1 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO: UM MODELO SISTÊMICO APLICADO À CONSTRUÇÃO CIVIL ALEXANDRE NOGUEIRA MAGALHÃES JUNIOR PAULO GUSTAVO ROCHA DE OLIVEIRA Belém – PA 2013 2 UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA - UNAMA CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLOGIA CURSO DE ENGENHARIA CIVIL SISTEMA DE GESTÃO DE SEGURANÇA DO TRABALHO ALINHADO A PRODUTIVIDADE DA EMPRESA ALEXANDRE NOGUEIRA MAGALHÃES JUNIOR PAULO GUSTAVO ROCHA DE OLIVEIRA Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Civil, submetido à banca examinadora do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia. Orientador: Prof. Msc. Gracio Paulo Pessoa Serra 3 Belém – PA 2013 Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Congregação do Curso de Engenharia Civil do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade da Amazônia, como parte dos requisitos para obtenção do título de Engenheiro Civil, sendo considerado satisfatório e APROVADO em sua forma final pela banca examinadora existente. APROVADO POR: ________________________________________________ Prof. Msc. Gracio Paulo Pessoa Serra ________________________________________________ Prof. Dr. Marco Valério de Albuquerque Vinagre ________________________________________________ Arquiteta Esp. em SST Elaine Cristina da Silva Castro DATA: BELÉM - PA, de dezembro de 2013 4 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS BSI – Instituto de normalização Britânica CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes EPI – Equipamento de Proteção Individual ISO – International Standard Organization INSS – Instituto Nacional do Seguro Socia NR – Normas Regulamentadoras OHSAS – Occupational Health and Safety Assessment Series OIT – Organização Internacional do Trabalho PAC – Programa de Aceleração do Crescimento PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PDCA – Plan, Do, Check, Act PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais SAT – Seguro de Acidente de Trabalho SGSST – Sistema de Gestão de Saúde Segurança do Trabalho S&S – Saúde e Segurança SST – Segurança e Saúde do Trabalho 5 LISTA DE FIGURAS Figura 01 – Representação de um sistema Figura 02 – Abrangência da gestão Figura 03 – Mudança na forma de atuação das organizações Figura 04 - Ato inseguro Figura 05 – Condição insegura Figura 06 – Relação entre perigo e risco Figura 07 – Método de avaliação de riscos Figura 08 – Ciclo de Deming Figura 09 – Requisitos da OHSAS 18001 Figura 10 – Plano de melhoria contínua Figura 11 – Recomendações e diretrizes para melhoria em SST Figura 12 – Login AutoDoc PDG (Sistema Integrado de Gestão) 6 1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................7 1.1Considerações iniciais..........................................................................7 1.2Objetivo................................................................................................8 1.3Justificativa...........................................................................................8 1.4Metodologia..........................................................................................8 2.CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA...........................................................................9 2.1Aspectos Gerais da SST......................................................................9 2.2A Evolução da SST e o cenário atual................................................. 10 3.GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO.......................................11 3.1Conceituação de SGSST....................................................................11 3.2Conceitos Básicos .............................................................................12 3.2.1Acidentes e Quase-acidentes.....................................................................12 3.2.2Condições inseguras e Atos inseguros ...................................................... 13 3.2.3Perigo e Risco............................................................................................14 3.2.4Elementos chaves de um SGSST.............................................................. 15 3.3Os motivos e os perigos inerentes ao processo de sistematização . .16 3.4OHSAS 18001....................................................................................17 3.5As etapas do processo....................................................................... 18 3.5.1O planejamento..........................................................................................19 3.5.2Implementação e operação .......................................................................19 3.5.3Verificação e controle..................................................................................19 3.5.4Análise crítica pela direção......................................................................... 20 3.6Recomendações e diretrizes para a melhoria em SST...................... 20 7 4.ESTUDO DE CASO................................................................................................21 4.1Apresentação do caso........................................................................ 21 4.2A empresa..........................................................................................21 4.3Generalidades do Sistema.................................................................21 4.4Mudança de cultura............................................................................22 4.5Avaliação ........................................................................................... 23 4.6Identificação de perigos, avaliação e controle dos riscos................... 23 4.7Preparação e atendimento a emergências.........................................23 4.8Auditoria.............................................................................................23 4.9Exigências legais e outras.................................................................. 23 4.10Dificuldades de aplicação do SGSST............................................... 24 4.11Resultados .......................................................................................24 5.CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................25 5.1A visão das partes interessadas.........................................................25 5.2Conclusão...........................................................................................25 ANEXOS.................................................................................................................... 26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 30 S............................................................................................52 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA......................................................62 8 RESUMO O presente trabalho aborda o tema Saúde e Segurança do Trabalho através de uma visão holística, mostrando a nova tendência das empresas construtoras para aumentar os ganhos em S&S e produtividade. O que se observou é que não há mais espaço no cenário atual para empresas que ainda tenham altos índices de acidente ou não tenham foco na segurança dos seus trabalhadores. Através da pesquisa e estudo de caso, o trabalho apresenta um Sistema de Gestão da Saúde e Segurança do Trabalho, que atualmente é considerado o melhor instrumento para garantir o avanço das técnicas necessárias à melhoria constante das condições do ambiente de trabalho na construção civil, apresentando o conceito de um SGSST, como funcionam, quais as vantagens e perigos inerentes ao processo de implementação e as ferramentas necessárias para se alcançar os objetivos do sistema que é a melhoria contínua da Segurança do Trabalho e principalmente afetar a cultura dos trabalhadores, fazendo com que haja uma mudança no sentido de que a segurança é responsabilidade de todos transformando-os em multiplicadores de boas práticas em SST. O trabalho também expõe a ótica de todas as partes interessadas e afetadas, direta ou indiretamente, pelo SGSST, a possibilidade da integração da SST com os sistemas de gestão da qualidade e do meio ambiente e divulga a norma OHSAS 18001 como um guia para a implementação de SGSST em empresas, seja ela de qualquer porte ou ramo. Palavras Chave: construção civil; segurança do trabalho; sistema; gestão. 9 ABSTRACT The present work addresses the topic Occupational Health and Safety through a holistic view, showing the new trend of construction companies to increase earnings at H&S and productivity. What was observed is that there is no more space in the current scenario for companies that still have high rates of accident or fail to focus on the safety of their workers. Through research and case study , the paper presents an Occupational Health and Safety Management System , which is currently considered the best instrument to ensure the advancement of the techniques required to constant improvements of the working environment in the construction , presenting the concept of an OHSMS, how they work, what advantages and hazards inherent in the implementation and the tools needed to achieve the goals of the system is the continuous improvement of Occupational Safety and mostly affect the culture of process workers, making there is a change in the sense that safety is everyone's responsibility transforming them into multipliers of good practice in OSH . The work also exposes the perspective of all interested and affected parties, directly or indirectly, by OHSMS, the possibility of integration of OSH management systems with quality and environment systems and disseminate the OHSAS 18001 as a guide for implementation OHSMS in companies, be it any size or line . Keywords: construction, work safety, system, management. 10 1. INTRODUÇÃO 1.1 Considerações iniciais O atual cenário social e econômico do país vêm passando por mudanças que desafiam as empresas a conciliarem a boa produtividade à um ambiente de trabalho saudável e livre de riscos. Nesse novo cenário surge a necessidade de novas estratégias e modelos que ajudem as empresas a garantir a gestão eficaz desta demanda. Nos últimos anos, o aumento competição do mercado e o crescimento da exigência dos clientes levaram as organizações a implementarem sistemas para garantir a satisfação do cliente através da qualidade do seu produto. Esse fato também foi evidenciado no setor da construção civil brasileira, na qual teve um grande número de certificações em empresas construtoras com base na norma ISO9001 e em normas de gestão da qualidade desenvolvidas especificamente para o setor. A mudança do cenário está justamente neste ponto, onde a competitividade e o lucro não são mais diferenciais de mercado. É preciso mostrar à sociedade que a empresa também possui um papel ético e social e trabalha na valorização dos seus funcionários e do meio ambiente, sendo responsável pelas condições de saúde e segurança no ambiente de trabalho. O mercado agora força o empresário a rever seus tradicionais meios de gestão da SST, considerando que estes apenas visam o cumprimento de leis e normas do MTE, tendo ainda aquele pensamento antiquado de que basta estar de acordo com a NR 18 para não ter a obra embargada pela DRT em caso de fiscalização. Há ainda uma grande lacuna para as empresas, principalmente da construção civil que se adequam muito bem ao exemplo citado, para que sejam reavaliadas e modificadas as formas de administrar um canteiro. Assim, ao longo da evolução dos anos, cada vez mais, a preocupação com o bem estar e com a integridade física dos colaboradores passou a ser um elemento de destaque na gestão de um negócio. Desenvolveu-se um entendimento de que as pessoas envolvidas no trabalho são o bem mais valioso para uma atividade bem feita que proporciona tornar uma organização competitiva e bem sucedida comercial e socialmente. (DINIZ, 2005). 11 Os novos modelos de gestão não devem ter como objetivo apenas atender às exigências legais, mas, a partir delas, instituir uma cultura de prevenção de acidentes de trabalho que garanta a segurança e a integridade dos trabalhadores, podendo desencadear, como consequência, o aumento da produtividade e a melhoria da qualidade dos serviços. Assim vêm surgindo e sendo disseminados com maior frequência os SGSST, tema deste trabalho, que visa auxiliar as empresas não somente a garantir um ambiente seguro e saudável, mas também a criar uma cultura prevencionista dentro de cada funcionário 1.2 Objetivo Este trabalho tem como propósito apresentar e discutir os motivos, os principais elementos, dificuldades e vantagens que podem ser obtidos com a implementação de um SGSST em empresas construtoras, contribuindo com informações relevantes que auxiliem as organizações na concepção e implementação de seus SGSST, baseado em normas e diretrizes internacionais, que visa principalmente a mudança comportamental de toda a empresa. 1.3 Justificativa Segurança no trabalho é um tema muito discutido em todo o mundo, mas especificamente na construção civil, esse assunto gera muitas duvidas, sejam elas na questão de como aplicar a segurança no trabalho na empresa ou na questão da fiscalização. No geral, a segurança do trabalho, é um dos maiores problemas no campo da construção, gerando prejuízo de bilhões de reais em indenizações por ano. E no Brasil não é diferente, devido ao aquecimento neste setor, e as diversas falhas na aplicação de gestão, torna o Brasil um dos países com mais acidentes de trabalho do mundo. O Brasil atualmente passa por um momento muito bom na construção civil, onde nunca antes na história houve tantas obras sendo executadas, sejam estas 12 obras civis, como casas, prédios, shoppings etc. como grandes obras públicas de infraestrutura, como barragens, pontes, rodovias e estádios. Essa explosão no setor trouxe muitas vantagens, como o crescimento da economia, grande oferta de emprego e para a Engenharia Civil, que está em contínuo processo de aperfeiçoamento técnico em seus mais variados seguimentos. Um destes seguimentos é a Segurança do trabalho, que obteve grande aperfeiçoamento de técnicas e sistemas de gestão e conseguiu mudar o modo de pensamento das empresas, que antes priorizavam investimentos apenas no aumento da produtividade, deixando a segurança em segundo plano. Com essa mudança de cenário, a produtividade aliada à segurança no trabalho torna-se um desafio a mais às empresas. Surgem assim os vários métodos e sistemas com o objetivo de criar uma gestão da segurança do trabalho alinhado à produtividade e à integridade dos colaboradores. Diante dessa situação, torna-se necessário priorizar ações e adotar políticas mais contundentes para a prevenção de riscos e incidentes nos locais de trabalho. Nessa lógica, assume relevada importância mencionar novos métodos de gestão da SST. Por buscar melhores resultados em segurança do trabalho por meio de um caminho inovador, que une as ferramentas aplicadas na gestão da segurança a um novo programa que busca mudar os preceitos comportamentais dos empregados e por estar inserido num ambiente em que a preocupação com a segurança vem antes até mesmo da importância que se dá à produtividade, o desenvolvimento da pesquisa em torno dos SGSST foi abordado na elaboração deste trabalho. 1.4 Metodologia Para elaborar o trabalho, inicialmente, foram analisados os melhores meios para se pesquisar e apresentar as informações levantadas. Em seguida, partiu-se para uma análise teórica do material disponível para consulta relacionado ao assunto trabalhado, verificando dessa maneira, os aspectos mais relevantes e os mais recentes diretamente ligados ao tema, ou seja, foi levantado o estado da arte sobre o conhecimento envolvido na elaboração do trabalho. 13 Por fim, foi evidenciado todo o sistema de gestão da segurança na empresa, passando por cada ferramenta utilizada, além de mostrar os meios de controle para acompanhamento do processo. A partir dessa abordagem citada anteriormente, foi possível chegar ao resultado final, estruturado em um relatório e em uma apresentação para divulgação do trabalho executado. Todos os dados e informações foram levantados mediante pesquisas de referências bibliográficas de textos e artigos na internet, bem como em livros e periódicos de circulação nacional. Foram obtidas ainda informações com os técnicos, engenheiros de segurança e funcionários do canteiro de obras da Construtora e Incorporadora PDG Realty, Regional Belém. Tal metodologia foi utilizada, pois ela permitiu que se entrasse em contato com o que há de mais atual em termos de publicações referentes ao tema, sem falar na questão de poder obter as informações diretamente com os responsáveis pelo assunto, que idealizaram implementação e são responsáveis pelo monitoramento dos resultados conseguidos com ele. 2. CONTEXTUALIZAÇÃO TEÓRICA 14 Neste capítulo serão apresentados aspectos conceituais, fazendo um resumo sobre a SST, apresentando conceitos básicos, discutindo o cenário atual da SST no Brasil e como este tema se relaciona com a Indústria da Construção Civil. 2.1 Aspectos Gerais da SST Segurança no trabalho é o conjunto de técnicas e medidas utilizadas em uma empresa visando o bem-estar físico, mental e social do trabalhador e não apenas a ausência de enfermidade, focando na qualidade de vida, otimização do ambiente e redução de acidentes no trabalho, sempre alinhado à melhor produtividade da empresa. Por segurança do trabalho é definida como uma série de medidas técnicas, médicas e psicológicas, destinadas a prevenir acidentes profissionais, educando os trabalhadores nos meios de evitá-los, como também procedimentos capazes de eliminar as condições inseguras do ambiente de trabalho. (VIEIRA, 1994) A segurança do trabalho tem o objetivo de evitar o acidente de trabalho, que é aquele evento inesperado que acontece através de uma atividade trabalhista a serviço de uma empresa, causando lesão corporal ou outra perturbação que cause a perda ou redução permanente ou temporária da capacidade laboral, interferindo no processo normal de uma atividade, causando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais. 2.2 A Evolução da SST e o cenário atual O conceito de Segurança do Trabalho como conhecemos hoje começou a ser desenhado a partir da Revolução Industrial. Com a introdução da máquina um novo meio ambiente trabalhista nascia, com o início da produção industrial e o crescimento do capitalismo que se deu devido a essa mudança no cenário 15 trabalhista, mas as fábricas da época não possuíam a menor condição de trabalho. As máquinas eram tão primitivas que não ofereciam nenhuma condição segura ao trabalhador que naquela época era constituído por homens, mulheres e até mesmo crianças, sem precisar de qualquer exigência de capacitação e tinham de trabalhar turnos de mais de 12h, ficavam expostos a um ambiente insalubre, sem ventilação ou iluminação adequada e sem garantia trabalhista nenhuma caso o trabalhador viesse a sofrer algum dano em decorrência do trabalho, pois na época não existia nenhuma norma ou lei trabalhista e os empresários só visavam à produção de suas fábricas. Pouco a pouco, o cenário trabalhista foi mudando, leis que asseguravam os direitos dos trabalhadores eram criadas e assim, com o passar do tempo, a sociedade passou a amparar aqueles que eram vítimas de acidentes de trabalho através dos órgãos responsáveis. O conceito de empresa moderna é incompatível com o ambiente de trabalho insalubre e perigoso. As boas práticas de saúde e segurança trazem retorno econômico e de imagem às organizações e, portanto, é extremamente importante às empresas estarem voltadas para a prevenção tanto das doenças de trabalho como de potenciais acidentes (Ricardo Gross Hojda, 2007) O sucesso de qualquer prática empresarial está intimamente ligado ao fato de se manter o seu recurso humano em condições ótimas de saúde e segurança. Atualmente o Brasil vem vivendo um momento singular da história da indústria. São índices recordes de crescimento em consideração às duas últimas décadas. Isto é, em grande parte, o reflexo do desenvolvimento econômico e social recente, que, além do crescimento da produção, incluiu no mercado consumidor grande parcela de brasileiros. Nos últimos anos tivemos uma grande expansão da indústria, principalmente na construção civil, com expansão do crédito imobiliário em todas as regiões do país e principalmente de investimentos em obras governamentais, principalmente de programas como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e obras de 16 infraestrutura para a realização dos dois maiores eventos esportivos do mundo: Copa do Mundo e Olimpíadas. Durante muitos anos a Segurança e Medicina do Trabalho no Brasil estiveram relegadas a uma posição de “segunda classe”. Apesar dos esforços pioneiros de alguns abnegados, tanto o empresariado como os trabalhadores e o poder publico, mantinham-se imobilizados, observando-se a política de que a atividade em condições de dano à saúde do trabalhador era decorrente dos processos laborativos próprios, permitindo-se a monetarização do risco, o que satisfazia a todas as partes. (Bensoussan, Eddy – 1999) A Medicina do Trabalho no Brasil só começa a ocupar o espaço que lhe é de direito, com a percepção do empresariado de que o cuidado com a saúde física e mental de seus funcionários está intimamente ligado à produtividade e ao lucro desejado, e com a conscientização do trabalhador, que por sua vez estimula o poder publico para uma postura de prevenção, fiscalização e estabelecimento de uma política realmente voltada à higiene e à Segurança do Trabalho (Bensoussan, Eddy – 1999) Esta rápida expansão da indústria como um todo colaborou para a mudança de comportamento, principalmente por parte das grandes empresas, em relação à Saúde e Segurança do Trabalho. 3. GESTÃO DA SAÚDE E SEGURANÇA NO TRABALHO 3.1 Conceituação de SGSST Um sistema pode ser entendido como uma série de recursos que são interligados entre si formando um conjunto único, visando um objetivo geral a ser atingido. No geral, é um conjunto de elementos inter-relacionados que geram um fluxo de informações entre as partes componentes desse sistema, entendendo-se 17 que seu funcionamento como um todo é um fenômeno único, irredutível em suas partes. Chiavenato (1993) cita que deve ser incluída a retroação como uma das características desejáveis aos sistemas, ou seja, deve haver uma comunicação de retorno que corrija os desvios do sistema em relação aos seus objetivos ou propósitos. Essa idéia é apresentada na Figura 01 Figura 01 – Representação de um sistema Fonte: Acervo do autor Definido o que um sistema, partimos para a conceituação do que deve ser “gestão”. O ato de gerir ou administrar pode, por questão de objetividade, ser definido com base na ISO-9000: “atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização”, ou seja, é o ato de administrar ou gerenciar ambiente, pessoas ou recursos, com o objetivo de atingir metas fixadas. Figura 02 – Abrangência da gestão Fonte: Acervo do autor 18 Segundo Benite (2004) os Sistemas de Gestão podem ser entendidos como um conjunto de elementos dinamicamente relacionados que interagem entre si para funcionar como um todo, tendo como função dirigir e controlar uma organização com um propósito determinado. Sendo assim, conclui-se que um Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho é um elemento que atua no sentido de promover a eficácia da SST dentro de uma empresa, fazendo com o tema seja abordado com uma visão holística, compreendendo toda a complexidade dos elementos que afetam diretamente a segurança dos funcionários no ambiente de trabalho de forma que a SST esteja integrada com todos os processos da cadeia de produção, seja ela de qualquer ramo. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o objetivo da Segurança e Saúde no Trabalho é: “promover e manter um elevado grau de bemestar físico, mental e social dos trabalhadores em todas suas atividades, impedir qualquer dano causado pelas condições de trabalho e proteger contra os riscos da presença de agentes prejudiciais à saúde” (OIT, 2004). Barreiros (2002) define o SGSST como uma série de ações da empresa construídas através de políticas, programas, procedimentos e processos ligados ao negócio da organização para auxiliá-la a estar em conformidade com as exigências legais e demais partes envolvidas e simultaneamente dar coerência a sua própria concepção filosófica e cultural para conduzir suas atividades com ética e responsabilidade social. Nessa definição é possível notar que os propósitos do SGSST são detalhados. Os elementos do SGSST podem ser procedimentos, programas, definição de responsabilidades, controles, diretrizes, recursos físicos, financeiros e humanos com diferentes graus de complexidade, sendo que o nível de complexidade e a eficácia dos elementos são estabelecidos pela organização.(Benite,2004) 19 Segundo Benite (2004) apud Brauer (1994) ainda na década de 30, introduziu um importante princípio que fundamenta os atuais modelos de SGSST. Este princípio estabelece que as ações de prevenção deveriam focar mais a investigação e identificação antecipada das causas ao invés dos efeitos dos acidentes (lesões, danos etc.), tal prerrogativa demanda uma mudança da forma de atuação das organizações, saindo de uma ação exclusivamente reativa, e que depende da ocorrência de acidentes reais para tomada de ações corretivas, para uma ação proativa, na qual existe a identificação e controle dos perigos antes de se tornarem acidentes. Figura 03 – Mudança na forma de atuação das organizações Fonte: Adaptado de Benite (2004) Assim, os SGSST podem contribuir efetivamente para que as empresas obtenham a melhoria contínua de desempenho, visto que apresentam mecanismos sistêmicos de melhoria, fundamentam-se em uma atuação proativa e podem deflagrar a constância de propósitos. (Benite, 2004) 20 3.2 Conceitos Básicos A seguir são apresentados os principais conceitos sobre os itens básicos inerentes a um SGSST. 3.2.1 Acidentes e Quase-acidentes O primeiro termo a ser definido e discutido é “acidente”, visto que um dos principais objetivos dos SGSST é a eliminação ou redução de sua ocorrência. O termo “acidente” naturalmente remete a um evento repentino, que ocorre por acaso e que resulta em danos pessoais. No entanto, essa visão é inadequada e acaba por gerar dificuldades no campo da prevenção dos acidentes, pois favorece a concepção das seguintes idéias incorretas: Acidentes ocorrem por acaso; As consequências ocorrem imediatamente após o evento; Os acidentes necessariamente resultam em danos pessoais. O dicionário define acidente, como: ”Acontecimento infeliz, casual ou não, e de que resulta ferimento, dano, estrago, prejuízo, avaria, ruína etc.; desastre” (Aurélio, 2010). Nota-se que essa definição evidencia que um acidente pode ser casual ou não, ou seja, um acidente pode não ocorrer necessariamente por um acaso (causas ignoradas, mal conhecidas e imprevistas), ou seja, ele pode ter causas bem conhecidas. Tal definição também não contempla nenhuma relação de temporalidade entre o evento e suas consequências, o que comprova que a consideração de que um acidente é um evento que resulta em consequências imediatas ou repentinas é um erro. Isto pode ser facilmente compreendido quando se abordam as doenças ocupacionais, que são consideradas acidentes, e em sua grande maioria, existe um intervalo ou tempo de latência até que as consequências se tornem evidentes. Outro termo de grande importância é o “quase-acidente”, que, segundo a norma OHSAS-18001, é definido como: “um evento não previsto que tinha potencial de gerar acidentes”. Essa definição visa incluir todas as ocorrências que não resultam em morte, problemas de saúde, ferimentos, danos e outros prejuízos. 21 O conhecimento dos quase-acidentes fornece informações para as organizações identificarem deficiências e estabelecerem as devidas medidas de controle, permitindo eliminar ou reduzir a probabilidade de que se tornem acidentes reais em uma situação futura. Assim, a gestão da SST nas organizações deve ter como foco, não apenas a eliminação e redução de acidentes, mas também dos quase-acidentes, criando mecanismos que possibilitem a sua detecção, análise e a subsequente implementação de medidas de controle. 3.2.2 Condições inseguras e Atos inseguros Segundo Diniz (2005), a segurança ocupacional visa evitar o acidente de trabalho, ou seja, aquela ocorrência não programada que se dá pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho, interferindo no processo normal de uma atividade, ocasionando perda de tempo útil e/ou lesões nos trabalhadores e/ou danos materiais. Dois fatores podem levar a ocorrência de um acidente do trabalho: atos inseguros e/ou condições inadequadas. Os atos inseguros são aquelas onde a negligência do funcionário acarreta em um resultado negativo para si próprio, terceiros ou o meio ambiente. Um exemplo bastante comum de ato inseguro é a negligência da utilização dos EPI (Equipamentos de Proteção Individual), onde a empresa disponibiliza ao funcionário todo equipamento de proteção necessário à realização segura de sua atividade e o mesmo decide não usá-los. 22 Figura 04 - Ato inseguro Fonte: Acervo do Autor Já as condições inadequadas são aquelas presentes no ambiente de trabalho que sejam um potencial risco de acidente, podendo estar ou não ligada diretamente ao trabalhador. Exemplificando estas condições podemos citar: montagem de laje acima de 2m de altura (caracteriza trabalho em altura) onde esta não possui nenhuma proteção dos vãos, cabos de vida para os trabalhadores se atracarem, pontas verticais de aço expostas entre outros. 23 Figura 05 – Condição insegura Fonte: Acervo do Autor 3.2.3 Perigo e Risco O principal objetivo de um SGSST é a gestão de riscos profissionais. Segundo o guia da OIT (2011), um perigo é uma situação adversa existente dentro do ambiente de trabalho que possui potencial nocivo podendo provocar efeitos adversos na saúde dos trabalhadores ou causar danos materiais. Já o risco é a possibilidade ou a probabilidade de que uma pessoa fique ferida ou sofra efeitos adversos na sua saúde quando exposta a um perigo, ou que os bens se danifiquem 24 ou se percam. A relação entre perigo e risco é a exposição, seja imediata ou em longo prazo. Fig.06 – Relação entre perigo e risco Fonte: Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho: Um instrumento para uma melhoria contínua. (OIT, 2011) Para tal, a detecção de perigos e a avaliação de riscos têm de ser consideradas de modo a identificar o que poderia afetar os trabalhadores e a propriedade, para que seja possível desenvolver e implementar medidas de prevenção e de proteção adequadas. O método de avaliação de riscos que a seguir se indica, com 5 etapas, foi desenvolvido pelo Órgão Executivo de Segurança e Saúde do Reino Unido como uma simples abordagem para avaliar riscos: Fig. 07 – Método de avaliação de riscos Fonte: Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho: Um instrumento para uma melhoria contínua. (OIT, 2011) 25 Segundo a OIT (2011), um processo de avaliação de riscos pode ser inserido em qualquer ramo e tamanho de empresa, bem como aos recursos e às competências disponíveis, basta a empresa determinar qual a complexidade de riscos existentes em seu negócio e assim mobilizar recursos e competências de acordo com o nível de risco. Ainda de acordo com a OIT (2011) existem dois métodos de avaliação de riscos considerados essenciais para a gestão de riscos profissionais são a determinação dos valores limite de exposição profissional (VLE) e a constituição de listas de doenças profissionais. 3.2.4 Elementos chaves de um SGSST Os elementos deste sistema de gestão não são estáticos e devem reagir e se adaptarem aos desvios (reais ou potenciais) que ocorram em relação aos seus objetivos e propósitos, visando à melhoria contínua. Para a implantação do SGSST também é importante conhecer os níveis de desempenho em relação à Saúde e Segurança do Trabalho que as organizações podem apresentar, visto que o propósito básico do sistema é atuar sobre esse desempenho. Estes sistemas de gestão podem contribuir para que empresas obtenham um nível de melhoria contínua de desempenho, visto que apresentam mecanismos sistêmicos de melhoria, fundamentando-se em uma atuação proativa. Muito se tem falado a respeito de Sistema de Gestão. O assunto virou tema obrigatório em quase todos os encontros profissionais. Por toda parte há gente falando sobre isso, alguns com conhecimento de causa, outros, no entanto apenas repetindo coisas que ouviram e muitos o fazendo sem qualquer análise mais detalhada. Estamos diante de uma verdadeira faca de dois gumes, que tem de um lado a possibilidade de conduzir segurança e saúde ao mundo da modernidade, mas ao mesmo tempo, trás em si a possibilidade de conduzirmos o assunto para mais um conjunto estático, onde é possível encontrar inúmeras explicações para os fatos, mas que de forma alguma conduzem a real solução dos problemas. Há urgente 26 necessidade, de que aqueles que têm ligação direta com as questões de segurança e saúde em nosso país - e portanto conheçam a distância entre a realidade e o proposto - detenham-se numa análise mais profunda quanto ao assunto. Podemos sim estar diante de um momento e oportunidade que nos leve a um futuro melhor, como ao mesmo tempo corremos o risco de legar a prevenção ao vazio das pilhas das adequações, conformidades e documentos - fáceis de produzir - mas que na prática em nada melhoram a vida dos trabalhadores. A pergunta chave, para este momento da história de nossa área é saber até que ponto nossa cultura é capaz de suportar as questões de segurança e saúde a partir dos modelos propostos.(Palásio, 2003) O sistema de gestão de segurança tem sido a principal estratégia para atacar o sério problema social e econômico dos acidentes e doenças no ambiente de trabalho. Não existe um modelo de sistema de gestão de segurança predominante entre as empresas. Na verdade, muitas delas procuram conceber o seu próprio sistema de gestão, a partir de suas experiências com a gestão para a qualidade total. O modo como cada empresa introduz o seu modelo, cria ou não as condições favoráveis para alcançarem as melhorias desejadas ao longo do tempo e ai entram os valores da diretoria da empresa, pois é o modo como os gestores pensam e dão importância em relação aos riscos e perigos que irá definir os fatores que o SGSST poderá trabalhar para elevar o desempenho da SST. É a contínua introdução dessas melhorias que leva a estágios superiores de excelência na gestão do sistema de segurança do trabalho por meio da melhoria do desempenho da mesma. 27 Figura 08 – Ciclo de Deming Fonte: site http://www.bulsuk.com/2009/02/taking-first-step-with-pdca.html Este conceito de procedimento baseia-se no princípio do Ciclo Deming “PlanDo-Check-Act” (PDCA), concebido nos anos 50 para verificar o desempenho de empresas numa base de continuidade. Quando aplicado a SST, “Plan” envolve o estabelecimento de uma política de SST, o planeamento incluindo a afetação de recursos, a aquisição de competências e a organização do sistema, a identificação de perigos e a avaliação de riscos. A etapa “Do” refere-se à implementação e à operacionalidade do programa de SST. A etapa “Check” destina-se a medir a eficácia anterior e posterior ao programa. Finalmente, a etapa ”Act” fecha o ciclo com uma análise do sistema no contexto de uma melhoria contínua e do aperfeiçoamento do sistema para o ciclo seguinte 3.3 Os motivos e os perigos inerentes ao processo de sistematização Como já foi dito, a implantação de um SGSST é ótima para a empresa, pois além das boas práticas de saúde e segurança trazerem retorno econômico e de imagem às organizações, ele também auxilia no cumprimento das normas e permitem a integração das questões de saúde e da segurança no trabalho à prática 28 empresarial. Estão muito ligados ao sucesso do negócio, pois atuam diretamente em um dos fatores de maior importância das empresas: o ser humano. O primeiro motivo para implantar é que auxilia a cumprir a legislação, afinal de contas transforma itens de legislação em meios de gerenciamento. O segundo motivo é ajudar na redução de custos de segurança e saúde, valendo-se da articulação de ações. O terceiro motivo, diz respeito a preservação de imagem das empresas. O quarto motivo, muito parecido com o terceiro diz respeito a manutenção da imagem e exigências dos clientes. Importante mesmo talvez seja a menção a oportunidade de inserir segurança e saúde como um fator de produção. (Palásio, 2003) Quando se ouve que a diretoria de uma empresa optou por sistematizar a Segurança do Trabalho, a primeira coisa que nos vem à cabeça é de que esta empresa é uma entidade séria, que não visa apenas a produção e o lucro, mas também está comprometida com a qualidade de seu produto e com o bem estar de todos os seus colaboradores. Essa imagem imediata pode até parecer uma grande e boa novidade, mas também pode esconder e omitir algumas falhas e até mesmo riscos que são inerentes ao processo. Que os Sistemas de Gestão são necessários e devem vir isso é uma verdade. Que os Sistemas de Gestão feitos por pacotes são interessantes nem sempre. E entre uma coisa e outra temos o problemas da falta de conhecimento de nossos colegas especialistas dentro das empresas. (Palásio, 2003) Segundo Palásio (2003), A falta de atualização nos processos de gestão da SST é uma das maiores falhas afetam os profissionais da área. Pouca gente entende que se fosse apenas para dizer o que não deve ser feito não haveria 29 necessidade do especialista. É necessário entender que o proibir não carece de muito conhecimento, mas o permitir com soluções e novas possibilidades, isso sim agrega valor e traduz-se em resultados. Ainda segundo Palásio (2003), a implantação de SGSST vem virando moda no mercado de trabalho e isso acaba gerando uma enorme quantidade de empresas que apenas compram procedimentos que deram certos em outros lugares para evitarem o trabalho de todo o estudo necessário para implementação de um sistema de acordo com a realidade da empresa, e tais sistemas enlatados acabam por servir apenas como burocracia desnecessária, passando uma falsa sensação de segurança, pois sistemas assim não contemplam a mudança na mentalidade e comportamento dos funcionários que, acabam não entendendo nada do processo e de tão burocrático que se torna o sistema, ocorre que este vira uma pilha de papéis que só servirão como provas de um falso gerenciamento para tornar real algo em termos de prevenção e servirá para iludir a próxima auditoria, mas que na prática não traz segurança nenhuma aos funcionários. O grande primeiro erro diz a interpretação de que “comprar” um sistema vai resolver todos os problemas do mundo da prevenção da empresa onde você trabalha. A maioria dos casos tem mostrado que isso acaba na presença de mais um alienígena na cabeça dos trabalhadores e como tal acaba virando algo semelhante aos demais sistemas feitos para auditor ver. O segundo grande erro diz respeito aos mágicos da prevenção – aliás, estes são velhos conhecidos e problemáticos. Trazem para dentro das empresas truques e mágicas de última geração – cujo único defeito é não ter aplicação àquela realidade. Surge então uma pseudossensação de prevenção que logo se desfaz quando os acidentes começam a ocorrer infelizmente muitas vezes pela troca de práticas consagradas e seguras pelo novo bonito e que permite fotos em jornais. O terceiro é maior de todos os erros diz respeito a ignorar o chão de fábrica, o processo e sua voz. (Palásio, 2003) Ainda hoje não existe certificação ou padronização de requisitos para se implementar um SGSST, porém muitas empresas que desenvolveram seus próprios sistemas tiveram como base a Norma OHSAS 18001 que, diferente das conhecidas 30 certificações ISO 9001 (Qualidade) e ISO 14001 (Meio Ambiente), esta norma especifica requisitos para um sistema de gestão da SST, para permitir a uma organização desenvolver e implementar uma política e objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre os riscos de SST. 3.4 OHSAS 18001 Os Sistemas de Gestão de SST vieram ao longo dos anos se aprimorando e melhor se adequando aos diferentes seguimentos de empresas que queriam melhorar o bem estar do ambiente de trabalho. Não há ainda um padrão de requisitos que certifique uma empresa em excelência na Saúde e Segurança. Uma tentativa de 1999 do Instituto de Normalização Britânico (BSI) para desenvolver uma norma de gestão de SST sob a influência da ISO originou linhas orientadoras de SGSST na forma de normas técnicas de carácter privado. Surge então a Occupational Health and Safety Assessment Series, comumente conhecida como OHSAS 18001, cuja melhor tradução é Série de Avaliação da Segurança e Saúde no Trabalho. A OHSAS 18001 consiste em uma série de normas britânicas para orientação de formação de um Sistema de Gestão e certificação da segurança e saúde ocupacionais (SSO). É uma ferramenta que fornece orientações sobre as quais uma organização pode implantar e ser avaliada, com relação aos procedimentos de saúde e segurança do trabalho. O sistema de gestão proposto pela OHSAS pode ser integrado aos sistemas de gerenciamento ambiental e também aos sistemas de qualidade, mas sua funcionalidade independe dos outros. A norma OHSAS expõe requisitos mínimos para a construção de um sistema de gestão da SSO onde a organização deve estudar os perigos e riscos do trabalho aos quais os trabalhadores (próprios ou terceirizados) podem estar expostos. As Normas OHSAS para a gestão da SST têm por objetivo fornecer às organizações elementos de um sistema de gestão da SST eficaz, que possa ser integrado a outros requisitos de gestão, e auxiliá-las a alcançar seus objetivos de SST e econômicos. Não se pretende que essas normas, bem como outras Normas Internacionais, sejam utilizadas para criar barreiras 31 comerciais não-tarifárias, nem para ampliar ou alterar as obrigações legais de uma organização. Esta Norma OHSAS especifica requisitos para um sistema de gestão da SST, para permitir a uma organização desenvolver e implementar uma política e objetivos que levem em consideração requisitos legais e informações sobre os riscos de SST. Pretende-se que seja aplicada todos os tipos e portes de organizações e se adeque a diferentes condições geográficas, culturais e sociais. (OHSAS 18001 – Apostila de Normas) Figura 09 – Requisitos da OHSAS 18001 Fonte: Adaptado da OHSAS 18001 Esta norma é aplicável a todos os tipos e portes de organizações e passível de integração com outros sistemas de gestão (qualidade, meio ambiente e responsabilidade social). Ela não define padrões de desempenho ou indica como 32 podem ser desenvolvidos seus elementos, apenas apresenta requisitos básicos a serem cumpridos. Essa condição pode resultar em empresas com sistemas de gestão de SST baseados na OHSAS, porém com resultados de desempenho completamente diferentes. A norma OHSAS é baseada na metodologia PDCA (plan, do, check e act) O método consiste na elaboração da política de SSO e de objetivos relacionados ao comportamento que esta empresa pretende ter com relação à SSO. Esse comportamento será monitorado pela própria empresa, por meio de planos de ação, indicadores, metas e auditorias. Os critérios de desempenho e A abrangência são estipulados pela própria empresa, que deve definir qual o nível de detalhamento e exigência deseja atingir na gestão de segurança. Figura 10 – Plano de melhoria contínua Fonte: Sistema de Gestão da Segurança e Saúde do Trabalho: Um instrumento para uma melhoria contínua. (OIT, 2011) 3.5 As etapas do processo A seguir são apresentados alguns principais itens do processo de implantação de um SGSST baseado em OHSAS 18001 O desenvolvimento da política. 33 Para a OHSAS 18001, o principal meio de se conseguir êxito na implantação de um SGSST é a mudança comportamental dos funcionários. A principal ferramenta para alcançar este objetivo é através de uma política de segurança sólida, que valorize os funcionários e todos aqueles que fazem a empresa. A política de S&S estabelece um conjunto de princípios e diretrizes gerais que servem de guia para as ações básicas para implementar o SGSST. A alta administração deve assegurar que todos os elementos da política estão sendo contemplados. este documento irá influenciar as atitudes e posturas gerenciais necessárias para uma mudança de comportamento dos trabalhadores. 3.5.1 O planejamento A fase de planejamento é a primeira do PDCA, sendo uma etapa crítica para a implementação do SGSST. Nesta fase serão identificados os perigos e potencialidade dos danos, as necessidades de recursos materiais, humanos e financeiros e definição de objetivos e metas. O sucesso na implementação de um SGSST requer posturas gerenciais pró-ativas em todos os níveis hierárquicos. 3.5.2 Implementação e operação Para garantir o atendimento da política e a implementação do SGSST, deverá ser designado um representante da alta administração. Este deverá ter nível de autoridade e responsabilidade para conduzir o processo de implementação do sistema, avaliar as necessidades de recurso e minimizar conflitos. Destaca-se que a responsabilidade pela implementação e melhoria contínua do SGSST é de cada pessoa exercendo uma função dentro da empresa: definição dos recursos, atribuições das funções, responsabilidades, prestação de contas e de autoridades. definição do quadro de competências, treinamento e conscientização. comunicação (disseminação das informações), participação e consulta aos empregados nas etapas definição da 34 definição da documentação necessária para inspeções e para execução das ações de SSO Preparação e resposta a emergências; 3.5.3 Verificação e controle Nesta etapa, a empresa deve avaliar o nível de eficiência dos recursos disponibilizados para a implementação do SGSST de forma a garantir a realização das operações de forma segura. A verificação deve incluir a inspeção e monitoramento contínuo dos processos, produtos, serviços e projetos, através do uso de ferramentas de antecipação de problemas, suportadas por um sistema de auditorias periódicas do SGSST: Monitoramento e medição do desempenho Avaliação do atendimento a requisitos legais (e outros) Investigação (incidentes, não-conformidades, ações preventivas e corretivas) Controle de registros Auditoria interna Atuar e corrigir O SGSST deverá ser analisado criticamente em intervalos definidos pela alta administração nas reuniões de análise crítica a fim de assegurar os mecanismos para melhoria contínua. Essa análise crítica inclui a avaliação dos resultados das auditorias internas e externas bem como o acompanhamento dos indicadores de desempenho, visando assegurar: Capacidade de antecipar os problemas e identificar vulnerabilidades Garantir que as operações estejam de acordo com os requisitos legais Adequar o SGSST aos procedimentos Aprovar recursos necessários para a condução do SGSST 35 3.5.4 Análise crítica pela direção A implantação da OHSAS 18001 retrata a preocupação da empresa com a integridade física de seus colaboradores e parceiros. O envolvimento e participação dos funcionários e da alta direção no processo de implantação desse sistema de qualidade são, assim como outros sistemas, de fundamental importância. 3.6 Recomendações e diretrizes para a melhoria em SST A Tabela 01 reúne de forma sintética as implicações da análise dos diferentes conceitos expostos no decorrer deste capítulo, apresentando algumas recomendações e diretrizes para as empresas que pretendem melhorar seu desempenho em SST. Figura 11 – Recomendações e diretrizes para melhoria em SST 36 4. ESTUDO DE CASO 37 No presente capítulo é caracterizado o estudo de caso desta pesquisa, apresentando-se a realidade de um SGSST em uma empresa construtora e os resultados que foram obtidos. Primeiramente, são apresentadas as características da empresa objeto do estudo de caso e as condicionantes para sua escolha. Em seguida, são apresentados, de forma subdividida de acordo com itens requisitos da OHSAS 18001, os seguintes aspectos: A descrição da forma adotada pela empresa construtora para a aplicação de cada um dos elementos do SGSST; Os principais resultados obtidos com a aplicação de cada elemento, de forma a evidenciar que o SGSST gera melhorias no desempenho das empresas construtoras em relação à SST. 4.1 Apresentação do caso O estudo de caso foi realizado com a empresa PDG Realty, regional Norte, tendo como objeto de estudo a obra Torres Liberto, localizada na Rua dos Tamoios, na cidade de Belém – PA, onde buscou-se verificar in loco de que maneira a obra e a empresa tratam a questão de SST e como mantém o SGSST funcionando em um canteiro de obras, observando as dificuldades de se manter o sistema em atuação e quais as vantagens que a obra vem apresentando ao se aplicar o SGSST da empresa. Para este estudo foram analisados documentos padrões da empresa, visitas no canteiro de obras e entrevista com funcionários responsáveis pela coordenação da SST dentro da obra. 4.2 A empresa A PDG Realty é uma empresa construtora de capital aberto criada em 2007, que se tornou uma das principais construtoras e incorporadoras do Brasil com mais de 250 canteiros de obras em andamento, sendo a segunda maior do ramo imobiliário do país, atuando com foco no mercado residencial e de maneira complementar nos segmentos comercial e de loteamento, presente em 56 cidades de 11 estados brasileiros, possuindo mais de 100 mil unidades entregues e trabalha 38 desde o desenvolvimento dos empreendimentos, passando pela compra, construção, e prestação de assistência mesmo após a entrega das chaves do imóvel, contamos com mais de 9.000 colaboradores diretos. 4.3 Generalidades do Sistema A PDG é uma empresa que expandiu seus negócios através da incorporação de outras construtoras. Em 2010, quando o grupo absorveu a empresa AGRE, começou então um processo de unificação de processos e sistemas, integrando o que havia remanescente dessas empresas, principalmente da AGRE, criando assim um único sistema de gestão. Todo o sistema de gestão do grupo PDG foi estruturado segundo a NBR ISSO 9001:2008 e é baseado em um programa focado na excelência em qualidade, saúde, segurança e meio ambiente. Na fase de planejamento da implantação do sistema de gestão, a PDG realizou primeiramente um diagnóstico da situação da organização inteira, em relação aos requisitos da norma ISO 9001 (Qualidade), através de visitas técnicas nas obras e entrevistas nos diversos setores da organização. Após o levantamento, foram definidos os setores e obras atingidas pelo sistema, identificando os processos que precisariam ser gerenciados, determinando a sequência e interação dos processos, estabelecendo um cronograma de implantação do desenvolvimento e implementação do sistema, definindo responsáveis e criando critérios e métodos necessários para assegurar que a operação e o controle desses processos fossem eficazes. Para conseguir implementar o sistema de uma forma integrada com todas as obras e poder ter o controle simultâneo das mesmas, a empresa optou pela compra do software AutoDoc, que é um sistema de colaboração via web para Sistemas de Gestão ISO 9000, ISO 14000 e OHSAS 18001 em construtoras, auxiliando a gestão de muitos processos, entre eles: Não-conformidades, Treinamentos, Auditorias, Gestão de Documentos e Fornecedores. Cada funcionário da administração possui um login e senha para ter acesso ao sistema, que pode ser acessado através da internet de qualquer lugar, onde dentro deste encontram-se todos os documentos atualizados do sistema de gestão. 39 Figura 12 – Login AutoDoc PDG (Sistema Integrado de Gestão) Fonte: Printscreen do site www.autodoc.com.br/agre 4.4 Mudança de cultura O sistema de gestão integrado utilizado não possui certificação na norma OHSAS 18001, porém tem esta norma como orientação e utiliza alguns de seus requisitos como base para SST. Com base na Política da Qualidade já existente, a empresa desenvolveu sua Política de SST de forma integrada, ou seja, contemplando tanto os aspectos relativos à qualidade quanto à SST. Essa política é apresentada no anexo 01 Analisando-se a política é possível identificar o comprometimento com a melhoria contínua do desempenho em SST, e com o atendimento à legislação relativa à SST. Há um ano houve a reestruturação da empresa com troca de presidência e essa nova gestão está focando na mudança de cultura, com o objetivo de transformar a mentalidade dos funcionários, trabalhando principalmente a mudança de sentimento em relação à empresa e seus pertences, conforme novo valor da empresa “Sentimento de dono”. A intenção é que cada funcionário se sentindo dono do negócio passa a trata-lo com maior cuidado em todos os seus processos. 40 A divulgação dos valores e política da empresa está sendo feita através treinamentos organizados pelas equipes de RH e SST que são enviadas pela matriz em São Paulo para todas as filiais (Regionais). Esses profissionais realizam o treinamento para a administração de todas as obras, e essas por sua vez ficam encarregadas de divulgarem através de DSS e reuniões semanais para todos os funcionários do canteiro, inclusive aos terceirizados. A comunicação com os funcionários é feita através de DDS, e também através de placas de sinalização espalhadas em pontos estratégicos das obras, pois a empresa acredita que a comunicação visual consegue atingir boa parte dos funcionários do canteiro. Um diferencial na empresa é que esta não possui CIPA, mas possui algo bastante similar que é a CPA (Comissão de Prevenção de acidentes), a diferença é que esta não tem a regulamentação e oficialidade trabalhista da CIPA e da maior liberdade para a empresa trabalhar com este grupo. Além disso, foi uma estratégia encontrada pela empresa para tirar aquela visão política sobre a CIPA, já que os funcionários só procuravam se candidatar buscando estabilidade na empresa e pouco preocupados de fato com os objetivos desta comissão. Participam da CPA apenas aqueles que realmente estiverem engajados com a SST. Existem também métodos de incentivo à atuação das equipes para alcançarem bons resultados em SST, como bonificação às equipes que não apresentam nenhuma não conformidade ou atos inseguros durante a execução de um processo construtivo ganha um determinado número de cestas básicas para sortearem entre si. Essa bonificação ocorre também para as empresas terceirizadas, onde o próprio gestor da SST da PDG avalia e a da nota para a empresa. 4.5 Avaliação Para avaliar o nível de mudança comportamental e a satisfação dos mesmos em relação ao sistema de gestão da obra, existe um método avaliativo chamado “Pesquisa de Clima” que é um questionário distribuído aos funcionários, onde neste o funcionário não precisa se identificar e avaliar o nível de satisfação em relação aos líderes da obra e a nova política da empresa. 41 Esse formulário é eletrônico e os dados coletados são enviados diretamente à São Paulo onde são catalogados e assim geram um resultado, demonstrando o nível de satisfação dos funcionários da obra. Esse questionário ocorre entre todos os níveis da empresa, do Engenheiro ao servente de obra. 4.6 Identificação de perigos, avaliação e controle dos riscos Inicialmente, foi realizado um grande levantamento de todas as origens de perigos (atividades, áreas, equipamentos e processos da empresa). Em seguida, foram realizados a identificação dos riscos, utilizando-se de um formulário específico chamado Análise Preliminar de Risco (APR) (ver Anexo 02) com a participação dos técnicos de segurança, engenheiro de segurança, gerente do setor e com o efetivo envolvimento dos trabalhadores envolvidos. Todos os resultados obtidos desse levantamento foram cadastrados em e inseridos nas instruções e permissões para trabalho (Anexo 03 e 04). Caso surjam novas origens de perigos ou mudanças nos processos, são realizadas novas APR, esses documentos são enviados à matriz em São Paulo que dispõe de uma área competente para a avaliação de riscos, esta área envia uma equipe de profissionais de SST para a filial que detectou novos riscos, a equipe enviada analisa junto com o técnico de SST local, volta para São Paulo e assim cria um novo documento ou mudança em um já existente a fim de atualizar os riscos e medidas de bloqueio e o documento é inserido no sistema (intranet), onde todas as obras tem acesso, fazendo com que simultaneamente todos os canteiros adotem o novo padrão. No AutoDoc já existe uma série de documentos que listam os vários riscos possíveis em várias etapas da obra de maneira integrada com a qualidade e meio ambiente. Por exemplo, na concretagem de uma laje é feito um check-list de Segurança (anexo 07) afim de verificar se todas condições estão seguras e se os funcionários estão com os EPI e medidas de segurança adequadas. 4.7 Preparação e atendimento a emergências 42 A obra possui um grupo de brigadistas, sendo que no grupo contém representantes da administração, mais representantes do canteiro de obras e mais um funcionário de cada empresa terceirizada e portaria. Todos estes funcionários participaram de curso de brigadista com plano de emergência e abandono e a cada seis meses é feito um simulado de emergência na obra onde é elaborado uma rota de fuga e um plano de evacuação da obra. 4.8 Auditoria A PDG procura avaliar suas obras mensalmente através do Relatório de Auditoria Interna (Anexo 05), onde são avaliados requisitos de qualidades e saúde e segurança do trabalho. Cada obra recebe uma nota referente ao nível de avaliação, e esta nota alimenta um ranking nacional com todas as obras da empresa, fazendo assim com que a empresa seja capaz de ter uma visão global da eficiência em cada uma de suas obras. A obra Torres Liberto, onde foi feito o estudo de caso para esse trabalho, está em 2º lugar em toda a região Norte. 4.9 Exigências legais e outras Existe um procedimento padrão para a entrada de empresas terceirizadas e seus funcionários (Anexo 06). De todos os funcionários que entram na obra, são solicitados uma série de documentos que comprovem a capacitação do mesmo em relação à atividade que ele irá desempenhar. Quando há novas contratações de funcionários próprios, é feita uma integração mostrando como funcionam os padrões de trabalho na empresa. Para terceirizados, é solicitada toda a documentação legal dos funcionários, como contrato de trabalho, treinamentos de capacitação, exames admissionais e também PPRA e PCMSO. 4.10 Dificuldades de aplicação do SGSST 43 Como os documentos e procedimentos do SGSST são únicos para todas as obras do país, não levando em consideração as dificuldades regionais em que cada obra está inserida, acabam surgindo dificuldade em certas regiões do país por não estarem acostumadas a trabalhar da forma padronizada que a empresa pede. Além das dificuldades de mão-de-obra, existem regiões carentes de certos equipamentos, como por exemplo, o uso do sistema apara lixo (forca) onde este só pode ser elevado por grua e devido a custos elevados e falta de empresas que fornecem esse equipamento, tornou-se inviável o trabalho com grua e consequentemente impossível a instalação do sistema apara lixo. Além disso, a principal dificuldade é atingir a mudança comportamental no funcionário. A empresa procura trabalhar bem a comunicação interna e visual dos seus funcionários, colocando placas em locais estratégicos, sempre bem didáticas e de fácil compreensão, de maneira que todos sempre passem por elas e sempre releiam para fixar a idéia prevencionista que o sistema tem. (Anexos 08, 09 e 10) 4.11 Resultados O sistema foi criado com o intuito de transformar o local de trabalho em um ambiente de total harmonia entre as leis que envolvem a saúde e segurança do trabalho e a integridade física dos trabalhadores. Porém, existe uma grande resistência por parte dos trabalhadores do canteiro de obras por não estarem acostumados a trabalhar com essa mentalidade. Com a mudança da presidência e da diretoria, o sistema ainda esta em constante mudança, mas já é possível constatar alguns resultados, principalmente em relação à satisfação dos funcionários tanto na melhora do ambiente de trabalho, quanto na comunicação dos mesmos com administração da empresa. Em contra partida o SGSST acabou criando certa burocratização no processo, tornando o sistema mais difícil de ser aprovado pelos trabalhadores. Também é importante observar quanto à questão das peculiaridades de cada região onde a PDG atua, pois cada novo procedimento ou alteração de um já existente não pode ser implantado sem antes passar por todos os processos descritos na analise preliminar de riscos. 44 Segundo entrevista realizada na empresa, o sistema, pouco a pouco, está se firmando de maneira positiva na empresa, contudo o grande desafio, ainda continua sendo mudar o modo de pensar dos trabalhadores quanto à saúde e segurança no ambiente de trabalho. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para a conclusão, estruturamos as considerações finais em duas partes. Primeiramente apresentamos as principais considerações em relação ao SGSST, transmitindo o que foi observado entre os diferentes pontos de vista de todos aqueles que são afetados pelo sistema dentro da empresa. Em seguida, apresentamos nossa consideração geral em relação aos SGSST e a visão do tema como uma tendência no setor da construção civil. 5.1 A visão das partes interessadas A Saúde e Segurança é um tema que envolve vários elementos, pois precisa ter o comprometimento da alta hierarquia da empresa, ser implantado e mantido por profissionais da área de Segurança e Medicina do Trabalho, ouvir a necessidade dos 45 trabalhadores que estão diretamente ligados à produção, agregar valores à imagem pública da empresa fazendo com que seus clientes tenham mais confiança, estar de acordo com as normas e leis trabalhistas, e garantir a segurança e o bem estar de todos os seus colaboradores. Na visão dos clientes, o SGSST é visto como um diferencial de mercado, similar a ISSO 9001 e 18000. Apesar de não termos nenhuma fonte que mostre a quantidade de empresas que passaram a adotar a OHSAS 18001 como modelo de SGSST, o que se percebe é que o nível de confiança dos clientes aumenta, pois esses enxergam a possibilidade de reduzir as consequências resultantes de um acidente de trabalho, evitam ter seu nome divulgado em algum meio de comunicação envolvido a acidentes e principalmente evitando a ocorrência de doenças e acidentes que acarretam na paralisação daquele funcionários e consequentemente o atraso do serviço. A mesma ótica pode ser percebida pelos setores de Recursos Humanos e Jurídico pois estes tem relação direta com o trabalhador. A ocorrência dos acidentes é diretamente proporcional ao número de processos e indenizações trabalhistas que a empresa pode sofrer. Isso se aplica inclusive aos funcionários terceirizados da empresa, pois o SGSST aumenta a exigência de controle dos serviços e dos funcionários, pois visando eliminar potenciais irregularidades através deste tipo de contratação, a empresa contratante passa a exigir uma série de documentos que evidencie a regularidade da empresa contratada, por exemplo, PPRA, PCMSO, registro de treinamentos, recolhimento de INSS entre outros. Isso estimula as empresas a se mobilizarem em busca da regularização com esta nova realidade de mercado. Em contrapartida, o que pode-se perceber é que muitas empresas, principalmente de manutenção e pequenos prestadores da construção civil não estão preparadas para atenderem a esta realidade, e o aumento das exigências contratuais dificulta a procura por essas empresas, o processo de torna lento e muito mais caro. O maior ganho alcançado após a implantação de um SGSST é a mudança comportamental dos funcionários. A motivação por parte da equipe é evidenciada na medida em que o SGSST cuida dos riscos e doenças. É de suma importância que o SGSST atinja todos os funcionários, pois só com o comprometimento destes será possível alcançar os resultados e mantes um sistema eficaz e duradouro. 46 Essa motivação é muito mais perceptível entre os funcionários da área de Saúde e Segurança. Com o SGSST esses profissionais sentem seu trabalho muito mais valorizado e consideram que suas solicitações passam a ser mais bem recebidas pela administração da empresa. Em contrapartida, a mudança no processo de gestão da SST aumenta as exigências sobre a equipe e a dificuldade está em encontrar ou transformar a mentalidade dos profissionais da área que estão acostumados com a parte operacional do processo, como distribuição de EPIs, secretariar a CIPA e andar pela obra fazendo inspeções. É preciso que estes profissionais sejam capazes de fazes a gestão da SST, atuando com as metas da empresa e utilizando ferramentas que possam melhorar o processo. É importante frisar que mesmo com tanta vantagens perceptíveis, ainda existe certa resistência por parte dos empresários em realizar investimentos na SST. Isso se deve principalmente devido à grande preocupação da diretoria das empresas com o custo destinado ao atendimento e implantação de um SGSST. Além disso, as correções das pendencias existentes irão consumir mais recursos humanos da empresa que já está atarefada com diversos projetos e sistemas de gestão. A contra argumentação a esta afirmação é uma só: O desenvolvimento de um Sistema Integrado de Gestão que contemple o Sistema de Qualidade, Meio Ambiente e Saúde e Segurança. Desta forma, os recursos humanos poderão ser otimizados e a documentação do sistema integrada e reduzida. 5.2 Conclusão A partir da pesquisa teórica e o estudo de caso realizado, foi possível ter uma noção de como está sendo tratada atualmente a SST na indústria da construção civil. Os autores deste também tomaram como referência as experiências profissionais adquiridas ao longo do curso de Engenharia Civil, e estas possibilitaram uma visão geral de diversas empresas do ramo da construção civil na Região Metropolitana de Belém. O que se verificou é que principalmente empresas regionais de pequeno/médio porte ainda estão engatinhando no que diz à SST. Tomando como base a experiência profissional dos autores, apenas em empresas de grande porte e que possuem sede em outros estados, em especial São Paulo, são aquelas que possuem de fato comprometimento com a SST. Fica claro dentro 47 dessas empresas que os profissionais daqui não estão acostumados com essa visão holística em que S&S, qualidade e meio ambiente trabalham lado a lado, de maneira integrada. Sobre os SGSST, estes ainda são vistos como uma novidade por grande parte dos profissionais da área dentro de Belém, mas percebemos que este quadro está mudando, principalmente devido a vinda dessas grandes construtoras. O SGSST pode trazer melhorias, porém os funcionários sozinhos não podem garantir sucesso. É preciso coexistir um ambiente seguro no local como suporte para que as pessoas trabalhem com segurança e ter o comprometimento da direção da empresa. Resultados significativos começam a acontecer quando uma massa crítica do efetivo da fábrica está treinada, e de forma eficaz, aplicando o processo de comportamento seguro. Quando as pessoas são complacentes com os comportamentos de risco os bons resultados não aparecem. Por outro lado, quando os comportamentos são seguros, com empregados conscientes do cuidado que devem ter com eles e com seus colegas, resultados melhores são obtidos. Dessa forma, é importante proporcionar a integração dos processos da empresa com a SST para observar os comportamentos de risco existentes na organização e reagir de modo a enfatizar os comportamentos seguros. Por fim, gostaríamos de enfatizar mais uma vez a importância de um SGSST dentro da empresa. Mais importante do que o sistema em si, é a mudança de mentalidade que o sistema causa nos profissionais, pois essa mudança de mentalidade irá mudar o comportamento e transformar estes profissionais em multiplicadores de boas práticas de Saúde e Segurança em qualquer ambiente. 48 ANEXOS ANEXO 01 Política do Sistema de Gestão 49 ANEXO 02 APR - Análise Preliminar de Risco 50 51 ANEXO 03 Instrução de Trabalho 52 ANEXO 04 Permissão de Trabalho 53 54 ANEXO 05 Formulário de Auditoria Interna 55 ANEXO 06 Procedimento de Integração para terceirizados ANEXO 07 Check-List de Segurança 56 57 58 ANEXO 08 Comunicação visual ANEXO 09 59 ANEXO 09 Comunicação visual - Prevenção 60 ANEXO 10 Comunicação visual – Mensagens para a mudança cultural 61 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 62 BRASIL, Ministério do Trabalho. Manual de legislação, segurança e medicina do trabalho. 27. ed. São Paulo: Atlas, 1994. PORTAL AREASEG. Introdução à segurança do trabalho em perguntas e respostas. Disponível em: http://www. areaseg.com PALASIO, Cosmo. Sistema de Gestão – Assunto da Moda. Disponível em: http://www.areaseg.com/artigos PALASIO, Cosmo. Sistema de Gestão – Falando do assunto. Disponível em: http://www.areaseg.com/artigos GROSS HOJDA, Ricardo. Fonte Revista Banas Qualidade. ed 179, 2007. Benite, Anderson Glauco. Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho para empresas construtoras. São Paulo, 2004. FERNANDES VIEIRA DE MELO, Maria Bernadete. Influência da cultura organizacional no sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho em empresas construtoras. Florianópolis, 2001. BARREIROS, D. Gestão da segurança e saúde no trabalho: estudo de um modelo sistêmico para as organizações do setor mineral. 317p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. São Paulo, 2002. DINIZ, Antônio Castro. Manual de Auditoria Integrado de Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA). ed. 1 São Paulo: VOTORANTIM METAIS, 2005. DE CICCO, F. 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