Coexistence International at Brandeis University Abordagens Complementares para o Trabalho de Coexistência Foco em Coexistência e Recursos Naturais Julho de 2007 Attila Klein Coexistence International equipe de funcionários Jessica Berns, Gerente de Programa Kristin Williams, Coordenadora de Programa Cynthia Cohen, Diretora de Pesquisa e Colaborações Internacionais Conselho Diretor Internacional Mari Fitzduff, Chair Gaya Gamhewage, Vice Chair Dekha Ibrahim Abdi Mohammed Abu-Nimer Thais Corral Meenakshi Gopinath Roberta Levitow Barbara Merson Tim Phillips Stella Sabiiti Alan B. Slifka Paul van Tongeren Howard Wolpe Coexistence International Mailstop 086 Brandeis University Waltham, Massachusetts 02454-9110 781-736-5017 781-736-5014 fax www.coexistence.net [email protected] O modelo dos assentamentos humanos, à medida que se espalham pelos continentes, deixa clara a importância dos recursos naturais no desenvolvimento de nossas civilizações. Longe de ser uniforme, ou mesmo uniformemente aleatória, a localização de recursos básicos, tais como terra fértil ou água suficiente, é determinada pela topografia da Terra, pela geografia, clima e história tectônica. Com o crescimento das populações, aumentou o número de humanos aglomerados em áreas ricas em recursos. O que são esses “recursos naturais” e por que devemos buscar uma conexão entre coexistência – uma condição sóciopolítica de igualdade, compartilhamento e confiança – e recursos naturais, uma categoria físico-biológica de materiais valiosos por sua contribuição para a sobrevivência e prosperidade humana? Em primeiro lugar, independentemente dos nomes pelos quais são conhecidos, esses dois conceitos de coexistência e recursos influenciaram a sobrevivência e a evolução de sociedades durante milênios. A coexistência, ou como indivíduos e comunidades se relacionam uns com os outros, especialmente através das diferenças, é crítica para o funcionamento de sociedades. O Velho Testamento conta uma primeira história sobre recursos, à época da queda do maná do céu, que salvou um povo faminto que perambulava pelo deserto. Porém, durante milhares de anos, antes e depois de evento tão singular, e mesmo atualmente, os humanos subsistiram de sementes, raízes, frutas e caça selvagem. Beberam água de rios, transformaram metal, argila e madeira em naus, ferramentas, ornamentos e armas. Esses foram os recursos básicos para a Attila Klein é Professor Emérito de Biologia e Professor Adjunto na Heller School de Políticas Sociais e Gerenciamento, na Brandeis University, onde ajudou a estabelecer o Programa de Mestrado em Desenvolvimento Internacional Sustentável. sobrevivência e o funcionamento individual e grupal – nossos recursos naturais. Os recursos naturais, desde os mais amplamente usados aos indispensáveis, exigem cuidados daqueles que os utilizam para benefício próprio. A perfuração para obtenção de água (ou petróleo), a construção de canais de irrigação, a evasão da pesca predatória (sobrepesca) de rios, tudo exige conhecimento, bem como condições pacíficas para que tal conhecimento seja aplicado. Essas exigências levam-nos a ver que conectar os setores da coexistência com aqueles dos recursos naturais é claramente benéfico para ambas as partes. Assim como a coexistência pacífica permite uma divisão planejada e justa de recursos, também a disponibilidade justa de riqueza natural alimenta a redução de tensão e conflito.¹ Na verdade, dadas as condições ideais, criadores de recursos, isto é, planejadores de barragens, minas e reservatórios de pesca incluiriam em seus planos medidas para o compartilhamento e para a participação de grupos; enquanto trabalhadores pela paz de uma região aplicariam suas habilidades e ferramentas não apenas para reduzir conflitos, mas também para buscar oportunidades para fazer com que cooperação e confiança se tornem parte do trabalho envolvido na coleta e preservação da riqueza natural. Se aceitarmos os benefícios de se fundir o desenvolvimento de recursos com a redução de conflitos, segue-se que profissionais liberais de ambos os campos terão de ser treinados nas habilidades uns dos outros. Defender a coexistência exige um conjunto de competências e habilidades na redução de conflitos, na arte de ouvir, de intervir e de incentivo ao diálogo.² Essas habilidades devem ser encontradas no repertório não apenas de estudantes de conflitos e coexistência, mas também no de trabalhadores voltados para o desenvolvimento e no de gestores de recursos naturais. Os últimos aparecem disfarçados de profissionais especializados na locação de recursos (geografia econômica), em valor de recursos (recursos econômicos), na manipulação humana de recursos (gerenciamento de recursos) e de problemas de setores de recursos específicos, como agricultura, silvicultura, uso da terra, ou pesca marinha. Mas isso pode exigir muita persuasão e demonstração de benefícios, antes que o treinamento convencional de especialistas em recursos seja expandido a fim de incluir os princípios e as habilidades do trabalho de coexistência. A idéia de escassez desses recursos também pode ser considerada, juntamente com o conceito de coexistência. As economias de alguns países em desenvolvimento são desproporcionalmente dependentes de poucos minerais e produtos agrícolas, que podem levar à exploração desses recursos essenciais. Aprendemos sobre o comprometimento de tais estados de ‘monoculturas’, seja quando suas principais plantações entram em falência ou quando ocorrem grandes excedentes nos mercados mundiais, e os preços despencam. Quando os recursos híbridos falham e as plantações morrem, são os fazendeiros marginalizados que absorvem o maior peso das condições desfavoráveis. Por exemplo, os plantadores de cana na República Dominicana, ou de bananas na América Central e café na África Oriental. Tal dependência de poucas mercadorias (commodities) pode ameaçar a coexistência. Uma ameaça pode advir de estados adjacentes ansiosos por adquirir riquezas de seus vizinhos. Um exemplo disso é a batalha na República Democrática do Congo, com vários vizinhos ávidos por produtos madeireiros. Há um outro tipo de ameaça interna resultante da distribuição injusta de recursos, ou de rendimentos derivados da venda de um recurso que, por sua vez, resulta na distribuição estratificada do poder econômico e político em casa. Exemplos incluem a Nigéria, Sudão e Rússia; água em Israel e nos territórios palestinos; diamantes em Serra Leoa. O uso inapropriado de recursos naturais pode causar ou alimentar rixas sociais ou étnicas, tanto de forma direta quanto indireta, que por sua vez podem minar direitos normalmente garantidos a grupos no seio de uma sociedade. Como definida por Coexistence International, coexistência descreve sociedades nas quais a diversidade é adotada por seu potencial positivo, a igualdade é ansiada, a interdependência entre diferentes grupos reconhecida, e o uso de armas para se lidar com conflitos é cada vez mais obsoleto. A coexistência é evidenciada em relações através das diferenças, construídas na confiança, respeito e reconhecimento mútuos, e é amplamente compreendida como sendo relacionada à inclusão e à integração sociais. Justiça e acesso a oportunidades são críticos para a coexistência sustentável, e é por isso que os altos e baixos dos recursos naturais são um tópico natural para ser examinado por essa lente. A coexistência, para além das diferenças étnicas, religiosas e sociais, pode não apenas embotar os duros impactos da competição e da hostilidade, como também o processo de formular planos para a distribuição justa de recursos ou de rendas derivadas deles pode, por si só, encorajar a coexistência. Tais conexões podem, então, se espalhar a fim de abarcar outras áreas de conflitos sociais e políticos. O fato de os recursos naturais serem centrais para a vida de pessoas significa que podem facilmente incitar competição e conflito. Por outro lado, podem também levar à interdependência entre povos, comunidades e nações, embora seja difícil alcançar tal interdependência. É isso que torna a busca da coexistência no reino dos recursos naturais um empreendimento muito pragmático e prático – na verdade, muito mais fácil de ser explicado e trabalhado do que idéias “evasivas” como democracia. O vínculo entre a distribuição assimétrica de recursos e a escalação de conflitos é evidente em várias áreas em todo o mundo, onde comunidades se enfrentam por recursos limitados, tais como terra, água potável e empregos no setor agrícola. Em lugares como Ruanda, o Vale Ferghana, na Ásia Central, Gujarat, na Índia, Chiapas no México, a legitimidade de governos e/ou mecanismos de governanças foram questionados pelas minorias ou grupos nativos, que se sentem excluídos dos processos políticos e das oportunidades econômicas diretamente ligados à distribuição e gerenciamento de recursos naturais. Água Talvez devêssemos começar com a água, devido às suas propriedades vitais. Nenhuma folha de grama, animal selvagem ou ser humano pode existir sem um abastecimento confiável de água. No entanto, através de toda história, as sociedades consideravam a água simplesmente como um típico recurso natural, um objeto de competição, com o objetivo de posse.³ Ecos dessas atitudes ainda persistem, embora tenham sido transmutadas em conceitos mais modernos e legalistas: propriedade pública versus privada, negação de direitos aos vizinhos rio abaixo, ou falha na provisão de água municipal limpa para as comunidades urbanas pobres. Existe também uma exigência relativamente ampla para o tratamento de água como direito humano4, assegurando um percentual mínimo de abastecimento para todos. Se essa expectativa prevalecesse e fosse universalmente aceita, a água não seria mais tratada simplesmente como uma mercadoria com valor econômico. Enquanto alguns argumentam que um fator ambiental tão essencial como a água obviamente está entre os direitos mais fundamentais, outros a vêem como um recurso hídrico: um direito indispensável, mas que gera riqueza e benefícios para seus detentores. Existe um conjunto particularmente vívido na América do Sul que ilustra, por um lado, as conseqüências da posse livre e privada da água, e por outro, os efeitos do gerenciamento participativo do sistema municipal de abastecimento de água. O último pode servir como um exemplo de coexistência de interesses e forças competitivas, unidos para servir ao bem comum. Cochabamba Em 1999, em resposta às pressões a longo prazo de investidores internacionais para a liberalização da economia, a Bolívia empreendeu a privatização de serviços públicos municipais; da água, em particular, mas também dos sistemas de telefonia, ferrovia e similares. Em janeiro de 2000, moradores da cidade de Cochabamba ficaram com o abastecimento de água sob a batuta de seu novo proprietário, Águas del Tunary, uma subsidiária da Bechtel Corporation, com base nos Estados Unidos.5 Essa mudança do público para o privado foi baseada em um contrato de $2.5 bilhões, entre o governo central da Bolívia e Águas Del Tunary, o único licitante para o sistema. O contrato de 40 anos, negociado em segredo, especificava certas melhorias para o sistema, em troca de um lucro assegurado de 15% sobre o valor nominal do investimento. Imediatamente após assumir o controle do sistema de abastecimento de água, Águas Del Tunary aumentou de duas a três vezes suas taxas para os consumidores. Assim que as novas e astronômicas contas para o uso da água começaram a chegar, a oposição cívica a todo o acordo explodiu. Revoltas de base genuínas, na forma de uma greve geral de quatro dias, organizada pelo grupo de oposição La Coordinadora, armaram o cenário para confrontações ainda mais acentuadas entre cidadãos e um governo central inflexível. À greve de janeiro seguiu-se uma marcha massiva, embora pacífica, em 4 de fevereiro, reprimida violentamente por ordem do Presidente Hugo Bauzer. Seis pessoas foram mortas e 175 feridas, incluindo crianças cegas por gás lacrimogêneo. O tumulto prosseguiu até março. Em primeiro de abril, os contestadores tentaram uma outra paralisação em Cochabamba. Quatro dias depois o governo declarou lei marcial, efetuou uma série de prisões, fechou a estação de rádio e passou a controlar as ruas. No dia 8 de abril, o jovem Victor Hugo Daza, de 17 anos, levou um tiro no rosto e morreu, aumentando enormemente a oposição às ações do governo. Na verdade, dois dias depois, o governo boliviano assinou um acordo com líderes de La Coordinadora, removendo Águas del Tunary de Cochabamba e devolvendo o controle do abastecimento de água à companhia pública local SEMAPA. Terminava, assim, um capítulo particularmente doloroso, embora instrutivo, nas tentativas de privatização da água municipal. As lições de Cochabamba não apontam para falhas inevitáveis do controle privado de sistemas de abastecimento de água. Alguns serviços públicos são precariamente gerenciados, corruptos, ineficientes e insustentáveis, como era o caso da SEMAPA em Cochabamba, antes de sua privatização. O que aprendemos sobre o exemplo de Cochabamba é que todos os serviços de abastecimento de água, públicos ou privados, precisam aderir a um conjunto de regras e padrões de transparência. Também que governos locais e centrais não devem abrir mão de suas obrigações como responsáveis por água de alta qualidade, disponível a preços justos para todos os segmentos da sociedade.6 São essas condições exigentes que apontam para a necessidade de gerenciamento hábil de recursos, por um lado, e um espírito de inclusão e participação, de outro. Em uma cidade, mesmo uma questão básica, como a água, vem com um conjunto elaborado de especificações, desde padrões estritos de qualidade à justiça social, em seus modelos de distribuição, bem como mecanismos econômicos que garantam acesso mesmo aos mais pobres. Porto Alegre Um exemplo mais positivo de como sociedades podem ser capazes de reparar um gerenciamento altamente desgastado de água, esgotos, estradas e outras infra-estruturas urbanas, advém de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, estado localizado no extremo sul do Brasil. Aqui também os políticos municipais foram atraídos pelos serviços municipais como fonte de suborno e corrupção. Como em várias outras situações, eram os mais pobres que recebiam menos de sua cota justa de água, enquanto os bairros dos mais afluentes recebiam em abundância, não apenas para suprir as necessidades diárias dos habitantes, mas também para abastecer parques e jardins. Embora houvesse uma ausência sistemática ou consistente de violência entre os moradores das diferentes classes sociais – moradores das favelas (comunidades densamente populosas nas periferias das cidades brasileiras, definidas pela pobreza extrema de seus habitantes e por moradias irregulares e de péssima qualidade) e moradores vivendo em circunstâncias confortáveis –, o prognóstico a longo prazo para uma paz duradoura estava se deteriorando. No final dos anos 1980, os cidadãos de Porto Alegre apresentaram uma solução para lidar com a distribuição irregular de benefícios. A inovação foi a criação de um processo aberto, consultivo para o planejamento e gastos do orçamento municipal anual. Esse sistema, conhecido como “Orçamento Participativo”, foi ancorado pela presença maciça de centenas de cidadãos em reuniões em que decisões importantes foram tomadas sobre as reais necessidades da cidade, anteriormente invisíveis, e da pobreza suburbana.7 Os alvos primários para o aumento de despesas em Porto Alegre foram os sistemas de saneamento básico: água e esgoto. Entre 1989 e 1996, o número de famílias com acesso aos serviços de abastecimento de água aumentou de 80% para 98%. A canalização aumentou em 46% de todas as moradias, em 1989, para 85% em 1996, enquanto que, anteriormente, havia uma total falta de progresso na rede sanitária, apesar de anos (algumas vezes, décadas) de ações cívicas. Uma outra medida do impacto do Orçamento Participativo foi o gasto monetário total, que fluiu por esse complexo sistema urbano. Em 1995, $700 milhões foram investidos em infra-estrutura municipal. Assim, não é difícil imaginar que mais de 70 outras cidades brasileiras estão estabelecendo sistemas similares de Orçamento Participativo. Antes de avançar para outras estratégias de gerenciamento de recursos naturais sensíveis à coexistência, seria instrutivo examinar possibilidade alternativa aberta aos gestores da água. Face à nossa dependência forçada da água, como seria se a água fosse declarada um direito humano fundamental? O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas, na verdade, deu esse passo. Em novembro de 2002, o Conselho aprovou o Comentário Geral número15, reconhecendo explicitamente o “direito humano à água” como “um pré-requisito para a realização de outros direitos humanos”.8 Este Comentário Geral das Nações Unidas é a declaração oficial mais forte e mais clara, com base legal para o direito humano à água.9 Quais são as conseqüências práticas do Comentário Geral número 15? Por um lado, os estados não podem ser forçados a abastecer seus cidadãos com água ‘gratuita’; por outro, a declaração contém certas obrigações institucionais e essencialmente morais, para permitir a realização progressiva de conformidade universal. De acordo com a declaração, os estados estão proibidos de negar o acesso à água e incentivados a estabelecer prioridades de gastos, que favoreçam o abastecimento uniforme de água potável para todos os cidadãos. Mesmo se parcialmente implementada, esse tipo de filosofia humana pode servir para abordar elementos-chave de coexistência, incluindo justiça e acesso idêntico a oportunidades. Mudanças Climáticas Para a maioria das pessoas, é difícil imaginar o controle humano sobre a composição atmosférica da Terra, a chegada da geada no outono ou a época migratória dos pássaros selvagens. No entanto, todos esses fenômenos capitularam à constante, embora não planejada, emissão de gases de efeito estufa, resultante de praticamente todas as principais atividades humanas. Os impactos cumulativos das alterações antropogênicas na composição atmosférica, por sua vez, estão gerando uma longa lista de alterações físicas e químicas no que chamamos de nosso ‘clima’. Se uma conexão entre as emissões de canos de descarga e a freqüência de furacões no Atlântico parece tão distante, uma ligação entre mudanças climáticas e a coexistência pode parecer ainda mais arbitrária – até que examinemos as causas das mudanças e quem sofre com elas. Estados industrializados podem, orgulhosamente, fazer propaganda de sua maestria sobre a transformação de materiais e energia, à medida que enviam seus produtos para os mercados mundiais. Até que também preparemos um inventário sobre a área de terra que está desaparecendo em inúmeras ilhas do Pacífico, o desaparecimento de pastagens em montanhas no Tibet, a seca africana, a migração de doenças tropicais humanas rumo ao Norte, não começaremos a ver os ganhadores e perdedores gerados pelas mudanças climáticas. Além de afetar a atividade altamente eletiva e lucrativa do turismo, as mudanças climáticas têm impactos mais fundamentais sobre as atividades dos recursos naturais, como agricultura e silvicultura. Os padrões climáticos influenciam o tempo e a duração da estação de crescimento, a distribuição de chuva e neve e, portanto, criticamente, da umidade do solo. Plantações como soja, trigo, milho, arroz e outras foram selecionadas, ao longo de décadas, para prosperar sob condições climáticas específicas. Mudanças nessas condições significam um declínio imediato em safras e a necessidade de uma nova seleção de descendências e variedades, e talvez até de espécies de plantações tradicionais. Novas biotecnologias podem ajudar a acelerar o processo de reajustes, mas normalmente levam um longo período para chegar ao mais pobre. À medida que as sociedades se tornam cada vez mais convencidas de que as mudanças climáticas globais irão provocar desarticulações primordiais nas atividades econômicas básicas, elas irão – ou deveriam – estar cada vez mais dispostas a reestruturar processos responsáveis pelos danos ambientais. O dedo irá apontar, inevitavelmente, para o consumo de energia como um réu bem próximo. Na verdade, é a liberação de energia contida no carvão e no petróleo que produz as maiores emissões de CO2 (dióxido de carbono) atmosférico, o principal gás de efeito estufa. É aqui que a noção de justiça e eqüidade deveria guiar nossa procura por soluções. Devemos permitir que o mercado dite os preços da energia dependente de combustível fóssil? E a disponibilidade e o equilíbrio entre transporte público e privado? As necessidades energéticas em relação à ida ao trabalho deveriam influenciar o modelo de moradia de novas comunidades e a expansão das antigas? Como deveriam ser as políticas públicas em relação à reconstrução de cidades devastadas por furacões e tempestades? Ao selecionarmos essas alternativas, podemos ver que as sociedades mais afluentes, aquelas que são historicamente responsáveis por gerar a maioria dos gases de efeito estufa, serão as sociedades mais capazes de prevenir e mitigar as mudanças climáticas antropogênicas. Elas perceberão isso como sendo de interesse próprio, ajudando a desacelerar essas mudanças e a minimizar o fardo dos países mais pobres, ou se recolherão atrás de seus diques e paredões marítimos, e ligarão seus aparelhos de ar condicionado, deixando o restante do mundo lidar sozinho com isso? Tomarão a iniciativa no desenvolvimento e na distribuição de máquinas e veículos mais eficientes, bem como de fontes de energia não poluentes? Essas decisões devem ocupar nossos planejadores devido à sua importância intrínseca, bem como à sua contribuição óbvia para a coexistência. Há uma forma pela qual danos hipotéticos, causados por mudanças climáticas a estados pobres, podem se tornar evidentemente imediatos. As fronteiras da coexistência, motivadas pelo clima, são evidentes onde quer que alterações importantes já tenham ocorrido. Não é cientificamente responsável atribuir toda aberração meteorológica às mudanças climáticas antropogênicas. Mas também é equivocado negligenciar as causas das secas de vários anos no sudeste da África, na Flórida, no sudoeste americano e na Amazônia brasileira, com a concomitante migração de fazendeiros desapropriados para cidades densamente povoadas. Temos experiência com o destino de tais indivíduos chegando a um assentamento urbano já marginal. Sendo os últimos a chegarem com o mínimo de habilidades, enfrentam possibilidades aterradoras. É cômodo e comum vê-los como causas de sua própria miséria, relegando-os à rejeição social. Em que ponto nesse continuum, desde as usinas termelétricas movidas a carvão, à chegada de uma outra família destituída em Mumbai, os mais afluentes do mundo devem buscar um cenário alternativo? É mais fácil mudar para combustíveis menos poluentes ou estar preparado para transferir milhares de polinésios para a Austrália? Esses tipos de alternativa gritam pela ampliação da aplicabilidade da ‘coexistência’ para abarcar todos nós, não importa em que parte da Terra residamos.10 Em uma monografia recente, dois acadêmicos da área de ciência ambiental, Roberts e Parks, argumentam que a geral desigualdade econômica global tem um grande peso no pensar dos estados mais pobres do Sul. Eles argumentam que tal desigualdade desencoraja a disposição desses países para cooperar com os efeitos necessários para se atingir uma solução global na mudança climática. Em outras palavras, a total noção de estabilização climática pode tornarse refém do debate sobre a desigualdade Norte-Sul. Seria difícil imaginar uma ausência mais paralisante de coexistência do que aquela em que ressentimentos acumulados sobre desigualdades básicas ameaçam todos os cidadãos do globo com a concretização das previsões mais terríveis sobre mudanças climáticas. Petróleo e gás natural O papel do carvão e do petróleo na geração de gases de efeito estufa é uma questão vital na reestruturação de nossa infra-estrutura industrial poluente. No entanto, existe um outro aspecto particular do petróleo que precisa ser examinado: o petróleo como recurso natural nas mãos de estados em desenvolvimento e industriais trazido para o mercado por poucas companhias multinacionais petrolíferas. transportado em petroleiros gigantes, refinado em diferentes produtos especializados e novamente transportado por ferrovias ou oleodutos, o óleo é armazenado em reservatórios, normalmente na periferia de grandes cidades. Durante tal jornada, o valor do petróleo não só aumenta, a fim de fornecer os usuais incentivos lucrativos necessários por qualquer atividade econômica, como também surgem novas oportunidades para a cobrança de impostos. O resultado é uma pirâmide de valores com restrições sobre quem tem acesso aos lucros e rendimentos inerentes ao processo. Um resultado do acesso restrito aos rendimentos do petróleo é que, mesmo os países com reservas abundantes, podem apresentar profundas desigualdades econômicas e sociais. As pressões para aparar desigualdades tão gritantes resultam em experimentos periódicos de nacionalização (ou privatização) da produção de petróleo e gás, ou na troca de uma companhia internacional por outra. Como ocorre com a posse pública ou privada da água, regimes petrolíferos bem-sucedidos dependem de estabilidade e justiça na divisão de benefícios e do desenvolvimento inteligente de fontes alternativas de renda, antecipando a inevitável exaustão das reservas existentes. Um exemplo atual de uma tentativa anômala de distribuição dos lucros dentro de um estado, ao longo de linhas étnicas, está ocorrendo no Iraque. Dois dos três principais grupos étnicos, os xiitas e os curdos, controlam o território com reservas de tamanho considerável. O terceiro grupo, os sunitas, não tem riquezas, embora historicamente tenham controlado toda a riqueza do país. Esse cabo de guerra está custando dezenas de vidas diariamente, sem sinais de melhoras. Em geral, surgem tensões entre os ‘proprietários’ economicamente pouco sofisticados de campos de petróleo (ou gás natural) e seus governos, que reivindicam cotas variáveis de lucros na forma de royalties e taxas, quando esses campos passam a ser explorados. A perfuração do petróleo é tarefa do estado – ou de companhias petrolíferas internacionais – cujo objetivo principal é escoar as reservas, transportar o óleo até o porto mais próximo e levá-lo a seu destino final o mais rapidamente possível. Na pressa de atingir tal objetivo, e sem a motivação de outros incentivos sociais e econômicos, as companhias petrolíferas vêm sendo acusadas de arruinar as terras nas quais os poços são encontrados. É evidente que muitas fontes hídricas em tais áreas são poluídas e perigosas; que o gás excedente dos poços de petróleo é queimado na atmosfera, tornando o ar tóxico; e que a terra inicialmente fértil é coberta por poças de óleo derramado, tornando-a imprópria para o cultivo. Enquanto os nativos e outros habitantes locais observam a extração do valioso óleo e gás de suas terras, são raramente treinados para desempenhar quaisquer tarefas – a não ser as mais servis – próximas aos campos, de forma que sua renda não reflete nenhum dos sacrifícios que fizeram. Atividades de mercado livre normalmente resultam no aumento de atritos entre os beneficiários desiguais da riqueza gerada pelo petróleo. Mesmo uma análise casual de conflitos e litígios, que envolvem a produção de petróleo, revela táticas violentas ou ilegais, tentativas de evadir regras ambientais e de segurança e outras obrigações contratuais e, algumas vezes, até mesmo lutas entre estados. Em uma ponta do espectro de violência está a invasão do Kuwait pelo Iraque, em 1991, devido à posse de campos petrolíferos; na outra ponta estão as batalhas legais quanto à falha de companhias petrolíferas no tocante ao pagamento de royalties contratuais aos grupos nativos nos Estados Unidos e em outros lugares. Entre esses dois pólos estão as táticas terroristas no delta da Nigéria, rico em petróleo, para assegurar ‘reparações’ pela exploração passada; ou o conflito étnico entre Armênia e Azerbaijão sobre planos conflitantes para rotas propostas de oleodutos. A viagem do petróleo até o mercado final, industrial ou privado, varejista é bem longa, com inúmeras paradas ao longo do caminho para o ganho econômico. Depois de ser Ainda assim, o problema que o petróleo representa é talvez mais fácil de ser solucionado do que outros que já examinamos. Existem fontes alternativas disponíveis de energia limpa; maiores competências podem reduzir o uso de combustível fóssil; e técnicas de produção de petróleo estão disponíveis para minimizar seu impacto, tanto nos povos quanto no meio ambiente.11 O petróleo é um setor de nossa economia energética onde as oportunidades para se implementar a coexistência estão prontamente à mão. Florestas e o comércio de madeira Poucos recursos naturais pareceram tão importantes para os delegados da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em 1992 – a ponto de tratados especiais serem esboçados para regulamentar seu gerenciamento e conservação – como as florestas do mundo, consideradas verdadeiros tesouros.12 A interseção de recursos florestais com coexistência é muito óbvia. As florestas sempre estiveram disponíveis à exploração, e os humanos sempre se banquetearam; seja através da ‘carne selvagem’ (animais selvagens capturados e caçados), plantas comestíveis, mel selvagem de colméias em cavidades de árvores, combustível para cozinhar ou folhagens de palmeiras para a construção de abrigos, os produtos florestais vêm servindo à humanidade anteriormente à história. Depois de todos esses anos, elas ainda o fazem, mas sua posse é mais contestada e sua sustentabilidade tornou-se mais precária. O gerenciamento de florestas sofre da mesma desarticulação típica de outros valiosos recursos localizados. A posse das terras, nas quais as árvores crescem, determina se e como as árvores serão cortadas e usadas. Caçadores nativos da Amazônia deixam pegadas muito leves, enquanto seguem seus próprios estilos de vida. No entanto, uma vez que estradas e moto-serras chegam a seus assentamentos, o impacto dos caçadores na floresta aumenta. Existe evidência histórica de que, no passado, as praias do Mediterrâneo eram cobertas por florestas. À medida que as árvores foram cortadas para a construção de navios mercantis e para a expansão de solo para a agricultura, uma alteração irreversível aconteceu. O solo das encostas foi varrido para o mar e nem a floresta nem a agricultura sobreviveram. Hoje, milhares de anos depois da “colheita” inicial das árvores, não há sinais da floresta original. Com o crescimento das populações humanas, as florestas passaram a sofrer grande pressão. Apenas recentemente surgiu a noção de que as florestas têm um papel prioritário na manutenção do equilíbrio de vários outros recursos globais. Entre eles, estão a atmosfera e a biodiversidade. As florestas são também cada vez mais reconhecidas como uma importante fonte de novos medicamentos. Com tantas conexões pendentes, existe uma maior consciência e interesse na preservação das grandes florestas remanescentes nos trópicos e nas regiões boreais do subártico. A noção de direitos soberanos de posse ainda persiste entre os estados, mas cada vez mais os interesses globais de preservação e uso sustentável estão se fazendo presentes. De forma egocêntrica, os estados estão inventariando suas florestas, que estão desaparecendo rapidamente, sua definhada riqueza em plantas e animais endêmicos, e desertos avançando sobre suas savanas semiáridas; e estão optando por proteger o que ainda permanece. Um dos elementos que torna uma floresta tão vulnerável é a facilidade de sua ‘colheita’. Tudo que é necessário para converter uma encosta reflorestada em madeira comerciável – e em um ecossistema devastado – são moto-serras e caminhões. Infelizmente, cortar florestas é um modo fácil de financiar revoltas, como a guerra civil no Camboja e conflitos locais de longa data, como as guerras do Congo Oriental. Os chamados ‘conflitos madeireiros’ são comuns em estados com um governo central fraco, que é tanto mantido no poder quanto pressionado por comandantes militares fortes, que regem amplas regiões. Esse foi o caso no Camboja, nos anos 1980, e isso pode ainda ser verdadeiro para partes da Indonésia, como Aceh. O acordo típico entre generais locais e concessionárias de madeira é a exigência, por parte dos primeiros, de parte dos lucros, ou uma sobretaxa sobre toras cortadas, em troca da permissão de serem levadas para o mercado. Os tristes resultados de tais acordos são o corte insustentável de florestas e o desvio de atenção da população local dos lucros da madeira. Um exemplo na Indonésia coloca a responsabilidade aos pés do governo central, que garantiu concessões para indústrias madeireiras favorecidas em grande parte central e ocidental de Kalimantan, nas décadas de 1990 e 2000. O corte madeireiro prosseguiu com total desrespeito ao status protegido de moradores das florestas e devastou muito dos recursos sobre os quais a agricultura local estava baseada. Juntamente com queimadas extensivas de florestas, causadas por incautas práticas de desmatamento e secas, isso resultou em severa competição por terra e conflitos entre comunidades locais nativas, que irromperam em violência esporádica. Uma condição de vários estados, que resulta em perdas severas de florestas, é a pressão de populações crescentes para ter acesso à madeira, bem como aos alimentos plantados em terras desmatadas. Seja como política governamental (Brasil) ou devido à falta de aplicação de regras (Gana, Uganda), cidadãos sem terra subdividem terras com matas, vendem ou queimam as árvores derrubadas e convertem a terra desmatada em pastos ou campos arados. Essa tem sido a progressão clássica, desde o início da revolução agrícola, há 12 mil anos. A diferença é o ritmo em que o desmatamento ocorre agora, mas o resultado é o mesmo: escassez, tanto de florestas como de terras cultiváveis, uma vez que a fertilidade do solo é lavada pelas águas da chuva. Neste ponto, podemos ver a convergência de limitações sobre inúmeros recursos naturais. As árvores não podem ser vistas simplesmente como madeira para a construção civil ou fornos, ou como abrigo para a biodiversidade. As árvores também são os mediadores de água corrente na superfície da terra. Ao desacelerar o escoamento de precipitação das encostas com matas, as florestas asseguram que os principais rios fluam durante todo o ano e, assim, sustentem a vegetação e as plantações, irrigadas a milhares de quilômetros de suas origens, nas montanhas. Onde houve um desmatamento excessivo, como nas Filipinas ou na China, a água não é mantida pelas encostas florestadas, escorrendo por vales e causando inundações, destruindo barragens e mais árvores pelo caminho, sem mencionar óbitos e sofrimento humanos. Dessa forma, as florestas podem ser vistas como parte de outras redes sociais naturais e humanas, tanto direta quanto indiretamente. Cada fio dessas redes tem um eleitorado político influenciando a direção e o ritmo de mudança. Mesmo frente a catástrofes previsíveis causadas por inundações rápidas, concessões adicionais de corte de madeira a curto prazo foram dadas nas Filipinas. A China, por sua vez, prestou atenção às advertências de hidrólogos e baniu o corte de árvores próximas a cabeceiras sensíveis de rios. Como o estado ou a comunidade pode assegurar que decisões relativas ao gerenciamento de suas florestas sejam sensíveis, sustentáveis e economicamente justas? Em outras palavras, como o gerenciamento de recursos naturais pode ser mais sensível à coexistência? Face à rede multifacetada de interesses em jogo aqui, podemos fazer pior do que seguir o exemplo do Nepal. Por várias décadas, o Nepal operou sob um sistema de “comunidade florestal”, no qual comitês de gerenciamento local determinavam políticas para o corte, a renovação e a conservação de suas florestas locais. O sistema permitiu uma variedade de resultados, dependendo dos objetivos da comunidade. Houve também um forte componente democrático no acordo, que manteve funcionalmente o comitê em sintonia com os desejos da comunidade. Sob esse sistema, algumas florestas exauridas retornaram à produção, um número significativo de mulheres teve experiências de gerenciamento e houve contribuições para o empoderamento e para a formação de capital por alguns dos 12 mil grupos rurais envolvidos. Conclusão Se a comunidade florestal traz transparência e uma medida de democracia participatória para a utilização e conservação de recursos florestais, o modelo também pode ser estendido para outros recursos disputados. Incorporar princípios e práticas de coexistência ao gerenciamento de recursos é uma possibilidade essencial, pois o compartilhamento pacífico de recursos é uma maneira melhor do que a alternativa: conflitos destrutivos sobre o controle de recursos. É importante destacar exemplos positivos de gerenciamento construtivo de recursos, alguns instituídos por governos pacíficos e democráticos, outros incitados por confrontações sangrentas. Entre os primeiros está a transição pacífica da Costa Rica, desde um sistema de gerenciamento de forma centralizada de florestas e parques nacionais, a um sistema de controle local sobre políticas florestais e orçamentos. Entre os segundos estão os ‘parques pacíficos’ espalhados por algumas das fronteiras mais disputadas do mundo, na África e sudeste asiático. Essas áreas de conservação são compostas de terras adjacentes de dois ou mais estados, e estão devotadas, exclusivamente, para a proteção de povos nativos, turismo, e flora e fauna nativas. Um parque similar foi proposto para as Colinas de Golan, na fronteira entre Síria e Israel. Além do mais, vários conflitos foram resolvidos e áreas pósconflitos conseguiram sobreviver, ou desencorajar a violência, aplicando os princípios da coexistência às questões de uso da terra. Esses incluem o Timor Oeste, onde uma secessão, com base em plebiscito, foi realizada com a assistência das Nações Unidas, depois de muitos anos de exploração de terras e recursos pela Indonésia; e o Nepal, onde um exército maoísta está no processo de desarmamento, após conversas de paz conduzidas pelas Nações Unidas, envolvendo acesso à terra e a empregos. A longo prazo, não há um manual de instrução à prova de riscos para o aproveitamento ético de petróleo, ouro, florestas ou reservas pesqueiras. Na verdade, existem escolhas a serem feitas. Os estados podem permanecer corruptos no uso da terra rica em recursos ou usar os recursos para se fortalecerem. Podem acumular débitos após débitos, ou investir seus lucros efêmeros em fundos de reserva de longo prazo. Podem continuar a confiar em líderes ditatoriais auto-nomeados ou confiar que seus cidadãos exerçam um julgamento coletivo claro para o bem comum.13 Fontes adicionais sobre o tópico • The World’s Water, The Biennial Report on Freshwater Resources (Washington, D.C.: Island Press). Volumes available: Volume 1 Volume 2 Volume 3 Volume 4 Volume 5 1998-1999 2000-2001 2002-2003 2004-2005 2006-2007 • Bannon, Ian and Collier, Paul, editors. Natural Resources and Violent Conflict: Options and Actions (Washington, D.C.: The World Bank, 2003) • Canadian Consortium on Human Security: www.humansecuritybulletin.info • Dimitrov, Radoslav. Science and International Environmental Policy (Lanham, Maryland: Rowman & Littlefield, 2006). • Mutz, Kathryn M. et al , editors. Justice and Natural Resources (Washington, D.C.: Island Press). • Roberts, Timmons J. and Parks, Bradley C. A Climate of Injustice: Global Inequality, North-South Politics, and Climate Policy (Cambridge: MIT Press, 2007). • Speth, James Gustave. Red Sky in the Morning (New Haven: Yale University Press, 2004). • Woodwell, George M. Forests in a Full World (New Haven: Yale University Press, 2001). Endnotes 1 Homer-Dixon, Thomas. “Environmental Scarcities and Violent Conflict: Evidence from Cases,” Green Planet Blues, K. Conca and G.D. Dabelko, eds. (Boulder, Colorado: Westview, 2004) 290-302. 2 Fitzduff, Mari. Core Competencies for Graduate Programs in Coexistence and Conflict Work – Can We Agree? Woodrow Wilson International Center for Scholars, Project on Leadership and Building State Capacity (2006). 3 Gleick, P. H. “Water Conflict Chronology,” The World’s Water, P. H. Gleick, ed. (Washington, D.C.: Island Press, 2004) 234–255. 4 Gleick, P. H. “The Human Right to Water: Two Steps Forward, One Step Back,” The World’s Water, P. H. Gleick, ed. (Washington, D.C.: Island Press, 2004) 204–212. 5 Finnegan, William. “Letter from Bolivia: Leasing the Rain,” The New Yorker (April 8, 2002). 6 Gleick, P. H. et al. “Privatization of Water and Water Systems,” The World’s Water, P. H. Gleick, ed. (Washington, D.C.: Island Press, 2003) 57-86. 7 Baiocchi, Gianpaolo. “The Citizens of Porto Alegre,” Boston Review (March/April 2006). 8 United Nations, Substantive Issues Arising in the Implementation of the International Covenant on Economic, Social and Cultural Rights: The Right to Water. Economic and Social Council, Committee on Economic Social, and Cultural Rights (New York: November 26). 9 Gleick, P. H. “The Human Right to Water: Two Steps Forward, One Step Back,” The World’s Water, P. H. Gleick, ed. (Washington, D.C.: Island Press, 2004) 204–212. 10 Roberts, J. T. and Parks, B. C. A Climate of Injustice: Global Inequality, North-South Politics, and Climate Policy (Cambridge, Massachusetts: The MIT Press, 2006). 11 Diamond, Jared. Collapse: How Societies Choose to Fail or Succeed (New York, New York: Viking, 2005) 442–449. 12 United Nations Development Program, “Agenda 21” (United Nations Conference on Environment and Development, 1992). www.unep.org/Documents. Multilingual/Default.asp?DocumentID=52 13 Canadian Consortium on Human Security: www.humansecuritybulletin.info Sobre Coexistence International Baseada na Brandeis University desde 2005, Coexistence International (CI) é uma iniciativa dedicada ao fortalecimento de recursos disponíveis para executores de políticas, profissionais liberais, pesquisadores, advogados e organizações e redes que promovem a coexistência em nível local, nacional e internacional. A CI defende uma abordagem complementar para o trabalho de coexistência, facilitando conexões, aprendizagens, reflexões e pensamento estratégico entre aqueles que atuam no campo da coexistência e profissionais de áreas correlatas. O que é coexistência? A coexistência descreve sociedades nas quais a diversidade é abraçada por seu potencial positivo, a igualdade é ativamente buscada, a interdependência entre diferentes grupos reconhecida e o uso de armas para a solução de conflitos cada vez mais obsoleta. O trabalho da Coexistência cobre uma série de iniciativas necessárias para assegurar que comunidades e sociedades possam conviver de forma mais justa e pacífica. Outras Publicações da CI Sobre a Série Fragmentação dentro do campo da coexistência, bem como divisões entre coexistência e áreas correlatas, impedem o sucesso de uma paz efetiva e sustentável. Sem a cooperação e o reconhecimento da complementaridade, participantes-chave em geral trabalham de forma isolada – uma situação que leva a oportunidades perdidas ou respostas incompletas a conflitos. Com esta série de publicações, CI examina onde e como certos campos intersectam com o trabalho da coexistência. Que desafios e oportunidades existem quando as disciplinas trabalham juntas em direção ao objetivo comum de um mundo mais pacífico e justo? Essa série ilustra as possibilidades de se efetuar uma coexistência positiva através da cooperação entre os campos correlatos. Abordagens Complementares para o Trabalho de Coexistência O que é Coexistência e por que uma Abordagem Complementar? (What is Coexistence and Why a Complementary Approach?) Foco na Coexistência e nas Artes (Focus on Coexistence and the Arts) Foco na Coexistência e Democracia (Focus on Coexistence and Democracy-building) Foco na Coexistência e Recursos Naturais (Focus on Coexistence and Natural Resources) Foco na Coexistência e na Segurança (Focus on Coexistence and Security) Estudos de Países Esta série descreve o estado de coexistência em diferentes países em todo o mundo – incluindo a República Checa, Equador, Letônia, Maurício e Polônia – e compara suas diversidade e políticas de coexistência. As publicações podem ser acessadas on-line através do site www.coexistence.net/pubs/publications.html. Esta série de publicações é possível graças a uma generosa doação da Fundação Alan B. Slifka. Coexistence International Mailstop 086 Brandeis University Waltham, Massachusetts 02454-9110