UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Emanuella de Sousa Alencar Cardozo TRABALHO MULTIDISCIPLINAR EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UM DESAFIO PARA A GESTÃO EM SAÚDE CURITIBA 2011 1 Emanuella de Sousa Alencar Cardozo TRABALHO MULTIDISCIPLINAR EM ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: UM DESAFIO PARA A GESTÃO EM SAÚDE Monografia do Curso de Auditoria e Gestão em Saúde da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para obtenção do título em Especialista. Orientadora: Profª Ozana de Campos. CURITIBA 2011 2 AGRADECIMENTOS Agradeço aos meus familiares, pelo apoio e compreensão recebidos durante o curso. Aos professores e coordenadores da pós graduação pela dedicação e exemplo profissional. Um agradecimento especial à colaboração. Prof. Ozana de Campos pela sua valorosa 3 “A maior recompensa do nosso trabalho não é o que nos pagam por ele, mas em que ele nos transforma”. John Ruskin 4 RESUMO O presente estudo tem como finalidade realizar uma abordagem sobre a Estratégia Saúde da Família – ESF. Desta forma, verifica-se como o cenário do trabalho multidisciplinar da gestão de saúde sobre seu exercício profissional, bem como os trabalhadores convivem com desafios cotidianos que acabam por afetar todas as dimensões de suas vidas. Com isso, após uma exploração desse campo, objetivou-se analisar alguns fatores de riscos encontrados, a fim de sugerir medidas alternativas para melhor traçar propostas de prevenção de doenças e promoção da saúde que cheguem ao encontro com a realidade desses trabalhadores e com a Política Nacional de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, em vigor desde 2004 que visa à redução dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, mediante a execução de ações de promoção, reabilitação e vigilância na área de saúde. Este trabalho foi desenvolvido por meio de uma metodologia descritiva, abordando por meio de revisão bibliográfica, analisando a temática da ESF, bem como o gerenciamento da área de saúde e práticas administrativas que podem contribuir para o trabalho multidisciplinar na gestão de saúde. Palavras-chave: Estratégia. Saúde. Família. Gestão. Multidisciplinar. 5 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 06 2 METODODOLOGIA.............................................................................................. 09 3 GESTÃO DA SAÚDE............................................................................................ 09 4 QUALIDADE DA GESTÃO DA SAÚDE............................................................... 13 4.1 CONCEITO DE QUALIDADE............................................................................. 14 5 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA...................................................................... 15 5.1 CONTEXTO GERAL ......................................................................................... 15 5.2 DEFINIÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DO PSF..................................................... 16 5.3 PROBLEMAS E DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DO PSF....................... 19 5.4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) ................................................. 21 6 TRABALHO MULTIDISCIPLINAR........................................................................ 22 6.1 CONCEITOS E APLICABILIDADES.................................................................. 22 6.2 COMPETÊNCIAS DO TRABALHO MULTIDISCIPLINAR NA GESTÃO DA SAÚDE................................................................................................................ 23 7 CONCLUSÃO....................................................................................................... 28 REFERÊNCIAS....................................................................................................... 30 6 1 INTRODUÇÃO O Programa de Saúde da Família (PSF), criado pelo Ministério da Saúde em 1994, apresenta características estratégicas para o Sistema Único de Saúde (SUS) e aponta possibilidades de adesão e mobilização das forças sociais e políticas em torno de suas diretrizes. Isto possibilita a integração e organização das ações de saúde em território definido (PEDROSA E TELES, 2001). Nota-se que o trabalho em equipe, embora não seja uma exclusividade da Saúde da Família, representa um de seus principais pilares, ainda pouco discutido em pesquisas na saúde coletiva. A perspectiva da integralidade das ações favorece uma ação inter/transdisciplinar (ARAUJO E ROCHA, 2007). Isto torna o modelo de assistência à saúde, em um acesso ao serviço e à resolutividade, associados ao trabalho de equipe que estimule o autocuidado e o repensar sobre o estilo de vida dos indivíduos e suas famílias, contribuindo para que as pessoas se sintam co-responsáveis pela busca ativa da solução para os seus problemas e, tanto quanto possível, consigam compartilhar suas experiências e decisões nas associações e grupos comunitários dos quais convivem (CAMELO E ANGERAMI, 2004). Enfatiza que o cuidado humanizado deve ser vivenciado desde a Universidade, é nesta etapa onde deve-se formar profissionais com mentalidade grupal, ou seja, que saibam desenvolver trabalhos coletivos. Para isso é de suma importância a Universidade está aberta a inovações, desafios e sempre visar as necessidades demandadas da saúde, analizando estratégias para promover o trabalho coletivo, com eficiência e qualidade (MATTAR, et al. 2007). Assim a atuação multiprofissional que é vista como uma junção de trabalhadores que visam o bem de todos, ao assumir a posição de igualdade, respeito 7 e confiança, posibilitará melhor convivio, gerando maior interesse na organização dos serviços de saúde (FALCONE, 2005). Gerando ações de saúde realizadas em conjunto, com melhores resultados, melhorando as relações coletivas, seguindo para o entendimento que individualmente não se pode vencer todos os obstaculos e sair vitórioso. Então pode se dizer que compete as equipes de saúde a busca constante a capacitação e qualificação para um melhor atendimento, visando o cuidado integral á saúde da população (LEITE E VILA, 2005). Evidencia também, os beneficios ocorridos através da união das equipes, que favorece o agente em questão, tanto físicamente como mentalmente, trilhando um caminho para uma melhor convivência consigo mesmo e para com os profissionais de saúde e famíliares, pois ao ser atendido com dignidade, eficiência e humanização, torna possivel ao paciente-cliente uma melhor resolutibilidade de seus agravos. Atualmente, a equipe multiprofissional esta sendo uma realidade em todos os lugares onde se praticam ações que visam melhorar a qualidade de saúde e de vida da população. O fato é que são múltiplas as dimensões demandadas para tornar possível este trabalho, mas, com força de vontade, organização, destreza e uma aprendizagem adequada e eficiente, torna-se possivél a atuação multiprofissional. Com o comprometimento no trabalho há promoções nas articulações das ações e a participação dos agentes, levando a uma rede de processos que se alimentam reciprocamente, gerando um compromisso ético e respeito multuo entre profissionais, paciente e familiares (OTENIO, et al. 2008). De maneira que Ferreira, Varga e Silva (2009), "evidenciam as necessidades dos profissionais de saúde em integrar as dimensões biopsicossociais para o cuidado dos individuos, família e comunidades como novos modos de agir e de interagir com a prática a fim de responder ás necessidades de saúde das pessoas em suas diferentes 8 dimensões’’. Já segundo Peduzzi (2001), "o trabalho em equipe consiste numa modalidade de trabalho coletivo que se configura na relação recíproca entre as intervenções tecnicas e a interação dos agentes’’. De modo que a construção do coletivo depende da presença de um mínimo de estabilidade e de certa permanência na organização, pois a confiança e a cooperação se constroem com o tempo. A cooperação é fruto da busca do trabalhador pela qualidade do trabalho como uma condição para ter prazer na atividade laboral, saúde mental e construção da sua identidade singular (SCHERER, 2009). Acredita-se que o desafio está colocado, no sentido apontado acima, ou seja, de (re)construir, nos espaços de formação e de capacitação contínua, uma nova visão sobre a integração no trabalho de equipe para que possamos pensar no cuidado à saúde como mais que "um ato, uma atitude" (ALMEIDA E MISHIMA, 2001). Muitos são os prejuízos por a não interação das equipes de saúde, tanto para o próprio grupo, como para o paciente e famíliares. O trabalho das equipes multiprofissionais atende os aspectos junto à comunidade, faz-se necessário que a equipe tenha maturidade e que haja desenvolvimento pessoal e profissional, com enfrentamento de diversas realidades, para que ocorram a promoção e a reabilitação da saúde da comunidade. O estudo do tema, ao mostrar a importancia das equipes multiprofissionais, beneficiará as ações de gestão em saúde e no início da vivencia academica, contribuindo para o aprimoramento do cuidado e saúde da população. 9 O objetivo principal desta pesquisa bibliográfica e identificar por meio de artigos encontrados em bases de dados da área da saúde, as interrelações entre equipes multiprofissionais em ESF. Já os objetivos específicos sao os seguintes: • Discorrer sobre gestão em saúde, abordando conceitos, características e aplicabilidades; • Identificar as etapas de construção de equipes multiprofissionais em ESF; • Analisar a ESF e a importância de equipes multiprofissionais. 2 METODOLOGIA Para alcançar os objetivos propostos, realizou-se levantamento bibliográfico a busca eletrônica de artigos na base de dados do SCIELO (Scientific Eletronic Online), a partir do cruzamento das palavras-chave: trabalho coletivo, equipe multiprofissional e assistencia multiprofissional. As 31 publicações trabalhadas foram analisadas qualitativamente. Os artigos selecionados são nacionais, publicados no idioma português, entre os período de 1990 a 2009, referentes a equipes multiprofissional. Essa modalidade de produção, além de ser comumente uma das mais valorizada no conjunto da produção bibliográfica, é a mais facilmente acessada. 3 GESTÃO DA SAÚDE A Atenção Básica tem a Saúde da Família (SF) como estratégia prioritária para sua organização, assim como, para a reorientação do modelo assistencial de saúde. O Programa de Saúde da Família (PSF) teve início na década de 90, sendo inspirado em experiências de outros países (Cuba, Inglaterra e Canadá), nos quais 10 houve interessantes aumentos de qualidade na saúde pública, com investimento na promoção da saúde. Sua implantação foi precedida, em 1991, pelo Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e, a partir de 1994, começaram a ser formadas as primeiras equipes do PSF, incorporando e ampliando a atuação dos agentes comunitários de saúde (BRASIL, 2001). Em 2006, o número de equipes do PSF alcançou 26.729, com cobertura de 85,7 milhões de pessoas, sendo investidos mais de R$ 3,2 bilhões. Isso evidencia a importância do PSF para o País, principalmente por ser fonte de emprego para milhares de profissionais de saúde que trabalham em regime de dedicação íntegra. Em 2009, o número de PSF alcançou 29.318 equipes, com cobertura de 86,1 milhões de pessoas sendo a proporção de cobertura populacional estimada em 45,41% (MS/SAS/DAB e IBGE, 2009). Conforme a Associação Paulista de Medicina (2008) a equipe do PSF trabalha com carga horária de oito horas diárias, com as seguintes atuações: cadastramento de todas as famílias residentes em sua área de abrangência, realizado com a participação da comunidade; diagnóstico das condições socioeconômicas e de saúde da população sob sua responsabilidade; identificação das pessoas e das famílias que necessitam de atenção especial, por estarem sujeitas a situações de maior risco de adoecer ou morrer; priorização das ações a serem desenvolvidas para enfrentamento dos problemas identificados; ênfase no enfoque da promoção à saúde, facilitado pelo vínculo estabelecido entre a equipe e as famílias, que cria um espaço privilegiado para a incorporação de hábitos saudáveis; atuação intersetorial, por meio de parcerias estabelecidas com diferentes segmentos sociais e inconstitucionais, de 11 forma a intervir em situações que ultrapassam a especificidade do setor e que têm efeitos determinantes sobre as condições de vida e, conseqüentemente, de saúde dos indivíduos. A ESF é uma estratégia prioritária do Ministério da Saúde para reestruturação da Atenção Básica e seu financiamento deve ser garantido pelo PAB – Piso da Atenção Básica, acondicionado aos recursos de fontes estaduais e municipais. Esses recursos são administrados pelo gestor municipal, com sua utilização préestabelecida pelo Plano Municipal de Saúde e fiscalizada pelo Conselho Municipal de Saúde e por órgãos de auditoria estaduais e federais. (ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE MEDICINA, 2008). A Associação Paulista de Medicina (2008) ainda retrata que a implantação da Estratégia Saúde da Família/Agentes Comunitários de Saúde depende da decisão política do gestor municipal. Tomada tal decisão, o gestor municipal deve comunicar com a Secretaria Estadual de Saúde/ Coordenação da ESF/PACS, que prestará acessoria ao município em todas as etapas de implantação. O Ministério da Saúde (2004) define o trabalho de equipes da Saúde da Família como o elemento-chave para a busca permanente de comunicação e troca de experiências e conhecimentos entre os integrantes da equipe e desses com o saber popular do Agente Comunitário de Saúde. As equipes atuam, principalmente, nas unidades básicas de saúde, nas residências e na mobilização da comunidade, em um sistema hierarquizado e regionalizado de saúde. Isso dentro de um território definido, população delimitada, sob a sua responsabilidade, com intervenção sobre os fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; estabelecendo vínculos de compromisso e de co-responsabilidade com a população; estimulando a organização 12 das comunidades; utilizando sistemas de informação para o monitoramento e a tomada de decisões e por prestar assistência integral e permanente de qualidade, além de realizar atividades de educação e promoção da saúde. A estratégia saúde da família (ESF) surge em resposta à crise do modelo médico-clínico propondo uma real mudança na forma de pensar a saúde, uma vez que o modelo assistencial predominante no país ainda não contempla os princípios do SUS, ou seja, a assistência permanece individualizada, baseada na cura e na medicalização com baixa resolutividade e baixo impacto social (CAMPOS, 2007, p. 171). Visto ser recente a criação da ESF no Brasil, faz-se necessário lembrar que é fundamental que os usuários de saúde conheçam o mecanismo de funcionamento e organização do SUS e da ESF, assim como seus objetivos no cuidado à saúde, para que a participação social seja realizada de forma consciente e responsável, possibilitando a construção de políticas de saúde que promovam a melhoria da qualidade da atenção à saúde. Azambuja et al. (2007) relatam que a Estratégia Saúde da Família (ESF), enquanto proposta governamental de ação para a saúde tem como foco o cuidado de famílias inseridas em um contexto social. Em relação ao cuidador, o desenvolvimento do trabalho no PSF é por vezes desfavorável e limitante no processo de qualidade de vida, uma vez que em seu exercício profissional, os trabalhadores convivem com desafios cotidianos que acabam por afetar todas as dimensões de suas vidas. Desse modo, considera-se importante compreender a dimensão que o trabalho assume na vida dos profissionais e que significados lhes são atribuídos. 13 Ressalta-se ainda que no processo de qualidade de vida, o trabalho como componente inseparável das vivências cotidianas é parte fundamental do processo das construções históricas e sociais, no espaço dos sonhos, das aspirações e dos desejos. 4 QUALIDADE DA GESTÃO DA SAÚDE A preocupação com a qualidade na área da saúde esteve presente desde a antigüidade. Ao se falar de qualidade em saúde, é consensual atribuir os primeiros esforços como devidos a Florence Nightingale, enfermeira inglesa que, na metade do século passado durante a guerra da Criméia, implantou o primeiro modelo de melhoria contínua de qualidade em saúde. O início da sistematização e dos primeiros modelos voltados à gestão da qualidade da assistência médica e hospitalar é atribuído a Ernest Amory Codman, cirurgião norte-americano que entre 1913 e 1918, publicou os primeiros trabalhos sobre a necessidade e a importância de garantir a qualidade dos resultados das intervenções médicas e os “resultados finais” das ações de saúde (GASTAL; QUINTO NETO, 1997, p.24). Em 1924, Walter Shewhart, físico e pesquisador, criou a primeira carta de controle, método que se tornou clássico para o estudo dos processos relacionados ao estado de controle e à sua previsibilidade. Em 1927, o doutor W. Edwards Deming junta-se a Shewhart e ambos se dedicam ao estudo da influência da qualidade nos resultados dos processos. Em 1954, J. M. Juran, responsável pelo agrupamento dos processos gerenciais da qualidade na “trilogia de Juran’’: planejamento da qualidade, 14 manutenção da qualidade e melhoria da qualidade, chama a atenção para os custos de não trabalhar com qualidade. (GASTAL; QUINTO NETO, 1997). Desta forma hoje, a organização de serviço na área de saúde que não visar a gestão da qualidade, acabam empregando seus recursos de maneira ineficaz. (CAMPOS, 1992). Então para que ocorra a qualidade, é necessario que os debates dos modelos de gestão e de atenção, tenham um resultado eficaz, para viabilizar a união do desenvolvimento profissional de saúde e controle social, a fim de garantir os direitos a saúde da população. (BRASIL, 2004). 4.1 CONCEITO DE QUALIDADE Entende-se qualidade como o produto ou serviço ofertado para alguem, de forma que o satisfaça, ou seja, atenda suas necessidades. Avedis Donabedian, pediatra armênio radicado nos Estados Unidos, foi pioneiro no setor saúde, sendo o primeiro autor que se dedicou de maneira sistemática a estudar e publicar sobre qualidade em saúde, ampliou o conceito de qualidade, utilizando o que estabeleceu de sete atributos como os pilares de sustentação que definem a qualidade em saúde, quais sejam: a eficácia, efetividade, eficiência, otimização dos recursos, aceitabilidade, legitimidade e eqüidade. Também fazem parte de atributos da qualidade: equidade, acessibilidade, adequação e, qualidade técnico-científica. São citadas ainda, a continuidade dos cuidados e a comunicação entre o profissional e o usuário. (D'INNOCENZO, et al. 2006). Este mesmo autor relata que é necessário monitorar e avaliar a qualidade dos produtos e servisos prestados a saúde, para que se possa propiciar satisfação tanto 15 para o gestor como para o cliente, e descreve que´´ o objetivo da avaliação da qualidade é determinar o grau de sucesso das profissões relacionadas com a saúde, em se autogovernarem, de modo a impedir a exploração ou a incompetência, e o objetivo da monitorização da qualidade é exercer vigilancia continua, de tal forma que desvios dos padrões possam ser precocemente detectados e corrigidos``.(REIS, et al.1990). 5 PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA - PSF 5.1 CONTEXTO GERAL O PSF teve início quando o Ministério da Saúde formula em 1991 o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) com a finalidade de contribuir para a redução das mortalidades infantil e materna, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, através da extensão de cobertura dos serviços de saúde para as áreas mais pobres e desvalidas. A partir da experiência acumulada no Ceará com o PACS, o Ministério da Saúde percebe a importância dos Agentes nos serviços básicos de saúde no município e começa a enfocar a família como unidade de ação programática de saúde, não mais enfocando somente o indivíduo, mas introduzindo a noção de cobertura por família (VIANNA; DAL POZ, 1998). Assim, o PSF foi concebido a partir de uma reunião ocorrida nos dias 27 e 28 de dezembro de 1993 em Brasília, DF, sobre o tema “Saúde da Família”, convocada pelo gabinete do Ministro da Saúde Henrique Santillo com apoio do UNICEF. A reunião esteve assentada na discussão de uma nova proposta a partir do êxito do PACS e da necessidade de incorporar novos profissionais para que os agentes não funcionassem de forma isolada. Cabe salientar que a supervisão do trabalho do 16 agente comunitário pelo enfermeiro, no Ceará, foi um primeiro passo no processo de incorporação de novos profissionais (VIANNA; DAL POZ, 1998). Cabe ressaltar, também, que esse movimento de “olhar a família” se deu em muitos países e a formulação do PSF teve a seu favor o desenvolvimento anterior de modelos de assistência à família no Canadá, Cuba, Suécia e Inglaterra que serviram de referência para a formulação do programa brasileiro (VIANNA; DAL POZ, 1998). Embora rotulado como programa, o PSF, por suas especificidades, foge à concepção usual dos demais programas concebidos pelo Ministério da Saúde, já que não é uma intervenção vertical e paralela às atividades dos serviços de saúde. Pelo contrário, caracteriza-se como estratégia que possibilita a integração e promove a organização das atividades em um território definido com o propósito de enfrentar e resolver os problemas identificados. 5.2 DEFINIÇÕES E CONTRIBUIÇÕES DO PSF Para o Ministério da Saúde, o PSF é uma estratégia que visa atender indivíduo e a família de forma integral e contínua, desenvolvendo ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Tem como objetivo reorganizar a prática assistencial, centrada no hospital, passando a enfocar a família em seu ambiente físico e social (BRASIL, 2005). De acordo com Levcovitz e Garrido (2003, p. 4), o PSF pode ser definido como: Um modelo de atenção que pressupõe o reconhecimento de saúde como um direito de cidadania, expresso na melhoria das condições de vida; no que toca a área de saúde, essa melhoria deve ser traduzida em serviços mais resolutivos, integrais e principalmente humanizados. 17 De acordo com o Ministério da Saúde, o PSF tem como objetivo geral: Contribuir para a reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do SUS, imprimindo uma nova dinâmica de atuação nas unidades básicas de saúde, com definição de responsabilidades entre os serviços de saúde e a população. As equipes de PSF, funcionando adequadamente, são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade, prestando atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população(BRASIL, 2005). O surgimento do PSF na década de 90, apoiado pelo Ministério da Saúde, reflete a tendência de valorização da família na agenda das políticas sociais brasileiras. Não é um atendimento simplificado, pelo contrário, é uma expansão da atenção primária à saúde em direção à incorporação de práticas preventivas, educativas e curativas mais próximas da vida cotidiana da população e, principalmente, dos grupos mais vulneráveis (VASCONCELOS, 1998). Assim, a saúde da família e da coletividade poderá desenvolver-se de forma mais plena caso seja compreendida não como um programa para a saúde restrito a procedimentos organizacionais e financeiros, mas como projeto concreto, provido de interesses, diversidade, desejos e intencionalidades com o objetivo de formular políticas que promovam os movimentos de rever-se e dispor-se a mudar (VASCONCELOS, 1998). Em alguns municípios que adotaram o PSF, verificou-se que ainda não há uma discussão aprofundada do modo de relação entre os profissionais e a população local, e o PSF significou mais uma modificação institucional, ou seja, nova divisão de 18 trabalho entre os profissionais, deslocamento do local de atenção, acréscimo na remuneração da equipe do que maior aproximação com o cotidiano das famílias (VASCONCELOS, 1998). Assim, passa-se a denominar Saúde da Família, de acordo com Vasconcelos (1998, p. 23): ...práticas tradicionais de abordagem individual ou de relação com os grupos comunitários. Qualquer tipo de intervenção da equipe é considerado como familiar. Ao não ter clara a distinção entre o que deve ser abordado no nível do indivíduo, da família ou dos diferentes grupos comunitários, o termo família perde a especificidade. Isso ocorre porque o eixo que orienta a intervenção familiar são os programas de saúde pública planejados e padronizados nas instâncias hierarquicamente superiores da burocracia do setor saúde. A percepção e a intervenção dos profissionais locais tendem então a ficar restritas. Dessa forma, nas visitas às famílias, a atenção fica dirigida aos programas préestabelecidos, como o de amamentação, hipertensão, cuidado preventivo com determinada doença endêmica na região etc. Se por um lado a padronização facilita a expansão do Programa, por outro, simplifica e empobrece o seu alcance por não considerar as manifestações locais dos problemas de saúde e não trabalhar com elas (VASCONCELOS, 1999). As tarefas pré-estabelecidas sem relações vinculares mais amplas têm interferido na intervenção às reais necessidades de saúde da população, sem impacto na mudança da qualidade de vida e humanização da assistência que tem sido relacionada apenas ao atendimento domiciliar. Desse modo, o enfoque família/comunidade fica completamente descaracterizado (ROSA; LABATE, 2003). No PSF, as visitas domiciliares compulsórias Franco e Merhy (1999, p. 35) indicam dois tipos de problemas muito graves. O primeiro diz respeito às visitas feitas 19 por profissionais sem que haja uma indicação explícita para elas, ou seja, sem que o mesmo saiba o que vai fazer em determinado domicílio. Excetua-se, por exemplo, o caso dos agentes comunitários de saúde que devem percorrer o território insistentemente. O outro aspecto diz respeito ao fato de que essas visitas podem significar excessiva intromissão do Estado na vida das pessoas, limitando seu grau de privacidade e liberdade. 5.3 PROBLEMAS E DIFICULDADES DE IMPLANTAÇÃO DO PSF O problema do atual modelo assistencial está no processo de trabalho medico centrado que acaba operando centralmente na produção do cuidado e da cura. Assim, faz-se necessária uma ação que reorganize o trabalho do médico e dos outros profissionais, atuando nos processos decisórios que ocorrem no ato mesmo da produção da saúde (FRANCO, T. B.; MERHY, 1999). Franco e Merhy (1999, p. 36), nesse sentido, Pode-se dizer, portanto, que no PSF existe uma confusão entre o que é ferramenta para diagnóstico e intervenção, e o que é resultado em saúde. Os resultados desejados são anunciados (85% dos problemas de saúde resolvidos, vínculo dos profissionais com a comunidade etc...) e inferese que seguindo a prescrição altamente detalhada obterseá o resultado anunciado. Não é muito diferente do modelo atual que infere que consultas e exames são equivalentes a soluções para os problemas de saúde. Para que haja mudança no modelo de atenção, existe a necessidade de formar um novo profissional, ou seja, “para uma nova estratégia, um novo profissional”( LEVCOVITZ, E.; GARRIDO, 2003), salientando que, se a formação dos profissionais não for substitutiva no aparelho formador, o modelo de atenção também não o será na realidade do dia-a-dia. A saúde da família trata de resgatar habilidades 20 perdidas pela tecnologia excessiva e abusada e não da adaptação de novos padrões de excelência. Portanto, há que se conceber um novo perfil de profissionais que atendam o novo “chamamento” do setor. No PSF, pode-se situar, também, uma busca de transição entre o profissional isolado, tanto na sua atuação, como no seu saber para um trabalho em equipe que abre as vertentes do conhecimento e da vinculação social (LEVCOVITZ, E.; GARRIDO, 2003). Um dos problemas verificados na proposta do PSF, enquanto “estratégia de mudança do Programa Saúde da Família modelo assistencial”, é a idéia de que esteja mais voltado para ações de natureza “higienista” do que as de cunho “sanitarista”. O controle educativo/terapêutico instaurado pela higiene iniciou um modo de regulação política da vida dos indivíduos que até hoje vem se mostrando eficiente. Os especialistas encarregados de reeducar terapeuticamente a família percebem que a desestruturação familiar é um fato social, mas não percebem que as terapêuticas educativas contribuem ativamente na fabricação desse fato. Muitos dos fenômenos apontados hoje em dia como causas da desagregação familiar, nada mais são que conseqüências históricas da educação higiênica. Nesse sentido, justifica-se a estruturação de equipes multiprofissionais em dois sentidos, Campos (1994, p. 23): Quebrar a costumeira divisão do processo de trabalho em saúde, segundo recortes verticais, compondo segmentos estanques por categorias profissionais (...) responsabilizar cada uma dessas equipes por um conjunto de problemas muito bem delimitados e pelo planejamento e execução de ações capazes de resolvê-los, o que ocorreria por meio da vinculação de cada equipe a um certo número de pacientes previamente inscritos, do atendimento de uma certa parcela da demanda que espontaneamente procura a 21 unidade, bem como pela responsabilidade em relação aos problemas coletivos. Assim, verifica-se a necessidade de reorganizar a rede de poderes e dos processos de trabalho de modo que as equipes de saúde estejam, ao mesmo tempo, estimuladas e sendo preparadas para assumir novos padrões de autonomia e de responsabilidade (CAMPOS, 1994). Significa, portanto, mudança cultural da população e dos profissionais de saúde. Nesse contexto, o PSF propõe nova dinâmica para a estruturação dos serviços de saúde, promovendo uma relação dos profissionais mais próximos do seu objeto de trabalho, ou seja, mais próximos das pessoas, famílias e comunidades, assumindo compromisso de prestar assistência integral e resolutiva a toda população, a qual tem seu acesso garantido através de uma equipe multiprofissional e interdisciplinar que presta assistência de acordo com as reais necessidades dessa população, identificando os fatores de risco aos quais ela está exposta e neles intervindo de forma apropriada. Portanto, o PSF torna-se estratégia significativa para a mudança do modelo assistencial visando a qualidade de vida da comunidade. Entretanto, enquanto a atual política de saúde do Brasil tenta mudar o modelo de atenção centrado no médico e no hospital para um modelo de assistência integral, tramita no Congresso proposta de definição do “ato médico” por meio do projeto de Lei 25/2002 que tem como objetivo definir o conceito e a extensão desse ato, subordinando outras áreas da saúde (enfermagem, psicologia, odontologia etc.) ao campo de atuação da Medicina. 5.4 ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA (ESF) 22 Hoje, o Programa de Saúde da Família (PSF) é definido como Estratégia de Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que o termo programa aponta para uma atividade com inicialização, desenvolvimento e finalização. Pois este programa não prevê uma data de finalização. Neste sub-capítulo aborda-se a importância da Estratégia Saúde da Família (ESF). Entende-se que os estabelecimentos assistenciais de saúde são empresas complexas, abrigando diversos setores, cada um com sua especificidade e função. Sendo assim, os serviços de saúde devem atender e superar as expectativas dos clientes, satisfazendo assim as necessidades do paciente (cliente). O Programa Saúde da Família (PSF) surge no Brasil como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial a partir da atenção básica, em conformidade com os princípios do Sistema Único de Saúde. Conscientes da importância dessas reflexões para situar o papel do profissional nessa nova forma de atuar na saúde, apresenta-se dois temas: revisão histórica das políticas de atenção à saúde no Brasil e ESF e o processo de mudança do modelo do trabalho multidisciplinar. 6 TRABALHO MULTIDISCIPLINAR 6.1 CONCEITOS E APLICABILIDADES Para tanto, é urgente que se estabeleça uma nova relação entre os profissionais de saúde [...] diferentemente do modelo biomédico tradicional, permitindo maior diversidade das ações e busca permanente do consenso. Tal relação, baseada na interdisciplinaridade e não mais na multidisciplinaridade [...] requer uma abordagem que questione as certezas profissionais e estimule a 23 permanente comunicação horizontal entre os componentes de uma equipe. (COSTA NETO, 2000, p.9) Assim, a interdisciplinaridade constitui um entre os vários temas que necessitam serem desenvolvidos para gerarem contribuição para a pauta da área da saúde, pois entendemos que o contexto histórico vivido nessa virada de milênio, caracterizado pela divisão do trabalho intelectual, fragmentação do conhecimento e pela excessiva predominância das especializações, demanda a retomada do antigo conceito de interdisciplinaridade que, no longo percurso do século passado, foi sufocado pela racionalidade da revolução industrial (CIANCIARULLO, 2007). Na perspectiva contemporânea na qual este estudo se insere, a interdisciplinaridade contempla: o reconhecimento da complexidade crescente do objeto das ciências da saúde e a conseqüente exigência interna de um olhar plural; a possibilidade de trabalho conjunto, que respeita as bases disciplinares específicas, mas busca soluções compartilhadas para os problemas das pessoas e das instituições; o investimento como estratégia para a concretização da integralidade das ações de saúde. Entende-se que a partir destas constatações decide-se incluir a interdisciplinaridade como um dos temas que foram estudados num projeto sobre competências para a consolidação do SUS/PSF. Sendo assim, busca-se implementar necessidades para melhor aplicar o trabalho multidisciplinar em saúde e submetê-los a apreciação de profissionais da área, incorporando também suas contribuições, sob a forma de depoimentos, à compreensão do conceito em suas várias dimensões (CIANCIARULLO, 2007). 6.2 COMPETÊNCIAS DO TRABALHO MULTIDISCIPLINAR NA GESTÃO DA 24 SAÚDE A alusão ao respeito às competências, apesar de a primeira parecer se aproximar da categoria “respeitar a disciplina do outro” carrega diferenças substanciais. Neste momento do discurso o quadro que se avizinha é o das práticas e dos “atos”. Respeitar a competência do outro pode significar não entrar no campo do “ato corporativo” do outro. Entende-se o momento histórico em que tal preocupação é colocada, quando as corporações das profissões de saúde empreendem um movimento conservador em relação a suas competências específicas, mas a interdisciplinaridade exige um certo desprendimento corporativo, sobretudo quando se parte do princípio da Integralidade como eixo nuclear nas mudanças do modelo de atenção. A inclusão, por parte do entrevistado, da atitude de comprometimento com o sistema, se mostrou surpreendente. Parece-nos claro que o nível de comprometimento com as mudanças do modelo de atenção, embrionados no Movimento da Reforma Sanitária e conseqüentemente, com os princípios e diretrizes do SUS, são fundamentais na execução de qualquer projeto de trabalho numa equipe do PSF. Pressuposto básico da comunicação, o ouvir possibilita entender a opinião do outro, questionar minhas próprias convicções, aprender. Atitude de reflexão, espírito crítico, autocrítico, capacidade de abstrair de uma situação concreta são encarados como atitudes a serem desenvolvidas no trabalho interdisciplinar. O não comprometimento e a alienação podem ser encarados como conseqüentes à divisão parcelar do trabalho (disciplinarização), mas também como dificuldades na execução do trabalho coletivo (interdisciplinaridade). A alienação se 25 relaciona ainda com o descompromisso com a realidade social e seus indicadores, o que é incompatível com os princípios da Reforma Sanitária. A atitude de humildade se relaciona com muitas outras categorias anteriormente descritas. A humildade inclui reconhecer limitações, reconhecer que se pode estar errado, que se pode ser ajudado, que não é melhor ou pior, mas diferente. À atitude de mudança foi atribuído o significado de estar pronto para aprender, recomeçar e aceitar novos desafios. Entender a realidade e se sentir coresponsável em seus processos de transformação. Assumir o papel ativo, construtor da história da realidade e seus processos. Esta atitude implica reconhecer as determinações e se apropriar dos mecanismos capazes de modificá-las. O respeito às diferenças está aderido a uma das especificidades humanas que é a consciência de si mesmo dentro da heterogeneidade. Sujeitos históricos têm biografias, são particulares e únicos e, não contraditoriamente, são sujeitos coletivos. Cada qual constrói sua história a partir da perspectiva social de seu contexto. Classe social, família, formação, educação num coletivo de pensamento específico (na graduação) trazem marcas que repercutirão em nossos diversos micro-ambientes sociais. As ciências da saúde têm como objetos indivíduos e comunidades, ou seja, objetos intrinsicamente sujeitos a mecanismos éticos. O ambiente de trabalho também se comporta como uma relação social ética, e não falamos aqui da ética corporativa, mas da ética que também se baseia no princípio da Integralidade. A referencia a autoridade foi interpretada aqui como liderança. Apenas interpretada, já que, por não se tratar de uma entrevista semi-estruturada, esta questão não pode ser contextualizada, surgiu apenas como uma palavra solta sem ligação com expressão ou contexto. De qualquer forma, entendemos que a liderança 26 se relaciona muito mais com uma habilidade do que, propriamente, com uma atitude. Acreditamos que é uma habilidade que pode ser permeada de atitudes positivas ou não. O exercício da autoridade e da liderança deve ser, acima de tudo, pactuada e democrática, e não de forma autoritária e hierárquica. Empatia é a qualidade de se colocar na situação do outro, ou melhor, se sentir nas circunstâncias experimentadas pelo outro. É uma forma de compaixão. Além destas categorias que consideramos diretamente relacionadas com a competência em estudo – interdisciplinaridade – os informantes colocaram outros aspectos como: capacitação docente, visão holística e atividade prática. No que tange à capacitação docente, entendemos o contexto da formação como importante no desenvolvimento de práticas interdisciplinares dos profissionais. Foi destacada a importância de que se oportunize, nos cursos de graduação, espaços interdisciplinares. Para que isto ocorra, professores sensibilizados devem ser protagonistas destas práticas curriculares. Conseqüentemente, os professores que tiveram uma formação tradicionalmente disciplinar, necessitam educação permanente sobre interdisciplinaridade. Prefere-se denominar visão holística como visão integral (princípio da Integralidade), que surgiu como referência ao resultado aproximado de uma prática interdisciplinar. Temos preferido dizer que a interdisciplinaridade é um dos elementos, ou um dos caminhos que possibilita aproximações de uma prática de Atenção Integral em Saúde. Entende-se que as competências estudadas foram: educação e participação em saúde, interdisciplinaridade e gerenciamento. São denominadas gerais porque são compartilhadas por todas as profissões da saúde e consideradas nucleares para a mudança do modelo de atenção à saúde. 27 Entende-se que o recorte apresentado atingiu os objetivos propostos. Confirma-se também que a metodologia selecionada para responder aos referidos objetivos se mostrou adequada, triangulando dados quantitativos e qualitativos. 28 7 CONCLUSÃO Realizando o presente estudo, verificou-se a importancia da Estratégia da Saúde da Família, e sua importância dentro do trabalho multidisciplinar na gestão da saúde. Dentre os profissionais que desempenha um significativo papel nas relações entre seres humanos, sociedade, pesquisa e saúde, educação, encontra-se o enfermeiro. Este como uma de suas funções tem o papel de promover a formação seja no aspecto individual e coletivo considerando os problemas que envolvem a saúde, oportuniza com isso, uma promoção de saúde evidenciando atitudes saudáveis no modo de se viver. Para desenvolver as práticas de educação sanitária com mais qualidade, a educação e saúde requer investimentos do Estado como responsável pela população, qualidade dos profissionais que atendem no sistema público de saúde assim como pelas melhores condições de trabalho. As práticas de educação e saúde hoje requerem diretrizes afastadas do poder coercivo e normativo, objetivando transformar as oportunidades de educar a clientela em momentos prazerosos, favorecendo para que a aceitação de mudança no estilo de vida, para manter a saúde ou mesmo prevenir a doença, seja realizada de forma consciente. É preciso que os profissionais de enfermagem estarem atualizados sobre o processo e gestão de saúde de forma menos burocrática do cotidiano com melhor coordenação da Estratégia da Saúde da Família - ESF, que as limitações de recursos, problemas ou condições precárias do sistema de saúde não venham roubar a crença que podemos modificar hábitos e atitudes errôneas, levando ao individuo cada vez mais para uma autonomia em suas escolhas numa percepção crítica onde está 29 inserido utilizando à educação em saúde como estratégia para aumentar a qualidade saudável na vida da clientela. 30 REFERÊNCIAS ALMEIDA, M. C. P.; MISHIMA, S. M. O desafio do trabalho em equipe na atenção à Saúde da Família: construindo "novas autonomias" no trabalho. Interface (Botucatu) [online]. 2001, vol.5, n.9, pp. 150-153. ARAUJO, M. B. S.; ROCHA, P. M. Trabalho em equipe: um desafio para a consolidação da estratégia de saúde da família. Ciênc. saúde coletiva [online]. 2007, vol.12, n.2, pp. 455-464. 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