EXPRESSÃO ESCRITA Sejam bem-vindos à segunda videoaula de Expressão Escrita. Sou a Maj Anna Luiza professora de Português da Seção de Idiomas da ECEME. Esta aula se destina a você, aluno do CP/ECEME e aos Oficiais participantes do PEP. Ela tem por objetivo auxiliar os senhores a escreverem de forma clara, objetiva, coerente, coesa e gramaticalmente correta. É através do estudo do material disponível pelo CP-ECEME que os senhores terão um melhor aproveitamento das suas capacidades nesta disciplina e consequentemente obterão sucesso no Concurso de Admissão à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME). O Sumário aqui presente é a continuação do que desenvolvemos na aula anterior: 1. Introdução 2. Expressão Escrita a.Estrutura Textual (aula anterior) b.Parâmetros de Correção - Coerência - Coesão - Objetividade - Clareza - Correção Gramatical 3. Conclusão Como o conteúdo é vasto, abordaremos nesta videoaula especificamente dois dos parâmetros de correção: coesão e coerência. Nas duas aulas seguintes falaremos sobre os demais. Já dissemos, na primeira aula, a respeito da origem da palavra “texto”. Complementamos aqui a ideia da aula anterior, afirmando que Texto é uma estrutura em que há diversos segmentos interligados. Essa ligação se estabelece em dois planos: o do conteúdo - ideias e o da amarração - relações linguísticas. (mostrar slide) O encadeamento de ideias pressupõe que não deve haver contradição entre os diversos segmentos textuais. Para que essa ligação de dois planos se faça, é fundamental observarmos dois aspectos: coesão e coerência textual. O que é coesão? É a “união íntima entre as partes de um todo”. Ex: O time está coeso.(unido, inteiro) Como a coesão se manifesta? Manifesta-se no plano de superfície do texto, isto é, nas relações linguísticas (emprego de conectivos, advérbios, pronomes, sinônimos etc.). Quais são os elementos que favorecem a coesão? São as Palavras ou expressões cuja função é estabelecer relações lógicas entre os segmentos do texto (os conectivos, por exemplo) ou fazer referência a outros elementos presentes na estrutura textual (pronomes, advérbios, sinônimos, por exemplo). A coesão de um texto decorre, portanto, do uso adequado desses elementos. Vamos, agora, observar alguns problemas de coesão textual numa prova da ECEME: “Um dia antes dos (?) britânicos partirem, em 14 de maio de 1948, David Ben Gurion declarou a criação do Estado de Israel, mas (?) embora os israelenses celebrassem, eles estavam em meio à guerra e (?) tinham que defender-se de cinco nações árabes: Egito, Síria, Iraque, Jordânia e Líbano, que lançaram o ataque. Elas eram contrárias a (?) criação de Israel e queriam garantir a terra para os árabes. (?) O território é o ponto no organismo do Estado de Israel que, se conquistado, desmorona (?) a estrutura israelense”. Façamos as correções: “Um dia antes de os britânicos partirem ...” O sujeito jamais pode vir preposicionado. O conectivo “de” está ligando o vocábulo “antes” à expressão “os britânicos”, que é um sujeito. Se escrevêssemos “dos” em vez de “de os” estaríamos preposicionando o sujeito. Outro exemplo, “... David Ben Gurion declarou a criação do Estado de Israel, mas (,) embora os israelenses celebrassem...” Nesse caso, falta a vírgula depois do “mas”. A oração “embora os israelenses celebrassem” É uma oração intercalada! Tem que vir entre vírgulas. (Cont) “...eles (os israelenses) estavam em meio à guerra, E tinham que defender-se de cinco nações árabes ...” No lugar do “e” que tem ideia de adição, fica melhor utilizar a expressão “de modo que”, com valor de consequência. É uma locução consecutiva. O texto fica, portanto, mais claro, a partir dessa pequena modificação. Fica assim: “...eles (os israelenses) estavam em meio à guerra, de modo que tinham que defender-se de cinco nações árabes ...” Como consequência de os israelenses estarem em meio à guerra, eles teriam que defender-se de 5 nações árabes. (Continuando) “Elas (as 5 nações árabes) eram contrárias à criação de Israel, pois queriam garantir tal espaço para os árabes.” Neste caso, o “e” está sendo utilizado erroneamente. O valor do conectivo deveria ser de causa como é o caso do “pois”. A expressão “tal espaço” no lugar de “a terra” foi colocada aí com a finalidade de tornar o sentido do texto menos vago, mais estrito. (Continuando) (?) O território é o ponto (?) no organismo (?) do Estado de Israel que, se conquistado, desmorona (?) a estrutura israelense.” “Por considerarem que o território era o ponto primordial na organização do Estado de Israel, objetivaram que, se o conquistassem, desmoronariam a estrutura israelense.” Após as modificações feitas, verificamos um texto mais coeso, claro, utilizando estruturas oracionais que se relacionam para montar o quebra-cabeças textual. No próximo slide vemos um outro problema de coesão: A REPETIÇÃO DOS ITENS LEXICAIS. “O fato que se constatou ontem, na Bolsa de Valores, e que propiciou ganhos consideráveis para a economia brasileira, indica que teremos, brevemente, boas chances no mercado internacional.” A repetição do “que” ou “queísmo” deixa o texto pobre e cansativo. Fica melhor assim: “O fato constatado ontem, na Bolsa de Valores, propiciador de ganhos consideráveis para a economia brasileira, indica, para breve, nossas boas chances no mercado internacional.” Outro exemplo: “Os palestinos tentavam obter o desgaste moral do adversário, através de guerrilhas. Procuravam explorar o patriotismo e a religiosidade e explorar a sua liberdade de ação”. Ficaria melhor assim: “Os palestinos tentavam obter o desgaste moral do adversário por meio de guerrilhas. Procuravam não apenas explorar o patriotismo e a religiosidade, senão também, a sua liberdade de ação.” ainda mais uma prova da ECEME com incorreções: “Baseados nos países árabes vizinhos, os palestinos planejavam uma campanha de terror contra Israel. (...) Uma coisa (?) que realmente movia a militância palestina no final dos anos 60 e início dos anos 70, era o sentimento de vingança de que a coisa mais importante, mais importante até que liberar fisicamente o território da ocupação israelense, era forçar o mundo a ver os palestinos, a reconhecer que eles existiam, a reconhecer que eles eram vítimas da injustiça.” Além de repetir o vocábulo “coisa” a sua própria utilização não é aconselhável, pois possui sentido vago, “coisa” é muito amplo. Melhor assim: “Baseados nos países árabes vizinhos, os palestinos planejavam uma campanha de terror contra Israel. (...) Um fato, que realmente movia a militância palestina no final dos anos 60 e início dos anos 70, era o sentimento de vingança de que o mais importante − mais importante até do que liberar fisicamente o território da ocupação israelense − era forçar o mundo a considerar os palestinos, a reconhecer que eles existiam, a reconhecer que eles eram vítimas da injustiça.” Outro problema de coesão é a falta de paralelismo. Já ouviram falar em paralelismo? O paralelismo é uma convenção da linguagem escrita, que consiste em apresentar ideias similares em uma forma gramaticalmente idêntica = todos os elementos enumerados devem ser apresentados por meio de uma mesma construção gramatical. Vejamos alguns exemplos:(Slide) 1) (ERRADO) O professor mandou José fechar o livro e que pegasse uma folha de papel. (CORRETO) O professor mandou José fechar o livro e pegar uma folha de papel. 2) (ERRADO) Em público, ele demonstra insociabilidade, ser irritável, desconfiança e não ter segurança. (CORRETO) Em público, ele demonstra insociabilidade, irritabilidade, desconfiança e insegurança. Conclui-se que é preciso saber alinhavar as ideias de um texto, para que haja harmonia e clareza no conjunto, ou seja, COESÃO. Passemos, agora, à Coerência. Conceito: “coerência textual é o resultado da articulação das ideias de um texto; é a estruturação lógico-semântica que faz com que, em uma situação de interação verbal, palavras e frases componham um todo significativo para os interlocutores.” A coerência textual é um processo que inclui basicamente dois fatores: → o conhecimento que o produtor e o receptor têm do assunto tratado no texto, determinado por sua visão de mundo, sua classe social, profissão, idade, escolaridade etc.; → o conhecimento que eles têm da língua que usam: tipos de texto, vocabulário, recursos estilísticos etc. Manifesta-se no plano do conteúdo, do encadeamento de ideias. Texto sem continuidade torna-se incoerente. Exemplo: «Foram observadas "primeiras propagações" do vírus na população de países situados fora do continente americano, assinalou o diretor-geral adjunto da OMS, citando o Reino Unido, o Japão e a Austrália, além do Chile, na América do Sul.» Incoerência: A América do Sul não está situada fora do continente americano. CONCLUI-SE QUE... Um texto é coerente e coeso, quando ele é adequado ao contexto discursivo, isto é, à situação para a qual foi produzido. Um texto pode estar bem estruturado e ser pertinente para uma determinada situação e, no entanto, caracterizar-se inadequado a um outro evento comunicativo. Até a próxima aula e bom estudo!