadas, uma vez que representam os interesses organizados da sociedade em relação aos recursos hídricos, possuindo em seu interior, representantes dos mais variados segmentos de usuários de água e da sociedade de maneira geral. Considerando os Comitês atores sociais estratégicos do PERH foram ouvidos, através de entrevistas e, em alguns casos, a plenária do próprio Comitê ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 122 (quando esses julgaram adequado) os 17 Comitês instalados no Rio Grande do Sul. Também foram contatados e ouvidos 19 representantes das mais variadas instituições de representação regional e setorial, complementando e enriquecendo a abordagem dos Comitês de Bacia. As entrevistas realizadas apontam que os Comitês possuem uma visão dos principais problemas de suas respectivas bacias, sendo que um conjunto de problemas é comum a muitas bacias. A falta de esgotamento sanitário e de tratamento desse esgoto se constitui no maior problema relacionado aos recursos hídricos nas bacias hidrográficas gaúchas segundo avaliação dos próprios Comitês. Trata-se de um problema com grande visibilidade pública, em relação ao qual os Comitês são cobrados a dar resposta à sociedade. Um segundo grupo de problemas está relacionado a aspectos ambientais com reflexos econômicos. Este é o caso do desmatamento ciliar e o mau uso do solo. Outro grupo de problemas mencionados refere-se a temas, como eles próprios denominaram, “localizados”, relacionados a setores de produção típicos de suas bacias, tais como os conflitos de água para produção de arroz irrigado, contaminação pela suinocultura e criação de aves, impactos ambientais e socioeconômicos da silvicultura (impactos já registrados ou potenciais) e cultivos intensivos em insumos (fumo, frutas). Foram registrados também, embora com freqüência reduzida, problemas relacionados a temas ambientais específicos, entre os quais a não observância das Áreas de Proteção Permanente (APPs), a falta de áreas de preservação ambiental, a falta de definição de vazão ecológica para os rios com barramentos para geração de energia elétrica, a degradação de nascentes pela atividade produtiva e a sistematização de banhados para a produção agrícola. Problemas com efluentes industriais são mencionados com menor freqüência por estarem relacionados com áreas industrializadas, embora sejam considerados de grande relevância. Problemas políticos e institucionais do SERH são pouco mencionados pelos entrevistados como relacionados aos recursos hídricos da Bacia. Houve referência à dependência que os Comitês possuem das universidades e a ausência de apoio mais sistemático do governo. A avaliação geral dos conflitos indicados como existentes atualmente é de que ainda não são muito graves ou são “pontuais”, ou seja, refere-se a uma categoria ou a uma sub-região da bacia. Os conflitos identificados atualmente como mais importantes referem-se ao uso da água para irrigação ou geração de energia elétrica (PCHs) com outros usos tais como para abastecimento, lazer e desenvolvimento de atividades turísticas. Entre os conflitos indicados pelos Comitês como potenciais, ainda não deflagrados, os entrevistados prognosticam situações futuras, geralmente relacionadas à evolução de problemas atuais, que irão constituir pólos de interesses opostos. O principal conflito potencial refere-se à implantação de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 123 hidrelétricas em algumas bacias, assim como a expansão da silvicultura em outras. Os Comitês se percebem como atores políticos, com boa capacidade de gestão política dos problemas e conflitos de suas respectivas bacias. Porém, quase todos reconhecem que os aspectos técnicos relacionados aos recursos hídricos são críticos para o desempenho das funções dos Comitês e em geral não são entendidos como sendo atribuição dos Comitês. Na avaliação de alguns, os Comitês acabam atraindo um perfil de participantes com maior preparo e formação técnica, o que leva muitos Comitês a disporem de profissionais com grande capacidade técnica, capazes, de certa forma, de responder por essas questões na ausência de subsídios adequados. Contudo, predominantemente, os Comitês entendem que seus membros técnicos não dispõem de tempo para se dedicar e nem de condições efetivas para realizar esta função. Há uma queixa generalizada que o próprio Estado retira força política dos Comitês ao não lhes dar respaldo institucional (reconhecimento e valorização, ouvindo os Comitês quando realiza suas próprias ações e obras), financeiro (limitando sua capacidade operacional devido à insuficiente distribuição de recursos) e técnico (não instituindo a Agência de Águas e não viabilizando os Planos de Bacia). As universidades são apontadas, por alguns Comitês, como soluções de menor custo e de grande conhecimento local. Por abrigarem também os Comitês, as universidades ofereceriam o apoio e o subsídio que o Estado não fornece. A implantação dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos, que compreende o enquadramento dos usos das águas, a outorga para utilização dos recursos e a cobrança pelo recurso não está sendo implementada na maioria dos Comitês de Bacia. Em vista disso, o SERH, segundo os entrevistados, encontra-se atualmente em um impasse crítico e estagnado. O principal responsável pela situação atual do Sistema, na avaliação dos Comitês, é o Governo do Estado, o qual não está cumprindo com suas atribuições dentro do SERH. Há quem afirme que o Estado não reconhece os Comitês e não reconhece o próprio Sistema, não dispõe de uma atitude coerente de seus próprios órgãos e secretarias, os quais desconhecem ou simplesmente ignoram os Comitês. Atualmente, quase todos os Comitês que dispõem de estrutura operacional estão vinculados a universidades, as quais são tidas como idôneas e isentas, afastando o risco de comprometimento com interesses que mantém os Comitês. Contudo, há críticas também ao que é chamado de “atrelamento” dos Comitês às universidades. A falta de autonomia financeira dos Comitês é vista como uma importante limitação para as suas atuações. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 124 A instituição urgente das Agências de Região Hidrográfica foi uma reivindicação quase unânime dos Comitês como forma de viabilizar a instituição dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos. Fica evidente pela análise das respostas, também, que ainda é necessário um debate mais aprofundado sobre as Agências, tendo em vista a existência de muitas perspectivas divergentes sobre o papel e o funcionamento das mesmas. Predomina a avaliação de que a comunidade não percebe os Comitês devido à inexistência de grandes conflitos nas Bacias e à falta de visibilidade de sua atuação, fruto, em grande medida, dos poucos recursos e instrumentos que os Comitês possuem para atuar. Nem o próprio Estado reconhece os Comitês, quanto menos a sociedade. Estariam faltando, na visão dos entrevistados, políticas públicas de educação ambiental básica, necessárias a mudanças de atitudes e de comportamentos. Parte das dificuldades de reconhecimento dos Comitês se deveria, também, à falta de respaldo “de cima”, ou seja, de um Sistema institucionalizado e operante com apoio e envolvimento do Governo do Estado. Segundo alguns entrevistados, quando a sociedade percebe os Comitês muitas vezes o faz de forma negativa, como um fiscalizador e um cobrador de tributos, ou ainda como uma ONG, como “ecologistas” que abrem espaço para fazer denúncias relativas a problemas ambientais. No âmbito interno da bacia e do próprio Comitê os entrevistados colocaram como desafios a conclusão de tarefas e estudos, entre os quais os Planos de Bacia, a mobilização da sociedade, o aumento e a qualificação de suas representações, bem como um esforço geral de mobilização e de busca de alianças com a sociedade. Por parte de alguns Comitês o PERH é visto como um espaço de barganha para se colocarem as demandas de recursos e apoio do Governo, remuneração para secretário e dirigentes dos Comitês, ações do PERH de divulgação dos Comitês, repasse aos Comitês de dados técnicos levantados durante a realização do PERH e aproveitamento e custeio da conclusão de estudos realizados por iniciativa dos Comitês. Há também, apesar da postura predominantemente defensiva dos Comitês, a expectativa de que o PERH trace diretrizes que possibilitem a interação entre os Comitês, coordenando o relacionamento entre as bacias, por exemplo, em relação aos enquadramentos e seus efeitos a jusante e a montante. Há a preocupação que o PERH tenha sintonia com os Planos de Bacia, os atuais e os que serão realizados futuramente, fugindo do padrão de confronto entre os dois níveis de planejamento e apostando em soluções integradas e complementares entre ambos. De maneira geral, os atores prioritários para o PERH são indicados pelos Comitês entrevistados como sendo os próprios Comitês, a sociedade e os usuários de água e por último o Governo. Nesse sentido, a criação da CEAC – Comissão Executiva de Articulação e Construção do PERH constitui passo ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 125 importante, principalmente tendo em vista que os integrantes dessa Comissão foram indicados pelos próprios Comitês. Em reunião realizada com as direções dos Comitês (em 2006) ficou claro que há uma visão objetiva e fiel do papel dos Comitês na elaboração do PERH, mas, por outro lado, há a nítida noção de que no momento atual eles não têm condições operacionais de atender diretamente a essa demanda (encontram-se em fase de discussões e resoluções de problemas internos às Bacias). Nesse sentido, a CEAC vem cobrir essa importante lacuna. Há, ainda, outro problema vinculado aos Comitês, que diz respeito à pouca representatividade de seus membros perante às categorias a que representam. A participação no Comitê, pela maioria dos membros, dá-se mais pelo interesse pessoal do que por iniciativas institucionais conjuntas. Também ao participar das deliberações dos Comitês, esses membros tem dificuldade de representar a toda a categoria em questão, restringindo seus posicionamentos à instituição de origem. A partir de um elenco de questionamentos, similar ao apresentado aos Comitês de Bacia Hidrográfica, as instituições representantes de setores e áreas de atuação relacionadas aos recursos hídricos apontaram como principais problemas o despejo de esgoto doméstico e a poluição de maneira geral, ou ainda indicaram problemas específicos relacionados a um rio ou uma atividade produtiva, seja ela agrícola ou industrial. Em relação a estes temas são identificados pelos entrevistados principalmente conflitos de uso, especialmente os relacionados a abastecimento humano. Trata-se, portanto de um problema de qualidade e também de escassez de água que está atingindo diversas regiões do Estado. Um conjunto de respostas destes entrevistados, entretanto, está relacionado diretamente a aspectos institucionais e de gestão dos recursos hídricos, tais como a dificuldade de licenciamento ambiental a morosidade na implantação dos instrumentos e instituições do SERH entre outros temas. Os conflitos mencionados pelas instituições dizem respeito principalmente aos que resultam do uso da água por diferentes categorias de usuários, principalmente entre irrigação, abastecimento público e uso industrial. Os entrevistados revelaram possuir clareza de que há conflitos de quantidade e também de qualidade, os quais às vezes estão sobrepostos e em outros casos são específicos. Na avaliação da maioria dos entrevistados, salvo alguns avanços, a gestão dos recursos hídricos é muito precária. De um lado, a atuação institucional do Poder Público é insuficiente, desfocada e muitas vezes politizada e partidarizada negativamente. Segundo alguns entrevistados está se avançando em um processo de privatização da gestão dos recursos hídricos, a qual deveria permanecer na esfera do Poder Público. De outro lado, é apontada também a falta de conhecimento, condições culturais e uma atitude mais comprometida de parte da população que, embora muitas vezes esteja ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 126 sensibilizada, tem dificuldades para assumir uma atitude mais efetiva e positiva com relação ao uso racional e a preservação dos recursos hídricos. De maneira geral, os entrevistados representantes das instituições avaliam que a legislação que institui os instrumentos é boa, mas que não é implementada, apontando problemas diversos que vão desde as questões corporativas institucionais, até as dificuldades financeiras para sua institucionalização. Enquanto iniciativa e etapa inicial da instituição do SERH, os Comitês de Bacia são muito bem vistos pela maioria dos entrevistados, que identificam neles uma efetiva representação da sociedade e um espaço para a gestão participativa, reclamada inclusive como solução política para problemas e questões institucionais mencionadas nos itens anteriores. Ainda que em algumas situações seja julgada insuficiente, a representação da sociedade nos Comitês é considerada suficiente e adequada. Isso é uma quase unanimidade. A expectativa dos entrevistados em relação ao PERH é de que este tenha efetividade. A idéia de planejamento e de gestão é muito bem vista pelos entrevistados. A dúvida dos entrevistados é se efetivamente este planejamento terá condições de ser implementado, haja vista a já mencionada atitude refratária do Estado, um dos principais atores do Sistema, a investir e a dinamizar a gestão dos recursos hídricos. Considerando as críticas e questionamentos à atuação do Estado e do Poder Público já manifestada nos temas anteriores, os entrevistados identificam um conjunto de dificuldades que vão desde a vontade política e a capacidade institucional e técnica para a realização do PERH, até a falta de uma cultura de planejamento e gestão, assim como a falta de uma participação e de uma conscientização mais efetiva da sociedade. No elenco das facilidades são colocados poucos elementos objetivos, entre os quais a vontade e determinação dos atores sociais para sua efetiva implementação. Na identificação dos principais atores do PERH, há os que identificam no Estado e no Poder Público o papel de liderar, quando não de implementar, a condução do Plano, e há os que reforçam a necessidade de participação da sociedade (em sentido amplo, isto é, sociedade civil, produtores, usuários, ou mesmo as instâncias de Poder Público local, vistas como atores externos do Plano), como forma de assegurar representatividade e efetividade ao Plano através de sua cobrança posterior aos políticos e aos órgãos responsáveis. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 127 7. PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 128 7. PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL O processo de mobilização e participação social é descrito neste capítulo, destacando a lógica da representação, alternativa adotada pelo processo de construção do Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH, com vistas a incorporar a participação social, face ao estágio atual de conscientização e mobilização da sociedade gaúcha frente aos problemas e temas relacionados aos recursos hídricos. Três itens estruturam a apresentação do processo de participação na elaboração do PERH: (7.1) A Lógica do Processo – Representação; (7.2) Formulação e Implementação do Processo e (7.3) Resultados Finais. A seguir, através dos itens supracitados, são apresentados o processo de participação social na construção do PERH e seus principais resultados, notadamente mediante o viés da representatividade. 7.1. LÓGICA DO PROCESSO – REPRESENTAÇÃO O presente item aborda a lógica da participação social no processo de elaboração do PERH conforme as estratégias e perspectivas preconizadas no Plano de Trabalho, ajustado no Grupo de Coordenação e tendo como base os Termos de Referência. Essa lógica foi o ponto de partida para a efetivação das ações relativas à participação social e gradativamente adequada à realidade posta, na medida do avanço do processo de elaboração do PERH. Assim, a formulação e a implementação do processo de participação social se baseou no aporte de informações e na capacidade de compreensão, por parte dos grupos sociais diretamente envolvidos com a questão hídrica, da realidade associada à problemática em questão. Buscou-se que a sociedade gaúcha, através das suas diferentes estruturas de organização e de seus diferentes grupos de interesse, participasse da montagem e da definição de diretrizes e ações prioritárias, na medida em que conseguisse perceber a dimensão do PERH segundo esses mesmos interesses. Os Termos de Referência e a Legislação são claros quanto aos parceiros institucionais preferenciais para a construção política do Plano Estadual: são os Comitês de Bacia Hidrográfica. Os Termos de Referência explicitam "É condição básica que o projeto de informação, de mobilização e de participação da sociedade se dê via os Comitês de Bacia Hidrográfica, onde existirem". Desta forma, a lógica da participação social apoiou-se no Sistema Estadual de Recursos Hídricos e na sua responsabilidade de levar informação à sociedade gaúcha e buscar opiniões, tendo como canal institucional de primeira ordem os Comitês de Bacia Hidrográfica. Garantidas e respeitadas as diretrizes gerais dos Termos de Referência, foram formuladas estratégias genéricas, fruto da experiência e vivência dos profissionais envolvidos na elaboração do PERH, no que se refere à sistematização e articulação das políticas públicas nas áreas de planejamento, recursos hídricos e saneamento no Rio Grande do Sul. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 129 Como proposta inicial foi considerada, na formulação e a implementação do processo de participação social para elaboração do PERH, a divisão espacial macro, vigente no Estado: Regiões Hidrográficas do Uruguai, Guaíba e das Bacias Litorâneas. Essa proposta tem amplo respaldo no promissor momento sócio-político pelo qual passa o Estado quanto à articulação dos seus procedimentos de planejamento e implantação de políticas públicas, em especial aquelas envolvidas diretamente com os recursos hídricos. Complementarmente, há nítida possibilidade de integração entre o sistema espacial políticoadministrativo (Conselhos Regionais de Desenvolvimento – COREDE’s) e o hidrográfico (Regiões e respectivas Bacias Hidrográficas). Outra diretriz geral definida, refere-se à escala de trabalho do Plano Estadual; sendo ele fundamentalmente um plano de diretrizes gerais e abrangendo todo o Estado, era essencial que o ritual definido para o processo de participação social considerasse momentos onde a situação atual e a futura, dos diferentes usos da água, fosse debatida temática e setorialmente, com as respectivas instituições de representação, estivessem elas presentes nos Comitês ou não. Sabia-se de antemão que nem todos os Comitês possuíam representatividade e legitimidade adequadas ao efetivo processo participação social (até em decorrência do estágio de implementação do Sistema Estadual como um todo). Nesse sentido, definiu-se uma estratégia de estímulo às interfaces com novos grupos representativos da sociedade, orientada conforme os resultados do Diagnóstico da Dinâmica Social e orientados para os resultados esperados de um Plano Estadual de Recursos Hídricos. Também consistiu um dos objetivos específicos, a definição de interlocutores regionais representativos, que passassem a constituir centros regionais de apoio ao processo de participação social; nesse caso utilizando os Comitês como pontos locais de apoio. Como resultado dessas considerações, a estratégia básica para a implementação de um processo de participação social para a elaboração do PERH baseia-se na atuação dos Comitês de Bacias Hidrográficas, amparados por outras instâncias locais ou estaduais de representação social, agregados e articulados no âmbito do Sistema Estadual de Recursos Hídricos, com o objetivo específico de apoiar o desenvolvimento do primeiro PERH. Esse foi o grande desafio a ser transposto, uma vez que, conforme já comentado, parte dos Comitês não está preparada para desempenhar plenamente as suas funções legais frente ao Plano Estadual. Por outro lado, no Sistema Estadual de Recursos Hídricos, o CRH/RS não possui características específicas, nem atribuições legais, para desempenhar um papel complementar quanto à participação social. Ainda mais, conforme as primeiras experiências e esforços (testados nos meses de junho a agosto de 2006) no sentido de estabelecer “caminhos” ou vínculos diretos com a sociedade, através de eventos públicos e comunicação via mídia, não havia condições adequadas de conscientização pública (e em específico da própria mídia) para lograr êxito. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 130 Coube, então, a alternativa de propor uma instância alternativa e nova, capaz de representar indiretamente a sociedade (já representada pelos Comitês) no processo de elaboração do PERH. Como fruto dessa necessidade, foi concebida e posteriormente instituída a Comissão Executiva de Articulação e Construção do PERH - CEAC, comentada adiante. Paralelamente, havia a necessidade de se estabelecer canais de comunicação mais diretos com a sociedade, o que originou a montagem de um plano de comunicação, baseado no aporte de informações estratégicas ao desenvolvimento do PERH para os principais meios de comunicação. A implementação das estratégias de participação seguiu um ritmo continuado, articulado e sintonizado com o restante dos trabalhos. No entanto, é importante contextualizar o ambiente em que ocorreram tais implementações. O objetivo para a participação social consiste, pois, na busca de espaços de diálogo, onde os envolvidos devem imbuir-se de uma postura de interação e cooperação, baseada no respeito e na legitimação das diversas formas de conhecimento, embora sem abandonar as defesas de suas posições setoriais ou institucionais. Conforme a legislação vigente, o planejamento de recursos hídricos baseia-se em um enfoque sistêmico, de uso múltiplo das águas e descentralização das decisões, adotando a bacia hidrográfica como unidade de gestão. Assim, o planejamento dos recursos hídricos precisa ser integrado, de forma a articular todos os interesses envolvidos, sejam eles sociais, econômicos, políticos ou ambientais. A descentralização das decisões faz com que o processo decisório, que antes se resumia a poucas pessoas ou entidades, seja transferido a órgãos representativos, como os Comitês de Bacia Hidrográfica, fazendo com que a tomada de decisão sobre a gestão das águas passe a ser feita de forma participativa, inserindo novos atores ao processo decisório. A estratégia de participação social adotada foi baseada de forma a incluir a participação da sociedade, via Comitês de Bacia Hidrográfica, com o objetivo de contemplar as reais necessidades da população da bacia e buscando dirigir as ações para os pontos considerados de maior relevância, segundo os valores da sociedade. Como obstáculo a essa abordagem direta, tem-se a situação atual dos Comitês, que reconhecem a sua participação (inclusive em termos legais) no processo de construção do PERH, mas afirmam não dispor de capacidade operacional para acompanhar este processo. A alternativa viável, resultado de decisão conjunta com os próprios Comitês, consistiu na instituição de uma Comissão Executiva específica (a CEAC). A estratégia adotada trouxe uma contribuição metodológica ao complexo problema de planejamento de recursos hídricos, cuja solução depende de múltiplas dimensões, procurando destacar a necessidade de um modelo centrado nas pessoas, servindo como um mecanismo de incentivo à participação efetiva de todos os atores (representantes setoriais ou temáticos) envolvidos no processo de gestão dos recursos hídricos, proporcionando a ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 131 realização de negociações em torno das diversas demandas durante a elaboração de um determinado procedimento e não apenas depois de sua conclusão, o que confere, certamente, maior legitimidade ao processo. A criação de espaços para a discussão e a construção do Plano junto com os Comitês de Bacias Hidrográficas foi equacionada através da CEAC. Paralelamente, foram e estão sendo efetuados esforços para a divulgação na mídia, tendo como foco a sociedade em geral e comunicação especial para as entidades identificadas como atores sociais estratégicos. Com relação a materiais de apoio ao processo de mobilização e participação social foram utilizados, também, impressos (folders, banners, informativos e notícias na mídia impressa) e comunicação oral, através de entrevistas em rádio e tv, preferencialmente de forma não paga (faz parte do esforço de mobilização também a conscientização de que a problemática de recursos hídricos é um tema que interessa à sociedade e não pode estar atrelado a ações patrocinadas, visto que tal prática não garante a continuidade do interesse social, ou dos meios de comunicação, depois de cessado o “momento” de elaboração do PERH). Nesse contexto de acessibilidade “livre” às informações, a montagem de uma página na internet para o PERH, hospedada junto ao site da SEMA, constituiu-se em uma importante ferramenta. O processo de participação social está apoiado, na prática, em interlocutores estratégicos identificados nas regiões ou pólos regionais e representantes de setores ou temas importantes (que vem a ser os membros da CEAC). Esses interlocutores estratégicos ou “mediadores sociais” são os que dispõem de maior grau do conhecimento e capacidade operacional para executar a interseção entre os requerimentos de planejamento dos recursos hídricos e os requerimentos sociais dos grupos de atores relevantes. São estes mediadores os responsáveis pela operacionalização das dinâmicas sociais que estimulam a participação organizada da sociedade, estabelecendo interfaces de comunicação entre essa e a equipe técnica. A identificação destes mediadores ou interlocutores estratégicos ocorreu a partir da construção da matriz institucional e a identificação dos atores sociais estratégicos. Em termos mais práticos, tais mediadores (membros da CEAC) foram identificados pelos próprios Comitês de Bacias Hidrográficas. Uma vez identificados, esses mediadores foram e vem sendo objeto de um trabalho constante de interação, sendo merecedores de especial atenção por parte da equipe técnica. O objetivo é construir gradativamente uma rede de relacionamentos que extrapole os limites técnicos do Plano e que alcance os grupos sociais estratégicos, na forma de dispositivos e mecanismos de envolvimento social. Constantemente vem sendo utilizada a técnica de “oficinas”, para o estabelecimento de fluxo bi-direcional de informações. No âmbito dessa estratégia, a Consultora é responsável pelo apoio logístico e de divulgação às atividades de mobilização e participação social, sistematizando e consolidando ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 132 o processo de envolvimento social, de acordo com as exigências e limitações contratuais. O trabalho de assessoria de comunicação junto aos meios de comunicação de abrangência regional ou estadual complementou o esforço de abertura e paresentação pública do PERH para a população. Como objetivo maior desse esforço de participação social, pretende-se estabelecer as bases para a instituição e manutenção, em caráter permanente, de um fórum qualificado e representativo de debate sobre a temática hídrica no Estado, através da adequada regionalização das discussões. Como orientação básica, tem-se que a participação social, através das instâncias de representação consideradas (sejam os Comitês, seja a própria CEAC), deve ocorrer em todas as fases de elaboração do PERH. A forma com que essa participação ocorre varia em função da importância ou estágio do tema, podendo ser na configuração básica da abordagem dos temas, na discussão dos resultados ou até como forma de informação e divulgação para as categorias representadas. A lógica da participação social no processo de elaboração do PERH, exposta em termos conceituais no presente item, é explicitada em termos práticos no item seguinte. 7.2. FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROCESSO Face à dificuldade, no estágio atual de conscientização da sociedade – quanto à importância da participação direta no processo de planejamento e gestão dos recursos hídricos no Estado do Rio Grande do Sul –, da efetivação de uma participação social direta na elaboração do PERH, optou-se, como alternativa metodológica plenamente válida, pela via indireta da participação, ou seja, através das instâncias de representação já instaladas no âmbito do Sistema Estadual de Recursos Hídricos: os Comitês de Gerenciamento de Bacias Hidrográficas, o Conselho de Recursos Hídricos (CRH/RS) e sua Câmara Técnica, e por intermédio de uma nova entidade criada especificamente para viabilizar a participação social indireta na elaboração do PERH, a Comissão Executiva de Articulação e Construção do Plano (CEAC). Vale destacar três fatos relevantes neste contexto: primeiro, a dificuldade de atuação dos Comitês quanto ao desempenho das suas funções legalmente definidas na elaboração do PERH, que levou à criação da CEAC; segundo, a dificuldade na veiculação espontânea de informações relativas aos recursos hídricos e ao processo de elaboração do PERH – diga-se de passagem de relevante interesse social e público – pelos meios de comunicação, o que obstaculizou o fluxo de informação à sociedade e, conseqüentemente, a sua conscientização, mobilização e participação na forma como a construção de um PERH requer; e, terceiro, por ser este o primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos, no qual o ineditismo do processo, no âmbito pretendido, é uma dificuldade intrínseca (não há modelos ou paradigmas consagrados). ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 133 A formulação de um processo que possibilitasse a participação da sociedade gaúcha na elaboração do primeiro PERH, garantindo os preceitos legais estabelecidos, foi baseada, inicialmente, nas exigências dos Termos de Referência do Edital de licitação e nas indicações contidas no Plano de Trabalho. No entanto, o ineditismo e a importância do processo em questão demandou a realização de diversas reuniões, integradas pelos membros da Comissão de Coordenação do PERH, com o objetivo de definir, de forma mais direta e prática, a metodologia a ser utilizada com vistas a garantir uma adequada participação social. Com freqüência semanal, nos primeiros meses de trabalho, foram realizadas tais reuniões. Inicialmente, ficou estabelecido que a proposta metodológica de participação social deveria estar assente sobre duas bases norteadoras do processo: a realização de eventos de participação pública e setorial e a necessidade de se contar com um plano de comunicação. Os eventos de participação pública e setorial teriam um objetivo específico de estabelecer um canal de ligação entre a sociedade, notadamente através dos setores usuários de água e dos Comitês, e a equipe responsável pela elaboração do Plano, permitindo um fluxo bi-direcional de informações e decisões, em momentos estratégicos do processo de construção do PERH. Já a necessidade de implementar um plano de comunicação decorreu da impossibilidade de, através das instâncias de representação referidas, atingir-se a sociedade gaúcha em uma proporção minimamente condizente com o processo de construção do PERH. Em um primeiro momento, foi realizada uma Oficina de Trabalho com o objetivo de buscar subsídios para a elaboração do primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos. Participaram dessa oficina, além dos membros da Comissão de Coordenação e alguns consultores, membros dos Comitês (sendo convidados dois Comitês de cada Região Hidrográfica), além de convidados específicos. Na seqüência e em função dos resultados alcançados na referida oficina, foram realizadas reuniões internas da Comissão de Coordenação com o objetivo de definir a forma de conduzir o PERH e de garantir a participação da sociedade nesse processo. Essas configurações básicas quanto ao processo de participação social no PERH foram incorporadas a uma apresentação padronizada do PERH, com o objetivo de se constituir em peça para o lançamento público do primeiro PERH. Com esse objetivo foram realizadas quatro apresentações públicas regionalizadas, respeitando critérios de dispersão espacial no âmbito do Estado, com vistas a facilitar o afluxo de participantes e de contar com o apoio local e regional dos Comitês mais próximos. Os quatro locais selecionados atenderam, ainda, a dois outros requisitos: ser sede de Comitês e abranger as três Regiões Hidrográficas. Entre junho e de julho de 2006, foram realizadas esses quatro eventos em: Rosário do Sul, Porto Alegre, Ijuí e Pelotas. Ainda em junho de 2006, foi realizada uma primeira reunião de integração do PERH com o PNRH – Plano Nacional de Recursos Hídricos. O objetivo desse evento específico era a configuração de canais de interligação entre as duas instâncias de planejamento, de forma a se obter, por efeito sinérgico, a ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 134 otimização de resultados. No Encontro Estadual dos Comitês de Bacias Hidrográficas, ocorrido em julho de 2006, também foi apresentada a configuração básica do processo de construção do PERH. Nesse evento, ficou claro à Comissão de Coordenação que a participação dos Comitês na construção do PERH deveria ser reforçada, uma vez que além do preceito legal quanto à participação dos Comitês, esses constituíam a instância de representação mais legítima e adequada à construção do Plano. A partir desse momento iniciou-se um trabalho que culminaria na Oficina com as Direções dos Comitês, realizada no mês de setembro. Durante o mês de agosto de 2006, nova reunião técnica de trabalho foi realizada com o objetivo de estabelecer vínculos metodológicos entre as instâncias nacional e estadual de planejamento de recursos hídricos. O evento ocorreu em Florianópolis integrando os membros das Comissões Executivas Regionais (CER’s) do PNRH: Uruguai e Atlântico Sul. Também participaram técnicos dos órgãos gestores estaduais de recursos hídricos do Paraná e Santa Catarina, além dos promotores do evento (SRH/MMA). Com a realização da reunião ficou evidente o interfaceamento entre o PERH/RS e o PNRH. Em continuidade ao esforço de aproximação prática (em termos de trabalho) entre o PERH e os Comitês, foi realizada, em setembro, Oficina com as Direções dos Comitês. Com a presença de 36 membros, representando 16 Comitês, a Oficina atingiu plenamente os seus objetivos: discutir o papel dos Comitês no processo de construção do PERH. Conforme conclusão dos próprios membros dos Comitês, cabe a eles um papel essencial nesse processo. No entanto, dificuldades operacionais e de caráter estratégico impossibilitam que os Comitês assumam essa tarefa, no ritmo exigido pelo processo de elaboração do PERH, como representantes oficiais da sociedade gaúcha. A partir desse momento evidenciou-se a necessidade de se criar uma instância que congregasse os Comitês e os principais setores usuários de água e temas diretamente vinculados à problemática dos recursos hídricos, formando uma comissão com a finalidade específica de representar, ainda que indiretamente, a sociedade gaúcha na construção do PERH. Em paralelo, iniciou-se a implementação de um plano de comunicação, como braço executivo de uma estratégia de alcançar diretamente a sociedade, através da mídia, complementando a representatividade social indireta operacionalizada pelos Comitês e pela comissão que começava a ser concebida. Durante o mês de outubro de 2006 foram efetivados esforços para a configuração da comissão executiva, criada com o amparo dos Comitês, para a articulação e construção do PERH, como instância representativa da sociedade gaúcha. A lógica adotada para a concepção e estruturação dessa comissão executiva baseou-se em um padrão já aplicado ao Estado, na composição dos próprios Comitês: através de grupos e categorias. Mas a novidade ficou por conta da necessidade de regionalização das representações, como forma de garantir que as três Regiões Hidrográficas estivessem adequadamente presentes. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 135 A macro estrutura foi negociada no âmbito do CRH/RS e dos Comitês, organizados e representados pelo coordenador do fórum estadual de Comitês. A partir desse momento, foi ajustado o plano básico de elaboração do PERH, incorporando a CEAC aos principais fluxos metodológicos anteriormente previstos e já em fase de implementação. Restava, assim, a definição das instituições que iriam representar as categorias na CEAC, o que ficou a cargo dos Comitês e setores usuários de água. No mês de novembro ocorreram dois eventos diretamente vinculados ao esforço de garantir uma efetiva participação social na construção do PERH. Uma Oficina de Trabalho, denominada de Cenarização, com o objetivo de definir os principais condicionantes para o futuro do Rio Grande do Sul, tendo a água como vetor de desenvolvimento, dentro de uma proposta metodológica associada com a anteriormente implementada no âmbito do PNRH. Materializava-se, assim, a articulação entre os dois Planos (PERH e PNRH), utilizando um procedimento metodológico análogo e, principalmente, contando com a participação, nessa Oficina, dos membros das CER’s Uruguai e Atlântico Sul, que nada mais são do que membros de Comitês e representantes dos setores usuários de água. Como resultado, ficou renovada e reforçada a representação social (indireta) no processo de elaboração do PERH. Ainda em novembro, com o objetivo de divulgar internamente na Secretaria Estadual de Meio Ambiente a elaboração do PERH foi realizado um evento interno que constou da apresentação da estrutura de trabalho proposta para o PERH. Ao todo, 18 profissionais participaram do evento, ficando evidenciado o pouco interesse do público interno pelo tema. A análise crítica do evento, procedida pela Comissão de Coordenação do PERH concluiu que a proximidade do término do mandato governamental poderia ser um dos fatores responsáveis pelo baixo nível de interesse em assunto de grande relevância para a atividade profissional dos técnicos convidados a participar. Também em novembro foi realizado um curso para jornalistas, com a denominação de “Água e Mídia – Conhecer para Informar”, dentro do esforço do plano de comunicação e objetivando, especificamente, aproximar os profissionais da mídia com a temática da água e, por conseguinte, com a própria elaboração do PERH. Mais de 100 veículos de comunicação, dentre os principais do Estado e com circulação diária, foram convidados, tanto da mídia impressa, quanto de rádio e televisiva. Apesar do esforço no contato pessoal com os convidados, um pequeno percentual efetivamente compareceu ao evento, embora em termos de qualificação sendo bastante consistente. O resultado demonstrou a realidade já detectada pela Comissão de Coordenação do PERH: a mídia, em geral, tem pouco interesse pela temática água e, paralelamente, pouco conhecimento, veiculando notícias apenas nos momentos mais críticos e normalmente associados a problemas materiais e graves; não há, de um modo geral, preocupação quanto ao futuro das águas e à necessidade de se planejar esse futuro. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. 136 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul No início de dezembro de 2006, após a negociação entre os Comitês através de seu Fórum Gaúcho e os setores usuários da água e seguindo a configuração básica definida pelo CRH/RS, foram definidas as entidades integrantes da CEAC. A partir dessa definição, uma nova proposta estratégica foi montada, adicionando a CEAC ao processo de construção do PERH. As figuras 7.1, 7.2 e 7.3 apresentam a nova situação. seqüência assunto momento articulação 1o Lançamento inicial Encontros Regionais + Temáticos 2o Diagnóstico Fase A Encontros Regionais + Temáticos 3o Compatibilidade 4o Resultados 5o Plano (retrato atual) Fase B (futuro desejado) Fase C CEAC (proposições) Fase D (acordo final) interlocutores Encontros Regionais + Temáticos Encontros Regionais + Temáticos (*) Plenária Pública + envio à Ass. Legislativa Figura 7.1 – Momentos de Consulta à Sociedade Apoio técnico - operacional Figura 7.2 – Fluxo de Informações do Processo de Elaboração do PERH ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. Sociedade (representados) Comitês Comissão Executiva de Articulação e Construção Setor / Tema Comissão Executiva de Coordenação ç 137 -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul FUNÇÕES ESPAÇOS E ATORES Deliberar Conselho Estadual de Recursos Hídricos – CRH-RS Coordenar a Elaboraç Elaboração Espaç Espaços de Elaboraç Elaboração e Discussão Desenvolver a Base Técnica Participar e Discutir Comissão de Coordenação e Ecoplan CEAC Reuniões Temáticas e Setoriais Comitês CT-CRH Encontros Públicos Ecoplan e Comissão de Coordenação Representantes do Governo Federal e Estadual, entes do Sistema Estadual de Rec. Hídricos, dos Usuários da Água e da Sociedade Civil. Figura 7.3 - Arranjo Institucional do Processo de Construção do PERH No dia 18 de dezembro de 2006, com a presença de 15 representantes, dos 26 que integram as categorias não-estatais da CEAC, foi realizada a primeira reunião de trabalho dessa Comissão, com o objetivo específico de instalá-la oficialmente, de apresentar o processo metodológico de construção do PERH e os resultados alcançados até o momento e de passar as primeiras tarefas práticas. Face ao momento do ano, próximo ao seu término e ao Natal, julgouse adequado o número de instituições presentes, mormente se considerarmos que também o governo estadual estava em fase de encerramento de mandato. Nessa ocasião foi informado aos membros da CEAC que a primeira tarefa executiva consistia na priorização, através de questionário específico a ser respondido pela representação de cada categoria, dos condicionantes de desenvolvimento futuro do Estado no que se refere à questão dos seus recursos hídricos. Posteriormente, já em 2007, através de eventos setoriais, a CEAC organizaria a validação setorial do diagnóstico dos recursos hídricos (Fase A do PERH). A configuração atual da CEAC quanto às instituições que a integram é apresentada na Figura 7.4, a seguir. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 138 Figura 7.4 – Composição Atual da Comissão Executiva de Articulação e Construção do PERH Conforme pode ser observado do relato apresentado, a formulação e o início da implementação do processo de participação social para a construção do PERH seguiu a seqüência cronológica e metodológica indica a seguir (Figura 7.5). Termos de Referência Plano de Trabalho Oficina Inicial Definições Básicas Definições da Comissão de Coordenação do PERH Encontros Públicos Regionais Reunião de Articulação e Integração PERH-PNRH Encontro Estadual de Comitês Oficina com Direções de Comitês Curso para Jornalistas Configuração da CEAC (CRH/RS-Comitês) Oficina de Cenarização (CER’s PNRH) Instalação da CEAC Figura 7.5 – Seqüência Cronológica e Metodológica 7.3. RESULTADOS ATUAIS DO PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL No presente item são apresentados os resultados atuais (e parciais) do processo de participação social para a construção do PERH. Parciais visto que o processo de construção deverá se prolongar por todo o ano de 2007. Três grandes grupos de resultados são apresentados: as reuniões de coordenação ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 139 e articulação, os eventos de participação social e as ações de comunicação e mídia. 7.3.1. Reuniões de Coordenação e Articulação Face ao ineditismo da implementação de um processo de construção de um Plano Estadual de Recursos Hídricos no âmbito do Estado, aliado ao fato de haver alternativas conceituais e metodológicas que somente se configuram ao longo do processo, foi instituída uma Comissão de Coordenação, conforme a Resolução CRH Nº 22/06, para orientar e acompanhar a elaboração do PERH. Essa Comissão é composta pelas seguintes instituições e respectivos representantes: DRH/SEMA – Paulo Renato Paim (coordenador geral); FEPAM – Maria Salete Cobalchini; e SCP/METROPLAN – Juçara Waengertner. Ficou inicialmente acordado entre os membros da Comissão que a Consultoria também participaria das reuniões técnicas da referida Comissão. Agregou-se assim, ao grupo oficial, a Ecoplan Engenharia Ltda., através do seu coordenador técnico: Henrique Kotzian. Entre maio de 2006 e abril de 2007 foram realizadas 61 reuniões. A Comissão de Coordenação iniciou suas atividades concentrando-se na definição de aspectos conceituais básicos ao processo de construção do PERH passando, gradativamente, a tratar de assuntos de ordem metodológica e, mais adiante, de natureza prática. Demonstrando, assim, que as ações de coordenação efetivamente acompanharam a implementação do processo, passando pelas fases lógicas normais (conceitual, metodológica e de aplicação prática). A freqüência e a quantidade de reuniões de coordenação e articulação realizadas (61) demonstra, em primeiro lugar, a necessidade de constante discussão a cerca dos rumos do PERH (face ao seu ineditismo) e, em paralelo, o esforço continuado para tornar o processo de elaboração do PERH o mais participativo possível, dentro das limitações operacionais (e da própria conscientização social) existentes, posto o atual estágio de implementação do Sistema Estadual de Recursos Hídricos. 7.3.2. Eventos de Participação Social Conforme a proposta metodológica adotada para a construção do PERH foram realizados diversos eventos com abrangência institucional mais ampla (que aquela diretamente vinculada ao processo) com o objetivo de estabelecer vínculos aproximativos e sucessivos com as diversas instâncias de representação social afeitas às questões intervenientes com os recursos hídricos. Em ordem cronológica, foram realizados os eventos relacionados no Quadro 7.2, cujo objetivo ou a forma de realização implicaram na participação da sociedade gaúcha, através das suas instâncias de representação. Ao todo, foram realizados 25 eventos específicos com o objetivo de efetivar, no processo de construção do PERH, a participação social através de suas instâncias de representação. Ao todo, somando-se às 61 reuniões de coordenação, apenas nesses 12 primeiros meses de trabalho, foram realizados ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 140 86 eventos para a discussão e a implementação do processo de construção do PERH, o que demonstra o esforço da equipe envolvida no trabalho, no sentido de pensar, repensar, dialogar, ouvir, apresentar e consolidar, com as diferentes instâncias de representação social, as bases do PERH. Quadro 7.2 - Eventos Públicos e Institucionais Data Objetivo ou Denominação 31/05/06 23/06/06 23/06/06 30/06/06 04/07/06 06/07/06 07/07/06 17/07/06 21 e 22/08/06 31/08/06 11/09/06 11/09/06 18/09/06 03/10/06 14/11/06 16/11/06 23/11/06 18/12/06 10/01/07 14/02/07 28/02/07 15/03/07 28/03/07 18/04/07 26/04/07 Oficina Inicial de Trabalho do PERH Apresentação dos resultados PNRH e da proposta para o PERH Oficina de Articulação entre o PNRH e o PERH Encontro Regional para Lançamento do PERH em Rosário do Sul Encontro Regional para Lançamento do PERH em Porto Alegre Encontro Regional para Lançamento do PERH em Ijuí Encontro Regional para Lançamento do PERH em Pelotas Encontro Estadual de Comitês em Caxias do Sul Encontro da Comissão Executiva Regional do Atlântico Sul para discutir o PNRH e suas vinculações com os PERH’s, em Florianópolis Apresentação do PERH no Seminário de Educação Ambiental da Bacia do Sinos Reunião com a Câmara Técnica do CRH/RS Reunião do CRH/RS Oficina com as Direções dos Comitês Reunião com as Comissões Provisórias Oficina de Cenarização com os Membros Gaúchos das CER’s Apresentação Interna do PERH à SEMA Mini-Curso para Jornalistas Instalação da Comissão Executiva de Articulação e Construção do PERH – CEAC Reunião da “CEAC Uruguai” em Alegrete para seleção das variáveis de futuro Reunião da CEAC - Seleção das variáveis condicionantes do futuro dos recursos hídricos Reunião do CRH/RS Apresentação do Relatório Anual para a COINFRA-FIERGS Seminário Interno sobre propostas de divisão hidrográfica para o RS Reunião do CRH/RS Reunião Setorial da CEAC (Abastecimento) para validação das demandas hídricas Importante destacar que esse esforço de coordenação e articulação, ocorreu em paralelo aos trabalhos eminentemente técnicos que configuram a Fase de Diagnóstico do PERH e que, por si só, já demandam considerável dedicação. 7.3.3. Comunicação e Mídia Dentro do processo de participação social formulado e em implementação para a elaboração do PERH, além das instâncias de participação social indireta descritas anteriormente, está sendo implementado um plano de comunicação, como estratégia paralelamente à representatividade social e com o objetivo de possibilitar ao processo de construção do PERH uma maior visibilidade pública. Conforme já comentado, desde o início do processo de construção do PERH foi constatada dificuldade com relação à divulgação das ações em andamento, por parte dos veículos de comunicação, o que impossibilitou a obtenção de êxito nos esforços de participação social direta em eventos públicos. Uma vez que a mídia gaúcha não demonstrou o necessário interesse no processo de elaboração do PERH, tornou-se inviável pretender a participação social direta através de eventos públicos realmente representativos (e que demandam adequada divulgação pelos órgãos da imprensa e de comunicação). Como forma de superar esse obstáculo foi concebido um plano de comunicação, que objetiva aumentar a visibilidade do processo de ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 141 elaboração do PERH, qualificar os profissionais da mídia e garantir o acesso virtual às informações relativas ao PERH. Com o objetivo de aumentar a visibilidade do processo de elaboração do PERH, visto que a mídia não tem correspondido às expectativas e demandas adequadas à importância desse tema na realidade atual do Estado, a Comissão de Coordenação definiu, ainda nos estágios iniciais de trabalho, a necessidade de se contar na equipe com profissionais da área de comunicação. Foi montada uma assessoria de comunicação baseada em três linhas de ação: apoio à mídia; organização de eventos; e configuração de identidade própria ao PERH. A linha de apoio à mídia, consistiu no trabalho profissionais especializados com o objetivo de estabelecer canais de comunicação entre a equipe de elaboração do PERH e os órgãos de comunicação, abrindo espaço nesses veículos para a divulgação das ações e resultados parciais do Plano. Uma das estratégias adotadas refere-se à qualificação dos profissionais de mídia, através da realização de um mini-curso sobre recursos hídricos. Como conclusão do esforço realizado, pode-se dizer que houve um acréscimo real na veiculação de informações sobre recursos hídricos, induzido pela ação específica dos profissionais atuantes nessa ação. De forma ainda tênue iniciase um processo de conscientização da mídia quanto à importância dos recursos hídricos e, em especial, ao PERH. No entanto, não se crê (ainda) na sustentação desse processo sem a devida indução. A segunda linha de ação refere-se à adoção de apoio profissional à organização de eventos no âmbito do PERH, mesmo para aqueles de natureza mais técnica ou interna. A multiplicidade de atores intervenientes e a quantidade de eventos realizados nesses primeiros meses de elaboração do PERH demonstraram a necessidade de se contar, no processo, de ajuda profissional especializada para a organização dos principais eventos (seja na sua estruturação, planejamento, agendamento, contatos prévios ou confirmação de recebimento de convite ou convocação). Foi perceptível o aumento de presenças nos eventos após a utilização desse expediente. Já a terceira linha de ação consistiu na configuração de uma identidade própria ao PERH, que permitisse a sua assimilação mais imediata, seja pelos veículos de comunicação, seja pelos atores integrantes das instâncias de representação social, seja pela população em geral. Nesse sentido, foram trabalhadas duas identidades visuais para o PERH (logotipo e personagem) com a participação direta da Comissão de Coordenação assessorada por profissionais de comunicação, artes gráficas, design e charge. O logotipo (Figura 7.6) foi concebido para constituir-se na primeira identidade do PERH. Face ao ineditismo desse Plano, deveria possuir elementos auto-explicativos e chamativos. Após três reuniões foram definidos os elementos principais do Logotipo do PERH: mostrar o mapa do Estado e as três Regiões Hidrográficas, utilizar as cores da bandeira do Rio Grande do Sul, utilizar a cor azul ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 142 (representativa de água) e evidenciar que se tratava do primeiro Plano Estadual de Recursos Hídricos. Foram confeccionados 200 adesivos (6,5 x 8,0 cm) e um banner (1,20 x 1,80 m). Os adesivos foram utilizados na identificação de pasta e envelopes e o banner serve de identificação visual nos eventos realizados no âmbito da elaboração do PERH. Com relação ao personagem, optou-se pela utilização do “menino”, que o chargista Santiago já tinha utilizado anteriormente para auxiliar na divulgação da legislação sobre recursos hídricos. Naquela ocasião havia, junto com o “menino” outro personagem, o “gauchão”. Na situação atual a utilização do “menino” cria um vinculo com o histórico anterior, mas ao não apresentar o outro personagem agrega-se uma idéia de novo, adequada ao primeiro PERH. A função do “menino” consiste em um auxílio gráfico aos materiais de divulgação, auxiliando na “passagem” das informações em tom menos formal. Figura 7.6 – Logotipo do 1º Plano Estadual de Recursos Hídricos Utilizando os elementos gráficos desenvolvidos (identidade visual do PERH – logotipo e personagem) e com o objetivo de produzir um material de divulgação inicial, necessário à fase de “lançamento” do Plano, foi desenvolvido e editado um folder, em 5.000 unidades, distribuídos para os Comitês e nos diversos eventos já realizados. Paralelamente, com o objetivo de reduzir a dificuldade de divulgação do PERH, principalmente nos meios de comunicação de massa, foi concebido um minicurso (com quatro horas de duração) com vistas a transmitir aos profissionais da mídia as principais informações relativas aos recursos hídricos. Para tanto, foram convidados os profissionais dos principais veículos de comunicação (jornal, rádio e tv) do Estado, sendo que no caso dos jornais apenas aqueles com freqüência diária de publicação. Cerca de 130 profissionais foram ECOPLAN ENGENHARIA LTDA. -- Contrato N° 002/06 – DRH/SEMA – Plano Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul 143 convidados para o Curso intitulado “Água e Mídia: Conhecer para Informar”, realizado no Auditório da CORSAN no dia 23 de novembro de 2006. A programação incluiu os seguintes temas: A água vai acabar?; Como o RS cuida de suas águas? e O papel da Mídia. Cerca de 15% dos convidados compareceram ao evento. Outra forma de possibilitar acesso às informações do PERH e até de permitir a participação da sociedade consistiu na utilização da internet. Essa estratégia foi implementada através da criação, no site da SEMA (www.sema.rs.gov.br), de uma página específica para o PERH, acessado por link identificado pelo logotipo do PERH. O conteúdo disponível para acesso às informações do PERH abrange: Objetivos, Termos de Referência, Plano de Trabalho, Divisão Hidrográfica do RS, Legislação de Recursos Hídricos, Cronograma, Como Participar, Fale Conosco e Links. ECOPLAN ENGENHARIA LTDA.