A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Juliana Maria Ramos1
Sandra Aparecida Machado Polon2
RESUMO:
Este artigo é parte integrante da pesquisa do trabalho de conclusão de curso, intitulada ''a
música na educação infantil'' desenvolvida no curso de pedagogia da UNICENTRO. O
artigo apresenta discussões referentes às contribuições da música para a educação,
especificamente para a educação infantil. É uma pesquisa do tipo bibliográfica.
Inicialmente explora conceituação de música assim como a sua história. A seguir explicita
como ela pode contribuir para o desenvolvimento da criança, bem como, demonstra quais
os objetivos do ensino da música na escola. Para finalizar apresenta a contribuição do
professor, que pode possibilitar uma aprendizagem criativa. As reflexões apresentadas
apoiaram-se em autores que discutem a música entre eles destaca-se Moraes (1989),
Andrade (1976), Bueno (1923), Valle (1970), Jannibelli (1971), RCNEI (1998) entre
outros. Com base nestes autores procuramos trazer considerações que contribuam para um
melhor entendimento da música na educação infantil.
Palavras-chave: música, educação infantil, criança
INTRODUÇÃO
O presente artigo tem por objetivo apresentar uma breve conceituação da palavra
música e também um pouco da sua história.
Posteriormente apresenta, considerações sobre como a música pode contribuir
para o desenvolvimento na educação infantil, pois nessa fase é possível despertar o gosto
pela música, pelo fato de que as crianças estão começando a descobrir as diversidades,
que até então eram poucas.
O estudo discute o conceito de educação musical, na perspectiva de destacar a
função de despertar as capacidades musicais, sejam iniciais ou avançados, não remetendo a
formação de um profissional em música, mas alguém que compreende, valoriza e aprecia a
música, como um meio para o desenvolvimento da personalidade e das potencialidades de
cada pessoa, além de ser uma atividade lúdica e prazerosa.
1 Acadêmica do 4º ano de pedagogia da Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO
email: [email protected]
2 Professora do Departamento de Pedagogia de Irati
Enfatiza também as vantagens da utilização da música na escola, bem como,
demonstra a função do professor, sendo que, se este for um profissional capacitado pode
trazer valiosas contribuições para que o ensino com a música alcance objetivos desejados.
1 UMA CONCEITUAÇÃO DE MÚSICA
No mundo atual estamos rodeados de sons sejam eles da natureza dos veículos,
das indústrias, das grandes cidades, ou seja, existem uma variedade de sons que podemos
ouvir.
Entre essas diversidades, a música é uma das formas sonoras que está presente em
tudo o que nos rodeia no nosso dia-a-dia, pois ouvimos música através dos meios de
comunicação sejam rádio, televisão, internet, aparelhos de celular, entre outros.
Segundo Moraes (1989 p.5 ) ''...tudo é música, pois música é movimento,
sentimento ou consciência do espaço e do tempo'' .
A conceituação de música para o autor é suficientemente clara, porém ampla pois
encontramos a seguinte definição de música consultando o minidicionário Ruth Rocha,
(1996 p.421) ''arte e ciência de combinar os sons de modo que agradem ao ouvido;
qualquer composição musical; qualquer conjunto de sons ''.
A partir dessa definição parece significativo a conceituação de Moraes, pois
qualquer conjunto de sons pode ser música, dessa forma devemos buscar compreender o
significado de música sendo necessário consultarmos novamente o minidicionário (Ruth
Rocha, 1996 p.419) para compreendermos o significado de movimento: ''é o estado em que
o corpo muda continuamente de posição em relação a um andamento fixo; andamento
musical.''
Concordando com essa ideia podemos caracterizar a música como algo que causa
esse movimento, ou seja, ela impulsiona as pessoas a se deslocarem continuamente
seguindo um determinado ritmo, dançando, cantando ou pulando conforme a música .
Entretanto, a música não desperta somente a movimentação corporal que é
importante para a conquista de uma vida saudável, mas ela atinge os aspectos afetivos
emocionais despertando novos sentimentos ou trazendo lembranças boas ou ruins do
passado. Assim a música pode influenciar na consciência das pessoas, impulsionando
mudanças perante a sociedade na qual os ouvintes estão inseridos.
A música pode ser utilizada como uma forma de terapia, podemos verificar isso
nos relatos de Louis Porcher em seu livro Educação Artística: Luxo ou Necessidade?
especificamente no capítulo quatro: Em busca de um desenvolvimento da educação
musical, ele cita o livro de Thérèse Hirsch:
Relata um trabalho de musicoterapia com crianças em adiantado grau de
debilidade, atribui a música um papel primordial no esforço de fazer com que
essas crianças saiam de si mesmas, de permitir um despertar uma comunicação
com outrem, uma relação com o mundo. (PORCHER ,1982 p.70)
A partir das considerações destacadas acima podemos perceber a importância que
a música pode ter para a formação pessoal desde que realizada de forma eficiente.
Portanto, para que o trabalho com a musicoterapia seja eficiente é necessário compreender
a maneira de trabalhar com essas crianças, utilizando o ritmo das palmas, o timbre a
melodia as quais podem proporcionar um contato direto com as crianças que muitas vezes
são isoladas e segundo Hirsch essas crianças precisam conhecer-se a si próprias para em
seguida poder se socializar.
Com relação aos elementos constitutivos da música, Mário de Andrade (1976 p.
13) afirma que: ''o que a gente pode afirmar, com força de certeza, é que os elementos
formais da música, o som e o ritmo, são tão velhos como o homem''.
Assim podemos destacar como base da música o som e o ritmo, sendo que o som
é produzido pela voz e o processo de desenvolvimento é lento, já o ritmo cada pessoa
possui o seu próprio, pois as batidas do coração e o ato de respirar seguem um determinado
ritmo, que pode ser aproveitado na poesia e na dança.
Contudo, com a constituição dos elementos acima citados ocorre a formação
musical que podem envolver altura, intensidade, timbre e duração diferenciados, para que
posteriormente ocorra a produção de um som de qualidade, entretanto, para Moraes :
Cada um de nós costuma emprestar tanta a importância a música que ouve mais
frequentemente que acaba por tender a não encarar como música como
significação a atividade musical do vizinho, quer este more ao lado quer ele viva
na Polinésia .Isso é uma atitude natural- quer dizer cultural (MORAES,1989
p.15-16 ).
Como Moraes citou acima podemos perceber as influências que a cultura exerce
sobre as pessoas. Pois, as pessoas que ouvem frequentemente determinado estilo de música
tendem a gostar e achar melhor o seu, contrariando as outras pessoas que pensam de forma
diferente.
Assim, a mesma música para alguns pode apresentar um grande valor enquanto
para outros pode não ter nenhum significado. Entretanto o que se pode afirmar é que a
significação da música pode ser qualitativa ou não conforme a interpretação e o contexto
em que cada uma vive.
A compreensão da existência das diversidades musicais é um fator fundamental
para o respeito a cultura de cada região. Pois em cada uma existe uma forma diferenciada
de fazer música, e que consequentemente agrada a algumas pessoas e a outras pessoas
causa uma certa indiferença.
Para Moraes, (1989) a música que realmente interessa as pessoas são aquelas que
os ouvintes se identificam, não ficando alienado a essa forma de expressão, mas que ela
possibilite uma reflexão sobre a realidade, não fazendo do ouvinte um mero espectador
mas alguém que ao sentar-se para escutar uma determinada música questiona sobre a
maneira como ela é produzida, os recursos utilizados e a sua contribuição para os seus
ouvintes.
Fazendo referência à música, entende-se que ela é uma manifestação artística, que
indiscutivelmente faz parte do cotidiano das pessoas. E por ser uma importante forma de
arte, envolve tudo o que está relacionado ao mundo dos sons, e quando estiverem
organizados de modo agradável à audição podem despertar a sensibilidade de seus
ouvintes, assim a expressão corporal que em seguida se transforma em dança é uma forma
de manifestação artística e de sensibilidade das pessoas.
Segundo Moraes (1989), tudo pode ser música e todos podem ser músicos. Para
ele, qualquer pessoa pode ser músico pois ao interpretar uma obra musical de outra pessoa,
ou ao inventar uma nova forma de composição, é uma maneira de produzir música, destaca
também que qualquer pessoa tem a capacidade de inventar, inovar, criar .
Para que exista a música é importante existir um conjunto de elementos
organizados seguindo uma melodia, um ritmo e uma harmonia. Ritmo é um efeito
originado da duração de diversos sons, sejam eles, longos ou curtos, a melodia é a
sucessão de ritmos bem ordenados dos sons, a harmonia é a combinação simultânea
melódica e harmoniosa dos sons, e os sons são as vibrações audíveis que se repetem com a
mesma velocidade, as vibrações irregulares são os ruídos. Porém Moraes, (1989) acredita
que vendo o panorama por ângulos distintos todos tem sua parcela de razão e igualmente
todos parecem levar em conta que a música é uma linguagem.
Assim observando o modo com que as pessoas veem a música, pode -se dizer que
todas elas parecem acreditar que a música é uma linguagem que se traduz em formas
sonoras, representando uma forma de expressão pela qual as pessoas podem se comunicar,
podendo ser realizada de diversos modos em cada contexto em que se vive.
2 BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA
A música está presente entre as mais antigas de todas as artes que a inteligência e
a sensibilidade humana criaram ao longo do tempo. Nasceu da necessidade dos povos
antigos se comunicarem.
Os historiadores da música e da cultura acreditam que iniciaram no tempo das
cavernas as primeiras fontes sonoras, as quais objetivavam um movimento rítmico.
Com relação ao surgimento da música o Dicionário Enciclopédico Conhecer, (1976 )
aponta que:
O surgimento da música nos atos litúrgicos aconteceu nas primeiras
comunidades cristãs tanto bizantinas quanto romana, influenciando na concepção
musical do ocidente nos primeiros séculos da idade média. Nessa época utilizava
uma voz somente. No início da baixa idade média surgiu a música polifônica,
isto é, com o uso de várias vozes e utilizando instrumentos.(CONHECER, 1976
p.524)
Após as manifestações da música clássica, a música popular também ganhou
destaque, pois utilizavam trovadores relatando os feitos dos heróis apoiados pelas classes
populares que buscavam diversão e conhecimento sobre os fatos ocorridos em lugares
distantes, e partir da época renascentista, a música sacra foi evoluindo permitindo o
surgimento da música profana que aos poucos foi ganhando destaque.
Segundo o Dicionário Enciclopédico Conhecer (1976) o auge da música moderna
se deu com o barroco na Itália e na Alemanha confirmando a criação de instrumentos
musicais, sendo que ela evoluiu junto com a literatura e as artes plásticas. As mudanças
políticas e históricas do século XIX influenciaram na forma de ver a música pois
anteriormente as classes mais favorecidas é que tinham acesso à interpretação e a audição
musical .
No início do século XIX , a música foi destacada pelo romantismo utilizando -se
do piano como um instrumento representativo e o surgimento de um grande artista da
música, Ludwing Van Beethoven que foi um personagem importante entre o classicismo
do século XVIII e a nova aparência do romantismo, agora utilizando instrumentos sem o
uso da voz. Com relação a Beethoven, o autor Moraes (1989 p. 57,) diz:'' um compositor
como Beethoven atualmente é considerado unanimemente como um dos grandes criadores
musicais de todos os tempos''.
Os músicos românticos utilizaram, novas formas instrumentais, dando
importância ao solo e a ópera destacando a expressão e a emoção. O romantismo despertou
o interesse pelos temas populares, e após a segunda metade do século XIX impulsionou
uma corrente artística, que no início do século seguinte foi chamada de nacionalismo
musical.
De acordo com o Dicionário Enciclopédico Conhecer (1976), com o surgimento
de novos países a Itália, a França e a Alemanha, que eram os principais incentivadores da
música contemporânea, foram desfavorecidos, pois ocorreu uma formação diferenciada,
assim as pessoas que estavam acostumadas a ouvir as músicas Italianas, Alemãs e
Francesas olhavam com certa indiferença os compositores nacionais, porém em seguida
compreenderam que essa era uma forma que contribuía para livrar-se do poder político do
império.
A música impressionista, semelhante a pintura impressionista, apresentou as
primeiras reações a música do século XIX aparecendo várias correntes musicais
vanguardistas que buscavam diversas formas de expressão.
No início do século XIX a música aliou-se as artes plásticas produzindo grandes
espetáculos, afetando as formas clássicas dominantes. O salto aumentou ainda mais com o
surgimento da música dodecafônica3
O século XX caracterizou-se pela diversidade musical, junto com as
manifestações populares e composições clássicas, isso devido ao progresso tecnológico
que aperfeiçoou os aparelhos de gravação e reprodução do som e os ruídos da natureza e a
criação de instrumentos musicais com efeitos sonoros sofisticado.
3 O ESPAÇO DA EDUCAÇÃO INFANTIL : PRIMEIRO PASSO PARA O GOSTO
MUSICAL
Para iniciarmos nossas discussões referentes a música na educação infantil, faz-se
necessário, consultarmos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
9394/96, seção || artigo 29 página 24, refere-se a Educação Infantil.
3 Segundo o dicionário Enciclopédico Conhecer (1976) dodecafônica são doze combinações de sons.
Primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento
integral da criança até aos cinco anos de idade, em seus aspectos físicos,
psicológicos integral e social, complementando a ação da família e da
comunidade
Desse modo, podemos constatar que a educação infantil é a fase em que as
crianças entram em contato com a sociedade a qual está inserida, assim complementam as
vivências que as crianças já possuem, sejam com a sua família e sua comunidade local.
E a Educação Infantil tem a função de propiciar um desenvolvimento eficaz às
crianças, assim sendo, a música é um eficiente recurso que possibilita a descontração, a
alegria pois Snyders (1992) comenta que ''a função da escola é preparar os jovens para o
futuro. Para uma vida adulta e suas responsabilidades''. Dessa forma, parece que a escola é
um lugar obscuro que os alunos devem suportar para que possam conquistar o futuro
melhor. Entretanto, a música é um recurso que favorece uma alegria que pode ser vivida no
ambiente escolar.
Para Jannibelli (1971) a música pode auxiliar no crescimento, não só no físico,
mas mental, intelectual, emocional, desenvolvendo a sensibilidade ao estético, ela também
pode servir como uma terapia, em que o ritmo dá ordem a motricidade dos jovens, assim
quando cantam, dançam e tocam, as descargas físicas e emotivas são reguladas. Outra
função importante que a música desempenha é na linguagem, pois ela é um meio de
expressão e comunicação de ideias e sentimentos. Além disso, a música na escola pode
possibilitar a motivação, pois o som o ritmo, a audição, a voz, as danças são elementos
motivadores para as atividades.( Jannibelli,1971 p. 25)
Como podemos perceber, nas ideias acima citada, a música desempenha diversas
funções, pode ser uma forma de terapia, auxiliando os jovens que vivem em períodos
turbulentos, como também ser motivadora no desenvolvimento das atividades escolares,
devido aos seus vários elementos constituintes, bem como propiciar o desenvolvimento da
linguagem, pois ela é uma forma de comunicação entre as pessoas, além disso, a atividade
musical auxilia o crescimento de forma ampla.
Ainda refletindo sobre as contribuições da música, encontramos alguns
posicionamentos que Valle (1970) destaca sobre os aspectos que a música possibilita para
o desenvolvimento da criança.
Ela cita o aspecto físico e da preservação da saúde, em que o canto proporciona o
desenvolvimento da acuidade auditiva, ou seja, a reprodução correta dos sons, também
auxilia o aparelho respiratório, pois é importante uma respiração adequada, e ainda
desenvolve o aparelho fonador, através da emissão correta dos sons.
Valle (1970) cita que outro aspecto importante da música é da integração social,
pois as atividades musicais compartilhadas auxiliarão a cooperação e o respeito ao
próximo, que são elementos fundamentais para a socialização das crianças.
A autora acima citada enfatiza que a música pode auxiliar o desenvolvimento
psicológico, e que as sensações que não são agradáveis fazem as pessoas rejeitá-las e as
sensações agradáveis levam os indivíduos a repeti-las.
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998) é na
Educação Infantil que a criança faz descobertas, além do que existe no seu cotidiano
familiar, e nessa fase a música deve fazer parte, sendo auxiliadora para o desenvolvimento
de hábitos, atitudes, comportamentos, higiene como: lavar as mãos, escovar os dentes,
também ensina as datas comemorativas, a memorização dos números, das letras, das cores,
do respeito aos colegas e a individualidade de cada um.
Para o trabalho com a música na escola é necessário ter objetivos definidos, para
que assim a atividade musical possibilite a formação total e Jannibelli (1971) destaca que a
música tem objetivos bem característicos como:
-A integração das atividades escolares globais ;
-A criação e desenvolvimento de hábitos específicos;
-A expansão da personalidade ;
-A expansão pelo gosto pela arte musical ;
-Desenvolvimento da atividade cinética e da expressão mímica ;
-Desenvolvimento e aprimoramento da linguagem.(JANNIBELLI,1971
p.26)
Evidencia-se, dessa forma a necessidade da utilização da música nas atividades
escolares, sendo ela um recurso essencial que possibilita a ampliação de hábitos, que
contribuem para o desenvolvimento da linguagem, das 4atividades cinéticas e mímicas,
além de propagar a personalidade e o gosto pela arte musical. Assim sendo, a expressão
musical pode propiciar a formação pessoal, levando em consideração que essa
4 Segundo o minidicionário Ruth Rocha, (1931) cinética é relativo ou pertencente ao movimento; e mímica
é a arte de representar por gestos.
aprendizagem auxilia para o desenvolvimento das potencialidades de cada criança.
4 EDUCAÇÃO MUSICAL NA ESCOLA
Ao falarmos de educação musical, é necessário primeiramente demostrar o
conceito de educação, que Jannibelli (1971) explicita que:
A educação é uma refere a aquisição de conhecimentos, sejam gerais, científicos
ou artísticos (instrução), com objetivo de desenvolver, no individuo suas
capacidades, ''dotando-o de instrumentos capazes de impulsionar as
transformações materiais e espirituais exigidas pela dinâmica da
sociedade.''(JANNIBELLI, 1971 p.21)
A citação acima possibilita-nos compreender que a função da educação é
desenvolver as capacidades de cada pessoa, adquirindo conhecimentos que proporcionem a
formação total, considerando os conhecimentos gerais, científicos ou artísticos. Dessa
forma, a educação proporciona a formação de pessoas conscientes, que compreenderão e
serão capazes de transformar a sociedade.
Portanto, ao enfatizarmos que a função da educação é a aquisição de
conhecimentos, sejam gerais, científicos ou artísticos, faz-se necessário lançar discussões
referentes a educação musical, sendo esta uma atividade de busca de conhecimentos
musicais.
Como comenta Jannibelli (1971):
Num paralelo com o Conceito de Educação, concluímos que a educação musical
é um conjunto de processos, pelos quais se favorece nos indivíduos a aquisição
de conhecimentos musicais gerais, científicos com o objetivo de suas atitudes e
capacidades, integrando-os ao grupo social ( JANNIBELLI 1971 p. 22:)
Evidencia-se, dessa forma, a ambiguidade do conceito de educação musical com a
educação, pois ambos têm a função de desenvolver as capacidades, sejam físicas,
intelectuais, favorecendo a conquista de novos conhecimentos e a inserção ao grupo social
em que vivem. Portanto, a educação musical, como explicitou Jannibelli (1971) deve
desenvolver a conquista dos conhecimentos musicais sejam eles iniciais ou avançados,
levando aos educandos a serem portadores dessa aprendizagem.
A educação musical, pode ser um instrumento importante de aprendizagem da
música, entretanto, faz-se necessário compreendermos e valorizarmos a sensibilização do
som, levando as crianças a prestar atenção às situações sonoras do dia-a-dia,
desenvolvendo atividades para a percepção do som, como Moura; Boscardim; Zagonel,
(1989) comentam esse assunto:
Com o intuito de despertar a criança para os sons à sua volta, devem-se
desenvolver atividades onde ela possa ouvir atentamente, ou seja, deve-se
estimular a criança a prestar especial atenção àqueles sons não facilmente
percebidos.(MOURA; BOSCARDIM; ZAGONEL, 1989 p.12)
No
comentário das autoras citadas acima, as atividades sonoras devem auxiliar no
desenvolvimento da percepção dos diversos sons, que muitas vezes passam sem darmos
importância, assim sendo, a criança terá oportunidade de perceber e dar atenção aos sons
do seu dia- a-dia, portanto contribui para despertar o interesse e o gosto musical.
E na sala de aula a música pode ser utilizada como um recurso auxiliador para a
aprendizagem, pois como a música faz parte do dia-a-dia das pessoas é necessário trazer
essa realidade para a sala de aula, assim a aprendizagem torna-se significativa, entretanto
faz-se necessário que a escolha das músicas a serem utilizadas sejam analisadas de forma
critica pelo professor, desse modo a música possibilitará a ampliação de novos
conhecimentos.
A música possibilita uma diversidade de expressões e com os avanços
tecnológicos essas variedades aumentaram ainda mais.
Ferreira (2008) comenta isso:
A série de possibilidades expressivas em música sempre foi enorme e ampliou-se
ainda mais com o avanço da tecnologia eletrônica no século XX. Talvez seja
essa abundância de possibilidades que tenha levado muitas pessoas a utilizarem
inadequadamente a expressividade musical neste século, ou s recuar e resgatar
maneiras mais primitivas de expressar-se pela música. (FERREIRA, 2008 p. 17)
A partir das questões mencionadas acima, podemos perceber que o caráter
expressivo da música aumentou ainda mais com o surgimento das tecnologias eletrônicas
no século XX, porém essa ampliação de possibilidades trouxe algumas conseqüências,
supõe-se que com o aumento a qualidade de diversos gêneros musicais baixou, surgindo
músicas apelativas à sexualidade precoce.
Portanto, cabe ao professor tomar cuidado para não utilizar inadequadamente essa
expressividade que está presente na música.
Para que isso não venha acontecer, é necessário o planejamento das atividades
musicais que serão trabalhadas, visando uma aprendizagem significativa, sendo necessário
que o professor defina os objetivos do trabalho considerando o que ele deseja dar, porque e
para quem, e utilizando recursos e materiais didáticos que auxiliem na execução das
atividades propostas. Podemos constatar a veracidade das informações supra citada, nas
ideias a seguir de Valle (1970) quando explicita com relação a música:
Esta precisa ser uma atividade como outra qualquer, incluída no planejamento do
professor, para que seja realmente o elemento vitalizador do ensino,
possibilitando o desenvolvimento das aptidões do educando e de suas
preferências.(VALLE, 1970 p.18)
Nesse sentido, faz-se necessário destacarmos que o planejamento do professor em
todas as atividades é essencial para que realmente ocorra a aprendizagem, e com a música
não é diferente. As atividades musicais devem ser planejadas de forma com que possam
contribuir para o desenvolvimento das habilidades musicais e aprender a apreciá-las.
Segundo Jannibelli (1971) o crescimento é um fenômeno característico dos seres
humanos, o qual se dá em diversas áreas e não é realizado ao mesmo tempo. As pessoas
crescem no físico e no psíquico, sendo que o primeiro refere-se as modificações corporais
e o psíquico é referente ao desenvolvimento do comportamento.
A autora acima citada destaca ainda que as crianças possuem qualidades e defeitos
como as demais pessoas, sendo que ela é influenciada pelos estímulos ambientais, que
podem ser positivos ou negativos, dessa forma a criança se interessa por tudo a sua volta,
ela imita, descobre as ações do professor e das demais pessoas de seu convívio.
Portanto, surge novamente a importância da função do professor que deve
aproveitar todas as oportunidades de disciplinar a criança, com o auxílio da música, como
afirma Jannibelli (1971) pois essa tem um carácter de lazer, de descontração, assim o
professor pode evitar que a criança entre em contato com más influencias que muitas vezes
estão ao redor, de modo com que a criança goste e tenha interesse na aprendizagem pela
música, não se deixando influenciar-se por companhias que não são significativas.
Para Valle (1970), a música pode ser utilizada em diversos momentos nas
atividades escolares, sendo um recurso auxiliar nas matérias do currículo, como
incentivadora do civismo, como elemento disciplinador, como elemento recreador, como
atividade criadora, como auxiliar no desenvolvimento rítmico e como auxiliar da formação
do senso estético.
Assim sendo, faz-se necessário, que o professor utilize a música como uma forma
de enriquecer as matérias do currículo escolar, levando em consideração as contribuições
que as atividades musicais podem trazer para o desenvolvimento da formação da
personalidade da criança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Evidenciou-se através desta pesquisa, embora ainda não finalizada, que a música
possibilita uma variedade de contribuições para os diversos aspectos do desenvolvimento
humano, despertando funções importantes que podem auxiliar para o crescimento de forma
ampla, propiciando a expressão e comunicação de ideias e sentimentos, bem como,
contribuindo para a motricidade a sensibilidade, além de ser um recurso que influencia a
integração social.
Também faz-se necessário enfatizarmos a importância do planejamento para o
trabalho com a música, não sendo diferente das demais atividades do currículo escolar. E o
professor tem uma função essencial, ou seja, de possibilitar uma aprendizagem prazerosa
com a música e propor atividades que contribuam para a formação integral das crianças.
REFERÊNCIAS
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Brasília INL,1976
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MEC/SEF, 1998. 3vol p.45 a 79
BRESSAN, Wilson José. Educar cantando: a função educativa da música popular.
Petrópolis, RJ: Vozes 1989
Dicionário Enciclopédico CONHECER. M-Z. Editor: Victor Cívita, vol III Editora: Abril
S/A Cultural e Industrial, São Paulo 1976.
FERRREIRA, Martins. Como usar a música na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2008.
7ª ed.
JANNIBELLI, Emília D' Anniballe. A musicalização na escola. Editora Lidador. RJ.1971
KIEFER, Bruno. História da música Brasileira: dos primórdios ao inicio do século XX.
Porto Alegre, Editora movimento, 1976
MORAES, J. Jota de. O que é música. Editora brasiliense. 6ª edição, 1989.
MOURA, Ieda C de; BOSCARDIM, M Tereza Trevisan; ZAGONEL, Bernadete.
Musicalizando Crianças. São Paulo: Ática 1989
ROCHA, Ruth. Minidicionário. São Paulo: Scipicione, 1996 p. 421
PORCHER, Louis. Educação Artística: Luxo ou Necessidade? São Paulo: Summus
1982
VALLE, Edna Almeida Del; Costa, Niobe Marques da. Música na Escola Primária. 3ª
Edição. Editora Livraria José Olympo. Rio de Janeiro. 1970
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