ETHOS E PROGRESSÃO TEXTUAL: A CONSTRUÇÃO LINGÜÍSTICODISCURSIVA DO ETHOS DO NARRADOR DA SEXTA NARRATIVA DA OBRA RELAÇÕES, DE HELENO GODOY REZENDE, Renato Cabral (UNICAMP) O objetivo desta pesquisa é analisar construção do ethos discursivo (Maingueneau, 1999, 2002) do narrador da Sexta narrativa da obra Relações, do escritor Heleno Godoy. Para tanto, nosso esforço teórico será enfocar o trabalho empreendido pelo narrador sobre a progressão tópica (Jubran et al. 1993) e o uso de articuladores textuais (Koch, 2002, 2004). Nossa hipótese é a de que a categoria aristotélica do ethos discursivo de um narrador é passível de ser observada pelos leitores do texto a partir mesmo do uso que este narrador faz de alguns recursos de natureza lingüística e discursiva na construção de sua narrativa. Assim, um narrador revela “sua personalidade (…) através de sua maneira de se exprimir” (Maingueneau, 1995: 138), sem obrigatoriamente falar explicitamente de si próprio. O suporte teórico sobre o qual este trabalho está assente encontra-se em duas categorias da Lingüística Textual, a saber, os articuladores textuais e a progressão tópica. Conforme diz Koch (2002: 121), a progressão textual, ou seqüenciação, diz respeito aos procedimentos lingüísticos por meio dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto de dimensões variadas, relações de ordem semântica e/ou pragmático-discursivas. Será, portanto, por meio da própria atividade de leitura que o leitor/analista será capaz de sentir o “tom” como a narrativa é construída e, assim, construir alguma imagem da voz narrativa no texto analisado.