Entrevista
genebaldo freire dias fala sobre o compromisso do brasil com o meio ambiente
Fecomércio-RS
BENS&SERVIÇOS
Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 76 / AGOSTO 2011
guia de gestão
Saiba mais sobre
a arte de negociar
SUSTENTABILIDADE
fecomércio-RS lança campanha
pela coleta de lixo eletrônico
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro
CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil
Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677
www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
www.revista.fecomercio-rs.org.br
EXPEDIENTE
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do
Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul
Presidente: Zildo De Marchi
Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani,
Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto,
Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi,
Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo
Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio
Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto
Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João
Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo
José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira
Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider,
Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha,
Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira
Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José
Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos
Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira
Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique
Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli,
Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca,
Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien
Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores
Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli,
Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio,
Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves,
Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco
Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína
Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo,
Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo,
José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir
Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco
Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo
Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward
Fogliatto, Valdir Appelt.
Conselho Fiscal
Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel.
Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná.
Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster.
sumário
agenda
palavra do presidente
notícias & negócios
economia
guia de gestão
opinião
entrevista
saúde
sustentabilidade
saiba mais
cocriação
treinamento
entidade
Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari.
Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn
e Zildo De Marchi.
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos,
Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane de Castro,
Simone Barañano e Sinara Oliveira.
PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474)
Reportagem: Augusto Paim, Francine Desoux, Francisco Dias,
Luísa Kalil e Patrícia Campello
Impressão: Pallotti
Caroline Corso, Edgar Vasques,
Nicola Minervini e Priscilla Buais.
Tiragem: 25,5 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias,
desde que citada a fonte.
Os artigos assinados não refletem,
necessariamente, a opinião do veículo.
senac
visão política
glossário
visão econômica
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Revisão: Flávio Dotti Cesa
sesc
equipes
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Colaboração: Carlos Silva Filho,
personalidade
Esta revista é impressa com papéis
com a certificação FSC (Forest
Stewardship Council), que garante
o manejo social, ambiental e
economicamente adequado da
matéria-prima florestal.
mais & menos
negócios
06
07
08
12
14
17
18
24
26
32
34
36
38
39
40
42
44
46
47
48
50
49
&
BENS SERVIÇOS
sustentabilidade
26
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
pelo bem de todos
Campanha da Fecomércio-RS promove
a coleta do lixo eletrônico e alerta para a
importância do descarte correto para o
desenvolvimento sustentável
a arte de negociar
Dicas para manter a venda e o relacionamento
o negócio e obter o lucro previsto
guia de gestão
14
com o cliente, sem perder a chance de concretizar
em defesa da responsabilidade e da informação
PhD em Ecologia, Genebaldo Freire Dias apresenta casos
entrevista
18
reforça a importância em seguirmos bons exemplos
equipes
44
brasileiros de compromisso com a sustentabilidade ambiental e
o diferencial é saber identificar o talento
entre colaboradores e como isso pode refletir nos
resultados da empresa
05
Saiba como identificar diferentes tipos de inteligência
A G E N D A
Agosto / setembro
De 08 a 24/08
De 17 a 22/08
De 23/08 a 29/09
Teatro infantil
Apresentações de espetáculos infantis
do projeto Teatro a mil, nas cidades
de Bom Princípio, Capela de Santana,
Tupandi, Cachoeirinha, Viamão, Gravataí, Passo Fundo, Carazinho, Getúlio
Vargas, Camaquã, Pelotas, Rio Grande,
Santa Vitória do Palmar, Porto Alegre,
Novo Hamburgo, Montenegro, São
Francisco de Paula, Tramandaí, Terra
de Areia, Farroupilha, Caxias do Sul
e Canela. Mais informações no www.
sesc-rs.com.br/artesesc
Circuito Sesc de Humor
No respectivo período, o Circuito
Sesc de Humor apresenta
a turnê do espetáculo A encalhada,
nas cidades de Novo Hamburgo,
Igrejinha, Gravataí, Montenegro,
Farroupilha e São Leopoldo.
Informações no
www.sesc-rs.com.br/artesesc
Saúde preventiva
Palmeira das Missões recebe a
Unidade Sesc de Saúde Preventiva,
disponibilizando à comunidade exames gratuitos. Informações no www.
sesc-rs.com.br/saudesesc
Formatura do curso de Cozinheiro
Na capital gaúcha, a Faculdade de
Tecnologia do Senac-RS formará 70
alunos do curso de Cozinheiro. Telefone para contato: (51) 3022-1044
12/08
Formatura em Cachoeira do Sul
Alunos dos cursos técnicos de
Administração e Guia de Turismo
participam do evento de formatura no
Auditório do Sindilojas Vale do Jacuí,
Cachoeira do Sul.
Festival internacional de música
Ocorre o lançamento da segunda
edição do Festival Internacional Sesc
de Música, na cidade de Porto Alegre.
Outras informações no
www.sesc-rs.com.br/festival
De 19/08 a 14/09
Exposição fotográfica
Em Pelotas, acontece a exposição
fotográfica Camisa brasileira, de
Gilberto Perin. Informações
no www.sesc-rs.com.br/artesesc
De 18/07 a 08/08
Unidade Móvel senac Bagé
13/08
06
Formatura Tecnólogos Fatec
Data em que o Senac-RS
entregará os diplomas para
os formandos dos tecnólogos de
Marketing, Análise e Desenvolvimento
de Sistemas e Hotelaria, em
Porto Alegre. Telefone para
contato: (51) 3022-1044
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
No período, acontece
uma vasta programação de atividades gratuitas em comemoração
aos 200 anos
da cidade de Bagé,
das 9h às 21h.
Mais informações no
www.senacrs.com.br/bage
ou pelo (53) 3242-7233
Técnico de manicure e pedicure
O Senac Três Passos oferece o curso
Técnicas de manicure e embelezamento dos pés. A atividade é voltada aos
beneficiados do programa Bolsa Família.
Telefone para contato: (55) 3522-9202
27/08
Palestra-show
Na cidade de São Borja, será
promovida palestra-show com
Antônio Cardoso. Mais informações
no site www.senacrs.com.br/saoborja
De 29/08 a 12/09
mostra casa da saúde sesc
Em Pelotas, a mostra oferece serviços
gratuitos à comunidade, como palestras, exames e exposições interativas.
Mais informações pelo www.sesc-rs.
com.br/saudesesc.
Sinara Oliveira/senac-rs
11/08
18/08
Até 24/08
Divulgação/ Fecomércio-RS
Palavra do Presidente
Zildo De Marchi
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
Acausa maior
A Campanha de Recolhimento de
Equipamento de Informática e Telefonia Pós-Consumo chega para fortalecer
a conscientização em torno das questões relacionadas ao meio ambiente,
conciliada à realidade em que vivemos:
a era tecnológica. A troca e o descarte
de aparelhos celulares e computadores
são uma realidade cada vez mais comum entre os consumidores brasileiros.
Pecisamos agora é garantir a destinação
correta desse material, da quantidade
de resíduos acumulados nas casas e em-
A mobilização em prol da sustentabilidade já começou. A adesão de prefeituras em todo o Estado comprova
o interesse dos gaúchos em participar
desta iniciativa e reforça o desejo do
Sistema Fecomércio-RS em promover
seu trabalho em nome de uma causa
maior: o bem-estar de todos. Torcemos
fortemente para que esse seja apenas o
primeiro passo de uma ação que tem o
potencial para ser inserida na rotina dos
gaúchos, em todos os âmbitos: nas escolas, residências e empresas, entre outros.
Mais uma vez, o empreendedorismo no
Rio Grande do Sul mostra por que é um
exemplo a ser seguido por todos.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
No entanto, chegou a hora de buscarmos novas formas de realimentar a
mesma natureza da qual extraímos os
recursos de que precisamos. Pensando
nisso, o Sistema Fecomércio-RS lança
mais uma iniciativa, sempre no intuito
de atender e defender as demandas da
classe que representa.
presas de todo o Rio Grande do Sul. A
partir da reciclagem destes aparelhos
eletrônicos, em especial a do chip de
computadores, o qual agrega um alto
nível de componentes químicos, teremos, a longo prazo, um duplo retorno:
melhoria na qualidade de vida e também na economia gaúcha.
07
O meio ambiente tem chamado a atenção do homem para lembrar que é necessário tomarmos medidas urgentes,
se quisermos manter a qualidade de
vida atual. Não há dúvidas de que o
progresso da ciência e da tecnologia
trouxe soluções (e sucessos) em todos
os setores, tanto na vida pessoal como
no universo empresarial.
Í C I A S
Divulgação/Sesc-RS
Edgar Vasques
N O T
08
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Sesc Sorrindo para o Futuro
Ao longo do mês de agosto, as escolas integrantes do
Sesc Sorrindo para o Futuro participarão das atividades da
quarta edição da gincana estadual do programa.
A iniciativa conta com o apoio do Conselho Regional
de Odontologia e das prefeituras gaúchas e tem como
propósito engajar a comunidade para o cuidado com
a saúde e promover a integração das instituições de
ensino. Os vencedores de cada categoria receberão
prêmios, troféus e medalhas. Outras informações pelo
site www.sesc-rs.com.br/sorrindoparaofuturo.
Programa para incentivar a
criatividade empreendedora
Até o dia 6 de setembro, é possível fazer a
inscrição para o programa Empreendedores
criativos. Patrocinado pelo Santander, ele
consiste em um reality show colaborativo
dedicado ao desenvolvimento de negócios em
rede, focando a orientação do empresariado
para atingir metas de curto e longo prazos.
Os interessados em colocar o seu
conhecimento à mostra devem acessar o site
www.empreendedorescriativos.com.br e
responder a um questionário a respeito do
projeto a ser empreendido. No dia 3 de
outubro serão divulgados os selecionados
a participarem do programa de formação
intensiva do Centro de Estudos de Mídia,
Entretenimento e Cultura (Cemec).
&
Presidente da Fecomércio-RS recebe
honras da Assembleia Legislativa do estado
O parlamento gaúcho conferiu ao empresário e
presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, a
medalha Mérito Farroupilha – um reconhecimento
ao seu espírito empreendedor. O evento,
realizado no dia 13 de julho, consiste na distinção
máxima da Assembleia Legislativa do Rio Grande
do Sul, dada a pessoas que contribuíram para o
desenvolvimento cultural, social e econômico do
Estado. “As maiores edificações humanas se devem
à inquietude dos apaixonados, dos insatisfeitos,
dos insaciáveis, como Zildo De Marchi”, disse o
deputado estadual Carlos Gomes, responsável pela
proposição da honraria. Para o dirigente sindical,
“o sindicalismo e o associativismo empresarial, aos
quais me dedico há tanto tempo, cumprem papel insubstituível na construção da harmonia social. Trata-se de fazer
política, sob outra forma. É o exercício de liderança, em uma outra perspectiva”, disse.
Empreendedorismo pode virar uma disciplina
obrigatória no currículo das Escolas de Ensino
Fundamental e Médio. A proposta é do Projeto de
Lei 1673/11, de autoria do deputado federal Ângelo
Agnolin, inspirado na experiência de outros estados,
como o Rio de Janeiro. Segundo o texto, encaminhado
para a apreciação do Ministério da Educação (MEC),
a matéria acadêmica viabilizaria o aprendizado de
conteúdos ligados ao mundo do trabalho, estimulando
a formação de novos empreendedores.
Obrigatoriedade
do certificado digital
Meses contados para empregadores se adaptarem à
obrigatoriedade do certificado digital. A determinação
entra em vigor em janeiro de 2012. A partir dessa data,
as empresas precisarão adotar a Escrituração Fiscal
Digital (EFD) para declarar as operações relacionadas
às contribuições do Pis/Pasep e da Cofins.
09
No dia 12 de julho, a Fecomércio-RS promoveu o
seminário Copersind – relações sindicais, com o advogado
Edno Martins, em Porto Alegre. A pauta focou as
habilidades para negociação coletiva junto a sindicatos
patronais e dos trabalhadores, além de discutir o quanto
tais relações contribuem para fomentar resultados
econômicos bem-sucedidos às empresas.
Matéria nova: empreendedorismo
vai para a sala de aula
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Relações sindicais em pauta
João Alves/Divulgação Fecomércio-RS
N E G Ó C I O S
Camila Barth/Divulgação Fecomércio-RS
&
N O T
&
Í C I A S
Divulgação/Sesc-RS
Competição esportiva para pessoas
com mais de 50 anos
10
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Capacitação para fomentar
negócios na Copa de 2014
Lançado oficialmente o programa Sebrae 2014 com
a meta de capacitar micro e pequenas empresas com
vistas à Copa do Mundo do Brasil. Serão investidos
R$ 3 milhões para colocar o projeto em campo, contemplando os setores de comércio de bens e serviços,
turismo e produção associada, indústria (madeira e móveis, confecção, tecnologia da informação e construção
civil) e agronegócios. A entidade formatou o programa
para atender duas fases.
A primeira abrange seminários, palestras, assessorias e
produção de conteúdo por meio do seu portal eletrônico. De janeiro de 2012 a dezembro de 2014, acontece a segunda etapa, com a qualificação e promoção
comercial das empresas adeptas ao projeto.
Por ocasião do lançamento do programa, o presidente
do Conselho Deliberativo do Sebrae-RS, Vitor Augusto
Koch, falou da urgência em promover a profissionalização do empresariado para o evento esportivo: “Não
há mais tempo para reuniões ou debates, temos que
entrar em campo, mapear as oportunidades e capacitar
os pequenos negócios, que têm muito a ganhar”.
Divulgação/Senac-RS
Estão abertas as inscrições para a 1ª edição dos Jogos Sesc
de Masters e Sêniors. Inédito no Estado, o projeto visa a
incentivar a prática de atividades físicas e recreativas para
pessoas com idade acima de 50 anos, sendo um meio
de promover qualidade de vida desta faixa etária e a sua
socialização. A competição ocorrerá em diferentes municípios
do Estado, dividida em duas fases: a regional, nos meses de
agosto e setembro, e a classificação dos campeões estaduais,
nos dias 22 e 23 de outubro.
As equipes que se classificarem para a final terão as despesas
com transporte e alimentação subsidiadas pelo Sesc-RS.
Confira o regulamento completo dos jogos pelo site
www.sesc-rs.com.br/jogossesc.
Incremento do
atendimento em Viamão
O Senac-RS expande sua atuação em Viamão. A
entidade ampliou o atendimento, transformando o
Balcão em escola, onde será oferecido cursos de
nível inicial e técnico. Atualmente, a unidade oferece
capacitações nas áreas de informática, idiomas, gestão,
comércio e saúde, além dos cursos de Aprendizagem e
Recepcionista, disponibilizados por meio do
Programa Senac de Gratuidade (PSG).
N E G Ó C I O S
Cursos técnicos a distância pelo Senac-RS
Atento às demandas de
mercado, o Senac-RS ampliou o seu portfólio de
opções para qualificação
profissional na modalidade Educação a Distância
(EAD). As inscrições
já estão abertas para
Técnico em Recursos
Humanos, Técnico em
Administração, Técnico
em Marketing e Técnico
em Transações Imobiliárias. Os cursos podem ser realizados em polos distribuídos pelo Rio Grande do Sul.
Os encontros presenciais acontecerão uma vez por semana, na cidade de escolha do
aluno, a exemplo de Porto Alegre, Ijuí, Cachoeira do Sul, Gravataí, Lajeado e Bento
Gonçalves. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3284-1990 ou no
site www.senacrs.com.br/ead.
Divulgação/Senac-RS
Tablets nacionais começam
a ser produzidos
Segundo o Ministério da Comunicação,
nove empresas já estão cadastradas para a
produção de tablets no país. Os empreendimentos serão beneficiados por incentivos
tributários, incluindo a isenção de PIS e
Cofins, bem como a redução em 80% da
cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os equipamentos entraram
na chamada Lei do Bem, e a expectativa é
de que os aparelhos cheguem às lojas até
30% mais baratos. Conforme o ministro
Paulo Bernardo, a fabricação dos equipamentos deve se iniciar neste mês de agosto.
“Como se trata de um aparelho muito
ambicionado pelo consumidor, que está
com bom poder aquisitivo, as vendas vão
‘bombar’ no fim do ano”, acrescenta.
três perguntas
Caroline Corso
Sucesso com gosto oriental
Na capital gaúcha, a Temakeria e o Empório Japesca estão localizados na área central da cidade.
As comidinhas típicas da cultura japonesa despontam como opção gastronômica para universitários, empresários e colaboradores de empresas do entorno. A criatividade e a excelência do
serviço, que também está presente em São Lourenço do Sul, garantem o retorno positivo do
empreendimento. Com a palavra, o sócio-proprietário Paulo Henrique Gottert.
Paulo Há vários ingredientes que juntos compõem um empreendimento bem-sucedido.
O fundamental é associar um produto de qualidade com um preço competitivo e
atraente. O cliente busca custo/benefício, bem como levantar e sair satisfeito.
Por isso, também oferecemos porções fartas.
O Empório Japesca imprimiu um novo conceito gastronômico ao empreender o seu espaço gourmet no Mercado Público
Central de Porto Alegre. Foi uma iniciativa para popularizar o cardápio ‘nipônico’?
Paulo Conseguimos tornar mais populares comidas típicas da culinária japonesa. Na temakeria, por exemplo, recebemos estudantes e profissionais que trabalham no centro de Porto Alegre.
Inovar é a grande estratégia para fidelizar o consumidor?
Paulo Sim, com certeza a criatividade é a alma do negócio. Uma ideia inovadora aliada à oportunidade
confere o êxito final.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Qual a receita de sucesso de um negócio como uma temakeria?
11
&
E
conomia
Um brasileiro
em nome do convencional
Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco é um importante nome da
economia brasileira. Considerado um dos pais do Plano Real, ele reconhece que o
país mudou muito, mas poderia estar melhor
não atingimos ainda o nível de clareza
conceitual e competência que se vê
no Chile. Recebemos um mesmo
‘presente’ – os excepcionais preços
de commodities – mas não estamos
sabendo aproveitar.
Como avaliar a atual política
econômica brasileira?
Franco Gostaria de pensar que
estamos voltando com decisão
para a ‘tríade virtuosa’ (superávit
primário, câmbio flutuante e metas
de inflação), sobretudo no tocante ao
primeiro desses pilares, que foi muito
maltratado nos últimos dois anos do
governo Lula. As indicações parecem
corretas, mas a convicção não parece
muito clara.
Em quais aspectos ainda precisa avançar?
12
Franco No tocante à tríade, certamente
teríamos muito a melhorar se
atacássemos o problema fiscal com
mais decisão e convicção. Mas é
verdade também que as agendas de
reformas congelaram completamente,
não se fala mais no assunto, e todos
os problemas ‘estruturais’ e de
competitividade são tratados ‘de forma
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
O que mudou em relação a investimentos
estrangeiros em território nacional?
seletiva’, vale dizer, no BNDES. Não
creio que vamos progredir além de
onde estamos com esse espírito.
O que difere o Brasil das demais economias
latino-americanas?
Franco O Brasil tem políticas
econômicas radicalmente distintas das
que se praticam na ‘banda populista’
da América Latina – Argentina e
Venezuela, destacadamente –, porém
Franco O país mudou para melhor,
incrementalmente, nos últimos anos;
o ritmo de absorção de investimentos
diretos e em carteira continuou forte,
ou seja, retomou os níveis anteriores à
crise, sem os excessos em IPOs daquela
época. Infelizmente, não progredimos
muito em matéria de aspectos
institucionais e ambiente de negócios;
poderíamos estar melhores.
O senhor é considerado um dos ‘pais’
do Plano Real. Que progressos na
economia nacional o senhor avalia desde a
implementação da moeda?
fotos: Dilvugação/Rio Bravo
Franco São muitos os progressos.
No dia 1º de julho, comemoramos
o 17º aniversário do Real.O fim
da inflação criou uma espécie de
espiral do bom senso em matéria de
políticas econômicas, cujos efeitos
têm sido muito positivos: o brasileiro
aprendeu a não se deixar enganar
pelo populismo rasteiro que dominou
a política econômica nos anos
anteriores a 1994.
Qual a diferença entre a inflação antes
do Real e hoje?
Franco É simples: a inflação que observamos ao longo de um ano, e num ano
ruim, era o que experimentávamos em
um fim de semana. E um monte de
gente, incluindo diversos economistas,
achava que era normal e que a inflação
era ‘meramente inercial’.
Franco A medicina convencional:
contro­lar as contas públicas. O resto
é perfumaria.
Quais setores da economia nacional
demandam investimento mais urgente?
Franco Genericamente, o país precisa
elevar a sua taxa de investimento, que
está em 17% ou 18% do PIB, e deveria
chegar a 25% do PIB ou mais. A empresa privada brasileira precisaria perder
o medo de se alavancar para investir,
o que poderia ocorrer em um outro
ambiente de taxas de juros, para o qual
precisaríamos reduzir o déficit público.
Franco Entra como qualquer outro
setor. É importante, mas boa parte do
investimento é privado, no sentido
de que é o indivíduo que resolve se
educar ou educar melhor os filhos.
O governo faz a sua parte no ensino
fundamental e primário, mas as limitações são conhecidas. Seria preciso que
facilitasse a formação de mão de obra,
ou facilitasse o setor privado a suprir a
qualificação de mão de obra.
O que é necessário saber sobre
investimento em ações?
Franco O importante é saber que
existem profissionais especializados e
fundos dedicados, e que esse,
como qualquer investimento
sofisticado, requer capacitação,
concentração, dedicação. Se o
indivíduo não é do ramo, deve
procurar um profissional.
O que um jovem economista deve
saber hoje?
Franco A formação do economista
profissional é bastante completa,
embora a qualidade das escolas seja
muito heterogênea. Existem muitas
especializações, e o campo é muito
aberto. A lição mais importante é a
de que o jovem precisa fazer escolhas
quanto à sua formação e focar no
que escolheu. A especialização é
inevitável nos dias de hoje.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
13
Qual seria a solução para um maior controle
da inflação atual?
Como a Educação se situa entre
esses setores?
G uia de Gestão
A
arte
de negociar
Aprenda dicas sobre como contornar problemas do dia a dia da negociação e deixar o
cliente satisfeito com a compra. Conheça ideias e exemplos para melhorar essa relação
criada pelo produto que você está vendendo
14
uem trabalha com vendas
sabe: negociar com o cliente às vezes parece uma batalha travada numa guerra
diária. Não é à toa que o livro A arte da
guerra é um clássico para quem trabalha
com administração de negócios.
Mas não precisa ser assim. “Existem
várias formas de encarar uma negociação”, diz Renato Hirata, especialista
no assunto e sócio-fundador da Hirata Consultores e Associados. “As pes­
soas vão para uma guerra quando estão
disputando algum território ou quando querem o mesmo que o outro, ou
seja, quando o que desejam é escasso e
apenas uma das partes é que receberá
o prêmio”, afirma. Trata-se, então, de
deslocar o foco de atenção do objeto
negociado para a relação interpessoal
entre negociador e cliente. Desse jeito,
não há disputa, e nenhum dos lados da
negociação vai querer ‘ganhar a todo
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
custo’. “Os que querem ganhar a custo
do outro operam com a escassez mental, o foco é ou eu ou ele; os que querem ganhar com o outro operam com
a abundância mental, o foco é eu e ele”,
explica. Para ele, a negociação ideal é
uma reunião eficaz em que os dois lados
Romildo da Silveira/divulgação
Q
Renato Hirata aposta nas diferentes
formas de negociar
compartilham os riscos, “sem ameaça
de perdas em ambas as partes.”
Tendo essa nova postura em mente,
algumas dicas práticas podem ser bastante úteis no dia a dia do seu negócio.
O sucesso
na negociação
Hirata diz que, para começar uma
boa negociação, deve-se atrair o cliente
de alguma forma. Só assim se pode despertar interesse nos produtos ou serviços da empresa. “Em seguida, é preciso
despertar o desejo de posse desse produto
ou serviço”, diz o especialista, “e, por final
é preciso provocar uma ação que movimente o cliente a decidir favoravelmente
à compra do produto ou serviço.”
E como fazer se o cliente faz uma
proposta incabível, que a empresa
não tem condições de aceitar? Hirata
lembra que há técnicas que procuram
responsável pela sua unidade; no caso,
o gerente”, conta Fernanda.
O mesmo vale para uma situação
que o vendedor conhece bem: o cliente
irritado. “Quando estamos lidando com
emoções é preciso sempre ter em mente
que discutir racionalmente quando as
pessoas estão emocionalmente abaladas
não tem eficácia nenhuma”, diz Hirata.
Segundo o especialista, o que o vendedor deve fazer é mostrar ao cliente que
ele está sendo ouvido e compreendido. Afinal, o cliente tem seus motivos,
certos ou errados, por isso não adianta
se defender. “Discuta apenas sobre as
causas da irritação, procure soluções
em conjunto, faça o cliente perceber
que você é um agente de solução e não
um causador de problemas”, aconselha
Hirata. Sobre isso, Fernanda afirma que
a Pompéia orienta os vendedores a escutarem e perceberem o que o cliente
está dizendo, até mesmo como forma
de personalizar a venda: “As pessoas
são diferentes e para cada tipo de cliente existe um tipo de mercadoria”.
E quão importante é o tempo de duração de uma negociação? Para Hirata,
ter domínio sobre o tempo é uma forma
de poder para quem negocia: “Quanto
menos tempo você tem para negociar,
mais risco você tem na negociação”. E
algumas pessoas sabem disso. Por isso
é importante que o vendedor não dê
informações de bastidores ao cliente.
A informação, nesse caso, pode ser decisiva no sucesso da negociação. Sem
querer, você pode revelar, por exemplo,
que está numa situação de fraqueza, ou
seja, que você depende muito de quem
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
15
justamente desestabilizar um dos lados
da negociação. Nesse sentido, uma proposta descabida pode ter sido feita de
propósito, para embaralhar a situação e
permitir uma ligeira vantagem. A dica,
segundo Hirata: “Ao receber uma proposta indecente, não reaja, pois é este o
objetivo. Tente extrair mais informação
sobre a proposta e redirecione o assunto
para o que você deseja que aconteça.”
Fernanda Ferrão Guimarães, diretora
de treinamento e desenvolvimento da
Pompéia, diz que orienta seus vendedores para que sempre mantenham a
calma e procurem entender individualmente cada situação, agindo profissionalmente. Ou seja, jamais perdendo a
postura que se espera de um profissional de vendas. “Em casos mais difíceis,
orientamos que ele solicite ajuda do
Divulgação Pompéia
G uia de Gestão
volte, isto é um investimento; e, se é assim, existe retorno. Então é importante
saber qual a probabilidade deste retorno
existir.” Em todo caso, para contornar a
pechincha, nada melhor que uma contrapechincha. “Se eu estiver vendendo
um terno de R$ 1.000”, exemplifica Hirata, “e você pedir um desconto de 30%,
eu, como vendedor, vou te propor o seguinte: dá para fazer sim, contanto que
você leve também duas camisas e mais
esta gravata.”
Vitória compartilhada
está negociando com você. Mas se isso
já aconteceu, calma, ainda tem volta.
Hirata ensina: “A única solução para
sair dessa posição é criar independência
do outro lado. Nunca se negocia com
alguém sem antes saber que temos uma
alternativa que possa nos dar condições
de dizer não para a outra parte”.
E como lidar com a pechincha? Fernanda alerta: “Pechinchar é uma característica do brasileiro, que sempre tenta
o melhor negócio”. Ela, no entanto, não
vê mal algum nisso. “Penso que é natural, quando se vai fazer compras, também se fazer pechincha. Não podemos
por meio da empresa querer mudar esse
comportamento.” Para ela, cada empresa lida ao seu modo com a situação: “Na
Pompéia, sempre tentamos mostrar para
o cliente que estamos realmente fazendo
um bom negócio, tanto para ele como
para a empresa”. Hirata diz que “ganhar
um cliente significa fazer com que ele
volte a comprar”. Nem sempre, porém,
vale a pena baixar o preço para garantir
a venda. “Aqui é preciso entender a diferença entre custo e investimento”, explica Hirata. “Se a ideia é fazer com que ele
É muito importante que o cliente não
se sinta derrotado numa negociação. Afinal, como você já aprendeu, negociar não
é lutar. Até porque, muitas vezes, vencer
ou perder trata-se de uma mera questão
de ponto de vista. “Para fazer com que as
pessoas saiam com a sensação de ganhos é
importante sempre posicioná-las perante
a sua posição inicial e a sua posição final,
pois se a pessoa comparar a posição relativa final dos dois negociadores, ela pode
ter uma sensação de que, comparado com
o outro lado, saiu perdendo”, diz Hirata.
É necessário pensar, portanto, qual a situação inicial e as expectativas de ambos
os lados antes de se iniciar a negociação.
Quando se espera ganhar bastante, naturalmente qualquer ganho menor do que
o esperado pode parecer uma derrota.
Por outro lado, quando a expectativa é
de perda, se o prejuízo for minimizado os
negociadores sentem-se vitoriosos. “É por
isso que os negociadores precisam definir
os limites de negociação”, diz Hirata. Na
Pompéia, a negociação bem-sucedida é
aquela em que empresa e cliente saem
satisfeitos. “Uma única compra nunca é
única se trouxer como resultado sensa-
16
Para Fernanda, o segredo está no
bom atendimento
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
ções além do produto, como, por exemplo, chegar em casa e perceber que se
ficou bonita com a compra ou que se fez
um bom negócio em relação ao pagamento, por exemplo”, diz Fernanda, que completa: “Essas são sensações que o cliente
tem, e que todos nós temos como clientes
quando fazemos uma boa compra”.
“O atendimento bem-realizado é
o sucesso do negócio”, complementa a
diretora de treinamento e desenvolvimento. São palavras que imperam no
treinamento de vendedores da Pompéia,
mas valem para qualquer empresa. “O
foco da negociação na área de vendas
é sempre ter o cliente conosco”, explica
ela, ressaltando: “Os limites disso são a
saúde da empresa que em determinados
momentos não pode abrir mão dos seus
preceitos, bem como o bem-estar do
cliente, que deve sair da Pompéia com o
sentimento de ter feito o melhor negócio
da sua vida, a melhor compra com um
bom preço e um produto de qualidade,
além e acima de tudo, tendo para isto
sido muito bem tratado”.
Para finalizar, um exemplo de como
a negociação é, na verdade, uma relação, em que há inclusive afeto. Como
conta Fernanda: “Posso comentar o
caso de uma cliente que recebeu uma
toalha de brinde com o logotipo da
empresa e, no outro dia, trouxe para
mostrar que havia bordado, feito crochê em torno da toalha para usar no
lavabo. Isto significa que esta toalha ficaria na entrada da casa desta cliente,
ou seja, deixou de ser um simples brinde, teve todo um valor afetivo dessa
cliente para com a empresa. Isso para
nós é o resultado de uma negociação
bem-sucedida”.
Opinião
Lúcia Simon
Carlos Silva Filho
Advogado, diretor da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe)
“Vários são os fatores que devem ser considerados para que se encontrem
os caminhos que vão equacionar essa questão.”
rão superados com ações integradas: medidas
de prevenção na geração, ações de coleta e
transporte, iniciativas de coleta seletiva e reciclagem institucionalizadas, entre outros.
O que se constatou ser a política mais eficiente para a gestão de resíduos foi uma integração de ações encadeadas entre si: redução
significativa dos resíduos gerados; melhor utilização dos produtos; escolha de práticas de
gestão de resíduos que minimizam os riscos de
poluição ambiental e danos à saúde pública; recuperar a energia contida nos resíduos e implementar a solução de tratamento e destinação
que traga consigo a melhor tecnologia disponível com um custo que seja acessível pela população a ser servida.
Por esses motivos, programas de planejamento intersetorial são de crucial importância para que se identifiquem os instrumentos
e decisões estratégicas que contribuirão para
o desenvolvimento de uma gestão sustentável
de resíduos. É necessário incorporar o gene
da mudança ao DNA da gestão de resíduos,
e isso tanto a Lei como seu Decreto regulamentador fazem muito bem. Precisamos agora
apresentar à sociedade e disseminar as práticas adequadas que realmente funcionam, e
não ficar revisitando um passado ineficiente e
limitado. O mundo não é estático e nós também não podemos ser.
17
Desde a antevéspera do Natal de 2010, o
Brasil já conta com uma completa estrutura
legal para regular o setor de resíduos sólidos,
composta pelo Decreto nº 7.404/2010, e pela
Lei nº 12.305/2010, sancionada em agosto do
ano passado. Após mais de 20 anos de discussão, o Brasil passou a contar com uma Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) efetiva
e pronta para ser colocada em prática.
Ao completar um ano de sanção, a PNRS
trouxe em seu texto dispositivos modernos e
alinhados com as atuais tendências do setor,
justamente para inibir práticas irregulares e
costumes retrógrados, e possibilitar avanços
concretos na gestão, tratamento e destinação
de resíduos sólidos no país.
Em qualquer setor as mudanças se fazem
sempre possíveis, e as ideias criativas ajudam
a tornar realidade as inovações que se fazem
necessárias. No setor de resíduos, esses pontos
são ainda mais patentes. Além de possíveis, as
mudanças são necessárias para possibilitar a
implementação de sistemas adequados de gestão encerrando práticas históricas que se provaram ineficientes ou que até hoje ficaram no
papel apenas como boa intenção.
Para resolver os problemas relacionados aos
resíduos sólidos, não há solução única, medidas
isoladas, nem planejamento e solução através
de apenas um ponto. Os desafios somente se-
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
U m novo tempo na gestão de resíduos
Genebaldo Freire Dias
FOTOS:
arquivo pessoal
E N T R E V I
S T A
Em defesa da responsabilidade e da
informação
A sociedade encontra-se em fase de transição. Em meio a notícias que alertam cada vez mais
para os cuidados com o meio ambiente, o professor e pesquisador da Universidade Católica
de Brasília (UCB) Genebaldo Freire Dias fala sobre o quão importante é valorizamos os bons
exemplos. Além disso, o Ph.D. em Ecologia ressalta a boa posição do Brasil entre os países que
apresentam uma gestão ambiental de destaque
Dias O Brasil é um dos poucos países
do mundo que têm uma política
nacional de educação ambiental
definida em uma lei federal, que foi
costurada em universidades e ONGs,
entre outros. Eu a considero muito
boa, pois coloca a educação ambiental
não apenas como responsabilidade do
governo, mas como responsabilidade
das escolas, em todos os níveis, do
básico ao superior. É uma dimensão
dada à educação. Ela também coloca
a questão da sustentabilidade como
dever das empresas e dos meios de comunicação. Enfim, coloca a sociedade
de uma forma ampla a ficar responsável por esse processo de sensibilizar
as pessoas, de informar, para que se
conscientizem. Mas demora um pouco
a ser incorporado pelas instituições de
ensino. No setor empresarial, acredito
que está andando mais rápido porque
é um aspecto legal. Se exige isso do
setor, há um cumprimento de padrões
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
19
Como a educação ambiental é
aplicada no Brasil?
Entrevista
que são um estímulo e, por outro
lado, é marketing, uma oportunidade
de melhoria da imagem da empresa.
A educação é tradicionalista, tem
uma resistência muito grande em incorporar novas tendências. A educação talvez seja a parte mais retrógrada
de todo o processo dessa transição
civilizatória em que estamos. Precisaria passar por um processo de renovação, pois muitos conteúdos já não têm
a mesma utilidade.
Quais são os pré-requisitos para a
implantação de programas de gestão
ambiental em uma empresa?
Dias Primeiro, ter uma assessoria que
tenha percepção dos cenários, e nessa
percepção identificar qual o papel real
daquela corporação e, em seguida,
avaliar de que forma ela pode modificar os seus processos, principalmente
mudanças de adaptação, para ser
realmente um agente de contribuição
“A educação é tradicionalista, tem
uma resistência muito grande em incorporar
novas tendências.”
efetiva. Por exemplo, em Brasília há
70 mil empresas, 80% delas perdem
dinheiro por não terem um processo de gestão ambiental aplicado.
Muitos acham que coleta seletiva,
economizar água e luz é suficiente.
Isso é muito superficial, uma visão
reducionista do processo como um
todo. A empresa, não importa o seu
porte, tem que ter cuidado desde seus
fornecedores até o processo final, a
prestação de serviços, e saber que impactos ela causa com isso. Mas para o
indivíduo adotar essa postura demora
um pouco, pois ainda predomina o
analfabetismo ambiental. As pessoas
ainda acham que o mundo é o mesmo
da década de 1980, não percebem que
já vivemos num processo de pressão
ambiental mundial. Estamos envolvidos com a questão das seguranças
climática, alimentar e hídrica: esses
três componentes agravam a vulnerabilidade social. O clima mudou de tal
forma que a agricultura não consegue
mais produzir o suficiente para o sustento, então os países estão tendo que
comprar alimentos, e como estão sem
dinheiro, estão fazendo isso às custas
da dívida externa. A responsabilidade
de você lidar com a forma como a sua
empresa atua está ligada à construção
da responsabilidade contra a vulnerabilidade social.
O que mais pode ser feito para combater
essa vulnerabilidade?
20
Dias Isso é algo que os brasileiros estão
demorando muito a perceber. Somos a sétima economia do planeta,
somos um país rico, aliás, riquíssimo.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Temos um grande potencial instalado e natural, e também em termos
de produção e inovação, além de
um parque industrial rigoroso. No
entanto, temos um grande problema
que estrangula esse nosso potencial,
que é a parte de governança, tanto
política quanto ambiental e social.
Esse estrangulamento tem como um
dos agentes principais a corrupção,
que está diretamente ligada à falta de
caráter e ausência da prática da ética.
E isso é algo que precisamos resgatar
no nosso país.
Quais os erros mais comuns no universo
do empreendedorismo com relação à
sustentabilidade ambiental?
“Estamos envolvidos com a questão
das seguranças climática, alimentar e
hídrica: esses três componentes agravam a
vulnerabilidade social.”
empresariais vão desde atitudes
simples até a decisão de se tornar uma
empresa que tem esse perfil ambiental
definido. O segundo grande erro é
que as empresas não têm política
ambiental, ou seja, a diretoria deve
se reunir com seus acionistas e saber
qual a sua postura com relação à
dimensão ambiental. Ter uma página,
um cartaz dizendo na entrada da
empresa, por exemplo, “essa é nossa
política ambiental”, “esse é o nosso
compromisso com a sociedade”. Em
cima dessa política, comece a planejar
suas ações e valores que irá executar.
Defina quais os princípios que a
empresa seguirá e, aí sim, planeje sua
vida em funções dessas orientações.
Sem isso, a instituição é pobre,
defasada, obsoleta, desconectada.
Ela irá atuar sem um plano, sem uma
lógica, na incerteza.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
21
Dias O erro principal é a informação
desatualizada, a falta de atualização
dos cenários de desafios. Os
empresários precisam ampliar o seu
leque de relações com o mundo
científico, com a informação, para
que eles possam entender os cenários
e os desafios. O grande erro é
enxergar a dimensão ambiental como
algo que atrapalha o progresso. Essa
é uma visão ultrapassada, mas que
ainda é praticada por alguns grupos
empresariais. E as oportunidades
estão todas aí. A dimensão ambiental
veio para ajudar o ser humano a
perceber o cenário de desafios e
auxiliá-lo na tomada de decisões que
possam levar a sociedade humana
a ter uma vida mais justa. Temos
um pensamento muito arrogante de
querer que o planeta se adapte ao que
ao que os seres humanos querem, e
isso não vai acontecer. As práticas
Entrevista
De que modo o compromisso com o meio
ambiente se tornou um fator essencial
para o futuro de uma empresa?
Dias Eu cito como o maior exemplo
de avanço, de evolução no Brasil, a
relação de algumas empresas com as
suas comunidades. Eu posso citar um
exemplo de uma gestão ambiental
absolutamente de ponta, inteligente,
eficiente e, principalmente, honesta,
que é o programa de educação de gestão ambiental da Itaipu Binacional.
A responsabilidade que eles têm, o
envolvimento e a promoção da gestão
ambiental é algo que forma o grande
lado da Itapu e os 29 municípios do
estado do Paraná, e a gestão participativa que vem acontecendo nos
municípios para melhorar a qualidade
de vida. Fico impressionado principalmente com a seriedade e honestidade
do processo, e isso é um exemplo fantástico que mostro sempre por onde
viajo. Outro exemplo de empresa que
tem uma postura muito interessante
em direção à sustentabilidade é a
Gerdau Aço Minas, de Ouro Branco.
Temos que citar os exemplos bons
para que se crie uma agenda positiva,
que é o que irá me dizer que, se tem
alguém fazendo o certo, então eu
posso fazer também. Que isso não é
conversa, e mostra que há pessoas investindo seriamente na melhoria das
relações da instituição com o meio
ambiente e com a sociedade.
O Biocentro da Gerdau Aço Minas
em Ouro Branco é um belo
exemplo de responsabilidade socioambiental e de uma relação muito
sincera com a comunidade.
Dias Ele é, além de urgente, fundamental. Nós fizemos uma confusão
na nossa vida e passamos boa parte
dela gastando com coisas que não são
urgentes. A relação com o ambiente
é fundamental, não somente por uma
questão de coerência, de necessidade,
e competência, como de sobrevivência. Infelizmente, não é isso que está
acontecendo na maior parte do mundo. Posso assegurar que o Brasil está
na ponta, entre um dos 20 melhores
países em gestão ambiental, mas não
devemos nos impressionar pelos casos
escabrosos que vemos na mídia.
Por outro lado, é bom lembrarmos
que isso é a minoria, pois a grande
maioria do Brasil hoje já tem uma
postura diferente, evoluída. Ainda
há muito a ser feito, mas não
podemos nunca nos comparar com
o que éramos há 20 anos. Claro que
ainda tem muita demagogia e isso
sempre vai existir. Eu acredito na
capacidade que o ser humano tem
de sobreviver. Nós temos, ao longo
da nossa escalada evolucionária,
mostrado que sempre conseguimos
nos adaptar e sobreviver. Em
nenhum outro momento da nossa
escalada evolucionária estivemos
tão conscientes em relação a esses
desafios. O que posso fazer? Como
posso fazer?
22
E quais são os aspectos positivos a
destacar pelo trabalho que já está sendo
realizado no Brasil?
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Como engajar gestores e funcionários
de uma empresa para a importância da
sustentabilidade ambiental?
Dias Primeiro, não colocar a culpa em
ninguém, nem dizer que o mundo está
desabando e está tudo perdido.
O processo de sensibilização é mostrar
o fascínio de estar vivo, e então
perceber o fascínio de viver em um
ambiente com tantas maravilhas em
volta e que é preciso manter isso.
E para manter isso não podemos
continuar fazendo as coisas erradas
que temos feito. Ver que é possível
mudar e que, para os que estamos
vivos hoje, estamos em pleno processo de transição. É normal que coisas
erradas aconteçam, mas vamos focar
nas coisas boas que já conquistamos e
que estamos conseguindo fazer.
De que forma o consumidor
consciente afetará o desenvolvimento
das empresas?
Dias O consumo consciente vai forçar
as empresas a repensar seus produtos
e estratégias. Quem incorporar, quem
fizer isso mais rápido, vai colher os
frutos mais rapidamente. Em Brasília,
por exemplo, existe um movimento
dos “churrasqueiros”, da turma que
consome carne, para não comprar
carvão que não seja licenciado. Temos
um grande erro no nosso país que
é ter boa parte de nossa economia
sustentada na exportação de produtos
primários. Temos que repensar essas
práticas. O consumidor ainda não tem
um grau de consciência para deixar
na prateleira o produto que agride o
meio ambiente e levar outro que vai
custar alguns centavos mais caro. Essa
mudança vai demorar um pouco a se
consolidar, até que ele chegue num
ponto de pré-ciclagem – pré-ciclar é
escolher produtos que não agridem
o meio ambiente –, e isso também
vai depender de quem mostrar a ele
quem é que está investindo mais
na informação e sensibilização da
população a respeito disso, porque
isso valoriza as empresas que estão
investindo. Não adianta, por exemplo,
consumir um tomate enorme e bonito
se ele está cheio de agrotóxico; de
repente é melhor preferir um tomate
menor e de aparência não tão bonita.
Isso você pode fazer com relação aos
serviços que são prestados e estão
na base da responsabilidade desses
empresas. E isso passa por um processo
de fiscalização que não pode ser só do
governo. Quem fiscaliza são as pessoas,
seres humanos fiscalizam as ações de
seres humanos.
Que tipo de impacto campanhas como
a promovida pelo Sistema FecomércioRS podem causar para uma gestão
sustentável?
Qual a importância de se dar o destino
adequado ao lixo eletrônico, entre outros
itens que exigem coleta seletiva?
“Ainda há muito a ser feito, mas não
podemos nunca nos comparar com o que
éramos há 20 anos.”
Dias Além da questão de reciclar os
descartes, tratar os componentes químicos, acima de tudo está a questão ética,
a questão da postura, do valor. Somos
responsáveis por esses produtos que
descartamos. Não podemos esperar pelo
governo, pelo poder público, por decisões que venham de cima. Os maiores
avanços, as maiores evoluções que es-
tamos experimentando hoje na relação
do ser humano com o ambiente estão
vindo de iniciativas individuais e de
pequenos grupos. São essas iniciativas
que estão mudando o mundo, e temos
que convidar as pessoas para que cada
um faça a sua parte, sem se impressionar com os contextos desfavoráveis que
às vezes se apresentam.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
23
Dias Imagine que as pessoas compravam computador e celular, mas não
sabiam o que fazer com esse tipo de
lixo. De repente, uma instituição diz
“nós iremos recolher isso e dar uma
destinação correta”. Isso causa um
impacto altamente expressivo, positivo. As pessoas perceberam o problema e estão identificando quem está
tomando a iniciativa. É algo louvável
e chega em boa hora.
S aúde
atitudes para
evitar lesões empresariais
Sala de recreação, plano de saúde, ginástica laboral. Muito além dessas iniciativas, a
qualidade de vida no trabalho envolve itens simples e complexos que vão desde a parte
física até a mental. Conheça as ações que melhoram o dia a dia do colaborador
A
Divulgação Instramed
qualidade de vida durante o
dia a dia do profissional é cada vez mais
importante para o desenvolvimento
positivo da empresa. Atualmente essa
questão do bem-estar vai além da prevenção de lesões físicas no escritório,
chegando até mesmo ao lado mais complexo do ser humano, a mente.
O ritmo de trabalho acelerado é uma
característica atual das empresas. Dores
de cabeça frequentes e lesões como ten-
24
Pausa para ginástica laboral na Instramed
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
dinite já são rotineiras na batalha diária
do profissional que trabalha sentado na
frente do computador, fora o estresse
emocional, que se torna um obstáculo
para o cumprimento de metas e a boa
convivência com os colegas. Entre as
ações para prevenir o estresse – e até
mesmo lesões físicas – está a fisioterapia
laboral. Luciane Broetto, fisioterapeuta
especializada em osteopatia, atua com
sua empresa dentro de corporações, onde
primeiramente realiza uma avaliação
diagnóstica. As atividades físicas podem
ser disponibilizadas tanto para o pessoal
que trabalha em escritórios quanto para o
pessoal de manutenção ou de outro setor,
de acordo com as necessidades de cada
um. “A fisioterapia laboral favorece a resistência muscular, redução do estresse
por alongamentos e melhora o lado emocional”, explica Luciane.
Atualmente, Luciane também atua
com outra especialização da fisioterapia,
a osteopatia laboral, que previne e trata
problemas que vão além das lesões físicas
dos colaboradores. Muito mais complexa, essa alternativa já pode ser realizada
dentro das empresas em ambientes específicos, podendo se trabalhar apenas com
uma maca. “A osteopatia desbloqueia as
estruturas do corpo para que as funções
ocorram da melhor maneira. Ela influencia principalmente o sistema emocional
do colaborador, prioridade das empresas.
Funcionário emocionalmente bem produz mais e melhor”, reforça.
Lúcia Simon
O Ministério do Trabalho possui
Normas Regulamentadoras, em especial
a NR-7, que trata a respeito da saúde e
medicina do trabalho, e a NR-17, que
trata especificamente da ergonomia.
Essas duas normas abordam a qualidade de vida e bem-estar do colaborador.
Grande parte das empresas seguem à risca a legislação relativa ao Programa de
Controle Médico e Saúde Ocupacional.
Obedecer à legislação vigente não é o
suficiente para a Instramed, empresa especializada na comercialização de equipamentos médicos. Além de cumprir as
normas estabelecidas em lei, a empresa
de pequeno porte utiliza eventos, principalmente em datas comemorativas,
para fazer a integração dos funcionários.
“Além disso, a empresa disponibiliza a
ginástica laboral para os funcionários,
com exercícios físicos para evitar o sedentarismo e estimular o desempenho
no dia a dia”, relata Luciana Medeiros,
assistente administrativa da Instramed.
“Os funcionários da empresa contam
com um dos melhores planos de saúde
do mercado e auxílio odontológico”,
complementa Luciana.
Amplo benefício
A questão do bem-estar e da qualidade de vida no trabalho não se baseia
apenas em um benefício para o colaborador, e sim para ambas as partes. A partir do momento em que o funcionário
vai bem, a empresa também vai bem, e
isso serve não apenas para indústrias e
grandes corporações, mas também em
empresas de varejo com poucos funcio-
Ambientes que auxiliam no bem-estar dos funcionários
Janelas grandes e amplas
Boa ergonomia do mobiliário
Ilhas de trabalho bem-pensadas
Salas de recreação
Ambiente limpo
Ações relacionadas à qualidade de vida
Exercícios físicos dentro e fora do trabalho
Boa relação interpessoal
Boa comunicação entre gestores e colaboradores
Eventos de inclusão empresa/colaborador
Intervalos bem-planejados
Planos que garantem a saúde do colaborador
Cursos de aprimoramento pessoal e profissional
Programas antifumo
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
25
Normas
regulamentadoras
nários, onde alcançar as metas é um dos
principais objetivos.
Esse é o caso da loja Andreolio, de
Garibaldi, especializada em calçados e
confecções. Segundo a gerente Melisse
Chiesa, uma vez a cada mês a loja realiza
um evento de café da manhã em que os
colaboradores levam alguma refeição feita em casa para confraternizar com os colegas. Entre brincadeiras e conversas informais há também um sorteio de brindes
para os participantes do café. “Como são
dois andares de loja, nem sempre conseguimos nos comunicar com toda a equipe diariamente, então esses eventos são
muito bons para que os funcionários possam conversar, sair da rotina, falar sobre a
vida e relaxar um pouco”, relata Melisse.
Outro ponto forte avaliado pela gerente
é que quando a meta é alcançada, algum
evento é sempre realizado, como um jantar envolvendo a toda loja, por exemplo.
S
U
S
T
E N T
A
B
I
L
I
D A D
E
Texto:
Luísa Kalil
Pelo bem
de todos
Campanha da Fecomércio-RS mobiliza setor empresarial e sociedade civil
em prol do meio ambiente. Mais do que isso, a iniciativa tem como objetivo
27
D
esde que o celular se popularizou, cada vez mais pessoas trocam com fre­
quência o aparelho. Seja pelo lançamento de um modelo mais interessante,
seja por falha no funcionamento, o acúmulo de aparelhos torna-se uma rea­
lidade comum nas residências e também nas empresas de todo o país. O mes­
mo acontece com computadores. O progresso tecnológico e a substituição
dos próprios personal computers por outros modelos de design mais arrojado e
que ocupam menos espaço em lares e escritórios trazem consigo uma impor­
tante questão: o que fazer com os aparelhos que estão em desuso?
Revender ou mesmo doar pode ser uma alternativa, mas em algum mo­
mento o celular ou computador exigirá o descarte final, sabendo-se que,
assim como pilhas e baterias, esses aparelhos têm vida limitada.
Pensando em como proceder com o descarte correto e, o mais impor­
tante, como mobilizar o comércio de bens e serviços do Rio Grande do Sul
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
promover o desenvolvimento sustentável dos municípios gaúchos
S ustentabilidade
em nome da causa ambiental, o Siste­
ma Fecomércio-RS lança neste mês de
agosto a campanha Recolhimento de
Equipamento de Informática e Telefo­
nia Pós-Consumo. O objetivo é mobi­
lizar empreendedores e a comunidade
como um todo em nome da sustentabi­
lidade e das urgências que concernem
ao meio ambiente.
Primeiro passo
No interior do Estado, a parceria
com prefeituras locais foi estabelecida
28
Nova sede do Departamento Municipal do Meio Ambiente em Santo Ângelo contará com central de coleta
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Pelotas já trabalhou com outras iniciativas
voltadas à conscientização ambiental
A repercussão
Fernando Gomes/Divulgação
De acordo com o coordenador do
Conselho de Sustentabilidade da Feco­
mércio-RS, Joarez Venço, o diferencial
dessa campanha está em atender toda
a cadeia de resíduos eletrônicos, plás­
tico e metal, pois trabalhará na sepa­
ração desses materiais. “A diferença é
conseguirmos também a reciclagem da
placa do PC, que será enviada para a
Bélgica, onde será descaracterizada e
voltará a ser matéria-prima”, explica
o coordenador. A meta da campanha
para o Estado é coletar 100 toneladas
de lixo eletrônico e mais 20 mil celulares
(além do aparelho, baterias e carregado­
res) até o final do ano. Contudo, neste
primeiro momento, o alvo é a conscien­
tização entre os empreendedores. “Nos­
so papel é gerar essa vontade, despertar
o interesse da empresa em investir e do
município em desenvolver esse projeto.
Este é o momento de causar o primeiro
impacto”, salienta Venço. Inicialmente,
a campanha visa a atender a cem mu­
nicípios gaúchos. “Mas o projeto já está
despertando interesse em outros estados
e empresas locais. É um negócio lucrati­
vo em todos os sentidos”, acrescenta.
Em Porto Alegre, uma feira será rea­
lizada em setembro, além da instalação
de postos fixos pela capital para a coleta
dos resíduos. “A causa ambiental é algo
que mobiliza. Vejo que a comunidade
vai aderir e creio que poderemos supe­
rar nossa própria meta. É um desafio,
mas já está sendo muito gratificante”,
aponta Venço.
através do diálogo com os sindicatos do
Sistema Fecomércio-RS e as unidades
do Sesc e Senac regionais. Desde então,
a adesão de novas cidades vem cres­
cendo de forma constante. Em alguns
municípios, a campanha estabelece um
marco no engajamento da cidade com
o meio ambiente. Em outros casos, a
iniciativa veio para reforçar o trabalho
que já vinha sendo realizado.
Em Santa Cruz do Sul, na região do
Vale do Rio Pardo, o compromisso com
o meio ambiente vem sendo fortemen­
te debatido entre todos os setores do
município. No final do ano passado,
a Secretaria Municipal do Meio Am­
biente e Saneamento deu início a uma
campanha de coleta de lixo eletrônico,
Rafa Marin/Divulgação
empresa. A parceria para firmar novos
pontos de coleta teve boa aceitação.
“Mas ainda temos a convicção de que
precisamos investir mais nas campanhas
de divulgação, na existência desses ser­
viços. E para isso são importantes inicia­
SEMMAS/Divulgação
Novo pavilhão em Santa Cruz do Sul abrigará Central de Reciclagem
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
29
pneus e lâmpadas fluorescentes, com a
locação de um espaço para depositar o
material. De acordo com o secretário
Alberto João Heck, houve surpresa com
relação à participação da comunidade.
“Mas percebíamos que, quando faláva­
mos do assunto, muitas pessoas ainda
não tinham conhecimento da central de
coleta, então percebemos a necessidade
de ampliar a campanha”, conta Heck.
Com do diálogo, buscaram-se parcerias
para divulgar a iniciativa e também para
estabelecer novos espaços de coleta.
Com relação ao comércio, verificou-se
que muitas empresas do setor de eletroe­
letrônicos, além de oficinas de conserto,
acumulavam estoque de aparelhos em
desuso e que não tinham mais conserto,
entregues por consumidores que aguar­
davam a destinação correta por parte da
tivas como a da Fecomércio-RS, pois é
uma forma de ampliarmos a abrangên­
cia da nossa campanha e atendermos o
cidadão”, ressalta o secretário. Em julho
deste ano, a secretaria inaugurou o pri­
meiro posto de entrega voluntária de
resíduos eletrônicos, além da central de
recebimento instalada no ano passado.
Em Santo Ângelo, no noroeste do
Estado, a coleta seletiva de pneus usa­
dos, pilhas e baterias é realizada desde
1997. “O lixo eletrônico era um dos
problemas, mas agora, através da parce­
ria com a Fecomércio-RS, encontramos
uma forma de dar o destino certo”, ex­
plica o diretor do Departamento Muni­
cipal do Meio Ambiente, Antonio Car­
doso. O próprio departamento possui
um ponto de coleta permanente, e du­
rante o mês de agosto contará com uma
central de coleta para o lixo eletrônico.
“Nossa meta é chegar a, no mínimo, 50
toneladas”, afirma Cardoso. Mais do
que evitar o destino inadequado desse
material, o secretário diz ter expectati­
va com relação à melhoria da qualidade
de vida dos cidadãos de Santo Ânge­
lo. “A cidade está preparada porque a
S ustentabilidade
Kátia Messa/Divulgação
procura por esse descarte correto já é
muito grande”, destaca.
Parceria imediata
Coleta de pneus foi bem recebida entre alegretenses
zação ambiental, lançamos a semente.
Agora temos que cuidar dessa semen­
te, para colhermos bons frutos”, explica
Viana. “A iniciativa veio em momento
certo”, anima-se.
No município de Alegrete, na fron­
teira oeste do Estado, a parceria com
a prefeitura foi oficializada ainda no
início de julho. Ao final do mês, foram
enviados convites a entidades, comér­
cio e pessoas físicas, numa espécie de
chamamento para todo o município. “A
Prefeitura Municipal de Gramado/Divulgação
Em Pelotas, quando a Secretaria do
Meio Ambiente e a Prefeitura Municipal
foram convidadas, o interesse em parti­
cipar da iniciativa da Fecomércio-RS foi
imediato. A partir de agosto, por dois
meses, haverá uma central de recolhi­
mento e postos de coleta de lixo eletrô­
nico distribuídos em diferentes pontos
da cidade. “O local ainda não foi defi­
nido, mas com certeza será de fácil aces­
so, tanto para o cidadão quanto para a
empresa responsável pelo recolhimentos
dos resíduos”, explica o secretário muni­
cipal do meio ambiente, Luiz Henrique
Cordeiro Viana. “Não há quem não te­
nha equipamentos forade uso e não sabe
o que fazer com os mesmos”, aponta.
Por ser uma cidade referência no ensino
superior nacional, a prefeitura pretende
buscar diálogo com as universidades pe­
lotenses, para que motivem os alunos.
“Faz parte da campanha a educação. Já
houve outras campanhas de conscienti­
30
Armazenagem de pneus inservíveis no Ecoponto de Gramado
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
comunidade tem material acumulado
em suas casas. O consumismo aumen­
tou muito, pois sempre se está lançando
algo novo, ou porque determinado apa­
relho não tem mais conserto”, resume
Kátia Messa, engenheira agrônoma da
Secretaria Municipal do Meio Ambien­
te. No dia 20 de agosto, será realizado
o Dia da Coleta, uma grande feira de
recolhimento, instalada no tradicional
Calçadão, no centro da cidade. “O resí­
duo é um problema para o município”,
alerta Kátia. “Estamos buscando alter­
nativas para sanar o problema. Hoje, a
maior dificuldade é recolher o material,
pois, apesar do que impõe a política re­
versa, não são todos que a praticam”,
avalia a engenheira. Além de ser um
chamamento para os alegretenses, Ká­
tia espera que o diálogo continue após a
campanha. “Depois, teremos que che­
gar a uma nova conclusão. Pensamos
em montar um Ecoponto, mas tem que
haver diálogo entre as partes interessa­
das. Acredito que o município está pre­
parado, pois a campanha vai ao encon­
tro dos anseios da comunidade”, diz.
da cidade. De acordo com engenheira
agrônoma responsável pela Usina de
Triagem de Gramado, Beatriz Masot­
ti, será realizado também um trabalho
junto às escolas gramadenses. “Toda
iniciativa sempre tem boa adesão. Já
Trabalho em equipe
Entenda as etapas da campanha e a responsabilidade de cada setor:
Geração do resíduo
Descarte do resíduo em
local inadequado: feira
credenciada e local fixo
Recebimento e
acondicionamento temporário
das embalagens usadas
}
Responsabilidades
dos consumidores
Responsabilidades dos
comerciantes e distribuidores
Recebimento,
armazenagem temporária e
entrega do resíduo às empresas
de reciclagem
Responsabilidades dos
fabricantes e importadores
Desmanufaturamento
e triagem
Realizadas por empresa
de logística reversa licenciada
ambientalmente
Reciclagem e transformação do
resíduo em matéria-prima
Realizadas nas empresas
recicladoras licenciadas
ambientalmente
Etapa final
Relatório de análise do lote
processado e posteriormente
emissão de um certificado
de distribuição e reciclagem
tivemos campanhas direcionadas à
coleta de pilhas e pneus, e que fun­
cionaram muito bem. Queremos agora
que os alunos levem a iniciativa para
casa, pois é certo que lá encontrarão
algo a ser descartado”, prevê Beatriz.
Ela afirma que a prefeitura recebe,
diariamente, um número significativo
de telefonemas com dúvidas a respeito
de como proceder com o descarte de
material eletrônico. “Tenho bastante
confiança. Desde a primeira reunião, o
comércio já demonstrou apoio”, con­
ta. Ainda assim, Beatriz garante que é
normal um pouco de apreensão quanto
aos resultados, mas a esperança da boa
receptividade é maior. “Este é apenas o
começo”, reflete.
Fique atento
Saiba que tipo de material será recolhido
pela campanha da Fecomércio-RS
( ) Cpu
( ) Notebooks
( ) Celular, bateria, acess.
( ) Monitor crt
( ) Copiadoras/scanner
( ) Centrais/telefone/fax
( ) Monitor lcd
( ) Fontes/transformadores
( ) Video cassete/dvd/game
( ) Placas vídeo, rede, som
( ) Estabilizadores/no breaks
( ) Modem/Hub
( ) Teclado
( ) Cd rom
( ) Cabos/conectores
( ) Mouse
( ) Disco rígido/hd
( ) Aparelhos de som
( ) Impressora
( ) Caixas de som
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
31
Outro parceiro da iniciativa da
Fecomércio-RS é o município de Gra­
mado, na serra gaúcha.
Entre os dias 15 e 20 de agosto,
haverá um posto de coleta no Cen­
tro de Cultura municipal, no Centro
S aiba mais
TELECOMUNICAÇÕES
Empresariado se rende à mobilidade tecnológica
O conceito de mobilidade há tempos já faz parte do dicionário empresarial. O uso de celulares e tablets aumentou 50% no
Brasil, conforme estudo do grupo Mowa junto às 500 maiores empresas do país. O segmento corporativo brasileiro se rendeu
aos novos dispositivos que contribuem para estreitar o relacionamento com os seus consumidores. Entre os resultados
apresentados pelo levantamento, destaca-se o fato de as macro-organizações utilizarem em grande escala recursos como SMS,
sites móveis (produzidos especialmente para serem acessados por um celular tipo smartphone) e aplicativos para viabilizar
a comunicação com diferentes públicos. Ness sentido, a indústria de telecomunicações é o setor que desponta no ranking,
seguida pelas áreas definidas como “diversos, sistemas financeiros, transporte, seguradoras, autoindústria, eletroeletrônico,
indústria da construção, varejo e indústria de bens de consumo”.
OTIMISMO
imagina só!
Menor nível em quatro anos
Caixinha de surpresas
Curiosidade, surpresa e adrenalina. Este é o
sentimento de quem recebe o presente da
Viva!Experiência. A empresa, concebida a partir de
cases de sucesso francês, disponibiliza aos clientes um
serviço diferenciado, com a produção e venda de
caixas-presentes que valem a liberdade de escolha
do presenteado. As opções dividem-se nos temas
bem-estar & beleza, fun, gourmet, em movimento e
kids. Ao abrir a caixinha, a pessoa pode optar entre
um dia no SPA ou um vale para saltar de paraquedas,
entre outras possibilidades. Por enquanto, a novidade
é comercializada apenas em livrarias da cidade de São
Paulo, Atibaia e Sorocaba.
Divulgação/Viva!Experiência
No segundo trimestre de 2011, o otimismo do empresariado brasileiro
recuou 24 pontos percentuais. De acordo com a International Business Report 2011 (IBR), da Grant Thornton, a pontuação representa o
menor nível dos últimos quatro anos. O estudo revelou que se trata de
uma tendência mundial, com influência dos recentes desastres naturais e
das incertezas geradas pelas crises políticas do Oriente Médio e a volatilidade econômica na Europa e Estados Unidos. O clima mais negativo
repercute em toda a América Latina. A Argentina e o Chile viram o
otimismo cair 30% e 10%, respectivamente. “A inflação pode atingir 6% no
Brasil. Há grandes pressões inflacionárias e esse efeito traz consigo um retrocesso nas expectativas de crescimento econômico. A pesquisa mostra
que mais da metade dos empresários (54%) acredita em uma elevação de
preços”, comenta Jobelino Locateli, CEO da Grant Thornton Brasil.
Em números
A International Business Report 2011 (IBR) também levantou outros
dados interessantes. Confira:
[
Apesar da queda, o nível do otimismo brasileiro ainda está acima
da média global de 31%
O otimismo cresceu em países como Canadá (80%), Dinamarca (62%),
Finlândia (56%), França (49%), Irlanda (22%) e México (80%)
A nação mais otimista é a Índia
32
Japão e Grécia se destacam no quesito ‘pessimismo’
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
em tempo
Jakub Krechowicz/Stock.schng
Item básico
O brasileiro não abre mão do telefone celular e das tecnologias móveis. A constatação é da pesquisa O observador, que registrou o incremento da fatia de consumidores que planejam comprar produtos do
gênero. No período de 2005 e 2010, houve um aumento de 9 pontos
percentuais, a maior alta entre os 12 itens citados na mostra. Investir
em imóveis consiste em um dos grandes intentos dos pesquisados,
além de eletrodomésticos, lazer (e viagem) e computador para casa.
COPA DO MUNDO
Indicadores de mercado para a Copa do Mundo 2014
Muitas oportunidades de empreender. Isto é o que diferentes setores da economia esperam com a promoção da Copa do Mundo no território nacional. A pesquisa Estação
Brasil, do Ibope Inteligência, iniciou um trabalho para verificar o clima de expectativas,
considerando a opinião de 2.002 brasileiros, em 141 municípios. O instituto desenvolverá uma série com 11 rodadas para mensurar a evolução da percepção das pessoas
em relação ao evento. A primeira pesquisa indicou que 52% dos inquiridos já sabem
dizer quais produtos referentes ao mundial pretendem comprar, enfatizando o interesse por artigos de vestuário.
Outro ponto examinado foi o preparo do país para atender ás demandas da Copa.
A saúde despontou como o item mais preocupante, considerada por 73% dos entrevistados como uma área despreparada. Na segunda posição, apareceu o trânsito. Bares,
restaurantes e redes de hotéis receberam avaliação positiva. No quesito “mídia preferida”, os participantes destacaram a televisão como o meio pelo qual puderam obter
mais informações a respeito do tema.
INTERNET
Franquias entram em
campo na Copa de 2014
O mercado de franquias vive um
momento exitoso. No ano passado,
faturou nada menos que R$ 77
bilhões, e atualmente, contabiliza 9 mil
lojas no território nacional. Segundo
o presidente da Associação Brasileira
de Franchising (ABF), Ricardo
Bomery, há uma expectativa de
duplicação do segmento até a Copa
do Mundo de 2014, estimando uma
movimentação de R$ 150 bilhões. A
microfranquia figura no rol de setores
mais promissores por se tratar de
uma modalidade que requer menos
investimento estrutural, ou seja, no
ponto comercial e no número de
funcionários.
Mais informações na edição 72 da B&S
consumo
Pesquisa mostra quem são os usuários de lan houses
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
33
Lary//Stock.schng
Jovens entre 14 e 24 anos ocupam posição de destaque entre os frequentadores de lan houses.
Do montante, 59% possuem renda pessoal mensal, com ganhos até R$ 2 mil. Tais números foram
levantados pela pesquisa da consultoria Plano CDE junto à CDI Lan, no intuito de revelar o perfil
de 32 milhões de brasileiros adeptos ao acesso à internet em estabelecimentos do gênero. Grande
parte dos entrevistados integra as classes C, D e E, sendo que 43% dispõem de superior incompleto, 35% não concluíram o ensino
médio e 6% têm graduação universitária. O mapeamento também mostra que 43% dos clientes de lan houses residem na região
Nordeste e 38% na Sudeste; o Centro-Oeste responde por 7% e o Norte e Sul por 6% cada. “Esse cenário é uma característica da
mobilidade social vivida pela base da pirâmide, que têm entre seus jovens um público cada vez mais escolarizado do que os pais e
que, por isso mesmo, busca mais informação e tecnologia fora de casa por não ter computador ou acesso à internet”, observa Luciana
Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE. O estudo abrangeu cerca de 900 pessoas em diferentes regiões do Brasil.
C ocriação
O
cliente
que trabalha na empresa
Conheça uma forma de se relacionar com o cliente que vem ganhando cada vez
mais adeptos no mundo inteiro. Eis a cocriação, um modelo de gestão que torna o
consumidor um verdadeiro responsável pelo produto da sua empresa
34
o modelo tradicional de negócios, o dono da empresa tem uma
ideia, cria um produto, providencia os
mecanismos para elaborá-lo e depois
oferece o resultado final ao cliente. Nos
últimos anos, porém, as ferramentas
tecnológicas têm feito surgir um novo
tipo de consumidor, que passa a exigir
maior envolvimento em todo o processo de produção. Ele quer um produto
final customizado, ao seu gosto. Ele deseja participar da criação. Um dos grandes mentores do que se convencionou
chamar de cocriação é Francis Gouillart, que esteve em Porto Alegre, em
julho, participando do 12º Congresso
Internacional da Gestão, do PGQP. Ele
defende que as empresas adotem esse
modelo em que o cliente deixa de ser
um receptor passivo do produto final. E
mostra que isso pode ser vantajoso para
ambos os lados. A cocriação é mais bem
plicada na prática e, para isso, não faltam exemplos.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
como funciona
Um bom caso é a Fiat, que desenvolveu
um carro a partir da colaboração de milhares de usuários no mundo inteiro,
através de uma plataforma na internet.
O Fiat Mio, cujo slogan Um carro para
chamar de seu ilustra bem a ideia de cocriação, foi lançado no Salão do Automóvel de 2010, e não está finalizado: no site
www.fiatmio.cc, ainda é possível propor
alterações no veículo.
Outro exemplo é a campanha Faça-me
um sabor, da Ruffles: um concurso para a
Mathias Cramer (Tempo Real Foto)/ Divulgação PGQP
N
Referência em cocriação, Francis Gouillart
esteve em Porto Alegre
sugestão de novos sabores do salgadinho.
Os candidatos poderiam criar um sabor,
nomeá-lo, dizer quais ingredientes fariam
parte e, ainda, enviar uma foto que mostrasse a inspiração para a ideia. Em 2011,
foram selecionados três finalistas. Os sabores sugeridos foram lançados no mercado
em julho. O vencedor será escolhido por
votação do público e pela vendagem. Ao
final, o sabor escolhido será relançado, e
o cliente que o sugeriu terá direito a 1%
do valor das vendas. Mas por que trabalhar com cocriação? Quais os benefícios
em jogo? Para Gouillart, “a vantagem da
cocriação para o negócio é que ela reduz
o custo de produção do produto ou serviço, porque o cliente faz uma parte do
trabalho que era anteriormente feito pela
empresa”. Além do benefício financeiro,
passa-se a ter um cliente mais satisfeito
com o produto final, já que ele mesmo
participou da criação. “A natureza humana é inerentemente criativa”, afirma,
“e agora nós temos soluções tecnológicas
Em Porto Alegre, a Rede Marista
do Rio Grande do Sul foi vencedora na
categoria Melhor Campanha de Comunicação de Marketing no prêmio Aberje
2010, com um projeto de cocriação. Para
fazer a campanha anual de fidelização e
captação de alunos, o núcleo de comunicação da rede decidiu inovar, consultando grupos de pais e estudantes de todas as
escolas maristas do Estado. O resultado:
a publicidade da rede acabou retratando
uma escola mais próxima daquela vivenciada pelo seu principal público.
Lidiane Ramirez de Amorim, coordenadora do Núcleo de Criação da Rede
Marista, diz que a experiência foi um divisor de águas. Ela conta que uma frase dita
por um aluno – Anúncio sem graça é igual
à escola sem graça – foi tão importante que
norteou a elaboração de toda a campanha
Aprenda a ser feliz. A experiência deu tão
ressoar as ideias de Gouillart, para quem a
cocriação não é exclusividade de grandes
empresas. Segundo ele, é possível transformar o cliente em cocriador até mesmo
em pequenos negócios, como padarias e
açougues. Ele conta que já há casos de
restaurantes em que um grupo de pessoas
leva os ingredientes e encontra no local
um chef que cria a refeição baseado no
que eles trouxeram e no que pretendem
comer. Os exemplos deixam claro: não
importa que negócio você tenha, há sempre uma possibilidade criativa de estimular a participação do cliente.
Alunos foram verdadeira fonte de inspiração para campanha escolar
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
35
exemplo gaúcho
certo que está sendo repetida e ampliada.
Em 2010, foram consultados 32 alunos.
Este ano, o número subiu para 308, mais
63 pais ou responsáveis. Lidiane e sua
equipe descobriram há pouco, por exemplo, que os alunos não gostam de anúncios em que o estudante aparece sozinho
na foto. Sabendo disso, a campanha deste
ano mostrará os alunos interagindo, retratando melhor a experiência vivida em
ambiente escolar. “Quanto mais próximo
se chega da expectativa da pessoa, mais
chances há de dar certo”, diz Lidiane.
Essa experiência em ambiente escolar faz
Ascom/Divulgação Rede Marista
que nos permitem cocriar.” O especialista
completa: “A cocriação responde a uma
necessidade humana que sempre esteve
aí, mas a tecnologia agora auxilia para
que se supra essa necessidade”.
T reinamento
Capacitação
para prosperar no mercado
Empresas que investem em programas de treinamento para capacitar melhor
seus colaboradores crescem mais e criam grupos com conhecimentos e
capacidades exclusivas dentro de suas equipes
A
passo da contratação, pois a vivência na
profissão escolhida vale tudo. Mas existe
outra porta que está se abrindo devido ao
intenso medo da falta de colaboradores
habilitados: o treinamento.
Algumas empresas de grande porte
investem pesado para manter seus mais
valiosos funcionários, capacitando-os
cada vez mais e identificando talentos
em diversas áreas na hora de buscar pes­
soas no mercado de trabalho. No caso da
Neo­Grid, empresa que trabalha com busiDivulgação Panvel
formatura na universidade
significa liberdade para alguns, trabalho
para outros e frustração para outra parte
dos formandos. Com um mercado cada
vez mais exigente e à beira do apagão
profissional, somente com o título de curso superior e sem nenhuma vivência na
área é cada vez mais difícil se candidatar
a uma vaga de trabalho. Se o profissional
realizou estágios e colaborou com empresas que lhe deram experiência nesse processo da faculdade, ele pode estar a um
36
Aprimoramento de funcionários na Panvel
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
ness inteligence (inteligência de negócios),
a aposta é no treinamento em parceria
com universidades, com destaque para o
programa realizado no Centro de Inovação da Pucrs. De acordo com Lúcia Melo,
analista de recursos humanos sênior, “o
objetivo desse curso é capacitar profissionais do mercado com ferramentas que
a empresa está utilizando no momento
para que possamos selecioná-los para as
nossas vagas, é um curso e uma seleção”.
Na sua terceira edição no ano de
2011, o treinamento é voltado para formandos e recém-formados na área de
Tecnologia da Informação (TI) e tem
sido realizado uma vez por semestre. Dos
16 participantes da primeira edição, seis
foram contratados pela NeoGrid. Um dos
selecionados da primeira turma de 2011,
Diogo Cunha, diz que “sem o curso oferecido no Centro de Inovação da Pucrs
seria muito difícil ser contratado pela
Neo­Grid ou por outra empresa do mesmo
porte”. O maior benefício para Cunha foi
aprender novas maneiras de trabalhar e
se tornar um recém-formado empregado.
“Esse tipo de programa de capacitação
lúcia simon
durante um tempo considerável. Existem diversos treinamentos internos para
aprimorar e manter o conhecimento dos
funcionários no estado da arte. É o caso
da Panvel, que possui um sistema de aprimoramento de seus farmacêuticos.
De acordo com Leonor Moura, farmacêutica líder do apoio técnico da
Panvel, “uma vez por ano é realizado um
evento, com duração de dois dias, chamado de Farma Ativo, onde farmacêuticos de todas as lojas da rede comparecem
de modo revezado para receber novos conhecimentos técnicos e motivacionais”.
Durante o ano existem eventos menores,
muitos deles sugeridos pelos próprios profissionais para tratar de assuntos relativos
a diabetes, produtos de inverno, vitaminas e medição de glicose.
Além desse programa, existem outros
para os demais colaboradores das lojas.
O Universo de Beleza busca aprimorar as
consultoras das lojas em relação aos produtos de beleza e perfumaria. Já o Panvel e
Suas Pessoas busca treinar os funcionários
em técnicas de vendas e informações gerais do grupo, aberto para todos os funcionários da rede.
Divulgação Neogrid
é formado em parceria com as empresas
que têm a necessidade de profissionais
de TI. Há uma cocriação de um novo
serviço, alicerçado na confiança e transparência entre universidade e empresa”,
reforça Ionara Rech, mestre em Administração e coordenadora de Negócios
do Centro de Inovação da Pucrs.
Segundo Eneida Azeredo, diretora da
Azeredo RH, existem diferenças entre o
que é aprendido na faculdade e o mundo
real do mercado. Os conhecimentos acadêmicos são extremamente válidos, mas
as empresas buscam pessoas com perfis
que vão um pouco além. Ela explica que
o candidato que procura fazer um trainee
deve “possuir hábitos de leitura e uma flexibilidade muito boa para poder atuar em
qualquer setor de uma empresa”.
Outros modelos
Curso da NeoGrid no Centro de Inovação da Pucrs
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
37
A área de TI tem um predomínio
sobre os programas de treinamento por
possuir muita demanda, porém a área
farmacêutica está começando a crescer e
pode ser considerada a próxima novidade no mercado. As corporações também
investem alto em capacitação com colaboradores que já trabalham na empresa
E ntidade
Nova sede
tem projeto definido
Concurso realizado pela Fecomércio-RS definiu o projeto para a nova sede da
entidade. Com cronograma estipulado, em julho de 2014 o complexo às margens da freeway
A
38
ntes de desenvolver um projeto sustentável, a Fecomércio-RS preocupou-se em alcançar integralmente
os objetivos para a construção da nova
sede. Para isso, surgiu internamente a
proposta de realizar um concurso para
escolher o projeto mais adequado.
“Consideramos bastante adequado,
era a forma mais correta”, comenta o
vice-presidente da federação, Flávio
Gomes, que coordenou o projeto pela
Fecomércio-RS.
A seleção foi realizada em parceria
com o Instituto de Arquitetos do Brasil
(IAB-RS). O Concurso Público de Arquitetura e Urbanismo contou com a
inscrição de 33 projetos, dos quais quatro
foram indicados pela comissão de jurados
do instituto. “Uma comissão da Fecomércio-RS selecionou o projeto que melhor
atendia às necessidades da entidade.”
O arquiteto Emerson José Vidigal, de
Curitiba (PR), assinou a proposta vencedora, que prevê a construção do Centro
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Administrativo do Sistema
Fecomércio-RS, Sesc e Senac,
Centro de Convivência, Centro de Eventos Sesc e Centro
Educacional Senac.
Às margens da freeway,
em Porto Alegre, o complexo
de 19 hectares terá área construída de 160 mil m² e estrutura ecologicamente sustentável. A garagem projetada comportará
3.500 vagas e, no projeto escolhido, foi
prevista uma área administrativa de 20
mil m², a criação de um Centro Educacional Senac-RS, que atenderá feiras e
eventos, além de uma arena multiuso
com capacidade para 10 mil pessoas.
A entrada do complexo será por duas
vias: pela Fernando Ferrari e também
entrada pela freeway.
O arquiteto Gabriel Cruz Grandó, de
Porto Alegre (RS), conquistou a segunda colocação, seguido por Tarso Carneiro. Em quarto lugar ficou o trabalho da
Blackbox/Divulgação
receberá o departamento administrativo
equipe liderada por Alípio Pires Castelo
Branco, de Belo Horizonte (MG).
Cronograma
Conforme Flávio Gomes, a Fecomércio-RS acredita que nos próximos 18 meses a construção deve ser aprovada nos
órgãos competentes. “Acreditamos que a
primeira fase de construção estará pronta
em julho de 2014, quando a Fecomércio-RS pretende transferir sua estrutura
administrativa.” A conclusão total só
ocorrerá após a instalação de todos os
equipamentos do Sesc e Senac.
P ersonalidade
Um
novo
modo de empreender
Conhecido pela sua competência e liderança, Jack Welch é
alguém a ser estudado, como também fonte de inspiração
quando o assunto é liderança no mundo dos negócios
ormado em Engenharia Química na
Universidade de Massachusetts, com
mestrado e doutorado na mesma área,
Jack Welch ficou conhecido pelo trabalho desenvolvido na General Electric (GE), multinacional de serviços e
de tecnologia. Welch iniciou na companhia em 1960 e após 21 anos, aos
45 anos de idade, assumiu o comando
da organização. Suas táticas e perspicácia fizeram com que o valor de mercado da empresa aumentasse de US$
13 bilhões para US$ 400 bilhões. A
GE angariou uma enorme expansão
sob sua liderança, e assim, o executivo desenvolveu uma inovação na esfera empresarial e alterou as regras do
jogo, de como uma corporação deve
conduzir seus negócios.
Nomeado Gerente do Século pela
revista Fortune no ano 2000, hoje
Welch é diretor da Jack Welch, LLC,
onde trabalha com consultoria e realiza palestras direcionadas a pessoas e
estudantes de diversos países. Instituiu
há pouco tempo também o Jack Welch
Management Institute, um programa de
MBA online que objetiva proporcionar
aos estudantes de todo o mundo e em
todos os níveis da carreira ferramentas
para transformar suas vidas e as organizações do futuro.
O executivo também é autor dos livros: Jack Definitivo e Paixão por Vencer
– A bíblia do sucesso, este último escrito
com Susy Welch e inspirado nas viagens
e no contato com o mundo corporativo, promovendo palestras e conversas
sobre negócios.
Essa celebridade do mundo dos negócios possui modos práticos e objetivos de pensar no cerne de uma gestão.
Segundo Welch, cada um tem uma forma de lidar com o comando e se guia a
partir de suas próprias regras. Confira
alguns preceitos que pautam Welch, segundo o livro Paixão por vencer:
- Os líderes otimizam seus colaboradores. Em cada contato, objetivam
avaliar, treinar e incentivar a autoconfiança dos funcionários.
- O comportamento da equipe deve
estar alinhado com a missão da empresa. São necessárias metas precisas
e a comunicação delas de modo claro,
além de incentivos financeiros.
- O líder influencia o comportamento de seus colegas de trabalho. É
importante transmitir boas energias e
otimismo.
- Sinceridade é primordial. Auxilia
a estabelecer vínculo de confiança com
os colaboradores. Para isso acontecer, é
preciso não omitir informações, reconhecer que merece e não se apropriar
de ideias alheias e usá-las como próprias, como também assumir as falhas e
compartilhar dos méritos angariados.
- Um líder de verdade sabe tomar
decisões difíceis. E elas são inevitáveis.
É necessário ouvir as queixas, argumentar as decisões e seguir adiante.
- Incentivar descobertas através de
curiosidades e perguntas que motivem o
desenvolvimento de algo é tarefa de um
bom líder também. A partir de discussões sobre alguma decisão ou proposta,
ele pode indagar as possibilidades de o
assunto ser discutido em outras esferas.
Gerar debates e assuntos que originem
ações criativas posteriores.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
39
F
S esc
Muito
além do objetivo
O Programa Mesa Brasil Sesc reúne mais de 500 empresas parceiras em todo o Estado,
unidas em nome de um bem maior: a qualidade de vida. Saiba mais sobre a iniciativa e
entenda por que a sua participação faz a diferença
M
De acordo com a gerente de Educação e Ação Social do Sesc-RS, Loide
Trois, um dos objetivos do programa é coletar alimentos excedentes e distribuí-los
a instituições previamente cadastradas, as
quais serão monitoradas pelo programa.
Contudo, esta é apenas a base do Mesa
Brasil. O maior diferencial da iniciativa
é o forte eixo estabelecido com as ações
educativas. “Faz-se um mapeamento das
instituições parceiras, as quais nós auxiViviane Souza/Lar das Vovozinhas
uitas são as ações que mobilizam uma comunidade em prol de
uma causa. Poucas são aquelas que vão
além do objetivo que perseguem. É o
caso do Mesa Brasil, do Sesc, presente
em 27 estados brasileiros e atuante no
Rio Grande do Sul desde novembro de
2003. A ideia da iniciativa é desenvolver uma colheita urbana de alimentos,
de acordo com os critérios da segurança
alimentar e nutricional.
40
Lar das Vovozinhas, em Santa Maria, é uma das beneficiadas pelo programa
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
liamos por meio de oficinas e cursos de
capacitação, de acordo com o foco em
que elas atuam, seja assistência ou educação, por exemplo”, explica Loide.
Segundo a gerente, as ações educativas são o ponto de destaque do Mesa
Brasil, pois são a prova de que, ao levar
conhecimento e práticas inovadoras a
outras instituições, é estabelecido um
sistema cíclico, constante. “As instituições ficam aptas a qualificar sua equipe, seja para gerenciamento do local
ou para outros pontos que precisam ser
trabalhados na estrutura”, aponta a gerente de Educação e Ação Social.
A mobilização em prol da qualificação, além das oficinas, mostra o quanto
o Mesa Brasil vai além do recebimento
do alimento. “Não ficamos apenas na
entrega dos alimentos, fazemos essa
interferência que transforma a vida das
pessoas”, comenta Loide, lembrando
que o programa recentemente lançou
um livro com receitas fáceis e de alto
valor nutricional, o que pode ser uti-
Divulgação Sesc/RS
lizado não apenas pelos parceiros do
Mesa Brasil, mas também por outras organizações. Atualmente, participam do
programa: Cachoeira do Sul, Erechim,
Caxias do Sul, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria e Vales do Taquari e
do Rio Pardo (municípios de Lajeado,
Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires).
A importância
de participar
Balanço
Confira alguns resultados do Mesa Brasil no primeiro semestre de 2011. Mais
informações pelos sites www.sesc.com.br/mesabrasil e www.sesc-rs.com.br/mesabrasil
Quantidade de doações distribuídas (toneladas): 1.221.119
Alimentos arrecadados: 1.178.946
Instituições receptoras cadastradas (sistemáticas e eventuais): 736
Número de refeições complementadas: 13.044.976
Pessoas beneficiadas: 60.004
Empresas doadoras e parceiras (sistemáticas e eventuais): 527
Ações educativas: 343
Pessoas capacitadas: 7.739
Vantagens para as empresas
Conheça os benefícios de ser um doador:
Ampliação de ações de Responsabilidade Social e Cidadania Corporativa da
empresa com a doação de produtos que não teriam aproveitamento comercial
Isenção do ICMS (Confaz – Decreto n° 41.374 de 30 de janeiro de 2002, Art.1)
para os produtos e serviços doados ao Mesa Brasil Sesc
Diminuição de custos com operações de logística e eliminação de produtos sem
valor comercial
Participação no site e informativos do Mesa Brasil
Certificação como Empresa Parceira
Autorização de utilização da marca (logo) no material institucional de sua empresa
Retorno em relatório e informativos das ações desenvolvidas
Participação em cursos e eventos do Programa
Fonte: Sesc-rs
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
41
De acordo com o gerente de Marketing da rede de supermercados Guanabara, Luciano Canteiro, quanto mais empresas se unem em nome de uma causa,
melhor para a sociedade. No caso desta
rede de Rio Grande, a prática de ajudar
está presente na empresa desde sua fundação. São 45 anos de contribuição para
a comunidade. “Para nós, é importante
darmos continuidade ao trabalho que já
vínhamos fazendo. Isto não é uma ação
de marketing, acreditamos nesse projeto
e por isso firmamos a parceria”, afirma.
Para o presidente da Associação Amparo Previdência Lar das Vovozinhas,
Sérgio Severo, iniciativas como a do Sesc
garantem mais que o recebimento de donativos. “Com o dinheiro que economizamos na compra dos alimentos, investimos
em reformas para a casa”, diz Severo. Ele
afirma que há muitas pessoas interessadas
em doar, mas não havia alguém para se
responsabilizar pela captação e distribuição do material. “O Mesa Brasil veio para
preencher essa lacuna, e tem suprido a
necessidade e melhorado as condições
de muitas entidades beneficentes”, destaca. O Lar das Vovozinhas atua há 65
anos em Santa Maria, e atualmente cuida de 200 idosos. “Estamos melhorando
dia a dia”, garante Severo.
S enac
Feira
reúne
projetos de estudantes do Senac-RS
A 2ª Feira de Projetos reúne 65 pesquisas de alunos das escolas do
Senac-RS de todo o Estado. Agendado para os dias 11 e 12 de agosto, o evento
tem entrada gratuita e é aberto a toda comunidade
C
fotos: Divulgação Senac-RS
om o tema Conhecimento e atitude podem salvar o planeta, a segunda edição da Feira de Projetos acontece entre
os dias 11 e 12 de agosto no Centro de
Eventos da Fenac, em Novo Hamburgo.
Conforme Roberto Sarquis Berte, gerente do Núcleo de Educação Profissional, a
feira tem a proposta de mostrar o desenvolvimento dos alunos das escolas Senac
de todo o Estado.
A Feira de Projetos tem a proposta de
aprimorar e divulgar a produção científica e tecnológica desenvolvida pelos estudantes de todos os níveis educacionais do
Senac-RS, possibilitando ainda a troca de
42
Alunos de Bagé venceram a Feira de Projetos e
também conquistaram prêmios na Fecitep 2010
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
experiências entre as escolas que integram
a Instituição. De acordo com o gerente
do Núcleo de Educação Profissional, a
intenção é possibilitar maior visibilidade
e socialização dos avanços de projetos de
pesquisa científica e tecnológica realizados
na entidade. Todas as escolas Senac foram
convidadas a participar – algumas delas realizaram feiras internas para selecionar.
As propostas apresentadas na Feira de
Projetos serão analisadas tecnicamente a
fim de identificar as melhores iniciativas.
“Cada projeto será avaliado por dois profissionais”, explica Berte. Dez trabalhos
serão selecionados para participar da
Feira Estadual de Ciência e Tecnologia
da Educação Profissional (Fecitep), que
acontece em outubro. Os três primeiros
colocados, dos cursos técnicos e dos cursos de formação inicial e continuada, serão premiados.
Foram inscritos 65 projetos: 37 de
Formação Inicial e Continuada (FIC), e
28 de nível Técnico. Contam com proje-
Vencedores da premiação da feira de projetos 2010
tos inscritos as unidades do Senac Bento
Gonçalves (4 projetos), Ijuí (5), Santa
Cruz (4), Taquara (1), Gravataí (2), Comunidade Zona Norte (1), Santana do
Livramento (1), Uruguaiana (3), Lajeado
(3), Bagé (9), Carazinho (1), Comunidade Centro (1), Canoas (2), Fatec – Poa
(2), Rio Grande (4), São Luiz Gonzaga
(1), Camaquã (5), Montenegro (1), São
Borja (1), Cachoeira do Sul (2), Pelotas
(4), Novo Hamburgo (1), Informática (1),
Três Passos (1), Santa Rosa (1), Santa Maria (2), Passo D’Areia (1) e São Leopoldo
(1). Além desses, serão expostos na feira
outros dois projetos do Ensino Superior.
Tecnologia
na mira do Senactech
A 6ª edição do maior evento voltado para tecnologia do Senac-RS acontece nos
dias 16 e 17 de agosto, com os temas design, programação, gestão e negócios e
infraestrutura. Confira os detalhes da programação
Gestão e negócios: TI Verde e
Gráficos avançados no Excel. Infraestrutura: Ferramentas para
pro­jeto e simulação de redes de
computadores, Filtros inteligentes,
otimizando sua internet, Fundamentos de administração do Windows Server 2008 e Introdução a
ferramenta de monitoramento de
redes Nagios.
A programação para o segunda dia inclui: Jogos digitais, Construindo com AutoCAD, Ambientes planejados com Promob, Ilustração digital
com Photoshop e Illustrator, Edição de
vídeo com After Effects e Premiere, Criação de portfólio (Design), Programação
Android, PHP com Postgres, HTML 5.0
(Programação), Governança de TI, Redes
sociais, Tendências em nomes de domínio,
Excel Dashboard: painéis estratégicos (Gestão e Negócios), Servidor VOIP, Debian
para servidores e Espelhamento de discos via
software (Infraestrutura).
nes: mercado, tecnologias e como participar. No mesmo horário, no dia seguinte, Martha Gabriel palestra sobre A
era da busca.
minicursos
Os minicursos sobre design são:
Maquetes eletrônicas com 3DS max, Efeitos mágicos com Photoshop, Blender 3D
e Fotografia digital. Sobre programação:
Introdução a linguagem SQL, Java EE,
JavaScript/jQuery: conceitos e utilização
e Introdução ao NoSQL (MongoDB).
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
43
nualmente o Senac-RS
abre as portas da sua Faculdade
de Tecnologia, em Porto Alegre,
e reúne importantes nomes do setor a fim de incentivar a troca de
informações. No Senactech, professores apresentam as principais
novidades dos segmentos em que
a instituição atua. De acordo com
Paulo Leal, coordenador de Informática do Senac-RS, o encontro
tem como público-alvo estudantes de
cursos de Tecnologia da Informação,
empresários e usuários. “A expectativa
é de recebermos nos dois dias de evento
aproximadamente 600 pessoas para os
minicursos e palestras.”
Segundo Leal, a entidade trabalhou
fortemente a questão dos minicursos e
palestras. “Preparamos uma programação com mais de 30 minicursos e duas
grandes palestras.” No dia 16 de agosto, às 19h, Felipe Kellermann aborda
em sua apresentação o tema Smartpho-
Divulgação Senac-RS
A
E quipes
O diferencial
é saber identificar o talento
Pessoas com habilidades distintas podem fazer a diferença, mas nem sempre as
empresas buscam explorar as características de trabalho dos colaboradores. Saiba
quais são as vantagens em praticar esse exercício
O
Francisco Dias/Divulgação
processo para se definir
qual cargo o colaborador deve ocupar
no trabalho não é uma tarefa fácil. É
preciso explorar a fundo e transformar
o trabalho em um desafio para extrair a
essência profissional e pessoal de cada
funcionário. Nem todos estão dispostos
a passar por sacrifícios para descobrir as
próprias características e se encaixar na
função mais adequada ao seu perfil.
Existem seleções de profissionais
abertas publicamente pelas empresas,
em que, segundo Jorge Elias, Mestre em
44
Roberto Sirotsky (D) apostou no trabalho de Nicolas Motta
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
Administração da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia
da Pucrs, se utiliza o método tradicional de seleção, com busca de pessoas
no mercado. Também podem optar por
utilizar a “prata da casa”, quando surge
uma oportunidade para que o colaborador que já trabalha na empresa possa
alavancar sua carreira. Nesses casos a
comunicação com gerentes e gestores é
um grande trunfo para que os colaboradores que já atuam na empresa possam ser escolhidos pelos seus superiores
para concorrer a uma vaga diferente da
sua função atual.
É o caso do Peruzzo Supermercados,
rede varejista do interior do Rio Grande
do Sul, onde os gerentes são orientados
para prestar atenção nos funcionários
que são diferenciais. Raquel Barreto,
psicóloga organizacional da empresa,
relata que “os colaboradores se destacam por exercer influência e por fazerem coisas além das suas funções sem
que alguém tenha solicitado. Eles se
diferenciam por serem formadores de
opinião. A conduta vale muito e os gerentes ficam de olho nesse potencial”.
De empacotador
a diretor
Caso de Emerson Moreira, atual diretor comercial do Peruzzo, trabalhando
com a empresa desde 1998. Ele iniciou
suas atividades como empacotador e em
três meses começou a trocar de função,
passando por repositor, fiscal de caixa até
chegar à gerência da primeira loja do
grupo e posteriormente trabalhando na
atual função. Devido ao conhecimento
em informática, ele foi selecionado para
fazer um treinamento para trabalhar no
centro de processamento de dados, mudando o seu direcionamento do trabalho
dentro da empresa. “Um dos motivos de
trabalhar no Peruzzo foi justamente a
oportunidade que a empresa oferecia para
aqueles que se destacavam, na aposta que
ela tem em treinar os colaboradores para
outras funções”, explica Moreira.
lúcia simon
Habilidades distintas
De acordo com a teoria de Howard
Gardner, psicólogo cognitivo e educacional norte-americano, existem oito
inteligências possíveis dentro de cada
ser humano, talentos, os quais contêm
também subinteligências, ou seja, a
mistura dessas habilidades.
As empresas hoje buscam profissionais de acordo com as suas necessidades
e devem extrair desses colaboradores a
sua real aptidão dentro da profissão escolhida. A busca por esse talento nem
sempre passa por seleções complicadas
e demoradas. No caso da 3YZ, agência
digital sediada em Porto Alegre, a empresa procura por pessoas de variados
perfis para ocupar funções em que muitas vezes elas precisam inovar em algum
projeto e trabalhar em equipe. Um dos
casos de destaque é o de Nicolas Motta, sócio da empresa há um ano e meio.
“Ele começou na área de planejamento, conseguiu trabalhar na parte de comunicação e hoje é sócio da empresa”,
conta Roberto Sirotsky, sócio criador
da 3YZ.“O que nós mais buscamos é
alguém que goste de comunicação, que
goste dessa vivência no online, a troca de informações, a interação através
da comunicação digital”, diz Motta. As
áreas na empresa dos dois sócios são diversificadas, com oportunidade para que
os colaboradores trabalhem em equipe
e desenvolvam suas habilidades com os
colegas, uma maneira mais simples de
identificar quem é melhor para isso ou
para aquilo e até mesmo modificar as
funções durante o trabalho na agência.
Segundo Jaqueline Mânica, professora da Pucrs e consultora de Recursos
Humanos, para se colocar o colaborador na função de acordo com suas
características, o principal é fazer um
trabalho de coach em equipe, onde será
avaliado o perfil do colaborador. Levando-se em conta a característica da
empresa, a consultora explica que “não
se deve forçar a pessoa a trocar de área
se aquilo a agride de alguma forma. O
importante é avaliar o que o grupo tem
em comum, os pontos fortes e fracos da
equipe e trabalhar no acompanhamento, ou seja, o coach”. Ela ainda ressalta:
“O colaborador precisa ficar à vontade
com sua ocupação, tomando a decisão
de ocupar ou não determinado cargo”.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
45
Hoje o Peruzzo possui uma escola
de líderes, com quatro turmas formadas, e o Trainee para estudantes universitários que tenham interesse na
área de varejo. O acompanhamento
dos selecionados na escola de líderes é
feito durante dois anos, mantendo encontros mensais onde os colaboradores
são informados sobre o que o líder precisa saber, como áreas de departamento pessoal e contabilidade.
Divulgação/ Fecomércio-RS
Visão Econômica
Marcelo Portugal
Consultor econômico da Fecomércio-RS
“Não faltam oportunidades de emprego, mas são escassos os profissionais
com qualificação elevada para ocupar as vagas existentes.”
46
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
O pleno emprego
Eu me formei em economia em 1984. Bem
no meio da década perdida. Conseguir um
emprego, naquela época, não era uma tarefa
muito fácil. Hoje, as condições do mercado de
trabalho são muito diferentes daquelas que eu
enfrentei como recém-formado. Na verdade,
nesses 27 anos como economista não consigo
me lembrar de outro momento em que o mercado de trabalho tenha estado tão aquecido.
Na minha vida de jovem economista, o
principal desafio a ser vencido na busca pelo
crescimento econômico do país era a estabilização macroeconômica e política. O Brasil tinha
uma dívida externa muito elevada e padecia de
uma contínua aceleração inflacionária, interrompida apenas por planos populistas de congelamento de preços. Por outro lado, a democracia ainda engatinhava nos anos 1980 e os
discursos socialistas de ruptura com o chamado
“modelo econômico” não ajudavam a criar um
ambiente de estabilidade institucional propício
ao investimento produtivo. Em uma situação
de grande grau de incerteza macroeconômica e
institucional, os empreendedores não investem
e, consequentemente, a economia não cresce.
O Plano Real, as privatizações e algumas
reformas modernizantes, infelizmente incompletas, ajudaram o país a vencer o desafio da
estabilidade econômica. Institucionalmente o
país também evoluiu, com a disputa pelo poder
sendo travada por meio de eleições limpas. O
discurso político da ruptura deu lugar ao das
mudanças gradativas.
Atualmente, o principal elemento a limitar
a expansão da economia tem sido, e será nos
próximos anos, a falta de mão de obra, especialmente a de maior qualificação. Pela primeira vez em várias décadas o país encontra-se
próximo do pleno emprego. Não faltam oportunidades de emprego, mas são escassos os profissionais com qualificação elevada para ocupar
as vagas existentes. A forte elevação dos vistos de trabalho fornecidos pelo Ministério das
Relações Exteriores é um sinal claro da nossa
deficiência em mão de obra qualificada.
Alguns avanços têm sido feitos. Na última
década, praticamente todas as crianças de 7 a
14 anos foram matriculadas na escola. Falta,
contudo, melhorar a qualidade do ensino básico para que essas crianças desenvolvam os
conhecimentos elementares em português e
em matemática que as habilite a uma espacialização profissional posterior.
O ensino e a qualificação profissional elevam a produtividade do trabalho, contribuindo
de forma simultânea para o crescimento econômico e para a melhoria na distribuição de
renda. Trabalhadores mais produtivos geram
mais valor e, portanto, se apropriam de uma
parte maior da riqueza que é gerada no país.
G lossário
Com a assinatura
da empresa e a qualidade do varejo
No Brasil, as marcas próprias vêm se consolidando no mercado. Atualmente,
18,6 milhões de consumidores utilizam produtos do segmento, adquiridos em diferentes
estabelecimentos comerciais. Entenda mais sobre as marcas próprias
or muito tempo, o estigma de produto genérico acompanhou a marca
própria. O tempo e o investimento da
indústria a transformaram em uma opção tão válida quanto a aquisição de
itens da linha premium. A qualificação
dos processos levou o segmento a abrir
espaço nas gôndolas, deixando para
trás o conceito equivocado de mercadoria barata e de segunda linha. Hoje, na
quarta geração, vem conquistando brasileiros e varejistas. Levantamento da Nielsen, realizado no ano passado, identificou
mais de 65 mil artigos disponibilizados no
varejo nacional, comercializados em 330
empresas, entre supermercados, atacadistas e farmácias pesquisadas. Destacam-se
panetones (38,6% do volume da categoria), derivados de tomate (32%), envoltórios de alimentos (30%), guardanapos de
papel (27,7%) e pão de queijo (27,7%).
As marcas próprias pertencem aos
varejistas e atacadistas sob registros e comercialização exclusiva. Elas entraram no
Brasil no início do século 20 e receberam
a respectiva denominação justamente
para diferenciá-las das demais. Nos seus
primórdios, a embalagem trazia apenas o
nome da mercadoria, como feijão, arroz
e massa. Com o passar dos anos, a competição acirrada, as exigências dos consumidores contemporâneos e a inserção de
novas bandeiras internacionais influenciaram no incremento do setor e na elevação dos padrões de excelência.
As melhorias surtiram efeito. No
primeiro semestre de 2010, os itens com
a assinatura do varejo integraram-se à
cesta de cerca de 18,6 milhões de shoppers, dígitos que representam 49,7% dos
lares em âmbito nacional. Ainda que a
sua participação no cenário brasileiro
tenha aumentado, quando comparada
ao panorama mundial, é considerada
pequena. A Europa lidera em market
share de marca própria, tendo na Suíça
e no Reino Unido, abocanhado 46% e
43% do mercado, respectivamente. “Há
espaço a ser explorado no Brasil e também na América Latina”, explica César
Gasperini, responsável pelo estudo.
Quem é o consumidor de marcas próprias?
O 16° Estudo de Marcas Próprias Nielsen revelou a face dos consumidores
brasileiros adeptos a artigos do gênero. Na faixa etária de 41 a 50 anos, eles
possuem nível socioeconômico alto e residem em domicílios ocupados por
quatro ou cinco pessoas. Integram o grupo dos chamados Conscientes e Maduros bem-sucedidos. Apesar dos preços mais em conta, o consumidor de marcas
próprias não pertence à base da pirâmide. Segundo a pesquisa, é crescente
o consumo nos lares de classes mais abastadas, evidenciando o seu potencial
mercadológico e o incremento qualitativo na concepção dos produtos.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
47
P
caroline corso
Visão Política
Fernando Schuler
Cientista político do Sistema Fecomércio-RS
“O ensino público brasileiro foi universalizado, mas tem
uma péssima qualidade.”
E ducação: por que
48
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
não vamos para frente?
Já virou lugar comum, no nosso debate
público, a ideia de que a educação é a grande prioridade nacional. Seja na área política
ou entre as lideranças empresariais, não há
quem discorde disto. Vale então a pergunta:
se todos concordam, por que a educação no
país não melhora? Ou, ao menos, por que
não melhora significativamente?
O Brasil de hoje é feito de algumas ótimas notícias. Os analistas dizem que viveremos nesta e na próxima década a chamada
“janela demográfica”, período em que o país
terá a maior quantidade relativa de cidadãos na idade mais produtiva, criando as
melhores perspectivas para o crescimento
da economia. As boas notícias conti­nuam:
houve redução significativa da pobreza
brasileira: de 42% para 23%, entre 1993 e
2010. Nesse mesmo período, praticamente
universalizamos a frequência das crianças
ao ensino fundamental. Foram duas boas
décadas para o Brasil.
O ponto é que poderíamos ter ido muito
melhor. Dos 23% de pessoas abaixo da linha
de pobreza no Brasil, quase a metade é constituída por jovens. Indo direto ao ponto: metade das crianças brasileiras com até 10 anos
de idade são pobres. Todas elas, e mais um
enorme contingente de crianças brasileiras
da chamada “classe C”, dependem da escola
pública para estudar. E aí começa o problema. O ensino público brasileiro foi universalizado (para o ensino fundamental), mas tem
uma péssima qualidade. Há um problema
crucial a ser enfrentado quanto à qualidade
do ensino que é oferecido a nossas crianças
oriundas de famílias mais pobres.
Do modo como nosso sistema educacional
encontra-se hoje estruturado, está se criando
um verdadeiro apartheid social no Brasil. Os
ricos e a classe média colocam seus filhos para
estudar nos colégios privados, de melhor
qualidade, enquanto os mais pobres sofrem
com a escola pública de má qualidade. Isto
só faz, ao longo do tempo, aumentar ainda
mais a desigualdade social. Pergunta-se: por
que, em vez de insistirmos em um modelo
falido de escola estatal, presa aos interesses
corporativos dos sindicatos, avessa ao mérito,
em que os bons professores (a maioria) não
dispõem de condições estruturais de gestão
adequadas para trabalhar, não apostamos em
um modelo em que o Estado compra vagas e
viabiliza o acesso de todos às escolas das redes comunitárias e privadas? O ProUni, extraordinário programa, está aí para mostrar
que isso é possível. Eis aí uma boa bandeira
para a agenda empresarial brasileira.
&
Mais
Menos
Brasil inovador
Empresas calçadistas em alta
Caroline Corso
As micro e pequenas empresas do setor coureirocalçadista que participaram do Estande Coletivo
do RS na Francal 2011 superaram as expectativas,
atingindo o montante de
R$ 11,6 milhões
em negócios realizados, 45% a mais do total registrado em 2010.
O Brasil subiu na posição do ranking
global de inovação. Organizado pela
Confederação da Indústria da Índia, em
parceria com o instituto Insead e com a
Wipo, entre os 125 países participantes,
o Brasil saltou da 68ª para a
47ª posição.
Recorde em uvas
Mais conveniência
Chances para classe C
Segundo dados do Sindicato Nacional das
Empresas Distribuidoras de Combustíveis
e de Lubrificantes (Sindicom), o número de
lojas de conveniência registrou um aumento
A classe C agregou mais pessoas no
Brasil. Mais de
39 milhões
O Estado teve uma produção recorde de
uvas neste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), foram
colhidos 707,2 milhões de quilos da fruta,
registrando uma alta de
5%
de brasileiros se incorporaram à classe
entre 2003 e 2011,segundo dados da
Fundação Getulio Vargas (FGV).
34%
Empréstimo turístico
Importação
de carros deve subir
Licenciamento
superior, se comparado ao varejo.
Os financiamentos prestados pelos bancos direcionados às empresas de turismo
só neste ano já superaram o montante
cedido entre 2003 e 2006. De janeiro a
abril de 2011 já foram emprestados
R$ 2,3 bilhões
pelos bancos brasileiros.
Mais carros importados devem entrar
no Brasil, segundo representantes do
setor automotivo e do Sindicato dos
Metalúrgicos do ABC paulista.
A entrada dos veículos deve crescer
52%
só neste ano, comparado a 2010.
em relação ao ano passado.
De acordo com pesquisa do Licensing
Brasil Meeting, o mercado de licenciamento no Brasil movimentou
R$ 4,2 bilhões
no ano passado. Uma parte advém da
aposta de pequenas e médias empresas
no licenciamento de marcas e personagens
para competir com a concorrência.
Viagens na copa
de viagens pelo país. Segundo pesquisa
da FGV, os trajetos serão realizados por
600 mil turistas de fora e quase 3 milhões de brasileiros que circularão entre
as cidades-sede.
Segundo o Ibope,
R$ 7,18 bilhões
é a expectativa de investimentos que o
brasileiro fará este ano na compra de livros
e publicações impressas.
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
49
8 milhões
Brasileiros na prospecção da leitura
Caroline Corso
A Copa de 2014 no Brasil vai originar
Arquivo pessoal
Negócios
Nicola Minervini
Diretor da International Marketing Consulting e autor dos livros O Exportador e Consórcios de Exportação:
Como (não) fazê-los. Consultor associado da Genesis Internacional
“Este é o momento ideal para se incrementarem as visitas às feiras
internacionais e participar de missões empresariais.”
A importância da participação
50
Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76
em missões e feiras internacionais
A feira internacional é o mais importante meio de promoção, informação, comunicação e formação para as empresas que
querem continuar competitivas, tanto no
mercado externo como no interno.
A Europa é considerada o continente
das feiras, onde são realizados 44% desses
eventos no mundo, em particular na Alemanha, Itália, França e Espanha.
Apesar dos avanços da internet, a feira
ainda é a forma mais barata, prática e rápida
para se auferir o estágio da competitividade
da empresa. Representa um grande ‘fornecedor’ de ‘matéria-prima’ para o plano de
negócios, pois se tem ao alcance em um
único lugar as tendências em tecnologia,
design, níveis de preços e novos fornecedores, entre outros, de um setor específico.
Considerando a atual conjuntura brasileira – dólar favorável para importações,
mercado interno aquecido, grandes projetos
de investimentos e eventos esportivos internacionais no calendário –, este é o momento ideal para se incrementarem as visitas às
feiras internacionais e participar de missões
empresariais, visto que o Real valorizado
também facilita as viagens ao exterior.
Este é o momento para buscar novos fornecedores, novos produtos, novas ideias e fazer um ‘benchmarking’ com empresas similares
de muitas partes do mundo, além de se buscarem parceiros para alianças estratégicas.
Ressalto o tema das alianças, pois, se não
buscarmos aumentar nosso poder contratual, nossas vantagens competitivas (como
produtos inovadores, por exemplo) integrando experiências, temos poucas chances
de continuar competindo.
Participando em grupos nessas iniciativas, o empresário, além de reduzir os custos, tem muito mais visibilidade, pois se
oferecem oportunidades de fazer contatos
em nível estratégico, seja de interlocutores
comercias ou de autoridades no país visitado.Participando de feiras e de missões
empresariais internacionais teremos mais
chances de contatar uma elevada concentração de público e de concorrentes;
buscar novos fornecedores; buscar novos
produtos; participar em eventos paralelos
para avaliar as tendências; obter informações de mercado; avaliar a competitividade da nossa rede de fornecedores, e ‘tomar
o pulso’ do mercado.
Download

Baixar PDF - Fecomércio-RS