Entrevista genebaldo freire dias fala sobre o compromisso do brasil com o meio ambiente Fecomércio-RS BENS&SERVIÇOS Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 76 / AGOSTO 2011 guia de gestão Saiba mais sobre a arte de negociar SUSTENTABILIDADE fecomércio-RS lança campanha pela coleta de lixo eletrônico Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] www.revista.fecomercio-rs.org.br EXPEDIENTE Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Presidente: Zildo De Marchi Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt. Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel. Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná. Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster. sumário agenda palavra do presidente notícias & negócios economia guia de gestão opinião entrevista saúde sustentabilidade saiba mais cocriação treinamento entidade Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari. Conselho Editorial: Júlio Ricardo Andriguetto Mottin, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi. Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane de Castro, Simone Barañano e Sinara Oliveira. PRODUÇÃO E EXECUÇÃO: Temática Publicações Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) Reportagem: Augusto Paim, Francine Desoux, Francisco Dias, Luísa Kalil e Patrícia Campello Impressão: Pallotti Caroline Corso, Edgar Vasques, Nicola Minervini e Priscilla Buais. Tiragem: 25,5 mil exemplares É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. senac visão política glossário visão econômica Edição de Arte: Silvio Ribeiro Revisão: Flávio Dotti Cesa sesc equipes Coordenação Editorial: Simone Barañano Colaboração: Carlos Silva Filho, personalidade Esta revista é impressa com papéis com a certificação FSC (Forest Stewardship Council), que garante o manejo social, ambiental e economicamente adequado da matéria-prima florestal. mais & menos negócios 06 07 08 12 14 17 18 24 26 32 34 36 38 39 40 42 44 46 47 48 50 49 & BENS SERVIÇOS sustentabilidade 26 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 pelo bem de todos Campanha da Fecomércio-RS promove a coleta do lixo eletrônico e alerta para a importância do descarte correto para o desenvolvimento sustentável a arte de negociar Dicas para manter a venda e o relacionamento o negócio e obter o lucro previsto guia de gestão 14 com o cliente, sem perder a chance de concretizar em defesa da responsabilidade e da informação PhD em Ecologia, Genebaldo Freire Dias apresenta casos entrevista 18 reforça a importância em seguirmos bons exemplos equipes 44 brasileiros de compromisso com a sustentabilidade ambiental e o diferencial é saber identificar o talento entre colaboradores e como isso pode refletir nos resultados da empresa 05 Saiba como identificar diferentes tipos de inteligência A G E N D A Agosto / setembro De 08 a 24/08 De 17 a 22/08 De 23/08 a 29/09 Teatro infantil Apresentações de espetáculos infantis do projeto Teatro a mil, nas cidades de Bom Princípio, Capela de Santana, Tupandi, Cachoeirinha, Viamão, Gravataí, Passo Fundo, Carazinho, Getúlio Vargas, Camaquã, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Montenegro, São Francisco de Paula, Tramandaí, Terra de Areia, Farroupilha, Caxias do Sul e Canela. Mais informações no www. sesc-rs.com.br/artesesc Circuito Sesc de Humor No respectivo período, o Circuito Sesc de Humor apresenta a turnê do espetáculo A encalhada, nas cidades de Novo Hamburgo, Igrejinha, Gravataí, Montenegro, Farroupilha e São Leopoldo. Informações no www.sesc-rs.com.br/artesesc Saúde preventiva Palmeira das Missões recebe a Unidade Sesc de Saúde Preventiva, disponibilizando à comunidade exames gratuitos. Informações no www. sesc-rs.com.br/saudesesc Formatura do curso de Cozinheiro Na capital gaúcha, a Faculdade de Tecnologia do Senac-RS formará 70 alunos do curso de Cozinheiro. Telefone para contato: (51) 3022-1044 12/08 Formatura em Cachoeira do Sul Alunos dos cursos técnicos de Administração e Guia de Turismo participam do evento de formatura no Auditório do Sindilojas Vale do Jacuí, Cachoeira do Sul. Festival internacional de música Ocorre o lançamento da segunda edição do Festival Internacional Sesc de Música, na cidade de Porto Alegre. Outras informações no www.sesc-rs.com.br/festival De 19/08 a 14/09 Exposição fotográfica Em Pelotas, acontece a exposição fotográfica Camisa brasileira, de Gilberto Perin. Informações no www.sesc-rs.com.br/artesesc De 18/07 a 08/08 Unidade Móvel senac Bagé 13/08 06 Formatura Tecnólogos Fatec Data em que o Senac-RS entregará os diplomas para os formandos dos tecnólogos de Marketing, Análise e Desenvolvimento de Sistemas e Hotelaria, em Porto Alegre. Telefone para contato: (51) 3022-1044 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 No período, acontece uma vasta programação de atividades gratuitas em comemoração aos 200 anos da cidade de Bagé, das 9h às 21h. Mais informações no www.senacrs.com.br/bage ou pelo (53) 3242-7233 Técnico de manicure e pedicure O Senac Três Passos oferece o curso Técnicas de manicure e embelezamento dos pés. A atividade é voltada aos beneficiados do programa Bolsa Família. Telefone para contato: (55) 3522-9202 27/08 Palestra-show Na cidade de São Borja, será promovida palestra-show com Antônio Cardoso. Mais informações no site www.senacrs.com.br/saoborja De 29/08 a 12/09 mostra casa da saúde sesc Em Pelotas, a mostra oferece serviços gratuitos à comunidade, como palestras, exames e exposições interativas. Mais informações pelo www.sesc-rs. com.br/saudesesc. Sinara Oliveira/senac-rs 11/08 18/08 Até 24/08 Divulgação/ Fecomércio-RS Palavra do Presidente Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS Acausa maior A Campanha de Recolhimento de Equipamento de Informática e Telefonia Pós-Consumo chega para fortalecer a conscientização em torno das questões relacionadas ao meio ambiente, conciliada à realidade em que vivemos: a era tecnológica. A troca e o descarte de aparelhos celulares e computadores são uma realidade cada vez mais comum entre os consumidores brasileiros. Pecisamos agora é garantir a destinação correta desse material, da quantidade de resíduos acumulados nas casas e em- A mobilização em prol da sustentabilidade já começou. A adesão de prefeituras em todo o Estado comprova o interesse dos gaúchos em participar desta iniciativa e reforça o desejo do Sistema Fecomércio-RS em promover seu trabalho em nome de uma causa maior: o bem-estar de todos. Torcemos fortemente para que esse seja apenas o primeiro passo de uma ação que tem o potencial para ser inserida na rotina dos gaúchos, em todos os âmbitos: nas escolas, residências e empresas, entre outros. Mais uma vez, o empreendedorismo no Rio Grande do Sul mostra por que é um exemplo a ser seguido por todos. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 No entanto, chegou a hora de buscarmos novas formas de realimentar a mesma natureza da qual extraímos os recursos de que precisamos. Pensando nisso, o Sistema Fecomércio-RS lança mais uma iniciativa, sempre no intuito de atender e defender as demandas da classe que representa. presas de todo o Rio Grande do Sul. A partir da reciclagem destes aparelhos eletrônicos, em especial a do chip de computadores, o qual agrega um alto nível de componentes químicos, teremos, a longo prazo, um duplo retorno: melhoria na qualidade de vida e também na economia gaúcha. 07 O meio ambiente tem chamado a atenção do homem para lembrar que é necessário tomarmos medidas urgentes, se quisermos manter a qualidade de vida atual. Não há dúvidas de que o progresso da ciência e da tecnologia trouxe soluções (e sucessos) em todos os setores, tanto na vida pessoal como no universo empresarial. Í C I A S Divulgação/Sesc-RS Edgar Vasques N O T 08 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Sesc Sorrindo para o Futuro Ao longo do mês de agosto, as escolas integrantes do Sesc Sorrindo para o Futuro participarão das atividades da quarta edição da gincana estadual do programa. A iniciativa conta com o apoio do Conselho Regional de Odontologia e das prefeituras gaúchas e tem como propósito engajar a comunidade para o cuidado com a saúde e promover a integração das instituições de ensino. Os vencedores de cada categoria receberão prêmios, troféus e medalhas. Outras informações pelo site www.sesc-rs.com.br/sorrindoparaofuturo. Programa para incentivar a criatividade empreendedora Até o dia 6 de setembro, é possível fazer a inscrição para o programa Empreendedores criativos. Patrocinado pelo Santander, ele consiste em um reality show colaborativo dedicado ao desenvolvimento de negócios em rede, focando a orientação do empresariado para atingir metas de curto e longo prazos. Os interessados em colocar o seu conhecimento à mostra devem acessar o site www.empreendedorescriativos.com.br e responder a um questionário a respeito do projeto a ser empreendido. No dia 3 de outubro serão divulgados os selecionados a participarem do programa de formação intensiva do Centro de Estudos de Mídia, Entretenimento e Cultura (Cemec). & Presidente da Fecomércio-RS recebe honras da Assembleia Legislativa do estado O parlamento gaúcho conferiu ao empresário e presidente da Fecomércio-RS, Zildo De Marchi, a medalha Mérito Farroupilha – um reconhecimento ao seu espírito empreendedor. O evento, realizado no dia 13 de julho, consiste na distinção máxima da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, dada a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento cultural, social e econômico do Estado. “As maiores edificações humanas se devem à inquietude dos apaixonados, dos insatisfeitos, dos insaciáveis, como Zildo De Marchi”, disse o deputado estadual Carlos Gomes, responsável pela proposição da honraria. Para o dirigente sindical, “o sindicalismo e o associativismo empresarial, aos quais me dedico há tanto tempo, cumprem papel insubstituível na construção da harmonia social. Trata-se de fazer política, sob outra forma. É o exercício de liderança, em uma outra perspectiva”, disse. Empreendedorismo pode virar uma disciplina obrigatória no currículo das Escolas de Ensino Fundamental e Médio. A proposta é do Projeto de Lei 1673/11, de autoria do deputado federal Ângelo Agnolin, inspirado na experiência de outros estados, como o Rio de Janeiro. Segundo o texto, encaminhado para a apreciação do Ministério da Educação (MEC), a matéria acadêmica viabilizaria o aprendizado de conteúdos ligados ao mundo do trabalho, estimulando a formação de novos empreendedores. Obrigatoriedade do certificado digital Meses contados para empregadores se adaptarem à obrigatoriedade do certificado digital. A determinação entra em vigor em janeiro de 2012. A partir dessa data, as empresas precisarão adotar a Escrituração Fiscal Digital (EFD) para declarar as operações relacionadas às contribuições do Pis/Pasep e da Cofins. 09 No dia 12 de julho, a Fecomércio-RS promoveu o seminário Copersind – relações sindicais, com o advogado Edno Martins, em Porto Alegre. A pauta focou as habilidades para negociação coletiva junto a sindicatos patronais e dos trabalhadores, além de discutir o quanto tais relações contribuem para fomentar resultados econômicos bem-sucedidos às empresas. Matéria nova: empreendedorismo vai para a sala de aula Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Relações sindicais em pauta João Alves/Divulgação Fecomércio-RS N E G Ó C I O S Camila Barth/Divulgação Fecomércio-RS & N O T & Í C I A S Divulgação/Sesc-RS Competição esportiva para pessoas com mais de 50 anos 10 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Capacitação para fomentar negócios na Copa de 2014 Lançado oficialmente o programa Sebrae 2014 com a meta de capacitar micro e pequenas empresas com vistas à Copa do Mundo do Brasil. Serão investidos R$ 3 milhões para colocar o projeto em campo, contemplando os setores de comércio de bens e serviços, turismo e produção associada, indústria (madeira e móveis, confecção, tecnologia da informação e construção civil) e agronegócios. A entidade formatou o programa para atender duas fases. A primeira abrange seminários, palestras, assessorias e produção de conteúdo por meio do seu portal eletrônico. De janeiro de 2012 a dezembro de 2014, acontece a segunda etapa, com a qualificação e promoção comercial das empresas adeptas ao projeto. Por ocasião do lançamento do programa, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae-RS, Vitor Augusto Koch, falou da urgência em promover a profissionalização do empresariado para o evento esportivo: “Não há mais tempo para reuniões ou debates, temos que entrar em campo, mapear as oportunidades e capacitar os pequenos negócios, que têm muito a ganhar”. Divulgação/Senac-RS Estão abertas as inscrições para a 1ª edição dos Jogos Sesc de Masters e Sêniors. Inédito no Estado, o projeto visa a incentivar a prática de atividades físicas e recreativas para pessoas com idade acima de 50 anos, sendo um meio de promover qualidade de vida desta faixa etária e a sua socialização. A competição ocorrerá em diferentes municípios do Estado, dividida em duas fases: a regional, nos meses de agosto e setembro, e a classificação dos campeões estaduais, nos dias 22 e 23 de outubro. As equipes que se classificarem para a final terão as despesas com transporte e alimentação subsidiadas pelo Sesc-RS. Confira o regulamento completo dos jogos pelo site www.sesc-rs.com.br/jogossesc. Incremento do atendimento em Viamão O Senac-RS expande sua atuação em Viamão. A entidade ampliou o atendimento, transformando o Balcão em escola, onde será oferecido cursos de nível inicial e técnico. Atualmente, a unidade oferece capacitações nas áreas de informática, idiomas, gestão, comércio e saúde, além dos cursos de Aprendizagem e Recepcionista, disponibilizados por meio do Programa Senac de Gratuidade (PSG). N E G Ó C I O S Cursos técnicos a distância pelo Senac-RS Atento às demandas de mercado, o Senac-RS ampliou o seu portfólio de opções para qualificação profissional na modalidade Educação a Distância (EAD). As inscrições já estão abertas para Técnico em Recursos Humanos, Técnico em Administração, Técnico em Marketing e Técnico em Transações Imobiliárias. Os cursos podem ser realizados em polos distribuídos pelo Rio Grande do Sul. Os encontros presenciais acontecerão uma vez por semana, na cidade de escolha do aluno, a exemplo de Porto Alegre, Ijuí, Cachoeira do Sul, Gravataí, Lajeado e Bento Gonçalves. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3284-1990 ou no site www.senacrs.com.br/ead. Divulgação/Senac-RS Tablets nacionais começam a ser produzidos Segundo o Ministério da Comunicação, nove empresas já estão cadastradas para a produção de tablets no país. Os empreendimentos serão beneficiados por incentivos tributários, incluindo a isenção de PIS e Cofins, bem como a redução em 80% da cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI). Os equipamentos entraram na chamada Lei do Bem, e a expectativa é de que os aparelhos cheguem às lojas até 30% mais baratos. Conforme o ministro Paulo Bernardo, a fabricação dos equipamentos deve se iniciar neste mês de agosto. “Como se trata de um aparelho muito ambicionado pelo consumidor, que está com bom poder aquisitivo, as vendas vão ‘bombar’ no fim do ano”, acrescenta. três perguntas Caroline Corso Sucesso com gosto oriental Na capital gaúcha, a Temakeria e o Empório Japesca estão localizados na área central da cidade. As comidinhas típicas da cultura japonesa despontam como opção gastronômica para universitários, empresários e colaboradores de empresas do entorno. A criatividade e a excelência do serviço, que também está presente em São Lourenço do Sul, garantem o retorno positivo do empreendimento. Com a palavra, o sócio-proprietário Paulo Henrique Gottert. Paulo Há vários ingredientes que juntos compõem um empreendimento bem-sucedido. O fundamental é associar um produto de qualidade com um preço competitivo e atraente. O cliente busca custo/benefício, bem como levantar e sair satisfeito. Por isso, também oferecemos porções fartas. O Empório Japesca imprimiu um novo conceito gastronômico ao empreender o seu espaço gourmet no Mercado Público Central de Porto Alegre. Foi uma iniciativa para popularizar o cardápio ‘nipônico’? Paulo Conseguimos tornar mais populares comidas típicas da culinária japonesa. Na temakeria, por exemplo, recebemos estudantes e profissionais que trabalham no centro de Porto Alegre. Inovar é a grande estratégia para fidelizar o consumidor? Paulo Sim, com certeza a criatividade é a alma do negócio. Uma ideia inovadora aliada à oportunidade confere o êxito final. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Qual a receita de sucesso de um negócio como uma temakeria? 11 & E conomia Um brasileiro em nome do convencional Ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco é um importante nome da economia brasileira. Considerado um dos pais do Plano Real, ele reconhece que o país mudou muito, mas poderia estar melhor não atingimos ainda o nível de clareza conceitual e competência que se vê no Chile. Recebemos um mesmo ‘presente’ – os excepcionais preços de commodities – mas não estamos sabendo aproveitar. Como avaliar a atual política econômica brasileira? Franco Gostaria de pensar que estamos voltando com decisão para a ‘tríade virtuosa’ (superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação), sobretudo no tocante ao primeiro desses pilares, que foi muito maltratado nos últimos dois anos do governo Lula. As indicações parecem corretas, mas a convicção não parece muito clara. Em quais aspectos ainda precisa avançar? 12 Franco No tocante à tríade, certamente teríamos muito a melhorar se atacássemos o problema fiscal com mais decisão e convicção. Mas é verdade também que as agendas de reformas congelaram completamente, não se fala mais no assunto, e todos os problemas ‘estruturais’ e de competitividade são tratados ‘de forma Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 O que mudou em relação a investimentos estrangeiros em território nacional? seletiva’, vale dizer, no BNDES. Não creio que vamos progredir além de onde estamos com esse espírito. O que difere o Brasil das demais economias latino-americanas? Franco O Brasil tem políticas econômicas radicalmente distintas das que se praticam na ‘banda populista’ da América Latina – Argentina e Venezuela, destacadamente –, porém Franco O país mudou para melhor, incrementalmente, nos últimos anos; o ritmo de absorção de investimentos diretos e em carteira continuou forte, ou seja, retomou os níveis anteriores à crise, sem os excessos em IPOs daquela época. Infelizmente, não progredimos muito em matéria de aspectos institucionais e ambiente de negócios; poderíamos estar melhores. O senhor é considerado um dos ‘pais’ do Plano Real. Que progressos na economia nacional o senhor avalia desde a implementação da moeda? fotos: Dilvugação/Rio Bravo Franco São muitos os progressos. No dia 1º de julho, comemoramos o 17º aniversário do Real.O fim da inflação criou uma espécie de espiral do bom senso em matéria de políticas econômicas, cujos efeitos têm sido muito positivos: o brasileiro aprendeu a não se deixar enganar pelo populismo rasteiro que dominou a política econômica nos anos anteriores a 1994. Qual a diferença entre a inflação antes do Real e hoje? Franco É simples: a inflação que observamos ao longo de um ano, e num ano ruim, era o que experimentávamos em um fim de semana. E um monte de gente, incluindo diversos economistas, achava que era normal e que a inflação era ‘meramente inercial’. Franco A medicina convencional: controlar as contas públicas. O resto é perfumaria. Quais setores da economia nacional demandam investimento mais urgente? Franco Genericamente, o país precisa elevar a sua taxa de investimento, que está em 17% ou 18% do PIB, e deveria chegar a 25% do PIB ou mais. A empresa privada brasileira precisaria perder o medo de se alavancar para investir, o que poderia ocorrer em um outro ambiente de taxas de juros, para o qual precisaríamos reduzir o déficit público. Franco Entra como qualquer outro setor. É importante, mas boa parte do investimento é privado, no sentido de que é o indivíduo que resolve se educar ou educar melhor os filhos. O governo faz a sua parte no ensino fundamental e primário, mas as limitações são conhecidas. Seria preciso que facilitasse a formação de mão de obra, ou facilitasse o setor privado a suprir a qualificação de mão de obra. O que é necessário saber sobre investimento em ações? Franco O importante é saber que existem profissionais especializados e fundos dedicados, e que esse, como qualquer investimento sofisticado, requer capacitação, concentração, dedicação. Se o indivíduo não é do ramo, deve procurar um profissional. O que um jovem economista deve saber hoje? Franco A formação do economista profissional é bastante completa, embora a qualidade das escolas seja muito heterogênea. Existem muitas especializações, e o campo é muito aberto. A lição mais importante é a de que o jovem precisa fazer escolhas quanto à sua formação e focar no que escolheu. A especialização é inevitável nos dias de hoje. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 13 Qual seria a solução para um maior controle da inflação atual? Como a Educação se situa entre esses setores? G uia de Gestão A arte de negociar Aprenda dicas sobre como contornar problemas do dia a dia da negociação e deixar o cliente satisfeito com a compra. Conheça ideias e exemplos para melhorar essa relação criada pelo produto que você está vendendo 14 uem trabalha com vendas sabe: negociar com o cliente às vezes parece uma batalha travada numa guerra diária. Não é à toa que o livro A arte da guerra é um clássico para quem trabalha com administração de negócios. Mas não precisa ser assim. “Existem várias formas de encarar uma negociação”, diz Renato Hirata, especialista no assunto e sócio-fundador da Hirata Consultores e Associados. “As pes soas vão para uma guerra quando estão disputando algum território ou quando querem o mesmo que o outro, ou seja, quando o que desejam é escasso e apenas uma das partes é que receberá o prêmio”, afirma. Trata-se, então, de deslocar o foco de atenção do objeto negociado para a relação interpessoal entre negociador e cliente. Desse jeito, não há disputa, e nenhum dos lados da negociação vai querer ‘ganhar a todo Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 custo’. “Os que querem ganhar a custo do outro operam com a escassez mental, o foco é ou eu ou ele; os que querem ganhar com o outro operam com a abundância mental, o foco é eu e ele”, explica. Para ele, a negociação ideal é uma reunião eficaz em que os dois lados Romildo da Silveira/divulgação Q Renato Hirata aposta nas diferentes formas de negociar compartilham os riscos, “sem ameaça de perdas em ambas as partes.” Tendo essa nova postura em mente, algumas dicas práticas podem ser bastante úteis no dia a dia do seu negócio. O sucesso na negociação Hirata diz que, para começar uma boa negociação, deve-se atrair o cliente de alguma forma. Só assim se pode despertar interesse nos produtos ou serviços da empresa. “Em seguida, é preciso despertar o desejo de posse desse produto ou serviço”, diz o especialista, “e, por final é preciso provocar uma ação que movimente o cliente a decidir favoravelmente à compra do produto ou serviço.” E como fazer se o cliente faz uma proposta incabível, que a empresa não tem condições de aceitar? Hirata lembra que há técnicas que procuram responsável pela sua unidade; no caso, o gerente”, conta Fernanda. O mesmo vale para uma situação que o vendedor conhece bem: o cliente irritado. “Quando estamos lidando com emoções é preciso sempre ter em mente que discutir racionalmente quando as pessoas estão emocionalmente abaladas não tem eficácia nenhuma”, diz Hirata. Segundo o especialista, o que o vendedor deve fazer é mostrar ao cliente que ele está sendo ouvido e compreendido. Afinal, o cliente tem seus motivos, certos ou errados, por isso não adianta se defender. “Discuta apenas sobre as causas da irritação, procure soluções em conjunto, faça o cliente perceber que você é um agente de solução e não um causador de problemas”, aconselha Hirata. Sobre isso, Fernanda afirma que a Pompéia orienta os vendedores a escutarem e perceberem o que o cliente está dizendo, até mesmo como forma de personalizar a venda: “As pessoas são diferentes e para cada tipo de cliente existe um tipo de mercadoria”. E quão importante é o tempo de duração de uma negociação? Para Hirata, ter domínio sobre o tempo é uma forma de poder para quem negocia: “Quanto menos tempo você tem para negociar, mais risco você tem na negociação”. E algumas pessoas sabem disso. Por isso é importante que o vendedor não dê informações de bastidores ao cliente. A informação, nesse caso, pode ser decisiva no sucesso da negociação. Sem querer, você pode revelar, por exemplo, que está numa situação de fraqueza, ou seja, que você depende muito de quem Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 15 justamente desestabilizar um dos lados da negociação. Nesse sentido, uma proposta descabida pode ter sido feita de propósito, para embaralhar a situação e permitir uma ligeira vantagem. A dica, segundo Hirata: “Ao receber uma proposta indecente, não reaja, pois é este o objetivo. Tente extrair mais informação sobre a proposta e redirecione o assunto para o que você deseja que aconteça.” Fernanda Ferrão Guimarães, diretora de treinamento e desenvolvimento da Pompéia, diz que orienta seus vendedores para que sempre mantenham a calma e procurem entender individualmente cada situação, agindo profissionalmente. Ou seja, jamais perdendo a postura que se espera de um profissional de vendas. “Em casos mais difíceis, orientamos que ele solicite ajuda do Divulgação Pompéia G uia de Gestão volte, isto é um investimento; e, se é assim, existe retorno. Então é importante saber qual a probabilidade deste retorno existir.” Em todo caso, para contornar a pechincha, nada melhor que uma contrapechincha. “Se eu estiver vendendo um terno de R$ 1.000”, exemplifica Hirata, “e você pedir um desconto de 30%, eu, como vendedor, vou te propor o seguinte: dá para fazer sim, contanto que você leve também duas camisas e mais esta gravata.” Vitória compartilhada está negociando com você. Mas se isso já aconteceu, calma, ainda tem volta. Hirata ensina: “A única solução para sair dessa posição é criar independência do outro lado. Nunca se negocia com alguém sem antes saber que temos uma alternativa que possa nos dar condições de dizer não para a outra parte”. E como lidar com a pechincha? Fernanda alerta: “Pechinchar é uma característica do brasileiro, que sempre tenta o melhor negócio”. Ela, no entanto, não vê mal algum nisso. “Penso que é natural, quando se vai fazer compras, também se fazer pechincha. Não podemos por meio da empresa querer mudar esse comportamento.” Para ela, cada empresa lida ao seu modo com a situação: “Na Pompéia, sempre tentamos mostrar para o cliente que estamos realmente fazendo um bom negócio, tanto para ele como para a empresa”. Hirata diz que “ganhar um cliente significa fazer com que ele volte a comprar”. Nem sempre, porém, vale a pena baixar o preço para garantir a venda. “Aqui é preciso entender a diferença entre custo e investimento”, explica Hirata. “Se a ideia é fazer com que ele É muito importante que o cliente não se sinta derrotado numa negociação. Afinal, como você já aprendeu, negociar não é lutar. Até porque, muitas vezes, vencer ou perder trata-se de uma mera questão de ponto de vista. “Para fazer com que as pessoas saiam com a sensação de ganhos é importante sempre posicioná-las perante a sua posição inicial e a sua posição final, pois se a pessoa comparar a posição relativa final dos dois negociadores, ela pode ter uma sensação de que, comparado com o outro lado, saiu perdendo”, diz Hirata. É necessário pensar, portanto, qual a situação inicial e as expectativas de ambos os lados antes de se iniciar a negociação. Quando se espera ganhar bastante, naturalmente qualquer ganho menor do que o esperado pode parecer uma derrota. Por outro lado, quando a expectativa é de perda, se o prejuízo for minimizado os negociadores sentem-se vitoriosos. “É por isso que os negociadores precisam definir os limites de negociação”, diz Hirata. Na Pompéia, a negociação bem-sucedida é aquela em que empresa e cliente saem satisfeitos. “Uma única compra nunca é única se trouxer como resultado sensa- 16 Para Fernanda, o segredo está no bom atendimento Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 ções além do produto, como, por exemplo, chegar em casa e perceber que se ficou bonita com a compra ou que se fez um bom negócio em relação ao pagamento, por exemplo”, diz Fernanda, que completa: “Essas são sensações que o cliente tem, e que todos nós temos como clientes quando fazemos uma boa compra”. “O atendimento bem-realizado é o sucesso do negócio”, complementa a diretora de treinamento e desenvolvimento. São palavras que imperam no treinamento de vendedores da Pompéia, mas valem para qualquer empresa. “O foco da negociação na área de vendas é sempre ter o cliente conosco”, explica ela, ressaltando: “Os limites disso são a saúde da empresa que em determinados momentos não pode abrir mão dos seus preceitos, bem como o bem-estar do cliente, que deve sair da Pompéia com o sentimento de ter feito o melhor negócio da sua vida, a melhor compra com um bom preço e um produto de qualidade, além e acima de tudo, tendo para isto sido muito bem tratado”. Para finalizar, um exemplo de como a negociação é, na verdade, uma relação, em que há inclusive afeto. Como conta Fernanda: “Posso comentar o caso de uma cliente que recebeu uma toalha de brinde com o logotipo da empresa e, no outro dia, trouxe para mostrar que havia bordado, feito crochê em torno da toalha para usar no lavabo. Isto significa que esta toalha ficaria na entrada da casa desta cliente, ou seja, deixou de ser um simples brinde, teve todo um valor afetivo dessa cliente para com a empresa. Isso para nós é o resultado de uma negociação bem-sucedida”. Opinião Lúcia Simon Carlos Silva Filho Advogado, diretor da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) “Vários são os fatores que devem ser considerados para que se encontrem os caminhos que vão equacionar essa questão.” rão superados com ações integradas: medidas de prevenção na geração, ações de coleta e transporte, iniciativas de coleta seletiva e reciclagem institucionalizadas, entre outros. O que se constatou ser a política mais eficiente para a gestão de resíduos foi uma integração de ações encadeadas entre si: redução significativa dos resíduos gerados; melhor utilização dos produtos; escolha de práticas de gestão de resíduos que minimizam os riscos de poluição ambiental e danos à saúde pública; recuperar a energia contida nos resíduos e implementar a solução de tratamento e destinação que traga consigo a melhor tecnologia disponível com um custo que seja acessível pela população a ser servida. Por esses motivos, programas de planejamento intersetorial são de crucial importância para que se identifiquem os instrumentos e decisões estratégicas que contribuirão para o desenvolvimento de uma gestão sustentável de resíduos. É necessário incorporar o gene da mudança ao DNA da gestão de resíduos, e isso tanto a Lei como seu Decreto regulamentador fazem muito bem. Precisamos agora apresentar à sociedade e disseminar as práticas adequadas que realmente funcionam, e não ficar revisitando um passado ineficiente e limitado. O mundo não é estático e nós também não podemos ser. 17 Desde a antevéspera do Natal de 2010, o Brasil já conta com uma completa estrutura legal para regular o setor de resíduos sólidos, composta pelo Decreto nº 7.404/2010, e pela Lei nº 12.305/2010, sancionada em agosto do ano passado. Após mais de 20 anos de discussão, o Brasil passou a contar com uma Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) efetiva e pronta para ser colocada em prática. Ao completar um ano de sanção, a PNRS trouxe em seu texto dispositivos modernos e alinhados com as atuais tendências do setor, justamente para inibir práticas irregulares e costumes retrógrados, e possibilitar avanços concretos na gestão, tratamento e destinação de resíduos sólidos no país. Em qualquer setor as mudanças se fazem sempre possíveis, e as ideias criativas ajudam a tornar realidade as inovações que se fazem necessárias. No setor de resíduos, esses pontos são ainda mais patentes. Além de possíveis, as mudanças são necessárias para possibilitar a implementação de sistemas adequados de gestão encerrando práticas históricas que se provaram ineficientes ou que até hoje ficaram no papel apenas como boa intenção. Para resolver os problemas relacionados aos resíduos sólidos, não há solução única, medidas isoladas, nem planejamento e solução através de apenas um ponto. Os desafios somente se- Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 U m novo tempo na gestão de resíduos Genebaldo Freire Dias FOTOS: arquivo pessoal E N T R E V I S T A Em defesa da responsabilidade e da informação A sociedade encontra-se em fase de transição. Em meio a notícias que alertam cada vez mais para os cuidados com o meio ambiente, o professor e pesquisador da Universidade Católica de Brasília (UCB) Genebaldo Freire Dias fala sobre o quão importante é valorizamos os bons exemplos. Além disso, o Ph.D. em Ecologia ressalta a boa posição do Brasil entre os países que apresentam uma gestão ambiental de destaque Dias O Brasil é um dos poucos países do mundo que têm uma política nacional de educação ambiental definida em uma lei federal, que foi costurada em universidades e ONGs, entre outros. Eu a considero muito boa, pois coloca a educação ambiental não apenas como responsabilidade do governo, mas como responsabilidade das escolas, em todos os níveis, do básico ao superior. É uma dimensão dada à educação. Ela também coloca a questão da sustentabilidade como dever das empresas e dos meios de comunicação. Enfim, coloca a sociedade de uma forma ampla a ficar responsável por esse processo de sensibilizar as pessoas, de informar, para que se conscientizem. Mas demora um pouco a ser incorporado pelas instituições de ensino. No setor empresarial, acredito que está andando mais rápido porque é um aspecto legal. Se exige isso do setor, há um cumprimento de padrões Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 19 Como a educação ambiental é aplicada no Brasil? Entrevista que são um estímulo e, por outro lado, é marketing, uma oportunidade de melhoria da imagem da empresa. A educação é tradicionalista, tem uma resistência muito grande em incorporar novas tendências. A educação talvez seja a parte mais retrógrada de todo o processo dessa transição civilizatória em que estamos. Precisaria passar por um processo de renovação, pois muitos conteúdos já não têm a mesma utilidade. Quais são os pré-requisitos para a implantação de programas de gestão ambiental em uma empresa? Dias Primeiro, ter uma assessoria que tenha percepção dos cenários, e nessa percepção identificar qual o papel real daquela corporação e, em seguida, avaliar de que forma ela pode modificar os seus processos, principalmente mudanças de adaptação, para ser realmente um agente de contribuição “A educação é tradicionalista, tem uma resistência muito grande em incorporar novas tendências.” efetiva. Por exemplo, em Brasília há 70 mil empresas, 80% delas perdem dinheiro por não terem um processo de gestão ambiental aplicado. Muitos acham que coleta seletiva, economizar água e luz é suficiente. Isso é muito superficial, uma visão reducionista do processo como um todo. A empresa, não importa o seu porte, tem que ter cuidado desde seus fornecedores até o processo final, a prestação de serviços, e saber que impactos ela causa com isso. Mas para o indivíduo adotar essa postura demora um pouco, pois ainda predomina o analfabetismo ambiental. As pessoas ainda acham que o mundo é o mesmo da década de 1980, não percebem que já vivemos num processo de pressão ambiental mundial. Estamos envolvidos com a questão das seguranças climática, alimentar e hídrica: esses três componentes agravam a vulnerabilidade social. O clima mudou de tal forma que a agricultura não consegue mais produzir o suficiente para o sustento, então os países estão tendo que comprar alimentos, e como estão sem dinheiro, estão fazendo isso às custas da dívida externa. A responsabilidade de você lidar com a forma como a sua empresa atua está ligada à construção da responsabilidade contra a vulnerabilidade social. O que mais pode ser feito para combater essa vulnerabilidade? 20 Dias Isso é algo que os brasileiros estão demorando muito a perceber. Somos a sétima economia do planeta, somos um país rico, aliás, riquíssimo. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Temos um grande potencial instalado e natural, e também em termos de produção e inovação, além de um parque industrial rigoroso. No entanto, temos um grande problema que estrangula esse nosso potencial, que é a parte de governança, tanto política quanto ambiental e social. Esse estrangulamento tem como um dos agentes principais a corrupção, que está diretamente ligada à falta de caráter e ausência da prática da ética. E isso é algo que precisamos resgatar no nosso país. Quais os erros mais comuns no universo do empreendedorismo com relação à sustentabilidade ambiental? “Estamos envolvidos com a questão das seguranças climática, alimentar e hídrica: esses três componentes agravam a vulnerabilidade social.” empresariais vão desde atitudes simples até a decisão de se tornar uma empresa que tem esse perfil ambiental definido. O segundo grande erro é que as empresas não têm política ambiental, ou seja, a diretoria deve se reunir com seus acionistas e saber qual a sua postura com relação à dimensão ambiental. Ter uma página, um cartaz dizendo na entrada da empresa, por exemplo, “essa é nossa política ambiental”, “esse é o nosso compromisso com a sociedade”. Em cima dessa política, comece a planejar suas ações e valores que irá executar. Defina quais os princípios que a empresa seguirá e, aí sim, planeje sua vida em funções dessas orientações. Sem isso, a instituição é pobre, defasada, obsoleta, desconectada. Ela irá atuar sem um plano, sem uma lógica, na incerteza. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 21 Dias O erro principal é a informação desatualizada, a falta de atualização dos cenários de desafios. Os empresários precisam ampliar o seu leque de relações com o mundo científico, com a informação, para que eles possam entender os cenários e os desafios. O grande erro é enxergar a dimensão ambiental como algo que atrapalha o progresso. Essa é uma visão ultrapassada, mas que ainda é praticada por alguns grupos empresariais. E as oportunidades estão todas aí. A dimensão ambiental veio para ajudar o ser humano a perceber o cenário de desafios e auxiliá-lo na tomada de decisões que possam levar a sociedade humana a ter uma vida mais justa. Temos um pensamento muito arrogante de querer que o planeta se adapte ao que ao que os seres humanos querem, e isso não vai acontecer. As práticas Entrevista De que modo o compromisso com o meio ambiente se tornou um fator essencial para o futuro de uma empresa? Dias Eu cito como o maior exemplo de avanço, de evolução no Brasil, a relação de algumas empresas com as suas comunidades. Eu posso citar um exemplo de uma gestão ambiental absolutamente de ponta, inteligente, eficiente e, principalmente, honesta, que é o programa de educação de gestão ambiental da Itaipu Binacional. A responsabilidade que eles têm, o envolvimento e a promoção da gestão ambiental é algo que forma o grande lado da Itapu e os 29 municípios do estado do Paraná, e a gestão participativa que vem acontecendo nos municípios para melhorar a qualidade de vida. Fico impressionado principalmente com a seriedade e honestidade do processo, e isso é um exemplo fantástico que mostro sempre por onde viajo. Outro exemplo de empresa que tem uma postura muito interessante em direção à sustentabilidade é a Gerdau Aço Minas, de Ouro Branco. Temos que citar os exemplos bons para que se crie uma agenda positiva, que é o que irá me dizer que, se tem alguém fazendo o certo, então eu posso fazer também. Que isso não é conversa, e mostra que há pessoas investindo seriamente na melhoria das relações da instituição com o meio ambiente e com a sociedade. O Biocentro da Gerdau Aço Minas em Ouro Branco é um belo exemplo de responsabilidade socioambiental e de uma relação muito sincera com a comunidade. Dias Ele é, além de urgente, fundamental. Nós fizemos uma confusão na nossa vida e passamos boa parte dela gastando com coisas que não são urgentes. A relação com o ambiente é fundamental, não somente por uma questão de coerência, de necessidade, e competência, como de sobrevivência. Infelizmente, não é isso que está acontecendo na maior parte do mundo. Posso assegurar que o Brasil está na ponta, entre um dos 20 melhores países em gestão ambiental, mas não devemos nos impressionar pelos casos escabrosos que vemos na mídia. Por outro lado, é bom lembrarmos que isso é a minoria, pois a grande maioria do Brasil hoje já tem uma postura diferente, evoluída. Ainda há muito a ser feito, mas não podemos nunca nos comparar com o que éramos há 20 anos. Claro que ainda tem muita demagogia e isso sempre vai existir. Eu acredito na capacidade que o ser humano tem de sobreviver. Nós temos, ao longo da nossa escalada evolucionária, mostrado que sempre conseguimos nos adaptar e sobreviver. Em nenhum outro momento da nossa escalada evolucionária estivemos tão conscientes em relação a esses desafios. O que posso fazer? Como posso fazer? 22 E quais são os aspectos positivos a destacar pelo trabalho que já está sendo realizado no Brasil? Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Como engajar gestores e funcionários de uma empresa para a importância da sustentabilidade ambiental? Dias Primeiro, não colocar a culpa em ninguém, nem dizer que o mundo está desabando e está tudo perdido. O processo de sensibilização é mostrar o fascínio de estar vivo, e então perceber o fascínio de viver em um ambiente com tantas maravilhas em volta e que é preciso manter isso. E para manter isso não podemos continuar fazendo as coisas erradas que temos feito. Ver que é possível mudar e que, para os que estamos vivos hoje, estamos em pleno processo de transição. É normal que coisas erradas aconteçam, mas vamos focar nas coisas boas que já conquistamos e que estamos conseguindo fazer. De que forma o consumidor consciente afetará o desenvolvimento das empresas? Dias O consumo consciente vai forçar as empresas a repensar seus produtos e estratégias. Quem incorporar, quem fizer isso mais rápido, vai colher os frutos mais rapidamente. Em Brasília, por exemplo, existe um movimento dos “churrasqueiros”, da turma que consome carne, para não comprar carvão que não seja licenciado. Temos um grande erro no nosso país que é ter boa parte de nossa economia sustentada na exportação de produtos primários. Temos que repensar essas práticas. O consumidor ainda não tem um grau de consciência para deixar na prateleira o produto que agride o meio ambiente e levar outro que vai custar alguns centavos mais caro. Essa mudança vai demorar um pouco a se consolidar, até que ele chegue num ponto de pré-ciclagem – pré-ciclar é escolher produtos que não agridem o meio ambiente –, e isso também vai depender de quem mostrar a ele quem é que está investindo mais na informação e sensibilização da população a respeito disso, porque isso valoriza as empresas que estão investindo. Não adianta, por exemplo, consumir um tomate enorme e bonito se ele está cheio de agrotóxico; de repente é melhor preferir um tomate menor e de aparência não tão bonita. Isso você pode fazer com relação aos serviços que são prestados e estão na base da responsabilidade desses empresas. E isso passa por um processo de fiscalização que não pode ser só do governo. Quem fiscaliza são as pessoas, seres humanos fiscalizam as ações de seres humanos. Que tipo de impacto campanhas como a promovida pelo Sistema FecomércioRS podem causar para uma gestão sustentável? Qual a importância de se dar o destino adequado ao lixo eletrônico, entre outros itens que exigem coleta seletiva? “Ainda há muito a ser feito, mas não podemos nunca nos comparar com o que éramos há 20 anos.” Dias Além da questão de reciclar os descartes, tratar os componentes químicos, acima de tudo está a questão ética, a questão da postura, do valor. Somos responsáveis por esses produtos que descartamos. Não podemos esperar pelo governo, pelo poder público, por decisões que venham de cima. Os maiores avanços, as maiores evoluções que es- tamos experimentando hoje na relação do ser humano com o ambiente estão vindo de iniciativas individuais e de pequenos grupos. São essas iniciativas que estão mudando o mundo, e temos que convidar as pessoas para que cada um faça a sua parte, sem se impressionar com os contextos desfavoráveis que às vezes se apresentam. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 23 Dias Imagine que as pessoas compravam computador e celular, mas não sabiam o que fazer com esse tipo de lixo. De repente, uma instituição diz “nós iremos recolher isso e dar uma destinação correta”. Isso causa um impacto altamente expressivo, positivo. As pessoas perceberam o problema e estão identificando quem está tomando a iniciativa. É algo louvável e chega em boa hora. S aúde atitudes para evitar lesões empresariais Sala de recreação, plano de saúde, ginástica laboral. Muito além dessas iniciativas, a qualidade de vida no trabalho envolve itens simples e complexos que vão desde a parte física até a mental. Conheça as ações que melhoram o dia a dia do colaborador A Divulgação Instramed qualidade de vida durante o dia a dia do profissional é cada vez mais importante para o desenvolvimento positivo da empresa. Atualmente essa questão do bem-estar vai além da prevenção de lesões físicas no escritório, chegando até mesmo ao lado mais complexo do ser humano, a mente. O ritmo de trabalho acelerado é uma característica atual das empresas. Dores de cabeça frequentes e lesões como ten- 24 Pausa para ginástica laboral na Instramed Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 dinite já são rotineiras na batalha diária do profissional que trabalha sentado na frente do computador, fora o estresse emocional, que se torna um obstáculo para o cumprimento de metas e a boa convivência com os colegas. Entre as ações para prevenir o estresse – e até mesmo lesões físicas – está a fisioterapia laboral. Luciane Broetto, fisioterapeuta especializada em osteopatia, atua com sua empresa dentro de corporações, onde primeiramente realiza uma avaliação diagnóstica. As atividades físicas podem ser disponibilizadas tanto para o pessoal que trabalha em escritórios quanto para o pessoal de manutenção ou de outro setor, de acordo com as necessidades de cada um. “A fisioterapia laboral favorece a resistência muscular, redução do estresse por alongamentos e melhora o lado emocional”, explica Luciane. Atualmente, Luciane também atua com outra especialização da fisioterapia, a osteopatia laboral, que previne e trata problemas que vão além das lesões físicas dos colaboradores. Muito mais complexa, essa alternativa já pode ser realizada dentro das empresas em ambientes específicos, podendo se trabalhar apenas com uma maca. “A osteopatia desbloqueia as estruturas do corpo para que as funções ocorram da melhor maneira. Ela influencia principalmente o sistema emocional do colaborador, prioridade das empresas. Funcionário emocionalmente bem produz mais e melhor”, reforça. Lúcia Simon O Ministério do Trabalho possui Normas Regulamentadoras, em especial a NR-7, que trata a respeito da saúde e medicina do trabalho, e a NR-17, que trata especificamente da ergonomia. Essas duas normas abordam a qualidade de vida e bem-estar do colaborador. Grande parte das empresas seguem à risca a legislação relativa ao Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional. Obedecer à legislação vigente não é o suficiente para a Instramed, empresa especializada na comercialização de equipamentos médicos. Além de cumprir as normas estabelecidas em lei, a empresa de pequeno porte utiliza eventos, principalmente em datas comemorativas, para fazer a integração dos funcionários. “Além disso, a empresa disponibiliza a ginástica laboral para os funcionários, com exercícios físicos para evitar o sedentarismo e estimular o desempenho no dia a dia”, relata Luciana Medeiros, assistente administrativa da Instramed. “Os funcionários da empresa contam com um dos melhores planos de saúde do mercado e auxílio odontológico”, complementa Luciana. Amplo benefício A questão do bem-estar e da qualidade de vida no trabalho não se baseia apenas em um benefício para o colaborador, e sim para ambas as partes. A partir do momento em que o funcionário vai bem, a empresa também vai bem, e isso serve não apenas para indústrias e grandes corporações, mas também em empresas de varejo com poucos funcio- Ambientes que auxiliam no bem-estar dos funcionários Janelas grandes e amplas Boa ergonomia do mobiliário Ilhas de trabalho bem-pensadas Salas de recreação Ambiente limpo Ações relacionadas à qualidade de vida Exercícios físicos dentro e fora do trabalho Boa relação interpessoal Boa comunicação entre gestores e colaboradores Eventos de inclusão empresa/colaborador Intervalos bem-planejados Planos que garantem a saúde do colaborador Cursos de aprimoramento pessoal e profissional Programas antifumo Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 25 Normas regulamentadoras nários, onde alcançar as metas é um dos principais objetivos. Esse é o caso da loja Andreolio, de Garibaldi, especializada em calçados e confecções. Segundo a gerente Melisse Chiesa, uma vez a cada mês a loja realiza um evento de café da manhã em que os colaboradores levam alguma refeição feita em casa para confraternizar com os colegas. Entre brincadeiras e conversas informais há também um sorteio de brindes para os participantes do café. “Como são dois andares de loja, nem sempre conseguimos nos comunicar com toda a equipe diariamente, então esses eventos são muito bons para que os funcionários possam conversar, sair da rotina, falar sobre a vida e relaxar um pouco”, relata Melisse. Outro ponto forte avaliado pela gerente é que quando a meta é alcançada, algum evento é sempre realizado, como um jantar envolvendo a toda loja, por exemplo. S U S T E N T A B I L I D A D E Texto: Luísa Kalil Pelo bem de todos Campanha da Fecomércio-RS mobiliza setor empresarial e sociedade civil em prol do meio ambiente. Mais do que isso, a iniciativa tem como objetivo 27 D esde que o celular se popularizou, cada vez mais pessoas trocam com fre quência o aparelho. Seja pelo lançamento de um modelo mais interessante, seja por falha no funcionamento, o acúmulo de aparelhos torna-se uma rea lidade comum nas residências e também nas empresas de todo o país. O mes mo acontece com computadores. O progresso tecnológico e a substituição dos próprios personal computers por outros modelos de design mais arrojado e que ocupam menos espaço em lares e escritórios trazem consigo uma impor tante questão: o que fazer com os aparelhos que estão em desuso? Revender ou mesmo doar pode ser uma alternativa, mas em algum mo mento o celular ou computador exigirá o descarte final, sabendo-se que, assim como pilhas e baterias, esses aparelhos têm vida limitada. Pensando em como proceder com o descarte correto e, o mais impor tante, como mobilizar o comércio de bens e serviços do Rio Grande do Sul Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 promover o desenvolvimento sustentável dos municípios gaúchos S ustentabilidade em nome da causa ambiental, o Siste ma Fecomércio-RS lança neste mês de agosto a campanha Recolhimento de Equipamento de Informática e Telefo nia Pós-Consumo. O objetivo é mobi lizar empreendedores e a comunidade como um todo em nome da sustentabi lidade e das urgências que concernem ao meio ambiente. Primeiro passo No interior do Estado, a parceria com prefeituras locais foi estabelecida 28 Nova sede do Departamento Municipal do Meio Ambiente em Santo Ângelo contará com central de coleta Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Pelotas já trabalhou com outras iniciativas voltadas à conscientização ambiental A repercussão Fernando Gomes/Divulgação De acordo com o coordenador do Conselho de Sustentabilidade da Feco mércio-RS, Joarez Venço, o diferencial dessa campanha está em atender toda a cadeia de resíduos eletrônicos, plás tico e metal, pois trabalhará na sepa ração desses materiais. “A diferença é conseguirmos também a reciclagem da placa do PC, que será enviada para a Bélgica, onde será descaracterizada e voltará a ser matéria-prima”, explica o coordenador. A meta da campanha para o Estado é coletar 100 toneladas de lixo eletrônico e mais 20 mil celulares (além do aparelho, baterias e carregado res) até o final do ano. Contudo, neste primeiro momento, o alvo é a conscien tização entre os empreendedores. “Nos so papel é gerar essa vontade, despertar o interesse da empresa em investir e do município em desenvolver esse projeto. Este é o momento de causar o primeiro impacto”, salienta Venço. Inicialmente, a campanha visa a atender a cem mu nicípios gaúchos. “Mas o projeto já está despertando interesse em outros estados e empresas locais. É um negócio lucrati vo em todos os sentidos”, acrescenta. Em Porto Alegre, uma feira será rea lizada em setembro, além da instalação de postos fixos pela capital para a coleta dos resíduos. “A causa ambiental é algo que mobiliza. Vejo que a comunidade vai aderir e creio que poderemos supe rar nossa própria meta. É um desafio, mas já está sendo muito gratificante”, aponta Venço. através do diálogo com os sindicatos do Sistema Fecomércio-RS e as unidades do Sesc e Senac regionais. Desde então, a adesão de novas cidades vem cres cendo de forma constante. Em alguns municípios, a campanha estabelece um marco no engajamento da cidade com o meio ambiente. Em outros casos, a iniciativa veio para reforçar o trabalho que já vinha sendo realizado. Em Santa Cruz do Sul, na região do Vale do Rio Pardo, o compromisso com o meio ambiente vem sendo fortemen te debatido entre todos os setores do município. No final do ano passado, a Secretaria Municipal do Meio Am biente e Saneamento deu início a uma campanha de coleta de lixo eletrônico, Rafa Marin/Divulgação empresa. A parceria para firmar novos pontos de coleta teve boa aceitação. “Mas ainda temos a convicção de que precisamos investir mais nas campanhas de divulgação, na existência desses ser viços. E para isso são importantes inicia SEMMAS/Divulgação Novo pavilhão em Santa Cruz do Sul abrigará Central de Reciclagem Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 29 pneus e lâmpadas fluorescentes, com a locação de um espaço para depositar o material. De acordo com o secretário Alberto João Heck, houve surpresa com relação à participação da comunidade. “Mas percebíamos que, quando faláva mos do assunto, muitas pessoas ainda não tinham conhecimento da central de coleta, então percebemos a necessidade de ampliar a campanha”, conta Heck. Com do diálogo, buscaram-se parcerias para divulgar a iniciativa e também para estabelecer novos espaços de coleta. Com relação ao comércio, verificou-se que muitas empresas do setor de eletroe letrônicos, além de oficinas de conserto, acumulavam estoque de aparelhos em desuso e que não tinham mais conserto, entregues por consumidores que aguar davam a destinação correta por parte da tivas como a da Fecomércio-RS, pois é uma forma de ampliarmos a abrangên cia da nossa campanha e atendermos o cidadão”, ressalta o secretário. Em julho deste ano, a secretaria inaugurou o pri meiro posto de entrega voluntária de resíduos eletrônicos, além da central de recebimento instalada no ano passado. Em Santo Ângelo, no noroeste do Estado, a coleta seletiva de pneus usa dos, pilhas e baterias é realizada desde 1997. “O lixo eletrônico era um dos problemas, mas agora, através da parce ria com a Fecomércio-RS, encontramos uma forma de dar o destino certo”, ex plica o diretor do Departamento Muni cipal do Meio Ambiente, Antonio Car doso. O próprio departamento possui um ponto de coleta permanente, e du rante o mês de agosto contará com uma central de coleta para o lixo eletrônico. “Nossa meta é chegar a, no mínimo, 50 toneladas”, afirma Cardoso. Mais do que evitar o destino inadequado desse material, o secretário diz ter expectati va com relação à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos de Santo Ânge lo. “A cidade está preparada porque a S ustentabilidade Kátia Messa/Divulgação procura por esse descarte correto já é muito grande”, destaca. Parceria imediata Coleta de pneus foi bem recebida entre alegretenses zação ambiental, lançamos a semente. Agora temos que cuidar dessa semen te, para colhermos bons frutos”, explica Viana. “A iniciativa veio em momento certo”, anima-se. No município de Alegrete, na fron teira oeste do Estado, a parceria com a prefeitura foi oficializada ainda no início de julho. Ao final do mês, foram enviados convites a entidades, comér cio e pessoas físicas, numa espécie de chamamento para todo o município. “A Prefeitura Municipal de Gramado/Divulgação Em Pelotas, quando a Secretaria do Meio Ambiente e a Prefeitura Municipal foram convidadas, o interesse em parti cipar da iniciativa da Fecomércio-RS foi imediato. A partir de agosto, por dois meses, haverá uma central de recolhi mento e postos de coleta de lixo eletrô nico distribuídos em diferentes pontos da cidade. “O local ainda não foi defi nido, mas com certeza será de fácil aces so, tanto para o cidadão quanto para a empresa responsável pelo recolhimentos dos resíduos”, explica o secretário muni cipal do meio ambiente, Luiz Henrique Cordeiro Viana. “Não há quem não te nha equipamentos forade uso e não sabe o que fazer com os mesmos”, aponta. Por ser uma cidade referência no ensino superior nacional, a prefeitura pretende buscar diálogo com as universidades pe lotenses, para que motivem os alunos. “Faz parte da campanha a educação. Já houve outras campanhas de conscienti 30 Armazenagem de pneus inservíveis no Ecoponto de Gramado Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 comunidade tem material acumulado em suas casas. O consumismo aumen tou muito, pois sempre se está lançando algo novo, ou porque determinado apa relho não tem mais conserto”, resume Kátia Messa, engenheira agrônoma da Secretaria Municipal do Meio Ambien te. No dia 20 de agosto, será realizado o Dia da Coleta, uma grande feira de recolhimento, instalada no tradicional Calçadão, no centro da cidade. “O resí duo é um problema para o município”, alerta Kátia. “Estamos buscando alter nativas para sanar o problema. Hoje, a maior dificuldade é recolher o material, pois, apesar do que impõe a política re versa, não são todos que a praticam”, avalia a engenheira. Além de ser um chamamento para os alegretenses, Ká tia espera que o diálogo continue após a campanha. “Depois, teremos que che gar a uma nova conclusão. Pensamos em montar um Ecoponto, mas tem que haver diálogo entre as partes interessa das. Acredito que o município está pre parado, pois a campanha vai ao encon tro dos anseios da comunidade”, diz. da cidade. De acordo com engenheira agrônoma responsável pela Usina de Triagem de Gramado, Beatriz Masot ti, será realizado também um trabalho junto às escolas gramadenses. “Toda iniciativa sempre tem boa adesão. Já Trabalho em equipe Entenda as etapas da campanha e a responsabilidade de cada setor: Geração do resíduo Descarte do resíduo em local inadequado: feira credenciada e local fixo Recebimento e acondicionamento temporário das embalagens usadas } Responsabilidades dos consumidores Responsabilidades dos comerciantes e distribuidores Recebimento, armazenagem temporária e entrega do resíduo às empresas de reciclagem Responsabilidades dos fabricantes e importadores Desmanufaturamento e triagem Realizadas por empresa de logística reversa licenciada ambientalmente Reciclagem e transformação do resíduo em matéria-prima Realizadas nas empresas recicladoras licenciadas ambientalmente Etapa final Relatório de análise do lote processado e posteriormente emissão de um certificado de distribuição e reciclagem tivemos campanhas direcionadas à coleta de pilhas e pneus, e que fun cionaram muito bem. Queremos agora que os alunos levem a iniciativa para casa, pois é certo que lá encontrarão algo a ser descartado”, prevê Beatriz. Ela afirma que a prefeitura recebe, diariamente, um número significativo de telefonemas com dúvidas a respeito de como proceder com o descarte de material eletrônico. “Tenho bastante confiança. Desde a primeira reunião, o comércio já demonstrou apoio”, con ta. Ainda assim, Beatriz garante que é normal um pouco de apreensão quanto aos resultados, mas a esperança da boa receptividade é maior. “Este é apenas o começo”, reflete. Fique atento Saiba que tipo de material será recolhido pela campanha da Fecomércio-RS ( ) Cpu ( ) Notebooks ( ) Celular, bateria, acess. ( ) Monitor crt ( ) Copiadoras/scanner ( ) Centrais/telefone/fax ( ) Monitor lcd ( ) Fontes/transformadores ( ) Video cassete/dvd/game ( ) Placas vídeo, rede, som ( ) Estabilizadores/no breaks ( ) Modem/Hub ( ) Teclado ( ) Cd rom ( ) Cabos/conectores ( ) Mouse ( ) Disco rígido/hd ( ) Aparelhos de som ( ) Impressora ( ) Caixas de som Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 31 Outro parceiro da iniciativa da Fecomércio-RS é o município de Gra mado, na serra gaúcha. Entre os dias 15 e 20 de agosto, haverá um posto de coleta no Cen tro de Cultura municipal, no Centro S aiba mais TELECOMUNICAÇÕES Empresariado se rende à mobilidade tecnológica O conceito de mobilidade há tempos já faz parte do dicionário empresarial. O uso de celulares e tablets aumentou 50% no Brasil, conforme estudo do grupo Mowa junto às 500 maiores empresas do país. O segmento corporativo brasileiro se rendeu aos novos dispositivos que contribuem para estreitar o relacionamento com os seus consumidores. Entre os resultados apresentados pelo levantamento, destaca-se o fato de as macro-organizações utilizarem em grande escala recursos como SMS, sites móveis (produzidos especialmente para serem acessados por um celular tipo smartphone) e aplicativos para viabilizar a comunicação com diferentes públicos. Ness sentido, a indústria de telecomunicações é o setor que desponta no ranking, seguida pelas áreas definidas como “diversos, sistemas financeiros, transporte, seguradoras, autoindústria, eletroeletrônico, indústria da construção, varejo e indústria de bens de consumo”. OTIMISMO imagina só! Menor nível em quatro anos Caixinha de surpresas Curiosidade, surpresa e adrenalina. Este é o sentimento de quem recebe o presente da Viva!Experiência. A empresa, concebida a partir de cases de sucesso francês, disponibiliza aos clientes um serviço diferenciado, com a produção e venda de caixas-presentes que valem a liberdade de escolha do presenteado. As opções dividem-se nos temas bem-estar & beleza, fun, gourmet, em movimento e kids. Ao abrir a caixinha, a pessoa pode optar entre um dia no SPA ou um vale para saltar de paraquedas, entre outras possibilidades. Por enquanto, a novidade é comercializada apenas em livrarias da cidade de São Paulo, Atibaia e Sorocaba. Divulgação/Viva!Experiência No segundo trimestre de 2011, o otimismo do empresariado brasileiro recuou 24 pontos percentuais. De acordo com a International Business Report 2011 (IBR), da Grant Thornton, a pontuação representa o menor nível dos últimos quatro anos. O estudo revelou que se trata de uma tendência mundial, com influência dos recentes desastres naturais e das incertezas geradas pelas crises políticas do Oriente Médio e a volatilidade econômica na Europa e Estados Unidos. O clima mais negativo repercute em toda a América Latina. A Argentina e o Chile viram o otimismo cair 30% e 10%, respectivamente. “A inflação pode atingir 6% no Brasil. Há grandes pressões inflacionárias e esse efeito traz consigo um retrocesso nas expectativas de crescimento econômico. A pesquisa mostra que mais da metade dos empresários (54%) acredita em uma elevação de preços”, comenta Jobelino Locateli, CEO da Grant Thornton Brasil. Em números A International Business Report 2011 (IBR) também levantou outros dados interessantes. Confira: [ Apesar da queda, o nível do otimismo brasileiro ainda está acima da média global de 31% O otimismo cresceu em países como Canadá (80%), Dinamarca (62%), Finlândia (56%), França (49%), Irlanda (22%) e México (80%) A nação mais otimista é a Índia 32 Japão e Grécia se destacam no quesito ‘pessimismo’ Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 em tempo Jakub Krechowicz/Stock.schng Item básico O brasileiro não abre mão do telefone celular e das tecnologias móveis. A constatação é da pesquisa O observador, que registrou o incremento da fatia de consumidores que planejam comprar produtos do gênero. No período de 2005 e 2010, houve um aumento de 9 pontos percentuais, a maior alta entre os 12 itens citados na mostra. Investir em imóveis consiste em um dos grandes intentos dos pesquisados, além de eletrodomésticos, lazer (e viagem) e computador para casa. COPA DO MUNDO Indicadores de mercado para a Copa do Mundo 2014 Muitas oportunidades de empreender. Isto é o que diferentes setores da economia esperam com a promoção da Copa do Mundo no território nacional. A pesquisa Estação Brasil, do Ibope Inteligência, iniciou um trabalho para verificar o clima de expectativas, considerando a opinião de 2.002 brasileiros, em 141 municípios. O instituto desenvolverá uma série com 11 rodadas para mensurar a evolução da percepção das pessoas em relação ao evento. A primeira pesquisa indicou que 52% dos inquiridos já sabem dizer quais produtos referentes ao mundial pretendem comprar, enfatizando o interesse por artigos de vestuário. Outro ponto examinado foi o preparo do país para atender ás demandas da Copa. A saúde despontou como o item mais preocupante, considerada por 73% dos entrevistados como uma área despreparada. Na segunda posição, apareceu o trânsito. Bares, restaurantes e redes de hotéis receberam avaliação positiva. No quesito “mídia preferida”, os participantes destacaram a televisão como o meio pelo qual puderam obter mais informações a respeito do tema. INTERNET Franquias entram em campo na Copa de 2014 O mercado de franquias vive um momento exitoso. No ano passado, faturou nada menos que R$ 77 bilhões, e atualmente, contabiliza 9 mil lojas no território nacional. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), Ricardo Bomery, há uma expectativa de duplicação do segmento até a Copa do Mundo de 2014, estimando uma movimentação de R$ 150 bilhões. A microfranquia figura no rol de setores mais promissores por se tratar de uma modalidade que requer menos investimento estrutural, ou seja, no ponto comercial e no número de funcionários. Mais informações na edição 72 da B&S consumo Pesquisa mostra quem são os usuários de lan houses Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 33 Lary//Stock.schng Jovens entre 14 e 24 anos ocupam posição de destaque entre os frequentadores de lan houses. Do montante, 59% possuem renda pessoal mensal, com ganhos até R$ 2 mil. Tais números foram levantados pela pesquisa da consultoria Plano CDE junto à CDI Lan, no intuito de revelar o perfil de 32 milhões de brasileiros adeptos ao acesso à internet em estabelecimentos do gênero. Grande parte dos entrevistados integra as classes C, D e E, sendo que 43% dispõem de superior incompleto, 35% não concluíram o ensino médio e 6% têm graduação universitária. O mapeamento também mostra que 43% dos clientes de lan houses residem na região Nordeste e 38% na Sudeste; o Centro-Oeste responde por 7% e o Norte e Sul por 6% cada. “Esse cenário é uma característica da mobilidade social vivida pela base da pirâmide, que têm entre seus jovens um público cada vez mais escolarizado do que os pais e que, por isso mesmo, busca mais informação e tecnologia fora de casa por não ter computador ou acesso à internet”, observa Luciana Aguiar, antropóloga e sócia diretora da Plano CDE. O estudo abrangeu cerca de 900 pessoas em diferentes regiões do Brasil. C ocriação O cliente que trabalha na empresa Conheça uma forma de se relacionar com o cliente que vem ganhando cada vez mais adeptos no mundo inteiro. Eis a cocriação, um modelo de gestão que torna o consumidor um verdadeiro responsável pelo produto da sua empresa 34 o modelo tradicional de negócios, o dono da empresa tem uma ideia, cria um produto, providencia os mecanismos para elaborá-lo e depois oferece o resultado final ao cliente. Nos últimos anos, porém, as ferramentas tecnológicas têm feito surgir um novo tipo de consumidor, que passa a exigir maior envolvimento em todo o processo de produção. Ele quer um produto final customizado, ao seu gosto. Ele deseja participar da criação. Um dos grandes mentores do que se convencionou chamar de cocriação é Francis Gouillart, que esteve em Porto Alegre, em julho, participando do 12º Congresso Internacional da Gestão, do PGQP. Ele defende que as empresas adotem esse modelo em que o cliente deixa de ser um receptor passivo do produto final. E mostra que isso pode ser vantajoso para ambos os lados. A cocriação é mais bem plicada na prática e, para isso, não faltam exemplos. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 como funciona Um bom caso é a Fiat, que desenvolveu um carro a partir da colaboração de milhares de usuários no mundo inteiro, através de uma plataforma na internet. O Fiat Mio, cujo slogan Um carro para chamar de seu ilustra bem a ideia de cocriação, foi lançado no Salão do Automóvel de 2010, e não está finalizado: no site www.fiatmio.cc, ainda é possível propor alterações no veículo. Outro exemplo é a campanha Faça-me um sabor, da Ruffles: um concurso para a Mathias Cramer (Tempo Real Foto)/ Divulgação PGQP N Referência em cocriação, Francis Gouillart esteve em Porto Alegre sugestão de novos sabores do salgadinho. Os candidatos poderiam criar um sabor, nomeá-lo, dizer quais ingredientes fariam parte e, ainda, enviar uma foto que mostrasse a inspiração para a ideia. Em 2011, foram selecionados três finalistas. Os sabores sugeridos foram lançados no mercado em julho. O vencedor será escolhido por votação do público e pela vendagem. Ao final, o sabor escolhido será relançado, e o cliente que o sugeriu terá direito a 1% do valor das vendas. Mas por que trabalhar com cocriação? Quais os benefícios em jogo? Para Gouillart, “a vantagem da cocriação para o negócio é que ela reduz o custo de produção do produto ou serviço, porque o cliente faz uma parte do trabalho que era anteriormente feito pela empresa”. Além do benefício financeiro, passa-se a ter um cliente mais satisfeito com o produto final, já que ele mesmo participou da criação. “A natureza humana é inerentemente criativa”, afirma, “e agora nós temos soluções tecnológicas Em Porto Alegre, a Rede Marista do Rio Grande do Sul foi vencedora na categoria Melhor Campanha de Comunicação de Marketing no prêmio Aberje 2010, com um projeto de cocriação. Para fazer a campanha anual de fidelização e captação de alunos, o núcleo de comunicação da rede decidiu inovar, consultando grupos de pais e estudantes de todas as escolas maristas do Estado. O resultado: a publicidade da rede acabou retratando uma escola mais próxima daquela vivenciada pelo seu principal público. Lidiane Ramirez de Amorim, coordenadora do Núcleo de Criação da Rede Marista, diz que a experiência foi um divisor de águas. Ela conta que uma frase dita por um aluno – Anúncio sem graça é igual à escola sem graça – foi tão importante que norteou a elaboração de toda a campanha Aprenda a ser feliz. A experiência deu tão ressoar as ideias de Gouillart, para quem a cocriação não é exclusividade de grandes empresas. Segundo ele, é possível transformar o cliente em cocriador até mesmo em pequenos negócios, como padarias e açougues. Ele conta que já há casos de restaurantes em que um grupo de pessoas leva os ingredientes e encontra no local um chef que cria a refeição baseado no que eles trouxeram e no que pretendem comer. Os exemplos deixam claro: não importa que negócio você tenha, há sempre uma possibilidade criativa de estimular a participação do cliente. Alunos foram verdadeira fonte de inspiração para campanha escolar Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 35 exemplo gaúcho certo que está sendo repetida e ampliada. Em 2010, foram consultados 32 alunos. Este ano, o número subiu para 308, mais 63 pais ou responsáveis. Lidiane e sua equipe descobriram há pouco, por exemplo, que os alunos não gostam de anúncios em que o estudante aparece sozinho na foto. Sabendo disso, a campanha deste ano mostrará os alunos interagindo, retratando melhor a experiência vivida em ambiente escolar. “Quanto mais próximo se chega da expectativa da pessoa, mais chances há de dar certo”, diz Lidiane. Essa experiência em ambiente escolar faz Ascom/Divulgação Rede Marista que nos permitem cocriar.” O especialista completa: “A cocriação responde a uma necessidade humana que sempre esteve aí, mas a tecnologia agora auxilia para que se supra essa necessidade”. T reinamento Capacitação para prosperar no mercado Empresas que investem em programas de treinamento para capacitar melhor seus colaboradores crescem mais e criam grupos com conhecimentos e capacidades exclusivas dentro de suas equipes A passo da contratação, pois a vivência na profissão escolhida vale tudo. Mas existe outra porta que está se abrindo devido ao intenso medo da falta de colaboradores habilitados: o treinamento. Algumas empresas de grande porte investem pesado para manter seus mais valiosos funcionários, capacitando-os cada vez mais e identificando talentos em diversas áreas na hora de buscar pes soas no mercado de trabalho. No caso da NeoGrid, empresa que trabalha com busiDivulgação Panvel formatura na universidade significa liberdade para alguns, trabalho para outros e frustração para outra parte dos formandos. Com um mercado cada vez mais exigente e à beira do apagão profissional, somente com o título de curso superior e sem nenhuma vivência na área é cada vez mais difícil se candidatar a uma vaga de trabalho. Se o profissional realizou estágios e colaborou com empresas que lhe deram experiência nesse processo da faculdade, ele pode estar a um 36 Aprimoramento de funcionários na Panvel Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 ness inteligence (inteligência de negócios), a aposta é no treinamento em parceria com universidades, com destaque para o programa realizado no Centro de Inovação da Pucrs. De acordo com Lúcia Melo, analista de recursos humanos sênior, “o objetivo desse curso é capacitar profissionais do mercado com ferramentas que a empresa está utilizando no momento para que possamos selecioná-los para as nossas vagas, é um curso e uma seleção”. Na sua terceira edição no ano de 2011, o treinamento é voltado para formandos e recém-formados na área de Tecnologia da Informação (TI) e tem sido realizado uma vez por semestre. Dos 16 participantes da primeira edição, seis foram contratados pela NeoGrid. Um dos selecionados da primeira turma de 2011, Diogo Cunha, diz que “sem o curso oferecido no Centro de Inovação da Pucrs seria muito difícil ser contratado pela NeoGrid ou por outra empresa do mesmo porte”. O maior benefício para Cunha foi aprender novas maneiras de trabalhar e se tornar um recém-formado empregado. “Esse tipo de programa de capacitação lúcia simon durante um tempo considerável. Existem diversos treinamentos internos para aprimorar e manter o conhecimento dos funcionários no estado da arte. É o caso da Panvel, que possui um sistema de aprimoramento de seus farmacêuticos. De acordo com Leonor Moura, farmacêutica líder do apoio técnico da Panvel, “uma vez por ano é realizado um evento, com duração de dois dias, chamado de Farma Ativo, onde farmacêuticos de todas as lojas da rede comparecem de modo revezado para receber novos conhecimentos técnicos e motivacionais”. Durante o ano existem eventos menores, muitos deles sugeridos pelos próprios profissionais para tratar de assuntos relativos a diabetes, produtos de inverno, vitaminas e medição de glicose. Além desse programa, existem outros para os demais colaboradores das lojas. O Universo de Beleza busca aprimorar as consultoras das lojas em relação aos produtos de beleza e perfumaria. Já o Panvel e Suas Pessoas busca treinar os funcionários em técnicas de vendas e informações gerais do grupo, aberto para todos os funcionários da rede. Divulgação Neogrid é formado em parceria com as empresas que têm a necessidade de profissionais de TI. Há uma cocriação de um novo serviço, alicerçado na confiança e transparência entre universidade e empresa”, reforça Ionara Rech, mestre em Administração e coordenadora de Negócios do Centro de Inovação da Pucrs. Segundo Eneida Azeredo, diretora da Azeredo RH, existem diferenças entre o que é aprendido na faculdade e o mundo real do mercado. Os conhecimentos acadêmicos são extremamente válidos, mas as empresas buscam pessoas com perfis que vão um pouco além. Ela explica que o candidato que procura fazer um trainee deve “possuir hábitos de leitura e uma flexibilidade muito boa para poder atuar em qualquer setor de uma empresa”. Outros modelos Curso da NeoGrid no Centro de Inovação da Pucrs Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 37 A área de TI tem um predomínio sobre os programas de treinamento por possuir muita demanda, porém a área farmacêutica está começando a crescer e pode ser considerada a próxima novidade no mercado. As corporações também investem alto em capacitação com colaboradores que já trabalham na empresa E ntidade Nova sede tem projeto definido Concurso realizado pela Fecomércio-RS definiu o projeto para a nova sede da entidade. Com cronograma estipulado, em julho de 2014 o complexo às margens da freeway A 38 ntes de desenvolver um projeto sustentável, a Fecomércio-RS preocupou-se em alcançar integralmente os objetivos para a construção da nova sede. Para isso, surgiu internamente a proposta de realizar um concurso para escolher o projeto mais adequado. “Consideramos bastante adequado, era a forma mais correta”, comenta o vice-presidente da federação, Flávio Gomes, que coordenou o projeto pela Fecomércio-RS. A seleção foi realizada em parceria com o Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS). O Concurso Público de Arquitetura e Urbanismo contou com a inscrição de 33 projetos, dos quais quatro foram indicados pela comissão de jurados do instituto. “Uma comissão da Fecomércio-RS selecionou o projeto que melhor atendia às necessidades da entidade.” O arquiteto Emerson José Vidigal, de Curitiba (PR), assinou a proposta vencedora, que prevê a construção do Centro Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Administrativo do Sistema Fecomércio-RS, Sesc e Senac, Centro de Convivência, Centro de Eventos Sesc e Centro Educacional Senac. Às margens da freeway, em Porto Alegre, o complexo de 19 hectares terá área construída de 160 mil m² e estrutura ecologicamente sustentável. A garagem projetada comportará 3.500 vagas e, no projeto escolhido, foi prevista uma área administrativa de 20 mil m², a criação de um Centro Educacional Senac-RS, que atenderá feiras e eventos, além de uma arena multiuso com capacidade para 10 mil pessoas. A entrada do complexo será por duas vias: pela Fernando Ferrari e também entrada pela freeway. O arquiteto Gabriel Cruz Grandó, de Porto Alegre (RS), conquistou a segunda colocação, seguido por Tarso Carneiro. Em quarto lugar ficou o trabalho da Blackbox/Divulgação receberá o departamento administrativo equipe liderada por Alípio Pires Castelo Branco, de Belo Horizonte (MG). Cronograma Conforme Flávio Gomes, a Fecomércio-RS acredita que nos próximos 18 meses a construção deve ser aprovada nos órgãos competentes. “Acreditamos que a primeira fase de construção estará pronta em julho de 2014, quando a Fecomércio-RS pretende transferir sua estrutura administrativa.” A conclusão total só ocorrerá após a instalação de todos os equipamentos do Sesc e Senac. P ersonalidade Um novo modo de empreender Conhecido pela sua competência e liderança, Jack Welch é alguém a ser estudado, como também fonte de inspiração quando o assunto é liderança no mundo dos negócios ormado em Engenharia Química na Universidade de Massachusetts, com mestrado e doutorado na mesma área, Jack Welch ficou conhecido pelo trabalho desenvolvido na General Electric (GE), multinacional de serviços e de tecnologia. Welch iniciou na companhia em 1960 e após 21 anos, aos 45 anos de idade, assumiu o comando da organização. Suas táticas e perspicácia fizeram com que o valor de mercado da empresa aumentasse de US$ 13 bilhões para US$ 400 bilhões. A GE angariou uma enorme expansão sob sua liderança, e assim, o executivo desenvolveu uma inovação na esfera empresarial e alterou as regras do jogo, de como uma corporação deve conduzir seus negócios. Nomeado Gerente do Século pela revista Fortune no ano 2000, hoje Welch é diretor da Jack Welch, LLC, onde trabalha com consultoria e realiza palestras direcionadas a pessoas e estudantes de diversos países. Instituiu há pouco tempo também o Jack Welch Management Institute, um programa de MBA online que objetiva proporcionar aos estudantes de todo o mundo e em todos os níveis da carreira ferramentas para transformar suas vidas e as organizações do futuro. O executivo também é autor dos livros: Jack Definitivo e Paixão por Vencer – A bíblia do sucesso, este último escrito com Susy Welch e inspirado nas viagens e no contato com o mundo corporativo, promovendo palestras e conversas sobre negócios. Essa celebridade do mundo dos negócios possui modos práticos e objetivos de pensar no cerne de uma gestão. Segundo Welch, cada um tem uma forma de lidar com o comando e se guia a partir de suas próprias regras. Confira alguns preceitos que pautam Welch, segundo o livro Paixão por vencer: - Os líderes otimizam seus colaboradores. Em cada contato, objetivam avaliar, treinar e incentivar a autoconfiança dos funcionários. - O comportamento da equipe deve estar alinhado com a missão da empresa. São necessárias metas precisas e a comunicação delas de modo claro, além de incentivos financeiros. - O líder influencia o comportamento de seus colegas de trabalho. É importante transmitir boas energias e otimismo. - Sinceridade é primordial. Auxilia a estabelecer vínculo de confiança com os colaboradores. Para isso acontecer, é preciso não omitir informações, reconhecer que merece e não se apropriar de ideias alheias e usá-las como próprias, como também assumir as falhas e compartilhar dos méritos angariados. - Um líder de verdade sabe tomar decisões difíceis. E elas são inevitáveis. É necessário ouvir as queixas, argumentar as decisões e seguir adiante. - Incentivar descobertas através de curiosidades e perguntas que motivem o desenvolvimento de algo é tarefa de um bom líder também. A partir de discussões sobre alguma decisão ou proposta, ele pode indagar as possibilidades de o assunto ser discutido em outras esferas. Gerar debates e assuntos que originem ações criativas posteriores. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 39 F S esc Muito além do objetivo O Programa Mesa Brasil Sesc reúne mais de 500 empresas parceiras em todo o Estado, unidas em nome de um bem maior: a qualidade de vida. Saiba mais sobre a iniciativa e entenda por que a sua participação faz a diferença M De acordo com a gerente de Educação e Ação Social do Sesc-RS, Loide Trois, um dos objetivos do programa é coletar alimentos excedentes e distribuí-los a instituições previamente cadastradas, as quais serão monitoradas pelo programa. Contudo, esta é apenas a base do Mesa Brasil. O maior diferencial da iniciativa é o forte eixo estabelecido com as ações educativas. “Faz-se um mapeamento das instituições parceiras, as quais nós auxiViviane Souza/Lar das Vovozinhas uitas são as ações que mobilizam uma comunidade em prol de uma causa. Poucas são aquelas que vão além do objetivo que perseguem. É o caso do Mesa Brasil, do Sesc, presente em 27 estados brasileiros e atuante no Rio Grande do Sul desde novembro de 2003. A ideia da iniciativa é desenvolver uma colheita urbana de alimentos, de acordo com os critérios da segurança alimentar e nutricional. 40 Lar das Vovozinhas, em Santa Maria, é uma das beneficiadas pelo programa Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 liamos por meio de oficinas e cursos de capacitação, de acordo com o foco em que elas atuam, seja assistência ou educação, por exemplo”, explica Loide. Segundo a gerente, as ações educativas são o ponto de destaque do Mesa Brasil, pois são a prova de que, ao levar conhecimento e práticas inovadoras a outras instituições, é estabelecido um sistema cíclico, constante. “As instituições ficam aptas a qualificar sua equipe, seja para gerenciamento do local ou para outros pontos que precisam ser trabalhados na estrutura”, aponta a gerente de Educação e Ação Social. A mobilização em prol da qualificação, além das oficinas, mostra o quanto o Mesa Brasil vai além do recebimento do alimento. “Não ficamos apenas na entrega dos alimentos, fazemos essa interferência que transforma a vida das pessoas”, comenta Loide, lembrando que o programa recentemente lançou um livro com receitas fáceis e de alto valor nutricional, o que pode ser uti- Divulgação Sesc/RS lizado não apenas pelos parceiros do Mesa Brasil, mas também por outras organizações. Atualmente, participam do programa: Cachoeira do Sul, Erechim, Caxias do Sul, Porto Alegre, Rio Grande, Santa Maria e Vales do Taquari e do Rio Pardo (municípios de Lajeado, Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires). A importância de participar Balanço Confira alguns resultados do Mesa Brasil no primeiro semestre de 2011. Mais informações pelos sites www.sesc.com.br/mesabrasil e www.sesc-rs.com.br/mesabrasil Quantidade de doações distribuídas (toneladas): 1.221.119 Alimentos arrecadados: 1.178.946 Instituições receptoras cadastradas (sistemáticas e eventuais): 736 Número de refeições complementadas: 13.044.976 Pessoas beneficiadas: 60.004 Empresas doadoras e parceiras (sistemáticas e eventuais): 527 Ações educativas: 343 Pessoas capacitadas: 7.739 Vantagens para as empresas Conheça os benefícios de ser um doador: Ampliação de ações de Responsabilidade Social e Cidadania Corporativa da empresa com a doação de produtos que não teriam aproveitamento comercial Isenção do ICMS (Confaz – Decreto n° 41.374 de 30 de janeiro de 2002, Art.1) para os produtos e serviços doados ao Mesa Brasil Sesc Diminuição de custos com operações de logística e eliminação de produtos sem valor comercial Participação no site e informativos do Mesa Brasil Certificação como Empresa Parceira Autorização de utilização da marca (logo) no material institucional de sua empresa Retorno em relatório e informativos das ações desenvolvidas Participação em cursos e eventos do Programa Fonte: Sesc-rs Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 41 De acordo com o gerente de Marketing da rede de supermercados Guanabara, Luciano Canteiro, quanto mais empresas se unem em nome de uma causa, melhor para a sociedade. No caso desta rede de Rio Grande, a prática de ajudar está presente na empresa desde sua fundação. São 45 anos de contribuição para a comunidade. “Para nós, é importante darmos continuidade ao trabalho que já vínhamos fazendo. Isto não é uma ação de marketing, acreditamos nesse projeto e por isso firmamos a parceria”, afirma. Para o presidente da Associação Amparo Previdência Lar das Vovozinhas, Sérgio Severo, iniciativas como a do Sesc garantem mais que o recebimento de donativos. “Com o dinheiro que economizamos na compra dos alimentos, investimos em reformas para a casa”, diz Severo. Ele afirma que há muitas pessoas interessadas em doar, mas não havia alguém para se responsabilizar pela captação e distribuição do material. “O Mesa Brasil veio para preencher essa lacuna, e tem suprido a necessidade e melhorado as condições de muitas entidades beneficentes”, destaca. O Lar das Vovozinhas atua há 65 anos em Santa Maria, e atualmente cuida de 200 idosos. “Estamos melhorando dia a dia”, garante Severo. S enac Feira reúne projetos de estudantes do Senac-RS A 2ª Feira de Projetos reúne 65 pesquisas de alunos das escolas do Senac-RS de todo o Estado. Agendado para os dias 11 e 12 de agosto, o evento tem entrada gratuita e é aberto a toda comunidade C fotos: Divulgação Senac-RS om o tema Conhecimento e atitude podem salvar o planeta, a segunda edição da Feira de Projetos acontece entre os dias 11 e 12 de agosto no Centro de Eventos da Fenac, em Novo Hamburgo. Conforme Roberto Sarquis Berte, gerente do Núcleo de Educação Profissional, a feira tem a proposta de mostrar o desenvolvimento dos alunos das escolas Senac de todo o Estado. A Feira de Projetos tem a proposta de aprimorar e divulgar a produção científica e tecnológica desenvolvida pelos estudantes de todos os níveis educacionais do Senac-RS, possibilitando ainda a troca de 42 Alunos de Bagé venceram a Feira de Projetos e também conquistaram prêmios na Fecitep 2010 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 experiências entre as escolas que integram a Instituição. De acordo com o gerente do Núcleo de Educação Profissional, a intenção é possibilitar maior visibilidade e socialização dos avanços de projetos de pesquisa científica e tecnológica realizados na entidade. Todas as escolas Senac foram convidadas a participar – algumas delas realizaram feiras internas para selecionar. As propostas apresentadas na Feira de Projetos serão analisadas tecnicamente a fim de identificar as melhores iniciativas. “Cada projeto será avaliado por dois profissionais”, explica Berte. Dez trabalhos serão selecionados para participar da Feira Estadual de Ciência e Tecnologia da Educação Profissional (Fecitep), que acontece em outubro. Os três primeiros colocados, dos cursos técnicos e dos cursos de formação inicial e continuada, serão premiados. Foram inscritos 65 projetos: 37 de Formação Inicial e Continuada (FIC), e 28 de nível Técnico. Contam com proje- Vencedores da premiação da feira de projetos 2010 tos inscritos as unidades do Senac Bento Gonçalves (4 projetos), Ijuí (5), Santa Cruz (4), Taquara (1), Gravataí (2), Comunidade Zona Norte (1), Santana do Livramento (1), Uruguaiana (3), Lajeado (3), Bagé (9), Carazinho (1), Comunidade Centro (1), Canoas (2), Fatec – Poa (2), Rio Grande (4), São Luiz Gonzaga (1), Camaquã (5), Montenegro (1), São Borja (1), Cachoeira do Sul (2), Pelotas (4), Novo Hamburgo (1), Informática (1), Três Passos (1), Santa Rosa (1), Santa Maria (2), Passo D’Areia (1) e São Leopoldo (1). Além desses, serão expostos na feira outros dois projetos do Ensino Superior. Tecnologia na mira do Senactech A 6ª edição do maior evento voltado para tecnologia do Senac-RS acontece nos dias 16 e 17 de agosto, com os temas design, programação, gestão e negócios e infraestrutura. Confira os detalhes da programação Gestão e negócios: TI Verde e Gráficos avançados no Excel. Infraestrutura: Ferramentas para projeto e simulação de redes de computadores, Filtros inteligentes, otimizando sua internet, Fundamentos de administração do Windows Server 2008 e Introdução a ferramenta de monitoramento de redes Nagios. A programação para o segunda dia inclui: Jogos digitais, Construindo com AutoCAD, Ambientes planejados com Promob, Ilustração digital com Photoshop e Illustrator, Edição de vídeo com After Effects e Premiere, Criação de portfólio (Design), Programação Android, PHP com Postgres, HTML 5.0 (Programação), Governança de TI, Redes sociais, Tendências em nomes de domínio, Excel Dashboard: painéis estratégicos (Gestão e Negócios), Servidor VOIP, Debian para servidores e Espelhamento de discos via software (Infraestrutura). nes: mercado, tecnologias e como participar. No mesmo horário, no dia seguinte, Martha Gabriel palestra sobre A era da busca. minicursos Os minicursos sobre design são: Maquetes eletrônicas com 3DS max, Efeitos mágicos com Photoshop, Blender 3D e Fotografia digital. Sobre programação: Introdução a linguagem SQL, Java EE, JavaScript/jQuery: conceitos e utilização e Introdução ao NoSQL (MongoDB). Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 43 nualmente o Senac-RS abre as portas da sua Faculdade de Tecnologia, em Porto Alegre, e reúne importantes nomes do setor a fim de incentivar a troca de informações. No Senactech, professores apresentam as principais novidades dos segmentos em que a instituição atua. De acordo com Paulo Leal, coordenador de Informática do Senac-RS, o encontro tem como público-alvo estudantes de cursos de Tecnologia da Informação, empresários e usuários. “A expectativa é de recebermos nos dois dias de evento aproximadamente 600 pessoas para os minicursos e palestras.” Segundo Leal, a entidade trabalhou fortemente a questão dos minicursos e palestras. “Preparamos uma programação com mais de 30 minicursos e duas grandes palestras.” No dia 16 de agosto, às 19h, Felipe Kellermann aborda em sua apresentação o tema Smartpho- Divulgação Senac-RS A E quipes O diferencial é saber identificar o talento Pessoas com habilidades distintas podem fazer a diferença, mas nem sempre as empresas buscam explorar as características de trabalho dos colaboradores. Saiba quais são as vantagens em praticar esse exercício O Francisco Dias/Divulgação processo para se definir qual cargo o colaborador deve ocupar no trabalho não é uma tarefa fácil. É preciso explorar a fundo e transformar o trabalho em um desafio para extrair a essência profissional e pessoal de cada funcionário. Nem todos estão dispostos a passar por sacrifícios para descobrir as próprias características e se encaixar na função mais adequada ao seu perfil. Existem seleções de profissionais abertas publicamente pelas empresas, em que, segundo Jorge Elias, Mestre em 44 Roberto Sirotsky (D) apostou no trabalho de Nicolas Motta Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 Administração da Faculdade de Administração, Contabilidade e Economia da Pucrs, se utiliza o método tradicional de seleção, com busca de pessoas no mercado. Também podem optar por utilizar a “prata da casa”, quando surge uma oportunidade para que o colaborador que já trabalha na empresa possa alavancar sua carreira. Nesses casos a comunicação com gerentes e gestores é um grande trunfo para que os colaboradores que já atuam na empresa possam ser escolhidos pelos seus superiores para concorrer a uma vaga diferente da sua função atual. É o caso do Peruzzo Supermercados, rede varejista do interior do Rio Grande do Sul, onde os gerentes são orientados para prestar atenção nos funcionários que são diferenciais. Raquel Barreto, psicóloga organizacional da empresa, relata que “os colaboradores se destacam por exercer influência e por fazerem coisas além das suas funções sem que alguém tenha solicitado. Eles se diferenciam por serem formadores de opinião. A conduta vale muito e os gerentes ficam de olho nesse potencial”. De empacotador a diretor Caso de Emerson Moreira, atual diretor comercial do Peruzzo, trabalhando com a empresa desde 1998. Ele iniciou suas atividades como empacotador e em três meses começou a trocar de função, passando por repositor, fiscal de caixa até chegar à gerência da primeira loja do grupo e posteriormente trabalhando na atual função. Devido ao conhecimento em informática, ele foi selecionado para fazer um treinamento para trabalhar no centro de processamento de dados, mudando o seu direcionamento do trabalho dentro da empresa. “Um dos motivos de trabalhar no Peruzzo foi justamente a oportunidade que a empresa oferecia para aqueles que se destacavam, na aposta que ela tem em treinar os colaboradores para outras funções”, explica Moreira. lúcia simon Habilidades distintas De acordo com a teoria de Howard Gardner, psicólogo cognitivo e educacional norte-americano, existem oito inteligências possíveis dentro de cada ser humano, talentos, os quais contêm também subinteligências, ou seja, a mistura dessas habilidades. As empresas hoje buscam profissionais de acordo com as suas necessidades e devem extrair desses colaboradores a sua real aptidão dentro da profissão escolhida. A busca por esse talento nem sempre passa por seleções complicadas e demoradas. No caso da 3YZ, agência digital sediada em Porto Alegre, a empresa procura por pessoas de variados perfis para ocupar funções em que muitas vezes elas precisam inovar em algum projeto e trabalhar em equipe. Um dos casos de destaque é o de Nicolas Motta, sócio da empresa há um ano e meio. “Ele começou na área de planejamento, conseguiu trabalhar na parte de comunicação e hoje é sócio da empresa”, conta Roberto Sirotsky, sócio criador da 3YZ.“O que nós mais buscamos é alguém que goste de comunicação, que goste dessa vivência no online, a troca de informações, a interação através da comunicação digital”, diz Motta. As áreas na empresa dos dois sócios são diversificadas, com oportunidade para que os colaboradores trabalhem em equipe e desenvolvam suas habilidades com os colegas, uma maneira mais simples de identificar quem é melhor para isso ou para aquilo e até mesmo modificar as funções durante o trabalho na agência. Segundo Jaqueline Mânica, professora da Pucrs e consultora de Recursos Humanos, para se colocar o colaborador na função de acordo com suas características, o principal é fazer um trabalho de coach em equipe, onde será avaliado o perfil do colaborador. Levando-se em conta a característica da empresa, a consultora explica que “não se deve forçar a pessoa a trocar de área se aquilo a agride de alguma forma. O importante é avaliar o que o grupo tem em comum, os pontos fortes e fracos da equipe e trabalhar no acompanhamento, ou seja, o coach”. Ela ainda ressalta: “O colaborador precisa ficar à vontade com sua ocupação, tomando a decisão de ocupar ou não determinado cargo”. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 45 Hoje o Peruzzo possui uma escola de líderes, com quatro turmas formadas, e o Trainee para estudantes universitários que tenham interesse na área de varejo. O acompanhamento dos selecionados na escola de líderes é feito durante dois anos, mantendo encontros mensais onde os colaboradores são informados sobre o que o líder precisa saber, como áreas de departamento pessoal e contabilidade. Divulgação/ Fecomércio-RS Visão Econômica Marcelo Portugal Consultor econômico da Fecomércio-RS “Não faltam oportunidades de emprego, mas são escassos os profissionais com qualificação elevada para ocupar as vagas existentes.” 46 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 O pleno emprego Eu me formei em economia em 1984. Bem no meio da década perdida. Conseguir um emprego, naquela época, não era uma tarefa muito fácil. Hoje, as condições do mercado de trabalho são muito diferentes daquelas que eu enfrentei como recém-formado. Na verdade, nesses 27 anos como economista não consigo me lembrar de outro momento em que o mercado de trabalho tenha estado tão aquecido. Na minha vida de jovem economista, o principal desafio a ser vencido na busca pelo crescimento econômico do país era a estabilização macroeconômica e política. O Brasil tinha uma dívida externa muito elevada e padecia de uma contínua aceleração inflacionária, interrompida apenas por planos populistas de congelamento de preços. Por outro lado, a democracia ainda engatinhava nos anos 1980 e os discursos socialistas de ruptura com o chamado “modelo econômico” não ajudavam a criar um ambiente de estabilidade institucional propício ao investimento produtivo. Em uma situação de grande grau de incerteza macroeconômica e institucional, os empreendedores não investem e, consequentemente, a economia não cresce. O Plano Real, as privatizações e algumas reformas modernizantes, infelizmente incompletas, ajudaram o país a vencer o desafio da estabilidade econômica. Institucionalmente o país também evoluiu, com a disputa pelo poder sendo travada por meio de eleições limpas. O discurso político da ruptura deu lugar ao das mudanças gradativas. Atualmente, o principal elemento a limitar a expansão da economia tem sido, e será nos próximos anos, a falta de mão de obra, especialmente a de maior qualificação. Pela primeira vez em várias décadas o país encontra-se próximo do pleno emprego. Não faltam oportunidades de emprego, mas são escassos os profissionais com qualificação elevada para ocupar as vagas existentes. A forte elevação dos vistos de trabalho fornecidos pelo Ministério das Relações Exteriores é um sinal claro da nossa deficiência em mão de obra qualificada. Alguns avanços têm sido feitos. Na última década, praticamente todas as crianças de 7 a 14 anos foram matriculadas na escola. Falta, contudo, melhorar a qualidade do ensino básico para que essas crianças desenvolvam os conhecimentos elementares em português e em matemática que as habilite a uma espacialização profissional posterior. O ensino e a qualificação profissional elevam a produtividade do trabalho, contribuindo de forma simultânea para o crescimento econômico e para a melhoria na distribuição de renda. Trabalhadores mais produtivos geram mais valor e, portanto, se apropriam de uma parte maior da riqueza que é gerada no país. G lossário Com a assinatura da empresa e a qualidade do varejo No Brasil, as marcas próprias vêm se consolidando no mercado. Atualmente, 18,6 milhões de consumidores utilizam produtos do segmento, adquiridos em diferentes estabelecimentos comerciais. Entenda mais sobre as marcas próprias or muito tempo, o estigma de produto genérico acompanhou a marca própria. O tempo e o investimento da indústria a transformaram em uma opção tão válida quanto a aquisição de itens da linha premium. A qualificação dos processos levou o segmento a abrir espaço nas gôndolas, deixando para trás o conceito equivocado de mercadoria barata e de segunda linha. Hoje, na quarta geração, vem conquistando brasileiros e varejistas. Levantamento da Nielsen, realizado no ano passado, identificou mais de 65 mil artigos disponibilizados no varejo nacional, comercializados em 330 empresas, entre supermercados, atacadistas e farmácias pesquisadas. Destacam-se panetones (38,6% do volume da categoria), derivados de tomate (32%), envoltórios de alimentos (30%), guardanapos de papel (27,7%) e pão de queijo (27,7%). As marcas próprias pertencem aos varejistas e atacadistas sob registros e comercialização exclusiva. Elas entraram no Brasil no início do século 20 e receberam a respectiva denominação justamente para diferenciá-las das demais. Nos seus primórdios, a embalagem trazia apenas o nome da mercadoria, como feijão, arroz e massa. Com o passar dos anos, a competição acirrada, as exigências dos consumidores contemporâneos e a inserção de novas bandeiras internacionais influenciaram no incremento do setor e na elevação dos padrões de excelência. As melhorias surtiram efeito. No primeiro semestre de 2010, os itens com a assinatura do varejo integraram-se à cesta de cerca de 18,6 milhões de shoppers, dígitos que representam 49,7% dos lares em âmbito nacional. Ainda que a sua participação no cenário brasileiro tenha aumentado, quando comparada ao panorama mundial, é considerada pequena. A Europa lidera em market share de marca própria, tendo na Suíça e no Reino Unido, abocanhado 46% e 43% do mercado, respectivamente. “Há espaço a ser explorado no Brasil e também na América Latina”, explica César Gasperini, responsável pelo estudo. Quem é o consumidor de marcas próprias? O 16° Estudo de Marcas Próprias Nielsen revelou a face dos consumidores brasileiros adeptos a artigos do gênero. Na faixa etária de 41 a 50 anos, eles possuem nível socioeconômico alto e residem em domicílios ocupados por quatro ou cinco pessoas. Integram o grupo dos chamados Conscientes e Maduros bem-sucedidos. Apesar dos preços mais em conta, o consumidor de marcas próprias não pertence à base da pirâmide. Segundo a pesquisa, é crescente o consumo nos lares de classes mais abastadas, evidenciando o seu potencial mercadológico e o incremento qualitativo na concepção dos produtos. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 47 P caroline corso Visão Política Fernando Schuler Cientista político do Sistema Fecomércio-RS “O ensino público brasileiro foi universalizado, mas tem uma péssima qualidade.” E ducação: por que 48 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 não vamos para frente? Já virou lugar comum, no nosso debate público, a ideia de que a educação é a grande prioridade nacional. Seja na área política ou entre as lideranças empresariais, não há quem discorde disto. Vale então a pergunta: se todos concordam, por que a educação no país não melhora? Ou, ao menos, por que não melhora significativamente? O Brasil de hoje é feito de algumas ótimas notícias. Os analistas dizem que viveremos nesta e na próxima década a chamada “janela demográfica”, período em que o país terá a maior quantidade relativa de cidadãos na idade mais produtiva, criando as melhores perspectivas para o crescimento da economia. As boas notícias continuam: houve redução significativa da pobreza brasileira: de 42% para 23%, entre 1993 e 2010. Nesse mesmo período, praticamente universalizamos a frequência das crianças ao ensino fundamental. Foram duas boas décadas para o Brasil. O ponto é que poderíamos ter ido muito melhor. Dos 23% de pessoas abaixo da linha de pobreza no Brasil, quase a metade é constituída por jovens. Indo direto ao ponto: metade das crianças brasileiras com até 10 anos de idade são pobres. Todas elas, e mais um enorme contingente de crianças brasileiras da chamada “classe C”, dependem da escola pública para estudar. E aí começa o problema. O ensino público brasileiro foi universalizado (para o ensino fundamental), mas tem uma péssima qualidade. Há um problema crucial a ser enfrentado quanto à qualidade do ensino que é oferecido a nossas crianças oriundas de famílias mais pobres. Do modo como nosso sistema educacional encontra-se hoje estruturado, está se criando um verdadeiro apartheid social no Brasil. Os ricos e a classe média colocam seus filhos para estudar nos colégios privados, de melhor qualidade, enquanto os mais pobres sofrem com a escola pública de má qualidade. Isto só faz, ao longo do tempo, aumentar ainda mais a desigualdade social. Pergunta-se: por que, em vez de insistirmos em um modelo falido de escola estatal, presa aos interesses corporativos dos sindicatos, avessa ao mérito, em que os bons professores (a maioria) não dispõem de condições estruturais de gestão adequadas para trabalhar, não apostamos em um modelo em que o Estado compra vagas e viabiliza o acesso de todos às escolas das redes comunitárias e privadas? O ProUni, extraordinário programa, está aí para mostrar que isso é possível. Eis aí uma boa bandeira para a agenda empresarial brasileira. & Mais Menos Brasil inovador Empresas calçadistas em alta Caroline Corso As micro e pequenas empresas do setor coureirocalçadista que participaram do Estande Coletivo do RS na Francal 2011 superaram as expectativas, atingindo o montante de R$ 11,6 milhões em negócios realizados, 45% a mais do total registrado em 2010. O Brasil subiu na posição do ranking global de inovação. Organizado pela Confederação da Indústria da Índia, em parceria com o instituto Insead e com a Wipo, entre os 125 países participantes, o Brasil saltou da 68ª para a 47ª posição. Recorde em uvas Mais conveniência Chances para classe C Segundo dados do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), o número de lojas de conveniência registrou um aumento A classe C agregou mais pessoas no Brasil. Mais de 39 milhões O Estado teve uma produção recorde de uvas neste ano. De acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), foram colhidos 707,2 milhões de quilos da fruta, registrando uma alta de 5% de brasileiros se incorporaram à classe entre 2003 e 2011,segundo dados da Fundação Getulio Vargas (FGV). 34% Empréstimo turístico Importação de carros deve subir Licenciamento superior, se comparado ao varejo. Os financiamentos prestados pelos bancos direcionados às empresas de turismo só neste ano já superaram o montante cedido entre 2003 e 2006. De janeiro a abril de 2011 já foram emprestados R$ 2,3 bilhões pelos bancos brasileiros. Mais carros importados devem entrar no Brasil, segundo representantes do setor automotivo e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista. A entrada dos veículos deve crescer 52% só neste ano, comparado a 2010. em relação ao ano passado. De acordo com pesquisa do Licensing Brasil Meeting, o mercado de licenciamento no Brasil movimentou R$ 4,2 bilhões no ano passado. Uma parte advém da aposta de pequenas e médias empresas no licenciamento de marcas e personagens para competir com a concorrência. Viagens na copa de viagens pelo país. Segundo pesquisa da FGV, os trajetos serão realizados por 600 mil turistas de fora e quase 3 milhões de brasileiros que circularão entre as cidades-sede. Segundo o Ibope, R$ 7,18 bilhões é a expectativa de investimentos que o brasileiro fará este ano na compra de livros e publicações impressas. Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 49 8 milhões Brasileiros na prospecção da leitura Caroline Corso A Copa de 2014 no Brasil vai originar Arquivo pessoal Negócios Nicola Minervini Diretor da International Marketing Consulting e autor dos livros O Exportador e Consórcios de Exportação: Como (não) fazê-los. Consultor associado da Genesis Internacional “Este é o momento ideal para se incrementarem as visitas às feiras internacionais e participar de missões empresariais.” A importância da participação 50 Bens & Serviços / Agosto 2011 / Edição 76 em missões e feiras internacionais A feira internacional é o mais importante meio de promoção, informação, comunicação e formação para as empresas que querem continuar competitivas, tanto no mercado externo como no interno. A Europa é considerada o continente das feiras, onde são realizados 44% desses eventos no mundo, em particular na Alemanha, Itália, França e Espanha. Apesar dos avanços da internet, a feira ainda é a forma mais barata, prática e rápida para se auferir o estágio da competitividade da empresa. Representa um grande ‘fornecedor’ de ‘matéria-prima’ para o plano de negócios, pois se tem ao alcance em um único lugar as tendências em tecnologia, design, níveis de preços e novos fornecedores, entre outros, de um setor específico. Considerando a atual conjuntura brasileira – dólar favorável para importações, mercado interno aquecido, grandes projetos de investimentos e eventos esportivos internacionais no calendário –, este é o momento ideal para se incrementarem as visitas às feiras internacionais e participar de missões empresariais, visto que o Real valorizado também facilita as viagens ao exterior. Este é o momento para buscar novos fornecedores, novos produtos, novas ideias e fazer um ‘benchmarking’ com empresas similares de muitas partes do mundo, além de se buscarem parceiros para alianças estratégicas. Ressalto o tema das alianças, pois, se não buscarmos aumentar nosso poder contratual, nossas vantagens competitivas (como produtos inovadores, por exemplo) integrando experiências, temos poucas chances de continuar competindo. Participando em grupos nessas iniciativas, o empresário, além de reduzir os custos, tem muito mais visibilidade, pois se oferecem oportunidades de fazer contatos em nível estratégico, seja de interlocutores comercias ou de autoridades no país visitado.Participando de feiras e de missões empresariais internacionais teremos mais chances de contatar uma elevada concentração de público e de concorrentes; buscar novos fornecedores; buscar novos produtos; participar em eventos paralelos para avaliar as tendências; obter informações de mercado; avaliar a competitividade da nossa rede de fornecedores, e ‘tomar o pulso’ do mercado.